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UNIBRASIL CENTRO UNIVERSITÁRIO
JORNALISMO
RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE
PRODUÇÃO DO PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO
JORNALISMO MOBILE
CURITIBA,
2016.
SABRINE ELISE KUKLA
RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE
PRODUÇÃO DO PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO
JORNALISMO MOBILE
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Jornalismo
do UniBrasil Centro Universitário
como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Jornalismo.
Orientadora: Maura Oliveira Martins
CURITIBA,
2016.
TERMO DE APROVAÇÃO
SABRINE ELISE KUKLA
RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO
PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO JORNALISMO MOBILE
Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 9,0 como requisito
parcial para a obtenção do grau de bacharel em Jornalismo pelo UniBrasil
Centro Universitário, mediante banca examinadora composta por:
Prof.(a) Maura Martins e Presidente
Prof.(a) Gabriel Bozza
Prof.(a) Rodolfo Stancki
Curitiba, 01 de dezembro de 2016.
Agradecimentos
São muitos os que desejo agradecer pela ajuda para que este trabalho se
realizasse. Cada pessoa teve importância, seja dando conselho, acreditando e opinando
para que este trabalho se concretizasse. É difícil agradecer a todas as pessoas, que de
algum modo, fizeram ou fazem parte da minha vida, por isso, agradeço a todos de
coração.
Quero agradecer em primeiro lugar a Deus, pela força, coragem e saúde durante
esta longa caminhada. Agradeço também a minha família, em especial meus pais,
Sergio e Marlene, e meu irmão, Leonardo, que com muito carinho, apoio, coragem e
força, não mediram esforços para a realização deste meu sonho, e que fizeram o
possível e impossível, nestes quatro anos de graduação, para que eu chegasse até aqui.
Mãe, seu cuidado, atenção e dedicação foram que deram a esperança para eu seguir. Pai,
sua segurança, carinho e dedicação, me mostraram que eu não estava sozinha. Meu
irmão, seu carinho, amor e confiança, me mostrou que eu deveria seguir em frente. Sem
vocês nada disso seria possível.
Aos mestres que me auxiliaram a construir um pensamento mais crítico, sendo
que todos foram importantes para que eu chegasse até aqui. Em especial a Maura
Oliveira Martins, eu deixo o meu “muito obrigado”, por toda paciência nas orientações
e incentivo para a construção e conclusão desta monografia.
Agradeço também ao incentivo de todos os colegas de faculdade e amigos
próximos, que sempre acreditaram em meu potencial.
Resumo
Esta monografia tem como objetivo de abordas as reconfigurações tecnológicas no
processo de produção do programa Balanço Geral Curitiba, a partir do Jornalismo
Mobile. É possível encontrar debates sobre as definições de Jornalismo Mobile,
Jornalismo Cidadão e Jornalismo Participativo, além de como o Jornalismo Mobile
interfere no Jornalismo Televisivo. O objetivo é identificar as mudanças nos processos
televisivos de produção das notícias a partir dos parâmetros do Jornalismo Mobile,
dentro da estruturação na redação do programa Balanço Geral Curitiba. Também será
possível observar diversos teóricos abordando as mudanças nas rotinas produtivas de
conteúdos jornalísticos a partir das alterações tecnológicas e das reestruturação dos
programas televisivos regionais. Para analisar esta monografia, é utilizado a revisão de
bibliografias, o estudo de observação participante, grupo focal e entrevista.
Palavras-chave: Jornalismo Mobile; Jornalismo Televisivo; Balanço Geral
Curitiba; Telejornalismo Regional; jornalismo.
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Sumário
Sumário .................................................................................................................................................7
1. Introdução ....................................................................................................................................8
2. Identificação das práticas jornalísticas reconfiguradas no ambiente da internet pós-
TV 11
2.1 O conceito de Jornalismo Mobile ........................................................................................... 15
2.2 O conceito de Jornalismo Cidadão ......................................................................................... 19
2.3 O conceito de Jornalismo Participativo .................................................................................. 21
2.4 Jornalismo Mobile interferindo nas práticas do jornalismo televisivo ................................... 24
2.5 Análise do Programa Balanço Geral para a construção do problema de pesquisa ................. 26
3. Mudanças nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos a partir das alterações
tecnológicas .......................................................................................................................................31
3.1 Redefinição do conceito de notícia a partir das alterações tecnológicas ................................ 34
3.2 As mudanças no telejornalismo regional influenciadas pelo jornalismo mobile .................... 37
3.3 O Newsmaking na construção da realidade ............................................................................. 40
4. Procedimentos Metodológicos .....................................................................................................44
4.1 Etnografia como metodologia de pesquisa ............................................................................. 44
4.2 Grupo Focal ............................................................................................................................ 48
4.3 Entrevista ................................................................................................................................ 51
4.4 Plano de ação do 7° e 8° período ............................................................................................ 52
4.5 Metodologia aplicada na pesquisa .......................................................................................... 55
4.5.1 Observação participante ....................................................................................................... 55
4.5.2 Entrevista com os participantes ........................................................................................... 56
4.5.3 Grupo Focal ......................................................................................................................... 57
5. Métodos aplicados para Análises e resultados das pesquisas ...................................................58
5.1 Descrição da observação participante realizada em uma edição do programa Balanço
Geral .............................................................................................................................................. 58
5.2 Análise do grupo focal ............................................................................................................ 65
5.2.1. Análise do grupo focal 1 .................................................................................................... 66
5.2.2. Análise do grupo focal 2 .................................................................................................... 71
5.3 Análise dos Grupos Focais ...................................................................................................... 75
5.4 Análise da entrevista .............................................................................................................. 77
6. Considerações Finais ....................................................................................................................79
7. Referências ....................................................................................................................................82
8. Anexos ............................................................................................................................................90
8.1 Anexo A .................................................................................................................................. 90
8.2 Anexo B .................................................................................................................................. 93
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1. Introdução
Nesta monografia, o tema principal a ser abordado é a influência do Jornalismo
Mobile, na redação de televisão com foco no programa Balanço Geral Curitiba, que é objeto
de análise. Para chegar à definição dos temas abordados, foi necessário realizar um
afunilamento de ideias e debates de teóricos para guiar o leitor ao raciocínio do problema de
pesquisa, e consequentemente, justificar e dar continuidade aos processos envolvidos.
Esta monografia é dividida em quatro capítulos, para introduzir e debater o tema
central da pesquisa. Barbosa e Seixas (2016) foram usados para conceituar essa palavra chave
do trabalho, já que de acordo com os autores, a definição de Jornalismo Mobile está ligada as
questões de mobilidade e de jornalismo, desde que seja desempenhada por um dispositivo
móvel.
Para prosseguir a pesquisa, será possível constatar que o objetivo principal deste
trabalho é: identificar as mudanças nos processos televisivos de produção das notícias a partir
dos parâmetros do Jornalismo Mobile, dentro da estruturação na redação do programa
Balanço Geral Curitiba. As ramificações desse objetivo são: identificar as mudanças no
processo de produção (apuração, produção, distribuição e consumo) das notícias;
problematizar as estratégias estruturais do Jornalismo Mobile nas redações; apresentar de que
forma os meios de comunicação auxiliam para a produção de matérias televisivas; e a última
ramificação é problematizar o uso dos aparelhos mobiles para produzir conteúdos.
A justificativa desta monografia é de que seja possível estruturar os jornalistas para o
uso do Jornalismo Mobile em todo o processo de produção das notícias, além da ampliação
dos horizontes para o jornalismo tradicional. Além de que o desejo por realizá-la se deu após
assistir ao programa analisado e verificar a interatividade existente entre o público com o
programa, além dos quadros que possuem o Jornalismo Mobile.
No primeiro eixo, ocorre a realização de um estudo para debater as mudanças no
jornalismo, de acordo com as mudanças tecnológicas. No qual, para Biano (2016, p. 156), as
ferramentas digitais auxiliam para que ocorra a reestruturação das redações jornalísticas.
Durante este capítulo, será possível encontrar um debate sobre o Jornalismo reconfigurado
para internet, utilizando teóricos como Barbosa e Seixas (2016) para definir o Jornalismo
Mobile, Biano (2016) para debater sobre as reconfigurações tecnológicas, e Abras e Penido
(2006) para falar sobre as adaptações do Jornalismo com as tecnologias. Teóricos como
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Canavilhas (2013), Quinn (2014) e Silva (2009) vão debater os conceitos de Jornalismo
Mobile. Já para dialogar sobre o Jornalismo Cidadão será possível encontrar teorias de Abreu
(2003), Barcelos (2011) e Moretzsohn (2012). Para o Jornalismo Participativo teremos os
teóricos principais como Alves (2012), Fonseca e Lindemann (2008) e Domingues (2010).
Para finalizar este capítulo, toda a discussão leva para a primeira análise, que foi mapear
preliminarmente a intervenção do Jornalismo Mobile, sendo analisado o programa Balanço
Geral Curitiba, que é transmitido na RICTV de segunda a sábado, das 12h até as 14h. O
tempo dessa análise foi de seis dias. A escolha desse programa se deu por ser próximo a
comunidade e por focar nos acontecimentos de Curitiba e Região Metropolitana. Após a
análise do programa, foi possível chegar a uma conclusão que norteará o trabalho. Após toda
análise, foi possível direcionar o leitor para o problema de pesquisa, que é: como os processos
de produção das redações televisivas estão sendo adaptados ao Jornalismo Mobile, dentro do
programa Balanço Geral Curitiba?
O segundo capítulo desta monografia é voltado para as mudanças nas rotinas
produtivas de conteúdos jornalísticos a partir das alterações tecnológicas, sendo que este
momento é necessário para compreender outra parte teórica do trabalho. Para iniciar este
capítulo, serão utilizados os debates de Marque (2005), Ponte (2005) e Traquina (2005), entre
outros autores abordados sobre as mudanças nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos
a partir das alterações tecnológicas. Para dar sequência a este capítulo, será possível encontrar
os teóricos Souza (2016), Traquina (2005) e Vizeu (2016), para debaterem sobre a redefinição
do conceito de notícia a partir das alterações tecnológicas. Para falar sobre as mudanças no
telejornalismo regional, será necessário compreender as ideias de Fernandes (2016), Mello
(2016) e Silva (2008). O Newsmaking será responsável por encerrar este capítulo, para definir
esta teoria, será necessário debater com os teóricos Aguiar (2006), Araújo (2011) e Russi
(2011), sendo que outras teorias são abordadas dentro no newsmaking.
O terceiro capítulo será relacionado aos procedimentos metodológicos desta
monografia, neste momento, será possível encontrar a definição de Etnografia como
metodologia de pesquisa, a partir dos teóricos Lago (2008), Pena (2010) e Rovida (2015), que
será debatido os conceitos e aplicações desta metodologia. Outro momento da metodologia, é
a definição de Grupo Focal, a partir de Backes (2011), Gui (2003) e Ressel (2008). Também é
possível encontrar os conceitos de Entrevista, a partir de Boni e Quaresma (2005), Duarte
(2004) e Lakatos e Marconi (2001). Para dar sequência, é possível encontrar o plano de ação
do 7º e 8º período, esclarecendo todas as fases do trabalho. E para finalizar o capítulo, será
abordado a metodologia aplicada na pesquisa. Este capítulo é essencial para a compreensão
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dos conceitos básicos para a construção das análises.
O quarto, e último capítulo, será responsável em trazer as análises e os resultados
obtidos. Para conseguir elucidar as reconfigurações tecnológicas no processo de produção do
programa Balanço Geral a partir do Jornalismo Mobile. As pesquisas de campo que fazem
parte deste trabalho foram divididas em quatro etapas: a pesquisa bibliográfica para definir os
autores que possuem um estudo próximo ao tema escolhido; a observação participante,
ocorrida no programa Balanço Geral Curitiba; os grupos focais, utilizados para compreender
a opinião e debate do público do programa analisado; e a última parte da metodologia foi a
entrevista realizada com a responsável das redes sociais do Balanço Geral Curitiba. Também
será possível encontrar os resultados das pesquisas de campo, e um pequeno debate sobre
esses resultados, para que seja possível uma conclusão desta monografia.
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2. Identificação das práticas jornalísticas reconfiguradas no ambiente
da internet pós-TV
Este primeiro capítulo funcionará para guiar o leitor até o problema de pesquisa, sendo
que todos os debates auxiliaram para que seja formulado um ponto de vista. Para falar do
Jornalismo Reconfigurado para a Internet terá como foco de trazer as mudanças que o
jornalismo teve, auxiliando de momentos históricos e teóricos, para contextualizar e debater
sobre o assunto. Para conseguir chegar ao problema de pesquisa, será necessário conceituar o
Jornalismo Mobile, o Jornalismo Cidadão e Jornalismo Participativo, que neste momento,
você encontrará as definições desses tipos de jornalismo e alguma pratica. O último passo
antes da análise do programa é discutir como o Jornalismo Mobile interfere nas práticas do
Jornalismo televisivo, já que o foco desta pesquisa é discutir o programa regional, abordando
os conceitos e as questões de interatividade presentes na produção do programa. Para finalizar
esse capítulo, será realizada a análise do programa Balanço Geral Curitiba, a partir de um
estudo de campo de modo a mapear preliminarmente as intervenções que existem com relação
entre o programa e o público. O termo Jornalismo Mobile, será explicado, e utilizado neste
trabalho, a partir das definições de Barbosa e Seixas (2016), que definem como uma prática
que está ligada às questões de mobilidade, que será exemplificada no decorrer deste capítulo.
De acordo com Bradshaw (2016, p. 115), assim como ocorreu com as mudanças
tecnológicas, o comportamento para o consumo das notícias também se renovou. Ainda
segundo Bradshaw (Id), historicamente, a produção das notícias sofreu restrições físicas, já
que cada etapa da produção dos conteúdos dependia da fase anterior e dos repórteres. Já a
digitalização veio para auxiliar nesse processo, pois, para competir em um ambiente com
multiplataforma, as empresas de comunicação começaram a adotar técnicas para a web. Cada
jornalista teve que se readequar a esse novo meio no qual a captação, produção e distribuição
das notícias podem ocorrer de maneira simultânea.
Com as mudanças tecnológicas pertinentes ao jornalismo, o processo de produção do
jornalismo passa a se reconfigurar. De acordo com Biano (2016, p. 156), as discussões sobre
esse tema são inúmeras, já que essas novas tecnologias foram adotadas pela maioria dos
jornalistas.
Sem dúvida, as novas ferramentas digitais colaboram para reestruturar o exercício da
profissão, a produção industrial da notícia, as relações entre as empresas de
comunicação com as fontes, a audiência, os concorrentes, o governo e a sociedade.
Trazem, portanto, implicações de ordem técnica, ética, jurídica e profissional para o
jornalismo. (Id, pg. 157).
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O ciberespaço1, de acordo com Abras e Penido (2006, p. 02), é uma fronteira entre o
concreto e o imaterial, já que a noção do espaço se perde em relação a noção do tempo. Ainda
de acordo com os mesmos autores, o ciberespaço é uma quebra entre o real e o virtual, mas
que pode ser comparada com as sociedades mais antigas, já que as pessoas deixam de se
socializar, que em contra partida aproxima todos tecnologicamente.
Para Soster (2009, p. 45), é interessante analisar a chegada dos computadores nas
redações, já que quando essas máquinas chegaram, elas acabaram interferindo na rotina
produtiva, já que se fazia necessário aprender a utilizá-la, mas a adaptação ocorreu de maneira
gradual, no qual ao invés de utilizar um papel para anotar e depois passar para uma máquina
de escrever, esse processo ficou mais fácil, já que com os computadores, já era possível
escrever o conteúdo diretamente uma única vez. Ainda de acordo com o mesmo autor, com a
adaptação dos jornalistas, a redação ficava mais ágil e o conteúdo passou a ficar armazenado
no computador.
Portanto, como toda tecnologia, é necessário tomar alguns cuidados com essa
facilidade que a internet trouxe ao jornalismo, já que torna mais prática e instantânea as
buscas por fontes. Biano (2016, p. 156) afirma que houve mudanças devido à vinda da
Internet para as redações, já que os valores notícia, interesse e importância passaram a serem
pautados e ter como referência os assuntos com maior procura na Internet. O próprio
jornalista passa a ter a função de selecionar o que é importante, ou não.
Ao constituir-se num ambiente onde os jornalistas se movem em busca de
informação, onde exercem a tarefa de escolher entre centenas de acontecimentos
aqueles que merecem o status de notícia, a Internet pode debilitar o processo da
checagem, enfraquecendo do jornalismo de verificação, a medida que permite fácil
acesso às matérias e as declarações sem que faça o trabalho de investigação. (Id,
pg.160).
De acordo com Braga (2004) os produtos midiáticos que existem na sociedade são
expostos com bases em materiais que desenvolvem uma interação tanto midiática quanto
social. Para Barbosa (2016), existe um panorama desigual da implementação que o próprio
autor intitula de “casas de mídia” convergentes, ou seja, um processo no qual as plataformas
móveis estão se unindo às redações jornalísticas, dando um continuum multimídia de fluxo
horizontal e dinâmico. Ou seja, o termo utilizado de continuum multimídia foi definido a
partir de BARBOSA (2016, pg. 33), no livro “Notícias e Mobilidade: O Jornalismo, na Era
1 O ciberespaço é definido neste trabalho a partir de Lemos (2006 apud Abras e Penido, 2006, p. 01), como um
espaço que não é físico e está presente na internet, onde suas informações circulam.
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dos Dispositivos Móveis”. Para Barbosa, esse termo é um novo estágio de evolução para o
jornalismo, no quesito redes digitais, ou seja, aspectos relacionados aos desenvolvimentos
tecnológicos, que submetem aos processos e rotinas de produção do jornalismo, assim como
os fenômenos da convergência e divergência do jornalismo. O continuum multimídia abrange
a atuação em conjunto de jornalistas nas redações, que vai desde o processo de produção até a
circulação dos conteúdos.
Para compreender os estágios de desenvolvimento do jornalismo nas redes sociais, de
acordo com a produção dos conteúdos até a distribuição dos conteúdos jornalísticos na
internet desde os anos 90, este trabalho aborda em uma tabela a evolução do jornalismo em
redes digitais em cinco gerações. As duas primeiras gerações não aparecem na Figura 1, já
que são anteriores aos anos de 1990:
Figura 1:
FONTE: BARBOSA (2016, pg. 38).
O terceiro e quarto estágio podem ser definidos a partir da base de dados como
estrutura para as atividades jornalísticas, que começam na pré-produção, passando pela
produção, circulação, consumo e chegando à pós-produção. No qual os sites jornalísticos
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começam a serem dinâmicos e mais próprios. Barbosa (Id) denomina como o Paradigma
Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD)2, que passa a se expandir e operar a lógica da
multiplataforma e no processo da convergência como agentes singulares.
O Paradigma JDBD sustenta a existência da quinta geração de desenvolvimento para o
jornalismo nas redes digitais. Já que a medialidade e a horizontalidade são essenciais para que
as informações, sejam elas por meio impresso, web ou mobile, com integração do continuum
multimídia dinâmico.
Na época em que a internet chegava às casas, de acordo com Abras e Penido (2006, p.
04), os conteúdos eram apenas uma reprodução, sendo que não existiam edição e estrutura
diferenciada para este meio, no qual as empresas utilizavam a internet apenas para expor os
produtos. Acompanhando a evolução da internet, ainda de acordo com os mesmos autores,
alguns recursos foram agregados a internet, passando a existir uma interação, no qual a
memória passou a ser utilizada, para que as publicações antigas não sejam perdidas. Um outro
marco nessa evolução, é que a internet passou a explorar a hipermídia (hipertexto e links
externos, como outros sites, imagens, vídeos, textos, áudios, enfim outras mídias ligadas ao
primeiro site).
As mídias como os smartphones e tablets são os responsáveis pela reconfiguração da
estrutura das redações, como a mudança nas produções, publicações, distribuições, circulação,
consumo e até mesmo a recepção desses conteúdos nas multiplataformas. Junto com essas
mídias surgem às mudanças, como a criação de aplicativos jornalísticos para plataformas
tanto para smartphones, quanto para tablets, que possuem materiais e tratamentos
diferenciados (BARBOSA, 2016, p. 38).
Com as adaptações dessas novas tecnologias para o meio jornalístico, é necessário que
de acordo com Abras e Penido (2006, p. 08), o jornalista desempenhe essa mediação que é
proposta com estes meios, mas é necessário que exista a participação do público,
compreendendo todas as mudanças e adequações. Wolton (2004 apud Abras e Penido, 2006,
p. 08) define que esse espaço é um símbolo, em que alguns discursos se opõem, devido a
contradição social da sociedade, no qual os indivíduos passam a ser consumidores de
informação. Ainda de acordo com Abras e Penido (Id), o webjornalista é peça fundamental, já
que ele é responsável em selecionar os conteúdos que vão para a internet, mesmo sabendo que
2 O Paradigma JDBD é conceituado como um modelo no qual, as bases de dados são definidas como da
estrutura, da organização, da composição e da apresentação dos conteúdos jornalísticos, de acordo com a
categoria específica e a função, permitindo a criação, a adaptação, a atualização, a disponibilização, a publicação
e a circulação dos conteúdos jornalísticos em multiplataformas. BARBOSA (in Barbosa, 2007, 2008, 2009;
Barbosa, Torres, 2012).
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o seu adversário é o próprio ciberespaço, já que ele oferece mais coisas ao consumidor.
Esses dispositivos iniciam um novo ciclo, já que desde a produção até a distribuição
serão reconfiguradas em multiplataformas. Resulta-se, assim, numa mudança nas rotinas das
redações e novas habilidades que os jornalistas deverão ter.
Portanto, de acordo com Abras e Penido (2006, p. 14), a internet é capaz de conseguir
um jornalismo independente, já que a produção das notícias não é tão regrada, quanto às
redações mais tradicionais, além de que o jornalismo na internet é capaz de competir por
audiência da mesma maneira que outros programas, sendo que o jornalista consegue trabalhar
em qualquer local, desde que possua acesso à rede.
2.1 O conceito de Jornalismo Mobile
O Jornalismo Móvel, traduzido do inglês (móbile jornalism), vai ser estabelecido
nesse trabalho a partir de Barbosa e Seixas (2016), que definem como uma prática que está
ligada às questões de mobilidade, e é desempenhado por meio do uso de dispositivos móveis,
tanto para o registro, tratamento, quanto para o envio e transmissão dos conteúdos, de onde
ocorreu em tempo real. Os conteúdos podem ser em formato de áudio, vídeo, imagens ou
texto. As organizações jornalísticas dos continentes já utilizam dos meios móveis para a
produção e publicação dos conteúdos. Apesar dessa nova dinâmica aos processos
jornalísticos, as organizações estão se remodelando e criando as versões Mobile, já que faz
parte da convergência jornalística e das publicações em diversas plataformas.
Em 2005, a cadeia GannettNewspapper (EUA), passou a empregar a denominação
“Mojo” (Mobile journalists), atualmente já bastante difundida, para designar a
atividade ascendente de alguns repórteres que usavam notebooks, câmeras e
gravadores digitais além de conexões banda larga para produzir suas matérias em
mobilidade e publicar diretamente do local. (BARBOSA, SEIXAS, 2016, p. 60).
