traumatologia forense

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  • 5-TRAUMATOLOGIA FORENSE

    esse texto segue como referncia o livro do Professor Rogrio Eisele.

    CONCEITOS BSICOS

    Traumatologia forense o ramo da Medicina Legal que estuda a ao de uma

    energia externa sobre o organismo humano, cuja ao recebe a denominao detraumatismo ou trauma. Trauma portanto o resultado da ao vulnerante que possui

    energia capaz de produzir uma leso.

    Interessa especialmente medicina legal a conseqncia ao traumatismo que

    a leso corporal, cujo conceito penal : "toda e qualquer ofensa ocasional normalidade

    funcional do corpo ou organismo humano, seja do ponto de vista anatmico, seja do

    ponto de vista fisiolgico ou psquico" (Nelson Hungria).

    As leses corporais so, portanto, os efeitos dos traumatismos, isto , vestgios

    que atingem o corpo, sade fsica ou mental, deixados pela ao da energia externa

    ou agente vulnerante. Podem ser fugazes, temporrias( duradouro) ou permanentes.

    Podem tambm as leses serem classificadas em superficiais ou profundas.

    ENERGIAS LESIVAS

    CONCEITO

    A matria pode apresentar-se de diversas maneiras, so os denominados

    estados da matria na natureza: slido, lquido, gasoso, plasmtico (em reatores

    nucleares) e condensado (resultante da BEC = Base-Einstein Condensation).

    A energia nada mais do que uma das formas de existncia da matria, pois

    equivalente a ela e interconversvel com ela, segundo a relao expressa pela equao

    de Einstein, E = mc2, onde E a energia equivalente a massa m, e c a constante

    eletromagntica (velocidade da luz, igual a 3 x 10-8 m/s). A energia existe sob diversas

  • formas, podendo passar, transformar-se de uma para outra, sendo que a tendncia

    natural converter-se na forma mais simples, mais comum, que a energia trmica.

    Todavia, nenhum processo de interconverso ocorre com 100% de rendimento, uma vez

    que parte da energia total de um sistema se dissipa, a degradao da energia.

    A energia cintica, ou de movimento reside nos prprios corpos, quando estes se

    deslocam com um velocidade e tomam-se capazes de produzir um trabalho. A frmula

    dessa energia E = 1/2mv-2

    Quando uma forma de energia entra em contato com o corpo (ou o corpo entra

    em contato com ela), no ponto em que ocorre a transferncia de energia para o corpo,

    produzem-se alteraes das estruturas superficiais, cutneas (pele) ou profundas,

    internas (msculos, ossos, etc) ou, ainda, modificaes das atividades ou funes. A

    alterao morfolgica ou funcional do corpo no local em que ocorre uma transferncia de

    energia o que se denomina leso. Da que se denominam energias lesivas quaisquer

    formas de energia capazes de provocar leses.

    AGENTES LESIVOS- diz-se de todos aqueles que podem provocar leses.

    AGENTES MECNICOS :So agentes que atuam pela energia mecnica alterando o estado derepouso ou de movimento.Essa energia modifica o estado (repouso ou movimento) de um corpo

    em agente agressor e produzindo leses em todo ou em parte do outro corpo

    Os agentes podem ser classificados em:

    1-ARMAS

    -naturais: ex:mo, ps.

    -propriamente ditas:ex:arma de fogo, armas brancas.

    -eventuais: ex:faca de cozinha, taco de bilhar.

    2-MAQUINISMOS-ex: serra eltrica.

    3-ANIMAIS- ex:mordeduras.

    4-OUTROS- ex:quedas.

  • Podem tambm serem agrupados em:

    1. INSTRUMENTOS: Objetos, estruturas, que transferem energias cinticas

    (mecnicas).

    Esses instrumentos mecnicos podem ter uma classificao em funo de

    sua ao:

    a- de ao simples:

    -instrumento perfurante

    -instrumento contundente

    -instrumento cortante

    b- de ao composta

    -instrumento prfuro-cortante

    -instrumento corto-contundente

    -instumento perfuro-contundente

    INSTRUMENTO APLICAODAENERGIA

    SOBRE

    MECANISMO FERIMENTO

    (LESO)

    EXEMPLO

    Perfurante um ponto presso-penetrao punctrio alfinete,agulha,

    prego,

    estilete

    Cortante uma linha deslizamento inciso navalha,

    gilete

    bisturi

    Contundente rea+massa presso+esgara- contuso pra-choque,

  • mento

    presso+esgaramento

    Lcero-contuso

    pau,cassetete

    Prfuro-cortante ponto+linha presso-

    deslizamento

    prfuro-inciso peixeira, faca

  • Prfuro-

    contundente

    ponto+massa presso-penetrao prfuro-contuso

    Ferida porarma de fogo(FAF), chavede fenda,

    Corto-contundente

    linha+massa presso-esmaga mento Corto-contuso

    machado,

    dente, foice,

    unha,faco

    Lacerante linha+massa esgaramento lacerao serra,

    moto-serra

    serrote

    b- MEIOS: Situaes que transferem outras formas de energia diferente da cintica

    (mecnica).

    1-Fsicos: diferentes dos mecnicos compreendem energias sob a forma de vibraes:

    E = h onde h = constante de Planck (6,6256 x 10- -34 J) e = a freqncia. So

    exemplos:Sonora: instantnea (exploso, impacto) ou contnua (rudo laboral, msica

    com potncia). Eltrica: csmica: (Queroaurntica: raio, centelha) ou artificial

    (eletricidade industrial). Trmica: frio (geladura), calor (queimadura, internao,

    insolao). Luminosa: solar, artificial. Radioativa ou Actnica: Raios X, radium, cobalto,

    raios, e Baromtrica: presses hiperbricas (escafandros, caixes).

