trabalho peixe boi da amazônia
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Trabalho realizado com o objetivo de analisar caracteristicas fisicas e morfologicas do peixe boi da amazonia (Trichechus inunguis),e apresentar o seu habitat e seu comportamento.TRANSCRIPT
BACIA AMAZÔNICA
A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do planeta tem a sua
vertente delimitada pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto
das Guianas e pelo planalto Central. Esta localizada entre 5o de latitude norte e 20o
de latitude sul, se estende desde as nascentes nos Andes Peruanos até a sua foz no
Oceano Atlântico, ocupando uma área total de 7.100 km2.
Desde o ano 2000 o rio Amazonas é reconhecido como o maior rio do
mundo, tanto em extensão (total de 7.100 km2) quanto em volume de água com
uma drenagem de 5,8 milhões de km², sendo 3,9 milhões no Brasil.
No Brasil, abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima,
Rondônia e Mato Grosso. Como é atravessado pela linha do Equador, o rio
Amazonas apresenta afluentes nos dois hemisférios do Planeta. Entre os principais
afluentes da margem esquerda encontram-se o Japurá, o Negro e o Trombetas; na
margem direita, o Juruá, o Purus, o Madeira, o Xingu e o Tapajós.
O Amazonas nasce no lago Lauri ou Lauricocha, nos Andes do Peru, a
pouco mais de 10° de Latitude Sul. Corre primeiramente na direção geral sul-norte,
como um rio de montanha, com forte gradiente e vertentes muito altas. A partir do
Pongo de Manseriche, seu curso se inverte definitivamente para a direção oeste-
leste, até a foz, no Atlântico. Corre, então, quase sempre, a menos de 5° de latitude
meridional. Nesse trecho, correspondente à maior parte do curso, o Amazonas tem
declive muito fraco e divaga seu leito numa várzea, limitada pelas escarpas de um
baixo tabuleiro sedimentar. No Brasil, o rio Amazonas desce de 65 m de altitude,
em Benjamin Constant - AM, ao oceano, após um percurso de mais de 3.000 km.
Tem, portanto, um gradiente médio de 20 mm/km (AHIMOC, 2002).
O curso médio do Amazonas vai do Pongo de Manseriche, no Peru, até a
cidade brasileira de Óbidos, a cerca de 1.000 km da foz, onde já se fazem sentir os
primeiros efeitos das marés. Os países diretamente banhados pelas águas do
Amazonas são: Peru (17%), Colômbia (5,8%) e Brasil (63%); mas, compreendidos
em sua bacia, estão, ainda: Bolívia (11%), Equador (2,2%), pequenos trechos da
Venezuela (0,7%) e a Guiana (0,2%). No Peru, o rio tem os nomes de: Tunguragua,
na parte mais alta e Marañon, até a foz do Ucayali; no Brasil, entre as bocas dos rios
Javari e Negro, é conhecido pela denominação de Solimões. O rio Amazonas tem
5.825 km de extensão. Repete-se com freqüência que ele ocupa o terceiro lugar
entre os rios mais longos do mundo, depois do Nilo (com 6.671 km) e do
Mississippi-Missouri (6.019 km); no entanto, este último só é mais extenso que o
Amazonas se o seu principal formador for considerado o Missouri.
Figura 01- Bacia Amazônica.
Fonte:<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/amazonia/bacia_do_rio_amazonas/
bacia_do_rio_amazonas.html>. Acesso em 25 Out. 2010.
O rio Amazonas recebe grande número de afluentes. Da margem direita, os
mais importantes são: Huallaga, Ucayali (no Peru); Javari, Juruá, Purus, Madeira,
Tapajós e Xingu (no Brasil). Pela margem esquerda: Pastaza, Napo (no Peru); Içá,
Japurá, Negro, Trombetas, Paru e Jari (no Brasil). Em sua foz, o Amazonas se divide
em dois braços: o braço norte é o mais largo e corresponde ao verdadeiro estuário;
o braço sul é conhecido pelos nomes de rio Pará e baía de Marajó. Na realidade,
esta é uma saída falsa, à qual o rio Amazonas se liga através de uma série de canais
naturais (os furos de Breves), dos quais o mais importante é o furo de Tajapuru. As
principais ilhas formadas pelo Amazonas são: Marajó, Caviana, Mexiana e Grande
de Gurupá. Fora da embocadura, a maior ilha é a de Tupinambarana, junto à
confluência do Madeira.
A maravilhosa hidrografia amazônica apresenta fenômenos muito
curiosos. No baixo curso, o mais famoso é a chamada pororoca, encontro violento
das águas do rio com as do mar, sobretudo no mês do outubro, quando as águas
estão baixas, e por ocasião das marés altas. O fenômeno é particularmente sensível
nos lugares pouco profundos, onde a sucessão de ondas fortíssimas pode causar
danos e naufrágios.
Esta bacia é caracterizada pelo rio Amazonas, seus tributários e os lagos de
várzea que interagem com os rios. As flutuações no nível da água são uma
importante função de força que dirige o funcionamento ecológico do sistema.
Durante o período de nível alto dos rios, todo o sistema sofre inundação. Os rios e a
várzea do Amazonas constituem um complexo de canais, rios, lagos, ilhas,
depressões, permanentemente modificadas pela sedimentação e transporte de
sólidos em suspensão, influenciando também a sucessão da vegetação terrestre
pela constante modificação, remoção e deposição de material nos solos.
Tabela 01 - Características geográficas, climatológicas e hidrológicas do
Rio Amazonas (segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE).
