revista a bordo - projeto viva o peixe-boi marinho - 8ª edição

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A BORDO REVISTA Fundação Mamíferos Aquáticos PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO Projeto Viva o Peixe- Boi Marinho celebra dois anos de atuação no litoral paraibano Pesquisa apresenta indicadores de vulnera- bilidade de aves em casos de derramamento de óleo Convênio MAR leva conceito de diagnóstico ambiental à feira Brasil Offshore 2015 EDIÇÃO 8 SET/2015 FOTO KARINE MAGALHÃES ESPÉCIE RARA DE VEGETAÇÃO AQUÁTICA É ENCONTRADA NA PARAÍBA

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Periódico de comunicação e pesquisa sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, uma estratégia da Fundação Mamíferos Aquáticos em prol da conservação da espécie no Nordeste do Brasil.

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Page 1: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 8ª Edição

ABORDOR E V I S T A

Fundação Mamíferos Aquáticos

P R O J E T O V I V A O P E I X E - B O I M A R I N H O

Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho celebra dois anos de atuação no litoral paraibano

Pesquisa apresenta indicadores de vulnera-bilidade de aves em casos de derramamento de óleo

Convênio MAR leva conceito de diagnóstico ambiental à feira Brasil Offshore 2015

E D I Ç Ã O 8SET/2015

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EspéciE rara dE vEgEtação aquática é Encontrada na paraíba

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Há 25 anos promovendo a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental.

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EQUIPE PROJETO VIVA O PEIXE-BOIMARINHOCoordenaçãoJoão Carlos Gomes Borges (Coordenador executivo do Projeto/Diretor-presidente da FMA)[email protected]

REVISTA A BORDOJornalista responsável Karlilian MagalhãesDesign gráfico Giovanna MonteiroRevisão técnica João Carlos Gomes Borgese Maria Elisa Pitanga

TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Jornalismo Raquel PassosColuna Científica Gabriela ValenzuelaDiário de Bordo Elismara Oliveira Resumo Científico Thiago ReisGPS Bruno Jackson Almeida e Gabriela Valenzuela

CAPAEspécie rara de vegetação aquática éencontrada na Paraíba

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14POLÍTICA PÚBLICALançado Projeto de Lei que institui Política da Pesca Artesanal em Pernambuco

AÇÃO MARInstituições e sociedade se unem para tentar salvar filhote de baleia-jubarte em Aracaju

CONSERVAÇÃO MARINHAPesquisa apresenta indicadores de vulnerabilida-de de aves em casos de derramamento de óleo

GPS

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16SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTALInstituto Mamirauá é premiado por trabalho de conservação ao peixe-boi amazônico

Jociery Vergara-Parente (Coordenadora científica e Diretora vice-presidente da FMA)[email protected] AmbientalElismara Oliveira (Médica veterinária) [email protected]ção Ambiental/ Inclusão Social/Eco-Oficina Peixe-Boi & CiaDaniela Araújo (Técnica de Inclusão Social)[email protected]íra Braga (Assessora técnica)[email protected] de ComunicaçãoKarlilian Magalhães (Jornalista)[email protected]ção FinanceiraMárcia Bernardo (Diretora Administrativa e Financeira da FMA)[email protected] Geraldo (Agente de campo)Sebastião Silva (Graduando em Ecologia)

22COLUNA CIENTÍFICAO geoprocessamento em projetos ambientais por Gabriela Valenzuela

19 ILUSTRAÇÃO

8ESPECIALProjeto Viva o Peixe-Boi Marinho celebra dois anos de atuação no litoral paraibano

20DIÁRIO DE BORDOPor Elismara Oliveira

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PESQUISARiqueza e abundância de macroalgas em re-cifes de arenito sujeitos a influência do Rio Mamanguape, Nordeste do Brasil

FMADiagnóstico ambiental é abordado pelo Convênio MAR na feira Brasil Offshore 2015

ÚLTIMAS30

27FOTO REFLEXÃO

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Em sua oitava edição, a Revista A Bordo está trazendo notícias de diversas regiões do Brasil. Notícias sobre iniciativas que têm como objetivo a conservação de animais aquáticos, da costa brasileira e do meio am-biente. E é bem essa a proposta deste periódico de comunicação científica que nasceu em 2014, durante a execução do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - uma estratégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil.

Esta edição apresenta informações detalhadas sobre uma espécie rara de vegetação aquática que foi en-contrada na Paraíba por pesquisadores da Fundação Mamíferos Aquáticos e Universidade Federal Rural de Pernambuco, durante as atividades de pesquisa do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, na APA da Barra do Rio Mamanguape. Também nesta edição, você vai ver como foi a celebração dos dois anos de execução do Projeto na Paraíba.

A Revista A Bordo também traz uma boa nova para a conservação marinha brasileira: o biólogo e coorde-nador do Núcleo de Pesquisas da FMA, Bruno Jackson Almeida, apresentou, na Universidade Federal de Sergipe, uma tese de doutorado sobre indicadores de vulnerabilidade de aves em casos de derramamento de óleo. De acordo com especialistas, este trabalho será importante para os planos de ações nacionais de conservação das aves no Brasil. Outra boa notícia é que o Instituto Mamirauá ganhou o Prêmio Nacional da Biodiversidade por trabalho de conservação ao peixe-boi amazônico.

A Revista aborda ainda as ações de conservação marinha e educação ambiental da FMA em Sergipe e a participação do Convênio Mar na Feira Brasil Offshore 2015. Você vai ficar por dentro também do lança-mento do projeto de lei que institui uma política pública voltada para pesca artesanal, sustentabilidade e conservação ambiental em Pernambuco. Este projeto foi fruto de um processo de articulação, facilitado pela FMA, entre pescadores artesanais de Pernambuco, colônias e associações de pesca da região, Secretarias do Governo do Estado e o Complexo Industrial Portuário SUAPE.

Na coluna científica desta edição, a geógrafa Gabriela Valenzuela fala sobre o geoprocessamento aplicado em projetos ambientais. Quem assina a coluna Diário de Bordo é Elismara Oliveira, analista ambiental e médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Já a seção Pesquisa apresenta um resumo científico sobre a riqueza e abundância de macroalgas em recifes de arenito sujeitos à influência do rio Mamanguape. O resumo foi elaborado pelo biólogo Thiago Reis, durante as atividades de pesquisa do Projeto Viva o Peixe- Boi Marinho. A Revista também traz uma ilustração de cunho socioambiental elaborada por uma estudante paraibana de apenas 12 anos, além da seção foto reflexão e de indicações de livros e agenda de eventos científicos previstos para 2015 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente.

Boa leitura!

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Karlilian Magalhães, Assessora de Comunicação da Fundação Mamíferos Aquáticos.

EDITORIAL

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CAPA

PESQUISADORES DA FMA E UFRPE ENCONTRAM ESPéCIE RARA DE VEGETAÇÃO AQUÁTICA NA PARAÍBADurante as atividades de pesquisa do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho sobre a área de alimentação de animais da espécie Trichechus manatus manatus na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Ma-manguape, pesquisadores da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) fizeram uma descoberta im-portante para a área científica brasileira. As biólogas Maria Elisa Pitanga e Karine Magalhães identificaram na região a presença de uma planta que há anos vinha sendo considerada extinta no Brasil: a angiosperma marinha Halophila baillonis, espécie potencial para alimentação do peixe-boi marinho. O artigo desen-volvido pelas biólogas, com participação do médico veterinário e diretor-presidente da FMA, João Carlos Gomes Borges, foi publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências (www.abc.org.br).

