athos gusmão carneiro - intervenÇÃo de terceiros

Upload: estudante1974

Post on 18-Jul-2015

1.136 views

Category:

Documents


14 download

TRANSCRIPT

INTERVENO DE TERCEIROS Athos Gusmo Carneiro OUTRAS OBRAS DO AUTOR - O Novo Cdigo de Processo Civil nos Tribunais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre, Ed. Ajuris, 1976. 3 v. (esgotado) - Audincia de instruo e julgamento e audincias preliminares. Forense, 1979; 9. ed., 1999. - Jurisdio e competncia. Saraiva, 1982; 2. ed., 1983; 3. ed., 1989; 4. ed., 1991; 5. ed., 1993; 6. ed., 1994; 7. ed., 1996; 8. ed., 1997; 9. ed., 1999. - Do rito sumrio na reforma do CPC. Saraiva, 1996; 2. ed., 1997. - O novo agravo e outros estudos. Forense, 1996; 2. ed., 1997; 3. ed., 1997; 4. ed., 1998. - Temas atuais de direito e de processo. Braslia Jurdica, 1997. - Da antecipao de tutela no processo civil. Forense, 1998; 2. ed., 1999. - Estudos sobre processo civil, publicados na Revista Forense; Revista de Processo; Revista dos Tribunais; Revista Brasileira de Direito Processual; Revista Ajuris (da Associao dos Juzes do Rio Grande do Sul); Revista Jurdica; Revista Genesis; Revista Ensaios Jurdicos. - Colaborador da Enciclopdia Saraiva do Direito. - Colaborador do Digesto de Processo. Forense Revista Brasileira de Direito Processual. - Colaborador da Revista Brasileira de Direito Processual. - Do Conselho Editorial da Revista de Processo, da Revista Genesis, da Revista dos Tribunais - Cadernos de Direito Tributrio e Finanas Pblicas - e da Revista Ajuris. (p. II) ATHOS GUSMO CARNEIRO - Ministro aposentado do Superior Tribunal de Justia, ex-desembargador do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul; professor jubilado de Direito Processual Civil na Faculdade de Direito da UFRS; membro titular do Instituto Ibero-Americano de Direito Processual., do Instituto Brasileiro de Direito Processual, da Academia Brasileira de Letras Jurdicas; membro da Comisso de Reforma do CPC; advogado em Porto Alegre e Braslia. Interveno de Terceiros Anexo I - "Notas sobre a ao declaratria incidental" Anexo II - Acrdos do Superior Tribunal de Justia sobre interveno de terceiros

11 edio, revista e atualizada - 2000 - Editora Saraiva Ttulo - Interveno de terceiros s minhas filhas, Dris e Denise. Aos meus netos, Carolina, Loureno, Felipe e Gabriela. PREFCIO DA 11 EDIO A "Interveno de Terceiros" mantm-se um dos assuntos mais rduos do processo civil brasileiro, persistindo, como apontou renomado processualista, talvez com demasiada nfase, "total divergncia" entre os autores na conceituao, na disciplina legal e na classificao dos casos de interveno de um terceiro em processo pendente. Nenhuma pretenso, portanto, de havermos chegado a solues em vrios temas altamente controvertidos. Buscamos apenas apresentar, em carter predominantemente didtico, as diversas formas de interveno de terceiros previstas no vigente diploma processual civil, expondo, a respeito, nossos pontos de vista, os quais submetemos crtica e censura dos doutos. A partir da 7 edio foi o texto reformulado, inclusive com o sucessivo acrscimo de notas de rodap e de um Anexo II, este com arestos do Superior Tribunal de Justia fixando diretrizes em questes relevantes no que diz com a interveno de terceiros. Muito agradecemos o acolhimento que este ensaio tem recebido, em suas sucessivas edies. Porto Alegre, outubro de 1999 Athos Gusmo Carneiro (p. VII) (p. VIII, em branco) SUMRIO Prefcio da 11 edio - VII PARTE I - DAS PARTES Captulo I - Conceito de parte e noes gerais 1 - Conceito de parte - 3 2 - Do autor e do ru - 6 Captulo II - Princpios referentes s partes 3 - Princpio da dualidade de partes - 7 4 - Princpio da igualdade das partes - 8 5 - Princpio do contraditrio - 9 Captulo III - Da capacidade para ser parte 6 - Dos pressupostos processuais subjetivos - 11 7 - Das pessoas capazes para ser parte. Das pessoas "formais" - 11 7-A - Da capacidade para ser parte perante os Juizados Especiais - 14 Captulo IV - Da legitimao para o processo 8 - Conceito - 17

9 - Da capacidade processual plena - 17 9.1 - Da mulher casada - 17 9.2 - Das pessoas jurdicas - 19 9.3 - Das pessoas jurdicas estrangeiras - 19 9.4 - Das sociedades e entidades sem personalidade jurdica - 19 Captulo V - Da capacidade processual suprida 10 - Casos de incapacidade absoluta e relativa - 21 11 - Do suprimento da incapacidade - 23 12 - Do curador especial (CPC, art. 9) - 25 Captulo VI - Da legitimao para a causa 13 - Conceito de legitimao ad causam - 27 13.1 - Legitimao como "coincidncia em tese" - 27 (p. IX) 13.2 - Legitimao predeterminada - 28 13.3 - Legitimao como ponto de conexo entre o direito material e o direito processual - 29 14 - Legitimao ad causam e ad processum - 30 Captulo VII - Da substituio processual 15 - Noes gerais - 33 16 - Casos de substituio processual - 34 17 - Da ao civil pblica - 36 18 - Substituio processual, representao e presentao - 38 Captulo VIII - Da parte vencedora 19 - Parte, parte legtima e parte vencedora - 39 Captulo IX - Da sucesso das partes 20 - Da sucesso (ou substituio) das partes no curso do processo - 41 21 - Da alienao do bem litigioso - 42 Captulo X - Da capacidade postulacional 22 - Da representao por advogado - 45 PARTE II - DA INTERVENO DE TERCEIROS Captulo XI - Conceito de terceiro 23 - Terceiro e sua interveno no processo pendente - 49 24 - Proibio da interveno de terceiro nas demandas sob rito comum sumrio e no processo perante os Juizados Especiais. Limitaes constantes do Cdigo do Consumidor - 51 24.1 - Da proibio nas demandas sob rito sumarssimo e sob rito sumrio - 51 24.2 - Das limitaes previstas no Cdigo de Defesa do Consumidor - 53 Captulo XII - Noes gerais sobre os casos de interveno 25 - Assistncia - 55 26 - Oposio - 56 27 - Nomeao autoria - 56 28 - Denunciao da lide - 57 29 - Chamamento ao processo - 58 Captulo XIII - Classificao das formas de interveno 30 - Interveno espontnea e interveno provocada - 59 31 - Interveno por "insero" e por ao - 60 32 - Posies processuais do terceiro - 61 (p. x) Captulo XIV - Oposio

33 - Noes gerais - 63 34 - Procedimento na ao de oposio - 64 35 - Casos de oposio como processo autnomo - 66 36 - Situaes particulares na oposio - 66 37 - Natureza da ao de oposio - 67 37-A - Casos em que no cabe oposio - 68 Captulo XV - Nomeao autoria 38 - Noes gerais - 69 39 - Rito e regra da dupla concordncia - 70 40 - Prazo para o nomeante contestar - 72 Captulo XVI - Denunciao da lide 41 - Noes gerais - 73 42 - Da relao de "prejudicialidade" - 75 43 - Da "obrigatoriedade" da denunciao - 76 44 - Denunciao da lide nos casos de evico - 77 44.1 - Conceito de evico - 77 44.2 - A evico nem sempre pressupe sentena - 78 44.3 - Evico do ru e evico do autor - 80 45 - Denunciao da lide pelo possuidor direto - 82 45.1 - Evico nos casos de transferncia da "posse" ou "uso" - 82 45.2 - Objetivos da denunciao a quem exera a posse direta da coisa demandada - 83 45.3 - Formao da coisa julgada contra o denunciante e tambm contra o denunciado - 84 46 - Denunciao da lide pelo titular de pretenso regressiva - 85 47 - Denunciao da lide pela pessoa jurdica de direito pblico - 87 47.1 - Cabimento da denunciao ao servidor responsvel pelo dano - 87 47.2 - Manifestaes da jurisprudncia - 89 47.3 - O problema do art. 197, 2, da Lei n. 1.711/52 - 90 47-A - Denunciao da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil IRB - 90 48 - Da possibilidade de ao regressiva em processo autnomo - 92 49 - Procedimento na denunciao da lide pelo autor - 94 50 - Procedimento na denunciao da lide pelo ru - 95 51 - Rejeio liminar da denunciao. Impossibilidade da denunciao no processo de execuo e no processo cautelar - 96 51.1 - A denunciao est sujeita ao liminar indeferimento - 96 51.2 - A denunciao instituto tpico do processo de conhecimento - 97 51-A - Denunciao da lide e prazo em dobro - 98 52 - Prazos para a citao do denunciado - 99 52.1 - Sano para a no-observncia dos prazos - 99 52.2 - Subsistncia da ao autnoma regressiva nos casos de demora sem culpa do denunciante - 99 (p. XI) 53 - Problemas das denunciaes "sucessivas" - 100 53.1 - Art. 73 do Cdigo de Processo Civil - 100 53.2 - Possibilidade do chamamento "coletivo" - 101 53.3 - Possibilidade de o juiz indeferir sucessivas denunciaes da lide - 102 54 - Casos de "nomeaes" ou de "denunciaes" ineptas ou descabidas - 103

54.1 - Do indeferimento, em princpio, de tais intervenes anmalas - 103 54.2 - Da considerao jurisprudencial a situaes "peculiares" - 104 55 - Conduta do denunciado, na denunciao pelo ru - 105 56 - Procedimento no caso de "aceitao" da denncia. Possibilidade de execuo "direta" do autor contra o denunciado - 105 56.1 - O denunciado como "litisconsorte" do denunciante, sujeito coisa julgada da ao principal - 105 56.2 - Ainda a coisa julgada em face do denunciado - 106 56.3 - Da execuo direta contra o denunciado, com "flexibilizao" do sistema - 106 56.4 - Da execuo "imediata" contra o denunciado - 108 57 - Procedimento no caso do art. 75, II, do Cdigo de Processo Civil - 108 58 - Procedimento nos casos de confisso, ou de reconhecimento do pedido pelo denunciado - 109 58-A - Procedimento nos casos de reconhecimento do pedido, ou transao na ao principal - 109 59 - Eficcia da sentena nos casos de denunciao da lide - 110 60 - Em tema de recursos na denunciao da lide - 111 61 - Honorrios de advogado e despesas na denunciao da lide - 113 Captulo XVII - Chamamento ao processo 62 - Noes gerais - 117 62.1 - Distino entre chamamento e denunciao - 117 62.2 - Pressupostos para o exerccio do chamamento - 117 62.3 - Vantagens processuais do chamamento - 119 62.4 - O chamamento como ampliao subjetiva do plo passivo da relao processual - 119 63 - Casos de chamamento ao processo - 120 63.1 - Chamamento do devedor "principal" - 120 63.2 - Chamamento do co-fiador - 121 63.3 - Chamamento do devedor solidrio - 121 63.4 - Obrigao solidria no contratual - 122 63.5 - Chamamento ao processo no Cdigo de Defesa do Consumidor - 123 63-A - Execuo e cautelar. Chamamento ao processo. Impossibilidade - 123 64 - Procedimento no chamamento ao processo - 124 65 - Eficcia da sentena nos casos de chamamento ao processo - 125 (p. XII) Captulo XVIII - Da assistncia 66 - Noes gerais - 129 66.1 - Da assistncia como forma de "insero" do terceiro na relao processual - 129 66.2 - Do interesse "jurdico" como requisito admisso do assistente - 130 67 - Pressupostos de admissibilidade da assistncia - 131 67.1 - Da causa pendente - 131 67.2 - Do ingresso do assistente - 132 67.3 - Do assistente como "coadjuvante" do assistido - 132 68 - Procedimento na admisso como assistente - 133 69 - Assistncia adesiva e assistncia litisconsorcial - 134 69.1 - Assistncia simples - 134

