texto intervenção de terceiros (carlos henrique bezerra leite)

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  • 5/11/2018 Texto Interveno de Terceiros (Carlos Henrique Bezerra Leite)

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    Dados Internacionais de. Catalogacao na Publicacao (CIP)(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Leite, Carlos Henrique BezerraCurse de direi to processualdo trabalho/ Carlos

    Henrique Bezerra Leite. - 8. ed. - Sao Paulo:LTc, 2010.

    "De aeordo com a Emenda Constitucionaln. 4 5 12 0 04 ; . .. "Bibliografia

    ISBN 978-85-361-1482-8

    p " , b I. fI "n . 1 '\ ,. '. ~ " . l. Direito processual do tr~balno 2. Direito~ , 1 1 J ,W m 'l t ldIElf l r ._. dnjH~!.\,y,rocessual do trabalho - Brasil J. Titulo.m.UJI'I'HlO10-00122 CDU-347.9: 331 (81)

    Indice para catalogo sistematico:1. Brasil : Direi to processual do trabalho347.9:331 (8 I)

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    420 CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITEA uti lizagao da merchandage constitui fraude a propria irnposicao constitucionalde arraqlmentacao detrabalhadores pela via do certame publi co. Na verdade hadois ihc itos praticados . 0 primeiro de ordem const itucional , 0 outro de ordeminf racons ti tucional, ao perpetrar terce ir lzacao i legal. Nessa ordem de ideias, aalegagao da CEF consti tu i verdadeiro assedio procsssual, pois sevale de paten-te desvio hermeneut ico, para descumpri r a Consti tu icao da Republi ca. A pratl cado assedio processual deve ser rechacada com toda a energ ia pelo Judiciar lo ,Os Tribunals brasi leiros, sobretudo os Tribunals Super iores, estao abarrotadosde demandas retorlcas, sem a menor per spectiva cientf fica de sueesso. Essapratica e perversa, pois alern de onerar sobremaneira 0erario publi co - d inheiroque poderia ser empregado em prestacoes do Estado - torna todo 0 sistemabrasileir o de [ustica mais lento e por isso injusto. Nao foi por outr o motivo que aduracao r azoavel do p rocesso teve de ser guindado ao nrvel constitue iona l. Osadvogados, puoltcos e privados, juntamente com os administradores e gestores,tern 0dever de se guiar com etiea mater ial no processo. A etlca formal ja na omais atende aos preeeitos cons ti tucionais do devido, efi caz e celere processolegal. A consir ucao de uma Justlca ce lebr e eficaz e justa e um dever coletivo,cor nunitar io e vinculante, de todos os operadores do processo. A legitimagao parao processo irnpoe oonus publico da lealdade processual, lealdade que transcendeem muito a simples etlea formal, pols desafia uma ati tude de dignidade e fidel idademater ial aos argumentos. 0 processo e um instrumento dlaloqico por axcalencla,o que nao significa que possa admitir toda or dem de arqurnen tacao" (TRT - 3'"Reg. R000760.200S.112.03.00-4, 4"'T., OJMG 21.02.2009, p. 16).

    CAPITULO XI

    INTERVENCAO DE TERCEIROS

    1. CONCEITODa-se a lntervencao de terceiros quando uma pessoa ou ente, nao sendo,

    or ig inariamente, parte na causa, nela ingressa para defender seus pr6pr ioslnteresses. ou os de uma das partes primi tivas da relacao processual.

    Todavia, nao e qua lquer int esse que justifica a validade dainterven- Iyao. E prec iso que 0 interesse s ja jurfdic9. 0 simples interesse economlco,

    financeiro, politico, moral etc. na utori / a lntervencao de terceiros~eo interesse juridico uanQo ha uma relacao .wrfdica ~rceiro e

    arte s ue ~gura(mrno process~l,_Qomo, pg_r_~~se do~~I:)_~!~ri()_ em face_do locatarlo na acao _~~.c.l~~jQ_~o locador.o sub loca fa r lo , in casu, que intervier no processo tem juridieo interesse noresultado da demanda.

    Pelo fenomeno da lntervencao, urn tereeiro, ate entao estranho aoproeesso, se torna parte, ou seu eoadjuvante. Ao tornar -se parte na relacaoproeessual, a tereeiro podera sofrer os efe itos da eoisa julgada.

    Por se tratar de um incidente processual, causando, em razao disso,demora na prestac;ao jurisdicional, a interven ao de tereeiros s6 deve seraamlMa em situacoes especiais expressamente previstas eel. .-.._-----~---.-'_.~_-'--.~. _ _ _ _ _ _ _ . . ,o processo do trabalho e omisso a respeito da intervencac de tereeiros.Oaf a necessidade da aplicacao subsidiaria do CPC, com as necessariescautelas e adaptacoes, como veremos mais adiante.

    Se ja existia acirrada c lzanla doutnnarla e jur isprudeneial sabre a cabl-menta da intervencao de terceiro nos domfnios do processo do trabalho, eprevisfvel que a problernatica tende a aumentar em virtude da arnpliacao dacornpetencia da Justica do Trabalho imposta pela EC n. 45/2004.

    Para fins comparativos e tendo em vista a similitude de escopos jur idi-cos, politicos, econornlcos e soc ials dos Juizados Espec iais Civeis e da Jus-tlca do Trabalho, eumpre advertir , desde logo, que 0 art. 10 da Lei n. 9.099/1995 dispoe: "Nao se adrni ti ra, no processo, qualquer forma de intervencaode tereeiro nem de asslstencla, Admitir-se~a a litiscons6rcio."

    Cumpre lembrar que na 1" Jornada de Oireito Material e Processualdo Trabalho, reatlzada 'en:' Brasflia-DF, foi aprovado, em 23.11.2007, 0

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    422 CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITEEnunciado n. 68, que admite com cautela a mtervencao de terceiros noprocesso do trabalho, nos seguintes termos:

    " INTERVENyAo DE TERCEIROS.I-AdmissibiHdade da mtervencao de tercei-ros nos Processos submetidos a jurisdiyao da .lustica do Trabalho, II - Nosprocessos que envolvem credi to de natureza privi legiada, a compatibi lidade da in-ter vencao de ter ce ir os esta subordinada ao inter esse do auto r, delim itado pelautilidade do provimento final. III - Admit ida a denunciacao da lide, I possivel adecisao judicial estabelecer a condenacao do denunciado como corresponsavst,"

    2.CLASSIFICACAOA intervencao de tercei ros pode ser provocada ou espomenee. ad eoad-

    juvandum ou ad excludendum.Na denunc lacao da lide, chamamento ao processo e nomeacao a auto-

    ria, a intervencao e provocada, po is uma das partes oriqinarlas do processoe que provoca 0 incidente.Ja na asslstencla, oposicao e embargos de terceiro, a intervencao e

    espontenee au voluntaria, porquanto a proprio terceiro, independentementede provocacao, requer ao juiz autorizacao para intervir no feito.

