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Tortura Portarias Componentes Atas de Reunião Legislação Doutrina Bibliografia Projeto Todos Contra a Tortura Diversos Desde 1824 a tortura foi banida do ordenamento jurídico brasileiro. Mas sua prática continua recorrente no cotidiano dos brasileiros, sobretudo os mais pobres, sem instrução e sem acesso a advogados e ao conhecimento dos seus direitos. A prática da tortura, no Brasil, ainda vem sendo tratada pela maioria das administrações estaduais, dos setores do Judiciário e do Ministério Público como desvio de conduta de alguns (quase invisíveis) agentes do Estado. Desse modo recai indevidamente sobre a vítima o ônus de provar que sofreu a tortura, para que, no seu processo, a prova produzida não seja considerada inválida, e se possa instaurar processo contra o(s) torturador(es). A experiência tem revelado que, quando a tortura ocorre, não só o torturador direto é o responsável. Os escalões hierárquicos superiores, que recompensam e promovem, ou não investigam nem punem, também devem ser chamados à responsabilidade. A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) instituiu Grupo de Trabalho integrado por Procuradores da República de todo o país para definir uma estratégia para melhorar a eficiência da atuação institucional para enfrentar este grave problema, que já chamou a atenção da Organização das Nações Unidas. A PFDC, em parceria com a Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), apresentou à Secretaria de Estado de Direitos Humanos do Ministério da Justiça um projeto de capacitação de agentes públicos cujo objetivo geral é contribuir para o combate à tortura, mediante análise crítica sobre o efetivo funcionamento do sistema de justiça e segurança, visando seu aperfeiçoamento. O objetivo específico é partilhar com juízes, promotores, advogados, defensores, delegados, médicos, agentes penitenciários, dentre outros, informações sobre a questão da tortura, sensibilizando-os para o tema, e produzindo mudança de atitudes, quanto aos modos e mecanismos de intervenção para prevenção, punição e reparação à tortura. A estratégia do projeto é a formação de parcerias e conjunção de esforços para potencializar os efeitos das trocas de experiência, e da compreensão da prerrogativa de cada instituição ter interesse legítimo para iniciar as articulações, visando à realização tanto das parcerias, quanto da implementação das oficinas de trabalho, que são espaços de troca de experiências e vivências na luta pelo combate à tortura, com a possibilidade de examinar aspectos criminológicos, dogmáticos e de política criminal, ligados à criminalidade da tortura. A adoção de medidas de prevenção, punição e reparação da prática da tortura também tem de ser política pública, a ser adotada pelas várias esferas de poder na federação, e pelos vários atores políticos do Estado, governantes, magistrados e membros do Ministério Público. A tortura fere o corpo e maltrata a alma. Atinge a pessoa humana em sua dignidade essencial. É prática abominável, repudiada por toda sociedade civilizada, e incompatível com um Estado

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  • Tortura

    Portarias Componentes Atas de Reunio Legislao

    Doutrina BibliografiaProjeto

    Todos Contra a TorturaDiversos

    Desde 1824 a tortura foi banida do ordenamento jurdico brasileiro. Mas sua prtica continuarecorrente no cotidiano dos brasileiros, sobretudo os mais pobres, sem instruo e sem acesso aadvogados e ao conhecimento dos seus direitos.

    A prtica da tortura, no Brasil, ainda vem sendo tratada pela maioria das administraes estaduais,dos setores do Judicirio e do Ministrio Pblico como desvio de conduta de alguns (quaseinvisveis) agentes do Estado. Desse modo recai indevidamente sobre a vtima o nus de provarque sofreu a tortura, para que, no seu processo, a prova produzida no seja considerada invlida, ese possa instaurar processo contra o(s) torturador(es).

    A experincia tem revelado que, quando a tortura ocorre, no s o torturador direto o responsvel.Os escales hierrquicos superiores, que recompensam e promovem, ou no investigam nempunem, tambm devem ser chamados responsabilidade.

    A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado (PFDC) instituiu Grupo de Trabalho integrado porProcuradores da Repblica de todo o pas para definir uma estratgia para melhorar a eficincia daatuao institucional para enfrentar este grave problema, que j chamou a ateno da Organizaodas Naes Unidas. A PFDC, em parceria com a Escola Superior do Ministrio Pblico da Unio(ESMPU), apresentou Secretaria de Estado de Direitos Humanos do Ministrio da Justia umprojeto de capacitao de agentes pblicos cujo objetivo geral contribuir para o combate tortura,mediante anlise crtica sobre o efetivo funcionamento do sistema de justia e segurana, visandoseu aperfeioamento. O objetivo especfico partilhar com juzes, promotores, advogados,defensores, delegados, mdicos, agentes penitencirios, dentre outros, informaes sobre a questoda tortura, sensibilizando-os para o tema, e produzindo mudana de atitudes, quanto aos modos emecanismos de interveno para preveno, punio e reparao tortura.

    A estratgia do projeto a formao de parcerias e conjuno de esforos para potencializar osefeitos das trocas de experincia, e da compreenso da prerrogativa de cada instituio ter interesselegtimo para iniciar as articulaes, visando realizao tanto das parcerias, quanto daimplementao das oficinas de trabalho, que so espaos de troca de experincias e vivncias naluta pelo combate tortura, com a possibilidade de examinar aspectos criminolgicos, dogmticose de poltica criminal, ligados criminalidade da tortura. A adoo de medidas de preveno,punio e reparao da prtica da tortura tambm tem de ser poltica pblica, a ser adotada pelasvrias esferas de poder na federao, e pelos vrios atores polticos do Estado, governantes,magistrados e membros do Ministrio Pblico.

    A tortura fere o corpo e maltrata a alma. Atinge a pessoa humana em sua dignidade essencial. prtica abominvel, repudiada por toda sociedade civilizada, e incompatvel com um Estado

  • Democrtico de Direito. No tarefa fcil combat-la.

  • PortariasPORTARIA PFDC N 02, DE 08 DE OUTUBRO DE 2001.

    A PROCURADORA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADO, do Ministrio PblicoFederal, nos termos do art. 5, letra h e inciso II, letra e da Lei Complementar n 75, de 20 demaio de 1993 e,

    CONSIDERANDO a necessidade de dar seqncia ao Plano de Ao definido no VIIIEncontro Nacional dos Procuradores da Cidadania, que definiu a necessidade de constituiode grupo de trabalho composto de Procuradores do Cidado para cuidar da situao do temano Brasil;

    CONSIDERANDO a necessidade de integralizar o compromisso assumido pela PFDC,perante o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Ministrio da Justia etambm na condio de integrante da Representao do Brasil perante o CAT, da ONU,quanto a empreender aes para erradicar a prtica da tortura no Brasil e promover aresponsabilidade penal dos que a praticam;

    CONSIDERANDO a necessidade de realizar o diagnstico da situao da tortura no Brasil;

    CONSIDERANDO a necessidade de definir a atribuio dos membros do Ministrio PblicoFederal quanto prtica da tortura;

    CONSIDERANDO a necessidade de definir estratgias de atuao e de parcerias paraexigncia da implementao de polticas pblicas quanto prtica da tortura no Brasil;

    CONSIDERANDO a necessidade de definir plano de trabalho. RESOLVE instituir junto aProcuradoria Federal dos Direitos do Cidado, sob a coordenao de sua titular, GRUPOTEMTICO DE TRABALHO SOBRE TORTURA NO BRASIL, COMO SITUAO DEOFENSA CIDADANIA, integrado pelos Membros do Ministrio Pblico Federal, a seguirrelacionados, secretariado pelo primeiro, para definir planos de atuao que indiquemparmetros e metas dos Procuradores da Cidadania em todo o pas: Wellington CabralSaraiva - PE, Paulo Vasconcelos Jacobina - SE, Delson Lyra da Fonseca - AL, GuilhermeZanina Schelb - DF, Marco Tlio Lustosa Caminha - PA, Samantha Chantal Dobrowolski -SC, Srgio Monteiro Medeiros - AM, Geisa de Assis Rodrigues - BA, Raquel Elias FerreiraDodge - DF, Marlon Alberto Weichert - SP e Mrio Luiz Bonsaglia - SP. Esta Portaria entraem vigor na data de sua publicao.

    MARIA ELIANE MENEZES DE FARIASSubprocuradora-Geral da Repblica

    Procuradora Federal dos Direitos do Cidado PFDC

  • Componentes

    Coordenao Geral:Maria Eliane Menezes de FariasRaquel Elias Ferreira Dodge

    Coordenador de rea: Luciano Mariz Maia

    Assessor: Mariela Villas Boas Dias

    Apoio: Sheila Neves de OliveiraValria Alves

    Nome Lotao E-mail

    01) Maria Eliane Menezes de Farias PGR/PFDC [email protected]) Raquel Elias Ferreira Dodge PRR/1 Regio [email protected]) Cibele Benevides Guedes da Fonseca PR/MG [email protected] 04) Daniel Antonio de Moraes Sarmento PR/RJ [email protected]) Delson Lyra da Fonseca PR/AL [email protected]) Fernando Jos Piazenski PR/AC [email protected]) Francisco Rodrigues dos SantosSobrinho PRR/5 Regio/PE [email protected]

    08) Geisa de Assis Rodrigues PRR/4 Regio/RS [email protected]) Gino Augusto de Oliveira Liccione PR/RJ [email protected]) Guilherme Zanina Schelb PR/DF [email protected]) Laura Noeme dos Santos PRR/3 Regio/SP [email protected]) Lauro Pinto Cardoso PR/ES [email protected]) Luiz Fernando Gaspar Costa PR/SP [email protected]) Luciano Mariz Maia PRR/1 regio/DF [email protected]) Manoel do Socorro Tavares Pastana PR/AP [email protected]) Mrcio Barra Lima PR/BA [email protected]) Marco Tlio Lustosa Caminha PR/PI [email protected]) Maria Iraneide Olinda Santoro Facchini PRR/3 Regio/SP [email protected]) Maria Silvia de Meira Luedemann PRR/3 Regio/SP [email protected]) Mrio Luiz Bonsaglia PRR/3 Regio/SP [email protected]) Marlon Alberto Weichert PR/SP [email protected]) Niedja Gorete de Almeida RochaKaspary PRDC/AL [email protected]

    23) Paulo Vasconcelos Jacobina PRDC/SE [email protected]) Robson Martins PRM/Londrina/PR [email protected]) Sady D'Assumpo Torres Filho PRR/5 Regio/PE [email protected]

  • 26) Tranvanvan da Silva Feitosa PRDC/PI [email protected]) Wellington Cabral Saraiva PR/PE [email protected]

  • Atas de ReunioREUNIO: DIA 10.10.2002 REUNIO: DIA 10.09.2002 REUNIO: DIA 14.12.2001 REUNIO: DIA 13.11.2001REUNIO: DIA 08.10.2001

    Pgina 1 de 1Atas de Reunio PFDC - Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado

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  • Memria da 5 Reunio do Grupo Temtico de Trabalho Sobre

    A Tortura no Brasil, Como situo de Ofensa a Cidadania

    Sugesto de Pauta Enviada pelo Dr. Luciano Mariz Maia

    1 Capacitao contra a tortura;

    2 Frum Social Mundial; e

    3 Agenda comum dos Grupos Temticos de Trabalho Sistema Prisional e

    Segurana Pblica e Tortura no Brasil.