Para que seja possível a compreensão do Jornalismo Mobile, é necessário conhecer um
pouco do seu histórico. Para Quinn (2014, p. 84), durante aproximadamente 150 anos de
intervalo entre a criação do telégrafo e do celular, os jornalistas continuam criando métodos e
utilizando dispositivos tecnológicos para captar notícias e dados, como os telefones, e-mail,
fax, agendas telefônicas, entre outros. Durante este período, de acordo com o mesmo autor, os
jornalistas tinham que se reinventar. Até que em 2007, após a criação de várias ferramentas
que modificaram o trabalho dos jornalistas, foi cunhado o termo Jornalismo Mojo. Esse tipo
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de jornalismo móvel é capaz de transmitir notícias de maneira instantânea, com apenas um
celular.
Um repórter MoJo pode transmitir vídeo ao vivo para a internet, gravar áudios e
entrevistas com o telefone que já vem com gravador, tirar fotos com a câmera do
telefone e escrever mensagens de texto com teclados desmontáveis antes de enviá-
los a um escritório por meio de internet 3G ou wi-fi. (Ibid)
O conceito de mobilidade pode ser entendido como uma conexão entre seu aspecto
físico/espacial (transporte) e virtual/informacional (mídia) (SILVA, 2009, p. 70). Ainda de
acordo com o mesmo autor, o conceito de mobilidade está em diversos períodos históricos e
de diferentes áreas do conhecimento, passando pela metarmofose dos meios de comunicação
de massa.
Já o conceito de mobilidade no jornalismo, de acordo com o mesmo autor, remete às
mudanças que ocorreram nos dispositivos móveis e nas conexões da internet, seja por fio ou
sem.
Contextualmente, a introdução de tecnologias no jornalismo não é nova. A novidade
está no modo como se processa a informação através da capacidade de digitalização,
compartilhamento, armazenamento e distribuição. Neste sentido, é importante situar
o processo de informatização das próprias redações (MASIP, 2008) da década de
1970 para a de 1980 como uma etapa de incorporação de tecnologias modernas no
interior da cultura jornalística, trazendo novas formas de lidar com fontes de
informação, com base de dados, com o processo produtivo como um todo interligado
por redes locais e remotas através da possibilidade de construção de reportagens
mediadas por computador. (Ibid, p. 72)
Com a evolução da tecnologia, o jornalismo foi se adequando a essas mudanças. Como
exemplo, as bases de dados, a integração de múltiplas mídias para contar uma única história, a
capacidade de customizar e segmentar o conteúdo em função desinteresses de usuários cada
vez mais exigentes e difíceis de atrair (SANTOS, 2015, p.104). Os jornalistas sempre
buscaram sistemas em que não dependessem de um programa especial, ou um técnico para
conseguir publicar os conteúdos, diretamente na internet.
De acordo com Canavilhas (2013, p. 4), existem diversas semelhanças entre os
dispositivos móveis e a internet, já que o canal de distribuição é o mesmo: o que altera é tipo
de plataforma e distribuição do conteúdo na tela. Quando uma determinada matéria é disposta
na internet para computadores, ela precisa se readequar para os smartphones e tablets, já que
o tamanho e os formatos são diferentes.
Na maioria dos casos, os conteúdos até são exatamente os mesmos, embora com
uma formatação mais amiga para as novas plataformas de acesso. Quem acede a
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jornais a partir de dispositivos móveis pode encontrar quatro formatos: pdf, versão
web, versão web mobile ou aplicações nativas (apps). [...] a personalização em
contexto é talvez a marca distintiva de um consumo caracterizado pela mobilidade e
pelo consumo individual permitido por estes dispositivos. (Id)
A evolução dos aparelhos móveis ocorreu na mesma proporção que as tecnologias, já
que de acordo com Camargo (2016, p. 67), a partir do ano de 2000, a sociedade estava se
adaptando aos meios móveis, como os smartphones e tablets, alterando para a era digital
móvel. O público é peça fundamental para a produção das notícias e o acompanhamento pela
internet, sendo que o layout é extremamente importante e deve ser planejado, para que
consiga atender todos os tipos de plataformas, sendo necessário que as empresas midiáticas
invistam na estrutura das matérias online. Os espaços online de informação organizados em
uma interface amigável, os sites reformulados, que atualmente passam a ter índices de
rejeição altos (cerca de 80%) por não serem planejados de maneira móvel ou responsiva isso
aponta para uma necessidade de mercado (ID).
Exemplo disso são os espaços online de informação organizados em uma interface
amigável, os sites reformulados, que atualmente passam a ter índices de rejeição
altos (cerca de 80%) por não serem planejados de maneira móvel ou responsiva. Isso
aponta para uma necessidade de mercado criada pelas alterações de comportamento
no contato e consumo de informação que as populações desenvolveram em pouco
tempo. (Id)
Segundo Silva (2015), a comunicação móvel abrange uma nova dinâmica aos
processos jornalísticos, na qual existe o impasse entre a era tradicional e digital. Todas as
mídias podem se beneficiar do Jornalismo Mobile já que permite uma proximidade em tempo
real, e oferece mobilidade na produção e emissão de conteúdo de uma maneira diferente da
tradicional.
Esse tipo de Jornalismo está na palma das mãos dos repórteres, pois o profissional
necessita de apenas um celular para transmitir a notícia. Essa vertente vem tornando-se mais
adepta aos jornalistas e cidadãos comuns, já que esse tipo de jornalismo permite que o público
faça interação com relação à produção das matérias além de compartilhar momentos
particulares para complementar o assunto abordado. A velocidade e a praticidade passaram a
ser essenciais para que os repórteres mandem suas histórias para as redações de modo mais
fácil e conveniente (Quinn, 2014).
O Jornalismo Mobile acontece desde a produção, até o próprio consumo. Para produzir
a partir dessa tecnologia, o repórter não pode abrir mão das regras básicas para um bom
jornalismo, mas ele deve se aprimorar para essa tecnologia. De acordo com Barbosa e
Mielniczuk (2016), as redações devem criar novas maneiras de roteirização para as produções
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jornalísticas, com objetivo de explorar a integração nos diversos formatos adotados para
resultar em um desenvolvimento de hipertextualidade da multimidialidade e da interação.
Para criar matérias através do Jornalismo Mobile, o repórter conta com a facilidade das
tecnologias móveis para levar a informação em tempo real ao espectador, conseguindo assim
produzir conteúdos com apenas um celular. E os consumos dos materiais produzidos ocorrem
por meio dos smartphones, tablets e notbooks, sendo que os formatos para cada meio devem
seguir uma ordem, para que o resultado final seja agradável e atenda as expectativas do
público.
Para Pellanda (2009, p. 16), a comunicação de forma móvel atinge de maneira direta
questões econômicas e sociais, como profissionais que não possuem locais fixos de trabalho,
já que atuam nas tele-entregas, e em outros casos, freelancers, com escritórios móveis. Com
isso, várias funções da economia informal nasceram dessa possibilidade. Tais atividades
representam uma importante parcela da economia brasileira.
Com a mobilidade na produção das notícias, as tecnologias híbridas avançam para
conseguir ofertar mais conteúdos (SILVA, 2008, p. 5), já que apenas transmitir a notícia se
tornou algo vago, no qual essas tecnologias devem auxiliar o produtor de notícia. Ainda de
acordo com Silva (id), as tecnologias que possuem características de mobilidade fazem parte
de uma introdução do atual jornalismo.
Os celulares se adaptaram de acordo com a evolução tecnológica, já que passaram de
um simples aparelho que efetuava ligações e mandava mensagem de texto, para aparelhos
com funções de computadores, podendo acompanhar notícias, assistir filmes, fotografar, entre
outras funções que os celulares possuem. E que a cada instante os aparelhos se reconfiguram
para se adaptar com as constantes mudanças tecnológicas. Para Pellanda (2009, p. 14), os
celulares se convergem com as mudanças midiáticas e ligam a pessoa ao mundo social.
Eles concentram os acervos de conteúdo com o ponto de ligação entre o indivíduo e
o social: [...] no momento em que celulares começam a conectar com a internet e
oferecem algumas de suas funções – livros, jornais, revistas, conversas por texto ao
vivo ou não, telefonia, videoconferências, rádios, gravação de músicas, fotografia,
televisão – o celular se torna uma casa remota para comunicações, uma casa móvel,
um pocket hearth, um meio de viagem da mídia. (PELLANDA, 2009, p. 14 apud
LEVINSON, 2004, p. 53)
De acordo com Quadro, Rasêra, Moschetta (2013, p. 12), a reconfiguração da
tecnologia móvel para o jornalismo, seguindo os exemplos de Firmino (2009), se dá desde a
produção, até mesmo o consumo, como em alguns telejornais que passaram a adotar o celular
no processo de construção e produção dos conteúdos jornalísticos. Além de que esses meios
19
tecnológicos baseados em dispositivos móveis auxiliam na transmissão dos conteúdos,
lançando versões especiais para algumas plataformas. A expectativa que passa a existir tanto
para os produtores, quanto para o público, já que de acordo com o mesmo autor, os jornalistas
buscam explorar as tecnologias e o público busca mais informação. Os discursos dos
jornalistas se aproximam muito do esperado no surgimento dos jornais na web. A diferença é
que a experiência do jornalismo digital possibilita avançar um pouco mais no
desenvolvimento dos jornais para tablets e que o público também domina determinados
recursos tecnológicos (ID, p. 13)
De acordo com Camargo (2016, p. 67), com toda a evolução presente nos meios
móveis, a área da informação também foi impactada, devido à colaboração dos usuários, na
criação dos conteúdos, já que o público final pode delimitar o que deseja dos meios de
comunicação. As áreas da informação e conteúdo foram as mais impactadas, positivamente e
negativamente, pois a colaboração e a participação ativa na gestão de conteúdos passou a ser
feita pelo próprio usuário e não mais por um quarto poder delimitador. (Id. p. 67)
2.2 O conceito de Jornalismo Cidadão
Abreu considera como um marco do jornalismo cidadão os anos 1970, após um
industrial de petróleo querer financiar projetos jornalísticos para que os valores da
comunidade democrática fossem mostrados a comunidade em geral, no qual o povo passasse
a definir a hierarquia dos assuntos. (ABREU, 2003, p.30)
Desenvolveu-se a partir dessa experiência, orientado para mobilizar, dar a palavra
aos cidadãos comuns e aos responsáveis por associações e comunidades. Baseado na
afirmação dos procedimentos democráticos, esse movimento considerava o
confronto de opiniões o motor das escolhas e da deliberação na comunidade e
apresentava o jornalista como O animador dessa atividade. Esse movimento
representava a democracia participativa, direta, que servia de referência nesse tipo
de jornalismo. (Id)
O jornalista cidadão é aquele que participa como produtor de conteúdo, no qual ele
forma opinião do público. Os jornalistas cidadãos seriam a camada da população que não
possui a formação jornalística, mas que passa a operar como repórter, produzindo e
distribuindo a notícia em diversas plataformas, seja online ou impresso, (BARCELOS, 2011,
p.28). Esse contato que o público tem, pelo fato de partir de um jornalista cidadão, transmite
aos demais espectadores à convicção de que a notícia transmitida ser verídica.
20
O Jornalismo Cidadão, de acordo com Corrêa e Madureira (2010, p. 176), é
caracterizado pelo cidadão que busca atuar nos portais para apenas informar, não levando em
consideração a veracidade dos fatos, sendo questionável essa colaboração desses cidadãos.
O jornalismo cidadão, movido pelas novas tecnologias, estimula o público a alimentar
o projeto em troca de uma remuneração simbólica e do status de “repórter”, ainda que não
“profissional”, mexendo com o imaginário cidadão (MORETZSOHN, 2012, p. 73).
Transformar todo cidadão em jornalista não é uma aspiração nova, apesar da
novidade do conceito: perde-se na memória a origem da confusão entre o exercício
do jornalismo e a defesa da liberdade de expressão. [...] As notícias não podem ser
confundidas como um gosto do repórter, mas sim uma necessidade de informar, (Id,
p. 74).
Embora tenha surgido como uma forma independente de divulgar notícias do público
para o público, o jornalismo cidadão acabou sendo adotado por muitas das empresas de
comunicação em países com as mais diferentes características socioculturais e econômicas
(BARCELOS, 2011, p. 28). Ainda de acordo com o mesmo autor, a presença do público vai
além das mídias digitais, mas é no meio digital que existe maior interação do público com o
programa.
A exploração do jornalismo cidadão por alguns meios de comunicação é também uma
maneira para ganhar mais espectadores, já que é destinado um espaço maior para os
problemas que existem na comunidade (ABREU, 2003, p.32), algo que não é possível
observar em jornais de dos mais variados locais do país, que mostram os problemas mais
importantes de nível nacional.
O cidadão auxilia na construção da mídia, já que passou a conduzir o consumidor para
um produtor de conteúdo, auxiliando as emissoras, (BARCELOS, 2011, p. 27). O público
passaria a conhecer e apreciar uma nova relação com a mídia: participar da produção dos
conteúdos, tornando-se, em alguma medida, um produtor.
Ainda de acordo com Barcelos (Id), o público torna-se influente na produção dos
conteúdos, já que acaba influenciando outros espectadores com sua opinião, tendo que ser
alterada algumas práticas sociais e as rotinas produtivas dentro das redações, sendo uma
forma nova de aprender o fazer jornalístico.
A possibilidade de qualquer um produzir informação dará voz a pessoas que a não
têm tido. E precisamos de ouvir o que elas têm a dizer-nos. Para já, estão a mostrar a
todos e cada um de nós – cidadão, jornalista, objecto da notícia – que existem novas
formas de falar e de aprender (GILLMOR, 2005,apud RODRIGUES, 2008, p.03)
21
É o público que determina o que é jornalisticamente relevante. Já que o espectador tem
o direito de escolher assistir o que mais lhe agrada. Para Medina (1988, p. 20), a seleção dos
conteúdos é norteada pelos interesses que o consumidor tem. Já que a vontade do público é
estar informado para participar, sendo que esses interesses representam para a notícia um
termômetro indispensável (Id).
Mesmo com essa influência que o público possui com relação ao jornalismo cidadão, é
necessário ter o cuidado que existe na produção de qualquer conteúdo noticioso, como
verificar se o conteúdo é real, verificação, parcialidade, equilíbrio e atualidade – funções
inerentes ao bom jornalismo (BARCELOS, 2011, p. 30). A mídia mundial está de olhos bem
abertos em torno do rumo que o jornalismo cidadão parece tomar e os grandes jornais e
veículos de comunicação já enxergam essa participação do público como essencial, algo
irreversível (Id).
2.3 O conceito de Jornalismo Participativo
Dentro do livro de Fonseca e Lindemann (2008, p. 86), é possível observar uma ideia
de Medina (1978), que descreve que a necessidade dos seres humanos de se comunicar, vêm
das primeiras civilizações, já que naquela época, a relação de contato pessoal conseguia
suprir. Ainda de acordo com os mesmos autores, com o passar dos tempos, este tipo de
conhecimento se privou, já que só era transmitido para as pessoas de uma geração para outra.
E apenas depois da invenção do alfabeto, da escrita, da imprensa e da evolução das
tecnologias, possibilitou distribuir as informações de uma melhor maneira (Id, p. 87).
O jornalista participativo é um cidadão que está inserido numa sociedade, no qual o
seu papel dentro do jornalismo é ativo, atuando na produção de conteúdos, seu objetivo é
promover a informação para a democracia da sociedade (CORRÊA e MADUREIRA, 2010, p.
167).
A ideia da participação do público no jornalismo, de acordo com Fonseca e
Lindemann (2008, p. 88), é de que a partir do momento em que o receptor passa a produzir os
conteúdos, acaba descentralizando a emissão e possibilitando que mais pessoas possam
participar da comunicação. Ou seja, ainda de acordo com Fonseca e Lindemann (Id), a
interatividade passa a existir efetivamente, já que a participação não é tão superficial quanto
os meios impressos, e o rádio, permitindo que o público colabore com os conteúdos.
22
Para os teóricos Primo e Träsel (2006, p. 45), o jornalismo participativo deve cobrir o
que a mídia tradicional não focava. Ainda de acordo com os mesmos autores (Id, p. 46), essa
ramificação do jornalismo não possui restrição de redação, já que qualquer pessoa pode
produzir conteúdos, possuindo apenas contato com a internet. Ainda de acordo com os
mesmos autores, o público é anexado ao processo de produção de notícias, já que sem essa
interação não existe o Jornalismo Participativo.
Holanda, et al (2008, p. 58) define o Jornalismo Participativo como uma organização
em rede, no qual as pessoas possuem o mesmo interesse, além de que esses membros dessa
organização se comunicam e o lucro é ficado de lado.
Estamos navegando por águas nunca dantes navegadas. O jornalismo nunca viveu
uma era de tantas incertezas sobre o seu futuro. Mas uma década de jornalismo
digital ainda é muito pouco tempo. Estamos apenas começando nossa jornada pelo
vasto oceano virtual que a Internet nos oferece. (ALVES, 2012, p. 101)
O jornalismo participativo consegue dar voz à participação do público, criando uma
relação próxima do jornalista com o cidadão, só que é necessário tomar alguns cuidados, já
que, ao “tornar-se um jornalista” (RODRIGUES, 2008, p. 09), o cidadão poderá esquecer dos
preceitos fundamentais da profissão.
São necessárias cautelas redobradas como a especulação, as fontes anônimas e a
fiabilidade das informações transmitidas. Podemos ainda questionar se este tipo de
participação pode ser denominada jornalismo, e como já vimos, muitas vezes não é,
até porque quem participa não se formou como tal, não têm os mesmos direitos, nem
tem que cumprir os mesmos deveres, o que desde logo estabelece diferenças
cruciais. (Id).
A participação do público nas questões jornalísticas está em constante aumento, de
acordo com Mielniczuk e Silveira (2008, p. 02), o principal motivo disso é desenvolvimento
da web 2.03, além de a internet está voltada para a criação do coletivo, para aumentar o
conhecimento, no qual todos buscam as informações, e acima de tudo, as pessoas buscam
agregar conteúdo.
Para Barcelos (2011, p. 28), o público possui um papel de leitor-repórter dentro das
redações, já que não possui o conhecimento que um jornalista adquire durante a faculdade,
mas participa. Esse leitor-repórter é capaz de produzir pautas, matérias, vídeos, enfim
diversos tipos de mídia. Ainda de acordo com Barcelos (id), essa relação próxima que existe
3 A Web 2.0 pode ser definida a partir de McFedries (2006 apud Simões e Gouveia, 2008, p. 07), como uma
nova fase eletrônica, no qual o mundo inteiro está inserido, no qual diversas ferramentas são criadas para
potencializar a web. De acordo com Simões e Gouveia (Id), a web passou a oferecer serviços e programas,
permitindo criar novos espaços.
23
entre o público e o jornalista, com relação a produção de conteúdos, pode ser problemática, já
que o leitor não possui a sensibilidade jornalística de tratar de temas delicados, ser isento e
ouvir todos os lados envolvidos, no qual novos métodos de selecionar os conteúdos são
travados.
O objetivo do jornalismo participativo é criar uma comunidade que seja organizada em
rede, baseada nos interesses comuns, no qual o foco é sempre algo comunitário e não pessoal.
Mas é necessário que compreender que essa definição de jornalismo pode variar de local para
local. (HOLANDA, et al, 2008, p. 57).
E praticar o gênero é servir o público. É convocar os cidadãos a exercer
determinadas condutas e ajudá-los a resolver seus conflitos. É incentivar a sociedade
a participar dos fatos e, consequentemente, torná-la co-participante das notícias. Os
jornalistas mostram os caminhos e a população deixa de ser apenas receptora de
informações e fica livre para tomar decisões com base nas análises dos profissionais
da mídia. (DOMINGUES, 2010, P. 18)
Este tipo de jornalismo, de acordo com Fonseca e Lindemann (2008, p. 88), necessita
da colaboração de diversos produtores de notícia, não apenas de um produtor e repórter, já
que ele se constrói a partir de diversas pessoas, só que essa interação não é muito explorada
por gerar dúvidas com relação ao jornalismo tradicional.
O jornalista participativo deve aprender a selecionar o que é importante para o jornal
que ele colabora. Alguns programas jornalísticos estão ampliando o jornalismo para a
participação, que antes era apenas do jornalista, para toda a população. (DOMINGUES, 2010,
p. 21)
Os autores Fonseca e Lindemann (2008, p. 88) resumem esse Jornalismo Participativo,
como o papel do jornalista passou para de gatwaching4. Com a liberdade que o público passou
a ter de enviar os conteúdos para a mídia, e que ele pode selecionar o que deve ser vinculado
em alguma emissora, o jornalista continua com a responsabilidade de representar a realidade.
Mielniczuk e Silveira (2008, p. 02), afirma que essa interação existente entre o público
com as mídias, faz com que o jornalismo seja algo mais visado, no qual os jornais passam a
chamar o leitor para que contribua com a construção das notícias. Ainda de acordo com os
mesmos autores, esse Jornalismo Participativo possibilita que alguns acontecimentos, que
antes não era o foco da mídia, possam ser explorados, além de que pode reduzir custos para as
empresas.
4 O gatwatching é definido aqui como à vigilância dos materiais enviados pelos internautas (na sua maioria,
desconhecidos), nos quais é depositada a confiança de que estão relatando a verdade acima de tudo (um dos
princípios legitimadores do jornalismo). (FONSECA e LINDEMANN 2008, p. 88)
24
De acordo com Alves (2012, p. 101), o jornalismo era considerado exclusividade dos
jornalistas, e com as mudanças tecnológicas, ele passou a ser também dos telespectadores, já
que todos são considerados a participar da produção dos conteúdos jornalísticos. No qual o
público consegue se expressar nos veículos. Numa era em que milhões de pessoas andam com
telefones móveis no bolso equipados com câmeras de fotos ou de vídeo, nada mais natural
que elas registrarem e divulgarem fatos importantes antes da imprensa (ID).
2.4 Jornalismo Mobile interferindo nas práticas do jornalismo
televisivo
Os programas televisivos contam com a interatividade5 com o público, realizando
quadros - nos quais o espectador envia vídeos e fotos de eventos que ocorrem em seu bairro,
assim como reclamações e diversos assuntos. Partimos da hipótese de que a abrangência dos
processos midiáticos, na sociedade, não se esgota nos subsistemas de produção e recepção.
Esses dois ângulos da midiatização da sociedade são fundados na já tradicional descrição do
processo de comunicação como uma relação entre emissor e receptor (BRAGA. 2006, p. 21).
De acordo com Martins (2015, p. 02), esses meios tecnológicos – tablets, câmeras,
celulares – fazem com que as câmeras consigam uma visibilidade, de maneira em que os
conteúdos tornam-se inesgotáveis, no qual os veículos acabam se apropriando.
Assim, as emissoras de telejornalismo – muitas vezes, por meio de um discurso de
jornalismo cidadão, sustentado no aproveitamento sistemático dos conteúdos
gerados por usuários, ou CGUs (Klatell, 2014) – têm se apropriado gradativamente
destes conteúdos, em razão, sobretudo, da expectativa de genuinidade que cerca este
material. (ID)
De acordo com Santos (2008, p. 01), o jornalismo sempre possuiu ligação com o
imediatismo. Durante toda a história, diversas tecnologia foram utilizadas para que a
instantaneidade existisse. Ainda de acordo com o mesmos autor, juntamente com o
desenvolvimento da internet, as tecnologias móveis digitais, também se desenvolveram, no
qual a mesma evolução ocorreu nas rotinas de produção dos telejornais. No âmbito
jornalístico este ambiente pode ser compreendido como uma redação móvel com praticamente
5 A interatividade pode ser definida de acordo como qualquer sistema que o funcionamento permita que o seu
usuário tenha algum nível de participação. (SILVA, 1998)
25
toda a estrutura necessária de uma redação física para a produção jornalística em condições de
mobilidade - (ID).
Para Braga (2006, p. 21), os emissores e receptores podem trocar de funções quando
estão interagindo, já que eles são capazes de responder, seja isolado ou em conjunto, aos
processos relacionados à mídia que estão presentes na sociedade. Ainda de acordo com o
mesmo autor, a relação existente entre o público (receptor) com o programa (emissor) é por
um canal, que no caso são os meios de comunicação.
Com o Jornalismo Mobile, o repórter consegue realizar uma transmissão em tempo
real utilizando um celular e interagindo com o apresentador no estúdio (SILVA, 2016).
Estamos enfocando, assim, a constituição de um novo perfil profissional cuja
descrição da relação com o artefato e os resultados dessas ações nos encaminha para
uma compreensão da complexidade das funções e dos fluxos exercidos na produção
da notícia no cenário de convergência jornalística e de mobilidade. (id, pg. 93).
No jornalismo, a agilidade passou a ser essencial dentro das redações, já que as
mudanças se reconfiguram com as novas tecnologias móveis digitais. O essencial no
jornalismo televisivo é que com essa mobilidade as informações passam a serem transmitidas
em tempo real Silva (in SILVA, 2016).
O jornalismo móvel se torna imbatível nessas situações de emergência quando as
equipes de reportagens tradicionais levam tempo até chegar aos locais com veículos
de microondas, satélites e toda a preparação para entradas ao vivo. Com um telefone
celular com tecnologia de terceira geração (3G) e aplicativos como Movino basta
apenas começar a gravar e pronto. (SILVA in SILVA, 2016, pg. 94).
De acordo com Oliveira (2016), a construção do ao vivo pela televisão gera uma busca
por novidades, de forma que os espectadores se sentem inseridos e presentes nos assuntos
abordados na TV. As imagens transmitidas no momento do ocorrido representam uma
inovação na produção jornalística.
Essas multiplataformas fazem com que as informações circulem e ganhe visibilidade,
o que não gera a substituição da televisão. Por mais que a qualidade dessas imagens/vídeos
não seja igual a das câmeras tradicionais, essas tecnologias permitem a criação de novos
formatos que misturam as novas maneiras da produção de conteúdos com as tradicionais, que
exploram as informações em novos meios.
Há um crescente movimento em torno da adoção do jornalismo em mobilidade onde o
repórter tem à disposição um ambiente móvel de produção com todo o suporte para a
elaboração da notícia diretamente do local onde está acontecendo o fato (SANTOS. 2008, p.
26
03). Ainda de acordo com o mesmo autor, não existe a necessidade do deslocamento do
repórter até a redação para finalizar o texto, existindo uma convergência jornalística, já que
passa a existir uma integração entre as redações tradicionais e online, no qual abre o leque
para as diversas plataformas de distribuição de conteúdos.
2.5 Análise do Programa Balanço Geral para a construção do problema
de pesquisa
Para conseguir compreender essa interferência que o Jornalismo Mobile produz no
televisivo, será necessário realizar um estudo de campo de modo a mapear preliminarmente
essas intervenções.
O objeto escolhido para a análise é o programa Balanço Geral Curitiba, de produção
regional paranaense, que é exibido de segunda a sábado na Rede Record, no horário das 12h
até as 14h. Esse programa é veiculado em todo o país, mas cada estado possui a sua edição.
No Paraná, o programa tem como apresentador Gilberto Ribeiro6, conhecido por ser próximo
da comunidade. O foco do programa é um jornalismo comunitário7, com destaques para
Curitiba e Região Metropolitana. O programa incentiva os espectadores a participar, enviando
vídeos, fotos, denúncias, problemas que a população enfrenta. A interatividade existe por
meio das redes sociais, telefonemas, e-mails, e promoções. O apresentador utiliza um jargão
próprio “com você, pra você e pra mais ninguém”. De acordo com a Analista Marketing de
Inteligência da emissora RICTV, Gessica Moura Pires, o maior público do programa são
mulheres, da classe econômica social C, acima de 50 anos.
A escolha do programa se dá pela proximidade que existe com o público, já que, ao
analisá-lo, é possível observar que o público interage por meio das redes sociais, em especial
o Facebook, respondendo o apresentador. O programa é exibido no horário de almoço, e a
maioria do público consegue interagir. Também são ofertadas promoções aos espectadores,
incentivando a interatividade com o público. Para essa pesquisa será de seis programas
6 O apresentador Gilberto Ribeiro começou sua carreira nos anos 80 como comunicador. Ele passou por
diversos meios de comunicação. Atualmente é deputado estadual, trabalha em duas rádios e apresenta o
programa Balanço Geral Curitiba. 7 A definição de Jornalismo Comunitário se apresenta como um espaço para o debater questões de
diferentes interesses dos grandes veículos de comunicação. Onde o repórter / apresentador, consegue debater
assuntos importantes para a comunidade, já que nos demais veículos na grande imprensa, o assunto não seria
aprofundado. Esses profissionais que estão presentes no Jornalismo Comunitário, atuam na luta por uma causa.
(FREITAS, 2006)
27
(segunda a sábado), já que assim todos os quadros que existem no decorrer da semana serão
observados. O período para a pesquisa foi dos dias 21 até o dia 26 de março de 2016.
Durante a pesquisa, foi possível observar alguns tópicos que exista a interatividade
entre o programa e os espectadores. Mas é necessário compreender que itens como
confirmação da audiência, comentários e fotos, podem ser considerados como interatividade.
Já a prestação de serviço e reclamações são pertinentes ao Jornalismo Mobile, e auxiliam na
produção de possíveis matérias.
a) CONFIMAÇÃO DA AUDIÊNCIA: esse item esteve presente durante toda a semana
observada. O próprio apresentador incentiva os espectadores a mandarem mensagens –seja
por rede social, e-mail ou telefone- e confirmarem a audiência, mandando beijos e abraços.
Quando o espectador confirma audiência, alguns oferecem abraços a empresa que trabalha, e
o apresentador divulga sem cobrar pela propaganda da empresa;
b) PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE: esse item também possui grande
destaque na pesquisa, já que são divulgados por meio das redes sociais, e-mail e telefone, o
desaparecimento de animais e pessoas, a perda de documentos, roubos e também o auxilio de
pessoas necessitadas;
c) RECLAMAÇÃO: as reclamações variam desde a falta de luz na rua até o mau
gerenciamento da cidade. Essas reclamações são de políticos, más condições nos bairros, aos
órgãos públicos, a saúde, educação, transporte, moradia, e banco. Nesse quesito, surgem
algumas sugestões de pautas;
d) COMENTÁRIOS SOBRE AS MATÉRIAS EXIBIDAS: quando a matéria possui
um caráter mais problemático ou impactante, os comentários são exibidos na sequência,
gerando um debate com os próprios espectadores;
e) FOTOS DOS ESPECTADORES: os telespectadores podem enviar “selfies” durante
todo o programa, e no final, é feita uma montagem com algumas fotos e a música tema do
programa;
f) REPORTAGEM EM TEMPO REAL: um repórter com um cinegrafista percorre de
carro a cidade de Curitiba e Região Metropolitana para levar ao telespectador a informação no
28
momento que ocorre. É registrado com um aparelho celular esse distanciamento da redação
até o ocorrido. Esse quadro é possível observar assaltos em andamentos, acidentes, mortes,
enfim, a matéria é divulgada no momento em que o fato ocorreu, sem edição;
g) TÔ NA BRONCA: os espectadores solicitam a produção à participação desse quadro,
no qual eles se tornam repórteres e denunciam alguma irregularidade no bairro em que
moram. Esse quadro não passa de dois minutos. E no final existe alguma nota do órgão
responsável.
Após a coleta deste material, foi possível observar que, em todos os seis dias
analisados, o programa possuiu uma mesma lógica de apresentação, com relação à
interatividade dos espectadores. As maiorias das reclamações existentes se tornam matérias, já
que os espectadores são os olhos da sociedade, e é a partir das reclamações que a equipe de
jornalismo vai averiguar a denúncia, seja em tempo real, ou agendada posteriormente. O
programa mostra as principais informações do dia anterior e da manhã, nas áreas de: policial,
esporte, comportamento, política e prestação de serviço. Alguns tópicos a serem observados
no período:
Dia da
semana /
item
analisado
Prestação de serviço à
comunidade
Reclamação Reportagem em tempo
real
Segunda Foi possível observar
que os espectadores
entendem que o
programa é essencial
para a comunidade.
Nesse dia, um
documento de
identificação foi deixado.
O apresentador auxiliou
na divulgação,
cumprindo com o papel
do Jornalismo Cidadão.
As reclamações aparecem
na maioria dos
comentários exibidos no
programa. Cerca de 70%
dos comentários são
reclamações. E nessa
porcentagem, os itens que
se destacam nesse dia
analisado foram postos de
saúde e educação.
Essas reclamações são
feitas por comentários na
página do Facebook do
programa. Algumas das
reclamações se tornaram
pautas.
Nesse dia analisado, o
repórter e o cinegrafista
seguiam ao local de um
acidente. Essa denúncia
sobre esse acidente foi
revelado por
espectadores nos
comentários e o repórter
foi averiguar. Além
disso, o repórter
também passou no
centro da cidade para
dar alguma informação.
Terça Na terça, os espectadores
utilizaram das redes
sociais para auxiliar na
Na terça, as reclamações
dos espectadores
ultrapassam os 75% na
O repórter e o
cinegrafista começaram
estavam num veículo a
29
procura de pessoas
desaparecidas, e a
solicitação foi mostrada
no Tablet que o
apresentador utiliza. Esse
tipo de prestação de
serviço não é tão
comum, aparecendo
cerca de um entre 20
comentários.
maioria dos comentários.
Essas reclamações ocorrem
para os governantes. Como
questão da saúde,
economia e educação.
Além da rede social, nesse
dia, os espectadores
também fizeram o contato
via telefone com a
produção.
procura de informações.
E no decorrer do
programa surgiu uma
informação que estaria
ocorrendo um assalto
em uma região de
Curitiba, e o repórter e o
cinegrafista vão de
encontro à informação,
para passar a notícia no
momento em que está
ocorrendo. E após essa
notícia, o repórter foi a
outro ponto da cidade
para realizar uma outra
matéria.
Quarta Nesse dia analisado, foi
possível observar que
apareceu via rede social,
a solicitação da
divulgação de um
cachorro que estava
perdido. O apresentador
mostra como que a dona
mandou para ele no
perfil do Facebook.
Na quarta, as reclamações
não chegaram a 50% dos
comentários. Mas a
totalidade desses
reclamações partiram do
Facebook. Os quesitos
reclamados nesse dia foram
a questão de infra-estrutura
das ruas, saúde, educação e
economia. Essas
reclamações partem das
matérias exibidas
anteriormente e
incentivados por outros
comentários.
Na quarta, novamente o
repórter está pronto para
dar a informação
instantânea. E mais uma
vez nos comentários,
surgiu uma pauta sobre
a saúde e o repórter
segue ao encontro da
informação.
Quinta Na quinta, foi possível
observar que a prestação
de serviço teve um
aumento, já que
espectadores divulgaram
a contratação de
funcionários. E
novamente foram
divulgados animais
perdidos. Nesse dia
analisado, cerca de 5%
dos comentários se
destinaram à prestação
de serviço.
Nesse dia, as reclamações
registraram cerca 80%,
todas registradas pelo
Facebook. E as
reclamações eram na
maioria sobre educação e
saúde. Além das
reclamações por má
administração dos
municípios. E essas
reclamações se tornaram
pautas para o dia seguinte.
Nesse dia analisado, o
repórter vai ao encontro
de uma notícia que foi
informada por meio de
telefone a produção do
programa. E após
noticiar um
engarrafamento
resultado de um
acidente, o repórter
procura outras matérias
para serem abordadas
naquele momento.
Sexta Nesse dia analisado,
cerca de 5% dos
comentários foram
referentes a pessoas e
animais que estavam
As reclamações desse dia
ocorreram na maioria sobre
questões de infra-estrutura.
Cerca de 40% dos
comentários foram
Na sexta, o repórter
procurava furos de
reportagem, mas ele
seguiu produzindo
matérias no centro de
30
desaparecidos. Além de
mostrar o alerta de roubo
de um veículo. Os
espectadores enviaram as
solicitações pelo
Facebook e o
apresentador mostra na
íntegra a mensagem.
reclamações sobre esse
tema. E algumas dessas
reclamações que chegaram
por meio das redes sociais
também foram pautadas.
Curitiba, com notícias
em tempo real.
Sábado Nesse último dia
analisado, esse item teve
apenas duas solicitações,
que uma foi de uma
pessoa desaparecida e a
outra de um animal de
estimação.
No sábado, as mensagens
sobre reclamações
passaram dos 80%, e os
temas abordados foram dos
mais variados, indo do
excesso de buracos numa
rua até o caos nas rodovias.
E novamente essas
reclamações vieram além
das redes sociais, por
telefonemas. Algumas das
reclamações se tornaram
pautas.
No último dia, o
repórter teve o auxílio
dos espectadores para
que conseguisse
produzir uma matéria
sobre as estradas, e após
isso seguiu para um
outro ponto de Curitiba
para produzir mais
conteúdos.
Diante do exposto, surge o questionamento: como os processos de produção das
redações televisivas estão sendo adaptados ao Jornalismo Mobile, dentro do programa
Balanço Geral Curitiba?
31
3. Mudanças nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos a partir
das alterações tecnológicas
Esse capítulo é importante para que seja possível compreender a parte teórica do
trabalho, sendo que o leitor encontrará debates teóricos sobre: as mudanças nas rotinas
produtivas de conteúdos jornalísticos, a partir das alterações tecnológicas; outro debate será a
partir da redefinição do conceito de notícia, após as alterações tecnológicas; e o último debate
será sobre as mudanças no telejornalismo regional, analisando também a interferência que o
Jornalismo Mobile possui nos programas televisivos. Esses debates nortearam o leitor para
que compreenda a metodologia aplicada nesta monografia.
Quando abordamos sobre a reconstrução do jornalismo, é necessário compreender que
essa profissão é parte da sociedade. Essa reconstrução se dá graças à participação contínua de
diferentes pessoas, como os indivíduos, os conceitos, as instituições, entre outros, que são
responsáveis na interação delimitada por normas e regras. Segundo, Pereira e Adghirni (2011,
p. 41):
Tais interações se constroem a partir de diferentes graus de institucionalização, que
vão de simples acordos entre um grupo de praticantes à codificação em um conjunto
de normas ou mesmo à criação de um sistema teórico destinado a legitimar certos
comportamentos. (Id).
Essa percepção de estrutura acaba por delimitar ou influenciar nos comportamentos da
sociedade, ou seja, essa estrutura é resultado de acordos individuais e coletivos. “Uma
mudança estrutural se contrapõe a um grupo de mudanças conjunturais e também às micro
inovações que normalmente afetam aspectos específicos de uma prática social” (Ibid, p. 42).
De acordo com Souza (apud MARQUES, 2005, p. 30), a introdução da tecnologia nas
redações permitiu uma mobilidade e transformação mais fácil desses textos, além de que
elementos como os infográficos, que auxiliaram para transformar as notícias. Ainda de acordo
com o mesmo autor, as notícias sofrem ação do meio físico e tecnológico, já que as
adequações nas redações com a tecnologia veio para auxiliar.
Ponte (2005, p. 192) acredita que, de acordo com Stuart Hall. Os valores-notícia vão
além de uma simples seleção das notícias. Esses valores-notícia funcionam de maneira
profunda e não exposta a sociedade, e o responsável por realizar essa definição dos valores,
necessita de um extremo conhecimento sobre o mundo e as culturas. Para Traquina (2005 b), a
produtividade das redações está ligada com os valores-notícias e a organização jornalística.
32
As rotinas precisam ser produtivas. Tal como apontaram vários estudos sobre o
jornalismo, tais burocracias fornecem um ‘subsídio informacional’ aos meios de
comunicação social, porque a produção das notícias fica muito mais barata sempre
que uma grande parte do trabalho é feita por organizações no exterior. (Id. 2005, p.
94).
De acordo com Traquina (Ibid), os jornalistas inventaram novas práticas, técnicas e
valores para a construção da identidade profissional. Mesmo reinventando o universo
jornalístico, algumas características básicas não devem ser deixadas de lado, apesar de que o
tempo se tornou escasso e os profissionais possuem mais funções. No qual a redação é
considerada como o “centro”, e possui consequências sobre o produto jornalístico final como:
diminuição do papel do repórter, já que a cobertura jornalística era produzida nas redações;
assim como o tempo, a noticiabilidade e as rotinas resultam em concentração de trabalho e
poucas fontes; e a última consequência é que as instruções para as matérias partem do
“centro”.
Ainda de acordo com Traquina (Id, p. 95), os jornalistas se deparam com um número
alto de notícias, mas em contra-partida, o tempo é menor para produzir, no qual o profissional
passa a lutar contra o tempo, no qual o jornalista passa a conviver com uma rotina inesperada,
resultado de todas as escolhas feitas durante o conteúdo noticioso.
Marques (2005) relata que para entender a produção de notícias, é necessário
compreender os critérios de noticiabilidade (seleção feita diariamente pelas produções para
definir o que vai para o jornal e o que será excluído), os valores-notícias (item presente na
noticiabilidade que seleciona as informações, esses valores-notícias são relativos ao interesse
e importância da notícia para o meio), os critérios relativos ao produto (são relacionados à
disponibilidade de materiais e características ímpares do produto), os critérios relacionados ao
meio de comunicação (esses critérios variam de acordo com o veículo, que são as análises de
materiais extras, como as fotos, vídeos, gráficos, entre outros). A autora também cita os
critérios relacionados ao público (esses critérios variam num mesmo veículo, já que existem
diversos públicos num único veículo de comunicação) e o último critério é voltado para a
concorrência (assim como o critério relacionado ao público, esse item também será variado de
acordo com os programas). Mas alguns outros autores como Souza (apud MARQUES, 2005,
p. 42) acrescentam critérios, como a organização do trabalho, a localização geográfica e a
divisão das tarefas nas redações.
O reflexo desta mudança diz respeito à transformação das agências de notícias em
gestoras e vendedoras dos conteúdos, seja por meio dos serviços, tradicionais, de
33
mídia, seja pelos serviços extra-mídia. Ainda neste campo, cumpre observar que
cada uma das empresas tomou rumo diferente na forma de comercializar sua
matéria-prima – tanto no formato de textos, quanto de imagens, aí incluídas
fotografias, infográficos, charges, ilustrações. (Id, p. 127).
Assim como os jornalistas, as fontes fazem parte de uma mesma rotina; pode resultar
numa interdependência, no sentido de que uma precisa da outra; na lógica desse pensamento,
é possível analisar que, para Bennett, Gressett E Haltom (apud TRAQUINA, 2005, p. 196) as
relações existentes entre os jornalistas e fontes podem ser definidas como uma relação
simbólica, na qual os dois envolvidos se beneficiam dessa troca. Os benefícios para os
jornalistas são: a eficácia, maior estabilidade profissional e autoridade que valida à
informação. Já os benefícios para as fontes são: a publicação dos atos, destaque social e
legitimidade.
Por mais que existam facilidades com esse meio tecnológico, acaba por inventar
alguns critérios jornalísticos, como o da noticiabilidade, já que todo o processo passa a ter que
ser mais dinâmico e interativo, de acordo com Marques (2005, p. 128). Este critério de
noticiabilidade que o autor (Id) utiliza é ao contrário, já que as disputas pelos jornais no qual
as empresas jornalísticas possui vínculo empresarial acaba impedindo que alguns jornais se
prevaleçam das notícias, e os furos de reportagens estarão no jornal que possui domínio sobre
os outros.
Quando se trata do tempo para a produção das notícias, durante os últimos 20 anos, as
tecnologias digitais auxiliaram para a aceleração dos processos noticiosos. De acordo com
Pereira e Adghirni (2011, p. 45), a velocidade pode ser considerada uma das mais importantes
mudanças estruturais do jornalismo, sendo que essa aceleração do conteúdo jornalístico
possui base antes da introdução da internet, tendo relação com o tempo e as empresas de
jornalismo.
Esse processo tem raízes mais profundas do que a introdução da internet e se
relaciona com a aceleração do tempo social e a adoção do formato de agências de
notícias pelos jornais brasileiros – que passaram a oferecer informações para clientes
no mercado financeiro – a partir da influência de consultores contratados nos anos
1980 junto à Universidade de Navarra (Espanha), que introduziram a noção das
“turbinas informativas”. (Id).
Com as tecnologias, um problema passou a existir, como a perenidade dos produtos
jornalísticos, já que as mídias passaram a ser publicadas na sequência dos acontecimentos,
não existindo mais horário para o fechamento dos jornais. Para Pereira e Adghirni (2011, p.
46), um benefício que as tecnologias digitais trouxeram foi que a notícia passa a se eternizar,
34
num vai e vem constante.
Os processos de produção das notícias e as rotinas das redações, de certa forma
influenciam no resultado final. Marques (2005, p. 45) define sete itens que são responsáveis
pela influência durante o processo de produção das notícias. O primeiro é o pessoal, já que as
notícias são resultado das pessoas, interações e capacidade dos repórteres. O segundo item é
social, sendo que as notícias são resultados do sistema social em que os profissionais estão
inseridos. O terceiro é a ideologia, que as notícias são resultados do contexto social e de ideias
pessoais dos jornalistas, que ficam em torno dos interesses pessoais. Já o quarto e quinto item
são voltados à cultura e ao meio físico em que o profissional está inserido, já que ambos têm
como resultado produtos do sistema em que foram produzidas. O sexto item são os
dispositivos tecnológicos, que dependem dos meios em que estão inseridos e que são
escolhidos para a produção dos conteúdos jornalísticos. E o último item é a questão histórica,
já que as notícias são resultados da história.
3.1 Redefinição do conceito de notícia a partir das alterações
tecnológicas
Para continuar a metodologia dessa pesquisa é necessária a compreensão de “notícia”
pelo viés do Nelson Traquina. Primeiramente, é necessária a definição de valores-notícia
segundo Traquina, já que é fundamental para a prática jornalística, já que ela é responsável
em direcionar o que é notícia e o que não é. Para Traquina (2005-b, p. 63), as notícias devem
seguir um padrão, o qual todos os jornalistas utilizam: o critério de noticiabilidade. Podemos
definir o conceito de noticiabilidade como o conjunto de critérios e operações que fornecem a
aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor como notícia. Assim, os
critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores-notícia que determinam se um
acontecimento possuir um “valor-notícia” (ID).
De acordo com Souza (2016, p. 10), as informações passam por uma série de
qualificações e restrições, até se tornarem notícia, sofrendo influências da organização,
ideológica, cultural, histórica, meio físico e tecnológico, e sobre tudo, influência pessoal.