Característica Dados
Tamanho da bacia 7,0 x 106 Km2
Clima Afi - Awi (Köppen)
Temperatura do ar 21 (25) 31 °C (Belém, PA, 1°28'S)
23 (26) 32 °C (Juaretê, AM, 0°18'S)
Precipitação 1500 - 2800 mm ano
Estação seca Novembro - Fevereiro (Boa Vista, RR)
Outurbro - Março (Manaus, AM)
Julho - Outubro (Porto Velho, RO)
Rio Amazonas
Comprimento 5300 km
Vazão (na foz sem o Tocantins) 120.000 m3/s (seca)
218.000 m3/s (cheia)
Largura 2,8 (Óbidos) a 5,0 km
Profundidade média 30-40 m (prof. max = 100 m em Óbidos)
Velocidade de corrente 0,50 a 1,50 m/s (Óbidos = 3,0 m/s)
Área de Enchente 64.000 km2
Flutuação de nível Baixo Amazonas : 7,0 m
Foz do Rio Negro: 12,0 - 13,0 m
Médio Solimões: 15,0 - 20,0 m
Cota do Amazonas na foz do Rio Negro em relação ao nível do mar
15,0 m
Fonte:<http://www.icb.ufmg.br/~rmpc/cecologia/Sala_de_aula/modulo4/Gest_Rios.htm>. Acesso
em 25 Out. 2010.
TIPOLOGIA DAS ÁGUAS AMAZÔNICAS
De acordo com os estudos realizados por SIOLI, apud MARTINELLI (1986),
os rios de uma maneira geral, não podem ser considerados “microcosmos” como os
lagos o são. Nestes corpos há predominância dos processos que circulam a matéria,
tornando estes lagos relativamente independentes das contribuições exteriores.
Muito pelo contrário, os rios são considerados como “integradores” finais dos
processos que ocorrem em suas bacias de drenagem (RICHEY et al. 1982). SIOLI
(1984) considera que as propriedades físicas e químicas das águas são reflexos da
composição geológica, climática e da cobertura vegetal da bacia de drenagem.
Para a bacia Amazônica, STALLARD & EDMOND (1983) observaram que o
substrato litológico e o regime de erosão das respectivas bacias de drenagem
controlam a composição química das águas superficiais. Dentro desta idéia, GIBBS
(1965) mostrou que aproximadamente 18% da área total da bacia fornecem a
quantidade total de sais dissolvidos e sólidos em suspensão para toda a bacia
Amazônica. Desta forma, os sistemas de classificação das águas superficiais da
Amazônia tentaram relacionar a ocorrência de água com diferentes características
químicas e físicas com o substrato geológico (SIOLI, 1975a; FITTKAU, 1975;
STALLARD & EDMOND, 1983; FURCH, 1984).
A primeira classificação das águas superficiais da Amazônia foi feita por
SIOLI4, apud SIOLI (1975 a, 1975 b). Esta classificação baseia-se nas características
ópticas, denominando regiões de: rios de “águas-brancas” (com águas turvas)
coloração em vários matizes de ocre, rico em material particulado em suspensão,
PH varia de 6,2 a 7,2. Rios de “águas-claras” são de águas transparentes em vários
matizes de verde, devido às algas do tipo Cyanophyta, com uma litológica
heterogênea, com pouco material em suspensão, e PH variável em função do
substrato geológico (4,5 a >7,0). Rios de “águas-pretas” são rios de cor marrom-
oliva (“coca-cola”) até marrom-café, devido a substâncias húmicas e fúlvicas
dissolvidas. São bastante ácidas (PH 3,8 a 4,9) e bastante empobrecidas em
eletrólitos.
Tabela 02- Tipificação das águas segundo a classificação do eminente
limnólogo alemão H. Sioli, um dos pioneiros nos estudos limnológicos do Brasil.
Fator águas brancas
(Rio Amazonas)
águas negras
(Rio Negro)
águas claras
(Rio Tapajós)
Transparência de Secchi (m)
0,10-0,50 1,30-2,30 1,10 - 4,30
condutividade 49-148 1-9 6-14
sólidos em suspensão (mg/l)
22,0 - 200,0 1,0 - 9,0 1,0 - 4,0
pH 6,5 - 7,5 4,0 - 5,3 6,5 - 7,3
Alcalinidade (mval/l)
0,45 - 1,26 0,08 - 0,14 0,12 - 0,14
Nitrato
(µg/l de N-NO3)
5,0 -10,0 0,0 - 24,0 1,0 -8,0
Ortofosfato
(µg/l de P-PO4)
31,0-85,0 0,0 - 33,0 8,0 - 25,0
Sulfatos
(mg/l de S-SO4)
1,5-5,0 0,0 -2,7 ----
Cloretos 1,2-2,1 0,01 - 1,1 1,5 - 1,9
(mg/l de Cl-)
Cálcio
(mg/l de Ca++)
8,0 - 20,0 0,02 - 9,2 0,8 - 1,3
Magnésio
(mg/l de Mg++)
1,5 - 6,1 0,0 - 0,4 0,3 - 0,7
Sílica
(mg/l de Si)
4,7 - 7,4 0,8 - 2,7 2,1 - 2,8
Ferro
(mg/l de Fe ++ ou Fe+++)
---- 109-250 85-135
Fonte:<http://www.icb.ufmg.br/~rmpc/cecologia/Sala_de_aula/modulo4/Gest_Rios.htm>. Acesso
em 25 Out. 2010.
Esta classificação, ainda que amplamente difundida, apresenta alguns
inconvenientes. A não uniformidade no pH e a variação química das águas-claras
revelam que estas águas são homogêneas quanto à cor. Exemplificando, na zona de
formação Barreiras(Terciário) o pH das águas-claras está em torno de 4,5,
enquanto em águas-claras que drenam regiões de ocorrência carbonífera o pH
sobe para 7,0. Em adição, a mistura de águas de diferentes tipos, em rios de ordem
superior, torna difícil a classificação deste rio num tipo distinto. Esta tarefa torna-
se ainda mais difícil quando os rios mudam a coloração de suas águas em resposta
à estação seca e chuvosa, como o rio Branco, por exemplo, que é um dos principais
afluentes do rio Negro. Este fato ocorre principalmente em locais onde não existe
uma cobertura vegetal, acentuando a erodibilidade dos solos. Obviamente estas
mudanças são muito mais visíveis em igarapés do que em rios maiores, portanto,
apesar destes inconvenientes a classificação de SIOLI é amplamente utilizada,
principalmente na classificação dos grandes rios (SIOLI, 1984; FURCH, 1984).
