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EB 2,3/S de Mondim de Basto ANO LETIVO 2014/2015 Ficha de avaliação Português – 9º ano Fev 2015 GRUPO I 5 10 15 20 25 Vésperas de partida Foi uma das coisas que descobri recentemente sobre Fernão de Magalhães – que para muitos historiadores ele é o maior navegador de todos os tempos. Descobri outras, quase sempre surpreendentes. Quando, em 1989, a NASA 1 enviou uma sonda a explorar o planeta Vénus, penetrando efetivamente na sua atmosfera, batizou-a em honra desse maior navegador de todos os tempos: a sonda Magellan. Também descobri que uma das crateras da Lua se chama Magalhães. E que aquelas duas galáxias que atravessam a noite do hemisfério sul – das poucas, aliás, que o ser humano consegue avistar a olho nu – se chamam Nuvens de Magalhães. Outras coisas já eu tinha descoberto há mais tempo. Por exemplo, que o Pacífico se chama assim porque, quando a Armada das Molucas – era este o nome da expedição de Magalhães – atravessou o maior oceano da Terra, teve a sorte de não apanhar nenhuma das suas tempestades descomunais. E, assim, o capitán-general achou lógico batizar o «mar do sul», avistado poucos anos antes por Núñez de Balboa, com um topónimo 2 tão equívoco. Sabia também que Magalhães era responsável pelo nome desse mítico lugar, que é o fim do continente americano. Quando desembarcou em Puerto San Julián, avistou na areia pegadas de humanos que lhe pareciam excessivamente grandes para a média europeia. E em vez da habitual e pouco fantasiosa solução toponímica de atribuir o nome do santo correspondente ao dia da «descoberta» – o Novo Mundo abunda em baías de Santa Helena, aguadas de São Brás, cidades de São Francisco, cabos de Santa Maria, para não falar das províncias do Natal e das ilhas da Páscoa –, neste caso, a terra dos patagões passou a chamar-se Patagónia. […] Nos últimos tempos tenho andado particularmente obcecado com esta personagem. Por motivos profissionais, claro; mas como geralmente me acontece, a profissão e a vida misturam-se sem grandes distinções. Durante os últimos meses andei a ler, a pesquisar, a tentar compreender melhor a época e o mundo de Magalhães. E nos próximos meses irei pelo meu mundo, com as ferramentas da minha época, a viajar e a escrever sobre Magalhães. Com o peso de tanta Geografia e tanta História a carregar pela minha viagem fora, como vou conseguir fazer uma viagem e escrever um livro à altura de tudo isto? É com uma pontinha de preocupação que ponho uma vez mais a mochila às costas, saio de casa, deixo a cidade. Em que me meto desta vez? Sorrio: afinal, a mesma pergunta, as mesmas dúvidas, essa mesma pontinha de preocupação de todas as outras vezes, de todas as outras viagens. Por enquanto preocupo-me apenas com a mesma coisa de sempre: em vencer a inércia 3 e dar o primeiro passo. Gonçalo Cadilhe, Nos Passos de Magalhães, 4.ª ed., Alfragide, Oficina do Livro, 2010 (texto adaptado) 1 NASA – organismo do governo dos Estados Unidos da América que tem a seu cargo a exploração espacial civil. 2 topónimo – nome próprio de um lugar.

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Page 1: Teste 9º Ano Fev 2015

