revista a bordo - projeto viva o peixe-boi marinho - 6ª edição

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A BORDO REVISTA Fundação Mamíferos Aquáticos PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO Filhote de peixe-boi marinho é resgatado em praia do litoral paraibano Exposição fotográfica aborda o universo do mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil Sou Fruto do Mar e Festival do Marisco movimentam a Barra de Mamanguape EDIÇÃO 6 FOTO EDSON ACIOLI FMA UTILIZA TECNOLOGIA DE SONAR PARA PESQUISAR POPULAÇÃO DO PEIXE-BOI MARINHO NA PARAÍBA

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Periódico de comunicação e pesquisa sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, uma estratégia da Fundação Mamíferos Aquáticos em prol da conservação da espécie no Nordeste do Brasil.

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Page 1: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 6ª Edição

ABORDOR E V I S T A

Fundação Mamíferos Aquáticos

P R O J E T O V I V A O P E I X E - B O I M A R I N H O

Filhote de peixe-boimarinho é resgatadoem praia do litoralparaibano

Exposição fotográfica aborda o universo do mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil

Sou Fruto do Mar e Festival do Mariscomovimentam a Barrade Mamanguape

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FMA UTILIZA TECNOLOGIA DE SONAR PARA PESQUISAR POPULAÇÃO DO PEIXE-BOI MARINHO NA PARAÍBA

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Há 25 anos promovendo a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental.

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EQUIPE PROJETO VIVA O PEIXE-BOIMARINHOCoordenaçãoJoão Carlos Gomes Borges (Coordenador executivo do Projeto/Diretor-presidente da FMA)[email protected] Elisa Pitanga (Coordenadora técnica do Projeto)[email protected] Vergara-Parente (Coordenadora científica e Diretora vice-presidente da FMA)[email protected]

REVISTA A BORDOJornalista responsável Karlilian MagalhãesDesign gráfico Giovanna MonteiroRevisão técnica João Carlos Gomes Borgese Maria Elisa Pitanga

TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Jornalismo Raquel PassosColuna Científica Danielle LimaDiário de Bordo Genilson GeraldoResumo Científico Fernanda Meneses RodriguesGPS Daniela Araújo e Maria Elisa Pitanga

CAPAConheça o Projeto BiologiaPopulacional do Peixe-Boi Marinho

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6ESPECIALFilhote de peixe-boi marinho éresgatado na Paraíba

EDUCAÇÃO AMBIENTALExposição fotográfica aborda universodo mamífero aquático mais ameaçadode extinção no Brasil

PESQUISAFundação Mamíferos Aquáticos: 25 anos de história para conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats

DIÁRIO DE BORDOGenilson Geraldo dos Santos

FOTO REFLEXÃO

FMAProgramação comemorativa dos 25 anos da FMA

COLUNA CIENTÍFICAA situação dos peixes-bois marinhosna zona costeira amapaense

GPS

ILUSTRAÇÃO

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14SUSTENTABILIDADESOCIAMBIENTALProjeto Sou Fruto do Mar e Festival doMarisco movimentam a Barra de Mamanguape

Educação Ambiental/ Inclusão Social/ Eco OficinaDaniela Araújo (Técnica de Inclusão Social)[email protected]íra Braga (Assessora técnica)[email protected] Oliveira (Educadora ambiental)[email protected] de ComunicaçãoKarlilian Magalhães (Jornalista)[email protected]ção FinanceiraPatrícia Menezes (Gerente Administrativa e Financeira da FMA)[email protected] Elizabete (Assistente Administrativa e Financeira da FMA)[email protected] Geraldo (Agente de campo)Sebastião Silva (Graduando em Ecologia)

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Caros leitores, gostaríamos de iniciar este editorial desejando a todos um ano de muito trabalho, força de vontade e esperança de bons ventos, sobretudo para a conservação do meio ambiente. A Revista A Bordo nasceu em 2014, durante a execução da primeira fase do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – uma estra-tégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção desta espécie do nordeste do Brasil.

A repercussão em torno do lançamento das edições desta revista foi bastante positiva, superou as nossas expectativas e nos deixou motivados para darmos continuidade a este periódico de comunicação e infor-mação científica, que tem como objetivo levar informação e sensibilizar o público sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente.

Nesta sexta edição, a primeira a ser lançada em 2015, traremos informações sobre as ações de pesquisa, inclusão social e educação ambiental que o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho continua executando na Barra de Mamanguape (PB) e também sobre outras atividades que estão sendo desenvolvidas pela Fundação Ma-míferos Aquáticos no nordeste do Brasil, a exemplo do Projeto Biologia Populacional do Peixe-Boi Marinho e do Projeto Sou Fruto do Mar.

Confiram, também, uma matéria especial sobre o filhote de peixe-boi marinho que foi resgatado este ano, numa praia do litoral norte da Paraíba. Saibam como anda a situação do peixe-boi marinho na zona costeira amapaense, revelada na coluna científica assinada pela pesquisadora Danielle Lima. A Revista também traz uma foto reflexão sobre a mulher marisqueira, uma ilustração de cunho ambiental assinada pelo estudante Caio Braga (de 10 anos de idade), e indicações de livros e agenda de eventos científicos previstos para 2015 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente.

Boa leitura e até breve!

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Karlilian Magalhães, Assessora de Comunicação da Fundação Mamíferos Aquáticos.

