revista a bordo - projeto viva o peixe-boi marinho - 9ª edição

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A BORDO REVISTA Fundação Mamíferos Aquáticos PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO Barra de Mamanguape atrai grupos interessados em experiências de campo e vivências ecológicas FMA inaugura biblioteca comunitária no litoral norte da Bahia Parasitas encontrados em mamíferos aquáticos no Brasil é tema de pesquisa científica EDIÇÃO 9 JAN/2016 FOTO ENRICO MARCOVALDI / ACERVO FMA INSTITUIÇÕES DISCUTEM AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS SIRÊNIOS NO BRASIL

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Periódico de comunicação e pesquisa sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, uma estratégia da Fundação Mamíferos Aquáticos em prol da conservação da espécie no Nordeste do Brasil.

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ABORDOR E V I S T A

Fundação Mamíferos Aquáticos

P R O J E T O V I V A O P E I X E - B O I M A R I N H O

Barra de Mamanguape atrai grupos interessados em experiências de campo e vivências ecológicas

FMA inaugura biblioteca comunitária no litoral norte da Bahia

Parasitas encontrados em mamíferos aquáticos no Brasil é tema de pesquisa científica

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Há 26 anos promovendo a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental.

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EQUIPE PROJETO VIVA O PEIXE-BOIMARINHOCoordenaçãoJoão Carlos Gomes Borges (Coordenador executivo do Projeto/Diretor-presidente da FMA)[email protected] Vergara-Parente (Coordenadora científica e Diretora vice-presidente da FMA)[email protected]

REVISTA A BORDOJornalista responsável Karlilian MagalhãesDesign gráfico Giovanna MonteiroRevisão técnica João Carlos Gomes Borgese Maria Elisa Pitanga

TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Jornalismo Raquel PassosColuna Científica Ricardo Araújo e Jociery Vergara-ParenteDiário de Bordo Fernanda Meneses Rodrigues Resumo Científico João Carlos Gomes BorgesGPS Elismara Oliveira e Maria Elisa Pitanga

CAPAEducação Ambiental para a conservação de sirênios é tema de workshop em Pernambuco

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CONSERVAÇÃO MARINHAFMA divulga dados gerais obtidos durante as ações do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias 2015

GPS

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12SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTALBarra de Mamanguape atrai grupos interessados em experiências de campo e vivências ecológicas

Pesquisadora associadaFernanda Meneses Rodrigues (Médica veterinária)[email protected] de CampoGenilson GeraldoEducação Ambiental/ Inclusão Social/Oficina Peixe-Boi & CiaDaniela Araújo (Técnica de Inclusão Social)[email protected]íra Braga (Assessora técnica)[email protected] de ComunicaçãoKarlilian Magalhães (Jornalista)[email protected]ção FinanceiraMárcia Bernardo (Diretora Administrativa e Financeira da FMA)[email protected]ão Silva (Graduando em Ecologia)

22COLUNA CIENTÍFICAA FMA e o gerenciamento de projetos

19ILUSTRAÇÃO

10ESPECIALInstituições e ONGs monitoram água do rio Capibaribe

20DIÁRIO DE BORDOPor Fernanda Meneses Rodrigues

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PESQUISACryptosporidium spp. (Tyzzer, 1907), Giardia sp. (Leeuwenhoek, 1681) e identificação da helmintofauna em mamíferos aquáticos no Brasil

FMAFMA inaugura biblioteca comunitária nolitoral norte da Bahia

ÚLTIMAS30

27 FOTO REFLEXÃO

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Bem-vindos à Revista A Bordo, o periódico de comunicação e informação científica do Projeto Viva o Peixe-Boi Mari-nho – uma estratégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção da espécie do Nordeste do Brasil. O objetivo desta publicação trimestral é levar informação e sensibilizar as pessoas sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente.

Nesta nona edição, traremos notícias sobre eventos de cunho socioambiental que marcaram este último trimestre do ano. Vocês vão conferir uma matéria especial sobre o Workshop de Educação Ambiental para a Conservação de Sirênios, que aconteceu em outubro, no Estado de Pernambuco, e reuniu pesquisadores e instituições de todo o Brasil que trabalham em prol da conservação dos peixes-bois marinhos e amazônicos.

A revista traz ainda um balanço geral das ações que a FMA realizou no Dia da Limpeza de Rios e Praias na Paraíba, em Sergipe, Bahia e Alagoas. Foram recolhidos mais de 1000 kg de lixo em 16 km de praias. A conservação dos rios também foi pauta neste trimestre. Em novembro, no Recife, a FMA realizou a primeira atividade de monitoramento da qualidade da água do Capibaribe, numa ação que faz parte do projeto “Observando Rios”, organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em todo o Brasil. Outra boa notícia veio do litoral norte da Bahia, onde, na comemoração dos 26 anos da FMA, a instituição inaugurou uma biblioteca sociocultural e ambiental para as crianças da comunidade.

Na seção Sustentabilidade Socioambiental, a Revista A Bordo traz uma matéria da Paraíba. Grupos interessados em vivências ecológicas e experiências de campo têm procurado, cada vez mais, a APA da Barra do Rio Mamanguape, uma região com atributos naturais que propiciam a existência de peixes-bois marinhos e onde a Fundação Mamíferos Aquáticos desenvolve pesquisas e ações de cunho socioambiental por meio do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Na seção Pesquisa, o médico veterinário e diretor-presidente da FMA, João Carlos Gomes Borges, apresenta um resumo científico sobre Cryptosporidium spp. (Tyzzer, 1907), Giardia sp. (Leeuwenhoek, 1681) e identificação da helmintofauna em mamíferos aquáticos no Brasil.

Quem assina a coluna Diário de Bordo nesta edição é a pesquisadora associada da FMA e médica veterinária Fernanda Meneses Rodrigues, que vem se dedicando à conservação de sirênios no Brasil. Na Coluna Científica, o gestor ambiental e coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Institucional da FMA, Ricardo Araújo, e a diretora vice-presidente da FMA, Jociery Vergara-Parente, falam sobre a FMA e o gerenciamento de projetos. A Revista também traz uma ilustração elaborada pela estudante paraibana Júlia, de apenas 11 anos, além da seção Foto Reflexão e de indicações de livros e agenda de eventos científicos previstos para 2016 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente.

Boa leitura!

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Karlilian Magalhães, Assessora de Comunicação da Fundação Mamíferos Aquáticos.

EDITORIAL

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CAPA

INSTITUIÇõES DISCUTEM AÇõES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS SIRêNIOS NO BRASILPesquisadores, especialistas e instituições que atuam em prol da conservação dos peixes-bois-marinhos e amazônicos no Brasil participaram, nos dias 21 e 22 de outubro, do Workshop de Educação Ambiental para a Conservação de Sirênios. O evento, promovido pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), com o apoio do Instituto Alcoa, foi realizado no Hotel Campestre de Aldeia, em Camaragibe (PE), e reuniu representan-tes de 20 organizações. O objetivo foi compartilhar experiências sobre o tema, potencializando estratégias integradas de Educação Ambiental (EA). Este encontro atendeu também a uma intenção expressa no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Sirênios.

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Dentre as instituições presentes, estavam a Associa-ção Amigos do Peixe-Boi (AMPA), Instituto de De-senvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Fun-dação Mamíferos Aquáticos (FMA), APA da Barra do Rio Mamanguape, APA Costa dos Corais, Fórum Socioambiental da Costa dos Corais, Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), Instituto Bioma Brasil, Instituto Biota de Conservação, Associação Peixe-Boi, BIOMa, ICMBio, Centro Mamíferos Aquáticos (CMA), Instituto Yan-dê, Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (GEMAM), Grupo de Pesquisa em Ma-míferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA), Comissão Ilha Ativa (CIA) e Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha no Nordeste (CEPENE).

No primeiro dia do evento, a diretora vice-presi-dente da FMA, Jociery Vergara-Parente, deu as bo-as-vindas aos participantes, falando da importância do evento e do compromisso das instituições com

a conservação dos sirênios no Brasil. As consultoras Elisabete Braga e Ângela Cirilo ficaram responsáveis pela condução do Workshop. Numa dinâmica de grupo, os participantes se apresentaram, falaram um pouco do trabalho que suas instituições desenvol-vem e expuseram suas expectativas com relação ao encontro. Os profissionais vieram de vários estados brasileiros, a exemplo do Amapá, Amazonas, Pará, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia.

Nos dois dias do evento, grupos foram formados de acordo com temas sugeridos, áreas de trabalho e atividades afins. Por meio de dinâmicas, rodas de conversa, trocas de experiências e diálogos entre as instituições, foram elaboradas sistematizações e “árvores do conhecimento”, compreendendo desa-fios, facilidades, ações e atividades de EA em prol da conservação das espécies e ressaltando experiências exitosas desenvolvidas pelas instituições.

“Durante a elaboração do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Sirênios, as instituições en-volvidas perceberam que faltava uma compreen-são conceitual maior sobre a temática da Educação Ambiental. Acredito que esse workshop veio como uma boa oportunidade para discutir o tema, para ser um espaço de compartilhamento das experi-ências dessas instituições que possuem realidades diferentes (tanto no cenário do peixe-boi-marinho quanto no do peixe-boi-amazônico), para nivelar uma compreensão e ampliar o conceito do que se-ria a Educação Ambiental, além de estabelecer uma maior interação entre as instituições”, enfatizou João Carlos Gomes Borges, médico veterinário e diretor- presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos.

“Acho que foi bastante produtiva essa troca de ex-periências entre as instituições que trabalham com sirênios no Brasil. A gente pôde aprender algumas ações exitosas executadas por essas instituições, trocamos bastante figurinhas para poder replicar essas ações nas nossas áreas de trabalho. A Educa-ção Ambiental é fundamental quando se trabalha com a conservação de qualquer espécie, seja animal, seja de planta. Sem ela é impossível realizar a con-servação de maneira efetiva”, avaliou Ana Carolina Meirelles, coordenadora do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis.

FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

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O educador ambiental Rafael de Almeida veio de Alagoas para participar do workshop como repre-sentante do Fórum Socioambiental da Costa dos Corais e destacou a relevância da iniciativa. “O evento foi maravilhoso, prazeroso, tendo em vista que discutimos metodologias e a união das institui-ções, o que conta bastante para que o processo de Educação Ambiental seja realmente colocado em prática. Sem falar que as estratégias foram pensadas amplamente, sem ser de forma isolada, e colocando a conservação como o plano central de tudo isso”, disse o educador.

O ecólogo Jone César, diretor-executivo da AMPA, enfatizou a importância da troca de experiências en-tre as instituições do Nordeste que trabalham com o peixe-boi-marinho e as do Norte do Brasil que trabalham com o peixe-boi-amazônico. “O que a gente vê é que muitas coisas são parecidas, muitos dos conflitos entre os animais e as populações que convivem com eles nas regiões são parecidos, mas algumas ameaças são diferentes, por exemplo: o pei-xe-boi-marinho sofre com a perda de habitats, que é o que o pessoal das instituições aqui no Nordeste que trabalha com a espécie está tentando combater, investindo inclusive na melhoria de vida dessas po-pulações locais, enquanto que na Amazônia o nosso problema é outro, não é a perda de habitat, é a caça, principalmente a caça comercial”, explica Jone. O ecólogo conta que o peixe-boi-amazônico é consi-derado pelos comunitários e ribeirinhos como uma iguaria na culinária regional e que em anos onde a seca é muito intensa, os animais ficam bem mais vul-neráveis à caça comercial, com exemplos de relatos que em um dia apenas um caçador mata mais de 20 animais - fato que tem sido bastante combatido pela

AMPA. Vale salientar que agredir ou caçar peixes- bois-amazônicos e marinhos é considerado crime.

Para Jone César, a Educação Ambiental é o alicer-ce da conservação da espécie. Ele conta que há al-guns anos, por perceber a importância de se tra-balhar com as comunidades onde os animais vivem, a AMPA começou a desenvolver um programa de Educação Ambiental. “A gente viu que sem trabalhar com as comunidades, a gente estava perdendo espa-ço, perdendo a confiança deles e a gente não estava falando a mesma linguagem. No momento em que a gente começou a trabalhar a Educação Ambien-tal, a gente começou a mostrar a importância do peixe-boi para o habitat, a importância dos outros mamíferos aquáticos também, e começou a abordar outras questões que estavam relacionadas direta-mente à qualidade de vida dos comunitários, como a questão do lixo, da qualidade da água, principalmen-te onde os animais vivem”, ressaltou Jone. O ecólo-go diz que a AMPA vem percebendo que, há alguns anos, tem havido uma mudança de comportamento por parte da população. Em alguns locais, há relatos que não existe mais a caça e que um dos fatores que também tem facilitando um pouco a preservação da espécie na Amazônia é que muita gente que caçava peixe-boi já está ficando mais velha. “A gente tem percebido que os jovens hoje em dia não querem mais caçar peixe-boi. Não sabemos ainda ao certo se é por causa das informações que a gente tem pas-sado para eles ou se é por causa de alguma mudan-ça mesmo de atitude das comunidades ribeirinhas lá na Amazônia, mas isso é algo que a gente precisa estudar mais para tentar entender essa realidade”, complementa o diretor-executivo da AMPA.

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Durante o workshop, as instituições também pude-ram compartilhar o que estava sendo produzido em termos de material de Educação Ambiental por suas instituições e nas suas áreas de atuação. Cartilhas, cartazes, cordéis, vídeos, jogos, pelúcias, camisas, brindes, banners, fotos, folders e panfletos fizeram parte da exposição. “Foi muito rica essa troca de experiências, aprendizados, metodologias, materiais. O workshop teve um clima muito positivo, de todo mundo estar aqui querendo construir cenários me-lhores para a conservação, para o envolvimento das pessoas que trabalham com Educação Ambiental. Acho que foi realmente um resultado muito inte-ressante que a gente alcançou no coletivo e já tra-çando uma perspectiva de ações, conjuntas ou não, que podem ser multiplicadas nas localidades onde a gente atua e ações que possam, nos lugares onde ocorrem o peixe-boi, envolver cada vez mais pesso-as”, avalia Maíra Braga, técnica de Inclusão Social e Desenvolvimento Comunitário da FMA e uma das organizadoras do evento.

Como frutos imediatos do Workshop, um grupo de e-mail com os participantes foi criado para dis-cutir temas relacionados à EA e à conservação dos sirênios no Brasil, além do encaminhamento para a produção de um relatório oficial sobre o evento. Uma cartilha de Educação Ambiental também será produzida, com base nas discussões e temáticas tra-balhadas no Workshop.

Saiba um pouco mais sobre os sirênios do Brasil:PEIXE-BOI-MARINHO(Trichechus manatus manatus)Mamífero aquático, da ordem Sirenia, chega a pesar 600 quilos e a medir aproximadamente 4 metros de comprimento. Alimenta-se de capim- agulha, diversas espécies de algas marinhas e folhas de mangue. Suas principais ameaças são as ações humanas como a poluição, assoreamento dos rios, perda de habitats, barcos motorizados, a caça e pesca predatória. Pode ser encontrado de Alago-as até o Amapá, de forma descontínua. A espécie ocupa atualmente o status de conservação “em perigo”.

PEIXE-BOI-AMAZÔNICO(Trichechus inunguis)Mamífero aquático, da ordem Sirenia, chega a pesar 450 quilos e a medir aproximadamente 3 metros de comprimento. Herbívoro, alimenta-se essencialmente de plantas aquáticas e semiaquáti-cas. Suas principais ameaças são as ações humanas como a caça, pesca predatória, barcos motoriza-dos, poluição, assoreamento dos rios. Pode ser encontrado em todos os rios da bacia Amazônica. Seu status de conservação é “vulnerável”.

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ESPECIAL

INSTITUIÇõES E ONGS MONITORAM QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO CAPIBARIBEO Dia do Rio é celebrado em 24 de novembro. Nesta data, no Recife, a Fundação Mamíferos Aquá-ticos (FMA) e a ONG Recapibaribe realizaram uma atividade conjunta de monitoramento participativo para avaliar a qualidade da água do Capibaribe, o principal rio da cidade. As organizações se concen-traram no trecho localizado em frente ao Capibar, no bairro do Monteiro. Em outro trecho do rio, na altura do Parque da Jaqueira, quem fazia o monitora-mento era o Instituto BiomaBrasil e a Universidade de Pernambuco.

A ação faz parte do projeto “Observando Rios”, organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em diversas partes do Brasil. Em Pernambuco, além das instituições mencionadas, também estão fazendo parte deste projeto o Espaço Ciência, a Secretaria

Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco e a Escola Técnica Estadual Cícero Dias. Os participantes receberam um kit disponibili-zado pelo programa Rede das Águas, que possibilita a avaliação dos rios a partir de 16 parâmetros, que incluem níveis de oxigênio, fosfato, nitrato, pH, coli-formes, odor, aspectos visuais, entre outros. O rio Capibaribe será monitorado durante dez meses.

“A importância dessa atividade vai além do monito-ramento da qualidade da água dos rios. É necessário destacar também a relevância do engajamento e articulação entre instituições, escolas, ONGs, gover-nos e comunidades envolvidas neste processo. De forma simples e participativa, é possível produzir e compartilhar informações e dados. O Observando Rios tem dimensão nacional e acaba trazendo à tona

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a discussão em torno da importância da saúde de nossas águas”, avalia a coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitá-rio da FMA, Daniela Araújo.

Os dados coletados pelas instituições ficarão dispo-níveis online e poderão ser utilizados em processos educativos e de mobilização social para a conserva-ção. Para saber mais sobre o projeto Observando Rios, acesse: https://www.sosma.org.br/…/educacao-amb…/observando-os-rios/.

BarqueataParalelo à atividade de monitoramento da água, no Capibar acontecia também uma ação de educação ambiental promovida pela ONG Recapibaribe, com o intuito de chamar a atenção da sociedade e poder público para o agravante da poluição e para a impor-tância da conservação do rio Capibaribe. Estudan-tes, professores, pescadores, jornalistas, comercian-tes e moradores da cidade saíram em barqueata do Capibar, Zona Norte da cidade, em direção à rua da Aurora, no bairro Boa Vista, área central do Recife.

No percurso pelo rio Capibaribe, belas paisagens contrastavam com uma quantidade significativa de lixo, que foi sendo recolhido pelos integrantes dos barcos. Sofás, cadeiras, geladeiras, plásticos, brin-quedos e garrafas foram alguns dos resíduos encon-

trados no caminho. Resíduos que, na pesagem final, somaram quase duas mil toneladas.

O pescador Antônio “Gago” participou da barquea-ta e contou um pouco sobre a sua vivência no Capi-baribe. “Eu vou fazer 60 anos de maré e nesse tem-po eu vi muita coisa boa nesse rio, mas agora só vejo lixo. E a única mensagem que eu posso passar é que não joguem lixo no rio, pensem mais em Deus e na limpeza, que tudo isso faz parte da natureza. A gente sabe que todo mundo tem lixo em casa, o negócio é juntar, separar, reciclar e colocar no lugar certo para a prefeitura recolher”, ressalta Antônio. Indagado sobre o que seria necessário para melhorar o rio, o pescador foi bem enfático: “só tem uma coisa que é muito fácil de se fazer, é a união, força do povo, força de vontade. Se o pessoal tiver competência e força de vontade, aí o rio fica outra coisa”.

A fundadora da ONG Recapibaribe, Socorro Canta-nhede, avaliou a celebração de forma positiva. “Para o que nós queríamos, acho que a repercussão foi muito boa. Fizemos um passeio para chamar a aten-ção da cidade, das autoridades dizendo: ‘Navegar é preciso, mas para navegar no Capibaribe primeiro tem que sanear’. Eu acho que todo o movimento que é feito para o Capibaribe, em prol do rio, é ma-ravilhoso”, destaca Cantanhede.

FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

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SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

BARRA DE MAMANGUAPE ATRAI GRUPOS INTERESSADOS EM EXPERIêNCIAS DE CAMPO E VIVêNCIAS ECOLóGICASA Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) vem recebendo, em sua unidade na Paraíba, grupos interessados em trabalhos de campo e vivências ecológicas na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Maman-guape, litoral norte do Estado. Em novembro, quem visitou a região foram 15 mestrandos e doutorandos do curso de pós-graduação em Biologia Animal da Universidade Federal de Pernambuco e cerca de 40 alunos do curso de graduação em Ciências Biológicas da Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE). Na ocasião, os estudantes conheceram um pouco do trabalho que a FMA desenvolve – especialmente os projetos execu-tados na APA da Barra do Rio Mamanguape em prol da conservação do peixe-boi-marinho, do desenvolvi-mento comunitário e da valorização das culturas tradicionais litorâneas.

FOTO HENRIQUE PICARELLI/ACERVO FMA

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Os alunos conferiram, ainda, uma palestra especial sobre os aspectos biológicos, ecológicos e status de conservação do peixe-boi-marinho no Brasil, além de receber orientações sobre procedimentos em casos de encalhes de mamíferos aquáticos. Após as palestras, os grupos visitaram a Oficina Peixe-Boi & Cia e viram como são feitas as pelúcias alusivas ao peixe-boi-marinho, amazônico e baleia-franca. Os estudantes também foram a campo, com seus pro-fessores, Gilberto Rodrigues e Maria Danise Alves, participando de trilha ecológica pela Mata Atlântica, visitando de barco o estuário, manguezal e recifes da região, conhecendo de perto o local por onde os peixes-bois-marinhos costumam circular e viven-ciando práticas tradicionais com os pescadores e a comunidade local.

A APA da Barra do Rio Mamanguape é uma região rica em biodiversidade, possuindo atributos ecológi-cos que propiciam a existência de peixes-bois-ma-rinhos e de diversas espécies de fauna e flora, além de belas paisagens. “Acreditamos que à medida que os estudantes vivenciam essa realidade, com práticas de campo, eles acabam se sensibilizando mais com o meio ambiente. Desta forma, essas atividades têm uma grande importância para a formação de futu-ros pesquisadores que vão poder contribuir para a conservação da natureza e das diversas espécies existentes na área. Nessa proposta de turismo pe-dagógico e de vivência, nós estamos recebendo não só estudantes, mas grupos que se interessem pela causa ambiental e pelas atrações naturais da região”, afirma Daniela Araújo, coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitá-rio da Fundação Mamíferos Aquáticos.

A professora da FAFIRE, Maria Danise Alves, é pes-quisadora associada da FMA desde 2009, e desenvol-ve projetos ambientais em parceria com a instituição até os dias de hoje, tendo como uma das áreas de estudo a APA da Barra do Rio Mamanguape. “No início deste ano, tive a ideia de levar meus alunos para conhecer esse lugar maravilhoso, devido a sua grande importância ecológica para a diversidade biológica, assunto que trabalho bastante nas aulas. Além disso, o suporte logístico e a relação de respei-to e carinho que tenho por todos os moradores da

região me fizeram ter segurança e tranquilidade em levar os alunos. O objetivo desta atividade de campo é propiciar uma ação interdisciplinar prática, tendo como modelo um ambiente natural preservado, vi-sando o entendimento sobre as relações ecológicas dos habitats e suas espécies ameaçadas, e a atuação do homem na manutenção da qualidade ambiental” conta a professora Maria Danise Alves.

Para Adriano Felipe, artesão e guia turístico da re-gião, nas visitas dos grupos à Barra de Mamanguape há sempre uma troca de conhecimentos. “Recebe-mos estudantes de graduação, mestrado, doutora-do, que nos ensinam bastante a parte científica, eu aprendo muito com esse pessoal. Eles perguntam onde podem encontrar mangue, tartaruga, algas e outras espécies, e eu levo os alunos aos lugares específicos. Eles acabam vivenciando o nosso dia a dia e a gente acaba trocando experiências. Os es-tudantes entram com a parte acadêmica e eu com o conhecimento da vivência. Acho que este tipo de turismo é muito bom. Além dessa troca de conheci-mento, gera renda para a comunidade com os servi-ços contratados (restaurante, pousada, passeios de barco e etc) e também valoriza a conservação da Barra”, explica Adriano.

De acordo com o presidente da Associação de Ar-tesãos e Condutores de Eco Turismo da APA da Barra do Rio Mamanguape (ACEAPA), Juliano Sou-sa, a chegada desses grupos à Barra está sendo mui-to positiva para a região. “Esta movimentação está contribuindo para complementar a renda dos pes-cadores, que, quando a pesca não é suficiente, atu-am como condutores das embarcações para fazer os passeios com os visitantes. O pessoal está bem otimista sobre isso. Nós nos organizamos numa es-cala para atender a demanda dos grupos, que che-gam interessados em conhecer o peixe-boi, avistar as tartarugas no recife, passear pelo manguezal, visi-tar a aldeia indígena. Tudo isso tudo está sendo mui-to bom para a Barra e também está fortalecendo a Associação e as parceiras locais, a exemplo da APA e da Fundação Mamíferos Aquáticos”, avalia Juliano.

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“O turismo que acontece na Barra de Mamanguape tem como referência um espaço bem conservado, onde se destacam as praias, os manguezais, a Mata Atlântica e o grande atrativo, que são os peixes-bois- marinhos. Muitas pessoas vêm de longe para conhecer a espécie em seu ambiente natural. Além desse turismo de observação do peixe-boi-marinho, a Barra também é um espaço interessante para as pessoas vivenciarem o contato com as comunidades tradicionais pesqueiras e indígenas. Esse tipo de tu-rismo de vivência com base comunitária tem sido uma tendência não só no Brasil, como em diversas partes do mundo. O perfil do turista está mudando. Os visitantes estão buscando vivências mais profun-das, de conhecer mais o lugar e os modos de vida das comunidades locais, se integrando com elas no seu dia a dia, e a Barra de Mamanguape proporciona isso”, ressalta Maíra Braga, turismóloga e técnica de inclusão social da Fundação Mamíferos Aquáticos.

Para a analista ambiental da APA da Barra do Rio Mamanguape, Thalma Grisi Velôso, esse tipo de turismo que vai ao encontro da natureza é muito bem-vindo para a área. “É um turismo muito impor-tante para a APA, porque, além de estar despertan-do o uso sustentável da Unidade de Conservação, está gerando renda para a comunidade e afastando aquele turismo predatório, que não está preocupa-do com a conservação do ambiente. Quando sabe-mos o perfil do grupo que está vindo, fica mais fácil de se trabalhar”, analisa Thalma.

Escolas, universidades ou outros grupos interessa-dos em visitar a região podem contar com a ajuda da FMA para agendar e organizar a expedição vol-tada à conservação e à vivência dos ambientes e dos modos de vida locais. Basta enviar um e-mail para [email protected] ou ligar para o telefone (81) 3304.1443.

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CONSERVAÇÃO MARINHA

FMA DIVULGA DADOS OBTIDOS DURANTE AS AÇõES DO DIA MUNDIAL DE LIMPEzA DE RIOS E PRAIAS 2015Em 16,3 km de percurso em praias de SE, PB, AL e BA, foram recolhidos mais de 1000 kg de lixo

Para celebrar o Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias (DMLRP), a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) realizou, durante o mês de setembro, ativi-dades especiais de sensibilização ambiental e limpeza de praias em quatro estados do Nordeste do Brasil. Com apoio de comunidades, estudantes, associações, ONGs, empresas, poder público e instituições de pesquisa e ensino, foram realizadas coletas de resí-duos nas praias de Aracaju e Pirambu (em Sergipe), Barra de Mamanguape, Lagoa de Praia e Praia de Campina (na Paraíba), Coqueiros e Mangue Seco (na Bahia) e Pontal do Peba (em Alagoas). No total, em 16,3 km de percurso, foi recolhida mais de uma tone-lada de lixo. As ações contaram com a participação de cerca de 200 voluntários, sendo 117 crianças.

Dentre os mais de 1000 kg dos resíduos coleta-dos nestas localidades, estavam garrafas pet, potes de margarina, sapatos, sandálias, isopor, garrafas de vidro, copo descartável, embalagem de biscoito e produtos de limpeza, entre outros. Todos os dados obtidos pelas ações da FMA nos quatro estados do Nordeste foram repassados, em forma de relatório, para a organização da sociedade civil Assu que, por sua vez, fica responsável por consolidar as informa-ções e os números de todas as cidades brasileiras que participam do DMLRP. Estes dados farão parte do relatório global 2015 e deverá ser encaminhado pela Ocean Conservancy à Organização das Nações Unidas como proposição para políticas públicas.

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“Este foi o segundo ano que participamos do DMLRP e colaboramos com o envio de dados coletados mundialmente. No ano passado, realiza-mos ações em duas cidades e, este ano, devido à importância do evento para a sensibilização sobre a conservação dos rios e praias, decidimos ampliar a nossa participação em outras localidades. A gen-te se depara todos os dias com essa situação grave que é a questão da presença do lixo nos oceanos e na costa brasileira. Nestes 25 anos de atuação da FMA, foi possível catalogar inúmeros animais mari-nhos que tiveram problemas e até morreram por terem interagido com o lixo. Isso reforça ainda mais o nosso compromisso em colaborar com iniciativas de conscientização, de mobilização das comunidades litorâneas”, destaca a coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitá-rio da FMA, Daniela Araújo.

Resumo das atividadesA primeira ação da FMA para o DMLRP 2015 foi realizada em Mangue Seco, Jandaíra-BA, no dia 13, e contou com o apoio do TAMAR, pousadas locais e conselheiros da Área de Proteção Ambiental de Mangue Seco. Na oportunidade, 13 adultos e 11 crianças recolheram 116 kg de resíduos em 2,5 km de praia. Parte do material recolhido foi aproveitado em uma oficina de reciclagem com crianças, reali-zada com o apoio de moradoras que sinalizaram o interesse em compartilhar conhecimento e oportu-nidades.

Já no dia 19, data oficial do evento no mundo, a FMA organizou ações nos estados da Paraíba e de Sergipe. No litoral paraibano, a iniciativa contou com o apoio da Associação de Moradores de Lagoa de Praia, APA da Barra do Rio Mamanguape, Associação de Guias e Artesãos da APA da Barra do Rio Mamanguape, Associação Eco Oficina Mamíferos Aquáticos, Panifi-cação Sol da Manhã, JG Motos, Secretaria Municipal de Rio Tinto e Grupo Pé no Chão. Na ocasião, 27 adultos e 41 crianças se dividiram em dois grupos para realizar a limpeza nas praias de Campina, Lagoa de Praia e Barra de Mamanguape. Foram recolhidos 212 kg de lixo em 5 km de percurso. A programa-ção também contou com lanche coletivo, exibição de filmes temáticos do Circuito Tela Verde, Cine Peixe-Boi e Cine Favela, além de um intercambio sociocultural com o Grupo Pé no Chão (PE), que também se apresentou à noite, na praça da igreja da Barra.

No mesmo dia, em Sergipe, a Fundação conseguiu reunir 70 adultos, com cerca de 20 crianças em Ara-caju e já em Pirambu foram 24 adultos e oito crianças que participaram da atividade. Na capital sergipana, só num trecho de 4 km da Praia de Atalaia, foram recolhidos 167,89 kg de lixo. A ação contou com o apoio do ITP, UNIT, Torre, Copiadora Tiradentes, Deso, Girestoque e EMSETUR. Enquanto que em Pirambu, num percurso de 1,8 km da praia de Pi-rambu, foram coletados 151 kg de resíduos. Nesta localidade, a ação contou com o apoio da AlinkBrasil, ANACON, Reserva Ecológica de Santa Isabel e do Jornal Tribuna da Praia. A programação contou com lanche coletivo, palestra temática e exibição de fil-mes do Circuito Tela Verde.

FOTOS ACERVO FMA

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No dia 25, a ação temática aconteceu na praia de Pontal do Peba, em Piaçabuçu (AL), com apoio da prefeitura local, da UNI Pesca e da Escola Douglas Apratto Tenório. O evento reuniu sete adultos e 30 crianças, que, em 2km de praia, recolheram 75,14 kg de lixo. A programação contou com lanche coletivo, palestras educativas sobre conservação do meio ambiente, oficina de coleta, pesagem e separação de recicláveis, além da exibição de filmes do Circuito Tela Verde.

E, finalizando as ações da FMA no mês de se-tembro, no dia 26, foi a vez da comunidade de Coqueiro, em Jandaíra, na Bahia, realizar a limpeza de praia. Num trecho de 1 km, nove adultos e 27 crianças coletaram 281 kg de lixo. As atividades na Bahia contaram com o apoio do Tamar, Associação de Moradores do Coqueiro (AMOCoqueiro); Pousada O For-te (Mangue Seco) e o Restaurante da Aurora (Coqueiro), que forneceram lanches para o final do evento.

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ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Desta vez, recebemos uma ilustração elaborada por Júlia, uma estudante paraibana, de apenas 11 anos, que desenhou um peixe-boi marinho em um ambiente conservado.

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POR FERNANDA MENESES RODRIGUES Pesquisadora associada da FMA e médica veterinária.

DIÁRIO DE BORDO

FOTO ARQUIVO PESSOAL

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O peixe-boi é um ser vivo que me inspira, que me faz sentir parte do que sou e do que represento hoje. Costumo dizer que é o animal de olhar mais pro-fundo que já pude conhecer, cuja energia mergulha no nosso íntimo e nos faz participar de uma reflexão intensa sobre nós mesmos. Meu primeiro contato com a espécie marinha foi em 2014, durante visi-ta à Barra de Mamanguape/PB para organização de um evento local. Foi uma emoção intensa saber que estava de frente para o motivo que incentivou a cria-ção da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), uma instituição que me inspira diariamente como pessoa e como profissional.

Embora minha atuação com mamíferos aquáticos tenha iniciado em 2011, apenas em 2014 pude des-tinar esforços para trabalhar com peixe-boi. Foi uma experiência incrível, com duração de seis meses, realizada com peixe-boi amazônico no Centro de Reabilitação de Peixe-boi Amazônico de Base Co-munitária - “Centrinho”, mantido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), no interior da Reserva Amanã – estado do Amazonas.

Após esse período, atuei num Programa de Obser-vação de Bordo e retornei para um Projeto de Mo-nitoramento de Praias, ambos executados pela FMA e parceiros. Oito meses depois senti necessidade de me especializar e buscar meios para iniciar um curso de mestrado na área de nutrição do peixe-boi mari-nho, uma ideia que surgiu a partir das experiências vividas na Amazônia. Assim, em parceria com a FMA e apoio do IDSM, decidi que o local de estudo para o mestrado ocorreria na Área de Proteção Ambien-tal da Barra do Rio Mamanguape/PB (área de ocor-rência da espécie).

É nesse lugar que eu sinto a essência da FMA que nasceu há 26 anos e hoje, por algum motivo, faz par-te de mim. Uma questão de afinidade que transfor-ma minha alma e certifica o quanto meu coração está atrelado aos desejos da mente. É durante o manejo do peixe-boi (marinho ou amazônico) que vivencio meus maiores anseios em contribuir com a conservação dos mamíferos aquáticos e seus ha-bitats.

Atualmente, sou pesquisadora associada da Funda-ção Mamíferos Aquáticos e do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá. Trabalho na Paraíba, sobretudo na APA da Barra do Rio Mamanguape, auxiliando no trata-mento médico de uma peixe-boi, no atendimento a encalhes de mamíferos marinhos vivos ou mortos, nas atividades de desenvolvimento comunitário e educação ambiental, no reconhecimento das áreas de ocorrência de plantas aquáticas consumidas por peixe-boi marinho, na representação institucional e outras atividades cotidianas.

Meus maiores desafios encontram-se na adaptação às pessoas e ao local. Trata-se de uma comunidade distante, com costumes e hábitos diferentes da cida-de. Por vezes, é necessário reduzir o ritmo agitado e adaptar-se aos modos da região. Estar longe de casa é algo que equilibro de maneira muita tranquila. O melhor remédio para a saudade é executar o que faço com amor. Isso representa um momento de autoconhecimento que está entrelaçado às nossas origens, na mãe natureza.

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A FMA E O GERENCIAMENTODE PROJETOSPOR RICARDO ARAÚJOGestor ambiental e coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Institucional daFundação Mamíferos Aquáticos.JOCIERY VERGARA-PARENTEMédica veterinária e diretora vice-presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos

COLUNA CIENTÍFICA

Há 26 anos, nós, da Fundação Mamíferos Aquáticos, lidamos com os desafios do gerenciamento de pro-jetos, sendo em suas fraquezas ou em suas forta-lezas. Sempre em busca do cumprimento de nossa missão institucional, desenvolvemos projetos que tratam da conservação de espécies de mamíferos aquáticos e dos ambientes costeiro-marinhos.

Tratando-se de uma instituição do terceiro setor, garantir a nossa existência é um desafio diário, visto que temos as mesmas obrigações de qualquer ins-tituição privada adicionadas ao zelo de captar e de reverter todos os nossos recursos para a execução de nossas atividades e projetos, sendo mais que uma obrigação legal, é um dever moral. Este somatório de fatores não torna nossa existência mais difícil pelo empenho em cumpri-lo, temos a maior satisfação, além de existirmos para isso.

O gerenciamento de projetos, como metodologia formal, apesar de contribuir para a melhoria cená-rio descrito acima, não é uma prática comum entre instituições do terceiro setor, muito provavelmente pela ausência de pessoal qualificado, recursos e in-teresse pela especialização. Porém, esta metodolo-gia pode e deve ser utilizada como ferramenta para organização dos processos nos projetos do terceiro setor. E, reconhecendo isso, temos trabalhado para a modernização de nossa metodologia de projetos.

Em 2014, a Fundação formalizou a sua metodologia, por meio da elaboração do seu Plano de Gerencia-mento de Projetos, o PGP FMA. Além disso, adqui-riu um dos sistemas mais modernos desse ramo, o Channel®, esta ferramenta permite o alinhamento das operações e projetos da instituição ao seu plane-jamento estratégico, proporcionando um ambiente completo e unificado de apoio à gestão. Em 2015, continuamos investindo nas capacitações das nossas equipes, além de incentivarmos os nossos colabora-dores a buscarem certificações no setor.

Nessa perspectiva, entendendo que o Gerencia-mento de Projetos deve estar amparado em bases sólidas, estamos continuamente buscando o apri-moramento e melhorias, proporcionando moderni-zação e profissionalização dos processos de gestão. Com isso, a atualização dos métodos das boas prá-ticas de governança se torna institucional diante do formato de projetização adquirido em nossas ações – apontado como tendência irreversível para as mo-dernas instituições.

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Pode-se dizer que, para atingir a plenitude de uma gestão sólida e moderna com um nível profissional de projetos, o caminho a ser percorrido ainda é lon-go e a busca é incessante. Mas para uma instituição moderna e atualizada como a FMA, o desafio de contribuir efetivamente com o meio ambiente é o que instiga a gestão da instituição em permanecer na luta apesar dos desafios.

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A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado por João Carlos Go-mes Borges, médico veterinário, diretor-presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos e doutorando na Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Autores: João Carlos Gomes Borges ¹,², Leucio Câmara Alves²1. Fundação Mamíferos Aquáticos - FMA.Avenida 17 de Agosto, n° 2001, Casa Forte, CEP: 52.061-540, Recife, Pernambuco, Brasil.2. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical.Departamento de Medicina Veterinária. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, CEP: 52.171-900, Recife, Pernambuco, Brasil.

PESQUISA

CRYPTOSPORIDIUM SPP. (TYZZER, 1907), GIARDIA SP. (LEEUWENHOEK, 1681) E IDENTIFICAÇÃO DA HELMINTOFAUNA EM MAMÍFEROS AQUÁTICOS NO BRASIL

INTRODUÇÃOAbrigando cinco importantes biomas e o maior sis-tema fluvial do mundo, o Brasil tem a mais rica biota continental do planeta, o que rendeu o título de país megadiverso (ICMBio, 2011). Dentro deste con-texto, encontram-se várias espécies de mamíferos aquáticos, os quais vem sofrendo constantemente com os efeitos antropogênicos e por vezes desenca-deantes de diversos agentes parasitários (Santín et al., 2005; Borges et al., 2011). Entretanto, o conheci-mento científico da fauna parasitária dos mamíferos aquáticos ainda é bastante limitado. Desta forma, este trabalho teve por objetivo identificar a presen-ça das infecções ocasionadas por Cryptosporidium spp., Giardia sp. e a helmintofauna em mamíferos aquáticos no Brasil.

MATERIAL E MÉTODOSForam realizadas coletas de amostras de conteúdo fecal e do trato gastrointestinal de 15 espécies de mamíferos aquáticos, compreendendo a ordem Ce-

tartiodactyla (Balaenoptera acutorostrata, Grampus griseus, Inia geoffrensis, Kogia breviceps, Kogia sima, Peponocephala electra, Physeter macrocephalus, So-talia guianensis, Stenella attenuata, Stenella clymene, Ziphius cavirostris), Sirenia (Trichechus manatus, Tri-chechus inunguis) e Carnívora (Lontra longicaudis, Pte-ronura brasiliensis). Estas atividades ocorreram nas regiões Norte (Amapá, Amazonas, Pará e Rondô-

Figura 1: Peixe-boi-marinho, Trichechus manatus

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nia) e Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe, Pa-raíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte) do Brasil.Entre os animais envolvidos foi possível obter amos-tras de espécimes mantidos em cativeiro e de vida livre, bem como de espécies que habitavam os re-cursos fluviais, costeiros (figura 1) e oceânicos.

Para a pesquisa de Cryptosporidium spp., as amostras fecais foram centrifugadas e submetidas à sedimen-tação pelo formol-éter com posterior confecção dos esfregaços e coloração através da técnica de Kinyoun (Figura 2) (Brasil, 1996). Ao que concer-ne à identificação dos cistos de Giardia spp. e ovos ou larvas de helmintos, o material coletado foi sub-metido aos métodos de flutuação (Willis e Faust) e sedimentação (Hoffman), assim como a técnica do Flotac. Posteriormente, todas as amostras foram submetidas a reação de imunofluorescência direta (IFD), conforme as recomendações do Kit Meriflu-or® Cryptosporidium/Giardia, sendo os oocistos e

Figura 2: Coloração através da técnicas de Kinyoun

Figura 3: Kit de imunofluorescência direta

cistos identificados com base na sua forma, tamanho e o padrão da intensidade da fluorescência (Figura 3).

RESULTADOSEntre os resultados obtidos, destaca-se a infecção ocasionada pelo trematódeo digenético da família Opistothrematidae, espécie Pulmonicola cochleotre-ma, sendo a frequência da infecção de aproxima-damente 7,95% (07/88) em peixes-bois marinhos. A presença de Cryptosporidium spp. foi constatada em cinco espécies, sendo estas, a Lontra longicaudis (15,28%), Pteronura brasiliensis (41,66%), Sotalia guia-nensis (9,67%), Trichechus inunguis (16,03%) e Triche-chus manatus (13,79%).

No que concerne a ocorrência de Giardia sp., este coccídeo foi diagnosticado em um maior número de espécies, conforme pode ser constatado em L. lon-gicaudis (9,23%), P. brasiliensis (29,16%), Kogia brevi-ceps (100%), Kogia sima (25%), S. guianensis (9,67%), T. inunguis (3,81%) e T. manatus (10,34%).

CONCLUSÕES A presença do Pulmonicola cochleotrema acometen-do os peixes-bois marinhos no Brasil, aliado a grande capacidade de deslocamento desta espécie de sirê-nio nas regiões costeiras, pode ser um fator impor-tante na disseminação da parasitose.

Outro aspecto relevante diz respeito a identificação de Cryptosporidium spp. e Giardia sp. acometendo os mamíferos aquáticos, de modo que aliado à capaci-dade dos oocistos e cistos respectivamente destes protozoários permanecerem infectantes em condi-ções ambientais por um longo período de tempo, amplia a possibilidade de transmissão destes agentes para outros organismos aquáticos, terrestres e po-pulações humanas.

A infecção ocasionada por Cryptosporidium spp. foi maior em espécies que utilizam os recursos fluviais, do que aquelas encontradas nos ambientes ma-rinhos, enquanto que a presença de Giardia sp. foi ligeiramente superior nos animais marinhos, do que nos fluviais.

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Para o diagnóstico de Cryptosporidium spp. e Giardia sp., a técnica de imunofluorescência direta demons-trou maior sensibilidade, porém recomenda-se a combinação de mais de uma técnica laboratorial como forma de ampliar a possibilidade de detecção destes parasitos em mamíferos aquáticos. Adicional-mente, a técnica do Flotac apresentou-se mais apro-priada para o diagnóstico coproparasitológico em mamíferos aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, J. C. G.; ALVES, L. C.; FAUSTINO, M. A. G.; MARMONTEL, M. (2011) Occurrence of Cryp-tosporidium spp. in Antillean manatees (Trichechus manatus) and Amazonian manatees (Trichechus inun-guis) from Brazil. J Zoo Wildl Med, 42:593-596.

BRASIL (1996) Ministério da Saúde. Infecções opor-tunistas por parasitas em AIDS: técnicas de diagnós-tico. Brasília, DF.

SANTÍN, M.; DIXON, B. R.; FAYER, R. Genetic Characterization of Cryptosporidium Isolates From Ringed Seals (Phoca hispida) in Northern. Québec, Canada. J. Parasitology, v. 91, n. 3, p. 712-716, 2005.

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FOTO REFLEXÃO

A tartaruga-verde (Chelonia mydas) é o quelônio marinho com maior ocorrência de encalhes no Brasil. De forma global, pela União Inter-nacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), é classificada como uma espécie “em perigo” de extinção.

Esta foto foi registrada pelo biólogo da Fundação Mamíferos Aquáti-cos, Bruno Jackson de Almeida, em agosto deste ano. Na ocasião do registro, a tartaruga estava sendo devolvida ao mar, depois de passar 25 dias no centro de reabilitação de tartarugas marinhas da FMA. Ela foi encontrada encalhada, no município de Nossa Senhora do Socor-ro, em Sergipe. Após passar por um exame clínico, foi possível ob-servar marcas de rede de pesca na nadadeira anterior direita. Apesar das marcas, a tartaruga estava bem clinicamente, e, depois de passar por um tratamento completo, realizado pela equipe do Convênio Mar (FMA/ITP), voltou para a casa.

Mas nem todas as tartarugas têm essa sorte. Parte dos animais aquá-ticos atendidos pela FMA, apresentam problemas respiratórios e gastrointestinais por terem interagido com o lixo (presentes do mar, nos rios e nas praias). Alguns se machucam, outros confundem com comida e acabam ficando doentes e até morrendo, apesar de todos os esforços para o tratamento. Vamos ajudar a transformar esta reali-dade! Esta responsabilidade é de todos nós.

FOTO BRUNO JACKSON DE ALMEIDA/ACERVO FMA

Essa atividade faz parte da rea- lização do Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades – medida de ava-liação de impactos ambientais exi-gida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA.

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FMA

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O aniversário da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), 30 de novembro, foi a data escolhida para a inau-guração da Biblioteca Comunitária Manatus, localizada na comunidade de Coqueiro, em Jandaíra, litoral norte da Bahia. O objetivo aqui é compartilhar conhecimento e estimular o hábito da leitura, que, quando desenvolvido ainda na infância, auxilia na aprendizagem, no desenvolvimento da criatividade e imaginação, agregando cultura e valores. O Núcleo de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário da FMA entende que estas são caraterísticas fundamentais para a construção de um cidadão consciente quanto ao seu papel perante a responsabilidade socioambiental.

FMA INAUGURA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA NO LITORAL NORTE DA BAHIAPOR RAQUEL PASSOS

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Para a inauguração da Biblioteca Comunitária Ma-natus, a primeira biblioteca da região, uma festa foi organizada pela comunidade junto com a FMA, com direito a bolo temático, brincadeiras, exibição de ví-deos sobre conservação da natureza, mas a principal atração foi a história contada pela médica veterinária, Luciana Medeiros, para cerca de 50 crianças e adul-tos. Na roda, o Livro Xica, da escritora pernambuca-na Rosinha, que em 2011 aceitou o convite da FMA para escrever e ilustrar o livro que conta a história real da peixe-boi Xica – que passou a maior parte de sua vida em cativeiro; por muitos anos esteve aos cuidados da Fundação, mas infelizmente morreu aos 52 anos de idade este ano.

Durante a inauguração, a emoção de Luciana era evi-dente, afinal ela mora em Coqueiro há algum tempo e já se sente parte da comunidade. Para a médica ve-terinária, a iniciativa reflete também em um desejo pessoal, o de poder estimular o hábito da leitura en-tre os moradores da região. “Estava insegura se tudo iria sair como o planejado, mas com o engajamento da sociedade, conseguimos mais doações de livros e a participação efetiva de todos na organização da festa. Os caixotes onde estão organizados os livros, foram encontrados no lixo e nós reaproveitamos, pintamos e hoje têm uma louvável serventia”, conta.A biblioteca recebeu o nome de Manatus em ho-menagem aos peixes-bois-marinhos que têm como nome científico Trichechus manatus. “Tudo aqui é conhecimento novo para a gente. Eu não sabia que o bicho tinha outro nome e isso é bom, né? [sic] Mi-nha filha gostou muito da ideia da biblioteca porque ela gosta de ler”, conta Mirani dos Santos, moradora da comunidade Coqueiro.

Para a diretora vice-presidente da FMA, Jociery E. Vergara-Parente, a Biblioteca Comunitária Manatus representa um desejo antigo de alguns membros da FMA. “A iniciativa surgiu de uma simples ideia e as energias confluíram e acabaram desencadeando em algo muito bonito que representa a Fundação. Graças ao empenho da médica veterinária Luciana e do monitor Allan, que abraçaram o projeto, e todos que contribuíram de alguma forma”, afirma.

FMA 26 ANOS A inauguração da Biblioteca Comunitária Manatus fez parte das comemorações da FMA pelo seu 26º aniversário. Nas bases do Recife, Aracaju e Barra de Mamanguape, houve um momento de reflexão entre a equipe, onde foi possível reviver essa longa trajetória que a FMA percorreu até aqui.

Atualmente, a Fundação Mamíferos Aquáticos pos-sui um quadro profissional que permeia áreas im-portantes para seu funcionamento e gestão, sendo elas: medicina veterinária, ciências biológicas, geo-grafia, turismo, administração, ciências contábeis e comunicação social. Este aprimoramento é o reflexo da vontade da instituição em vencer os desafios do cotidiano para lutar pela sua missão, a de promover conservação dos mamíferos aquáticos e seus habi-tats, visando a sustentabilidade socioambiental.

Com essa equipe, a FMA se divide em quatro nú-cleos: o Núcleo de Pesquisa e Conhecimento (NUPESC), o Núcleo dos Estudos dos Efeitos An-tropogênicos nos Recursos Marinhos (NEARM), o Núcleo de Educação e Desenvolvimento Socioam-biental (NEADESC) e o Núcleo de Desenvolvimen-to Institucional (NDI). Além destes, os conselhos fiscal e deliberativo são responsáveis por auxiliar a gerir todas as tratativas institucionais, orientando a diretoria da FMA a executar seus trabalhos buscan-do a sustentabilidade socioambiental.

DoaçõesComo a biblioteca está começando agora, novos li-vros ainda precisam ser adquiridos. E a boa notícia é que você, leitor da Revista A Bordo, pode cola-borar. Para doar livros, revistas, quadrinhos e afins para a Biblioteca Comunitária Manatus, basta entrar em contato: [email protected]. Todo e qualquer item será de grande valia para os jovens e adultos que já se transformaram em potenciais lei-tores.

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ÚLTIMASNesta seção, você confere as últimas notícias sobre as ações e atividades da Fundação Mamíferos Aquá-ticos no Brasil e no mundo.

A Fundação Mamíferos Aquáticos participou do 5º En-contro Sergipano de Educação Ambiental, nos dias 20 e 21 de outubro. O evento, que este ano teve como tema “Formação de educadores ambientais: caminhos para a práxis”, foi realizado na Universidade Federal de Sergipe, em Aracaju. Na ocasião, a equipe FMA minis-trou a oficina “Jogos, exposições e simulações de enca-lhe: estratégias para a educação ambiental e a conser-vação marinha”. A bióloga Maria Elisa Pitanga foi uma das ministrantes e contou um pouco sobre como foi a oficina: “Tivemos um total de 23 inscritos, todos da área de pedagogia, que estavam participando da oficina para ampliar seus conhecimentos sobre o tema e verificar exemplos de jogos e outras atividades que poderiam ser utilizadas com um público de ampla faixa etária. A troca de vivências, a busca por conhecimento e a metodologia empregada permitiu que todo conteúdo, até mesmo o de cunho técnico, fosse repassado de forma leve, facilitando a assimilação. Acredito que foi uma experiência bastante enriquecedora, tanto para os participantes, quanto para a nossa equipe”.

Pensando em facilitar o acesso de pesquisadores, apoiadores, parceiros e demais interessados na conservação marinha, a Fun-dação Mamíferos Aquáticos está apresentando a nova interfa-ce do seu site, o canal de comunicação oficial da instituição. O conteúdo do novo site foi pensado de uma forma que facilita a leitura, compreensão e localização dos assuntos. As informações estão distribuídas a partir dos quatro núcleos da FMA, por onde são apresentados os programas e projetos institucionais, com histórico de iniciativas executadas ao longo de seus 26 anos de atuação em prol da conservação marinha. Uma das novidades é a facilidade que os profis-sionais da imprensa terão para baixar material em uma seção homônima. Para visitar o novo site da FMA, acesse: www.mamiferosaquaticos.org.br.

Em outubro, aconteceu, na Universidade Federal de Sergipe, em Aracaju, o I Encontro Sergipano de Ecologia. Palestras, mi-nicursos e mesa-redonda fizeram parte da programação, que tem como objetivo disseminar e discutir temas relacionados ao ensino, pesquisa e extensão na área de Ecologia. A bióloga Carine Gois, especialista em peixes do Convênio Mar (FMA/ITP), participou do evento, apresentando o trabalho “Ictiofau-na da zona de arrebentação”. “Fiquei super feliz com o convite.

Tive a oportunidade de apresentar um trabalho sobre peixes na UFS e também de conhecer excelentes profissionais na área de biologia e ecologia. Achei fantástico o fato do evento ter sido organizado por alunos, isso mostra que vêm aí ecólogos realmente organizados e apaixonados pela profissão. Isso me deixa feliz e esperançosa”, comentou Carine Gois.

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS LANÇA NOVO SITE

CONVÊNIO MAR APRESENTA ESTUDO CIENTÍFICO NO I ENCONTRO SER-GIPANO DE ECOLOGIA

FMA PARTICIPA DO 5º ENCONTRO SERGIPANO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Neste livro, Richard B. Primack e Efraim Rodrigues alertam os leitores sobre a importância da conservação da fauna e da flora, diante do quadro ambiental que o mundo se encontra hoje. Os autores destacam que o planeta Terra está passando pelo sétimo evento de “mega-extinção” em sua história. Desta vez, ao invés de ser causado por agentes externos como meteoros e alterações do clima, esta “mega-extinção” está sendo causada por uma única espécie: a espécie humana. Este livro apresenta estratégias para atenuar este quadro. É indicado não somente a biólogos, mas a inúmeros profissionais que atuam na área de conservação.Autores: Richard B. Primack e Efraim Rodrigues.

Este é um guia de campo destinado àqueles que querem saber um pouco mais sobre a imensa diversidade de macroalgas da região costeira brasileira. A obra apresenta 133 fotografias de 110 espécies de macroalgas, sendo 55 vermelhas, 22 pardas e 33 verdes. Além das fotografias, o leitor irá encontrar uma des-crição sumária da morfologia das espécies com informações observáveis em campo, distribuição geográfica no Brasil, bem como uma chave para identifica-ção e um glossário técnico ilustrado dos termos citados. A linguagem simples permite que o guia possa ser utilizado por professores, estudantes, técnicos e gestores ambientais, mesmo sem ter treinamento em ficologia. Cristina Nas-sar é bióloga, doutora em Ecologia e professora do Departamento de Botâ-nica do Instituto de Biologia e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro.Autora: Cristina Nassar

BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO

MACROALGAS MARINHAS DO BRASIL - GUIA DE CAMPO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES

II ENCONTRO DE MEDICINAVETERINÁRIA E BIOLOGIAData: 27 a 30 de janeiro de 2016Local: Aracaju (SE)www.facebook.com/safaricursoseventos

XXXI CONGRESSO BRASILEIRODE ZOOLOGIAData: 07 a 11 de março de 2016Local: Cuiabá (MT)www.cbz2016.com.br

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2016 nas áreas de Medicina Veteriná-ria, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins.

GPS

INDICAÇÕES

EVENTOS

IV CONGRESSO NACIONAL DEEDUCAÇÃO AMBIENTAL/ VIENCONTRO NORDESTINO DEBIOGEOGRAFIAData: 20 a 23 de abril de 2016Local: João Pessoa (PB)www.cnea.com.br

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse:www.vivaopeixeboimarinho.org

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS

Av. 17 de Agosto - 2001/1º andarCasa Forte - Recife - PE

+55 (81) 3304 1443 | [email protected]

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