    2-Qumicos: Energia liberada pelo sistema durante uma reao qumica: substncias

    custicas (soda, potassa) ou corrosivas (cidos: vitriolagem)

    3-Fsico-qumicos: Asfixia (energia mecnica + energia qumica)

    4-Bioqumicos: Inanio

    5-Biodinmicos: coma, estado de choque.

  • 6-Psquicos (psicossomticos): estresse, ansiedade.

    7-Mistos: Fadiga

    ENERGIAS DE ORDEM MECNICA

    1- LESES DE ARMA BRANCA

    Os AGENTES LESIVOS que causam leses por arma branca podem ser

    agrupados em:

    INSTRUMENTO APLICAO

    DA

    ENERGIA

    SOBRE

    MECANISMO FERIMENTO

    (LESO)

    EXEMPLO

    Perfurante Um ponto presso-

    penetrao

    Punctrio alfinete, agulha,

    prego

    Cortante Uma linha deslizamento Inciso navalha, gilete

    Prfuro-cortante

    Ponto + linha presso-

    deslizamento

    prfuro-inciso peixeira, faca

    Corto-contundente

    Linha +massa

    presso-

    esmagamento

    corto-contuso machado,

    dente, foice,

    unha, faco

    CARACTERSTICAS DAS LESES:

    a- INSTRUMENTO PERFURANTE-LESES (FERIDAS) PUNCTRIAS

    As feridas denominadas de punctrias so produzidas por instrumentos perfurantes.Embora normalmente sejam de formas circulares (melhor seria dizer elpticas) podemser deformadas pelas linhas de fora das fibras elsticas e musculares subcutneas(ferida oval, triangular, em seta, em quadriltero), seguindo as Leis de Filhos e Langer,que importante lembrar que no se cumprem no cadver, mas apenas no vivo.

  • Os instrumentos perfurantes so alongados, finos e pontiagudos possuindo forma

    cilndrico-cnica, e sempre de menor dimetro que o dimetro do instrumento causador,

    face elasticidade e retratividade dos tecidos cutneos. So exemplos: agulha, alfinete,

    compasso, estilete, prego etc.

    Os instrumentos perfurantes atuam por presso (de ponta) com conseqente

    afastamento das fibras do tecido, eles agem separando as fibras, sem seccion-las.

    Merece especial ateno pericial o encontro dessas leses em toxicmanos.

    (provocada pelo popular picos)

    b-INSTRUMENTO CORTANTE- FERIDAS INCISAS

    So tpicas dos instrumentos cortantes as chamadas feridas incisas, que chama-

    se de inciso apenas quando cirrgica. A ferida incisa apresenta-se mais profunda na

    parte central (corpo), superficializando-se nos extremos (chamados de cabea e cauda,

    ou cauda de entrada e cauda de sada). A cauda de sada quase sempre uma

    escoriao e importante sua presena para o diagnstico.

    As leses incisas so provocadas por instrumento com gume (lmina) afiado que atualinearmente por deslizamento agem por pouca presso e muito deslizamento, assim -afastam as fibras e seccionam.

    As caractersticas da leso incisa so: exibem bordas regulares, que se coaptam

    perfeitamente, margens com pouca ou sem escoriaes ou equimoses, fundo sem

    trabculas, extenso maior que a profundidade.

    Elementos especiais podem ser observados em alguns tipos de leses incisas:

    -Sinal do Espelho (de Bonnet): Borrifo ou respingos de sangue no espelho nos casos

    de esgorjamento suicida.

    -Inclinao da leso de esgorjamento, para diferenciar suicdio (oblqua) de homicdio

    (horizontal).

    -Leses de defesa: localizadas em antebraos (face dorsal e borda ulnar) e palma

    das mos.

    A doutrina mdico-legal cita que existem feridas incisas tpicas, sendo elas muito

    conhecidas at por leigos:

  • a-esgorja: ferida incisa na face anterior do pescoo.

    b-degola : ferida incisa na face posterior do pescoo

    c-decapitao: ferida que separa a cabea do pescoo, mas em geral

    provocada por instrumento corto-contundente.

    d-Esquartejamento: ao cortante que leva diviso do corpo em partes, quer por

    desarticulao ou amputao.

    c-INSTRUMENTO PRFURO-CORTANTE-FERIDA PRFURO-INCISA

    As leses provocadas pelos instrumentos prfuro-cortantes com um (canivete, faca decozinha) ou dois gumes (peixera, baioneta, punhal, espada) ou trs gumes (lima,estoques com haste facetada) so feridas denominadas feridas prfuro-incisas. Elastm as caractersticas de serem mais profundas do que largas e que tm a maioria doselementos das leses incisas (bordos, margens, fundo)

    O instrumento faz o afastamento das fibras para depois seccion-las, as feridas

    prfuro-incisas assumem forma de botoeira, com uma comissura aguda (gume) e outra

    arredondada (costas) ou as duas em ngulo agudo (instrumentos com dois gumes), ou

    estreladas, quando a lmina tem mais de dois gumes.

    Alm de perfurar (com a ponta do instrumento) exerce lateralmente uma ao de

    corte.(pela lmina)

    importante lembrar que por vezes h deformao do orifcio de entrada, face

    movimentao da mo que empunha o instrumento, quer alargando ou ampliando a

    leso quando h inclinao maior na sada, quer mudando a forma, quando h rotao

    depois de fincada no corpo. As leses provocam geralmente grande sangramento e de

    risco.