EDITORIAL

FOTO FERNANDO CLARK

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ESPECIAL

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FILHOTE DE PEIXE-BOI MARINHO é RESGATADO EM PRAIA NO LITORAL NORTE DA PARAÍBAGraças à união entre moradores, pescadores e monitores e técnicos de instituições ambientais do litoral norte da Paraíba, foi dado o direito de vida a um animal da espécie que atualmente é considerada o mamí-fero aquático mais ameaçado do país. Na madrugada do dia 1º de janeiro, pescadores avistaram um filhote de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) encalhado na Praia do Oiteiro, em Rio Tinto (PB), e entraram em contato com a equipe da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) que está atuando na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Acompa-nhada pelos monitores da APA da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, a equipe da FMA foi ao local prestar o atendimento adequado ao animal e realizar o resgate. O peixe-boi marinho estava aparentemente bem e se tratava de uma fêmea ainda com resquícios do cordão umbilical.

FOTOS MARIA ELISA PITANGA

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O pescador que encontrou o filhote o batizou de Vitória. No momento da operação de resgate, mo-radores locais e os técnicos da FMA e da APA da Barra do Rio Mamanguape tentaram localizar, nas proximidades da região do encalhe, a mãe do filhote ou algum grupo de peixes-bois marinhos para verifi-car a possibilidade de o animal ser devolvido ao mar, mas não foi identificado. Como teria poucas chances de sobreviver sozinho, já que se tratava de um filho-te que necessitaria dos cuidados da mãe até apro-ximadamente dois anos de idade (período em que ocorre o desmame), as equipes envolvidas o des-locaram para a base da APA, localizada no estuário da Barra do Rio Mamanguape. A equipe do Centro Mamíferos Aquáticos (CMA), localizada na Ilha de Itamaracá (PE), foi comunicada da ocorrência e veio até à Paraíba para realizar o deslocamento de Vitória para Itamaracá, onde vem recebendo os cuidados necessários desde então. De acordo com últimas in-formações do CMA, o filhote apresenta comporta-mento satisfatório e está se alimentando bem.

O filhote Vitória só teve chance de vida por um con-junto de ações favoráveis, que foram desde as orien-tações transmitidas aos moradores em campanhas de sensibilização e informação realizadas pela FMA, que possibilitaram a comunicação dos pescadores às organizações competentes em realizar o resgate do animal em tempo hábil, até a contribuição das insti-tuições envolvidas (APA e CMA) na ocorrência. Em casos de encalhe de peixe-boi marinho e de qual-quer mamífero aquático, vivo ou morto, a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) alerta: o primeiro pro-cedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região ou entrar em contato com a própria FMA, pelos telefones: (83) 9961-1338/ (83) 9961-1352/ (81) 3304-1443. Se o animal estiver vivo, siga as seguintes orientações: 1- Se estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra; 2- Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água; 3- Evite aglomeração a sua volta.

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Quer ajudar a proteger o peixe-boi marinho?Basta tomar atitudes simples e conscientes, como:• Não jogar lixo nas praias, pois o mesmo ocasiona a poluição do mar e estuário, acarretando danos di-

retos aos peixes- bois marinhos, que acabam confundindo o lixo com comida, podendo ficar doentes e até morrer;

• Não construir casas e estabelecimentos em áreas de manguezais, pois é lá que se concentram diversos nutrientes necessários para a alimentação do peixe-boi marinho, sendo ainda o local de reprodução e descanso da espécie;

• Ao utilizar embarcações motorizadas, ter especial atenção nas áreas de ocorrência da espécie, pois a hélice das embarcações podem ferir os animais;

• Evitar ancorar embarcações em áreas com bancos de corais, fanerógamas marinhas (capim-agulha) e algas-marinhas.

Saiba mais sobre o peixe-boi marinhoO peixe-boi marinho é um mamífero aquático da ordem dos Sirênios, da família Trichechidae. Num ambien-te saudável e livre de ameaças, ele pode viver de 50 a 60 anos, chegando a ter aproximadamente 4 metros e a pesar em torno de 500 kg. Apesar de todo este peso e do corpo volumoso, ele é herbívoro, se alimenta de algas, capim-agulha, folhas de mangue, entre outras plantas marinhas. É um animal extremamente dócil, mas que não deve ser tocado e nem domesticado pelos seres humanos.

O peixe-boi marinho é uma espécie que tem características peculiares quanto à procriação. Uma fêmea tem uma gestação que dura 13 meses e passa cerca de dois anos amamentando o filhote. Ou seja, é preciso três a quatro anos para gerar uma nova vida, o que torna ainda mais delicado o trabalho de conservação da espécie.

Neste processo da relação mãe-filhote, é preciso bastante atenção. O ambiente ideal para que a fêmea cuide do filho é aquele que tenha água calma e alimentos ricos em nutrientes que sejam de fácil acesso, ou seja, os estuários e regiões costeiras protegidas. É lá que elas buscam se reproduzir, parir e descansar. Com o comprometimento destas áreas costeiras (em decorrência do assoreamento, poluição, entre outros fato-res) muitas vezes as fêmeas reproduzem em áreas desprotegidas, o que acaba favorecendo para o encalhe dos filhotes.

FOTO LUCIANO CANDISANI

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A SITUAÇÃO DOS PEIXES-BOIS MARINHOS NA zONA COSTEIRA AMAPAENSEPOR DANIELLE LIMABióloga e Mestre em Biodiversidade Tropical. Pesquisadora associada ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e ao Instituto de Pesquisas Científicas e Tec-nológicas do Estado do Amapá.