69.2 - Assistncia litisconsorcial - 134 70 - Poderes processuais do assistente adesivo - 135 71 - Poderes processuais do assistente litisconsorcial - 137 71-A - Da interveno da Unio Federal - 138 72 - Assistncia e disponibilidade sobre o objeto do litgio - 140 72.1 - Assistncia e autocomposio da lide - 140 72.2 - Assistncia litisconsorcial e "sucesso" na relao processual - 141 73 - Assistncia e efeitos da sentena - 141 74 - Da coisa julgada e do assistente litisconsorcial - 143 74.1 - Assistncia litisconsorcial e extenso da coisa julgada - 143 74.2 - Posies da doutrina - 143 74.3 - Limitao da coisa julgada somente s partes - 144 Anexo I - "NOTAS SOBRE A AO DECLARATRIA INCIDENTAL" - 147 Anexo II - ACRDOS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA SOBRE INTERVENO DE TERCEIROS - 163 Legislao - CPC, arts. 7 a 18 e 50 a 80 - 269 ndice onomstico - 281 Bibliografia - 283 (p. XIII) PARTE I - DAS PARTES (p. 1) (p. 2, em branco) Captulo I - CONCEITO DE PARTE E NOES GERAIS 1. Conceito de parte Os sujeitos principais do processo so o juiz e as partes. O juiz sujeito "desinteressado"{1}; as partes, por definio, so sujeitos "interessados", so parciais. A atividade dos sujeitos interessados, cada qual esgrimindo argumentos e apresentando provas em prol de seus interesses, proporciona ao magistrado uma viso global do litgio, e elemento indispensvel almejada justa composio da lide. Busquemos o conceito de parte. Pontes afirmou (Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, Forense, 1974, t. 1, p. 237) serem as partes "os plos ativo e passivo da relao jurdica processual em ngulo": Tringulo entre juiz (j), autor (a) e ru (b). O juiz fica acima do autor e do ru. Tal afirmativa necessita maior explicitao. Inicialmente, lembremos que o conceito de parte evoluiu na medida em que a teoria civilista sobre o conceito de ao foi substituda pelas teorias publicistas, com o reconhecimento da autonomia da relao jurdica processual, em face de invocada relao jurdica de 1. Se o juiz for, por qualquer motivo, interessado no julgamento da causa, dever declarar-se suspeito; assim no procedendo, poder ser recusado pela parte(v.CPC,arts. 135, IV e V; 137; 304a306e312a314). (p. 3) direito material. O processo deixou de ser visto apenas como um

conjunto de regras procedimentais, estudadas subsidiariamente s normas materiais, para tornar-se, como j exposto, cincia jurdica, com seus prprios princpios, mtodos e objeto. Os autores clssicos encaravam o conceito de parte tendo em vista a relao de direito material: autor seria designao atribuda ao credor quando postulava em juzo; ru, o nome pelo qual se designava o devedor. Esta vinculao do conceito de parte relao de direito material deduzida no processo no resiste anlise crtica: se a ao de cobrana julgada "improcedente", v. g., porque a dvida j fora anteriormente paga, ento j no existia a relao de direito material, nem credor nem devedor; e todavia o processo, com autor e ru, desenvolveu-se normal e validamente at a sentena de mrito. J Chiovenda considerou parte "aquele que demanda em seu prprio nome a atuao de uma vontade da lei, e aquele em face de quem essa atuao demandada" (Instituies de direito processual civil, trad. port., Saraiva, v. 2, n. 214). A definio vincula-se evidentemente teoria chiovendiana da ao como direito potestativo, teoria que ainda mantm a ao como de carter concreto, embora autnoma. A lei vontade geral e abstrata; ocorridos os fatos por ela abstratamente previstos, a vontade da lei toma-se, para aquele caso, concreta. Se no for obtida a realizao espontnea desta vontade concreta da lei, tal atuao poder ser pleiteada em juzo. Quem demanda torna-se o autor; aquele "contra quem" (quando houver uma efetiva oposio de interesses) ou "perante quem" (quando tal oposio no existir) tal atuao demandada ser o ru. Chiovenda teve por inconcebvel "um processo civil sem essas duas partes" (Instituies, cit., v. 2, n. 215), inclusive no chamado processo civil inquisitrio. As doutrinas atuais buscam o conceito de parte apenas no processo, no na relao substancial deduzida em juzo. Segundo Leo Rosenberg, "partes no processo civil so as pessoas que solicitam e contra as quais se solicita, em nome prprio, a tutela jurdica do Estado" (Tratado de derecho procesal civil, trad. esp., EJEA, 1955, t. 1, n. 39, p. 211). Conforme Moacyr Amaral Santos, "partes, no sentido processual, so as pessoas que pedem, ou em face das quais se pede, em nome (p. 4) prprio, a tutela jurisdicional" (Primeiras linhas de direito processual civil, Saraiva, 1980, v. 1, n. 275). Arajo Cintra, Grinover e Dinamarco definem autor como "aquele que deduz em juzo uma pretenso ("qui res in iudicium deducit"); e ru, aquele em face de quem essa pretenso deduzida ("is contra quem res in iudicium deducitur")" (Teoria geral do processo, 6. ed., Revista dos Tribunais, n. 169). O conceito de parte, reafirma Arruda Alvim, "eminentemente processual, resultando, como j se afirmou, da simples afirmao da ao. Resulta do fato da propositura da ao" (Manual de direito processual civil, 6. ed., Revista dos Tribunais, 1997, v. 2, n. 4).

Finalmente, o magistrio de Piero Calamandrei: "Las partes son el sujeto activo y el sujeto pasivo de la demanda judicial, con abstraccin de toda referencia al derecho sustancial, parte de una premisa elementar: hecho de naturaleza exclusivamente procesal, de la proposicin de una demanda ante el juez; la persona que propone la demanda, y la persona contra quien se la propone adquieren sin ms, por este solo hecho, la calidad de partes del proceso que con tal proposicin se inicia; aunque la demanda sea infundada, improponible o inadmisible" (Instituciones de derecho procesal civil, Buenos Aires, 1962, p. 297). A doutrina prevalecente, portanto, liga o conceito de parte atividade tutelar do Estado mediante a atividade dos rgos do Poder Judicirio, proteo que a Constituio a todos promete e assegura (CF de 1988, art. 5, XXXV). Cuida-se, esclareceu Jos Francisco Lopes de Miranda Leo, "de conceito pura e eminentemente processual. No se trata de perquirir a relao de direito material, nem mesmo de analisar a legitimidade ou ilegitimidade do interessado em razo desta; o autor parte, neste sentido, desde o momento em que ajuza sua demanda, e parte ser at o final, mesmo que a sentena venha a declar-lo "parte ilegtima". Ilegtima, mas parte". E o ru, este adquire a qualidade de parte pela citao, "e a adquire queira ou no queira" (Sentena declaratria, Malheiros Ed., 1999, p. 44). E vale desde logo referir que a circunstncia de que uma pessoa "seja parte numa lide, ou seja terceiro, como observa Chiovenda (Instituies de direito processual civil, v. 2, p. 233), da maior impor- (p. 5) tncia, pois s as partes sero atingidas pela coisa julgada, nunca os terceiros que hajam participado da relao processual" (Ovdio Baptista da Silva, Teoria geral do processo civil, Revista dos Tribunais, 1997, p. 135). 2. Do autor e do ru Suposto um conflito de interesses, nem sempre ser autor, no processo judicial que visa eliminar tal conflito, quem se considera credor (em sentido amplo) do outro interessado. A posio de autor ou de ru depende apenas da primazia no buscar a tutela jurisdicional, da prioridade no afirmar a prpria pretenso. O devedor (na alegada relao de direito material) todavia autor na ao de consignao em pagamento, e ser tambm autor em ao declaratria negativa do invocado dbito. Outrossim, mediante a ao reconvencional o ru converte-se, no mesmo processo, tambm em autor (reconvinte), e o autor tornase, tambm, ru (reconvindo): duas aes, duas relaes jurdicas processuais, in simultaneus processus. A parte postula "em nome prprio". Quem postula em nome de outrem no parte; parte ser a pessoa em cujo nome a postulao foi feita. A respeito, os equvocos, na prtica forense, so comuns. Assim,

na ao buscando alimentos que o pai alegadamente deve a filhos menores, autores na ao so os filhos, pois estes os titulares da pretenso aos alimentos, e no a me, que na demanda apenas os representa{2}. 2. , portanto, errneo propor uma ao em que figura como autora "Da Fulana de Tal, representando seus filhos menores impberes Sicrano e Beltrano"; devem constar "Sicrano e Beltrano" como autores., "representados por sua progenitora Da Fulana". Em ao de cobrana, autora ser a firma alegadamente credora, "Manoel da Silva e Cia. Ltda.", e no o scio-gerente "Manoel da Silva", apenas presentante da pessoa jurdica (o rgo de uma pessoa jurdica - seu presidente, gerente etc. - no representante, mas presentante, pois somente por meio de seus rgos a pessoa jurdica se faz "presente" na vida social; representante da pessoa jurdica ser, ento, por exemplo, o advogado a quem o presentante passar procurao em nome da sociedade). (p. 6) Captulo II - PRINCPIOS REFERENTES S PARTES 3. Princpio da dualidade de partes Em jurisdio contenciosa o processo supe necessariamente a dualidade de partes, autor e ru (ou, em litisconsrcio ativo ou passivo, autores e rus), para perfeita integrao da relao processual em ngulo: Tringulo entre juiz (j), autor ou autores (a) e ru ou rus (b). O juiz fica acima, na ponta do tringulo. Autor e ru ficam lado a lado. Antes de citado o ru, j existe processo, mas a relao processual mantm-se incompleta (ainda no se completou a angularidade). Apenas na jurisdio voluntria (que, como vimos alhures{3}, no , na opinio majoritria, uma verdadeira jurisdio) poder-se- admitir uma relao processual ntegra, embora apenas linear: autor/ juiz to-somente (assim, v. g., quando algum postula em juzo a retificao de seu nome, inexistindo qualquer outro interessado a ser citado). Na jurisdio contenciosa, a relao processual torna-se ntegra com a citao do demandado. Nos casos de inexistncia de autor, ou quando citada (aparentemente) pessoa inexistente, o processo ser nulo, sem aptido para produzir seus normais efeitos jurdicos, e isso pela impossibilidade de formar-se a relao ntegra. Por exemplo, ao de despejo em que 3. V. nosso Jurisdio e competncia, captulo VII. (p. 7) figura como demandante pessoa cujo falecimento o advogado ignorava; ou ao de despejo em que "citado" por editais, ou com hora certa, o inquilino j falecido. No segundo caso, a citao, ainda que cumpridas as formalidades de lei, no ser apenas nula (pois a nulidade pressupe a existncia), mas sim inexistente no plano do direito. Realmente, a citao inconcebvel sem algum que comunique e algum a quem se comunique; o sujeito ativo dessa comunicao o rgo judicial que a determinou, e o sujeito passivo o citando (Barbosa Moreira, "Citao de pessoa falecida", Rf 321:55-9).