  • Estas leses podem ser:

    -penetrantes (entram em cavidades preexistentes: pleural, pericrdica, peritoneal);

    -perfurantes (penetram numa parte macia do corpo, sem sada);

    -transfixantes (atravessam um rgo ou uma parte do corpo);

    -em fundo-de-saco (quando perfuram, atingem um obstculo resistente e no penetram

    alm do comprimento);

    -em acordeo ou em sanfona [Lacassagne] (quando a superfcie do corpo depressvel

    (parede de abdome) a lmina produz uma leso mais profunda que o seu prprio

    comprimento).

  • d INSTRUMENTO CORTO-CONTUNDENTE-FERIDA CORTO-CONTUSA

    As feridas corto-contusas so leses mistas, com algumas das caractersticasdos ferimentos incisos (efeito de cunha), e as produzidas pelo mecanismo da contuso(presso sem deslizamento) Agem por presso fazendo esmagamento e agem tambmpor deslizamento no corte.

    . Quando o instrumento, em acrscimo, tem um gume afiado, pode provocar

    leses que se assemelham mais com as incisas. As leses costumam ser muito

    devastadoras, decepando segmentos, fraturando ou seccionando ossos provocando

    grandes mutilaes, amputao e perda de substncia.

  • Os principais instrumentos que podem causar as feridas corto-contusas so:

    machado, enxada, dente, moto-serra, roda de trem, foice, faco, guilhotina.

    As caractersticas das leses esto diretamente relacionadas ao peso do

    instrumento e fora utilizada pelo agente. A forma da ferida est na dependncia da

    regio atingida, intensidade, peso, lmina, etc. Em geral so feridas retas, com bordas

    afastadas, regulares e escoriadas, suas vertentes so planas, mas deixam um certo

    grau de lacerao...( Hygino Hrcules)

    As caractersticas periciais da ferida so:

    -margens que no se coaptam, bordas irregulares

    -Sangramento pode ser menor que nas feridas incisas superficiais

    -podem no apresentar partes de tecidos no fundo da leses

    -no apresentam cauda de escoriao

    tpica o chamado esquartejamento, onde se reduz o corpo em partes, quer por

    desarticulao ou corte. (amputao)

    CARACTERSTICAS DIFERENCIAIS:

    ELEMENTOS PUNCTRIAS INCISAS PERFUROINCISAS CORTOCONTUSAS

  • Bordas rombudas Ntidas Ntidas Anfractuosas

    Contuso Rara Ausente Rara Presente

    Caudas ausente Presentes Presentes Ausentes

    Perfil daleso

    Cilndrico Triangularbase

    base cutnea

    Varivel triangular basecutnea

    Trajeto Igual ou maior

    que a lmina

    Reto

    brado

    Reto Reto

    Fundo Cego ou aberto Liso Cego ou aberto Anfractuoso

    Trabculas Ausentes Ausentes Ausentes Presentes

    Dimenso

    Maior

    Profundidade Comprimento Comprimento e

    profundidade

    Profundidade

    Hemorragia

    Externa

    Ausente/mnima Abundante Varivel Abundante

    Hemorragia

    Interna

    Grande Ausente Mdia a grande Varivel

    Tendncia

    Infeco

    Grande Escassa Varivel Grande

    Seqelas Nulas ou raras Freqentes Variveis Freqentes e

    extensas

  • -INSTRUMENTO CONTUNDENTE-FERIDAS(LESES) CONTUSAS

    As feridas contusas so as leses provocadas por instrumentos contundentes, que se

    classificam em:

    1-A cabea e as extremidades do homem e dos animais.

    2-Instrumentos prprios para ataque e defesa (ex. soco ingls, borduna, cassetete).

    3-Ferramentas de trabalho (ex. martelo, marreta e utenslios desde que utilizados por

    impacto).

    4-Objetos no seu estado natural. (pedras, paus, tijolo, etc.)

    5-Objetos dos mais variados: qualquer estrutura, pouco importando se ela que vem de

    encontro ao corpo da vtima ou se este que vai se chocar contra ela. (ex.paredes, solo,

    etc.)

    O instrumento contundente atuam mediante presso, arrastamento, toro, etc.Eles agem lesando, contundindo, alterando as fibras.

    Origem da energia

    -Ativo

    -Objeto em movimento

    -Corpo em repouso

    -Passivo

    -Objeto em repouso

    -Corpo em movimento

    -Misto

    -Objeto em movimento

    -Corpo em movimento

  • Local da leso

    -Direto

    Leso no ponto de impacto:

    Ex: escoriao

    -Indireto

    Leso fora do ponto de impacto:

    Ex: impacto frontal e hematoma subdural occipital

    -Misto

    Leso no local do impacto e fora deste:

    Ex: edema traumtico frontal e hematoma subdural occipital

    MODALIDADE DAS LESES

    Os instrumentos contundentes, animados da necessria energia cintica so

    capazes de provocar solues de continuidade e laceraes, mais ou menos extensas

    dos tecidos moles, dos vasos, das vsceras e das estruturas steo-articulares.

    -Formas lesivas

    Decorrem em funo de sua massa, da fora viva de que esto animados, da

    direo na qual se movem, da durao do contato, da elasticidade dos tecidos

    golpeados, da maior ou menor consistncia mole do local e da presena de resistncias

    subjacentes.

