trabalho instuições de direito ii - contratos

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GOVERNADOR VALADARES - MG 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Autores: Ana Luiza de Souza Vieira Paulo César Machado Vinícius Soares PRODUÇÃO TEXTUAL DISCIPLINAR DPR065GV – INSTITUIÇÕES DE DIREITO II Seminário de Estudos Tema: NOÇÕES DE DIREITO CONTRATUAL Professora: Marina

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Trabalho Instuições de Direito II - Contratos

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  • GOVERNADOR VALADARES - MG

    2015

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

    FACULDADE DE ADMINISTRAO E CINCIAS CONTBEIS

    DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAO

    Autores:

    Ana Luiza de Souza Vieira

    Paulo Csar Machado

    Vincius Soares

    PRODUO TEXTUAL DISCIPLINAR

    DPR065GV INSTITUIES DE DIREITO II

    Seminrio de Estudos

    Tema: NOES DE DIREITO CONTRATUAL

    Professora: Marina

  • Caractersticas Gerais do Contrato (Artigos 421 a 480 do Cdigo Civil)

    1 Noes Introdutrias Definio de Contrato

    A doutrina unnime em apontar que to antigo como o prprio ser humano o

    conceito de contrato, que nasceu a partir do momento em que as pessoas passaram

    a se relacionar e a viver em sociedade. A prpria palavra sociedade traz a ideia de

    contrato. Na origem etimolgica o vocbulo contrato indica a existncia de um

    vnculo jurdico de vontades com vistas a um determinado objeto. No latim o verbo

    contrahere passa a contractus, que traduz o sentido de ajuste, conveno ou

    pacto, ou seja, um acordo de vontades como a finalidade de criar direitos e

    obrigaes. Numa viso simples, contrato a regulao de um acordo entre duas ou

    mais pessoas para um fim qualquer. Ou ainda, o trato em que duas ou mais pessoas

    assumem certos compromissos ou obrigaes, ou asseguram entre si algum direito.

    Assim, o contrato um ato jurdico bilateral, dependente de pelo menos duas

    declaraes de vontade, cujo objetivo a criao, a alterao ou at mesmo a

    extino de direitos e deveres de contedo patrimonial. Os contratos so, em suma,

    todos os tipos de convenes ou estipulaes que possam ser criadas pelo acordo

    de vontades e por outros fatores acessrios. Toma o conceito de contrato, fazendo-o

    com grande preciso. Vejamos, ento, a excelncia dos conceitos apresentados

    pelos nossos maiores civilistas de ontem, hoje e sempre.

    Entre os clssicos, Clvis Bevilqua afirma ser o contrato o acordo de vontade

    de duas ou mais pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar

    ou extinguir direito (Cdigo, 1977, p. 194). Para Orlando Gomes o contrato o

    negcio jurdico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes observncia

    de conduta idnea satisfao dos interesses que a regularam (Contratos,

    1996, p. 10). Washington de Barros Monteiro conceitua o contrato como sendo o

    acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um direito

    (Curso, 2003, p. 5).

    Entre os contemporneos, lvaro Villaa Azevedo, seguindo o conceito italiano,

    conceitua o contrato como sendo manifestao de duas ou mais vontades,

    objetivando criar, regulamentar, alterar e extinguir uma relao jurdica

    (direitos e obrigaes) de carter patrimonial (Teoria, 2002, p. 21).

  • Anote-se que esses so conceitos clssicos de contrato. Todavia, diante das

    profundas alteraes pelas quais vem passando o instituto, alguns autores, como

    Paulo Nalin, prope um conceito ps-moderno ou contemporneo de contrato.

    Para o doutrinador paranaense, o contrato constitui a relao jurdica subjetiva,

    nucleada na solidariedade constitucional, destinada produo de efeitos

    jurdicos existenciais e patrimoniais, no s entre os titulares subjetivos da

    relao, como tambm perante terceiros (Do contrato,2005, p. 255).

    Na mesma linha, seguem os ensinamentos de Maria Helena Diniz, contrato o

    acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurdica,

    destinado a estabelecer uma regulamentao de interesses entre as partes,

    com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relaes jurdicas de natureza

    patrimonial.

    Interpretao dos Contratos

    As regras bsicas de interpretao do contrato encontram-se nos artigos 112, 113 e

    114 do CC. Pelo que dispe o artigo 112 mais vale a inteno das partes do que a

    literalidade do contrato. O artigo 113 refora a incidncia do princpio da confiana

    na relao contratual.

    Da Formao dos Contratos (Artigo 427 a 435 do Cdigo Civil)

    A formao dos contratos passa por trs momentos:

    Negociaes preliminares;

    Proposta;

    Aceitao.

    2 Requisitos de Existncia e Validade Contratual

    O contrato, como qualquer outro negcio jurdico, sendo uma de suas espcies,

    igualmente exige para a sua existncia legal o concurso de alguns elementos

    fundamentais, que constituem condies de sua validade. Os requisitos so de duas

    espcies: de ordem geral ou de ordem especial. Os de ordem geral so aqueles

    comuns a todos os atos e negcios jurdicos, como a capacidade do agente, o objeto

  • lcito, possvel, determinado ou determinvel, e a forma prescrita ou no defesa em

    lei (art. 104 CC).

    Os requisitos de ordem especial so aqueles peculiares das relaes contratuais

    que o consentimento recproco ou acordo de vontades. O consentimento deve ser

    livre e espontneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vcios ou defeitos

    do negcio jurdico: erro, dolo, coao, estado de perigo, leso e fraude.

    Foi criada pelo grande jurista Pontes de Miranda a teoria que concebeu de forma

    exemplar a estrutura do negcio jurdico, analisando os seus elementos

    constitutivos. Trata-se do que se convencionou denominar de Escada Ponteana

    (figura abaixo).

    A construo desta escada foi concebida, originariamente, a partir das discusses

    em seu grupo de estudos, sendo uma de suas linhas de pesquisa.

    Pois bem, o negcio jurdico, na viso de Pontes de Miranda, dividido em trs

    planos:

    Plano da existncia Plano da validade Plano da eficcia.

  • No plano da existncia esto os pressupostos para um negcio jurdico, ou seja, os

    seus elementos mnimos, seus pressupostos fticos, enquadrados dentro dos

    elementos essenciais do negcio jurdico. Nesse plano h apenas substantivos sem

    adjetivos, ou seja, sem qualquer qualificao (elementos que formam o suporte

    ftico). Esses substantivos so: agente, vontade, objeto e forma.

    No havendo algum desses elementos, o negcio jurdico inexistente, conforme

    defendem os doutrinadores que seguem risca a doutrina de Pontes de Miranda,

    caso de Marcos Bernardes de Mello (Teoria Plano, 2003).

    No segundo plano, o da validade, as palavras indicadas ganham qualificaes, ou

    seja, os substantivos recebem adjetivos, a saber: agente capaz; vontade livre, sem

    vcios; objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel e forma prescrita e no

    defesa em lei. Esses elementos de validade constam do art. 104 do Cdigo Civil.

    Na realidade, no h meno vontade livre, mas certo que tal elemento est

    inserido no plano da validade, seja na capacidade do agente, seja na licitude do

    objeto do negcio. O negcio jurdico que no se enquadra nesses elementos de

    validade, havendo vcios ou defeitos quanto a estes, , por regra, nulo de pleno

    direito, ou seja, haver nulidade absoluta. Eventualmente, o negcio pode ser

    tambm anulvel, como no caso daquele celebrado por relativamente incapaz ou

    acometido por algum vcio do consentimento.

    Por fim, no plano da eficcia esto os elementos relacionados com as

    consequncias do negcio jurdico, ou seja, com a suspenso e a resoluo de

    direitos e deveres relativos ao contrato, caso da condio, do termo, do encargo, das

    regras relacionadas com o inadimplemento, dos juros, da multa ou clusula penal,

    das perdas e danos, da resoluo, da resilio, do registro imobilirio e da tradio

    (em regra). De outra forma, nesse plano esto s questes relativas s

    consequncias e aos efeitos gerados pelo negcio em relao s partes e em

    relao a terceiros.

    Logicamente, a Escada Ponteana indica que o plano seguinte no pode existir sem

    o anterior. Elucidando, para que o negcio ou contrato seja eficaz, deve ser

    existente e vlido, em regra. A importncia da matria inquestionvel. Todas as

    vezes que foi mencionada a expresso negcio jurdico, poder-se-ia substituir

    por contrato, pois todo contrato negcio jurdico.

  • 3 Vcios Redibitrios (Artigo 441 a 446 do Cdigo Civil)

    Conceitos e Caractersticas

    Os vcios redibitrios so defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato

    comutativo, que diminuem o valor ou prejudicam a utilizao da coisa recebida e a

    tornam imprpria ao uso a que se destina (artigo 441 do CC).

    O principal aspecto deste vcio o fato dele ser oculto, recndito, ou seja, no

    aparente. Se for aparente, no se tratar de vcio redibitrio. Para que se configure o

    vcio redibitrio so necessrios os seguintes requisitos: o defeito alm de ser oculto,

    no aparente; deve ter se dado por causa anterior a celebrao do contrato; e deve

    consistir em perda ou deteriorao do bem. Ou ainda, vcios redibitrios so aqueles

    defeitos ocultos da coisa, imperceptveis no momento da celebrao do contrato,

    causados em decorrncia de fato anterior a celebrao do contrato.

    Caso o alienante no saiba do vcio, estando de boa-f, com a sua manifestao, ele

    responder somente pelo vcio redibitrio. Caso ele soubesse da existncia do

    defeito, responder pelo vcio redibitrio, bem como por perdas e danos. Se o

    alienante comunicado da existncia do vcio no mais poder reclam-lo porque a

    ele deixou de ser oculto, assumindo o risco o adquirente.

    De acordo com Caio Mrio, o vcio redibitrio trata-se de um defeito oculto de

    que portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprpria

    ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor. No se

    aproxima ontologicamente o conceito de vcio redibitrio da ideia de

    responsabilidade civil. No se deixa perturbar a sua noo com a indagao de

    conduta do contraente, ou apurao da sua culpa, que influir, contudo, na

    graduao dos respectivos efeitos, sem aparecer como elementar da sua

    caracterizao.

    Os elementos caracterizadores ou requisitos do vcio redibitrio so:

    A existncia de um contrato comutativo (translativo da posse e da propriedade da

    coisa).

    Um defeito oculto existente no momento da tradio.

    A diminuio do valor econmico ou o prejuzo adequada utilizao da coisa.

    EVICO: a perda do bem por deciso judicial transitada em julgado ou por ato

    administrativo, que o atribui a outrem por causa jurdica preexistente ao contrato.

  • No defeito, perda do bem. Todo alienante obrigado no s a entregar ao

    adquirente a coisa alienada, como tambm a garantir-lhe o uso e o gozo.

    D-se a evico quando o adquirente vem a perder total ou parcialmente, a coisa

    por sentena fundada em motivo jurdico anterior. Trata-se de clusula de garantia

    que opera de pleno direito, no necessitando, pois, de estipulao expressa.

    Inexiste, em regra, responsabilidade pela evico nos contratos gratuitos (artigo 552

    CC), salvo se se tratar de doao com encargo. Assim, so requisitos

    caracterizadores da evico: a perda do bem por sentena judicial; a causa deve ser

    anterior ao negcio celebrado; a perda deve ser total ou parcial.

    Fundamentos da garantia contra os vcios redibitrios

    De acordo com a doutrina de Orlando Gomes, o fundamento jurdico da garantia

    legal contra os vcios redibitrios baseia-se em trs teorias:

    Teoria da evico parcial a evico consiste na perda da propriedade de um

    bem, mvel, ou imvel, por fora do reconhecimento judicial ou administrativo do

    direito anterior de terceiro.

    Teoria do erro seria o caso de anular o contrato, se houvesse identificao, o

    que, nos termos das regras positivas em vigor, no ocorre. Erro e vcio redibitrio

    no se devem confundir, pois o primeiro tem dimenso subjetiva ou psicolgica e o

    segundo de natureza objetiva.

    Teoria do risco segundo essa teoria, a garantia legal contra os vcios

    redibitrios decorreria da prpria lei, que imporia ao alienante os riscos pelos

    eventuais defeitos ocultos existentes na coisa.

    S se excluir a responsabilidade do adquirente pela evico se houver clusula

    expressa, no se admitindo clusula tcita de no garantia.

    Podem as partes, por essa forma, reforar ou diminuir a garantia, e at mesmo

    exclu-la, como consta do artigo 448 do CC.

    No obstante a clusula de excluso de garantia, se a evico se der, tem direito o

    evicto a recobrar o preo que pagou pela coisa evicta, se no soube do risco da

    evico, ou, dele informado, no o assumiu (artigo 449 CC).

    A clusula de irresponsabilidade, por si s, exclui apenas a obrigao do alienante

    de indenizar as demais verbas, mencionadas ou no no artigo 459 do CC, mas no

    a de restituir o preo recebido.

  • A previso legal de vcios redibitrios encontra a sua justificativa jurdica na noo

    maior de garantia contratual. E essa garantia decorrente dos vcios redibitrios tal

    que o artigo 444 do CC chega ao ponto de impor responsabilidade ao alienante,

    ainda que a coisa perea em poder do alienatrio, se tal perecimento decorrer do

    vcio oculto, j existente ao tempo da tradio. Ou seja, se a coisa vier a ser

    destruda ou se extinguir, em virtude do prprio defeito, j existente quando da

    tradio, ainda sim o adquirente ter o direito compensao devida. Por fim:

    excluda a garantia, se o adquirente, posto que informado, no assume

    expressamente o risco da evico, pode ele perdida a coisa, reaver do alienante o

    que por esta havia pago

    Vcios redibitrios X Erro como vcio de consentimento

    Vcio redibitrio e erro, por mais que sejam conceitos muitos prximos, no devem

    ser confundidos. O erro expressa uma equivocada representao da realidade, uma

    opinio no verdadeira a respeito do negcio, do seu objeto ou da pessoa com

    quem se trava a relao jurdica. Este defeito do negcio vicia a prpria vontade do

    agente, atuando no campo psquico.

    Diferente o vcio redibitrio, garantia legal prevista para contratos comutativos em

    geral. Ele no toca o psiquismo do agente, incidindo, portanto, na prpria coisa,

    objetivamente considerada.

    Consequncias jurdicas da verificao de vcios redibitrios

    Depois de verificada a incidncia de vcio redibitrio, a teor do artigo 442 do CC,

    abre-se, para o adquirente, duas possibilidades:

    Rejeitar a coisa, redibindo o contrato (via ao redibitria).

    Reclamar o abatimento no preo (via ao estimatria).

    No primeiro caso, o adquirente prope, dentro do prazo decadencial previsto em lei,

    uma ao redibitria, cujo objeto o desfazimento do contrato e a devoluo do

    preo pago, podendo inclusive pleitear o pagamento das perdas e danos.

    J no segundo, o adquirente, tambm dentro do prazo decadencial da lei, prefere

    propor ao para pleitear o abatimento ou desconto no preo, em face do defeito

    verificado, o que se denomina ao estimatria.

  • Ambas as aes so espcies das aes edilcias, existindo uma relao de

    alternatividade, ou seja, um concurso de aes: o adquirente somente poder

    promover uma ou outra, visto que comportam pedidos excludentes entre si.

    Aes Edilcias (artigo 442 do CC)

    So as aes que o adquirente pode se valer para reclamar o vcio redibitrio em

    face do alienante. Aes edilcias gnero que possui duas espcies: Redibitria e

    Estimatria (estimativa quanti minoris). Elas so usadas conforme a perda do

    adquirente. Quando o defeito gera diminuio parcial do bem, nessa hiptese o

    adquirente pode optar pela devoluo do bem com a restituio do valor pago,

    voltando as partes ao status quo ante, atravs da ao redibitria. Ou ento, optar

    por ficar com a coisa, exigindo, o abatimento no preo proporcional a diminuio

    funcional da coisa (ao estimatria). Em caso de perda total a ao cabvel ser

    sempre a redibitria por razes lgicas, afinal, no se pode reclamar por uma

    diminuio do bem quando ele se perde totalmente.

    Prazo para a propositura das aes edilcias: para o ajuizamento das aes

    edilcias, ao redibitria ou ao estimatria, decadencial; trinta dias no caso de

    bens mveis, e de um ano no caso de bens imveis, contados nos dois casos a

    partir da tradio.

    Se o adquirente j estava na posse do bem, o prazo contado a partir da alienao,

    pela metade (artigo 445 do CC). Podem os contratantes, no entanto, ampliar

    convencionalmente o referido prazo.

    Interessante ainda observar o 1 e 2 do art. 445 do CC:

    1 Quando o vcio, por sua natureza, s puder ser conhecido mais tarde, o prazo

    contar-se- do momento em que dele tiver cincia, at o prazo mximo de cento e

    oitenta dias, em se tratando de bens mveis; e de um ano, para os imveis.

    2 Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vcios ocultos

    sero os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,

    aplicando-se o disposto no pargrafo antecedente se no houver regras

    disciplinando a matria. Observao: a entrega de coisa diversa da contratada no

    configura vcio redibitrio, mas inadimplemento contratual, respondendo o devedor

    por perdas e danos (artigo 389 CC).

  • Vcios redibitrios e o Cdigo de Defesa do Consumidor

    A proteo dispensada pelo Cdigo de Defesa do Consumidor ao consumidor

    muito mais ampla do que a prevista no Cdigo Civil.

    A lei consumerista no cuida de diferenciar os vcios aparentes dos redibitrios,

    consagrando, todavia, um eficaz sistema protetivo, que ir tutelar os direitos da parte

    hipossuficiente na relao de consumo, independentemente da natureza do defeito

    em tela (artigo 18 do CDC).

    De acordo com Jos Fernando Simo: O Cdigo de Defesa do Consumidor

    inovou ao enfatizar o fato de o vcio ser de qualidade ou quantidade. O fato de

    o vcio ser oculto ou aparente realmente gera poucas diferenas na relao de

    consumo e suas consequncias limitam-se questo dos prazos para

    exerccio do direito de reclamar pelos vcios (artigo 26 do CDC) .

    J Slvio Venosa declara: sem sombra de dvida, no mbito do consumidor

    que avultar de importncia a garantia pelos produtos ou pelos servios. J

    ressaltamos que o fornecedor tem o dever de informar o consumidor acerca

    das qualidades do produto ou servio, bem como adverti-lo dos riscos. Entre

    as regras de programa que traz a lei (Lei n 8.078/90), reconhecida a

    vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.

    Assim, a grande vantagem do sistema inaugurado pelo Cdigo de Defesa do

    Consumidor consiste na ampliao da responsabilidade do fornecedor pelo vcio do

    produto ou servio. Trata-se de uma forma objetiva de responsabilidade civil o que

    favorece a defesa do consumidor , compartilhada solidariamente por todos aqueles

    que participam da cadeia causal de consumo.

    4 Classificao dos Contratos Tipos de Contrato

    Os contratos agrupam-se em diversas categorias, suscetveis de subordinao a

    regras peculiares. importante distingui-las, pois, o conhecimento de suas

    particularidades de indubitvel interesse prtico, tornando-se quase indispensvel

    quando se tm em mira fins didticos.

    Cabe frisar que um mesmo fenmeno pode ser classificado de diversas formas,

    conforme o ngulo em que se coloca o analista. Desse modo, os contratos

    classificam-se em diversas modalidades, subordinando-se a regras prprias ou afins,

  • conforme as categorias em que se agrupam (Gonalves, C.R., Vol.3, 2012).

    Dividem-se: Quanto aos efeitos, em unilaterais, bilaterais e plurilaterais;

    gratuitos e onerosos. Os ltimos subdividem-se em comutativos e aleatrios, e

    estes, em aleatrios por natureza e acidentalmente aleatrios.

    Unilateral e bilateral: O critrio diferencial o nmero de obrigaes. Os contratos

    unilaterais geram obrigao apenas para um dos contratantes, ou seja, somente

    uma das partes tem nus; a outra aufere a vantagem, no tendo contraprestao

    enquanto que os contratos bilaterais geram obrigaes recprocas, so chamados

    contratos sinalagmticos.

    Gratuito e oneroso: Diferenciam-se no que diz respeito vantagem patrimonial. Os

    contratos gratuitos trazem vantagens econmicas e patrimoniais somente para um

    dos contratantes (exemplo: doao pura); os onerosos, para ambos (exemplos:

    compra e venda; seguro de vida etc.). Via de regra, o contrato bilateral oneroso, e

    o unilateral, gratuito.

    No Brasil s existe um contrato unilateral e gratuito: o contrato de mtuo

    emprstimo de dinheiro a juros (feneratcio). contrato unilateral porque se

    aperfeioa com a entrega do numerrio ao muturio, no bastando o acordo de

    vontades. Feita a entrega, o mutuante exime-se de sua obrigao, restando apenas

    deveres ao muturio.

    Os contratos onerosos subdividem-se em:

    Comutativos: aqueles de prestaes certas e determinadas; no momento da

    celebrao, as partes j conhecem suas vantagens e desvantagens.

    Aleatrios: aqueles que, no momento da celebrao, as partes no conhecem as

    suas vantagens e desvantagens. H sempre um elemento de risco neles. Exemplo:

    compra e venda da safra de arroz do ano seguinte.

    Paritrios e de adeso: No contrato paritrio as partes tm possibilidade de discutir,

    estabelecer clusulas, modific-las. O contrato de adeso o contrato redigido

    inteiramente por uma das partes; a outra apenas adere a ele.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n 8.078/90) regulamenta e conceitua

    essa espcie de contrato no seu artigo 54. A interpretao dos contratos de adeso,

    quando de clusulas obscuras, deve ser em favor do aderente.

    Exemplos: Contrato de clusulas abusivas (artigo 51 do CDC):

  • Eleio de foro, s vale se no trouxer prejuzo ao aderente; Clusula que impe a

    perda das parcelas pagas; Clusula de plano de sade que restringe cobertura de

    doenas epidmicas e AIDS).

    Formal: O artigo 541 do Cdigo Civil exige a escritura pblica ou o instrumento

    particular para o aperfeioamento da doao. A doao verbal s vlida para bens

    mveis de pequeno valor, desde que a tradio seja imediata.

    Gratuito: Gera para o donatrio apenas enriquecimento. Caso seja imposto um

    encargo ao donatrio, o contrato passa a ter natureza de oneroso.

    Contrato de Compra e Venda

    Contrato pelo qual o vendedor se obriga a transferir ao comprador o domnio de

    coisa mvel ou imvel mediante uma remunerao, denominada preo. um

    contrato translativo, entretanto no gera a transmisso de propriedade. Esse tipo de

    contrato somente traz o compromisso do vendedor em transmitir a propriedade,

    denotando efeitos obrigacionais (art. 482 do CC): "A compra e venda, quando

    pura, considerar-se- obrigatria e perfeita, desde que as partes acordarem no

    objeto e no preo." A translatividade caracterstica do contrato de Compra e Venda

    no sentido de trazer como contedo a referida transmisso, que se perfaz pela

    tradio nos casos que envolvem bens mveis ou jurdicos. importante ressaltar

    que para existir compra e venda, a coisa transmitida deve ser corprea, pois, caso

    contrrio, se configurar como contrato de cesso de Direitos.

    Elementos da compra e venda:

    Partes (comprador e vendedor) - O consentimento emitido pelas partes deve ser

    livre e espontneo. Havendo um dos vcios do consentimento (erro, dolo, coao

    moral, estado de perigo e leso), o contrato de compra e venda anulvel, conforme

    as regras do Cdigo Civil: Art. 171. Alm dos casos expressamente declarados

    na lei, anulvel o negcio jurdico: II - Por vcio resultante de erro, dolo,

    coao, estado de perigo, leso ou fraude contra credores.

    Coisa - A coisa deve ser lcita, determinada (coisa certa) ou determinvel (coisa

    incerta, indicada pelo gnero e quantidade), conforme o Art. 483 CC: A compra e

    venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficar sem efeito o

  • contrato se esta no vier a existir, salvo se a inteno das partes era de

    concluir contrato aleatrio.

    A coisa tambm deve ser alienvel, ou seja, deve ser consumvel no mbito jurdico,

    conforme consagra a segunda parte do art. 86 do CC (consuntibilidade jurdica).

    A venda de um bem inalienvel, caso do bem de famlia voluntrio ou convencional

    (arts. 1.711 a 1.722 do CC), considerada nula, seja pela ilicitude do objeto (art.

    166, II) ou por fraude lei imperativa (art. 166, VI).

    Preo - O preo pode ser arbitrado pelas partes ou por terceiro de sua confiana

    (preo por avaliao), conforme faculta o art. 485 do CC: A fixao do preo

    pode ser deixada ao arbtrio de terceiro, que os contratantes logo designarem

    ou prometerem designar. Se o terceiro no aceitar a incumbncia, ficar sem

    efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra

    pessoa.

    Regime Jurdico da Compra e Venda

    1 No esto legitimados a firmar compra e venda sobre pena de nulidade:

    Tutor e curador durante o exerccio das funes;

    Testamenteiro a Administrador durando o exerccio de sua funo;

    Servidor pblico, que no pode adquirir bens da Administrao pblica que atua;

    Leiloeiro e seu preposto, que no pode adquirir o bem que est por ele a ser

    vendido;

    Juiz, secretrio de tribunal, rbitro, perito e auxiliares de justia, que no podem

    adquirir bens ou direitos sobre os quais possam vir a ter influncia por ocasio de

    compra.

    2 O comprador obriga-se a apagar o preo e o vendedor, obriga-se a entregar a

    coisa.

    3 Na compra e venda a prazo, admite-se entrega da posse do bem por ocasio do

    pagamento da primeira prestao ou mesmo antes dela.

    4 Tratando-se de bem imvel, as despesas de escritura e registro correro por

    conta do adquirente, salvo estipulao em sentido contrrio.

  • 5 Tratando-se de bens mvel, as despesas com a tradio ocorrero por conta do

    vendedor, salvo estipulao em sentido contrrio.

    6 O vendedor responde perante o adquirente pelos riscos da evico e por vcios

    redibitrios.

    7 O vendedor responde perante o adquirente pelos riscos decorrentes da

    conservao da coisa at a entregado bem.

    8 A venda a non domino nula, cabendo a ao adquirente de boa-f repetir o

    indbito e obter perdas e danos daquele que indevidamente lhe vendeu o bem.

    9 A venda de ascendente a descendente possvel desde que realizada mediante

    consentimento expresso dos demais descendentes, assim como do cnjuge se no

    estiver casado sob regime de separao legal de bens. Se tal providncia no for

    observada, o negcio sujeitar-se- anulao.

    10 Na compra de bem imvel, o preo pode ser fixado sem se considerar a

    extenso da rea (venda as corpus) ou por medida de extenso (venda ad

    mensuram).

    Tratando-se de venda ad mensuram de rea inferior em mais de 1/20 da real

    extenso, o comprador poder:

    Obter o complemento da rea, se fisicamente possvel;

    Redibir a coisa e obter a restituio do que pagou;

    Estimar a coisa, mediante a reduo proporcional do preo (action quanti minoris).

    11 possvel a venda sob amostra, podendo o comprador se recusar a receber a

    coisa que o vendedor lhe entregar caso no corresponda, em qualidade, ao que lhe

    foi efetivamente demonstrado.

    12 possvel a venda conjunta, no sendo cabvel a redibiro de todas as coisas

    se uma, ou algumas, contiver vcios.

    13 Assumindo uma das partes um risco que no da natureza do contrato, ser

    ele regulado como venda aleatria, sujeitando-se o adquirente a eventual prejuzo

    total ou parcial.

  • 14 Na venda em condomnio, o condmino que pretender vender sua cota-parte

    dever primeiramente oferec-la aos demais condminos pelas mesmas condies

    que oferecer a terceiros.

    Contrato de Doao

    Conceito: A doao um Negcio Jurdico pelo qual uma pessoa entrega um bem

    de forma gratuita a outra pessoa. Segundo o art. 538 do CC, a Doao trata-se de

    ato de mera liberalidade, sendo um contrato benvolo, unilateral e gratuito. Sendo

    negcio jurdico benvolo ou benfico, somente se admite a interpretao restritiva,

    nunca a interpretao declarativa ou extensiva art. 114 do CC: "Os negcios

    jurdicos benficos e a renncia interpretam-se estritamente."

    Elementos da Doao:

    Liberalidade do doador;

    Aceitao da liberalidade pelo donatrio;

    Inteno do doador de transferir de forma definitiva e gratuita a propriedade

    (animus donandi).

    Regime Jurdico da Doao

    1 A transferncia do bem deve se dar por ato inter vivos.

    2 O silncio do donatrio em aceitar a doao caracteriza sua aceitao, a menos

    que ela acarrete algum encargo.

    3 Os riscos da coisa so do doador, que dever arcar com as despesas de

    conservao at a entrega ao donatrio. Se a coisa perecer em poder do doador por

    sua culpa, caber perdas e danos.

    4 Probe-se doao de bem alheio.

    5 Embora polmica a matria, entendo cabvel a promessa de doao.

    6 permitida a doao de bem em prol do cnjuge ou do convivente.

    7 permitida a doao de rgos e tecidos, de partes destacveis ou

    regenerveis, durante a vida do doador (LT). J a doao de rgos post-mortem

  • supe prvia autorizao da pessoa em vida ou do responsvel legal (ascendente,

    descendente, colateral de segundo grau ou cnjuge).

    8 Admite-se a doao remuneratria como retribuio por servios prestados pelo

    donatrio.

    9 Admite-se a doao peridica, que forma de constituio de renda em prol do

    donatrio.

    10 Admite-se doao com reverso, retornando o bem doado ao patrimnio do

    doador caso o donatrio venha a falecer antes dele.

    11 Admite-se a doao em favor de nascituro subordinada condio

    suspensiva, que o nascimento com vida.

    Sujeita-se, por outro lado, a doao com encargo teria dos vcios redibitrios; e o

    descumprimento da obrigao de fazer, pelo donatrio, possibilita ao doador

    desconstruir a doao.

    12 No cabe a aplicao do instituto da evico na doao.

    13 O doador no obrigado a pagar juros moratrios por atrasar a entrega do

    bem.

    14 nula a doao de todos os bens sem reserva de uma parte para subsistncia.

    15 anulvel a doao feita pelo cnjuge adltero a seu cmplice.

    16 possvel a doao em favor do descendente, que se considera adiantamento

    da legtima, devendo o bem ser posteriormente submetido colao na abertura da

    sucesso do doador.

    17 A doao pode ser revogada, por meio de ao, no prazo de um ano:

    Antes da aceitao do donatrio;

    Quando houver ingratido do donatrio, cujas hipteses encontram-se descritas na

    lei (ofensa vida, integridade fsica, calnia grave, recusa de prestao de

    alimentos para o doador).

    18 No se revoga por ingratido a doao puramente remuneratria, com encargo

    j cumprido, para determinado casamento ou em cumprimento obrigao natural.

  • Contrato de Troca ou Permuta

    Conceito - O contrato de troca, permuta ou escambo aquele pelo qual as partes

    se obrigam a dar uma coisa por outra que no seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo

    tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas para uma compensao recproca.

    Isso justifica a aplicao residual das regras previstas para a compra e venda artigo

    533, caput, do CC: Aplicam-se troca as disposies referentes compra e

    venda, com as seguintes modificaes: I - salvo disposio em contrrio, cada

    um dos contratantes pagar por metade as despesas com o instrumento da

    troca; II - anulvel a troca de valores desiguais entre ascendentes e

    descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cnjuge do

    alienante.

    A troca um contrato bilateral ou sinalagmtico, trazendo direitos e deveres

    proporcionais. um contrato oneroso, pois, obriga a presena de sacrifcio de

    vontade para as partes. um contrato comutativo, em regra, e translativo da

    propriedade, eis que serve como titulus adquirendi. Trata-se de um contrato

    consensual, que tem aperfeioamento com a manifestao de vontade das partes,

    assim como ocorre com a compra e venda (art. 482 do CC).

    Elementos da troca: Os elementos da Troca so o consenso e coisas diversas de

    dinheiro.

    Regime Jurdico

    As despesas decorrentes do contrato so rateadas entre as partes.

    O contratante que, por evico, perder o bem que lhe foi entregue poder obter

    repetio ou perdas e danos.

    O perecimento da coisa sem culpa das partes acarreta a extino do contrato.

    possvel a troca de bens entre ascendente e descendente desde que com

    expresso consentimento dos demais descendentes, sob pena de anulao do

    contrato.

    Quem trocou sem ser o proprietrio no pode reclamar a entrega do bem pela

    outra parte (permuta a non domino), pois o contrato nulo.

  • 5 - Extino dos Contratos (artigos 472 a 480 do Cdigo Civil)

    Os contratos, como os negcios jurdicos em geral, tm tambm um ciclo vital: nasce

    do acordo de vontades, produzem os efeitos que lhe so prprios e extinguem-se.

    A extino d-se, em regra, pela execuo, seja instantnea, diferida ou continuada.

    O cumprimento da prestao libera o devedor e satisfaz o credor. Este o meio

    normal de extino do contrato. Como tudo que nasce ele tambm tem um fim ou

    uma extino. Apesar de que a forma natural de obrigao de um contrato seja

    atravs de seu cumprimento na forma combinada pelas partes, h trs hipteses de

    extino no natural do contrato, cada uma com aplicabilidade distintas (aplica-se

    tanto no contrato definitivo quanto no preliminar), e so elas a resilio, a

    resoluo, e a resciso.

    A classificao e delimitao das formas de extino dos contratos controvertida.

    Seguindo a orientao mais completa e didtica trazida pelos doutrinadores Carlos

    Roberto Gonalves, Maria Helena Diniz e Orlando Gomes, duas formas podem

    ser consideradas:

    Forma Normal de Extino dos Contratos: O contrato extingue-se, em regra,

    com o cumprimento do seu objeto. A execuo pode ser instantnea (pagamento

    vista, entrega imediata de um bem etc.), diferida (entrega do bem no ms seguinte),

    ou continuada (pagamento em prestaes). O cumprimento do contrato provado

    pela quitao, feita pelo credor de acordo com o artigo 320 do Cdigo Civil.

    O credor atestar o pagamento por meio de quitao regular. A quitao vale

    qualquer que seja a forma do contrato. Se determinado ato foi atravs de escritura

    pblica, vale a quitao por instrumento particular.

    Forma Anormal de Extino dos Contratos: Ocorre com a inexecuo do

    contrato por fatores anteriores, concomitantes ou supervenientes a ele. Apesar da

    forma natural de obrigao de um contrato seja atravs de seu cumprimento na

    forma combinada pelas partes, h trs hipteses de extino no natural do

    contrato, cada uma com aplicabilidade distintas (aplica-se tanto no contrato definitivo

    quanto no preliminar), e so elas a resilio, a resoluo, e a resciso.

    Morte de um dos contratantes: forma de extino anormal dos contratos

    personalssimos, que no permitem a execuo pelos sucessores do de cujus.

  • Resoluo: A extino do contrato mediante resoluo tem como causa a

    inexecuo ou o no cumprimento por um dos contratantes. Resoluo, segundo

    Orlando Gomes, um remdio concedido parte para romper o vnculo contratual

    mediante ao judicial. O inadimplemento pode ser voluntrio (culposo), ou no

    (involuntrio).

    Definio didtica: no se baseia na vontade das partes, mas num inadimplemento

    acarretado por um motivo previsto em lei, ou ainda, um inadimplemento autorizado,

    que ensejar a extino do pacto.

    Resoluo por Inexecuo Voluntria: A resoluo por inexecuo voluntria

    decorre de comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuzo ao outro.

    Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituies

    recprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da

    clusula penal convencionada.

    Resoluo por Inexecuo Involuntria: A resoluo pode tambm decorrer de

    fato no imputvel s partes, denominados caso fortuito ou fora maior, que

    impossibilitam o cumprimento da obrigao. A inexecuo involuntria caracteriza-se

    pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato.

    O inadimplente no fica, no caso de inexecuo involuntria, responsvel pelo

    pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os

    prejuzos resultantes de caso fortuito ou fora maior, ou estiver em mora (artigo 393

    e 399 CC). A resoluo opera-se de pleno direito.

    Resoluo por Onerosidade Excessiva: Embora o princpio pacta sunt servanda

    (os pactos devem ser respeitados") ou da intangibilidade do contrato seja

    fundamental para a segurana nos negcios e fundamental a qualquer organizao

    social, os negcios jurdicos podem sofrer as consequncias de modificaes

    posteriores das circunstncias, com quebra insuportvel da equivalncia. O principal

    artigo atinente resoluo contratual por onerosidade excessiva o art. 478 do CC.

    A Teoria da Impreviso clusula rebus sic stantibus (estando assim as coisas)

    (478 a 480 do CC) - aplica-se sempre que um fato imprevisvel recai sob as

    circunstancias de um contrato de forma a prejudicar uma das partes, e assim, o

    prejudicado pode pedir reviso do contrato. Somente se aplica nos contratos de

    execuo diferida e continuada, nunca nos de execuo imediata.

  • Ressalte-se que so requisitos indispensveis a resoluo do contrato por

    onerosidade excessiva: a vigncia de um contrato de execuo diferida ou de trato

    sucessivo, a ocorrncia de fato extraordinrio e imprevisvel, a considervel

    alterao da situao de fato existente no momento da execuo, em confronto com

    a que existia por ocasio da celebrao, nexo causal entre o evento superveniente e

    a consequente excessiva onerosidade. O contraente que estiver em mora quando

    dos fatos extraordinrios no pode invocar, em defesa, a onerosidade excessiva,

    pois assim, responde pelos riscos supervenientes (artigo 399 CC).

    Exceo do Contrato No Cumprido (Artigo 476 CC):

    Os contratos bilaterais ou sinalagmticos geram obrigaes para ambos os

    contratantes, envolvendo prestaes recprocas atreladas umas s outras. O artigo

    476 do CC permite que qualquer dos contraentes possa, ao ser demandado pelo

    outro, se utilizar de uma defesa denominada exceptio non adimplemti contractus

    ou exceo do contrato no cumprido, para recusar a sua prestao, sob o

    fundamento de que o demandante no cumpriu a que lhe competia. Aquele que no

    satisfez a prpria obrigao no pode exigir o implemento da do outro. Se o fizer, o

    ltimo pode avocar em sua defesa, a referida exceo, fundada na equidade.

    Garantia de Execuo da Obrigao a Prazo (Artigo 477 CC):

    Nessa hiptese de resoluo por inexecuo voluntria do contrato procura-se

    acautelar os interesses do que deve pagar em primeiro lugar, protegendo-o contra

    alteraes da situao patrimonial do outro contratante. Autoriza-se, por exemplo, o

    vendedor a no entregar a mercadoria vendida, se algum fato superveniente

    celebrao do contrato acarretar diminuio considervel no patrimnio do

    comprador, capaz de tornar duvidoso o posterior adimplemento de sua parte na

    avena, podendo aquele, neste caso, reclamar o preo de imediato ou exigir

    garantia suficiente.

    Observao: Presentes os pressupostos do artigo 478 do CC, a parte lesada pode

    pleitear a resoluo do contrato; permite, todavia, o artigo 479 do CC, que a parte

    contrria possa, considerando que lhe mais vantajoso manter o contrato,

    restabelecendo o seu equilbrio econmico, oferecer-se para modificar

  • equitativamente as suas condies. Permite-se, portanto, dar soluo diversa ao

    problema da onerosidade excessiva, por iniciativa uma das partes, inibindo a

    resoluo do contrato.

    Resilio: Resilio no deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da

    manifestao de vontade das partes, que pode ser bilateral ou unilateral.

    Resilir significa voltar atrs. A resilio bilateral denomina-se distrato, que o

    acordo de vontades afim de extinguir um contrato anteriormente celebrado. A

    unilateral ocorre somente em determinados contratos, pois a regra a

    impossibilidade de um contraente romper o vnculo contratual por sua exclusiva

    vontade.

    Distrato: O distrato feito pelo mtuo acordo e deve ter a mesma forma do contrato

    celebrado. o acordo entre as partes, a fim de extinguir vnculo contratual

    anteriormente estabelecido. um novo contrato com a finalidade de dissolver o

    anterior. O distrato somente produz efeitos para o futuro, no retroage aos efeitos

    anteriores, isto , o distrato equivale a uma revenda, uma transferncia da

    propriedade.

    Qualquer contrato pode cessar pelo distrato. necessrio, todavia, que os efeitos

    no estejam exauridos, uma vez que o cumprimento a via normal da extino. O

    mecanismo do distrato o que est presente na celebrao do contrato: a mesma

    vontade, que tem o poder de criar, atua na direo oposta, para dissolver o vnculo e

    devolver a liberdade queles que se encontravam compromissados.

    O artigo 472 estabelece que o distrato deve obedecer a mesma forma do contrato a

    ser desfeito quando este tiver forma especial, mas no quando esta for livre.

    Resilio Unilateral (Renncia, Revogao, Renncia e Resgaste):

    Nos contratos indeterminados as partes no estipulam sua durao. A extino pode

    se dar a qualquer tempo, por iniciativa de uma das partes. Em alguns contratos por

    tempo indeterminado, a extino pela vontade de uma das partes deve ser

    precedida de notificao, chamada aviso prvio, dada como certa antecedncia.

    A resilio no deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da

    manifestao de vontade. O fundamento para a sua efetivao seria assim a

    vontade presumida. Outras vezes, o contrato se baseia na confiana e s perdura

  • enquanto existir esta confiana entre as partes. Por ltimo, os prprios sujeitos

    reservam-se o direito de arrependimento.

    A resilio o meio prprio para dissolver os contratos por tempo indeterminado. Se

    no fosse assegurado o poder de resilir, seria impossvel ao contratante libertar-se

    do vnculo se o outro no concordasse. A denncia unilateral ocorre nos contratos

    por tempo indeterminado, pois no se admite contratos perptuos.

    Observao: Resilio Contratual - Distrato X Resoluo Unilateral).

    A diferena entre elas a causa que leva a extino do contrato, se houve um vcio

    na formao, haver uma resciso, se a causa um descumprimento do contrato

    com ou sem culpa, d-se a resoluo, mas se a causa da extino manifestao

    da vontade das partes, seja bilateral ou unilateralmente, d-se uma resilio.

    Resciso: a pior forma de extino do contrato. Trata-se de um inadimplemento

    com culpa que causa dano a parte contrria. aquela forma de extino do contrato

    em que h inadimplemento culposo e causa de dano ao outro contratante. O

    contrato pode ser nulo ou anulvel. Enseja o pagamento de perdas e danos.

    Bibliografia

    DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 3. 24 ed. So

    Paulo: Saraiva. 2012.

    GAGLIANO, Pablo Stolze. Curso de Direito Civil. Vol. 4. 4ed. Saraiva. 2008.

    GONALVES, Carlos Roberto. Vol. 3. 6 ed. So Paulo: Saraiva. 2012.

    VENOSA, Slvio de Salvo. Vol. 2. 9 ed. So Paulo: Atlas. 2012.

    Kmpel, Vitor Frederico - Direito Civil Contratos Complexo Damsio. 2010.

    Governador Valadares, 14/06/2015.

    Participantes:

    Ana Luiza de Souza Vieira

    Paulo Csar Machado

    Vincius Soares