COLUNA CIENTÍFICA

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Localizado no extremo Norte do Brasil, o Amapá está inserido tanto no Escudo das Guianas quanto na Bacia Amazônica, o que confere ao Estado uma hete-rogeneidade de ambientes capazes de abrigar distin-tas espécies da flora e da fauna. Constitui a extensão mais bem conservada na faixa tropical, com cerca de 90% da superfície ainda inalterada por ações antró-picas e 72% do território legalmente protegido por unidades de conservação e terras indígenas.

A zona costeira amapaense é uma das regiões de maior diversidade biológica e menor densidade po-pulacional do país, notadamente importante para a conservação do peixe-boi-amazônico (Trichechus inunguis) e do peixe-boi-marinho (Trichechus ma-natus). Influenciada pelo Canal do Norte do rio Amazonas e pelo Oceano Atlântico, apresenta a singularidade da coexistência destas espécies em determinados sítios. Por conseguinte, a simpatria en-tre as espécies do gênero Trichechus confere à zona costeira amapaense o predicado de área prioritária para a conservação da biodiversidade brasileira.

Ainda que os ambientes costeiros do Amapá apre-sentem todas as peculiaridades e relevâncias elenca-das, estudos direcionados aos peixes-bois marinhos nessa região remontam à última década, a partir da união de esforços entre instituições de pesquisa, em parceria com unidades de conservação estaduais e federais presentes na região. Como resultado, sítios de alimentação e reprodução têm sido mapeados, ameaças identificadas (encalhe de filhotes e captu-ra acidental/intencional) e a população humana lo-

cal tem sido sensibilizada quanto a importância da conservação desta espécie. As reservas biológicas do Parazinho e do lago Piratuba, a Estação Ecológica de Maracá-Jipioca e o Parque Nacional do Cabo Orange foram identificadas como áreas essenciais à conser-vação de peixes-bois marinhos na costa do Amapá, pela relevância de ambientes favoráveis e protegidos.

Recentemente, o Amapá tem sido apontado como a mais nova fronteira econômica da região Norte, justi-ficado, especialmente, pela expansão agrícola, produ-ção de energia hidrelétrica e pesquisa para produção de petróleo e gás natural. Estas e outras atividades já desenvolvidas no Estado, como a mineração/garim-po e pecuária bubalina, desencadeiam uma série de impactos ambientais negativos e tendem a compro-meter os ambientes aquáticos essenciais ao animal. Por tal motivo, o próximo passo será avaliar as con-dições ambientais em uma das áreas mais relevantes para a conservação da espécie na costa do Amapá: o entorno da Esec de Maracá-Jipioca.

A continuidade da avaliação distribucional dos peixes- bois marinhos na região, a compreensão de como utilizam o recurso disponível, bem como da sanidade ambiental fornecerão subsídios para a conservação destes animais, atendendo assim parte das metas do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Sirê-nios. Ademais, a referida pesquisa contribuirá na con-tinuidade da reabilitação do primeiro filhote de Tri-chechus manatus resgatado e reabilitado no Amapá e, consequentemente, na tomada de decisões referente à futura devolução do animal ao ambiente natural.

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CAPA

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS UTILIzA TECNOLOGIA DE SONAR PARA PESQUISAR POPULAÇÃO DO PEIXE-BOI MARINHO NA PARAÍBAA iniciativa, patrocinada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, conta com a parceria da Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará.

FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES

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Saber quantos peixes-bois marinhos existem no estuário da Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape e como esta população está distribuída na região é o objetivo do Projeto Biologia Populacional do Peixe-Boi Marinho, que está sendo executado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Per-nambuco e Universidade Federal do Ceará. A inicia-tiva, que conta com o patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, utiliza um sonar de varredura lateral acoplado em uma embarcação com a intenção de localizar os peixes-bois marinhos, considerado o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Além da distribuição e abundân-cia, o projeto também estuda dados comportamen-tais e bioacústicos dos animais, bem como possíveis ameaças antropogênicas.

“A ideia de se fazer este projeto surgiu após um censo aéreo que realizamos, em 2010, ao longo do Nordeste do Brasil. Depois da execução deste cen-so, sentimos a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado em áreas importantes e a APA da Bar-ra do Rio Mamanguape foi escolhida por ser histori-

camente uma das principais áreas de concentração destes animais. Estamos trabalhando para estimar a população desta localidade com uma nova metodo-logia que está sendo implantada aqui no Brasil nos últimos anos: o sonar de varredura lateral. Nós pas-samos pelo estuário com este aparelho, localizado na parte posterior do barco, que faz a captação de imagens com base no pulso sonoro emitido por ele embaixo d’água. Na frente da embarcação, fizemos uma cabine na qual acoplamos um monitor de vídeo, por onde conseguimos fazer a leitura das imagens captadas pelo sonar”, explica a bióloga Maria Danise Alves, responsável técnica do Projeto.

A equipe do Projeto Biologia Populacional do Pei-xe-Boi Marinho vai a campo com cinco integrantes: dois observadores, que se posicionam nas laterais da embarcação, auxiliando no processo de avistagem dos animais; um pesquisador posicionado na cabine do vídeo, que fica atento às imagens captadas pelo sonar; outro integrante responsável pela anotação dos dados e registro fotográfico; e o piloto, que executa os movimentos em ziguezague estudados e determinados pela equipe. Além dos dados de avis-tagens, os pesquisadores captam o som dos animais

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por meio de um hidrofone, tanto para confirmar a avistagem como fazer estudos bioacústicos. Os pa-drões comportamentais dos espécimes também são registrados, visando a construção de um etograma.