No se poder afirmar, todavia, a inexistncia da prpria relao processual (que se mantm linear, isto , apenas entre autor e juiz no caso de ru inexistente, ou entre juiz e ru no caso de autor inexistente); a relao linear existe embora nulamente, pois inadmissvel a existncia da sentena vlida (que ir extinguir o processo sem julgamento de mrito) em um processo por si mesmo inexistente no mundo do direito{4}. Por idntico motivo deve ser extinto o processo, sem julgamento de mrito, quando em sua pendncia ocorra a integrao do autor e do ru numa s pessoa; por exemplo, se a empresa autora incorpora a empresa r, ou se ambas se fundem. As partes devem ser distintas: filial de uma empresa no pode litigar com outra filial da mesma empresa. 4. Princpio da igualdade das partes O Cdigo de Processo Civil expresso no sentido de que o juiz dirigir o processo, competindo-lhe "assegurar s partes igualdade de tratamento" (art. 125, I). A lei processual garante aos litigantes, em princpio, iguais ou semelhantes oportunidades no exerccio dos direitos, poderes, deveres e nus processuais, assim lhes assegurando atividade eficaz na defesa das respectivas pretenses. Cumpre, todavia, ter em mente que a verdadeira igualdade no consiste em tratar a todos igualmente, mas em tratar igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais na proporo das respectivas desigualdades. A regra bsica da igualdade das partes , portanto, regulada mediante normas procedimentais adequadas posio da parte e nature 4. A respeito do tema, acrdo da 1 Cm. Cv. do TJRS, AI 587.027.368, de 18 de agosto de 1987, Rel. Des. Athos Gusmo Carneiro. (p. 8) za do processo. Ao autor, v. g., assiste a faculdade de propor a demanda no momento em que lhe parecer melhor; ao ru, via de regra, a vantagem de ver-se demandado no foro de seu domiclio ou residncia. No processo de execuo, a igualdade das partes limitada pelas conseqncias de dispor o autor de ttulo executivo, com a decorrente sujeio do executado. No processo cautelar, e em muitos processos de conhecimento, a possibilidade de concesso de medidas liminares, ou de antecipao da tutela, antes da ouvida do ru, limita a regra da igualdade, mas em ateno s circunstncias de cada caso concreto (CPC, arts. 273 e 804). A Fazenda Pblica, v. g., e o Ministrio Pblico dispem de prazo em qudruplo para responder, e de prazo em dobro para recorrer (CPC, art. 188), a fim de prevenir as dificuldades decorrentes da burocracia administrativa{5}. 5. Princpio do contraditrio O processo instrumento indispensvel paz social, pela composio justa das lides, ou seja, pela composio (ou melhor, pela eliminao) das lides mediante a exata aplicao do direito material. Desenvolve-se o processo dialeticament{6}, expondo-se nele o

contraste entre os interesses dos litigantes, empenhado cada qual em convencer o juiz da justia das respectivas pretenses. A oposio de argumento a argumento, de prova contra prova, de extrema utilidade para que o Tribunal, sujeito imparcial, chegue s concluses o mais prximas possvel do ideal de legalidade, e sobretudo de justia, no apaziguamento dos conflitos de interesses. Assim, inicial do autor contrape o ru sua contestao; sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvir, a respeito, a outra (art. 398); apelao do vencido, o apelado ope sua resposta (art. 518); ambas as partes formulam perguntas testemunha (art. 416); em audincia a palavra dada, para o debate oral, ao advogado do autor e ao do ru (art. 454), e assim por diante. 5. De legeferenda, seria bastante um prazo em dobro para responder. De outra parte, no so convincentes os argumentos em favor da inconstitucionalidade da norma legal, sob pretendida ofensa ao princpio da isonomia. 6. Dialtica a arte de raciocinar, argumentar e discutir, buscando a verdade pela oposio e conciliao de contradies. (p. 9) Ningum, portanto, condenado sem ser ouvido: nemo debet inauditu damnari. A outra parte sempre ser ouvida: audiatur et altera pars. A convocao in jus vocatio - do demandado faz-se por meio da citao, ato pelo qual se chama a juzo o ru (ou o interessado, em se tratando de causas sob jurisdio voluntria), "a fim de se defender" (CPC, art. 213). Dispe o art. 214 do CPC que "para a validade do processo indispensvel a citao inicial do ru"{7}. Para a validade do processo, todavia, no se exige que as partes utilizem efetivamente as oportunidades processuais que lhes so concedidas. Suficiente a oportunidade do contraditrio, a disponibilidade dos prazos e dos recursos tendentes garantia do contraditrio. Contestar o pedido no constitui obrigao do ru; um nus, isto , "um imperativo de seu prprio interesse". Validamente citado, o ru que se omite em contestar torna-se revel, e sofre os efeitos da revelia (CPC, arts. 319, 320 e 322). Se a citao for por editais ou com hora certa - casos, pois, de citao ficta - em homenagem ao princpio do contraditrio a lei processual, art. 9, II, prev a nomeao ao ru de "curador especial" (curador ad litem), com o dever precpuo de oferecer contestao (apagando, portanto, para o revel fictamente citado, os danosos efeitos da revelia); neste caso inclusive admitida, a ttulo excepcional, at a simples contestao por negao geral, isto , sem o "nus da impugnao especificada dos fatos" (CPC, art. 302 e pargrafo nico){8}. 7. Ac. un. do eg. 1 Gr. Cm. Cv. do TJRS, proferido em embargos infringentes, ostenta a seguinte ementa: "A citao o ato fundamental do processo e o pressuposto de sua validade e existncia. A sentena proferida sem a citao dos interessados, embora se tenha tomado formalmente definitiva, coisa v,

mera aparncia, e carece de efeitos no mundo jurdico" (RJTJRS, 63:76). Tratase, aqui, todavia, no de "mera aparncia", mas de sentena nula, pois seu comando no produz efeitos jurdicos relativamente a quem, no citado, permaneceu alheio relao jurdica processual. 8. A respeito da importncia da citao e das cautelas a serem adotadas nos casos de citaes fictas, reportamo-nos aos acrdos proferidos pela 3 Cm. Civ. do TJRS na AR 18.246 (RJTJRS, 47:111) e pela 1 Cm. Cv. do mesmo Tribunal na AR 30.510 (RJTJRS, 80:166). dos quais fomos relator. (p. 10) Captulo III - DA CAPACIDADE PARA SER PARTE 6. Dos pressupostos processuais subjetivos Durante todo o transcurso do processo - e mxime durante a fase de saneamento - deve o juiz manter-se atento quanto aos pressupostos processuais, que so os requisitos, as condies subjetivas e objetivas de validade do processo. A ausncia insanvel de pressuposto processual dar causa extino do processo sem julgamento de mrito. Os pressupostos processuais subjetivos dizem respeito ao juiz e s partes. Quanto a estas, impende verificar se autor e ru tm: a) capacidade para ser parte; b) capacidade de exerccio dos atos processuais, isto , a legitimatio ad processum; c) legitimao para a causa, a legitimatio ad causam; d) capacidade postulacional, isto , representao em juzo por intermdio de advogado legalmente habilitado. 7. Das pessoas capazes para ser parte. Das pessoas "formais" Capacidade, no plano do direito, a aptido para ser titular de direitos e deveres na ordem jurdica. A capacidade para ser parte consiste, assim, na aptido para praticar atos jurdicos processuais. reflexo, no plano do direito processual, da prpriapersonalidade jurdica, tal como for reconhecida pelo direito material. Todos os que gozam de personalidade jurdica podem ser partes{8-A}. 8-A. No magistrio de Chiovenda: "La capacit d'essere soggetto d'un rapporto giuridico processuale non altro che la capacit giuridica trasportata nel processo" (Istituzioni, v. 2, p. 235). (p. 11) Assim as pessoas naturais, sem exceo: "Todo homem capaz de direitos e obrigaes na ordem civil" (CC, art. 2), no distinguindo a lei entre nacionais e estrangeiros quanto aquisio e ao gozo dos direitos civis (CC, art. 3). Embora a personalidade civil do homem comece do nascimento com vida, pode tambm ser parte o nascituro, representado pelo progenitor ou pelo curador ao ventre, pois "a lei pe a salvo, desde a concepo, os direitos do nascituro" (CC, art. 4){9}. s pessoas jurdicas igualmente assiste a capacidade para ser parte, tanto s pessoas jurdicas de direito pblico, interno ou externo, como s de direito privado.

Podem ser parte pessoas jurdicas de direito pblico externo, como os Estados estrangeiros e os organismos internacionais{10}, e as pessoas jurdicas de direito pblico interno: a Unio, presentada pelo Advogado-Geral da Unio, ou por seus Procuradores-Gerais, Regionais e Seccionais, consoante a Lei Complementar n. 73, de 10-21993, arts. 35 e 36, e a Lei n. 9.028/95, art. 2; o Distrito Federal e os Estados, presentados por seus procuradores (CPC, art. 12, I); os Municpios, presentados por seus Prefeitos ou procuradores; as autarquias (federais, estaduais ou municipais); os partidos polticos. So pessoas jurdicas de direito privado as sociedades civis, as fundaes de direito privado, as sociedades mercantis ou comerciais em geral; tambm o so as empresas pblicas e as sociedades de economia mista, criadas por lei mas com personalidade de direito privado"{11}. Notemos que a capacidade para ser parte abrange tambm as chamadas "pessoas formais", isto , patrimnios autnomos, ou comunidades de bens ou de pessoas, destitudos de personalidade jurdica mas aos quais a lei atribui a possibilidade de litigarem em juzo 9. Por exemplo, falece um cidado deixando grvida a esposa. Algum, intitulando-se filho do extinto, promove ao investigatria de paternidade. O nascituro ser ru, para resguardo de seus interesses, sendo citado na pessoa da me, ou, se esta no gozar do ptrio poder ou for interdita, na pessoa do curador (CC, art. 462). 10. Para o conhecimento de tais causas ser competente o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justia (CF de 1988, arts. 102, I, e, e 105, II, c). 11. V o Decreto-lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967, com a redao dada pelo Decreto-lei n. 900, de 29 de setembro de 1969. (p. 12) como autores e como rus{12}. Nestes termos, podem ser parte (e o so com grande freqncia) o esplio, presentado pelo inventariante; a herana jacente ou vacante, presentada pelo curador; o condomnio em edifcios, presentado pelo administrador ou sndico (Lei n. 4.591, de 16-12-1964, art. 22, 1, a); a massa falida, pelo sndico ou liquidatrio; as sociedades sem personalidade jurdica, presentadas pela pessoa a quem couber a administrao de seus bens (CPC, art. 1). Igualmente so admitidos a litigar, em certos casos, os prprios rgos de pessoas jurdicas: a Cmara de Vereadores, v. g., ou o Tribunal de Justia (embora a personalidade jurdica pertena ao Municpio, ou ao Estado), podem agir em juzo quando em defesa de interesses peculiares ao prprio rgo (no incomum o uso de mandado de segurana por Cmaras de Vereadores){13 e 14}. 12. Em voto na AC 31.130 (julgada em 3-4-1979 pela 1 Cm. Cv. do TJRS e publicada na RJTJRS, 76:286), tivemos oportunidade de afirmar que "podem atuar em juzo inclusive comunidades de pessoas ou patrimnios desprovidos de personalidade jurdica, e inclusive assiste capacidade para ser parte at a rgos internos de pessoas jurdicas quando na defesa de interesses peculiares ao mesmo rgo. So as chamadas "pessoas formais", as quais inclusive compreendem, na boa lio de Tornaghi, as pessoas jurdicas em formao e as pessoas

jurdicas em liquidao: "da a antecipao e o prolongamento da personalidade judiciria dos corpos ainda, ou j, sem personalidade jurdica" (Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, Revista dos Tribunais, 1974, v. 1, p. 132-3)". 13. Evidentemente no podem ser acionados, nem acionar, os simples "departamentos" da Administrao Pblica. A pessoa vtima de atropelamento por viatura policial civil no poder mover ao indenizatria contra a Secretaria da Segurana Pblica, mas sim necessariamente contra o prprio Estado. Assim tambm em se tratando de "departamentos" de entidades de direito privado. Reporto-me, a respeito, a acrdo da 1 Cm. Cv. do TJRS, de que fomos relator (AI 585.008.824, de 26-3-1985), sob a ementa seguinte: "CITAO. Validade. Capacidade para ser parte. Hospital Ernesto Dorneles. O simples departamento de entidade de direito privado no tem capacidade para ser parte, por no dispor de personalidade jurdica, no podendo outrossim ser considerado como pessoa formal. Invalidade da citao de Diretor do Hospital, que no dispe de poderes de presentao da pessoa realmente r, ou seja, da entidade proprietria do Hospital, a Associao dos Funcionrios Pblicos do Estado do Rio Grande do Sul. Considera-se citada a r, pois, quando de seu comparecimento espontneo ao processo, apresentando contestao e arguindo prefaciais. (p. 13) Assim tambm os Tribunais de Contas, conforme alis explicitado em aresto do Superior Tribunal de Justia: "rgos da natureza dos Tribunais de Contas s podem residir em juzo (e, conseqentemente, recorrer) nas lides internas, em confronto com outros rgos ou com Poderes do Estado, no momento em que algum destes lhes retire prerrogativa ou lhes afronte direitos que lhes so prprios, porque indesjungveis de seus fins constitucionais" (1 Turma, REsp 121.053, Rel. Min. Demcrito Reinaldo, ac. de 18-9-1997, RSTJ, 104:156). Fora destas hipteses, a restrita personalidade judiciria de tais entidades no pode atuar, cabendo sua representao em juzo entidade de direito pblico interessada, o Municpio, o Estado, a Unio. 7-A. Da capacidade para ser parte perante os Juizados Especiais Os Juizados Especiais, como seus antecessores, os Juizados de Pequenas Causas, foram criados com a finalidade precpua de atendimento chamada, na expresso de Kazuo Watanabe, "litigiosidade contida", abrindo o acesso das grandes massas populares ao Judicirio. Compreende-se, portanto, que somente as pessoas fsicas capazes so admitidas a propor ao perante os Juizados Especiais, ou seja, a figurar no plo ativo da relao processual. Para facilitar mais tal acesso, os maiores de 18 anos j podem propor ao independentemente de assistncia de seus genitores, e isso inclusive para fins de conciliao - Lei n. 9.099/95, art. 8, 1 e 2 - tm, pois, capacidade processual plena. No plo passivo da relao processual podem figurar: 1) outra pessoa fsica capaz; 2) pessoa jurdica de direito privado; 3) certas pessoas formais, tais como o condomnio em edifcios ou o esplio.

No podem ser partes, perante os Juizados Especiais, a pessoa incapaz ou presa, as pessoas jurdicas de direito pblico, as empresas Cassao da deciso saneadora que decretou a revelia "do Hospital" e mandou desentranhar a resposta. Agravo provido". 14. A respeito da capacidade processual das Cmaras de Vereadores lembramos aresto pioneiro do TJRS (MS 55, de 1948), superiormente comentado por Vitor Nunes Leal, e transcrito na RDA, 15:46. (p. 14) pblicas da Unio, a massa falida e o insolvente civil - art. 8, caput, da Lei n. 9.099/95. Devem considerar-se revogados dispositivos de leis estaduais que permitiam fosse autor o condomnio ou a microempresa. Neste ltimo caso, vale ressalvar os casos de microempresa em firma individual. Tambm no pode ser autora a pessoa fsica, quando cessionria de direito de pessoa jurdica. (p. 15) (p. 16, em branco) Captulo IV - DA LEGITIMAO PARA O PROCESSO 8. Conceito A legitimatio ad processum, isto , a capacidade de exerccio dos atos jurdicos processuais, corresponde, no campo processual, capacidade civil tal como regulada pelo direito material. As normas de direito material projetam-se, tambm aqui, no direito processual. Podemos, pois, distinguir: a) capacidade processual plena; b) capacidade processual limitada; c) ausncia de capacidade processual. 9. Da capacidade processual plena As pessoas maiores e capazes (v. CC, art. 9), bem como as pessoas jurdicas (CC, art. 18), dispem em princpio de capacidade processual plena, isto , so aptas a exercer, por si mesmas, por obra de sua prpria vontade e entendimento, os atos jurdicos processuais (naturalmente por meio de advogado constitudo para tal fim). 9.1. Da mulher casada A mulher casada deixou de ser considerada relativamente incapaz desde o advento da Lei n. 4.121, de 27 de agosto de 1962, que modificou a redao do art. 6 do Cdigo Civil. O casamento, todavia, implica restries para ambos os cnjuges quanto ao ajuizamento de aes "que versem sobre direitos reais imobilirios"; para prop-las, o marido necessitar da outorga da mulher, ou a mulher do consentimento do marido (CPC, art. 10; CC, (p. 17) arts. 235, II, e 242, I). Segundo o art. 11 do Cdigo de Processo Civil, a falta de autorizao do marido ou de outorga da mulher "podem

suprir-se judicialmente, quando um cnjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossvel d-la" (hiptese no incomum nos casos de cnjuges separados de fato), sob pena de extino do processo sem julgamento de mrito. O Cdigo de Processo Civil prev, outrossim, o litisconsrcio passivo necessrio de marido e mulher (ambos, portanto, devem ser citados) quando rus em aes "que versem sobre direitos reais imobilirios" (CPC, art. 10, na redao da Lei n. 8.952, de 13-12-1994); ou em aes resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cnjuges ou de atos praticados por eles; ou em aes fundadas em dvidas contradas pelo marido a bem da famlia, quando a execuo recair sobre bens prprios da mulher; ou, finalmente, em aes que visem o reconhecimento, constituio ou extino de nus sobre bens imveis de um ou de ambos os cnjuges (CPC, art. 10, 1). Nos casos de aes possessrias, a participao do cnjuge do autor ou do ru somente indispensvel nos casos de composse ou de ato por ambos praticado (CPC, art. 10, 2). Omitindo-se o autor no requerer ou promover a citao do outro cnjuge (inclusive pela inobservncia de ordem do juiz - CPC, art. 47, pargrafo nico), teremos ento hiptese de carncia de ao por falta de legitimao ad causam do cnjuge isoladamente citado, com a conseqente extino do processo sem julgamento de mrito. Vale todavia lembrar que no mais vige a regra do art. 233, I, do Cdigo Civil, pelo qual era o marido o "chefe da sociedade conjugal", competindo-lhe "a representao legal da famlia". A Constituio Federal de 1988 garante serem "homens e mulheres iguais em direitos e obrigaes" (art. 5, I), explicitando o art. 226, 5, que "os direitos e deveres referentes sociedade conjugal so exercidos igualmente pelo homem e pela mulher". Portanto, nos casos em que o litisconsrcio no se impe, caber tanto ao marido como mulher a defesa judicial, como autor ou como ru, dos interesses da famlia e da sociedade conjugal{15}. 15. O outro cnjuge sempre poder, em no havendo o litisconsrcio facultativo, e j em andamento a relao processual, ser admitido como assistente litisconsorcial do cnjuge que em defesa da famlia ajuizou a demanda ou assumiu a posio de contestante. (p. 18) 9.2. Das pessoas jurdicas As pessoas jurdicas comparecem a juzo por meio dos seus rgos, que as presentam como dispuserem a lei, os estatutos ou o contrato social.{16} O esplio (tambm denominado "herana" ou "sucesso") presentado ativa e passivamente pelo inventariante, salvo quando dativo; neste ltimo caso, "todos os herdeiros e sucessores do falecido sero autores ou rus nas aes em que o esplio for parte" (v. CPC, arts. 12, V e 1, 990, VI, e 991, I){17}.

9.3. Das pessoas jurdicas estrangeiras A pessoa jurdica estrangeira, domiciliada no Brasil mediante a instalao em nosso pas de agncia, filial ou sucursal (CPC, art. 88, pargrafo nico), presentada em juzo pelo preposto sob cuja direo estiver a filial. A citao da pessoa jurdica estrangeira dispensar, pois, a expedio de carta rogatria, sendo feita na pessoa do gerente da filial ou agncia (CPC, art. 12, 3). 9.4. Das sociedades e entidades sem personalidade jurdica De acordo com o Cdigo Civil (art. 20, 2), as sociedades civis ou mercantis que, por falta de registro no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, ou na Junta Comercial (v. Lei n. 6.015, de 31-121973, arts. 114 e 119; Lei n. 8.934, de 18-11-1994), no houvessem adquirido personalidade jurdica, s dispunham de capacidade passiva para ser parte; no gozavam de capacidade ativa, no podendo "acionar a seus membros, nem terceiros". 16. A lei processual no exige que a pessoa jurdica, para estar em juzo, "apresente, de logo, seus atos constitutivos, de molde a comprovar sua regular representao" (REsp 9.651, STJ, Rel. Min. Cludio Santos). 17. A praxe, anotou Ernane Fidlis dos Santos, "tem-se orientado no sentido de se nomear sempre inventariante dativo pessoa que tenha capacidade postulatria, para evitar contratao especial de advogado" (Comentrios ao Cdigo de Processo Civil - 2 Col., Forense, t. 6, p. 281). A posio do inventariante dativo " a mesma de um auxiliar da Justia", respondendo o monte por sua remunerao (id.). (p. 19) O vigente Cdigo de Processo Civil alterou tal situao, pois o art. 12, VII, expresso em que sero presentadas em juzo, ativa e passivamente: "... VII - as sociedades sem personalidade jurdica, pela pessoa a quem couber a administrao dos seus bens". Note-se que tais sociedades, quando rs, no podem opor aos autores "a irregularidade de sua constituio". O Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078, de 11-9-1990) prev a atuao em juzo, em defesa dos interesses e direitos dos consumidores, de entidades e rgos da administrao pblica, direta ou indireta, "ainda que sem personalidade jurdica", quando institudos para a defesa de tais interesses e direitos (Lei n. 8.078, art. 82, III). (p. 20) Captulo V - DA CAPACIDADE PROCESSUAL SUPRIDA 10. Casos de incapacidade absoluta e relativa Os relativamente incapazes, tal como dispe o Cdigo Civil, apresentam em juzo uma capacidade processual limitada; aos absolutamente incapazes no assiste capacidade processual. Tais pessoas adquirem a legitimatio ad processum por meio do suprimento de sua incapacidade, absoluta ou relativa: "os incapazes sero representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil" (CPC, art. 8).

Em se tratando de pessoa absolutamente incapaz, sua vontade juridicamente irrelevante. Vale apenas e to-somente a vontade de quem o representa (assim, se for parte um menor com 14 anos, a procurao ao seu advogado ser outorgada apenas pelo representante legal do menor). Em se tratando de pessoa relativamente incapaz, a legitimatio ad processum adquirida pela conjugao da manifestao de vontade do incapaz mais a concorrente manifestao de vontade de quem o assiste (se for parte um menor com 17 anos, a procurao ser outorgada tanto pelo menor como por seu assistente){18}. 18. A representao e a assistncia aos incapazes diferem da autorizao, ou outorga ou consentimento de outrem, que a lei exige a determinadas pessoas para a prtica de determinados atos (v., v. g., os arts. 10, caput, e 11 do CPC e, ainda, CC, art. 427, VII). O representado ou assistido um incapaz, e a representao e a assistncia alongam-se no decorrer do processo; o recipiendrio da autorizao, outorga ou consentimento , no plano do direito material, pessoa plenamente capaz, e, aps receber o consentimento, ir agir processualmente com inteira autonomia de vontade. (p. 21) So absolutamente incapazes os menores que no hajam completado 16 anos de idade; os loucos de todo o gnero; os surdosmudos que no puderem exprimir a sua vontade; os ausentes, declarados tais por ato do juiz (CC, art. 5). So relativamente incapazes os maiores de 16 e menores de 21 anos; os prdigos; os silvcolas (CC, art. 6). A plena capacidade adquirida aos 21 anos completos, idade em que o indivduo fica "habilitado para todos os atos da vida civil" (CC, art. 9, caput). Mas a incapacidade relativa cessar antecipadamente nos casos de emancipao, de casamento, de exerccio de emprego pblico efetivo, de colao de grau em curso de ensino superior, de estabelecimento civil ou comercial com economia prpria (CC, art. 9, 1). A nova Constituio Federal (art. 14, II, c) faculta, aos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, o alistamento eleitoral e o voto. Perante os Juizados Especiais, os maiores de 18 anos tm capacidade plena para agir como autores e para a conciliao - Lei n. 9.099, de 269-1995, art. 8, 2. Os menores de idade so representados pelo pai e, em sua falta, pela me, at os 16 anos; so assistidos, aps essa idade, nos atos em que forem partes (CC, art. 384, V). A representao e a assistncia passam ao tutor se falecidos os pais, ou privados do ptrio poder, ou julgados ausentes (CC, arts. 406 e 426, I). Vale anotar que o tutor necessita de autorizao do juiz para representar e para assistir o menor em juzo, como autor ou como ru (CC, art. 427, VII). Os alienados mentais, mediante o procedimento de interdio (CPC, arts. 1.177 e s.), so postos sob curatela (CC, art. 446, I). J os psicopatas (Dec. n. 24.559, de 3-7-1934, art. 26 e pargrafo nico) sero declarados "absoluta ou relativamente incapazes para exercer pessoalmente os atos da vida civil", nomeando-se-lhes, de

incio, um administrador provisrio de seus bens, seguindo-se o procedimento da interdio (Dec. citado, art. 27 e pargrafos). Conduta similar prescrita relativamente aos toxicmanos, tambm sujeitos interdio plena ou limitada (Dec. n. 891, de 25-11-1938, art. 30, 3 e 5). Sujeitos tambm curatela esto os surdos-mudos "sem educao que os habilite a enunciar precisamente a sua vontade", isso aps o procedimento de interdio (CPC, art. 1.185; CC, art. 446, II). A incapacidade poder ser apenas limitada: "Pronunciada a interdio (p. 22) do surdo-mudo, o juiz assinar, segundo o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela" (CC, art. 451). Os surdos-mudos aptos a enunciar cabalmente sua vontade so plenamente capazes. Prdigo aquele que "desordenadamente gasta e destri sua fazenda" (Ordenaes Filipinas, L. IV, Tt. 103, 6), isto , quem dissipa seu patrimnio com despesas imoderadas, em prejuzo prprio e em detrimento dos eventuais direitos do cnjuge ou expectativas de herdeiros (CC, art. 460). A interdio do prdigo somente o priva da prtica, no assistido pelo curador, de atos de disposio de bens, nos termos do art. 459 do Cdigo Civil. Ausncia o desaparecimento de uma pessoa de seu domicilio, sem dar mais notcias, no deixando quem lhe administre os bens (CC, art. 463; CPC, art. 1.159). Ao ausente, como tal declarado, o juiz nomear curador (CPC, art. 1.160){19}. O Estatuto do ndio - Lei n. 6.001, de 10-12-1973 - rege a situao dos silvcolas, sujeitos a um regime tutelar. Nos termos do art. 232 da Constituio, "os ndios, suas comunidades e organizaes so partes legtimas para ingressar em juzo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministrio Pblico em todos os atos do processo. 11. Do suprimento da incapacidade Tem o juiz o dever de zelar permanentemente pela validade do processo, devendo extingui-lo, sem julgamento de mrito, "quando se verificar a ausncia de pressupostos de constituio e de desenvolvimento vlido regular do processo" (CPC, art. 267, IV). Tal matria o juiz "conhecer de ofcio, em qualquer tempo e grau de jurisdio, enquanto no proferida a sentena de mrito". Assim, o pressuposto processual da legitimatio ad processum pode ser objeto de indagao judicial mesmo se as partes nada houverem 19. Uma coisa a ausncia, outra a simples circunstncia de algum se encontrar eventualmente em lugar incerto e no sabido. O ausente citado na pessoa do curador, que o representar, em juzo e fora dele, com interveno do rgo do Ministrio Pblico (CPC, art. 1.160 c/c o art. 1.144, I); aquele que apenas estiver em lugar incerto citado por editais, sendo-lhe nomeado, se revel, um curador especial, como previsto no art. 9, II. Este curador especial defende os interesses do citado somente naquela causa; curador ad litem. (p. 23)

argido sobre o tema, e em qualquer fase em que se encontre o processo. A respeito, para o juiz no opera a precluso. Apresentada a petio inicial, ao juiz cumpre submet-la a um primeiro exame, podendo indeferi-la liminarmente pelos motivos enumerados no art. 295 do Cdigo de Processo Civil, entre os quais... "II - quando a parte for manifestamente ilegtima". Esta ilegitimidade de parte abrange tanto os casos de ilegitimatio ad causam como os de ilegitimatio adprocessum, mas o indeferimento liminar somente ser decretado se a ilegitimidade for manifesta, evidente. Caso contrrio, reservar-se- o juiz para examinar a matria na fase de saneamento, aps a contestao e a rplica, quando, ento, se verificar "a existncia de irregularidades ou de nulidades sanveis, o juiz mandar suprilas, fixando parte prazo nunca superior a trinta dias" (CPC, art. 327, in fine). A tentativa de suprimento da mera irregularidade, ou da nulidade relativa, responde s exigncias de economia processual, evitando-se as demoras e os prejuzos sempre decorrentes da anulao de um processo. Determina, outrossim, o Cdigo de Processo - cuidando aqui expressamente do tema ora em exame - que, ao constatar "a incapacidade processual ou a irregularidade da representao das partes, o juiz, suspendendo o processo", marque prazo razovel para ser sanado o defeito (art. 13) {19-A}. Diligenciando a parte interessada, de forma que a incapacidade processual resulte suprida, ou o defeito de representao corrigido, o processo retomar seu normal andamento. Assim, o cnjuge providencia a apresentao de documento probatrio do consentimento do outro cnjuge, nas aes que o exijam; a pessoa jurdica comprovar que o outorgante da procurao realmente o seu representante legal, e assim por diante. 19-A. Segundo aresto do STJ, 4 Turma, "em face da sistemtica vigente (CPC, art. 13), o juiz no deve extinguir o processo por defeito de representao antes de ensejar parte suprir a irregularidade. O atual Cdigo de Processo Civil prestigia o sistema que se orienta no sentido de aproveitar ao mximo os atos processuais, regularizando sempre que possvel as nulidades sanveis" (REsp 68.478, Rel. Min. Slvio de Figueiredo Teixeira, DJU, 1-jul.-1996, p. 24057). (p. 24) Caso contrrio, em se omitindo a parte interessada, ou agindo insatisfatoriamente, o juiz: a) decretar a nulidade do processo (rectius, a extino do processo sem julgamento de mrito - CPC, art. 267, IV), se cabia ao autor diligenciar no afastamento da nulidade; ou b) decretar a revelia do ru se a este cabiam as diligncias; c) ou, por fim, se a incapacidade processual ou defeito de representao disserem respeito a terceiro, interveniente na causa, o juiz excluir o terceiro do processo (CPC, art. 13). 12. Do curador especial (CPC, art. 9) Nas demandas em que, sendo parte um incapaz, estiver ele, por

qualquer motivo privado, de quem o represente ou assista (v. g., rfo de pai e me, a quem ainda no foi nomeado tutor; ou o demente, ainda no interditado - v. art. 218 e 2), dar-lhe- o juiz curador especial, que para aquela causa assumir, aps prestar compromisso, a representao ou a assistncia do incapaz{20}. o antigo "curador lide", previsto no Cdigo de Processo Civil de 1939, art. 80, 1. No necessria a suspenso do processo, para que seja sanado o defeito relativo incapacidade do autor, portador de doena mental: "basta a nomeao de curador especial, o qual zelar pelos interesses do amental, at a decretao da interdio e a nomeao do curador. Inteligncia do art. 9, I, e do art. 13, caput. Precedentes do extinto TFR" (REsp 11.893, STJ, 2 Turma, Boletim do STJ, n. 11, 1997). Normalmente a nomeao recai sobre advogado, o qual ento assume a dupla funo de representar ou assistir o menor, e de exercer em seu nome o jus postulandi, assim assegurada ao incapaz a plena capacidade de agir em juzo. Se a nomeao, entretanto, recair em leigo, ter o nomeado de outorgar procurao com poderes ad judicia (art. 38) a advogado. 20. O curador especial, ensinou Arruda Alvim (Cdigo de Processo Civil comentado, Revista dos Tribunais, 1975, v. 2, p. 44), substitui o representante legal, "assim ter todos os poderes que incumbiriam quele". Poder, destarte, recorrer e ajuizar aes autnomas de impugnao, tais como o mandado de segurana contra ato judicial: "O curador "ad Litem", inclusive quando integrante do Ministrio Pblico (CPC, art. 9, par. nico), representa com plenitude a parte (quer demandante, quer demandada) considerada merecedora de especial tutela jurdica, cabendo-lhe impugnar as decises judiciais tanto mediante recursos, como utilizando aes autnomas de impugnao, tais como o mandado de segurana contra ato judicial" (MS 1.768, STJ, 4 Turma, Rel. Min. Athos Carneiro, ac. de 23-3-1993). (p. 25) Dar-se- tambm a nomeao de curador especial se os interesses do incapaz, sustentados na demanda, forem colidentes com os interesses, deduzidos na mesma demanda, de seu representante ou assistente legal. Na hiptese de a organizao judiciria contar, na comarca, com o cargo de "representante judicial de incapazes e de ausentes", tal servidor da justia ser preferentemente designado para a misso de curador especial (art. 9, pargrafo nico){21}. A interveno do Ministrio Pblico indispensvel nas causas em que incapaz for interessado (CPC, art. 82, I), sob pena de nulidade do processo (arts. 84 e 246), se ocorrer prejuzo para o incapaz. A lei processual dispe igualmente sobre a nomeao de curador especial ao ru que, citado por editais ou "com hora certa"{22}, tornarse revel (isto , omitirse em apresentar contestao). Tratando-se, nestes casos, de citao ficta, e no havendo, assim, certeza de que o citado realmente tomou conhecimento da ao contra ele proposta, a nomeao de curador especial (que ir contestar em nome do ru) providncia hbil a evitar a mutilao, como j exposto, do princpio