    A ao contundente sobrevm como conseqncia de:

    1-Compresso que determina esmagamento, mormente quando h uma resistncia

    subjacente;

    2-Contato tangencial, por atrito;

    3-Trao que pode produzir arrancamentos e laceraes. Quando atrao se exerce

  • sobre uma vscera, esta pode ocasionar ruptura do aparelho suspensor da mesma, dos

    ligamentos e/ou do pedculo vascular, obviamente alm das produzidas na prpria

    vscera nas inseres;

    4-Suco que determina uma depresso circunscrita;

    5-Exploso que decorre do aumento primrio ou secundrio da presso interna;

    6-Deformao compressiva: para esta ltima, lembrar a fora necessria para quebrar

    uma noz!

    -LOCALIZAO:

    a- Superficiais: com a exceo da escoriao, somente ocorrem em corpos

    com vida.

    -Rubefao: alterao vaso-motora por congesto da regio afetada, no h

    dano tecidual, tpica do tipo penal vias de fato. A presso libera histamina, que ocsiona

    a vasodilatao. H autores (G.Odilon) que no a consideram leso porque no h

    sada do sangue dos vasos, outros (G.V.Frana, H.Hrcules) a consideram. Encontram-

    se nas compresses e nas irritaes agudas ou crnicas. A pele fica avermelhada,

    comum nas bofetadas, leves tapas no rosto.

    -Edema traumtico: derrame seroso extravasando lquido para espao

    extracelular e provocando distenso com limites ntidos, por vezes com a forma do

    instrumento o popular inchao.

    -Bossas linfticas e sangneas: produzidas pelo acmulo de linfa (chamada

    popularmente de galo d'gua) ou de sangue, quando h um plano subjacente resistente

    e impermevel, se caracteriza por apresentar-se sempre sobre um plano sseo e pela

    salincia, sempre bem pronunciada na superfcie cutnea.(G.V de Frana)

  • -Hematoma: uma hemorragia que, pelo seu volume e velocidade de formao

    afasta os tecidos e ocupa espao prprio, formando uma neocavidade.(H. Hrcules)

    , portanto uma tumorao de sangue, ou lago sangneo localizado, formado

    pelo rompimento de vasos. Alm de superficial, pode ser em profundidade, em plena

    massa de rgos (hematomas extradural, subdural, intramuscular), e em espaos

    teciduais (retroperitnio, mediastino).

    Em geral no faz relevo na pele, tem delimitao mais ou menos ntida e de

    absoro mais demorada que a equimose.(G.V.de Frana)

    -Equimose: sufuso hemorrgica difusa que se infiltra na espessura dos tecidos,

    ocasionada pelo rompimento dos vasos em face da ao do instrumento contundente,

    do qual pode guardar a forma. Podem assumir a forma de sufuses (lenis), vbices

    (estriaes, cobrinhas), sugilaes (em aspecto de gro de areia sobre uma rea) ou

    petquias (vrios pontos de aproximadamente 1 mm ou de dimetro).

    Mecanismo de produo:

    -por esmagamento ou compresso da pele;

    -por toro da pele;

    -por trao/suco da pele;

  • -por esforo excessivo.

    Diagnstico diferencial:

    -livor cadavrico: aps algumas poucas horas da morte, nas reas de declive do

    cadver aparecem manchas rseas, depois vermelhas, roxas, azuis, que

    correspondem a reas de acmulo de sangue seguidas de decomposio;

    -mancha de putrefao: decorridas em mdia 18 a 24 h da morte, na fossa ilaca

    direita, aparece uma mancha esverdeada (uma vez que o ceco a parte mais

    contaminada, alm de estar junto parede abdominal).

    Evoluo cromtica das equimoses:

    A transformao qumica da hemoglobina fora do vaso leva mudanas

    cromticas na evoluo: espectro equimtico de Legrand du Saulle: avermelhado,

    vermelho-violceo, azulado, esverdeado, amarelado.

    Autores, como Anelino, contestam essa cronologia e possibilidade de

    relao com o tempo de sua produo.

    Consideraes:

    Algumas concluses fundamentais para a percia:

    -as equimoses podem no ser traumticas, mas podem ter outras causas, como as

    emocionais, doenas (prpura hemorrgica, hemofilia);

    -as equimoses s se produzem em vida, sendo um importante fenmeno vital;

    -as equimoses dificilmente sofrem evoluo percebvel a olho nu nas plpebras e na

    bolsa escrotal.

    -Escoriao: o popular arranho, resulta da ao mecnica tangencial do

    instrumento que deixa a derme ao descoberto por arrancamento da epiderme.

    No havendo seo das papilas, apenas flui serosidade que forma crosta

    amarelada (melicrica) quando seca. Quando h seo das papilas, existe mistura

    de sangue na serosidade, e a crosta que se forma, ao secar, castanha ou

    marronzada. Ao se destacar a crosta, pode ficar uma mancha hipocrmica

  • temporria. No cadver, por no mais haver circulao, ainda que possam ocorrer

    escoriaes, no se formaro crostas com o aspecto das.formadas nas

    escoriaes.

    As escoriaes pela sua forma podem indicar o instrumento quea

    provocou:

    -lineares ou estreitas -instrumentos pontiagudos;

    - lineares largas- arranhes;

    -semilunares- unhas;

    -em reas- asfalto;

    -apergaminhas- no sulco de enforcamento).

    Pela sua localizao orientam sobre o tipo de crime: em tomo do nariz, (na

    sufocao); em tomo do pescoo (na esganadura); nas coxas, ndegas e mamas

    ( no estupro ); esparsas pelo corpo, (no atropelamento).

    -Lacerao (ferida lcero-contusa): semelhana da anterior, resulta da ao

    mais ou menos tangencial do instrumento, que, pela fora de arrasto ou de trao,

    acaba por provocar esgaramentos ou dilaceraes dos tecidos, gerando leses que,

    pelas suas caractersticas gerais podem parecer-se com as corto-contusas, sem,

    contudo exibir a relativa nitidez provocada pelo impacto do gume daquelas, sobre o

  • corpo: suas bordas so irregulares face dilacerao.

