[tese] adensamento e forma urbana - insercao de parametro ambientais no processo de projeto.pdf
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Anna Christina Miana
ADENSAMENTOEFORMAURBANA:INSERODEPARMETROSAMBIENTAIS
NOPROCESSODEPROJETO
Tese de Doutorado apresentada Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de So Paulo para a obteno do ttulo de
Doutor em Arquitetura e Urbanismo
rea de concentrao: Tecnologia da
Arquitetura
Orientadora: Prof. Dra. Marcia Peinado Alucci
Co-orientadora: Prof. Dra. Joana Carla Soares
Gonalves
So Paulo
2010
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AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE
QUE CITADA A FONTE.
E-MAIL: [email protected]
Miana, Anna Christina M618a Adensamento e forma urbana : insero de parmetros ambientais no processo de projeto / Anna Christina Miana. --So Paulo, 2010. 393 p. : il. Tese (Doutorado - rea de Concentrao: Tecnologia da Arquitetura) - FAUUSP. Orientadora: Marcia Peinado Alucci Co - Orientadora: Joana Carla Soares Gonalves
1. Morfologia urbana 2. Conforto ambiental 3. Energia 4. Sustentabilidade I.Ttulo CDU 711.41
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Dedicatria
Dedico este trabalho aos meus queridos
pais e ao meu marido com meu amor e
a minha eterna gratido. deles
tambm o mrito desta minha
conquista.
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AnnaChristinaMiana
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Agradecimentos
AgradecimentosA Deus, pela oportunidade de enfrentar mais um desafio e por no permitir que eu
estivesse sozinha nesta jornada. As pessoas que de alguma forma me ajudaram so aqui
mencionadas com toda minha gratido.
O meu profundo agradecimento as minhas queridas orientadoras e amigas Mrcia Alucci e
Joana Gonalves pela confiana depositada, pelas orientaes que me guiaram durante
toda pesquisa e por aceitarem junto comigo o desafio pela busca de como contribuir para
a produo de espaos urbanos mais sustentveis. Obrigada Marcia, pela honra de sua
orientao ao longo desses anos e por me ensinar o que vai alm da teoria. Obrigada Jo
por me introduzir ao tema da pesquisa, por todo o incentivo e por fazer mais que o
possvel para me ajudar a crescer profissionalmente.
Em especial, meu profundo agradecimento minha famlia. Meu marido, Jos Henrique e
meus pais, Jos Carlos e Maria Ceclia, pelo amor to essencial para o meu desempenho.
Tambm, pela preocupao com todas as etapas e todas as dificuldades vividas nesse
meu processo de amadurecimento profissional. Pelo interesse demonstrado para com o
tema de pesquisa e pela intensa dedicao e participao em tudo que foi possvel. Aos
meus irmos Thereza Rachel e Carlos Eduardo, e meus cunhados Marcelo, Carolina e Ana
Paula, pelo amor e apoio incondicional.
Meu carinho e agradecimento aos pesquisadores do LABAUT Laboratrio de Conforto
Ambiental e Eficincia Energtica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de So Paulo, pelo contnuo aprendizado nestes oito anos de convivncia.
Em especial aos professores Ansia Frota, Fernando Cremonesi, Roberta Kronka e Denise
Duarte pela disponibilidade em transmitir o conhecimento e a experincia adquirida. Aos
colegas, hoje grandes amigos, Rafael Brando, Alessandra Prata Shimomura, Leonardo
Monteiro e Norberto Moura, pelas discusses e fundamental ajuda durante esta pesquisa,
e por compartilharam comigo tantos momentos de incertezas e tambm de conquistas. E
as companheiras Bruna Luz, Luciana Ferreira, Erica Mitie, Paula Shinzato, Monica
Marcondes, Rita Buoro, Andrea Vosgueritchian e Carolina Leite e companheiros Jos
Ovdio, Rodrigo Cavalcanti e Alex Uzueli, pela amizade e pelo aprendizado durante o
desenvolvimento de trabalhos conjuntos. Sem vocs, com certeza, tudo seria mais difcil.
