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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UniBrasil DOUGLAS SANTUCCI MARCOS MARIANO VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO: O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM CURITIBA 2011

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UniBrasil

DOUGLAS SANTUCCI

MARCOS MARIANO

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO:

O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM

CURITIBA

2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

Douglas Santucci

Marcos Mariano

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO:

O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM

Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 10,0 como requisito

parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo

pelas Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora

composta por:

Prof.(a) Felipe Harmata Marinho e Presidente

Prof.(a) Ivana Paulatti

Prof.(a) Suyanne Tolentino

Curitiba, 30 de Junho de 2011.

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DOUGLAS SANTUCCI

MARCOS MARIANO

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO:

O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito para a

obtenção do título de Bacharel em

Jornalismo, Escola de Comunicação Social

das Faculdades Integradas do Brasil –

UniBrasil.

Orientador: Prof. Felipe Harmata Marinho

CURITIBA

2011

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Resumo

O trabalho pretende mostrar, por meio de um videodocumentário jornalístico, o caso que envolve liberdade de expressão no radiojornalismo de Curitiba, a partir de fato ocorrido com Gladimir Nascimento, em 2009. O tema gera discussões e pode revelar o poder de coerção eventualmente exercido por empresas de comunicação quando questões políticas e institucionais ferem os princípios de liberdade desses veículos, ao mesmo tempo abordar a discussão relativa entre a liberdade de imprensa e a confusão entre esse conceito e o de liberdade de empresa. Para isso o trabalho usou, em um primeiro momento, a metodologia de análise de conteúdo em um segundo momento realizou pesquisa com grupo focal para verificar a repercussão do ocorrido.

Palavras-chave: liberdade de expressão; repercussão; radiojornalismo; Gladimir

Nascimento

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA ...................................................................................... 8

2.1 O significado de liberdade de expressão .......................................................... 8

2.2 Liberdade de expressão, de pensamento e de comunicação ....................... 10

2.3 Desenvolvimento da liberdade de expressão com os meios de

comunicação de massa .......................................................................................... 13

2.3 Confusão entre liberdade de imprensa e de liberdade de empresa ............. 15

2.4 A natureza do veículo rádio no Brasil .............................................................. 16

2.5 Exercício de liberdade, até onde se pode ir .................................................... 21

2.6 O gênero opinativo no radiojornalismo ........................................................... 24

3. OBJETIVOS ......................................................................................................... 26

3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 26

3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 26

4. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 27

5. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 29

5.1 Representações sociais e a subjetividade do sujeito .................................... 29

5.2 Documentário como visão de mundo.............................................................. 32

5.3 Aproximações e divergências do documentário e do jornalismo ................. 34

6. METODOLOGIA ................................................................................................... 37

a) Análise de conteúdo ........................................................................................... 39

b) Grupo Focal ......................................................................................................... 47

7. DELINEAMENTO DO PRODUTO ......................................................................... 55

7.1 Formato .............................................................................................................. 55

7.2 Duração .............................................................................................................. 56

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7.3 Personagens ...................................................................................................... 56

7.4 Público-alvo ....................................................................................................... 58

7.5 Veiculação .......................................................................................................... 59

7.6 Processo de Gravação ...................................................................................... 61

7.7 Linguagem ......................................................................................................... 62

7.8 Orçamento ......................................................................................................... 62

7.9 Viabilidade ......................................................................................................... 63

7.10 Roteiro .............................................................................................................. 64

7.11 Processo de edição ......................................................................................... 64

7.12 Trilhas ............................................................................................................... 64

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 66

9. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 68

APÊNDICES ............................................................................................................. 75

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho procura dar bases de estudo, reflexão e discussão, com

a produção de um videodocumentário jornalístico sobre liberdade de expressão no

radiojornalismo de Curitiba. Expressar-se é pré-requisito para posicionar-se em

relação a diversos cenários do cotidiano da comunicação. É, sobretudo, recurso

básico da função jornalística.

A importância do tema proposto está no plano individual por ser essencial

para o desenvolvimento da dignidade do ser humano e esse direito tem um papel

fundamental na sociedade, sendo o alicerce da organização democrática. Na „era da

informação‟ em que estamos vivendo, podemos considerar que os veículos

jornalísticos assumem a responsabilidade da preservação do exercício da liberdade

de expressão, sendo indispensável que as diversas gerações do mundo

contemporâneo estejam representadas por uma pluralidade de fontes jornalísticas.

Por isso quando existem exclusões ou impedimentos aos veículos de comunicação

ou a profissionais da área de comunicação, isso pode configurar, também, exclusão

à liberdade de expressão.

A perspectiva do trabalho está nos fatos ocorridos com o jornalista Gladimir

Nascimento, que após utilizar-se de recursos como âncora de programa jornalístico,

na Band News FM, fez comentários sobre a votação, referente ao aumento do fundo

de aposentadoria de funcionários e dos deputados, por parte da Assembleia

Legislativa do Paraná, ocorrido em dezembro de 2008. O jornalista foi demitido por

conta desse comentário. Os acontecimentos serão explicados ao longo do trabalho.

O tema é pertinente e o caso abordado é emblemático, pois fere princípios

constitucionais de liberdade de expressão. A importância deste estudo para a

comunicação está em trazer discussões e a possibilidade de conscientização da

sociedade. Pode mostrar o poder de coerção eventualmente exercido por empresas

de comunicação quando questões políticas e institucionais interferem os interesses

desses veículos.

As representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a

sociedade e o videodocumentário jornalístico se serviu dessa teoria para contar a

história da representação da demissão de Gladimir Nascimento, contada pelos

próprios protagonistas, onde a subjetividade do sujeito é testada dentro desse

conceito, já que a interpretação das notícias é atributo ligado a conceitos discutidos

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por profissionais da área.

Para fundamentar este trabalho foi utilizada a teoria das representações

sociais com conceitos da psicologia social de Serge Moscovici (1976) que aborda a

relação indivíduo-sociedade e sua capacidade de aprendizado e de adaptação ao

meio e Sandra Jovchelovitch (2007) que diz que a teoria das representações sociais

estuda a relação entre “um sujeito, que através de sua atividade e relação com o

objeto-mundo constrói tanto o mundo como a si próprio” (p.19). Por meio desta

teoria verificou-se de que maneira os meios de comunicação de massa influenciam o

chamado „senso comum‟. O trabalho aborda também de que forma são feitas as

concessões de rádio e os problemas causados pela maneira que essas concessões

são cedidas. Também é feita a abordagem sobre o conflito existente entre a

liberdade de imprensa e liberdade de empresa, mostrando de que forma os

empresários dos meios de comunicação influenciam a mídia.

Espera-se que este trabalho possa ser capaz de promover o debate sobre a

liberdade de expressão no jornalismo. O presente trabalho pode servir, ainda, para

ampliar e discussão acerca das relações entre meios de comunicação de massa e

Estado, bem como, por fim, pode estimular a reflexão de possíveis alternativas ao

atual modelo de controle da liberdade de expressão no meio jornalístico.

Na delimitação do tema é abordado o significado da liberdade de expressão,

suas vertentes; liberdade de pensamento e de comunicação o desenvolvimento da

liberdade de expressão com os meios de comunicação de massa; a confusão da

abordagem sobre liberdade de imprensa e de empresa; a natureza do veículo rádio

no Brasil, suas implicações e conseqüências; o exercício da liberdade de expressão,

mostrando até onde se pode ir.

Como abordagem da fundamentação teórica do trabalho é focada na teoria

das representações o videodocumentário do trabalho mostra as representações dos

jornalistas envolvidos no caso da demissão de Gladimir Nascimento. As

representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a sociedade e o

videodocumentário jornalístico se serviu dessa teoria para contar a história da

representação contada pelos próprios protagonistas, onde a subjetividade do sujeito

é testada dentro desse conceito.

Uma revisão de literatura foi realizada para buscar autores no embasamento

sobre a abordagem do tema do trabalho. Foram feitas duas pesquisas

metodológicas, a primeira delas uma pesquisa quantitativa para entender se houve

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ou não repercussão do caso na mídia e qual proporção esse caso teve, por isso foi

feita esta pesquisa. Como uma das intenções do trabalho é elevar a reflexão no

meio jornalístico a discussão da liberdade de expressão foi feito um grupo focal com

estudantes de jornalismo para verificar se eles conheciam casos de liberdade de

expressão ou conheciam, especialmente, o caso que envolveu a demissão de

Gladimir Nascimento da rádio Band News FM e de que maneira eles gostariam de

ver um produto sobre isso que ajudou a definir um videodocumentário como o

melhor caminho para ser feito um produto. Esta segunda pesquisa, feita com

estudantes de jornalismo, ajudou a definir o público-alvo do trabalho.

Como prévias até a finalização do trabalho, este estudo foi apresentado no

Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad), realizado no mês de maio

de 20100F

1 pelo curso de Direito da Unibrasil em parceria com a Escola de

Comunicação da mesma faculdade. O trabalho também foi testado no Seminário de

Inverno de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que

foi realizado em junho de 2010 1F

2. A participação foi significativa, pois as discussões

contribuíram para o direcionamento da pesquisa. Também foi produzido um artigo

com base nesse trabalho que foi selecionado e será publicado 2F

3 na Revista Cadernos

da Escola de Comunicação da Unibrasil, número 8.

1 http://www.observatoriociudadaniadigital.org/agenda/1-latest-news/158-20-21-maio-inclusao-

tecnologica-e-direito-a-cultura.html 2 http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=8272

3 http://apps.unibrasil.com.br/revista/

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2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

2.1 O significado de liberdade de expressão

A liberdade imprensa é a extensão da liberdade de expressão, direito

fundamental de toda a sociedade, assim garantido nas constituições de diversos

países dentro do estudo de Pieranti (2008). A Organização das Nações Unidas para

a Educação a Ciência e a Cultura – Unesco (1983) têm o mesmo posicionamento

que os autores Wheeker (1997), Kunczik (2002) e Kovach e Rosenstiel (2003)

quando afirma que os jornalistas são vitais para a existência de uma opinião pública

informada, de acordo com preceitos democráticos, ao resguardar o direito de a

sociedade receber informações. Esse conceito é essencial aos meios de

comunicação de massa. A liberdade de imprensa pressupõe não apenas a liberdade

de informar independentemente das idiossincrasias e ações dos membros da

administração pública, como também a independência em relação a interesses

privados.

Saavedra Lopez (1987) define a liberdade de expressão como o direito de

difundir, publicamente, por qualquer meio e perante quaisquer pessoas, qualquer

conteúdo simbólico. Ela pode ser exercida, segundo o autor, verbalmente, em uma

reunião ou uma manifestação pública; por escrito, através de livros, panfletos,

jornais, etc.; em encenações teatrais ou filmes; ou através do rádio e da televisão e

outros meios de comunicação em que jornalistas possam utilizar a liberdade de

expressão no exercício de sua função. Mas, em nada lhe altera o conteúdo se o livro

publicado ou o panfleto escrito for por uma ou por milhares de pessoas (p.18).

Lopez (1987) defende, ainda, que a liberdade de expressão pode ter

denominações diferentes em dependendo de cada técnica ou aplicação utilizadas

para exercê-la. Nesse caso o autor categoriza liberdade de expressão em liberdade

de imprensa, liberdade de radiodifusão, liberdade de televisão, entre outros. Lopez

(1987) afirma que o termo liberdade de expressão deveria ser utilizado num sentido

genérico, significando o direito a difundir publicamente qualquer conteúdo simbólico,

para qualquer público, por meio da utilização de qualquer técnica de comunicação.

O autor aborda que a liberdade de expressão não é “produto de um indivíduo já

autônomo, mas sim uma condição para que se desse sua autonomia, uma

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autonomia de homens emancipados da ignorância e opressão” (Apud SILVA, Antônio

Taudeu Dix. Op.cit., p.88).

Nesta perspectiva, a liberdade de expressão em sua dimensão individualista

traduz-se em um direito negativo, pois tem como objetivo uma abstenção do Estado,

ou seja, exige uma ação negativa do poder estatal no sentido de não restringir a

manifestação do pensamento. “Assim, para garantir-se a liberdade de expressão em

sua extensão subjetiva não é necessária uma prestação, mas apenas um direito de

defesa”. (VIDAL, 2009, p.19). A dimensão objetiva, por sua vez, volta-se para a

coletividade, constituindo-se na proteção do próprio regime democrático. Nesta

sintonia, a liberdade de expressão tem valor por garantir a formação da opinião

pública, a participação de todos no debate público e na vida política, bem como o

pluralismo jurídico.

A declaração de princípios sobre a liberdade de expressão, dentro do plano

internacional, afirma que toda pessoa tem o direito de buscar, receber e divulgar

livremente informações e opiniões. Este princípio está em conformidade com o artigo

13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e que também dispõe a

Declaração Universal dos Direitos Humanos 3F

4.

A liberdade de expressão, implica, então, que todas as pessoas devam ter

igualdade de oportunidades para receber, buscar e divulgar informação por qualquer

meio de comunicação sem discriminação por nenhum motivo. Ela é, portanto, um

direito fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É um requisito

indispensável para a existência das sociedades democráticas.

A liberdade de expressão decorre da necessidade de defesa da autonomia

individual dentro do processo político. Pressupõe logicamente a garantia e respeito

tanto da autonomia privada, quanto da autonomia pública. Mas é, por definição, um

direito individual. Ou seja, reconhecido aos particulares, garantindo-lhes iniciativa e

independência diante dos demais membros da sociedade política e do próprio

Estado. (SILVA, p.190). 4 A convenção Americana sobre Direitos Humanos dispõe em seu artigo 13, que „não se pode

restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou

particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos

usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a

comunicação e a circulação de ideias e opiniões‟. O disposto no texto da Declaração Universal dos

Direitos Humanos, em seu artigo 19, „todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão:

este direito inclui a liberdade, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir

informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

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2.2 Liberdade de expressão, de pensamento e de comunicação

A liberdade de manifestação e expressão do pensamento, como direito civil, é

um direito que surge exatamente para permitir, na norma jurídica, a livre circulação

de ideias através dos jornais e da imprensa em geral. A liberdade de expressão,

hoje, está vinculada no que pode-se denominar de liberdade de comunicação, que

consiste no direito do indivíduo utilizar livremente as mídias de sua escolha para

comunicar seu pensamento a outro, ou para aceder ao pensamento de outro.

Mais abrangente que a liberdade de imprensa, pois engloba todas as formas

utilizadas pelo indivíduo para expressar-se, segundo Francis Balle (1997) a

liberdade de comunicação é diferente da dimensão da liberdade de expressão cujo

exercício implica na utilização de uma técnica de difusão ou de comunicação.

Nesse sentido, reconhecendo que na sociedade moderna não há que se falar

efetivamente em liberdade de expressão se não for reconhecido o direito de difundir

ideias, pensamentos, notícias, acontecimentos e opiniões através dos meios de

comunicação. Os mais importantes instrumentos internacionais e a própria

Constituição Federal de 1988 estabelecem expressamente um elo entre os meios

comunicativos e a liberdade de expressão.

Ainda segundo a Constituição Federal de 1988, os meios de comunicação

social também são reconhecidamente instrumentos imprescindíveis para o efetivo

gozo do direito à liberdade de expressão. O artigo 220 da Carta Magna determina

que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob

qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o

disposto nesta Constituição” (p.15-16).

Contudo não se admite afirmar que a atividade dos meios de comunicação está

minimizada a uma relação privada entre os emissores e os receptores, como

frequentemente as empresas argumentam, para evitar todo tipo de regulamentação

de sua atividade. “Tanto a liberdade de expressão, como o direito à informação são

direitos fundamentais públicos e, portanto, afetam ao mesmo tempo as pessoas

individualmente e o desenvolvimento da sociedade e da vida social”. (RAMOS, 2007,

p.274).

Os meios de comunicação, sozinhos, exercem as prerrogativas de liberdade de

expressão e exercem uma função reconhecida como serviço público e, como tal,

deve ter garantias e ser protegida pelas normas jurídicas correspondentes criadas

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dos poderes públicos do Estado, que são os representantes legítimos dos cidadãos

e que respondem política e juridicamente por eles.

As garantias dessas liberdades não foram acompanhadas, porém, de

mecanismos de regulação. As liberdades de expressão e de imprensa são não raro

interpretadas, como lembra Arbex Júnior (2001), como o direito que os donos das

empresas de comunicação têm de escolher o que será veiculado e publicado. A

forma como a liberdade de expressão é afirmada na Constituição brasileira e a

inexistência, no art. 220, de mecanismos de regulação a serem operados pelo

Estado, têm funcionado, “como uma negação dos empresários à necessidade de

estabelecer limites” (CASTRO, 2002, p.124).

Herman e Chomsky (2003) demonstram ceticismo ao tratar da independência

da imprensa, lembrando que o jornalismo contemporâneo estrutura-se de acordo

com a lógica empresarial e necessariamente subjugando-se, portanto, a interesses

privados nem sempre compatíveis com os públicos. Ressalta-se que interesse

público é conceito permanentemente associado aos meios de comunicação de

massa.

Ana Carolina Ponte Vidal (2005) defende a tese de que os veículos jornalísticos

deveriam informar de maneira comprometida e ética os assuntos de interesse

público, fomentar a cidadania e servir como espaço de convergência das diversas

concepções políticas, filosóficas, econômicas e sociais existentes. Vidal (2005)

afirma ainda que a sociedade contemporânea depende da imprensa para ter acesso

aos acontecimentos diários importantes para a vida política que contribua para a

formação de uma opinião pública independente e pluralista. “Portanto, ainda que a

imprensa não exercite seus deveres de forma ideal, é certo que ela, favorecendo a

ilustração dos cidadãos, ainda contribui de forma positiva para a plena realização da

organização democrática” (Vidal, 2009, p.41).

É central para o jornalismo a defesa de interesses públicos já que a imprensa

se constitui em catalisador de demandas no âmbito público, papel que, para Kunczik

(2002), é ainda mais ressaltado em países em desenvolvimento.

Este conceito de liberdade de expressão, ligado à idéia de direito à informação,

apresenta três aspectos diferentes para Canotilho:

Em primeiro lugar, existiria o Direito de informar que consiste na liberdade de transmitir ou comunicar informações a outrem, de as difundir sem impedimentos. Pode também consubstanciar-se no direito ao acesso a meios para informar; o

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Direito de se informar que seria a liberdade de recolha da informação. Por fim, o Direito a ser informado seria a versão positiva do direito de se informar, consistindo no direito a ser mantido informado. (CANOTILHO,2002,p225).

A liberdade de pensamento está inserida, na Constituição Federal de 1988, em

seu artigo 5° (cláusula pétrea), inciso IX, que diz:

É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença (...) é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Art.. 220: a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto. (...) Parágrafos 1° e 2°: nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto do art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV (...) “é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, p.15-16).

Pieranti e Zouain (2006) frisam que nunca, na história da República do Brasil, a

liberdade de expressão e o veto à censura ficaram tão explícitos quanto na

Constituição Federal de 1988. A liberdade de expressão, dentro de um Estado

Democrático de Direito, é direito essencial não podendo sofrer nenhum tipo de

cerceamento no que se refere a censura de natureza política, ideológica e artística.

Discussões sobre os limites do tema estão sempre em pauta, jornalistas defendem

que podem expressar-se livremente enquanto alguns juristas afirmam que esta

liberdade deve ser encarada com moderação.

Liberdade de crença, opinião, de palavra, de expressão, de imprensa. Uma vez

proclamadas, essas liberdades, sujeitas ou não a deveres, e acompanhadas ou não

de garantias relativas aos meios materiais necessários para o seu exercício segundo

os países, provocam, entretanto, algumas limitações que podem ser mínimas ou,

pelo contrário, abarcar diversos aspectos relacionados com o seu exercício.

Ramos e Santos (2007) mostram em seu estudo que o direito fundamental à

liberdade de expressão é considerado um direito civil e político e o direito

fundamental à informação enquadra-se dentro dos direitos sociais e culturais. Estes

protegem a pessoa no desenvolvimento de sua vida social e coletiva como direito

subjetivo público de caráter social e cultural.

Produto da revolução industrial, esse direito desenvolveu-se com o nascimento

dos meios de comunicação de massa, dentro do novo conceito de Estado Social de

Direito. No último século, quando os meios de comunicação foram se transformando

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em meios de comunicação de massas, a partir principalmente do desenvolvimento

do rádio e da televisão, também começaram a satisfazer as necessidades coletivas

e sociais de informação e comunicação (MEYROWITZ, 1985). O autor explica ainda

em seu estudo que o direito à informação determina deveres ao Estado para que

atenda aos interesses da sociedade. Neste caso há necessidade de reflexão maior

sobre a natureza e as funções dos meios de comunicação para que se possa chegar

a uma noção de que estes são serviços públicos, justamente por influenciarem sobre

a opinião pública.

Como posiciona-se Pieranti (2004) a liberdade de imprensa deve ter

reconhecimento por parte do Estado. Sozinhos os meios de comunicação são

incapazes de garantir essa liberdade, já que podem ser submetidos a mecanismos

de coerção por parte do poder público. Nesse contexto, há necessidade que a

Administração Pública, segundo Pieranti (2004) crie uma legislação que estabeleça

a liberdade de imprensa, mas que também não deixe que mecanismos de coerção

possam inviabilizar a prática jornalística.

2.3 Desenvolvimento da liberdade de expressão com os meios de

comunicação de massa

Em estudo de Robert Dahl (2001) o autor classificou seis instituições como

sendo essenciais à poliarquia, que para ele são modelos de democracia. Quatro

desses modelos (funcionários eleitos; eleições livres, justas e freqüentes; autonomia

para as associações; e cidadania inclusiva) não se relacionam diretamente às

atividades ligadas à comunicação. As outras duas instituições estão ligadas

diretamente à comunicação: liberdade de expressão e fontes diversificadas de

informação que relacionam-se à satisfação de critérios básicos para a vigência de

um regime democrático. Dahl (2001) aborda em seu ensaio que a imprensa deve ser

livre (numa extensão no princípio de liberdade de expressão) e a sociedade deve ter

acesso a fontes múltiplas de informação, que têm como uma de suas funções, a

fiscalização do Estado e dos atores a ele ligados.

Com base nas interpretações de Dahl (2001) os meios de comunicação são

importantes para esses mesmos atores, devido a seu poder de difusão da

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informação. Contudo a acomodação desse impasse envolve uma ampla e constante

busca, por parte de atores ligados ao Estado, de influência sobre os meios de

comunicação para torná-los mais dependentes e, na prática, amarrados a eventuais

interesses pessoais.

Althusser (1987) relaciona os meios de comunicação como um dos meios de

aparelhos ideológicos do Estado, ou seja, instituições que, mesmo oficialmente

controlados pela iniciativa privada, reproduzem a ideologia do Estado e as relações

de produção vigentes. Em estudo semelhante, Vieira (1984) lembra disso ao afirmar

que:

Os meios de comunicação de massa são aparelhos ideológicos do Estado, mas não são apenas isso, porque, no que refletem o Estado, eles também fazem o Estado, reproduzem a ideologia do mercado e o mercado mesmo, o produto e o consumo do produto, mas, acima de tudo, a existência de um sistema fundado no consumo, ou no mercado, e, afinal, o que os aparelhos reproduzem mesmo é o mecanismo das relações de produção. (VIEIRA, 1984, p.22)

Octavio Pieranti e Paulo Matos Martins (2008) afirmam ser mais difícil para o

Estado a formulação e a implementação de políticas que se refiram ao conteúdo

informativo dos meios de comunicação, já que medidas que incidem sobre os

interesses do empresariado correm o risco de ser prontamente taxadas de

inconstitucionais e de estarem violando a liberdade de expressão. Na sua

abordagem posicionam-se que “a liberdade de imprensa caracteriza-se por seu

caráter praticamente desregulado, sem que o Estado consiga estabelecer limites

para o conteúdo a ser difundido” (p. 316).

Segundo Pieranti (2008) a falta de controle a uma censura interna nas

redações ou sem que profissionais não sejam, de alguma forma, resguardados por

cláusulas de consciência, acaba por prevalecer a liberdade de empresa, mediante a

qual os donos dos meios de comunicação e os funcionários de sua confiança

tornam-se os responsáveis por escolher o que será divulgado. O interesse público

nem sempre é encarado como prioritário.

Seria falacioso afirmar que o Estado brasileiro contemporâneo controla os

meios de comunicação. Na verdade busca-se compreender neste trabalho essa

relação contraditória entre os meios de comunicação e o Estado, pois estes são

marcados por conflitos que opõem os interesses pessoais a princípios democráticos.

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2.3 Confusão entre liberdade de imprensa e de liberdade de empresa

Relatório da Unesco (1983) mostra que a liberdade de imprensa, mais ampla, é

uma extensão da liberdade de expressão. Garantido esse direito, jornalistas tornam-

se aptos a informar a sociedade como acharem condizente, sem filtros prévios ou

simultâneos, devendo estar atrelados apenas em códigos de ética específicos.

Pieranti e Zouain (2006) defendem esta abordagem também ao afirmar que a

liberdade de imprensa pode ser resguardada, na prática, por instrumentos

específicos, como a „cláusula de consciência‟.

Em países onde vigora essa proteção legal, jornalistas podem se recusar a

cumprir ordens ou divulgar notícias com determinado viés, se julgarem que essas

atitudes ferem sua honra ou não refletem a veracidade dos fatos. Em alguns casos,

há proibição explícita de demissão de jornalistas com base nas crenças que

professam. No Paraná, a Convenção Coletiva de Trabalho 2009/2010, do Sindicato

dos Jornalistas Profissionais que rege a categoria, aborda o tema em sua cláusula

vigésima quinta, que trata do Código de Ética onde diz que será nula toda

advertência ou punição aplicada ao jornalista empregado que contraria orientação

ou imposição da empresa, consideradas pelo Conselho de Ética como afrontosas ao

código da profissão.

Na abordagem de conflitos entre interesses públicos e privados, Arbex Júnior

(2001), aponta a confusão entre a liberdade de imprensa e a da empresa. No

estudo, o autor mostra que o conceito de interesses públicos refere-se a uma

liberdade pública, fruto de conquistas em ambiente democrático, não podendo ser

interpretado como bem de empresas específicas. A liberdade de imprensa é

discutida, segundo Arbex (2001) como se fosse o direito que os empresários do

setor têm de transmitir informações que julgam ser de interesse. Essa, porém, no

posicionamento do autor, é a liberdade de empresa, vinculada às idiossincrasias de

pessoas específicas.

A garantia dessas liberdades não foi acompanhada, porém, de mecanismos de

regulação. As liberdades de expressão e de imprensa são não raro interpretadas,

como lembra Arbex Júnior (2001), como o direito que os donos das empresas de

comunicação têm de escolher o que será veiculado e publicado. A forma como a

liberdade de expressão é afirmada no principal documento legal do país e a

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inexistência, no art. 220, de mecanismos de regulação a serem operados pelo

Estado, têm funcionado, “como uma negação dos empresários à necessidade de

estabelecer limites” (CASTRO, 2002).

No estudo Arbex (2001), mostra que o conceito de interesses públicos refere-se

a uma liberdade pública, fruto de conquistas em ambiente democrático, não

podendo ser interpretado como bem de empresas específicas. A liberdade de

imprensa é discutida como se fosse o direito que os empresários do setor têm de

transmitir informações que julgam ser de interesse. Essa, porém, no posicionamento

do autor, é a liberdade de empresa, vinculada às idiossincrasias de pessoas

específicas.

Outra abordagem em questão que requer consideração é que não existe

somente a censura, possivelmente, praticada pelo Poder Público, mas também as

praticadas por ocupantes de chefias de publicações ou programas de cunho

jornalístico. Esta, inclusive, não é regulamentada, fazendo parte da rotina de

empresas jornalísticas privadas.

Para que a liberdade de imprensa seja garantida, não é necessária somente a

vigência de leis que a assegurem, mesmo que estas sejam essenciais, pois a edição

das mesmas não são garantias de que trarão maior amplitude às liberdades. Muito

menos à liberdade de comunicação, pois esta não está só associada às leis vigentes

em cada país, mas à organização das empresas jornalísticas, aos atributos da

profissão e principalmente a relação entre os interesses privados de empresários e a

defesa do interesse público que deveria ser feita por jornalistas.

2.4 A natureza do veículo rádio no Brasil

Os meios de comunicação de massa são compostos por diversos veículos

jornalísticos com prerrogativas e predominâncias individuais. Este trabalho tem como

enfoque o veículo rádio e para explicar um pouco os mecanismos e como funciona

esse meio de comunicação, faremos breve contextualização e explicaremos de que

forma é concentrada a propriedade e as concessões feitas no rádio. Inclusive

falaremos também de televisão, já que esse veículo de comunicação tem forte

influência das concessões para suas transmissões.

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Rádio e televisão têm servido no Brasil como instrumentos de poder e de troca

de favores e interesses, como moeda de troca entre o Governo Federal e o setor

privado, segundo Israel Fernando de Carvalho Bayma (2001). O autor afirma que o

ex-presidente Sarney concedeu, entre 1985 e 1988, um grande número de licenças

de emissoras de rádio e TV para empresas ligadas a parlamentares federais, os

quais ajudaram a aprovar a emenda que lhe deu cinco anos. Bayma (2001) afirma

que Fernando Henrique Cardoso, até setembro de 1996, autorizou 1.848 licenças de

RTV, repetidoras de televisão, sendo que 268 para entidades ou empresas

controladas por 87 políticos, todos favoráveis à emenda da reeleição.

O termo coronelismo é utilizado como uma forma peculiar de manifestação do

poder privado, com base no compromisso e na troca de proveitos com o poder

público, segundo Célia Stadnik (1991). Para a autora, a ciência política trata como

coronelismo a relação entre os coronéis locais, líderes das oligarquias regionais, que

buscavam tirar proveito do poder público, no século XIX e início do século XX “e não

há como deixar de se associar esse termo aos atuais impérios de comunicação

mantidos por chefes políticos oligárquicos, que têm, inclusive, forte influência

nacional” (BAYMA, 2001, p.140). Segundo o autor ainda o compadrio, a patronagem,

o clientelismo, e o patrimonialismo ganharam, assim, no Brasil, a companhia dos

mais sofisticados meios de extensão do poder da fala até então inventados pelo

homem: o rádio e a televisão.

Bayma (2001) afirma, ainda, que no Brasil constituiu-se em um dos traços

determinantes do atual poder oligárquico nacional, a posse de estações de rádio e

de televisão por grupos familiares e pelas elites políticas locais ou regionais e que se

convencionou chamar de coronelismo eletrônico.

As constituições brasileiras desde 1946 proíbem o controle das empresas

jornalísticas e de radiodifusão por parte de pessoas jurídicas, sociedades anônimas

por ações e estrangeiros. Lima (2001) afirma que a intenção dos legisladores era

permitir a identificação plena dos proprietários e impedir o controle da mídia pelo

capital estrangeiro. O autor mostra também que o efeito indireto de tais restrições

legais produziu a formação de monopólios familiares no setor de comunicação de

massa.

Bayma (2001) aborda que ao tratar da propriedade dos meios de comunicação

o art. 12 do Decreto n º 236, dispõe sobre os limites da propriedade. Ficam explícitos

na lei que não poderão ter concessão ou permissão às entidades das quais faça

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parte acionista ou cotista que integrem o quadro social de outras empresas

executantes do serviço de radiodifusão, além dos limites já fixados. Além disso,

nenhuma pessoa poderá participar da direção de mais de uma empresa de

radiodifusão, em localidades diversas, em excesso aos limites estabelecidos. Ao

tratar, mais uma vez, da concentração de propriedade, notadamente das

organizações de sistemas de redes, o Decreto estabelece que as empresas que

foram concessionárias ou tiveram permissão para o serviço de radiodifusão “não

poderão estar subordinadas a outras entidades que se constituem com a finalidade

de estabelecer direção ou orientação única, através de cadeias ou associações de

qualquer espécie” (p.142).

Embora a lei proíba o exercício da „função de diretor ou gerente de empresa

concessionária de rádio ou televisão a quem esteja no gôzo de imunidade

parlamentar ou de foro especial‟ (Código Brasileiro de Telecomunicações, Parágrafo

Único do Art. 38), várias táticas têm sido aplicadas para burlar a norma legal (LIMA,

2001). Além disso, na tradição política brasileira, a concessão de emissoras de rádio

e televisão foi sempre usada como „moeda política‟ em troca de apoio para o grupo

transitoriamente ocupante do Poder Executivo (MOTTER, 1994). Expressões como

„coronelismo eletrônico‟ ou „cartórios eletrônicos‟ têm sido frequentemente utilizadas

para caracterizar a tentativa de políticos de exercer, através dos meios de

comunicação de massa, o controle desses veículos para ficar próximo de sua área

de atuação política.

Por outro lado, os limites de propriedade estabelecidos pelo Código Brasileiro

de Telecomunicações (de 1962, ainda em vigor no que se refere a radiodifusão)

raramente são cumpridos. O efeito indireto de tais restrições legais produziu a

formação de monopólios familiares no setor de comunicação de massa. Conforme

Lima (2001) apenas oito grupos familiares controlam o setor de rádio e televisão no

Brasil, conforme tabela a seguir:

Grupos familiares e números de emissoras na radiodifusão brasileira

Nacionais Televisão Rádio

Marinho (Globo) 32 20

Saad (Bandeirantes) 12 21

Abravanel (SBT) 10 -

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Regionais Televisão Rádio

Sirotsky (RBS-Sul) 20 20

Câmara (Centro-Oeste) 08 13

Daou (Norte) 05 04

Zahran (Mato Grosso) 04 02

Jereissati (Nordeste) 01 05

(LIMA, 2001, p. 106)

Obs.: Embora a legislação em vigor limite a cinco o número de emissoras de TV

por grupo, as redes burlam as regras se associando às estações de outros

proprietários que funcionam como meras repetidoras locais ou regionais da

programação nacional.

A tabela acima mostra que os principais grupos familiares do setor de

comunicações no Brasil são: família Marinho (Globo), que possui32% de

concessões em TV no Brasil. No segmento rádio o grupo Globo tem participação de

20% dessas concessões. A família Saad (Bandeirantes) possui 12% das concessões

em TV e têm participação de 21% em rádio. Já a família do grupo Abravanel (SBT)

participa com 10% das concessões de transmissão de TV.

Já a leitura das concessões regionais na observação da tabela acima a família

Sirotsky (RBS), participa com 20% das concessões de TV e possui também 20%das

concessões de rádio; a família Câmara (Centro-Oeste), participa com 8% das

concessões de TV e possui participação de 13% nas de rádio; a família Daou (Norte)

participa com 5% das concessões de TV e tem participação com 4% das

concessões em rádio; a família Zashran (Mato Grosso) tem participação de 4% nas

concessões de TV no Brasil e com 2% das concessões em rádio e a família

Jereissati (Nordeste), participa com 1% de TV e com 5% das concessões em rádio.

No Paraná, segundo levantamento feito pelo jornal Gazeta do Povo 4F

5, publicada

dia 13 de junho de 2011, 15% das rádios registradas no Ministério das

Comunicações estão nas mãos de políticos. O jornal afirma que pelo menos 54

emissoras de rádio das 355 com registro no governo federal são de propriedade de

políticos ou familiares de políticos. Segundo a reportagem entre os empresários do

setor estão ex-governadores, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado,

5 http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1136363&tit=Politicos-sao-

donos-de-15-das-radios-no-PR. Acesso em 13/06/2001

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secretários de estado, deputados federais e estaduais, prefeitos, ex-prefeitos e

vereadores. Destes, foram identificados 45 donos de rádios que exercem ou

exerciam cargos eletivos. (KOHLBACK, 2011).

A reportagem mostra, ainda, entrevista do ministro das Comunicações, Paulo

Bernardo, que considera um índice alto de 15% de emissoras de rádio do Paraná

ligadas a políticos ou a parentes de políticos. Na entrevista publicada no jornal

Gazeta do Povo, o ministro das Comunicações afirma ser necessária uma nova

legislação e que “está pronta a minuta de um decreto (...) que vai alterar os critérios

de concessão de rádios e TV comercial. Haverá mais exigências. Vamos exigir

parecer de auditoria dizendo que a empresa tem capacidade técnica e financeira

para implantar a emissora”. (KOHLBACK, 2011).

Em Curitiba, segundo a publicação do jornal, apenas duas rádios aparecem na

pesquisa: a Rádio Caiobá FM, pertencente ao ex-governador João Elisio Ferraz de

Campos e a Rádio LK Radiodifusão (Rádio Banda B), pertencente ao secretário

estadual do Emprego e Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli e Maria Aparecida da Silva

Martins, mulher do ex-deputado estadual Luiz Cláudio Martins. Porém esses

números podem ser ainda maiores. Como exemplo pode-se citar a Rádio Massa 5F

6

FM, que pertence ao empresário Carlos Roberto Massa, o apresentador Ratinho,

que têm como âncora do programa „Microfone Aberto‟ seu filho, o deputado federal

Ratinho Junior.

Além do monopólio familiar, Lima (2001) aponta outra característica marcante

do sistema de mídia brasileiro: o controle de parte importante das emissoras de

rádio e televisão por políticos. O autor enfatiza que até o ano de 1988 – ano da

promulgação da atual Constituição –, a concessão de serviços de radiodifusão era

atribuição do presidente da República que usava de sua posição como moeda de

troca política. Como resultado desta legislação criou-se no Brasil como o trabalho

expôs no item anterior, o chamado „coronelismo eletrônico‟, com “políticos

controlando e usando a mídia local ou regional para seus interesses políticos e

eleitorais” (LIMA, p.108). A tabela a seguir resume a situação no panorama nacional.

6 Disponível em http://www.massafm.com.br/content/massa-fm. Acesso em 13/06/2011.

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Emissoras de rádio e televisão controladas por políticos – Brasil (1994)

Emissoras Total Brasil Políticos e ex-políticos %

Televisão 302 94 31,12

Rádio 2.908 1.169 40,19

(LIMA, 2001, p. 107)

O veículo rádio é apontado pelo autor, na tabela acima, como possuidor de

2.908 concessões, sendo que destas 1.169 são de propriedade de políticos e ex-

políticos, o que representa 40,19% do total das concessões. De acordo com o autor,

mesmo com as novas regras definidas pela Constituição de 1988 a prática de

distribuir as concessões dos serviços de radiodifusão continuaram: das 1.848

estações repetidoras de TVs autorizadas depois de 1995, já no governo de

Fernando Henrique Cardoso 268 foram dadas a empresas ou entidades controladas

por políticos (LIMA, 2001, p.109).

Lima (2001) constatou que, em 1985, foram distribuídos pelo presidente José

Sarney 127 concessões; em 1986, 154; em 1987, 208 e, em 1988, durante os dez

meses que antecederam à promulgação da nova Constituição Federal, 539 (52% do

total do governo). Ao todo, foram outorgadas 1028 concessões – 30,9% de todas as

2200 feitas desde 1934. Conclui-se então que 16,3% dos 559 parlamentares

constituintes receberam concessões de emissoras de rádio ou televisão.

A fiscalização pelo Congresso Nacional, determinada pela Constituição Federal

de 1988, não evitou a utilização política da distribuição de concessões nos anos

posteriores à promulgação da Constituição. Critérios políticos ou econômicos,

usados como valores absolutos, não são o bastante para garantir a pluralidade de

fontes de informação. Deve-se aliar também políticas voltadas a uma maior

democratização das comunicações – depende-se, nesse caso, de ação incisiva por

parte do Estado.

2.5 Exercício de liberdade, até onde se pode ir

„Em 20 minutos tudo pode mudar‟. Com este slogan a rádio Band News FM

Curitiba entrou em operação no dia 2 de janeiro de 2006 na freqüência 96,3 onde

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anteriormente gerava a transmissão da rádio Rock Studio 96. A rádio faz parte do

Grupo Bandeirantes de Comunicação. Transmite parte da programação da rede

Band News FM e outra parte de programação local. A rede transmite vários boletins

de notícias com duração de cerca de vinte minutos durante toda a programação,

intercalados por análises de colunistas além de programas gerados pela

programação local.

A implementação da programação local da emissora, em Curitiba, esteve a

cargo do jornalista Gladimir Nascimento, que contou com a colaboração de uma

equipe formada pelos profissionais como: Denise Mello, Daiane Figueiró, Patrícia

Thomaz, Heliberton Cesca, Aline Castro, Vinícius Sgarbe, Giselle Hishida, Tathiana

Pereira, além de técnicos e outros jornalistas que já faziam parte da emissora antes

da instalação da programação da Band News FM em Curitiba, além de técnicos e

profissionais da área comercial.

No dia 15 de janeiro de 2009 Gladimir Nascimento foi demitido da emissora e,

segundo ele, o motivo foi por „pressões políticas‟ (MARTIN, 2009). A demissão foi

ocasionada após um comentário que o jornalista fez ao saber da votação ocorrida na

Assembleia Legislativa do Paraná quando no dia 18 de dezembro de 2008, de

madrugada, em horário que não é habitual a votação de matérias, os deputados,

segundo Gladimir Nascimento, aprovaram a aposentadoria especial deles e de

funcionários da Assembleia e reservaram para o ano de 2009 cerca de R$ 17

milhões para esta despesa. A matéria entrou em pauta e foi aprovada sem o registro

dos votantes pró e contra, já que o painel eletrônico estava desligado.

Ao saber do comportamento dos deputados paranaenses, Gladimir Nascimento

relatou, com indignação, a notícia dessa última sessão legislativa do ano de 2008,

na Assembleia Legislativa do Paraná. Segundo o jornalista, a matéria entrou em

votação e foi aprovada sem aprovação das comissões competentes, com o painel

eletrônico desligado e sem estar na pauta de votações do dia. O jornalista informou

ainda que com esta aprovação, os deputados passariam a receber uma

aposentadoria de R$ 10,2 mil por mês.

Tal acontecimento fez com que Gladimir Nascimento fizesse comentários

exercendo a sua liberdade de expressão para comentar a atitude dos deputados

paranaenses. O jornalista teceu o seguinte comentário: “Elegemos os políticos para

serem representantes do povo e eles nos surpreendem como ladrões de galinha”

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(MARTIN, 2009)6F

7. Nascimento informou também que Joel Malucelli, proprietário da

emissora em Curitiba, quando comunicou a sua demissão em reunião posterior „teve

coragem de lhe relatar a verdade‟, o porquê de ter sido demitido. “Os comentários

que eu fiz são fortes. Se as pessoas não gostam, que me demitam”, disse

Nascimento. “Este episódio foi um exercício de liberdade, saber até onde poderia ir,

e Joel (Malucelli) foi transparente”. (MARTIN, 2009).

Por meio de pesquisa de análise de conteúdo, que será aprofundada mais

adiante (p. 40), o trabalho verificou a repercussão do ocorrido, por meio da busca de

informações da repercussão através da internet.

Os organismos da imprensa de Curitiba e de outros Estados da federação se

manifestaram por meio de blogs e sites como o Comunique-se, que emitiram notas

ou matérias informando da votação, sem aprofundamento, sobre o aumento da

aposentadoria por parte dos deputados, principalmente da forma como a votação

aconteceu.

Este caso é emblemático e requer discussão já que o fato ocorrido pode servir

para repensar a liberdade de expressão no radiojornalismo de Curitiba. Com isso,

busca-se neste trabalho a produção de um documentário jornalístico audiovisual

sobre a liberdade de expressão na manutenção de um Estado Democrático de

direito. O enfoque está nos fatos ocorridos com o jornalista Gladimir Nascimento.

A objetividade jornalística aliada ao aprendizado profissional está presente no

exercício do jornalista fazendo com que ele informe o fato sem emissão de juízo de

valor. Esta característica é mais exigida quando se trata de jornalismo informativo.

Contudo, a alegação de objetividade, como a demonstrada nas noções dos

jornalistas, torna-se ineficiente quando o exercício profissional impõe a necessidade

de comentar, opinar e interpretar fatos da realidade. Tuchman (1999) mostra em seu

estudo que os fatos são selecionados segundo o critério de julgamento do redator,

do repórter e critério dos editores. A linha editorial do veículo se faz presente para

suprir matéria jornalística se o tema a ser noticiado contraria interesses empresariais

do veículo.

A interpretação das notícias é atributo ligado a conceitos discutidos por

profissionais da área. A subjetividade faz parte do conhecimento profissional do

jornalista, sua bagagem cultural, seus estudos e repertório adquiridos no exercício,

7Comentário político causa demissão na Band News Curitiba, disponível no site Comunique-se.com

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sofrendo assim os efeitos da teoria organizacional. Em sua pesquisa o escritor Rossi

diz:

é realmente inviável exigir dos jornalistas que deixem em casa todos esses condicionamentos e se comportem, diante da notícia, como profissionais assépticos, ou como a objetiva de uma máquina fotográfica, registrando o que acontece sem imprimir, ao fazer o seu relato, as emoções e as impressões puramente pessoais que o fato neles provocou. (p.10)

Luiz Amaral (1996) explica o porquê a objetividade jornalística ser

considerada, por muitos estudiosos, um mito: “somos prisioneiros de sistemas de

valores adquiridos. Os nossos atos são influenciados, quando não determinados, por

nossa maneira própria de ver, sentir e reagir à ação dos agentes externos (...)” (id,

p.18). Isso aparece, principalmente, quando se trata do discurso jornalístico de rádio,

onde o jornalista interpreta as notícias. Isto é abordado pelo estudo de Diana (1987),

que ilustra bem o desafio enfrentado pelo jornalista de rádio que utiliza-se apenas da

voz para se comunicar com o público.

2.6 O gênero opinativo no radiojornalismo

A manifestação de opinião no jornalismo contemporâneo ganha classificação

em gêneros, segundo estudo de Melo (1994). O autor sustenta que o surgimento do

comentário no jornalismo brasileiro afigura-se como espaço propício para a

expressão opinativa dos seus profissionais. As oportunidades para a manifestação

de opinião nos veículos jornalísticos sempre estiveram, segundo o autor, acessíveis

aos grandes intelectuais ou aos repórteres destacados. Para Melo (1994) comentar

é uma tarefa que pressupõe ancoragem informativa e perspectiva histórica. Uma das

características do comentário é a sua continuidade, pois uma matéria que contém

uma abordagem de fatos relaciona-se necessariamente com os fatos que

antecederam e com os que virão. “O ofício do comentarista é justamente estabelecer

nexo que liga os fatos” (p.115)

Para Melo (1994) o gênero comentário no jornalismo opinativo é recente no

Brasil, pois atende a uma exigência da mutação jornalística que se processou

através da rapidez na divulgação das notícias (rádio e televisão) (MELO, p.112). O

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autor defende a tese de que o comentarista não é um julgador partidário e sim um

analista que aprecia os fatos, estabelece conexões, sugere desdobramentos, mas

procura manter certo distanciamento dos fatos, sem deixar de ser neutro. Desta

forma “o comentário emerge como gênero definido, realizando uma apreciação

valorativa de determinados fatos. A ótica utilizada não é necessariamente a da

empresa. Abre-se a oportunidade para que o jornalista competente possa emitir suas

próprias opiniões, responsabilizando-se naturalmente por elas” (MELO, 1994, p.113).

A duração dos fatos que estão sendo abordados é uma função de projeção do

comentarista. Quando cria-se vínculo com os receptores, segundo o autor, o

comentarista torna-se um ponto de referência permanente. Suas avaliações das

ocorrências de determinados temas abordados são buscadas porque o ouvinte, o

telespectador quer saber, segundo Melo (1994) como comportar-se diante dos

assuntos tratados, testando pontos de vistas ou procurando (re)conhecer novos

parâmetros para entender o cotidiano dos acontecimentos.

Diante desse contexto, de que forma a liberdade de expressão dos jornalistas

pode ser abordada, por meio de um videodocumentário jornalístico, que conte o

caso da demissão de Gladimir Nascimento da Band News FM?

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Promover uma discussão sobre liberdade de expressão a partir das

representações sociais de jornalistas envolvidos com o caso da demissão de

Gladimir Nascimento da Band News FM, por meio de um videodocumentário

jornalístico.

3.2 Objetivos específicos

• Discutir os conflitos existentes entre interesses jornalísticos e empresariais

nos veículos radiofônicos do Paraná.

• Analisar por meio de pesquisa quantitativa como foi a repercussão do caso

na mídia

• Incitar estudantes e profissionais de comunicação a refletir sobre liberdade

de expressão no jornalismo.

• Apontar que, mesmo sendo direito garantido na constituição federal, a

liberdade de expressão não é exercida em sua plenitude no cotidiano

profissional dos jornalistas.

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4. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema que aborda a liberdade de expressão no radiojornalismo

de Curitiba, deve-se ao caso ocorrido com o jornalista Gladimir Nascimento, da Band

News FM. O tema é de relevância para o meio jornalístico porque fere um preceito

constitucional e gera uma lacuna nos meios de comunicação. A liberdade de

expressão foi vetada após o comentário do jornalista que utilizou o exercício de sua

liberdade de expressão e foi demitido por esse comentário.

Maria Cristina Romo Gil (1987) ilustra bem o desafio enfrentado pelo jornalista

de rádio que utiliza-se apenas da voz para se comunicar com o público. No estudo, a

autora aborda que o audiovisual mostra mais força, pois olhos e ouvidos atuam em

conjunto, com isso retêm-se 85% da mensagem até três horas após a emissão, e

após três dias, 65% do que foi mostrado ainda é lembrado. (JUNG, 2007, p.16). Isto

permite a abordagem através de entrevistas de jornalistas e pessoas com imagens

que possam trazer uma representação mais próxima da realidade, provocando uma

reflexão maior no telespectador. No jornalismo radiofônico existe uma preocupação

maior quanto à linguagem a ser utilizada, pois a mensagem tem que ser entendida

corretamente pelo ouvinte.

A delimitação do trabalho discute temas como a liberdade de expressão,

pensamento e comunicação; o desenvolvimento da liberdade de expressão com os

meios de comunicação de massa; a confusão entre liberdade de imprensa e de

liberdade de empresa e suas implicações, a natureza do veículo rádio no Brasil, e a

influência das concessões no meio de comunicação, mas tem como base

principalmente a discussão sobre liberdade de expressão, porque este foi algo

fundamental para o jornalismo e é emblemático e também vital para entender o

caso.

A liberdade de expressão, implica que todas as pessoas devam ter igualdade

de oportunidades para receber, buscar e divulgar informação por qualquer meio de

comunicação sem discriminação por nenhum motivo. Ela é, portanto, um direito

fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É um requisito indispensável

para a existência das sociedades democráticas. A liberdade de expressão e o

acesso a fontes de informação diversificadas estão relacionados à satisfação de

critérios básicos para a vigência de um regime democrático. Expressar-se livremente

é pré-requisito para que atores sociais possam se posicionar em relação a qualquer

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cenário diverso.

Vidal (2009) afirma que a liberdade de expressão em sua extensão subjetiva

não é necessária uma prestação, mas apenas um direito de defesa (p.19). A

dimensão objetiva, por sua vez, volta-se para a coletividade, constituindo-se na

proteção do próprio regime democrático. Neste diapasão, a liberdade de expressão

tem valor por garantir a formação da opinião pública, a participação de todos no

debate público e na vida política, bem como o pluralismo jurídico.

A teoria das representações sociais embasa o trabalho porque este conceito

dá espaço para o sujeito, para ele mostrar sua singularidade, sua individualidade.

Como o documentário quer contar a partir das próprias pessoas envolvidas no caso,

a teoria ajuda a entender isso, a singularidade das pessoas. As representações

sociais abordam a relação indivíduo-sociedade e sua capacidade de aprendizado e

de adaptação ao meio. Reflete “sobre como os indivíduos, os grupos, os sujeitos

sociais, constroem seu conhecimento a partir da sua inscrição social, cultural, por

um lado, e por outro, como a sociedade se dá a conhecer e constrói esse

conhecimento com os indivíduos” (ARRUDA, 2002, p.128).

Outro fator que justifica a escolha pelo videodocumentário está na dificuldade

em divulgar o produto tanto em rádio comercial quanto emissoras em geral, pois o

presente trabalho aborda justamente o veículo, seus problemas de concessões e

modos de relacionamento com os profissionais de comunicação. Como a pesquisa

com grupo focal direcionou o público-alvo, além da divulgação no meio universitário

para professores e estudantes de jornalismo, e para profissionais de comunicação,

este trabalho pretende utilizar como uma das formas de divulgação a internet por

meio do site YouTube. É importante a divulgação na internet para que a visualização

não se restrinja, considerando que o público-alvo é abundante e a discussão é válida

no país todo. A internet permite que o videodocumentário jornalístico alcance

qualquer lugar do mundo.

Com o documentário finalizado, objetiva-se incitar uma reflexão no meio

jornalístico e uma conscientização de que a liberdade de expressão é atributo

assegurado pela Constituição Federal, mas que torna-se inoperante pela falta de

uma Lei de Imprensa que regulamente esse conceito sem que defronte com

princípios estabelecidos na Constituição.

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5. REFERENCIAL TEÓRICO

Como abordagem da fundamentação teórica neste momento o trabalho foca

na teoria utilizada para sustentar o tema proposto que também se relaciona ao

videodocumentário do trabalho. Os reflexos da teoria das representações sociais no

que se refere às atuações no campo jornalístico e também relacionado ao produto

estão colocados a seguir.

5.1 Representações sociais e a subjetividade do sujeito

Angela Arruda (2002) as representações sociais atravessa as ciências

humanas e não é tratada apenas a uma determinada área do conhecimento. Seu

alicerce, segundo ela, está no campo da sociologia, com presença marcante na

antropologia e na história das mentalidades.

O aumento do interesse pelos fenômenos do domínio do simbólico, a partir dos

anos 60, fez com que aumentasse a preocupação com explicações para eles, as

quais recorrem às noções de consciência e de imaginário. Arruda (2002) aborda

ainda que as noções de representação e memória social também fazem parte

dessas tentativas de explicação e irão receber mais atenção a partir dos anos 80.

Como vários outros conceitos que surgem em determinadas áreas e recebem

teoria de outra, as representações sociais teve origem na sociologia de Durkheim,

mas ganhou uma teorização, desenvolvida por Moscovici, na psicologia social. E as

representações sociais neste campo abordam a relação indivíduo-sociedade e sua

capacidade de aprendizado e de adaptação ao meio, embora não esteja situado no

paradigma clássico da psicologia. Reflete sim “sobre como os indivíduos, os grupos,

os sujeitos sociais, constroem seu conhecimento a partir da sua inscrição social,

cultural, por um lado, e por outro, como a sociedade se dá a conhecer e constrói

esse conhecimento com os indivíduos” (ARRUDA, 2002, p.128). A forma como

interagem sujeitos e sociedade para construir a realidade, como terminam por

construí-la em parceria, segundo a autora, sem dúvida, passa pela comunicação.

Sandra Jovchelovicth (2007) diz que a teoria das representações sociais estuda

a relação entre “um sujeito, que através de sua atividade e relação com o objeto-

mundo constrói tanto o mundo como a si próprio” (p.19). A autora afirma ainda que a

esfera pública é uma ponte que liga e separa as pessoas, pois se todos os

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indivíduos fossem idênticos, não haveria necessidade de comunicação, e assim a

fala perderia seu fundamento. Jovchelovicth (2007) conceitua, ainda, que:

A teoria das representações sociais se articula tanto com a vida coletiva de uma sociedade, como com os processos de constituição simbólica, nos quais sujeitos sociais lutam para dar sentido ao mundo, entendê-lo e nele encontrar o seu lugar, através de uma identidade social. (...) estão necessariamente radicadas no espaço público e nos processos através dos quais o ser humano desenvolve uma identidade, cria símbolos e se abre para a diversidade de um mundo de outros. (p.65).

Moscovici (1976) caracteriza sua noção de representação social como

“fenômenos específicos que estão relacionados com um modo particular de

compreender e se comunicar – um modo que cria tanto a realidade como o senso

comum” (p.49). Na sociedade contemporânea, está no senso comum a chave para

compreender as representações sociais. Para Moscovici (1976) esses conjuntos de

conceitos, afirmações e explicações que devem ser considerados como verdadeiras

teorias do senso comum.

O modelo liberal da esfera pública nas sociedades burguesas está hoje no

centro dos debates relacionados aos problemas da cidadania, da democracia e

participação política. Para Habermas (1990; 1992) esses conceitos estão no centro

dos debates entre cientistas sociais das mais variadas disciplinas onde questiona-se

a denotação e conotação do modelo liberal de esfera pública.

Habermas (1990; 1992) define, então, esfera pública “como espaço em que

cidadãos se encontram e falam uns com os outros de forma que garanta acesso a

todos. É a esfera onde o princípio da transparência e prestação de contas se

desenvolve” (apud p. 69). Porém, para o autor, esse espaço público deve ser aberto

e acessível a todos e as questões que estiverem em discussão nesse espaço devem

ser preocupações comuns, não cabendo nesse contexto interesses privados, que as

desigualdades de posições sejam desconsideradas e que os indivíduos que estejam

em participação decidam como iguais. O resultado, para Habermas (1990; 1992)

então seria esse espaço público a opinião pública, considerada como consenso

coletivo.

Dentro do estudo de Jovchelovitch (2007) ao abordar os conceitos que

Habermas defende, é por meio da ação de sujeitos sociais que agem no espaço que

é comum a todos, e pensar nisso é pensar em esfera pública, é justamente nesse

lugar em que uma comunidade pode desenvolver e sustentar saberes sobre si

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própria– o que a autora defende serem as representações sociais.

Sá (1993) aborda que essas definições ocorrem tanto na interpretação como na

construção das realidades sociais e que a representação social é um conhecimento

específico (p.26). “Entretanto, é tida como objeto de estudo tão legítimo quanto este,

devido à sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos

cognitivos e das interações sociais” (Jodelet apud Oliveira, 2008, p. 42).

Berger e Luckmann (1985) afirmam que o senso comum é um costume natural,

que passa despercebido pelas pessoas, porque é um universo compartilhado por

muitos indivíduos em atividades cotidianas. Os autores sustentariam esta

abordagem pelo método da linguagem, pois quando falamos, o que dizemos se

torna mais palpável ao ser ouvido por nós mesmos, ou seja, a própria subjetividade

se torna mais real pela linguagem. Ela oferece papel imprescindível também no

processo de institucionalização. “A partir do momento em que essas informações

começam a ser justificadas por meio de argumentos aceitáveis, o senso comum

começa a evoluir em direção à ciência” (SANTOS, 2009, p. 9). O autor ratifica ainda

que o senso comum lida com aspectos subjetivos, com juízos de valores, que devem

ser levados a um formalismo, para se desenvolver como ciência.

Para compreender as representações sociais e seus efeitos, é fundamental

compreender os processos que as produzem e sua transformação de acordo com

Duveen (2007). Estudar a função que o jornalismo desempenha por meio dos

veículos de comunicação é pesquisar uma parcela significativa de meios de

propagação das representações sociais, pois de uma forma ou de outra, as pessoas

acabam estando em contato com a comunicação midiática.

Um importante papel é desempenhado, nesse processo de transferência e transformação dos conhecimentos, pelos divulgadores científicos de todos os tipos – jornalistas, cientistas amadores, professores, animadores culturais, pessoal de marketing – e pela crescente ampliação dos meios de comunicação de massa (SÁ, 1993, p. 30).

Os métodos que serão realizados no trabalho, como caminho metodológico das

pesquisas empíricas, tentam mostrar de que forma o discurso de um jornalista pode

representar a repercussão do caso que envolveu a demissão de um jornalista na

sociedade, com base na teoria das representações sociais. A subjetividade faz parte

do conhecimento profissional do jornalista, sua bagagem cultural, seus estudos e

repertório adquiridos no exercício da profissão e é impossível não ter opinião já que

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a vida do sujeito está recheada de representações e no contato com o mundo o

indivíduo coloca essas representações em cheque.

A fundamentação teórica das representações sociais dão base para sustentar o

videodocumentário, pois esse conceito é aplicado já que as histórias são contadas

pelos próprios protagonistas, considerando a subjetividade individual, seus

repertórios. As representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a

sociedade e o videodocumentário jornalístico se serviu dessa teoria para contar a

história da representação da demissão de Gladimir Nascimento.

5.2 Documentário como visão de mundo

Existem várias argumentações e posicionamento com relação a

documentário. Sem desprezar outros conceitos, este trabalho posiciona-se a favor

da teoria de Nichols (2005) de que “todo filme é um documentário. Mesmo a mais

extravagante das ficções evidencia a cultura que a produziu e reproduz a aparência

das pessoas que fazem parte dela” (p.26). O autor afirma ainda que existem dois

tipos de filme: documentários de satisfação de desejos, que são os que

normalmente chamamos de ficção, e, documentários de representação social, que é

o caso deste trabalho, onde não existe ficção. Cada tipo conta uma história, mas

essas narrativas são de espécies diferentes.

Nichols (2005) afirma que ambos os tipos sugerem que o interpretemos. A

interpretação é uma questão de compreender como a forma ou organização do filme

transmite significados e valores. O filme documentário tem sido usado como um

meio estratégico pelos documentaristas, pois desse recurso os espectadores podem

interpretar e avaliar o que se vê, da mesma maneira que o cineasta planejou. O

autor afirma que o documentário é uma representação e não uma reprodução da

realidade, pois parte de uma “determinada visão do mundo” (p.47).

Para o autor, documentário representa uma determinada visão do mundo,

“uma visão com a qual talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os

aspectos do mundo nela representados nos sejam familiares” (NICHOLS, 2005,

p.47).

Penafria (1999) afirma serem três os princípios que pautam o documentário: o

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uso de imagens „in loco‟; a exploração dos assuntos a partir de um ponto de vista

específico e a apresentação do material de forma criativa. Penafria explicita ainda

que o elemento essencial na construção de um documentário são as imagens que,

nesse contexto, representam uma fonte de informação. A partir da imagem, os

demais elementos serão organizados.

No documentário a imagem não é utilizada com fins meramente ilustrativos ou para confirmação do que é dito; a exploração do seu lado conotativo é o que de mais importante o documentário imprime nas imagens que utiliza. São elas o elemento essencial do documentário e que se sobrepõem ao que possa ser dito. (PENAFRIA, 1999, p.23).

Para a autora, a forma aprofundada como o documentário aborda

determinadas temáticas é outra particularidade do meio. Com base nisso, o trabalho

procura explorar o lado conotativo das imagens, aliando-as ao contexto em que

estão inseridas.

Silvio Da-Rin (2006) afirma não ser possível definir o documentário e as suas

atribuições a partir de um plano teórico. Para o autor o documentário não é um

gênero bem definido.

O termo documentário não é depositário de uma essência que possamos atribuir a um tipo de material fílmico, a uma forma de abordagem ou a um conjunto de técnicas. Todas as inúmeras tentativas que conhecemos de explicar o documentário a partir da absolutização de uma dessas características, ou de qualquer outra tomada isoladamente, fracassaram. (DA-RIN, 2006, p. 18).

O filme documentário tem sido usado como um meio estratégico pelos

documentaristas, pois desse recurso os espectadores podem interpretar e avaliar o

que se vê, da mesma maneira que o cineasta planejou. “O que faz um filme

„documentário‟ é o modo como nós vemos; e a história do documentário tem sido a

sucessão de estratégias das quais os cineastas têm tentado fazer os espectadores

verem os filmes deste modo” (DA-RIN, 2006, p.17).

Os estudos que trazem conceitos sobre documentários são complexos.

Porém, só pelo fato de o documentário poder apresentar distorções do real e a

opinião do diretor o transforma em uma representação da realidade e não em

reprodução do real. O documentário apresenta forte ligação com a realidade e com o

mundo em que vivemos, e esta relação deve ser privilegiada. Penafria (1999)

destaca que a relação conteúdo-forma está em permanente criação e recriação,

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mesmo porque os atores sociais não são profissionais, mas sim pessoas comuns,

testemunhas da história.

5.3 Aproximações e divergências do documentário e do jornalismo

A relação entre jornalismo e documentário se dá quando a notícia ajuda no

encadeamento da narrativa documental e é por essa razão que vem sendo utilizada

com frequência nos documentários, Gustavo Souza (2006). O autor mostra em seu

estudo que um documentário reserva a surpresa do que acontecerá, saber o que os

„valores-notícia‟ não consideraram relevantes para ser veiculados. Para ele, essas

informações ficam à margem, mas que têm um papel decisivo para o enriquecimento

da história a ser contada pelo documentário e que essa abordagem precisa de um

tempo para se distanciar do fato para e evitar restringir-se ao campo da descrição.

O jornalista Eugenio Bucci (2004) considera a urgência dos fatos um item

indispensável à profissão: “o jornalismo, que pode ser entendido como a função

humana de narrar a aventura humana para os humanos, tudo isso no calor da hora,

ou seja, é sempre um discurso de um sujeito sobre um segundo sujeito (sua fonte ou

seu personagem) para um terceiro sujeito, o público” (BUCCI, 2004, p.135).

Souza (2006) explica que a definição de Bucci traz para o debate que é a

figura do narrador a responsável pela coesão entre a realidade e os personagens.

Walter Benjamin (1994) afirma que o narrador exerce um papel fundamental para a

sua elaboração e manutenção, por ser sua narrativa uma “forma artesanal de

comunicação”. “Um aspecto chave é a capacidade do narrador de construir a sua

história a partir de novos rearranjos, para que oralmente ela possa ser passada

adiante e absorvida pelo ouvinte” (BENJAMIN, 1994, p.205).

Consuelo Lins (2007) exalta que um esquema narrativo que exclui a presença

de um narrador é válida, já que com a presença da voz em off a credibilidade do

conteúdo que está sendo exposto é colocada em dúvida.

É possível igualmente criar tipos sociológicos sem o recurso da narração. A estruturação é mais trabalhosa, porque o material a ser montado depende exclusivamente da fala dos personagens. O sistema, porém, pode funcionar da mesma maneira e ter inclusive a chancela de "mais real", justamente pela ausência de locução. (p.71).

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Benjamin (1994) conclui que isso não implica o acréscimo de novas

informações na narrativa, mas a certeza de que cada narrador preserve as suas

marcas autorais. E é nesse sentido que reside o aspecto artesanal da narrativa,

porque ela é construída por processos singulares, que cada narrador carrega

consigo. A mera reprodução de informações contribui apenas para o seu

empobrecimento. O autor ressalta que a tendência é para a valorização da

informação, em detrimento da narrativa e esclarece esta relação:

A informação só tem valor no momento em que é nova. Ela só vive nesse momento, precisa entregar-se inteiramente a ele e sem perda de tempo tem que se explicar nele. Muito diferente é a narrativa. Ela não se entrega. Ela conserva suas forças e depois de muito tempo ainda é capaz de se desenvolver. (BENJAMIN, 1994, p.204).

Souza (2006) se posiciona a favor de Benjamin e afirma que “hoje é negada

ao jornalista essa possibilidade da qual fala o autor, não apenas por estar vinculado

aos interesses de um determinado grupo, mas também pelos seus próprios

desígnios. Trata-se também de considerar as potencialidades individuais do

jornalista como um importante fator para a produção de notícias”. (SOUZA, 2006,

p.5).

Em estudo etnográfico da redação do The New York Times, Robert Darnton

(1990) relata que os jornalistas constroem uma teia que “faz alguns repórteres

acharem que escrevem apenas para agradar a si mesmos e a seus iguais”

(DARNTON, 1990, p. 176). Souza (2006) sinaliza que esse aspecto remete à

questão da retratação da realidade ficando apenas no âmbito da intenção. O relato

de um fato não implica necessariamente que o que está sendo dito seja verdadeiro.

“Temos novamente, uma convergência para duas noções distintas: realidade e

verdade” (SOUZA, 2006, p.6).

Bucci (2004) afirma que a relação entre jornalismo e a verdade é

problemática:

Acontece que a busca da verdade, virtude ancestral do jornalismo, é simplesmente incompatível com a lógica dos conglomerados comerciais da mídia dos nossos dias (...) A busca da verdade era um projeto da razão e os conglomerados há muito se divorciaram da razão. Não porque seus gestores sejam pessoas mentirosas, mas pela própria natureza dos conglomerados e da comunicação tiranizada pela imagem. Onde quer que a notícia esteja a serviço do espetáculo, a busca da verdade é apenas um cadáver. Pode até existir, mas, sempre, como um cadáver a serviço do „dom de iludir. (BUCCI, 2004, p.129)

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Souza (2006) sintetiza argumento de Bucci (2004) ao afirmar que é

impossível o compromisso com a verdade porque essa seria uma questão dos

oligopólios de comunicação, que se unem para monopolizar o setor, como se fosse

algo de sua „própria natureza‟ (grifo do autor), “revela uma perspectiva apocalíptica

que pouco nos ajuda no entendimento da questão. A apreensão da realidade, ou da

verdade, passa também pelo vínculo que estabelece com a objetividade, também

vista como elemento caro ao jornalismo e ao documentário”. (SOUZA, 2006, p.6).

O autor afirma que o jornalismo objetividade isenta de qualquer fator externo

e interno é mera ilusão e que no documentário é semelhante, pois a realidade como

objeto não exclui esse tipo de filme de implicações subjetivas. Souza (2006) afirma

também que o modo como a câmera é posicionada por exemplo, já implica uma

escolha, portanto, uma maneira de interferir na situação que está captada.

No seu ensaio Souza (2006) explica que alguns fatores interferem no

documentário em relação às regras da imprensa. O caráter marginal do

documentário deixa o documentarista livre para novas possibilidades temáticas e

estéticas. O tratamento dispensado ao tema torna o aspecto autoral do cineasta,

indispensável para qualquer documentário, empresta ao filme singularidade própria.

O tempo de preparação é outro aspecto que faz divergir o documentário de uma

reportagem. Essa é mais preocupada em relatar os acontecimentos no calor da hora

e o documentário estabelece um vínculo mais estreito com os personagens. Essa

diferença no procedimento, segundo o autor, permite ao documentarista aprofundar

questões apresentando razões, causas e possíveis desdobramentos que

ultrapassam o campo da descrição, como também estabelece com o personagem

um diálogo de mão dupla, onde o documentarista pode promover o confronto com o

entrevistado, instigando-o a rever posicionamentos ou lançando desafios.

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6. METODOLOGIA

Para o presente trabalho foi realizada uma revisão de literatura onde se

buscou autores para dar embasamento sobre a abordagem do tema do trabalho.

Como pesquisa empírica foram escolhidas duas formas de pesquisas na tentativa de

explorar o tema liberdade de expressão e o estudo de caso proposto. A primeira,

uma análise de conteúdo, observando como sites na internet repercutiram o caso, e

a segunda, uma pesquisa com grupo focal (feita com estudantes de jornalismo para

para verificar se eles conheciam casos de liberdade de expressão ou conheciam,

especialmente, o caso que envolveu a demissão de Gladimir Nascimento da rádio

Band News). O trabalho busca como objetivo ao utilizar a análise de conteúdo, a

busca pela repercussão ou não na imprensa da demissão do jornalista, já que essa

demissão vem de encontro a liberdade de expressão do jornalista. Ao utilizar a

pesquisa com grupo focal, o trabalho quis saber se estudantes de jornalismo

lembravam do episódio que envolve liberdade de expressão no rádiojornalismo de

Curitiba.

Para sustentar a pesquisa empírica na análise de conteúdo, buscou-se

autores que relacionam os blogs a webjornalismo e essa possibilidade de interação

e comentários nesse meio. A discussão de webjornalismo no trabalho é focada para

aplicação na pesquisa de análise de conteúdo. João Simão (2010) relaciona em seu

estudo essa possibilidade e afirma que muito se conhece sobre blog e as suas

principais características. Porém, segundo o autor, sobre webjornalismo não se pode

dizer o mesmo. Esse gênero jornalístico ainda não possui modelo concreto, mas há

genericamente elementos que pode-se apontar para como: a atualização constante,

a interação com os leitores através de links e dos comentários bem como a

possibilidade de poder enviar o texto por email são alguns dos elementos do

webjornalismo aceitos por todos.

Em sua comparação Simão (2010) diz que os blogs oferecem igualmente

estas possibilidades e não se admira que surjam algumas confusões entre os blogs

e a possibilidade de se praticar jornalismo neste suporte. Outro fator apontado por

Simão (2010) fundamental no webjornalismo e também nos blogs é a interação com

os leitores. “E neste sentido os blogs têm vindo a melhorar as formas de interação”

(SIMÃO, p.149).

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Essa possibilidade de fazer comentários teve crescimento a partir de 1999.

Atualmente, segundo o autor, além de poderem comentar um post os leitores podem

ainda copiar o link permanente, enviar por e-mail aquele post a outra pessoa, ou

mesmo publicá-lo no seu blog deixando a referência na página original. Um estudo

de Gilad Mishne e Natalie Glance deixa alguns dados sobre a importância que os

comentários desempenham nos blogs. Uma das primeiras conclusões, segundo os

autores, é que os comentários funcionam como motivação para os bloggers

continuarem a escrever. Esta motivação surge pelo retorno das informações e pela

possibilidade de acrescentar novos dados que os comentários conferem ao blog.

Trata-se ainda de uma maneira de conferir a popularidade do blog. Mishne e Glance

(2006) apontam no estudo que o maior número de comentários pode ser resultado

do maior número de leituras referidas nas visitas e links para o blog, “no entanto

esse maior número também se deve ao fato do blog ser mais ou menos comentado”

(in SIMÃO, p.150). Sugerem que um post com mais comentários é o post mais

popular e o mais lido.

A indagação do trabalho é saber se houve repercussão ou não na imprensa.

Para saber isso o trabalho precisou fazer um levantamento de publicações de

matérias que relataram o caso. Esse levantamento empírico das buscas informações

só foi possível por meio da internet, o fato ocorreu no início de 2009 e não foram

possíveis levantamentos sobre essa repercussão em outro meio de comunicação.

As buscas de informações sobre a demissão do jornalista não pode ser feita por

meio de rádio ou TV, não só pelo fato do trabalho abordar o ocorrido sobre uma

rádio comercial, mas também porque o caso aconteceu em janeiro de 2009 e uma

amplitude maior de informações levantadas não seria possível através de rádio ou

televisão.

Com isso como caminho de análise e levantamento de informações dessa

repercussão foi escolhida a internet, por sua marcante característica da era da

informação, pela sobrecarga de informações, fragmentação informacional e a

globalização, todas provocadas por estudos, pesquisas, discussões e polêmicas.

Como mecanismo de busca foi escolhido o Google por não ser somente um

„buscador‟, mas também como um fenômeno cultural (JANES, 2004).

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a) Análise de conteúdo

A pesquisa quer saber se teve repercussão por parte dos meios de

comunicação, o caso que envolve liberdade de expressão no radiojornalismo de

Curitiba e se isso foi algo significativo. Em Curitiba existem duas rádios com

programação all news: CBN e Band News FM, ambas de propriedade do empresário

Joel Malucelli, e o objetivo do estudo é observar se foi dada relevância ao fato.

Como o ocorrido aconteceu entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 as

informações possíveis de serem obtidas foram encontradas somente pela internet.

Por isso esse mecanismo foi utilizado para o levantamento e busca de informações

veiculadas à época. Como o resultado desse trabalho de conclusão de curso é um

documentário audiovisual sobre o caso, essa pesquisa ajudou a mapear o que foi

falado sobre o assunto na grande imprensa e isso ajudou a ter embasamento de

pauta e enquadramento para o documentário.

A pesquisa de análise de conteúdo foi aplicada por meio de uma seleção das

páginas onde abordavam somente o tema proposto, para posterior análise da

repercussão do ocorrido.

Foram escolhidas, como critério, as que puderam gerar comentários para

mensurar a divulgação. Também como critérios foram classificados os comentários

como: 'a favor', 'contra', 'neutro' e 'outros'. Foi escolhida como critério „a favor‟ os

comentários positivos em defesa e apoio ao jornalista Gladimir Nascimento. O

termo„contra‟, como análise de critério dos posts, foi considerada quando os

comentários eram contrários às críticas feitas sobre a atitude dos deputados

paranaenses, dizendo que o jornalista excedeu-se em suas críticas. O termo „neutro‟

foi considerado na classificação quando os posts não tomavam posicionamento a

favor ou contra a demissão ou crítica do jornalista aos deputados. O último termo

utilizado no critério foi „outros‟ teve foi criada em função de haver comentários que

não se relacionavam ao tema e tampouco citavam o caso estudado, por isso será

considerada como estudo na pesquisa.

Ao utilizar a pesquisa de análise de conteúdo procurou-se verificar a

repercussão do ocorrido na imprensa por meio do número de sites jornalísticos que

abordaram o caso. Em um primeiro momento a pesquisa diferencia a análise de

conteúdo desses sites jornalísticos, para posterior análise de blogs e outros sites

não jornalísticos que abordaram o caso.

A pesquisa foi feita no mês de março de 2011, entre os dias 4 e 11. As

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palavras-chaves escolhidas foram: 'demissão de jornalista‟, gladimir nascimento‟ e

„gladmir nascimento‟. A escolha dessas palavras-chaves foram feitas baseando-se

nos critérios de busca quando de informações por meio da internet e o nome do

jornalista Gladimir Nascimento seria o primeiro como critério para saber alguma

informação sobre a pessoa, busca-se pelo nome dela. A outra palavra-chave

utilizada com o nome do jornalista, sem o „i‟, Gladmir Nascimento, foi utilizada como

critério de busca baseando-se na possibilidade de erro de digitação ou de

interpretação de escrita quanto ao nome do jornalista. E a última palavra-chave

escolhida foi demissão de jornalista porque esse é o assunto que aborda a saída do

jornalista da rádio Band News FM. Outras palavras-chave foram utilizadas, como

liberdade de expressão, assembleia do paraná e fundo aposentadoria especial,

porém estas direcionavam-se às duas palavras-chaves primeiras. Por isso, essas

segundas palavras-chaves foram ignoradas.

O trabalho detalha a seguir a repercussão da demissão do jornalista Gladimir

Nascimento por palavra-chave e será mostrado no próximo item o resultado dessa

pesquisa.

Palavra-chave: „demissão de jornalista‟

A pesquisa de análise de conteúdo foi aplicada por meio de uma seleção das

páginas onde abordavam somente o tema proposto, para posterior análise da

repercussão do ocorrido. O site Comunique-se, de São Paulo, postou matéria no dia

23 de janeiro de 2009 com o título: 'Comentário político causa demissão na Band

News e o site Observatório da Imprensa postou matéria no dia 10 de fevereiro de

2009 com o título: 'Jornalista demitido por cumprir seu dever'. A pesquisa pode

verificar que esses dois sites jornalísticos foram os que pautaram as discussões

sobre o comentário do jornalista Gladimir Nascimento e a demissão dele da rádio

Band News FM.

Com a palavra-chave „demissão de jornalista‟ a pesquisa verificou que foi a

que mais páginas gerou no Google, onde apareceram 65 páginas com 906.000 mil

conteúdos aproximadamente. Como esse termo é abrangente, foi considerada para

a pesquisa somente as que se relacionavam ao estudo do caso: a demissão do

jornalista Gladimir Nascimento. Com isso, por meio da palavra-chave „demissão de

jornalista‟ foram encontrados sete conteúdos que abordavam o tema. A pesquisa

revelou que a repercussão do caso gerou maior comentário, na internet, entre os

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meses de janeiro (quando da saída de Gladimir Nascimento) e o mês de março

(quando os outros jornalistas profissionais, Denise Mello, Daiane Figueiró e Patrícia

Thomaz) foram demitidos da emissora.

Dentre os critérios estabelecidos pesquisados, que foi a repercussão do caso,

o site Comunique-se, de São Paulo, postou matéria com o título: 'Comentário político

causa demissão na Band News Curitiba', escrito por Carla Soares Martin, postado

em 23 de janeiro de 2009, gerou 53 comentários. Os comentários são assinados,

mas não são todos os que citam a profissão. A profissão, para a pesquisa de análise

de conteúdo é importante, porque pode revelar a amplitude da repercussão entre os

jornalistas e esse é um dos critérios para a verificação dessa repercussão.

Dentre esses 30 posts assinam como jornalistas; outros nove posts assinam

como estudantes e os catorze posts restantes não assinam ou assinam com outra

profissão. Pode-se verificar que os comentários postados para este sítio

classificaram-se como: 19 'a favor' de Gladimir Nascimento; cinco foram 'contra' o

comentário de Gladimir Nascimento na Rádio Band News FM; nove foram 'neutros',

pois não se posicionaram em relação ao ocorrido e outros 20 comentários

classificaram-se como 'outros' por não abordarem o tema. Vale ressaltar que esse

critério classificado como „outros‟ trata de temas que não se relaciona a pesquisa ou

fazem menção ou comentários direcionados às pessoas que estão interagindo e

participando das matérias publicadas.

O outro site que abordou o tema encontrado com a palavra-chave 'demissão

de jornalista' foi o Observatório da Imprensa, com o título: 'Jornalista demitido por

cumprir seu dever', escrito por Marcelo Varella, postado dia 10 de fevereiro de 2009,

este site gerou sete comentários. Entre os comentários quatro 'posts' são assinados

com nome e a profissão de jornalista. Os outros três foram assinados por um

engenheiro, um comerciante e um professor. Mais uma vez aqui a pesquisa quis

verificar a repercussão do caso entre os jornalistas e a fundamentação teórica, que

será abordada mais adiante, nos dará embasamento para sustentar que as

representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a sociedade.

Para este conteúdo verificou-se que os comentários postados classificaram-se

como: um a favor de Gladimir Nascimento e os outros seis comentários como

'outros', pois não reportavam o objeto de estudo.

Em um segundo momento a pesquisa foi aplicada por meio de uma seleção

de blogs que abordavam somente o tema proposto, para posterior análise da

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repercussão do ocorrido. Nos sete blogs que abordaram o caso foram gerados no

total 80 posts com a palavra-chave „demissão de jornalista‟. O blog

http://micropolis.blogspot.com com o título: 'Jornalista demitido da Band News',

postado em 16 de março de 2009 com três comentários assinados com pseudônimo

ou apelidos, todos a favor do comentário do então âncora da Band News FM;

http://miradas.soylocoporti.org.br, com o título: 'Os becos escuros do jornalismo

paranaense', postado dia 27 de março de 2009, dois são assinados com nome e um

'post' não possui identificação. Todos não assinam com profissão. Um deles 'postou'

comentário a favor de Gladimir Nascimento e os outros dois comentários foram

classificados como outros; http://www.cabecadecuia.com com o título: 'Jornalista

Gladimir Nascimento é demitido da Band News Curitiba por comentário político',

postado em 27 de janeiro de 2009. Este não possui comentário.

O blog http://www.livroseafins.com, com o título 'Jornalista afastado a pedido

de deputados estaduais', postado em 10 de maio de 2009, possui três posts com

comentários assinados com nome, porém não consta profissão. Estes foram

classificados como dois a favor de Gladimir Nascimento e o outro como neutro.

Outro blog, o http://curitibaneando.wordpress.com, possui quatro matérias que

fazem relação ao tema postados durante os meses de fevereiro e março de 2009: a

primeira, com o título 'Joel Malucelli muda orientação da Band News e demite

jornalistas', usa como referência de fonte o blog Fabio Campana; a segunda matéria

publicada traz como título 'Band News Curitiba demite três e alega reestruturação',

como fonte de referência o site Comunique-se; a terceira traz como título 'Defesa e

indignação', assinada pelo jornalista Pierpaolo Nota; e a quarta matéria com o título

'Gladimir não mora mais aqui', assinada por Marcus Vinícius. Este blog possui no

total 12 comentários, que foram classificados da seguinte forma: 10 „a favor‟ de

Gladimir Nascimento e os outros dois como „outros‟ já que não fazem referência ao

tema. O blog kiminda.wordpress.com, traz matéria com o título „Band News Curitiba

demite por pressão política‟, postado em 23 de janeiro de 2009, traz como fonte de

referência o site Comunique-se e possui 15 „posts‟ classificados assim: 8 posts a

favor de Gladimir Nascimento; 1 contra o depoimento dele e os outros 6

classificados como „outros‟.

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Número de posts com a palavra-chave 'demissão de jornalista'

A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS

35 5 10 30

Palavra-chave: „gladimir nascimento‟

Esta palavra-chave foi a que gerou o maior número de posts que faziam

referência ao objeto de estudo. Foram descartados os posts que utilizavam a mesma

palavra-chave e que não faziam abordavam o tema. Dos 7.210 conteúdos em 44

páginas, entre sítios e blogs, 37 conteúdos utilizavam a palavra-chave relacionada

ao tema do trabalho. O sítio www.fabiocampana.com.br, com título: 'Rede Nacional

da Band News FM lamenta saída de Gladimir Nascimento', postado no dia 9 de

fevereiro de 2009, gerou 37 posts. Os comentários não estão identificados com

profissão e são assinados por pseudônimos ou apelidos. Os posts foram

classificados da seguinte forma: „a favor‟ do comentário e apoio a Gladimir

Nascimento: 16 posts; „contra‟ o posicionamento do jornalista 4; 5 posts foram

classificados como „neutros‟ e 12 posts com comentários que não se relacionavam

aos critérios da pesquisa foram classificados como 'outros'.

O www.papooriginal.blogspot.com, postado em março de 2009, traz entrevista

audiovisual, de duração de 7‟33‟‟ com o jornalista Gladimir Nascimento que fala

sobre a demissão na Band News. No blog onde consta o link do vídeo não aparece

o número de views. Os três comentários postados não fazem referência ao tema e

foram classificados como „outros‟. O blog http://www.cabecadecuia.com com o título:

'Jornalista Gladimir Nascimento é demitido da Band News Curitiba por comentário

político', postado em 27 de janeiro de 2009 não possui comentário. O

blogdairis.wordpress.com, postado no dia 28 de janeiro de 2009, com o título

„Comentário político causa demissão na Band News Curitiba‟, como fonte de

informação o site Comunique-se não possui comentários.

Blogs.abril.com.br/lucianapombo, traz matéria com o título „Mudanças na

Rádio Band News‟, postada em 20 de janeiro de 2009, com 16 posts classificados

da seguinte forma: 5 „a favor‟; 2 „neutro‟; 9 „outros‟ e nenhum „contra‟. O site

Comunique-se.com foi encontrado por meio da palavra-chave „gladimir nascimento‟

com uma matéria sob o título „Boechat lamenta saída de diretor de jornalismo da

Band News Curitiba‟, postado dia 9 de fevereiro de 2009 e como fonte de informação

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o site de fabiocampana.com, com um comentário a favor de Gladimir Nascimento. O

blog jornale.com/zebeto postou no dia 6 de março de 2009, com o título „Band News

demite três e perde cinco jornalistas‟ matéria que lembra a saída do jornalista da

emissora e informa a demissão de outros três. Nenhum dos 33 comentários assina

com a profissão. Os comentários foram classificados da seguinte forma: 7 „a favor, 3

„contra‟, 6 „neutros‟ e 17 como „outros‟.

Jornale.com.br/zebeto postou no dia 10 de fevereiro de 2009, matéria com o

título „Jornalista demitido por cumprir seu dever‟, como fonte de informação o site

Observatório da Imprensa, assinado por Marcio Varella, com 20 comentários,

classificados assim: 6 „a favor‟, 1 „neutro‟ e 13 „outros‟. O site

www.idademaior.com.br, com o título „Comentário político causa demissão‟, como

fonte de informação o site do Observatório da Imprensa, assinado por Carla Soares

Martin, não possui comentários. Outro que não possui comentário e traz uma nota

extraída do Comunique-se.com encontra-se no site

www.papodebola.com.br/24horas.

Com o título „Constatações de um jornalismo encurralado‟, postado em 7 de

fevereiro de 2009, o site caronainterativa.com.br traz matéria com fonte do

Comunique-se.com e possui um comentário classificado como „neutro‟. O site

tudoradio.com traz a matéria publicada no Comunique-se.com com o título „Band

News demite mais três jornalistas‟, não possui comentários. O blog

kiminda.wordpress.com com matéria postada em 23 de janeiro de 2009, com o título

„Band News Curitiba demite por pressão política‟ e fonte o site Comunique-se.com

possui 15 comentários, assinados sem a profissão. Destes, a pesquisa pode

classificar como: 7 „a favor‟, 1 „contra‟, 2 „neutros‟ e 5 como „outros‟.

O blog professoradolfo.blogspot.com traz duas matérias postadas que

abordam o tema da pesquisa, a primeira com o título „Mais sobre a demissão de

Gladimir Nascimento‟ e fonte do o blog de Marcus Vinícius, postada em 19 de janeiro

de 2009, possui 1 comentário classificado como „neutro‟. A segunda matéria

„Absurdo na Band News Curitiba‟, como fonte o site Observatório da Imprensa,

assinado por Carla Soares Martin, possui 3 comentários classificados como: 1 „a

favor, 1 „neutro‟ e 1 como „outros‟.

O site www.fabiocampana.com traz matéria publicada no dia 19 de janeiro de

2009, com o título „Gladimir já não fala mais na Band News FM‟ com registro de 45

comentários, assim classificados: 18 „a favor‟, 2 „contra‟, 12 „neutro‟ e 13 „outros‟. O

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blog gavetaoblog.blogspot.com traz o link do site Comunique-se com o título

„Comentário político causa demissão na Band News Curitiba‟, assinado por Carla

Soares Martin, possui 6 comentários „postados‟, todos „a favor‟ de Gladimir

Nascimento. O blog acosta.wordpress.com possui matéria com o título „No Paraná

dizer a verdade acaba em demissão‟, cita como fonte matéria de Carla Soares

Martin, do Comunique-se, com um comentário, assinado sem profissão, „a favor‟ de

Gladimir Nascimento. O blog nopedaimprensa.blogspot.com publica uma mensagem

da jornalista Ruth Bolognese, com o título „A „Serpente Ruiva‟ dá o bote‟, postado em

11 de fevereiro de 2009, onde posiciona-se contra a posição de Gladimir Nascimento

no caso Band News FM. No blog novoblogdobarata.blogspot.com, postado em 23 de

janeiro de 2009, com o título „Imprensa: Censura na Band News Curitiba‟ com fonte

de informação do site Comunique-se.com e quatro comentários classificados como

„outros‟.

Os blogs a seguir publicam matéria onde publicam matéria sobre o fato

ocorrido na Band News FM, todos sem comentários. Encoxando.wordpress.com,

com o título „Pressão política ainda oprimi jornalistas no Paraná‟, postado em 24 de

janeiro de 2009; tatodemacedo.blogspot.com, com o título „Comentário político

causa demissão na Band News Curitiba, como fonte de informação cita o site

Comunique-se.com. Nilnewsonline.blogspot.com publica matéria da fonte do site

Comunique-se.com, publicado em 23 de janeiro de 2009, sem posts de comentários.

O blog casadecomportamento.blogspot.com publica matéria em 27 de janeiro de

2009, com o título „Novo A.I.5 na imprensa paranaense‟, postado por Robson

Paduan, não possui comentários

Número de posts com a palavra-chave 'gladimir nascimento'

A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS

68 11 31 77

A tabela acima mostra a repercussão em posts com a palavra-chave „gladimir

nascimento‟ onde pode-se verificar que os comentários que repecutiram na internet

foram positivos em defesa do jornalista Gladimir Nascimento.

Palavra-chave: „gladmir nascimento‟

A pesquisa escolheu como terceira palavra-chave „gladmir nascimento‟ por

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considerar um possível erro de digitação de quem escreveu e considera, também, a

possibilidade de erro de digitação de quem busca. Para esta palavra-chave serão

desconsiderados blogs ou sítios que já tenham sido computados nas duas palavras-

chaves anteriores porque a pesquisa não quer avaliar duplicidade e sim o número de

posts em cada palavra-chave específica escolhida para a pesquisa. Dos 369

conteúdos, entre sítios e blogs, 4 conteúdos utilizavam a palavra-chave relacionada

ao tema do trabalho. O site Observatório da Imprensa, publica em 3 de fevereiro de

2009, assinada por Luiz Domingos Costa, matéria com o título „Jornalista demitido

por denunciar mamata‟, reproduzido do blog do Grupo de Análise de Conjuntura da

Universidade Federal do Paraná, possui quatro postos classificados como: 2 „a

favor‟, 1 „neutro‟ e 1 como „outros‟.

O blog okylocyclo.blogspot.com publicou em 6 de janeiro de 2009, com o

título „Band News FM demitiu jornalistas por motivos ideológicos‟, não contém

comentários. O blog cartunistasolda.blogspot.com, publica matéria relacionada ao

tema com o título „Bah! Joel Malucelli muda orientação da Band News e demite

jornalistas‟, publicado em 6 de março de 2009, não possui comentários. O blog

joaquimdepaula.com.br publica matéria com o título „Band News de Curitiba vira

rádio chapa branca‟, em 7 de março de 2009, possui 4 comentários classificados

como „outros‟.

Número de posts com a palavra-chave 'gladmir nascimento'

A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS

2 0 1 5

Total de posts com as palavras-chaves da pesquisa

A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS

105 16 42 112

Os números da tabela acima mostram que durante o tempo em que o caso

esteve na mídia, os comentários postados com depoimentos foram favoráveis à

conduta e aos comentários feitos por Gladimir Nascimento, no caso de sua

demissão

Os sítios Observatório da Imprensa e Comunique-se.com e os blogs

miradas.soylocoporti.org.br, livroseafins.com.br, curitibaneando.wordpress.com,

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micropolis.blogspot.com, aparecem nas palavras-chaves „gladimir nascimento‟ e

„gladmir nascimento‟, mas foram desconsideradas por já terem sido computadas na

palavra-chave „demissão de jornalista‟. A pesquisa pode constatar, também, que os

blogs trazem como fontes de informação para publicar as matérias, os sites

jornalísticos Comunique-se.com e Observatório da Imprensa como sendo as

principais fontes de informações publicadas que relatam o ocorrido. Em Curitiba, o

blog jornalístico de Fabio Campana, além do blog Jornale, foram os que mais

publicações 'postaram' sobre a demissão do jornalista.

Consideração: a pesquisa quis saber quais sites jornalísticos de Curitiba,

ligados aos principais jornais de Curitiba publicaram matérias onde relatam o

ocorrido na rádio Band News FM com o jornalista Gladimir Nascimento. Dos sítios

ligados aos principais jornais de Curitiba, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná,

chegou-se ao Bem Paraná, ligado ao Jornal do Estado, que publicou matéria em 21

de janeiro de 2009, com o título „Deputados pediram cabeça de jornalista, garante

Sindicato‟, assinada por Abraão Benício, possui dois comentários um „a favor‟ e um

segundo classificado como „outros‟.

Como análise final de levantamento de dados por meio de pesquisa empírica,

pode-se verificar que houve pouca repercussão no caso que envolveu a demissão

de Gladimir Nascimento. Os poucos comentários gerados nos posts e matérias que

abordaram o caso mostrou que essa repercussão ficou por pouco tempo na mídia,

especialmente na internet. Os números verificados e o tempo que o tema ficou em

pauta na mídia, não refletem a importância do caso que envolve liberdade de

expressão. A gravidade da quebra de um direito garantido na Constituição Federal e

assegurado, também, no artigo 25 da Convenção Coletiva do Sindicato dos

Jornalistas Profissionais do Estado do Paraná não garantiram a repercussão

necessária para conscientização de jornalistas, estudantes de jornalismo e a

sociedade.

b) Grupo Focal

Para compreender as ideias e percepções de um dos públicos-alvo do

trabalho, os acadêmicos de Jornalismo, foi realizado um grupo focal. Esta técnica de

avaliação qualitativa é bastante útil para colher dados sobre um tópico sugerido

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através da interação entre os participantes. Os mediadores incitam uma discussão

sobre determinado tema e os entrevistados formam e expressam suas opiniões

sobre o assunto. “O grupo focal é uma alternativa valiosa para quem quer ouvir,

perceber e compreender as experiências e crenças dos participantes de um grupo.”

(DUARTE E BARROS, 2005, p. 192)

Para que o grupo focal ocorresse foram tomados certos cuidados, como

estabelecer claramente o tema a ser discutido, preservar uma composição que

tenha características semelhantes com o público-alvo e que existam dois

mediadores para facilitar a interação e relatar a discussão.

As entrevistas foram realizadas utilizando gravador de áudio e com um

questionário de perguntas pré-estabelecido para estimular a discussão de temas de

interesse da pesquisa, que se encontra no apêndice do trabalho. O grupo focal foi

composto por 10 estudantes do curso de jornalismo das Faculdades Integradas do

Brasil, dois de cada período, com exceção do 4º, 6º e 8º períodos. 4º e 6º por não

existir turma na faculdade, o 8º período por já ter conhecimento do tema abordado

neste trabalho, podendo assim adiantar algum tema a ser explorado no grupo focal e

atrapalhar o andamento da pesquisa, incitando assuntos.

Como acordado anteriormente com os estudantes, o nome dos participantes

não será divulgado, assim como seu perfil individual. As informações e opiniões

colhidas serão relatadas como um abordado geral.

O grupo focal aconteceu no dia 25 de março de 2011, e teve duração de

uma hora. Como mediadores da discussão estavam Douglas Santucci e Marcos

Mariano, que produzem este trabalho. Os entrevistados foram indicados por

professores do curso de jornalismo, levando em consideração o aproveitamento

universitário, a dedicação nos trabalhos extraclasse, a participação em sala de aula

e a assiduidade às aulas. Os estudantes foram convidados a participar da

discussão, aceitando voluntariamente.

Um roteiro de perguntas foi formulado (apêndice), mas não foi obedecido na

ordem disposta inicialmente e tampouco ficou amarrado às questões propostas

inicialmente. Alguns assuntos surgiram espontaneamente. Em uma primeira parte

houve a apresentação de cada entrevistado, nome, período e o motivo pelo qual

escolheu o curso. Os meios pelos quais eles se atualizam e os profissionais que se

destacam no mercado jornalístico foram abordados logo em seguida, assim como os

sites mais acessados.

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Em uma segunda etapa, visando aprofundar o foco do trabalho, foram

abordados temas como liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de

empresa e casos envolvendo repressões sofridas por jornalistas na imprensa.

Perfil dos participantes

Como já citado anteriormente, as informações colhidas serão relatadas

como um abordado geral, sem identificar individualmente os estudantes. Para

facilitar a compreensão, serão expostos agrupados por similaridade de idéias.

Questionados sobre a escolha pelo curso, os estudantes demonstraram pluralidade

nas respostas. O primeiro é apaixonado por histórias de vida, e escolheu porque “o

jornalismo vive de contos”. O segundo veio até a instituição para se matricular no

curso de Relações Internacionais, mas trocou de curso na última hora. O terceiro se

diz curioso, e escolheu porque “gosta de se comunicar”. Na quarta e quinta

respostas os estudantes trazem motivos semelhantes, veem no jornalismo a

oportunidade de fazer justiça, e citam o jornalismo como o quarto poder da

sociedade. Segundo Albuquerque (2011), em nosso país tal ideia pode ser definida

como uma pretensão da imprensa.

... no Brasil, ela [a idéia de quarto poder] apela de alguma maneira para uma tradição brasileira, e totalmente distinta de Quarto Poder: o Poder Moderador. Tal como o fizeram em tempos passados o Imperador e os militares, a imprensa reivindica hoje exercer o papel de árbitro das disputas entre os poderes constituídos, decidindo sempre em favor do „Bem Comum. (id, s/p)

Outro estudante já tem formação no curso de Cinema e agora cursa

jornalismo para poder se expressar na mídia. Outros três que se assemelham:

gostam de todos os assuntos, de conhecimentos gerais. “O jornalismo aborda todas

as áreas, e é disso que eu gosto. Me comunicar sobre política, esportes, me manter

informado sobre tudo”, relata um deles. O último estudante relatou que já concluindo

outra faculdade, no 8º período, teve uma matéria sobre texto jornalístico. Gostou e

descobriu que era o curso que mais lhe interessava.

Dentre os estudantes três já trabalham na área da comunicação. Um exerce

a função de estagiário em uma empresa de jornalismo digital, com foco na

publicidade e merchandising. Outro é editor de um site na área de entretenimento,

escrevendo sobre a programação televisiva. O terceiro trabalha com rádio

jornalismo, em um programa de notícias gerais.

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Os outros estudantes ainda não trabalham, mas já sabem em que área

querem atuar. Três no rádio jornalismo, sendo que um já trabalhou com assessoria

de imprensa, mas não gostou. “A televisão tem um dinamismo, mas o rádio fascina

pela factualidade e pela correria”. Um deles cita o gosto também pelo jornalismo

impresso. A televisão encanta dois, um pela chance de fazer reportagens pela rua e

não ficar preso na redação. O outro gosta também do jornalismo na internet pela

rapidez. Um estudante cita o gosto pela política, não importando o meio. Outro quer

opinar, fazer críticas principalmente sobre cinema. Por fim, um estudante quer ficar

na edição, áudio, foto e vídeos.

Meios de informação

A internet apareceu como principal forma de acesso a informação entre os

estudantes, uma unanimidade. Eles citam o jornal impresso como uma alternativa

para se aprofundar nos assuntos. Eles dizem “não ter paciência” para ler muita coisa

no computador, mas apenas um deles relata ter costume de comprar jornal impresso

mais de uma vez na semana. Os outros só aos domingos. O rádio entra como uma

maneira de se atualizar rapidamente, ao dirigir, por exemplo. As revistas são citadas

para se informar sobre assuntos específicos. As mídias sociais também são

abordadas, a mais usada é o twitter. Apenas um participante não tem conta no site.

Os sites relacionados como principais fontes de informação foram

Globo.com, Gazeta do Povo, G1, Folha de São Paulo, Portal UOL, Portal Terra,

Paraná Online, Bem Paraná e Estadão. Também foi lembrado o twitter. Segundo os

estudantes, quando acessam a internet o primeiro site visitado é o do seu e-mail

pessoal. O segundo é o twitter. Apenas um participante não tem conta no twitter,

mas já teve.

Dentre as referências na profissão estão Caco Barcellos e Willian Bonner da

Rede Globo “O Bonner é polivalente. Trabalha como âncora, repórter, edita o jornal.

Exemplo de competência.” Também são citados Eliane Brum, da Revista Época,

Régis Resing da Rede Globo, Ricardo Boechat e Marcelo Tás da TV Bandeirantes.

No Paraná, Paulo Camargo e José Carlos Fernandes do jornal Gazeta do Povo,

Dulcinéia Novaes e Alex Barbosa da RPV TV e Francielle Colpani da Band News.

Liberdade de expressão X liberdade de empresa

Um dos temas discutidos no trabalho é a relação entre liberdade de

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expressão e liberdade de empresa. Durante o grupo focal foi questionado se os

estudantes avaliam que existe ou não liberdade para expressar suas opiniões como

jornalistas dentro de uma empresa.

Segundo os estudantes a liberdade de expressão não é plena, nem nunca

foi. “A partir do momento em que existe um editor para aprovar a sua idéia, ela deixa

de existir”. “Você tem o direito de falar, de certa forma você está se expressando. Só

que existem regras, então não é exatamente da maneira como você quer falar”.

Um dos estudantes exaltou que existe diferença, em seu ponto de vista,

sobre a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. “É uma coisa corriqueira

que nós não damos conta. Liberdade de expressão é um direito que todos têm. A

pessoa vai ser responsabilizada por cada coisa que falar. Liberdade de imprensa

você é livre pra trabalhar, desde que respeite a cartilha da empresa”.

Nesse momento foi lembrado o caso do chargista Solda, que foi demitido do

site Paraná Online por uma charge publicada sobre a visita do presidente americano

Barack Obama, considerada racista, publicada no dia 19 de março de 2011. A

charge repercutiu depois que o jornalista Paulo Henrique Amorim abriu a discussão

para a interpretação do trabalho. “Existe um ponto que tem que tomar cuidado. Todo

texto dá margem pra interpretação, nada é colocado literalmente”.

Foi abordada a liberdade de expressão na internet, com a facilidade de

divulgação de suas idéias a partir de um blog, por exemplo. “Na internet você publica

o que você quiser. O que as pessoas vão achar disso, eu não sei, mas a imagem é

sua e o problema é seu”. A partir desse momento a liberdade de empresa entrou em

discussão. Um estudante citou que existe uma política internacional no grupo em

que trabalha que proíbe que sejam comentados assuntos que façam pertinência ao

trabalho ou área de atuação na empresa. “Não posso comentar sobre nada da

minha área na internet, mesmo que não tenha ligação com a empresa em que

trabalho. Eles acham que o conhecimento que adquiri na empresa está sendo

exposto”.

Dentro da discussão sobre a liberdade de empresa os estudantes

demonstraram preocupação pela carreira. “Uma carreira demora anos para ser

construída, mas em segundos pode cair. Então você tem que respeitar a instituição

em que você trabalha”. Os participantes concordaram que o jornalista representa a

empresa em que trabalha, tendo assim responsabilidade a se policiar e respeitar a

posição exercida.

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Inicialmente os estudantes ficaram retraídos quanto à idéia de que a

empresa pode influenciar o que eles dizem. Começaram defendendo o ponto de

vista ético de um profissional da área jornalística, mas aos poucos foram

aparecendo histórias em que a realidade é outra, e grande parte dos acadêmicos

admitiu que a empresa exerce sim influencia na opinião do jornalista.

Medo de perder o emprego e retratação

Após a discussão sobre liberdade dentro da empresa os estudantes

começaram a falar sobre as conseqüências que podem surgir quando se deseja

impor uma idéia diferente dos interesses da empresa.

Uma delas seria a perda do emprego, e houve divergência nas posições.

Certa parte relatou que não tem como prever o que deve ser feito, cada caso dever

ser estudado individualmente. “Depende da relevância da informação perante o

emprego. É questão de momento, tem que colocar na balança”. Um participante

disse já ter perdido o emprego por falar algo que achava certo. “Eu achei que aquilo

não estava correto, me expressei e perdi o emprego. Não me arrependo e faria de

novo”. O estudante não quis comentar mais sobre o assunto. Após o comentário

outro estudante concordou, mas abordou outra situação: “Emprego é emprego, eu

talvez deixasse de dizer algo por necessidade de manter o trabalho”.

Aprofundando no estudo de caso abordado no trabalho, foi questionado se a

empresa obrigasse uma retratação, ao falar algo que fosse considerado impróprio,

por parte do jornalista. “Se a empresa me provasse que estou errado, me retrataria”.

“Cada matéria que você faz passa por um editor, então ele é responsável por isso.

Se eu fosse editor me retrataria, porque a minha responsabilidade passa pelo jornal,

que é o meio que eu represento”.

O jornalista deve emitir opinião?

Willian Bonner, em seu livro “Jornal Nacional – Modo de Fazer” (2009), fala

que o jornalista não deve emitir opinião. Opinião, segundo Bonner, o jornalista pode

dar em conversas informais, em uma roda de amigos. No entendimento dele, o

jornalista deve apenas relatar a notícia. Os participantes do grupo focal não

concordaram com Bonner. “Você começa a escrever e já tem um lado, uma opinião

que acredita. Você sempre é parcial”. Outro concorda que Bonner não é imparcial:

“Ele mesmo (Bonner), em cada texto lido, em cada expressão demonstra

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parcialidade. Ele é editor-chefe e escolhe o que vai ou não vai. Ele pode ter

estudado muito e usar critérios, mas ser imparcial é impossível. É a visão dele que

está ali”.

A posição que Bonner ocupa é colocada como fator para que o jornalista

possa emitir opinião, “Você precisa do seu espaço, e só consegue respeitando a

empresa para ser alguém. Hoje o Bonner é respeitado, mas já deve ter levado

algumas invertidas”.

Casos envolvendo liberdade de expressão

Para verificar se o caso envolvendo o jornalista Gladimir Nascimento era

conhecido, iniciamos a discussão sobre fatos envolvendo liberdade de expressão. O

primeiro caso lembrado foi o do chargista Solda, já relatado neste trabalho (p.51). O

segundo foi da jornalista Rachel Sheherazade, que fez críticas sobre o carnaval em

um telejornal exibido na Paraíba e demitida. O terceiro da jornalista Salete Lemos,

demitida da TV Cultura por um comentário feito contra os bancos e o governo.

Outros dois casos foram citados, um na Universidade Tuiuti do Paraná e

outro nas Faculdades Integradas do Brasil, ambos sobre universitários de jornalismo

que fizeram críticas sobre o curso e como conseqüência sofreram repressão por

parte da diretoria.

Por fim foi lembrado um caso que aconteceu na CNN, a apresentadora

Rosemary Church comparou os estragos causados pelo tsunami ao do mostro

mitológico Godzilla, e repreendida nas mídias sociais causando assim polêmica.

Então foi perguntado se eles se lembravam de algum caso envolvendo a

imprensa paranaense, na tentativa de que o episódio envolvendo o jornalista

Gladimir Nascimento surgisse na discussão. Nenhum dos estudantes lembrou-se do

fato. Indagados diretamente se lembravam do caso, um único participante arriscou

uma participação. “O problema foi que a pessoa que foi criticada, tinha acesso a

quem mandava na rádio, algo assim”.

O caso foi apresentado e colocado em discussão. Inicialmente alguns

estudantes apoiaram a atitude e as palavras do jornalista. “Eu admiro o jornalista,

ele foi ousado”, “Ele deixou um pouco de lado o jornalista Gladimir e falou como

cidadão”, “Qualquer um ali faria o mesmo”.

Neste ponto surgiram opiniões adversas. “Eu não faria o mesmo”, relatou um

estudante.” “Ele está transmitindo a opinião da empresa, tem toda uma equipe por

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trás dele. “Ele não pode falar como cidadão”. Outro concordou: “É a opinião da

instituição que ele representa. O povo comenta que viu em determinado canal

aquela opinião”.

Os participantes relataram também que consideram Curitiba uma cidade

conservadora, fazendo menção ao fato do jornalista Ricardo Boechat ter repetido o

que gerou a demissão de Gladimir. Os estudantes abriram discussão para o

problema das concessões de rádio no Brasil. “Pra ter uma rádio é mais política do

que dinheiro”. Um deles disse que em um trabalho precisou buscar algumas rádios

para divulgar um projeto e na maioria das vezes foi remetido a entrar em contato

com um gabinete de vereador.

Vídeos documentários

Além do caso em si, a pesquisa também tinha o intuito de verificar a relação

dos estudantes com vídeo documentários, já que eles são parte do público-alvo do

produto.

Alguns vídeos documentários foram citados pelos estudantes. O primeiro foi

a produção americana “The Atomic Café”, logo após “Motoboys – Vida Loca” e

“Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei”, todos assistidos em sala de aula pelos

estudantes. Ainda foi lembrado “Falcão - Meninos do Tráfico”.

Os participantes relataram que assistir documentários didáticos em sala de

aula acrescenta muito para o aprendizado, assim como documentários que mostram

a opinião de outros jornalistas sobre determinado assunto. “O documentário mostra

a visão de quem está ali, não é ninguém falando por ele”.

O canal de vídeos na internet YouTube foi citado como ferramenta essencial

na busca por informações. “Hoje o YouTube pode ser considerado uma escola, você

aprende de tudo lá”, “Tem muita coisa interessante”, “tudo que eu perdi na televisão

eu busco lá”.

Questionados sobre o tempo do vídeo que assistem no YouTube, os

estudantes relataram que isso varia de acordo com o interesse pelo assunto. Os

participantes citaram a música, o entretenimento e conteúdos jornalísticos como os

mais buscados no canal de vídeos por eles. “Ontem mesmo assisti um show de

humor inteiro no YouTube”, “Eu já assisti o show do Bom Jovi”, “assisti a série

„Documento especial‟ toda na internet”.

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7. DELINEAMENTO DO PRODUTO

Abaixo serão expostas considerações que explicam escolhas feitas no

desenvolvimento do videodocumentário jornalístico “Liberdade de Expressão: o caso

Gladimir Nascimento na Band News FM”. O nome do documentário refere-se

justamente ao tema central exposto, a liberdade de expressão, seguido do estudo de

caso abordado, que faz referência ao episódio que ocorreu na rádio Band News

Curitiba com o jornalista Gladimir Nascimento, já exposto anteriormente neste

trabalho. Nesta parte do trabalho também será exposto como o videodocumentário

jornalístico foi viabilizado.

7.1 Formato

O gênero videodocumentário jornalístico foi escolhido por conseguir de

melhor maneira expor o assunto abordado neste trabalho, desenvolvendo o tema

através de entrevistas, dentro de um contexto com profundidade.

As entrevistas são uma forma distinta de encontro social. Elas diferem da conversa corriqueira e do processo mais coercitivo de interrogação, à custa do quadro institucional em que ocorram e dos protocolos ou diretrizes específicos que estruturem. (...) Os cineastas usam a entrevista para juntar relatos diferentes numa única história. A voz do cineasta emerge da tecedura das vozes participantes e do material que trazem para sustentar o que dizem. (NICHOLS, 2007, p. 160)

A utilização do gênero tem por objetivo retratar a realidade de forma que as

causas do acontecido e as devidas consequências sejam evidenciadas, assim como

uma lição do caso. Segundo Melo, Gomes e Morais (2001), “[o documentário] Traz

consigo o tom de explicação, apresenta imagens e depoimentos que comprovam o

que é dito e também funcionam como registro, como mecanismo de resgate da

memória humana” (p.8).

Como já exposto e comprovado através de pesquisas empíricas de análise

de conteúdo e grupo focal, a repercussão entorno do caso da demissão do jornalista

Gladimir Nascimento não foi algo que tomou grande espaço na mídia,

principalmente na convencional como TV, rádio e jornais impressos. Além disso, o

trabalho aborda a criação da rádio Band News FM em Curitiba e a relação existente

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entre liberdade de imprensa e liberdade de empresa dentro dos veículos de

comunicação. Este videodocumentário jornalístico permite que através de um

gênero que utiliza uma linguagem aprofundada seja impulsionada uma discussão

acerca do assunto.

Outro fator levado em consideração na escolha pelo formato

videodocumentário jornalístico é a dificuldade em divulgar o produto nas mídias

convencionais, visto que a maior parte das empresas que atuam no ramo de

comunicação em TV, rádio e jornais tem um foco comercial atrelado aos interesses

da empresa, não se importando em divulgar o tema. O presente trabalho aborda

também os problemas de concessões, assim como o conflito que existe entra os

interesses comerciais e jornalísticos das empresas.

7.2 Duração

O videodocumentário jornalístico apresentado é considerado de média

metragem, segundo instrução normativa de nº 36 da Agência Nacional de Cinema

(Ancine), publicada em 14 de dezembro de 2004. O capítulo II, artigo 5º, cláusula

VIII, estabelece “obra cinematográfica ou videofonográfica de média metragem: a de

duração superior a 15 (quinze) minutos ou inferior a 70 (setenta) minutos”. O

videodocumentário jornalístico apresentado tem 25 minutos de duração, mais 15

minutos e 30 segundos do material especial produzido. Este material especial entra

como um extra, e aborda outras histórias envolvendo o tema liberdade de expressão

acontecidas com os personagens e mensagens gravadas pelos entrevistados para

estudantes de jornalismo, um dos públicos-alvo. Para que esse material fosse

produzido foram gravadas aproximadamente 6 horas de material bruto, entre

entrevistas e imagens de apoio.

7.3 Personagens

O videodocumentário jornalístico conta com oito entrevistados, escolhidos

por trazerem ao documentário contribuições distintas e visões não singulares do

acontecido. Apesar da história ocorrer entorno do jornalista Gladimir Nascimento, ele

não é o único personagem principal do documentário. Eles podem ser divididos em

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três grupos: os que trabalhavam com Gladimir Nascimento na Band News FM

Curitiba e participaram diretamente do fato, a posição da rede nacional da Band

News e jornalistas ligados ao sindicato que trazem a visão externa do fato e como o

jornalista pode ser compreendido se tratando da parte ética do assunto.

Segundo Carlos (2004) a função da entrevista em documentários é mostrar

a verdade compartilhada através da interação entre entrevistador e entrevistado.

A escolha dos entrevistados (...) se dá justamente pela riqueza de histórias e detalhes que a personagem pode contar. Se ela não conhece o documentarista, o documentarista a conhece e irá conduzir o diálogo para registrar as melhores histórias, as reações mais inusitadas, dentro do ponto de vista que defende. (p.7)

Daiane Figueiró, Denise Mello, Gladimir Nascimento e Heliberton Cesca

faziam parte da equipe da Band News FM Curitiba na época. Daiane Figueiró era

produtora, Heliberton Cesca trabalhava como repórter e Tathiana Pereira como

estagiária. Denise Mello era âncora ao lado de Gladimir Nascimento.

No outro grupo o entrevistado é Ricardo Boechat. O jornalista atua como

âncora nacional da Band News FM e do Jornal da Band, inclusive quando aconteceu

o episódio com Gladimir Nascimento. Boechat falou na Band News FM sobre o

comentário que gerou a demissão de Gladimir Nascimento e sobre a própria

demissão:

Eu queria aproveitar o giro nacional de notícias e lamentar aqui, porque sempre foi um grande profissional e um querido amigo, a perda do Gladimir Nascimento, nosso companheiro da Band News FM no Paraná. Não está mais conosco, e eu quero mandar um grande abraço, de admiração profissional e carinho ao Gladimir Nascimento.7F

8

Para trazer uma visão externa do acontecido foram convidados a participar

do videodocumentário jornalístico Emerson Castro Firmo da Silva e Mário Messagi

Júnior, jornalista e professore que discutem a ética na profissão e tem passagens

significativas por entidades da classe.

Emerson Castro Firmo da Silva é jornalista, ex-presidente do Sindicato dos

Jornalistas no Paraná, historiador e professor universitário. A apresentação do livro

de autoria de Silva (2007), “Uma tribo e suas trilhas num sindicato”, foi escrita por

Tomás Eon Barreiros, Presidente do Instituto Cultural de Jornalistas do Paraná, e

8 Ricardo Boechat, ao vivo, na Band News FM Nacional, dia 9 de fevereiro de 2009 às 7h58

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revela um pouco da estimação do jornalista para o meio:

O estudo de Emerson Castro reveste-se de importância não só no que diz respeito ao registro histórico, como também na contribuição para a consideração crítica do jornalista em relação ao próprio ofício e à sua participação nos rumos da sociedade. (p.4).

Além disso Silva teve uma contribuição importante por fazer parte da banca

avaliadora quando o artigo baseado neste trabalho foi apresentado no Seminário de

Inverno de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) em

setembro de 2010, dando sugestões e contribuindo com a linha de pesquisa por sua

experiência como professor de Ética e Legislação bem como seu conhecimento na

área sindical.

Silva (2007) discute as concepções de sindicato construídas no âmbito do

Sindijor-PR. “Busca-se preservar a fronteira profissional, a partir da atividade no

sindicato. Nesta fronteira aparece como relevante algo que é uma idealização da

especificidade de ser jornalista: “a imparcialidade” (p. 190)

Mário Messagi Júnior preside em 2011 a comissão de ética do Sindicato.

Além dissoé professor doutor, Assessor de Comunicação Social da UFPR e ex-

presidente do Sindicado dos Jornalistas do Paraná.

Foram almejados outros entrevistados para o documentário, mas recebemos

respostas negativas. Gisele Hishida, Vinícius Sgarbe, Aline Castro e Patrícia Thomaz

também fizeram parte da equipe da Band News FM Curitiba na época da demissão

do jornalista Gladimir Nascimento. Desses apenas Patrícia Thomaz e Vinicíus

Sgarbe retornaram os contatos (via e-mail), porém Patrícia disse não ter

disponibilidade de tempo e Vinícius Sgarbe não pode comparecer na gravação,

informando sua indisponibilidade para a equipe em contato telefônico.

Com a intenção de relatar também a visão da rádio Band News FM Curitiba

no fato ocorrido tentou-se o contato com a atual diretora de Jornalismo da emissora,

Joice Hasselman, mas não obtivemos retorno, (encontra-se no apêndice).

7.4 Público-alvo

O público-alvo do videodocumentário jornalístico preferencialmente são

estudantes de jornalismo e profissionais da área da comunicação, que tem

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conhecimento ou não do episódio ocorrido com o jornalista Gladimir Nascimento.

A escolha pelos universitários é explicada pela intenção do trabalho de

estimular a discussão acerca do tema liberdade de expressão em um caráter

científico, assim se apresentados em sala de aula, por exemplo, pode abrir espaço a

um debate central do tema exposto. O grupo focal comprovou que o tema gera

discussão por dividir opiniões quanto ao tema, se a empresa pode ou não censurar o

que o profissional de comunicação diz para o público.

O videodocumentário jornalístico é de interesse de profissionais da área por

incitar a discussão por práticas diárias vistas em empresas de comunicação, como o

conflito entre liberdade de expressão e empresa, assim como até onde o jornalista

deve deixar que a empresa exerça influência na sua própria opinião. Até onde o

jornalista pode e deve ir se tratando de liberdade de opinião dentro da profissão.

Outro fator importante abordado no videodocumentário jornalístico é o registro de

como a Band News FM foi implantada em Curitiba, mostrando a importância do

grupo que compôs esse início e assim, participou do fato envolvendo o jornalista

Gladimir Nascimento.

7.5 Veiculação

Além da divulgação no meio universitário para professores e estudantes de

jornalismo, e para profissionais de comunicação, o videodocumentário jornalístico

será publicado na internet por meio do site YouTube8F

9·. É importante a divulgação na

internet para que a visualização não se restrinja, considerando que o público-alvo é

abundante e a discussão é válida no país todo. A internet permite que o

videodocumentário jornalístico alcance qualquer lugar do mundo. Além disso existe

dificuldade para divulgar o produto nas mídias convencionais, como já abordado

anteriormente.

O constante desenvolvimento tecnológico e a convergência das mídias para

plataformas digitais faz com que o acesso ao material produzido não se restrinja.

A veiculação no meio universitário se iniciará por meio das coordenações de

curso, sendo que o material será apresentado a cada uma delas em diferentes

faculdades. Professores universitários interessados em exibir o material poderão

solicitar uma cópia aos autores. A ideia é fazer com que o material chegue ao maior

9 http://YouTube.com

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número de estudantes possível, cumprindo assim a sua função de levantar um

debate acerca do tema.

Uma das dificuldades em divulgar o trabalho para profissionais de

comunicação é o grande número de empresas e também de profissionais freelancer.

Outro problema é que o tema abordado nem sempre agrada as empresas. Por esse

motivo o videodocumentário jornalístico será divulgado nesse meio através de um

mailing de e-mails cedido pelo Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Este e-mail vai

enviar o link de acesso ao vídeo na internet, assim como uma opção para que o

profissional solicite uma cópia se interessado.

Para que a veiculação não seja restringida o videodocumentário jornalístico

será postado na internet, por meio do site YouTube. Segundo uma pesquisa

divulgada 9F

10 pelo instituto Ibope/Nielsen, três quartos dos usuários de web no Brasil

assistem a vídeos na rede. Isso representa 31,8 milhões de usuários no país.

Conforme divulgado no blog oficial do Google 10F

11 é mais de três bilhões de acessos

diários, um aumento de 50% comparado ao ano passado. E se os acessos

aumentaram pela metade, os envios duplicaram em relação a 2009: a cada minuto

48 horas de vídeos são enviados a internet por meio do site.

O trabalho desenvolvido não é um vídeo pensado exclusivamente para a

internet, mas aproveita o alcance desse meio para atingir seu público-alvo. Mesmo

com uma linguagem documental, ele pode ser inserido no YouTube enviado via e-

mail11F

12.

O site de exibição e catalogação de filmes de curta-metragem brasileiros

Porta Curtas12F

13 também é um meio almejado para a divulgação do vídeo. O site conta

com mais de 13,5 milhões de exibições de vídeos 13F

14, contando com mais de 9 mil

envios, dentre eles 316 documentários. O site conta ainda com cerca de 30 mil

profissionais artísticos cadastrados, sendo assim um importante meio de divulgação

do videodocumentário jornalístico. Para que o vídeo seja postado no site é feita uma

avaliação por parte da curadoria do portal, checando se a qualidade técnica e o perfil

do documentário está de acordo com a proposta do site.

O videodocumentário jornalístico também será inscrito em festivais

10

Publicada na editoria “Vida Digital” da revista Veja em 24/05/2011 11

http://googleblog.blogspot.com/, publicado no dia 26/05/2011 às 14h. 12

Correio eletrônico, utilizado para enviar mensagens pela internet 13

http://www.portacurtas.com.br 14

Dados referentes a maio de 2011

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universitários brasileiros para que assim o trabalho seja reconhecido nacionalmente

e o tema atinja um maior número de pessoas.

7.6 Processo de Gravação

As gravações foram realizadas entre os meses de abril e maio de 2011. Com

cada entrevistado foi combinada uma data e um local diferentes, assim cada um

deles pode ser entrevistado de maneira que não soubesse o que o outro já relatou.

Essa forma foi escolhida para que a dinâmica do videodocumentário jornalístico não

fosse atrapalhada, visto que um recurso utilizado na forma como a linguagem do

trabalho é apresentada consiste em que cada um deles conte um trecho da história

e emita a sua opinião. Se a gravação fosse conjunta algum deles poderia se

influenciar pelo discurso alheio.

Outro fator levado em consideração foi a rotina de cada um. Para a

marcação das entrevistas foi combinado um horário que não atrapalhasse nenhum

compromisso de cada entrevistado, tendo uma pré-disposição de dedicar no mínimo

duas horas do seu dia para a gravação. Conforme determinado anteriormente este

tempo era necessário para que o trabalho fosse apresentado, uma pré-entrevista

acerca do tema feita e a gravação concretizada com tempo necessário para abordar

cada ponto de interesse do trabalho. Exceção foi Ricardo Boechat, que só pode

dedicar uma hora do seu dia para a gravação devido a sua agenda. A gravação com

Ricardo Boechat foi feita na cidade de São Paulo, dentro do Grupo Bandeirantes.

Todas as outras entrevistas foram realizadas em Curitiba.

A opção por gravar em ambientes abertos tem ligação com o tema ser a

liberdade de expressão. Com o ambiente externo a intenção é de que seja

repassada a impressão de liberdade através do ambiente livre. A única exceção é o

personagem central, Gladimir Nascimento. A gravação com o jornalista foi feita

dentro do atual ambiente de trabalho dele, diferenciando assim dos demais.

Gladimir Nascimento inicialmente não queria falar sobre o assunto de sua

demissão, mas após entender melhor o objetivo do trabalho aceitou desde que fosse

gravado no local onde ele trabalha.

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7.7 Linguagem

Em momento nenhum do videodocumentário jornalístico existe a presença

do narrador, a história é contada pelos próprios entrevistados. Essa escolha foi feita

para que o videodocumentário jornalístico, sendo um produto jornalístico, oferecesse

um conteúdo em que todas as informações repassadas tivessem a autoria

reconhecida, visto que o tema abordado é a liberdade de expressão e o poder da

fala jornalística para o público.

Tal escolha tornou a produção do videodocumentário jornalístico mais

trabalhosa. As entrevistas tiveram na maioria das vezes um direcionamento

parecido, perguntas iguais foram feitas, já que para tornar o produto algo dinâmico

cada entrevistado conta uma parte da história, não tendo falas longas e mantendo

assim um ritmo que não canse quem assiste.

Após captadas as entrevistas, elas foram decupadas em fala literal, para que

facilitasse assim a montagem do roteiro e por consequência a edição, já que o

número de cortes e trocas de entrevistados era muito grande.

7.8 Orçamento

Produto x Unitário Total Observações

Repórter Cinematográfico

7 R$ 289,00 R$ 2.023,00 Diária de 5 horas

Repórter Cinematográfico

1 R$ 354,00 R$ 354,00 Diária de 8 horas

Fitas Mini DV 10 R$ 15,00 R$ 150,00

Aluguel Equipamentos 8 R$ 450,00 R$ 3.600,00 Diária de 24h

Edição 40 R$ 40,00 R$ 1.600,00

Mídia DVD Virgem 100 R$ 1,99 R$ 199,00

Selo para Mídia 100 R$ 2,00 R$ 200,00

Capa DVD 100 R$ 1,99 R$ 199,00

Encarte Capa DVD 100 R$ 2,10 R$ 210,00

TOTAL R$ 8.535,00

Os gastos iniciam-se pelas diárias de um repórter cinematográfico que

somariam um total de R$ 2.377,00, levando em consideração que seriam

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necessárias sete diárias de cinco horas e uma diária de oito horas. O valor unitário

de R$ 289,00 e R$ 354,00 por jornada é atribuído pela tabela de sugestões de

preços para freelancer disponível no site do Sindicato dos Jornalistas do Paraná.

Também foi necessária a compra de 10 fitas Mini DV num valor total de R$ 150,00.

Além disso o aluguel do equipamento, incluindo câmeras, tripé e microfone de lapela

ficaria em R$ 3.600,00 para os oito dias de gravação. Para a edição foram

solicitadas 40 horas, resultando num total de R$ 1.600,00.

A tiragem inicial do videodocumentário jornalístico é de 100 cópias, para isso

o investimento necessário é de R$ 808,00. Esse valor inclui mídias virgens, o selo

para mídia com impressão em alta qualidade, a capa para o DVD e a impressão do

encarte que vai dentro dela.

Todos os produtos e serviços foram orçados em pelo menos três lugares

diferentes, sendo escolhida sempre a de menor valor. Foi tomado o cuidado para

que isso não influenciasse na qualidade do trabalho, verificando referências da

empresa ou do produto.

7.9 Viabilidade

A mão de obra do repórter cinematográfico foi substituída pela dos

acadêmicos. O aluguel dos equipamentos não foi necessário, visto que as

Faculdades Integradas do Brasil ofereceram o empréstimo dos mesmos. A edição

também foi substituída pelo serviço dos acadêmicos em suas próprias residências,

sendo que o único valor gasto foi com um arte-finalista que elaborou as vinhetas e

artes utilizadas no videodocumentário jornalístico, assim como regulagem de vídeo e

áudio.

O videodocumentário jornalístico pode ser viabilizado através de leis de

incentivo como a Lei Rouanet14F

15, que para educar as empresas a investir na cultura

oferece benefícios no recolhimento de impostos. A Agência Nacional do Cinema

(Ancine) também oferece apoio financeiro a projetos de obras audiovisuais,

buscando apoio de mecanismos de fomento indireto 15F

16.

15

Lei Nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. 16

Fomento indireto é o que se efetiva por meio das leis de incentivo fiscal.

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7.10 Roteiro

As entrevistas foram transcritas fielmente a fala do entrevistado, ipsis litteris.

Assim a produção do roteiro foi facilitada e ficou evidente que era desnecessária a

presença de narração no videodocumentário jornalístico, já que os entrevistados

poderiam contar a história por si só. O roteiro encontra-se no apêndice ao final do

trabalho.

7.11 Processo de edição

O software escolhido para a edição foi o Adobe Premiére, pelo conhecimento

prévio da utilização do programa pelos integrantes da equipe e por se de um dos

melhores na edição de vídeos. Com as entrevistas transcritas e o roteiro finalizado a

edição foi facilitada. Todas as entrevistas foram gravadas com duas câmeras, então

inicialmente todas as imagens foram sincronizadas.

Após isso, os trechos escolhidos no roteiro foram separados, entrevistado a

entrevistado. Na sequência esses trechos foram montados na ordem em que o

roteiro destinava. Transições foram utilizadas na troca de câmera e na troca de

entrevistados, dissolvendo assim imagem sob imagem de modo a suavizar tal troca.

Imagens de apoio foram importantes para que as transições de assuntos forem

feitas, nestes pontos foram utilizados alguns outros efeitos de vídeo como a

transição para o preto (fade).

As artes como vinhetas e gerador de caracteres (GC), assim como a arte-

final, como regulagem de cores do vídeo e de áudio, foram feitas por uma

profissional da área de edição de vídeos.

7.12 Trilhas

As trilhas utilizadas no videodocumentário, que é parte integrante deste

trabalho, são de utilização livre, obtidas por meio do site www.freeplaymusic.com. A

trilha utilizada e cantada por Ricardo Boechat, foi capturada do YouTube e é uma

versão feita por ele da música „La Marseillaise‟, hino nacional da França, cantada ao

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vivo na rádio Band News FM do Rio de Janeiro, no dia 14 de julho de 2009, em

decorrência de discussões acontecidas no Senado brasileiro.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo principal retratar, por

meio de um videodocumentário jornalístico, a liberdade de expressão no

radiojornalismo de Curitiba, através de histórias contadas por jornalistas no caso que

envolveu a demissão de Gladimir Nascimento. O trabalho teórico buscou analisar as

representações sociais desses jornalistas.

Como problema, o trabalho teve como abordagem a liberdade de expressão

no caso que envolveu a demissão do jornalista Gladimir Nascimento da rádio Band

News FM. Isso fez com que o trabalho aplicasse estudos que viabilizarem esse

resultado. Primeiramente foi feita uma pesquisa de análise de conteúdo para

verificar para entender se houve ou não repercussão do caso na mídia. Isso foi feito

com o uso do buscador Google da internet para mapear a quantidade de

publicações para verificação da repercussão do caso. Com isso foi possível

identificar que a repercussão do caso teve um período específico, entre os meses de

janeiro e março de 2009, ano que aconteceu a demissão do jornalista. A pesquisa

quantitativa mostrou, também, dois sites jornalísticos, Observatório da Imprensa e

Comunique-se.com, como os que pautaram outros sites e blogs, inclusive os ligados

aos principais jornais de Curitiba.

A outra pesquisa que inclusive definiu o público-alvo, foi feita por meio de um

grupo focal com estudantes de jornalismo para verificar se eles conheciam casos de

liberdade de expressão, mas, principalmente, o caso que envolveu a demissão de

Gladimir Nascimento da rádio Band News FM. Outro ponto importante que ajudou a

pesquisa com grupo focal, foi porque definiu a escolha por um videodocumentário

jornalístico como produto deste trabalho. Com isso as pesquisas conseguiram,

atingir objetivos específicos proposto.

O trabalho conseguiu, também, atingir o objetivo geral com a produção de um

videodocumentário jornalístico, porque esse produto foi produzido a partir do relato

de histórias contadas sob a ótica das representações sociais de jornalistas

envolvidos com o caso da demissão do jornalista Gladimir Nascimento. Discutiu

também, os conflitos existentes entre liberdade de imprensa e de empresa.

A importância do estudo das representações sociais utilizada no trabalho foi

importante porque este conceito dá espaço para o sujeito, para ele mostrar sua

singularidade, sua individualidade. Com isso o videodocumentário jornalístico conta

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o caso a partir dos jornalistas envolvidos no caso, e a teoria ajuda a entender isso, a

singularidade das pessoas.

Esse trabalho pode observar que se os jornalistas profissionais, mesmo

aqueles seguidores de virtudes éticas, não seguirem ideologias dos empresários de

comunicação, tendem a ficar fora do mercado de trabalho. Enquanto não existir no

Brasil, como citado por Pierant e Zouain (2006), proteção legal para jornalistas esses

condicionantes continuarão.

Como Pieranti (2006) concordamos que a possibilidade de ação nesse âmbito

envolveria uma maior participação da sociedade civil, já que é ela a principal

interessada, na garantia dos direitos fundamentais. Isso dependeria, segundo o

autor, de reformulações legais, mas que parece inviável no momento face a

correlação de forças no âmbito público favorável à parceria entre empresários e

parte do Congresso Nacional.

Cabe aqui apontar posicionamento de Pieranti (2006) ao questionar a

aplicação de independência da mídia. Esta só funciona pela lógica empresarial e os

meios de comunicação de massa no Brasil refletem problemas de estrutura de

regulação e não respeitam princípios apontados como essenciais aos meios de

comunicação, como a independência.

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9. REFERÊNCIAS

ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1987.

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NOTAS DE RODAPÉ http://www.observatoriociudadaniadigital.org/agenda/1-latest-news/158-20-21-maio-inclusao-tecnologica-e-direito-a-cultura.html 2 http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=8272

3 http://apps.unibrasil.com.br/revista/

4 A convenção Americana sobre Direitos Humanos dispõe em seu artigo 13, que „não se pode

restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e opiniões‟. O disposto no texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 19, „todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão: este direito inclui a liberdade, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 5 http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1136363&tit=Politicos-sao-

donos-de-15-das-radios-no-PR. Acesso em 13/06/2001 6 Disponível em http://www.massafm.com.br/content/massa-fm. Acesso em 13/06/2011.

7 Comentário político causa demissão na Band News Curitiba, disponível no site Comunique-se.com

8 Ricardo Boechat, ao vivo, na Band News FM Nacional, dia 9 de fevereiro de 2009 às 7h58

9 http://YouTube.com

10

Publicada na editoria “Vida Digital” da revista Veja em 24/05/2011 11

http://googleblog.blogspot.com/, publicado no dia 26/05/2011 às 14h. 12

Correio eletrônico, utilizado para enviar mensagens pela internet 13

http://www.portacurtas.com.br 14

Dados referentes a maio de 2011 15

Lei Nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. 16

Fomento indireto é o que se efetiva por meio das leis de incentivo fiscal.

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APÊNDICES

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Perguntas organizadas para nortear entrevistados.

Quando você houve falar em liberdade de expressão, o que isso representa para você?

Você pode contar a história de como conheceu e foi convidado para compor a equipe de Gladimir Nascimento na Band News FM.

Qual foi o sentimento que passou em você quando Gladimir Nascimento foi afastado da rádio Band News FM.

Qual lição pode-se tirar do caso Gladimir Nascimento na sua opinião? O que você diria a estudantes de jornalismo sobre a liberdade de expressão especialmente em Curitiba?

Como era o relacionamento de Gladimir Nascimento com a direção da Band News?

Você sofreu algum tipo de censura quando trabalhava na emissora?

Você assinou documento que orientasse ou que proibisse assuntos que viessem de encontro aos interesse da empresa?

Existe algum canal de crítica, de análise do que está sendo publicado pela mídia ao jornalismo para que os jornalistas levem a informação de uma maneira mais séria?

Você acredita que as críticas feitas por Gladimir Nascimento feriu a ética jornalística ao comparar a atitude dos deputados estaduais do Paraná a ladrões de galinhas?

Tem algum limite para liberdade de expressão?

Cláusula de consciência. Você poderia falar sobre o artigo 25 da Convenção Coletiva do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná do que trata este artigo?

Conte uma história que envolve liberdade de expressão.

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Perguntas organizadas para nortear o grupo focal

Perfil de cada entrevistado

Porque trabalha na área, onde?

Quer trabalhar em qual área do jornalismo?

O que vocês lêem de jornalismo? Como vocês se atualizam em informações?

Qual meio de comunicação vocês acessam informação?

Que sites vocês acessam?

Tem conhecimento de sites jornalísticos?

O que você entende por liberdade de expressão, o que acha disso?

Você acha que em 2011 isso acontece ainda?

Que caso recente você lembra que envolveu liberdade de expressão?

Você sabe de algum caso que aconteceu no Paraná que envolveu liberdade de expressão?

Você ouviu falar do caso Gladimir Nascimento?

Se falasse algo que atingisse interesses da empresa e as pessoas que pagam seu salário pedissem que você voltasse atrás, se retratasse, você faria isso ou manteria sua opinião?

Você acha que na prática o jornalista tem total liberdade para dar opinião seja qual for o veículo de comunicação?

William Bonner afirma em seu livro “Jornal Nacional: modo de fazer” que o jornalista não deve emitir opinião que o jornalista deve apenas relatar informação. Você concorda?

Que filmes, documentários você assiste?

Você já viu documentários jornalísticos? Porque?

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ROTEIRO PARA EDIÇÃO

1. APRESENTAÇÃO COM FRASES DE IMPACTO

2. CRIAÇÃO DA BANDNEWS FM

ARTE (2 DE JANEIRO DE 2006)

DENISE MELLO

A BandNews Curitiba começou com o Gladimir Nascimento. Antes mesmo de a

gente entrar no ar no dia 2 de janeiro de 2006, o Gladimir trabalhou meses antes

montando essa equipe, montando essa estrutura e é uma estrutura enxuta, sempre

foi enxuta, mas que tinha um desafio muito grande.

HELIBERTON

E aí no finalzinho de 2005 começou um burburinho entre os colegas de que haveria

uma nova rádio e aí em dezembro, no início de dezembro, o Gladimir me ligou me

convidando pra trabalhar com ele.

GLADIMIR

Eu não selecionei todos. Muitos me foram indicados pela empresa, indicados pela

própria equipe que já existia na CBN que de certa maneira influenciou a formação

BandNews em Curitiba. O que é estranho porque são concorrentes, mas aqui como

se sabe pertencem ao mesmo grupo econômico. (COBRE IMG)... eu implantei a

BandNews em Curitiba, mas ela já estava implantada fazia um ano em outras

cidades.

DENISE

Eu lembro como se fosse hoje o dia que fomos apresentados ao diretor em São

Paulo da BandNews que nos falou como iríamos trabalhar esse conceito de a cada

20 minutos uma rodada de notícias, nacionais, locais comercial e ainda por cima o

conceito de que nós teríamos que operar o equipamento tecnicamente, que era uma

coisa totalmente nova pra gente, foi um baque porque isso era totalmente novo.

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DAIANE

Na época eu era produtora, sentava numa mesa ao lado do Gladimir, na mesa de

som, mesa de transmissão que é chamada. Fazia atendimento aos ouvintes,

apurava pautas, fazia marcações de entrevistas...

TATHIANA

Então, eu era estagiária, oficialmente, mas na rádio todo mundo jogava em todos os

campos. Então eu fazia a parte de produção principalmente do jornal do Gladimir da

manhã e fazia algumas reportagens assim...

HELIBERTON

(COBRIR COM IMG) Eu conheci o Gladimir fazendo estágio na rádio CBN aqui em

Curitiba, e na rádio 96, a 96 Rock, onde ele tinha um programa de entrevistas junto

com o José Wille. E a partir desse estágio em que a Michele Tomé, que era

produtora das duas rádios, me levou a trabalhar com eles eu comecei a conhecer o

Gladimir. Isso foi no ano de 2004, 2005. Falou que ele estava com a

responsabilidade de implementar a rádio de trazer o conceito da BandNews de São

Paulo aqui pra Curitiba e me convidou pra trabalhar com ele. E aí nos primeiros dias

de janeiro a gente colocou a rádio no ar. Foram as primeiras transmissões já da

BandNews.

DENISE

Também tivemos alguma dificuldade pra encontrar até a linguagem da emissora,

porque a gente vinha acostumada de rádio de notícia, com referência da CBN e de

uma hora pra outra nós tivemos outro ritmo de notícia. Isso mudou completamente o

nosso modo de ver a questão do jornalismo em rádio. Mas eu acredito que a gente

fez um excelente trabalho ali.

DENISE

Conseguimos achar a medida entre o que era lento pro ouvinte e também sem ser

desrespeitoso sem ultrapassar o limite do razoável que é o que o ouvinte quer. Ele

quer uma relação de respeito com informação, com credibilidade e foi o que a gente

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fez. Com uma estrutura pequena nós tivemos no máximo em alguns momentos 12 a

14 funcionários, profissionais nem todos jornalistas, alguns estagiários, mas

conseguimos dar conta durante os três anos e três meses que esse grupo ficou à

frente da BandNews FM em Curitiba.

3. BLOCO LIBERDADE DE EXPRESSÃO

DAIANE

Todo mundo tem o direito de expressar as suas idéias, os seus pensamentos, suas

opiniões. E esse direito no exercício do jornalismo eu acredito que ele seja um

poder. Um poder que requer grandes responsabilidades.

TATHIANA

... poder expressar as ideias... enfim o que realmente se deseja, o que se tem

conhecimento sem nenhuma maneira de censura...

HELIBERTON

... é a possibilidade de especificamente no jornalismo, trabalhar conforme você

acredita que é a melhor forma. Contar as histórias conforme você acredita que elas

sejam mais interessantes para o público, e dar as informações que você acredita

que sejam as mais relevantes para o público.

BOECHAT

Como jornalista uma coisa fundamental, um valor fundamental, se não tiver essa

liberdade, se esta liberdade não tiver sendo exercida não há jornalismo. É uma

atividade que deixa de existir como tal se você não tiver liberdade de expressão.

DAIANE

Ter liberdade de expressão é ter uma responsabilidade de mudar o que está errado,

de construir uma sociedade mais justa, mais democrática dando voz a todos. Saber

ouvir os dois lados. Pra mim isso é ter liberdade de expressão.

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GLADIMIR

A essência do jornalismo, e a essência também da vida em sociedade, em

democracia. Não há nenhuma democracia nem nunca houve uma democracia sem

liberdade de imprensa e de expressão, não são necessariamente a mesma coisa. A

liberdade de expressão é algo muito mais amplo.

BOECHAT

A liberdade de expressão é indispensável à existência de determinadas coisas,

jornalismo entre elas. Talvez a que primeiro morra sem liberdade de expressão.

GLADIMIR

Mas, hoje os jornalistas trabalham com uma dose elevadíssima de alto censura que

é provocada pelo ambiente em que se desenvolve o jornalismo hoje. Esse ambiente

que tem uma espécie de ideologia de mercado, que leva alguns jornalistas a

imaginarem que realmente não devem escrever o que queriam escrever que aquilo

não será bem recebido.

DENISE MELLO

...Porque todo meio que você trabalha, seja rádio, TV, jornal qualquer meio de

comunicação, você tem por traz desse meio de comunicação um interesse.

GLADIMIR

Eu acho que esse é o principal mal do nosso jornalismo hoje. Nós precisaríamos de

uma recuperação radical do nosso direito de expressão. Na verdade não é só o

direito é nossa obrigação de expressão porque a sociedade espera do jornalista é

que ele fale, que ele diga o que viu que ele testemunhe, que ele contextualize, que

ele critique, que ele aponte.

(ARTE, CLIPE COM IMAGENS, PARA REFLEXÃO)

A sociedade não precisa concordar com o jornalista, mas ele precisa exercer o

jornalismo com liberdade para que a sociedade possa se posicionar.

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4. LIBERDADE DE EMPRESA

BOECHAT

… Olha o empresário aqui no caso é o Johnny Saad. Eu sou âncora do Jornal da

Band e sou âncora da BandNews FM. Eu tenho plena consciência de que às vezes

eu falo barbaridades. Eu... às vezes saio do programa lá de dentro do estúdio

dizendo: cacete hoje eu vou me foder, não é possível. Eu mando pêra mesmo. Eu às

vezes... eu já, eu dou nome, eu chingo.. eu já disse que o Sarney tem enfiado

dinheiro até na bunda.. o Sarney. Eu nunca vi o Johnny... nada... zero.

DENISE MELLO

Existem coisas pontuais em que a direção da empresa em que eu trabalho, tomou

partido ou fez alguma orientação, ou alguma proibição em pouquíssimas vezes.

Você tem liberdade no dia a dia pra falar, agora tem assuntos que você tem que

saber, inevitavelmente, qual é a direção política ou até mesmo econômica da

empresa que você trabalha.

HELIBERTON

Todo o trabalho jornalístico depende de uma estrutura comercial, de uma estrutura

de empresa por traz, que às vezes, em alguns casos, os valores não são os

mesmos, os valores da empresa da parte comercial, não casa com valores de uma

equipe de jornalismo ou de jornalistas. E essa relação é bastante afetada.

BOECHAT

O anúncio saia do ar, eu não prestava atenção, não é que eu fazia de propósito, mas

às vezes saia um anúncio do banco tal do ar, e na seqüência tinha uma notícia de

que o segurança do banco tinha dado um tiro num cliente, porque a porta não sei o

que travou. Eu baixava o sarrafo no banco, no dono do banco, no presidente do

banco, na mãe do dono do banco.

EMERSON

digamos um jornalista mais entregue a interesses empresariais e tal, isso é... eu diria

não é um espaço jornalístico né, é um espaço para a picaretagem.

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GLADIMIR

Limite e direcionamento há em todos os veículos. Não quer dizer que a cada meia

hora você preste contas do que está falando. Até porque os jornalistas já baseado

naquele cabresto de alto censura evitam problemas não entrando naquilo que eles já

sabem que vai dar problemas.

DENISE

Então eu acho que parta sempre do princípio que você tem sim liberdade pra fazer o

seu trabalho. Aí você viu que talvez não seja tanta liberdade. Veja qual é o seu limite.

Veja até onde você vai. Sem ferir a tua ética. Sem ferir as coisas que você acredita.

Passou desse limite não se prostitua.

BOECHAT

O Dr. Johnny Saad tem as opiniões dele, é o dono da empresa e me paga um belo

salário. Mas se ele chegar pra mim amanhã, e quiser que eu diga alguma coisa ele

vai ter que me convencer de que esta coisa faz sentido, representa algo que eu diria

espontaneamente. Senão ele não me faz dizer.

5. CRÍTICA AOS DEPUTADOS, O CASO. **ARTE NOTÍCIAS**

DENISE

Quando aconteceu a questão da crítica ao projeto de lei de aposentadoria dos

deputados, aprovado na calada da noite, na madrugada, ao apagar das luzes no dia

18 de dezembro de 2008, quando aconteceu isso, o Gladimir fez críticas, eu também

fiz. Mas as críticas dele foram absolutamente fortes com relação aos deputados, a

essa postura dos deputados.

DAIANE

Quando a gente ouviu a gente se olhou assim... uau... Aquilo realmente mostrou o

que nós gostaríamos de ter falado, mas pareceu ser um pouco forte. Mas até então,

a gente gostou e falou: Yes, é isso aí, era para ter falado justamente isso. Acho que

muita gente se viu naquele comentário ali.

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HELIBERTON

Foi um susto. Eu não esperava que isso fosse acontecer. Eu não tinha ideia do

quanto à relação entre a empresa e o Gladimir havia sido desgastada nos três anos

que a gente ficou lá. Para mim, que era um repórter, que não participava de decisões

de edição ou de rumos editoriais da rádio, pra mim foi uma grande surpresa a

demissão dele. Em janeiro ele entrou em férias, e quando foi para ele retornar e veio

o anúncio de que ele estava demitido foi um grande susto na verdade. (COBRIR

IMG)

TATHIANA

na verdade ele fez um comentário sobre uma questão política, diretamente sobre os

políticos, que na verdade era um caso que realmente revoltou todo mundo e ele só

expressou o que todo mundo pensava e sentia, e teve uma repercussão muito

grande, imediata,

EMERSON

eu acredito que muito mais que jornalista, muito mais que cidadão ele se indignou, e

fez uma observação que a meu ver não chega a ferir a ética jornalística.

GLADIMIR

... a crítica aos deputados foi feita com muita veemência, eu realmente disse o que

eu achava que devia dizer e repito: são ladrões de galinhas. Deputados que votam,

as duas da madrugada, uma aposentadoria pra eles próprios, paga com dinheiro

público são ladrões de galinhas. É isso que são. Talvez até a crítica fosse pequena

porque eles na verdade são coisa pior que ladrões de galinhas. O comportamento

deles é que é de ladrão de galinha. A chamada fuleragem. Não bastasse o crime do

colarinho branco ainda agem como criminosos de quintal, que roubam as galinhas

do galinheiro. Fiz a crítica veemente, o episódio se desenvolveu e as conseqüências

são públicas.

BOECHAT

E isso é pouco, ladrão de galinha ainda é a figura que pegava pequenos furtos, a

galinha no caso pra comer, pra vender e comprar outra comidinha. Imagina se

nossos deputados. Talvez eles tenham ficado irritados por isso. Eles não são ladrões

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de galinha. Não são ladrões de grandes obras, metrôs, trens, hidrelétricas já que

estamos no Paraná. Imagina...

EMERSON

ele ta comparando uma atitude dos deputados que me parece ali é irregular

tecnicamente falando e como irregular se assemelha a uma ação irregular que é

roubar uma galinha né. ou seja, ele não ta exatamente dizendo que eles são ladrões,

mas esta dizendo que estão fazendo uma irregularidade como ladrões fazem, na

calada da noite roubando galinhas,

GLADIMIR

... ao fazer o comentário eu sabia que seria demitido. Eu não sou ingênuo. Eu sabia

que no mínimo eu teria grandes problemas.

DAIANE

... os colegas já comentaram que era para “pegar mais leve” pra quando falasse de

algum deputado, ou falasse de algum político influente, teria que ter ali um... um

equilíbrio nas palavras, não usar palavras muito rudes, e não fazer comentários

muito pessoais que pudesse parecer que realmente você estava se colocando diante

daquela situação.

DENISE

...Quando a gente tomou consciência disso foi um baque porque a BandNews FM

até aquele momento era o que era até naquele instante, em função desse homem,

do Gladimir Nascimento, desse profissional absolutamente correto, de extremo

caráter, que foi uma das pessoas que eu tive o maior prazer de trabalhar até hoje.

Então foi um baque para a equipe sim, tanto que um mês depois todo o grupo dele

foi demitido, as pessoas ligadas a ele e algumas até pediram demissão porque não

havia como a gente permanecer.

TATHIANA

eu me demiti, porque assim, na época em que aconteceram as demissões, porque o

Gladimir foi demitido, nos ficamos uns meses, a equipe ficou todos queriam se

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demitir, mas ele convenceu o pessoal a não se demitir, e nós continuamos em

respeito ao trabalho dele, porque a rádio foi realmente trabalho dele.

DENISE

Difícil mas a gente continuou, sem ele. Só que ai sem nenhum respaldo da direção

da empresa. Que até então a gente não sabia o que eles queriam, o que eles

pretendiam, não sabíamos nada.

DAIANE

O Gladimir nunca disse para nós não irmos em frente, não seguirmos em frente.

Sempre nos deu muita força e incentivo pra continuar. Em nenhum momento ele

disse: saiam todos ou não fiquem mais na BandNews.

TATHIANA

toquem a bola pra frente, continuem, não deixe que isso afete.

GLADIMIR

Sacanearam não comigo, com a minha equipe inteira. Agora não foi assim essa

coisa de bruta montes. Houve uma brutalidade política. E houve uma

incompatibilidade que não podia ser superada. Porque naquele veículo o jornalismo

sempre será atrelado ao interesse de um banco. E não dá pra fazer jornalismo

assim.

BOECHAT

Ali teve um caso típico de arriaram as calças pro poder. Ali teve mesmo. Teve. A

Band de Curitiba, do Paraná sei lá quem arriou as calças lá, paciência. Não vão

querer que eu diga outra coisa, porque achar que eu vou contemporizar com esse

tipo de atitude. Quando um profissional,... chama deputado de ladrão de galinha,

baseado numa notícia, numa apuração, você está cerceando aquilo que falamos no

início, a liberdade de expressão de um jornalista. Aí é melhor não ter jornalista. A

atitude ali foi deplorável, sem sombra de dúvida.

GLADIMIR

...eu acredito que nós não devemos nunca permitir a vitimalização. Eu não me

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considero vítima. Eu sou um profissional e quando invadiram espaço que eu

considero que é o espaço da minha liberdade eu reagi. E reagi publicamente, então

digamos ficou empatados. Não me considero vítima. Não gosto de falar do assunto

porque acho que não se deve valorizar demais o episódio.

BOECHAT

Porque porra, pera aí, eu sou, eu sempre pensei que eu era o mocinho, eu tava do

lado do bem, os bandidos são aqueles. Olha lá o bandido. Olha lá o Daniel Dantas,

olha lá... o entendeu... a patota dele na imprensa. O nego que leva grana dele e tal...

E eu que sai. A turma dele. Naquele momento tava na Veja, tava no Globo, estava

muito bem posicionado especialmente na Veja. Portanto, acabou sobrando pra mim

mesmo. Eu fiquei muito muito mal, durante muito tempo.

6. DESILUSÃO COM A PROFISSÃO

TATHIANA

agora eu vejo assim que se afastando um pouco, as emoções, claro isso queira ou

não queira isso mexe muito com emoção também, e você se sente um pouco

injustiçado e tal aquela coisa. mas, foi muito desestimulante sim, porque você sai

com uma visão assim de querer fazer as coisas diferentes, querer fazer tudo certo, e

de repente você vê que num veiculo importante, grande, ainda existe assim essa...

essa postura... desestimula bastante sim.

HELIBERTO

...foi um aprendizado passar por isso na época, foi triste, foi um momento de grande

decepção com a profissão, de grande decepção com o meio aqui do Paraná, com as

empresas, com o que eu pretendia fazer para o restante da minha vida. O que eu

tinha feito durante três anos ali ao lado do Gladimir. Foi um momento de decepção.

Mas passar por isso acabou trazendo lições, trazendo uma experiência triste mais ao

mesmo tempo em que hoje ajuda a lidar com o mercado.

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GLADIMIR

Eu acho que foi bom pra eles. Foi traumático. Eu fiquei com muita pena de vê-los tão

jovens no começo de carreira enfrentar um episódio pesado, barra pesada como

esse, mas acho que foi didático, foi pedagógico. E a lição é essa que a briga

continua companheiros, não acabou. Pra fazer jornalismo tem que brigar. Jornalismo

é uma profissão pra inconformados. Quem acha que está tudo colorido, que tá tudo

bom procure outra profissão.

7. LIÇÃO DO CASO

DAIANE

Lição (pausa) eu acho que, antes de qualquer comentário que você faça ao vivo, ou

que você transmita uma mensagem pra sociedade, você precisa ponderar suas

palavras. As palavras possuem uma força muito grande, então, antes de comentar

qualquer coisa, que vai influenciar a vida de outras pessoas, é necessário medir, ter

equilíbrio e pensar muito antes de falar.

HELIBERTON

Eu acho que uma lição, vamos dizer pro meio jornalístico aqui de Curitiba, e talvez

do Paraná, é que apesar de estar no século 21, esse tipo de prática de interferência

empresarial, política, nos meios de comunicação ainda existem. Vem a reforçar

qualquer ideia, qualquer conceito mais sonhador, mais idealista de que isso não

aconteça por aqui mais. Acontece e a gente tem o exemplo do caso dele.

GLADIMIR

O episódio não é importante, eu não sou importante, a BandNewsFM não é

importante nem empresário que a dirige não é importante. O importante é o contexto

da nossa imprensa. Isso sim eu acho que vale a pena a gente insistir, porque esse

contexto precisa ser modificado. Nós precisamos voltar a fazer jornalismo e a exigir

a liberdade, praticar a liberdade para que a sociedade melhore. É essa é a nossa

pequena parte como jornalistas, na construção da democracia.

SOBE FICHA > BARRAS

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8. EXTRAS - HISTORIAS DE LIBERDADE

DENISE MELLO

Eu comecei a minha carreira no Canal 4, no SBT isso em 1990. … Éramos uma

equipe maior de jornalistas na TV que estava sob o comando do Paulo Pimentel na

época, e as condições de trabalho estavam muito ruins, questões não apenas

salariais, mas de falta de equipamentos e outros problemas. Tudo isso foi colocado

de forma clara para a direção por quem estava no comando, na época o Manoel

Karam, e de uma hora para outra o Paulo Pimentel resolveu demitir todo mundo por

justa causa.

… Nós paramos por 24 horas. Quando paramos ele resolveu demitir toda a equipe

por justa causa.

… Porque você quando é demitido por justa causa você sai com uma mão na frente

outra atrás. Tem gente tinha acabado de tirar de férias saiu devendo salário. Então

saímos sem nada. E foi uma experiência muito ruim. Mas ao mesmo tempo nos uniu

muito. Todos conseguiram emprego, todos se arrumaram imediatamente.

… Então ali foi uma experiência que já talvez tenha me deixado, assim no primeiro

ano de profissão, já tenha me deixado com um pé atrás com relação ao futuro de um

profissional em qualquer empresa.

BOECHAT

...eu já tomei um pé na bunda por outras circunstâncias, que me feriu

profundamente, numa casa onde eu passei a minha vida inteira. Eu passei 35 anos

da minha vida trabalhando dentro da redação do O Globo ou para a redação para o

Globo.

... você imagina o que foi para mim, de repente me deparar com uma demissão

sumária, absurda que... mas enfim não vou ficar remexendo nisso.

… se a gente tem um bom diálogo com o travesseiro, Gladimir, eu não tenho

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nenhuma dúvida que a semente da coisa tá aí. Eu nunca tive conflito com o meu

travesseiro. Os existenciais, né... mas os de valores, cláusulas pétreas, boto a

cabeça e durmo.

...O mundo dá voltas e tal. E hoje você vê as figuras protagonistas, que foram meus

antagonistas naquele episódio aí nas manchetes e nas situações constrangedoras.

...o importante é a gente ter com o travesseiro esse tipo de relação, o resto o tempo

se encarrega de resolver.

GLADIMIR

Na própria CBN, eu fiquei sabendo quando fui demitido da BandNews, que quando

me afastaram do ar na CBN, muitos anos antes, havia sido por uma entrevista com o

ex-prefeito de Londrina, Antonio Belinatti. Numa entrevista com Belinatti, no dia da

eleição, eu perguntei quantas vezes ele havia sido preso. Me tiraram do ar, mas não

me disseram que era por causa daquilo. Me botaram pra editar, pra fazer produção.

Eu não me incomodei eu trabalho em qualquer função, não sou um exibicionista que

tenha que ficar no microfone. Mas eu gostaria de ter sabido qual era o motivo. Não

me apresentaram o motivo. Depois de muitos anos eu fiquei sabendo. Também

aquele episódio foi por causa de críticas feitas a políticos.

9. EXTRAS – RECADO PARA OS ESTUDANTES

BOECHAT

Vocês vão sofrer muito mais restrição ao que vocês chamam de liberdade de

expressão pelo teu chefe direto, provavelmente essas maravilhosas figuras que

distribuem porrada pra tentar acelerar o processo de aprendizado que não se

assimila dentro da universidade, da faculdade. Jornalismo se aprende na redação,

se aprende no dia a dia, se aprende na apuração, se aprende na rua. E a pressão

sobre quem faz esse trabalho, quem produz esse conteúdo, é a pressão do minuto,

do segundo, do fechamento, da concorrência, do furo, da notícia, do dar em primeira

mão. E aí o chicote come mesmo, e tem que comer. E é saudável que coma então.

E então muitas vezes, vai achar que é a sua liberdade que está sendo cerceada

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porque o cara vai mandar você enfiar no rabo uma merda de um texto que não tem

que ser daquele jeito mesmo. Ele não está cerceando sua liberdade. Ele está muitas

vezes te dizendo: meu irmão não é assim, é mais curto, é mais direto, não use essa

palavra.. vamos nessa...

BOECHAT

Na verdade minha gente, a liberdade de expressão é essencial para todos nós em

qualquer fase do jornalismo e ela é muito mais do que o impedimento de fazer a

notícia do jeito que você quer fazer. O teu chefe, muito provavelmente, vai dizer: faz

assim e não me encha o saco. Ele não tá cerceando a sua liberdade de expressão,

Você vai perceber nitidamente a diferença entre uma tentativa de cercear sua

liberdade de expressão ou a liberdade de expressão que é importante pra notícia, tá

certo, e as restrições naturais que a mecânica do meio que você está vai impor. Se

for esta mecânica: aceite, aprenda, discute, debata e toque a vida. Se for o

cerceamento da liberdade lá, aquela mesmo essencial, a fundamental, aí meu irmão,

arme os dentes e trate de lutar por ela porque sem ela você não é nada mesmo e ai

não adianta ser jornalista, vá ser outra coisa.

DENISE

...qualquer estudante de jornalismo que sonha com esta carreira ele tem que ter o pé

no chão sabendo que ele precisa do emprego. Mas ele tem que saber até aonde vai

essa necessidade dele de ter sim que trabalhar de acordo a orientação da empresa

que ele se propôs trabalhar, mas até aqui eu vou. Passou daqui é o meu caráter que

está em jogo sabe, é o meu futuro profissional que está em jogo é a minha ética

profissional que está em jogo. Cada profissional tem o seu. Eu não vou te dizer, não

vou julgar o que cada profissional aqui acha que é o seu próprio limite. Tem alguns

que por muito pouco não dão conta pedem demissão. Têm outros que agüentam

muita coisa com relação à liberdade de expressão, falta de liberdade. E têm outros

que toleram qualquer coisa em nome de um salário ou até algo mais que eles

possam conseguir por ter um microfone na mão diante deles. Cada um tem o seu

limite. O que eu oriento pros estudantes é que pensem bem, porque se hoje você

está se dobrando a coisas que você não acredita que você não acredita mesmo que

corrompem o teu caráter, que corrompem a tua ética pensem porque lá na frente

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você pode ser cobrado. … Então pensem bem até onde vai o seu limite.

DAIANE

Diria para estudantes de jornalismo que jornalista não se forma jornalista pra falar

mal da vida alheia ou pra puramente agradar o patrão e também não se forma

jornalista pensando em ficar rico, sob o aspecto financeiro. Jornalista tem uma

grande responsabilidade nas mãos, tem o poder da informação nas mãos e precisa

ter ética pra poder levar essa informação pra sociedade, pra poder apresentar os

acontecimentos muito mais que apenas mostrar os acontecimentos para a

sociedade, mas sim fazer com que a sociedade entenda esses acontecimentos.

Então... tem essa liberdade de expressão com grande responsabilidade e saber

mostrar para a população com ética e com respeito e ter respeito ao próximo.

HELIBERTON

Pros estudantes do jornalismo, para quem se interessa pelo meio jornalístico, eu

acho que o caso é um exemplo dessa questão idealista assim. Todo jornalista tem

um pouco de idealismo, ou tem muito de idealismo. Isso é muito importante na nossa

profissão. Isso eu acho faz parte das competências básicas de um jornalista você

ser um pouco idealista. Imaginar que o seu trabalho pode de alguma forma, um

pontinho aqui outro ali, melhorar a comunidade em que você está inserido. Esse tipo

de episódio mostra que você não pode ignorar essa outra vertente econômica,

política, que permeia os veículos de comunicação, permeia nossa profissão, mas

que ainda assim fica uma mensagem positiva. de que é possível. Você está ali para

fazer o seu trabalho. Se acontecer problemas ou coisas similares ao caso do

Gladimir, enfim acontece, mas o seu papel é se posicionar a frente dessas coisas. É

passar por isso enfrentar isso da forma que você achar mais conveniente, mas

continuar fazendo o trabalho continuar fazendo aquilo que você acredita como o

melhor profissionalmente e para a comunidade, para a cidade.

10. EXTRAS – RECADO GLADIMIR BOECHAT

BARRAS ENCERRAMENTO

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