A pesquisa fez parte da atividade de “Mapeamento, caracterização das áreas de forrageio (fanerógamas marinhas e macroalgas) e dos impactos nos locais de alimentação dos peixes-bois marinhos” do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – uma estratégia de con-servação e pesquisa da FMA para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. A bióloga Maria Elisa Pitanga, que era a então coordenadora técnica do Projeto durante a pesquisa, enfatiza a importância da descoberta: “Um estudo publicado recentemente divulgou um quadro de status de conservação das espécies de angiospermas marinhas no mundo, e boa parte das espécies citadas apresentam um grau

de vulnerabilidade devido a ações antrópicas que os ecossistemas vem sofrendo ao longo de décadas. Quando fizemos esta descoberta referente à Halo-phila baillonis na Área de Proteção Ambiental da Bar-ra do Rio Mamanguape, ficamos muito felizes. Para quem trabalha com pesquisa e, no nosso caso, quem estuda os ecossistemas de angiospermas marinhas, foi uma grande descoberta, porque esta espécie era considerada até extinta do litoral brasileiro”.

A bióloga destaca ainda a relevância da região pes-quisada e de estudos como o proposto pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. “A APA da Barra do Rio Mamanguape apresenta características ecológicas que propiciam a existência de inúmeras espécies da

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fauna e da flora, algumas até ameaçadas de extinção, como é o caso das angiospermas marinhas. É im-portante realizar estudos de mapeamento dessa ve-getação ao longo do litoral do Brasil, realizando um monitoramento do desenvolvimento destas plantas e levantando as causas que vem proporcionando a perda de áreas destes ecossistemas, visando contri-buir no direcionamento de esforços para a conser-vação destas espécies, que são umas das principais fontes de alimento para o peixe-boi marinho”, ex-plica Maria Elisa.

A pesquisadora Karine Magalhães há anos estuda as angiospermas marinhas e se mostra otimista com o resultado da pesquisa na APA da Barra do Rio Ma-manguape. “A descoberta desta população irá atrair ainda mais atenção aos ecossistemas aquáticos e a estas plantas que fornecem diversos serviços am-bientais, como é o caso de ser alimento do peixe- boi marinho. Para o meio acadêmico, em especial para os pesquisadores da área, a notícia é excelente já que confirma a existência de mais uma população desta espécie, pois hoje só há 10 ou 11 ao redor do globo. Para o Brasil o fato é muito mais significati-vo, já que se considerava esta espécie como extinta, havia apenas dois registros com mais de 30 anos de plantas soltas, e não populações da espécie. Este fato reforça a necessidade de mais pesquisas na área e, principalmente, servirá para aumentarmos os esfor-

ços de proteção a áreas como a APA da Barra do Rio Mamanguape, já que a mesma abriga uma das pou-cas populações desta espécie rara”, explica Karine.

A coordenadora científica do Projeto Viva o Peixe- Boi Marinho e também diretora vice-presidente da FMA, Jociery Vergara-Parente, ressalta a importância da publicação científica e das parcerias com pesqui-sadores das universidades. “A publicação deste artigo é mais um dos produtos que consagra o pleno de-senvolvimento do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que caracterizou no resgate das ações técnicas da Fundação Mamíferos Aquáticos voltadas à conser-vação dos peixes-bois na APA da Barra do Rio Ma-manguape. A parceria entre a FMA e a pesquisadora Karine Magalhães é de muitos anos e é sempre um prazer tê-la envolvida em nossos projetos com ta-manho empenho. A dedicação e seriedade de toda a equipe envolvida na pesquisa não poderia ter sido melhor coroada, as fanerógamas marinhas são uma importante fonte de alimentação para os peixes-bois e a redescoberta desta espécie em nosso litoral, sem dúvida, é um fato de destaque tanto para nossos ma-míferos aquáticos herbívoros, como uma notícia im-portante para a flora costeira”, afirma Jociery.

FOTOS ACERVO FMA

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ESPECIAL

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO CELEBRA DOIS ANOS DE ATUAÇÃO NO LITORAL PARAIBANO

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Uma estratégia permanente de conservação e pes-quisa da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) para evitar a extinção do peixe-boi marinho no Nordeste do Brasil. Assim pode ser definido o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que, no primeiro semestre de 2015, completou dois anos de atuação no lito-ral paraibano. A ocasião mereceu uma celebração especial, um evento comemorativo que aconteceu no final de junho, na Barra de Mamanguape (PB). Na oportunidade, houve apresentação dos resulta-dos obtidos, roda de conversa, exibição de fotos e vídeos e atrações musicais.

O evento teve início, na Colônia Z-13 Antônio de Brito, com a exibição de fotos e vídeos sobre os tra-balhos executados pela Fundação Mamíferos Aquá-ticos no Nordeste, e, na sequência, com a apresen-tação dos resultados obtidos pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho durante o período de atividades na costa paraibana. No local, estavam presentes re-presentantes da APA da Barra do Rio Mamanguape e da comunidade, que puderam conferir, com mais detalhes, o que a equipe do projeto desempenhou em termos de pesquisa, a exemplo do desenvol-vimento de uma tecnologia nacional inovadora de monitoramento via satélite de peixe-boi marinho, da avaliação da qualidade hídrica do estuário da região e do mapeamento das áreas de alimentação da es-pécie, onde foram encontrados exemplares de uma vegetação considerada rara e até extinta no Brasil.

Na ocasião, os participantes ficaram bastante em-polgados com as novidades sobre o monitoramento via satélite e sobre a descoberta científica na área de alimentação do peixe-boi marinho. “É tanta coi-sa importante acontecendo aqui na Barra e que vai servir para o Brasil todo. Não vejo a hora do equi-

pamento via satélite ser testado com os peixes-bois marinhos aqui”, disse Geraldo de Brito (Sr. Biruca), que há mais de 25 anos trabalha pela conservação da espécie na região. O projeto também trabalhou na disseminação dos resultados das pesquisas no meio científico, produzindo artigos, monografia, te-ses e resumos, além de apoiar e participar de even-tos técnico-científicos em várias cidades dentro e fora do Brasil.

Além dos trabalhos de pesquisa, a equipe FMA também apresentou o que foi realizado nas áreas de educação ambiental – a exemplo das campanhas de sensibilização, eventos eco culturais, capacitação de professores locais e formação de jovens agentes ambientais – e de cidadania e inclusão social, promo-vendo oficinas voltadas para o empreendedorismo e desenvolvimento comunitário, criando, junto com a comunidade, um coletivo de produção na região e um plano de negócios, e prestando apoio à Eco-Ofi-cina Peixe-Boi & Cia na produção de pelúcias alusivas a mamíferos aquáticos.