do contraditrio. Para este efeito, a pessoa citada fictamente equiparada ao incapaz. Tambm nomeado curador especial pessoa que, r em processo civil, estiver (ou for) recolhida priso, e isto mesmo na hiptese de no ser revel, por haver constitudo advogado e contestado a demanda. O legislador tomou em conta, neste ponto, as eventuais dificuldades do preso em entrar em contato com seu procurador. Vale ressaltar, ao cabo, que o curador especial tem sua atuao limitada ao plano processual e quela causa, no lhe sendo facultado intervir, de forma alguma, nos demais atos da vida civil do curatelado. 21. mister no confundir tal cargo, quando criado na Lei de Organizao Judiciria federal ou estadual, com o encargo, que toca ao Ministrio Pblico, de servir como "curador" de menores e de incapazes nas causas em que estejam estes interessados. inclusive possvel que um agente do Ministrio Pblico assuma o cargo de "representante judicial de incapazes ou de ausentes", e outro funcione no processo como fiscal da lei (custos legis). 22. O ru citado por editais quando em lugar incerto (CPC, art. 231); citado com hora certa quando busca ocultar-se para evitar a citao (CPC, arts. 227 a 229). (p. 26) Captulo VI - DA LEGITIMAO PARA A CAUSA 13. Conceito de legitimao "ad causam" 13.1. Legitimao como "coincidncia em tese" Consiste a legitimao para a causa na coincidncia entre a pessoa do autor e a pessoa a quem, em tese, a lei atribui a titularidade da pretenso deduzida em juzo, e a coincidncia entre a pessoa do ru e a pessoa contra quem, em tese, pode ser oposta tal pretenso. Assim, por exemplo, a ao de cobrana deve ser promovida por quem se afirma credor, e citado como ru o apontado devedor Se da prpria narrativa da petio inicial j o juiz constata que, se existente o crdito, credor no seria o autor mas sim um terceiro, temos caso de "indeferimento da inicial", por tratar-se de parte "manifestamente ilegtima" para a causa (CPC, art. 295, II). De qualquer forma, verificado posteriormente (na fase de saneamento, ou aps a instruo) que na hiptese de existncia do crdito no seria o autor o credor, ir o juiz declar-lo "carecedor de ao" (art. 267, VI), por ausncia de legitimao ad causam ativa. Da mesma forma se, v. g., a ao for promovida contra a sociedade, por dvida contrada em carter pessoal pelo scio: o ru, ento, ser parte sem legitimidade passiva ad causam. Entretanto, se no processo resultar comprovado que o crdito no existe (porque nunca existiu, ou j foi pago etc.), a sentena ser de julgamento do mrito com improcedncia do pedido. As partes, em tese, eram legtimas para a ao, porm ao autor no socorria a pretenso material alegada; o autor foi parte legtima, mas no foi

parte vencedora. Assim, no exame da legitimao para a causa, cumpre partir de uma hiptese: se verdadeiros os fatos jurgenos afirmados na inicial, (p. 27) o autor o titular da pretenso? E figura como r a pessoa sujeita mesma pretenso? Se a resposta a ambas as indagaes for positiva, a demanda corre entre partes legtimas para a causa. Na afirmao de Sergio Bermudes, "quando a lei no definir, suficientemente, o titular da situao legitimante, a legitimidade, ento, se configura na simples coincidncia entre a situao jurdica afirmada (apenas afirmada) pelo autor, ao propor a ao, e o esquema de proteo traado pela lei" (Introduo ao processo civil, Forense, 1995, p. 49). 13.2. Legitimao predeterminada Aes existem, sublinha Arruda Alvim (Manual de direito processual civil, Revista dos Tribunais, v. 1, n. 151), "para as quais necessria certa e determinada qualificao jurdica". Somente o locador, assim, parte legtima para a ao de despejo como autor, e dever promov-la contra quem se apresenta como seu inquilino{22-A}. Exemplo clssico o do art. 344 do Cdigo Civil: "Cabe privativamente ao marido o direito de contestar a legitimidade dos filhos nascidos de sua mulher". Considerava a jurisprudncia que at ao av, por exemplo, sem embargo dos interesses de ordem moral e mesmo patrimonial vinculados relao de parentesco, no assistia legitimidade ad causam para ajuizar a ao negatria de paternidade{23}. 22-A. A posio aqui exposta , em linhas gerais, a mesma defendida por Sergio Bermudes, em recentssimo estudo: a legitimidade para a causa resulta da coincidncia entre o esquema apresentado pelo autor na inicial e o esquema de proteo ao direito traado na norma legal. Mas Bermudes salienta que, muitas vezes, j a lei, de modo explcito ou virtual, identifica a pessoa que pode deduzir o pedido: s o cnjuge pode postular a separao; s o proprietrio pode reivindicar. Ento, dever haver a coincidncia entre a parte que pede, ou contra quem se pede, e o elemento subjetivo indicado no esquema legal de tutela (Direito processual civil - estudos e pareceres, Saraiva, 2 srie, 1994, p. 34-5). 23. O TJRS, por seu 1 Gr. Cm. Cv. e por maioria de votos (RJTJRS, 64:92), foi alm e negou ao av legitimidade inclusive para impugnar o prprio registro de nascimento de seu indigitado neto, impugnao fundada na afirmativa de que a criana no era sequer nascida da esposa de seu filho (alegao de parto suposto - suppositio partus). Esse tema muito controvertido, inclusive no Pretrio Excelso, como se pode ver, v. g., no aresto da 2 Turma (RTJ, 85:163), que tambm por maioria de votos prestigiou orientao oposta seguida pelo Tribunal sul-rio-grandense. (p. 28) Essa orientao, todavia, vem sendo revista, em face das novas realidades jurdicas, sociais e cientficas{24}. Pelo art. 1.132 do Cdigo Civil, os ascendentes no podem vender aos descendentes sem que os outros descendentes expressamente

consintam. A ao para anular a venda somente poder ser proposta pelo descendente que no consentiu; a outros, como, v. g., ao descendente que consentiu, no assiste legitimao ativa para tal causa. A ao de nunciao de obra nova, a teor do art. 934 do Cdigo de Processo Civil, cabe privativamente ao proprietrio ou possuidor do prdio, ao condmino ou ao Municpio. A ao demarcatria cabe privativamente ao proprietrio de terra particular (CC, art. 559), e somente pode ser proposta contra o confinante; para a ao de diviso, apenas assiste legitimao ad causam, tanto ativa como passiva, aos condminos (CC, art. 629; CPC, art. 946, I e II). 13.3. Legitimao como ponto de conexo entre o direito material e o direito processual Embora afirmada e reafirmada a autonomia da relao jurdica de direito processual, no possvel relegar ao oblvio a natureza instrumental do processo, voltado composio (melhor dito, eliminao) das lides mediante a aplicao de regras de direito material. Faz pleno sentido, destarte, somente reconhecer legitimao ad causam queles que em tese possam ser titulares da relao material deduzida. A legitimao para a causa , pois, um dos pontos de conexo entre o direito material e o direito processual. Galeno Lacerda, evidenciando a autonomia da relao de direito processual (inerente ao processo), em face da alegada relao de direito material (que pode, ou no, vincular os litigantes), salientou a diversidade de causa entre as duas relaes. Causa da relao material ser o fato jurdico, o contrato, o ato ilcito, o testamento etc.; causa da relao jurdica processual o conflito de interesses, a lide, que faz 24. O STJ, por sua 4 Turma, no REsp 6.035 (ac. de 17-9-1991, Rel. Min. Slvio de Figueiredo), considerou os avs, pais de filho solteiro falecido, como partes legtimas ad causam para propor ao de anulao de registro de nascimento de indigitado neto, feito lanar pelo suposto pai. Est na ementa que, "em face dos interesses moral e econmico, de reconhecer-se a legitimao ativa ad causam dos pais de pessoa morta em estado de solteiro para anular assento de nascimento". O Tribunal tem prestigiado a apurao da "verdade real", inclusive ponderando os modernos mtodos cientficos de aferio da paternidade (REsp 4.987). O REsp 6.035 est transcrito, na ntegra, no Anexo II. (p. 29) surgir o "direito subjetivo processual de ao para ambas as partes" ("As defesas de direito material no novo Cdigo de Processo Civil", RF 246:160). Sob esse ngulo, os sujeitos da lide - tal como projetada for no processo por meio da inicial e da contestao - sero as partes legtimas para o processo que visa compor a mesma lide{25}. 14. Legitimao "ad causam" e "ad processum" Convm acentuar, aqui, que a legitimao ad processum diz respeito estritamente pessoa da parte, sua capacidade de agir "em todo e qualquer processo"; ao passo que a legitimao ad causam decorre de uma vinculao entre a parte e o objeto da causa, isto , entre

a parte e a prestao jurisdicional pretendida "naquele processo". O menor impbere, locador de imvel, tem legitimatio ad causam para propor ao de despejo contra seu inquilino; mas, por si s, inteiramente carente de legitimatio ad processum. O cidado maior e capaz goza de plena legitimatio ad processum mas no dispe de legitimatio ad causam para, v. g., propor ao de reivindicao de imvel do qual no proprietrio{26}. A legitimao ad processum um pressuposto processual, ou seja, um requisito de validade do processo; a legitimao ad causam condio de exerccio regular da ao{27}. Comumente, como vimos, a legitimao para a causa pertence aos titulares, no plo ativo e no plo passivo, da pretenso de direito material deduzida em juzo - so os casos de legitimao ad causam ordinria. Excepcionalmente, pela substituio processual, ad 25. Segundo Waldemar Mariz de Oliveira Jnior, "direito de agir s pode ser exercido pelo titular do interesse subordinante e contra o titular do interesse subordinado" (Teoria geral do processo, Revista dos Tribunais, p. 75). No magistrio de Moacyr Amaral Santos, "so legitimados para agir ativa e passivamente os titulares dos interesses em conflito; legitimao ativa ter o titular do interesse afirmado na pretenso, passiva ter o titular do interesse que se ope ao afirmado na pretenso" (Primeiras linhas, cit., 7. ed., v. 1. n. 129). 26. A reivindicao a ao real que compete ao senhor da coisa para retom-la do poder de terceiro que injustamente a detm (Lafayette, Direito das cousas, 82). 27. Cf. Donaldo Armelin, Legitimidade para agir no direito processual civil brasileiro, Revista dos Tribunais, 1979, n. 99. (p. 30) mite-se a legitimao ad causam extraordinria quando algum por lei legitimado a agir em nome prprio, mas na defesa de direito alheio. No esquecer, por fim, os casos em que a legitimidade ad causam pertence no a uma pessoa, mas necessariamente a duas ou mais pessoas, quer como autores, quer como rus. So os casos de litisconsrcio necessrio, ativo e passivo, casos em que o juiz no poder decidir do mrito enquanto no integrado o litisconsrcio (Jos Frederico Marques, Manual de direito processual civil, Saraiva, v. 1, n. 138). (p. 31) (p. 32, em branco) Captulo VII - DA SUBSTITUIO PROCESSUAL 15. Noes gerais A parte, como j exposto, postula "em nome prprio" e em defesa do "seu prprio direito". Na petio inicial, deduzida (geralmente) uma relao de direito material, e formulada a correspondente pretenso contra o ru

(ou perante o ru). A relao de direito material apresenta-se no processo como uma afirmativa do autor. Se existe, ou no, dir a sentena. A esta relao - ainda hipottica - so atribudos titulares. Somente estes titulares esto legitimados para sustentar em juzo as pretenses decorrentes da relao material "afirmada", somente eles gozam de legitimatio ad causam. A ajuza ao contra B, afirmando a existncia de um determinado mtuo, em que ele, A, o mutuante, e B o muturio, pretendendo o pagamento da quantia emprestada. Apenas A legitimado para sustentar tal pretenso. O irmo deA, o amigo deA, o scio deA no podem ser autores nessa demanda. Seriam "carecedores de ao", se pretendessem pleitear em nome prprio um direito alheio. Dispe expressamente a lei processual: "Ningum poder pleitear, em nome prprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei" (CPC, art. 6). Salvo quando autorizado por lei. Estes so os casos excepcionais de legitimao extraordinria, quando algum pode sustentar em juzo, como parte, um direito cuja titularidade o autor afirma pertencer a outrem. Chiovenda denominou tal situao de substituio processual. Normalmente, escreveu o mestre italiano, as posies de parte so assumidas pela "prpria pessoa que se afirma titular da relao deduzida (p. 33) em juzo. Mas excepcionalmente assume-as pessoa que no se afirma e apresenta como titular da relao substancial em litgio" (Instituies, cit., v. 2, n. 223). Somente pode ser substituto processual aquele a quem a lei expressamente atribuir tal legitimao extraordinria, geralmente decorrente de alguma vinculao entre o substituto e substitudo. A sentena, proferida na demanda, faz coisa julgada tambm perante o substitudo, pois, como dilucida mestre Chiovenda, seria absurdo que a lei conferisse a algum autorizao para defender em juzo direitos alheios e, ao mesmo tempo, no conferisse a tal atividade uma plena eficcia relativamente aos direitos assim deduzidos (Instituies, cit., v. 2, n. 223). 16. Casos de substituio processual Tem sido ampliado, recentemente, o elenco de casos de substituio processual. O Cdigo de Processo Civil dispe que a alienao da coisa ou do direito litigioso, a ttulo particular e por ato entre vivos, no altera a legitimidade das partes. Digamos que A e B disputam a propriedade de determinada coisa, e B, o ru, que est na respectiva posse, vende o bem litigioso para C, e lhe transfere o domnio{28}. O ru B, embora tendo alienado a coisa, mantm-se no processo como parte legtima, no obstante j agora defendendo, em nome prprio, um direito que passou a ser alheio (CPC, art. 42, caput). Chiovenda, enumerando os casos de substituio processual, alinhou aquele em que, "no curso da lide, se verifique uma sucesso a ttulo singular sobre o objeto litigioso. Pode a lide prosseguir entre

as partes originrias, posto que uma delas no seja mais o sujeito da relao substancial" (Instituies, cit., v. 2, n. 224). 28. vlido, em tese, o contrato de alienao de bem litigioso, sujeito naturalmente o adquirente aos riscos de o alienante perder a demanda e ser reputado como no sendo o titular da coisa ou do direito transferidos. V, por exemplo, Sebastio de Souza, Da compra e venda. Konfino, 1946, n. 111-2; Carvalho de Mendona, Tratado de direito comercial, v. 6, pt. 2, n. 615. A respeito do tema, a modelar monografia de Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, "Alienao da Coisa Litigiosa", Forense, 1984, p. 15 e passim. (p. 34) Os autores apontam o caso do marido, na defesa de direitos alusivos a bens dotais da mulher (CC, art. 289, III); do Ministrio Pblico, para mover a ao de reparao do dano ex delicto, quando a vtima for pessoa pobre (CPP, art. 68); do cidado, que prope a ao popular, tutelando em nome prprio os interesses da coletividade (CF, art. 5, LXXIII); da associao constituda para defesa de interesses comunitrios, nos casos da ao civil pblica (Lei n. 7.347, de 24-7-1985, art. 5); do gestor de negcios, atuante em juzo na defesa dos interesses do gerido (CC, art. 1.331); do credor exeqente que penhora crdito de seu devedor contra terceiro e, sub-rogando-se assim nos direitos e pretenses do seu devedor, vem a substitu-lo na cobrana em andamento etc. (Frederico Marques, Lopes da Costa, Moacyr Amaral Santos, Amilcar de Castro, Humberto Theodoro Jnior). Era antigamente objeto de controvrsia a possibilidade de as associaes de classe (v. g., a Associao dos Magistrados Brasileiros, a Associao dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre etc.), ou as autarquias de representao profissional (como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Federal de Medicina, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o Conselho Federal de Corretores de Imveis etc.), apresentarem-se em juzo como substitutos processuais, isto , pleiteando em nome prprio no em defesa dos direitos da prpria entidade de classe como tal, mas em defesa de direitos pertinentes a alguns ou coletividade de seus associados. Salvo expressa previso legal, a opinio dominante manifestava-se pela negativa dessa possibilidade{29}. Na atualidade, a Constituio Federal de 1988 (art. 5, XXI) dispe que "as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tm legitimidade para representar seus filiados judicial ou 29. O anterior Estatuto da OAB - Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963, em seu art. 1, pargrafo nico,j atribua Ordem "representar, em juzo e fora dele, os interesses gerais da classe dos advogados e os individuais, relacionados com o exerccio da profisso". Ac. do STF, do MS 20.170, reconheceu OAB legitimidade para requerer mandado de segurana contra ato administrativo que considere lesivo coletividade dos advogados. O vigente Estatuto da Advocacia - Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994, prev competncia ao Conselho Federal da OAB para "representar, em juzo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados" (art. 54, II).

Os sindicatos, na Justia do Trabalho, ajuzam os dissdios coletivos representando os interesses gerais da respectiva categoria profissional e podem, (p. 35) extrajudicialmente". Assim tambm quanto ao mandado de segurana coletivo (art. 5, LXX, b). A Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, prev a substituio processual para a defesa dos interesses "dos consumidores e das vtimas" (arts. 81, pargrafo nico, e 82), com legitimao ativa concorrente do Ministrio Pblico, entidades de direito pblico, entidades e rgos da administrao pblica e associaes privadas. 17. Da ao civil pblica Em edies iniciais desta obra frisamos que seria altamente conveniente a utilizao do instituto da substituio processual na defesa dos chamados "interesses difusos" tais como o interesse defesa do meio ambiente, defesa do consumidor, o interesse a uma melhor "qualidade de vida", a um adequado desenvolvimento urbanstico etc. -, que no encontravam, no ento vigente sistema de tutela jurisdicional, meios eficazes de defesa, j que esse sistema estava voltado prevalentemente para a proteo dos direitos subjetivos, individuais{30}. A Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, relativa poltica do meio ambiente, ressentia-se de meios idneos de atuao na vida jurisdicional. ainda, "substituir" o empregado na "ao de cumprimento" da sentena proferida no dissdio coletivo (Coqueijo Costa, Direito judicirio do trabalho, Forense, ns. 69, 77, 89 e passim). 30. A respeito indicamos, ento, o estudo de Ada Pellegrini Grinover, A tutela jurisdicional dos interesses difusos, em que o assunto era apreciado sob diversos aspectos, propondo-se, ao final e entre outras medidas, a instituio de rgos pblicos especializados com legitimidade processual para a defesa de tais interesses, bem como a atribuio s associaes de "legitimidade para agir em defesa dos interesses de seus associados e das classes, grupos e categorias que representam, sejam os referidos interesses de natureza econmica ou no"; prope, mais, "a legitimao da pessoa fsica, independentemente do prejuzo diretamente sofrido, para agir em defesa de interesses difusos, desde que pertena ao grupo interessado e observada a instituio dos indispensveis mecanismos de controle". Recomendou-se tambm a leitura do estudo de Jos Carlos Barbosa Moreira, sob o ttulo "A ao popular do direito brasileiro como instrumento de tutela jurisdicional dos chamados interesses difusos", estudo este constante de seu livro Temas de direito processual (Saraiva, 1977, p. 110 e s.), e de outro trabalho do mesmo autor, "A proteo jurdica dos interesses coletivos", Revista Brasileira de Direito Processual, 24:13. (p. 36) A matria recebeu soluo excelente atravs da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, que "disciplina a ao civil pblica de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico, e d outras providncias" (DOU, 25 jul. 1985). Resultou a lei do persistente esforo de notveis processualistas brasileiros, tendo como ponto mais prximo de partida anteprojeto apresentado por grupo de estudos organizado pela Associao Paulista

de Magistrados (Ada Pellegrini Grinover, Cndido Rangel Dinamarco, Kazuo Watanabe e Waldemar Mariz de Oliveira Jnior), e aprovado no Congresso Nacional de Direito Processual Civil realizado em Porto Alegre, em julho de 1983 (a respeito, cf. Ada Pellegrini Grinover, "Novas tendncias na tutela jurisdicional dos interesses difusos", Ajuris, v. 31,jul. 1984). Essa lei, complementada pelos arts. 110 e s. da Lei n. 8.078 de 11 de setembro de 1990 - Cdigo de Defesa do Consumidor -, prev no s a ao civil de natureza condenatria em dinheiro ou ao cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, como igualmente a ao cautelar e a possibilidade de medidas liminares. Na defesa dos j referidos interesses coletivos, podero agir, em substituio processual: 1) o Ministrio Pblico, com a possibilidade de prvia instaurao, sob sua presidncia, de inqurito civil, com poderes amplos e inquisitoriais na averiguao dos fatos que possam embasar a demanda; 2) a Unio, os Estados e Municpios; 3) as autarquias, empresas pblicas, fundaes e sociedades de economia mista; 4) as associaes que renam as seguintes condies: a) estejam constitudas h pelo menos um ano, nos termos da lei civil; este requisito pode ser dispensado, nos casos do 4 do art. 5 da Lei n. 7.347, pargrafo este acrescentado pela Lei n. 8.078, art. 113; b) incluam, entre suas finalidades institucionais, a proteo ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimnio artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. No intervindo no processo como parte autora, o Ministrio Pblico atuar obrigatoriamente como fiscal da lei. (p. 37) As associaes legitimadas, bem como ao Poder Pblico, dado habilitar-se "como litisconsortes de qualquer das partes" (lei citada, art. 5, 2). previsto ainda que o Ministrio Pblico, ou outro legitimado, assumir a titularidade ativa da ao civil, em caso de desistncia ou abandono da demanda por associao legitimada (art. 5, 3). Cumpre acrescentar que, para a atuao em juzo, "aplicam-se defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabvel, os dispositivos do Ttulo III da Lei que instituiu o Cdigo de Defesa do Consumidor" (Lei n. 7.347/85, art. 21, acrescentado pelo art. 117 da Lei n. 8.078/90). Finalmente, anota-se que pela Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, foi criada ao civil pblica destinada proteo de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficincia, sob as normas processuais dos arts. 3 a 7 e aplicao supletiva das regras da Lei n. 7.347/85. 18. Substituio processual, representao e presentao A substituio processual mostra-se inconfundvel com a representao. O substituto processual parte, age em juzo em nome prprio,

defende em nome prprio o interesse do substitudo. J o representante defende "em nome alheio o interesse alheio". Nos casos de representao, parte em juzo o representado, no o representante. Assim, o pai ou o tutor representa em juzo o filho ou o tutelado, mas parte na ao o representado. Dir a petio: "Fulano de Tal, menor impbere, como autor, representado por seu progenitor Beltrano, prope...". Tambm inconfundveis substituio processual e presentao. O rgo mediante o qual a pessoa jurdica se faz presente e expressa sua vontade no substituto processual e nem representante legal: "A pessoa jurdica no incapaz. O poder de presentao, que ela tem, provm da capacidade mesma da pessoa jurdica; por isso mesmo, "dentro" e "segundo" o que se determinou no ato constitutivo, ou nas deliberaes posteriores (...). A presentao extrajudicial e judicial (art. 17); processualmente, a pessoa jurdica no incapaz. Nem no , materialmente... (...) ... O que a vida nos apresenta exatamente a atividade das pessoas jurdicas atravs de seus rgos: os atos so seus, praticados por pessoas fsicas" (Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, t. 1, 97, n. 1). (p. 38) Captulo VIII - DA PARTE VENCEDORA 19. Parte, parte legtima e parte vencedora Parte, simplesmente, quem figura no plo ativo ou no plo passivo da relao jurdica processual; parte legtima para o processo quem figura no plo ativo ou no plo passivo com plena capacidade de agir, quer capacidade prpria, quer capacidade suprida mediante a representao, a assistncia ou a autorizao de outrem;parte legtima para a causa quem figura na relao processual como titular, em tese, da relao de direito material nela deduzida, ou, vistas as coisas sob outro ngulo, como titular dos interesses em lide, ou, ainda, como substituto processual. Ausente a legitimao ad processum, o processo ser nulo por falta de um pressuposto processual, cabendo ao juiz decretar a extino do processo sem julgamento de mrito (CPC, art. 267, IV). Ausente a legitimao ad causam, o processo ser vlido, porm a falta de uma "condio da ao" (rectius, "condio de viabilidade da ao") ir impor ao juiz a declarao de "carncia de ao", tambm com extino do processo sem julgamento de mrito (art. 267, VI). Mas quando integrados os pressupostos processuais, e correndo a demanda entre partes legtimas ad processum e ad causam, impende ao magistrado apreciar o conflito de interesses e julgarproceden te, no todo ou em parte, ou improcedente a ao, ou melhor, procedente ou improcedente o pedido formulado pelo demandante. Ocorre, ento, a extino do processo com julgamento de mrito, ou seja, mediante sentena que ir conceder ao autor, no todo ou em parte, ou denegar-lhe, o bem da vida objeto (mediato) do pedido. Deferido ao autor o bem da vida, o demandante ter sido parte legtima e, igualmente, parte vencedora; e o ru parte legtima mas

