praticas de tortura no brasil

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A Tortura utilizada como prática de coerção do Estado. Professora: Carolina Abreu Escola Adélia Brasil Feijó

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Slides sobre a temática da tortura no Brasil para o ensino fundamental e médio

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Page 1: Praticas de Tortura No Brasil

A Tortura utilizada como prática de coerção do

Estado. Professora: Carolina Abreu

Escola Adélia Brasil Feijó

Page 2: Praticas de Tortura No Brasil

O que é tortura?

“Do latim, tortura, significa suplício, martírio, tormento, transe aflitivo, podendo ser físico ou psicológico. O verbo torturar também traduz o mesmo sentido na língua espanhola; no inglês, to torture; no francês, torturer; no italiano, torturare; no alemão, foltern. A semelhança da tradução nas mais conhecidas línguas do mundo ocidental, com exceção da língua alemã, corrobora a assertiva de que TORTURA sempre o foi e sempre será uma prática globalizada, da maioria absoluta das nações e dos Estados outrora e hoje existentes na Terra”.

Desde os primórdios da humanidade a tortura é usada como prática coercitiva e punitiva pelos donos do poder. Seja ela imposta aos vencidos durante as guerras ou em situações em que seja necessário manter o poder político numa determinada sociedade, como ocorreu nos anos em que o Brasil viveu sob o controle ditatorial (1937 a 1945 - Estado Novo/ 1964 a 1985 - Ditadura Militar).

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As práticas de Tortura na América Latina.

No que tange à América Latina e ao Brasil, a prática da tortura e dos maus tratos sempre esteve presente nos trezentos anos de período colonial. Da descolonização dos anos 1800 até meados de 1850, grosso modo, a prática da tortura restringiu-se aos escravos.

Durante o século XX, a América Latina passou por diversas transformações de ordem social, política, cultural e econômica. Nesse momento de intensas mudanças sociais, muitas delas voltadas para a construção de uma sociedade igualitária, tanto que os governos que pensaram em propor reformas no sistema político que afetassem de alguma forma nos interesses da classe dominante foram taxados de governos comunistas, como por exemplo, as intensões de implementar as Reformas de Base pelo presidente João Goulart.

Para impedir essas mudanças mais à esquerda, a elite desses países foram somando forças com outras camadas sociais, como os militares e a Igreja Católica formando, assim, uma aliança contra o dito “comunismo”. O resultado desse embate foram os golpes militares que eclodiram pela américa latina, governos autoritários que vão se manter no poder através de práticas desumanas como, por exemplo, as prisões arbitrárias de pessoas, sequestros, torturas e assassinatos.

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Os governos autoritários e suas características para se manter no poder:

Exclusividade do exercício do poder.

Arbitrariedades.

Enfraquecimento dos vínculos jurídicos do poder político.

Alteração da legislação institucional criando regras para a auto manutenção do poder.

Restrição substancial das liberdades públicas e individuais.

Impulsividade nas decisões.

Agressividade à oposição.

Controle do pensamento.

Censura às opiniões.

Cerceamento das liberdades individuais, de pensamento, religiosas e de imprensa.

Cerceamento das liberdades de movimentação.

Emprego de métodos ditatoriais e compulsórios de controle político e social.

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O Golpe militar de 1964 e o uso das torturas como uma prática institucionalizada.

Em 1964, após passarmos por um período de grave tensão política,

resultado das propostas de reformas na estrutura de poder do país,

algumas alas militares, empresários e a elite que se mantinha no

controle do Brasil arquitetam um golpe para por fim a democracia.

Através desse golpe de Estado, no qual extinguiu as liberdades

democráticas dos indivíduos e perpetuou ao longo dos 21 anos em que

se manteve, a duras penas no controle do Estado brasileiro, vários

ataques aos direitos humanos, como por exemplo, as práticas de tortura

dentro dos órgãos policiais em todos os estados do país.

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Torturas praticadas dentro das Instalações Policiais e Militares

CAPUZ: causa tortura física inesperada e tortura psicológica (o torturado fica incapacitado de ver de onde vem os golpes);

FORMAS DE IMOBILIZAÇÃO: utilizada nos intervalos de outras formas de tortura com o objetivo de causar esgotamento físico (segurar pesos nos braços, equilibrar a sola dos pés em latas cortantes);

ESPANCAMENTO: murros e pontapés aplicados em regiões como rins, estômago e diafragma;

CORREDOR POLONÊS: filas paralelas de torturados formando um caminho obrigatório para a vítima passar;

TELEFONE: aplicação de tapas com ambas as mãos nos ouvidos da vítima (provoca rompimento dos tímpanos e labirintite);