    As leses lcero-contusas mostram as seguintes caractersticas:

    1-irregularidade das bordas, em geral, amplamente laceradas e franjadas;

    2-contuses das margens que, s vezes, so apenas perceptveis;

    3-descolamento dos tecidos lacerados e contundidos dos planos anatmicos

    subjacentes, com formao de anfractuosidades. Por vezes, o tegumento destacado,

    e ocorrem verdadeiras reas de esfolamento (escoriao) vizinhas;

    4-retrao das bordas, que tanto maior quanto mais intenso o descolamento;

    5-presena de pontes de tecido que se estendem entre as margens do ferimento;

    6-fundo irregular, contuso e hemorrgico.

    Alguns autores as denominam genericamente de leses por arrancamento

    outros, que representam a maioria ( G.Odilon, H.Hrcules, G.V. de Frana,) no

    reconhecem sua individualidade.

  • b-Profundas

    -Entorses: G.Odilon define: a luxao consiste em um movimento anormal em

    uma articulao sinovial, resultando em dor, edema e leses ligamentares. Rogrio

    Eisele define como: tracionamentos e contuses que distendem ligamentos (entorses).

    H. Higyno lembra que aparece sempre que a amplitude normal dos movimentos

    articulares ultrapassada em decorrncia de foras externas, mais comum na

    articulao tbiotrsica decorrente de um movimento brusco e forado de aduo do p.

    -Luxao: quando as superfcies articulares perdem contato, ainda que seja

    temporariamente, fala-se em luxao. a sada do osso do lugar com perda de seu

    contato anatmico, sendo, portanto nos dizeres de G.Odilon: perda da contigidade de

    duas extremidades sseas que se articulam. mais comum em homens e na

    articulao escpulo-umeral.

    -Fratura a soluo de continuidade do osso. Pode ser fechada ou exposta;

    completa ou incompleta; nica, mltipla ou cominutiva; em galho verde, transversa,

    oblqua, longitudinal, espiral ou em mapa-mundi.

  • Algumas das formas mais freqentes de fraturas (apud Baima Bollone & Patore

    Trossello, Medicina Legale e delle Assicurazioni, Torino: Giappichelli, 1989, modificado)

    -Rotura Visceral: em geral, resulta de aumento de presso, mais ou menos

    localizada, que faz explodir ou lacerar vsceras ocas com contedo lquido (bexiga,

    vescula, estmago) ou dilacerao de vsceras macias por tracionamento

    (arrancamentos, esgaramentos), ou por penetrao (perfurao, transfixao, seco).

    -Esmagamento: so leses em que todos os planos anatmicos de um

    segmento do corpo so comprimidos e triturados pelo agente contundente (H.Hrcules),

    Os esmagamentos so provocados agente dotado de excessiva energia cintica, por

    compresses violentas de grandes massas (desabamentos, acidentes de trnsito, com

  • priso entre as ferragens) ou por ondas de presso/decompresso alternadas (nas

    exploses).

    -Encravamento: penetrao de um objeto contundente e com ponta em qualquer

    parte do corpo, geralmente acidental. Ex acidente de trabalho com estaca.

    Escalpe: arrancamento violento do couro cabeludo.

    Empalamento: penetrao de um objeto de grande eixo longitudinal pelo nus,

    vagina, ou regio perineal. Em geral de causa acidental ou auto ertico mas pode ser

    ato hediondo de extrema violncia.

    Precipitao: so as queda de nvel. Na percia percebe-se pele afetada,

    normalmente por escoriaes ou laceraes, fraturas mltiplas, roturas viscerais.

  • 2 LESES POR ARMA DE FOGO

    BALSTICA

    A Balstica uma parte da Fsica Aplicada que estuda os projteis (sua trajetria,

    os meios que atravessam etc.) e as armas de fogo.

    Armas de Fogo. As armas de fogo so instrumentos que utilizam a grande

    quantidade de gases produzidos pela queima instantnea de uma carga, constituda por

    um combustvel seco (plvora ou sucedneo) como forma de propulso dos projteis.

    Esta queima somente ocorre na presena de chama viva (que era como se detonavam

    as armas de fogo antigas: canhes, bombardas, arcabuzes, bacamartes, garruchas etc,

    com o auxlio de um pavio aceso). Da a necessidade de existir nos cartuchos uma

    segunda mistura combustvel, capaz de se acender (inflamar) quando golpeada. Esta

    forma parte da espoleta ou escorva.

    As armas de fogo so compostas de trs partes fundamentais:

    1-a que se destina a segurar a arma: coronha (cabo) e armao (corpo);

    2-os mecanismos: o de disparo, constitudo pelo percutor (agulha), acionado pelo gatilho

    (tecla) e o de extrao, para expulsar a cpsula (estojo) uma vez deflagrada.

    3-O cano, que a pea essencial, constituda por um cilindro metlico, fechado em uma

    de suas extremidades e aberto pela outra. A extremidade fechada pode s-lo pela

    prpria fabricao (ex.: pica-pau e armas antigas) ou pelo cartucho quando este se aloja

    na cmara (parte de dimetro ligeiramente maior). A extremidade do cano que d

    continuidade cmara e conhecida como boca de carga, ao passo que a outra

    extremidade, aquela atravs da qual o projtil abandona a arma, recebe o nome de

    boca de fogo. A superfcie interna do cano pode ser lisa (hoje em dia s se v nas

    armas de caa: espingardas, escopetas), ou raiada, apresentando cristas internas

    longitudinais (raias), dispostas de forma helicoidal, ora girando para a direita

    (dextrgiras), ora para a esquerda (sinistrgiras), que imprimem ao projtil, quando do

    percurso ao longo do cano, um movimento bsico de rotao sobre o seu eixo, que

    serve para manter a trajetria, a direo e outorgar-lhe maior fora de penetrao.