    Da-se a intervencao ad coadjuvandum, quando 0 terceiro intervenienteauxilia uma das partes , como na assis tenc ia s imples.

    Por outro lado, na intervencao ad excludendum 0 terce iro intenta a ex-ctusao de uma ou de ambas as partes, como na nomeacao a autoria e naoposicao, respectivamente.

    3. TIPOLOGIASao diversas as modalidades de intervencao de terceiro no processo,

    como veremos adiante.3.1. Assistencia

    Esta regulada nos arts. 50 a 55 do CPC. Embora esteja topografica-mente localizada em secao nao reservada a intervencao de terceiros, e pacf-fico 0entendimento de que a assistencia consti tu i uma de suas modalidades.

    De acordo com 0art. 50 do CPG, a assistsncia tem lugar em qualquerdos tipos de procedimento e em todos os graus de lurlsdlcao: mas 0 assis-tente recebe 0 processo no estado em que se encontra.

    Trata-se de lntervencao espontanea, na qual 0 terceiro simplesmenteingressa na relacao processual em curso, sem necessidade de propor umaacao para tal f im. Na verdade, 0terceiro assistente torna-se sujeito do processo,

    CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 423mas na o chega a se tamar parte, uma vez que se insere na relaeao processualcom a finalidade exclusiva de auxil iar uma das partes. Seu interesse "jurrdico",pols, consiste em que a sentenca venha a ser Iavoravel ao assistido.

    A assistencia pode ser simples (ou adesiva) au litisconsorcial.A assistencia simples esta prevista no art. 50 do CPC, segundo 0 qual,

    pendendo uma causa entre duas au mais pessoas, a terceiro que tiver inte-resse (juridico, ressaltamos) em que a sentence seja tavoravet a uma daspar tes podera intervir no processo para assisti-Ia . Neste caso, a assistenteingressa no processo apenas como coadjuvante da parte.

    E admissfvel a assistencia simples ou adesiva no processo do trabalho,tal como preve a Sumula n. 82 do TST, in verbis:C 'ASSISTENCIA. A intervencao assistencial, Simples au adesiva, s6 e admissfvelse demonst rado a interesse jur fd ico e nao a meramente econorn lco. "A assistsncla simples e tarnbern permitida nas acoes civis publicas (aucoletivas Jatosensu), em defesa dos interesses individuais homoqeneos comoprsve 0art. 94 do CDC (Lei n. 8.078/1990), embora essa norma empregue,de forma atecnlca, 0termo "Iistisconsorte". E que nas acoes civis publicas sopode haver l it isconsorcio entre as legit imados arrolados taxativamente no art. 52da Lei n. 7.347/1985 e no art. 82 do CDC.

    A assistencia Iitisconsorcial (ou quali ficada) ocorre na nipotese do art . 54do epc, segundo 0qual:

    "Considera-se l it iscansorte da par te princ ipal a ass is tente, toda vez que a sen-tenca houver de influir na relacao jurfdica entre ele e 0 aoversarlo do assistido."Na pratica, a assistencla l itisconsorcial assemelha-se a uma espscie de

    lit isconsorcio facultativo ulterior, na medida em que 0assistente litisconsorcialpoderia, desde 0 inicio do processo, ter sido lit isconsorte tacultatlvo-unitarioda parte assistida.

    Tratando-se de subst itu lcao processual, a assistencia l it isconsorcial foiadmitida no processo do trabalho, como se inferia do item VI da Sumula n.310 do TST(1 , segundo a qual, na demanda em que a sindicato figurassecomo subst ituto processual, ser ia "Ilcito aos substi tufdos integrar a l ide comoassistente lit isconsorcial, acordar, transigir e renunciar, independentementede autorizacao ou anuencla do subst ituto".

    Claudio Armando Gouce de Menezes aponta, com pena fluente, as se-guintes diferenyas entre asslstencia simples e lit isconsorcial:

    "a) na ass is tencia Simples, a relacao juridica e com a assistido e naassistencia litisconsorcial e com a parte contrar ia ao do assistido;

    (1) A Surnula n. 310 foi canoelada pelo Tribunal Pleno do TST, na Sessao de Julgamento dodia 25.10.2003, quando os Ministros apreciavam 0 recurso de embargos (ERR 17894/95).

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    CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE424

    il) ,na,assistencia litisconsorcial, 0direito.e ~ant? do assistido qu~n~o ~oassistente; ja naassistencia simples 0direito e somente do assistldo;c)na assistencia l itisconsorcial, nao se apl tca 0 d,ispo~to. no. art. 53 ? OCPC, pols oassistente litisconsorcial podera se opor a deslstencla do assls~tido,aprocedmcia do pedido, a transacao e ao acordo, porque ele eparte, e litisconsorte;d) 0assistente coadjuvante nao p~de ass~~ir, em fa?e do pedid~, p~si-vao diversada do assistido; 0asslstente llt isconsorcial pode faze-Io,e) a assistencia simples cessa nos casos em .que 0 ~r?cesso terrninapor vontade doassistido (art. 53); a Iit.is?o.n~orclal possl~lh~a a defesa?ointerveniente, mesmo que a parte onqinana tenha dasistido, transacro-nado ou reconhecido."(2)A respeito da asslstsncta no processodo trabalho colhs-se 0 seguinte

    julgado:"AGRAVOREGIMENTAL- CONHECIMENTO-- ASSISTENCIALlTISCONSOR-CIAL-ART. 50, PARAGRAFO UN1CO,DO CPC -1. Agravo.regimental que aAssistente Litisconsorcial Passiva interpoe na mesma oportunldadeern que :e-quer seu ingresso na retacao processual .~~ua~d?ja decorr.ido ores~~ctlVOprazo recursal, para os Assistidos. 2. A asslsten?la htlsc~nsorclal ou quallfl.c~~aconstitul direito processual subjetivo de tarcerro que, mteress~d_?na vttonade uma das partes, colabora para evitar 0pronuncian;~nto de d~c~saoeapazdeinfluir na relacao jurfdica entre ele pr6prio e 0adversano do assistido (art. 54doCPC). 0 assistente recebe 0processo no estad_?emque se encontra (CP~, ~rt.50, paragrafo unico), razao pela qual a preclusao q~e se opera para~ assistldoaicanca 0assistente, ainda que este ~ngress~posteno~m;nte na retacac proces-sual, 3. Agravoregimentalnaoconhecido, porIntempestlvo (TST- AGAC 606554_ TP - ReI.Min. Joao Oreste Dalazen - DJU 09.02.2001 - p. 369).