A FAUNA
Os rios amazônicos, com suas praias, restingas, igarapés, matas inundadas,
lagos de várzea e matupás (ilhas de vegetação aquática), assim como o estuário,
são colonizados por uma enorme diversidade de plantas e animais. A bacia
amazônica possui a maior diversidade de peixes do mundo, cerca de 2.500 a 3.000
espécies.
Entre as espécies de peixes esportivos da bacia amazônica encontram-se,
apapás, aruanã, bicuda, cachorras, caparari e surubim, dourada, jaú, piraíba,
jatuarana e matrinxã, jurupoca, piranhas, pirapitinga, pirarara, tambaqui, traíra e
trairão, pescadas, tucunarés e muitos outros. A pesca esportiva, famosa pela
quantidade e variedade de peixes, geralmente é praticada nos lagos, igarapés, furos
e nos igapós. Os rios mais conhecidos e com infra-estrutura para a pesca amadora
são os rios Negro, Madeira e Uatumã.
Além da sua riqueza em peixes a Bacia Hidrográfica Amazônica abriga 5
espécies de mamíferos aquáticos: a ariranha (Pteronura brasiliensis), a lontra
(Lontra longicaudis), o peixe-boi (Trichechus inunguis), o boto vermelho (Inia
geoffrensis) e o boto tucuxi (Sotalia fluviatilis). Todos estes representantes
enfrentam diferentes graus de ameaças nos principais rios e tributários
amazônicos. As ariranhas (P. brasiliensis) e os peixes-bois amazônicos (T. inunguis)
são considerados como espécies vulneráveis e constam na lista oficial de espécies
ameaçadas de extinção do IBAMA de 2003.
INTRODUÇÃO: Peixe-Boi.
O Peixe-boi pertence à Ordem Sirênia, os Sirênios são os únicos mamíferos
aquáticos herbívoros.
A Ordem Sirenia é composta por duas famílias: A Dugongidae (dugongo e
vaca marinha) e a Trichechidae (peixes-bois).
A Dugongidae possui duas espécies, Dugong dugon (dugongo) e
Hidrodamalis gigas (vaca marinha de Steller, extinta em 1768), e a Trichechidae
por três espécies: Trichechus senegalensis (peixe-boi africano), Trichechus manatus
(peixe-boi marinho) e o Trichechus inunguis (peixe-boi da Amazônia).
Quadro 01- Ordem Sirênia.
Fonte: Peixe-boi: Aspectos Biológicos e veterinários. Autoria Rodrigo de Souza Amaral.
Estes animais passam toda a sua vida na água e, para isso, têm várias
adaptações:
Os membros anteriores estão transformados em nadadeiras;
Os membros posteriores estão reduzidos a um pélvis vestigial;
A cauda é alargada e achatada horizontalmente, formando um
“remo”.
Algumas espécies atingem grande tamanho, pesando mais de uma
tonelada. Os lábios são grandes e móveis, cobertos de cerdas rijas. As narinas estão
localizadas na parte superior do focinho e fecha-se com válvulas. Os ouvidos não
têm “pinae”. Os olhos não têm pálpebras, mas podem fechar-se por um mecanismo
que funciona como um esfíncter. Os ossos são mais densos que o da maioria dos
mamíferos (um fenômeno chamado paquiosteose) tornando-os mais pesados, o
que facilita a sua posição na água.
Visto que a Ordem Sirenia é rica em espécies, e que duas delas são
encontradas no Brasil (Trichechus manatus e Trichechus inunguis) e que estão em
risco de extinção, escolhemos a espécie Trichechus inunguis (Peixe-Boi da
Amazônia) para nosso estudo e análise de sua ameaça, por ser um animal
endêmico da Bacia Amazônica.
Peixe-Boi da Amazônia (Trichechus inunguis)
O Peixe-Boi da Amazônia, Trichechus (do grego= trichos, que significa
cabelos, pêlos e ekh= ter) e Inunguis (ausência de unhas) é um mamífero aquático
herbívoro, o único sirênio exclusivamente de água doce, possui distribuição
restrita aos rios da Bacia Amazônica sendo o maior mamífero aquático da América
do Sul, ocorrendo nos três tipos de água existente na Bacia, onde é encontrado
desde a Ilha de Marajó (Brasil), até as cabeceiras dos rios da bacia Amazônica, na
Colômbia, Peru e Equador, podendo ser encontrado nos rios Tocantins, Xingu,
Tapajós, Nhamundá, Madeira, Negro, Xeruni, Orinoco, Rio Branco, entre outros. Sua
ocorrência está preferencialmente associada à ambientes de águas calmas e/ou
lagos com vegetação aquática.
Figura 02- Localização do Peixe-Boi da Amazônia.
Fonte: Peixe-boi: Aspectos Biológicos e veterinários. Autoria Rodrigo de Souza Amaral.
CARACTERISTICAS FÍSICAS
O Peixe-Boi da Amazônia é o menor dos peixes-bois existentes no mundo,
alcançando um comprimento de até 3,0 m e pesando até 450 Kg, possui um corpo
largo e cilíndrico, cauda modificada em forma de remo arredondado, plano e
horizontal, e não há diferença de tamanho entre os sexos. As fêmeas possuem duas
tetas localizadas nas axilas. Os membros anteriores são curtos modificados em
nadadeiras, que são arredondadas e com alto poder de mobilidade, permitindo ao
animal utilizada-la para levar o alimento a boca, a escavar a vegetação aquática
enraizada no fundo do rio, e até mesmo rastejar em água de pouca profundidade.
As nadadeiras peitorais do peixe-boi não apresentam unhas o que diferem dos
demais peixes-bois. Eles podem viver de 50 a 60 anos.
Sua pele é grossa, resistente e lisa nos adultos, e enrugada nos filhotes,
apresentam coloração que varia entre o cinza escuro a preto, e possui uma mancha
branca na região ventral, característica da espécie, e que é diferente em cada
indivíduo. Por ser um mamífero, o Peixe-Boi apresenta pêlos esparsos pelo corpo,
que funcionam como uma “linha lateral” do peixe-boi que passa a informação da
direção e velocidade das correntes de água.