PAU-DE-ARARA: aplicado desde os tempos de escravidão, constitui-se em um dos métodos mais antigos de tortura. A vítima fica pendurada em posição de frango assado (provoca causa dores terríveis no corpo e na cabeça);

CHOQUES ELÉTRICOS: aplicados em regiões sensíveis do corpo (que é molhado para facilitar a condutividade da corrente elétrica) como órgãos genitais, língua e ouvidos;

HIDRÁULICA: como o pau-de-arara, é um dos métodos de tortura mais antigos, utilizados desde a Inquisição (Idade Média). Quando aplicado em indivíduos em pau-de-arara, causa afogamento;

PALMATÓRIA: espécie de raquete de madeira que é aplicada às mãos, pés, nádegas e costas da vítima;

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ANIMAIS: eram utilizados nas sessões de tortura, tais como cobras e ratos (no DOI-CODI/RJ, em 1970, utilizaram um jacaré);

ARRASTAMENTO EM VIATURA: causava esfolamento e escoriações generalizadas no corpo da vítima. Também forçavam a vítima a respirar o gás que saia pelo escapamento do veículo;

ESCALPO: consiste na retirada da pele da vítima;

CHURRASQUINHO: introdução de material inflamável no ânus e na vagina;

CAMA CIRÚRGICA: a vítima é amarrada e esticada em uma cama. Causava o rompimento de nervos e, sobre a cama, também praticavam torturas como o arrancamento das unhas;

"MASSARICO": espécie de "churrasquinho" que causa queimaduras de primeiro grau;

COROA-DE-CRISTO OU CAPACETE: consistia no esmagamento do crânio por meio de um anel metálico e um mecanismo que o estreitava;

TORTURA AOS FAMILIARES E A AMIGOS: consistia em torturar amigos e parentes em frente ao perseguido político.

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ESCOVA DE AÇO: causa esfolamento e sangramento quando aplicada no peito e nas costas da pessoa torturada;

NÓ-DA-MÁFIA: amarra-se o pescoço da vítima aos seus pés, sendo, estes, suspensos, causando enforcamento;

QUEIMADURAS DE CIGARRO: costumeiramente utilizada no momento dos interrogatórios;

CADEIRA-DO-DRAGÃO: espécie de cadeira elétrica;

TAMPONAMENTO POR ÉTER: aplicação nas partes sensíveis e feridas do corpo, provocando queimaduras e dores;

TORTURA SEXUAL: prática de estupros, introdução de cassetete no ânus, compressão e choques nos testículos;

SORO DA VERDADE OU PENTOTAL: causa depressão e diminuição da capacidade de reação (os próprios médicos, a serviço do Estado, o aplicavam);

"GELADEIRA": constitui-se em um pequeno quarto de dois metros quadrados, escura e fria. Os agentes que praticavam torturas mesclava a permanência da vítima nas "geladeiras" e nas salas fortemente iluminadas e quentes. Psicologicamente, a vítima sentia insegurança;

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Dados sobre a tortura na América Latina. A CNV (Comissão Nacional da Verdade) conta que instrutores estrangeiros ensinaram

métodos de tortura a militares brasileiros aqui mesmo, em solo nacional. Agentes franceses teriam desembarcado no Brasil para ensinar algumas técnicas brutais aprendidas e testadas na guerra de descolonização da Argélia, nos anos 50.

Mais tarde, oficiais brasileiros frequentaram aulas de tortura na Escola das Américas, criada pelo Departamento de Defesa do governo dos EUA. O local foi um centro de irradiação destas práticas para toda a América Latina, durante a Guerra Fria, nos anos 60.

Entre 1964 e 1985, 434 pessoas foram mortas e desaparecidas pelo governo militar brasileiro, e mais de 6 mil foram torturadas. Além de torturar seus cidadãos, o Brasil também exportou técnicas de tortura para ditaduras vizinhas.

O Estádio Nacional, uma espécie de Estádio do Maracanã do Chile, foi convertido em 1973, pela ditadura do general chileno Augusto Pinochet, num gigantesco centro de tortura coletiva. Lá, diversas vítimas relataram ter visto e ouvido especialistas brasileiros ensinando técnicas de tortura a militares chilenos. As máquinas usadas no Estádio Nacional também continham manuais de instrução em português, de acordo com dissidentes torturados no local.

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A tortura Hoje...“Seis pessoas são torturadas por dia no Brasil¹”

O relatório anual da ONG Human Rights Watch (HRW) revelou que diariamente seis pessoas são vítimas de tortura no Brasil. A maioria delas, 84%, estão em penitenciárias, delegacias e unidades de internação de jovens. Os dados divulgados como um capítulo do relatório mundial da entidade, são baseadas nas denúncias recebidas pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. De janeiro de 2012 a junho de 2014 foram relatados 5.431 casos de tortura.

