tribuna sindical - dezembro de 2012

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www.ctb.org.br PREVIDÊNCIA BALANÇO 2012: UM ANO DE GRANDES LUTAS | PÁGINAS 2 E 3 Nº 37 - ANO III - JULHO DE 2012 Agora é a hora de acabar com o fator! A luta contra o fator previdenciário ganhou força neste final de ano. A CTB e outras centrais sindicais ratificaram sua posição contra esse instrumento que penaliza a classe trabalhadora, ao pressionarem o Congresso Nacional e o governo federal a deliberar pela extinção dessa herança neoliberal, que sobrevive em função da política fiscal conservadora ainda mantida no país. Até o momento em que o fator for extinto, é papel das centrais sindicais mostrar para a sociedade os motivos que levam setores conservadores do governo Dilma a agirem na contramão dos interesses da classe trabalhadora. LEIA MAIS NA PÁGINA 4 EDITORIAL UM BALANÇO MUITO POSITIVO Criada em 12 de dezembro de 2007, a CTB está com- pletando cinco anos neste mês e podemos afirmar que não faltam razões para comemorar. O balanço que faze- mos desse período é muito positivo. Representando cer- ca de sete milhões de trabalhadores do campo e da cida- de, nossa central conseguiu se consolidar entre as quatro maiores do país praticando um sindicalismo classista, combativo e ao mesmo tempo plural e unitário. Nela convivem dirigentes e militantes de diferentes correntes políticas, unificados em torno das bandeiras classistas e pelo propósito de lutar pelos interesses ime- diatos e históricos da classe trabalhadora. Mais do que lo- grar a unidade interna, desde sua fundação a CTB pro- clamou o objetivo de unir o conjunto do sindicalismo nacional para potencializar a luta dos trabalhadores e tra- balhadoras e elevar o protagonismo da classe. Sua trajetória neste aspecto também é marcada por re- levantes vitórias. A maior delas, até o momento, foi a rea- lização da 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhado- ra (Conclat) em junho de 2010. Na ocasião, foi aprovada a agenda da classe trabalhadora por um projeto nacional de desenvolvimento orientado por três objetivos funda- mentais: valorização do trabalho, democracia e sobera- nia. A 2ª Conclat foi sugerida no congresso de fundação da CTB, que também lançou a bandeira do desenvolvi- mento com valorização do trabalho. Resgatar a Conclat e ampliar a unidade e a luta em torno da sua agenda são novos desafios para a CTB, que também presta relevante serviço ao sindicalismo regio- nal, com sua atuação no Encontro Sindical Nossa América (ESNA), e internacional, na direção da Federação Sindical Mundial (FSM). Wagner Gomes Presidente nacional da CTB FILIADO À FSM Uma publicação da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil Nº 39 - ANO III - DEZEMBRO DE 2012

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Tribuna Sindical - dezembro de 2012

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PREVIDÊNCIA

BALANÇO 2012: UM ANO DE GRANDES LUTAS | PÁGINAS 2 E 3

Nº 37 - ANO III - JULHO DE 2012

Agora é a hora de acabar com o fator!A luta contra o fator previdenciário ganhou força neste final de ano. A CTB e outras centrais sindicais ratificaram sua posição contra esse instrumento que penaliza a classe trabalhadora, ao pressionarem o Congresso Nacional e o governo federal a deliberar pela extinção dessa herança neoliberal, que sobrevive em função da política fiscal conservadora ainda mantida no país.Até o momento em que o fator for extinto, é papel das centrais sindicais mostrar para a sociedade os motivos que levam setores conservadores do governo Dilma a agirem na contramão dos interesses da classe trabalhadora. LEIA MAIS NA PÁGINA 4

EDITORIALUM BALANÇO MUITO POSITIVO

Criada em 12 de dezembro de 2007, a CTB está com-pletando cinco anos neste mês e podemos afirmar que não faltam razões para comemorar. O balanço que faze-mos desse período é muito positivo. Representando cer-ca de sete milhões de trabalhadores do campo e da cida-de, nossa central conseguiu se consolidar entre as quatro maiores do país praticando um sindicalismo classista, combativo e ao mesmo tempo plural e unitário.

Nela convivem dirigentes e militantes de diferentes correntes políticas, unificados em torno das bandeiras classistas e pelo propósito de lutar pelos interesses ime-diatos e históricos da classe trabalhadora. Mais do que lo-grar a unidade interna, desde sua fundação a CTB pro-clamou o objetivo de unir o conjunto do sindicalismo nacional para potencializar a luta dos trabalhadores e tra-balhadoras e elevar o protagonismo da classe.

Sua trajetória neste aspecto também é marcada por re-levantes vitórias. A maior delas, até o momento, foi a rea-lização da 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhado-ra (Conclat) em junho de 2010. Na ocasião, foi aprovada a agenda da classe trabalhadora por um projeto nacional de desenvolvimento orientado por três objetivos funda-mentais: valorização do trabalho, democracia e sobera-nia. A 2ª Conclat foi sugerida no congresso de fundação da CTB, que também lançou a bandeira do desenvolvi-mento com valorização do trabalho.

Resgatar a Conclat e ampliar a unidade e a luta em torno da sua agenda são novos desafios para a CTB, que também presta relevante serviço ao sindicalismo regio-nal, com sua atuação no Encontro Sindical Nossa América (ESNA), e internacional, na direção da Federação Sindical Mundial (FSM).

Wagner GomesPresidente nacional da CTB

FILIADO À FSM Uma publicação da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil Nº 39 - ANO III - DEZEMBRO DE 2012

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Tribuna Sindical é uma publicação da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Av. Liberdade, 113, Liberdade, CEP 01503-000, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3106.0700. Site: www.ctb.org.br. Endereço eletrônico: imprensa@ portalctb.org.br. Presidente: Wagner Gomes. Secretário de Imprensa e Comunicação: Eduardo Navarro. Equipe: Cinthia Ribas, Fernando Damasceno, Láldert Cas-tello Branco e Paula Farias. Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: Luciana Sutil. Impressão e acabamento: LWC Gráfica.

Defesa da unicidade marca o ano de lutas da CTB

Ao completar seu 5º aniversário, a CTB encerra o ano de 2012 reali-zando um balanço positivo desse último período. Foram 12 meses marcados por lutas em diferentes campos de batalha da sociedade, mas em um deles é possível dizer que um tiro certeiro foi dado: a de-fesa da unicidade e da contribuição sindical.

Em março deste ano, a CTB lan-çou uma campanha de alcance na-cional, por meio da qual dialogou com a sociedade sobre a importân-cia de sindicatos fortes e indepen-dentes em relação ao empresaria-do, partidos políticos e órgãos de governo. Nos dias de hoje, quan-do o Brasil é governado por forças progressistas, identificadas com o projeto de um país mais justo e que abre um canal de diálogo com os

Por todo o Brasil (BA, RS, RO e RN, entre outros estados), CTB debateu e defendeu a importância da unicidade sindical

trabalhadores, o grande desafio do movimento sindical é lutar por um projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho, distribui-ção de renda, com democracia e so-berania nacional.

Para a CTB, faz parte da ordem do dia defender essas questões com empenho, já que essa campa-nha unifica a maioria do movimen-to sindical brasileiro, além de atrair instituições que têm compromisso legítimo com os interesses da classe trabalhadora.

Pascoal Carneiro, secretário-ge-ral da CTB, ressalta que a campanha reage à tentativa de fragmentação dos sindicatos de trabalhadores, com a possibilidade de o Brasil ado-tar a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), al-terando assim o artigo 8º da Cons-

tituição Federal. “Os trabalhadores teriam grandes perdas com isso, pois ao invés de se fortalecerem, eles se dividiriam e ficariam frágeis, e o capitalismo acabaria se aprovei-tando disso, como vem acontecen-do na Europa”, explica o dirigente.