    A classificao das armas de fogo pode ser feita de acordo com o seu uso (de

    caa, de esporte, de defesa), com o comprimento do cano (curtas e longas), segundo o

    acabamento interior do cano (lisas e raiadas), o seu calibre (12, 22, 38 etc.), seu

  • funcionamento (de repetio, automticas, semi-automticas) e a velocidade do projtil

    (de baixa velocidade, de alta velocidade).

    Em Criminalstica se as classifica, tambm em: armas de mo (revlver, pistola

    etc.) e armas de ombro (fuzil, carabina etc.).

    O calibre para as armas de caa ou armas de alma lisa determinado pelo

    nmero de esferas de chumbo (balins), de dimetro igual ao do cano, que

    perfazem uma libra de massa (454 g). ex: calibre 12 significa que 12 esferas de

    chumbo do dimetro do cano, pesam uma libra).

    O calibre, para as armas raiadas dado pela medida do dimetro do cano no

    fundo de duas raias opostas da alma. O calibre pode ser expresso em milmetros

    (Blgica: 9 mm, 7,65 mm), em milsimos de polegada (Inglaterra:303, 380) ou em

    centsimos de polegada (EE.UU:45, 38).

    Munio. Um cartucho composto por diferentes partes: a cpsula ou estojo, a

    espoleta ou escorva, a carga (plvora), as buchas e o(s) projtil ( eis).

    A cpsula ou estojo apresenta uma extremidade fechada - a base ou culote e

    uma extremidade aberta, onde se encontra(m) o(s) projtil (eis). A base ou culote pode

    apresentar um dimetro algo maior que o estojo, a orla saliente (ressalto ou talo) ou

    simplesmente ser sem orla, mas apresentando um gargalo estrangulado. O culote

  • impede que a cpsula entre em profundidade na cmara e, ao mesmo tempo, serve

    para o cartucho ser empolgado pela garra do extrator, nas armas de repetio sem

    tambor. A forma da cpsula pode ser cilndrica, tronco-cnica ou semelhante a uma

    garrafa, podendo ser totalmente metlicas ou com um culote de lato e o corpo do

    estojo de papelo ou de plstico.

    A espoleta ou escorva pode ser anular ou central, conforme o local em que o

    percutor deve golpe-Ia. A sua finalidade incendiar a plvora que constitui a carga do

    cartucho. Esta, ao queimar, desprende um grande volume de gases (2.000 ml/g), que,

    ao sarem atravs do cano, foram a expulso do projtil. As buchas, presentes

    principalmente nos cartuchos de projteis mltiplos, prprios das armas de caa ou de

    alma lisa, apenas servem para conter a plvora na cpsula (estojo), separando-a dos

    balins de chumbo.

  • FERIDAS PRFURO-CONTUSAS

    Tanto do ponto de vista mdico-legal, quanto do ngulo criminalstico, os disparos

    podem ser efetuados a distncias variveis entre a boca de fogo do cano da arma e a

    vtima.

    1-Disparos (tiros) apoiados ou encostados, a distncia zero;

    2.-Disparos (tiros) prximos, a curta distncia ou queima roupa;

    3-Disparos (tiros) a distncia.

    1-PROJTEIS DE BAIXA ENERGIA: Com velocidades de 100m/s at 500 m/s, na

    sada do cano.

    1-Orifcio de entrada do projtil:

    varivel segundo a distncia do disparo e conforme o projtil seja nico ou

    mltiplo. Existem elementos que so comuns a todo tipo de tiro, independendo da

    distncia entre a arma e a vtima: so os denominados efeitos primrios do tiro.

    Designam-se como efeitos primrios do tiro as aes mecnicas do projtil

    sobre o alvo e que, via de conseqncia, so prprios do orifcio de entrada e

    designam-se efeitos secundrios do tiro aqueles que se relacionam com a ao ou com

    o depsito de produtos residuais da combusto dos explosivos, iniciador e propelente,

    bem como com corpsculos metlicos provenientes da abraso do ou dos projteis na

    alma do cano.

    -ORIFCIO DE ENTRADA NOS TIROS DISTNCIA

    Apresentam margem invertida, orifcio regular.

  • Os efeitos primrios do tiro compreendem:

    a)ferida prfuro-contusa ou lcero-contusa,

    b) as orlas, a saber:

    1-Orla de enxugo ou orla de limpadura produzida pela limpeza dos resduos existentes

    no cano da arma (plvora, ferrugem, partculas etc.) que o projtil transporta e que este

    deixa ao atravessar a pele ou as vestes, ficando sob a forma de uma aurola escura em

    volta do orifcio de entrada.

    2-Orla de escoriao corresponde a uma delicada rea, localizada em torno do

    ferimento prfuro-contuso de entrada, em que a epiderme arrancada pelo projtil

    quando penetra deixando exposto o crion: vermelho e brilhante, quando recente, e mate

    e escuro, aps algumas horas.

    3-Orla equimtica ou orla de contuso produzida pelo projtil quando impacta sobre o

    corpo, quando se comporta apenas como um instrumento contundente (inclusive ao

    longo do tnel de trajeto). Evidencia-se como uma equimose, cuja extenso e

    intensidade est em relao, no apenas com o impacto do projtil como, tambm, com

    a textura dos tecidos da regio: mais ampla, quando mais estreita e menos evidente

    quando mais firmes ou consistentes.