A cabeça do peixe-boi fica bem junto ao corpo, e consegue movimentar-la
em todas as direções. Ele tem olhos bem pequenos, que não possuem pálpebras, e
fecham por um mecanismo que funciona como um esfíncter, mas que enxergam
muito bem, capazes de distinguir cores, tamanhos e formas. Quando estão fora
d’água eles produzem uma secreção ocular para lubrificar seus olhos e não deixar
que ressequem. O nariz está bem em cima do focinho, com duas grandes aberturas,
que se fecham como válvulas. O focinho possui pêlos que são chamados de
vibrissas ou pêlos táteis, que são sensíveis ao movimento ou ao toque, tal como os
bigodes dos gatos.
Apesar do peixe-boi não possuir orelhas, seus ouvidos são apenas dois
pequenos orifícios localizados atrás dos olhos, e que podem ouvir muito bem. Além
de escutar os ruídos ao seu redor, ele também pode se comunicar através de sons
curtos e de alta freqüência (gritos), chamados de vocalização, raramente emitem
esses sons, mas são importantes na comunicação entre a mãe e o filhote, pois cada
peixe-boi possui seu som, como se fosse uma assinatura vocal.
Sua boca é grande, e os lábios de cima são amplos e se movimentam na
hora de pegar o alimento, possui pêlos que tem a função táctil. A dentição desses
animais é reduzida a molares, que se deslocam para a frente cerca de 1mm por mês
e se desprendem quando estão completamente desgastados, sendo substituídos
por dentes novos situados na parte posterior da mandíbula, isso ocorre em virtude
de sua dieta quando adulto, mas precisamente por causa da sílica que contêm nas
folhagens.
Para sua flutuabilidade, seus ossos são densos e essa espécie tem alta
porcentagem de gordura que auxilia na termorregulação e na reserva de energia,
possui longos pulmões.
Para nadar, o peixe-boi impulsiona sua nadadeira caudal, usando as duas
nadadeiras peitorais para controlar os movimentos, apesar de bastante pesado,
consegue ser bem ágil dentro d’água, fazendo muitas manobras e ficando em várias
posições. Em média os peixes-bois nadam com uma velocidade de 5km/h até 8
km/h (1,4 m/s para 2,2 m/s). No entanto, tem sido visto nadarem até 30 km/h
(8m/s) em rajadas curtas. Metade do dia do peixe-boi é gasto dormindo na água,
subindo para respirar regularmente em intervalos não superiores a 20 minutos.
Por ser um mamífero aquático, o peixe-boi da Amazônia tem um baixo teor
de oxigênio no sangue, o que poderia limitar sua capacidade de mergulho. No
entanto essa espécie, tem uma baixa taxa metabólica, cerca de 36% do previsto
para os mamíferos placentários, que provavelmente permite que o peixe-boi possa
mergulhar por períodos que variam de menos de 2 minutos até 20 minutos. A
freqüência cardíaca do peixe-boi varia de mais de 70 batimentos por minuto após
um mergulho forçado, e menos de 6 b.p.m quando é taquicardia leve com a
respiração. Mas em condições normais a frequencia cardíaca média varia entre 30
e 40 b.p.m. A temperatura corporal média do peixe-boi da Amazônia é de 36°C, em
águas onde a temperatura varia entre 27 e 29°C, devido à sua instabilidade
térmica, causada pela baixa taxa metabólica e pela incapacidade de reduzir a perda
de calor periférico, a espécie não sobrevive por muito tempo em águas com
temperatura inferiores a 22-23° C.
O número de cromossomos do Trichechus inunguis é 2n= 56, isso indica
uma propabilidade muito pequena de hibridização entre o peixe-boi da Amazônia
e o peixe-boi Marinho (2n= 48), na boca do Rio Amazonas, onde as duas espécies
podem ocorrer. Mas atualmente há registro de híbridos (2n= 50), (ver anexo A).
ALIMENTAÇÃO
Alimentam-se de algas, aguapés, capins aquáticos entre outras vegetações
aquáticas. Alimentando-se assim, ele controla o crescimento das plantas aquáticas
e, com suas fezes, fertiliza as águas que freqüenta, contribuindo para a
produtividade do ambiente. As fezes servem de nutrientes para pequeninas algas
(chamadas fitoplâncton) que existem na água. Estas algas são o alimento de
animais muito pequenos (zooplâncton) que, no final, são o alimento dos peixes,
completando assim uma cadeia alimentar.
Figura 02- Fluxograma ecológico do peixe-boi da Amazônia.
Fonte: Peixe-boi: Aspectos Biológicos e veterinários. Autoria Rodrigo de Souza Amaral.
Eles são animais não ruminantes, e por isso tem um estômago simples. O
peixe-boi da Amazônia alimenta-se exclusivamente de plantas aquática e semi-
aquáticas de água doce, consumindo até 8% de seu peso em plantas por dia. De
acordo com Best (1981), essa espécie tem uma eficiência digestiva de 45-70%,
dependendo da quantidade de fibras e minerais que o alimento contém.
A anual variação entre o nível dos rios da Bacia Amazônica, que pode subir
de 10-15 m, tem uma forte influencia na produção de plantas aquáticas na região,
conseqüentemente na comida do peixe-boi. Durante as cheias, a água inunda várias
regiões perto dos rios, depositando grande quantidade de nutrientes. Essas áreas
inundadas são chamadas de várzeas e ocorrem principalmente nos rios de água-
branca. Devido a riqueza de nutrientes nessas várzeas, grandes quantidades de
plantas aquáticas e semi-aquáticas crescem, e muitas são comidas pelos peixes-
bois. Quando abaixa o nível do rio, muitas dessas plantas morrem e não são
aproveitadas pelos peixes-bois. Na época da seca, quando o nível de água do rio
abaixa por muito tempo, a quantidade de alimentos para o peixe-boi é muito
escassa. Durante esses períodos o animal consome material depositado no fundo
do rio, e devido a seu baixo metabolismo, podendo ficar até 200 dias de jejum.
O Peixe Boi da Amazônia pode se alimentar de mais de 24 espécies
diferentes de plantas aquáticas e semi-aquáticas. Eles têm um comportamento
alimentar oportunista durante os períodos de seca, e seletivo durante a estação de
cheia. A espécie prefere plantas emergentes, seguido por plantas flutuantes e por
último, plantas submergentes. As plantas de que esse animal se alimenta são
gramas, principalmente Paspalum repens e Echonpchloa polystachya, que estão
presentes em 96% das analises de fezes e estômagos de peixes-bois da Amazônia.
COMPORTAMENTO
Estudos feitos até agora não comprovaram nenhum tipo de organização
social entre os peixes-bois. Eles não tentam dominar uns aos outros, não possuem
um senso de posse de território, dificilmente se comportam de forma agressiva
entre si e vivem quase sempre solitários.
O único relacionamento que se mantém firme por algum tempo na espécie,
é o que existe entre mãe e filhote, que dura dois anos.
Até no período do cio da fêmea a formação de grupos de vários machos
em torno dela é temporário. Apesar de parecerem tão sós, os peixes-bois podem se
alimentar juntos num mesmo local. Em cativeiro, esses animais brincam entre si,
principalmente usando a boca e o focinho, dando “beijos” ou apenas roçando um
no outro, rolando o corpo ou dando abraços com as nadadeiras peitorais.
REPRODUÇÃO
A reprodução da espécie é lenta, pois o período de gestação da fêmea,
chamada peixe-mulher segundo o Dicionário Aurélio, é longo durando 11 meses na
espécie Trichechus inunguis. Depois, a mãe amamenta o filhote durante dois anos, e
por causa desse longo tempo, a fêmea tem apenas um filhote a cada quatro anos,
pois ela só volta a entrar no cio outra vez, um ano depois de desmamar.
Geralmente a fêmea tem apenas um filhote, mas há casos de nascimentos
de gêmeos, até mesmo em cativeiro, como já aconteceu na Sede Nacional do
Projeto Peixe-Boi, em Itamaracá, Pernambuco.
Não se conhece a idade da maturidade sexual do peixe-boi da Amazônia,
mas especula-se que seja entre 5 e 10 anos. A época de reprodução é sazonal,
depende da época de cheia dos rios, onde ocorre a maior disponibilidade de
alimento que vai normalmente de dezembro a junho.
Os peixes-bois não têm nenhuma diferença sexual externa fácil de ser
notada. Na fêmea, a abertura genital (a vagina) fica mais próxima do ânus,
enquanto no macho (no caso, o pênis) fica mais próxima do umbigo. O pênis só sai
da abertura genital no momento do acasalamento. No resto do tempo, está sempre
"guardado". O acasalamento se dá com o macho por baixo e a fêmea por cima, num
tipo de "abraço". É aí que o macho externa seu pênis e faz a penetração na fêmea.
Vários machos podem copular com uma mesma fêmea, o cio dura um
longo período, mas apenas um deles irá fecundá-la.
O filhote do peixe-boi da Amazônia nasce com aproximadamente 100 cm e
pesando em torno de 12 Kg. Nos primeiros dias de vida, o filhote alimenta-se
exclusivamente do leite da mãe. O leite materno é importante para o
desenvolvimento do filhote: é um alimento completo que o ajuda no crescimento e
funciona como uma vacina, protegendo-o nos primeiros tempos de vida. Durante o
período de amamentação é possível notar as mamas na fêmea. Elas ficam uma de
cada lado, bem abaixo da nadadeira peitoral. Mas é já a partir dos primeiros meses
de vida que o peixe-boi começa a ingerir vegetais, seguindo o comportamento da
mãe. O filhote, aliás, recebe todos os cuidados da mãe. Muito zelosa, é ela quem o
ensina a nadar, a subir até a superfície para respirar e também a alimentar-se de
plantas.
EXPLORAÇÃO COMERCIAL
O tamanho dos rios da Amazônia, a turbidez das águas e o comportamento
da espécie em subir para respirar, mostrando muito pouco o seu corpo, são fatores
que limitam a estimativa da população de peixe-boi na região. Best (1983) estimou
que a população era de 500-1000 animais no Lago Amanã (acima do rio Solimões)
em 1979. Contudo é desconhecido o número total de peixes-bois da Amazônia.
Os Peixes-bois da Amazônia são caçados desde 1542. A história sobre a
sua caça vêm passando por várias fases. Inicialmente, o peixe-boi era caçado
somente por sua carne, que era usado como alimento nas tribos indígenas da
região. Eles acreditavam na crença popular de que esse animal possuía sete tipos
de carne diferentes. De 1935 a 1954, com o começo da indústria de couro, 4000-
7000 animais foram mortos por ano; o couro deles era usado para a produção de
cintos, mangueiras, correias, dobradiças, entre outros itens que necessitam de um
couro resistente. Com a introdução dos produtos sintéticos em alta no mercado, a
indústria de couro reduziu muito, e de 1954 a caça de peixe-boi da Amazônia era
novamente direcionada para consumo e comercialização de sua carne. Até hoje,
essa espécie é capturada por populações ribeirinhas para seu consumo local. É
possível observar que carne de peixe-boi é vendido em mercados em Manaus e em
outras cidades do Amazonas, mesmo sendo proibida sua caça e comercialização.
Durante vários períodos, no entanto, a espécie se encontra vulnerável a caça,
principalmente, por exemplo, em épocas de seca, quando um considerável número
de animal se concentra nos lagos e nos canais (ver anexo B). Quando a caça à essa
espécie foi proibida por lei em 1972, o número da população já era, e é muito
reduzida.