    Local, data e horrio :

    Sala de reunies da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado - PFDC (Edifcio Sede da PGR Bloco B 1 andar - Sala 116) Data: 10 de outubro de 2002, s 11:00 horas.

    Participantes :

    - MARIA ELIANE MENEZES DE FARIAS, Subprocuradora-Geral da Repblica/Procuradora Federal dos Direitos do Cidado;

    - LAURA NOEME DOS SANTOS, MARIA IRANEIDE OLINDA SANTORO FACCHINI e MARIA SILVIA DE MEIRA LUEDEMANN (PRR/3 Regio/SP) Procuradoras Regionais da Repblica

    - DELSON LYRA DA FONSECA (PR/AL), FERNANDO JOS PIAZENSKI (PR/AC), ISABELA DE HOLANDA CAVALCANTI (PR/MG), LUIS FERNANDO GASPAR COSTA (PR/SP), MANOEL DO SOCORRO TAVARES PASTANA (PR/AP), MRCIO BARRA LIMA (PR/MA), SAMANTHA CHANTAL DOBROWOLSKI (PR/SC), TRANVANVAN DA SILVA FEITOSA (PR/PI), ROBSON MARTINS (PRM/Foz do Iguau/PR) e WELLINGTON CABRAL SARAIVA (PR/PE) Procuradores da Repblica.

    Os Procuradores Paulo Vasconcelos Jacobina (PR/SE) e Marlon Alberto Weichert (PR/SP), informaram no poderem comparecer reunio, em virtude de terem assumido compromissos institucionais anteriormente agendados.

    2 .

    Sntese do contedo da reunio:

    A seguir, sintetizamos alguns dos principais assuntos que foram objeto de discussses durante a reunio:

    I - Capacitao contra a tortura :

    1. A abertura dos trabalhos coube ao Dr. Delson Lyra que, a princpio, discorreu a respeito

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  • das deliberaes havidas na reunio anterior. Em seguida, relatou sobre as razes do no comparecimento do Dr. Luciano, o qual encaminhou, por e-mail, a sugesto de pauta citada na pgina anterior e cujos assuntos esto descritos nos 05 (cinco) documentos por ele elaborados e enviados como anexo via correio eletrnico, nos quais se incluem uma monografia de mestrado de sua autoria, intitulada A Tortura e a Lei no Brasil, sendo que o envio desta ltima visa apenas dar conhecimento aos integrantes do GT sobre diversos aspectos adicionais que envolvem o assunto.

    2. O material enviado pelo Dr. Luciano, exceo da monografia, ser parte integrante da memria final da presente reunio, como elemento de consulta e distribuio para conhecimento interno e externo, quando necessrio e de acordo com a convenincia verificada. Dever compor, tambm, na forma de ANEXOS, o DOSSI sobre Tortura existente no mbito da PFCD. Tais anexos compreendem:

    PROJETO TODOS CONTRA A TORTURA :

    a) 1 parte contendo Introduo, Desenvolvimento e os demais itens explicativos sobre a proposio pertinente;

    b) 2 parte contendo as Caractersticas, as Metas e outras informaes afins;

    c) 3 parte Oficinas de Trabalho, contendo dados sobre o pblico alvo, o objetivo, a metodologia, etc;

    d) 4 parte Avaliao da Atuao Contra a Tortura: Identificando Necessidades.

    A seguir, foi feita uma leitura participativa de todos os itens que integram o PROJETO TODOS CONTRA A TORTURA, a fim de facilitar o entendimento da proposio nele contida. Encerrada a citada leitura, e aps discusso sobre o seu contedo, foi o projeto aprovado, devendo, no entanto, quanto aos aspectos voltados sua implementao, serem adotadas as medidas a seguir.

    O projeto dever contar com 02 (dois) Coordenadores a nvel nacional, ficando aprovado, desde ento, que o Dr. Luciano ser um deles. O outro dever advir de indicao da Escola Superior do Ministrio Pblico da Unio ESMPU.

    Decidiu-se tambm que em havendo interesse dos membros do GT na apresentao de sugestes sobre o projeto, devero as mesmas serem encaminhadas diretamente para o Dr. Luciano (via e-mail) at o dia 21 do ms em curso, que as analisar, emitir manifestao sobre as proposies e proceder a finalizao do referido projeto, encaminhando-o, juntamente com os demais ANEXOS PFDC, para que esta o apresente ao CDDPH/MJ, objetivando no s a sua divulgao como tambm a obteno dos necessrios apoios formao de parcerias futuras.

    Ficou decidido, ainda, que a parceria citada no item anterior, voltada para a capacitao que se faz necessria, alm de envolver todas as demais parcelas da sociedade que lidam com a tortura, dever ocorrer, principalmente, com os rgos tais como: justia, ministrios pblicos estaduais, polcias e outros, a fim de que haja o engajamento total visando um compromisso poltico autntico na luta contra a tortura.

    Por outro lado, faz-se necessrio, antes de tudo, que a PFDC obtenha tambm dos PRDC's a mxima sintonia possvel, cujo xito se materializar a partir do momento em que eles se tornarem os pontos focais nos Estados em que atuam, tanto fortalecendo as centrais estaduais e os comits polticos da campanha contra a tortura como provocando

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  • as reunies para apresentao do PROJETO TODOS CONTRA A TORTURA, alm de definir as parcerias e os cronogramas para as aes futuras.

    II - Frum Social Mundial :

    1. Aps tecerem comentrios sobre o evento, os membros decidiram que devero ser adotadas as seguintes providncias preliminares, uma vez que ser enviado expediente ao Dr. Brindeiro visando autorizao formal para a participao do MPF no evento:

    a) a atividade imediata dever estar voltada para o envio de convite s organizaes, inclusive ONG's, que devero participar, esclarecendo s mesmas que em razo da falta de recursos, o MPF no poder arcar com as despesas para o deslocamento dos representantes por elas indicados, devendo a colaborao ocorrer apenas no tocante incluso das mesmas nos painis;

    b) algumas sugestes ocorreram tambm no sentido de que as despesas com as participaes dos membros e outras de interesse do MPF, em cuja ocasio est prevista tambm a realizao do Encontro dos Procuradores da Cidadania, poderia ser objeto de negociao com a ESMPU (pagamento de hospedagens), a Administrao do MPF (pagamento dos deslocamentos) e a ANPR (pagamento das inscries); a Dra. Maria Eliane informou, imediatamente, que j tinha conhecimento de que a ESMPU no poder pagar a hospedagem e que naquele momento estava se dirigindo ao Gabinete do Secretrio-Geral para se reunir com o Dr. Incio, visando discutir as questes do financiamento do evento; antes de se retirar, informou para os presentes que a OIT estava disposta a financiar a hospedagem, mas que para isso o tema sobre trabalho escravo dever ser includo no Frum;

    4 .

    c) decidiram , ento, pela incluso do tema Formas Contemporneas de Escravido, uma vez que o ttulo engloba todo o tipo de escravido, inclusive o trabalho escravo.

    II. 1 Painl :

    a) foi discutida e aprovada tambm a questo da parceria em relao ao painl que far parte do Frum Social, a qual dever ser firmada entre o MPF, o MPE e outras instituies afins;

    b) na mesma ocasio ficou decidido que o ttulo do painl ser TODOS CONTRA A TORTURA;

    c) o Dr. Luciano sugeriu por ocasio do envio de matria para a reunio que poderiam ser convidadas duas instituies, a saber: i) internacional: APT Association for the Prevention of Torture; ii ) nacional: MNDH Movimento Nacional dos Direitos Humanos;

    d) pela Dra. Maria Silvia foi sugerida a participao da Pastoral Carcerria de So Paulo; sugeriu ela tambm a apresentao de uma pea teatral tendo como tema a questo da tortura;

    e) tendo em vista as sugestes contidas nos itens anteriores (participao de outras instituies no Frum), a Dra. Maria Eliane informou a necessidade de ser marcada uma reunio com representantes das mesmas, a fim de discutirem a forma de participao de cada uma; o agendamento da citada reunio poder ocorrer to logo tenhamos a concordncia do Procurador-Geral sobre a participao do MPF no evento.

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  • III Pauta comum entre os GT's Sistema Prisional e Tortura :

    1. Conforme sugestes enviadas pelo Dr. Luciano, ficou deliberado que o desdobramento ser a definio de data para a realizao de reunio conjunta, visando a definio do programa, dos expositores e debatedores, aps consulta a todos os potenciais participantes. Em razo disso, foram eleitos 03 (trs) representantes do GT Tortura para tratar das questes em conjunto com os membros do GT Sistema Prisional, inclusive o agendamento da reunio acima citada. So eles:

    a) Dra. Samantha Chantal Dobrowolski PR/SC;

    b) Dr. Tranvanvan da Silva Feitosa PR/PI; e

    c) Dra. Isabela de Holanda Cavalcanti PR/MG.

    5 . A prxima reunio do GT foi agendada para o dia 11 de novembro de 2002, s 11:00 horas, a ser realizada na sala de reunies da PFDC (Edifcio Sede da PGR Bloco B sala 116 1 andar).

    Nada mais havendo, foram encerrados os trabalhos, devendo a presente memria ser distribuda a todos os integrantes do GT, atravs do correio eletrnico correspondente. Devero ser adotadas, ainda, todas as medidas necessrias ao cumprimento das deliberaes e quaisquer outras atividades que se faam necessrias na forma descrita no presente documento.

    Braslia-DF, 10 de outubro de 2002

    Colaborao: Sheila Neves e Valria Alves

    Verso final: Getlio Viturino da Silva

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  • ATA DE REUNIO DOS GRUPOS DE TRABALHO:

    3 DO SISTEMA PRISIONAL E SEGURANA PBLICA, SOB A TICA DA CIDADANIA;

    4 SOBRE TORTURA NO BRASIL, COMO SITUAO DE OFENSA CIDADANIA.

    Local e data:

    Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado (PFDC), Braslia (DF), 10/09/2002.

    Participantes:

    Subprocuradora-Geral da Repblica MARIA ELIANE MENEZES Procuradora Federal dos Direitos do Cidado e Coordenadora-Geral dos GTs;

    Procuradores Regionais da Repblica RAQUEL ELIAS FERREIRA DODGE (Procuradora Federal dos Direitos do Cidado Adjunta) e FRANKLIN RODRIGUES DA COSTA (PRR/1/DF), LUCIANO MARIZ MAIA (PRR/5/PE);

    Procuradores da Repblica AGEU FLORNCIO DA CUNHA (PR/RR), ADRIANA COSTA BROCKES e VINCIUS FERNANDO ALVES FERMINO (PR/DF), TRANVANVAN DA SILVA FEITOSA (PR/PI), ZANI CAJUEIRO TOBIAS DE SOUZA (PR/MG), DELSON LYRA DA FONSECA (PR/AL), SAMANTHA CHANTAL DOBROWOLSKI (PR/SC), MNICA CAMPOS DE R (PR/RJ), MANOEL DO SOCORRO TAVARES PASTANA (PR/AP) e PAULO VASCONCELOS JACOBINA (PR/SE). Compareceram, ainda, na condio de convidados do Dr. Luciano Mariz, os Drs. Romeu Olmar Klich e Rosiana Queirz, Coordenadores do Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MBDH), situado em Braslia.