A pesquisadora Maria Danise Alves ressalta a im-portância de projetos como este para ações e estu-dos a respeito da conservação do peixe-boi marinho no Brasil: “Para uma espécie ameaça de extinção, é essencial entendermos a sua biologia populacional, quantos são e como se distribuem numa determi-nada área de importância ecológica, utilizada para fins de alimentação, reprodução e descanso”. Os re-sultados desta pesquisa serão divulgados ainda este semestre. A Fundação Mamíferos Aquáticos é uma organiza-

ção da sociedade civil, sem fins lucrativos, que, desde 1989, trabalha com a missão de promover a con-servação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental. Atua na-cionalmente com atividades que envolvem manejo e pesquisa científica, estudando os efeitos antropo-gênicos nos recursos marinhos, e com parcerias e ações colaborativas que promovem mudanças so-cioambientais. Neste contexto, também está inse-rida no apoio à construção e execução de políticas públicas e marcos regulatórios.

Monitor por onde é possível fazer a leitura das imagens captadas pelo sonar.

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SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

FESTIVAL DO MARISCO MOVIMENTA BARRA DE MAMANGUAPE E MARCA CULMINâNCIA DO PROJETO SOU FRUTODO MAROs moradores da Barra de Mamanguape (PB) tiveram um dia especial voltado para a valorização da mulher marisqueira e da cultura da pesca artesanal. No dia 06 de dezembro, a comunidade recebeu a primeira edição do Festival do Marisco, promovido pelo “Projeto Sou Fruto do Mar: Construindo Novas Possibilidades” - um trabalho socioambiental realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos, com apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, por meio do Fundo Costa Atlântica. Quem esteve no local, pôde conferir uma programação temática com artesanato, gastronomia, apresentações culturais e exposição fotográfica. O evento também celebrou a culminância das atividades do Projeto Sou Fruto do Mar na região.

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES / ACERVO FMA

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A programação começou pela manhã, com a aber-tura da exposição fotográfica Sou Fruto do Mar, na Colônia de Pescadores Z-13 Antônio de Brito, e com a oficina de montagem de painel com resíduos do marisco, orientadas por estudantes de Design da Universidade Federal da Paraíba/ Rio Tinto, nas casas de algumas marisqueiras da comunidade. A tarde foi dedicada à feira de artesanato, culinária e às apre-sentações culturais, que contaram com a participa-ção do Grupo Bato Lata, Capoeira Nego Fujão e do Coco de Roda e Ciranda Brilho da Lua. Na oportu-nidade, também foi exibido um vídeo com as ima-gens da exposição que retratavam as marisqueiras captadas pelas lentes das fotógrafas do Retrographie atelier de imagens.

“Falar da mulher marisqueira é um passo significa-tivo para a valorização e importância do papel fe-minino na pesca artesanal e na geração de renda. A catação do marisco é um trabalho árduo, pouco remunerado e pouco valorizado. Nesses nove me-ses, nós abrimos espaço para a discussão do tema, oferecendo oportunidades e alternativas de renda por meio de intercâmbio e rodas de conversa sobre saúde e direito previdenciário e das oficinas de ar-tesanato e culinária. Tentamos documentar todo o processo da atividade da mulher marisqueira com imagens fotográficas e o resultado foi exposto para a comunidade no dia do festival. Ao observarmos a

reação das marisqueiras e de seus familiares, vimos o quanto o nosso trabalho valeu a pena”, disse Daniela Araújo, coordenadora do Projeto Sou Fruto do Mar.

Além da comunidade local e da equipe da Funda-ção Mamíferos Aquáticos, representada pelo Proje-to Sou Fruto do Mar, também estiveram presentes no evento pescadores, turistas, representantes da Colônia de Pescadores Z-13 Antônio de Brito, da Associação Eco-Oficina da Barra de Mamanguape e da Fundação SOS Mata Atlântica. “Eu só gostaria de agradecer, em nome da Fundação SOS Mata Atlân-tica. Este projeto que vem sendo executado pela Fundação Mamíferos Aquáticos, vem chamando a atenção da gente desde o início, com uma proposta de atividade muito diferente e que eu acredito que vem ganhando mais força. Dentro da SOS, a gente vem percebendo que cada vez mais as propostas, nessa linha de trabalhar com a geração de renda, de protagonismo das comunidades, vêm crescendo. Acho que a execução do Sou Fruto do Mar foi mara-vilhosa. Parabéns para a Fundação e para todo mun-do que pôde participar desse projeto” disse Diego Igawa Martinez, analista de projetos do Programa Costa Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica.

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SOU FRUTO DO MARO projeto atuou na Barra de Mamanguape, de janeiro de 2014 a janeiro de 2015, com o objetivo de promo-ver a valorização das mulheres marisqueiras e a melhoria da qualidade de vida de quem vive da pesca arte-sanal na região, para que nesta atividade tradicional fossem ampliadas oportunidades de renda e segurança alimentar familiar. A iniciativa realizou oficinas de capacitação junto à comunidade, abordando temas ligados à saúde, gastronomia, proteção previdenciária, valorização da mulher e geração de renda. As atividades do Projeto contaram com cerca de 140 participações de membros da localidade, entre marisqueiras e donas de bares, restaurantes e pousada.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA CONVIDA O PúBLICO A MERGULHAR NO UNIVERSO DOPEIXE-BOI MARINHOQuem for à Barra de Mamanguape, litoral norte da Paraíba, poderá conferir a exposição fotográfica “Viva o Peixe-Boi Marinho”, que está em cartaz na base da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, localizada próxima ao estuário da região. A exposição faz parte das ações de educa-ção ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, conduzido pela Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Bra-sil. A ideia é sensibilizar o público sobre a importân-cia da conservação do peixe-boi marinho e do meio ambiente, por meio de fotos e conteúdo textual.

A mostra reúne imagens do animal em seu ambien-te natural captadas pelas lentes dos fotógrafos Lu-ciano Candisani, Enrico Marcovaldi, Fernando Clark, Lúcio Borges e Edson Acioli. Cada foto contém uma legenda com informações sobre aspectos ecoló-gicos, biológicos, fatores de ameaças e o status de conservação do peixe-boi marinho. A exposição é de caráter permanente e o acesso é gratuito.

“Acreditamos que esta iniciativa veio agregar valor ao trabalho de sensibilização e conservação desta espécie, que se encontra sob ameaça de extinção no Brasil. As imagens despertam um maior interes-se dos moradores e dos turistas que visitam diaria-mente a APA”, diz Daniela Araújo, coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário da Fundação Mamíferos Aquáticos.

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O peixe-boi marinho é tudo pra mim. Não só por-que eu trabalho diretamente com ele, mas por-que eu sempre gostei destes animais. A relação é de muito carinho e respeito por esta espécie linda e tão ameaçada de extinção no Brasil. Ele sempre esteve muito presente na minha trajetória profis-sional. Há alguns anos, trabalhei em outro projeto que também cuidava da proteção do peixe-boi, do qual contava com a parceria da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA). Saí desse projeto e fui trabalhar na prefeitura municipal de Rio Tinto como moto-rista escolar. Depois voltei a trabalhar por mais de quatro anos fazendo o monitoramento dos animais reintroduzidos na Barra de Mamanguape. E agora, mais uma vez estou trabalhando pela espécie: sou agente de campo do Projeto Viva o Peixe-Boi Mari-nho, da FMA.

A Barra de Mamanguape é muito especial pra mim. Eu tenho orgulho de trabalhar e morar nesse lugar lindo. Se eu pudesse, trabalharia a minha vida toda aqui. Como agente de campo, eu faço todas as saídas de campo com a equipe do Projeto, por exemplo: mapeamento dos bancos de algas marinhas, Pro-jeto Biologia Populacional do Peixe-Boi Marinho, assistência em casos de encalhes, manutenção dos equipamentos e materiais da nossa unidade aqui na Barra. Tem dia que é muito calmo. E tem dia que mal começa e já acontece um encalhe de um filhote de peixe-boi, por exemplo. Tem que ter muita dis-posição, pois não tem dia, nem hora para acontecer um encalhe. E nós temos que estar sempre prontos para ajudar os animais.

A experiência mais marcante que vivenciei no Pro-jeto Viva o Peixe-Boi Marinho foi o resgate de um fi-lhote de peixe-boi que encalhou no dia 01 de janeiro de 2015, na praia do Oiteiro. Esse encalhe marcou mais porque o pescador tentou entrar em contato com várias pessoas e nada. Foi aí que ele lembrou de mim. E ligou para filha dele, que é minha vizi-nha, e ela veio me chamar. Então eu me dirigi para o local e me deparei com um filhote aparentemente bem, respirando normal e sem ferimento. Ele estava dentro de uma piscina natural. Então eu pedi para o pescador ficar um pouco mais com o animal e fui chamar o resto da equipe. Conseguimos resgatá-lo e hoje ele está bem.

É muito gratificante trabalhar em um projeto socio-ambiental e saber que eu contribuo com a conser-vação de uma espécie ameaçada, que é o peixe-boi marinho, e do seu habitat. Eu lido com a maior tran-quilidade com meu trabalho. É muito bom saber que, de alguma forma, estou podendo ajudar a FMA para que ela sempre esteja atuando na nossa comu-nidade e no meio ambiente como um todo.

POR GENILSON GERALDO DOS SANTOSAgente de Campo do PVPBM

DIÁRIO DE BORDO

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A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação do pei-xe-boi marinho e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado pelas médicas veterinárias Fernanda Meneses Rodrigues e Jociery Vergara-Parente, e pela pedagoga Mayra Cristina.

Autores: Fernanda M. Rodrigues¹, Mayra Cristina L. O. de Araújo¹, Jociery E. Vergara-Parente¹ ²1. Fundação Mamíferos Aquáticos2. Instituto de Tecnologia e Pesquisa

PESQUISA

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS: 25 ANOS DE HISTÓRIA PARA CONSER-VAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS E SEUS HABITATS

INTRODUÇÃOEm 1989, quatro estudantes de oceanografia cria-ram a Fundação para Preservação e Estudos dos Mamíferos Marinhos, a atual Fundação Mamíferos Aquáticos. O objetivo era captar e gerar recursos financeiros para manutenção de um programa con-servacionista, chamado Projeto Peixe-Boi (Andrade, 2006).

Neste período, a espécie estava protegida legalmen-te desde 1967 e classificada na Lista Oficial das Espé-cies Brasileiras Ameaçadas de Extinção e na categoria vulnerável da Lista Vermelha de Espécies Ameaça-das. Historicamente, a caça praticada pelos nativos habitantes da costa brasileira depois do século XVI afetou a população destes animais e despertou a ne-cessidade de promover esforços conservacionistas (IUCN, 1976; Lima, 1997; Andrade, 2006).

Considerando o amplo acervo de dados, impres-sos e digitais, conduzidos pela Fundação Mamíferos Aquáticos ao longo de 25 anos e tendo em vista a necessidade de registrar a memória institucional e atender o público interessado no tema, este traba-lho teve como objetivo promover uma breve revi-são histórica institucional.

MATERIAL E MÉTODOSA coleta de dados ocorreu a partir da busca por do-cumentos institucionais – impressos e digitais – refe-renciados no site da Fundação Mamíferos Aquáticos (www.mamiferosaquaticos.org.br) e armazenados na instituição.

Foram realizadas nove entrevistas semiestruturadas com colaboradores ou ex-colaboradores da insti-tuição. Como critério de seleção dos entrevistados, utilizou-se o método Bola de Neve (Snow Ball), de-senvolvido por Bailey em 1934 (Ailey, 1994), que consiste numa técnica participativa para a constru-ção de uma teia (Oliveira, 2011) de envolvidos ao objeto de estudo, neste caso o histórico da FMA. Também foi utilizado o critério de tempo de convi-vência com a Fundação, o qual determina que os en-trevistados devem estar ligados há, no mínimo, seis anos com a instituição.

Foi aplicada ainda a metodologia de Observação Participante que envolve vários sujeitos, com o obje-tivo de ganhar a confiança e fazer os indivíduos com-preenderem a importância da investigação. Além de consistir na participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada (Oliveira, 2011).

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Materiais de comunicação visual, documentos im-pressos e demais produtos fabricados pela institui-ção foram digitalizados, armazenados e analisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃOConforme a atividade de entrevista e Observação Participante, percebeu-se integridade, igualdade, pertencimento e verdades nos relatos e ações apre-sentadas durante a realização das atividades. Isto confirma que o perfil dos entrevistados é de auto-nomia e legitimidade diante das atividades realizadas por eles, além de firmar a credibilidade, um ponto forte de ONGs (Jacobi, 2003).

No contexto de sua criação, a Fundação Mamíferos Aquáticos foi constituída, em 1989, na Barra de Ma-manguape (PB). Sem estrutura e devido à contrata-ção de seus diretores por um instituto, a antiga Fun-dação Mamíferos Marinhos manteve seu primeiro ano de atividade temporariamente desativado.

Ao retomar sua função, a Fundação executou pro-gramas técnicos de manejo, pesquisa e educação ambiental em prol da conservação do peixe-boi ma-rinho. Em 1992, os mamíferos aquáticos amazônicos foram incluídos nas atividades conservacionistas da instituição e, após dois anos, foram executadas as primeiras atividades de monitoramento, soltura e resgate de mamíferos aquáticos.

As campanhas, oficinas, palestras, cursos e outras atividades educativas conquistaram novos espaços e contribuíram no firmamento de convênios e acor-dos para execução de pesquisas na área costeira e marinha, a partir de 1996. Novos parceiros foram integrados à missão institucional e envolveram a Or-ganização na realização de eventos e promoção de estágios e cursos para capacitação pessoal e inter-câmbio científico de seus colaboradores. Em 1998, a Fundação Mamíferos Marinhos estava atrelada às ati-vidades das Áreas de Proteção Ambiental Costa dos Corais, Delta do Parnaíba e do Rio Mamanguape. Neste mesmo ano, foi implantado um programa

de apoio ao desenvolvimento comunitário, chama-do Oficina de Bonecos, o qual é desenvolvido des-de 1994 até os dias atuais com o objetivo de gerar renda sustentável para mulheres da comunidade da Barra de Mamanguape (PB).

Com o decorrer do tempo, a Fundação iniciou no-vos projetos, foi socialmente reconhecida, ampliou sua área de atuação e, consequentemente, em 2001, foi denominada Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA). Nos anos seguintes, programas de estágios foram instituídos em parceria com diversas universi-dades do país, pesquisas científicas foram publicadas e houve contribuição ativa para a implementação do Conselho Estadual do Meio Ambiente de Pernam-buco e Conselho Gestor da APA da Barra do Rio Mamanguape, os quais a FMA ainda atua.

Em 2008, foi criado o primeiro plano de ação especí-fico da Fundação, uma vez que todos os planejamen-tos operacionais estavam atrelados à gestão para execução do Projeto Peixe-Boi, o qual foi desligado da instituição no ano seguinte. A partir de 2010, a FMA inicia novas atividades no âmbito da pesquisa, turismo sustentável, georreferenciamento, moni-toramento de praias, observação de bordo, censo aéreo, desenvolvimento comunitário, realização de eventos, estudo dos efeitos antropogênicos nos re-cursos marinhos e outros projetos, bem como ce-lebrou o convênio de cooperação técnica-científica para qualificar uma revista científica.

Assim, criada em 1989 com legitimidade, a Fundação Mamíferos Aquáticos comemora, em 2015, 25 anos de história em prol da conservação ambiental e atua em todo território nacional, tendo destaque em di-versos estados do Nordeste e região amazônica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASANDRADE, R. Brasil conservação marinha: nossos desafios e con-quistas. Empresa das Artes, 2006.

BAILEY, K. Methods of social research. New York: The Free Press, 588p, 1994.

IUCN, Red list of threatened species. 1976.

JACOBI. P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cader-nos de Pesquisa. n.118, p 189 – 205, 2003.

LIMA, R. P. Peixe-boi marinho (Trichechus manatus): distribuição, Status de conservação e aspectos tradicionais ao longo do litoral nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado em Oceanografia Bio-lógica, UFPE, Recife, 81p, 1997.

OLIVEIRA, M.C.L. De vivências ambientais ao etnoconhecimento: o resgate da memória de moradores das comunidades do entorno da unidade de conservação Mata do Junco, Capela/SE. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFS, São Cris-tóvão, 107p, 2011.

CONCLUSÃONa comemoração dos 25 anos, a Fundação Mamífe-ros Aquáticos pode apresentar este resumo como resultado de um longo processo de aprimoramento e desenvolvimento de métodos e estratégias para promover a conservação dos mamíferos aquáticos e de seus habitats, visando o equilíbrio ambiental e a sustentabilidade. O levantamento qualitativo dos dados registra parte da memória institucional, con-tribuindo para elaboração de documento único que reúna e relate o histórico da FMA.

AGRADECIMENTOSAs autoras agradecem a todos os ex e atuais co-laboradores da Fundação Mamíferos Aquáticos que aceitaram contribuir de forma voluntária para a ela-boração desta história.

Esta pesquisa encontra-se em desenvolvimento. Portanto, as informações apresentadas resultam de uma análise objetiva dos documentos institucionais acessados e selecionados como relevantes para a produção deste resumo. Isto é, as informações po-dem ser incrementadas.

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ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Desta vez, quem assina esta seção é o estudante pernambucano Caio Braga Schuler, de 10 anos, que fez o desenho após realizar uma visita ao estuário da Barra do Rio Mamanguape, litoral norte da Paraíba, onde a FMA desenvolve as atividades do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Obrigada, Caio!

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PROGRAMAÇÃO ESPECIAL MARCA OS 25 ANOS DA FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS

FMA 25 ANOS

POR RAQUEL PASSOS

FOTO LUCIANO CANDISANI

Ao completar 25 anos de atuação no Brasil, a Funda-ção Mamíferos Aquáticos (FMA) - organização da so-ciedade civil, sem fins lucrativos -, preparou um ano inteiro de comemoração ao seu Jubileu de Prata. Até o dia 30 de novembro de 2015, a instituição progra-mou ações especiais, voltadas para a conscientização ambiental, que percorrerão escolas, universidades e associações de Aracaju (SE), Recife (PE) e Rio Tinto (PB), onde a FMA possui unidades firmadas. A ideia é reforçar a importância do envolvimento das comu-nidades no processo da conservação do meio am-biente e trazê-las cada vez mais para perto da missão da FMA de conservar os mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental.

Na programação do Jubileu de Prata da FMA, des-taca-se o projeto itinerante Mar de Olhares, que le-vará aos estados de Sergipe, Pernambuco e Paraíba, palestras, exposição fotográfica e exibições de víde-os sobre mamíferos aquáticos. Outra ação prevista é o lançamento de um livro que retrata os 25 anos de ações voltadas à conservação do meio ambiente. Uma ação promocional nos shoppings de Aracaju também está programada, com estandes para venda de produtos da unidade de negócios da instituição, a exemplo de chaveiros, estojos e pelúcias alusivas ao peixe-boi marinho e peixe-boi amazônico.

FOTO THAÍS ROSS

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Outra novidade é a Série Verde Mar, que, a partir de fevereiro, começa a exibida nos canais de comunica-ção da FMA (facebook, youtube e site), com dicas e informações de práticas sustentáveis que podem ajudar a conservar o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida das pessoas e dos animais. A série trará exemplos destas ações que alguns brasileiros e que a própria Fundação executa em seu dia a dia. O momento que finalizará o ano comemorativo ao Jubileu de Prata da FMA acontecerá na Barra de Mamanguape (PB), no mês de novembro, com ativi-dades que envolvem a comunidade. Estão previstas rodas de conversa com fundadores, antigos funcio-nários e gestores, apresentações culturais e trilhas ecológicas que levarão as gerações que fizeram e que fazem parte da FMA a um resgate histórico da instituição nesta região onde tudo começou. HistóriaA Fundação Mamíferos Aquáticos foi criada em 1989, a partir da necessidade de garantir o desen-volvimento de ações em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Nesta época, a espécie estava quase desaparecendo do litoral brasileiro, em função da caça e da degradação dos ambientes. Pen-sando em reverter esta situação, antes mesmo da criação da FMA, um grupo de pesquisadores criou o Projeto Peixe-Boi. Nove anos depois, para garantir o desenvolvimento de ações em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil, este mesmo grupo criou a Fundação Mamíferos Marinhos – organiza-

ção da sociedade civil, sem fins lucrativos -, que em 2001 passou a ser chamada de Fundação Mamífe-ros Aquáticos (FMA), a qual passou a dar apoio e operacionalidade a esta iniciativa, junto ao Governo Federal.

Com o passar dos anos, naturalmente, a Fundação começou a ter cada vez mais legitimidade e abriu espaço para projetos que atendiam não só o pei-xe-boi marinho, mas outros animais aquáticos, criou asas e alçou voos rasantes em Pernambuco, Sergi-pe e Paraíba, que respingaram em várias cidades do nordeste, alcançando também o sudeste brasileiro, atuando nacionalmente.