    3.2. Oposif8oo insti tuto da opos' iyaoestaprev isto no art . 56 do CPC, in verbis:"Quem pretender, notodo ou em parte, a coisa ou 0direito sobre que.c~ntrover-tem autor e reu, podera, ate ser proferida a sentence, oferecer oposicac contraambos."Trata-se de rnodalidade de intervenyao voluntaria, na medida em que

    nlnquern e obrigado a ser opoente. Na verdade, aqueie ~ue poderia :ntervircomo opoente e nao 0 faz nao sera afetado pela corsa ju lqada, razao p~l~qual e l icito ao tereeira, em princfpio, aguardar 0 terrnlno do processo e ajur-zar a980 autOnorna em face da parte vencedora da demanda.

    (2) MENEZES, Claudio Armando Couca de. Intervenfiio de terceiros no processo civil e noprocesso do traba/ho, p. 9 at seq.

    CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DOTRABALHO 425A oposicao e uma a

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    42 6 CARLOSHENRIQUEEZERRAEITEo principal entrave para 0cabimento da oposicao no processo do traba-

    Iho repousa no retardamento que 0 instituto provoca na prestacao jurisdicio-nat, Ha, no entanto, outros obstaculos.

    Alguns sustentam 0 descabimento da oposlcao no processo do traba-Iho, porque a Justlca Trabalhista nao tern cornpetencla para julgar a segundarelacao processual. A oposicao faz surgir duas demandas: na primeira, a.lustica do Trabalho seria competente para apreciar; e na segunda, a Justicado Trabalho ja nao 0seria, pois que consistiria em litlgio entre dois empregados,duas pessoas fisicas prestadoras de services. Assim, exist iria incompe-tencia em razao da materia (ou da pessoa) quanto a uma das pretensoesmanifestadas.

    Contra tal entendimento levanta-se Claudio Couce Armando de Menezes,para quem, se um dos opostos (0 empregado) reconhecesse a procedenclado pedido, contra 0 outro (0empregador) prosseguiria 0 opoente (art. 58 doCPC), afastando 0objce defendido por Manoel Antonio Teixeira Filho. Mas,se aquele que admitir procecenela do pedido for 0empregador, continuandoa relaeao entre os dois empregados (art. 58 do CPC), realmente dificil fica adefesa do cabimento da oposicao no processo laboral' ",

    Como a nova redacao do art. 114 da CF, por torca da EC n. 45/2004,Manoel Antonio Teixeira Filho leciona que O le posslvel sustentar-se a compe-tencia dessa Justica para solucionar litfgios entre trabalhadores, desde queoriundo de uma relacao de trabalho (art. 114,1)"(6). Mas, segundo esse ilustreprocessual ista, se uma outra empresa intervier no processo, na qualidade deopoente, eo vendedor autonorno reconhecer, por exemplo, que 0mostruarlopertence a opoente, desapareceria a cornpetencia da Justica do Trabalho, urnavez que 0con111tode interesses passaria a envolver duas pessoas jurfdicas'".

    Nao obstante a autoridade e 0respeito que nutrimos pelo referido jurista,parece-nos que nao ha razao para admitir a oposicao no processo do traba-Iho, pois as regras constitucionais de cornpetencia da .Justica do Trabalhocontinuam sendo, mesmo com 0 advento da EC n. 45/2004, em razao damateria e das pessoas, uma vez que Ihe compete processar e julgar as ayoesoriundas:

    a) da relayao de emprego, que pressupoe dois sujeitos em posicoesantaqonlcas entre si, isto e , empregado e ernpregador;b) da rela980 de trabalho, ou seja, entre trabalhador e tomador do seuservice.

    (5) Idem.(6) TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Breves comemerios a reiotme do Poder Juakisrio.Sao Paulo: LTr, 2005. p. 152.(7) Idem.

    CURsaDEDIREITOROCESSUALOTRABALHO 42 7Nao ha, por conseguinte, prevlsao constitucional ou infraconstitucional

    para a Justica do Trabalho processar e julgar acoes entre dois tomadores deservice ou entre dois trabalhadores, pois em ambas as hlpoteses nao harelacao de trabalho au rslacao de emprego entre eles.

    Todavia, ha uma hip6tese que nao pode ser descartada. E a da acaodeclaratoria proposta por urn sindicato em face de outro sindicato em queaquele pretende uma declaracao de que e 0unlco representante da categoriados trabalhadores de uma empresa. Um terceiro sindicato alutza urna acao(incidental) de oposlcao, dizendo-se que e 0autentlco representante da reJe-r ida categoria profissional. Nesse caso, nao ha 0 6biee da incompetEmcia,uma vez que 0inciso IIIdo art. 11 4 da CF (com redaeao dada pela ECn. 4 5 1 2 0 0 4 )preve a cornpetencla da Justica do Trabalho para as acoes sobre represen-t acao sindical entre sindicatos.