Vizeu (2016, p. 52) parte do suposto que é necessário compreender a notícia para aí
compreender como ela é produzida. E os códigos e as regras imperam a carreira profissional
dos jornalistas para transformar um simples fato em notícia, no qual a identidade de cada
35
profissional é resultante do meio em que ele está inserido.
Um estudo realizado basicamente com profissionais residentes no Rio de Janeiro
procura mostrar como se constitui a identidade do jornalista e em que ela está
ancorada. Entre outras coisas, a pesquisa indica que a construção da identidade do
jornalista se realiza num contexto em que diversas áreas da vida social se misturam e
se confundem. Não se pode pensar em identidade levando em conta apenas
trajetórias e projetos conscientes e lineares. A vivência profissional é uma fonte de
convivência e contato com essa complexidade. (ID, 2016, p. 57).
Traquina (2005) mostra uma evolução dos critérios de noticiabilidade. Em 1616, não
existiam jornais diários, nessa época existiam as ‘folhas volantes’, sendo que nesse ano foram
publicadas apenas 25. A divisão dessas “folhas volantes” de acordo com Traquina (2005 b, p.
64) era um terço para os assassinatos, outro terço focado nas celebridades e a última parte
sobre algum discurso do Rei. O valor-notícia da época eram os acontecimentos que
produzissem maior espanto. (Id).
As mudanças sociais, econômicas e as novidades tecnológicas em geral uma
modificação grande nos processos da notícia, que vai desde a produção até a apresentação
para o leitor, segundo Pereira e Adghirni (2011, p. 45). Podem-se observar três mudanças
relevantes, como: o fluxo acelerado da produção e disponibilização da notícia, o aumento de
plataformas que dispõe de conteúdos de multimídia, e por último, as alteração nos processos
de coleta de informações.
Alguns formatos canônicos do texto jornalístico – como o lead e a pirâmide
invertida (Moraes, 2004) –, bem como os critérios de noticiabilidade (Jorge, 2007),
subsistem nesse novo cenário. Ao mesmo tempo, novas rotinas produtivas e novos
formatos para o conteúdo jornalístico emergem. Tais mudanças podem ser atribuídas
à possibilidade de acesso a informações por meio de bases de dados, à convergência
de mídias e de redações e à proliferação de mídias institucionais e de ferramentas de
autopublicação. (ID).
Seguindo essa linha proposta por Traquina (2005, p. 63) entre os anos 30 e 40 do
século XIX, as publicações periódicas como os jornais já circulavam, mas quem dominava
eram os políticos. Na época dos anos 30, surgiu a “penny press” que passou a estruturar os
jornais, com outro significado para notícia. Nos Estados Unidos e na França esse novo
jornalismo impera, no qual os jornais davam mais atenção às notícias locais, com interesse
humano, apresentando reportagens sensacionalistas de situações surpreendentes, com
jornalistas para cobrir os fatos (IBID, p. 67). Esses novos critérios de noticiabilidade
redefiniram as notícias e passaram a satisfazer a população.
Ainda de acordo com Vizeu (2016, p. 64), os meios de comunicação estão inseridos na
36
lógica econômica, no qual os mecanismos de mercado são maximizados, deixando em
segundo plano as conveniências culturais da sociedade para se limitar a satisfazer os
interesses imediatos da informação.
Já o último momento analisado por Traquina (2005 – b, p. 67) foi o dos anos 70 do
século XX. Nesse período, o autor define que as importâncias das qualidades duradouras das
notícias, após um estudo em 1979 por Hebert Gans. Após analisar três telejornais e duas
revistas informativas americanas na década de 70, foi investigada a importância do valor-
notícia. Nesse período as características dos anos 40 se aprimoraram, e a notoriedade acaba se
sobressaindo, seja pela fama ou por conflitos. As mudanças observadas nesses três períodos
são mínimas, sendo que uma é resultado de um estudo melhor que da anterior. A essência da
notícia teve pouca evolução.
Dentro do livro de Traquina (2005 – b, p. 70), é possível observar um estudo de
Galtung e Ruge (1965/1993) em que mostram os valores notícias, como: a frequência; a
amplitude do evento; a clareza ou a falta de ambiguidade; a significância; a consonância; o
inesperado; a continuidade; a composição; a referência a nações de elite; a referência a
pessoas de elite; a personalização; e por último a negatividade. Mas cada autor possui uma
visão diferente dos valores-notícia, que de alguma forma contribuem para os processos
jornalísticos.
Pressionadas pelo fantasma do tempo as empresas jornalísticas são ainda mais
obrigadas a elaborar estratégias para tornar o processo produtivo o mais ágil
possível. Não é de graça que os motoqueiros estão na redação para ir buscar as fitas
na rua. Por causa das dificuldades do trânsito, é necessário ganhar tempo. (VIZEU,
2016, p. 125).
Para Traquina (2005-b), os jornalistas fazem uma seleção, e a partir disso constroem o
que é interessante. Esses valores-notícias ocorrem no processo da construção da notícia. Os
valores como: morte, notoriedade, proximidade, relevância, tempo, notabilidade, inesperado,
conflito, infração e escândalo estão presentes nos valores-notícia, sob os critérios de
substantivos. Já na modalidade de critérios contextuais se encaixa a disponibilidade,
visualidade, concorrência e dia noticioso. Nos valores-notícias de construção é possível
encontrar a simplificação, a amplificação, a relevância, a personalização, a dramatização e a
consonância.
Os valores-notícias estão presentes na cultura jornalística, sendo que a política de cada
veículo editorial influencia na organização e na existência de espaços dentro do produto
jornalístico (ID, p. 93).
37
Os valores-notícia não são imutáveis, com mudanças de uma época histórica para
outra, com sensibilidades diversas de uma localidade para outra, tendo em conta as
políticas editoriais. As definições do que é notícia estão inseridas historicamente e a
definição da noticiabilidade de um acontecimento ou de um assunto implica um
esboço da compreensão contemporânea do significado dos acontecimentos como
regras do comportamento humano e institucional. (IBID, p. 95).
Os valores-notícias são vastos, podendo ser alterado de veículo para veículo, não
perdendo o objetivo de determinar a importância de um acontecimento para ser noticiado, mas
de acordo com Agência/jornal (2016), os critérios essenciais são: o imediatismo, a
probabilidade, o interesse, o apelo, a empatia e a proximidade.
Um elemento fundamental das rotinas produtivas, a substancial escassez de tempo e
de meios, acentua a necessidade dos valores/notícia que dessa forma estão
imbricados em todo o processo de edição. Ou seja, não se pode entender os critérios
de seleção só como uma escolha subjetiva do jornalista, mas como um componente
complexo que se desenrola ao longo do processo produtivo. Critérios esses que estão
relacionados com a própria noticiabilidade do fato. (VIZEU, 2016, p. 122).
De acordo com Pereira (2016, p. 47), a rotina existente em uma redação é para facilitar
as decisões tomadas todos os dias pelos profissionais, pois, para definir o que é notícia, é
necessária uma rotina de escolhas. Mas as notícias não são resultado de apenas rotinas e
valores-notícias, outros fatores como a fonte e a produção acabam influenciando para a
construção da notícia.
3.2 As mudanças no telejornalismo regional influenciadas pelo
jornalismo mobile
Para Fernandes (2016, p.16), durante a história da produção do jornalismo regional, os
meios tradicionais de comunicação necessitavam de investir em programas regionais com
produção e participação do público. A televisão focada no público regional é moldada de
acordo com o público e a interação com o meio.
A regionalização permite que a comunidade tenha conteúdos próximos ao seu mundo,
com notícias relacionadas ao bairro, segurança, enfim, de matérias próximas ao cotidiano,
algo que o telejornalismo nacional não consegue abordar. Para Fernandes (ID, p. 18), existe
um aumento de emissoras regionais, já que os números dos espectadores aumentam, com a
necessidade de criar uma identidade com essas emissoras regionais, além de que esse tipo de
38
emissora é capaz de incentivar o desenvolvimento do local.
Desta forma, Bazi (2001) afirma que, com a produção de programas regionais, há
chance de alcançar a publicidade local, porque o valor é mais baixo e a emissora
deve ter intervalos que proporcionem ao anunciante, assim, possibilidade de ver seu
produto na televisão. Ou seja, a TV regional incentiva o desenvolvimento e a
regionalização do mercado publicitário. Em função disso, as agências de
publicidade, bem como seus anunciantes, tornam-se mais que clientes para uma
emissora regional, tornam-se parceiros. (IBID, p. 20).
Nos telejornais, a redação trabalha de maneira mais intensa, devido ao fato de que ao
mesmo tempo em que ela está sendo organizada, ela também está sendo apresentada. Vizeu
(2016, p. 59) compara os telejornais como um cardápio de restaurante, no qual o espectador
escolhe sua refeição, devido ao fato do número maior de notícias. A imagem no telejornalismo
está ligada à necessidade em que a informação televisiva tem de passar de uma forma breve,
sintética, significativa e coerente sobre a notícia. Sendo que a notícia na televisão tem como
foco de repassar a notícia em sua totalidade, podendo ser mais completa, coerente, organizada
e coesa, quando comparada com a notícia em meio impresso, além do aspecto temporal que a
televisão permite ao espectador (ID, p. 128).
Mello (2016, p. 02), descreve que é necessário que os telejornais invistam em
equipamentos e profissionais qualificados, sempre acompanhando as mudanças tecnológicas
nos meios de comunicação de massa. Fazendo um resgate histórico, no início, a linguagem
dos telejornais era parecida com a do rádio, e após anos ela foi se modificando e ficando mais
dinâmica e completa, chamando maior atenção do público.
Para estar sempre na frente e a acompanhar de perto os acontecimentos de impacto
nas sociedades, os telejornais mudaram e exigiram das emissoras o investimento em
equipamentos de última geração e a contratação de profissionais qualificados. Na
velocidade das mudanças na história e na tecnologia, os profissionais do
telejornalismo precisam caminhar rápido para não perder de vista as novas
tendências dos meios de comunicação de massa. Hoje, para cobrir os
acontecimentos locais, estaduais, nacionais e internacionais, os telejornais vão à
beira de seus limites e, a partir de formados particulares, que seguem as exigências
de cada emissora, tentam levar o mais rápido e com a qualidade exigida o
acontecimento para o seu público-alvo. (ID, p. 02).
Para Fernandes (2016, p. 22), as notícias nos telejornais regionais têm como objetivo
de atrair o telespectador com informações locais, que interessem a comunidade de maneira
geral. Em alguns casos, as notícias dos telejornais regionais são a única forma de informação
que o público possui. A televisão é considerada como o maior meio de comunicação do
público, sendo necessária a constante inovação sem deixar de lado a qualidade da notícia. Mas
também é necessário ressaltar que nos programas televisivos regionais, a participação do
39
público existe, e em alguns casos torna-se essencial na produção de conteúdos jornalísticos:
A relação entre jornalistas e telespectadores é significativa para a produção de
telejornais de qualidade, uma vez que há uma interação comprometida com a
cidadania. Além disso, a participação da população no que se refere à sugestão de
pautas é de grande valia e interesse de todos, sobretudo por parte dos veículos de
comunicação, pois é através delas que é possível apresentar problemas do cotidiano,
cobrando, desta forma, soluções imediatas e que, na maioria das vezes, envolvem o
poder público. (Ibid, p. 24).
Para Silva (2016, p. 03), a mídia é capaz de produzir signos e interferir na realidade,
produzindo elementos que de alguma maneira vão interferir na conduta, na identidade pessoal
do espectador, validando a presença do meio e conquistando o público, que resultará no
retorno financeiro.
Alguns programas jornalísticos, tanto brasileiros quanto estrangeiros, já passaram a
adotar a produção de notícias, fotos, vídeos, atualizações de conteúdo por meio dos
smartphones. Para Silva (2008, p. 6), essas tecnologias móveis são capazes de navegar em
redes móveis, além de transmitir matérias ao vivo e utilizar a participação do público através
dos chats, já que o celular se reinventa constantemente.
As diversas plataformas dispostas nas empresas de comunicação sofrem desafios e
oportunidades para ampliarem seus conteúdos. De acordo com Quadros, Rasêra e Moschetta
(2011, p. 10), fatores como a convergência e a audiência são essenciais para o aumento dos
espectadores.
Essas empresas têm se preocupado com a fragmentação da audiência, por isso
adotam a convergência jornalística - um fenômeno global - como estratégia de
crescimento, de fortalecimento da marca e de tentativa de aumentar a audiência. Por
outro lado, o deslocamento do público de um meio para o outro é percebido por
muitas empresas como um fator de risco. [...] Entende-se que toda vez que o público
se desloca de uma plataforma à outra, as chances dele permanecer dentro da mesma
marca tornam-se muito maiores dentro de uma abordagem multimídia, possibilitada
pela adoção da convergência de meios como estratégia. A multimidialidade se faz
indispensável quando pensada em um produto para jovens, haja vista, como já
mencionado anteriormente, a grande atração deste público por telas. (Id)
Mas a evolução não se deu apenas nos quesitos tecnológicos, e também evoluíram os
leitores, nos quesitos de serem mais críticos, buscarem sempre algo a mais e passarem a ser
fornecedores de conteúdos.
Chamar os tradicionais consumidores de notícias de leitores também não é mais tão
preciso. A digitalização, o barateamento dos equipamentos para produzir imagens e
som, a expansão da infraestrutura da internet e a ubiquidade dos dispositivos móveis
fizeram dos cidadãos fornecedores de conteúdo, dando a eles um espaço crescente
no processo de produção jornalística e fazendo surgir os conceitos de user generated
40
content (ugc, conteúdo gerado por usuários), e também o de jornalismo
participativo,termo que traduz uma série de iniciativas com escopo e dimensão
diversos , indo do jornalismo produzido por ou para pequenas comunidades até
grandes iniciativas que, via internet, ganham alcance internacional. (SANTOS 2015,
p. 105)
As tecnologias também afetaram a estrutura das produções de notícias. De acordo com
Santos (id), alguns conceitos, como os da pirâmide invertida e o lead, precisam ser atualizados
constantemente, pois algumas outras formas narrativas foram criadas. Um exemplo de uma
nova forma narrativa criada a partir das tecnologias aliadas ao jornalismo é a construção da
notícia em camadas, que necessita de materiais além do texto. Ainda de acordo com Santos
(Ibid), esse tipo de construção narrativa liga a matéria a hiperlinks que além de analisar a
matéria, mostra ao usuário os desdobramentos e a contextualização do assunto abordado, já
que a partir de agora, o leitor busca o máximo de informação em um único local.
O Jornalismo Mobile é utilizado na maioria das emissoras, já que sua facilidade e
agilidade convém às empresas jornalísticas. Mas vale ressaltar que ele não foi pensado para
substituir câmeras de vídeo de última definição para transmissão de televisão nem câmeras
digitais de alta definição ou gravadores de áudio de transmissão para rádio (QUINN, 2014,
p.89).
3.3 O Newsmaking na construção da realidade
De acordo com estudos realizados por Wolf (2003 apud RUSSI 2011, p. 47) o
newsmaking8 estuda a sociologia da profissão, e no jornalismo, esses estudos são responsáveis
por analisar a seleção das informações, de acordo com o grau de importância. Os critérios de
noticiabilidade envolvem desde a produção, até a finalização da matéria, sendo alterada de
acordo com as rotinas de produção de cada local. O newsmaking ajuda a elucidar como os
meios de comunicação constroem uma leitura da realidade, auxiliando a construir a realidade.
É necessário ressaltar que algumas teorias do jornalismo se complementam. Para
Araújo (2011, p. 07) o newsmaking confronta a teoria do espelho, já que na teoria confrontada
existe o descomprometimento do jornalista em transmitir a realidade, tal qual ela existe.
Uma outra teoria abordada por Piccinin (2006, p. 127), que também faz parte da
realidade e da profissão do jornalismo: a teoria do espelho, ainda de acordo com Piccinin, a
8 Expressão composta pela palavra inglesa news (notícia, novidade) e por making (o mesmo que fabricação), o
newsmaking supre uma lacuna aberta pela hipótese do agenda-setting, completando-se (CARDOSO, p. 09,
2008).
41
notícia pode ser compreendida como um retrato fiel da realidade: ela não sofreria nenhuma
influência (do jornalista ou sociedade). Com a teoria do espelho, mesmo evitando interferir na
notícia, o repórter acaba sofrendo a interferência e colocando o seu ponto de vista, mas isso
pode ocorrer sem intenção, já que a própria cultura em que o jornalista está inserido acaba
alterando alguns conceitos.
Dependendo da mídia, sofremos sua influência, não a curto, mas a médio e longo
prazos, não nos impondo determinados conceitos, mas incluindo em nossas
preocupações certos temas que, de outro modo, não chegariam a nosso
conhecimento e, muito menos, tornar-se-iam temas de nossa agenda. (COLLING,
2006, p. 45)
De acordo com Gutmann (2009, p. 39), a teoria do agendamento / agenda setting9 e
baseia na compreensão das pessoas pautada no meio jornalístico, no qual a mídia é a
responsável em selecionar / agendar o que deve ser pensado e discutido, já que os meios de
comunicação possuem esse poder de construir a realidade. O primeiro estudo da agenda
setting foi realizado no ano de 1972, por McCombs e Shaw, no qual foi analisado a
importância da mídia para construir a realidade. Ainda de acordo com Gutmann, atualmente
são analisadas três vertentes da teoria do agendamento: agenda do público, agenda da política
governamental e construção da agenda pela mídia.
Public Agenda-setting (estabelecimento da agenda do público), que se funda na
relação causal entre os assuntos pautados pela mídia e as questões priorizadas pelo
público; Policy Agenda- setting (estabelecimento da agenda da política
governamental), referente às pesquisas do campo da política e comunicação que
investigam como os meios influenciam nas percepções dos próprios políticos; e
Media Agenda-setting (estabelecimento ou construção da agenda pela mídia), que
corresponde às análises sobre o processo de construção da agenda oferecida pelos
veículos midiáticos. (Id)
A teoria do Gatekeeper10 também é adotada no jornalismo, no qual atem como base
para essa teoria é a análise da escolha das informações para tornarem-se notícias, para
Piccinin (p. 128, 2006), a imparcialidade e a objetividade ficam em segundo plano, já que o
gatekeeper é responsável em selecionar as notícias de acordo com a organização. O
gatekeeper faz o papel de “porteiro” das notícias, sendo que após que a informação chega à
redação, ele é capaz de direcionar para a transformação e notícia, ou não. O gatekeeper utiliza
9 A expressão vem do inglês agenda (pauta, ordem do dia) e set (regular, estabelecer, determinar). (CARDOSO,
2008, p. 03) 10 O gatekeeper (gate = portão; keeper = proprietário, zelador) é o selecionador, aquele que nas “cocheiras”,
segundo o jargão dos bastidores da imprensa, tem autoridade para rejeitar ou transformar a informação em
notícia. (CARDOSO, p. 09, 2008)
42
como base os critérios de valor-notícia. A noticiabilidade, de acordo com Cardoso (2008, p.
12), é um conjunto de regras para determinar se a informação possui capacidade de
transformar em notícia, variando de acordo com os interesses previamente impostos pelo
veículo de comunicação e dos jornalistas para a criação dos valores-notícia. O objetivo dos
valores-notícia é que a notícia tenha existência pública. De acordo com Silva (2005, apud
CARDOSO, 2008, p. 12), lista os 12 principais valores-notícia, são eles: o impacto, o
conflito, a proeminência das pessoas, a polêmica, a raridade, a proximidade, o entretenimento,
o conhecimento, a surpresa, a tragédia, o governo, e, a justiça. Os valores-notícia funcionam
como base para o gatekeeper, ressaltando que alguns desses itens podem ser modificados, de
acordo com as normas de cada veículo.
A série de escolhas por onde o fluxo de notícias tem que passar estão muito
relacionadas e dependentes de juízos baseados na subjetividade e juízo dos
jornalistas. Os resultados das pesquisas nesta área têm indicado que o background
cultural do editor gatekeeper e a lógica operacional econômica da instituição
noticiosa são as principais interferências sentidas na configuração do jornalismo.
(Id)
Essas complementações entre as teorias auxiliam para um maior debate. O
Newsmaking, de acordo com Russi (2011, p. 50), é voltado para a compreensão da função do
jornalista para as escolhas das informações que podem se transformar em matérias, buscando
compreender como são essas escolhas e tudo que influencia a decisão.
Portanto, embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade,
não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a
submissão a um planejamento produtivo. [...] Assim, uma suposta intenção
manipuladora por parte do jornalista seria superada pelas imposições da produção
jornalística. (PENA, 2010, p. 129)
O jornalismo é um recorte do mundo, analisado por uma determinada perspectiva,
Gadini (2007, p. 80) descreve que a estrutura do jornalismo é determinada em cada veículo,
no qual exploram as imagens e textos, fazendo com que tenha atenção, podendo usar do
imaginário para atrair o público. Assim, o discurso jornalístico é compreendido como mais um
dos inúmeros produtos que circulam no espaço social em que se situa a noção de construção
social da realidade (Id).
Para Russi (2011, p. 51), as rotinas produtivas também influenciam o newsmaking, já
que a organização existente dentro das redações acaba interferindo nas definições dos valores
notícia do veículo.
Berger e Luckmann (apud AGUIAR 2006, p. 76) propõem que a realidade deve ser
43
observada como uma teia de significação, no qual é construída em sociedade; sendo assim,
cada local terá suas preferências para as informações. O sistema de pensamento do senso
comum da categoria jornalística formula uma lógica de atuação profissional na qual aponta
que a função do jornal é fornecer relatos dos acontecimentos significativos e interessantes
(AGUIAR, 2006, p. 77).
O newsmaking, de acordo com da Costa (2005, p. 115), engloba um total, e não itens
de maneira isolada, já que o processo de seleção é baseado na política do veículo, nos aspectos
administrativos, a estrutura da empresa, questões financeiras, formulando assim os critérios de
noticiabilidade que mudam de local para local.
Araujo (2011, p. 09) relaciona o newsmaking com o poder social das mídia, já que eles
elas possuem influência na população, como exemplo no caso no qual o jornalismo se colocou
contra a corrupção no Brasil, denunciando e resultando na demissão de seis ministros,
mostrando que a mídia possui influência .
Para Pereira Jr. (apud CARDOSO, 2008, p. 13), o newsmaking é capaz de aumentar as
possibilidades de captar o funcionamento que existe na distorção do inconsciente, devido às
rotinas que a profissão impõe e a sociedade em que está inserido sobre a função de informar.
De acordo com Cardoso (2008, p. 02), a mídia é capaz de interferir na sociedade, estruturando
a realidade a partir dos critérios definidos previamente, formando opiniões, a partir do ponto
de vista de cada veículo.
Para Pena (2010, p. 128), o newsmaking não é um espelho da realidade, mas sim uma
construção da realidade, pois, tudo que é produzido nas redações acaba sendo submetido a
algumas normas sociais. De acordo com o autor, alguns itens como os valores-notícia, rotinas
de produção e audiência interferem na notícia que será construída.
44
4. Procedimentos Metodológicos
Durante este capítulo, será possível encontrar definições de Etnografia, Grupo Focal e
Entrevista, além do plano de ação do 7° e 8° período, e por último a metodologia aplicada
nesta pesquisa.
Este capítulo é importante, já que será possível compreender os conceitos necessários e
para que seja compreensível as análises que serão feitas no decorrer desta pesquisa.
Neste capítulo, é possível compreender a Etnografia como metodologia desta pesquisa,
além dos conceitos que será aplicado na observação participante do programa Balanço Geral
Curitiba. Já os conceitos de Grupo Focal, nortearam para o desenvolvimento dos grupos
focais que fazem parte desta análise. A Entrevista também será conceituada para que possa ser
utilizada na análise. Já o plano de ação do 7° e 8° período, servem para comprovar todo o
desenvolvimento desta monografia. E por fim, a metodologia aplicada nesta pesquisa serve
para introduzir o leitor, ao que ele encontrará no próximo capítulo.
4.1 Etnografia como metodologia de pesquisa
Uma das metodologias escolhidas para essa pesquisa é a etnografia, já que ela integra a
observação participante, como base a percepção e análise do local.
A definição de etnografia, de acordo com Pena (2010, p. 151), é de se aprofundar na
cultura em que está estudando, para que a partir daí seja possível compreender as atitudes do
local em que está analisando. Ainda de acordo com o autor, o objetivo dessa metodologia é se
colocar do outro lado, para que a partir disso seja possível ampliar a visão para a compreensão
das atitudes adotadas no sistema analisado.
A etnografia, de acordo com Brewer (apud SILVERMAN. 2009 p. 71), estuda as
pessoas em determinados locais, através da ordem natural das coisas, sendo que a partir da
coleta de dados dos significados sociais.
A pesquisa etnográfica, de acordo com Rovida (2015, p. 78), consiste em ir ao mundo,
conversar, mas acima de tudo, observar. Surgida como metodologia de pesquisa de campo de
etnógrafos e antropólogos, a observação participante se consolidou como procedimento
eficiente para alcançar informações mais detalhadas sobre os fenômenos sociais (Id).
De acordo com Dalmolin; Lopes e Vasconcellos (2002, p. 25), para conseguir aplicar o
45
método etnográfico, o pesquisador deve entrar no campo que tende a ser analisado, de forma
diferente da habitual, no qual ele fará o papel de analisar o que ocorre, já que a pesquisadora
possui uma relação privilegiada dos acontecimentos.
De acordo com Spradley (apud LIMA. 1996, p.04), a etnografia é a descrição do modo
de vida de um determinado grupo, a partir da visão do pesquisador.
A etnografia possui como base a percepção e análise do local. Para Teis e Teis (2016,
p. 01) a pesquisa etnográfica está inserida como uma pesquisa qualitativa, sendo necessária a
interpretação dos dados obtidos. De acordo com o mesmo autor, nesse tipo de metodologia, é
possível com os dados aproximar da realidade, sendo necessário conseguir captar as ações das
pessoas que estão em observação; em outras palavras, esse método é resultado da
interpretação do pesquisador. Para que uma pesquisa seja reconhecida como do tipo
etnográfico, deve preencher, antes de tudo, os requisitos da etnografia que tem como
premissas a observação das ações humanas e sua interpretação, a partir do ponto de vista das
pessoas que praticam as ações. (Id)
Conforme já dito, de acordo com Teis e Teis (2016, p. 01), a pesquisa etnográfica é
considerada como qualitativa, ou seja, é voltada para a interpretação, podendo ter o mínimo de
manipulação possível, por parte do pesquisador. Esse método é utilizado em estudos de grupos
presentes na cultura. Segundo Teis e Teis (Id, p. 02), a pesquisa etnográfica não envolve a
manipulação, já que é analisado algo espontâneo.
A pesquisa etnográfica permite uma melhor observação dos fatos e das práticas
cotidianas do jornalismo. Para Traquina (apud BORGES, 2014, p. 71), existem três principais
contribuições dessa metodologia:
Primeiramente, com essa abordagem foi possível notar a importância da rede
informal entre os jornalistas e a ligação cultural advinda do pertencimento a uma
comunidade profissional; segundo, viu-se que as rotinas são um elemento central
no processo de produção de notícias; em terceiro lugar, serve como
questionamento às teorias instrumentalistas que defendem que há um conluio no
processo de produção de notícias e uma intenção consciente de distorção dos fatos.
(Id)
Para conseguir aplicar a metodologia da etnografia, Severino (apud ROVIDA 2015, p.
78) explicou como utilizar na prática. De acordo com o autor, o observador deve agir, de
maneira a identificar tudo que está ocorrendo a sua volta, acompanhando todas as ações, e
agindo de forma neutra, para não interferir no resultado. Esse método possui um desafio, pois,
a questão é de como analisar os dados obtidos pela etnografia de maneira mais neutra
possível, já que os dados obtidos neste tipo de pesquisa acaba sendo interferido pela cultura,
46
pelas ideologias e pelos pré conceitos das coisas.
De acordo com Teis e Teis (2016, p. 03), a etnografia estuda os significados das ações
e os eventos para as pessoas, uma descrição da cultura. Aos poucos, é através da observação
que o pesquisador conseguirá compreender e estudar a realidade do grupo estudado.
A etnografia pode ser definida a partir de Segovia Herrera (apud LIMA. 1996, p. 04)
como a análise de outra cultura, afim de conhecer os comportamentos alheios, a partir de
algum aspecto. Vale ressaltar que a etnografia é uma metodologia, que possui a observação
como uma forma de aplicá-la, não sendo apenas isso. Mas esse tipo de pesquisa também pode
ser considerado como subjetiva, por ser influenciada pela sociedade. Essa pesquisa é
composta por observação, coleta de dados e questionamentos.
De acordo com Pena (2010, p. 152), a pesquisa etnográfica voltada para a cultura
jornalística existe para a compreensão de descrever o porquê das notícias são como são, já que
assim como em outras culturas, as redações jornalísticas possuem certos costumes e normas
que devem ser analisados.
Só vejo duas maneiras de empreender um estudo etnográfico sobre o jornalismo:
1. Se o pesquisador não tem afinidade com a cultura das redações, deve se
integrar como um de seus membros antes de iniciar a pesquisa. 2 . Se o
pesquisador é jornalista, deve retirar-se do ambiente das redações por um bom
tempo, adquirir uma visão externa sobre a profissão e, só então, retornar à
redação para fazer a pesquisa de campo. (Id)
Para Severino (2014), a pesquisa etnográfica busca entender o cotidiano de
determinado assunto, no qual o pesquisador mergulha num outro ambiente, com uma lente de
aumento. Para a observação, ainda de acordo com o mesmo autor, o pesquisador passa a
executar o papel de identificação dos fenômenos, acompanhando as ações e observando todas
as reações e situações vivenciadas, e o pesquisador registra todos esses fatos observados.
Lago (2008, p. 51), define que a pesquisa etnográfica consiste em sair da sua própria
cultura e analisar a cultura dos outros. Ainda de acordo com a mesma autora, esse método se
aplica de maneira de analisar a pesquisa com um método empírico, sendo que essa
participação deve ocorrer durante todo o processo.
É esse olhar sobre o outro que constitui a observação participante. Observação
porque o antropólogo no campo, inicial e principalmente, observa. Depois de ter
47
sido adequadamente contaminado pelo ethos antropológico, realizado na
pesquisa inicial, identificado quais as questões que pretende enfocar, enfim,
construído seu objetivo dentro do horizonte da antropologia, o pesquisador deve
estar pronto para o trabalho de campo, experiência ritual que o colocará em
contato com o Outro e que iniciará com sua observação sobre a totalidade
possível das práticas do grupo. (Id)
Para que essa metodologia possa ser aplicada, é necessário, de acordo com Lago (id, p.
52), logo que o observador chegar ao ambiente, ele fará as anotações sobre as análises,
impressões e o cotidiano analisado, além de ouvir pessoas que possam auxiliar na pesquisa.
Para conseguir analisar o programa Balanço Geral Curitiba, a metodologia aplicada
nesta pesquisa ocorrerá em três momentos: pesquisa etnográfica, entrevistas e questionário
para o público, já que dessa maneira será possível observar como estão sendo readequadas as
rotinas produtivas televisivas com o Jornalismo Mobile, frente ao programa já citado, sendo
que uma metodologia complementa a outra.
O problema desse método é que quando for realizar essa observação, algumas coisas
podem ser omitidas. Para Teis e Teis (2016, p. 01) a pesquisa etnográfica está inserida na
qualitativa, sendo necessária a interpretação. Para esse método, é impreterível que as bases
sejam a observação das ações e a interpretação.
Para que uma pesquisa seja reconhecida como do tipo etnográfico, deve preencher,
antes de tudo, os requisitos da etnografia que tem como premissas a observação das
ações humanas e sua interpretação, a partir do ponto de vista das pessoas que
praticam as ações. Trata-se de gerar dados aproximando-se da perspectiva que os
participantes têm dos fatos, mesmo que não possam articulá-la. Para conseguir
captar esse sentido, as ações do próprio pesquisador precisam ser analisadas da
mesma forma como as ações das pessoas observadas. Assim sendo, todo processo é
interpretativo. (Id).
A pesquisa etnográfica é considerada como qualitativa, ou seja, é voltada para a
interpretação, sendo considerada mais neutra possível, sendo utilizada em estudos de grupos
presentes na cultura, segundo Teis e Teis (Id).
Naturalística ou naturalista porque não envolve manipulação de variáveis, nem
tratamento experimental; é o estudo do fenômeno em seu acontecer natural.
Qualitativa porque se contrapõe ao esquema quantitativista de pesquisa (que divide a
realidade em unidades passíveis de mensuração, estudando-as isoladamente),
defendendo uma visão holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta todos os
componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas. (Ibid, p.
02).
48
De acordo com Teis e Teis (Idid, p. 03), a etnografia estuda os significados das ações e
os eventos para as pessoas, uma descrição da cultura. Aos poucos, através da observação que
o pesquisador conseguirá compreender e estudar a realidade do grupo estudado. Mas esse tipo
de pesquisa também pode ser considerado como subjetiva, por ser influenciada pela
sociedade. Essa pesquisa é composta por observação, coleta de dados e questionamentos
Outro caminho para a metodologia é a observação se dá por coletar dados e
informações, no qual utilizara os sentidos para complementar as características do local. É
considerado por Lakatos e Marconi (2001, p. 191) algo básico para uma investigação
científica, esse método vai além do que é mostrado, mas também os comportamentos e
evidencias que não são mostradas ao espectador. Esse método é satisfatório e estuda diversos
fenômenos, exige menos do que outras técnicas e permite a exploração de informações que
não exploradas em outros métodos. Mas é necessário não se iludir por impressões. A
observação se divide em assistemática, sistemática, não participante, participante, individual,
em equipe, na vida real e em laboratório.
Para a construção dessa pesquisa, será necessária a utilização da observação
sistemática, (já que tem característica planejada e controlada, a pesquisadora já tem
delimitado o que procura analisar, reconhece erros e elimina a sua influência sobre o que é
analisado), da observação individual (a pesquisadora consegue analisar por vários ângulos,
intensificando o objetivo proposto, analisando dados, o que é real e o que é interpretação), e o
último tipo de observação é na vida real (já que registra os dados de maneira espontânea).
(Ibid, p. 194).
4.2 Grupo Focal
O outro método utilizado é o grupo focal. Para Backes (2011, p. 439), o grupo focal
tem como premissa basear-se na tendência humana de formar opinião com relação à interação
de algo que está sendo estudado. Ainda de acordo com os mesmos autores, este tipo de
pesquisa é capaz de conseguir gerar novas concepções e análises, a partir de uma troca de
ideias.
Carlini-Cotrim (1996, p. 287), define como é realizada essa pesquisa: o grupo é
composto de seis a dez pessoas que não se conhecem, e possuem características definidas pelo
pesquisador, no qual as opiniões e a interação fazem parte da pesquisa, que acaba colocando
49
em questão as opiniões descritas numa pesquisa individual realizada anteriormente. Ainda de
acordo com o mesmo autor, a duração dessa pesquisa é de uma hora e meia.
De acordo com Pichon-Rivièri (apud ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004, p. 09) Um grupo
focal é definido por um conjunto de pessoas que possuem algo em comum, esse tipo de grupo
é operativo, sendo que cada pessoa pertencente a esse grupo tem uma função, ligado a
comunicação e aprendizado. Para realizar essa etapa, foi selecionado um grupo com seis
pessoas para analisar algumas cenas relacionadas ao programa Balanço Geral Curitiba e
outros programas semelhantes, para que a partir dessas imagens seja possível construir essa
relação do público com o programa.
Para Mazza, Melo e Chiesa (2009, p. 184), este tipo de pesquisa é mais prática e
consegue desvendar os objetivos do público, já que é feito diretamente com eles, já que o
grupo focal exige uma interação entre os membros do grupo, no qual o intermediador fará o
papel para não se dispersar sobre o tema. Ainda de acordo com as autoras, esta pesquisa é
mais interpretativa do que descritiva, permitindo opiniões diversas.
De acordo com Gui (2003, p. 138), o grupo focal busca analisar as várias ideias,
buscando a interação entre os participantes do grupo, no qual cada integrante deve expor sua
opinião e justificar, podendo argumentar as demais opiniões presentes no grupo. Ainda de
acordo com o mesmo autor, a vantagem desta técnica é observar a interação dos participantes
sobre um tema em comum, que todos os integrantes tenham conhecimento.
A essência do grupo focal consiste justamente em se apoiar na interação entre
seus participantes para colher dados, a partir de tópicos que são fornecidos pelo
pesquisador (que vai ser no caso o moderador do grupo). (CARLINI-
COTRIM, 1996, p. 286)
Para definir as pessoas que irão fazer parte desse grupo focal, será necessário, de acordo
com Aschidamini, Saupe (ID, p. 10), colocar alguns critérios, como sexo, idade, classe social,
idade e profissão, sendo que estas pessoas terão um perfil próximo ao público do programa.
Para esta pesquisa foi utilizado um público misto, alternando as classes sociais, para que desta
maneira fosse possível compreender as opiniões do público, buscando pessoas que assistam o
50
programa regularmente.
De acordo com Ressel (2008, p. 780), os grupos focais são baseados em diálogos sobre
algo em comum, no qual recebem estímulos pelo pesquisador. Tudo é desenvolvido de
maneira grupal. Ainda de acordo com Ressel (Id), o grupo focal auxilia para formar novas
ideias, além de contextualizar e interpretar os valores, conceitos e pontos de vista. Ressel
relata que é possível ir além das respostas obtidas, nesse tipo de pesquisa, é possível
investigar os fatos por estar em grupo.
Essa técnica distingue-se por suas características próprias, principalmente pelo
processo de interação grupal, que é uma resultante da procura de dados. Em uma
vivência de aproximação, permite que o processo de interação grupal se
desenvolva, favorecendo trocas, descobertas e participações comprometidas.
[...] O GF também é adequado para ser consultado em estágios exploratórios de
uma pesquisa, quando se quer ampliar a compreensão e a avaliação a respeito de
um projeto, programa ou serviço. E pode ser associado a outras técnicas de
coleta de dados, concomitantemente. (Ibid)
Dentro do livro de Gui (2003, p. 139) é possível observar um estudo de Berg (1998), no
qual ele relaciona o grupo focal a partir de oito principais características:
a) Definir um objetivo de pesquisa;
b) Selecionar as características do grupo;
c) Existir uma relação profissional e ética por parte do mediador do grupo, para que
não interfira no resultado final;
d) Clareza por parte do mediador para que as propostas sejam bem explicadas;
e) O mediador deve estar atento, caso seja necessário realizar outras perguntas e
conseguir contornar situações que possam fugir de controle;
f) Estruturar e direcionar o grupo para que o debate ocorra da melhor maneira;
g) Utilizar algum meio para registrar o momento, seja o registro por voz, imagem ou
anotações;
h) O mediador deve registrar as informações e quaisquer reações ocorridas no
momento da pesquisa, para que posteriormente seja possível a transcrição.
51
4.3 Entrevista
Outra técnica a ser utilizada é a entrevista. A entrevista é um encontro entre duas
pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto,
mediante a conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na
investigação social, para coleta de dados - (MARCONI.1999, p. 92). Ainda de acordo com o
mesmo autor, o principal objetivo da entrevista é conseguir informações do entrevistado,
sobre algo que deseja.
Com a entrevista é possível conseguir uma investigação social, no qual a precisão,
focalização e validade são desenvolvidas com a conversação, podendo conseguir informações
importantes, é mais flexível e é possível avaliar condutas e comportamentos. Para Lakatos e
Marconi (2001, p. 196) os objetivos das entrevistas são: descobrir fatos, desvendar planos de
ação, motivos que interferem nas opiniões e compreender a conduta das pessoas de acordo
com os sentimentos. As entrevistas se dividem em padronizadas, que possui um roteiro
determinado, e as despadronizadas, no qual o pesquisador pode seguir qualquer direção na
entrevista. Serão abordados os dois modelos de entrevistas, sendo que no início, as entrevistas
terão um padrão e no decorrer, elas poderão caminhar em um determinado rumo que a
entrevista levar.
Duarte (2004, p. 216), aponta cinco regras importantes para realizar entrevista:
a) Definição dos objetivos da pesquisa;
b) Conhecer com profundidade o tema da entrevista;
c) O pesquisador absorve o roteiro da entrevista;
d) Deve existir segurança e confiança da entrevista que será feita;
e) O pesquisador deve utilizar em momentos propícios, a informalidade.
Os métodos de observação e entrevista foram escolhidos, já que o que faltar em um se
complementa com o outro. Características que ficarem escondidas na entrevista podem ser
compreendidas nas observações.
Para Marconi (1999, p.95), as principais vantagens deste método são: que as entrevistas
podem ser feitas com qualquer pessoa, independente do grau de escolaridade; possui
flexibilidade; é possível analisar também as atitudes feitas durante a entrevista; e é possível
conseguir informações precisas.
52
De acordo com Boni e Quaresma (2005, p. 72), a entrevista é necessário para que seja
possível coletar alguns dados que não ficaram claros após a pesquisa bibliográfica e da
observação, já que esta metodologia complementa a coleta de dados. A entrevista como coleta
de dados sobre um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de
trabalho de campo. Através dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja, coletar
dados objetivos e subjetivos. (ID)
Duarte (2004, p. 215) descreve que para realizar entrevista é necessário mapear o local onde
se deseja entrevistar, sendo que baseia numa percepção.
Realizar entrevistas, sobretudo se forem semi-estruturadas, abertas, de histórias de
vida etc. não é tarefa banal; propiciar situações de contato, ao mesmo tempo
formais e informais, de forma a “provocar” um discurso mais ou menos livre, mas
que atenda aos objetivos da pesquisa e que seja significativo no contexto
investigado e academicamente relevante é uma tarefa bem mais complexa do que
parece à primeira vista. (ID, p. 216)
Algumas normas são estabelecidas por Marconi (1999, p. 96), para que consiga
realizar uma boa entrevista. São elas:
a) Contato inicial; o pesquisador deve estabelecer uma conversa tranquila com o
entrevistado, explicando o que se pretende com a entrevista. É necessário que exista confiança
de ambas as partes, e a conversa deve ser de amizade e ética. Este contato deve ser realizado
com tempo, para que não exista problemas;
b) Criação das perguntas: a formulação dessas perguntas devem ser feitas,
relacionadas ao tipo de entrevista. Se acaso for padronizadas devem seguir um roteiro. Se for
despadronizadas deve deixar o entrevistado a vontade;
c) Registro da resposta: as respostas devem ser anotadas, e se possível utilizar um
gravador para auxiliar;
d) Término da entrevista: ao finalizar, é necessário existir o mesmo ambiente do
contato inicial, já que se for necessário, volte a ter contato com o entrevistado;
e) Pontos importantes: as respostas devem possuir validade, relevância, ser
específico e claro, possuir profundidade e extensão.
4.4 Plano de ação do 7° e 8° período
53
Durante o sétimo período, realizado no primeiro semestre de 2016, foi iniciada a
pesquisa científica. Primeiramente foi realizado o processo científico monográfico. O
primeiro passo foi chegar ao problema de pesquisa: compreender o fenômeno do ‘Jornalismo
Mobile dentro das redações dos programas televisivos’. Esse tema foi motivado após uma
primeira observação empírica do programa a ser estudado nesta pesquisa. Além de que esse
tema é atual e possui grande abrangência, motivando a dedicação e o desenvolvimento da
ideia.
O segundo passo dessa pesquisa foi delimitar o tema, realizando um afunilamento dos
temas para chegar a um problema. Nesse caso, para chegar à ‘Investigação do Jornalismo
Mobile dentro das redações de programas televisivos, com foco no programa Balanço Geral
Curitiba, foi necessário delimitar o primeiro item desse tópico que foi o ‘Jornalismo
reconfigurado para internet’, no qual o tema já foi afunilado e direcionado para a construção
do problema. O segundo tópico foi direcionado para as definições dos conceitos básicos de
jornalismo, guiando o leitor para o objetivo proposto pela pesquisadora. Já o último item foi
analisar como o ‘Jornalismo Mobile interfere nas práticas do televisivo’, nessa etapa da
pesquisa, a pesquisadora já afunilou o tema e direcionou para um objetivo, que já estava
proposto. Esse momento é importante, já que o pesquisador mostra o caminho para chegar à
pergunta que deve ser respondida com o trabalho, para concluir essa etapa foi responder: o
que eu quero mostrar com esse trabalho e o que / como e porque eu quero conhecer com esse
estudo.
A próxima etapa dessa pesquisa foi revisar a literatura, para que não fizesse trabalhos
iguais. Ela ocorreu em todos os momentos da pesquisa, e se atualizando com temas próximos.
Para continuar esse projeto monográfico foi realizada uma pesquisa de campo, observando o
programa Balanço Geral, para mapear preliminarmente essas intervenções que o Jornalismo
Mobile produz no televisivo. Esse programa é exibido de segunda-feira a sábado, pela Rede
Record, das 12h às 14h. A escolha desse programa como objeto de pesquisa se dá por ser um
programa regional, com proximidade com o público e com a interação que existe do público
por meio de redes sociais. Assim analisou-se o programa por uma semana (21, 22, 23, 24, 25
e 26 de março de 2016), sendo possível investigar todos os programas veiculados durante uma
semana. O resultado dessa análise foi que, durante os dias analisados, existiu uma mesma
lógica de apresentação, e a interatividade esteve presente em todos os dias. Algumas
reclamações tornam-se matérias, o público se torna os olhos da sociedade, os espectadores
quando realizam uma reclamação e essa denúncia é averiguada por equipes de reportagens.
Além de que foi possível analisar que o público guia o programa.
54
Com a pesquisa feita, o próximo passo foi construir o problema de pesquisa, que após
esse estudo foi possível concluir com êxito, já que toda a delimitação e a pesquisa de campo
guiaram para construir o problema da pesquisa.
O outro passo foi à definição do objetivo geral e os específicos dessa pesquisa, que
foram influenciados pela delimitação do tema e do problema da pesquisa. Esses objetivos irão
delimitar toda pesquisa. A próxima etapa realizada foi à justificativa da pesquisa, no qual foi
argumentada a importância desse trabalho para o campo da comunicação. Buscou-se levantar
o estado da arte desse trabalho, com autores próximos ao tema analisado. Além de levantar
possíveis hipóteses de resultado dessa pesquisa.
A fundamentação teórica foi uma das partes consideradas mais importantes, já que,
nessa fase, a pesquisadora delimitou os teóricos principais dessa pesquisa, assim como para
definir dividiu em dois eixos principais: o jornalismo reconfigurado para internet; mudanças
nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos com as alterações tecnológicas. Nessa etapa,
novamente foi afunilado o tema, para fundamentar o tema proposto no início dessa pesquisa.
Dentro desses dois eixos principais, ocorreram os desdobramentos dos temas, para que assim,
o leitor consiga ter o mesmo raciocínio da pesquisadora.
Também foi construído o tópico descrevendo a metodologia do trabalho, no qual se
procurou explicar a estratégia metodológica, as técnicas utilizadas, os recursos utilizados e as
pesquisas realizadas.
A estrutura metodológica dessa pesquisa é composta em quatro partes. A primeira
parte é voltada para a pesquisa bibliográfica para definir os autores que possuem um estudo
próximo ao tema escolhido, auxiliando para uma análise. A segunda parte é composta pelo
estudo do método etnográfico. Já a terceira parte é composta pelo método do grupo focal. E a
última parte é a entrevista.
Outro momento importante foi a negociação feita para conseguir analisar o programa,
além de definir as estratégias utilizadas para cada análise. O último passo para a conclusão
dessa pesquisa foi o desenvolvimento da pesquisa, de acordo com Lakatos e Marconi (2001,
p. 155), a pesquisa é um processo irrevogável com um método pré-estabelecido e que
necessita ser científico e resulta em um conhecimento de uma realidade.
55
4.5 Metodologia aplicada na pesquisa
O produto analisado nesta monografia é o programa Balanço Geral Curitiba, que
será analisado em 3 etapas da metodologia etnográfica:
• Observação participante;
• Entrevistas com os produtores;
• Pesquisa com o público (grupo focal).
Em um primeiro momento é possível definir que o método etnográfico se aplica por
permitir, de acordo com Wolf (1995 apud Lago 2008, p. 48), a etnografia permite observar,
após uma devida orientação, às práticas que fazem parte da produção cultural. Com a
observação participante dentro do programa Balanço Geral Curitiba, será possível identificar
como são selecionados os conteúdos enviados pelos espectadores, qual o valor-notícia
empregado neste programa, quem são os gatekeepers do programa, como o programa utiliza
os conteúdos enviados pelo público e como está sendo adaptados ao programa com o
jornalismo mobile. Para realizar essa análise, será preciso ir até o programa e participar,
observando toda a produção. O período dessa análise será de dois programas, já que essa parte
não é principal foco, mas sim, um complemento para o resultado final. O programa possui
uma linearidade, sendo assim, não necessita acompanhar diversas vezes.
4.5.1 Observação participante
O roteiro para observação ocorreu da seguinte maneira:
● Analisar quais os profissionais que fazem a seleção dos conteúdos;
● Observar como são selecionados os materiais;
● Analisar a rotina de produção dos conteúdos;
● Observar como eles fazem para ter a participação do público;
● Observar qual é o perfil de valor-notícia do programa;
● Analisar se os conteúdos que são enviados passam por um filtro;
● Descrever a rotina de produção do programa.
56
O estudo de observação direta e intensiva, de acordo com Lakatos e Marconi (2001,
p. 190), é composto em duas técnicas: observação e entrevistas. A escolha da observação se
dá por coletar dados e informações, no qual utilizaram os sentidos para complementar as
características do local. É considerado por Lakatos e Marconi (Id, p. 191) algo básico para
uma investigação científica. Este método vai além do que é mostrado, mas também os
comportamentos e evidências que não são mostradas ao espectador. Esse método é satisfatório
e pretende estudar diversos fenômenos, exige menos do que outras técnicas e permite a
exploração de informações que não exploradas em outros métodos. Mas, é necessário não se
iludir por impressões.
A observação se divide em assistemática, sistemática, não participante, participante,
individual, em equipe, na vida real e em laboratório. Para a construção dessa pesquisa, foi
utilizada a observação de acordo com Lakatos e Marconi, sendo classificada como
sistemática, no qual é planejada e controlada; também foi utilizado a observação individual; e
por último a observação na vida real.
4.5.2 Entrevista com os participantes
Outro ponto essencial para essa pesquisa são as entrevistas, que foram realizadas
com os responsáveis pela seleção dos conteúdos mobiles que chegam até o programa. Essa
entrevista foi feita com a profissional responsável pelas redes sociais do programa. Uma
segunda pessoa também foi almejada para essa entrevista, a diretora de redação do programa
Balanço Geral, só que a mesma não quis ser entrevistada. Durante as entrevistas, foram
abordados como são selecionados os conteúdos para colocar no ar, quais os critérios de
escolha, a rotina de produção, a utilização do Jornalismo Mobile, entre outros.
De acordo com os autores Nogueira-Martins e Bógus (2004, p. 49), o potencial da
entrevista é o acesso aos dados, que nem sempre consegue acessar através da observação.
Além de que, de acordo com os mesmos autores, a entrevista consegue elucidar alguns
tópicos que não ficaram explícitos na observação, além de conseguir informações sobre
diversos temas.
Com a entrevista, é possível conseguir uma investigação social, no qual a precisão,
focalização e validade são desenvolvidas com a conversação, podendo conseguir informações
importantes, é mais flexível e é possível avaliar condutas e comportamentos. Para Lakatos e
57
Marconi (2001, p. 196) os objetivos das entrevistas são: descobrir fatos, desvendar planos de
ação, motivos que interferem nas opiniões e compreender a conduta das pessoas de acordo
com os sentimentos.
A entrevista possui um roteiro pré-determinado, que no desenrolar vai
transformando-se despadronizada, para que assim, consiga obter mais informações.
4.5.3 Grupo Focal
O último passo, e não menos importante, é a pesquisa com o público, com a
metodologia do grupo focal. O grupo focal, de acordo com Carlini-Cotrim (1996, p. 286), é
uma pesquisa qualitativa que é focada para a compreensão de qual maneira é formada os
diferentes pensamentos e atitudes sobre algo.
Para o grupo focal, foi realizada a seleção dos integrantes do grupo, sendo que o
objetivo desta análise é identificar a opinião do público, sobre algo que esses integrantes
possuem em comum: o programa Balanço Geral. A seleção dos integrantes dos grupos focais
se deu por: quantidade igual de participantes com sexo igual (3 homens e 3 mulheres), que
possuíssem diferentes faixas etárias, que a profissão fosse diferente, que assistissem
diariamente o programa e que as rendas familiares fossem diferentes.
Além de um questionário11, foram analisadas as respostas dadas pelo grupo, para
que, assim, fosse possível chegar a algum resultado. As perguntas sobre o grupo focal
ocorreram em torno da interatividade, Jornalismo Mobile, comentários e opiniões sobre o
programa analisado.
11 Questionário presente nos anexos.
58
5. Métodos aplicados para Análises e resultados das pesquisas
No presente capítulo, apresenta-se o resultado das análises realizadas para a
elucidação do problema de pesquisa. Para tanto, emprega-se aqui três estratégias
metodológicas, por meio das técnicas escolhidas para as análises, as quais são usadas para
elucidar o problema de pesquisa, que compreende a investigação sobre o Jornalismo Mobile
dentro das redações televisivas, com foco no programa Balanço Geral Curitiba.
Os métodos foram aplicados de modo a que se complementassem sucessivamente,
uma vez que cada pesquisa utiliza agrega para o resultado final, pois, foram estudados três
métodos: o primeiro foi a observação participante, já que o intuito é de analisar a rotina de
produção e como o programa Balanço Geral Curitiba trabalha com a interatividade entre o
público e o programa; a segunda pesquisa foi o grupo focal, que se dividiu em duas partes,
cujo objetivo era analisar as opiniões do público; e a última pesquisa foi a entrevista, com a
responsável pelas redes sociais do programa, que serviu para analisar alguns pontos sobre o
programa.
5.1 Descrição da observação participante realizada em uma edição do
programa Balanço Geral
O objetivo desta análise é, de acordo com Pena (2010, p. 151), conhecer mais sobre
algo que está sendo estudado, neste caso, se aprofundar sobre o programa Balanço Geral
Curitiba, para que as ações sejam analisadas. Outro ponto importante a ser levado em
consideração, ainda de acordo com Pena, é de se colocar no lugar do outro, para compreender
as atitudes adotadas durante a construção programa.
Para que esta etapa seja concluída, é necessário compreender a importância da
observação participante no programa Balanço Geral Curitiba para este trabalho.
Primeiramente, buscou-se compreender com esta pesquisa a rotina produtiva do telejornal,
levando em consideração como é produzido, como eles buscam as informações, enfim,
analisar o delineamento do programa. Um segundo momento para esta pesquisa foi, observar
como é a relação do programa com o público, de como existe a interatividade12. E o último
12
Para definir a interatividade na observação participante, é necessário levar em consideração a relação entre o
59
momento da observação servirá para investigar como o programa Balanço Geral Curitiba,
utiliza o Jornalismo Mobile durante a produção dos telejornais.
Para executar esta observação, foi necessário que, alguns meses antes, se iniciasse as
negociações para a visita. Esse período de negociação começou por telefone, localizando os
responsáveis pelo programa. Após isso foi estabelecido o contato por e-mail com a diretora de
redação do programa, Denise Ortega. Durante as trocas de e-mail com a responsável em
autorizar a observação, foi explicada a pesquisa e o que iria ser feito. Após isso, foi acordado
que poderia ser feito a observação durante um dia, o qual foi marcado para o mês de outubro.
Esta análise se deu em apenas um dia de programa, já que a disponibilidade de tempo dos
produtores não permitiu mais dias de observação. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 191) a
duração da observação acaba variando, já que depende da duração dos acontecimentos. Mas
esta análise de apenas um programa fez-se necessário para conseguir analisar o Balanço
Geral, pois, a estrutura do programa é única, sendo que essa análise não era a principal para a
pesquisa, e como foi dito antes, ela é um caminho para conseguir chegar ao resultado
almejado.
Ao chegar à RICTV, no dia 19 de outubro de 2016, a pesquisadora foi recebida por
pela estagiária Ana Paula Severino, para que pudesse observar as dependências da emissora.
Logo me identifiquei e fui para a minha observação. O suiter13 é um espaço reservado, no
qual o acesso não é livre, e o tempo de permanência é restrito, já que as informações
confidenciais ficam naquela sala. Diversos monitores e computadores em que as pessoas
controlavam tudo que ocorria no programa, e nas empresas concorrentes, enfim. O espaço de
redação e os locais de edição dos materiais, também foram observados.
A produção do programa, que começa apenas ao meio dia, se inicia bem antes. Às
oito horas da manhã, a chefe de redação, chega ao estúdio e começa a monitorar as notícias
que ocorreram, além de ligar para as fontes oficiais, como as Polícias (Rodoviária Federal, a
Federal e a Militar), e as Prefeituras, para se atualizar e confirmar alguns conteúdos. Ou seja,
no primeiro momento da produção do Balanço Geral, ocorre uma espécie de busca por
informações nos sites e redes sociais, já que as redes sociais são grandes fontes de
informação, como o Twitter e o Facebook.
Para definir os assuntos relevantes, não é realizada uma reunião de pauta diária, já
programa e o telespectador, bem como os comentários e reclamações que são enviadas diariamente através
das redes sociais, telefone, e-mail e pela página do programa Balanço Geral Curitiba. 13 O suiter do programa é a sala no qual ficam a diretora de redação, os responsáveis por mandar os conteúdos
para o ar, o responsável pelo GC, no qual permanecem cerca de oito pessoas, além dos funcionários que
acompanham as emissoras concorrentes. Neste espaço, a diretora de redação possui contato direto com o
apresentador , através de um ponto.
60
que os produtores e pauteiros ficam se comunicam de forma informal, por conversas rápidas,
para decidirem o que é importante. As reuniões de pauta ocorrem de maneira mensal. Existe a
correria para produzir um telejornal ao vivo, sendo que tudo tem que estar pronto às 11h30.
Os programas são feitos ao vivo de segunda a sexta. Já no sábado, o programa é
gravado geralmente na sexta-feira, com notícias mais frias, sendo que se ocorrer algo
importante para ser noticiado, os editores de plantão adaptam a informação para ser passada
ao vivo.
Ao observar o critério de seleção dos valores notícias da produção do programa, é
observado que assuntos do cotidiano, que envolvam Curitiba e região metropolitana, possuem
prioridade para o programa, já que o foco do Balanço Geral são assuntos de Curitiba e região.
Um exemplo é uma matéria sobre a falta de asfalto na rua do senhor João, que mora
em um bairro da região metropolitana de Curitiba, e uma segunda matéria, sobre algum
assunto de outro estado, a matéria da falta de asfalto na rua do senhor João, vai ganhar
destaque, por ser algo que seja próximo ao público.
Por mais que a observação traga a realidade mais próxima do objeto analisado,
Lakatos e Marconi (2001, p. 191) demonstram algumas limitações desta metodologia, como o
fato do programa Balanço Geral Curitiba acabar criando algumas impressões beneficiando o
programa, como não expor algumas situações que existem no programa, para impressionar o
observador. Para que esta observação ocorresse da maneira mais real, foi necessário que
durante a pesquisa a atenção fosse redobrada, para que seja possível encontrar brechas que
possivelmente tivessem sido alteradas, algo que não ocorreu.
Durante o período da manhã, até às 11h30, a equipe fica focada na produção dos
conteúdos, e neste horário, o apresentador chega à emissora repassando o texto, e aguarda até
às 12h para iniciar o programa.
O apresentador Gilberto Ribeiro, em alguns momentos faz alguns comentários sobre
matérias,a observação evidenciou que a opinião é própria dele, não tendo relação com o
editorial do programa, já que foi observado que nos momentos em que ele faz os comentários,
ele não olha para o GC, que descreve todas as falas. Esses comentários são expostos num tom
revoltante pelo apresentador, e ocorrem após matérias que falem sobre temas polêmicos.
Observou-se ainda que a responsabilidade com a verdade também seja algo que se
reconhece no processo de apuração, na etapa de produção, já que antes que as informações
sejam lidas pelo apresentador, são checadas para evitar problemas futuros. A checagem é feita
com os conteúdos que possam virar pautas, como problemas direcionados a Curitiba e região,
no qual é anotada todas as informações e após isso é feito contato com os órgãos responsáveis
61
para tomar providência. Caso o conteúdo seja mais impactante é marcada uma entrevista para
relatar o ocorrido, e isso se transformará numa reportagem.
O programa Balanço Geral possui dois concorrentes, o Tribuna da Massa14 e Paraná
TV15. No suiter do Balanço Geral, são controlado esses dois programas concorrentes, para
que o programa analisado consiga competir no Ibope, trazendo mais telespectadores. Muitas
vezes esse monitoramento auxilia o repórter do Mochilink16, para que consiga cobrir os
diversos assuntos que envolvam Curitiba e região.
O repórter do Mochilink é o exemplo mais concreto do Jornalismo Mobile presente
no programa, já que ele consegue apurar e transmitir o assunto por meio da tecnologia. O
repórter passa o período do programa na rua, com mais um cinegrafista e o material que
consegue transmitir ao vivo o conteúdo. O Mochilink existe graças às fontes - sejam elas
oficiais ou encaminhadas por redes sociais – que auxiliam com acontecimentos do momento,
como acidentes, assaltos, entre outros assuntos. Este repórter possui prioridade com o
conteúdo, sendo possível a interrupção dos demais assuntos para sua entrada ao vivo.
A qualidade desse material nem sempre é boa em termos técnicos, já que para
transmitir o conteúdo ao vivo, é necessário que a rede de internet e área seja estável, algo que
não ocorre em todos os pontos de Curitiba e região. Mas com relação à qualidade de informar
e transmitir a informação no momento em que ocorreu, é interessante observar. Já que o
Mochilink se adequou ao Jornalismo Mobile, pelo fato de que ele é capaz de receber as
informações, produzir e distribuir a partir das tecnologias mobiles. De acordo com Mello
(2016, p. 02), os telejornais devem investir em equipamentos qualificados, para que seja
possível acompanhar as mudanças tecnológicas. Assim como Santos (2015, p. 105), com
essas mudanças na estrutura das redações, é necessário que alguns conceitos básicos, como o
da pirâmide invertida, sejam atualizados, de maneira que a tecnologia seja aliada ao
jornalismo.
Outro ponto observado foi a interatividade que existe entre o programa e o
telespectador, já que esse público acaba auxiliando a produção dos conteúdos enviando
informações, fotos, vídeos e áudios de materiais que podem tornar-se possíveis matérias. A
14 O programa Tribuna da Massa é apresentado pela rede Massa, afiliada do SBT,. O programa é exibido de
segunda a sábado, no horário do almoço. O Tribuna da Massa é feito ao vivo, e traz os destaques de Curitiba e
região metropolitana. Programa policial e comunitário. 15 O programa Paraná TV possui duas edições, na hora do almoço e no começo da noite. Paraná Tv 1ª edição é
um programa afiliada da Globo. O programa em questão citado é o que ocorre na hora do almoço. O programa
traz as notícias de Curitiba e do Paraná. O programa é exibido de segunda a sábado no horário do almoço. 16 O Mochilink é o nome do quadro, no qual o repórter que vai atrás da notícia, no qual ele e mais um
cinegrafista, que também é motorista vão ao encontro das informações, conseguindo fazer a transmissão no
momento em que ocorre.
62
interatividade, como foi definida anteriormente, nesta análise, pode ser compreendida como a
relação entre o programa e o telespectador, bem como os comentários e reclamações que são
enviadas diariamente através das redes sociais, telefone, e-mail e pela página do programa
Balanço Geral Curitiba.
A produção acaba selecionando esses conteúdos, já que chegam à redação em muita
quantidade. Os materiais são selecionados de acordo com o grau de proximidade que possuem
com Curitiba e região metropolitana, já que comentários referentes aos problemas cotidianos,
ao ser observado, possuem mais relevância do que problemas que ocorrem em outras
localidades. Após serem selecionados os conteúdos, eles são verificados, a partir das fontes
oficiais das Polícias (Rodoviária, Federal e Militar) e prefeituras, através de ligações para
averiguar o ocorrido. A prestação de serviços é o item que mais aparece, seja pelas redes
sociais, Whatsapp e site da empresa. Os casos mais graves informados pelo público são
averiguados, já que a produção entra em contato com a pessoa, para que depois de uma
investigação seja possível divulgar. Essas informações, depois de averiguadas, acabam
tornando-se pautas dos quadros do programa.
Após a seleção dos conteúdos enviados pelos telespectadores, a responsável pelas
redes sociais encaminha por e-mail os comentários que já passaram pelo filtro de seleção feito
pela responsável das redes sociais. Com a interatividade existente no programa, é comum que
em alguns casos os telespectadores busquem algo imediato e acabam realizando comentários
que não vão ao ar pelo tom agressivo.
Conforme entrevista17 realizada com Ana Paula Severino, estagiária e responsável
pelas redes sociais do programa, as notícias observadas que possuem mais comentários são as
que envolvem crianças, policiais matando acusados de crimes e questões de pedofilia. Ao
abordar alguma matéria com alguns desses itens, o apresentador abre espaço ao público para
que mande suas opiniões sobre o assunto. Nesse momento os comentários disparam, foi
possível observar que a apuração dos comentários que vão ser transmitidos no ar, acaba
passando por um filtro pessoal da responsável pelas redes sociais, além da seleção que é feita,
sobre assuntos que possuem proximidade com Curitiba e região metropolitana, e que não
ofendam terceiros.
O programa é exibido no horário do almoço, sendo assim, o público que o assiste vai
desde as crianças que estão almoçando para ir à escola, até mesmo os aposentados. Por
possuir esse público com idade diversificada, a produção acaba tomando cuidado em não
17 Entrevista disponível nos anexos.
63
colocar imagens tão violentas, grotescas e palavrões. O programa busca trazer algo leve,
mesmo que seja policial.
Assim, observa-se que, com as demandas do Jornalismo Mobile, o programa
Balanço Geral teve que se adaptar, como nas participações do público com o espectador, o
link que é feito na parte externa da emissora - para que seja mais dinâmico o programa - e o
Mochilink, que está no ar há mais de três anos e que tem que sempre se adaptar, já que as
tecnologias se modificam.
5.2 Análise dos resultados da observação participante
Após a observação participante, foi possível compreender as especificidades do
funcionamento deste programa de televisão. O tempo para esta observação foi de apenas um
programa, o qual foi considerado suficiente, já que o foco dessa pesquisa é analisar a
interatividade e a adaptação da redação com a chegada do Jornalismo Mobile. Como foi
descrito anteriormente, Lakatos e Marconi (2001, p. 191), relatam que a observação pode
variar, dependendo da duração dos acontecimentos. Esse tempo foi considerado suficiente, já
que a estrutura do programa é única, e para o resultado final desta monografia, este tipo de
análise não é principal e auxiliará para os resultados.
Foi possível compreender que o programa é pautado no monitoramento nas redes
sociais e sites, para que desta maneira consigam pautas para o dia, com temas relacionados a
Curitiba e região metropolitana. Foi observado que não existe uma reunião de pauta diária,
confirmando uma hipótese que iniciava esta pesquisa: acreditava-se que não ocorresse reunião
diária de pauta por não possuir muito tempo para decidir o que deve ir ao ar e pela falta de
profissionais.
Na dinâmica da produção do programa, observou-se que a seleção dos valores notícia
não ocorre por meio de critérios claramente definidos, interessando o que diz respeito a
Curitiba e região metropolitana, como problemas do cotidiano. Mesmo se pautando-se por
conteúdos ofertados pelas redes sociais, frequência da polícia e informações enviadas pelos
telespectadores, os produtores buscam checar as informações, através das fontes oficiais,
como Polícias (Rodoviária Federal, a Federal e a Militar), e as Prefeituras, antes de colocar no
ar.
Já o monitoramento dos concorrentes também é uma fonte de informação para o
64
quadro do Mochilink, que utiliza do Jornalismo Mobile para transmitir as notícias. Este
quadro serve tanto para driblar a concorrência, já que em alguns casos conseguem informar
por primeiro, e também para manter o telespectador informado com o que ocorre no
momento.
O problema deste tipo de transmissão é que é necessário investir em equipamentos de
alta tecnologia, evitando ou excluindo as falhas durante as transmissões, algo que ainda ocorre
durante este quadro. Sobre a qualidade em informar/transmitir a informação, este quando
funciona, trazendo a informação no momento em que ocorreu.
Com relação à interatividade que existe entre o programa e o público, observou- se
que esta dinâmica auxilia a produção, uma vez que as informações enviadas são checadas com
as fontes oficiais. No entanto, o programa utiliza em excesso estes conteúdos, já que,
conforme apontado anteriormente faltam profissionais para conseguir acompanhar todos os
acontecimentos de Curitiba e região metropolitana. A interatividade é necessária, e o público
faz presente, seja comentando, curtindo ou auxiliando com informações.
Para a seleção dos conteúdos por parte do programa, o que é levado em consideração
são os fatos que ocorrem entre Curitiba e região metropolitana, com assuntos do cotidiano,
sendo necessária para uma melhor adaptação dessa interatividade um filtro dos principais
itens a ser utilizados para uma seleção. Para Traquina (2005-b, p. 70), a seleção dos conteúdos
é feita a partir da seleção do jornalista, do que ele considera interessante, sendo possível
encontrar a simplificação, a amplificação, a relevância, a personalização, a dramatização e a
consonância na construção dos valores-notícias. Ainda de acordo com Traquina (id), esses
valores-notícias acabam também variando devido ao veículo editorial da empresa.
O programa Balanço Geral Curitiba é de cunho policial, mas possui grande
abordagem de prestação de serviços à comunidade, como pessoas desaparecidas, carros
furtados e problemas existentes nos bairros.
É intencional o fato de abrir para comentários após conteúdos impactantes, já que o
público expõe a opinião, e que após o programa receber esses comentários, é selecionado e
encaminhado alguns que não ofendam outras pessoas para serem lidos ao vivo.
De acordo com Gessica Moura Pires, Analista Marketing de Inteligência da emissora
RICTV, o público destinado ao programa Balanço Geral Curitiba, é de 59% mulheres, e 41%
do público masculino. Quando questionado sobre as classes sociais que mais assistem ao
programa, 34% do público são compostos pelas classes A e B, 55% da classe C, e as classes
D e E compõem 10% do público. A idade dos telespectadores que assistem ao programa é de
3% pessoas que tem de 4 a 11 anos; 4% entre 12 e 17 anos; o público que possui entre 18 a 24
65
anos integram 7% dos telespectadores; entre 25 a 49 anos é de 29% do público; e 26% é do
público com mais de 50 anos.
Deve ser levado em consideração que, conforme entrevista18com a responsável pelas
redes sociais , ela garantiu que não utilizam o sensacionalismo, em algumas reportagens, o
programa acaba abusando do lado sensacionalismo da situação, apelando para o lado
sentimental. Um exemplo é quando aparece uma reportagem, e um dos personagens se
emociona, ao invés do câmera poupar a pessoa do sofrimento e se afastar, ele acaba
aproximando a imagem para mostrar a emoção da pessoa.
É possível compreender que o programa ainda passa por adaptações com o
Jornalismo Mobile, buscando alternativas para que o programa não se torne monótono,
investindo em links ao vivo.
5.2 Análise do grupo focal
Depois de observar a produção do Balanço Geral Curitiba, foi necessário realizar
uma pesquisa com o público, já que ele faz parte da produção do Jornalismo Mobile e da
interatividade que existe entre o programa e audiência. Para medir a opinião do público,
optou-se pela realização de um grupo focal que, por questão de locomoção e disponibilidade
de tempo dos participantes, foi dividido em dois grupos.
De acordo com Backes (2011, p. 439), o grupo focal é utilizado para discutir sobre
determinado tema, possibilitando que os participantes problematizem determinados assuntos,
algo que não ocorreria se a pesquisa fosse feita por meio de entrevistas individuais. Ainda de
acordo com os autores, os demais participantes também ouvem as outras opiniões, antes de
formar a sua, já que não é analisado apenas o que elas pensam, mas também como e o porquê
daquele pensamento.
Após a realização dos grupos focais, foi possível compreender a interatividade do
público com o programa e a importância dos links ao vivo. De acordo com Zimmermann e
Martins (apud Cândido e Lima, 2012, p. 86), os grupos focais são qualitativos, e buscam
discutir e expor a opinião dos integrantes de maneira dinâmica.
O contato e a seleção das pessoas para participar deste grupo focal foi realizada após
contatos via redes sociais, Whatsapp, telefonemas e contato direto com pessoas que assistam
18
Entrevista disponível nos anexos.
66
ao programa. Para a seleção dos integrantes deste grupo, foi levado em consideração
características variadas, como a busca por inclusão de pessoas que assistam ao programa, que
pertençam a diferentes classes sociais, gênero, formação escolar e disponibilidade para
participar do estudo. Para conseguir definir os participantes dos grupos focais, foi necessário,
que a pesquisadora procurasse voluntários para a pesquisa, via redes sociais ou telefonemas.
Após a definição de possíveis integrantes dos grupos focais, foi feito uma pesquisa, para que
fosse possível observar se a pessoa realmente era telespectador do programa em questão.
Após essa seleção, foi decidido a data e o local de cada grupo, sendo escolhida uma
sala de reunião para o grupo 1, e uma sala de jantar para o grupo 2. Os locais definidos foram
escolhidos por ser um ambiente agradável e confortável, para que assim os integrantes
conseguissem dialogar, em um ambiente aconchegante.
Três pessoas participaram do grupo 1, que ocorreu na sala de reunião de uma
determinada empresa, e esse grupo era composto por dois homens e uma mulher. Já o grupo 2
era composto por duas mulheres e um homem. Os nomes não serão divulgados, já que não
terá interferência no resultado, e que posteriormente, alguns dos integrantes sintam-se
ofendidos.
Os dois grupos foram registrados a partir de um gravador, já que o áudio facilitou para
a produção das opiniões propostas pelos integrantes dos grupos, além de que, de acordo com
Aschidamini e Saupe (apud Cândido e Lima, 2012, p. 88), o gravador intimida menos os
participantes, evitando perda de informação e facilitando o entrosamento das pessoas, que
ficam inibidas na frente de uma câmera.
5.2.1. Análise do grupo focal 1
O grupo focal número 1 ocorreu no dia 21 de outubro de 2016, às 12h30. Logo que os
participantes chegaram na sala de reunião, foram recepcionados e dirigidos a cadeiras ao
67
entorno de uma mesa. Lá foi entregue um questionário19 para cada participante, que
continham questões pessoais, socioeconômicas e relacionadas ao programa Balanço Geral
Curitiba. O questionário serviu para mapear os integrantes, e comparar com o público alvo do
programa, para que assim tivesse uma noção do que iria encontrar nos grupos focais.
Participaram deste primeiro grupo:
1) Homem; casado; 34 anos; técnico em Contabilidade; ensino superior completo;
pertencente à classe B, com renda familiar entre R$ 8.880,01 e R$ 17.600,00; possui 1 filho;
mora em casa própria na cidade de Curitiba.
2) Homem, casado; 50 anos; encarregado de Departamento Pessoal; ensino superior
completo; pertencente à classe C, com renda familiar entre R$ 3.520,01 e 8.880,00; possui 03
filhos; mora em casa alugada na cidade de Curitiba.
3) Mulher; solteira; 21 anos; recepcionista; ensino superior completo; pertencente
à classe D, com renda familiar entre R$ 880,01 e R$ 3.520,00; sem filhos; mora em casa
própria na cidade de Colombo.
Após o preenchimento do questionário, os quais foram depositados num envelope,
foi acordado que aquelas respostas e o áudio iam ser vistas e ouvidas apenas pela
pesquisadora. Esse primeiro grupo era formado por integrantes da classe social B, C e D, com
a faixa etária entre 20 e 50 anos, com ensino superior completo. O estado civil variava de
solteiro e casado, sendo que os casados possuíam filhos. Esses entrevistados moram nas
cidades de Curitiba e Colombo, e dos três entrevistados apenas dois moram em casa própria, o
outro mora de aluguel. A profissão deles é: técnico em contabilidade, encarregado de
departamento pessoal e recepcionista. Com relação ao programa, a frequência em que eles
assistem varia de 5 a 6 vezes na semana, enquanto almoçam. Dois deles já fizeram contato
com o programa e obtiveram retorno.
Durante este grupo focal, após o formulário foi explicada a definição do estudo e o
que eles deveriam fazer. A primeira pergunta foi sobre o que eles acham do programa
Balanço Geral Curitiba, e a resposta geral foi que são as notícias em geral de Curitiba e
região metropolitana. O que os motiva a assistir ao programa analisado é a forma de como o
apresentador (Gilberto Ribeiro) transmite as notícias e que o apresentador acaba
descontraindo com piadas, apresentando com clareza e que os assuntos abordados na hora do
almoço não são inadequados. Durante a pergunta do que motiva o grupo assistir ao Balanço
19
Questionário disponível nos anexos.
68
Geral, foi comentado que eles não assistem aos concorrentes, pois não simpatizam com os
outros apresentadores: alguns acabariam gritando ao invés de transmitir a notícia e a forma
como os outros apresentadores passam as informações faz com que eles assistam ao Balanço
Geral Curitiba.
Conforme explicitado, dois participantes desse grupo já fizeram o contato com o
programa; o primeiro foi por e-mail, solicitando a divulgação do desaparecimento de um
animal de estimação, o qual foi prontamente atendido e após a divulgação, o animal foi
encontrado. Já o segundo participante fez o contato para divulgar o acúmulo de lixo próximo
a sua residência, que também foi atendido; além disso, declarou participar das promoções
constantemente. Já o outro integrante desse grupo não fez nenhum contato com o programa
por acreditar “não precisar”. Ambos foram unânimes em afirmar que fariam o contato com o
programa em caso de necessidade, em razão do atendimento rápido das demandas.
O ponto forte do programa foi definido em como o apresentador traz as notícias, que não
existe a demora para falar sobre determinado assunto, os assuntos ficam esclarecidos, e o
apresentador domina. Além disso, acreditam que o programa faz uma prestação de serviços à
sociedade, já que mostra os problemas de cada bairro e cobra das autoridades competentes
uma solução. O problema encontrado foi o excesso de propagandas.
Quando foi abordada a questão da interatividade do público com o apresentador, os
participantes do grupo falaram que ela existe pela forma de apresentar o programa e de que
são abertas as redes sociais para as mais diferentes opiniões.
Um dos quadros do programa Balanço Geral Curitiba, o Mochilink, foi abordado nesta
pesquisa, já que foi lançada a pergunta de qual a importância dessa reportagem, e as respostas
foram relacionadas à importância de trazer a notícia em tempo real, o fato de existir a
instantaneidade durante todo o programa e que fazendo isso, eles acabam passando na frente
dos concorrentes.
Eles acham importante o programa ser local, trazendo os problemas da comunidade,
como exemplo citado por eles, do quadro “Tô na Bronca”, no qual o cidadão passa a ser
repórter por um momento fazendo alguma reclamação.
Para este primeiro grupo, a concepção dos conteúdos enviados pelo público, seja
pelas redes sociais, pela página, ou por telefonemas, acaba fazendo que os conteúdos sejam
filtrados, e assim não prejudiquem ninguém.
Já um outro momento abordado durante este grupo foram as passagens de matérias,
nas quais os integrantes deste grupo davam sua opinião, colocando-se no lugar do público que
assiste ao programa. Após a observação participante, foi possível constatar que quando há
69
algum conteúdo que envolva estupro e morte de acusados por policial, este acaba ganhando
bastante repercussão.
Um vídeo foi selecionado, do próprio programa analisado, o qual tratava de um
estupro. Após a exibição deste vídeo, foi aberto para debate dos integrantes do grupo, com
intuito de assemelhar a abertura de comentários que existe no programa. Ao ser visto o vídeo
sobre estupro, os primeiros comentários foram de revolta, mas alguns segundos, após pensar
um pouco, foi debatido que era necessário procurar a justiça, já que resolver com as próprias
mãos não ia levar a nada. Já o próximo vídeo mostrado foi de um policial que matou um
procurado, um acusado em dia de folga, e a discussão voltou-se à “excelente atitude do
policial”, já que ele está à disposição da segurança, e se ele não reagisse o indivíduo acabaria
matando-o. Após esses dois vídeos, foi possível compreender que o filtro de comentários deve
existir, já que na hora da raiva, as pessoas respondem, muitas vezes sem pensar. E com esse
intuito, foi incentivado que os integrantes do grupo voltassem a debater os temas, e se
observou que eles foram mais cuidadosos ao comentar os fatos.
Pelo fato do programa analisado ser policial alguns cuidados são necessários, para que
não choque o telespectador. Foi pensando nisso que foi transmitida uma matéria sobre o
transporte de pessoas mortas por alguns policiais na caçamba de uma caminhonete. A cena foi
escolhida de maneira aleatória, apenas com o intuito de mostrar exemplos de programas
grotescos, e que a partir daí o grupo desse a opinião, só que essa reportagem mostrava os
corpos sem nenhuma censura ou tarja. Após a exibição, a expressão dos integrantes foi de
choque, e eles pontuaram os motivos pelo qual não assistem a programas desse tipo: essa
reportagem mostra de maneira muito explícita o que ocorreu; na maioria das vezes, as
crianças assistem ao programa também, e isso pode chocar e amedrontar; a audiência cairia já
que não é um programa condizente com o horário.
Outro tema escolhido foi a explosão de um caminhão carregado de dinamite num pátio
de uma empresa em Bocaiúva do Sul, região Metropolitana de Curitiba. Essa explosão
ocorreu no dia 08 de outubro de 2016, e as vítimas tiveram apenas ferimentos, e cerca de 80
casas foram atingidas. O objetivo era fazer que os integrantes deste grupo conseguissem
diferenciar quais eram as emissoras e problematizar pontos positivos e negativos nas
reportagens. Não possuiu uma ordem pré-determinada para a apresentação, ocorrendo de
maneira alfabética, começando pelo programa Balanço Geral (RICTV), em seguida foi o
70
programa Paraná Tv (RPC), logo após ocorreu a apresentação da matéria do Tribuna da
Massa (Rede Massa). Após a transmissão das três matérias, os integrantes concluíram que o
Balanço Geral consegue sensibilizar o público, trazendo relatos do que ocorreu, além de focar
na cidade em que ocorreu a explosão do caminhão. Já em relação ao programa Paraná TV, foi
analisado que ele possui mais condições financeiras para fazer uma melhor cobertura, só que
foi ressaltado que durante essa transmissão, o repórter trouxe diversos dados e questões
técnicas, sendo assim, eles não deram tanto foco na região. Já o último programa analisado, o
Tribuna da Massa foi elogiado por ter uma mesma perspectiva do programa Balanço Geral,
sensibilizando o público e trazendo relatos de pessoas que foram prejudicadas com a
explosão. O ponto negativo do programa foi a enrolação para passar a matéria, e também o
apelo por parte do apresentador.
O programa analisado foca bastante nos programas regionais, pensando nisso, foi
selecionado dois trechos de vídeos, no qual o primeiro mostra um problema cotidiano da falta
de pavimentação em uma determinada rua de Curitiba, e o segundo vídeo era do quadro “Tô
na Bronca”, em que os cidadãos viram repórteres e falam o que está errado no bairro. Os
comentários sobre o primeiro vídeo foram que é necessário que existam reportagens sobre os
problemas cotidianos, mas também existe a falta do poder público para sanar essas
deficiências dos bairros. Já sobre o segundo vídeo, foi comentado que esse tipo de quadro é
interessante, já que dá voz ao público, no qual ele pode falar o que não está agradando, sendo
uma maneira mais dinâmica de falar sobre um problema, relatando que dá uma sensação de
que o telespectador não está sozinho com os problemas regionais.
Para finalizar este grupo, foram direcionados questionamentos sobre os conteúdos
enviados pelo público. A primeira questão levantada foi foi sobre as impressões dos
conteúdos enviados pelo público, que, para eles, é uma interação necessária, criando um
vínculo e dessa maneira aproxima mais as duas partes. Outra questão abordada foi o que os
integrantes do grupo focal acham dos conteúdos enviados pelos telespectadores. Nessa parte,
foi debatido que esses conteúdos enviados pelo público trazem uma maior veracidade dos
fatos, mesmo que a qualidade não seja tão boa, mas acaba fazendo o papel de olho da
71
sociedade, já que o programa não consegue estar atento a tudo que ocorre.
Já a última questão foi relacionada ao reconhecimento de materiais amadores e
profissionais. O grupo afirmou que é possível distinguir um material amador, já que ele acaba
não tendo uma qualidade muito boa, acaba tremendo, e às vezes não focando no que precisa.
Mas ressaltam que esses conteúdos são necessários para mostrarem o fato no momento em
que ocorreu, ainda que seja é necessário dosar esse tipo de conteúdo, para não ficar um tanto
quanto informal.
5.2.2. Análise do grupo focal 2
O grupo focal número 2 ocorreu no dia 24 de outubro de 2016, às 20h20. Logo que
os participantes chegaram à sala de jantar, foram recepcionados e dirigidos a cadeiras ao
entorno de uma mesa. Este grupo foi composto por duas mulheres e um homem. Lá, foi
entregue um questionário 9 para cada participante, que continham questões pessoais,
socioeconômicas e relacionadas ao programa Balanço Geral Curitiba.
Participaram deste segundo grupo:
1) Mulher; casada; 67 anos; costureira; ensino fundamental completo; pertencente
à classe E, com renda até R$ 880,00; possi 3 filhos; mora em casa própria na cidade de
Colombo.
2) Mulher; solteira; 66 anos; do lar; ensino fundamental incompleto; pertencente à
classe E, com renda até R$ 880,00; possui 3 filhos; mora em casa própria na cidade de
Colombo.
3) Homem; casado; 47 anos; eletricista; ensino superior incompleto; pertencente à
classe D, com renda familiar entre R$ 880,01 e R$ 3.520,00; possui 02 filhos; mora em casa
própria na cidade de Colombo.
Após o preenchimento do questionário, os quais foram depositados num envelope, foi
acordado que aquelas respostas e o áudio iam ser vistas e ouvidas apenas pela pesquisadora.
Esse segundo grupo era formado por integrantes da classe social C e D, com faixa
etária entre 47 e 68 anos, sendo que a formação escolar variava do ensino médio incompleto
72
até superior incompleto. O estado civil variava de solteiro e casado, sendo que todos possuem
filhos. Todos esses três entrevistados moram em casa própria na cidade de Colombo. A
profissão deles é eletricista, costureira e do lar. Com relação ao programa, a frequência em
que eles assistem varia de 3 a 6 vezes na semana, enquanto almoçam, costuram, lavam louça e
também quando somente assistem ao programa. Um deles já fez contato com o programa e
obteve retorno.
Após o preenchimento dos questionários, foi feita uma definição do grupo focal, e
explicado como ocorreria esta pesquisa.
A primeira pergunta foi para que definissem o programa Balanço Geral e a resposta
geral foi que é um programa de informações, que utiliza da criatividade, sendo policial e
contendo informações gerais. O que os motiva a assistir ao programa analisado é a forma pela
qual é transmitida a notícia, as curiosidades, as informações que são passadas do setor
policial, mas acima de tudo, para se manter informado.
Um dos participantes já realizou o contato com o programa, através do telefone,
solicitando que cobrasse das autoridades que arrumassem um sinal de transito, próximo a um
cruzamento movimentado, perto da residência, sendo que foi coletado diversos dados e após 2
dias já estava funcionando o semáforo. Os outros dois participantes não fizeram o contato
com o programa por não possuírem meios tecnológicos para isso.
O ponto forte do programa foi definido como as notícias são bem explicadas, o
aprendizado que o programa traz e as informações no momento em que acontecem, além da
do compromisso com a verdade nas notícias. O problema encontrado foi o excesso das
propagandas que existe no decorrer do programa.
Quando foi abordada a questão da interatividade do público com o apresentador, os
participantes do grupo a definiram como “interessante”, pois, existe a liberdade do público
opinar, além de que esta é uma maneira para que o programa consiga saber com quem está se
comunicando. A interatividade que existe entre o apresentador e os telespectadores é
necessária, para este grupo, o programa dá atenção e apoio ao público, seja falando dos
problemas cotidianos, trazendo notícias ou perguntando o que o público está achando do
programa. Eles ainda acreditam que a interatividade acaba segurando o público para que
acompanhem os comentários e fotos mandados durante o programa.
Dando sequência na pesquisa, foi comentado, através da intermediadora da pesquisa,
sobre a importância do quadro Mochilink, sendo que o debate foi sobre esse quadro é de que é
necessário existir esse tipo de informação em tempo real, pois, enquanto mais rápido for,
melhor é, além de que esse quadro presta serviço à comunidade, como exemplo quando existe
73
acidente, já que o público já fica mais “esperto” em procurar vias secundárias.
Para o grupo, o fato de o programa ser local é importante, pois assim o programa vai
conseguir focar nos problemas regionais. Eles acreditam que todo o conteúdo enviado pelos
telespectadores acaba tendo de ser selecionado, para que não afetem negativamente outras
pessoas.
Foram selecionadas matérias, as mesmas do primeiro grupo, para estimular o debate
das opiniões dos integrantes deste grupo. O primeiro vídeo foi sobre estupro, após a exibição
deste vídeo, Na sequência, foi transmitido um vídeo sobre o policial que matou um procurado,
e os comentários foram sobre a excelente atitude do policial, já que ele está a disposição da
segurança, e se ele não reagisse o bandido acabaria matando-o, além de comentar que o
policial estava certo, já que se ele não matasse, o indivíduo acabaria o matando, já que o
criminoso não tem nada a perder.
Após esses dois vídeos, foi possível compreender que o filtro de comentários deve
existir, pois, na hora da raiva, as pessoas respondem, muitas vezes sem pensar. E com esse
intuito, foi incentivado que os integrantes do grupo voltassem a debater os temas, e se
observou que foram mais cuidadosos ao comentar os fatos. Os integrantes do grupo
discutiram que é necessário existir esse filtro, pelo fato de que na hora que a pessoa assiste à
matéria ela acaba se revoltando, uma vez que se colocam no lugar da pessoa vitimada, e isso
pode acarretar problemas para outras pessoas.
Outra matéria foi escolhida, de maneira aleatória, no qual tratava sobre o transporte de
pessoas mortas por alguns policiais na caçamba de uma caminhonete, sendo que esse
programa não possuía nenhum cuidado com tarjas que não mostrassem os acusados mortos
sendo carregados de maneira irregular. A exibição deste vídeo para esse grupo não foi
finalizada, por ser considerado muito forte. Eles debateram que não assistiriam a um
programa com imagens fortes, já que o horário que é transmitido o programa é o do almoço, e
geralmente eles assistem ao programa acompanhado dos filhos e netos, sendo assim teriam
que deixar de assistir. Imagens chocantes fariam com que eles trocassem de canal, já que a
cena é forte para todos, afetando o emocional.
Com objetivo de que os integrantes conseguissem distinguir os programas e
problematizar as reportagens, foram escolhidos três vídeos, no qual o programa Balanço
Geral, Paraná TV e Tribuna da Massa tinham feito sobre a explosão de um caminhão
carregado de dinamite num pátio de uma empresa em Bocaiúva do Sul, região Metropolitana
de Curitiba. Essa explosão ocorreu no dia 08 de outubro de 2016, as vítimas tiveram apenas
ferimentos, e cerca de 80 casas foram atingidas. Após a transmissão das três matérias, os
74
integrantes concluíram que o Balanço Geral acabou sensibilizando por mostrar o drama da
população que estava sofrendo com a explosão, além de explicar como ocorreu a explosão. Já
no programa Paraná TV, foi analisado que o repórter trouxe diversos dados, deu mais ênfase
aos explosivos, do que com quem estava sofrendo, eles não deram foco ao sofrimento e as
histórias das pessoas. Já o último programa analisado, o Tribuna da Massa, foi comparado ao
programa Balanço Geral, pois também focou no drama da população e na explicação de como
ocorreu a explosão.
Após isso, foi escolhido dois vídeos do programa Balanço Geral Curitiba, que
mostrava um problema cotidiano da falta de pavimentação em uma determinada rua de
Curitiba, e o segundo vídeo era do quadro “Tô na Bronca”, em que os cidadãos viram
repórteres e falam o que está errado no bairro. A discussão em relação a estes dois vídeos foi
sobre a importância desse tipo de prestação de serviço, já que o público pode mostrar a
situação que convive diariamente, mostrando os problemas existentes nos bairros, e que é uma
ótima forma de envolver a participação do público na construção do problema. E também foi
discutido que esse tipo de quadro é importante para solucionar o problema, já que o programa
acaba comprando a briga, e quando o problema entra em contato com a mídia, é mais difícil
de conseguir esquecer.
Para finalizar este grupo, foram direcionados questionamentos sobre os conteúdos
enviados pelo público. A primeira questão levantada foram as impressões em relação à
presença desses conteúdos, a qual foi entendida como sendo necessária para que a
interatividade entre o programa e o público aumente, mesmo que os conteúdos não estejam
tão bons para ir ao ar. Outra questão abordada foi o que os integrantes do grupo focal acham
dos conteúdos enviados pelos telespectadores. Para eles, esse tipo de conteúdo acaba
aproximando a realidade, já que agrega valor e deixa mais interessante com os problemas
cotidianos que existem em cada localidade.
A última questão foi relacionada ao reconhecimento de materiais amadores e
profissionais. Para o grupo, é fácil identificar um vídeo amador de um profissional, sendo que
o amador não possui uma boa qualidade e dados para informar. Ainda assim, eles acreditam
que esses vídeos possuem a mesma característica dos vídeos profissionais: o objetivo em
informar. Para este grupo, mesmo os conteúdos não possuindo uma qualidade considerável, é
necessário que exista esse tipo de conteúdo no programa, mas não deve existir só esse tipo.
Também foi debatido que é necessário tomar cuidado com os vídeos mandados e
devem ser checadas as informações, para que não atinja outras pessoas.
75
5.3 Análise dos Grupos Focais
Os dois grupos foram realizados com pessoas que assistem ao programa Balanço
Geral Curitiba, sendo que as pesquisas ocorreram da mesma maneira: introdução da pesquisa,
descrevendo o que é um grupo focal e o que eles devem realizar; esclarecendo algumas
dúvidas; aplicando o questionário; e por último realizando o debate. O objetivo dos grupos
focais era compreender a opinião do público e promover a discussão entorno do programa
Balanço Geral Curitiba.
A coleta dos dados, de acordo com Carlini-Cotrim (1996, p. 287), se baseia na
capacidade humana em formar opiniões e inteirar com os demais participantes.
Ele contrasta, nesse sentido, com dados colhidos em questionários fechados ou
entrevistas individuais, onde o indivíduo é convocado a emitir opiniões sobre
assuntos que talvez ele nunca tenha pensado a respeito anteriormente. As pessoas em
geral precisam ouvir as opiniões dos outros antes de formar as suas próprias. E
constantemente mudam de posição (ou fundamentam melhor sua posição inicial)
quando expostas a discussões de grupo. É exatamente este processo que o grupo
focal tenta captar (id).
Após os grupos focais, foi possível compreender que geralmente as pessoas realizam
outras atividades enquanto assistem ao programa, existindo a necessidade de que o programa
trate de assuntos considerados interessantes pelo público, para que não se perca a atenção.
Além de que o ponto em que todos se encontravam era de que o fato de motivar os
participantes do grupo a assistirem aos programas era pelo motivo de como o apresentador
traz a notícia: de maneira clara e compreensível.
Quando tratou-se da interatividade, nem todos os participantes já fizeram contato:, o
motivo foi que não precisavam ou não tinham acesso para isso. Ainda com relação à
interatividade, os integrantes dos grupos acreditam que é uma maneira do apresentador estar
próximo do público, dando ouvidos para aquelas pessoas que nem sempre são ouvidas pela
sociedade. O fato de o público poder mandar materiais – fotos, vídeos, informações - para o
programa, faz com que eles se sintam parte da produção dos conteúdos, e que desta maneira
eles possam auxiliar para a “construção de uma sociedade”. Já que os conteúdos que outros
telespectadores mandam, configurariam ao Balanço Geral um ar de credibilidade, que para
eles é uma pessoa comum que está mandando.
Durante os grupos focais, foi possível compreender que o público acredita que existe
76
uma seleção de conteúdos, de tudo que vai para o ar,e que esses conteúdos enviados são
bastante utilizados por não existir muito investimento financeiro no programa, mas que é
necessário intercalar esses conteúdos para não ficar informal.
Os problemas locais é algo que motiva os espectadores a participar do problema, já
que assim eles acreditam que o programa está comprando o problema deles também, e
aguardando por resposta.
Com relação ao quadro Mochilink, os integrantes dos grupos agregam isso como
essencial em transmitir a notícia no momento em que está ocorrendo, já que para eles é
interessante essa busca por acontecimentos durante o programa. Para eles isso é importante, já
que os mantêm informados, facilitando no dia a dia.
Para Carlini-Cotrim (1996, p. 286), o grupo focal pode ser comparado com uma
entrevista em grupo, apoiando na interação entre todos os participantes. Durante os dois
grupos focais, a interação foi presente com todos os participantes, sendo que tudo que foi
proposto foi executado. Com relação aos comentários que o público faz, eles se mostraram
com a opinião própria, aceitando a opinião diferente.
O que ficou evidente após essa metodologia, foi que o público do telejornal Balanço
Geral Curitiba , busca o programa pelo fato de que para eles a notícia é passada de maneira a
ser mais neutra, e não se deixar influenciar pelas ideologias, além da maneira direta do
apresentador em informar.
Outro ponto observado foi que o que importa para o público, é que as notícias do
programa, sejam relacionadas ao bairro no qual eles residem, já que eles buscam as notícias
locais. Sobre o quadro Mochilink, os integrantes do grupo focal gostam deste quadro, já que
eles conseguem trazer a informação no momento em que ocorreu, mesmo eles considerando
trabalhoso, eles acham que se faz necessário, já que o público busca a instantaneidade. Com
relação ao Jornalismo Mobile, o público analisado acha interessante e necessário.
O que pode ser compreendido , é que o público que assiste o programa Balanço Geral
Curitiba, busca para que o programa seja um aliado nos problemas que eles não conseguem
solucionar. O programa constrói um discurso de um problema, no qual os responsáveis
oficiais não solucionam. Desta maneira, o programa acaba operando a partir de um sentido de
que faz a intermediação, para que alguma solução seja tomada.
77
5.4 Análise da entrevista
Para realizar a entrevista, foi selecionada a responsável pelas redes sociais do
programa, Ana Paula Severino. A entrevista ocorreu no mês de outubro, na RICTV, no qual
ocorreu de maneira breve, não ultrapassando 20 minutos, mas que todas as dúvidas foram
sanadas.
A entrevista escolhida para esta pesquisa é padronizada, já que possuiu um roteiro pré-
determinado, que logo após correu para despadronizada, no qual o pesquisador seguiu
conforme as conversas. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 196) os objetivos das entrevistas
são: descobrir fatos, desvendar planos de ação, motivos que interferem nas opiniões e
compreender a conduta das pessoas de acordo com os sentimentos.
Foi observado que o programa Balanço Geral Curitiba possui uma rotina de
produção, sendo baseada nos sites de informação para produzir seus conteúdos. As
informações sobre as ocorrências do dia, eles buscam através de sites, redes sociais e ligação
para fontes oficiais.
Com relação ao quadro Mochilink, no qual o repórter vai atrás da notícia, é uma
maneira da aplicação do Jornalismo Mobile no programa, já que além de receber informações,
chegar e produzir, este conteúdo também é distribuído de maneira Mobile.
Os valores-notícias empregados durante do programa, segundo a formalização feita
pela produtora são a: utilidade e proximidade. Buscando prestar de serviço a comunidade e ter
conteúdo relevante para Curitiba e região metropolitana. Só que esses valores-notícias acabam
variando, dependendo da pessoa que assiste ao programa, já que cada pessoa possui uma
perspectiva diferente do que é interessante para ela.
Durante a entrevista, foi comentado que o programa busca sempre a verdade, sempre
checar a informação. Só que neste ponto pode-se confrontar uma ideia: já que os profissionais
que trabalham no Balanço Geral não são tão numerosos, como é que eles conseguem checar
todos os comentários e informações que chegam até eles? Uma possível resposta, é que, após
a seleção feita pela profissional de redes sociais, Ana, ela acaba liberando os comentários
mais tranquilos, ou pelo fato de achar que está correto, algo que foi analisado na observação
participante, esses comentários considerados mais tranquilos são os que não vão prejudicar
ninguém.
O Jornalismo Mobile presente no programa vai além do quadro Mochilink, tendo
78
também pelos conteúdos enviados pelos telespectadores, links ao vivo, produção de matérias
via meios mobiles, quadro feito pelo público, o “Tô na Bronca”. Enfim, o programa está se
atualizando conforme as demandas de mercado, já que de acordo com o grupo focal, o público
busca um meio no qual o apresentador converse com a pessoa, dando ouvidos e espaço para
eles.
79
6. Considerações Finais
As discussões trazidas desde o início da pesquisa foram importantes para guiar o leitor
para que ele compreendesse as reconfigurações tecnológicas no processo de produção, em
especial do programa Balanço Geral a partir do Jornalismo Mobile. Os temas próximos ao
Jornalismo Mobile foram utilizados para que essa delimitação do tema ocorressem, como os
conceitos básicos para que seja possível compreender toda a pesquisa.
Durante a primeira análise, ocorrida de modo empírico, na qual foram analisados seis
dias do programa, foram mapeadas preliminarmente as intervenções existentes do Jornalismo
Mobile no programa. O resultado consolidado foi que o público acaba influenciando o
programa, e existe a interação entre os receptores (público) e produtores (emissora). Neste
primeiro momento foi possível constatar que o público passa a participar da produção dos
conteúdos para o programa, com suas tecnologias disponíveis.
Com a construção desta pesquisa, foi possível compreender a importância que o
Jornalismo Mobile possui, em especial no programa Balanço Geral Curitiba. Após as
análises, foi possível constatar algumas razões que impulsionam as estratégias de interação e
de Jornalismo Mobile empregadas pelo programa: a emissora não possui muitos funcionários,
afetando alguns pontos essenciais na redação: o fato de apenas um repórter ter que cobrir os
acontecimentos ao vivo, tendo que se deslocar aos mais diversos pontos de Curitiba e região
metropolitana, fazendo com que os profissionais se desgastem, mas que consigam trazer as
notícias. Outro ponto analisado foi que o público gosta e busca o jornalismo policial que tenha
um tom menos polêmico, desde que as informações sejam repassadas, só que eles também
buscam ser ouvidos pelos meios de comunicação. Além de que o próprio programa utiliza das
reportagens mais polêmicas para atrair o público e aumentar a audiência.
Com as três análises, foi possível compreender que o programa Balanço Geral
Curitiba investe no Jornalismo Mobile, desde a produção, usando como base os sites e redes
sociais para buscar conteúdos, assim como a produção e construção de matérias. O público
também acaba fazendo parte da construção dos programas, enviando vídeos e informações, só
que os conteúdos selecionados passam por um profissional responsável, que seleciona os
conteúdos locais para serem transmitidos. Sobre esse ponto, seria necessário que a produção
do programa estabelecesse todos os valores-notícia, já que dessa maneira, fica evidente, que a
seleção também passa pelos critérios pessoais do responsável.
A teoria do newsmaking pode ser utilizada no programa Balanço Geral para analisar
80
como o meio de comunicação constrói uma leitura da realidade, para construir uma realidade
para os telespectadores.
Sobre a interatividade do programa, o público consegue encaminhar conteúdos de
maneira simples. O programa utiliza da interatividade e dos conteúdos enviados pelos
telespectadores, já que eles necessitam deste tipo de conteúdo para atrair o telespectador, pois,
de acordo com os grupos focais, emprega veracidade nas matérias, e também como uma saída,
já que o programa não possui muitos colaboradores, para que estejam presentes em todos os
pontos de Curitiba.
Também foi possível constatar que a redação analisada está se reestruturando com o
Jornalismo Mobile, já que é comum a produção, construção e distribuição das matérias
ocorrerem por meio dos dispositivos móveis.
É possível observar que existe uma mudança ocasionada pelos meios tecnológicos,
resultados do Jornalismo Mobile, e que o diferencial é a maneira de como os veículos vão se
adequando a essa ramificação do jornalismo.
Após a observação foi possível constatar que o programa é baseado em informações
presentes na internet e redes sociais, já que a falta de profissionais acarreta isso. A seleção de
conteúdos não ocorre de maneira previamente definido, já que é pautado por acontecimentos
regionais e informações enviadas pelos telespectadores e Polícias.
O Jornalismo Mobile esta cada vez mais presente na redação, trazendo a
instantaneidade para o público, algo que após os grupos focais foi observado. A interatividade
é um ponto que deve ser levado em consideração, já que o público recorre a emissora para
resolver problemas que os responsáveis não fazem, além de que a interatividade também
auxilia para a busca de pautas para o programa.
A intencionalidade do programa, de abrir para comentários logo após matérias
impactantes, gera uma revolta nos comentários, que devem ser mensuradas pela responsável
das redes sociais. O sensacionalismo existe neste programa analisado.
O programa está se adaptando ao Jornalismo Mobile, buscando alternativas para
sempre mostrar novidades e facilidades para o público.
Por fim, acreditamos que após analisar diversas teorias e análises práticas, é possível
observar que os materiais disponíveis para a emissora necessitam de um complemento pelo
público, além de que eles buscam nas emissoras uma maneira de se apoiar com problemas
cotidianos. O programa busca se adequar ao Jornalismo Mobile e assim agradar ao público, já
que os telespectadores se inserem na rotina de produção dos conteúdos.
É possível concluir nesta monografia que as principais mudanças nos processos
81
televisivos de produção das notícias a partir dos parâmetros do Jornalismo Mobile, dentro da
estruturação na redação do programa Balanço Geral Curitiba, foram identificadas. Além da
identificação das mudanças que passaram a existir nos processos de apuração, produção e
consumo dos conteúdos. Sendo que as estruturas do Jornalismo Mobile foram questionadas, a
partir dos teóricos e foi levantada como os meios de comunicação utilizam os aparelhos
mobiles para produzir conteúdos, e até que ponto o público participa deste processo. Tudo isso
foi possível graças a motivação de buscar uma maneira de estruturar o Jornalismo Mobile.
82
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8. Anexos
8.1 Anexo A
Formulário entregue aos participantes dos Grupos Focais:
DADOS PESSOAIS NOME COMPLETO: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ DATA DE NASCIMENTO: _____ / _____ / ________ ENDEREÇO:___________________________________________________________________ CIDADE: _______________________________________________ ESTADO: _____________ PROFISSÃO: __________________________________________________________________ ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRO ( ) CASADO ( ) DIVORCIADO ( ) VIÚVO ( ) OUTROS FILHOS: ( ) NÃO ( ) SIM. QUANTOS? ___________ SEXO: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO FORMAÇÃO ESCOLAR: ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR COMPLETO
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QUESTÕES SOCIOECONÔMICAS ASSINALE A ALTERNATIVA CORRESPONDENTE À FAIXA SALARIAL FAMILIAR: ( ) ATÉ 2 SALÁRIOS MÍNIMOS (R$ 880,00) ( ) DE 2 A 4 SALÁRIOS MÍNIMOS (ENTRE R$ 880,01 - R$ 3.520,00) ( ) DE 4 A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS (ENTRE R$ 3.520,01 - R$ 8.800,00) ( ) DE 10 A 20 SALÁRIOS MÍNIMOS (ENTRE R$ 8.880,01 - R$ 17.600,000) ( ) ACIMA DE 20 SALÁRIOS MÍNIMOS (ACIMA DE R$ 17.600,01) A RESIDÊNCIA EM QUE VOCÊ MORA É: ( ) PRÓPRIA ( ) ALUGADA ( ) OUTROS. QUAIS: _________________ QUANTAS PESSOAS MORAM COM VOCÊ EM SUA CASA (CONTANDO COM VOCÊ): ( ) APENAS EU ( ) DUAS ( ) TRÊS ( ) QUATRO ( ) CINCO OU MAIS DAS PESSOAS QUE MORAM COM VOCÊ, QUANTAS SÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (CONTANDO COM VOCÊ): ( ) APENAS EU ( ) DUAS ( ) TRÊS ( ) QUATRO ( ) CINCO OU MAIS
QUESTÕES RELACIONADAS AO PROGRAMA BALANÇO GERAL CURITIBA FREQUÊNCIA EM QUE VOCÊ ASSISTE O PROGRAMA BALANÇO GERAL SEMANALMENTE: ( ) UMA VEZ ( ) QUATRO VEZES ( ) DUAS VEZES ( ) CINCO VEZES ( ) TRÊS VEZES ( ) SEIS VEZES AO ASSISTIR O PROGRAMA, VOCÊ REALIZA OUTRAS ATIVIDADES? QUAIS?
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O QUE TE MOTIVA A ASSISTIR AO PROGRAMA:
VOCÊ ASSISTE O PROGRAMA COM QUEM?
PONTOS POSITIVOS DO PROGRAMA:
PONTOS NEGATIVOS DO PROGRAMA:
VOCÊ JÁ FEZ CONTATO COM O PROGRAMA? (SEJA POR REDE SOCIAL, E-MAIL OU TELEFONE) CONTE SUA EXPERIÊNCIA:
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8.2 Anexo B
Entrevista com a responsável pelas redes sociais do programa Balanço Geral Curitiba.
Realizada no mês de outubro nas dependências da RICTV:
SABRINE – Como é a rotina de produção do programa Balanço Geral Curitiba?
Onde que são encontradas as pautas do programa?
ANA PAULA – Então, a editora chefe chega às 8 horas e começa a observar sites de
notícia. Ela liga para polícia pra ver se ocorreu alguma ocorrência, ela também vê a sala de
imprensa. Aí os demais funcionários chegam e continuam fazendo a ronda. Ligando para
polícia, pra prefeitura, enfim, para todos os sites de notícia de Curitiba. Uma ferramenta
bastante utilizada é o twitter do 190, no qual são encontradas a maioria das ocorrências.
SABRINE – Como funciona o Mochilink?
ANA PAULA– O quadro existe há mais ou menos uns cinco anos, e funciona da
seguinte maneira: o repórter Thiago Silva, juntamente com o cinegrafista/motorista e o
equipamento, vão atrás das notícias no decorrer do programa, as notícias chegam pelos
telespectadores, frequência da polícia ou pelo controle que existe com o que é assunto na
concorrência. Quando o fato é gravíssimo, o quadro do Mochilik entra ao vivo, as notícias
chegam através da rádio da polícia, das redes sociais, do Whatsapp, além das informações que
os próprios telespectadores mandam por essas redes sociais, no qual é passado direto pro
repórter ir atrás do ocorrido.
SABRINE – Quais os valores notícias adotados pelo programa Balanço Geral
Curitiba?
ANA PAULA– O básico, o interessante, relevante para a população e a prestação de
serviço. Buscando sempre o que podemos fazer para ajudar a população. Por exemplo, tem
um buraco na rua, nós vamos cobrar da prefeitura para ir arrumar, mostramos o antes e
depois. Também temos a responsabilidade com a verdade, já que não soltamos no ar sem
apurar o que aconteceu. E sempre buscamos mostrar os dois lados.
SABRINE – Quais as principais adaptações do Jornalismo Mobile adotados pelo
programa Balanço Geral Curitiba?
ANA PAULA– Temos muita participação do público, principalmente no Whatsapp. O
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programa começa e o Gilberto fala o número no ar e chegam mais ou menos umas cem
mensagens na hora que ele fala. Também tem bastante participação no e-mail e no Mochilink.
Tendo também o link do Emanuel, que são os assuntos mais importantes do dia, no qual esse
quadro surgiu para ficar mais dinâmico o programa.
SABRINE – Como são selecionados os materiais que os telespectadores encaminham
para o programa seja pelas redes sociais, e-mail ou telefones?
ANA PAULA – Se acontece um acidente, por exemplo, o telespectador envia pelas
redes sociais, e eu pego a informação e ligo para os órgãos oficiais e vejo realmente se
aconteceu. Se aconteceu o fato, nós pegamos a imagem e creditamos e colocamos no ar
informando a informação. As informações chegam por meio do Whatsapp, Facebook e pelo
portal do site. Onde essas informações são filtradas e verificadas a procedência. Nós
recebemos bastante informação de carro roubado, cachorro perdido, documentos roubados,
recebemos mais essas coisas de serviço, mas recebemos também alguns recados dos fãs do
Gilberto, que mandam um abraço ou um feliz aniversário pra alguém. Filtramos bem os
assuntos. Já quando é um caso mais específico e mais grave, nós não falamos no ar, nós
buscamos os contatos da pessoa que fez a denúncia e cobramos do órgão competente. Como
quando a pessoa fala que tem um buraco na rua, nós pegamos os contatos desta pessoa, as
informações da rua e ligamos para a prefeitura e cobramos solução. Fazemos o quadro “Tô na
bronca” para mostrar o buraco, essas coisas mais graves viram quadros que nós pegamos das
redes sociais. O filtro vai de acordo com as coisas mais importantes e é mandado para o email
que fica aberto, no qual o apresentador utiliza durante os programas
SABRINE – Quais os principais pontos negativos dessa interatividade?
ANA PAULA– São muitas mensagens que chegam, e às vezes nós demoramos pra ver
todas, afinal temos outras coisas pra fazer, a função de cuidar das redes sociais não é única.
Às vezes as pessoas mandam que pelo fato de demorar responder elas vão procurar a
concorrência. Eles sempre querem algo imediato.
SABRINE – Quais as notícias que possuem mais interatividade do público?
ANA PAULA– Algumas noticias são de fato, que quando vão ao ar comentários
aumentam, como policial que mata bandido, o público manda a opinião. Essa opinião é
sempre generalizando a ideia da massa, que quase 90% falam que ele fez certo. Tem casos de
pedofilia, que sempre tem as pessoas que falam que devia matar o pedófilo. O público sempre
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manda a opinião.
SABRINE –Como funciona a questão da liberdade do apresentador em dar a sua
opinião?
ANA PAULA– O Gilberto tem bastante liberdade, dá pra ver quando ele está lendo o
TP e quando está dando a opinião dele mesmo. Às vezes a diretora não gosta dessa liberdade,
já que tem autoridades que não gostam e ligam reclamando, aí temos que explicar que é só a
opinião do Gilberto e não do programa, ele é totalmente livre.
SABRINE – Como que vocês fazem para nivelar o conteúdo, já que tem um
adolescente assistindo ao programa, e ao mesmo tem um aposentado, já que são pensamentos
opostos, como que é feito esse conteúdo para não chocar e ao mesmo tempo não ser banal?
ANA PAULA– O programa é para a classe C e D, desde uns 14 anos até 70 anos, de
acordo com as mensagens que recebemos. Nós se preocupamos muito, como exe4mplo
quando vamos cobrir um assassinato, nós não vamos mostrar o corpo, vamos colocar uma
tarja, sempre se preocupamos com isso, porque é chocante. Sempre temos cuidado para ser
um programa policial de forma mais leve.