AMEAÇAS
A captura em larga escala para uso comercial foi sem dúvida a maior causa
para a redução das populações dessa espécie na Amazônia. A crueldade do método
de caça é peculiar: para respirar, o peixe-boi vai periodicamente à superfície, neste
momento os caboclos usam rolhas para entupir o nariz dos animais e sufocá-los
até a morte. Com a rolha no nariz, o animal assustado mergulha para fugir e morre
afogado, e se fica na superfície ele é morto a pauladas. Tais capturas ainda ocorrem
hoje, mas numa escala muito menor.
Na época colonial, o peixe-boi da Amazônia foi muito caçado para fazer a
“mixira” que era a carne do peixe-boi conservada cozinhando com sua própria
gordura, e era muito exportado. O Padre Vieira relatou em uma das suas cartas,
que por volta de 1650, cerca de 20 navios holandeses foram cheios de mixira para
a Europa.
A pescaria Real de Villa França, operando por volta de 1780 perto de
Santarém, produziu em 2 anos 58.095 quilos de carne de peixe-boi salgada e
40.750 quilos de toicinho.
Outra causa para o declínio das populações de peixe-boi, é a destruição do
seu habitat. A eliminação desenfreada de mercúrio nos rios da Amazônia, devido a
atividades mineradoras colocou toda a fauna aquática da região em risco. O limite
de segurança do mercúrio estabelecido pelo World Health Organization (WHO) é
de 0,5 µgHg.g-1. Contudo os níveis de mercúrios encontrados na planta aquática
Eichhornia crassipes (uma das plantas consumidas pelo peixe boi) coletada no rio
madeira foi de 1,04 µgHg.g-1, sugerindo que essa planta concentre mercúrio em
seus tecidos.
A liberação de agrotóxicos, exploração de gás e petróleo, efluentes das
fábricas de celulose e o intenso tráfego de barcos, nos rios amazônicos contribui
substancialmente para a degradação ambiental, ainda que seus efeitos nas
populações de peixe-boi na região, não tenham sido estudados.
Peixes bois jovens são ocasionalmente capturados acidentalmente em
redes de pesca, apesar de não ter dados quantitativos disponíveis.
As construções de barragens de hidrelétricas podem colocar a
variabilidade genética da espécie em risco, pois agem como barreiras isolando as
populações. Assim forçando o cruzamento de indivíduos consangüíneos,
prejudicando a variabilidade genética, que faz com que debilite a resistência a
doenças e reduzam a capacidade de responder a mudanças ambientais. Outro Fato
que prejudica a espécies e o hibridismo entre o Peixe-boi Marinho e o da
Amazônia, que produz seres estéreis, contudo as chances de reprodução se tornam
ainda menores.
No caso do peixe-boi-amazônico, os estudos confirmaram que suas
populações têm maior diversidade genética, se comparadas às da espécie marinha.
Isso indica que para o T. inunguis as chances de recuperação populacional podem
ser maiores do que para o T. manatus, pois o primeiro mantém uma significativa
diversidade genética, embora provavelmente seja uma espécie recente, com
apenas 130 mil anos, e tenha sofrido intensa exploração no último século.
Entretanto, para se ter uma idéia mais precisa das chances de recuperação da
espécie é necessário estimar o número de indivíduos ainda existentes na
Amazônia. Para isso estão sendo feitos esforços que incluem desde estimativas do
número de animais em determinado lago com a ajuda das comunidades humanas
locais até contagens com uso de sonar de alta resolução. Um diagnóstico
importante para orientar os trabalhos de conservação das duas espécies no Brasil
foi a identificação de sete indivíduos híbridos de peixe-boi-marinho e amazônico:
dois na Guiana Francesa, três na Guiana e um no estado brasileiro do Amapá (em
princípio, as duas espécies podem ocorrer nessa extensa faixa litorânea, toda ela
considerada área de foz, em função da mistura das águas dos rios com a do mar).
Todos foram previamente identificados como peixes-bois-marinhos, mas a análise
revelou que o DNA mitocondrial era da outra espécie, indicando uma linhagem
materna de T. inunguis. Outro indivíduo, encontrado próximo à foz do rio
Amazonas e identificado como peixe-boi amazônico, apresentou DNA mitocondrial
marinho.
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA APLICADO AO PEIXE-BOI
Os peixes-bois amazônicos são protegidos pela Lei 9.605/98 de Crimes
Ambientais, que protege animais silvestres. A lei prevê pena de detenção de seis
meses a um ano, que pode aumentar em 50% se a espécie está ameaçada de
extinção. Sendo assim, quem for flagrado caçando ou com um peixe-boi da
Amazônia terá esse aumento de 50% da pena, já que é um animal em risco de
extinção.
Além da detenção, ainda há a obrigatoriedade do pagamento de multa.
Estão sujeitos a essa penalidade tanto quem caça, quanto quem vende material
biológico.
STATUS ATUAL
Lista Vermelha das espécies Brasileiras ameaçadas de extinção;
“Vulnerável” no Plano de Ação para os Mamíferos Aquático do Brasil
(IBAMA, 2001), (IBAMA, 2003);
Vulnerável na IUCN Red List (2000);
Apêndice I da CITES - Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies
Ameaçadas da Flora e Fauna Silvestres de Extinção.
Estimativa populacional no Brasil – Indeterminada.
PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE CONSERVAÇÃO DO PEIXE-BOI DA AMAZÔNIA
Reintrodução: Desde 2007 até hoje, foram reintroduzidos 6 animais.
Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos – CPPMA: é um
centro de reabilitação de animais aquáticos da Amazônia, se localiza na Usina
Hidrelétrica de Balbina, na Bacia do Rio Uatumã, mantido pela Manaus Energia
S/A, objetivando a preservação do peixe-boi da Amazônia.
Projeto Peixe-Boi/ IBAMA-FMM: tem o apoio do Fundo Nacional do Meio
Ambiente/ MMA, e tem como objetivo diagnosticar a situação da espécie e reverter
a rotina do abate de peixes-bois na região Amazônica.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA: através do
Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), tem o objetivo de resgatar, recuperar
e conhecer a biologia do animal e posteriormente devolvê-lo ao seu habitat
natural.
CONCLUSÃO
Em suma, escolhemos o peixe-boi da Amazônia, por ser um animal que
possui muitas adaptações, conhecido pelo fato de ser o maior mamífero aquático
da América do Sul, sendo endêmico da Bacia Amazônica.
Possui muitas adaptações, como o baixo metabolismo, que é essencial para
sua sobrevivência em épocas em que seu alimento é escasso, possuir pêlos
distribuídos pelo corpo, que funcionam como uma linha lateral orientando-os
principalmente nas águas-negras da Bacia Amazônica.
O peixe-boi da Amazônia foi extremamente ameaçado por sua carne e
couro, por ser muito dócil, seu abate é simples, e hoje se encontra em risco de
extinção, devido também à ação do homem em seu habitat.
É importante seu estudo, pois sua ecologia é essencial para a riqueza de
peixes dos Rios Amazônicos. Por isso e outros motivos é preciso conservar esse
animal no ecossistema aquático, garantindo assim a manutenção do equilíbrio das
relações ecológicas do ecossistema.
REFERÊNCIAS
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Manatee Trichechus inunguis. Mammal Revist, Great Britain, v. 24, n. 2, p. 49-59,
1994.
TESSARIOLI, L. F. et al. Ecologia do peixe-boi amazônico Trichechus
inunguis. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu-MG, p. 1-2,
Set. 2007.
CUNHA, Hillândia B. da; PASCOALOTO, Domitila. Hidroquímica dos rios
Amazônicos. Centro Cultural dos povos da Amazônia, Manaus-AM, 147f.
AMARAL, Rodrigo de Souza. PEIXE-BOI: Aspectos biológicos e
veterinários. In: CICLO DE CURSOS DO AQUÁRIO DE SÃO PAULO, Ago. 2010, São
Paulo.
ROSAS, Fernando C. W; PIMENTEL, Tatiana L. Order Sirenia (Manatees,
Dugongs, Sea Cows). In: FOWLER, Murray E.; CUBAS, Zalmir S. Biology, medicine,
and surgeri of south American wild animals. Iowa State University Press: First
edition, 2001. cap. 31, p. 352-362.
AMANCIO, Andrea Barroso. Programa de conservação para peixe-boi
(Trichechus inunguis) uma abordagem teórica. Trabalho de conclusão do Curso da
Somática Educar Conservação da Fauna Silvestre.
COSTA, Leonora P., et al. Conservação de mamíferos no Brasil.
Megadiversidade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 103- 112, Jul. 2005.
AMBIENTE BRASIL. Peixe-boi ou guarabá (Trichechus inunguis).
Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/mamiferos/peixes-
boi_ou_guaraba_(trichechus_inunguis).html>. Acesso em: 15 Out. 2010.
WIKIPEDIA. Peixe-Boi. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe-boi>. Acesso em: 10 Out. 2010.
PROJETO AMIGOS DO PEIXE-BOI. Peixe-boi da Amazônia. Disponível em:
<http://www.amigosdopeixeboi.org.br/index.php?
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ECOSURF. Peixe-boi. Disponível em:
<http//www.ecosurf.com.br/lermais_materiais.php?cd_materiais=5>. Acesso em:
20 Out. 2010.
REAÇÃO NATURAL. Peixe-boi pede socorro. Disponível em:
<http://www.reacaonatural.com.br/website/artigo.asp?
cod=1923&idi=1&moe=130&id=15322>. Acesso em: 15 Out. 2010.
IUCN RED LIST. Trichechus inunguis. Disponível em:
<http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/22102/0>. Acesso em: 25 Out.
2010.
ANEXO A - Cruzamentos de alto risco
Espécie marinha de peixe-boi cruza com a amazônica e gera híbridos
estéreis.
Francisco Bicudo
Edição 122- Abril 2006.
Poque, um filhote de peixe-boi, instalou-se no final de 1993 em um dos
tanques do Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos
Aquáticos (CMA) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Renováveis (Ibama), na ilha de Itamaracá, em Pernambuco. Nessa época, deveria
ter 1 ano e meio. Encontrado meses antes em um lago próximo à foz do rio
Oiapoque – daí seu nome –, tinha um ferimento nas costas, do lado direito, próximo
à nadadeira, causado por arpão. Recuperou-se rapidamente, mas permaneceu em
cativeiro para que pudesse escapar de outras investidas de caçadores. Está lá até
hoje, com outros oito peixes-boi.
Esse animal sempre chamou a atenção dos pesquisadores – e não só por
nadar de um lado para o outro quase sem parar. Com couro áspero e unhas nas
nadadeiras, características da espécie de peixe-boi marinha (Trichechus manatus),
Poque tem também manchas brancas no peito e cor menos escura e mais
acinzentada, marcas da espécie que habita os rios da bacia amazônica (Trichechus
inunguis). Seu peso (205 quilos) e comprimento (pouco mais de 2 metros) são
menores que o esperado para a espécie marinha. O que parecia ainda intrigante é
que, apesar de diversas tentativas de cruzamento, jamais conseguiu engravidar
uma fêmea. “Poque era uma grande interrogação”, conta Jociery Vergara-Parente,
veterinária da Fundação de Mamíferos Aquáticos (FMA), que atua em parceria com
o CMA em projetos de preservação do peixe-boi. “Achávamos que ele poderia ser
uma mistura das duas espécies”, completa.
A suspeita se confirmou com um estudo coordenado por Fabrício
Rodrigues dos Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado
na Molecular Ecology. A equipe de Santos analisou o DNA das mitocôndrias, um
compartimento da célula que conserva energia e contém as informações da
herança genética materna. Depois observou o DNA do núcleo da célula e
identificou alelos, como são chamados os genes que ocupam o mesmo lugar em
cromossomos homólogos, tanto da espécie marinha quanto da amazônica. Por fim,
descobriu que Poque tem 50 cromossomos. Os parentes dele que vivem nos rios
têm 56; os do mar, 48. Se ainda havia dúvidas, elas desapareceram: Poque é
mesmo resultado do cruzamento do peixe-boi marinho com o amazônico – o
chamado híbrido. Trata-se da mesma situação verificada quando a égua cruza com
o jumento, tendo como filhote uma mula ou um burro.
“Ele provavelmente é um híbrido de segunda geração, filho de uma fêmea
também híbrida”, afirma Santos, que anos atrás já havia atestado a endogamia – o
cruzamento entre parentes próximos – na espécie marinha, que pode levar a
filhotes pouco saudáveis. “As conseqüências dessa nova realidade são catastróficas,
porque provavelmente todos os híbridos machos e a maior parte das fêmeas com
essa herança são estéreis.” Segundo ele, o cenário é grave também porque as duas
espécies correm riscos de extinção – a situação do peixe-boi marinho é ainda mais
crítica. Calcula-se que na costa brasileira existam apenas 500 representantes da
espécie. No litoral dos estados da Bahia e do Espírito Santo, onde aparecia até a
década de 1960, esse mamífero aquático e herbívoro, que se alimenta do capim-
agulha que cresce perto das praias, já não pode mais ser encontrado: foi eliminado
pela caça predatória.
Curiosamente, as duas espécies se encontram de forma natural, sem
relação com a caça ou a possível fuga dos animais dos mares para os rios, em busca
de proteção contra a perseguição humana. Ainda que seja natural do mar, o
Trichechus manatus não consegue beber a água do mar e mata a sede com a água
dos rios. Essa espécie de peixe-boi é capaz de entrar até 200 quilômetros no rio –
quando pode, então, cruzar com a espécie amazônica. “A solução é preservar as
espécies em cativeiro, principalmente a marinha, e estimular o acasalamento”,
propõe Santos. Sua equipe analisou amostras de material genético de outros 49
animais, que viviam no Brasil e nas Guianas. O hibridismo foi detectado em sete
delas (quase 15% do total).
Um filhote a cada quatro anos - Outra característica marcante do peixe-boi
amazônico, em relação à espécie marinha, é a elevada diversidade genética –
quando a seqüência de genes é diferente de um animal para outro, mas sem
incorporar informações de outra espécie, de acordo com um estudo da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Segundo Izeni Pires Farias, professora
da UFAM e uma das autoras de outro estudo com essas conclusões também
publicado na Molecular Ecology, essa diversidade genética – da ordem de 80 a 90%
– pode ser vista como uma vantagem, por estar relacionada a uma melhor
resistência a doenças e a uma melhor adaptação a mudanças no ambiente.
Já o peixe-boi marinho exibe uma baixa diversidade, próxima a 50%, que
pode favorecer a endogamia, debilitar a resistência a doenças e reduzir a
capacidade de responder a mudanças ambientais. “O peixe-boi marinho perdeu a
diversidade genética natural, pois sua população foi brutalmente reduzida ao longo
das gerações”, diz Izeni. “Com o hibridismo e a esterilidade”, diz Fabrício Santos,
“as chances de reprodução se tornam ainda menores”. Esses animais se
reproduzem a cada quatro anos e geram só um filhote por vez.
Fonte:<http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=2936&bd=1&pg=1&lg=>. Acesso em 27 Out.
2010.
ANEXO B - Seca histórica ameaça peixe-boi da Amazônia
Associação Amigos do Peixe-boi – Ampa recebe denúncia de caça de animais presos
em lago no interior do estado do Amazonas.
Por Séfora Antela
Com a redução exorbitante do nível das águas dos rios amazônicos, o
peixe-boi, espécie ameaçada de extinção, está mais vulnerável à caça, por isso, a
Associação Amigos do peixe-boi promove nesta segunda-feira, 25, excursão à
Autazes, distante da capital amazonense 108 Km, para realizar operação. A viagem
foi organizada depois de denúncia feita por populares do município à Ampa, que
atua em convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa e é
patrocinada pela Petrobras.
Uma equipe, de dez pessoas, composta por membros da Associação e de
representantes de órgãos governamentais, ligados ao meio ambiente, irá até o local
da denúncia para constatar o ocorrido. “Fomos avisados de que um lago próximo à
colônia dos pescadores de Autazes secou muito e os animais estavam expostos,
sendo vítimas de caça. Então, mobilizamos essa equipe para fazermos a fiscalização
e conscientização ambiental, a fim de proteger essa espécie” explica o diretor da
Ampa, Jone César Silva.
Em período de seca, como esclarece Silva, os peixes-bois migram para
lagos profundos, aguardando a enchente; entretanto, em secas mais severas, como
está ocorrendo esse ano, esses animais ficam muito mais vulneráveis ao abate.
“Historicamente, o peixe-boi da Amazônia foi alvo de caça, por ter um grande
interesse comercial, devido a sua carne, gordura e principalmente seu couro muito
resistente. Hoje, mesmo protegido por lei, ele ainda é vítima de caça ilegal e esse
fator se agrava nessas épocas do ano”, comenta Silva.
Silva alerta ainda que se o peixe-boi continuar sendo caçado, ele pode
deixar de existir, como ocorreu com a vaca-marinha-de-Steller, parente do peixe-
boi extinta no século 18, após 27 anos de sua descoberta. “O peixe-boi é uma
espécie endêmica da região. Ele tem um papel importante para o equilíbrio do
ecossistema, como é um animal herbívoro, alimenta-se de plantas aquáticas,
portanto, evita que as plantas se acumulem no rio, permitindo a passagem de
canoas. Além disso, suas fezes servem de alimento para microorganismos, que são
comida dos peixes, que fazem parte de nossa dieta,” ressalta.
Ajude a salvar uma vida
Os números para que a população possa entrar em contato em casos semelhantes
são: o Batalhão de Policiamento Ambiental, (92) 3214-8904 e 190; o do Ibama,
(92) 3613-3094, da Ampa (92) 3236-2739
Foto: Jone César Silva
Fonte:<http://www.ampa.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=61%3Aseca-
historica-ameaca-peixe-boi&catid=1%3Anotas&Itemid=56&lang=br>. Acesso em 27 Out. 2010.