“A criação da FMA foi um marco, de fato, devido à forma idealizadora que a Fundação surgiu no ano de 89, pois em termos de desenvolvimento e de orga-nizações ambientais ainda era um momento tímido e a FMA surge de forma inovadora. A princípio, um sonho de quatro pesquisadores que foi ganhando corpo e em escala inicialmente local (na Paraíba), foi pouco a pouco ampliando suas ações e ao longo do tempo tem tido interface de diversos estados do litoral brasileiro bem como iniciativas na região nor-te do Brasil – basicamente estruturadas a partir ou de projetos ou de programas que vão tendo suas reconexões, readaptações e modificações naturais”, relembra o diretor-presidente da FMA, João Carlos Gomes Borges.

FOTO LUCIANA GARRIDO FOTO RENATA GUEDES

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FOTO REFLEXÃO

A ida ao local de extração do marisco, o processo de catação, a volta pra casa, o cozimento, a preparação para a venda. Durante uma se-mana, as fotógrafas Luciana Dantas e Raíssa Moraes, do Retrographie atelier de imagem, acompanharam o dia a dia das mulheres marisquei-ras da Barra de Mamanguape, no litoral norte da Paraíba. O resultado desse trabalho deu origem à Exposição Fotográfica Sou Fruto do Mar, que ficou em cartaz na Colônia de Pescadores Z-13 Antônio de Brito, em dezembro, durante o Festival do Marisco.

Quem visitou a exposição, viu mais do que mulheres, mais do que marisqueiras, mas uma poesia sincera que nasce da relação entre seres humanos, cultura e natureza. Muito além de um trabalho de subsis-tência, a pesca artesanal, que há anos faz parte da cultura litorânea do Brasil e do mundo, revela, em cada gesto e olhar, sentimentos, inquie-tações, desejos, sonhos, arte.

A exposição fez parte das ações do “Projeto Sou Fruto do Mar: Cons-truindo Novas Possibilidades” – um trabalho socioambiental desen-volvido pela Fundação Mamíferos Aquáticos, com apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, por meio do Fundo Costa Atlântica. O Projeto atuou na Barra de Mamanguape, de janeiro de 2014 a janeiro 2015, com o objetivo de promover a valorização das mulheres marisqueiras e a melhoria da qualidade de vida de quem vive da pesca artesanal na região, para que nesta atividade tradicional sejam ampliadas oportuni-dades de renda e segurança alimentar familiar.

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Este livro aborda temas considerados centrais ou fundamentais, mas que permanecem ignorados ou esquecidos, e que são neces-sários para se ensinar no século que se inicia. Traz uma nova for-ma de pensar a educação para diversos segmentos. ‘Os Sete Sa-beres’ enunciados por Morin constituem eixos e caminhos que se abrem a todos os que pensam e se relacionam com a educação e que estão preocupados com o futuro das crianças e adolescentes. Autor: Edgar Morin

O livro aborda o meio de vida e o modo em que a sociedade foi educada para o trabalho e para a superprodução, resquícios da Revolução Industrial, aflorando a preocupação com a preserva-ção do meio ambiente e a discussão sobre a qualidade de vida, e os efeitos causados pelas políticas de industrialização e produção de bens adotados pelos países da Europa.Autores: Jean Dorst

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS ÀEDUCAÇÃO DO FUTURO

ANTES QUE A NATUREZA MORRA

INDICAÇÕES

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39º CONGRESSO DE ZOOLÓGICOS E AQUÁRIOS DO BRASILData: 12 a 15 de marçoLocal: Foz do Iguaçu (PR)www.congressoszb.com.br

10º ANNUAL INTERNATIONALSYMPOSIUM ON ENVIRONMENTData: de 11 a 14 de maio Local: Atenas, Gréciawww.atiner.gr/environment.htm

XII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDASData: 20 a 22 de maio Local: Poços de Caldas (MG)www.meioambientepocos.com.br

XV CONGRESSO BRASILEIRO DELIMNOLOGIAData: 12 a 16 de julhoLocal: Maringá (PR)www.cbl2015.com.br

XII CONGRESSO DE ECOLOGIADO BRASIL Data: setembro Local: São Lourenço (MG)www.seb-ecologia.org.br/xiiceb

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2015 nas áreas de Medi-cina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins.

EVENTOS

VIII CONGRESSO BRASILEIRO DEUNIDADES DE CONSERVAÇÃO (CBUC)IV Simpósio Internacional de Conservação da NaturezaV Mostra de Conservação da NaturezaData: 21 a 25 de setembroLocal: Curitiba (PR)http://eventos.fundacaogrupoboticario.org.br/CBUC

XV CONGRESSO BRASILEIRO DEFISIOLOGIA VEGETALData: 28 de setembro a 02 de outubroLocal: Foz do Iguaçu (PR)www.iguassu.com.br/?post_type=eventos&p=4725

INTERNATIONAL CONFERENCE ON EDUCATION FOR SUSTAINABLEDEVELOPMENT Data: 06 e 07 de outubroLocal: Ebonyi, Nigériawww.icesd2015.org

XVI CONGRESO LATINOAMERICANO DE CIENCIAS DEL MARData: 18 a 22 de outubroLocal: Santa Marta, Colômbiawww.colacmar-senalmar2015.com

66º CONGRESSO NACIONAL DEBOTÂNICAData: 25 a 30 de outubroLocal: Santos (SP)www.66cnbotanica.com.br

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse:www.vivaopeixeboimarinho.org

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS

Av. 17 de Agosto - 2001/1º andarCasa Forte - Recife - PE

+55 (81) 3304 1443 | [email protected]

Realização: