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UNIBRASIL CENTRO UNIVERSITÁRIO JORNALISMO RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO JORNALISMO MOBILE CURITIBA, 2016.

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UNIBRASIL CENTRO UNIVERSITÁRIO

JORNALISMO

RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE

PRODUÇÃO DO PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO

JORNALISMO MOBILE

CURITIBA,

2016.

SABRINE ELISE KUKLA

RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE

PRODUÇÃO DO PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO

JORNALISMO MOBILE

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Jornalismo

do UniBrasil Centro Universitário

como requisito parcial à obtenção do

título de Bacharel em Jornalismo.

Orientadora: Maura Oliveira Martins

CURITIBA,

2016.

TERMO DE APROVAÇÃO

SABRINE ELISE KUKLA

RECONFIGURAÇÕES TECNOLÓGICAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO

PROGRAMA BALANÇO GERAL A PARTIR DO JORNALISMO MOBILE

Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 9,0 como requisito

parcial para a obtenção do grau de bacharel em Jornalismo pelo UniBrasil

Centro Universitário, mediante banca examinadora composta por:

Prof.(a) Maura Martins e Presidente

Prof.(a) Gabriel Bozza

Prof.(a) Rodolfo Stancki

Curitiba, 01 de dezembro de 2016.

Agradecimentos

São muitos os que desejo agradecer pela ajuda para que este trabalho se

realizasse. Cada pessoa teve importância, seja dando conselho, acreditando e opinando

para que este trabalho se concretizasse. É difícil agradecer a todas as pessoas, que de

algum modo, fizeram ou fazem parte da minha vida, por isso, agradeço a todos de

coração.

Quero agradecer em primeiro lugar a Deus, pela força, coragem e saúde durante

esta longa caminhada. Agradeço também a minha família, em especial meus pais,

Sergio e Marlene, e meu irmão, Leonardo, que com muito carinho, apoio, coragem e

força, não mediram esforços para a realização deste meu sonho, e que fizeram o

possível e impossível, nestes quatro anos de graduação, para que eu chegasse até aqui.

Mãe, seu cuidado, atenção e dedicação foram que deram a esperança para eu seguir. Pai,

sua segurança, carinho e dedicação, me mostraram que eu não estava sozinha. Meu

irmão, seu carinho, amor e confiança, me mostrou que eu deveria seguir em frente. Sem

vocês nada disso seria possível.

Aos mestres que me auxiliaram a construir um pensamento mais crítico, sendo

que todos foram importantes para que eu chegasse até aqui. Em especial a Maura

Oliveira Martins, eu deixo o meu “muito obrigado”, por toda paciência nas orientações

e incentivo para a construção e conclusão desta monografia.

Agradeço também ao incentivo de todos os colegas de faculdade e amigos

próximos, que sempre acreditaram em meu potencial.

Resumo

Esta monografia tem como objetivo de abordas as reconfigurações tecnológicas no

processo de produção do programa Balanço Geral Curitiba, a partir do Jornalismo

Mobile. É possível encontrar debates sobre as definições de Jornalismo Mobile,

Jornalismo Cidadão e Jornalismo Participativo, além de como o Jornalismo Mobile

interfere no Jornalismo Televisivo. O objetivo é identificar as mudanças nos processos

televisivos de produção das notícias a partir dos parâmetros do Jornalismo Mobile,

dentro da estruturação na redação do programa Balanço Geral Curitiba. Também será

possível observar diversos teóricos abordando as mudanças nas rotinas produtivas de

conteúdos jornalísticos a partir das alterações tecnológicas e das reestruturação dos

programas televisivos regionais. Para analisar esta monografia, é utilizado a revisão de

bibliografias, o estudo de observação participante, grupo focal e entrevista.

Palavras-chave: Jornalismo Mobile; Jornalismo Televisivo; Balanço Geral

Curitiba; Telejornalismo Regional; jornalismo.

7

Sumário

Sumário .................................................................................................................................................7

1. Introdução ....................................................................................................................................8

2. Identificação das práticas jornalísticas reconfiguradas no ambiente da internet pós-

TV 11

2.1 O conceito de Jornalismo Mobile ........................................................................................... 15

2.2 O conceito de Jornalismo Cidadão ......................................................................................... 19

2.3 O conceito de Jornalismo Participativo .................................................................................. 21

2.4 Jornalismo Mobile interferindo nas práticas do jornalismo televisivo ................................... 24

2.5 Análise do Programa Balanço Geral para a construção do problema de pesquisa ................. 26

3. Mudanças nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos a partir das alterações

tecnológicas .......................................................................................................................................31

3.1 Redefinição do conceito de notícia a partir das alterações tecnológicas ................................ 34

3.2 As mudanças no telejornalismo regional influenciadas pelo jornalismo mobile .................... 37

3.3 O Newsmaking na construção da realidade ............................................................................. 40

4. Procedimentos Metodológicos .....................................................................................................44

4.1 Etnografia como metodologia de pesquisa ............................................................................. 44

4.2 Grupo Focal ............................................................................................................................ 48

4.3 Entrevista ................................................................................................................................ 51

4.4 Plano de ação do 7° e 8° período ............................................................................................ 52

4.5 Metodologia aplicada na pesquisa .......................................................................................... 55

4.5.1 Observação participante ....................................................................................................... 55

4.5.2 Entrevista com os participantes ........................................................................................... 56

4.5.3 Grupo Focal ......................................................................................................................... 57

5. Métodos aplicados para Análises e resultados das pesquisas ...................................................58

5.1 Descrição da observação participante realizada em uma edição do programa Balanço

Geral .............................................................................................................................................. 58

5.2 Análise do grupo focal ............................................................................................................ 65

5.2.1. Análise do grupo focal 1 .................................................................................................... 66

5.2.2. Análise do grupo focal 2 .................................................................................................... 71

5.3 Análise dos Grupos Focais ...................................................................................................... 75

5.4 Análise da entrevista .............................................................................................................. 77

6. Considerações Finais ....................................................................................................................79

7. Referências ....................................................................................................................................82

8. Anexos ............................................................................................................................................90

8.1 Anexo A .................................................................................................................................. 90

8.2 Anexo B .................................................................................................................................. 93

8

1. Introdução

Nesta monografia, o tema principal a ser abordado é a influência do Jornalismo

Mobile, na redação de televisão com foco no programa Balanço Geral Curitiba, que é objeto

de análise. Para chegar à definição dos temas abordados, foi necessário realizar um

afunilamento de ideias e debates de teóricos para guiar o leitor ao raciocínio do problema de

pesquisa, e consequentemente, justificar e dar continuidade aos processos envolvidos.

Esta monografia é dividida em quatro capítulos, para introduzir e debater o tema

central da pesquisa. Barbosa e Seixas (2016) foram usados para conceituar essa palavra chave

do trabalho, já que de acordo com os autores, a definição de Jornalismo Mobile está ligada as

questões de mobilidade e de jornalismo, desde que seja desempenhada por um dispositivo

móvel.

Para prosseguir a pesquisa, será possível constatar que o objetivo principal deste

trabalho é: identificar as mudanças nos processos televisivos de produção das notícias a partir

dos parâmetros do Jornalismo Mobile, dentro da estruturação na redação do programa

Balanço Geral Curitiba. As ramificações desse objetivo são: identificar as mudanças no

processo de produção (apuração, produção, distribuição e consumo) das notícias;

problematizar as estratégias estruturais do Jornalismo Mobile nas redações; apresentar de que

forma os meios de comunicação auxiliam para a produção de matérias televisivas; e a última

ramificação é problematizar o uso dos aparelhos mobiles para produzir conteúdos.

A justificativa desta monografia é de que seja possível estruturar os jornalistas para o

uso do Jornalismo Mobile em todo o processo de produção das notícias, além da ampliação

dos horizontes para o jornalismo tradicional. Além de que o desejo por realizá-la se deu após

assistir ao programa analisado e verificar a interatividade existente entre o público com o

programa, além dos quadros que possuem o Jornalismo Mobile.

No primeiro eixo, ocorre a realização de um estudo para debater as mudanças no

jornalismo, de acordo com as mudanças tecnológicas. No qual, para Biano (2016, p. 156), as

ferramentas digitais auxiliam para que ocorra a reestruturação das redações jornalísticas.

Durante este capítulo, será possível encontrar um debate sobre o Jornalismo reconfigurado

para internet, utilizando teóricos como Barbosa e Seixas (2016) para definir o Jornalismo

Mobile, Biano (2016) para debater sobre as reconfigurações tecnológicas, e Abras e Penido

(2006) para falar sobre as adaptações do Jornalismo com as tecnologias. Teóricos como

9

Canavilhas (2013), Quinn (2014) e Silva (2009) vão debater os conceitos de Jornalismo

Mobile. Já para dialogar sobre o Jornalismo Cidadão será possível encontrar teorias de Abreu

(2003), Barcelos (2011) e Moretzsohn (2012). Para o Jornalismo Participativo teremos os

teóricos principais como Alves (2012), Fonseca e Lindemann (2008) e Domingues (2010).

Para finalizar este capítulo, toda a discussão leva para a primeira análise, que foi mapear

preliminarmente a intervenção do Jornalismo Mobile, sendo analisado o programa Balanço

Geral Curitiba, que é transmitido na RICTV de segunda a sábado, das 12h até as 14h. O

tempo dessa análise foi de seis dias. A escolha desse programa se deu por ser próximo a

comunidade e por focar nos acontecimentos de Curitiba e Região Metropolitana. Após a

análise do programa, foi possível chegar a uma conclusão que norteará o trabalho. Após toda

análise, foi possível direcionar o leitor para o problema de pesquisa, que é: como os processos

de produção das redações televisivas estão sendo adaptados ao Jornalismo Mobile, dentro do

programa Balanço Geral Curitiba?

O segundo capítulo desta monografia é voltado para as mudanças nas rotinas

produtivas de conteúdos jornalísticos a partir das alterações tecnológicas, sendo que este

momento é necessário para compreender outra parte teórica do trabalho. Para iniciar este

capítulo, serão utilizados os debates de Marque (2005), Ponte (2005) e Traquina (2005), entre

outros autores abordados sobre as mudanças nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos

a partir das alterações tecnológicas. Para dar sequência a este capítulo, será possível encontrar

os teóricos Souza (2016), Traquina (2005) e Vizeu (2016), para debaterem sobre a redefinição

do conceito de notícia a partir das alterações tecnológicas. Para falar sobre as mudanças no

telejornalismo regional, será necessário compreender as ideias de Fernandes (2016), Mello

(2016) e Silva (2008). O Newsmaking será responsável por encerrar este capítulo, para definir

esta teoria, será necessário debater com os teóricos Aguiar (2006), Araújo (2011) e Russi

(2011), sendo que outras teorias são abordadas dentro no newsmaking.

O terceiro capítulo será relacionado aos procedimentos metodológicos desta

monografia, neste momento, será possível encontrar a definição de Etnografia como

metodologia de pesquisa, a partir dos teóricos Lago (2008), Pena (2010) e Rovida (2015), que

será debatido os conceitos e aplicações desta metodologia. Outro momento da metodologia, é

a definição de Grupo Focal, a partir de Backes (2011), Gui (2003) e Ressel (2008). Também é

possível encontrar os conceitos de Entrevista, a partir de Boni e Quaresma (2005), Duarte

(2004) e Lakatos e Marconi (2001). Para dar sequência, é possível encontrar o plano de ação

do 7º e 8º período, esclarecendo todas as fases do trabalho. E para finalizar o capítulo, será

abordado a metodologia aplicada na pesquisa. Este capítulo é essencial para a compreensão

10

dos conceitos básicos para a construção das análises.

O quarto, e último capítulo, será responsável em trazer as análises e os resultados

obtidos. Para conseguir elucidar as reconfigurações tecnológicas no processo de produção do

programa Balanço Geral a partir do Jornalismo Mobile. As pesquisas de campo que fazem

parte deste trabalho foram divididas em quatro etapas: a pesquisa bibliográfica para definir os

autores que possuem um estudo próximo ao tema escolhido; a observação participante,

ocorrida no programa Balanço Geral Curitiba; os grupos focais, utilizados para compreender

a opinião e debate do público do programa analisado; e a última parte da metodologia foi a

entrevista realizada com a responsável das redes sociais do Balanço Geral Curitiba. Também

será possível encontrar os resultados das pesquisas de campo, e um pequeno debate sobre

esses resultados, para que seja possível uma conclusão desta monografia.

11

2. Identificação das práticas jornalísticas reconfiguradas no ambiente

da internet pós-TV

Este primeiro capítulo funcionará para guiar o leitor até o problema de pesquisa, sendo

que todos os debates auxiliaram para que seja formulado um ponto de vista. Para falar do

Jornalismo Reconfigurado para a Internet terá como foco de trazer as mudanças que o

jornalismo teve, auxiliando de momentos históricos e teóricos, para contextualizar e debater

sobre o assunto. Para conseguir chegar ao problema de pesquisa, será necessário conceituar o

Jornalismo Mobile, o Jornalismo Cidadão e Jornalismo Participativo, que neste momento,

você encontrará as definições desses tipos de jornalismo e alguma pratica. O último passo

antes da análise do programa é discutir como o Jornalismo Mobile interfere nas práticas do

Jornalismo televisivo, já que o foco desta pesquisa é discutir o programa regional, abordando

os conceitos e as questões de interatividade presentes na produção do programa. Para finalizar

esse capítulo, será realizada a análise do programa Balanço Geral Curitiba, a partir de um

estudo de campo de modo a mapear preliminarmente as intervenções que existem com relação

entre o programa e o público. O termo Jornalismo Mobile, será explicado, e utilizado neste

trabalho, a partir das definições de Barbosa e Seixas (2016), que definem como uma prática

que está ligada às questões de mobilidade, que será exemplificada no decorrer deste capítulo.

De acordo com Bradshaw (2016, p. 115), assim como ocorreu com as mudanças

tecnológicas, o comportamento para o consumo das notícias também se renovou. Ainda

segundo Bradshaw (Id), historicamente, a produção das notícias sofreu restrições físicas, já

que cada etapa da produção dos conteúdos dependia da fase anterior e dos repórteres. Já a

digitalização veio para auxiliar nesse processo, pois, para competir em um ambiente com

multiplataforma, as empresas de comunicação começaram a adotar técnicas para a web. Cada

jornalista teve que se readequar a esse novo meio no qual a captação, produção e distribuição

das notícias podem ocorrer de maneira simultânea.

Com as mudanças tecnológicas pertinentes ao jornalismo, o processo de produção do

jornalismo passa a se reconfigurar. De acordo com Biano (2016, p. 156), as discussões sobre

esse tema são inúmeras, já que essas novas tecnologias foram adotadas pela maioria dos

jornalistas.

Sem dúvida, as novas ferramentas digitais colaboram para reestruturar o exercício da

profissão, a produção industrial da notícia, as relações entre as empresas de

comunicação com as fontes, a audiência, os concorrentes, o governo e a sociedade.

Trazem, portanto, implicações de ordem técnica, ética, jurídica e profissional para o

jornalismo. (Id, pg. 157).

12

O ciberespaço1, de acordo com Abras e Penido (2006, p. 02), é uma fronteira entre o

concreto e o imaterial, já que a noção do espaço se perde em relação a noção do tempo. Ainda

de acordo com os mesmos autores, o ciberespaço é uma quebra entre o real e o virtual, mas

que pode ser comparada com as sociedades mais antigas, já que as pessoas deixam de se

socializar, que em contra partida aproxima todos tecnologicamente.

Para Soster (2009, p. 45), é interessante analisar a chegada dos computadores nas

redações, já que quando essas máquinas chegaram, elas acabaram interferindo na rotina

produtiva, já que se fazia necessário aprender a utilizá-la, mas a adaptação ocorreu de maneira

gradual, no qual ao invés de utilizar um papel para anotar e depois passar para uma máquina

de escrever, esse processo ficou mais fácil, já que com os computadores, já era possível

escrever o conteúdo diretamente uma única vez. Ainda de acordo com o mesmo autor, com a

adaptação dos jornalistas, a redação ficava mais ágil e o conteúdo passou a ficar armazenado

no computador.

Portanto, como toda tecnologia, é necessário tomar alguns cuidados com essa

facilidade que a internet trouxe ao jornalismo, já que torna mais prática e instantânea as

buscas por fontes. Biano (2016, p. 156) afirma que houve mudanças devido à vinda da

Internet para as redações, já que os valores notícia, interesse e importância passaram a serem

pautados e ter como referência os assuntos com maior procura na Internet. O próprio

jornalista passa a ter a função de selecionar o que é importante, ou não.

Ao constituir-se num ambiente onde os jornalistas se movem em busca de

informação, onde exercem a tarefa de escolher entre centenas de acontecimentos

aqueles que merecem o status de notícia, a Internet pode debilitar o processo da

checagem, enfraquecendo do jornalismo de verificação, a medida que permite fácil

acesso às matérias e as declarações sem que faça o trabalho de investigação. (Id,

pg.160).

De acordo com Braga (2004) os produtos midiáticos que existem na sociedade são

expostos com bases em materiais que desenvolvem uma interação tanto midiática quanto

social. Para Barbosa (2016), existe um panorama desigual da implementação que o próprio

autor intitula de “casas de mídia” convergentes, ou seja, um processo no qual as plataformas

móveis estão se unindo às redações jornalísticas, dando um continuum multimídia de fluxo

horizontal e dinâmico. Ou seja, o termo utilizado de continuum multimídia foi definido a

partir de BARBOSA (2016, pg. 33), no livro “Notícias e Mobilidade: O Jornalismo, na Era

1 O ciberespaço é definido neste trabalho a partir de Lemos (2006 apud Abras e Penido, 2006, p. 01), como um

espaço que não é físico e está presente na internet, onde suas informações circulam.

13

dos Dispositivos Móveis”. Para Barbosa, esse termo é um novo estágio de evolução para o

jornalismo, no quesito redes digitais, ou seja, aspectos relacionados aos desenvolvimentos

tecnológicos, que submetem aos processos e rotinas de produção do jornalismo, assim como

os fenômenos da convergência e divergência do jornalismo. O continuum multimídia abrange

a atuação em conjunto de jornalistas nas redações, que vai desde o processo de produção até a

circulação dos conteúdos.

Para compreender os estágios de desenvolvimento do jornalismo nas redes sociais, de

acordo com a produção dos conteúdos até a distribuição dos conteúdos jornalísticos na

internet desde os anos 90, este trabalho aborda em uma tabela a evolução do jornalismo em

redes digitais em cinco gerações. As duas primeiras gerações não aparecem na Figura 1, já

que são anteriores aos anos de 1990:

Figura 1:

FONTE: BARBOSA (2016, pg. 38).

O terceiro e quarto estágio podem ser definidos a partir da base de dados como

estrutura para as atividades jornalísticas, que começam na pré-produção, passando pela

produção, circulação, consumo e chegando à pós-produção. No qual os sites jornalísticos

14

começam a serem dinâmicos e mais próprios. Barbosa (Id) denomina como o Paradigma

Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD)2, que passa a se expandir e operar a lógica da

multiplataforma e no processo da convergência como agentes singulares.

O Paradigma JDBD sustenta a existência da quinta geração de desenvolvimento para o

jornalismo nas redes digitais. Já que a medialidade e a horizontalidade são essenciais para que

as informações, sejam elas por meio impresso, web ou mobile, com integração do continuum

multimídia dinâmico.

Na época em que a internet chegava às casas, de acordo com Abras e Penido (2006, p.

04), os conteúdos eram apenas uma reprodução, sendo que não existiam edição e estrutura

diferenciada para este meio, no qual as empresas utilizavam a internet apenas para expor os

produtos. Acompanhando a evolução da internet, ainda de acordo com os mesmos autores,

alguns recursos foram agregados a internet, passando a existir uma interação, no qual a

memória passou a ser utilizada, para que as publicações antigas não sejam perdidas. Um outro

marco nessa evolução, é que a internet passou a explorar a hipermídia (hipertexto e links

externos, como outros sites, imagens, vídeos, textos, áudios, enfim outras mídias ligadas ao

primeiro site).

As mídias como os smartphones e tablets são os responsáveis pela reconfiguração da

estrutura das redações, como a mudança nas produções, publicações, distribuições, circulação,

consumo e até mesmo a recepção desses conteúdos nas multiplataformas. Junto com essas

mídias surgem às mudanças, como a criação de aplicativos jornalísticos para plataformas

tanto para smartphones, quanto para tablets, que possuem materiais e tratamentos

diferenciados (BARBOSA, 2016, p. 38).

Com as adaptações dessas novas tecnologias para o meio jornalístico, é necessário que

de acordo com Abras e Penido (2006, p. 08), o jornalista desempenhe essa mediação que é

proposta com estes meios, mas é necessário que exista a participação do público,

compreendendo todas as mudanças e adequações. Wolton (2004 apud Abras e Penido, 2006,

p. 08) define que esse espaço é um símbolo, em que alguns discursos se opõem, devido a

contradição social da sociedade, no qual os indivíduos passam a ser consumidores de

informação. Ainda de acordo com Abras e Penido (Id), o webjornalista é peça fundamental, já

que ele é responsável em selecionar os conteúdos que vão para a internet, mesmo sabendo que

2 O Paradigma JDBD é conceituado como um modelo no qual, as bases de dados são definidas como da

estrutura, da organização, da composição e da apresentação dos conteúdos jornalísticos, de acordo com a

categoria específica e a função, permitindo a criação, a adaptação, a atualização, a disponibilização, a publicação

e a circulação dos conteúdos jornalísticos em multiplataformas. BARBOSA (in Barbosa, 2007, 2008, 2009;

Barbosa, Torres, 2012).

15

o seu adversário é o próprio ciberespaço, já que ele oferece mais coisas ao consumidor.

Esses dispositivos iniciam um novo ciclo, já que desde a produção até a distribuição

serão reconfiguradas em multiplataformas. Resulta-se, assim, numa mudança nas rotinas das

redações e novas habilidades que os jornalistas deverão ter.

Portanto, de acordo com Abras e Penido (2006, p. 14), a internet é capaz de conseguir

um jornalismo independente, já que a produção das notícias não é tão regrada, quanto às

redações mais tradicionais, além de que o jornalismo na internet é capaz de competir por

audiência da mesma maneira que outros programas, sendo que o jornalista consegue trabalhar

em qualquer local, desde que possua acesso à rede.

2.1 O conceito de Jornalismo Mobile

O Jornalismo Móvel, traduzido do inglês (móbile jornalism), vai ser estabelecido

nesse trabalho a partir de Barbosa e Seixas (2016), que definem como uma prática que está

ligada às questões de mobilidade, e é desempenhado por meio do uso de dispositivos móveis,

tanto para o registro, tratamento, quanto para o envio e transmissão dos conteúdos, de onde

ocorreu em tempo real. Os conteúdos podem ser em formato de áudio, vídeo, imagens ou

texto. As organizações jornalísticas dos continentes já utilizam dos meios móveis para a

produção e publicação dos conteúdos. Apesar dessa nova dinâmica aos processos

jornalísticos, as organizações estão se remodelando e criando as versões Mobile, já que faz

parte da convergência jornalística e das publicações em diversas plataformas.

Em 2005, a cadeia GannettNewspapper (EUA), passou a empregar a denominação

“Mojo” (Mobile journalists), atualmente já bastante difundida, para designar a

atividade ascendente de alguns repórteres que usavam notebooks, câmeras e

gravadores digitais além de conexões banda larga para produzir suas matérias em

mobilidade e publicar diretamente do local. (BARBOSA, SEIXAS, 2016, p. 60).

Para que seja possível a compreensão do Jornalismo Mobile, é necessário conhecer um

pouco do seu histórico. Para Quinn (2014, p. 84), durante aproximadamente 150 anos de

intervalo entre a criação do telégrafo e do celular, os jornalistas continuam criando métodos e

utilizando dispositivos tecnológicos para captar notícias e dados, como os telefones, e-mail,

fax, agendas telefônicas, entre outros. Durante este período, de acordo com o mesmo autor, os

jornalistas tinham que se reinventar. Até que em 2007, após a criação de várias ferramentas

que modificaram o trabalho dos jornalistas, foi cunhado o termo Jornalismo Mojo. Esse tipo

16

de jornalismo móvel é capaz de transmitir notícias de maneira instantânea, com apenas um

celular.

Um repórter MoJo pode transmitir vídeo ao vivo para a internet, gravar áudios e

entrevistas com o telefone que já vem com gravador, tirar fotos com a câmera do

telefone e escrever mensagens de texto com teclados desmontáveis antes de enviá-

los a um escritório por meio de internet 3G ou wi-fi. (Ibid)

O conceito de mobilidade pode ser entendido como uma conexão entre seu aspecto

físico/espacial (transporte) e virtual/informacional (mídia) (SILVA, 2009, p. 70). Ainda de

acordo com o mesmo autor, o conceito de mobilidade está em diversos períodos históricos e

de diferentes áreas do conhecimento, passando pela metarmofose dos meios de comunicação

de massa.

Já o conceito de mobilidade no jornalismo, de acordo com o mesmo autor, remete às

mudanças que ocorreram nos dispositivos móveis e nas conexões da internet, seja por fio ou

sem.

Contextualmente, a introdução de tecnologias no jornalismo não é nova. A novidade

está no modo como se processa a informação através da capacidade de digitalização,

compartilhamento, armazenamento e distribuição. Neste sentido, é importante situar

o processo de informatização das próprias redações (MASIP, 2008) da década de

1970 para a de 1980 como uma etapa de incorporação de tecnologias modernas no

interior da cultura jornalística, trazendo novas formas de lidar com fontes de

informação, com base de dados, com o processo produtivo como um todo interligado

por redes locais e remotas através da possibilidade de construção de reportagens

mediadas por computador. (Ibid, p. 72)

Com a evolução da tecnologia, o jornalismo foi se adequando a essas mudanças. Como

exemplo, as bases de dados, a integração de múltiplas mídias para contar uma única história, a

capacidade de customizar e segmentar o conteúdo em função desinteresses de usuários cada

vez mais exigentes e difíceis de atrair (SANTOS, 2015, p.104). Os jornalistas sempre

buscaram sistemas em que não dependessem de um programa especial, ou um técnico para

conseguir publicar os conteúdos, diretamente na internet.

De acordo com Canavilhas (2013, p. 4), existem diversas semelhanças entre os

dispositivos móveis e a internet, já que o canal de distribuição é o mesmo: o que altera é tipo

de plataforma e distribuição do conteúdo na tela. Quando uma determinada matéria é disposta

na internet para computadores, ela precisa se readequar para os smartphones e tablets, já que

o tamanho e os formatos são diferentes.

Na maioria dos casos, os conteúdos até são exatamente os mesmos, embora com

uma formatação mais amiga para as novas plataformas de acesso. Quem acede a

17

jornais a partir de dispositivos móveis pode encontrar quatro formatos: pdf, versão

web, versão web mobile ou aplicações nativas (apps). [...] a personalização em

contexto é talvez a marca distintiva de um consumo caracterizado pela mobilidade e

pelo consumo individual permitido por estes dispositivos. (Id)

A evolução dos aparelhos móveis ocorreu na mesma proporção que as tecnologias, já

que de acordo com Camargo (2016, p. 67), a partir do ano de 2000, a sociedade estava se

adaptando aos meios móveis, como os smartphones e tablets, alterando para a era digital

móvel. O público é peça fundamental para a produção das notícias e o acompanhamento pela

internet, sendo que o layout é extremamente importante e deve ser planejado, para que

consiga atender todos os tipos de plataformas, sendo necessário que as empresas midiáticas

invistam na estrutura das matérias online. Os espaços online de informação organizados em

uma interface amigável, os sites reformulados, que atualmente passam a ter índices de

rejeição altos (cerca de 80%) por não serem planejados de maneira móvel ou responsiva isso

aponta para uma necessidade de mercado (ID).

Exemplo disso são os espaços online de informação organizados em uma interface

amigável, os sites reformulados, que atualmente passam a ter índices de rejeição

altos (cerca de 80%) por não serem planejados de maneira móvel ou responsiva. Isso

aponta para uma necessidade de mercado criada pelas alterações de comportamento

no contato e consumo de informação que as populações desenvolveram em pouco

tempo. (Id)

Segundo Silva (2015), a comunicação móvel abrange uma nova dinâmica aos

processos jornalísticos, na qual existe o impasse entre a era tradicional e digital. Todas as

mídias podem se beneficiar do Jornalismo Mobile já que permite uma proximidade em tempo

real, e oferece mobilidade na produção e emissão de conteúdo de uma maneira diferente da

tradicional.

Esse tipo de Jornalismo está na palma das mãos dos repórteres, pois o profissional

necessita de apenas um celular para transmitir a notícia. Essa vertente vem tornando-se mais

adepta aos jornalistas e cidadãos comuns, já que esse tipo de jornalismo permite que o público

faça interação com relação à produção das matérias além de compartilhar momentos

particulares para complementar o assunto abordado. A velocidade e a praticidade passaram a

ser essenciais para que os repórteres mandem suas histórias para as redações de modo mais

fácil e conveniente (Quinn, 2014).

O Jornalismo Mobile acontece desde a produção, até o próprio consumo. Para produzir

a partir dessa tecnologia, o repórter não pode abrir mão das regras básicas para um bom

jornalismo, mas ele deve se aprimorar para essa tecnologia. De acordo com Barbosa e

Mielniczuk (2016), as redações devem criar novas maneiras de roteirização para as produções

18

jornalísticas, com objetivo de explorar a integração nos diversos formatos adotados para

resultar em um desenvolvimento de hipertextualidade da multimidialidade e da interação.

Para criar matérias através do Jornalismo Mobile, o repórter conta com a facilidade das

tecnologias móveis para levar a informação em tempo real ao espectador, conseguindo assim

produzir conteúdos com apenas um celular. E os consumos dos materiais produzidos ocorrem

por meio dos smartphones, tablets e notbooks, sendo que os formatos para cada meio devem

seguir uma ordem, para que o resultado final seja agradável e atenda as expectativas do

público.

Para Pellanda (2009, p. 16), a comunicação de forma móvel atinge de maneira direta

questões econômicas e sociais, como profissionais que não possuem locais fixos de trabalho,

já que atuam nas tele-entregas, e em outros casos, freelancers, com escritórios móveis. Com

isso, várias funções da economia informal nasceram dessa possibilidade. Tais atividades

representam uma importante parcela da economia brasileira.

Com a mobilidade na produção das notícias, as tecnologias híbridas avançam para

conseguir ofertar mais conteúdos (SILVA, 2008, p. 5), já que apenas transmitir a notícia se

tornou algo vago, no qual essas tecnologias devem auxiliar o produtor de notícia. Ainda de

acordo com Silva (id), as tecnologias que possuem características de mobilidade fazem parte

de uma introdução do atual jornalismo.

Os celulares se adaptaram de acordo com a evolução tecnológica, já que passaram de

um simples aparelho que efetuava ligações e mandava mensagem de texto, para aparelhos

com funções de computadores, podendo acompanhar notícias, assistir filmes, fotografar, entre

outras funções que os celulares possuem. E que a cada instante os aparelhos se reconfiguram

para se adaptar com as constantes mudanças tecnológicas. Para Pellanda (2009, p. 14), os

celulares se convergem com as mudanças midiáticas e ligam a pessoa ao mundo social.

Eles concentram os acervos de conteúdo com o ponto de ligação entre o indivíduo e

o social: [...] no momento em que celulares começam a conectar com a internet e

oferecem algumas de suas funções – livros, jornais, revistas, conversas por texto ao

vivo ou não, telefonia, videoconferências, rádios, gravação de músicas, fotografia,

televisão – o celular se torna uma casa remota para comunicações, uma casa móvel,

um pocket hearth, um meio de viagem da mídia. (PELLANDA, 2009, p. 14 apud

LEVINSON, 2004, p. 53)

De acordo com Quadro, Rasêra, Moschetta (2013, p. 12), a reconfiguração da

tecnologia móvel para o jornalismo, seguindo os exemplos de Firmino (2009), se dá desde a

produção, até mesmo o consumo, como em alguns telejornais que passaram a adotar o celular

no processo de construção e produção dos conteúdos jornalísticos. Além de que esses meios

19

tecnológicos baseados em dispositivos móveis auxiliam na transmissão dos conteúdos,

lançando versões especiais para algumas plataformas. A expectativa que passa a existir tanto

para os produtores, quanto para o público, já que de acordo com o mesmo autor, os jornalistas

buscam explorar as tecnologias e o público busca mais informação. Os discursos dos

jornalistas se aproximam muito do esperado no surgimento dos jornais na web. A diferença é

que a experiência do jornalismo digital possibilita avançar um pouco mais no

desenvolvimento dos jornais para tablets e que o público também domina determinados

recursos tecnológicos (ID, p. 13)

De acordo com Camargo (2016, p. 67), com toda a evolução presente nos meios

móveis, a área da informação também foi impactada, devido à colaboração dos usuários, na

criação dos conteúdos, já que o público final pode delimitar o que deseja dos meios de

comunicação. As áreas da informação e conteúdo foram as mais impactadas, positivamente e

negativamente, pois a colaboração e a participação ativa na gestão de conteúdos passou a ser

feita pelo próprio usuário e não mais por um quarto poder delimitador. (Id. p. 67)

2.2 O conceito de Jornalismo Cidadão

Abreu considera como um marco do jornalismo cidadão os anos 1970, após um

industrial de petróleo querer financiar projetos jornalísticos para que os valores da

comunidade democrática fossem mostrados a comunidade em geral, no qual o povo passasse

a definir a hierarquia dos assuntos. (ABREU, 2003, p.30)

Desenvolveu-se a partir dessa experiência, orientado para mobilizar, dar a palavra

aos cidadãos comuns e aos responsáveis por associações e comunidades. Baseado na

afirmação dos procedimentos democráticos, esse movimento considerava o

confronto de opiniões o motor das escolhas e da deliberação na comunidade e

apresentava o jornalista como O animador dessa atividade. Esse movimento

representava a democracia participativa, direta, que servia de referência nesse tipo

de jornalismo. (Id)

O jornalista cidadão é aquele que participa como produtor de conteúdo, no qual ele

forma opinião do público. Os jornalistas cidadãos seriam a camada da população que não

possui a formação jornalística, mas que passa a operar como repórter, produzindo e

distribuindo a notícia em diversas plataformas, seja online ou impresso, (BARCELOS, 2011,

p.28). Esse contato que o público tem, pelo fato de partir de um jornalista cidadão, transmite

aos demais espectadores à convicção de que a notícia transmitida ser verídica.

20

O Jornalismo Cidadão, de acordo com Corrêa e Madureira (2010, p. 176), é

caracterizado pelo cidadão que busca atuar nos portais para apenas informar, não levando em

consideração a veracidade dos fatos, sendo questionável essa colaboração desses cidadãos.

O jornalismo cidadão, movido pelas novas tecnologias, estimula o público a alimentar

o projeto em troca de uma remuneração simbólica e do status de “repórter”, ainda que não

“profissional”, mexendo com o imaginário cidadão (MORETZSOHN, 2012, p. 73).

Transformar todo cidadão em jornalista não é uma aspiração nova, apesar da

novidade do conceito: perde-se na memória a origem da confusão entre o exercício

do jornalismo e a defesa da liberdade de expressão. [...] As notícias não podem ser

confundidas como um gosto do repórter, mas sim uma necessidade de informar, (Id,

p. 74).

Embora tenha surgido como uma forma independente de divulgar notícias do público

para o público, o jornalismo cidadão acabou sendo adotado por muitas das empresas de

comunicação em países com as mais diferentes características socioculturais e econômicas

(BARCELOS, 2011, p. 28). Ainda de acordo com o mesmo autor, a presença do público vai

além das mídias digitais, mas é no meio digital que existe maior interação do público com o

programa.

A exploração do jornalismo cidadão por alguns meios de comunicação é também uma

maneira para ganhar mais espectadores, já que é destinado um espaço maior para os

problemas que existem na comunidade (ABREU, 2003, p.32), algo que não é possível

observar em jornais de dos mais variados locais do país, que mostram os problemas mais

importantes de nível nacional.

O cidadão auxilia na construção da mídia, já que passou a conduzir o consumidor para

um produtor de conteúdo, auxiliando as emissoras, (BARCELOS, 2011, p. 27). O público

passaria a conhecer e apreciar uma nova relação com a mídia: participar da produção dos

conteúdos, tornando-se, em alguma medida, um produtor.

Ainda de acordo com Barcelos (Id), o público torna-se influente na produção dos

conteúdos, já que acaba influenciando outros espectadores com sua opinião, tendo que ser

alterada algumas práticas sociais e as rotinas produtivas dentro das redações, sendo uma

forma nova de aprender o fazer jornalístico.

A possibilidade de qualquer um produzir informação dará voz a pessoas que a não

têm tido. E precisamos de ouvir o que elas têm a dizer-nos. Para já, estão a mostrar a

todos e cada um de nós – cidadão, jornalista, objecto da notícia – que existem novas

formas de falar e de aprender (GILLMOR, 2005,apud RODRIGUES, 2008, p.03)

21

É o público que determina o que é jornalisticamente relevante. Já que o espectador tem

o direito de escolher assistir o que mais lhe agrada. Para Medina (1988, p. 20), a seleção dos

conteúdos é norteada pelos interesses que o consumidor tem. Já que a vontade do público é

estar informado para participar, sendo que esses interesses representam para a notícia um

termômetro indispensável (Id).

Mesmo com essa influência que o público possui com relação ao jornalismo cidadão, é

necessário ter o cuidado que existe na produção de qualquer conteúdo noticioso, como

verificar se o conteúdo é real, verificação, parcialidade, equilíbrio e atualidade – funções

inerentes ao bom jornalismo (BARCELOS, 2011, p. 30). A mídia mundial está de olhos bem

abertos em torno do rumo que o jornalismo cidadão parece tomar e os grandes jornais e

veículos de comunicação já enxergam essa participação do público como essencial, algo

irreversível (Id).

2.3 O conceito de Jornalismo Participativo

Dentro do livro de Fonseca e Lindemann (2008, p. 86), é possível observar uma ideia

de Medina (1978), que descreve que a necessidade dos seres humanos de se comunicar, vêm

das primeiras civilizações, já que naquela época, a relação de contato pessoal conseguia

suprir. Ainda de acordo com os mesmos autores, com o passar dos tempos, este tipo de

conhecimento se privou, já que só era transmitido para as pessoas de uma geração para outra.

E apenas depois da invenção do alfabeto, da escrita, da imprensa e da evolução das

tecnologias, possibilitou distribuir as informações de uma melhor maneira (Id, p. 87).

O jornalista participativo é um cidadão que está inserido numa sociedade, no qual o

seu papel dentro do jornalismo é ativo, atuando na produção de conteúdos, seu objetivo é

promover a informação para a democracia da sociedade (CORRÊA e MADUREIRA, 2010, p.

167).

A ideia da participação do público no jornalismo, de acordo com Fonseca e

Lindemann (2008, p. 88), é de que a partir do momento em que o receptor passa a produzir os

conteúdos, acaba descentralizando a emissão e possibilitando que mais pessoas possam

participar da comunicação. Ou seja, ainda de acordo com Fonseca e Lindemann (Id), a

interatividade passa a existir efetivamente, já que a participação não é tão superficial quanto

os meios impressos, e o rádio, permitindo que o público colabore com os conteúdos.

22

Para os teóricos Primo e Träsel (2006, p. 45), o jornalismo participativo deve cobrir o

que a mídia tradicional não focava. Ainda de acordo com os mesmos autores (Id, p. 46), essa

ramificação do jornalismo não possui restrição de redação, já que qualquer pessoa pode

produzir conteúdos, possuindo apenas contato com a internet. Ainda de acordo com os

mesmos autores, o público é anexado ao processo de produção de notícias, já que sem essa

interação não existe o Jornalismo Participativo.

Holanda, et al (2008, p. 58) define o Jornalismo Participativo como uma organização

em rede, no qual as pessoas possuem o mesmo interesse, além de que esses membros dessa

organização se comunicam e o lucro é ficado de lado.

Estamos navegando por águas nunca dantes navegadas. O jornalismo nunca viveu

uma era de tantas incertezas sobre o seu futuro. Mas uma década de jornalismo

digital ainda é muito pouco tempo. Estamos apenas começando nossa jornada pelo

vasto oceano virtual que a Internet nos oferece. (ALVES, 2012, p. 101)

O jornalismo participativo consegue dar voz à participação do público, criando uma

relação próxima do jornalista com o cidadão, só que é necessário tomar alguns cuidados, já

que, ao “tornar-se um jornalista” (RODRIGUES, 2008, p. 09), o cidadão poderá esquecer dos

preceitos fundamentais da profissão.

São necessárias cautelas redobradas como a especulação, as fontes anônimas e a

fiabilidade das informações transmitidas. Podemos ainda questionar se este tipo de

participação pode ser denominada jornalismo, e como já vimos, muitas vezes não é,

até porque quem participa não se formou como tal, não têm os mesmos direitos, nem

tem que cumprir os mesmos deveres, o que desde logo estabelece diferenças

cruciais. (Id).

A participação do público nas questões jornalísticas está em constante aumento, de

acordo com Mielniczuk e Silveira (2008, p. 02), o principal motivo disso é desenvolvimento

da web 2.03, além de a internet está voltada para a criação do coletivo, para aumentar o

conhecimento, no qual todos buscam as informações, e acima de tudo, as pessoas buscam

agregar conteúdo.

Para Barcelos (2011, p. 28), o público possui um papel de leitor-repórter dentro das

redações, já que não possui o conhecimento que um jornalista adquire durante a faculdade,

mas participa. Esse leitor-repórter é capaz de produzir pautas, matérias, vídeos, enfim

diversos tipos de mídia. Ainda de acordo com Barcelos (id), essa relação próxima que existe

3 A Web 2.0 pode ser definida a partir de McFedries (2006 apud Simões e Gouveia, 2008, p. 07), como uma

nova fase eletrônica, no qual o mundo inteiro está inserido, no qual diversas ferramentas são criadas para

potencializar a web. De acordo com Simões e Gouveia (Id), a web passou a oferecer serviços e programas,

permitindo criar novos espaços.

23

entre o público e o jornalista, com relação a produção de conteúdos, pode ser problemática, já

que o leitor não possui a sensibilidade jornalística de tratar de temas delicados, ser isento e

ouvir todos os lados envolvidos, no qual novos métodos de selecionar os conteúdos são

travados.

O objetivo do jornalismo participativo é criar uma comunidade que seja organizada em

rede, baseada nos interesses comuns, no qual o foco é sempre algo comunitário e não pessoal.

Mas é necessário que compreender que essa definição de jornalismo pode variar de local para

local. (HOLANDA, et al, 2008, p. 57).

E praticar o gênero é servir o público. É convocar os cidadãos a exercer

determinadas condutas e ajudá-los a resolver seus conflitos. É incentivar a sociedade

a participar dos fatos e, consequentemente, torná-la co-participante das notícias. Os

jornalistas mostram os caminhos e a população deixa de ser apenas receptora de

informações e fica livre para tomar decisões com base nas análises dos profissionais

da mídia. (DOMINGUES, 2010, P. 18)

Este tipo de jornalismo, de acordo com Fonseca e Lindemann (2008, p. 88), necessita

da colaboração de diversos produtores de notícia, não apenas de um produtor e repórter, já

que ele se constrói a partir de diversas pessoas, só que essa interação não é muito explorada

por gerar dúvidas com relação ao jornalismo tradicional.

O jornalista participativo deve aprender a selecionar o que é importante para o jornal

que ele colabora. Alguns programas jornalísticos estão ampliando o jornalismo para a

participação, que antes era apenas do jornalista, para toda a população. (DOMINGUES, 2010,

p. 21)

Os autores Fonseca e Lindemann (2008, p. 88) resumem esse Jornalismo Participativo,

como o papel do jornalista passou para de gatwaching4. Com a liberdade que o público passou

a ter de enviar os conteúdos para a mídia, e que ele pode selecionar o que deve ser vinculado

em alguma emissora, o jornalista continua com a responsabilidade de representar a realidade.

Mielniczuk e Silveira (2008, p. 02), afirma que essa interação existente entre o público

com as mídias, faz com que o jornalismo seja algo mais visado, no qual os jornais passam a

chamar o leitor para que contribua com a construção das notícias. Ainda de acordo com os

mesmos autores, esse Jornalismo Participativo possibilita que alguns acontecimentos, que

antes não era o foco da mídia, possam ser explorados, além de que pode reduzir custos para as

empresas.

4 O gatwatching é definido aqui como à vigilância dos materiais enviados pelos internautas (na sua maioria,

desconhecidos), nos quais é depositada a confiança de que estão relatando a verdade acima de tudo (um dos

princípios legitimadores do jornalismo). (FONSECA e LINDEMANN 2008, p. 88)

24

De acordo com Alves (2012, p. 101), o jornalismo era considerado exclusividade dos

jornalistas, e com as mudanças tecnológicas, ele passou a ser também dos telespectadores, já

que todos são considerados a participar da produção dos conteúdos jornalísticos. No qual o

público consegue se expressar nos veículos. Numa era em que milhões de pessoas andam com

telefones móveis no bolso equipados com câmeras de fotos ou de vídeo, nada mais natural

que elas registrarem e divulgarem fatos importantes antes da imprensa (ID).

2.4 Jornalismo Mobile interferindo nas práticas do jornalismo

televisivo

Os programas televisivos contam com a interatividade5 com o público, realizando

quadros - nos quais o espectador envia vídeos e fotos de eventos que ocorrem em seu bairro,

assim como reclamações e diversos assuntos. Partimos da hipótese de que a abrangência dos

processos midiáticos, na sociedade, não se esgota nos subsistemas de produção e recepção.

Esses dois ângulos da midiatização da sociedade são fundados na já tradicional descrição do

processo de comunicação como uma relação entre emissor e receptor (BRAGA. 2006, p. 21).

De acordo com Martins (2015, p. 02), esses meios tecnológicos – tablets, câmeras,

celulares – fazem com que as câmeras consigam uma visibilidade, de maneira em que os

conteúdos tornam-se inesgotáveis, no qual os veículos acabam se apropriando.

Assim, as emissoras de telejornalismo – muitas vezes, por meio de um discurso de

jornalismo cidadão, sustentado no aproveitamento sistemático dos conteúdos

gerados por usuários, ou CGUs (Klatell, 2014) – têm se apropriado gradativamente

destes conteúdos, em razão, sobretudo, da expectativa de genuinidade que cerca este

material. (ID)

De acordo com Santos (2008, p. 01), o jornalismo sempre possuiu ligação com o

imediatismo. Durante toda a história, diversas tecnologia foram utilizadas para que a

instantaneidade existisse. Ainda de acordo com o mesmos autor, juntamente com o

desenvolvimento da internet, as tecnologias móveis digitais, também se desenvolveram, no

qual a mesma evolução ocorreu nas rotinas de produção dos telejornais. No âmbito

jornalístico este ambiente pode ser compreendido como uma redação móvel com praticamente

5 A interatividade pode ser definida de acordo como qualquer sistema que o funcionamento permita que o seu

usuário tenha algum nível de participação. (SILVA, 1998)

25

toda a estrutura necessária de uma redação física para a produção jornalística em condições de

mobilidade - (ID).

Para Braga (2006, p. 21), os emissores e receptores podem trocar de funções quando

estão interagindo, já que eles são capazes de responder, seja isolado ou em conjunto, aos

processos relacionados à mídia que estão presentes na sociedade. Ainda de acordo com o

mesmo autor, a relação existente entre o público (receptor) com o programa (emissor) é por

um canal, que no caso são os meios de comunicação.

Com o Jornalismo Mobile, o repórter consegue realizar uma transmissão em tempo

real utilizando um celular e interagindo com o apresentador no estúdio (SILVA, 2016).

Estamos enfocando, assim, a constituição de um novo perfil profissional cuja

descrição da relação com o artefato e os resultados dessas ações nos encaminha para

uma compreensão da complexidade das funções e dos fluxos exercidos na produção

da notícia no cenário de convergência jornalística e de mobilidade. (id, pg. 93).

No jornalismo, a agilidade passou a ser essencial dentro das redações, já que as

mudanças se reconfiguram com as novas tecnologias móveis digitais. O essencial no

jornalismo televisivo é que com essa mobilidade as informações passam a serem transmitidas

em tempo real Silva (in SILVA, 2016).

O jornalismo móvel se torna imbatível nessas situações de emergência quando as

equipes de reportagens tradicionais levam tempo até chegar aos locais com veículos

de microondas, satélites e toda a preparação para entradas ao vivo. Com um telefone

celular com tecnologia de terceira geração (3G) e aplicativos como Movino basta

apenas começar a gravar e pronto. (SILVA in SILVA, 2016, pg. 94).

De acordo com Oliveira (2016), a construção do ao vivo pela televisão gera uma busca

por novidades, de forma que os espectadores se sentem inseridos e presentes nos assuntos

abordados na TV. As imagens transmitidas no momento do ocorrido representam uma

inovação na produção jornalística.

Essas multiplataformas fazem com que as informações circulem e ganhe visibilidade,

o que não gera a substituição da televisão. Por mais que a qualidade dessas imagens/vídeos

não seja igual a das câmeras tradicionais, essas tecnologias permitem a criação de novos

formatos que misturam as novas maneiras da produção de conteúdos com as tradicionais, que

exploram as informações em novos meios.

Há um crescente movimento em torno da adoção do jornalismo em mobilidade onde o

repórter tem à disposição um ambiente móvel de produção com todo o suporte para a

elaboração da notícia diretamente do local onde está acontecendo o fato (SANTOS. 2008, p.

26

03). Ainda de acordo com o mesmo autor, não existe a necessidade do deslocamento do

repórter até a redação para finalizar o texto, existindo uma convergência jornalística, já que

passa a existir uma integração entre as redações tradicionais e online, no qual abre o leque

para as diversas plataformas de distribuição de conteúdos.

2.5 Análise do Programa Balanço Geral para a construção do problema

de pesquisa

Para conseguir compreender essa interferência que o Jornalismo Mobile produz no

televisivo, será necessário realizar um estudo de campo de modo a mapear preliminarmente

essas intervenções.

O objeto escolhido para a análise é o programa Balanço Geral Curitiba, de produção

regional paranaense, que é exibido de segunda a sábado na Rede Record, no horário das 12h

até as 14h. Esse programa é veiculado em todo o país, mas cada estado possui a sua edição.

No Paraná, o programa tem como apresentador Gilberto Ribeiro6, conhecido por ser próximo

da comunidade. O foco do programa é um jornalismo comunitário7, com destaques para

Curitiba e Região Metropolitana. O programa incentiva os espectadores a participar, enviando

vídeos, fotos, denúncias, problemas que a população enfrenta. A interatividade existe por

meio das redes sociais, telefonemas, e-mails, e promoções. O apresentador utiliza um jargão

próprio “com você, pra você e pra mais ninguém”. De acordo com a Analista Marketing de

Inteligência da emissora RICTV, Gessica Moura Pires, o maior público do programa são

mulheres, da classe econômica social C, acima de 50 anos.

A escolha do programa se dá pela proximidade que existe com o público, já que, ao

analisá-lo, é possível observar que o público interage por meio das redes sociais, em especial

o Facebook, respondendo o apresentador. O programa é exibido no horário de almoço, e a

maioria do público consegue interagir. Também são ofertadas promoções aos espectadores,

incentivando a interatividade com o público. Para essa pesquisa será de seis programas

6 O apresentador Gilberto Ribeiro começou sua carreira nos anos 80 como comunicador. Ele passou por

diversos meios de comunicação. Atualmente é deputado estadual, trabalha em duas rádios e apresenta o

programa Balanço Geral Curitiba. 7 A definição de Jornalismo Comunitário se apresenta como um espaço para o debater questões de

diferentes interesses dos grandes veículos de comunicação. Onde o repórter / apresentador, consegue debater

assuntos importantes para a comunidade, já que nos demais veículos na grande imprensa, o assunto não seria

aprofundado. Esses profissionais que estão presentes no Jornalismo Comunitário, atuam na luta por uma causa.

(FREITAS, 2006)

27

(segunda a sábado), já que assim todos os quadros que existem no decorrer da semana serão

observados. O período para a pesquisa foi dos dias 21 até o dia 26 de março de 2016.

Durante a pesquisa, foi possível observar alguns tópicos que exista a interatividade

entre o programa e os espectadores. Mas é necessário compreender que itens como

confirmação da audiência, comentários e fotos, podem ser considerados como interatividade.

Já a prestação de serviço e reclamações são pertinentes ao Jornalismo Mobile, e auxiliam na

produção de possíveis matérias.

a) CONFIMAÇÃO DA AUDIÊNCIA: esse item esteve presente durante toda a semana

observada. O próprio apresentador incentiva os espectadores a mandarem mensagens –seja

por rede social, e-mail ou telefone- e confirmarem a audiência, mandando beijos e abraços.

Quando o espectador confirma audiência, alguns oferecem abraços a empresa que trabalha, e

o apresentador divulga sem cobrar pela propaganda da empresa;

b) PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE: esse item também possui grande

destaque na pesquisa, já que são divulgados por meio das redes sociais, e-mail e telefone, o

desaparecimento de animais e pessoas, a perda de documentos, roubos e também o auxilio de

pessoas necessitadas;

c) RECLAMAÇÃO: as reclamações variam desde a falta de luz na rua até o mau

gerenciamento da cidade. Essas reclamações são de políticos, más condições nos bairros, aos

órgãos públicos, a saúde, educação, transporte, moradia, e banco. Nesse quesito, surgem

algumas sugestões de pautas;

d) COMENTÁRIOS SOBRE AS MATÉRIAS EXIBIDAS: quando a matéria possui

um caráter mais problemático ou impactante, os comentários são exibidos na sequência,

gerando um debate com os próprios espectadores;

e) FOTOS DOS ESPECTADORES: os telespectadores podem enviar “selfies” durante

todo o programa, e no final, é feita uma montagem com algumas fotos e a música tema do

programa;

f) REPORTAGEM EM TEMPO REAL: um repórter com um cinegrafista percorre de

carro a cidade de Curitiba e Região Metropolitana para levar ao telespectador a informação no

28

momento que ocorre. É registrado com um aparelho celular esse distanciamento da redação

até o ocorrido. Esse quadro é possível observar assaltos em andamentos, acidentes, mortes,

enfim, a matéria é divulgada no momento em que o fato ocorreu, sem edição;

g) TÔ NA BRONCA: os espectadores solicitam a produção à participação desse quadro,

no qual eles se tornam repórteres e denunciam alguma irregularidade no bairro em que

moram. Esse quadro não passa de dois minutos. E no final existe alguma nota do órgão

responsável.

Após a coleta deste material, foi possível observar que, em todos os seis dias

analisados, o programa possuiu uma mesma lógica de apresentação, com relação à

interatividade dos espectadores. As maiorias das reclamações existentes se tornam matérias, já

que os espectadores são os olhos da sociedade, e é a partir das reclamações que a equipe de

jornalismo vai averiguar a denúncia, seja em tempo real, ou agendada posteriormente. O

programa mostra as principais informações do dia anterior e da manhã, nas áreas de: policial,

esporte, comportamento, política e prestação de serviço. Alguns tópicos a serem observados

no período:

Dia da

semana /

item

analisado

Prestação de serviço à

comunidade

Reclamação Reportagem em tempo

real

Segunda Foi possível observar

que os espectadores

entendem que o

programa é essencial

para a comunidade.

Nesse dia, um

documento de

identificação foi deixado.

O apresentador auxiliou

na divulgação,

cumprindo com o papel

do Jornalismo Cidadão.

As reclamações aparecem

na maioria dos

comentários exibidos no

programa. Cerca de 70%

dos comentários são

reclamações. E nessa

porcentagem, os itens que

se destacam nesse dia

analisado foram postos de

saúde e educação.

Essas reclamações são

feitas por comentários na

página do Facebook do

programa. Algumas das

reclamações se tornaram

pautas.

Nesse dia analisado, o

repórter e o cinegrafista

seguiam ao local de um

acidente. Essa denúncia

sobre esse acidente foi

revelado por

espectadores nos

comentários e o repórter

foi averiguar. Além

disso, o repórter

também passou no

centro da cidade para

dar alguma informação.

Terça Na terça, os espectadores

utilizaram das redes

sociais para auxiliar na

Na terça, as reclamações

dos espectadores

ultrapassam os 75% na

O repórter e o

cinegrafista começaram

estavam num veículo a

29

procura de pessoas

desaparecidas, e a

solicitação foi mostrada

no Tablet que o

apresentador utiliza. Esse

tipo de prestação de

serviço não é tão

comum, aparecendo

cerca de um entre 20

comentários.

maioria dos comentários.

Essas reclamações ocorrem

para os governantes. Como

questão da saúde,

economia e educação.

Além da rede social, nesse

dia, os espectadores

também fizeram o contato

via telefone com a

produção.

procura de informações.

E no decorrer do

programa surgiu uma

informação que estaria

ocorrendo um assalto

em uma região de

Curitiba, e o repórter e o

cinegrafista vão de

encontro à informação,

para passar a notícia no

momento em que está

ocorrendo. E após essa

notícia, o repórter foi a

outro ponto da cidade

para realizar uma outra

matéria.

Quarta Nesse dia analisado, foi

possível observar que

apareceu via rede social,

a solicitação da

divulgação de um

cachorro que estava

perdido. O apresentador

mostra como que a dona

mandou para ele no

perfil do Facebook.

Na quarta, as reclamações

não chegaram a 50% dos

comentários. Mas a

totalidade desses

reclamações partiram do

Facebook. Os quesitos

reclamados nesse dia foram

a questão de infra-estrutura

das ruas, saúde, educação e

economia. Essas

reclamações partem das

matérias exibidas

anteriormente e

incentivados por outros

comentários.

Na quarta, novamente o

repórter está pronto para

dar a informação

instantânea. E mais uma

vez nos comentários,

surgiu uma pauta sobre

a saúde e o repórter

segue ao encontro da

informação.

Quinta Na quinta, foi possível

observar que a prestação

de serviço teve um

aumento, já que

espectadores divulgaram

a contratação de

funcionários. E

novamente foram

divulgados animais

perdidos. Nesse dia

analisado, cerca de 5%

dos comentários se

destinaram à prestação

de serviço.

Nesse dia, as reclamações

registraram cerca 80%,

todas registradas pelo

Facebook. E as

reclamações eram na

maioria sobre educação e

saúde. Além das

reclamações por má

administração dos

municípios. E essas

reclamações se tornaram

pautas para o dia seguinte.

Nesse dia analisado, o

repórter vai ao encontro

de uma notícia que foi

informada por meio de

telefone a produção do

programa. E após

noticiar um

engarrafamento

resultado de um

acidente, o repórter

procura outras matérias

para serem abordadas

naquele momento.

Sexta Nesse dia analisado,

cerca de 5% dos

comentários foram

referentes a pessoas e

animais que estavam

As reclamações desse dia

ocorreram na maioria sobre

questões de infra-estrutura.

Cerca de 40% dos

comentários foram

Na sexta, o repórter

procurava furos de

reportagem, mas ele

seguiu produzindo

matérias no centro de

30

desaparecidos. Além de

mostrar o alerta de roubo

de um veículo. Os

espectadores enviaram as

solicitações pelo

Facebook e o

apresentador mostra na

íntegra a mensagem.

reclamações sobre esse

tema. E algumas dessas

reclamações que chegaram

por meio das redes sociais

também foram pautadas.

Curitiba, com notícias

em tempo real.

Sábado Nesse último dia

analisado, esse item teve

apenas duas solicitações,

que uma foi de uma

pessoa desaparecida e a

outra de um animal de

estimação.

No sábado, as mensagens

sobre reclamações

passaram dos 80%, e os

temas abordados foram dos

mais variados, indo do

excesso de buracos numa

rua até o caos nas rodovias.

E novamente essas

reclamações vieram além

das redes sociais, por

telefonemas. Algumas das

reclamações se tornaram

pautas.

No último dia, o

repórter teve o auxílio

dos espectadores para

que conseguisse

produzir uma matéria

sobre as estradas, e após

isso seguiu para um

outro ponto de Curitiba

para produzir mais

conteúdos.

Diante do exposto, surge o questionamento: como os processos de produção das

redações televisivas estão sendo adaptados ao Jornalismo Mobile, dentro do programa

Balanço Geral Curitiba?

31

3. Mudanças nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos a partir

das alterações tecnológicas

Esse capítulo é importante para que seja possível compreender a parte teórica do

trabalho, sendo que o leitor encontrará debates teóricos sobre: as mudanças nas rotinas

produtivas de conteúdos jornalísticos, a partir das alterações tecnológicas; outro debate será a

partir da redefinição do conceito de notícia, após as alterações tecnológicas; e o último debate

será sobre as mudanças no telejornalismo regional, analisando também a interferência que o

Jornalismo Mobile possui nos programas televisivos. Esses debates nortearam o leitor para

que compreenda a metodologia aplicada nesta monografia.

Quando abordamos sobre a reconstrução do jornalismo, é necessário compreender que

essa profissão é parte da sociedade. Essa reconstrução se dá graças à participação contínua de

diferentes pessoas, como os indivíduos, os conceitos, as instituições, entre outros, que são

responsáveis na interação delimitada por normas e regras. Segundo, Pereira e Adghirni (2011,

p. 41):

Tais interações se constroem a partir de diferentes graus de institucionalização, que

vão de simples acordos entre um grupo de praticantes à codificação em um conjunto

de normas ou mesmo à criação de um sistema teórico destinado a legitimar certos

comportamentos. (Id).

Essa percepção de estrutura acaba por delimitar ou influenciar nos comportamentos da

sociedade, ou seja, essa estrutura é resultado de acordos individuais e coletivos. “Uma

mudança estrutural se contrapõe a um grupo de mudanças conjunturais e também às micro

inovações que normalmente afetam aspectos específicos de uma prática social” (Ibid, p. 42).

De acordo com Souza (apud MARQUES, 2005, p. 30), a introdução da tecnologia nas

redações permitiu uma mobilidade e transformação mais fácil desses textos, além de que

elementos como os infográficos, que auxiliaram para transformar as notícias. Ainda de acordo

com o mesmo autor, as notícias sofrem ação do meio físico e tecnológico, já que as

adequações nas redações com a tecnologia veio para auxiliar.

Ponte (2005, p. 192) acredita que, de acordo com Stuart Hall. Os valores-notícia vão

além de uma simples seleção das notícias. Esses valores-notícia funcionam de maneira

profunda e não exposta a sociedade, e o responsável por realizar essa definição dos valores,

necessita de um extremo conhecimento sobre o mundo e as culturas. Para Traquina (2005 b), a

produtividade das redações está ligada com os valores-notícias e a organização jornalística.

32

As rotinas precisam ser produtivas. Tal como apontaram vários estudos sobre o

jornalismo, tais burocracias fornecem um ‘subsídio informacional’ aos meios de

comunicação social, porque a produção das notícias fica muito mais barata sempre

que uma grande parte do trabalho é feita por organizações no exterior. (Id. 2005, p.

94).

De acordo com Traquina (Ibid), os jornalistas inventaram novas práticas, técnicas e

valores para a construção da identidade profissional. Mesmo reinventando o universo

jornalístico, algumas características básicas não devem ser deixadas de lado, apesar de que o

tempo se tornou escasso e os profissionais possuem mais funções. No qual a redação é

considerada como o “centro”, e possui consequências sobre o produto jornalístico final como:

diminuição do papel do repórter, já que a cobertura jornalística era produzida nas redações;

assim como o tempo, a noticiabilidade e as rotinas resultam em concentração de trabalho e

poucas fontes; e a última consequência é que as instruções para as matérias partem do

“centro”.

Ainda de acordo com Traquina (Id, p. 95), os jornalistas se deparam com um número

alto de notícias, mas em contra-partida, o tempo é menor para produzir, no qual o profissional

passa a lutar contra o tempo, no qual o jornalista passa a conviver com uma rotina inesperada,

resultado de todas as escolhas feitas durante o conteúdo noticioso.

Marques (2005) relata que para entender a produção de notícias, é necessário

compreender os critérios de noticiabilidade (seleção feita diariamente pelas produções para

definir o que vai para o jornal e o que será excluído), os valores-notícias (item presente na

noticiabilidade que seleciona as informações, esses valores-notícias são relativos ao interesse

e importância da notícia para o meio), os critérios relativos ao produto (são relacionados à

disponibilidade de materiais e características ímpares do produto), os critérios relacionados ao

meio de comunicação (esses critérios variam de acordo com o veículo, que são as análises de

materiais extras, como as fotos, vídeos, gráficos, entre outros). A autora também cita os

critérios relacionados ao público (esses critérios variam num mesmo veículo, já que existem

diversos públicos num único veículo de comunicação) e o último critério é voltado para a

concorrência (assim como o critério relacionado ao público, esse item também será variado de

acordo com os programas). Mas alguns outros autores como Souza (apud MARQUES, 2005,

p. 42) acrescentam critérios, como a organização do trabalho, a localização geográfica e a

divisão das tarefas nas redações.

O reflexo desta mudança diz respeito à transformação das agências de notícias em

gestoras e vendedoras dos conteúdos, seja por meio dos serviços, tradicionais, de

33

mídia, seja pelos serviços extra-mídia. Ainda neste campo, cumpre observar que

cada uma das empresas tomou rumo diferente na forma de comercializar sua

matéria-prima – tanto no formato de textos, quanto de imagens, aí incluídas

fotografias, infográficos, charges, ilustrações. (Id, p. 127).

Assim como os jornalistas, as fontes fazem parte de uma mesma rotina; pode resultar

numa interdependência, no sentido de que uma precisa da outra; na lógica desse pensamento,

é possível analisar que, para Bennett, Gressett E Haltom (apud TRAQUINA, 2005, p. 196) as

relações existentes entre os jornalistas e fontes podem ser definidas como uma relação

simbólica, na qual os dois envolvidos se beneficiam dessa troca. Os benefícios para os

jornalistas são: a eficácia, maior estabilidade profissional e autoridade que valida à

informação. Já os benefícios para as fontes são: a publicação dos atos, destaque social e

legitimidade.

Por mais que existam facilidades com esse meio tecnológico, acaba por inventar

alguns critérios jornalísticos, como o da noticiabilidade, já que todo o processo passa a ter que

ser mais dinâmico e interativo, de acordo com Marques (2005, p. 128). Este critério de

noticiabilidade que o autor (Id) utiliza é ao contrário, já que as disputas pelos jornais no qual

as empresas jornalísticas possui vínculo empresarial acaba impedindo que alguns jornais se

prevaleçam das notícias, e os furos de reportagens estarão no jornal que possui domínio sobre

os outros.

Quando se trata do tempo para a produção das notícias, durante os últimos 20 anos, as

tecnologias digitais auxiliaram para a aceleração dos processos noticiosos. De acordo com

Pereira e Adghirni (2011, p. 45), a velocidade pode ser considerada uma das mais importantes

mudanças estruturais do jornalismo, sendo que essa aceleração do conteúdo jornalístico

possui base antes da introdução da internet, tendo relação com o tempo e as empresas de

jornalismo.

Esse processo tem raízes mais profundas do que a introdução da internet e se

relaciona com a aceleração do tempo social e a adoção do formato de agências de

notícias pelos jornais brasileiros – que passaram a oferecer informações para clientes

no mercado financeiro – a partir da influência de consultores contratados nos anos

1980 junto à Universidade de Navarra (Espanha), que introduziram a noção das

“turbinas informativas”. (Id).

Com as tecnologias, um problema passou a existir, como a perenidade dos produtos

jornalísticos, já que as mídias passaram a ser publicadas na sequência dos acontecimentos,

não existindo mais horário para o fechamento dos jornais. Para Pereira e Adghirni (2011, p.

46), um benefício que as tecnologias digitais trouxeram foi que a notícia passa a se eternizar,

34

num vai e vem constante.

Os processos de produção das notícias e as rotinas das redações, de certa forma

influenciam no resultado final. Marques (2005, p. 45) define sete itens que são responsáveis

pela influência durante o processo de produção das notícias. O primeiro é o pessoal, já que as

notícias são resultado das pessoas, interações e capacidade dos repórteres. O segundo item é

social, sendo que as notícias são resultados do sistema social em que os profissionais estão

inseridos. O terceiro é a ideologia, que as notícias são resultados do contexto social e de ideias

pessoais dos jornalistas, que ficam em torno dos interesses pessoais. Já o quarto e quinto item

são voltados à cultura e ao meio físico em que o profissional está inserido, já que ambos têm

como resultado produtos do sistema em que foram produzidas. O sexto item são os

dispositivos tecnológicos, que dependem dos meios em que estão inseridos e que são

escolhidos para a produção dos conteúdos jornalísticos. E o último item é a questão histórica,

já que as notícias são resultados da história.

3.1 Redefinição do conceito de notícia a partir das alterações

tecnológicas

Para continuar a metodologia dessa pesquisa é necessária a compreensão de “notícia”

pelo viés do Nelson Traquina. Primeiramente, é necessária a definição de valores-notícia

segundo Traquina, já que é fundamental para a prática jornalística, já que ela é responsável

em direcionar o que é notícia e o que não é. Para Traquina (2005-b, p. 63), as notícias devem

seguir um padrão, o qual todos os jornalistas utilizam: o critério de noticiabilidade. Podemos

definir o conceito de noticiabilidade como o conjunto de critérios e operações que fornecem a

aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor como notícia. Assim, os

critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores-notícia que determinam se um

acontecimento possuir um “valor-notícia” (ID).

De acordo com Souza (2016, p. 10), as informações passam por uma série de

qualificações e restrições, até se tornarem notícia, sofrendo influências da organização,

ideológica, cultural, histórica, meio físico e tecnológico, e sobre tudo, influência pessoal.

Vizeu (2016, p. 52) parte do suposto que é necessário compreender a notícia para aí

compreender como ela é produzida. E os códigos e as regras imperam a carreira profissional

dos jornalistas para transformar um simples fato em notícia, no qual a identidade de cada

35

profissional é resultante do meio em que ele está inserido.

Um estudo realizado basicamente com profissionais residentes no Rio de Janeiro

procura mostrar como se constitui a identidade do jornalista e em que ela está

ancorada. Entre outras coisas, a pesquisa indica que a construção da identidade do

jornalista se realiza num contexto em que diversas áreas da vida social se misturam e

se confundem. Não se pode pensar em identidade levando em conta apenas

trajetórias e projetos conscientes e lineares. A vivência profissional é uma fonte de

convivência e contato com essa complexidade. (ID, 2016, p. 57).

Traquina (2005) mostra uma evolução dos critérios de noticiabilidade. Em 1616, não

existiam jornais diários, nessa época existiam as ‘folhas volantes’, sendo que nesse ano foram

publicadas apenas 25. A divisão dessas “folhas volantes” de acordo com Traquina (2005 b, p.

64) era um terço para os assassinatos, outro terço focado nas celebridades e a última parte

sobre algum discurso do Rei. O valor-notícia da época eram os acontecimentos que

produzissem maior espanto. (Id).

As mudanças sociais, econômicas e as novidades tecnológicas em geral uma

modificação grande nos processos da notícia, que vai desde a produção até a apresentação

para o leitor, segundo Pereira e Adghirni (2011, p. 45). Podem-se observar três mudanças

relevantes, como: o fluxo acelerado da produção e disponibilização da notícia, o aumento de

plataformas que dispõe de conteúdos de multimídia, e por último, as alteração nos processos

de coleta de informações.

Alguns formatos canônicos do texto jornalístico – como o lead e a pirâmide

invertida (Moraes, 2004) –, bem como os critérios de noticiabilidade (Jorge, 2007),

subsistem nesse novo cenário. Ao mesmo tempo, novas rotinas produtivas e novos

formatos para o conteúdo jornalístico emergem. Tais mudanças podem ser atribuídas

à possibilidade de acesso a informações por meio de bases de dados, à convergência

de mídias e de redações e à proliferação de mídias institucionais e de ferramentas de

autopublicação. (ID).

Seguindo essa linha proposta por Traquina (2005, p. 63) entre os anos 30 e 40 do

século XIX, as publicações periódicas como os jornais já circulavam, mas quem dominava

eram os políticos. Na época dos anos 30, surgiu a “penny press” que passou a estruturar os

jornais, com outro significado para notícia. Nos Estados Unidos e na França esse novo

jornalismo impera, no qual os jornais davam mais atenção às notícias locais, com interesse

humano, apresentando reportagens sensacionalistas de situações surpreendentes, com

jornalistas para cobrir os fatos (IBID, p. 67). Esses novos critérios de noticiabilidade

redefiniram as notícias e passaram a satisfazer a população.

Ainda de acordo com Vizeu (2016, p. 64), os meios de comunicação estão inseridos na

36

lógica econômica, no qual os mecanismos de mercado são maximizados, deixando em

segundo plano as conveniências culturais da sociedade para se limitar a satisfazer os

interesses imediatos da informação.

Já o último momento analisado por Traquina (2005 – b, p. 67) foi o dos anos 70 do

século XX. Nesse período, o autor define que as importâncias das qualidades duradouras das

notícias, após um estudo em 1979 por Hebert Gans. Após analisar três telejornais e duas

revistas informativas americanas na década de 70, foi investigada a importância do valor-

notícia. Nesse período as características dos anos 40 se aprimoraram, e a notoriedade acaba se

sobressaindo, seja pela fama ou por conflitos. As mudanças observadas nesses três períodos

são mínimas, sendo que uma é resultado de um estudo melhor que da anterior. A essência da

notícia teve pouca evolução.

Dentro do livro de Traquina (2005 – b, p. 70), é possível observar um estudo de

Galtung e Ruge (1965/1993) em que mostram os valores notícias, como: a frequência; a

amplitude do evento; a clareza ou a falta de ambiguidade; a significância; a consonância; o

inesperado; a continuidade; a composição; a referência a nações de elite; a referência a

pessoas de elite; a personalização; e por último a negatividade. Mas cada autor possui uma

visão diferente dos valores-notícia, que de alguma forma contribuem para os processos

jornalísticos.

Pressionadas pelo fantasma do tempo as empresas jornalísticas são ainda mais

obrigadas a elaborar estratégias para tornar o processo produtivo o mais ágil

possível. Não é de graça que os motoqueiros estão na redação para ir buscar as fitas

na rua. Por causa das dificuldades do trânsito, é necessário ganhar tempo. (VIZEU,

2016, p. 125).

Para Traquina (2005-b), os jornalistas fazem uma seleção, e a partir disso constroem o

que é interessante. Esses valores-notícias ocorrem no processo da construção da notícia. Os

valores como: morte, notoriedade, proximidade, relevância, tempo, notabilidade, inesperado,

conflito, infração e escândalo estão presentes nos valores-notícia, sob os critérios de

substantivos. Já na modalidade de critérios contextuais se encaixa a disponibilidade,

visualidade, concorrência e dia noticioso. Nos valores-notícias de construção é possível

encontrar a simplificação, a amplificação, a relevância, a personalização, a dramatização e a

consonância.

Os valores-notícias estão presentes na cultura jornalística, sendo que a política de cada

veículo editorial influencia na organização e na existência de espaços dentro do produto

jornalístico (ID, p. 93).

37

Os valores-notícia não são imutáveis, com mudanças de uma época histórica para

outra, com sensibilidades diversas de uma localidade para outra, tendo em conta as

políticas editoriais. As definições do que é notícia estão inseridas historicamente e a

definição da noticiabilidade de um acontecimento ou de um assunto implica um

esboço da compreensão contemporânea do significado dos acontecimentos como

regras do comportamento humano e institucional. (IBID, p. 95).

Os valores-notícias são vastos, podendo ser alterado de veículo para veículo, não

perdendo o objetivo de determinar a importância de um acontecimento para ser noticiado, mas

de acordo com Agência/jornal (2016), os critérios essenciais são: o imediatismo, a

probabilidade, o interesse, o apelo, a empatia e a proximidade.

Um elemento fundamental das rotinas produtivas, a substancial escassez de tempo e

de meios, acentua a necessidade dos valores/notícia que dessa forma estão

imbricados em todo o processo de edição. Ou seja, não se pode entender os critérios

de seleção só como uma escolha subjetiva do jornalista, mas como um componente

complexo que se desenrola ao longo do processo produtivo. Critérios esses que estão

relacionados com a própria noticiabilidade do fato. (VIZEU, 2016, p. 122).

De acordo com Pereira (2016, p. 47), a rotina existente em uma redação é para facilitar

as decisões tomadas todos os dias pelos profissionais, pois, para definir o que é notícia, é

necessária uma rotina de escolhas. Mas as notícias não são resultado de apenas rotinas e

valores-notícias, outros fatores como a fonte e a produção acabam influenciando para a

construção da notícia.

3.2 As mudanças no telejornalismo regional influenciadas pelo

jornalismo mobile

Para Fernandes (2016, p.16), durante a história da produção do jornalismo regional, os

meios tradicionais de comunicação necessitavam de investir em programas regionais com

produção e participação do público. A televisão focada no público regional é moldada de

acordo com o público e a interação com o meio.

A regionalização permite que a comunidade tenha conteúdos próximos ao seu mundo,

com notícias relacionadas ao bairro, segurança, enfim, de matérias próximas ao cotidiano,

algo que o telejornalismo nacional não consegue abordar. Para Fernandes (ID, p. 18), existe

um aumento de emissoras regionais, já que os números dos espectadores aumentam, com a

necessidade de criar uma identidade com essas emissoras regionais, além de que esse tipo de

38

emissora é capaz de incentivar o desenvolvimento do local.

Desta forma, Bazi (2001) afirma que, com a produção de programas regionais, há

chance de alcançar a publicidade local, porque o valor é mais baixo e a emissora

deve ter intervalos que proporcionem ao anunciante, assim, possibilidade de ver seu

produto na televisão. Ou seja, a TV regional incentiva o desenvolvimento e a

regionalização do mercado publicitário. Em função disso, as agências de

publicidade, bem como seus anunciantes, tornam-se mais que clientes para uma

emissora regional, tornam-se parceiros. (IBID, p. 20).

Nos telejornais, a redação trabalha de maneira mais intensa, devido ao fato de que ao

mesmo tempo em que ela está sendo organizada, ela também está sendo apresentada. Vizeu

(2016, p. 59) compara os telejornais como um cardápio de restaurante, no qual o espectador

escolhe sua refeição, devido ao fato do número maior de notícias. A imagem no telejornalismo

está ligada à necessidade em que a informação televisiva tem de passar de uma forma breve,

sintética, significativa e coerente sobre a notícia. Sendo que a notícia na televisão tem como

foco de repassar a notícia em sua totalidade, podendo ser mais completa, coerente, organizada

e coesa, quando comparada com a notícia em meio impresso, além do aspecto temporal que a

televisão permite ao espectador (ID, p. 128).

Mello (2016, p. 02), descreve que é necessário que os telejornais invistam em

equipamentos e profissionais qualificados, sempre acompanhando as mudanças tecnológicas

nos meios de comunicação de massa. Fazendo um resgate histórico, no início, a linguagem

dos telejornais era parecida com a do rádio, e após anos ela foi se modificando e ficando mais

dinâmica e completa, chamando maior atenção do público.

Para estar sempre na frente e a acompanhar de perto os acontecimentos de impacto

nas sociedades, os telejornais mudaram e exigiram das emissoras o investimento em

equipamentos de última geração e a contratação de profissionais qualificados. Na

velocidade das mudanças na história e na tecnologia, os profissionais do

telejornalismo precisam caminhar rápido para não perder de vista as novas

tendências dos meios de comunicação de massa. Hoje, para cobrir os

acontecimentos locais, estaduais, nacionais e internacionais, os telejornais vão à

beira de seus limites e, a partir de formados particulares, que seguem as exigências

de cada emissora, tentam levar o mais rápido e com a qualidade exigida o

acontecimento para o seu público-alvo. (ID, p. 02).

Para Fernandes (2016, p. 22), as notícias nos telejornais regionais têm como objetivo

de atrair o telespectador com informações locais, que interessem a comunidade de maneira

geral. Em alguns casos, as notícias dos telejornais regionais são a única forma de informação

que o público possui. A televisão é considerada como o maior meio de comunicação do

público, sendo necessária a constante inovação sem deixar de lado a qualidade da notícia. Mas

também é necessário ressaltar que nos programas televisivos regionais, a participação do

39

público existe, e em alguns casos torna-se essencial na produção de conteúdos jornalísticos:

A relação entre jornalistas e telespectadores é significativa para a produção de

telejornais de qualidade, uma vez que há uma interação comprometida com a

cidadania. Além disso, a participação da população no que se refere à sugestão de

pautas é de grande valia e interesse de todos, sobretudo por parte dos veículos de

comunicação, pois é através delas que é possível apresentar problemas do cotidiano,

cobrando, desta forma, soluções imediatas e que, na maioria das vezes, envolvem o

poder público. (Ibid, p. 24).

Para Silva (2016, p. 03), a mídia é capaz de produzir signos e interferir na realidade,

produzindo elementos que de alguma maneira vão interferir na conduta, na identidade pessoal

do espectador, validando a presença do meio e conquistando o público, que resultará no

retorno financeiro.

Alguns programas jornalísticos, tanto brasileiros quanto estrangeiros, já passaram a

adotar a produção de notícias, fotos, vídeos, atualizações de conteúdo por meio dos

smartphones. Para Silva (2008, p. 6), essas tecnologias móveis são capazes de navegar em

redes móveis, além de transmitir matérias ao vivo e utilizar a participação do público através

dos chats, já que o celular se reinventa constantemente.

As diversas plataformas dispostas nas empresas de comunicação sofrem desafios e

oportunidades para ampliarem seus conteúdos. De acordo com Quadros, Rasêra e Moschetta

(2011, p. 10), fatores como a convergência e a audiência são essenciais para o aumento dos

espectadores.

Essas empresas têm se preocupado com a fragmentação da audiência, por isso

adotam a convergência jornalística - um fenômeno global - como estratégia de

crescimento, de fortalecimento da marca e de tentativa de aumentar a audiência. Por

outro lado, o deslocamento do público de um meio para o outro é percebido por

muitas empresas como um fator de risco. [...] Entende-se que toda vez que o público

se desloca de uma plataforma à outra, as chances dele permanecer dentro da mesma

marca tornam-se muito maiores dentro de uma abordagem multimídia, possibilitada

pela adoção da convergência de meios como estratégia. A multimidialidade se faz

indispensável quando pensada em um produto para jovens, haja vista, como já

mencionado anteriormente, a grande atração deste público por telas. (Id)

Mas a evolução não se deu apenas nos quesitos tecnológicos, e também evoluíram os

leitores, nos quesitos de serem mais críticos, buscarem sempre algo a mais e passarem a ser

fornecedores de conteúdos.

Chamar os tradicionais consumidores de notícias de leitores também não é mais tão

preciso. A digitalização, o barateamento dos equipamentos para produzir imagens e

som, a expansão da infraestrutura da internet e a ubiquidade dos dispositivos móveis

fizeram dos cidadãos fornecedores de conteúdo, dando a eles um espaço crescente

no processo de produção jornalística e fazendo surgir os conceitos de user generated

40

content (ugc, conteúdo gerado por usuários), e também o de jornalismo

participativo,termo que traduz uma série de iniciativas com escopo e dimensão

diversos , indo do jornalismo produzido por ou para pequenas comunidades até

grandes iniciativas que, via internet, ganham alcance internacional. (SANTOS 2015,

p. 105)

As tecnologias também afetaram a estrutura das produções de notícias. De acordo com

Santos (id), alguns conceitos, como os da pirâmide invertida e o lead, precisam ser atualizados

constantemente, pois algumas outras formas narrativas foram criadas. Um exemplo de uma

nova forma narrativa criada a partir das tecnologias aliadas ao jornalismo é a construção da

notícia em camadas, que necessita de materiais além do texto. Ainda de acordo com Santos

(Ibid), esse tipo de construção narrativa liga a matéria a hiperlinks que além de analisar a

matéria, mostra ao usuário os desdobramentos e a contextualização do assunto abordado, já

que a partir de agora, o leitor busca o máximo de informação em um único local.

O Jornalismo Mobile é utilizado na maioria das emissoras, já que sua facilidade e

agilidade convém às empresas jornalísticas. Mas vale ressaltar que ele não foi pensado para

substituir câmeras de vídeo de última definição para transmissão de televisão nem câmeras

digitais de alta definição ou gravadores de áudio de transmissão para rádio (QUINN, 2014,

p.89).

3.3 O Newsmaking na construção da realidade

De acordo com estudos realizados por Wolf (2003 apud RUSSI 2011, p. 47) o

newsmaking8 estuda a sociologia da profissão, e no jornalismo, esses estudos são responsáveis

por analisar a seleção das informações, de acordo com o grau de importância. Os critérios de

noticiabilidade envolvem desde a produção, até a finalização da matéria, sendo alterada de

acordo com as rotinas de produção de cada local. O newsmaking ajuda a elucidar como os

meios de comunicação constroem uma leitura da realidade, auxiliando a construir a realidade.

É necessário ressaltar que algumas teorias do jornalismo se complementam. Para

Araújo (2011, p. 07) o newsmaking confronta a teoria do espelho, já que na teoria confrontada

existe o descomprometimento do jornalista em transmitir a realidade, tal qual ela existe.

Uma outra teoria abordada por Piccinin (2006, p. 127), que também faz parte da

realidade e da profissão do jornalismo: a teoria do espelho, ainda de acordo com Piccinin, a

8 Expressão composta pela palavra inglesa news (notícia, novidade) e por making (o mesmo que fabricação), o

newsmaking supre uma lacuna aberta pela hipótese do agenda-setting, completando-se (CARDOSO, p. 09,

2008).

41

notícia pode ser compreendida como um retrato fiel da realidade: ela não sofreria nenhuma

influência (do jornalista ou sociedade). Com a teoria do espelho, mesmo evitando interferir na

notícia, o repórter acaba sofrendo a interferência e colocando o seu ponto de vista, mas isso

pode ocorrer sem intenção, já que a própria cultura em que o jornalista está inserido acaba

alterando alguns conceitos.

Dependendo da mídia, sofremos sua influência, não a curto, mas a médio e longo

prazos, não nos impondo determinados conceitos, mas incluindo em nossas

preocupações certos temas que, de outro modo, não chegariam a nosso

conhecimento e, muito menos, tornar-se-iam temas de nossa agenda. (COLLING,

2006, p. 45)

De acordo com Gutmann (2009, p. 39), a teoria do agendamento / agenda setting9 e

baseia na compreensão das pessoas pautada no meio jornalístico, no qual a mídia é a

responsável em selecionar / agendar o que deve ser pensado e discutido, já que os meios de

comunicação possuem esse poder de construir a realidade. O primeiro estudo da agenda

setting foi realizado no ano de 1972, por McCombs e Shaw, no qual foi analisado a

importância da mídia para construir a realidade. Ainda de acordo com Gutmann, atualmente

são analisadas três vertentes da teoria do agendamento: agenda do público, agenda da política

governamental e construção da agenda pela mídia.

Public Agenda-setting (estabelecimento da agenda do público), que se funda na

relação causal entre os assuntos pautados pela mídia e as questões priorizadas pelo

público; Policy Agenda- setting (estabelecimento da agenda da política

governamental), referente às pesquisas do campo da política e comunicação que

investigam como os meios influenciam nas percepções dos próprios políticos; e

Media Agenda-setting (estabelecimento ou construção da agenda pela mídia), que

corresponde às análises sobre o processo de construção da agenda oferecida pelos

veículos midiáticos. (Id)

A teoria do Gatekeeper10 também é adotada no jornalismo, no qual atem como base

para essa teoria é a análise da escolha das informações para tornarem-se notícias, para

Piccinin (p. 128, 2006), a imparcialidade e a objetividade ficam em segundo plano, já que o

gatekeeper é responsável em selecionar as notícias de acordo com a organização. O

gatekeeper faz o papel de “porteiro” das notícias, sendo que após que a informação chega à

redação, ele é capaz de direcionar para a transformação e notícia, ou não. O gatekeeper utiliza

9 A expressão vem do inglês agenda (pauta, ordem do dia) e set (regular, estabelecer, determinar). (CARDOSO,

2008, p. 03) 10 O gatekeeper (gate = portão; keeper = proprietário, zelador) é o selecionador, aquele que nas “cocheiras”,

segundo o jargão dos bastidores da imprensa, tem autoridade para rejeitar ou transformar a informação em

notícia. (CARDOSO, p. 09, 2008)

42

como base os critérios de valor-notícia. A noticiabilidade, de acordo com Cardoso (2008, p.

12), é um conjunto de regras para determinar se a informação possui capacidade de

transformar em notícia, variando de acordo com os interesses previamente impostos pelo

veículo de comunicação e dos jornalistas para a criação dos valores-notícia. O objetivo dos

valores-notícia é que a notícia tenha existência pública. De acordo com Silva (2005, apud

CARDOSO, 2008, p. 12), lista os 12 principais valores-notícia, são eles: o impacto, o

conflito, a proeminência das pessoas, a polêmica, a raridade, a proximidade, o entretenimento,

o conhecimento, a surpresa, a tragédia, o governo, e, a justiça. Os valores-notícia funcionam

como base para o gatekeeper, ressaltando que alguns desses itens podem ser modificados, de

acordo com as normas de cada veículo.

A série de escolhas por onde o fluxo de notícias tem que passar estão muito

relacionadas e dependentes de juízos baseados na subjetividade e juízo dos

jornalistas. Os resultados das pesquisas nesta área têm indicado que o background

cultural do editor gatekeeper e a lógica operacional econômica da instituição

noticiosa são as principais interferências sentidas na configuração do jornalismo.

(Id)

Essas complementações entre as teorias auxiliam para um maior debate. O

Newsmaking, de acordo com Russi (2011, p. 50), é voltado para a compreensão da função do

jornalista para as escolhas das informações que podem se transformar em matérias, buscando

compreender como são essas escolhas e tudo que influencia a decisão.

Portanto, embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade,

não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a

submissão a um planejamento produtivo. [...] Assim, uma suposta intenção

manipuladora por parte do jornalista seria superada pelas imposições da produção

jornalística. (PENA, 2010, p. 129)

O jornalismo é um recorte do mundo, analisado por uma determinada perspectiva,

Gadini (2007, p. 80) descreve que a estrutura do jornalismo é determinada em cada veículo,

no qual exploram as imagens e textos, fazendo com que tenha atenção, podendo usar do

imaginário para atrair o público. Assim, o discurso jornalístico é compreendido como mais um

dos inúmeros produtos que circulam no espaço social em que se situa a noção de construção

social da realidade (Id).

Para Russi (2011, p. 51), as rotinas produtivas também influenciam o newsmaking, já

que a organização existente dentro das redações acaba interferindo nas definições dos valores

notícia do veículo.

Berger e Luckmann (apud AGUIAR 2006, p. 76) propõem que a realidade deve ser

43

observada como uma teia de significação, no qual é construída em sociedade; sendo assim,

cada local terá suas preferências para as informações. O sistema de pensamento do senso

comum da categoria jornalística formula uma lógica de atuação profissional na qual aponta

que a função do jornal é fornecer relatos dos acontecimentos significativos e interessantes

(AGUIAR, 2006, p. 77).

O newsmaking, de acordo com da Costa (2005, p. 115), engloba um total, e não itens

de maneira isolada, já que o processo de seleção é baseado na política do veículo, nos aspectos

administrativos, a estrutura da empresa, questões financeiras, formulando assim os critérios de

noticiabilidade que mudam de local para local.

Araujo (2011, p. 09) relaciona o newsmaking com o poder social das mídia, já que eles

elas possuem influência na população, como exemplo no caso no qual o jornalismo se colocou

contra a corrupção no Brasil, denunciando e resultando na demissão de seis ministros,

mostrando que a mídia possui influência .

Para Pereira Jr. (apud CARDOSO, 2008, p. 13), o newsmaking é capaz de aumentar as

possibilidades de captar o funcionamento que existe na distorção do inconsciente, devido às

rotinas que a profissão impõe e a sociedade em que está inserido sobre a função de informar.

De acordo com Cardoso (2008, p. 02), a mídia é capaz de interferir na sociedade, estruturando

a realidade a partir dos critérios definidos previamente, formando opiniões, a partir do ponto

de vista de cada veículo.

Para Pena (2010, p. 128), o newsmaking não é um espelho da realidade, mas sim uma

construção da realidade, pois, tudo que é produzido nas redações acaba sendo submetido a

algumas normas sociais. De acordo com o autor, alguns itens como os valores-notícia, rotinas

de produção e audiência interferem na notícia que será construída.

44

4. Procedimentos Metodológicos

Durante este capítulo, será possível encontrar definições de Etnografia, Grupo Focal e

Entrevista, além do plano de ação do 7° e 8° período, e por último a metodologia aplicada

nesta pesquisa.

Este capítulo é importante, já que será possível compreender os conceitos necessários e

para que seja compreensível as análises que serão feitas no decorrer desta pesquisa.

Neste capítulo, é possível compreender a Etnografia como metodologia desta pesquisa,

além dos conceitos que será aplicado na observação participante do programa Balanço Geral

Curitiba. Já os conceitos de Grupo Focal, nortearam para o desenvolvimento dos grupos

focais que fazem parte desta análise. A Entrevista também será conceituada para que possa ser

utilizada na análise. Já o plano de ação do 7° e 8° período, servem para comprovar todo o

desenvolvimento desta monografia. E por fim, a metodologia aplicada nesta pesquisa serve

para introduzir o leitor, ao que ele encontrará no próximo capítulo.

4.1 Etnografia como metodologia de pesquisa

Uma das metodologias escolhidas para essa pesquisa é a etnografia, já que ela integra a

observação participante, como base a percepção e análise do local.

A definição de etnografia, de acordo com Pena (2010, p. 151), é de se aprofundar na

cultura em que está estudando, para que a partir daí seja possível compreender as atitudes do

local em que está analisando. Ainda de acordo com o autor, o objetivo dessa metodologia é se

colocar do outro lado, para que a partir disso seja possível ampliar a visão para a compreensão

das atitudes adotadas no sistema analisado.

A etnografia, de acordo com Brewer (apud SILVERMAN. 2009 p. 71), estuda as

pessoas em determinados locais, através da ordem natural das coisas, sendo que a partir da

coleta de dados dos significados sociais.

A pesquisa etnográfica, de acordo com Rovida (2015, p. 78), consiste em ir ao mundo,

conversar, mas acima de tudo, observar. Surgida como metodologia de pesquisa de campo de

etnógrafos e antropólogos, a observação participante se consolidou como procedimento

eficiente para alcançar informações mais detalhadas sobre os fenômenos sociais (Id).

De acordo com Dalmolin; Lopes e Vasconcellos (2002, p. 25), para conseguir aplicar o

45

método etnográfico, o pesquisador deve entrar no campo que tende a ser analisado, de forma

diferente da habitual, no qual ele fará o papel de analisar o que ocorre, já que a pesquisadora

possui uma relação privilegiada dos acontecimentos.

De acordo com Spradley (apud LIMA. 1996, p.04), a etnografia é a descrição do modo

de vida de um determinado grupo, a partir da visão do pesquisador.

A etnografia possui como base a percepção e análise do local. Para Teis e Teis (2016,

p. 01) a pesquisa etnográfica está inserida como uma pesquisa qualitativa, sendo necessária a

interpretação dos dados obtidos. De acordo com o mesmo autor, nesse tipo de metodologia, é

possível com os dados aproximar da realidade, sendo necessário conseguir captar as ações das

pessoas que estão em observação; em outras palavras, esse método é resultado da

interpretação do pesquisador. Para que uma pesquisa seja reconhecida como do tipo

etnográfico, deve preencher, antes de tudo, os requisitos da etnografia que tem como

premissas a observação das ações humanas e sua interpretação, a partir do ponto de vista das

pessoas que praticam as ações. (Id)

Conforme já dito, de acordo com Teis e Teis (2016, p. 01), a pesquisa etnográfica é

considerada como qualitativa, ou seja, é voltada para a interpretação, podendo ter o mínimo de

manipulação possível, por parte do pesquisador. Esse método é utilizado em estudos de grupos

presentes na cultura. Segundo Teis e Teis (Id, p. 02), a pesquisa etnográfica não envolve a

manipulação, já que é analisado algo espontâneo.

A pesquisa etnográfica permite uma melhor observação dos fatos e das práticas

cotidianas do jornalismo. Para Traquina (apud BORGES, 2014, p. 71), existem três principais

contribuições dessa metodologia:

Primeiramente, com essa abordagem foi possível notar a importância da rede

informal entre os jornalistas e a ligação cultural advinda do pertencimento a uma

comunidade profissional; segundo, viu-se que as rotinas são um elemento central

no processo de produção de notícias; em terceiro lugar, serve como

questionamento às teorias instrumentalistas que defendem que há um conluio no

processo de produção de notícias e uma intenção consciente de distorção dos fatos.

(Id)

Para conseguir aplicar a metodologia da etnografia, Severino (apud ROVIDA 2015, p.

78) explicou como utilizar na prática. De acordo com o autor, o observador deve agir, de

maneira a identificar tudo que está ocorrendo a sua volta, acompanhando todas as ações, e

agindo de forma neutra, para não interferir no resultado. Esse método possui um desafio, pois,

a questão é de como analisar os dados obtidos pela etnografia de maneira mais neutra

possível, já que os dados obtidos neste tipo de pesquisa acaba sendo interferido pela cultura,

46

pelas ideologias e pelos pré conceitos das coisas.

De acordo com Teis e Teis (2016, p. 03), a etnografia estuda os significados das ações

e os eventos para as pessoas, uma descrição da cultura. Aos poucos, é através da observação

que o pesquisador conseguirá compreender e estudar a realidade do grupo estudado.

A etnografia pode ser definida a partir de Segovia Herrera (apud LIMA. 1996, p. 04)

como a análise de outra cultura, afim de conhecer os comportamentos alheios, a partir de

algum aspecto. Vale ressaltar que a etnografia é uma metodologia, que possui a observação

como uma forma de aplicá-la, não sendo apenas isso. Mas esse tipo de pesquisa também pode

ser considerado como subjetiva, por ser influenciada pela sociedade. Essa pesquisa é

composta por observação, coleta de dados e questionamentos.

De acordo com Pena (2010, p. 152), a pesquisa etnográfica voltada para a cultura

jornalística existe para a compreensão de descrever o porquê das notícias são como são, já que

assim como em outras culturas, as redações jornalísticas possuem certos costumes e normas

que devem ser analisados.

Só vejo duas maneiras de empreender um estudo etnográfico sobre o jornalismo:

1. Se o pesquisador não tem afinidade com a cultura das redações, deve se

integrar como um de seus membros antes de iniciar a pesquisa. 2 . Se o

pesquisador é jornalista, deve retirar-se do ambiente das redações por um bom

tempo, adquirir uma visão externa sobre a profissão e, só então, retornar à

redação para fazer a pesquisa de campo. (Id)

Para Severino (2014), a pesquisa etnográfica busca entender o cotidiano de

determinado assunto, no qual o pesquisador mergulha num outro ambiente, com uma lente de

aumento. Para a observação, ainda de acordo com o mesmo autor, o pesquisador passa a

executar o papel de identificação dos fenômenos, acompanhando as ações e observando todas

as reações e situações vivenciadas, e o pesquisador registra todos esses fatos observados.

Lago (2008, p. 51), define que a pesquisa etnográfica consiste em sair da sua própria

cultura e analisar a cultura dos outros. Ainda de acordo com a mesma autora, esse método se

aplica de maneira de analisar a pesquisa com um método empírico, sendo que essa

participação deve ocorrer durante todo o processo.

É esse olhar sobre o outro que constitui a observação participante. Observação

porque o antropólogo no campo, inicial e principalmente, observa. Depois de ter

47

sido adequadamente contaminado pelo ethos antropológico, realizado na

pesquisa inicial, identificado quais as questões que pretende enfocar, enfim,

construído seu objetivo dentro do horizonte da antropologia, o pesquisador deve

estar pronto para o trabalho de campo, experiência ritual que o colocará em

contato com o Outro e que iniciará com sua observação sobre a totalidade

possível das práticas do grupo. (Id)

Para que essa metodologia possa ser aplicada, é necessário, de acordo com Lago (id, p.

52), logo que o observador chegar ao ambiente, ele fará as anotações sobre as análises,

impressões e o cotidiano analisado, além de ouvir pessoas que possam auxiliar na pesquisa.

Para conseguir analisar o programa Balanço Geral Curitiba, a metodologia aplicada

nesta pesquisa ocorrerá em três momentos: pesquisa etnográfica, entrevistas e questionário

para o público, já que dessa maneira será possível observar como estão sendo readequadas as

rotinas produtivas televisivas com o Jornalismo Mobile, frente ao programa já citado, sendo

que uma metodologia complementa a outra.

O problema desse método é que quando for realizar essa observação, algumas coisas

podem ser omitidas. Para Teis e Teis (2016, p. 01) a pesquisa etnográfica está inserida na

qualitativa, sendo necessária a interpretação. Para esse método, é impreterível que as bases

sejam a observação das ações e a interpretação.

Para que uma pesquisa seja reconhecida como do tipo etnográfico, deve preencher,

antes de tudo, os requisitos da etnografia que tem como premissas a observação das

ações humanas e sua interpretação, a partir do ponto de vista das pessoas que

praticam as ações. Trata-se de gerar dados aproximando-se da perspectiva que os

participantes têm dos fatos, mesmo que não possam articulá-la. Para conseguir

captar esse sentido, as ações do próprio pesquisador precisam ser analisadas da

mesma forma como as ações das pessoas observadas. Assim sendo, todo processo é

interpretativo. (Id).

A pesquisa etnográfica é considerada como qualitativa, ou seja, é voltada para a

interpretação, sendo considerada mais neutra possível, sendo utilizada em estudos de grupos

presentes na cultura, segundo Teis e Teis (Id).

Naturalística ou naturalista porque não envolve manipulação de variáveis, nem

tratamento experimental; é o estudo do fenômeno em seu acontecer natural.

Qualitativa porque se contrapõe ao esquema quantitativista de pesquisa (que divide a

realidade em unidades passíveis de mensuração, estudando-as isoladamente),

defendendo uma visão holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta todos os

componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas. (Ibid, p.

02).

48

De acordo com Teis e Teis (Idid, p. 03), a etnografia estuda os significados das ações e

os eventos para as pessoas, uma descrição da cultura. Aos poucos, através da observação que

o pesquisador conseguirá compreender e estudar a realidade do grupo estudado. Mas esse tipo

de pesquisa também pode ser considerado como subjetiva, por ser influenciada pela

sociedade. Essa pesquisa é composta por observação, coleta de dados e questionamentos

Outro caminho para a metodologia é a observação se dá por coletar dados e

informações, no qual utilizara os sentidos para complementar as características do local. É

considerado por Lakatos e Marconi (2001, p. 191) algo básico para uma investigação

científica, esse método vai além do que é mostrado, mas também os comportamentos e

evidencias que não são mostradas ao espectador. Esse método é satisfatório e estuda diversos

fenômenos, exige menos do que outras técnicas e permite a exploração de informações que

não exploradas em outros métodos. Mas é necessário não se iludir por impressões. A

observação se divide em assistemática, sistemática, não participante, participante, individual,

em equipe, na vida real e em laboratório.

Para a construção dessa pesquisa, será necessária a utilização da observação

sistemática, (já que tem característica planejada e controlada, a pesquisadora já tem

delimitado o que procura analisar, reconhece erros e elimina a sua influência sobre o que é

analisado), da observação individual (a pesquisadora consegue analisar por vários ângulos,

intensificando o objetivo proposto, analisando dados, o que é real e o que é interpretação), e o

último tipo de observação é na vida real (já que registra os dados de maneira espontânea).

(Ibid, p. 194).

4.2 Grupo Focal

O outro método utilizado é o grupo focal. Para Backes (2011, p. 439), o grupo focal

tem como premissa basear-se na tendência humana de formar opinião com relação à interação

de algo que está sendo estudado. Ainda de acordo com os mesmos autores, este tipo de

pesquisa é capaz de conseguir gerar novas concepções e análises, a partir de uma troca de

ideias.

Carlini-Cotrim (1996, p. 287), define como é realizada essa pesquisa: o grupo é

composto de seis a dez pessoas que não se conhecem, e possuem características definidas pelo

pesquisador, no qual as opiniões e a interação fazem parte da pesquisa, que acaba colocando

49

em questão as opiniões descritas numa pesquisa individual realizada anteriormente. Ainda de

acordo com o mesmo autor, a duração dessa pesquisa é de uma hora e meia.

De acordo com Pichon-Rivièri (apud ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004, p. 09) Um grupo

focal é definido por um conjunto de pessoas que possuem algo em comum, esse tipo de grupo

é operativo, sendo que cada pessoa pertencente a esse grupo tem uma função, ligado a

comunicação e aprendizado. Para realizar essa etapa, foi selecionado um grupo com seis

pessoas para analisar algumas cenas relacionadas ao programa Balanço Geral Curitiba e

outros programas semelhantes, para que a partir dessas imagens seja possível construir essa

relação do público com o programa.

Para Mazza, Melo e Chiesa (2009, p. 184), este tipo de pesquisa é mais prática e

consegue desvendar os objetivos do público, já que é feito diretamente com eles, já que o

grupo focal exige uma interação entre os membros do grupo, no qual o intermediador fará o

papel para não se dispersar sobre o tema. Ainda de acordo com as autoras, esta pesquisa é

mais interpretativa do que descritiva, permitindo opiniões diversas.

De acordo com Gui (2003, p. 138), o grupo focal busca analisar as várias ideias,

buscando a interação entre os participantes do grupo, no qual cada integrante deve expor sua

opinião e justificar, podendo argumentar as demais opiniões presentes no grupo. Ainda de

acordo com o mesmo autor, a vantagem desta técnica é observar a interação dos participantes

sobre um tema em comum, que todos os integrantes tenham conhecimento.

A essência do grupo focal consiste justamente em se apoiar na interação entre

seus participantes para colher dados, a partir de tópicos que são fornecidos pelo

pesquisador (que vai ser no caso o moderador do grupo). (CARLINI-

COTRIM, 1996, p. 286)

Para definir as pessoas que irão fazer parte desse grupo focal, será necessário, de acordo

com Aschidamini, Saupe (ID, p. 10), colocar alguns critérios, como sexo, idade, classe social,

idade e profissão, sendo que estas pessoas terão um perfil próximo ao público do programa.

Para esta pesquisa foi utilizado um público misto, alternando as classes sociais, para que desta

maneira fosse possível compreender as opiniões do público, buscando pessoas que assistam o

50

programa regularmente.

De acordo com Ressel (2008, p. 780), os grupos focais são baseados em diálogos sobre

algo em comum, no qual recebem estímulos pelo pesquisador. Tudo é desenvolvido de

maneira grupal. Ainda de acordo com Ressel (Id), o grupo focal auxilia para formar novas

ideias, além de contextualizar e interpretar os valores, conceitos e pontos de vista. Ressel

relata que é possível ir além das respostas obtidas, nesse tipo de pesquisa, é possível

investigar os fatos por estar em grupo.

Essa técnica distingue-se por suas características próprias, principalmente pelo

processo de interação grupal, que é uma resultante da procura de dados. Em uma

vivência de aproximação, permite que o processo de interação grupal se

desenvolva, favorecendo trocas, descobertas e participações comprometidas.

[...] O GF também é adequado para ser consultado em estágios exploratórios de

uma pesquisa, quando se quer ampliar a compreensão e a avaliação a respeito de

um projeto, programa ou serviço. E pode ser associado a outras técnicas de

coleta de dados, concomitantemente. (Ibid)

Dentro do livro de Gui (2003, p. 139) é possível observar um estudo de Berg (1998), no

qual ele relaciona o grupo focal a partir de oito principais características:

a) Definir um objetivo de pesquisa;

b) Selecionar as características do grupo;

c) Existir uma relação profissional e ética por parte do mediador do grupo, para que

não interfira no resultado final;

d) Clareza por parte do mediador para que as propostas sejam bem explicadas;

e) O mediador deve estar atento, caso seja necessário realizar outras perguntas e

conseguir contornar situações que possam fugir de controle;

f) Estruturar e direcionar o grupo para que o debate ocorra da melhor maneira;

g) Utilizar algum meio para registrar o momento, seja o registro por voz, imagem ou

anotações;

h) O mediador deve registrar as informações e quaisquer reações ocorridas no

momento da pesquisa, para que posteriormente seja possível a transcrição.

51

4.3 Entrevista

Outra técnica a ser utilizada é a entrevista. A entrevista é um encontro entre duas

pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto,

mediante a conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na

investigação social, para coleta de dados - (MARCONI.1999, p. 92). Ainda de acordo com o

mesmo autor, o principal objetivo da entrevista é conseguir informações do entrevistado,

sobre algo que deseja.

Com a entrevista é possível conseguir uma investigação social, no qual a precisão,

focalização e validade são desenvolvidas com a conversação, podendo conseguir informações

importantes, é mais flexível e é possível avaliar condutas e comportamentos. Para Lakatos e

Marconi (2001, p. 196) os objetivos das entrevistas são: descobrir fatos, desvendar planos de

ação, motivos que interferem nas opiniões e compreender a conduta das pessoas de acordo

com os sentimentos. As entrevistas se dividem em padronizadas, que possui um roteiro

determinado, e as despadronizadas, no qual o pesquisador pode seguir qualquer direção na

entrevista. Serão abordados os dois modelos de entrevistas, sendo que no início, as entrevistas

terão um padrão e no decorrer, elas poderão caminhar em um determinado rumo que a

entrevista levar.

Duarte (2004, p. 216), aponta cinco regras importantes para realizar entrevista:

a) Definição dos objetivos da pesquisa;

b) Conhecer com profundidade o tema da entrevista;

c) O pesquisador absorve o roteiro da entrevista;

d) Deve existir segurança e confiança da entrevista que será feita;

e) O pesquisador deve utilizar em momentos propícios, a informalidade.

Os métodos de observação e entrevista foram escolhidos, já que o que faltar em um se

complementa com o outro. Características que ficarem escondidas na entrevista podem ser

compreendidas nas observações.

Para Marconi (1999, p.95), as principais vantagens deste método são: que as entrevistas

podem ser feitas com qualquer pessoa, independente do grau de escolaridade; possui

flexibilidade; é possível analisar também as atitudes feitas durante a entrevista; e é possível

conseguir informações precisas.

52

De acordo com Boni e Quaresma (2005, p. 72), a entrevista é necessário para que seja

possível coletar alguns dados que não ficaram claros após a pesquisa bibliográfica e da

observação, já que esta metodologia complementa a coleta de dados. A entrevista como coleta

de dados sobre um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de

trabalho de campo. Através dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja, coletar

dados objetivos e subjetivos. (ID)

Duarte (2004, p. 215) descreve que para realizar entrevista é necessário mapear o local onde

se deseja entrevistar, sendo que baseia numa percepção.

Realizar entrevistas, sobretudo se forem semi-estruturadas, abertas, de histórias de

vida etc. não é tarefa banal; propiciar situações de contato, ao mesmo tempo

formais e informais, de forma a “provocar” um discurso mais ou menos livre, mas

que atenda aos objetivos da pesquisa e que seja significativo no contexto

investigado e academicamente relevante é uma tarefa bem mais complexa do que

parece à primeira vista. (ID, p. 216)

Algumas normas são estabelecidas por Marconi (1999, p. 96), para que consiga

realizar uma boa entrevista. São elas:

a) Contato inicial; o pesquisador deve estabelecer uma conversa tranquila com o

entrevistado, explicando o que se pretende com a entrevista. É necessário que exista confiança

de ambas as partes, e a conversa deve ser de amizade e ética. Este contato deve ser realizado

com tempo, para que não exista problemas;

b) Criação das perguntas: a formulação dessas perguntas devem ser feitas,

relacionadas ao tipo de entrevista. Se acaso for padronizadas devem seguir um roteiro. Se for

despadronizadas deve deixar o entrevistado a vontade;

c) Registro da resposta: as respostas devem ser anotadas, e se possível utilizar um

gravador para auxiliar;

d) Término da entrevista: ao finalizar, é necessário existir o mesmo ambiente do

contato inicial, já que se for necessário, volte a ter contato com o entrevistado;

e) Pontos importantes: as respostas devem possuir validade, relevância, ser

específico e claro, possuir profundidade e extensão.

4.4 Plano de ação do 7° e 8° período

53

Durante o sétimo período, realizado no primeiro semestre de 2016, foi iniciada a

pesquisa científica. Primeiramente foi realizado o processo científico monográfico. O

primeiro passo foi chegar ao problema de pesquisa: compreender o fenômeno do ‘Jornalismo

Mobile dentro das redações dos programas televisivos’. Esse tema foi motivado após uma

primeira observação empírica do programa a ser estudado nesta pesquisa. Além de que esse

tema é atual e possui grande abrangência, motivando a dedicação e o desenvolvimento da

ideia.

O segundo passo dessa pesquisa foi delimitar o tema, realizando um afunilamento dos

temas para chegar a um problema. Nesse caso, para chegar à ‘Investigação do Jornalismo

Mobile dentro das redações de programas televisivos, com foco no programa Balanço Geral

Curitiba, foi necessário delimitar o primeiro item desse tópico que foi o ‘Jornalismo

reconfigurado para internet’, no qual o tema já foi afunilado e direcionado para a construção

do problema. O segundo tópico foi direcionado para as definições dos conceitos básicos de

jornalismo, guiando o leitor para o objetivo proposto pela pesquisadora. Já o último item foi

analisar como o ‘Jornalismo Mobile interfere nas práticas do televisivo’, nessa etapa da

pesquisa, a pesquisadora já afunilou o tema e direcionou para um objetivo, que já estava

proposto. Esse momento é importante, já que o pesquisador mostra o caminho para chegar à

pergunta que deve ser respondida com o trabalho, para concluir essa etapa foi responder: o

que eu quero mostrar com esse trabalho e o que / como e porque eu quero conhecer com esse

estudo.

A próxima etapa dessa pesquisa foi revisar a literatura, para que não fizesse trabalhos

iguais. Ela ocorreu em todos os momentos da pesquisa, e se atualizando com temas próximos.

Para continuar esse projeto monográfico foi realizada uma pesquisa de campo, observando o

programa Balanço Geral, para mapear preliminarmente essas intervenções que o Jornalismo

Mobile produz no televisivo. Esse programa é exibido de segunda-feira a sábado, pela Rede

Record, das 12h às 14h. A escolha desse programa como objeto de pesquisa se dá por ser um

programa regional, com proximidade com o público e com a interação que existe do público

por meio de redes sociais. Assim analisou-se o programa por uma semana (21, 22, 23, 24, 25

e 26 de março de 2016), sendo possível investigar todos os programas veiculados durante uma

semana. O resultado dessa análise foi que, durante os dias analisados, existiu uma mesma

lógica de apresentação, e a interatividade esteve presente em todos os dias. Algumas

reclamações tornam-se matérias, o público se torna os olhos da sociedade, os espectadores

quando realizam uma reclamação e essa denúncia é averiguada por equipes de reportagens.

Além de que foi possível analisar que o público guia o programa.

54

Com a pesquisa feita, o próximo passo foi construir o problema de pesquisa, que após

esse estudo foi possível concluir com êxito, já que toda a delimitação e a pesquisa de campo

guiaram para construir o problema da pesquisa.

O outro passo foi à definição do objetivo geral e os específicos dessa pesquisa, que

foram influenciados pela delimitação do tema e do problema da pesquisa. Esses objetivos irão

delimitar toda pesquisa. A próxima etapa realizada foi à justificativa da pesquisa, no qual foi

argumentada a importância desse trabalho para o campo da comunicação. Buscou-se levantar

o estado da arte desse trabalho, com autores próximos ao tema analisado. Além de levantar

possíveis hipóteses de resultado dessa pesquisa.

A fundamentação teórica foi uma das partes consideradas mais importantes, já que,

nessa fase, a pesquisadora delimitou os teóricos principais dessa pesquisa, assim como para

definir dividiu em dois eixos principais: o jornalismo reconfigurado para internet; mudanças

nas rotinas produtivas de conteúdos jornalísticos com as alterações tecnológicas. Nessa etapa,

novamente foi afunilado o tema, para fundamentar o tema proposto no início dessa pesquisa.

Dentro desses dois eixos principais, ocorreram os desdobramentos dos temas, para que assim,

o leitor consiga ter o mesmo raciocínio da pesquisadora.

Também foi construído o tópico descrevendo a metodologia do trabalho, no qual se

procurou explicar a estratégia metodológica, as técnicas utilizadas, os recursos utilizados e as

pesquisas realizadas.

A estrutura metodológica dessa pesquisa é composta em quatro partes. A primeira

parte é voltada para a pesquisa bibliográfica para definir os autores que possuem um estudo

próximo ao tema escolhido, auxiliando para uma análise. A segunda parte é composta pelo

estudo do método etnográfico. Já a terceira parte é composta pelo método do grupo focal. E a

última parte é a entrevista.

Outro momento importante foi a negociação feita para conseguir analisar o programa,

além de definir as estratégias utilizadas para cada análise. O último passo para a conclusão

dessa pesquisa foi o desenvolvimento da pesquisa, de acordo com Lakatos e Marconi (2001,

p. 155), a pesquisa é um processo irrevogável com um método pré-estabelecido e que

necessita ser científico e resulta em um conhecimento de uma realidade.

55

4.5 Metodologia aplicada na pesquisa

O produto analisado nesta monografia é o programa Balanço Geral Curitiba, que

será analisado em 3 etapas da metodologia etnográfica:

• Observação participante;

• Entrevistas com os produtores;

• Pesquisa com o público (grupo focal).

Em um primeiro momento é possível definir que o método etnográfico se aplica por

permitir, de acordo com Wolf (1995 apud Lago 2008, p. 48), a etnografia permite observar,

após uma devida orientação, às práticas que fazem parte da produção cultural. Com a

observação participante dentro do programa Balanço Geral Curitiba, será possível identificar

como são selecionados os conteúdos enviados pelos espectadores, qual o valor-notícia

empregado neste programa, quem são os gatekeepers do programa, como o programa utiliza

os conteúdos enviados pelo público e como está sendo adaptados ao programa com o

jornalismo mobile. Para realizar essa análise, será preciso ir até o programa e participar,

observando toda a produção. O período dessa análise será de dois programas, já que essa parte

não é principal foco, mas sim, um complemento para o resultado final. O programa possui

uma linearidade, sendo assim, não necessita acompanhar diversas vezes.

4.5.1 Observação participante

O roteiro para observação ocorreu da seguinte maneira:

● Analisar quais os profissionais que fazem a seleção dos conteúdos;

● Observar como são selecionados os materiais;

● Analisar a rotina de produção dos conteúdos;

● Observar como eles fazem para ter a participação do público;

● Observar qual é o perfil de valor-notícia do programa;

● Analisar se os conteúdos que são enviados passam por um filtro;

● Descrever a rotina de produção do programa.

56

O estudo de observação direta e intensiva, de acordo com Lakatos e Marconi (2001,

p. 190), é composto em duas técnicas: observação e entrevistas. A escolha da observação se

dá por coletar dados e informações, no qual utilizaram os sentidos para complementar as

características do local. É considerado por Lakatos e Marconi (Id, p. 191) algo básico para

uma investigação científica. Este método vai além do que é mostrado, mas também os

comportamentos e evidências que não são mostradas ao espectador. Esse método é satisfatório

e pretende estudar diversos fenômenos, exige menos do que outras técnicas e permite a

exploração de informações que não exploradas em outros métodos. Mas, é necessário não se

iludir por impressões.

A observação se divide em assistemática, sistemática, não participante, participante,

individual, em equipe, na vida real e em laboratório. Para a construção dessa pesquisa, foi

utilizada a observação de acordo com Lakatos e Marconi, sendo classificada como

sistemática, no qual é planejada e controlada; também foi utilizado a observação individual; e

por último a observação na vida real.

4.5.2 Entrevista com os participantes

Outro ponto essencial para essa pesquisa são as entrevistas, que foram realizadas

com os responsáveis pela seleção dos conteúdos mobiles que chegam até o programa. Essa

entrevista foi feita com a profissional responsável pelas redes sociais do programa. Uma

segunda pessoa também foi almejada para essa entrevista, a diretora de redação do programa

Balanço Geral, só que a mesma não quis ser entrevistada. Durante as entrevistas, foram

abordados como são selecionados os conteúdos para colocar no ar, quais os critérios de

escolha, a rotina de produção, a utilização do Jornalismo Mobile, entre outros.

De acordo com os autores Nogueira-Martins e Bógus (2004, p. 49), o potencial da

entrevista é o acesso aos dados, que nem sempre consegue acessar através da observação.

Além de que, de acordo com os mesmos autores, a entrevista consegue elucidar alguns

tópicos que não ficaram explícitos na observação, além de conseguir informações sobre

diversos temas.

Com a entrevista, é possível conseguir uma investigação social, no qual a precisão,

focalização e validade são desenvolvidas com a conversação, podendo conseguir informações

importantes, é mais flexível e é possível avaliar condutas e comportamentos. Para Lakatos e

57

Marconi (2001, p. 196) os objetivos das entrevistas são: descobrir fatos, desvendar planos de

ação, motivos que interferem nas opiniões e compreender a conduta das pessoas de acordo

com os sentimentos.

A entrevista possui um roteiro pré-determinado, que no desenrolar vai

transformando-se despadronizada, para que assim, consiga obter mais informações.

4.5.3 Grupo Focal

O último passo, e não menos importante, é a pesquisa com o público, com a

metodologia do grupo focal. O grupo focal, de acordo com Carlini-Cotrim (1996, p. 286), é

uma pesquisa qualitativa que é focada para a compreensão de qual maneira é formada os

diferentes pensamentos e atitudes sobre algo.

Para o grupo focal, foi realizada a seleção dos integrantes do grupo, sendo que o

objetivo desta análise é identificar a opinião do público, sobre algo que esses integrantes

possuem em comum: o programa Balanço Geral. A seleção dos integrantes dos grupos focais

se deu por: quantidade igual de participantes com sexo igual (3 homens e 3 mulheres), que

possuíssem diferentes faixas etárias, que a profissão fosse diferente, que assistissem

diariamente o programa e que as rendas familiares fossem diferentes.

Além de um questionário11, foram analisadas as respostas dadas pelo grupo, para

que, assim, fosse possível chegar a algum resultado. As perguntas sobre o grupo focal

ocorreram em torno da interatividade, Jornalismo Mobile, comentários e opiniões sobre o

programa analisado.

11 Questionário presente nos anexos.

58

5. Métodos aplicados para Análises e resultados das pesquisas

No presente capítulo, apresenta-se o resultado das análises realizadas para a

elucidação do problema de pesquisa. Para tanto, emprega-se aqui três estratégias

metodológicas, por meio das técnicas escolhidas para as análises, as quais são usadas para

elucidar o problema de pesquisa, que compreende a investigação sobre o Jornalismo Mobile

dentro das redações televisivas, com foco no programa Balanço Geral Curitiba.

Os métodos foram aplicados de modo a que se complementassem sucessivamente,

uma vez que cada pesquisa utiliza agrega para o resultado final, pois, foram estudados três

métodos: o primeiro foi a observação participante, já que o intuito é de analisar a rotina de

produção e como o programa Balanço Geral Curitiba trabalha com a interatividade entre o

público e o programa; a segunda pesquisa foi o grupo focal, que se dividiu em duas partes,

cujo objetivo era analisar as opiniões do público; e a última pesquisa foi a entrevista, com a

responsável pelas redes sociais do programa, que serviu para analisar alguns pontos sobre o

programa.

5.1 Descrição da observação participante realizada em uma edição do

programa Balanço Geral

O objetivo desta análise é, de acordo com Pena (2010, p. 151), conhecer mais sobre

algo que está sendo estudado, neste caso, se aprofundar sobre o programa Balanço Geral

Curitiba, para que as ações sejam analisadas. Outro ponto importante a ser levado em

consideração, ainda de acordo com Pena, é de se colocar no lugar do outro, para compreender

as atitudes adotadas durante a construção programa.

Para que esta etapa seja concluída, é necessário compreender a importância da

observação participante no programa Balanço Geral Curitiba para este trabalho.

Primeiramente, buscou-se compreender com esta pesquisa a rotina produtiva do telejornal,

levando em consideração como é produzido, como eles buscam as informações, enfim,

analisar o delineamento do programa. Um segundo momento para esta pesquisa foi, observar

como é a relação do programa com o público, de como existe a interatividade12. E o último

12

Para definir a interatividade na observação participante, é necessário levar em consideração a relação entre o

59

momento da observação servirá para investigar como o programa Balanço Geral Curitiba,

utiliza o Jornalismo Mobile durante a produção dos telejornais.

Para executar esta observação, foi necessário que, alguns meses antes, se iniciasse as

negociações para a visita. Esse período de negociação começou por telefone, localizando os

responsáveis pelo programa. Após isso foi estabelecido o contato por e-mail com a diretora de

redação do programa, Denise Ortega. Durante as trocas de e-mail com a responsável em

autorizar a observação, foi explicada a pesquisa e o que iria ser feito. Após isso, foi acordado

que poderia ser feito a observação durante um dia, o qual foi marcado para o mês de outubro.

Esta análise se deu em apenas um dia de programa, já que a disponibilidade de tempo dos

produtores não permitiu mais dias de observação. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 191) a

duração da observação acaba variando, já que depende da duração dos acontecimentos. Mas

esta análise de apenas um programa fez-se necessário para conseguir analisar o Balanço

Geral, pois, a estrutura do programa é única, sendo que essa análise não era a principal para a

pesquisa, e como foi dito antes, ela é um caminho para conseguir chegar ao resultado

almejado.

Ao chegar à RICTV, no dia 19 de outubro de 2016, a pesquisadora foi recebida por

pela estagiária Ana Paula Severino, para que pudesse observar as dependências da emissora.

Logo me identifiquei e fui para a minha observação. O suiter13 é um espaço reservado, no

qual o acesso não é livre, e o tempo de permanência é restrito, já que as informações

confidenciais ficam naquela sala. Diversos monitores e computadores em que as pessoas

controlavam tudo que ocorria no programa, e nas empresas concorrentes, enfim. O espaço de

redação e os locais de edição dos materiais, também foram observados.

A produção do programa, que começa apenas ao meio dia, se inicia bem antes. Às

oito horas da manhã, a chefe de redação, chega ao estúdio e começa a monitorar as notícias

que ocorreram, além de ligar para as fontes oficiais, como as Polícias (Rodoviária Federal, a

Federal e a Militar), e as Prefeituras, para se atualizar e confirmar alguns conteúdos. Ou seja,

no primeiro momento da produção do Balanço Geral, ocorre uma espécie de busca por

informações nos sites e redes sociais, já que as redes sociais são grandes fontes de

informação, como o Twitter e o Facebook.

Para definir os assuntos relevantes, não é realizada uma reunião de pauta diária, já

programa e o telespectador, bem como os comentários e reclamações que são enviadas diariamente através

das redes sociais, telefone, e-mail e pela página do programa Balanço Geral Curitiba. 13 O suiter do programa é a sala no qual ficam a diretora de redação, os responsáveis por mandar os conteúdos

para o ar, o responsável pelo GC, no qual permanecem cerca de oito pessoas, além dos funcionários que

acompanham as emissoras concorrentes. Neste espaço, a diretora de redação possui contato direto com o

apresentador , através de um ponto.

60

que os produtores e pauteiros ficam se comunicam de forma informal, por conversas rápidas,

para decidirem o que é importante. As reuniões de pauta ocorrem de maneira mensal. Existe a

correria para produzir um telejornal ao vivo, sendo que tudo tem que estar pronto às 11h30.

Os programas são feitos ao vivo de segunda a sexta. Já no sábado, o programa é

gravado geralmente na sexta-feira, com notícias mais frias, sendo que se ocorrer algo

importante para ser noticiado, os editores de plantão adaptam a informação para ser passada

ao vivo.

Ao observar o critério de seleção dos valores notícias da produção do programa, é

observado que assuntos do cotidiano, que envolvam Curitiba e região metropolitana, possuem

prioridade para o programa, já que o foco do Balanço Geral são assuntos de Curitiba e região.

Um exemplo é uma matéria sobre a falta de asfalto na rua do senhor João, que mora

em um bairro da região metropolitana de Curitiba, e uma segunda matéria, sobre algum

assunto de outro estado, a matéria da falta de asfalto na rua do senhor João, vai ganhar

destaque, por ser algo que seja próximo ao público.

Por mais que a observação traga a realidade mais próxima do objeto analisado,

Lakatos e Marconi (2001, p. 191) demonstram algumas limitações desta metodologia, como o

fato do programa Balanço Geral Curitiba acabar criando algumas impressões beneficiando o

programa, como não expor algumas situações que existem no programa, para impressionar o

observador. Para que esta observação ocorresse da maneira mais real, foi necessário que

durante a pesquisa a atenção fosse redobrada, para que seja possível encontrar brechas que

possivelmente tivessem sido alteradas, algo que não ocorreu.

Durante o período da manhã, até às 11h30, a equipe fica focada na produção dos

conteúdos, e neste horário, o apresentador chega à emissora repassando o texto, e aguarda até

às 12h para iniciar o programa.

O apresentador Gilberto Ribeiro, em alguns momentos faz alguns comentários sobre

matérias,a observação evidenciou que a opinião é própria dele, não tendo relação com o

editorial do programa, já que foi observado que nos momentos em que ele faz os comentários,

ele não olha para o GC, que descreve todas as falas. Esses comentários são expostos num tom

revoltante pelo apresentador, e ocorrem após matérias que falem sobre temas polêmicos.

Observou-se ainda que a responsabilidade com a verdade também seja algo que se

reconhece no processo de apuração, na etapa de produção, já que antes que as informações

sejam lidas pelo apresentador, são checadas para evitar problemas futuros. A checagem é feita

com os conteúdos que possam virar pautas, como problemas direcionados a Curitiba e região,

no qual é anotada todas as informações e após isso é feito contato com os órgãos responsáveis

61

para tomar providência. Caso o conteúdo seja mais impactante é marcada uma entrevista para

relatar o ocorrido, e isso se transformará numa reportagem.

O programa Balanço Geral possui dois concorrentes, o Tribuna da Massa14 e Paraná

TV15. No suiter do Balanço Geral, são controlado esses dois programas concorrentes, para

que o programa analisado consiga competir no Ibope, trazendo mais telespectadores. Muitas

vezes esse monitoramento auxilia o repórter do Mochilink16, para que consiga cobrir os

diversos assuntos que envolvam Curitiba e região.

O repórter do Mochilink é o exemplo mais concreto do Jornalismo Mobile presente

no programa, já que ele consegue apurar e transmitir o assunto por meio da tecnologia. O

repórter passa o período do programa na rua, com mais um cinegrafista e o material que

consegue transmitir ao vivo o conteúdo. O Mochilink existe graças às fontes - sejam elas

oficiais ou encaminhadas por redes sociais – que auxiliam com acontecimentos do momento,

como acidentes, assaltos, entre outros assuntos. Este repórter possui prioridade com o

conteúdo, sendo possível a interrupção dos demais assuntos para sua entrada ao vivo.

A qualidade desse material nem sempre é boa em termos técnicos, já que para

transmitir o conteúdo ao vivo, é necessário que a rede de internet e área seja estável, algo que

não ocorre em todos os pontos de Curitiba e região. Mas com relação à qualidade de informar

e transmitir a informação no momento em que ocorreu, é interessante observar. Já que o

Mochilink se adequou ao Jornalismo Mobile, pelo fato de que ele é capaz de receber as

informações, produzir e distribuir a partir das tecnologias mobiles. De acordo com Mello

(2016, p. 02), os telejornais devem investir em equipamentos qualificados, para que seja

possível acompanhar as mudanças tecnológicas. Assim como Santos (2015, p. 105), com

essas mudanças na estrutura das redações, é necessário que alguns conceitos básicos, como o

da pirâmide invertida, sejam atualizados, de maneira que a tecnologia seja aliada ao

jornalismo.

Outro ponto observado foi a interatividade que existe entre o programa e o

telespectador, já que esse público acaba auxiliando a produção dos conteúdos enviando

informações, fotos, vídeos e áudios de materiais que podem tornar-se possíveis matérias. A

14 O programa Tribuna da Massa é apresentado pela rede Massa, afiliada do SBT,. O programa é exibido de

segunda a sábado, no horário do almoço. O Tribuna da Massa é feito ao vivo, e traz os destaques de Curitiba e

região metropolitana. Programa policial e comunitário. 15 O programa Paraná TV possui duas edições, na hora do almoço e no começo da noite. Paraná Tv 1ª edição é

um programa afiliada da Globo. O programa em questão citado é o que ocorre na hora do almoço. O programa

traz as notícias de Curitiba e do Paraná. O programa é exibido de segunda a sábado no horário do almoço. 16 O Mochilink é o nome do quadro, no qual o repórter que vai atrás da notícia, no qual ele e mais um

cinegrafista, que também é motorista vão ao encontro das informações, conseguindo fazer a transmissão no

momento em que ocorre.

62

interatividade, como foi definida anteriormente, nesta análise, pode ser compreendida como a

relação entre o programa e o telespectador, bem como os comentários e reclamações que são

enviadas diariamente através das redes sociais, telefone, e-mail e pela página do programa

Balanço Geral Curitiba.

A produção acaba selecionando esses conteúdos, já que chegam à redação em muita

quantidade. Os materiais são selecionados de acordo com o grau de proximidade que possuem

com Curitiba e região metropolitana, já que comentários referentes aos problemas cotidianos,

ao ser observado, possuem mais relevância do que problemas que ocorrem em outras

localidades. Após serem selecionados os conteúdos, eles são verificados, a partir das fontes

oficiais das Polícias (Rodoviária, Federal e Militar) e prefeituras, através de ligações para

averiguar o ocorrido. A prestação de serviços é o item que mais aparece, seja pelas redes

sociais, Whatsapp e site da empresa. Os casos mais graves informados pelo público são

averiguados, já que a produção entra em contato com a pessoa, para que depois de uma

investigação seja possível divulgar. Essas informações, depois de averiguadas, acabam

tornando-se pautas dos quadros do programa.

Após a seleção dos conteúdos enviados pelos telespectadores, a responsável pelas

redes sociais encaminha por e-mail os comentários que já passaram pelo filtro de seleção feito

pela responsável das redes sociais. Com a interatividade existente no programa, é comum que

em alguns casos os telespectadores busquem algo imediato e acabam realizando comentários

que não vão ao ar pelo tom agressivo.

Conforme entrevista17 realizada com Ana Paula Severino, estagiária e responsável

pelas redes sociais do programa, as notícias observadas que possuem mais comentários são as

que envolvem crianças, policiais matando acusados de crimes e questões de pedofilia. Ao

abordar alguma matéria com alguns desses itens, o apresentador abre espaço ao público para

que mande suas opiniões sobre o assunto. Nesse momento os comentários disparam, foi

possível observar que a apuração dos comentários que vão ser transmitidos no ar, acaba

passando por um filtro pessoal da responsável pelas redes sociais, além da seleção que é feita,

sobre assuntos que possuem proximidade com Curitiba e região metropolitana, e que não

ofendam terceiros.

O programa é exibido no horário do almoço, sendo assim, o público que o assiste vai

desde as crianças que estão almoçando para ir à escola, até mesmo os aposentados. Por

possuir esse público com idade diversificada, a produção acaba tomando cuidado em não

17 Entrevista disponível nos anexos.

63

colocar imagens tão violentas, grotescas e palavrões. O programa busca trazer algo leve,

mesmo que seja policial.

Assim, observa-se que, com as demandas do Jornalismo Mobile, o programa

Balanço Geral teve que se adaptar, como nas participações do público com o espectador, o

link que é feito na parte externa da emissora - para que seja mais dinâmico o programa - e o

Mochilink, que está no ar há mais de três anos e que tem que sempre se adaptar, já que as

tecnologias se modificam.

5.2 Análise dos resultados da observação participante

Após a observação participante, foi possível compreender as especificidades do

funcionamento deste programa de televisão. O tempo para esta observação foi de apenas um

programa, o qual foi considerado suficiente, já que o foco dessa pesquisa é analisar a

interatividade e a adaptação da redação com a chegada do Jornalismo Mobile. Como foi

descrito anteriormente, Lakatos e Marconi (2001, p. 191), relatam que a observação pode

variar, dependendo da duração dos acontecimentos. Esse tempo foi considerado suficiente, já

que a estrutura do programa é única, e para o resultado final desta monografia, este tipo de

análise não é principal e auxiliará para os resultados.

Foi possível compreender que o programa é pautado no monitoramento nas redes

sociais e sites, para que desta maneira consigam pautas para o dia, com temas relacionados a

Curitiba e região metropolitana. Foi observado que não existe uma reunião de pauta diária,

confirmando uma hipótese que iniciava esta pesquisa: acreditava-se que não ocorresse reunião

diária de pauta por não possuir muito tempo para decidir o que deve ir ao ar e pela falta de

profissionais.

Na dinâmica da produção do programa, observou-se que a seleção dos valores notícia

não ocorre por meio de critérios claramente definidos, interessando o que diz respeito a

Curitiba e região metropolitana, como problemas do cotidiano. Mesmo se pautando-se por

conteúdos ofertados pelas redes sociais, frequência da polícia e informações enviadas pelos

telespectadores, os produtores buscam checar as informações, através das fontes oficiais,

como Polícias (Rodoviária Federal, a Federal e a Militar), e as Prefeituras, antes de colocar no

ar.

Já o monitoramento dos concorrentes também é uma fonte de informação para o

64

quadro do Mochilink, que utiliza do Jornalismo Mobile para transmitir as notícias. Este

quadro serve tanto para driblar a concorrência, já que em alguns casos conseguem informar

por primeiro, e também para manter o telespectador informado com o que ocorre no

momento.

O problema deste tipo de transmissão é que é necessário investir em equipamentos de

alta tecnologia, evitando ou excluindo as falhas durante as transmissões, algo que ainda ocorre

durante este quadro. Sobre a qualidade em informar/transmitir a informação, este quando

funciona, trazendo a informação no momento em que ocorreu.

Com relação à interatividade que existe entre o programa e o público, observou- se

que esta dinâmica auxilia a produção, uma vez que as informações enviadas são checadas com

as fontes oficiais. No entanto, o programa utiliza em excesso estes conteúdos, já que,

conforme apontado anteriormente faltam profissionais para conseguir acompanhar todos os

acontecimentos de Curitiba e região metropolitana. A interatividade é necessária, e o público

faz presente, seja comentando, curtindo ou auxiliando com informações.

Para a seleção dos conteúdos por parte do programa, o que é levado em consideração

são os fatos que ocorrem entre Curitiba e região metropolitana, com assuntos do cotidiano,

sendo necessária para uma melhor adaptação dessa interatividade um filtro dos principais

itens a ser utilizados para uma seleção. Para Traquina (2005-b, p. 70), a seleção dos conteúdos

é feita a partir da seleção do jornalista, do que ele considera interessante, sendo possível

encontrar a simplificação, a amplificação, a relevância, a personalização, a dramatização e a

consonância na construção dos valores-notícias. Ainda de acordo com Traquina (id), esses

valores-notícias acabam também variando devido ao veículo editorial da empresa.

O programa Balanço Geral Curitiba é de cunho policial, mas possui grande

abordagem de prestação de serviços à comunidade, como pessoas desaparecidas, carros

furtados e problemas existentes nos bairros.

É intencional o fato de abrir para comentários após conteúdos impactantes, já que o

público expõe a opinião, e que após o programa receber esses comentários, é selecionado e

encaminhado alguns que não ofendam outras pessoas para serem lidos ao vivo.

De acordo com Gessica Moura Pires, Analista Marketing de Inteligência da emissora

RICTV, o público destinado ao programa Balanço Geral Curitiba, é de 59% mulheres, e 41%

do público masculino. Quando questionado sobre as classes sociais que mais assistem ao

programa, 34% do público são compostos pelas classes A e B, 55% da classe C, e as classes

D e E compõem 10% do público. A idade dos telespectadores que assistem ao programa é de

3% pessoas que tem de 4 a 11 anos; 4% entre 12 e 17 anos; o público que possui entre 18 a 24

65

anos integram 7% dos telespectadores; entre 25 a 49 anos é de 29% do público; e 26% é do

público com mais de 50 anos.

Deve ser levado em consideração que, conforme entrevista18com a responsável pelas

redes sociais , ela garantiu que não utilizam o sensacionalismo, em algumas reportagens, o

programa acaba abusando do lado sensacionalismo da situação, apelando para o lado

sentimental. Um exemplo é quando aparece uma reportagem, e um dos personagens se

emociona, ao invés do câmera poupar a pessoa do sofrimento e se afastar, ele acaba

aproximando a imagem para mostrar a emoção da pessoa.

É possível compreender que o programa ainda passa por adaptações com o

Jornalismo Mobile, buscando alternativas para que o programa não se torne monótono,

investindo em links ao vivo.

5.2 Análise do grupo focal

Depois de observar a produção do Balanço Geral Curitiba, foi necessário realizar

uma pesquisa com o público, já que ele faz parte da produção do Jornalismo Mobile e da

interatividade que existe entre o programa e audiência. Para medir a opinião do público,

optou-se pela realização de um grupo focal que, por questão de locomoção e disponibilidade

de tempo dos participantes, foi dividido em dois grupos.

De acordo com Backes (2011, p. 439), o grupo focal é utilizado para discutir sobre

determinado tema, possibilitando que os participantes problematizem determinados assuntos,

algo que não ocorreria se a pesquisa fosse feita por meio de entrevistas individuais. Ainda de

acordo com os autores, os demais participantes também ouvem as outras opiniões, antes de

formar a sua, já que não é analisado apenas o que elas pensam, mas também como e o porquê

daquele pensamento.

Após a realização dos grupos focais, foi possível compreender a interatividade do

público com o programa e a importância dos links ao vivo. De acordo com Zimmermann e

Martins (apud Cândido e Lima, 2012, p. 86), os grupos focais são qualitativos, e buscam

discutir e expor a opinião dos integrantes de maneira dinâmica.

O contato e a seleção das pessoas para participar deste grupo focal foi realizada após

contatos via redes sociais, Whatsapp, telefonemas e contato direto com pessoas que assistam

18

Entrevista disponível nos anexos.

66

ao programa. Para a seleção dos integrantes deste grupo, foi levado em consideração

características variadas, como a busca por inclusão de pessoas que assistam ao programa, que

pertençam a diferentes classes sociais, gênero, formação escolar e disponibilidade para

participar do estudo. Para conseguir definir os participantes dos grupos focais, foi necessário,

que a pesquisadora procurasse voluntários para a pesquisa, via redes sociais ou telefonemas.

Após a definição de possíveis integrantes dos grupos focais, foi feito uma pesquisa, para que

fosse possível observar se a pessoa realmente era telespectador do programa em questão.

Após essa seleção, foi decidido a data e o local de cada grupo, sendo escolhida uma

sala de reunião para o grupo 1, e uma sala de jantar para o grupo 2. Os locais definidos foram

escolhidos por ser um ambiente agradável e confortável, para que assim os integrantes

conseguissem dialogar, em um ambiente aconchegante.

Três pessoas participaram do grupo 1, que ocorreu na sala de reunião de uma

determinada empresa, e esse grupo era composto por dois homens e uma mulher. Já o grupo 2

era composto por duas mulheres e um homem. Os nomes não serão divulgados, já que não

terá interferência no resultado, e que posteriormente, alguns dos integrantes sintam-se

ofendidos.

Os dois grupos foram registrados a partir de um gravador, já que o áudio facilitou para

a produção das opiniões propostas pelos integrantes dos grupos, além de que, de acordo com

Aschidamini e Saupe (apud Cândido e Lima, 2012, p. 88), o gravador intimida menos os

participantes, evitando perda de informação e facilitando o entrosamento das pessoas, que

ficam inibidas na frente de uma câmera.

5.2.1. Análise do grupo focal 1

O grupo focal número 1 ocorreu no dia 21 de outubro de 2016, às 12h30. Logo que os

participantes chegaram na sala de reunião, foram recepcionados e dirigidos a cadeiras ao

67

entorno de uma mesa. Lá foi entregue um questionário19 para cada participante, que

continham questões pessoais, socioeconômicas e relacionadas ao programa Balanço Geral

Curitiba. O questionário serviu para mapear os integrantes, e comparar com o público alvo do

programa, para que assim tivesse uma noção do que iria encontrar nos grupos focais.

Participaram deste primeiro grupo:

1) Homem; casado; 34 anos; técnico em Contabilidade; ensino superior completo;

pertencente à classe B, com renda familiar entre R$ 8.880,01 e R$ 17.600,00; possui 1 filho;

mora em casa própria na cidade de Curitiba.

2) Homem, casado; 50 anos; encarregado de Departamento Pessoal; ensino superior

completo; pertencente à classe C, com renda familiar entre R$ 3.520,01 e 8.880,00; possui 03

filhos; mora em casa alugada na cidade de Curitiba.

3) Mulher; solteira; 21 anos; recepcionista; ensino superior completo; pertencente

à classe D, com renda familiar entre R$ 880,01 e R$ 3.520,00; sem filhos; mora em casa

própria na cidade de Colombo.

Após o preenchimento do questionário, os quais foram depositados num envelope,

foi acordado que aquelas respostas e o áudio iam ser vistas e ouvidas apenas pela

pesquisadora. Esse primeiro grupo era formado por integrantes da classe social B, C e D, com

a faixa etária entre 20 e 50 anos, com ensino superior completo. O estado civil variava de

solteiro e casado, sendo que os casados possuíam filhos. Esses entrevistados moram nas

cidades de Curitiba e Colombo, e dos três entrevistados apenas dois moram em casa própria, o

outro mora de aluguel. A profissão deles é: técnico em contabilidade, encarregado de

departamento pessoal e recepcionista. Com relação ao programa, a frequência em que eles

assistem varia de 5 a 6 vezes na semana, enquanto almoçam. Dois deles já fizeram contato

com o programa e obtiveram retorno.

Durante este grupo focal, após o formulário foi explicada a definição do estudo e o

que eles deveriam fazer. A primeira pergunta foi sobre o que eles acham do programa

Balanço Geral Curitiba, e a resposta geral foi que são as notícias em geral de Curitiba e

região metropolitana. O que os motiva a assistir ao programa analisado é a forma de como o

apresentador (Gilberto Ribeiro) transmite as notícias e que o apresentador acaba

descontraindo com piadas, apresentando com clareza e que os assuntos abordados na hora do

almoço não são inadequados. Durante a pergunta do que motiva o grupo assistir ao Balanço

19

Questionário disponível nos anexos.

68

Geral, foi comentado que eles não assistem aos concorrentes, pois não simpatizam com os

outros apresentadores: alguns acabariam gritando ao invés de transmitir a notícia e a forma

como os outros apresentadores passam as informações faz com que eles assistam ao Balanço

Geral Curitiba.

Conforme explicitado, dois participantes desse grupo já fizeram o contato com o

programa; o primeiro foi por e-mail, solicitando a divulgação do desaparecimento de um

animal de estimação, o qual foi prontamente atendido e após a divulgação, o animal foi

encontrado. Já o segundo participante fez o contato para divulgar o acúmulo de lixo próximo

a sua residência, que também foi atendido; além disso, declarou participar das promoções

constantemente. Já o outro integrante desse grupo não fez nenhum contato com o programa

por acreditar “não precisar”. Ambos foram unânimes em afirmar que fariam o contato com o

programa em caso de necessidade, em razão do atendimento rápido das demandas.

O ponto forte do programa foi definido em como o apresentador traz as notícias, que não

existe a demora para falar sobre determinado assunto, os assuntos ficam esclarecidos, e o

apresentador domina. Além disso, acreditam que o programa faz uma prestação de serviços à

sociedade, já que mostra os problemas de cada bairro e cobra das autoridades competentes

uma solução. O problema encontrado foi o excesso de propagandas.

Quando foi abordada a questão da interatividade do público com o apresentador, os

participantes do grupo falaram que ela existe pela forma de apresentar o programa e de que

são abertas as redes sociais para as mais diferentes opiniões.

Um dos quadros do programa Balanço Geral Curitiba, o Mochilink, foi abordado nesta

pesquisa, já que foi lançada a pergunta de qual a importância dessa reportagem, e as respostas

foram relacionadas à importância de trazer a notícia em tempo real, o fato de existir a

instantaneidade durante todo o programa e que fazendo isso, eles acabam passando na frente

dos concorrentes.

Eles acham importante o programa ser local, trazendo os problemas da comunidade,

como exemplo citado por eles, do quadro “Tô na Bronca”, no qual o cidadão passa a ser

repórter por um momento fazendo alguma reclamação.

Para este primeiro grupo, a concepção dos conteúdos enviados pelo público, seja

pelas redes sociais, pela página, ou por telefonemas, acaba fazendo que os conteúdos sejam

filtrados, e assim não prejudiquem ninguém.

Já um outro momento abordado durante este grupo foram as passagens de matérias,

nas quais os integrantes deste grupo davam sua opinião, colocando-se no lugar do público que

assiste ao programa. Após a observação participante, foi possível constatar que quando há

69

algum conteúdo que envolva estupro e morte de acusados por policial, este acaba ganhando

bastante repercussão.

Um vídeo foi selecionado, do próprio programa analisado, o qual tratava de um

estupro. Após a exibição deste vídeo, foi aberto para debate dos integrantes do grupo, com

intuito de assemelhar a abertura de comentários que existe no programa. Ao ser visto o vídeo

sobre estupro, os primeiros comentários foram de revolta, mas alguns segundos, após pensar

um pouco, foi debatido que era necessário procurar a justiça, já que resolver com as próprias

mãos não ia levar a nada. Já o próximo vídeo mostrado foi de um policial que matou um

procurado, um acusado em dia de folga, e a discussão voltou-se à “excelente atitude do

policial”, já que ele está à disposição da segurança, e se ele não reagisse o indivíduo acabaria

matando-o. Após esses dois vídeos, foi possível compreender que o filtro de comentários deve

existir, já que na hora da raiva, as pessoas respondem, muitas vezes sem pensar. E com esse

intuito, foi incentivado que os integrantes do grupo voltassem a debater os temas, e se

observou que eles foram mais cuidadosos ao comentar os fatos.

Pelo fato do programa analisado ser policial alguns cuidados são necessários, para que

não choque o telespectador. Foi pensando nisso que foi transmitida uma matéria sobre o

transporte de pessoas mortas por alguns policiais na caçamba de uma caminhonete. A cena foi

escolhida de maneira aleatória, apenas com o intuito de mostrar exemplos de programas

grotescos, e que a partir daí o grupo desse a opinião, só que essa reportagem mostrava os

corpos sem nenhuma censura ou tarja. Após a exibição, a expressão dos integrantes foi de

choque, e eles pontuaram os motivos pelo qual não assistem a programas desse tipo: essa

reportagem mostra de maneira muito explícita o que ocorreu; na maioria das vezes, as

crianças assistem ao programa também, e isso pode chocar e amedrontar; a audiência cairia já

que não é um programa condizente com o horário.

Outro tema escolhido foi a explosão de um caminhão carregado de dinamite num pátio

de uma empresa em Bocaiúva do Sul, região Metropolitana de Curitiba. Essa explosão

ocorreu no dia 08 de outubro de 2016, e as vítimas tiveram apenas ferimentos, e cerca de 80

casas foram atingidas. O objetivo era fazer que os integrantes deste grupo conseguissem

diferenciar quais eram as emissoras e problematizar pontos positivos e negativos nas

reportagens. Não possuiu uma ordem pré-determinada para a apresentação, ocorrendo de

maneira alfabética, começando pelo programa Balanço Geral (RICTV), em seguida foi o

70

programa Paraná Tv (RPC), logo após ocorreu a apresentação da matéria do Tribuna da

Massa (Rede Massa). Após a transmissão das três matérias, os integrantes concluíram que o

Balanço Geral consegue sensibilizar o público, trazendo relatos do que ocorreu, além de focar

na cidade em que ocorreu a explosão do caminhão. Já em relação ao programa Paraná TV, foi

analisado que ele possui mais condições financeiras para fazer uma melhor cobertura, só que

foi ressaltado que durante essa transmissão, o repórter trouxe diversos dados e questões

técnicas, sendo assim, eles não deram tanto foco na região. Já o último programa analisado, o

Tribuna da Massa foi elogiado por ter uma mesma perspectiva do programa Balanço Geral,

sensibilizando o público e trazendo relatos de pessoas que foram prejudicadas com a

explosão. O ponto negativo do programa foi a enrolação para passar a matéria, e também o

apelo por parte do apresentador.

O programa analisado foca bastante nos programas regionais, pensando nisso, foi

selecionado dois trechos de vídeos, no qual o primeiro mostra um problema cotidiano da falta

de pavimentação em uma determinada rua de Curitiba, e o segundo vídeo era do quadro “Tô

na Bronca”, em que os cidadãos viram repórteres e falam o que está errado no bairro. Os

comentários sobre o primeiro vídeo foram que é necessário que existam reportagens sobre os

problemas cotidianos, mas também existe a falta do poder público para sanar essas

deficiências dos bairros. Já sobre o segundo vídeo, foi comentado que esse tipo de quadro é

interessante, já que dá voz ao público, no qual ele pode falar o que não está agradando, sendo

uma maneira mais dinâmica de falar sobre um problema, relatando que dá uma sensação de

que o telespectador não está sozinho com os problemas regionais.

Para finalizar este grupo, foram direcionados questionamentos sobre os conteúdos

enviados pelo público. A primeira questão levantada foi foi sobre as impressões dos

conteúdos enviados pelo público, que, para eles, é uma interação necessária, criando um

vínculo e dessa maneira aproxima mais as duas partes. Outra questão abordada foi o que os

integrantes do grupo focal acham dos conteúdos enviados pelos telespectadores. Nessa parte,

foi debatido que esses conteúdos enviados pelo público trazem uma maior veracidade dos

fatos, mesmo que a qualidade não seja tão boa, mas acaba fazendo o papel de olho da

71

sociedade, já que o programa não consegue estar atento a tudo que ocorre.

Já a última questão foi relacionada ao reconhecimento de materiais amadores e

profissionais. O grupo afirmou que é possível distinguir um material amador, já que ele acaba

não tendo uma qualidade muito boa, acaba tremendo, e às vezes não focando no que precisa.

Mas ressaltam que esses conteúdos são necessários para mostrarem o fato no momento em

que ocorreu, ainda que seja é necessário dosar esse tipo de conteúdo, para não ficar um tanto

quanto informal.

5.2.2. Análise do grupo focal 2

O grupo focal número 2 ocorreu no dia 24 de outubro de 2016, às 20h20. Logo que

os participantes chegaram à sala de jantar, foram recepcionados e dirigidos a cadeiras ao

entorno de uma mesa. Este grupo foi composto por duas mulheres e um homem. Lá, foi

entregue um questionário 9 para cada participante, que continham questões pessoais,

socioeconômicas e relacionadas ao programa Balanço Geral Curitiba.

Participaram deste segundo grupo:

1) Mulher; casada; 67 anos; costureira; ensino fundamental completo; pertencente

à classe E, com renda até R$ 880,00; possi 3 filhos; mora em casa própria na cidade de

Colombo.

2) Mulher; solteira; 66 anos; do lar; ensino fundamental incompleto; pertencente à

classe E, com renda até R$ 880,00; possui 3 filhos; mora em casa própria na cidade de

Colombo.

3) Homem; casado; 47 anos; eletricista; ensino superior incompleto; pertencente à

classe D, com renda familiar entre R$ 880,01 e R$ 3.520,00; possui 02 filhos; mora em casa

própria na cidade de Colombo.

Após o preenchimento do questionário, os quais foram depositados num envelope, foi

acordado que aquelas respostas e o áudio iam ser vistas e ouvidas apenas pela pesquisadora.

Esse segundo grupo era formado por integrantes da classe social C e D, com faixa

etária entre 47 e 68 anos, sendo que a formação escolar variava do ensino médio incompleto

72

até superior incompleto. O estado civil variava de solteiro e casado, sendo que todos possuem

filhos. Todos esses três entrevistados moram em casa própria na cidade de Colombo. A

profissão deles é eletricista, costureira e do lar. Com relação ao programa, a frequência em

que eles assistem varia de 3 a 6 vezes na semana, enquanto almoçam, costuram, lavam louça e

também quando somente assistem ao programa. Um deles já fez contato com o programa e

obteve retorno.

Após o preenchimento dos questionários, foi feita uma definição do grupo focal, e

explicado como ocorreria esta pesquisa.

A primeira pergunta foi para que definissem o programa Balanço Geral e a resposta

geral foi que é um programa de informações, que utiliza da criatividade, sendo policial e

contendo informações gerais. O que os motiva a assistir ao programa analisado é a forma pela

qual é transmitida a notícia, as curiosidades, as informações que são passadas do setor

policial, mas acima de tudo, para se manter informado.

Um dos participantes já realizou o contato com o programa, através do telefone,

solicitando que cobrasse das autoridades que arrumassem um sinal de transito, próximo a um

cruzamento movimentado, perto da residência, sendo que foi coletado diversos dados e após 2

dias já estava funcionando o semáforo. Os outros dois participantes não fizeram o contato

com o programa por não possuírem meios tecnológicos para isso.

O ponto forte do programa foi definido como as notícias são bem explicadas, o

aprendizado que o programa traz e as informações no momento em que acontecem, além da

do compromisso com a verdade nas notícias. O problema encontrado foi o excesso das

propagandas que existe no decorrer do programa.

Quando foi abordada a questão da interatividade do público com o apresentador, os

participantes do grupo a definiram como “interessante”, pois, existe a liberdade do público

opinar, além de que esta é uma maneira para que o programa consiga saber com quem está se

comunicando. A interatividade que existe entre o apresentador e os telespectadores é

necessária, para este grupo, o programa dá atenção e apoio ao público, seja falando dos

problemas cotidianos, trazendo notícias ou perguntando o que o público está achando do

programa. Eles ainda acreditam que a interatividade acaba segurando o público para que

acompanhem os comentários e fotos mandados durante o programa.

Dando sequência na pesquisa, foi comentado, através da intermediadora da pesquisa,

sobre a importância do quadro Mochilink, sendo que o debate foi sobre esse quadro é de que é

necessário existir esse tipo de informação em tempo real, pois, enquanto mais rápido for,

melhor é, além de que esse quadro presta serviço à comunidade, como exemplo quando existe

73

acidente, já que o público já fica mais “esperto” em procurar vias secundárias.

Para o grupo, o fato de o programa ser local é importante, pois assim o programa vai

conseguir focar nos problemas regionais. Eles acreditam que todo o conteúdo enviado pelos

telespectadores acaba tendo de ser selecionado, para que não afetem negativamente outras

pessoas.

Foram selecionadas matérias, as mesmas do primeiro grupo, para estimular o debate

das opiniões dos integrantes deste grupo. O primeiro vídeo foi sobre estupro, após a exibição

deste vídeo, Na sequência, foi transmitido um vídeo sobre o policial que matou um procurado,

e os comentários foram sobre a excelente atitude do policial, já que ele está a disposição da

segurança, e se ele não reagisse o bandido acabaria matando-o, além de comentar que o

policial estava certo, já que se ele não matasse, o indivíduo acabaria o matando, já que o

criminoso não tem nada a perder.

Após esses dois vídeos, foi possível compreender que o filtro de comentários deve

existir, pois, na hora da raiva, as pessoas respondem, muitas vezes sem pensar. E com esse

intuito, foi incentivado que os integrantes do grupo voltassem a debater os temas, e se

observou que foram mais cuidadosos ao comentar os fatos. Os integrantes do grupo

discutiram que é necessário existir esse filtro, pelo fato de que na hora que a pessoa assiste à

matéria ela acaba se revoltando, uma vez que se colocam no lugar da pessoa vitimada, e isso

pode acarretar problemas para outras pessoas.

Outra matéria foi escolhida, de maneira aleatória, no qual tratava sobre o transporte de

pessoas mortas por alguns policiais na caçamba de uma caminhonete, sendo que esse

programa não possuía nenhum cuidado com tarjas que não mostrassem os acusados mortos

sendo carregados de maneira irregular. A exibição deste vídeo para esse grupo não foi

finalizada, por ser considerado muito forte. Eles debateram que não assistiriam a um

programa com imagens fortes, já que o horário que é transmitido o programa é o do almoço, e

geralmente eles assistem ao programa acompanhado dos filhos e netos, sendo assim teriam

que deixar de assistir. Imagens chocantes fariam com que eles trocassem de canal, já que a

cena é forte para todos, afetando o emocional.

Com objetivo de que os integrantes conseguissem distinguir os programas e

problematizar as reportagens, foram escolhidos três vídeos, no qual o programa Balanço

Geral, Paraná TV e Tribuna da Massa tinham feito sobre a explosão de um caminhão

carregado de dinamite num pátio de uma empresa em Bocaiúva do Sul, região Metropolitana

de Curitiba. Essa explosão ocorreu no dia 08 de outubro de 2016, as vítimas tiveram apenas

ferimentos, e cerca de 80 casas foram atingidas. Após a transmissão das três matérias, os

74

integrantes concluíram que o Balanço Geral acabou sensibilizando por mostrar o drama da

população que estava sofrendo com a explosão, além de explicar como ocorreu a explosão. Já

no programa Paraná TV, foi analisado que o repórter trouxe diversos dados, deu mais ênfase

aos explosivos, do que com quem estava sofrendo, eles não deram foco ao sofrimento e as

histórias das pessoas. Já o último programa analisado, o Tribuna da Massa, foi comparado ao

programa Balanço Geral, pois também focou no drama da população e na explicação de como

ocorreu a explosão.

Após isso, foi escolhido dois vídeos do programa Balanço Geral Curitiba, que

mostrava um problema cotidiano da falta de pavimentação em uma determinada rua de

Curitiba, e o segundo vídeo era do quadro “Tô na Bronca”, em que os cidadãos viram

repórteres e falam o que está errado no bairro. A discussão em relação a estes dois vídeos foi

sobre a importância desse tipo de prestação de serviço, já que o público pode mostrar a

situação que convive diariamente, mostrando os problemas existentes nos bairros, e que é uma

ótima forma de envolver a participação do público na construção do problema. E também foi

discutido que esse tipo de quadro é importante para solucionar o problema, já que o programa

acaba comprando a briga, e quando o problema entra em contato com a mídia, é mais difícil

de conseguir esquecer.

Para finalizar este grupo, foram direcionados questionamentos sobre os conteúdos

enviados pelo público. A primeira questão levantada foram as impressões em relação à

presença desses conteúdos, a qual foi entendida como sendo necessária para que a

interatividade entre o programa e o público aumente, mesmo que os conteúdos não estejam

tão bons para ir ao ar. Outra questão abordada foi o que os integrantes do grupo focal acham

dos conteúdos enviados pelos telespectadores. Para eles, esse tipo de conteúdo acaba

aproximando a realidade, já que agrega valor e deixa mais interessante com os problemas

cotidianos que existem em cada localidade.

A última questão foi relacionada ao reconhecimento de materiais amadores e

profissionais. Para o grupo, é fácil identificar um vídeo amador de um profissional, sendo que

o amador não possui uma boa qualidade e dados para informar. Ainda assim, eles acreditam

que esses vídeos possuem a mesma característica dos vídeos profissionais: o objetivo em

informar. Para este grupo, mesmo os conteúdos não possuindo uma qualidade considerável, é

necessário que exista esse tipo de conteúdo no programa, mas não deve existir só esse tipo.

Também foi debatido que é necessário tomar cuidado com os vídeos mandados e

devem ser checadas as informações, para que não atinja outras pessoas.

75

5.3 Análise dos Grupos Focais

Os dois grupos foram realizados com pessoas que assistem ao programa Balanço

Geral Curitiba, sendo que as pesquisas ocorreram da mesma maneira: introdução da pesquisa,

descrevendo o que é um grupo focal e o que eles devem realizar; esclarecendo algumas

dúvidas; aplicando o questionário; e por último realizando o debate. O objetivo dos grupos

focais era compreender a opinião do público e promover a discussão entorno do programa

Balanço Geral Curitiba.

A coleta dos dados, de acordo com Carlini-Cotrim (1996, p. 287), se baseia na

capacidade humana em formar opiniões e inteirar com os demais participantes.

Ele contrasta, nesse sentido, com dados colhidos em questionários fechados ou

entrevistas individuais, onde o indivíduo é convocado a emitir opiniões sobre

assuntos que talvez ele nunca tenha pensado a respeito anteriormente. As pessoas em

geral precisam ouvir as opiniões dos outros antes de formar as suas próprias. E

constantemente mudam de posição (ou fundamentam melhor sua posição inicial)

quando expostas a discussões de grupo. É exatamente este processo que o grupo

focal tenta captar (id).

Após os grupos focais, foi possível compreender que geralmente as pessoas realizam

outras atividades enquanto assistem ao programa, existindo a necessidade de que o programa

trate de assuntos considerados interessantes pelo público, para que não se perca a atenção.

Além de que o ponto em que todos se encontravam era de que o fato de motivar os

participantes do grupo a assistirem aos programas era pelo motivo de como o apresentador

traz a notícia: de maneira clara e compreensível.

Quando tratou-se da interatividade, nem todos os participantes já fizeram contato:, o

motivo foi que não precisavam ou não tinham acesso para isso. Ainda com relação à

interatividade, os integrantes dos grupos acreditam que é uma maneira do apresentador estar

próximo do público, dando ouvidos para aquelas pessoas que nem sempre são ouvidas pela

sociedade. O fato de o público poder mandar materiais – fotos, vídeos, informações - para o

programa, faz com que eles se sintam parte da produção dos conteúdos, e que desta maneira

eles possam auxiliar para a “construção de uma sociedade”. Já que os conteúdos que outros

telespectadores mandam, configurariam ao Balanço Geral um ar de credibilidade, que para

eles é uma pessoa comum que está mandando.

Durante os grupos focais, foi possível compreender que o público acredita que existe

76

uma seleção de conteúdos, de tudo que vai para o ar,e que esses conteúdos enviados são

bastante utilizados por não existir muito investimento financeiro no programa, mas que é

necessário intercalar esses conteúdos para não ficar informal.

Os problemas locais é algo que motiva os espectadores a participar do problema, já

que assim eles acreditam que o programa está comprando o problema deles também, e

aguardando por resposta.

Com relação ao quadro Mochilink, os integrantes dos grupos agregam isso como

essencial em transmitir a notícia no momento em que está ocorrendo, já que para eles é

interessante essa busca por acontecimentos durante o programa. Para eles isso é importante, já

que os mantêm informados, facilitando no dia a dia.

Para Carlini-Cotrim (1996, p. 286), o grupo focal pode ser comparado com uma

entrevista em grupo, apoiando na interação entre todos os participantes. Durante os dois

grupos focais, a interação foi presente com todos os participantes, sendo que tudo que foi

proposto foi executado. Com relação aos comentários que o público faz, eles se mostraram

com a opinião própria, aceitando a opinião diferente.

O que ficou evidente após essa metodologia, foi que o público do telejornal Balanço

Geral Curitiba , busca o programa pelo fato de que para eles a notícia é passada de maneira a

ser mais neutra, e não se deixar influenciar pelas ideologias, além da maneira direta do

apresentador em informar.

Outro ponto observado foi que o que importa para o público, é que as notícias do

programa, sejam relacionadas ao bairro no qual eles residem, já que eles buscam as notícias

locais. Sobre o quadro Mochilink, os integrantes do grupo focal gostam deste quadro, já que

eles conseguem trazer a informação no momento em que ocorreu, mesmo eles considerando

trabalhoso, eles acham que se faz necessário, já que o público busca a instantaneidade. Com

relação ao Jornalismo Mobile, o público analisado acha interessante e necessário.

O que pode ser compreendido , é que o público que assiste o programa Balanço Geral

Curitiba, busca para que o programa seja um aliado nos problemas que eles não conseguem

solucionar. O programa constrói um discurso de um problema, no qual os responsáveis

oficiais não solucionam. Desta maneira, o programa acaba operando a partir de um sentido de

que faz a intermediação, para que alguma solução seja tomada.

77

5.4 Análise da entrevista

Para realizar a entrevista, foi selecionada a responsável pelas redes sociais do

programa, Ana Paula Severino. A entrevista ocorreu no mês de outubro, na RICTV, no qual

ocorreu de maneira breve, não ultrapassando 20 minutos, mas que todas as dúvidas foram

sanadas.

A entrevista escolhida para esta pesquisa é padronizada, já que possuiu um roteiro pré-

determinado, que logo após correu para despadronizada, no qual o pesquisador seguiu

conforme as conversas. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 196) os objetivos das entrevistas

são: descobrir fatos, desvendar planos de ação, motivos que interferem nas opiniões e

compreender a conduta das pessoas de acordo com os sentimentos.

Foi observado que o programa Balanço Geral Curitiba possui uma rotina de

produção, sendo baseada nos sites de informação para produzir seus conteúdos. As

informações sobre as ocorrências do dia, eles buscam através de sites, redes sociais e ligação

para fontes oficiais.

Com relação ao quadro Mochilink, no qual o repórter vai atrás da notícia, é uma

maneira da aplicação do Jornalismo Mobile no programa, já que além de receber informações,

chegar e produzir, este conteúdo também é distribuído de maneira Mobile.

Os valores-notícias empregados durante do programa, segundo a formalização feita

pela produtora são a: utilidade e proximidade. Buscando prestar de serviço a comunidade e ter

conteúdo relevante para Curitiba e região metropolitana. Só que esses valores-notícias acabam

variando, dependendo da pessoa que assiste ao programa, já que cada pessoa possui uma

perspectiva diferente do que é interessante para ela.

Durante a entrevista, foi comentado que o programa busca sempre a verdade, sempre

checar a informação. Só que neste ponto pode-se confrontar uma ideia: já que os profissionais

que trabalham no Balanço Geral não são tão numerosos, como é que eles conseguem checar

todos os comentários e informações que chegam até eles? Uma possível resposta, é que, após

a seleção feita pela profissional de redes sociais, Ana, ela acaba liberando os comentários

mais tranquilos, ou pelo fato de achar que está correto, algo que foi analisado na observação

participante, esses comentários considerados mais tranquilos são os que não vão prejudicar

ninguém.

O Jornalismo Mobile presente no programa vai além do quadro Mochilink, tendo

78

também pelos conteúdos enviados pelos telespectadores, links ao vivo, produção de matérias

via meios mobiles, quadro feito pelo público, o “Tô na Bronca”. Enfim, o programa está se

atualizando conforme as demandas de mercado, já que de acordo com o grupo focal, o público

busca um meio no qual o apresentador converse com a pessoa, dando ouvidos e espaço para

eles.

79

6. Considerações Finais

As discussões trazidas desde o início da pesquisa foram importantes para guiar o leitor

para que ele compreendesse as reconfigurações tecnológicas no processo de produção, em

especial do programa Balanço Geral a partir do Jornalismo Mobile. Os temas próximos ao

Jornalismo Mobile foram utilizados para que essa delimitação do tema ocorressem, como os

conceitos básicos para que seja possível compreender toda a pesquisa.

Durante a primeira análise, ocorrida de modo empírico, na qual foram analisados seis

dias do programa, foram mapeadas preliminarmente as intervenções existentes do Jornalismo

Mobile no programa. O resultado consolidado foi que o público acaba influenciando o

programa, e existe a interação entre os receptores (público) e produtores (emissora). Neste

primeiro momento foi possível constatar que o público passa a participar da produção dos

conteúdos para o programa, com suas tecnologias disponíveis.

Com a construção desta pesquisa, foi possível compreender a importância que o

Jornalismo Mobile possui, em especial no programa Balanço Geral Curitiba. Após as

análises, foi possível constatar algumas razões que impulsionam as estratégias de interação e

de Jornalismo Mobile empregadas pelo programa: a emissora não possui muitos funcionários,

afetando alguns pontos essenciais na redação: o fato de apenas um repórter ter que cobrir os

acontecimentos ao vivo, tendo que se deslocar aos mais diversos pontos de Curitiba e região

metropolitana, fazendo com que os profissionais se desgastem, mas que consigam trazer as

notícias. Outro ponto analisado foi que o público gosta e busca o jornalismo policial que tenha

um tom menos polêmico, desde que as informações sejam repassadas, só que eles também

buscam ser ouvidos pelos meios de comunicação. Além de que o próprio programa utiliza das

reportagens mais polêmicas para atrair o público e aumentar a audiência.

Com as três análises, foi possível compreender que o programa Balanço Geral

Curitiba investe no Jornalismo Mobile, desde a produção, usando como base os sites e redes

sociais para buscar conteúdos, assim como a produção e construção de matérias. O público

também acaba fazendo parte da construção dos programas, enviando vídeos e informações, só

que os conteúdos selecionados passam por um profissional responsável, que seleciona os

conteúdos locais para serem transmitidos. Sobre esse ponto, seria necessário que a produção

do programa estabelecesse todos os valores-notícia, já que dessa maneira, fica evidente, que a

seleção também passa pelos critérios pessoais do responsável.

A teoria do newsmaking pode ser utilizada no programa Balanço Geral para analisar

80

como o meio de comunicação constrói uma leitura da realidade, para construir uma realidade

para os telespectadores.

Sobre a interatividade do programa, o público consegue encaminhar conteúdos de

maneira simples. O programa utiliza da interatividade e dos conteúdos enviados pelos

telespectadores, já que eles necessitam deste tipo de conteúdo para atrair o telespectador, pois,

de acordo com os grupos focais, emprega veracidade nas matérias, e também como uma saída,

já que o programa não possui muitos colaboradores, para que estejam presentes em todos os

pontos de Curitiba.

Também foi possível constatar que a redação analisada está se reestruturando com o

Jornalismo Mobile, já que é comum a produção, construção e distribuição das matérias

ocorrerem por meio dos dispositivos móveis.

É possível observar que existe uma mudança ocasionada pelos meios tecnológicos,

resultados do Jornalismo Mobile, e que o diferencial é a maneira de como os veículos vão se

adequando a essa ramificação do jornalismo.

Após a observação foi possível constatar que o programa é baseado em informações

presentes na internet e redes sociais, já que a falta de profissionais acarreta isso. A seleção de

conteúdos não ocorre de maneira previamente definido, já que é pautado por acontecimentos

regionais e informações enviadas pelos telespectadores e Polícias.

O Jornalismo Mobile esta cada vez mais presente na redação, trazendo a

instantaneidade para o público, algo que após os grupos focais foi observado. A interatividade

é um ponto que deve ser levado em consideração, já que o público recorre a emissora para

resolver problemas que os responsáveis não fazem, além de que a interatividade também

auxilia para a busca de pautas para o programa.

A intencionalidade do programa, de abrir para comentários logo após matérias

impactantes, gera uma revolta nos comentários, que devem ser mensuradas pela responsável

das redes sociais. O sensacionalismo existe neste programa analisado.

O programa está se adaptando ao Jornalismo Mobile, buscando alternativas para

sempre mostrar novidades e facilidades para o público.

Por fim, acreditamos que após analisar diversas teorias e análises práticas, é possível

observar que os materiais disponíveis para a emissora necessitam de um complemento pelo

público, além de que eles buscam nas emissoras uma maneira de se apoiar com problemas

cotidianos. O programa busca se adequar ao Jornalismo Mobile e assim agradar ao público, já

que os telespectadores se inserem na rotina de produção dos conteúdos.

É possível concluir nesta monografia que as principais mudanças nos processos

81

televisivos de produção das notícias a partir dos parâmetros do Jornalismo Mobile, dentro da

estruturação na redação do programa Balanço Geral Curitiba, foram identificadas. Além da

identificação das mudanças que passaram a existir nos processos de apuração, produção e

consumo dos conteúdos. Sendo que as estruturas do Jornalismo Mobile foram questionadas, a

partir dos teóricos e foi levantada como os meios de comunicação utilizam os aparelhos

mobiles para produzir conteúdos, e até que ponto o público participa deste processo. Tudo isso

foi possível graças a motivação de buscar uma maneira de estruturar o Jornalismo Mobile.

82

7. Referências

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8. Anexos

8.1 Anexo A

Formulário entregue aos participantes dos Grupos Focais:

DADOS PESSOAIS NOME COMPLETO: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ DATA DE NASCIMENTO: _____ / _____ / ________ ENDEREÇO:___________________________________________________________________ CIDADE: _______________________________________________ ESTADO: _____________ PROFISSÃO: __________________________________________________________________ ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRO ( ) CASADO ( ) DIVORCIADO ( ) VIÚVO ( ) OUTROS FILHOS: ( ) NÃO ( ) SIM. QUANTOS? ___________ SEXO: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO FORMAÇÃO ESCOLAR: ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR COMPLETO

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QUESTÕES SOCIOECONÔMICAS ASSINALE A ALTERNATIVA CORRESPONDENTE À FAIXA SALARIAL FAMILIAR: ( ) ATÉ 2 SALÁRIOS MÍNIMOS (R$ 880,00) ( ) DE 2 A 4 SALÁRIOS MÍNIMOS (ENTRE R$ 880,01 - R$ 3.520,00) ( ) DE 4 A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS (ENTRE R$ 3.520,01 - R$ 8.800,00) ( ) DE 10 A 20 SALÁRIOS MÍNIMOS (ENTRE R$ 8.880,01 - R$ 17.600,000) ( ) ACIMA DE 20 SALÁRIOS MÍNIMOS (ACIMA DE R$ 17.600,01) A RESIDÊNCIA EM QUE VOCÊ MORA É: ( ) PRÓPRIA ( ) ALUGADA ( ) OUTROS. QUAIS: _________________ QUANTAS PESSOAS MORAM COM VOCÊ EM SUA CASA (CONTANDO COM VOCÊ): ( ) APENAS EU ( ) DUAS ( ) TRÊS ( ) QUATRO ( ) CINCO OU MAIS DAS PESSOAS QUE MORAM COM VOCÊ, QUANTAS SÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (CONTANDO COM VOCÊ): ( ) APENAS EU ( ) DUAS ( ) TRÊS ( ) QUATRO ( ) CINCO OU MAIS

QUESTÕES RELACIONADAS AO PROGRAMA BALANÇO GERAL CURITIBA FREQUÊNCIA EM QUE VOCÊ ASSISTE O PROGRAMA BALANÇO GERAL SEMANALMENTE: ( ) UMA VEZ ( ) QUATRO VEZES ( ) DUAS VEZES ( ) CINCO VEZES ( ) TRÊS VEZES ( ) SEIS VEZES AO ASSISTIR O PROGRAMA, VOCÊ REALIZA OUTRAS ATIVIDADES? QUAIS?

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O QUE TE MOTIVA A ASSISTIR AO PROGRAMA:

VOCÊ ASSISTE O PROGRAMA COM QUEM?

PONTOS POSITIVOS DO PROGRAMA:

PONTOS NEGATIVOS DO PROGRAMA:

VOCÊ JÁ FEZ CONTATO COM O PROGRAMA? (SEJA POR REDE SOCIAL, E-MAIL OU TELEFONE) CONTE SUA EXPERIÊNCIA:

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8.2 Anexo B

Entrevista com a responsável pelas redes sociais do programa Balanço Geral Curitiba.

Realizada no mês de outubro nas dependências da RICTV:

SABRINE – Como é a rotina de produção do programa Balanço Geral Curitiba?

Onde que são encontradas as pautas do programa?

ANA PAULA – Então, a editora chefe chega às 8 horas e começa a observar sites de

notícia. Ela liga para polícia pra ver se ocorreu alguma ocorrência, ela também vê a sala de

imprensa. Aí os demais funcionários chegam e continuam fazendo a ronda. Ligando para

polícia, pra prefeitura, enfim, para todos os sites de notícia de Curitiba. Uma ferramenta

bastante utilizada é o twitter do 190, no qual são encontradas a maioria das ocorrências.

SABRINE – Como funciona o Mochilink?

ANA PAULA– O quadro existe há mais ou menos uns cinco anos, e funciona da

seguinte maneira: o repórter Thiago Silva, juntamente com o cinegrafista/motorista e o

equipamento, vão atrás das notícias no decorrer do programa, as notícias chegam pelos

telespectadores, frequência da polícia ou pelo controle que existe com o que é assunto na

concorrência. Quando o fato é gravíssimo, o quadro do Mochilik entra ao vivo, as notícias

chegam através da rádio da polícia, das redes sociais, do Whatsapp, além das informações que

os próprios telespectadores mandam por essas redes sociais, no qual é passado direto pro

repórter ir atrás do ocorrido.

SABRINE – Quais os valores notícias adotados pelo programa Balanço Geral

Curitiba?

ANA PAULA– O básico, o interessante, relevante para a população e a prestação de

serviço. Buscando sempre o que podemos fazer para ajudar a população. Por exemplo, tem

um buraco na rua, nós vamos cobrar da prefeitura para ir arrumar, mostramos o antes e

depois. Também temos a responsabilidade com a verdade, já que não soltamos no ar sem

apurar o que aconteceu. E sempre buscamos mostrar os dois lados.

SABRINE – Quais as principais adaptações do Jornalismo Mobile adotados pelo

programa Balanço Geral Curitiba?

ANA PAULA– Temos muita participação do público, principalmente no Whatsapp. O

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programa começa e o Gilberto fala o número no ar e chegam mais ou menos umas cem

mensagens na hora que ele fala. Também tem bastante participação no e-mail e no Mochilink.

Tendo também o link do Emanuel, que são os assuntos mais importantes do dia, no qual esse

quadro surgiu para ficar mais dinâmico o programa.

SABRINE – Como são selecionados os materiais que os telespectadores encaminham

para o programa seja pelas redes sociais, e-mail ou telefones?

ANA PAULA – Se acontece um acidente, por exemplo, o telespectador envia pelas

redes sociais, e eu pego a informação e ligo para os órgãos oficiais e vejo realmente se

aconteceu. Se aconteceu o fato, nós pegamos a imagem e creditamos e colocamos no ar

informando a informação. As informações chegam por meio do Whatsapp, Facebook e pelo

portal do site. Onde essas informações são filtradas e verificadas a procedência. Nós

recebemos bastante informação de carro roubado, cachorro perdido, documentos roubados,

recebemos mais essas coisas de serviço, mas recebemos também alguns recados dos fãs do

Gilberto, que mandam um abraço ou um feliz aniversário pra alguém. Filtramos bem os

assuntos. Já quando é um caso mais específico e mais grave, nós não falamos no ar, nós

buscamos os contatos da pessoa que fez a denúncia e cobramos do órgão competente. Como

quando a pessoa fala que tem um buraco na rua, nós pegamos os contatos desta pessoa, as

informações da rua e ligamos para a prefeitura e cobramos solução. Fazemos o quadro “Tô na

bronca” para mostrar o buraco, essas coisas mais graves viram quadros que nós pegamos das

redes sociais. O filtro vai de acordo com as coisas mais importantes e é mandado para o email

que fica aberto, no qual o apresentador utiliza durante os programas

SABRINE – Quais os principais pontos negativos dessa interatividade?

ANA PAULA– São muitas mensagens que chegam, e às vezes nós demoramos pra ver

todas, afinal temos outras coisas pra fazer, a função de cuidar das redes sociais não é única.

Às vezes as pessoas mandam que pelo fato de demorar responder elas vão procurar a

concorrência. Eles sempre querem algo imediato.

SABRINE – Quais as notícias que possuem mais interatividade do público?

ANA PAULA– Algumas noticias são de fato, que quando vão ao ar comentários

aumentam, como policial que mata bandido, o público manda a opinião. Essa opinião é

sempre generalizando a ideia da massa, que quase 90% falam que ele fez certo. Tem casos de

pedofilia, que sempre tem as pessoas que falam que devia matar o pedófilo. O público sempre

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manda a opinião.

SABRINE –Como funciona a questão da liberdade do apresentador em dar a sua

opinião?

ANA PAULA– O Gilberto tem bastante liberdade, dá pra ver quando ele está lendo o

TP e quando está dando a opinião dele mesmo. Às vezes a diretora não gosta dessa liberdade,

já que tem autoridades que não gostam e ligam reclamando, aí temos que explicar que é só a

opinião do Gilberto e não do programa, ele é totalmente livre.

SABRINE – Como que vocês fazem para nivelar o conteúdo, já que tem um

adolescente assistindo ao programa, e ao mesmo tem um aposentado, já que são pensamentos

opostos, como que é feito esse conteúdo para não chocar e ao mesmo tempo não ser banal?

ANA PAULA– O programa é para a classe C e D, desde uns 14 anos até 70 anos, de

acordo com as mensagens que recebemos. Nós se preocupamos muito, como exe4mplo

quando vamos cobrir um assassinato, nós não vamos mostrar o corpo, vamos colocar uma

tarja, sempre se preocupamos com isso, porque é chocante. Sempre temos cuidado para ser

um programa policial de forma mais leve.