    Contedo da reunio:

    Os trabalhos foram abertos pela Dra. Maria Eliane que discorreu, a princpio, sobre a realizao conjunta da presente reunio, tendo em vista que havia idealizado, num primeiro momento, sobre a possibilidade de unir os dois GTs: Tortura e Sistema Prisional e Segurana Pblica. O assunto passou, ento, a ser objeto de anlise e discusso durante a reunio, cujas concluses sero informadas posteriormente.

    A seguir, salientou tambm sobre a impossibilidade de continuao do Dr. Jos Elaeres como Coordenador do GT Sistema Prisional e Segurana Pblica, em virtude do seu afastamento para fins de estudos de aperfeioamento. Da mesma forma, citou tambm o afastamento, a pedido, do Dr. Wellington Saraiva, em razo do acmulo de atividades a

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  • seu cargo. Diante disso, torna-se necessrio, portanto, a indicao dos respectivos substitutos.

    Quanto ao GT Tortura a indicao, aps concordncia de todos, recaiu na pessoa do Dr. Luciano Mariz Maia. As mesmas condies ocorreram tambm em relao ao GT Sistema Prisional e Segurana Pblica, ficando a Coordenao a cargo do Dr. Franklin Rodrigues da Costa. Ambas as indicaes tiveram por base as atuaes dos citados Procuradores em assuntos atinentes aos referidos Grupos.

    Em seguida, foi passada a palavra ao Dr. Luciano Maia, para que o mesmo discorresse sobre as questes do seu interesse, as quais foram transmitidas na forma a seguir descrita:

    4.1. Inicialmente, apresentou uma revista contendo um conjunto de informaes sobre tortura, lanada em novembro de 2001 durante a realizao de um evento do qual participou, tendo recomendado, a seguir, a leitura da referida revista, em virtude das excelentes matrias nela contidas.

    4.2. A seguir, e para fins de conhecimento dos presentes, procedeu a entrega de relatrio sobre tortura.

    Chamou a ateno tambm para os seguintes fatos:

    necessidade de que os integrantes do MPF passem a visitar, periodicamente, as instalaes das delegacias e dos presdios brasileiros, a fim de verificarem as reais condies e o que efetivamente ocorre no mbito interno dos mesmos;

    o MPF dever, em conjunto com a Escola Superior do Ministrio Pblico Federal, proceder levantamentos e estudos atinentes realizao de Seminrios envolvendo os agentes que lidem com os temas ora discutidos (tortura, sistema prisional e segurana pblica);

    a necessidade de o MPF fortalecer os Comits Estaduais, as Centrais de Denncias e os Comits Polticos que do estrutura a essas Centrais, ou seja, indo at s bases para verificar, in loco, o funcionamento das mesmas; posteriormente, se constatadas irregularidades, proceder as devidas apuraes;

    a necessidade da criao de um Projeto de Capacitao destinados aos Operadores Jurdicos.

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  • 5. Em seguida, o Dr. Luciano Mariz passou a palavra aos Drs. Romeu Klich e Rosiana Queiroz, para que os mesmos fizessem um relato sobre os aspectos relativos tortura no Brasil, a partir da vivncia em atividades desenvolvidas no mbito do MNDH.

    6. Informaram os citados convidados a existncia de um banco de dados sobre denncias, onde encontram-se registrados 1.500 (hum mil e quinhentos) casos de tortura, mas as vtimas no se identificam, ocasionando uma srie de dificuldades para que os fatos sejam investigados. Desses casos, 50% (cinqenta por cento) virou inqurito; somente 20% (vinte por cento) consegue chegar at ao Ministrio Pblico, sendo que at hoje apenas 2 (dois) casos foram concludos, os quais ocasionaram os afastamentos dos policiais, provavelmente em razo dos assuntos terem sido levados ao conhecimento da OEA. Sugeriram, na oportunidade, que fosse feita uma campanha visando dar andamento aos demais casos, permitindo, assim, que se verificasse as causas relacionadas s torturas. Faz-se necessrio, tambm, manter o sigilo das denncias, sem prejudicar, no entanto, a consecuo do mximo de informaes possveis atravs das vtimas.

    7. Diante de tais relatos, o Dr. Luciano Mariz voltou a insistir na necessidade da realizao do Projeto de Capacitao, uma vez que capacitados os Membros do MPF, fica facilitado o trabalho de identificao das situaes ocorridas no campo da tortura, alm do que em muito contribuir para a realizao de aes conjuntas.

    8. A Dra. Raquel Dodge colocou em questo a necessidade de adotar as medidas necessrias proteo das vtimas, alm do Promotor e do Juiz encarregado de julgar os casos detectados, ou seja, a utilizao imediata do Programa de Proteo existente na esfera estatal.

    9. Em virtude das diversas concluses a que chegaram os participantes, a Dra. Maria Eliane decidiu, com a aquiescncia dos demais presentes, pela continuidade da manuteno dos dois grupos temticos de trabalho em separado, devendo ocorrer, contudo, a realizao conjunta de reunies, quando a pauta for de interesse mtuo. O assunto poder voltar discusso, a partir de concluses futuras sobre a viabilidade ou no da separao dos GTs.

    10. Por derradeiro, ficaram agendadas para os dias 09 (Sistema Prisional e Segurana Pblica) e 10 de outubro de 2002 (Tortura), s 11:00 horas, na sala de reunies da PFDC, para a realizao das prximas reunies. Para facilitar a agilizao dos trabalhos, foi sugerido, ainda, que os Procuradores encaminhem, com antecedncia

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  • mnima, a descrio dos assuntos que gostariam fossem includos na pauta vindoura.

    Nada mais havendo, procedeu-se ao encerramento da reunio, da qual resultou na elaborao da a presente ATA que, aps conferida, ser distribuda a todos os interessados, notadamente, em razo das providncias a serem adotadas visando o cumprimento das deliberaes ocorridas.

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  • Ata da 3a reunio do

    Grupo de Trabalho sobre a Tortura no Brasil como Ofensa Cidadania

    Local e data: (Braslia, 14/12/2001)

    Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado (PFDC), Braslia (DF), 14/12/2001.

    Participantes:

    Procuradores Regionais da Repblica Raquel Elias Ferreira Dodge, coordenadora da reunio, e Mario Luiz Bonsaglia.

    Procuradores da Repblica Delson Lyra da Fonseca (AL), Guilherme Zanina Schelb (DF), Paulo Vasconcelos Jacobina (SE), Samantha Chantal Dobrowolski (SC) e Wellington Cabral Saraiva (PE)

    Contedo da reunio:

    1. A coordenadora da reunio fez resumo do deliberado nas reunies anteriores e informou que no se realizou a reunio com o Embaixador Gilberto Sabia, Secretrio de Estado de Direitos Humanos, e com o senhor Romeu Klinch, Coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, porque o primeiro foi exonerado do cargo no mesmo dia da ltima reunio. Como o novo Secretrio, o senhor Paulo Srgio Pinheiro, ainda est em processo de formao de sua equipe e de se inteirar acerca do funcionamento da Secretaria, deliberou-se agendar a reunio com o Secretrio para o incio de fevereiro de 2002, pois s nessa poca a Procuradora Federal dos Direitos do Cidado retornar de frias. Deliberou-se acrescentar aos assuntos fixados no 9, item

    II, da ata da 2a reunio, os seguintes:

    I. solicitar que o Disque Denncia contemple ferramenta para tabulao dos dados das notcias de tortura, de modo a permitir, por exemplo, verificar se atos atribudos a agentes pblicos indicam atuao ilegal sistemtica desses rgos, o envolvimento de lideranas polticas ou agentes pblicos com cargos de relevo, entre outros;

    II. solicitar a posio do Governo quanto ao estmulo adoo pelas polcias de tcnicas de investigao cientfica, a fim de desestimular o uso da tortura com funo probatria.

    2. O P.R. Delson da Fonseca informou que, por participar do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos em Alagoas, acabou por vir a tomar parte da Campanha Nacional de Direitos Humanos e deu informaes sobre como est previsto que funcionar o servio Disque Tortura, operado pelo Ministrio da Justia.

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  • Enfrentam-se, entre outras, as seguintes dificuldades: as pessoas que faro a triagem das notcias de possvel tortura devero ter capacitao para remet-las aos rgos corretos; os comits estaduais de monitoramento da Campanha Nacional contra a Tortura devero ter a participao de pessoas confiveis, representativas da sociedade e que possam cobrar providncias dos rgos pblicos eventualmente envolvidos com a prtica de tortura.

    3. A P.R. Samantha Dobrowolski informou o estado da formao do comit estadual em Santa Catarina.

    4. O P.R. Paulo Jacobina informou haver instaurado procedimento administrativo, em que expediu cerca de cento e sessenta convites para entes pblicos e privados, solicitando colaborao e informaes acerca do assunto. Informou ter recebido apenas duas respostas, que no trouxeram elementos relevantes.

    5. O P.R. Wellington Saraiva sugeriu que fossem revistas as atas passadas para se retomarem as providncias antes deliberadas, o que foi aceito. O servidor Getlio Vitorino da Silva informou que j est ativa a lista de discusso do grupo de trabalho (GT), com o endereo [email protected].

    6. Foi eleito por aclamao o P.R.R. Mario Bonsaglia como responsvel pela formao da base de dados que ser ligada homepage da PFDC, com documentos e informaes relevantes acerca do tema. O colega ficou encarregado de efetuar os contatos necessrios com os setores tcnicos, para dar incio a seu trabalho.

    7. Constatou-se no GT a necessidade de o Ministrio Pblico Federal estabelecer mecanismos mais confiveis de proteo pessoal aos membros da instituio, uma vez que isso indispensvel para que o rgo possa investigar eficientemente e com segurana mnima casos de tortura com envolvimento de rgos estatais e organizaes criminosas. O GT deliberou incluir a discusso do tema na pauta da prxima reunio a fim de que, em um segundo momento, o tema seja levado oficialmente ao Procurador-Geral da Repblica e ao Conselho Superior do MPF, com solicitao de que se posicionem acerca do tema.

    8. O P.R.R. Mario Bonsaglia e a P.R. Samantha Dobrowolski salientaram a necessidade de o MPF realizar reflexo sobre a postura de seus membros diante de feitos criminais em que haja indcios ou notcia de uso de tortura, a fim de que no seja estimulado o uso dela como tcnica de investigao.

    9. O P.R. Wellington Saraiva sugeriu remeter e-mail lista do MPF, para dar conhecimento do estado da discusso no GT e solicitar

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  • subsdios dos demais colegas. Ficou encarregado de mandar minuta lista de discusso do grupo, para anlise.

    10. A P.R.R. Raquel Dodge informou que participou de seminrio no Mxico, patrocinado por rgos da Organizao das Naes Unidas (ONU), em que a Unesco comunicou haver decidido patrocinar cursos de capacitao de servidores estatais na rea de defesa dos direitos humanos. Por isso, sugeriu que o MPF promovesse evento, se possvel conjunto com o Departamento de Polcia Federal (DPF) e outros rgos, para formao de nova cultura de atuao institucional. O P.R. Guilherme Zanina Schelb sugeriu que o GT solicitasse o comparecimento de membros do DPF para trazer a posio e informaes do rgo acerca do assunto, como meio para que o MPF procure auxiliar a disseminar naquele rgo a concepo atual acerca do tema.

    11. Deliberou-se:

    I. sugerir Escola Superior do Ministrio Pblico da Unio (ESMPU) que realize seminrios itinerantes, no ano vindouro, para disseminar a discusso acerca do tema tanto no prprio MPF quanto em outros rgos, como o DPF;

    II. identificar em universidades e outras instituies, em todo o pas, a existncia de peritos e estudiosos do assunto, para que sejam convidados a colaborar na formulao de estratgias de atuao do MPF em relao ao assunto; os P.R. Guilherme Schelb, Samantha Dobrowolski e Mario Bonsaglia encarregaram-se de pesquisar nomes para essa finalidade;

    III. solicitar PFDC que comunique administrao do MPF a provvel necessidade de o grupo necessitar de recursos no prximo exerccio para (i) publicao de material impresso com documentos acerca do tema, no valor estimado de R$.6.000,00 (seis mil reais); (ii) convite e custeio do comparecimento de pessoas de outras entidades para fornecer elementos que auxiliem a formulao da poltica estratgica do MPF acerca do tema, no total estimado de 15 (quinze) comparecimentos em 2002.

    12. A prxima reunio do GT realizar-se- no mesmo dia em que ocorrer aquela que se realizar com o Secretrio Paulo Srgio Pinheiro.

    13. Nada mais havendo, o secretrio do GT lavrou a presente ata, que assina a seguir.

    Wellington Cabral Saraiva Procurador da Repblica

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  • Ata de reunio do Grupo de Trabalho sobre a Tortura no Brasil como Ofensa Cidadania

    Local e data: (Braslia, 13/11/2001)

    Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado (PFDC), Braslia (DF), 13/11/2001.

    Participantes:

    Procuradora Regional da Repblica Raquel Elias Ferreira Dodge, presidente da reunio

    Procuradores da Repblica Delson Lyra da Fonseca (AL), Marco Tlio L. Caminha (PA), Marlon Alberto Weichert (SP), Samantha Chantal Dobrowolski (SC) e Wellington Cabral Saraiva (PE)

    Procurador de Justia Nedens Ulisses Freire Vieira, Procurador Geral de Justia de Minas Gerais; Promotores de Justia Antnio Aurlio Santos, Promotor de Defesa dos Direitos Humanos, e Fernando Antnio Fagundes Reis,

    Contedo da reunio:

    1. A presidente abriu a reunio dando as boas-vindas aos colegas do Ministrio Pblico de Minas Gerais e explicando as razes da criao do Grupo de Trabalho (GT).

    2. O Procurador Geral de Justia de Minas Gerais e o Promotor de Defesa dos Direitos Humanos expuseram o trabalho do MP mineiro no

    combate tortura desde antes da promulgao da Lei no 9.455, de 7/4/1997, considerando o trabalho daquela promotoria especializada com quase doze anos. Alm disso, o MPMG o MP estadual com maior nmero de denncias oferecidas pelo crime de tortura, tendo gerado j quatro condenaes em primeiro grau por esse delito.

    3. Os membros do MPMG salientaram a preocupao dos MPs estaduais no que tange s propostas de federalizao dos crimes contra direitos humanos, por causa da estrutura que o MPF possui, ainda mais restrita do que a do conjunto dos MPs estaduais, e pela falta de presena do MPF na enorme maioria das comarcas do pas. Os membros do MPF registraram que o sentimento geral da instituio no de usurpar a atual atribuio dos MPs estaduais, mas a de garantir instrumentos que permitam, em casos espordicos, a efetiva atuao do poder pblico no combate aos crimes atentatrios aos direitos humanos.

    4. O secretrio do GT leu a ata da reunio anterior, que foi aprovada, e

    registrou a publicao no Dirio da Justia da Portaria no 2, de 8/10/2001, da PFDC. Em seguida, informou que as providncias de cunho administrativo decididas na reunio anterior foram ou esto sendo implementadas.

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  • 5. A Procuradora da Repblica Samantha Chantal Dobrowolski leu as concluses do VIII Encontro Nacional dos Procuradores da Cidadania no que tange tortura.

    6. A presidente da reunio ps em discusso a postura que o MP deve adotar em relao ao servio de Disque Denncia recentemente implantado pelo Ministrio da Justia. Foi consensual entre os participantes o seguinte:

    I. o servio, que foi implantado e divulgado pelo Ministrio da Justia, deve ser operacionalizado pelo prprio rgo e no pelo MP, cuja competncia a de apurar a ocorrncia do delito e adotar as medidas processuais cveis e penais adequadas;

    II. o servio deve permitir que o cidado tenha um nmero identificador da comunicao, para acompanhar as medidas adotadas pelos rgos competentes, e o MP que receber a notcia-crime dever informar periodicamente ao Ministrio da Justia o andamento do caso ou, ao menos, o rgo da instituio sob cuja responsabilidade o caso est, para que o interessado possa a ele se dirigir;

    III. o MP dever desenvolver sistema que permita a alimentao automtica das bases de dados do MJ com os desdobramentos do caso no mbito daquela instituio;

    IV. o fluxo de informaes deve ser feito entre o MJ e os MPs e no entre aquele e os rgos policiais;

    V. em caso de dvida, por parte do MJ, acerca da competncia para apurar a comunicao, dever esta ser destinada simultaneamente ao MPF e ao MP estadual, com registro deste fato no documento de remessa;

    VI. caber aos MPs estaduais, em conjunto com o MJ, definir como ser feito esse fluxo, relativamente aos casos de sua atribuio;

    VII. a PFDC baixar norma de orientao dos membros do MPF, nos termos do contido no item 7.i abaixo.

    7. Aps discusso, tambm se obtiveram as seguintes posies consensuais:

    I. considerando a destinao legal da PFDC como rgo do MPF voltado defesa dos direitos humanos, as comunicaes de casos de tortura de competncia federal, oriundas do MJ, de cidado ou de qualquer outro rgo devero ser remetidas Procuradoria Regional dos Direitos do Cidado (PRDC) do Estado respectivo, que realizar duplicata do procedimento e a enviar rea criminal, quando for o caso, para que este ofcio adote as providncias adequadas em sua rbita;

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  • II. devem ser ampliados os recursos e a estrutura do programa federal de proteo testemunha, que essencial ao combate eficaz tortura, pois, atualmente, os recursos so absolutamente insuficientes para o programa, sobretudo no que tange manuteno da integridade fsica de todas as testemunhas e da dignidade de testemunhas e vtimas de poder aquisitivo acima do mdio-baixo; ademais, a prpria concepo do programa deficiente para certos casos, como aqueles em que o torturado acusado de crime e o programa o encara como acusado;

    III. a PFDC dever receber do MJ, periodicamente, resumo das comunicaes enviadas aos MPs estaduais, em razo de ser rgo nacional do MPF para a defesa dos direitos humanos, por participar de rgos federais formuladores de polticas de combate tortura e por receber sistemtica cobrana, de rgos e entidades nacionais e internacionais, da atuao do MP em todo o pas relativamente a temas que interessem proteo dos direitos humanos.

    8. A PFDC agendar reunio com o Embaixador Gilberto Sabia, Secretrio de Estado de Direitos Humanos, e com o senhor Romeu Klinch, Coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, para o seguinte:

    I. dar a conhecer as propostas do MP com relao ao combate tortura;

    II. conhecer a concepo e o funcionamento do Disque Denncia relativo tortura, para que o MP possa posicionar-se e funcionar de maneira mais eficaz a partir das comunicaes que o servio venha a receber;

    III. discutir formas rpidas de acesso de vtimas e testemunhas de

    tortura ao programa de proteo previsto na Lei no 9.807, de 13/7/1999.

    9. Ficou marcada prxima reunio do GT para o dia 14/12/2001, s 14h00, no mesmo local.

    Raquel Elias Ferreira Dodge Procuradora Regional da Repblica

    Nedens Ulisses Freire Vieira Procurador Geral de Justia

    Ministrio Pblico de Minas Gerais

    Delson Lyra da Fonseca Procurador da Repblica

    Marlon Alberto Weichert Procurador da Repblica

    Samantha Chantal Dobrowolski Procuradora da Repblica

    Wellington Cabral Saraiva Procurador da Repblica

    Marco Tlio L. Caminha Procurador da Repblica

    Antnio Aurlio Santos Promotor de Justia

    Fernando Antnio Fagundes Reis

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  • Promotor de Justia

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  • Ata de reunio do Grupo de Trabalho sobre a Tortura no Brasil como Ofensa Cidadania

    (Braslia, 8/10/2001)

    Local e data:

    Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado (PFDC), Braslia (DF), 8/10/2001.

    Participantes:

    Subprocuradora-Geral da Repblica Maria Eliane Menezes de Farias, Procuradora Federal dos Direitos do Cidado, presidente da reunio

    Procuradora Regional da Repblica Raquel Elias Ferreira Dodge

    Procuradores da Repblica Delson Lyra da Fonseca (AL), Geisa de Assis Rodrigues (BA), Guilherme Zanina Schelb (DF), Marco Tlio L. Caminha (PA), Paulo Vasconcelos Jacobina (SE), Samantha Chantal Dobrowolski (SC), Srgio Monteiro Medeiros (AM) e Wellington Cabral Saraiva (PE)

    Contedo da reunio:

    1. A presidente abriu a reunio comunicando que ela se destinou instalao do Grupo de Trabalho sobre a Tortura no Brasil como Ofensa Cidadania (GT Tortura), o qual ser formado (i) como parte do plano de ao definido no VIII Encontro Nacional dos Procuradores da Cidadania, ocorrido em ?? nos dias ??; (ii) para cumprir compromisso assumido pela PFDC perante o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), rgo do Ministrio da Justia, e tambm na condio de integrante da Representao do Brasil ao Comit contra a Tortura (CAT - Committee Against Torture), rgo da Organizao das Naes Unidas (ONU), na reunio havida em Genebra, Sua, em ??. A presidente destacou ainda a importncia do relatrio elaborado pelo senhor Nigel Rodley, como documento de referncia para o combate tortura no pas.

    2. Segundo a presidente e o consenso dos presentes reunio, so os principais objetivos do GT Tortura: (i) realizar diagnstico da situao da tortura no pas; (ii) definir a atribuio dos membros do Ministrio Pblico Federal em relao ao assunto, para execuo eficaz da Lei n o 9.455, de 7 de abril de 1997; (iii) definir estratgias de atuao do MPF e parcerias para exigir a implementao de polticas pblicas contra a tortura.

    3. Em seguida, os presentes escolheram o Procurador da Repblica Wellington Cabral Saraiva como coordenador do GT Tortura, o qual ficou encarregado de (i) solicitar ao setor competente a criao de lista de discusso dos integrantes do GT na Internet; (ii) solicitar ao mesmo setor a criao de um vnculo ( link ) na pgina ( homepage ) da PFDC na Internet para outra pgina com documentos relativos tortura no pas (alguns abertos ao pblico em geral e outros restritos aos membros do MPF); (iii) lavrar a ata da reunio.

    4. Aps ampla discusso, ficaram definidas as seguintes aes iniciais:

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  • 1. identificar parceiros potenciais no combate tortura em cada unidade da Federao e em nvel nacional (tais como Ministrios Pblicos estaduais, Poder Judicirio, conselhos da Ordem dos Advogados do Brasil, corregedorias das polcias, Secretarias de Segurana Pblica e de Justia, organizaes no-governamentais - por exemplo, entidades de defesa dos direitos humanos, Movimento Tortura Nunca Mais, Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil, Human Rights' Watch, Anistia Internacional, comisses pastorais e de outras igrejas, Comunidades Baha'i, Movimento Nacional de Direitos Humanos, entidades que lidam com a discriminao sexual e racial etc. -, conselhos penitencirios, secretarias municipais, conselhos tutelares, Conselhos Estaduais de Defesa dos Direitos Humanos, Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados, Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana;

    2. solicitar s PRDCs que comunique s entidades mencionadas no item I a formao do GT, o interesse do MPF em combater a tortura e solicitar-lhes subsdios e informaes acerca de casos de tortura, para formao de um banco de dados nacional, incluindo nele processos judiciais e procedimentos administrativos nas corregedorias de polcia;

    3. convidar a Excelentssima Senhora Procuradora de Justia Ivana Farina, Presidente do Colgio Nacional de Procuradores Gerais de Justia, e os Excelentssimos Senhores Subprocuradores-Gerais da Repblica integrantes da 2 a Cmara de Coordenao e Reviso do MPF para a prxima reunio do GT;

    4. oficiar a PFDC aos Ncleos Criminais das Procuradorias Regionais da Repblica (PRRs), s Procuradorias da Repblica nos Municpios (PRMs), aos Coordenadores Criminais das Procuradorias da Repblica (PRs), s Cmaras de Coordenao e Reviso (CCRs) e aos Subprocuradores-Gerais da Repblica, comunicando-lhes a formao do GT e pedindo-lhes sugestes e informaes;

    5. sugerir s Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidado (PRDCs) a instaurao de procedimento administrativo, para acompanhamento das iniciativas contra a tortura, coleta de sugestes e informaes diversas etc.

    5. Outras sugestes nasceram da discusso, como possibilidades adicionais de combate tortura (no relacionados em ordem de relevncia):

    1. melhoria das condies de trabalho das polcias, a fim de desestimular o uso da tortura como tcnica de investigao e de possibilitar a investigao dos casos em que ela ocorra;

    2. implementao de visitas sistemticas do MPF s unidades prisionais;

    3. instalao de ncleo do Sistema nico de Sade (SUS) nas unidades prisionais, como forma de deteco de casos de tortura;

    4. fortalecer a atuao dos representantes do MP nos conselhos penitencirios, para que eles mantenham contato mais prximo com os internos;

    5. procurar fortalecer a independncia tcnica dos institutos de criminalstica (ICs) e institutos de medicina legal (IMLs) em relao ao restante da polcia e capacit-los a detectar indcios de tortura como entidade jurdica especfica;

    6. procurar possibilitar a atuao de psiclogos na elaborao de laudos para atestar

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  • tortura psicolgica, em face da definio legal do delito;

    7. procurar fortalecer mecanismos de incentivo s testemunhas e rus colaboradores na investigao de casos de tortura, considerando a precariedade das condies de implementao do atual sistema legal de proteo (Lei n o 9.807, de 13 de julho de 1999);

    8. elaborao de um manual de procedimentos do MPF em relao aos casos de tortura;

    9. incluso do ensino dos Direitos Fundamentais nos cursos policiais.

    6. Decidiu-se tambm que, em momento posterior, a PFDC buscar organizar frum para discutir o problema da tortura e aprimorar as formas de atuao do MPF nessa rea.

    7. Ficou marcada prxima reunio do GT para o dia 13/11/2001, s 14h00, no mesmo local.

    Maria Eliane Menezes de Farias Subprocuradora-Geral da Repblica

    Procuradora Federal dos Direitos do Cidado

    Raquel Elias Ferreira Dodge Procuradora Regional da Repblica

    Delson Lyra da Fonseca Procurador da Repblica

    Geisa de Assis Rodrigues Procuradora da Repblica

    Guilherme Zanina Schelb Procurador da Repblica

    Marco Tlio L. Caminha Procurador da Repblica

    Paulo Vasconcelos Jacobina Procurador da Repblica

    Samantha Chantal Dobrowolski Procuradora da Repblica

    Srgio Monteiro Medeiros Procurador da Repblica

    Wellington Cabral Saraiva Procurador da Repblica

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  • Legislao LEI N 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997

    Define os crimes de tortura e d outras providncias.

    Lei dos Crimes Hediondos.

    DECRETO LEGISLATIVO N 5, DE 1989 Aprova o texto da Conveno Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura,concluda em Cartagena das ndias, Colmbia, em 9 de dezembro de 1985, por ocasioda XV Assemblia Geral da Organizao dos Estados Americanos - OEA, e assinadapelo Brasil em 24 de janeiro de 1986.

    DECRETO N 98.386, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1989 Promulga a Conveno Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.

    Conveno Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.

    DECRETO N 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991 Promulga a Conveno Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruis,Desumanos ou Degradantes.

    Conveno da ONU Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruis, Desumanos ou Degradantes.

    Princpios de tica Mdica aplicveis funo do pessoal de sade, especialmente aos mdicos, na proteo de prisioneiros ou detidos contra a Tortura e outrosTratamentos ou Penas cruis, desumanos ou degradantes.- Adotados pela Assemblia das Naes Unidas em 18 de dezembro de 1982.[ resoluo37/194 ].

    Declarao sobre a Proteo de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruis, Desumanos ou Degradantes.

    Declarao dos Princpios Bsicos de Justia Relativos s Vtimas da Criminalidade e de Abuso de Poder.

    Declarao Sobre a Proteo de Todas as Pessoas Contra os Desaparecimentos Forados.

  • Conveno contra a tortura e outro tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes

    Adotada pela Resoluo 39/46, da Assemblia Geral das Naes Unidas, em 10 de dezembro de 1984.

    Os Estados Partes nesta Conveno, Considerando que, de acordo com os princpios proclamados na Carta das Naes Unidas, o reconhecimento dos direitos iguais e inalienveis de todos os membros da famlia humana constitui o fundamento da liberdade, da justia e da paz no mundo,

    Reconhecendo que estes direitos derivam da dignidade inerente pessoa humana,

    Considerando a obrigao dos Estados, nos termos da Carta, especialmente do artigo 55, de promover o respeito universal e a observncia dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, Tendo em conta o artigo 5 da Declarao Universal dos Direitos Humanos e o artigo 7 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos, que estabelecem que ningum ser submetido tortura ou a tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes, Levando tambm em considerao a Declarao sobre a Proteo de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assemblia Geral em 9 de dezembro de 1975, Desejando tornar mais eficaz a luta contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes em todo o mundo, acordaram no seguinte:

    PARTE I

    Artigo 1

    1. Para os fins desta Conveno, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual uma violenta dor ou sofrimento, fsico ou mental, infligido intencionalmente a uma pessoa, com o fim de se obter dela ou de uma terceira pessoa informaes ou confisso; de pun-la por um ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir ela ou uma terceira pessoa; ou por qualquer razo baseada em discriminao de qualquer espcie, quando tal dor ou sofrimento imposto por um funcionrio pblico ou por outra pessoa atuando no exerccio de funes pblicas, ou ainda por instigao dele ou com o seu consentimento ou aquiescncia. No se considerar como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequncia, inerentes ou decorrentes de sanes legtimas.

    2. Este artigo no prejudicar qualquer instrumento internacional ou lei nacional que contenha ou possa conter disposies de maior alcance.

    Artigo 2

    1. Cada Estado Parte tomar medidas legislativas, administrativas, judiciais ou de outra natureza com o intuito de impedir atos de tortura no territrio sob a sua jurisdio.

    2. Nenhum circunstncia excepcional, como ameaa ou estado de guerra, instabilidade poltica interna ou qualquer outra emergncia pblica, poder ser invocada como justificativa para a tortura.

  • 3. Uma ordem de um funcionrio superior ou de uma autoridade pblica no poder ser invocada como justificativa para a tortura.

    Artigo 3

    1. Nenhum Estado Parte expulsar, devolver ou extraditar uma pessoa para outro Estado quando houver fundados motivos para se acreditar que, nele, ela poder ser torturada.

    2. Com vistas a se determinar a existncia de tais motivos, as autoridades competentes levaro em conta todas as consideraes pertinentes, inclusive, quando for o caso, a existncia, no Estado em questo, de um quadro de graves, macias e sistemticas violaes dos direitos humanos.

    Artigo 4

    1. Cada Estado Parte assegurar que todos os atos de tortura sejam considerados crimes nos termos da sua lei penal. O mesmo aplicar-se- tentativa de infligir tortura e a todo ato praticado por qualquer pessoa que constitua cumplicidade ou participao em tortura.

    2. Cada Estado Parte penalizar adequadamente tais crimes, levando em considerao sua gravidade.

    Artigo 5

    1. Cada Estado Parte tomar as medidas que sejam necessrias de modo a estabelecer sua jurisdio sobre os crimes previstos no artigo 4, nos seguintes casos:

    a) quando os crimes tenham sido cometido em qualquer territrio sob a sua jurisdio ou a bordo de um navio ou de uma aeronave registrada no Estado em apreo;

    b) quando o suposto criminoso for nacional do Estado em apreo;

    c) quando a vtima for cidad do Estado em apreo, se este o considerar apropriado.

    2. Cada Estado Parte tambm dever tomar todas as medidas necessrias para estabelecer sua jurisdio sobre tais crimes nos casos em que o suposto criminoso encontrar-se em qualquer territrio sob sua jurisdio e o Estado no o extradite de acordo com o artigo 8 para qualquer dos Estados mencionados no pargrafo 1 deste artigo.

    3. Esta Conveno no exclui qualquer jurisdio criminal exercida de acordo com o direito interno.

    Artigo 6

    1. Tendo considerado, aps um exame da informao disponvel, que as circunstncias o justificam, qualquer Estado Parte em cujo territrio se encontrar uma pessoa que supostamente haja cometido algum crime referido no artigo 4, ordenar sua deteno ou tomar outras medidas legais visando garantir a presena dessa pessoa no seu territrio. A deteno ou as outras medidas legais sero as previstas na lei desse Estado, mas vigoraro apenas pelo tempo necessrio instaurao de um processo criminal ou de extradio.

    2. O referido Estado proceder imediatamente a uma investigao preliminar dos fatos.

  • 3. A qualquer pessoa detida segundo com o pargrafo 1 ser garantido o direito de comunicar-se imediatamente com o representante mais prximo do Estado de que cidado ou, se for aptrida, com o representante do Estado onde normalmente reside.

    4. Quando um Estado, de acordo com este artigo, houver detido uma pessoa, notificar imediatamente os Estados mencionados no artigo 5, pargrafo 1, sobre a referida deteno, citando as circunstncias que a justificam. O Estado que proceder investigao preliminar referida no pargrafo 2 deste artigo, informar seus resultados com brevidade queles Estados e far saber se pretende exercer a sua jurisdio.

    Artigo 7

    1. O Estado Parte no territrio sob cuja jurisdio for encontrado o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados no artigo 4, se no o extraditar, dever, nas hipteses aludidas no artigo 5, submeter o caso s suas autoridades competentes, com o objetivo de processar o acusado.

    2. As autoridades competentes decidiro em conformidade com as mesmas normas aplicveis a qualquer crime ordinrio de natureza grave, segundo a legislao do referido Estado. Nos casos referidos no artigo 5, pargrafo 2, os tipos de prova requeridos para acusar e condenar supostos criminosos no devero, de modo algum, ser menos rigorosos do que aqueles que se aplicam nos casos referidos no artigo 5, pargrafo 1.

    3. Ser garantido um tratamento justo em todas as fases do processo a qualquer pessoa processada por algum dos crimes previstos no artigo 4.

    Artigo 8

    1. Os crimes referidos no artigo 4 sero postos no rol dos crimes sujeitos a extradio em qualquer tratado de extradio existente entre os Estados Partes. Os Estados Partes comprometem-se a incluir tais crimes no rol daqueles sujeitos a extradio em todos os tratados de extradio que vierem a concluir entre si.

    2. Se um Estado Parte que condiciona a extradio existncia de tratado receber um pedido de extradio de outro Estado Parte com o qual no mantenha tratado de extradio, poder considerar esta Conveno como base legal para a extradio com relao a tais crimes. A extradio estar sujeita a outras condies estabelecidas na lei do Estado que receber o pedido.

    3. Os Estados Partes que no condicionam a extradio existncia de um tratado reconhecero tais crimes como sujeitos extradio entre si, observadas as condies estabelecidas na lei do Estado que receber o pedido.

    4. Tais crime sero tratados, para fins de extradio entre os Estados Partes, como se tivessem sido cometidos no-s no lugar em que ocorreram, mas tambm nos territrios dos Estados obrigados a estabelecer a sua jurisdio, nos termos do pargrafo 1 do artigo 5.

    Artigo 9

    1. Os Estados Partes dispensaro uns aos outros a maior assistncia possvel em relao aos processos criminais instaurados relativamente a quaisquer dos crimes referidos no artigo 4, incluindo o fornecimento de todos os elementos de prova sua disposio, necessrios aos processos.

  • 2. Os Estados Partes cumpriro as obrigaes emergentes do pargrafo 1 deste artigo de acordo com quaisquer tratados de assistncia jurdica recproca que possam existir entre eles.

    Artigo 10

    1. Cada Estado Parte assegurar que a educao e a informao relativas proibio da tortura sejam integralmente incorporadas no treinamento do pessoal civil ou militar responsvel pela aplicao da lei, do pessoal mdico, dos funcionrios pblicos e de outras pessoas que possam participar da deteno, interrogatrio ou tratamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de deteno ou priso.

    2. Cada Estado Parte incluir a proibio da tortura nas regras ou instrues que regem os deveres e atribuies desse pessoal.

    Artigo 11

    Cada Estado Parte manter sob exame sistemtico as regras, instrues, mtodos e prticas de interrogatrio, bem como disposies sobre deteno e tratamento das pessoas submetidas a qualquer forma de deteno ou priso, em qualquer territrio sob a sua jurisdio, com o escopo de evitar qualquer caso de tortura.

    Artigo 12

    Cada Estado Parte assegurar que as suas autoridades competentes procedero a uma investigao rpida e imparcial sempre que houver motivos suficientes para se crer que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer territrio a sob sua jurisdio.

    Artigo 13

    Cada Estado Parte assegurar que qualquer pessoa que alegue ter sido submetida a tortura em qualquer territrio sob a sua jurisdio tenha o direito de apresentar queixa e de ter o seu caso rpida e imparcialmente examinado pelas autoridades competentes do dito Estado. Sero adotadas providncias no sentido de assegurar a proteo do queixoso e das testemunhas contra qualquer maus-tratos ou intimidaes resultantes de queixa ou depoimento prestados.

    Artigo 14

    1. Cada Estado Parte assegurar, em seu ordenamento jurdico, vtima de um ato de tortura, direito a reparao e a uma indenizao justa e adequada, incluindo os meios necessrios a sua mais completa reabilitao possvel. No caso de morte da vtima em consequncia de tortura, seus dependentes faro jus a uma indenizao.

    2. Este artigo em nada afetar quaisquer direitos que a vtima ou outra pessoa possam ter em decorrncia das leis nacionais.

    Artigo 15

    Cada Estado Parte assegurar que nenhuma declarao comprovadamente obtida sob tortura possa ser admitida como prova em qualquer processo, exceto contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que tal declarao foi dada.

  • Artigo 16

    1. Cada Estado Parte comprometer-se- a impedir, em qualquer parte do territrio sob a sua jurisdio, outros atos que constituam tratamento ou penas cruis, desumanos ou degradantes, que no equivalem a tortura, tal como definida no artigo 1, quando tais atos forem cometidos por um funcionrio pblico ou por outra pessoa no exerccio de atribuies pblicas, ou ainda por sua instigao ou com o seu consentimento ou aquiescncia. Aplicar-se-o, em particular, as obrigaes contidas nos artigos 10, 11, 12 e 13, substituindo-se as referncias tortura por referncias a outras formas de tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes.

    2. As disposies desta Conveno no prejudicaro qualquer outro instrumento internacional ou lei nacional que proba os tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes ou que digam respeito extradio ou expulso.

    PARTE II

    Artigo 17

    1. Ser formado um Comit contra a Tortura (doravante denominado Comit), com as atribuies a seguir discriminadas. O Comit ser constitudo por dez peritos de alta reputao moral e reconhecida competncia no campo dos direitos humanos, os quais exercero suas funes a ttulo pessoal. Os peritos sero eleitos pelos Estados Partes levando-se em conta uma distribuio geogrfica eqitativa e a vantagem da participao de algumas pessoas com experincia jurdica.

    2. Os membros do Comit sero eleitos em votao secreta de uma lista de pessoas designadas pelos Estados Partes.

    Cada Estado Parte poder indicar uma pessoa dentre os seus cidados. Os Estados Partes devero ter em conta as vantagens de indicarem pessoas que tambm sejam membros do Comit de Direitos Humanos criado pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos, e que estejam dispostas a servir no Comit contra a Tortura.

    3. As eleies dos membros do Comit ocorrero em reunies bienais dos Estados Partes, convocadas pelo Secretrio-Geral das Naes Unidas. Nestas reunies, nas quais o quorum ser de dois teros dos Estados Partes, sero eleitas para o Comit aquelas pessoas que obtiverem o maior nmero de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Partes presentes e votantes.

    4. A primeira eleio ter lugar no mximo seis meses depois da data da entrada em vigor da presente Conveno. Pelo menos quatro meses antes da data de cada eleio, o Secretrio-Geral das Naes Unidas enviar uma carta aos Estados Partes convidando-os a apresentar seus candidatos dentro de trs meses. O Secretrio-Geral preparar uma lista, em ordem alfabtica, contendo os nomes de todos os candidatos assim indicados, citando os Estados Partes que os designaram, e a enviar aos Estados Partes.

    5. Os membros do Comit sero eleitos para um mandato de quatro anos, podendo ser reeleitos caso suas candidaturas sejam reapresentadas. Contudo, o mandato de cinco dos membros eleitos no primeiro pleito terminar ao final de dois anos; imediatamente aps a primeira eleio, o presidente da reunio referida no pargrafo 3 deste artigo proceder ao sorteio dos nomes desses cinco membros.

    6. Se um membro do Comit morrer, demitir-se ou, por qualquer outra razo, estiver impossibilitado de continuar cumprindo com suas obrigaes no Comit, o Estado Parte que o designou indicar,

  • entre seus nacionais, outro perito para cumprir o restante do mandato, devendo a referida indicao ser submetida aprovao da maioria dos Estados Partes.

    Considerar-se- dada a aprovao a menos que metade ou mais dos Estados Partes respondam negativamente em at seis semanas aps terem sido informadas pelo Secretrio-Geral das Naes Unidas da nomeao proposta.

    7. Os Estados Partes sero responsveis pelas despesas dos membros da Comisso enquanto no desempenho das suas funes.

    Artigo 18

    1. O Comit eleger sua mesa para um perodo de dois anos, podendo seus membros serem reeleitos.

    2. O Comit estabelecer seu regulamento interno, o qual, todavia, dever dispor, entre outras coisas, que:

    a) o quorum ser de seis membros;

    b) as decises do Comit sero tomadas por maioria de votos dos membros presentes.

    3. O Secretrio-Geral das Naes Unidas colocar disposio do Comit o pessoal e o equipamento necessrios ao eficaz desempenho das funes que lhe so atribudas por esta Conveno.

    4. O Secretrio-Geral das Naes Unidas convocar a primeira reunio do Comit. Aps a primeira reunio, o Comit reunir-se- de acordo com o previsto no seu regulamento interno.

    5. Os Estados Partes sero responsveis pelas despesas decorrentes das reunies dos Estados Partes e do Comit, inclusive pelo reembolso s Naes Unidas de quaisquer gastos por ela realizados, tais como com pessoal e equipamentos, nos termos do pargrafo 3 deste artigo.

    Artigo 19

    1. Os Estados Partes submetero ao Comit, por intermdio do Secretrio-Geral das Naes Unidas, relatrios sobre as medidas que tomaram no sentido de dar cumprimento s obrigaes assumidas em virtude da presente Conveno, no prazo de um ano, contados do incio da vigncia da presente Conveno no Estado Parte em questo. A partir de ento, os Estados Partes devero apresentar relatrios suplementares a cada quatro anos sobre todas as novas medidas que tiverem adotado, assim como outros relatrios que o Comit solicitar.

    2. O Secretrio-Geral das Naes Unidas transmitir os relatrios a todos os Estados Partes.

    3. Cada relatrio ser examinado pelo Comit, que far os comentrios gerais que julgar adequados e os remeter ao Estado Parte interessado. Este poder responder ao Comit, fazendo todas as observaes que desejar.

    4. O Comit poder, a seu critrio, decidir incluir quaisquer comentrios que tenha feito, consoante o pargrafo 3 deste artigo, juntamente com as observaes a tais comentrios recebidas do Estado Parte interessado, em seu relatrio anual, elaborado em conformidade com o artigo 24. Se assim for solicitado pelo Estado Parte interessado, o Comit poder tambm juntar uma cpia do relatrio apresentado em consonncia com o pargrafo 1 do presente artigo.

  • Artigo 20

    1. Se o Comit receber informaes fidedignas indicando, de forma fundamentada, que aparentemente a tortura praticada de forma sistemtica no territrio de um Estado Parte, convidar esse Estado Parte a cooperar na anlise das informaes e a coment-las, fazendo as observaes que julgar pertinentes.

    2. Levando em considerao quaisquer observaes que possam ter sido apresentadas pelo Estado Parte em questo, bem como qualquer outra informao relevante ao seu dispor, o Comit poder, se lhe parecer justificvel, designar um ou mais de seus membros para proceder a uma investigao confidencial e informar urgentemente o Comit.

    3. No caso de se levar a cabo uma investigao, de acordo com o pargrafo 2 deste artigo, o Comit procurar obter a colaborao do Estado Parte em questo. Com a concordncia do referido Estado Parte, a investigao poder incluir uma visita ao seu territrio.

    4. Depois de analisar as concluses a que chegaram um ou mais de seus membros, nos termos do pargrafo 2 deste artigo, o Comit as transmitir ao Estado Parte em questo, juntamente com quaisquer comentrios ou sugestes que considerar apropriados em vista da situao.

    5. Todos os trabalhos do Comit, referidos nos pargrafos 1 a 4 deste artigo, sero confidenciais, e, em todas as fases dos referidos trabalhos, ser solicitada a cooperao do Estado Parte. Aps a concluso dos trabalhos investigatrios, efetuados de acordo com o pargrafo 2 deste artigo, o Comit poder, depois de consultas com o Estado Parte interessado, tomar a deciso de incluir um relato sumrio dos resultados da investigao em seu relatrio anual, elaborado de acordo com o artigo 24.

    Artigo 21

    1. Um Estado Parte nesta conveno poder, a qualquer tempo, com base neste artigo, declarar que reconhece a competncia do Comit para receber e analisar comunicaes atravs das quais um Estado Parte alegue que outro Estado Parte no vem cumprindo as obrigaes que lhe so impostas pela presente Conveno. Tais comunicaes s podero ser aceitas e examinadas, nos termos do presente artigo, se encaminhadas por um Estado Parte que tenha feito uma declarao reconhecendo, com relao a si prprio, a competncia do Comit. O Comit no receber nenhuma comunicao relativa a um Estado Parte que no haja feito tal declarao. As comunicaes recebidas em decorrncia deste artigo sero tratadas de acordo com as seguintes normas:

    a) Se um Estado Parte considerar que outro Estado Parte no vem cumprindo as disposies da presente Conveno poder, atravs de comunicao escrita, levar o assunto ao conhecimento deste Estado Parte. No prazo de trs meses contados da data do recebimento da comunicao, o Estado destinatrio remeter ao Estado que enviou a comunicao uma explicao ou qualquer outra declarao, por escrito, esclarecendo a questo, a qual dever incluir, dentro do possvel e se pertinente, referncia a procedimentos internos e a recursos jurdicos adotados, em trmite ou disponveis sobre o assunto;

    b) Caso o assunto no tenha sido resolvido a contento de ambos os Estados Partes em questo dentro de um prazo de seis meses, contados da data do recebimento da comunicao original pelo Estado destinatrio, tanto um como outro tero o direito de submet-lo ao Comit, por meio notificao encaminhada ao Comit e ao outro Estado;

    c) O Comit somente se ocupar de quaisquer assuntos que lhe tenham sido submetidos, nos termos deste artigo, depois de ter-se certificado de que todos os recursos jurdicos internos foram

  • utilizados e esgotados, em conformidade com os princpios do Direito Internacional geralmente reconhecidos. No se aplicar esta regra quando a tramitao dos mencionados recursos prolongar-se injustificadamente ou quando for improvvel que sua aplicao traga melhoras reais situao da pessoa vtima de violao, nos termos da presente Conveno;

    d) O Comit reunir-se- a portas fechadas quando estiver examinando as comunicaes recebidas nos termos do presente artigo;

    e) Sem prejuzo do disposto na alnea c, o Comit colocar seus bons ofcios disposio de ambos os Estados Partes para tentar obter uma soluo amigvel para a questo, com base no respeito s obrigaes estabelecidas na presente Conveno. Para este fim, o Comit poder criar, se entender conveniente, uma comisso de conciliao ad hoc;

    f) Para qualquer assunto que lhe for remetido nos termos deste artigo, o Comit poder solicitar aos Estados Partes em questo, referidos na alnea b, que forneam quaisquer informaes relevantes;

    g) Os Estados Partes em questo, referidos na alnea btero o direito de se fazer representar quando o assunto estiver sendo examinado pelo Comit e de apresentar argumentos, verbalmente e/ou por escrito;

    h) O Comit, no prazo de doze meses contados da data do recebimento da notificao citada na alnea b, dever apresentar um relatrio no qual:

    (I) se se alcanou uma soluo, nos termos da alnea e , o Comit limitar-se-, em seu relatrio, a uma breve exposio dos fatos e da soluo encontrada;

    (II) se uma soluo no houver sido encontrada, nos termos da alnea e, o Comit limitar-se-, em seu relatrio, a uma breve exposio dos fatos; sero anexados ao relatrio os argumentos escritos e o registro das observaes orais apresentados pelos Estados Partes em questo. Para cada assunto, o relatrio dever ser comunicado aos Estados Partes em questo.

    2. As disposies deste artigo entraro em vigor quando cinco Estados Partes na presente Conveno houverem efetuado as declaraes previstas no seu pargrafo 1. Tais declaraes sero depositadas pelos Estados Partes junto ao Secretrio-Geral das Naes Unidas, que enviar cpia das mesmas aos demais Estados Partes. Uma declarao poder ser retirada, a qualquer momento, mediante notificao enviada ao Secretrio-Geral. Essa retirada no prejudicar a anlise de quaisquer casos objeto de comunicaes j apresentadas nos termos deste artigo; contudo, nenhuma outra comunicao de qualquer Estado Parte ser aceita com base neste artigo aps a notificao de retirada da declarao ter sido recebida pelo Secretrio-Geral, a menos que o Estado Parte em questo tenha feito uma nova declarao.

    Artigo 22

    1. Um Estado Parte na presente Conveno poder declarar a qualquer tempo, em virtude do presente artigo, que reconhece a competncia do Comit para aceitar e examinar comunicaes enviadas por pessoas sob sua jurisdio, ou em nome delas, que aleguem ser vtimas de uma violao, por um Estado Parte, das disposies desta Conveno. Nenhuma comunicao ser aceita pelo Comit se se referir a um Estado Parte que no tenha efetuado tal declarao.

    2. O Comit considerar inaceitvel qualquer comunicao recebida em conformidade com este artigo que seja annima, que considere constituir um abuso do direito de apresentar tais comunicaes ou que seja incompatvel com as disposies da presente Conveno.

  • 3. Sem prejuzo do disposto no pargrafo 2, o Comit levar considerao do Estado Parte desta Conveno que tenha efetuado uma declarao nos termos do pargrafo 1 e que, alegadamente, haja violado alguma disposio desta Conveno, quaisquer comunicaes que lhe tenham sido remetidas nos termos deste artigo. No prazo de seis meses, o Estado Parte que as recebeu enviar ao Comit explicaes ou declaraes escritas esclarecendo o assunto e, em sendo o caso, o recurso jurdico adotado pelo Estado Parte em questo.

    4. O Comit examinar as comunicaes recebidas de acordo com este artigo luz de toda a informao colocada sua disposio pela pessoa interessada, ou em nome dela, e pelo Estado Parte em questo.

    5. O Comit no examinar nenhuma comunicao de uma pessoa, nos termos do presente artigo, sem ter-se assegurado de que:

    a) O mesmo assunto no foi e nem est sendo examinado por outra instncia internacional de investigao ou soluo;

    b) A pessoa em questo esgotou todos os recursos jurdicos internos disponveis; no se aplicar esta regra quando a tramitao dos referidos recursos se prolongar de forma injustificada ou quando os mesmos no melhorarem efetivamente a situao da pessoa que seja vtima de violao da presente Conveno.

    6. O Comit reunir-se- a portas fechadas quando estiver examinando as comunicaes previstas neste artigo.

    7. O Comit enviar seu parecer ao Estado Parte em questo e pessoa interessada.

    8. As disposies deste artigo entraro em vigor quando cinco Estados Partes na presente Conveno houverem feito as declaraes a que alude o pargrafo 1 deste artigo. Tais declaraes sero depositadas pelos Estados Partes junto ao Secretrio-Geral das Naes Unidas, que remeter cpia das mesmas aos demais Estados Partes. Uma declarao poder ser retirada a qualquer momento, mediante notificao ao Secretrio-Geral. Essa retirada no prejudicar o exame de quaisquer casos objeto de comunicaes j apresentadas, nos termos deste artigo; contudo, nenhuma outra comunicao de uma pessoa, ou em nome dela, ser aceita nos termos deste artigo depois da notificao de retirada da declarao ter sido recebida pelo Secretrio-Geral, a menos que o Estado Parte tenha efetuado uma nova declarao.

    Artigo 23

    Os membros do Comit e das comisses de conciliao ad hoc nomeados nos termos da alnea e do pargrafo 1 do artigo 21, tero direito s prerrogativas, privilgios e imunidades concedidas aos peritos em misses da Organizao das Naes Unidas, de acordo com os artigos pertinentes da Conveno sobre Privilgios e Imunidades das Naes Unidas.

    Artigo 24

    O Comit apresentar um relatrio anual das suas atividades, nos termos da presente Conveno, tanto aos Estados Partes como Assemblia Geral das Naes Unidas.

  • PARTE III

    Artigo 25

    1. A presente Conveno estar aberta assinatura de todos os Estados.

    2. Esta Conveno estar sujeita a ratificao. Os instrumentos de ratificao devero ser depositados junto ao Secretrio-Geral das Naes Unidas.

    Artigo 26

    A presente Conveno est aberta adeso de todos os Estados. Far-se- a adeso mediante depsito do instrumento de adeso junto ao Secretrio-Geral das Naes Unidas.

    Artigo 27

    1. A presente Conveno entrar em vigor no trigsimo dia aps a data do depsito do vigsimo instrumento de ratificao ou adeso junto ao Secretrio-Geral das Naes Unidas.

    2. Para cada Estado que ratificar a presente Conveno ou a ela aderir aps o depsito do vigsimo instrumento de ratificao ou adeso, a Conveno entrar em vigor no trigsimo dia aps a data do depsito do seu prprio instrumento de ratificao ou adeso.

    Artigo 28

    1. Cada Estado Parte poder declarar, quando da assinatura ou da ratificao da presente Conveno ou da adeso a ela, que no reconhece a competncia do Comit quanto ao disposto no artigo 20.

    2. Qualquer Estado Parte na presente Conveno que houver formulado uma reserva, nos termos do pargrafo 1 deste artigo, poder, a qualquer momento, retirar essa reserva, mediante notificao ao Secretrio-Geral das Naes Unidas.

    Artigo 29

    1. Todo Estado Parte na presente Conveno poder propor uma emenda e entreg-la ao Secretrio-Geral das Naes Unidas. O Secretrio-Geral comunicar a proposta de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes que indiquem se desejam a convocao de uma conferncia dos Estados Partes para examinar a proposta e submet-la a votao. Se no prazo de quatro meses, contados da data da referida comunicao, pelo menos um tero dos Estados Partes se declarar favorvel tal conferncia, o Secretrio-Geral a convocar sob os auspcios das Naes Unidas. Toda emenda adotada pela maioria dos Estados Partes presentes e votantes na conferncia ser submetida pelo Secretrio-Geral aceitao de todos os Estados Partes.

    2. Uma emenda adotada nos termos do pargrafo 1 deste artigo entrar em vigor quando dois teros dos Estados Partes na presente Conveno houverem notificado o Secretrio-Geral das Naes Unidas de que a aceitaram de acordo com os procedimentos previstos por suas respectivas constituies.

    3. Quando essas emendas entrarem em vigor, tornar-se-o obrigatrias para todos os Estados Partes que as aceitaram, continuando os demais Estados Partes obrigados pelas disposies desta Conveno e pelas emendas anteriores que eles tenham aceitado.

  • Artigo 30

    1. Quaisquer controvrsias entre dois ou mais Estados Partes com relao interpretao ou aplicao desta Conveno que no puderem ser resolvidas por meio de negociao sero, a pedido de um deles, submetidas a arbitragem. Se no prazo de seis meses, contados da data do pedido de arbitragem, as Partes no conseguirem chegar a um acordo no que diz respeito organizao da arbitragem, qualquer das Partes poder levar a controvrsia Corte Internacional de Justia,mediante requerimento elaborado em conformidade com o estatuto da Corte.

    2. Cada Estado poder, quando da assinatura ou da ratificao da presente Conveno, ou da adeso a ela, declarar que no se considera obrigado pelo pargrafo 1 deste artigo. Os demais Estados Partes no estaro obrigados pelo referido pargrafo com relao a qualquer Estado Parte que houver formulado tal reserva.

    3. Todo Estado Parte que tenha formulado uma reserva, nos termos do pargrafo 2 deste artigo, poder retir-la a qualquer tempo mediante notificao ao Secretrio-Geral das Naes Unidas.

    Artigo 31

    1. Um Estado Parte poder denunciar a presente Conveno mediante notificao por escrito dirigida ao Secretrio-Geral das Naes Unidas. A denncia produzir efeitos um ano aps a data em que o Secretrio-Geral tiver recebido a notificao.

    2. A referida denncia no desobrigar o Estado Parte das obrigaes que lhe so impostas por esta Conveno no que concerne a qualquer ao ou omisso ocorrida antes da data em que a denncia se tornar efetiva; a denncia no prejudicar, de qualquer modo, o prosseguimento da anlise de quaisquer assuntos que o Comit j houver comeado a examinar antes da data em que a denncia produziu efeitos.

    3. A partir da data em que a denncia de um Estado Parte tornar-se efetiva, o Comit no dar incio ao exame de nenhum novo assunto referente a tal Estado.

    Artigo 32

    O Secretrio-Geral das Naes Unidas informar a todos os Estados Membros das Naes Unidas e a todos os Estados que assinaram esta Conveno ou a ela aderiram:

    a) as assinaturas, ratificaes e adeses recebidas de acordo com os artigos 25 e 26;

    b) a data da entrada em vigor desta Conveno, nos termos do artigo 27, e a data da entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do artigo 29;

    c) as denncias efetuadas em conformidade com o artigo 31.

    Artigo 33

    1. Esta Conveno, cujos textos em rabe, chins, ingls, espanhol, francs e russo so igualmente autnticos, ser depositada nos arquivos das Naes Unidas.

    2. O Secretrio-Geral das Naes Unidas encaminhar cpias autenticadas da presente Conveno a todos os Estados.

  • CONVENO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA

    Adotada e aberta assinatura no XV Perodo Ordinrio de Sesses da Assemblia Geral da Organizao dos Estados Americanos, em Cartagena das ndias (Colmbia), em 9 de dezembro de 1985.

    Os Estados Americanos signatrios da presente Conveno,

    Conscientes do disposto na Conveno Americana sobre Direitos Humanos, no sentido de que ningum deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos cruis, desumanos ou degradantes;

    Reafirmando que todo ato de tortura ou outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes constituem uma ofensa dignidade humana e uma negao dos princpios consagrados na Carta da Organizao dos Estados Americanos e na Carta das Naes Unidas, e so violatrios dos direitos humanos e liberdades fundamentais proclamados na Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declarao Universal dos Direitos do Homem; Assinalando que, para tornar efetivas as normas pertinentes contidas nos instrumentos universais e regionais aludidos, necessrio elaborar uma conveno interamericana que previna e puna a tortura; Reiterando seu propsito de consolidar neste Continente as condies que permitam o reconhecimento e o respeito da dignidade inerente pessoa humana e assegurem o exerccio pleno das suas liberdades e direitos fundamentais;

    Convieram no seguinte:

    Artigo 1

    Os Estados Partes obrigam-se a prevenir e a punir a tortura, nos termos desta Conveno.

    Artigo 2

    Para os efeitos desta Conveno, entender-se- por tortura todo ato pelo qual so infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos fsicos ou mentais, com fins de investigao criminal, como meio de intimidao, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se- tambm como tortura a aplicao, sobre uma pessoa, de mtodos tendentes a anular a personalidade da vtima, ou a diminuir sua capacidade fsica ou mental, embora no causem dor fsica ou angstia psquica.

    No estaro compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos fsicos ou mentais que sejam unicamente conseqncia de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que no incluam a realizao dos atos ou a aplicao dos mtodos a que se refere este artigo.

    Artigo 3

    Sero responsveis pelo delito de tortura:

    a) Os empregados ou funcionrios pblicos que, atuando nesse carter, ordenem sua comisso ou instiguem ou induzam a ele, cometam-no diretamente ou, podendo impedi-lo, no o faam.

  • b) As pessoas que, por instigao dos funcionrios ou empregados pblicos a que se refere a alnea a, ordenem sua comisso, instiguem ou induzam a ele, cometam-no diretamente ou nele sejam cmplices.

    Artigo 4

    O fato de haver agido por ordens superiores no eximir a responsabilidade penal correspondente.

    Artigo 5

    No se invocar nem se admitir como justificativa do delito de tortura a existncia de circunstncias tais como o estado de guerra, a ameaa de guerra, o estado de stio ou de emergncia, a comoo ou conflito interno, a suspenso das garantias constitucionais, a instabilidade poltica interna, ou outras emergncias ou calamidades pblicas.

    Nem a periculosidade do detido ou condenado, nem a insegurana do estabelecimento carcerrio ou penitencirio podem justificar a tortura.

    Artigo 6

    Em conformidade com o disposto no artigo 1, os Estados Partes tomaro medidas efetivas a fim de prevenir e punir a tortura no mbito de sua jurisdio.

    Os Estados Partes assegurar-se-o de que todos os atos de tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza sejam considerados delitos em seu direito penal, estabelecendo penas severas para sua punio, que levem em conta sua gravidade.

    Os Estados Partes obrigam-se tambm a tomar medidas efetivas para prevenir e punir outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes, no mbito de sua jurisdio.

    Artigo 7

    Os Estados Partes tomaro medidas para que, no treinamento de agentes de polcia e de outros funcionrios pblicos responsveis pela custdia de pessoas privadas de liberdade, provisria ou definitivamente, e nos interrogatrios, detenes ou prises, se ressalte de maneira especial a proibio do emprego da tortura.

    Os Estados Partes tomaro tambm medidas semelhantes para evitar outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes.

    Artigo 8

    Os Estados Partes asseguraro a qualquer pessoa que denunciar haver sido submetida a tortura, no mbito de sua jurisdio, o direito de que o caso seja examinado de maneira imparcial.

    Quando houver denncia ou razo fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura no mbito de sua jurisdio, os Estados Partes garantiro que suas autoridades procedero de ofcio e imediatamente realizao de uma investigao sobre o caso e iniciaro, se for cabvel, o respectivo processo penal.

  • Uma vez esgotado o procedimento jurdico interno do Estado e os recursos que este prev, o caso poder ser submetido a instncias internacionais, cuja competncia tenha sido aceita por esse Estado.

    Artigo 9

    Os Estados Partes comprometem-se a estabelecer, em suas legislaes nacionais, normas que garantam compensao adequada para as vtimas do delito de tortura.

    Nada do disposto neste artigo afetar o direito de que possa ter a vtima ou outras pessoas de receber compensao em virtude da legislao nacional existente.

    Artigo 10

    Nenhuma declarao que se comprove haver sido obtida mediante tortura poder ser admitida como prova em um processo, salvo em processo instaurado contra a pessoa ou pessoas acusadas de hav-la obtido mediante atos de tortura e unicamente como prova de que, por esse meio, o acusado obteve tal declarao.

    Artigo 11

    Os Estados Partes tomaro as medidas necessrias para conceder a extradio de toda pessoa acusada de delito de tortura ou condenada por esse delito, de conformidade com suas legislaes nacionais sobre extradio e suas obrigaes internacionais nessa matria.

    Artigo 12

    Todo Estado Parte tomar as medidas necessrias para estabelecer sua jurisdio sobre o delito descrito nesta Conveno, nos seguintes casos:

    a) quando a tortura houver sido cometida no mbito de sua jurisdio;

    b) quando o suspeito for nacional do Estado Parte de que se trate;

    c) quando a vtima for nacional do Estado Parte de que se trate e este o considerar apropriado.

    Todo Estado Parte tomar tambm as medidas necessrias para estabelecer sua jurisdio sobre o delito descrito nesta Conveno, quando o suspeito se encontrar no mbito de sua jurisdio e o Estado no o extraditar, de conformidade com o artigo 11.

    Esta Conveno no exclui a jurisdio penal exercida de conformidade com o direito interno.

    Artigo 13

    O delito a que se refere o artigo 2 ser considerado includo entre os delitos que so motivo de extradio em todo tratado de extradio celebrado entre Estados Partes. Os Estados Partes comprometem-se a incluir o delito de tortura como caso de extradio em todo tratado de extradio que celebrarem entre si no futuro.

    Todo Estado Parte que sujeitar a extradio existncia de um tratado poder, se receber de outro Estado Parte, com o qual no tiver tratado, uma solicitao de extradio, considerar esta

  • Conveno como a base jurdica necessria para a extradio referente ao delito de tortura. A extradio estar sujeita s demais condies exigveis pelo direito do Estado requerido.

    Os Estados Partes que no sujeitarem a extradio existncia de um tratado reconhecero esses delitos como casos de extradio entre eles, respeitando as condies exigidas pelo direito do Estado requerido.

    No se conceder a extradio nem se proceder devoluo da pessoa requerida quando houver suspeita fundada de que corre perigo sua vida, de que ser submetida tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante, ou de que ser julgada por tribunais de exceo ou ad hoc, no Estado requerente.

    Artigo 14

    Quando um Estado Parte no conceder a extradio, submeter o caso s suas autoridades competentes, como se o delito houvesse sido cometido no mbito de sua jurisdio, para fins de investigao e, quando for cabvel, de ao penal, de conformidade com sua legislao nacional. A deciso tomada por essas autoridades ser comunicada ao Estado que houver solicitado a extradio.

    Artigo 15

    Nada do disposto nesta Conveno poder ser interpretado como limitao do direito de asilo, quando for cabvel, nem como modificao das obrigaes dos Estados Partes em matria de extradio.

    Artigo 16

    Esta Conveno deixa a salvo o disposto pela Conveno Americana sobre Direitos Humanos, por outras convenes sobre a matria e pelo Estatuto da Comisso Interamericana de Direitos Humanos com relao ao delito de tortura.

    Artigo 17

    Os Estados Partes comprometem-se a informar a Comisso Interamericana de Direitos Humanos sobre as medidas legislativas, judiciais, administrativas e de outra natureza que adotarem em aplicao desta Conveno.

    De conformidade com suas atribuies, a Comisso Interamericana de Direitos Humanos procurar analisar, em seu relatrio anual, a situao prevalecente nos Estados membros da Organizao dos Estados Americanos, no que diz respeito preveno e supresso da tortura.

    Artigo 18

    Esta Conveno est aberta assinatura dos Estados membros da Organizao dos Estados Americanos.

    Artigo 19

    Esta Conveno est sujeita a ratificao. Os instrumentos de ratificao sero depositados na Secretaria-Geral da Organizao dos Estados Americanos.

  • Artigo 20

    Esta Conveno ficar aberta adeso de qualquer outro Estado Americano. Os instrumentos de adeso sero