Para a HRW, uma das razões para isso ocorrer é a falta de punição dos agressores. "Mais do que uma herança da ditadura militar a tortura é uma herança da impunidade. O agente sabe que não será punido, por isso tortura", afirmou a diretora da HRW no Brasil, Maria Laura Canineu.

¹ Reportagem “El País”, disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/29/politica/1422542790_405990.html

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“Uma em cada três torturas no Brasil acontece dentro de casa, aponta estudo²”

Um estudo inédito feito com base em dados de tortura que tramitaram no judiciário brasileiro aponta que um terço de todos os casos acontecem dentro da residência da vítima. Os agentes públicos –como policiais, agentes penitenciários e socioeducadores-- são acusados em 61% dos processos, contra 37% de pessoas comuns. Em 2% dos casos, o torturador não é identificado.

Agentes públicos são menos punidos

Além de torturarem mais, os agentes públicos envolvidos têm mais chances de serem absolvidos no judiciário do que agentes privados. O levantamento constatou que, entre os agentes privados, 84% são condenados pelo crime de tortura. Já a condenação de agentes públicos é de 74%. As absolvições, segundo a pesquisa, normalmente ocorrem por falta de provas. 

"Identificou-se nos acórdãos uma série de questionamentos sobre as provas produzidas e sua capacidade de comprovar o crime e a tortura. É preciso expor essa falha para que as autoridades policiais trabalhem mais intensamente na colheita de provas, de forma a garantir o esclarecimento dos fatos", conclui o estudo.

¹ Reportagem “UOL”, disponível em: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/01/27/uma-em-cada-tres-torturas-no-brasil-acontece-dentro-de-casa-aponta-estudo.htm

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Casos emblemáticos sobre tortura denunciados à Comissão de Direitos Humanos³

Vítima: JOSÉ IVANILDO SAMPAIO DE SOUZA - Preso em 24 de outubro de 1995 pela Polícia Federal em Fortaleza, sob acusação de porte de drogas, foi encontrado morto, no dia 25 de outubro, nas dependências da Superintendência da Polícia Federal com graves lesões no tórax, abdômen e pescoço. O laudo do IML confirmou lesões corporais, no entanto concluiu pela ausência de elementos que pudessem configurar a tortura. Posteriormente, um laudo independente, realizado pela equipe de legistas da Universidade de Campinas (Unicamp), confirma que José Ivanildo morreu em decorrência de espancamento. Oito policiais foram indiciados. Na defesa judicial, a polícia tentou forjar uma versão de que o rapaz foi morto por um companheiro de cela, o que foi posteriormente desmentido. A União reconheceu sua responsabilidade e, num caso até então inédito, concedeu à família da vítima uma pensão mensal.

³ Informações disponíveis em: http://www.dhnet.org.br/dados/estudos/dh/br/torturabr.htm

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Vítima: JOSÉ ROBERTO CORREIA LEITE: No dia 14 de setembro de 1999, a vítima foi presa por policiais militares, na cidade de Pedregal, Estado de Goiás, juntamente com um menino de 9 anos de idade. Não havia nenhuma denúncia formulada contra a vítima e tudo indica que a mesma foi confundida pelos policiais. Os dois foram presos perto da residência de José Roberto e levados ao quartel da cidade do Novo Gama. No quartel, José Roberto foi brutalmente torturado. As sessões de tortura foram assistidas pelo menino que relatou o fato posteriormente no Ministério Público. O menino descreveu como eram as dependências do quartel. Após este depoimento, os policiais ensejaram mudanças no interior do estabelecimento com o intuito de não confirmar a declaração do menino. Porém, a perícia realizada confirmou a versão do menino. Dois dias após a detenção, foi encontrado o corpo da vítima com marcas de tortura e sem os órgãos genitais, num lugar ermo da cidade. O mesmo foi enterrado como indigente. A família e instituições procuram durante meses o paradeiro da vítima. A elucidação do caso somente foi possível porque a perita, responsável pelo exame cadavérico, identificou a autoria do corpo. Os policiais nunca assumiram a detenção arbitrária. O Ministério Público de Goiás teve uma atuação eficiente e pediu a prisão de nove policiais, que já eram envolvidos em outros crimes contra a administração da justiça. Todos os policiais estão presos com prisão provisória. O processo ainda não foi concluído.