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AnnaChristinaMiana
A todos os pesquisadores que participaram junto ao LABAUT FAUUSP do exerccio de
projeto apresentado no Urban Age, pelas horas de trabalho em grupo, em busca de
parmetros, mtodos e solues fundamentais para a realizao desta pesquisa.
A supervisora desse trabalho no exterior, Ester Higueras, a quem agradeo pela
receptividade e ateno dispensada no estgio realizado no exterior, pela credibilidade
que depositou no meu potencial de pesquisadora, e pela fundamental contribuio para o
desenvolvimento deste trabalho.
Ainda no que diz respeito aos trabalhos dessa investigao no exterior, meus sinceros
agradecimentos a todos que me receberam para entrevista, por acreditarem no tema da
pesquisa e por colaborarem para o sucesso desses estudos. Os nomes desses
profissionais e as respectivas empresas s quais esses representam esto presentes na
lista. Em Madrid, Andres Ortega, da E.T.S.A da Politcnica de Madrid e do Andrs Perea
Ortega Arquitecto; Ana Iglesia, da Empresa Municipal de la vivienda , Prefeitura de
Madrid; Michael Moradiellos, do Ecossistema Urbano e Juan Arana, do Equipo Bloque
arquitectos. Em Barcelona Cyntia Echave Martinez, da Agencia de Ecologa Urbana de
Barcelona (BCN). Em Londres John Worthington e Steven Smith, do DEGW architects
and consultants; Raul Moura e Sandro Tubertini, do BDSP Partnership Consulting
Engineers, Alessandra da Fieno Cobian, Kohn Pedersen Fox Associates (KPF); Guy Battle,
do Battle McCarthy Consulting Engineers and Landscape Architects e Peter Sharratt, do
WSP. Sue Riddlestone, BioRegional, pelo envio de material para pesquisa via email.
Com respeito s entrevistas realizadas no Brasil, vale destacar a grande contribuio de
Pedro Sales, da Secretaria Municipal de Planejamento da Cidade de So Paulo (SEMPLA),
de Regina Meyer, da FAUUSP e de Candido Malta, do escritrio de Planejamento,
Urbanismo e Arquitetura URBE. Obrigada por seus depoimentos experientes na rea da
pesquisa, tambm por sua ateno e conversas que estimularam muitas reflexes sobre o
tema.
Novamente agradeo aos Professores Pedro Sales e Norberto Moura pelas crticas e
orientaes que auxiliaram o prosseguimento e finalizao desse trabalho, na ocasio do
exame de qualificao.
Sou ainda profundamente grata Liza Andrade, pelo exemplo de profissional e por me
ajudar sempre, desde a poca de graduao.
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Agradecimentos
Por me introduzir na rea do Conforto Ambiental e me orientar sempre que solicitada,
Eleonora Sad de Assis.
s amigas e tambm colegas de profisso Cintia Mara Figueiredo e Maria Tereza Diniz,
por estarem sempre presentes. Obrigada pelas palavras de fora e incentivo nos
momentos que mais precisei.
As colegas e amigas da Anab Regina Nogueira e Silvia Manfredi pela confiana e pelos
momentos que trabalhamos juntas.
Durante as etapas de trabalho no exterior, gostaria de agradecer Tereza Bruzzi, Andrea
Vosgueritchian e aos amigos da USP do programa Santander Banespa pelo apoio,
companhia e pelos bons momentos.
Aos meus padrinhos, Eduardo e Anna Lucia, por me acolherem com tanto carinho e por
serem muitas vezes meu suporte aqui em So Paulo.
minha av Elza, aos meus tios e primos que de longe acompanham os meus passos e
torcem por mim.
As secretrias da Ps Graduao, em especial a Regina, Isa, Ivani e Maria Ins e as
secretrias do Departamento de Tecnologias, Silvana e Viviane, pela dedicao e ateno
com que me auxiliaram ao longo do percurso.
Aos bibliotecrios da FAU e da FAU Maranho, em especial a Regina, Maria Jos, Estelita
e Paola pela ajuda e simpatia sempre.