    Colacionamos dois julgados que tratam do nao cabimento da oposlcaono processo do trabalho:"INTERVENCAO DETERCEIROS- OPOSICAo - NAo CA81MENTO- CPC,ART. 56. A oposicao e instituto de intervencao de terceiros que tern naturezajurfdica de aC;13.oudicial de conhecimento ajuizada porterceiro (opoente) contraautor e reu (opostos), em litiscons6rcio passive necessar io. Em seu objeto, 0opoente nao concorda com 0pedido do autor e deduz pretensao contra estee contra 0 reu. Deseja 0direito ou coisa disputada emjufzo. Portanto, urn deseus requisitos a que 0opoente deduza pretensao contra autor e reu ao mes-mo tempo. a opoente pretende notodo ouem parte a coisa ou 0direito sobreo qual pende a demanda entre outras pessoas. Propoe a sua acao contraelas, para fazer valer direito proprio. Se0opoente nao pretende urndireito emque supostamente sao titulares reclamante e reclamada, mas seu objetivo eprovar que nao existiu relacao de emprego com a reclamada e sim com 0opoente; ou seja, pretende defender a reclamada, excluindo-a da lide, nao seconfigura 0 instituto da oposicao, havendo que se extinguir 0 processo semjulgamento de rnerlto por i legitimidade de parte, porquanto a a9ao sequer foiajuizada em face do opoente que a parte estranha a lide" (TRT 15!!R. - Proc.18143/99 - Ac. 13915/01 - 5~T. - ReleJufza Olga Aida Joaquim Gamieri- DOESP 19.04.2001 - p, 51)."ViNCULO EMPREGATfCIO- OPOSICAo - E incabfvelna Justica doTrabalhoa oposicao prevista noart.56 doCPCquandoa discussao centralda ayiio refere-sea existencia ou nao de vinculo empregaUcio" (TRT 1 5 @ R. - Proc. 17607/99-(2172101)-1!! T.- ReI.Juiz Eduardo Benedito de Oliveira Zanella - DOESP15.01.2001 - p. 50).

    3.3. Nomear;ao a AutoriaEsta sspecle de intervengao provocada de terceiro se encontra regula-

    da nos arts. 62 a 69 do 'cpe. Diz 0 art. 62 do CPC: "Aquele que detiver a

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    42 8 CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE

    coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome proprio, devera no-mear a autoria 0proprietarlo ou 0possuidor."

    A norneacao a autoria ocorre quando 0possuidor ou detentor de deter-minada coisa alheia nomeia 0proprletano ou 0possuidorindireto desta, a f imde evitar as oonsequencias processuais pertinentes.

    Numa palavra, a finalidade da n o m e a c a o a autoria e alterar a legitimac;aopassiva ad causam, a Jim de que 0 T eU , parte ilegftima, seja substitufdo pelonomeado a autor ia, que assume a ti tularidade passiva da demanda.

    o T eU , no prazo para a defesa, e obrigado a fazer a norneacao, sobpena de responder por perdas e danos se deixar de etetua-la, Na mesma penainOidira, se n o rn e a r p e s so a diversa do verdadeiro proprietario ou possuidor indi-rete ( C P C " art. 5 9 ) .

    A norneaeao aautorla 56 e cabivel no processo de conhecimento.Oportunas as palavras de Claudio Armando Couce de Menezes, no sen-

    tido de que a"norneacao a autor ia se restr inge a direi tos sabre bens m6veis e im6veis,ou seja, direitos reais sobre coisas alheias e de garantia, propriedade,posse ou indenlzacao de danos causados aos bens, de modo que naotern aplicacao alguma no Direito do Trabalho, que e fundado no direitoobrigacional. "(8)Para Manoel Antonio Teixeira Fi/ho, "0 pressuposto dessa especle

    de intervencao de terceiros e a existencla de uma lide, tendo como objeto acoisa", sendo, por isso, " incompativel com 0 processo do trabalho, no quediz respelto ao conflito entre empregado e empreqador=. Mas - prosse-gue 0 reterido autor - quanto "aos conflites oriundos das relacoes detrabalho teto sensu, poder-se-a admiti r a norneacao a autoria, desde quenao implicasse: a) relacao de emprego; b) nao provocasse urn litfgio entreduas pessoas [urfdlcas'v'?',

    Interessante exemple e dado por Aguinaldo Locatelli, para quem, emface da EC n. 45, em casos espec iais, pooera ser admitida a norneacao aautoria, como "na acao de indenlzacao intentada pelo empregador em facede empregado, sob a alegayao de danos causados por dolo ou culpa a vefculo,que se encontrava na posse do empregado. Com espeque no ar t. 63 do CPC,o empregado podera aduzir que praticou 0 ato por ordem ou em cumpri-mento de mstrucoes de superior hlerarquico e, em razao disso, nomear a(8) Idem.(9) TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Breves comentsnos a reforma do Poder Judiciario.Sao Paulo: LTr, 2005. p. 153.(10) Ibidem, p. 154.

    CURSO DE DIREITO PROCESSUAL 00 TRABALHO 429autoria 0 seu superior hisrarquico, 0 qual podera ser ate 0administrador doempregador, que presta services na condicao de autonomo't',

    3.4. DenunciafBo da LideE s t a regulada nos ar ts. 70 a 76 do cp e e constituiu uma fonna provocada

    de intervencao de terceiro.Com efeito, 0art. 70 do ep c disp6e, textualmente, que a denunclacao

    da llde e obrigat6ria:"1 - ao alienante, na ayao em que terceiro reivindica a coisa cujo dominio foit ransfer ido a par te, a f im de que esta possa exercer 0direito que da eviccao Iheresulta;11- ao proprietarlo ou ao possuidor indireto quando, por fnrca de obrigayao oudireito, em caso como 0 do usufrutuario , do credor p ignoratl cio, do locatario, 0r eu, citado em nome propr io, exer ca a posse direta da coisa demandada;111- aquele que est iver obr igado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar , em ayaoregressiva, a prejufzo do que perder a demanda."A vantagem da denunclacao a lide e a de concentrar em urn 56 proces-

    so a solucao de duas pendencias judiciais. Na primeira delas, resolve-se 0litigio entre as partes or iginais. Na outra, em caso de condenacao do denun-ciante, sera julgado seu direito ao ressarc imento por parte do terceiro, dis -pensando outro processo judicial.

    Embora a leidiga que e obrigat6ria, 0entendimento doutrinarlo dominan-te e no sentido de que ha obrigatoriedade apenas nas hip6teses dos incisos Ie II supra, sendo, por consequencla, facul tativa na hip6tese do inciso I II do art.70 do ere.o principal objetivo da denunciacao da l ide e antecipar uma acao que 0denunciante poderia propor ap6s a eventual sucumoencla na demanda prin-cipal, uma vez que no mesmo processo surgem duas relacoes jurfdicas pro-cessuais.

    Na denunclacao da lide, a sentenca oontera dois tftulos, uma vez quejulgara tanto a lide entre as partes oriqlnarlas quanto a lide que decorre dadenunciacao.

    Parece-nos fora de duvida incabfvel a denunciacao da lide no Processodo Trabalho nas hip6teses dos incisos I e II do art. 70 do CPC.

    (11) LOCATELLI, Aguinaldo. Aplica9ao da intervencao de terceiros nas causas submetidasa jurisdir;:a.otrabalhista a tuz da Emenda Constitucional n. 45/2004. In: PINHEIRO, Alexan-dre Augusto Campana (coolo.). Competend da justi fa do trabalho: aspectos materiais eprocessuais de acordo coni a EC n. 45/2004. Sao Paulo: LTr , 2005. p. 264.

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    430 CARLOSHENRIQUEEZERRAEITEHa, todavia, cizania doutrlnaria e jur isprudencial no tocante ao inciso II I

    do mesmo artigo, sendo a hipotese rnais citada a prevista no art. 455 da CLT,que trata da responsabilidade subsidiaria do empreiteiro em relacao aos de-bltos trabalhistas nao adimplidos pelo subemprei teiro, pois, se 0ernpreiteirocurnpre a obriqacao, a lei Ihe assegura direito de regresso em face do su-bempreiteiro.

    Pensamos ser incabfvel a denunclacao da lide em tal hlpotese, pols aJustica do Trabalho e ineompetente para proeessar e julgar a segundallde, ou seja, aquela que surge entre 0 denuneiante (empreiteiro) e 0 de-nuneiado (subempreiteiro), pols ambos se eneontrarn na relacao proees-sual na qualidade de corresponsaveis pelas obrlqacoes trabalhistas, istoe, como "empregadoresl~'

    Outro exemplo de d;scutfvel2ab!mento da denunclacao da l ide na searalaboral e 0previsto no art, 486 da e r r , que trata do chamado factum principis.Essa norma, entretanto,\uti liza lmpropriamente a expressao "chamamento aautoria", consentanea corrro-CPCcfe 1939. Ressalte-se que a lnterpretacaologiea do art. 486 da CLT autoriza a conclusao de que a expressao "ehama-mento a auto ria" deve ser substitufda por "denunc lacao da lide".

    Na visao do TST, consubstanciada na OJ n. 227 da SBDI-1, e ineompa-tfvel a denunc lacao da lide com 0processo do trabalho.Todavia, com nova redacao do art. 114 da CF/88, em decor renc ia da EC

    n. 45/2004, retoma a polernica do cabimento da denunclacao da llde no pro-cesso do trabalho. Recentemente, a 1~Turma do TST, em sede de agravode instrumento (TST-AIRR 780130/2001.8), enfrentou a questao. 0caso em-blernatico foi adotado porque, em face da possibilidade de condenacao aopagamento de verbas t rabalhistas, a MRS Loqfst ica S/A. denuneiou a lide aRede Ferroviaria Federal - RFFSA. A ligagao juridica entre ambas deeorreude contrato em que a MRS sucedeu a RFFSA na exploracao de lin hasterroviarlas. Oiante de reclarnacao trabalhista contra a MRS prornovida porurn empregado, contratado original rnente pela RFFSA, a empresa sucessoradecidiu denunciar a lide Rede Ferrovlar ia, A possibil idade, contudo, foi nega-da pela primeira lnstancia e, posteriormente, pelo TRT da 1;),Regiao, queentendeu que a ocorrencia da sucessao trabalhista inviabilizou a utilizacaodo instrumento processual, tambern considerado incompatfvel com 0 proces-so trabalhista pela OJ n. 227 da SOI-1 do TST. 0ministro Lelio Sentes Correa- relator da questao na Primeira Turma do TST - observou que 0entendi-mento da OJ n. 227 foi consolidado a epoca da redacao original do art. 114 daConstltuicao. Apos a prornutqacao da EC n. 45, 0 dispositive arnpliou aprerrogativa dos magist rados t rabalhistas para 0exame de todas as acoesoriundas da relacao de trabalho. "Nao he. duvida de que 0 litfgio entre asempresas na defini9ao da responsabilidade pelos creditos do empregado

    CURSOEDIREITOPROCESSUAL0 TRABALHO 431configura inapelavelmente confl ito oriundo da relacao de trabalho inserin-do-se, assirn, na competencia da Justica do Trabalho", afirmou 0 rnlnistroLel io Sentes ao admiti r 0 exame da denunciacao a lide, 0 que revelaria aincompatibilidade da OJ n. 227. Os demais integrantes da Primeira Turmaconcordaram com 0 relator, mas 0 resultado do julgamento teve seupronunciamento transferido para outra oportunidade a ser analisada peloPleno do TST sobre 0 tema. No final de 2005, 0TST cancelou a OJ n. 227da SSDI-L

    De nossa parte, parece-nos que nao he. razao para admitir a denun-ciagao da lide no processo do trabalho, pols a cornpetencla da Justicado Trabalho continua vinculada a materia e as pessoas, isto e, as tidesoriundas da relacao de emprego (entre empregado e empregador) e, portorca da EC n. 45/2004, da relacao de trabalho (entre trabalhador e to-mador do seu service), inexistindo previsao na CF ou na lei para a Justi-ca do Trabalho processar e julgar as acoes entre tomadores de service

    ~...~ entre trabalhadores.Trazemos a baila alguns julgados anteriores a EC n. 45/2004 sobre de-

    nunciacao da l ide no processo do trabalho:"RECURSO DE REVISTA - I - DENUNCIAC;Ao DAUDE PELA EMPRESASUCESSORA A SUCEDIDA - VIOLAC;Ao DOART. 70, III, DO CPC - NAoCARACTERIZAQAO - INCOMPETE NCIA DA JUSTICA DO TRABALHO. Adecisao quedesacolhe pretensao de denunciacao a lideformulada pelaempresasucessora em relacao a sucedida nao afronta 0 art. 70, I II , do CPC, mesmoporque a Justica doTrabalho nao tem cornpstencia material para apreciar a acaoincidental surgida, visto tratar-se de discussao entre dois empregadores e naoentre empregado e empregador, consoante preceitua0art. 114da Constltuicaoda Republica. Revista nao conhecida. 11-PLANO VERAo (URP DEFEVEREI-RO/S9)VIOLACAo DO ART. 5 Q, 1 1 , DA CF- NAO CARACTERIZACAO. Naose conhece de revista quanto ao pleitode URPdefevereiro/S9 (PlanoVerao) parviolac;:aodo art. 5Q, II, da Constitulcao da Republica, porque nao demonstradaa vlolacao emface do carater generico desse mandamento, sendo queapenaspodem ser admitidas as violacoes explfcltas ao comando constitucfonal. Tam-bern nao se conhece da revista, nessa parte, por dissenso jurisprudencial, ante afalta de comprovacao de divergencia especffica. Oblce da Sumula n. 126 do TST.Revista na o conhecida" (TST - RR 441385, 5B T., ReI.Min. Cony. Guedes deAmorim, DJU 30.03.2001, p. 729)."PROCESSO DOTRABALHO - DENUNCIACAo DAUDE -IMPOSSIBILlDA-DE - A denunciacao da lide e incompatfvel com0processo do trabalho, pols sea vinculo entre denunciante e denunciado tern fundamento naeviecao (art. 70, I aIII,do CPC), a sentence que a declarasse nao poderia ser executada na Justicado Trabalho, cuja competsncia, de acordo com 0art. 114 da Constituic;:aoFede-ral, exaure-se em regra 80S conflitos entre empregado e empregador. Recurso aque se nega provirnento" (TRT 24~R., RO 1157/2000, ReI.Juiz Marcia EuricoVitral Amaro, DJMS 31.91.2001, p. 30/31).

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    432 CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE"DENUNCIACAo DAUDE - NAO CABIMENTO - REJEICAO - NAo CON-FIGURACAO -INTELIGENCIA DOS ARTS. 70 DOCPC E455 DACLT. Naoha como acolher a denunciacao da lide por orgao Jurisdicional da Justlca doTrabalho, por ser incablvel essa modalidade de lntarvencao de terceiros nosprocessos de sua competsncla, seja em tuncao da ausencla de prevlsao le-gal, seja em decorrsncta da impossibilidade de solver 0conflito de interessesexistente entre 0 denunciante e 0 denunciado, seja, ainda, em virtude de 0denunciante dever propor a'i(aoregressiva de forma autonorna, 0que se extraida exegese dos arts. 70do CPC e 455 daCLT" (TRT 15 1 R.- Proc. 32.731/97,511T., Ac. 50.871/98, ReI. Juiz LUIs Carlos Candido Martins Sotero da Silva-DOESP 23.02.1999 - p. 58)."CHAMAMENTO AO PROCESSO OU DENUNCIACAo A LlDE- CABIMEN-TO NO PROCESSO DOTRABALHO. E incabivel a denunclacao da lide no pro-cesso do trabalho, pois a empregador e considerado a empresa (art. 2 Q daCLT) eo empregado persegue os bens do empregador (arts. 10e 448da CLT). A Justicado Trabalho seria incompetente para apreciar a relacao entre denunciante edenunciado, que seriam duas pessoas juridicas, sendo que a sentenca teria denecessariamentedecidiressaquestao(art.76 doCPC)"(TRT211R. - 02960498504- Ac. 3 1 T. 02970605524 - ReI. Sergio Pinto Martins - DOESP 18.11.1997).Depois da EC n. 45/2004, 0TST passou a admiti r com cautela 0 instituto

    da denunciacao da lide, como se observa dos segu intes julgados:"(...) DENUNCIAC;Ao DA LlDE. A aplicabilidade do instituto da denunciacao dalids no processo do trabalho, a despeito da arnpllacao da cornpetencia destaJustica Especial, deve ser analisada caso a caso, considerando-se a interessedotrabalhador naceleridadeprocessual,tendo emvista a natureza alimentardoscreottos trabalhistas, bern como a pr6pria cornpetencla da Justice do Trabalhopara apreciar a controversla surgida entre 0 denunciante eo denunciado (...)"(TST-RR1261/2005-663-09-00.2,j.21.10.2009,ReI.Min.AloysioCorreada Veiga,e-r . , DEJT29.10.2009)."(...) DENUNCIAC;AoDALlDEElOU CHAMAMENTOAO PROCESSO.Aotempodo indeferimento da denunciacao da lide,ajurisprudencia desta Corte, ao inter-pretar a sntao vigente redacao do art. 114 da Constituicao Federal, era no sen-t ido de ser essa modalidade de intervencao de terceiros incompativel com 0Processodo Trabalho (ex-OJ 227 daSBOI-1do TST - cancelada emdecorrsn-ciada promulqacao da EC45/04, que alterou0disposto no reterido dispositive).Portanto, em observancia ao principio consagrado no brocardo latino tempusr eg it ac tum, incabfvel,na hip6tesedos autos,a denunciacaoda lide( ...r(TST-RR751/2002-022-03-00.7, j. 30.09.2009, ReI. Min. Jose Simpliciano Fontes de F.Fernandes, 2Q., DEJT 16.10.2009)."(...) DENUNCIACAO OALlDE Emque pese ser possivel, em tese,a denuncia-caoda lideem acoes propostas perante aJustica doTrabalho, nao severitica, incasu, tratar-se de hip6tese em que essa modalidade de lntervencao de terceiroseja obrigat6ria. Verifica-se que, ao comrario de servir ao prop6sito original deeconomia processual, a denunciacao da lide neste momenta causaria atraso

    CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 433injustificavel na resolucao do litigio, atentando contra 0principio da celeridadeprocessual (...)" (TST-RR 4775/2006-016-12-00.8, j. 30.09.2009, ReI.Min. MariaCristina Irigoyen Peduzzi, 811., DEJT 02.10.2009)."RECURSO DEREVISTA. DENUNCIACAO A UDE.A aplicabilidade do institutoda denunciacao a l ide no processo do trabalho, a despeito da ampllacao dacornpetencla desta Justlca Especial, deve ser analisada caso a caso, conside-rando-se 0 interesse do trabalhador na celeridade processual, tendo em vista anatureza alimentar dos creditos trabalhistas, bem como a pr6pria cornpetenciada .lust ica do Trabalho para apreciar a controversia surgida. DANO MORAL.VALOR DA INDENIZAC;Ao. Nao demonstradas as vlolacoss legals e/ou consti-tucionais apontadas, nem a divergencia de julgados, 0Recurso de Revista naomerece ser processado. Recurso de Revista nao conhecido" (TST-RR 1460/2006-153-15-00.0, j. 14.10.2009, ReI. Min. Maria de Assis Calsing, 411T.,DEJT23.10.2009).

    3.5. Chamamento ao Processo

    E modalidade de ln tervencao de teree iro provocada e disciplinada nosarts. 77 a 80 do CPC, sendo certo que, nos termos do art. 77 do mesmoC6digo, e admissfvel 0 chamamento ao processo:1-o devedor, na acao em que 0fiador for reu;11- dos outros fiadores, quando para a acao for citado apenas um deles;111-de todos os devedores solidarios, quando0credorexigir de umou de algunsdeles, parcial ou totalmente, a dfvida comum.Trata-se de mterveneao facultada aoreu para solic itar ao juiz que seja

    convocado para integrar a l lde, como seus l itisconsortes, 0devedor principalou os corresponsave ls ou coobrigados sondarlos que deverao responder pe-las obriqacoes correspondentes.

    A finalidade do instituto e trazer para 0mesmo processo oulros respon-saveis pelo debito reclarnado pelo autor.

    Claudio Armando Couce de Menezes leeiona que a dlferenea entre alitisdenunciacao e 0chamamento ao processo esta em que naquela 0 terceironao tern vfnculo ou obrigaQ8.o alguma com a parte contrar ia da a Q 8 . o principal,enquanto neste todas as pessoas aludidas no art. 77 estao vinculadas aparte contraria(12).

    Nos domfnios do processo do trabalho, a unica hip6tese plausfvel decabimento do instituto sob exame e a previsla no inciso III do art. 77 do CPC.

    Nao e cabfvel 0chamamento ao processo no proeesso de execueao ouno dissfdio eolet ivo, segundo entendimento majoritario.(12) Idem.

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    434 CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITEOs exemplos mais aceitos sao os seguintes: a) ~grupo ernpresar ial",

    tambern chamado de "solidariedade de empregadores", consubstanciadono art. 22, 22, da CLT; b) condornfnio residencial que nao possui conven-C;ao devidamente registrada, situacao em que 0 condomino demandadopode chamar ao processo os demais condornlnos como corresponsavelspelas obriqacoes trabalhistas; c) sociedade de fato irregularmente constl-tulda, na qual todos as socios sao solidar iamente responsaveis pelas obrl-gac;oes trabalhistas ; d) consorcio de empregadores rurais, pais todos saoresponsaveis solldarlos pelas obr iqacoes trabalhistas, por aplicacao con-junta do art. 3Q , 22, da Lei n. 5.889/1973 e do art. 25-A da Lei n. 10.256,de 9.7.2001.

    Colhern-se alguns julgados sabre chamamento ao processo:"CONTRATO DE EMPREIT ADA - Chamamento ao processo da empreiteir apr incipal. Solidariedade. Nao e necessarlo que 0t rabalhador esgote todasas tentativas de cobrar 0debito t rabalh ista do subempreiteiro para, somenteap6s, ajuizar reclarnacao contra 0 empreiteiro principal, como defende arecorrente. A solidariedade do empreiteiro principal, estabelecida no art.455 da CLT , autoriza 0procedimento do reclamante, que ajuizou reclama-cao contra a subempreiteira, tendo, posteriormente, chamado a empreiteiraprincipal para cornpor a lide, integrando, ambas - alern da empresa quecontratou 0 t rabalho da empreitei ra principal, concomitantemente, 0 polopassive da acao, Reconhecimento, pela sentence, da responsabil ida~e sol ida-ria da empreiteir a principal que se r nantem. CONTRATO DEEXPERIENCIA. ALei brasileira nao da respaldo a que se exija, no contrato de experiencia, quea parte explici te 0motive pelo qual nao tem interesse no prosseguimento dovinculo. Sentenca que se reforma para absolver as reclamadas da condena-gao ao pagamento de parcel as decorr entes da despedida ir notivada" (TRT 4~R. - RO 00862.281/97-0 - 4~T. - ReI. Juiz Fabiano de Castilhos Bertoluci- DOERS 04.06.2001)."CHAMAMENTO AO PROCESSO -INEX1STENCIANO PROCESSOTRABALHI&TA. Consoante imperati vos const ituc ionais (ar t. 114, CF) , a Just ica obre ira temsua competenc ia res tr ita aos li t(gios nas relacoes entre pat roes e empregados.Aceitar 0privi legio de conferi r ao patrao demandado 0direi to de trazer ao proces-so outro(s) reuts), ainda que da analise dos autos se possa r econhecer a condi-9aO de empregador do(s) chamado(s), implicaria 0exame de materia ligada aoajuste de responsabi lidades entre duas ou rnais pessoas jur fd icas, est ranha acor noetencla conferida pel a Lei Maior. A decisao tr abalhlsta nao valera comotitulo executive em relacao ao chamado e a quem 0 chamou ao processo." (TRT22 R . - RO 01194200240102009, Proc. 20040272774, 109 T. , Rel~ Jufza VeraMarta Publio Dias, DOESP 15.6.2004)"PROCESSO - CHAMAMENTO -IMPOSSIBILlDADE NA FASE EXECUTO-RIA. Prevalece nadoutrina e najur isprudencia a tese segundo aqual a interven-9ao de terceir os no processo, com excecao da assistencia, e possfvel tao s6 e

    CURSO DE DIRE ITO PROCESSUAL DO TRABALHO 435unic~m~nt~ n_oprocesso de conhec imento, nao no de execueao. Tanto na de.nu.nc~a9~0 a lide, como no chamamento ao processo, a lei processual preve aexistencta de sentsnca (ar ts . 76 e 80) , 0que inexiste no processo de exe _Ademais, 0art. 77, III , do CPC, exige a sol idar iedade entre os devedorescuqao.. ,oquemocorre no presente caso. Agravo de petigao improvido" (TRT 15g R. - AP 7965/00, ac. 29955/00, 3~ T., Rei. Juiz Mauro Cesar Martins de Souza - DOESP15.08.2000, p. 22)."C,HAMAMENTO AO PROCESSO OU DENUNCIACAo A LlDE - EFEITOS-SUMULA N. 331, IV, DO TST - DEVEDORES SOLI DAR lOS - CHAMAMENTOAO P~OCESSO E NAo DENUNCIACAo DA LlDE. A sentenea vale como tituloexscutlvo contra 0devedor principal , independentemente de dsclaracao judiCialconforme art: 80 ~o CPC" (TRT 211R. - RO 19990495044 - (20000552083) _ 9~T. - ReI . JUiZLuiz Edgar Ferraz de Ol iveira - DOESP 31.10.2000) ." I.LEGITIMIDADE PASSIVA- CHAMAMENTO AO PROCESSO. A trans feren-cia do t~abalhador de uma sociedade de economia mista para outra nao prejudica~ relacao de_emprego ao longo do tempo, caracterizando 0caso dos autos legf -t irna s~cessao de empregadores . Responsabil idade do sucessor pelos direi tost rab~lh lstas do empregado. Descabido 0 chamamento ao processo na forma pre-tend Ida peJareciamada, tendo em vista a responsabil idade exclusiva da mesmana qualidade de substituta da COR LAC, na relaqao contratual de trabaJho havidacom,o reclamante" (TRT 4~ R. - RO 00778.010/97-0 - 5~T. - ReI. Juiz PauloJose da Rocha - J. 02.03.2000)."DISsiDIO COLETIVO - CHAMAMENTO AO PROCESSO - GREVE ABUSI.VA. ~. 0 institu~o do chamamento ao processo e incompatfvel com 0 dissfdiocolet~vo. 2: Consld~ra-se abusiva a greve quando nao for comprovado que a defla.graqao tOI precedida de aprovacao dos interessados, manifestada em assem-bleia geral dev idamente convocada para este f im" (TST - EDC 142873/1994-ReI. Min. Ursulino Santos - DJU 07.06.1996 - p. 20121)."CHAMA~E.NTO AO .PROCESSO - ADMISSIBILIDADE - A citacao do terce i-ro (empreltel r.o) p.ara inteqrar a lide como l it isconsorte do dono da obra, quandoalegada a sohdanedade ou subs id iariedade, e adequada processualmente; me-lhor ar canca toda a verdade material e 0 direito das partes" ( TRT 211R. _ Ac.02960213097 - 9~T . - ReI. Juiz Valentin Car rion - DOESP 30.04.1996) ."CHAMAMENTO AO PROCESSO OU DENUNCIACAo A LlDE - ADMISSIBILI-DADE. N_aoe d~ ser ace ita denunclacao a l ide da Uniao Federal, na hip6tese depostu~a9~0 de dlferenqas salaria is decorrentes de pianos economicos, ja que ar~la~ao e apenas entr e empregador e empregado. Nao ha sequer falar-se emd~re~tode regresso, base da denunctacao a l ide. No caso, h it tao somente ques-tao mterpretati va de le i" (TRT29 R. - Ac. 02950158158 - 9l! T. - ReI. JuizSerg io Jose Bueno Junquei ra Machado - DOESP 17.05.1995)."RECURSO 'EX OFFJC10'-EMPREGADA MUNICIPAL CELET1STA-CHAMA-MENTO AO PROCESSO oo ESTADO DO PARANA. A existsncia de conveniode cooperacao financeira entre 0Municipio e 0 Estado nao implica em chama-mento deste ao processo porquanto nao caracter izada quaisquer das hip6teses

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    436 CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITEelencadas no art. 77 do CPC" (TRT 9~R . - RO 11.056/93 - 5~T. -Ac. 328/95_ ReI. Juiz Luiz Felipe Haj Mussi - DJPR 27.01.1995)."NUUDADE PROCESSUAL- CONF1GURAQAO - CERCEAMENTO DE DEFE-SA _ CONFIGURAQAO - Verifica- se 0cerceamento de defesa .q~and~ a ~en.lenga reconhece a sol idar iedade entre 0dono da obra e 0ernpreltetro p.rmclpa~,sem que a este ult imo fosse dado defender-se oportunamente, face ao mdefen-mento do requerido chamamento ao processo" (T~T 2 11 R. - A~. 02900045295_ 52 T. - Rel1! Julza Wilma Nogueira de Araujo Vaz da Silva - DOESP23.03.1990) .Registre-se, em arremate, que, com a arnpliacao da.c~mpetmcia da

    Justlca do Trabalho por forca da EC n. 45/2004, novas hlpoteses de cha-mamento ao processo podsrao ser processadas e julgadas nesse ramo doJudiclar lo .

    CAPiTULO XII

    PETICAo INICIAL

    1. NOCDES PRELIMINARES.J a v imosque.a prestacao jur isdicional depende de provocacao do inte-ressado. E a ernanacao do pnnclpto da inercla da jurisdir;ao (nemo procedat

    iudex ex officio). vlmos.tarnoem, que os arts. 856 e 857 da ClT, para aquelesque sustentam a sua compatibi lidade com 0art. 114, 2Q, da CF/88, constituemexceyao ao princlpio da lnercia nos sit los do processo do trabalho.

    Sab9- 'se, porem.rque segundo a dicr;ao do art. 114, 22 e 32, da CF,com rsdacao dada pela EC n. 45/2004, a "instauracao da instancia", nomeimproprio atr ibuido pelo art. 856 da ClT if proposi tura do dissfdio coletivo denatureza econornica, somente pode ser implementada, por mutuo consenti -menta entre sindicatos das categorias profissionais e economlcas, quandofrustrada uma convencao coletiva, ou pelas empresas ou sindicato da cate-goria profissional, quando malogrado urn acordo coletivo ou, ainda, pelo Mi-nlster io Publico do Trabalho (quando houver greve em atividade essencialcom possibil idade de lesao ao interesse publico).

    Diz 0art. 262 do CPCque 0processo nasce por iniciativa da parte, pormeio da acao, mas se desenvolve por impulso oficial . A petlcao inicial e , por-tanto, a peca inaugural do processo, sendo tarnbern apelidada de "per;a exor-dial", 'peca vestibular", "peca de ingresso" ou Simplesmente "inicial".o adjet ivo "inicial" significa que e 0 primeiro requerimento dirigido pelaparte a autor idade judiclaria para que, segundo os preceitos legais, se inicie 0processo. No processo, hit outras petlcoes, como a peticao do reu, a petlcaorecursal, a pet i9ao do tercei ro etc.

    Na verdade, a peti9ao inicial e 0vefculo pelo qual 0autor exerce 0direitofundamental de acesso a just ica, Trata-se, pols, do ato processual rnals irnpor-tante para 0exerclcio desse direito. Alern disso, a petir;ao inicial e pressupostoprocessual de existencia da propria relar;ao jurfdica que se forrnara em jufzo.

    A CLT (art. 840) nao emprega 0termo "peti9ao inicial". Na verdade, con-funde pet icao inicial com "reclarnacao", que, como ja foi dito, e 0nomen iurisatribuido if ar;ao trabalhista. .

    Transplantando a norma inscr ita no art. 839da ClT para a linguagem dach3ncia processual, podemos dizer que a pet icao inicial da ar;ao t rabalhistapode ser formulada: a) pelos .suje itos da relacao de emprego, is to I, pelosempregados e empregadores au pelos trabalhadores avulsos por equiparagaoconstitucional, pessoalrnente (ius postulandl), ou por seus representantes;