Após a apresentação dos resultados, uma roda de conversa foi formada, na qual a equipe ficou atenta às impressões e sugestões da comunidade para ati-vidades futuras. “Sei da relevância do projeto aqui para a Barra e para o peixe-boi marinho. Acho que a comunidade precisa aproveitar essa oportunidade, se envolver mais e ter mais consciência dessa impor-tância”, analisou Rejane Lourenço, comerciante lo-cal. Após a roda de conversa, o evento seguiu noite adentro com as atrações musicais DJ Alfaia e Forró de 1 Real, que embalaram a celebração em ritmo ju-nino, com direito a fogueira e “quadrilha peixe-boi” improvisada.

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

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PESQUISA APRESENTA INDICADORES DE VULNERABI-LIDADE DE AVES EM CASOS DE DERRAMAMENTO DE óLEOO biólogo e pesquisador da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), Bruno Jackson Almeida, apre-sentou, no final de julho, a sua tese de doutorado na Universidade Federal de Sergipe, com o título “AVIFAUNA COSTEIRO-MARINHA DO LITORAL DE SERGIPE: HISTÓRICO DE OCORRÊNCIA E INTERAÇÕES COM VAZAMENTOS DE ÓLEO”. O estudo feito pelo biólogo especialista em aves ressalta a importância da consolidação de dados e conhecimentos sobre a avaliação de impactos e inte-rações da avifauna costeiro-marinha, com atividades antropogênicas, em especial com derramamento de óleo. O trabalho tem como objetivo propor e apresentar um Índice de Vulnerabilidade de Aves ao Óleo (IVAO) que possibilite evidenciar característi-cas sobre as espécies de aves de uma determinada localidade, traduzindo esses dados em indicadores de vulnerabilidade.

De acordo com o pesquisador, a proposta busca contribuir com a conservação marinha na medida em que subsidia gestores e planejadores de mapas de sensibilidade com informações que possibilitam um entendimento mais objetivo e prático sobre quais as espécies de aves com maior probabilidade de serem afetadas, o que pode potencializar as efetividades de ações técnicas e científicas na área. Para realizar a pesquisa, o biólogo solicitou dados ao CGPEG/IBA-MA e se baseou em anos de experiência vivenciados durante a realização do Programa Regional de Moni-toramento de Encalhes e Anormalidades (PRMEA) – medida de avaliação de impactos ambientais exigidos pelo licenciamento ambiental federal conduzido pelo IBAMA - que a FMA executa no litoral de Sergipe, Alagoas e Bahia, e em dados analisados pelo Núcleo dos Estudos dos Efeitos Antropogênicos nos Recur-sos Marinhos (NEARM/FMA).

A apresentação da tese de doutorado foi avaliada por uma banca de profissionais, especialistas em di-versas áreas que envolviam aves, manguezal, óleo e ecologia. A bióloga e ornitóloga Roberta Rodrigues, pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba, foi uma das especialistas que analisaram o trabalho. Para Roberta, o estudo realizado por Bruno J. Al-meida é pioneiro no Brasil e tem grande importân-cia para a área científica e conservação marinha bra-sileira. “Existem poucas pessoas trabalhando com aves no país e este foi o primeiro enfoque voltado para os casos de acidentes com óleo. Este trabalho será importante para os planos de ações nacionais para a conservação das aves, tanto as limícolas como as marinhas. Representa um indicador, um auxílio, um norte que permite saber qual o risco que deter-minados grupos de aves sofrem com a pressão de um acidente com óleo e quais medidas e ações a se tomar para proteger as aves nestes casos”, explica a pesquisadora.

A diretora vice-presidente da FMA, Jociery Vergara-Parente, avalia positivamente o estudo: “Dentre os resultados da pesquisa, ficou evidente a importân-cia de se empregar qualidade, experiência e o olhar técnico-científico em projetos de condicionantes am-bientais impostos pelo governo no desenvolvimento de atividades potencialmente poluidoras. A Fundação e a comunidade científica estão de parabéns por mais este doutor que consagra seus muitos anos de pes-quisa em prol da conservação marinha brasileira”. Em breve, a tese ficará disponível para consulta online.

CONSERVAÇÃO MARINHA

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AÇÃO MAR

INSTITUIÇõES E BANHISTAS SE UNEM PARA TENTAR SALVAR FILHOTE DE BALEIA-JUBARTE EM ARACAJUNa tarde do dia 06 de agosto, a equipe do Convênio MAR, firmado entre o Instituto de Tecnologia e Pesquisa e Fundação Mamíferos Aquáticos, que executam o Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anor-malidades – medida de avaliação de impactos ambientais exigida pelo licenciamento ambiental federal, con-duzido pelo IBAMA – foi acionada para resgatar um filhote de baleia-jubarte, na praia da Sarney, em Aracaju.

POR RAQUEL PASSOS

FOTO RAQUEL PASSOS/ACERVO FMA

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O filhote, com aproximadamente 4 m e 1,5 tonela-da, primeiramente foi avistado por banhistas e, mi-nutos depois, pela equipe MAR, que chegou ao local para executar o resgate, orientando os guarda-vidas do Corpo de Bombeiros e curiosos sobre a condu-ta adequada para manter o mamífero aquático bem até o desencalhe, com procedimentos para mantê- lo úmido e protegido do sol. Na ocasião, a equipe fez coleta de material, biometria e planejamento de resgate.

Segundo banhistas, o encalhe aconteceu por volta das 14h e a equipe MAR conseguiu chegar no local em menos de meia hora. O médico veterinário, Fá-bio Amâncio, coordenador de mamíferos aquáticos da FMA, conduziu a ação com apoio dos guarda-vi-das e de alguns populares que se voluntariaram para ajudar no desencalhe do animal. No local, a equipe se consolidou com cerca de 20 pessoas e, após a coleta de material do filhote, uma lona resistente foi acomodada no ventre do animal com o intuito de auxiliar em seu deslocamento de volta ao mar.

“Todos que não eram da equipe do Convênio MAR foram orientados in loco da melhor forma, para que o filhote não sofresse tanto com o desgaste do en-calhe. Com muita união, foi possível retirá-lo da bei-ra da praia e encaminhá-lo ao seu habitat. Como o animal ainda estava desorientado, assim que conse-guimos o feito, não demorou para ele encalhar de volta. Todos monitoravam sua reintrodução na ime-diação e, prontamente, nos deslocamos para pouco mais de 10 m do local inicial. Com mais um pouco de esforço coletivo, conseguimos fazer com que o fi-lhote de baleia-jubarte voltasse ao seu ambiente na-tural”, explica o médico veterinário, Fábio Amâncio.

Mas, mesmo diante de todo esforço empreendido para o pronto atendimento e a reintrodução, no iní-cio da manhã do dia 07 de agosto, a mesma equipe de profissionais encontrou o animal em óbito recen-te na praia do Viral, litoral sul de Aracaju. O médico veterinário explica que por se tratar de um filhote, sabia-se da probabilidade de ele tornar a encalhar a qualquer momento, pois ainda dependia muito da

mãe, aparentava ter um mês de vida. “Caso ainda permanecesse perdido, ele poderia ficar desnutrido, fraco e mais desorientado e, assim, acabaria vindo parar em terra firme quando menos esperásse-mos”, enfatizou Amâncio. Desde que o animal foi reintroduzido, a equipe do Convênio MAR então permaneceu em alerta total. Foi quando na primeira hora de monitoramento de praia do dia seguinte, na maré baixa, os profissionais encontraram o filhote encalhado novamente, e detectaram morte recen-te. A necropsia foi feita pela equipe do Convênio MAR para posterior análise.