De acordo com o vice-presiden-te da CTB, Nivaldo Santana, a de-fesa da unicidade, da contribuição sindical, de sindicatos fortes e re-presentativos de toda a categoria é fundamental para os trabalhadores, principalmente nessa conjuntura de crise da atualidade. “Há um dita-do que diz que quando a economia vai bem, os trabalhadores são os úl-timos a ganhar e quando a econo-mia vai mal eles são os primeiros a perder. Essa é a lei do capitalismo. Por isso, é importante a nossa luta pelo desenvolvimento e para en-

frentar a crise”, destacou.

PORTARIA 186Outra vitória – que deve ser con-

sumada no primeiro semestre no próximo ano e que fez parte da agenda da CTB em 2012 – diz res-peito à articulação pelo fim da Por-taria 186. Desde o primeiro momen-to, a CTB colocou-se frontalmente contra a medida, que, entre outras consequências, abre caminho para o fim da unicidade e da contribui-ção sindical, facilitando a criação de sindicatos fantasmas.

Criada há quatro anos e muito criticada pelo movimento sindical, a portaria também permite a plu-ralidade nas federações e confede-rações e contribuiu para aumentar o número de sindicatos fantasmas. “Com a portaria 186 íamos por um

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Defesa da unicidade marca o ano de lutas da CTB

Encontro Nacional reafirmou compromisso da CTB com o sindicalismo rural

caminho prejudicial para os traba-lhadores. A partir de agora espera-mos que sejam criadas regras mais claras para atualização de dados juntos ao MTE”, afirmou Pascoal Carneiro.

CTB FORTALECE A LUTA NO CAMPOEm 2012, a CTB esteve ao lado

dos trabalhadores e trabalhado-ras rurais, defendendo as deman-das do campo brasileiro, em prol da reforma agrária, da agricultura familiar e levando também para o interior do país a bandeira da uni-cidade sindical.

Neste ano o campo brasileiro vi-veu momentos de extremas mobi-lizações e articulações, nos quais a CTB, ao lado de diversas federações de trabalhadores rurais e da Confe-deração Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), marcou presença e expôs sua visão classis-ta, apresentando seu projeto de de-senvolvimento para o campo.

Dentre as inúmeras atividades, destacaram-se a 18ª edição do Grito da Terra Brasil (que mobili-zou milhares de trabalhadores ru-rais de todo o país, para entregar ao governo federal uma pauta de reivindicações) e o Encontro Na-cional Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Cam-po, das Águas e das Florestas (que debateu os principais temas que envolvem o desenvolvimento sus-tentável do campo).

Além disso, a CTB também este-ve presente em diversos encontros nacionais e estaduais de mulheres, jovens, idosos rurais, e acompa-nhou também as questões sobre o novo Código Florestal, a reestrutu-ração do Ministério do Desenvolvi-mento Agrário a a troca de coman-do do Incra, entre outros.

E reafirmando sua luta no cam-po brasileiro, a CTB realizou seu 3º Encontro de Trabalhadores Rurais, reforçando o compromisso da en-tidade com o sindicalismo rural.

Durante o evento, os cetebistas ratificaram o apoio à reeleição de Alberto Broch para a presidência da Contag, com vistas ao período 2013-2017.

Sendo assim, a CTB se despede de 2012 com a certeza que de tra-

balhou arduamente em prol dos trabalhadores e trabalhadoras ru-rais brasileiros e continuará sua empreitada em 2013 – ano impor-tantíssimo, que será marcado pelo 11º Congresso da Contag e pelo 50º aniversário da entidade.

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r FATOR PREVIDENCÁRIO

Por uma proposta mais avançada

Além de lutar pelo fim do fator previdenciário, neste final de ano a CTB firmou uma posição pela unidade das centrais sindicais, em apoio ao substitutivo que institui novas regras para a aposentado-ria. “Sabemos que não é a propos-ta ideal, mas trata-se de um avanço em relação à atual regra e também em relação ao que tinha sido pro-posto pelo Pepe Vargas”, afirma o presidente da CTB, Wagner Gomes.

O dirigente refere-se à fórmula que se convencionou chamar de “85/95”, a partir do esquema que soma idade com tempo de contri-buição dos trabalhadores, deven-do resultar em 85 anos para as mu-lheres e 95 anos para os homens. O atual substitutivo defendido pe-las centrais mantém essa propos-ta, mas traz algumas melhorias. Um exemplo é obrigar o empregador que demitir sem justa causa no pe-ríodo de 12 meses que antecede a

aposentadoria a recolher as 12 con-tribuições finais para o INSS.

O secretário de Políticas e Rela-ções Institucionais da CTB, Joílson Cardoso, entende que ao longo dos últimos meses a Central foi decisiva para as negociações em torno des-se substitutivo, que deixa claro o fim do fator. No entanto, ele critica a postura de setores do governo fe-deral em relação ao tema. “Estamos vivendo uma queda de braço. O presidente da Câmara, Marco Maia, se esforçou para atender os traba-lhadores, mas ele tem enfrentado dificuldades pela incompetência de parte do governo, que não dá saída nenhuma além do veto sobre essa questão”, reclama o dirigente.

O secretário refere-se à intran-sigência do governo em relação ao tema, que ainda não foi votado pelo Congresso por pressão do Pa-lácio do Planalto. “Acreditamos que o caminho para obtermos essa con-

Em 2010, o ex-presidente Lula teve a chance de extinguir o fator, mas não o fez. Ele pre-feriu atender os apelos de sua equipe econômica, que via na decisão a possibilidade de des-truir as contas da Previdência Social.

Tanto a Câmara quanto o Se-nado haviam votado pela extin-ção. Além das centrais sindicais, a maioria dos partidos políticos também havia fechado questão sobre o tema. À época, o presi-dente da CTB, Wagner Gomes, definiu o veto como “um retro-cesso ao país”.

Em 2013, esse mesmo dilema deve surgir sobre a mesa de Dil-ma. Membros de seu governo já se mostraram favoráveis à ex-tinção do fator, mas a situação segue indefinida. “Esperamos por uma resposta favorável, mas as centrais estarão prontas para ir às ruas exigir o fim do fator, logo no começo do ano”, adiantou o presidente da CTB.

Criado pela Lei 9.876 de 1999, o fator previdenciário foi uma resposta do governo Fernando Henrique à derrota sofrida em 1998, quando o Congresso bar-rou a proposta de se estabele-cer no país uma idade mínima para aposentadorias, em conso-nância ao ideário neoliberal que dominava o Brasil e a América Latina.

Seu principal efeito, no decor-rer desses anos, foi agir como um redutor para o benefício das aposentadorias por tempo

de contribuição. Alguns núme-ros atestam sua ineficácia para a classe trabalhadora: em 1999, um trabalhador com 35 anos de contribuição e 60 anos de ida-de teria um acréscimo de 5% em sua aposentadoria. Em 2012, um segurado com o mesmo per-fil acaba por ter uma perda de 13%. Em números reais, se neste mês de dezembro uma trabalha-dora de 55 anos e três décadas de contribuição, com salário de R$ 1.000, resolver se aposentar, seu benefício será de R$ 715.

O veto de Lula

Herança neoliberal

Dirigentes e militância da CTB se mobilizam em Brasília contra o fator previdenciário

quista é o diálogo e a pressão sobre o Legislativo e o Executivo. Nossa reivindicação é justa e necessária para o desenvolvimento do país”, defende Cardoso.

VALCIR ROSA