EB 2,3/S de Mondim de BastoANO LETIVO 2014/2015

Ficha de avaliação Português – 9º ano Fev 2015

GRUPO I

5

10

15

20

25

Vésperas de partida

Foi uma das coisas que descobri recentemente sobre Fernão de Magalhães – que para muitos historiadores ele é o maior navegador de todos os tempos. Descobri outras, quase sempre surpreendentes. Quando, em 1989, a NASA 1 enviou uma sonda a explorar o planeta Vénus, penetrando efetivamente na sua atmosfera, batizou-a em honra desse maior navegador de todos os tempos: a sonda Magellan. Também descobri que uma das crateras da Lua se chama Magalhães. E que aquelas duas galáxias que atravessam a noite do hemisfério sul – das poucas, aliás, que o ser humano consegue avistar a olho nu – se chamam Nuvens de Magalhães. Outras coisas já eu tinha descoberto há mais tempo. Por exemplo, que o Pacífico se chama assim porque, quando a Armada das Molucas – era este o nome da expedição de Magalhães – atravessou o maior oceano da Terra, teve a sorte de não apanhar nenhuma das suas tempestades descomunais. E, assim, o capitán-general achou lógico batizar o «mar do sul», avistado poucos anos antes por Núñez de Balboa, com um topónimo2 tão equívoco. Sabia também que Magalhães era responsável pelo nome desse mítico lugar, que é o fim do continente americano. Quando desembarcou em Puerto San Julián, avistou na areia pegadas de humanos que lhe pareciam excessivamente grandes para a média europeia. E em vez da habitual e pouco fantasiosa solução toponímica de atribuir o nome do santo correspondente ao dia da «descoberta» – o Novo Mundo abunda em baías de Santa Helena, aguadas de São Brás, cidades de São Francisco, cabos de Santa Maria, para não falar das províncias do Natal e das ilhas da Páscoa –, neste caso, a terra dos patagões passou a chamar-se Patagónia. […] Nos últimos tempos tenho andado particularmente obcecado com esta personagem. Por motivos profissionais, claro; mas como geralmente me acontece, a profissão e a vida misturam-se sem grandes distinções. Durante os últimos meses andei a ler, a pesquisar, a tentar compreender melhor a época e o mundo de Magalhães. E nos próximos meses irei pelo meu mundo, com as ferramentas da minha época, a viajar e a escrever sobre Magalhães. Com o peso de tanta Geografia e tanta História a carregar pela minha viagem fora, como vou conseguir fazer uma viagem e escrever um livro à altura de tudo isto? É com uma pontinha de preocupação que ponho uma vez mais a mochila às costas, saio de casa, deixo a cidade. Em que me meto desta vez? Sorrio: afinal, a mesma pergunta, as mesmas dúvidas, essa mesma pontinha de preocupação de todas as outras vezes, de todas as outras viagens. Por enquanto preocupo-me apenas com a mesma coisa de sempre: em vencer a inércia3 e dar o primeiro passo.

Gonçalo Cadilhe, Nos Passos de Magalhães, 4.ª ed., Alfragide, Oficina do Livro, 2010 (texto adaptado)

1 NASA – organismo do governo dos Estados Unidos da América que tem a seu cargo a exploração espacial civil. 2 topónimo – nome próprio de um lugar. 3 inércia – falta de atividade, de ação ou de iniciativa.

1. Seleciona a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. As expressões «ele» (linha 1), «o capitán-general» (linha 12) e «lhe» (linha 15) referem-se (A) uma a Fernão de Magalhães e duas a Núñez de Balboa. (B) a Núñez de Balboa. (C) a Fernão de Magalhães. (D) uma a Núñez de Balboa e duas a Fernão de Magalhães.

1.2. Nas linhas 8-9, o travessão é usado para (A) introduzir discurso direto. (B) adicionar informação complementar. (C) destacar vários exemplos. (D) assinalar um corte no discurso direto.

1.3. Da leitura do segundo parágrafo (linhas 10 a 13), pode afirmar-se que(A) a Armada das Molucas era capitaneada por Núñez de Balboa. (B) Fernão de Magalhães foi o primeiro navegador a avistar o «maior oceano da Terra, o Pacífico».

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(C) Núñez de Balboa foi o responsável pela designação «Pacífico». (D) o Pacífico recebeu de Magalhães uma designação inadequada às suas características.

1.4. Com base nas informações do terceiro parágrafo (linhas 14 a 19), pode concluir-se que (A) a atribuição de nomes de santos era uma forma criativa e frequente de batizar lugares no Novo Mundo. (B) Puerto San Julián é o nome de um lugar localizado na Patagónia. (C) Patagónia é um topónimo anterior à chegada de Fernão de Magalhães. (D) o nome da região situada no fim do continente americano foi inspirado pelo santo do dia da sua descoberta. 1.5. A «pontinha de preocupação» (linha 27) que o autor confessa ter deve-se ao facto de (A) sentir incerteza quanto à capacidade de concretizar o seu projeto. (B) viajar pela primeira vez para muito longe de casa e da sua cidade. (C) considerar que esteve muito tempo sem fazer qualquer viagem. (D) ser sempre vencido pelo cansaço quando dá o primeiro passo.

GRUPO II

Lê as estâncias 40 a 44 de Os Lusíadas, de Luís de Camões, e o vocabulário e notas apresentados.

5

Tão grande era de membros, que bem possoCertificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso1,Que um dos sete milagres2 foi do mundo.

Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

E disse: “Ó gente ousada, mais que quantas

No mundo cometeram grandes cousas,Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,

E por trabalhos vãos nunca repousas,Pois os vedados términos quebrantas3

E navegar meus longos4 mares ousas,Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,

Nunca arados de estranho ou próprio lenho5:

Pois vens ver os segredos escondidosDa natureza e do húmido elemento6,

A nenhum grande humano concedidosDe nobre ou de imortal merecimento,

Ouve os danos de mi que apercebidosEstão a teu sobejo atrevimento7,

Por todo o largo mar e pola terraQue inda hás de sojugar com dura guerra.

1. um segundo Colosso de Rodes. Entre as chamadas sete maravilhas do mundo antigo, incluía-se o Colosso de Rodes, enorme estátua erguida à entrada do porto de Rodes, ilha do mar Egeu.

2. maravilhas.

3. ultrapassas os limites proibidos.4. remotos.

5. nunca antes navegados por quaisquer embarcações.

6. o mar.

7. ouve os prejuízos que tenho preparados para a tua temerária aventura.

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Aqui espero tomar, se não me engano,

De quem me descobriu10 suma vingança.E não se acabará só nisto o dano

De vossa pertinace confiança:Antes, em vossas naus vereis, cada ano,

Se é verdade o que meu juízo11 alcança,Naufrágios, perdições de toda sorte,

Que o menor mal de todos seja a morte![”]

40

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go,

Que seja mor o dano que o perigo!

30

Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de Emanuel Paulo Ramos, 9.ª ed., Porto Editora, 2011

8. a passagem do cabo da Boa Esperança. 9. indomadas. 10. Bartolomeu Dias. 11. pensamento.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

Page 8: Teste 9º Ano Fev 2015

1. Localiza estas estâncias na obra e indica o nome deste episódio.

2. Indica como reagiram os marinheiros ao aparecimento do gigante.

2.1. Caracteriza-o.

3. Refere duas características dos Portugueses referidas pelo gigante.

4. O gigante prevê uma série de calamidades. Aponta duas delas.

5. Identifica os recursos expressivos presentes nos seguintes versos e comenta o seu objetivo.

E disse: “Ó gente ousada, mais que quantasNo mundo cometeram grandes cousas”. (est. 41, vv. 1-2)

6. Comenta a simbologia deste episódio.

GRUPO III

1. Associa cada conjunto de palavras da coluna A a uma única palavra da coluna B, de modo a relacionares o elemento que é comum às palavras de cada conjunto com a palavra cujo sentido lhe está associado. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez.

COLUNA A COLUNA B

(a) aracnofobia, claustrofobia, hidrofobia.(b) decaedro, decassílabo, decatlo. (c) hemiciclo, hemicilindro, hemisfério.(d) hipismo, hipódromo, hipopótamo. (e) palmípede, quadrúpede, velocípede.

(1) água (2) cavalo (3) dez (4) medo (5) metade (6) olho (7) pé (8) vento

2.Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no tempo e no modo indicados.

Pretérito imperfeito do indicativoAntes de partirmos, eu e os meus amigos __________ (colocar) sempre uma máquina fotográfica na mochila.

Pretérito perfeito composto do indicativoUltimamente, __________ (vir) a público muitas notícias sobre a exploração espacial.

Presente do conjuntivoInteressam-me todos os livros de viagens que __________ (conter) sugestões de rotas exóticas.

Pretérito imperfeito do conjuntivoOxalá tu __________ (poder) viajar connosco nas férias de verão.

3. Lê a frase seguinte. Pus as bagagens no porão.Reescreve a frase, substituindo a expressão sublinhada pela forma adequada do pronome pessoal.

Page 9: Teste 9º Ano Fev 2015

4. Indica a função sintática das expressões sublinhadas.a)Os marinheiros portugueses depararam com uma figura enorme.

b))Perante a visão do gigante, ficaram todos receosos.

5. Como classificas a oração sublinhada na frase «As informações apresentadas sobre Magalhães permitem concluir que se trata de um grande navegador.»? Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. (A) Oração subordinada substantiva relativa. (B) Oração subordinada adverbial final. (C) Oração subordinada substantiva completiva. (D) Oração subordinada adverbial causal.

6. Como classificas a oração sublinhada na frase «… era responsável pelo nome desse mítico lugar, que é o fim do continente americano.» (A) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. (B) Oração subordinada adverbial final. (C) Oração subordinada substantiva completiva. (D) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

Grupo IV

Expressão Escrita

Escreve um texto, entre 180 e 240 palavras, que pudesse ser publicado no jornal da tua escola, onde comentes as causas e consequências da poluição marítima e indiques o que cada um de nós pode fazer para combater este problema. Incentiva os teus colegas a participarem em ações de limpeza e prevenção.

Tem em atenção as seguintes instruções:

organiza o teu texto em três partes bem definidas: introdução, desenvolvimento e conclusão; na introdução apresenta, com clareza, o sentido do teu comentário referindo se concordas ou não concordas (no todo,

em parte…) com a posição apresentada; utiliza expressões apropriadas para expressar a tua opinião; se possível, comprova a tua opinião com exemplos;

Cotações

Grupo I - 20 pontos Grupo II - 30 pontos Grupo III - 20 pontos Grupo IV

1.1 – 1.5 – 4 pontos cada

1 - 4 pontos 1 - 5 pontos

30 pontos

2 - 5 pontos 2 - 4 pontos3 - 5 pontos 3 - 3 pontos4 - 5 pontos 4 - 2 pontos5 – 5 pontos 5 – 3 pontos6 - 6 pontos 6 - 3 pontos

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