Novamente, agradeo aos amigos Leo, Ale, Rafa, Eriquinha e Lu, pelo o carinho e
dedicao durante a reviso do texto da tese e pela ajuda e todo apoio, principalmente,
nessa fase final.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), por ter
financiado esta pesquisa e a Prreitoria da Ps-Graduao da Universidade de So Paulo
(PRPG/USP) e ao Santander Banespa pelo auxlio para realizao das atividades dessa
pesquisa no exterior.
Por fim, com carinho especial, agradeo ao meu filho Tiago, meu grande companheiro na
difcil fase de concluso da Tese. Novamente agradeo a ele, meus afilhados, Mariana e
Pedro e meus sobrinhos, por ser uma fonte de inspirao para a construo de cidades
melhores e mais sustentveis.
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queles que acreditaram em mim e na pesquisa e que de alguma maneira contriburam
para sua realizao, MUITO OBRIGADA!
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Resumo
ResumoA presente pesquisa parte do problema que o crescimento e o adensamento urbano so
inevitveis e que vm causando diversos danos ao meio natural e qualidade ambiental
das cidades. Diante disso, visando minimizar os impactos gerados pelo processo de
urbanizao, com base na idia de que o adensamento urbano pode ser positivo para a
construo de cidades mais sustentveis, o trabalho parte da necessidade da insero da
camada meio ambiente no processo de projeto urbano. Alm disso, todas as outras
camadas (usos, estoque construdo, redes de infraestrutura, etc) tambm devem ser
analisadas sob o enfoque ambiental. Para isso, o trabalho apresenta como objetivo geral
a elaborao de um mtodo para insero de fatores ambientais relacionados ao
adensamento e a forma urbana no processo de projeto. Esta pesquisa foi desenvolvida
em trs distintos momentos: um primeiro de fundamentao terica e construo de
conceitos; um segundo momento de anlise e avaliao de projetos urbanos
contemporneos sob os aspectos da sustentabilidade ambiental e; um terceiro momento
de sntese e proposio da incorporao de parte da camada meio ambiente no processo
de projeto urbano. Durante o desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que, de fato, os
projetos que apresentaram uma preocupao explcita com as questes ambientais, por
parte dos projetistas, obtiveram melhores resultados, na avaliao com relao
sustentabilidade urbana, como, por exemplo, os ecobairros presentes na Europa. Alm
disso, foi concludo que no existem solues nicas, cada sitio e cada projeto necessita
de medidas especficas relacionadas s suas caractersticas prprias. Da mesma maneira
que no existe um mtodo de projeto universal, j que esse definido diante dos
problemas e potencialidades apresentados. Porm so necessrias a definio e adoo
de parmetros e regras que orientem o processo de projeto que visa sustentabilidade
ambiental, atendimento s exigncias humanas e produzindo espaos urbanos de
qualidade com o mnimo impacto ao meio natural.
Palavras-chave: morfologia urbana, conforto ambiental, energia, sustentabilidade.
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Abstract
AbstractThis research is based on the assumption that urban growth and densification are
inevitable and have been causing damage to the natural environment and the
environmental quality of cities. With the objective of minimize the impacts caused by the
urbanization processes and assuming that urban densification can be positive to the
achievement of more sustainable cities, the research introduces the environmental layer
in the process of developing urban projects. Furthermore, all the other fundamental layers
(use, building stock, infrastructure, etc) should also be accessed through the
environmental perspective. In order to do that, the general objective of this work is the
definition of a method for the insertion of environmental factors related to the
densification and urban form in the design process of the built environment. This research
was carried out in three phases: the first one is about the formulation of the theoretical
background including the definition of key concepts; a second phase of analysis of
contemporary urban projects approaching environmental and sustainable aspects and; the
third phase of synthesis and proposition to include a key part of the environmental layer
in the design process of the built environment. During the development of the research, it
was verified that the case study projects which express a clear concern with
environmental issues from the designers perspective got better overall results in the
assessment of urban sustainability, such as the eco-neighborhoods in Europe. Besides, it
was concluded that there are no unique solutions, each place and project needs specific
measures related to its own features. In the same token, there is not one unique method
or universal project, once this is defined by the local problems, challenges and
potentialities. However, it is necessary the definition and adoption of design rules which
can direct the design process towards environmental sustainability, peoples expectations
and urban spaces with quality and the reduced environmental impact.