    -ORIFCIO DE ENTRADA NOS TIROS CURTA DISTNCIA

    J nos tiros a curta distncia ou disparos queima-roupa, isto , aqueles

    desferidos contra o alvo situado dentro dos limites da regio espacial varrida pelos

    gases e pelos resduos da combusto do explosivo propelente expelidos pelo cano da

    arma. Ocorre a ao e deposio de alguns ou de todos estes elementos sobre o corpo

    ou sobre as vestes da vtima, constituindo-se, por contraposio, nos efeitos

    secundrios do tiro.

    Estes efeitos esto sujeitos a uma grande variao relacionada com o tipo e

    estado de conservao da arma, com a qualidade da munio, bem como com a

    natureza e/ou regio do alvo atingido.

    Estes efeitos secundrios do tiro compreendem as zonas de contorno, a saber:

    1-Zona de chamuscamento( queimadura)

  • produzida pelos gases superaquecidos resultantes da combusto do explosivo

    propelente. uma zona caracterstica do orifcio de entrada do projtil e verificada

    pela ocorrncia de queimaduras dos plos e da pele da vtima (bem como de tecidos,

    podendo-se dar a combusto das vestes quando estas se interpem no local atingido e

    mais comum se forem de fios sintticos).

    2-Zona de esfumaamento

    constituda por grnulos de fuligem resultantes da combusto da carga propelente,

    sendo superficial e se depositando apenas sobre a pele e/ou sobre as vestes

    interpostas, em tomo do orifcio de entrada, deprimido, sendo facilmente removida da

    regio por lavagem com bucha, gua e sabo.

    Aumentando a distncia entre a boca de fogo e o alvo, cresce o dimetro da zona

    de esfumaamento, na medida em que vai se tornando cada vez mais tnue a

    deposio dos resduos, cuja concentrao diminui do centro para a periferia, com

    crescente perda da nitidez dos limites.

    3-Zona de tatuagem

    composta por partculas de carvo (plvora combusta) e de grnulos de plvora

    incombusta, dispersas em torno do orifcio de entrada, de bordas deprimidas, cujo

    dimetro cresce progressivamente at perder-se a energia cintica de cada corpsculo,

    assim como a acelerao de que est animado.

  • Com o crescente alargamento do cone de disperso tem-se que, a uma distncia

    de 35 cm entre a boca de fogo do cano da arma e o alvo, os pontos de tatuagem que se

    espalham sobre este ltimo, j so poucos e bastante dispersos, praticamente,

    cessando de serem assinalveis os seus efeitos, verificando-se que o contorno desta

    rea ou zona perde totalmente a sua regularidade e a sua nitidez.

    ORIFCIO DE ENTRADA NOS TIRO ENCOSTADO

    Tiro encostado aquele que dado com a boca da arma encostada no alvo.

    Logo, todos os elementos que saem da arma penetram na vtima.

    A ferida de entrada adquire o aspecto denominado de Cmara de mina de

    Hoffmann: orifcio de grande tamanho, estrelado, de bordas laceradas, evertidas e

    irregulares, com descolamento dos tecidos do crnio, com o aspecto da cratera de uma

    mina, nos disparos encostados ou apoiados no crnio;

    Casos especiais podem ser observados em alguns tipos de disparo:

    -Sinal de Benassi: esfumaamento da tbua externa dos ossos do crnio, em casos de

    tiro encostado;

    Sinal de Puppe- Werkgarten: queimadura na pele pela estampa do cano da arma, no

    disparo apoiado. fruto da presso do cano da arma.

    -Sinal do telo de Raffo: zonas decorrentes da combusto da carga do cartucho e dos

    gases produzidos, sobre as vestes, que servem de anteparo (telo ou biombo): sinal do

    desfiamento em cruz; sinal do cocar e sinal do decalque.

  • -Sinal do Funil de Bonnet: nos ossos, notadamente os planos, mostrando uma

    escoriao em forma de funil, cuja boca aponta o local em que o projtil sai do osso.

    TRAJETO

    o caminho que o projtil descreve no corpo, aberto (quando tem orifcio de sada) ou

    em fundo de saco quando termina em cavidade fechada onde se aloja o projtil.

    Trajeto do projtil deve ser diferenciado da trajetria do projtil (cujo estudo

    pertence balstica externa: fora da arma, mas tambm fora do alvo)

    Pode ser nico ou mltiplo (quando o projtil nico se fragmenta, ou quando o

    cartucho apresenta projteis mltiplos, ex cartuchos de caa, munio Glaser). Podem

    tambm serem: perfurante, penetrante ou transfixante.

    Trata-se de um verdadeiro tnel escavado pelo projtil, durante a sua penetrao,s expensas da energia transferida aos tecidos ao seu redor, que so primeirocomprimidos centrifugamente, criando uma cavidade temporria, para voltar ao normalaps a passagem do projtil, ao longo do seu percurso, e que se traduz como um tnelequimtico ou hemorrgico, que se inicia com a orla de contuso ou orla equimtica, nasuperfcie do corpo, ou pelo halo hemorrgico visceral de Bonnet, nas vsceras internas.

  • Cavidade Permanente o orifcio ou tnel permanente deixado no alvo pela passagem

    do projtil. E produzido pelo efeito esmagador (presso) e cortante (lacerao) do

    projtil. Dependendo do desenho do projtil, a cavidade permanente pode ser bastante

    larga, em dimetro ou difcil de ser vista. Os menores orifcios so produzidos pelos

    projteis ogivais ou arredondados no-expansivos e que no apresentam grande

    precesso.

    Cavidade Temporria ou Temporal o limite do deslocamento temporrio dos

    tecidos pelo efeito hidrosttico, quando da passagem do projtil.

    2-ORIFCIO DA SADA DO PROJTIL

    Essas caractersticas independem da distncia do tiro. pois os ferimentos de sada do

    projtil independem da distncia do disparo.

    Em geral:

    -orifcio maior que o de entrada (face aos fragmentos arrastados pelo projtil),

    -orifcio de forma irregular (devido aos movimentos deformidades que sofre o

    projtil),

    -bordas evertidas (pela presso de dentro para fora),

    -sem orla de enxugo, nem de escoriao,-mas que pode apresentar orla equimtica

    ou raramente orla de contuso.

  • Em seguida texto tendo como base novamente o livro do Professor Rogrio Eisele:

    PROJTEIS DE ALTA ENERGIA: com velocidades de 500 m/s a 1.200 m/s, na sada

    do cano.

    O ferimento de entrada do projtil varivel podendo ser congruente com o

    dimetro (calibre) do projtil ou assumir um dimetro muito maior, uma forma estrelada

    que lembra mais um orifcio de sada ou uma cmara de mina de Hofmann (sem ter suas

    caractersticas, porquanto no se trata de disparos encostados). Estas modificaes se

    relacionam com a quantidade de energia transferida no momento do impacto.

    Em geral, resultam de disparos (tiros) a distncia, originrios de armas de fogo

    curtas (revlveres ou pistolas com munio THV = Tres Haute Vitesse, para defesa) ou

    longas (fuzis), originariamente de uso apenas blico, para ataque. No quadro abaixo so

    apresentadas algumas das velocidades disponveis, no momento:

    Arma Velocidade

    de sada

    Alcance Calibre

    Revlver c/munio THV 922,35 mls 100m .357 MAG

    AR-1O (Assault Rifle-1O) 880,00 m/s 3.000 m .308 NATO (7,62 mm)

    AR-15 (Assault Rifle-15) 991,00 m/s 3.500 m .223 NATO (5,56 mm)

    FN-FAL (Fabrique Natio-nale - Fuzil AutomatiqueLger)

    835,00 m/s 3.000 m .308 NATO (7,62 mm)

    SIG-Sauer 550 l.l 00,00 m/s 4.000 m .220 NATO (5,50 mm)

    AK-47 (Assalt Kalashni-Kov)

    710,00 m/s 3.000 m 7,62 x 39 mm

    Trajeto do projtil: O caminho, reto ou em ziguezague, dependendo do

    ricochete, seguido pelo projtil dentro do corpo encontra-se rodeado por uma zona de

    necrose e lacerao, por fora da qual h uma intensa infiltrao hemorrgica.

    A grande quantidade de energia liberada no sentido centrfugo leva a uma

  • acelerao radial dos tecidos atravessados, formando-se, assim, a cavidade temporal,

    cujo dimetro instantneo muito maior que o dimetro do trajeto definitivo. Este

    movimento centrfugo persiste at o exaurimento por transformao de toda a energia

    cintica em energia elstica, quando a cavidade temporal atinge seu dimetro mximo.

    Logo a seguir, a energia elstica se transforma, novamente, em energia cintica

    e os tecidos, agora, so acelerados em sentido centrpeto, o que determina o

    colabamento da cavidade temporal. Gera-se, assim, uma nova presso positiva, ao

    longo do trajeto, repetindo-se, novamente, o processo todo, sob a forma de ondas

    pulsteis: fases sucessivas de expanso e colabamento da cavidade temporal

    (pulsao da cavidade), de amplitude paulatinamente decrescente ao longo do trajeto. O

    volume da cavidade temporal proporcional quantidade de energia cedida pelo

    projtil ao atravessar o corpo, que ser tanto mais elevada quanto maior seja a

    velocidade do projtil.

    Este mecanismo explica a elevada lesividade dos projteis de alta energia (alta

    velocidade), sendo certo que os tecidos mais prximos ao trajeto sofrem, de forma mais

    direta, os efeitos da pulsao, gerando a zona de lacerao ou zona de esfacelo, ao

    passo que os tecidos mais afastados e via de conseqncia menos afetados ensejam a

    formao da zona de hemorragia, perifrica.

    J os ferimentos de sada do projtil: Em geral, um orifcio que tanto pode ser

    maior que o de entrada ou menor, o que pode levar a concluses errneas quanto

    direo do disparo. Pode ser regular ou de forma irregular, bordas evertidas, e em geral,

    com orla equimtica ou orla de contuso.

    Identificao de reao vital:

    A diagnose dos sinais que demonstram reao vital so:

  • 1-de Presuno:

    -Hemorragia

    2de-Certeza :

    -Infiltrao hemorrgica no trajeto

    -Grandes hemotrax e hemoperitneos

    -Aspirao de sangue para o parnquima pulmonar

    -Volumoso cogulo pericrdico

    -Tempo de sobrevivncia

    reao inflamatria

    -congesto

    -edema

    -afluxo fagocitrio

    Identificao do atirador

    Os elementos que auxiliam a identificar o autor do disparo so:

    1-Incrustaes de chumbo visvel a olho n

    2-Pesquisa por microscopia eletrnica de varredura de partculas metlicas caractersticas -coleta com fita dupla face

    3-prova da parafina

    Reagente de LUNGE - azul quando positiva

    (Abandonado pelo FBI desde 1935)

    Pode ser positivo para quem no atirou falso positivo

    Pode ser negativo para quem atirou falso negativo