A coordenadora técnico científica do ITP e diretora vice-presidente da FMA, Jociery Parente, reconhe-ce e parabeniza todos os esforços destinados pelas equipes do Corpo de Bombeiros e do Convênio MAR e a colaboração dos banhistas na operação. “Tudo que estava ao alcance da equipe profissionali-zada foi realizado com maestria e muita união, o que é mais importante. Esse tipo de acontecimento faz a nossa chama ficar acesa ainda mais para cumprirmos a missão de promover a conservação, com muita de-terminação e mobilização coletiva”.

A Fundação Mamíferos Aquáticos alerta que em ca-sos de encalhe de baleia ou de qualquer mamífero aquático, vivo ou morto, o primeiro procedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região. Se o animal estiver vivo, quem o encontrou também pode ajudar seguindo as seguintes orientações:

1. Se o mamífero estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra;2. Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água;3. Evite aglomeração em volta do animal.

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LANÇADO PROJETO DE LEI QUE INSTITUI A POLÍTICA DA PESCA ARTESANAL EM PERNAMBUCO

POLÍTICAS PÚBLICAS

O Dia do Meio Ambiente, 05 de junho, foi também a data escolhida para o evento de assinatura do Projeto de Lei que institui a Política da Pesca Artesanal no Estado de Pernambuco. O Projeto foi fruto de um traba-lho de quatro anos junto a um processo de articulação, facilitado pela Fundação Mamíferos Aquáticos, entre pescadores artesanais de Pernambuco, colônias e associações de pesca da região, Secretarias do Governo do

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Estado e o Complexo Industrial Portuário SUAPE. A proposta é promover o fomento, a organização e valorização da pesca artesanal, alcançando, de for-ma sustentável, o desenvolvimento socioeconômico, cultural e profissional dos que exercem a atividade, das comunidades tradicionais, bem como, a conser-vação e a recuperação dos ecossistemas aquáticos.

Para a consultora Denise Castro, que atuou durante todo o processo de articulação, o Projeto de Lei é uma referência para o movimento pesqueiro, para a luta de todas as pessoas que batalham pela valori-zação e reconhecimento da sua cultura. “Este é um passo importante de muitos ainda que têm que ser dados, mas um passo muito importante para a histó-ria. Pernambuco se destaca neste processo. Foram quatro anos de muito trabalho, muita dedicação, reflexão, reconhecimento dos momentos, de muita escuta, muito diálogo, de aprendizado de todas as partes, onde a gente priorizou o valor do indivíduo

neste processo, do papel que este indivíduo tem de assumir a sua atuação, os seus compromissos e colo-car a sua voz no lugar que tem que ser ouvido para construir junto com os outros”, destacou Denise.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmera, afir-mou, durante a cerimônia de assinatura, que a pesca artesanal merece uma atenção especial. “A gente tem que olhar para estas pessoas, olhar para esta atividade econômica e dar as condições para ela se desenvolver de maneira sustentável durante todo o ano, todo o tempo e para todas as gerações. Vamos ter uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa, sem dúvida nenhuma, uma lei discutida com a socie-dade, que ainda este semestre vai nos dar condição de andarmos muito mais rápido e com mais segu-rança e fazer com que a pesca artesanal do nosso Estado seja um exemplo de práticas sustentáveis, de emprego, de renda e de proteção ao meio ambien-te”, enfatizou o governador.

O evento aconteceu no Palácio do Campo das Prin-cesas e contou com a participação de pescadores, pescadoras e representantes de colônias, movimen-tos e associações de pesca atuantes no Estado, bem como do governador de Pernambuco, Paulo Câma-ra, do secretário de Meio Ambiente e Sustentabili-dade, Sérgio Xavier, de representantes da Fundação Mamíferos Aquáticos e de diversos órgãos do Go-verno do Estado. O Projeto ainda terá que passar pela aprovação da Assembleia Legislativa.

1. Na cerimônia, os consultores Alexandre Mer-rem e Dalva Correia, o secretário executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Carlos André Cavalcanti, a consultora Denise Castro e as téc-nicas de Inclusão Social da FMA Maíra Braga e Daniela Araújo.

2. O governador Paulo Câmara no momento da assinatura do projeto de lei.

FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

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SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

INSTITUTO MAMIRAUÁ GANHA PRêMIO NACIONAL DA BIODIVERSIDADEPOR TRABALHO DE CONSERVAÇÃO AOPEIXE-BOI AMAzôNICOPOR RAQUEL PASSOS

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O Dia Internacional da Biodiversidade, 22 de maio, foi a ocasião escolhida pelo Ministério do Meio Am-biente (MMA) para entregar o Prêmio Nacional da Biodiversidade (PNB). Esta foi a primeira edição do evento, que contou com a inscrição de 888 proje-tos de todo o Brasil, dos quais foram selecionados 18 finalistas para concorrer em sete categorias. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mami-rauá (IDSM), parceiro institucional da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), venceu o Prêmio nas categorias Academia e Júri Popular (formado por 63 mil pessoas), com a iniciativa “Conservação do peixe-boi amazônico”, desenvolvida pela organiza-ção social, supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O IDSM atua na conservação do peixe-boi Amazôni-co desde 1993, antes mesmo de sua fundação, quan-do as ações eram desenvolvidas por meio da Socie-dade Civil Mamirauá. A proposta de conservação, desenvolvida pelo Instituto, tem o objetivo de gerar dados biológicos e populacionais da espécie, sensi-bilizar as comunidades ribeirinhas e reabilitar pei-xes-boi órfãos, devolvendo-os à natureza no menor tempo possível. A pesquisadora Miriam Marmontel, coordenadora do projeto de preservação do peixe-boi amazônico do IDSM, recebeu as premiações e afirmou estar honrada em coordenar profissionais e pesquisadores multidisciplinares engajados.

“Obviamente, alcançar o que se alcançou nesses pouco mais de 20 anos, não pode ser feito por uma só pessoa. Centenas de colaboradores auxiliaram nesta iniciativa, incluindo estudantes de vários níveis, profissionais de diversas áreas, apoiadores inter-nos e externos, e as populações locais. Meu cola-borador de mais longo prazo, Antônio Peixe-boi, é morador da Reserva Mamirauá, e foi assistente do Márcio Ayres antes de se encantar com o peixe-boi quando começamos a trabalhar juntos em 1993. Como ele, muitas outras pessoas foram tocadas por essa espécie tão especial, e passaram a ter tamanha

apreciação. Saber que conseguimos transitar entre o mundo tradicional e o mundo científico, e sensibi-lizar ambos em prol da conservação das espécies, é outro motivo de orgulho”, avalia Marmontel.

Para a diretora vice-presidente da FMA, Jociery Einhardt Vergara-Parente, o momento é de ale-gria diante do merecido reconhecimento. “A FMA se sente muito feliz por esta conquista. O IDSM é uma instituição de pesquisa com referência interna-cional no manejo e conservação da biodiversidade da Amazônia, e ainda é nossa parceira há tantos anos por meio do Grupo de Pesquisa de Mamífe-ros Aquáticos Amazônicos (GPMAA), liderado pela Dra. Miriam; o qual também sou membro desde 2005, quando tive o prazer de tê-la como minha orientadora do doutorado”, avalia Vergara-Parente.

Para a bióloga Danielle Lima, pesquisadora associada da FMA e membro do grupo de pesquisa Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) do Instituto Ma-mirauá, os esforços dedicados ao Prêmio Nacional da Biodiversidade são provenientes de uma extensa equipe engajada e motivada por sua líder com vasto e apurado conhecimento na área: “Não há como fa-lar de mamíferos aquáticos amazônicos, em especial o peixe-boi, sem mencionar a Dra. Miriam Marmon-tel. Dos seus quase 40 anos dedicados à conservação das espécies deste grupo, Miriam têm vivenciado os últimos 24 anos na Amazônia Central brasileira. É uma vida de entrega aos mamíferos aquáticos e ao universo desafiador que é a Amazônia! Se por um lado o Prêmio Nacional de Biodiversidade reflete o mérito de uma Instituição, por outro é um mereci-do reconhecimento ao esforço pessoal da Miriam à conservação do peixe-boi amazônico. Acredito que Miriam seja movida por estes elementos e, por onde passa, deixa isto transparecer. De certa forma, somos contagiados por isto e motivados a contribuir nesta jornada. Queremos fazer parte desta dedicação”.

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FMA e IDSMAtualmente, a FMA conta com as orientações téc-nicas da pesquisadora Miriam Marmontel no quesito mamíferos aquáticos e no Conselho Deliberativo da FMA. “Poder compartilhar de seu conhecimento, vi-venciando as práticas desenvolvidas em prol da con-servação dos peixes-bois é algo indescritível, uma grande oportunidade de ver uma profissional ética, virtuosa e de grande coragem, que coloca sempre a sua luta pela conservação da biodiversidade em pri-meiro lugar, até mesmo em condições na maioria das vezes desfavoráveis”, explica a diretora vice-pre-sidente da FMA, Jociery Einhardt Vergara-Parente.

“Esta é uma relação muito profunda, e também de longo prazo. Compartilhamos pesquisas, trabalhos e emoções. Essa ligação, especialmente com João [di-retor presidente da FMA] e Jô [ Jociery], existe há quase tanto tempo quanto estou envolvida com os mamíferos aquáticos, o que já se aproxima das duas décadas. Interagimos alternadamente como apren-dizes e instrutores, intercambiando essas capacida-des, e envolvendo e contando com a participação de membros de nossas equipes. A interação tem rendi-do ricas discussões, relevantes publicações e fortes inserções no âmbito da conservação de mamíferos aquáticos no país, especialmente dos peixes-boi, amazônico e marinho. Além disso, a relação com a FMA me permite colocar umas pitadinhas de sal no trabalho feito dentro do rio-mar Amazonas com os mamíferos dulciaquícolas”, complementa a pesquisa-dora Miriam Marmontel.

“Há 14 anos, a FMA me inseriu no universo da con-servação dos mamíferos aquáticos, durante a minha graduação em Ciências Biológicas. Foi pelo exemplo de pessoas desta instituição que aprendi a caminhar de forma reta e destemida em prol dos mamíferos aquáticos, sem ultrapassar os limites éticos. Ao con-cluir a graduação, fui incentivada pela equipe da FMA a trilhar novos horizontes. O convite feito pela Dra. Miriam Marmontel para integrar o Grupo de Pesqui-sas em Mamíferos Aquáticos do Instituto Mamirauá foi imensamente celebrado pelos membros da FMA. Este incentivo confirmou meu sentimento de que aquele era o melhor caminho para meu crescimento profissional. Mesmo seguindo adiante, não conseguia cortar meus laços com a FMA. Então, passei a ten-tar conciliar as atividades de pesquisa envolvendo as duas instituições, que se mesclam dentro de mim e o envolvimento flui harmonicamente, a partir do res-peito e admiração a ambas”, comenta Danielle Lima.

Para saber mais sobre o Instituto Mamirauá, acesse: www.mamiraua.org.br.

As pesquisadoras Danielle Lima e Miriam Marmotel, do IDSM, na cerimônia de premiação.

FOTOS ACERVO IDSM

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ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Desta vez, a ilustração foi feita por Aline, estudante paraibana de 12 anos, durante uma visita do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho à Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Nilo Peçanha, em Cravaçu, na APA da Barra do Rio Mamanguape. No desenho, Aline alerta para um dos impactos antropogênicos que mais ameaçam a saúde e a vida do peixe-boi marinho: os acidentes provocados por hélices de embarcações motorizadas, que podem ferir, mutilar e até matar os animais. A estudante também chama atenção para o vazamento de combustível na água, que pode poluir o ambiente e afetar a saúde de diversos seres marinhos.

Alerta Peixe-BoiPor Aline, 12 anos

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POR ELISMARA OLIVEIRA Analista ambiental e médica veterinária do PVPBM

DIÁRIO DE BORDO

Meu primeiro contato com o peixe-boi marinho foi em dezembro de 2009, eu tinha acabado de sair do ensino médio e estava viajando com a família para aproveitar as últimas férias antes das aulas da facul-dade. Numa praia do litoral sergipano, vi uma aglo-meração de pessoas e um pescador local informou que era um peixe-boi que vivia na região. Naquela ocasião, nem imaginava que um dia ia amar tanto esses animais, que trabalharia com eles, ou melhor, para eles, para a conservação da espécie.

O peixe-boi marinho é um animal super dócil, eu não sei como alguém consegue fazer mal a um ani-mal desse. Para mim, o peixe-boi marinho represen-ta ou significa esperança, esperança de que é possí-vel recuperar, salvar uma espécie, seja ela qual for, se houver pessoas interessadas em ajudar. Vejo que os trabalhos de conservação realizados pela Fundação

Mamíferos Aquáticos (FMA) e por outras institui-ções do norte e nordeste brasileiro vêm tendo bons resultados, claro que ainda são poucos, mas o fato de estar tendo uma boa resposta já impulsiona no-vas medidas e ações para aumentar esse resultado da conservação. Eu fui convidada a ocupar a vaga de analista ambien-tal e médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho em 2015. Antes disso, eu estagiava na uni-dade da Fundação Mamíferos Aquáticos, em Sergi-pe, com a equipe do PRMEA (Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades), estágio esse que durou um ano e meio, onde pude aprender lições para minha vida profissional e pes-soal. Antes mesmo de chegar à Barra de Maman-guape, eu já ouvia histórias sobre o lugar e de seus moradores. Na viagem do Recife para a Barra, enchi

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os meninos locais (Sé, Genilson e Véi) de perguntas sobre como era a Barra, que animais eu ia encon-trar, se lá era legal, o que tinha para fazer... Depois de algumas respostas e mais tantas perguntas, eles desistiram e disseram para eu esperar e ver. A an-siedade só aumentava a cada quilômetro. Eles foram me explicando um pouco sobre cada comunidade do caminho. E, finalmente, chegamos à Barra!!! Ver os coqueiros do caminho, os animais, as crianças, me deixaram num estado de paz. Porém, como havia chegado no turno da noite, precisei esperar até o outro dia para continuar a explorar a beleza e magia do lugar.

A Barra me parece um lugar tranquilo e bom de morar, onde há boas pessoas, em sua maior parte sempre dispostas a ajudar. A Barra tem um significa-do para mim de início, foi onde nasceu a FMA. Foi onde nasceu a família a qual pertenço agora, a família FMA. Se não tivesse esse ponto de partida, jamais existiria uma sala da FMA na faculdade onde me for-mei, jamais teria feito estágio e aprendido tanto, e não estaria aqui no PVPBM hoje. E além de significar o início da FMA, significa o início da minha carreira profissional, o que representa um grande desafio para mim. Aqui estou dando meus primeiros passos de muitos. Não haveria lugar melhor para este início. A escolha de trabalhar longe de casa, realmente não foi fácil. Mas foi extremamente necessário para meu crescimento tanto pessoal quanto profissional. Com a ajuda da tecnologia, ficar “longe” acaba sendo “perto”, o que facilita o dia a dia. É lógico, não tem como negar que a saudade existe, mas uma ligação, uma mensagem, um e-mail ou um sinal de fumaça amenizam esse sentimento. Para mim, representa tomar decisões que trazem um certo sacrifício (de estar longe de casa, da família e amigos) por um bem maior, que é a conservação do peixe-boi marinho e da fauna marinha em geral. No PVPBM, executo as atividades de resgate e necropsia de mamíferos aquáticos. Faço saídas de barco para realizar coleta de fezes para posterior análise de hormônios. Também faço atividades de educação ambiental em escolas e eventos, e partici-po das campanhas para divulgação do programa de encalhe do PVPBM, além de executar as atividades burocráticas de escritório. Vejo o trabalho como

uma infinita troca de conhecimento, tanto tenho coisas para ensinar quanto para aprender, aprendo com todos da comunidade, aqueles que estão tra-balhando diretamente comigo, até aqueles que são moradores da comunidade, desde crianças a adultos e idosos. Minha jornada diária acontece das 8h às 17h. Cada mês, fazemos um planejamento das ati-vidades: às vezes, saímos para fazer campanha em alguma praia; às vezes, saímos com o barco para auxiliar os monitores da APA no monitoramento; outras, ficamos para resolver questões no escritó-rio. Reservo, no mínimo, um turno por semana para estudo e atualização de conhecimento. Trabalho de acordo com as necessidades, sejam elas quais forem. É incrível poder contribuir - de qualquer forma que seja - para a conservação desse animal, imaginar um futuro com a espécie fora de ameaça, com uma po-pulação que entenda a importância da conservação. Imaginar um futuro desse, e saber que ajudei na construção dele, é simplesmente incrível e gratifi-cante. Fico muito feliz em poder fazer parte de tudo isso, trabalhar com pessoas maravilhosas (como Sé, Genilson, Elisa, a equipe de Recife, os monitores e funcionários da APA) e em estar podendo conviver diariamente com essa comunidade tão especial.

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O GEOPROCES-SAMENTO EMPROJETOSAMBIENTAISPOR GABRIELA VALENZUELA Graduada em Geografia, atua na Fundação Mamíferos Aquáticos, auxiliando pesqui-sas por meio do geoprocessamento.

COLUNA CIENTÍFICA

A disseminação do uso de geotecnologias nas mais diversas áreas do conhecimento possibilitou um avanço significativo no desenvolvimento de pesqui-sas, aprimorando as etapas de aquisição, análise e representação de elementos espaciais. Por este mo-tivo, atualmente o geoprocessamento e os SIGs (Sis-temas de Informações Geográficas) estão presentes em grandes parcelas dos trabalhos produzidos nos meios acadêmico e científico e nos setores público e privado, atuando como uma expressiva ferramenta de auxílio em ações de planejamento, gestão, mane-jo e tantas outras aplicações.

Uma das características básicas do geoprocessamen-to é a interdisciplinaridade, pois se trata de um tra-balho participativo, constituído por uma equipe mul-tidisciplinar, com um objetivo em comum: analisar todos os componentes referentes ao tema estudado e as relações entre eles. Tal característica permite que a relação entre o homem e o meio possa ser vislumbrada num sentido mais dinâmico, envolvendo questões ambientais, econômicas, políticas, sociais e culturais. Para tanto, é importante salientar a impor-tância de profissionais qualificados e atualizados na área das geotecnologias para que possam conduzir a equipe a um resultado satisfatório.

Nos estudos voltados ao meio ambiente, ações de planejamento, gestão e monitoramento devem in-cluir a análise integrada dos componentes do siste-ma natural – geologia, hidrografia, vegetação, etc. O geoprocessamento é aplicado de forma que se possa obter uma leitura mais abrangente dos impac-tos ocasionados por cada elemento, levando a um direcionamento no processo de tomada de decisão. Pode-se tomar como exemplo, a ocupação do terri-tório, onde esta deve ser precedida de uma análise de seus reflexos no sistema local a curto, médio e longo prazo, sempre relacionando as questões am-bientais com as questões sociais.

Gilberto Câmara e José Medeiros, na obra “Geo-processamento para projetos ambientais”, aponta quatro grandes grupos de aplicações do uso das geotecnologias, sendo elas: Mapeamento Temático, que propõe a caracterização e compreensão da or-ganização do espaço; Diagnóstico Ambiental, que estabelece estudos específicos sobre determinadas regiões de interesse em ocupação e preservação; Avaliação de Impactos Ambientais, que visam o mo-nitoramento dos efeitos causados pela intervenção humana sobre o ambiente e o Ordenamento Ter-ritorial, que objetiva normatizar o espaço, buscando a racionalização dos recursos, com o intuito de rea-lizar um processo de desenvolvimento sustentado.

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Em síntese, o geoprocessamento se mostra um instrumento versátil, podendo ser empregado em várias áreas de saberes, que se relacionam na estru-turação e análise de produtos que serão usufruídos, não por si só, mas dentro de contextos. O geopro-cessamento pode proporcionar às pessoas uma percepção que englobe e relacione o mundo como um todo, sendo utilizado de forma ética, visando a coerência entre as ações humanas e respeitando o meio ambiente.

Referência:DE MEDEIROS, José Simeão; CÂMARA, Gilberto. Geoprocessamento para projetos ambientais. 2001. Disponível em: http://mtc-m12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/sergio/2004/04.19.15.08/doc/cap10-aplica-coesambientais.pdf

Abaixo, um exemplo de aplicação do geoprocessamento em projetos ambientais. Na descrição do mapa, as principais ações antropogênicas com potencial gerador de impacto nas áreas de ocorrência das angiosper-mas marinhas na região estuarina da Barra do Rio Mamanguape (PB).

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A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação do peixe-boi marinho e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado pelo biólogo Thiago Reis, especialista, mestre e doutor em Oceanografia e pesquisador de pós-doutorado do Museu de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, com a colaboração de pesquisadores da FMA e da UFPE.

Autores: Thiago N. V. Reis¹, Edson Regis Tavares Pessoa Pinho de Vasconcelos¹, Juliane Bernardi¹, Fernanda Vas-concelos¹, Maria Elisa Pitanga², João C. Borges², Maria Danise de Oliveira Alves¹, Iana Tavares Favero¹, Simone Cunha Rabelo¹1.1. Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Rua da Arquitetura, s/n, Cidade Universitária, 50670-901 Recife, PE, Brasil.2. Fundação Mamíferos Aquáticos/Projeto Viva o Peixe-boi Marinho, Avenida Dezessete de Agosto, 2001, Casa Forte, CEP: 52061-540, Recife-PE.

PESQUISA

RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE MACRO-ALGAS EM RECIFES DE ARENITOSUJEITOS A INFLUÊNCIA DO RIOMAMANGUAPE, NORDESTE DO BRASIL

Este resumo científico foi apresentado no México, no X Congreso de Ficología de Latinoamérica y El Caribe/ VIII Reunión Iberoamericana de Ficología.

INTRODUÇÃOO presente estudo tem como objetivo realizar o mapeamento da cobertura de macroalgas na Barra do Rio Ma-manguape, nordeste do Brasil, região inserida na Área de Proteção Ambien-tal (APA) da Barra do Rio Maman-guape, local de grande importância para reprodução, descanso e forrageio do peixe-boi marinho (Trichechus ma-natus manatus).

Localização dos pontos de amostra-gem nos recifes de arenito na APA da Barra do Rio Mamanguape.

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METODOLOGIAAs coletas de macroalgas foram realizadas em outu-bro de 2013, em três pontos sobre os recifes de are-nito distribuídos de acordo com a Beachrock: Ponto Sul e Norte– subdivididos em três estratos amostrais (Estrato A, B e C) e Ponto Central – com um único estrato. Em cada área foram coletadas de 10 a 15 amostras, de acordo com as características ecológi-cas (densidade populacional, tamanho e o modo de dispersão dos indivíduos na comunidade), totalizan-do 85 amostras ao todo. As amostras foram triadas e identificadas a partir de literatura especializada e, posteriormente, levadas a estufa (60º) para a deter-minação da biomassa em g ps m². Foram aplicados testes de variância e de similaridade (ANOSIN) para avaliar se existem diferenças entre a composição flo-rística nos diferentes pontos estudados, levando em consideração o fator Ponto de Coleta (Sul, Central e Norte) a partir de uma matriz de similaridade (Índice de Sorensen). Os testes estatísticos foram realizados no programa PRIMER 6.1.12.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA riqueza de espécies encontrada nas três áre-as amostradas apresentou diferenças significativas na variação global dos dados (R=0.37; p=0.002) e entre os Pontos Sul e os demais, obtendo valor de R>0.4 (p=0.002) e p<0.05 (p=0.002), e não sen-do verificada diferença significativa entre os Pontos Norte e Central. Os valores de biomassa média de macroalgas encontrados para os Pontos foram de 221.5±105.6 g ps m², 172.6±40.8 g ps m² e 124.7±65.4 g ps m² nos Pontos Sul Central e Norte, respectivamente. As variações observadas são evi-denciadas pela menor biomassa no Ponto Norte, devido talvez à maior proximidade da desemboca-dura do rio Mamanguape neste ponto, acarretando em uma maior quantidade de material em suspen-são, o que influencia no desenvolvimento das ma-croalgas.

MDS formado a partir da similaridade das amostras.

Riqueza de Macroalgas encontrada nos recifes de arenito sujeitos a influência do Rio Mamanguape.

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Coleta de macroalgas na região do recife de arenito na Barra de Mamanguape.

Cluster mostrando o agrupamento das amostras provenientes dos Pontos Sul, Central e Norte.

AGRADECIMENTOSEste trabalho foi resultado dos esforços do Pro-jeto Viva o Peixe-Boi Marinho, executado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e, na época de sua realização, patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental.

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FOTO REFLEXÃO

Os golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) podem ser encon-trados no Brasil, tanto em águas rasas como em águas profundas. São cosmopolitas, podendo ser avistados em todos os oceanos. Ocupam diferentes habitats, desde regiões costeiras, lagoas, estuários e mares internos até águas pelágicas e ilhas oceânicas. Alimentam-se de peixes, lulas e crustáceos.

Eles chegam a medir 4 metros de comprimento e a pesar 200kg. Vi-vem aproximadamente 30 a 40 anos. Possuem rostro curto e largo, cor cinza escuro no dorso e cinza claro no ventre. Andam em grupos, com uma média de 10 animais, podendo se observar até mais de 100 animais em alto mar. Costumam acompanhar barcos em movimento, surfando junto à proa de navios. Em alguns países, estes animais uti-lizam esponjas marinhas para procurar ou desenterrar alimento no fundo do mar. É uma espécie muito inteligente, ativa e brincalhona.

Como todos os mamíferos, a reprodução se dá por fecundação inter-na, com cortejo antes da cópula. O período de gestação é de 1 ano, com a amamentação que pode durar um ano ou mais. O filhote pode nascer medindo entre 0,9 a 1,2 metros. O intervalo entre crias varia de 1 a 3 anos em média. Apesar de esta espécie não estar ameaçada de extinção, ela sofre com os impactos ambientais provocados pelo homem, como o lixo, a poluição, pesca acidental, entre outros.

FOTO LUCIANA GARRIDO/CENPES/ACERVO FMA

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FMA 25 ANOS

CONVêNIO MAR LEVA CONCEITO DE DIAGNóSTICO AMBIENTAL à FEIRA BRASIL OFFSHORE 2015

O Convênio MAR, firmado entre a Fundação Mamí-feros Aquáticos (FMA) e o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), foi até Macaé (RJ) para participar do Brasil Offshore – Feira e Conferência da Indústria de Petróleo e Gás, realizada entre os dias 22 e 16 de junho. Considerado o 3º maior do mundo, o evento se tornou uma possibilidade de evidenciar que há condição de organizações e instituições de pesquisa que primem pela qualidade de produção de proje-tos e produtos científicos voltados para a conserva-ção ambiental participarem da cadeia de mercado.Com atividades de diagnóstico ambiental, o Convê-nio MAR divulgou suas especialidades de monitora-

mento ambiental, como resgate, reabilitação e sol-tura de fauna marinha, monitoramento e censo de fauna marinha, observação de bordo em unidades offshore, manejo e dinâmica populacional; e monito-ramento aéreo. Na oportunidade, o MAR também apresentou o seu know-how em ações complemen-tares e de pesquisa com ações em bioincrustração, monitoramento por rádio e satélite traking, plano de proteção à fauna (PPAF), diagnóstico de fauna e flo-ra costeira, projetos de pesquisa e desenvolvimento com suporte de instituições renomadas: ANP, BID, Finep, CNPq, FUNBIO/MMA, CENPES/Petrobras e outras empresas.

POR RAQUEL PASSOS

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O Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e a Fun-dação Mamíferos Aquáticos (FMA), via MAR, lide-ram o segmento de monitoramento ambiental, propondo um formato diferenciado às empresas, prestadores de serviços e visitantes que participam da Brasil Offshore 2015. Para a coordenadora téc-nico científica do ITP e diretora vice-presidente da FMA, Jociery Einhardt Vergara-Parente, apresentar o Convênio MAR para esse público foi também uma forma de ampliar as oportunidades de atuação so-cioambiental.

“Temos recebido muitos pedidos mesmo sabendo que, nos tempos atuais, o mercado permanece tí-mido na área de petróleo e gás. Em campo, nosso objetivo é identificar falhas e propor medidas mitiga-tórias. Percebemos ainda que estar com o Convênio MAR na feira Brasil Offshore foi uma das maneiras de evidenciar a qualidade técnica e científica que organizações ambientais e instituições de pesquisa possuem, coloca Jociery Einhardt Vergara-Parente.O diretor presidente do ITP, Leonardo Teixeira, acredita que a inserção no mercado é necessária para ampliar a rede de atendimento e consolidar experiências para projetos futuros. “Estamos nos posicionando na cadeia produtiva de óleo e gás, nas atividades offshore, e apesar de termos sido o único stand do segmento de atividades socioambientais na feira Brasil Offshore, recebemos a visita de diversas empresas que trabalham na área, ou que necessitam

em algum momento executar trabalhos de condi-cionantes ambientais nesta cadeia produtiva, e todas se colocaram surpresas em como o Convênio MAR tem suas ações consolidadas na busca de soluções inovadoras”, coloca Leonardo Teixeira.

Convênio MARO Convênio foi criado em janeiro de 2014 entre o ITP e FMA, prospectando seus valores e ideais em prol do desenvolvimento tecnológico aliado à conservação do meio ambiente no Brasil. A maior intenção é colaborar cada vez mais com soluções inovadoras, que sejam de interesse comum e impul-sionem a sustentabilidade pelo mundo.

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FOTOS RAQUEL PASSOS/ACERVO FMA

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ÚLTIMAS

Nesta seção, você confere as últimas notícias sobre as ações e atividades da Fundação Mamíferos Aquá-ticos no Brasil e no mundo.

De 02 a 04 de setembro, a Universidade Estadual do Maranhão sediou o VII ENGEAS - Encontro Nor-destino dos Grupos de Estudos dos Animais Selvagens. Minicursos, palestras, conferências e apresentações de experiências e trabalhos científicos fizeram parte da programação do evento, que reuniu estudantes, professores, pesquisadores e profissionais das áreas de Medicina Veterinária, Zootecnia, Biologia e Enge-nharia Agrônoma. Na ocasião do VII ENGEAS, também aconteceu o II Simpósio de Animais Silvestres do Maranhão. O médico veterinário e diretor presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos, João Carlos Go-mes Borges, participou do encontro, no dia 03 de setembro, ministrando a palestra “Encalhe de Mamíferos Aquáticos: O que é? O que posso fazer?”.

A Fundação Mamíferos Aquáticos foi contemplada com uma gama de filmes do Circuito Tela Verde para promover sessões gratuitas de cinema nas comunidades da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (PB), local onde atua com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Este é o segundo ano que a FMA é exibidora oficial do Circuito Tela Verde, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente junto ao Ministério da Cultura, por intermédio da Secretaria do Audiovisual, que promove regularmente a Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente. Para esta sexta edição da Mostra, foram selecionados 21 vídeos que abordam temáticas variadas como resíduos sólidos, Unidades de Conservação, agricultura familiar, água e energia, comunidades tradicionais, entre outros. Na APA da Barra do Rio Mamanguape, quem sempre dá as boas-vindas ao circuito é a equipe do Cine Peixe-Boi, formada por jovens ambientais da região que, com o apoio do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, desde 2013, leva a temática socioambiental, por meio da cultura audiovisual, às comunidades existentes na região. Além dos 21 vídeos selecionados, o circuito também enviou 34 curtas de animação sobre resíduos sólidos produzidos por meio do “Edital curta animação 2013: Resíduos Sólidos em um minuto”.

O Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom publicou, em agosto, um artigo pro-duzido por pesquisadores brasileiros sobre uma nova estimativa populacional de peixes-bois marinhos no Nordeste do Brasil. Por meio de um trabalho de censo aéreo, realizado em 2010, os pesquisadores regis-traram no litoral nordestino (de Alagoas até o Piauí) aproximadamente 1000 exemplares da espécie, que ainda é considerada criticamente ameaçada de extinção no Brasil. A pesquisa foi realizada pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade Federal do Rio Grande. Para ter acesso à publicação, acesse: journals.cambridge.org. O título do artigo em inglês é “First abundance estimate of the Antillean manatee (Trichechus manatus manatus) in Brazil by aerial survey”.

CIRCUITO TELA VERDE E CINE PEIXE-BOI

JOURNAL OF THE MARINE BIOLOGICAL ASSOCIATION PUBLICA ARTIGO SOBRE ESTIMATIVA POPULACIONAL DO PEIXE-BOI MARINHO NO BRASIL

FMA PARTICIPA DO II ENGEAS, NO MARANHÃO

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“Ornitologia e Conservação - Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento” foi escrito por diversos especialistas do país. Com dezenas de ilustrações coloridas, aborda ao longo dos seus 24 capí-tulos as mais diversas áreas de pesquisa com aves, abrangendo temas como inventário de espécies, anilhamento de aves, coleta de espé-cimes, avaliação de impacto ambiental, controle de aves em aero-portos, restauração de áreas degradadas, parasitologia, toxicologia, genética, frugivoria, entre outros.

Esta obra apresenta exemplos do uso do geoprocessamento na produção de conhecimento de suporte para a conservação do meio ambiente. Além das questões técnicas, os autores oferecem sugestões para solucionar problemas práticos - análise de fragmentação de paisagem, gestão de biodiversidade, per-cepção ambiental, melhoria de qualidade da atividade pecuária, mapeamento e análise geomorfológica de áreas urbanas, definição de áreas para instalação de usinas termelétricas, segurança, qualidade de vida e distribuição espacial da criminalidade.Organizadores: Jorge Xavier da Silva e Ricardo Tavares Zaidan

ORNITOLOGIA E CONSERVAÇÃO - CIÊNCIA APLICADA, TÉCNICAS DE PESQUISA ELEVANTAMENTO

GEOPROCESSAMENTO & MEIO AMBIENTE

XV CONGRESSO BRASILEIRO DEFISIOLOGIA VEGETALData: 28 de setembro a 02 de outubroLocal: Foz do Iguaçu (PR)www.iguassu.com.br/?post_type=eventos&p=4725

INTERNATIONAL CONFERENCE ON EDUCATION FOR SUSTAINABLEDEVELOPMENT Data: 06 e 07 de outubroLocal: Ebonyi, Nigériawww.icesd2015.org

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2015 nas áreas de Medicina Veteriná-ria, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins.

66º CONGRESSO NACIONAL DEBOTÂNICAData: 25 a 30 de outubroLocal: Santos (SP)www.66cnbotanica.com.br

GPS

INDICAÇÕES

EVENTOS

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse:www.vivaopeixeboimarinho.org

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS

Av. 17 de Agosto - 2001/1º andarCasa Forte - Recife - PE

+55 (81) 3304 1443 | [email protected]

Realização: