tuberculose associada ao hiv

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TUBERCULOSE ASSOCIADA AO HIV Em geral, os esquemas terapêuticos convencionais são igualmente eficazes para pacientes HIV-negativos e HIV-positivos. Entretanto, os efeitos adversos dos fármacos podem ser mais proeminentes nos pacientes infectados pelo HIV. Existem três considerações importantes acerca do tratamento da tuberculose em pacientes infectados pelo HIV: aumento da frequência de reações paradoxais, interações medicamentosas entre a TAR e as rifamicinas, e aparecimento de monorresistência à rifampicina durante o tratamento intermitente com intervalos longos. A SIRI – ou seja, a exacerbação dos sinais e sintomas de TB – foi descrita anteriormente. Todos os pacientes com TB infectados pelo HIV são candidatos a TAR e o momento ideal para seu início é o mais cedo possível e dentro das primeiras 8 semanas de terapia anti-TB.  A rifampicina, um potente indutor de enzimas do sistema do citocromo P450, diminui os níveis séricos de muitos inibidores da protease do HIV e de alguns inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa – fármacos essenciais utilizados na TAR. Nesses casos, a rifabutina, que apresenta menor atividade indutora enzimática, tem sido recomendada no lugar da rifampicina. Todavia, pode ser necessário um ajuste das doses de rifabutina e/ou dos agentes antirretrovirais. Como as recomendações são frequentemente atualizadas, aconselha-se consulta ao website dos CDC ( http://www.cdc.gov/tb). Diversos estudos clínicos verificaram que os pacientes com TB associada ao HIV cuja imunossupressão é avançada (contagens de células T CD4+ de < 100/µL) são propensos a uma falha do tratamento e a sofrer recidiva com microrganismos resistentes à rifampicina quando tratados com esquemas que contêm rifampicina “altamente intermitentes” (isto é, administrada 1 ou 2x/semana). Em consequência, recomenda-se que esses pacientes recebam tratamento diário pelo menos na fase inicial. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Como a rifampicina induz potencialmente as CYPs 1A2, 2C9, 2C19 e 3A4, a sua administração leva a uma diminuição da meia-vida de vários compostos, incluindo a protease do HIV e os inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos, digitoxina, digoxina, quinidina, disopiramida, mexiletina, tocainida, cetoconazol, propranolol, metoprolol, clofibrato, vera pamil, metadona, ciclosporina, costicosteroides, anticoagulantes cumarínicos, teofilina, barbituratos, contraceptivos orais, halotano, fluconazol e as sulfonilureias. Ela leva à falha terapêutica destes agentes, com consequências potencialmente catastróficas. Portanto, antes de iniciar um

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Tratamento, HIV-1, HIV-2

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  • TUBERCULOSE ASSOCIADA AO HIV Em geral, os esquemas teraputicos convencionais so igualmente eficazes para pacientes HIV-negativos e HIV-positivos. Entretanto, os efeitos adversos dos frmacos podem ser mais proeminentes nos pacientes infectados pelo HIV. Existem trs consideraes importantes acerca do tratamento da tuberculose em pacientes infectados pelo HIV: aumento da frequncia de reaes paradoxais, interaes medicamentosas entre a TAR e as rifamicinas, e aparecimento de monorresistncia rifampicina durante o tratamento intermitente com intervalos longos. A SIRI ou seja, a exacerbao dos sinais e sintomas de TB foi descrita anteriormente. Todos os pacientes com TB infectados pelo HIV so candidatos a TAR e o momento ideal para seu incio o mais cedo possvel e dentro das primeiras 8 semanas de terapia anti-TB. A rifampicina, um potente indutor de enzimas do sistema do citocromo P450, diminui os nveis sricos de muitos inibidores da protease do HIV e de alguns inibidores no nucleosdicos da transcriptase reversa frmacos essenciais utilizados na TAR. Nesses casos, a rifabutina, que apresenta menor atividade indutora enzimtica, tem sido recomendada no lugar da rifampicina. Todavia, pode ser necessrio um ajuste das doses de rifabutina e/ou dos agentes antirretrovirais. Como as recomendaes so frequentemente atualizadas, aconselha-se consulta ao website dos CDC (http://www.cdc.gov/tb). Diversos estudos clnicos verificaram que os pacientes com TB associada ao HIV cuja imunossupresso avanada (contagens de clulas T CD4+ de < 100/L) so propensos a uma falha do tratamento e a sofrer recidiva com microrganismos resistentes rifampicina quando tratados com esquemas que contm rifampicina altamente intermitentes (isto , administrada 1 ou 2x/semana). Em consequncia, recomenda-se que esses pacientes recebam tratamento dirio pelo menos na fase inicial.

    INTERAES MEDICAMENTOSAS Como a rifampicina induz potencialmente as CYPs 1A2, 2C9, 2C19 e 3A4, a sua administrao leva a uma diminuio da meia-vida de vrios compostos, incluindo a protease do HIV e os inibidores da transcriptase reversa no nucleosdeos, digitoxina, digoxina, quinidina, disopiramida, mexiletina, tocainida, cetoconazol, propranolol, metoprolol, clofibrato, verapamil, metadona, ciclosporina, costicosteroides, anticoagulantes cumarnicos, teofilina, barbituratos, contraceptivos orais, halotano, fluconazol e as sulfonilureias. Ela leva falha teraputica destes agentes, com consequncias potencialmente catastrficas. Portanto, antes de iniciar um

  • paciente em um regime com rifampicina, todas as suas medicaes devero ser examinadas procura de interaes potenciais. A rifabutina um indutor de CYPs menos potente que a rifampicina, tanto em termos de potncia quanto em quantidade de enzimas envolvidas; entretanto, a rifabutina induz enzimas microssomais hepticas e diminui a meia-vida da zidovudina, prednisona, digitoxina, quinidina, cetoconazol, propranolol, fenitona, sulfonilureias e varfarina. Ela apresenta menos efeito do que a rifampicina sobre os nveis sricos de indinavir e nelfinavir. Comparado com a rifabutina e com a rifampicina, os efeitos indutores de CYP da rifapentina so intermedirios.

  • PRECAUES E INTERAES A depurao do saquinavir aumenta com a induo da CYP3A4; assim, a coadministrao de indutores de CYP3A4, como rifampicina, fenitona ou carbamazepina, reduz as concentraes de saquinavir e deve ser evitada (Flexner, 1998). Os efeitos da nevirapina ou do efavirenzo sobre o saquinavir podem ser parcial ou totalmente revertidos com o ritonavir. A maior parte das interaes medicamentosas vistas com saquinavir/ritonavir reflete o efeito do agente potencializador.

    REFERNCIA Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J. Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18 edio, Artmed. L., BRUNTON, L., CHABNER, A., KNOLLMANN, C.. As Bases Farmacolgicas da Teraputica de Goodman & Gilman, 12 edio, Artmed.