parte vencida. (p. 39) Denegado ao autor o bem da vida objeto (mediato) do pedido, foi ele parte legtima e vencida, e o ru ter sido parte legtima e vencedora. Se o bem da vida resultou atribudo ao autor apenas parcialmente (pediu 100, e lhe foi reconhecido direito a apenas 60), o caso de sucumbncia recproca, e ambos os litigantes so em parte vencedores e em parte sucumbentes{31}. O "julgamento de mrito", como ser mais bem explicitado em outra oportunidade, ocorre no apenas nos casos em que o Juiz acolhe ou rejeita o pedido do autor (art. 269, I e IV), como tambm nos casos de "autocomposio da lide", quer pela transao entre as partes (hiptese mais comum), quer nas hipteses em que o autor renuncia pretenso formulada na inicial, ou em que o ru reconhece a procedncia de tal pretenso (art. 269, II, III e V). 31. A sucumbncia recproca implica a incidncia da regra do art. 21 do Cdigo de Processo Civil: "Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, sero recproca e proporcionalmente distribudos e compensados entre eles os honorrios e despesas". (p. 40) Captulo IX - DA SUCESSO DAS PARTES 20. Da sucesso (ou substituio) das partes no curso do processo Debaixo do nomen juris de "substituio das partes", o Cdigo de Processo Civil realmente tratou, nos arts. 41 a 43, do fenmeno da sucesso das partes: o litigante Tcio retira-se do processo, e em seu lugar ingressa Caio na relao jurdica processual, como autor ou como ru. A expresso "substituio das partes" imprpria, inclusive por dar azo a confuses com o instituto da "substituio processual". O Cdigo , em princpio, infenso sucesso voluntria das partes, somente permitida "nos casos expressos em lei" (art. 41). Arruda Alvim salienta que a proibio "tem por objetivo garantir a estabilidade do processo" (Cdigo de Processo Civil comentado, cit., v. 2, p. 292), sendo um dos efeitos da litispendncia{32}. A garantia da estabilidade do processo abrange, nos termos do art. 264 do Cdigo de Processo Civil, tambm a proibio de mudana do pedido formulado pelo autor, ou de mudana da causa de pedir{33 e 34}, "mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituies 32. Litispendncia - fluncia da causa em juzo, aps integrada, com a citao vlida, a relao jurdica processual. A citao "induz", ou melhor, "produz" a litispendncia (CPC, art. 219). 33. A modificao do pedido ou da causa de pedir excepcionalmente permitida se o ru o consentir, e se for postulada antes do saneamento do processo. Aps o saneamento, petitum e causa petendi permanecem imutveis (CPC, art. 264 e pargrafo nico). 34. Antes da citao, todavia, o autor poder aditar o pedido - CPC, art. 294, redao dada pela Lei n. 8.718, de 14-10-1993. (p. 41)

permitidas por lei". Abrange tambm a perpetuatio fori, pela definitividade do juzo competente (art. 87). A citao vlida torna litigioso o bem da vida objeto do pedido ("faz litigiosa a coisa", ut art. 219). Mas a litigiosidade no campo do direito processual no tem por conseqncia tornar-se, no campo do direito material, indisponvel o bem. Pode, assim, perfeitamente ocorrer a alienao da coisa litigiosa, ou a transferncia de sua posse, ou a cesso do direito litigioso, em contrato perfeitamente vlido e perfeitamente eficaz entre os contratantes. 21. Da alienao do bem litigioso{35} A alienao ou cesso do bem litigioso, no entanto, no produz o efeito de alterar a legitimidade das partes. Assim, se o ru B, demandado em ao reivindicatria, ou reintegratria de posse, vende a coisa a C, ou a este transfere a respectiva posse, todavia B continua com legitimidade passiva ad causam. Cumpre ressaltar, aqui, ocorrncia interessante: at o momento da alienao, o ru B detinha uma legitimao ordinria para a causa, pois defendia "em nome prprio" um "direito prprio"; aps a alienao, sua legitimao tornou-se extraordinria, pois passou a defender em nome prprio um "direito alheio" - tomou-se, pois, substituto processual, tal como j exposto em captulo anterior{36}. Se, no entanto, o adquirente (ou o cessionrio) pretender substituir o alienante (ou o cedente), poder faz-lo desde que a parte contrria consinta na substituio. Na hiptese citada, C iria requerer seu ingresso no processo, em lugar de B, apresentando o documento de aquisio do bem litigioso; com a anuncia do autor A, o juiz ir deferir o requerimento. Mas preferindo o autor continuar a litigar com B, o requerimento de sucesso ser indeferido; nesta hiptese, o adquirente ou o cessionrio tm resguardada apenas a possibilidade 35. A respeito do tema, a completa monografia de Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, Alienao da coisa litigiosa, Forense, 1984. 36. A alienao no prejudica a eficcia da sentena, que ser cumprida como se o bem, ou o direito litigioso, continuasse a ser do alienante. Assim o art. 42, 3: "A sentena, proferida entre as partes originrias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionario". (p. 42) de intervir como assistente (litisconsorcial) do alienante ou cedente (art. 42, 2){37}. At agora tratamos da alienao da coisa, ou do direito litigioso, "por ato entre vivos, a ttulo particular"{38}. No caso de falecimento da parte, dar-se- a suspenso do processo (art. 265, I), processandose a sucesso do falecido pelo seu esplio (representado pelo inventariante, salvo se dativo - art. 12, 1), ou pelos seus sucessores, estes aps a habilitao procedida nos termos dos arts. 1.055 e s. do diploma processual. 37. Mas se falecer o alienante ou o cedente, ao cessionrio ou ao adquirente assiste o direito de "prosseguir na causa" (CPC, art. 1.061) como parte.

38. Se a alienao for a ttulo universal, como quando uma empresa comercial incorporada, com seu ativo e passivo, por outra empresa, o adquirente - a empresa incorporadora - sucede naturalmente incorporada, independente de anuncia da parte contrria, nas demandas em que a incorporada era parte. (p. 43) (p. 44, em branco) Captulo X - DA CAPACIDADE POSTULACIONAL 22. Da representao por advogado Para a atuao em juzo no so suficientes a plena legitimao para o processo e a legitimao para a causa. Tendo em vista motivos que em tempo oportuno apreciaremos, a lei exige ainda a representao da parte, em juzo, por "advogado legalmente habilitado" (CPC, art. 36), ou seja, regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (v. Lei n. 8.906, de 4-7-1994, Estatuto da Advocacia). Consoante a Constituio Federal de 1988, art. 133, "o advogado indispensvel administrao da justia". Excepcionalmente, a lei ordinria admite que a parte postule "em causa prpria" em duas hipteses: a) quando tiver habilitao legal (isto , quando a prpria parte for advogado regularmente inscrito na OAB); e b) mesmo sem habilitao legal, a parte poder postular "em causa prpria" se na comarca no houver advogado presente, ou quando os advogados existentes na comarca recusarem o patrocnio da causa, ou estiverem impedidos (CPC, art. 36). Nas demandas perante os Juizados Especiais, a representao por advogado apresenta-se facultativa nas causas de valor at vinte salrios mnimos, ressalvada a hiptese da interposio de recurso (Lei federal n. 9.099, de 26-9-1995, arts. 9 e 41, 2). Embora a polmica surgida em decorrncia dos termos da Lei n. 8.906/94, parece-nos que a "facultatividade" mantm-se, tendo em vista a necessidade de garantir plena e eficaz atuao dos Juizados Especiais, previstos no art. 98 da vigente Constituio Federal. No alusivo apresentao de procurao, a orientao prevalecente no sentido de que "no apresentando procurao o subscritor dos embargos, e no usando da faculdade prevista no art. 37 do CPC, (p. 45) dever o juiz marcar prazo razovel para que seja a falta suprida" (STJ, REsp 5.392, rel. para o ac. o Min. Eduardo Ribeiro). No mesmo sentido o REsp 6.445, Rel. Min. Nilson Naves, RSTJ, 26:435. Todavia, a teor da Smula 115/STJ, "na instncia especial inexistente recurso interposto por advogado sem procurao nos autos" (DJU, 7 nov. 1994). (p. 46) PARTE II - DA INTERVENO DE TERCEIROS (p. 47) (p. 48, em branco)

Captulo XI - CONCEITO DE TERCEIRO 23. Terceiro e sua interveno no processo pendente Impe-se, de incio, fixar o conceito de terceiro. No plano do direito material, se examinarmos, v. g., um contrato de compra e Venda, terceiro ser todo aquele que no for nem o comprador, nem o vendedor, nem interveniente no mesmo negcio jurdico. No plano do direito processual, o conceito de terceiro ter igualmente de ser encontrado por negao. Suposta uma relao jurdica processual pendente entre A, como autor, e B, como ru, apresentamse como terceiros C, D, E etc., ou seja, todos os que no forem partes (nem coadjuvantes de parte) no processo pendente{39}. Pela interveno, o terceiro torna-se parte (ou coadjuvante da parte) no processo pendente. A interveno, como ensinou Adolf Wach (1885), deve sua existncia " necessidade de diminuir o nmero de processos e evitar resultados contraditrios", embora com freqncia seja causa de incidentes processuais os mais diversos{39-A}. 39. Giovanni Nencioni (L'intervento volontario litisconsorziale nel processo civile) refere que "unica la definizione di terzo, ed negativa: terzo di un giudizio colui che non parte". Assim tambm Sergio Costa: "Il concetto di terzo pu esser determinato solo per escLusione: terzo chi non parte" (L'intervento in causa, Torino, 1953). V. Gomes da Cruz, Pluralidade de partes e interveno de terceiros, Revista dos Tribunais, 1991, p. 27. 39-A. Como observa Sergio Bermudes, "os conflitos sociais no se exaurem na divergncia entre os titulares da pretenso e da resistncia, que se confrontam. Acabam, de algum modo, enredando terceiras pessoas que, no sendo (p. 49) Evidentemente, a interveno de terceiros somente deve ser aceita sob determinados pressupostos; um deles, ocorrente em todos os casos de interveno, o de que o terceiro deve ser juridicamente interessado no processo pendente{40}. Conforme Alvarado Velloso, "la intervencin de terceros tiene lugar cuando en forma voluntaria, provocada o necesaria un tercero interesado se incorpora a un proceso pendiente con e