Key-words: urban form, environmental comfort, energy, sustainability
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Listas
ListadeFigurasFigura1:Consumoenergticodesagregadosetorresidencial.................................................................32Figura2:Consumoenergticodesagregadosetorresidencial.................................................................33Figura3:reacompotencialdeadensamento,RegiodaLuz,SoPaulo................................................37Figura4:reacompotencialdeadensamento,BarraFunda,SoPaulo..................................................37Figura5:Esquemailustrativodascamadasdoprojetourbanocomosenfoquesqueestasdevemser
trabalhadas...................................................................................................................................38Figura6:PlantadacidadedeGranada....................................................................................................50Figura7:CidadedeGranada..................................................................................................................50Figura8:PlantadacidadedeToledo......................................................................................................50Figura9:CidadedeToledo.....................................................................................................................50Figura10:CidadedeToledoruaestreita.................................................................................................50Figura11:CidadedeToledoruaestreita.................................................................................................50Figura12:CidadedeGranadaruaestreita..............................................................................................50Figura13:PlanodeMileto.....................................................................................................................52Figura14:PlanodeTimgad....................................................................................................................52Figura15:DesenhodavilamodelodeOwen..........................................................................................55Figura16:VilamodelodeOwen.............................................................................................................55Figura17:NewLanark,gravuradosculoXIX.........................................................................................55Figura18:OFalanstriodeCharlesFourier.............................................................................................55Figura19:CidadeLineardeSoriaeMata................................................................................................57Figura20:Diagr.deHowardPlanejamento............................................................................................63Figura21:Diagr.deHowardDistritoeCentro.........................................................................................63Figura22:Diagr.deHowardConstelaodeCidades..............................................................................63Figura23:VistaareadeLetchworth,1904............................................................................................63Figura24:Welwyn.................................................................................................................................63Figura25:Letchworth............................................................................................................................63Figura26:ProjetodeWelwyn,1920.......................................................................................................63Figura27:ImagempropostaBroadAcreCitydeFrankLloydWright.......................................................66Figura28:ImagempropostaBroadAcreCitydeFrankLloydWright.......................................................66Figura29:CidadeIndustrialdeTonyGarnier(1904)Plantaparcialdobairroresidencial.......................68Figura30:CidadeIndustrialdeTonyGarnier(1904)habitaesunifamiliares......................................68Figura31:SiedlungWesthausendeErnstMayPlanta...........................................................................69
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Figura32:Plantadadivisodobosqueparaojardimprivado.Figura33:corteFigura34:imagemdasfachadas........................................................................................................................................69
Figura35:DesenhodeLeCorbusierparaasCidadesTorresPlanta.......................................................76Figura36:DesenhodeLeCorbusierparaasCidadesTorresPerspectiva...............................................76Figura37:LaVilleRadieuse:plantadeimplantaocomasfaixasdezoneamento.................................76Figura38:ImagensCidadeContemporneade3milhesdehabitantes.................................................76Figura39:FotoArizona,modelodifuso..................................................................................................80Figura40:FotoHongKong,cidadecompacta.........................................................................................80Figura41:BlocopermetrodaquadraBarcelona....................................................................................84Figura42:BlocopermetrodaquadraBarcelona....................................................................................84Figura43:EdifcioLminaMinistriodaEducao,RiodeJaneiro,1940FachadaNorte......................85Figura44:EdifcioLminaBancoSulAmericano(atualBancoIta),SoPaulo,1965............................85Figura45:EdifcioTorreNewYork.......................................................................................................85Figura46:EdifcioTorreMontagemcomvriosedifciosaltos..............................................................85Figura47:Metabolismolinear.............................................................................................................103Figura48:Metabolismocircular...........................................................................................................103Figura49:Ciclodagua.......................................................................................................................106Figura50:Impactosnociclodaguaapsaconstruoemreasurbanas...........................................106Figura51:Diferenanoamortecimentodohidrogramadeenchenteemfunodamodificaono
percursodasguas......................................................................................................................107Figura52:Grficodevazoxtempo,ilustrandooimpactodaretificaodosriosnohidrogramadecheia.
...................................................................................................................................................107Figura53:Cicloenergticomodeloatual..............................................................................................108Figura54:Cicloenergticomodelopropostoparafuturo.....................................................................108Figura55:Estudodensidadepopulacionalxocupaodosolourbano..................................................111Figura56:EstudodeRogerssobrearelaoentredensidadeeformaurbana......................................119Figura57:EstudodeVargassobrearelaoentredensidadeeformaurbana......................................119Figura58:ImagemareaprojetoExpoSevilha.....................................................................................171Figura59:ImagemareadareadaExpoSevilha................................................................................171Figura60:PlantadaExpoSevilha.........................................................................................................171Figura61:EspaodetransioExpo.....................................................................................................171Figura62:Torrespararesfriamentodoar............................................................................................171Figura63:ImagemprojetoExpoSevilha...............................................................................................171Figura64:reaantesdaintervenourbana,Lisboa............................................................................177Figura65:reaapsaintervenourbana,Lisboa...............................................................................177
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Listas
Figura66:ImagemdareadaExpoLisboa,atualmente........................................................................177Figura67:ImagemdareadaExpoLisboa,atualmente........................................................................177Figura68:ImagemareaprojetoExpo.................................................................................................184Figura69:ImagemdaExpoKronsberg..................................................................................................184Figura70:Imagemprojetoecobairro....................................................................................................184Figura71:ExpoPlantaProjetoKronsberg.............................................................................................184Figura72:ImagemprojetoecobairroKronsberg...................................................................................184Figura73:ImagemprojetoecobairroKronsberg...................................................................................184Figura74:Maquetedoprojeto.............................................................................................................191Figura75:Imagemreadoprojeto.......................................................................................................191Figura76:readoporto......................................................................................................................191Figura77:Orlamartima......................................................................................................................191Figura78:Orlamartimacomedifciosaltos.........................................................................................191Figura79:rearesidencialVilaOlmpica............................................................................................191Figura80:ImagemareaPotzdamerPlatz............................................................................................200Figura81:PlantaprojetoPotzdamerPlatz............................................................................................200Figura82:FotoPotzdamerPlatz...........................................................................................................200Figura83:FotoPotzdamerPlatz...........................................................................................................200Figura84:FotoPotzdamerPlatz............................................................................................................200Figura85:FotoPotzdamerPlatz...........................................................................................................200Figura86:FotoareaGreenwichpennsula..........................................................................................205Figura87:PlantaGreenwichpennsula.................................................................................................205Figura88:ProjetoGreenwichpennsula...............................................................................................205Figura89:ProjetoGreenwichpennsula...............................................................................................205Figura90:GreenwichVillage................................................................................................................205Figura91:GreenwichVillage................................................................................................................205Figura92:ProjetoElephantandCastle.................................................................................................212Figura93:ProjetoElephantandCastle.................................................................................................212Figura94:Estudodeinsolao.............................................................................................................212Figura95:Estudoconfortoambiental...................................................................................................212Figura96:FotodobairroElephant&Castle..........................................................................................212Figura97:FotodobairroElephant&Castle..........................................................................................212Figura98:PlantaprojetoShangai.........................................................................................................217Figura99:MaqueteProjetoShangai.....................................................................................................217Figura100:Estudodosfluxos,projetoShangai.....................................................................................217Figura101:MisturadeusosprojetoShangai........................................................................................217Figura102:ImagenShangai..................................................................................................................217
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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Figura103:MaqueteShangai...............................................................................................................217Figura104:FotoareaEcolonia...........................................................................................................227Figura105:Plantadoecobairroecolonia..............................................................................................227Figura106:FotoEcolonia.....................................................................................................................227Figura107:FotoEcolonia.....................................................................................................................227Figura108:FotoareaprojetoGWL.....................................................................................................233Figura109:PlantaecobairroGWL........................................................................................................233Figura110:ProjetoecobairroGWL.......................................................................................................233Figura111:Inserodoecobairronoentorno......................................................................................233Figura112:Fotodareadeconvivncia...............................................................................................233Figura113:interiordoecobairroGWL..................................................................................................233Figura114:ImagemareaEcobairroViikki...........................................................................................240Figura115:PlantaEcobairroViikki.......................................................................................................240Figura116:FotoareadoprojetoecobairroViikki..............................................................................240Figura117:FotodoecobairroViikki.....................................................................................................240Figura118:ImagemareaecobairroSolarcity......................................................................................246Figura119:Plantaprojetosolarcity......................................................................................................246Figura120:Estudodeinsolaodosedifciosdoecobairrosolarcity.....................................................246Figura121:Estudodeinsolaodosedifciosdoecobairrosolarcity.....................................................246Figura122:ImagensdoecobairroSolarcity..........................................................................................246Figura123:EsquemacomparandoBedzedaummodelodebairroconvencional..................................249Figura124:PlantaecobairroBedzed....................................................................................................253Figura125:FotoecobairroBedzed.......................................................................................................253Figura126:Estudodeinsolaoparadefinirformaedistnciasentreedificaes................................253Figura127:CortedosedifciosBedzed.................................................................................................253Figura128:ImagemecobairroBedzed..................................................................................................253Figura129:ImagemecobairroBedzed..................................................................................................253Figura130:ImagemprojetoBulevarVallecas.......................................................................................266Figura131:ImagemprojetocanalizaodorioTria............................................................................266Figura132:ImagemprojetoBarbican...................................................................................................266Figura133:ImagemprojetoBarbican...................................................................................................266Figura134:ImagemIlhadeJava...........................................................................................................267Figura135:ImagemIlhadeJava...........................................................................................................267Figura136:ImagemDocklands.............................................................................................................267Figura137:ImagemDocklands.............................................................................................................267
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Listas
Figura138:ImagemCETHS...................................................................................................................267Figura139:ImagemCETHS...................................................................................................................267Figura140:ProjetoDongtan.................................................................................................................274Figura141:ProjetoDongtan.................................................................................................................274Figura142:ProjetoMasdar..................................................................................................................274Figura143:ProjetoMasdar..................................................................................................................274Figura144:PlantaprojetoSocipolis....................................................................................................274Figura145:ProjetoSocipolis..............................................................................................................274Figura146:MapadareadeinteressePRIHdoBairrodaLuz,SoPaulo..............................................292Figura147:FotodareadeinteressePRIHdoBairrodaLuz,SoPaulo................................................292Figura148:MapasDensidadesdeocupaoparaSoPauloDensidadeconstrutivapordistritodeSo
PauloeDensidadePopulacionalpordistritodeSoPaulo............................................................293Figura149:MapadeusodosolodareadeestudoPRIHnobairrodaLuz,SoPaulo...........................295Figura150:Mapadefluxos..................................................................................................................295Figura151:Mapadegabaritodosedifciosdareadeestudo,PRIHdobairrodaLuz,SoPaulo...........297Figura152:Mapadecheiosevaziosdareadeestudo,PRIHdobairrodaLuz,SoPaulo.....................297Figura153AvaliaobioclimticadacidadedeSoPaulopelosmtodosdeMahoneyeGivoni.........299Figura154AvaliaobioclimticadacidadedeSoPaulopelosmtodosdeMahoneyeGivoni.........299Figura155:DiagnsticoClimticodacidadedeSoPaulo,baseadoemdadosdetemperaturaeumidade