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Vítima: WALISON DOS SANTOS DA SILVA: A vítima é menor e foi detido durante três dias numa delegacia comum da polícia civil que não é especializada nos direitos do menor, como determinada o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). O fato ocorreu em junho de 1999, em Xinguara, município do Estado do Pará. Na delegacia, o jovem sofreu violência física e psicológica, provocada por policiais civis. A mãe do adolescente e sua representante legal sequer teve o direito de falar com a vítima durante os dias de detenção. Nunca houve qualquer processo judicial criminal instaurado contra o menor. Os policiais alegavam que o jovem usava drogas e que daria informações importantes de traficantes, por isso foi detido. A vítima, com as torturas sofridas, ficou com problemas psiquiátricos e necessita de tratamento até os dias de hoje. Também ficou com deficiências físicas. O Ministério Público do Pará instaurou procedimentos para apurar as denúncias de tortura, o que ainda não ensejou ação judicial. Já pela corregedoria de polícia, encarregada de também apurar o fato, são os próprios delegados da cidade os responsáveis pela sindicância instaurada, delegados estes que inclusive já tiveram envolvimento em outros casos de tortura. Este caso foi levado ao CDDPH (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) vinculado ao Ministério da Justiça. Porém, a intervenção do Conselho praticamente em nada ajudou, visto que os delegados daquele município em fez de receberem represálias, ao contrário estão sendo promovidos na carreira, recebendo toda a proteção do Superintendente da Polícia Civil do sul do Pará.

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“Denúncias de tortura no Brasil cresceram 129% nos últimos 3 anos”

SÃO PAULO — Amplamente usada durante o regime militar, a tortura ainda é prática comum no Brasil. Antes direcionada à atividade política, ela segue em uso contra a população, em geral os mais pobres e vulneráveis. Nos últimos três anos cresceu 129% o número de denúncias de tortura cometidas por agentes públicos no país. Entre 2011 e 2013, foram relatados 816 casos por meio do Disque 100, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, envolvendo 1.162 agentes do Estado. Só no ano passado, foram 361 registros.

Casos de tortura e violência policial já existiam no Brasil antes do golpe militar de 1964. No entanto, para a socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP), Viviane de Oliveira Cubas, a ditadura formalizou os instrumentos, e a democracia não conseguiu romper com o modelo.

— O legado da ditadura foi a oficialização de práticas e condutas. Os policiais não se identificam com os cidadãos, e nenhuma polícia é bem-sucedida sem proximidade com a população — diz Viviane.

Pesquisador de História da polícia e coordenador científico do Observatório de Segurança Pública, o professor Luís Antônio Francisco de Souza afirma que, até 1969, a Polícia Militar se chamava Força Pública e era aquartelada, uma força reserva a ser usada apenas em situações de tumulto e onde não havia a Guarda Civil. Depois do AI-5, que suspendeu os direitos políticos e o voto, ela mudou de nome e assumiu o policiamento de rua. Ainda hoje a Constituição estabelece, no parágrafo 6 do artigo 144, que as polícias militares, incluindo bombeiros, são forças auxiliares e reserva do Exército, embora sejam subordinadas aos governadores dos estados.

 

Mais informações: http://oglobo.globo.com/brasil/denuncias-de-tortura-no-brasil-cresceram-129-nos-ultimos-3-anos-12050252

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Presidiários ainda sofrem com a prática

Segundo especialistas, os casos de tortura denunciados são infinitamente menores do que o real. E a Polícia Militar não é a única nem a principal instituição pública a usar a prática. Foi da Polícia Civil que surgiu o delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, que comandou as torturas no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo, por exemplo. E é dentro dos presídios que hoje são registrados o maior número de crimes deste tipo.

O problema é que o crime de tortura cometido por agentes públicos vira “lesão corporal” ou “abuso de autoridade” até chegar à Justiça. A pesquisadora Maria Gorete Marques Jesus analisou 51 processos de tortura abertos de 2000 a 2004 e julgados até 2008. Eram 203 réus, 181 deles agentes de Estado. Dos agentes de Estado, 127 foram condenados. Enquanto a ONU vincula a tortura como crime de Estado, no Brasil, ela é crime aplicável a pessoas comuns (mães, pais, padrastos etc). Doze réus da pesquisa eram cidadãos comuns e metade foi condenada. Entre os policiais, 70% foram absolvidos.

— Temos uma marca muito forte da ditadura. No caso de agentes do Estado julgados, a fala da vítima é sempre colocada em suspeição e tem pouca credibilidade. Como a tortura é um crime sem testemunhas, a vítima é quem tem de provar. Quando é uma mãe acusada de torturar um filho, é a fala dela que é questionada. Há ainda margem para classificar a tortura como outros crimes no caso de agentes de Estado. Vi um promotor tentando denunciar um policial por abuso de autoridade, enquanto o juiz dizia que era tortura. Este tipo de classificação mascara o número de casos — diz Maria Gorete, do NEV/USP.

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FIM