doarplotadossobreacartapsicromtrica,comadelimitaodaszonasbioclimticas................300Figura156:FrequnciadeocorrnciadailuminncianoplanohorizontalparaSoPaulo.....................302Figura157:AnlisedasobstruesmximasquepermitissemumahoradesolnasfachadasNorte,
Nordeste,LesteeSudeste............................................................................................................307Figura158:ngulosdeobstruo(mximo)paracadaorientaoparalatitude24.............................309Figura159:Aplicaoeverificaodosngulosdeobstruodaquadraadotadaparaestudo,visandoa
garantiadoacessoaosol.............................................................................................................309Figura160:Estudodesombraas10hsnosolstciodeinvernoCenrio01quadrasperimetrais...........310Figura161:Estudodesombraas10hsnosolstciodeveroCenrio01quadrasperimetrais..............310Figura162:Estudodaqualidadedoarquadrasperimetrais,nveltrreo..............................................311Figura163:Estudodaqualidadedoarquadrasabertas,nveltrreo....................................................311Figura164:Variveiseestudostcnicosparaavaliaodoconfortotrmiconosespaosabertos........313Figura165:DesempenhodoconfortotrmiconosespaosabertosCenrio01quadrasperimetrais...313Figura166:DesempenhodoconfortotrmiconosespaosabertosCenrio02quadrasabertas.........313Figura167Imagemdareadeestudo...............................................................................................315Figura168Imagemdareadeestudo...............................................................................................315Figura169:bacoparaadeterminaodadistnciamnimaentreedificaes.....................................332Figura170:Modelodeenvelopecomrecuosprogressivos....................................................................332
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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Figura171:Clculodongulodeobstruo.........................................................................................332Figura172:CartaSolarLatitude24Sul.............................................................................................333Figura173:GrficoAuxiliar..................................................................................................................333Figura174:Quadrantesolaruniversal..................................................................................................334Figura175:RelgiodesolmontadocomaslminasdolivrodoRivero.................................................334Figura176:MaquetedoHeliodondergua..........................................................................................335Figura177:MaquetedoHeliodoncomumarco...................................................................................335Figura178:Avaliaodondicedepermeabilidadedosolo..................................................................343Figura179:Esquemadaestruturadomtododeinserodeparmetrosambientaisnoprocessode
projeto........................................................................................................................................349Figura180:ClassificaoclimticaAnstrahler.......................................................................................392Figura181:ClassificaoclimticaKoppenGeiger................................................................................392
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Sumrio
SumrioAGRADECIMENTOS ........................................................................................................... 5RESUMO ............................................................................................................................ 9ABSTRACT ....................................................................................................................... 11LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... 13SUMRIO ........................................................................................................................ 19INTRODUO ................................................................................................................. 251. A QUESTO AMBIENTAL NAS REFERNCIAS HISTRICAS DO PROJETO URBANO ... 47
1.1 TRAADO ORGNICO E TRAADO GEOMTRICO .................................................................. 491.2 AS PRINCIPAIS UTOPIAS E PROPOSTAS URBANAS DOS SCULOS XIX E XX .................................. 53
1.2.1 New Lanark e Falanstrio - Robert Owen e Charles Fourier ................................... 54
1.2.2 Stubben, Camillo Sitte e Unwin ........................................................................... 56
1.2.3 Cidade Linear - Soria e Mata ............................................................................... 57
1.2.4 Cidade Jardim - Ebenezer Howard ....................................................................... 58
1.2.5 Plano de extenso de Barcelona - Ildefonso Cerd ............................................... 64
1.2.6 Cidades Modernistas F. L. W., Tony Garnier, Walter Groupis e Le Corbusier ......... 65
1.3 CIDADE COMPACTA X CIDADE DIFUSA .............................................................................. 771.4 TIPOLOGIAS DE ADENSAMENTO ..................................................................................... 80
CAPTULO 2 REAS URBANAS E QUALIDADE AMBIENTAL: CONCEITOS E DEFINIES
........................................................................................................................................ 892.1 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL URBANA ......................................................................... 91
2.1.1 Cidade Sustentvel ............................................................................................ 94
2.1.2 A cidade como ecossistema .............................................................................. 101
2.2 ADENSAMENTO URBANO E QUALIDADE AMBIENTAL ............................................................ 1082.2.1 Aspectos favorveis e desfavorveis do adensamento urbano .............................. 109
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2.2.2 Estudos sobre a densidade urbana e os aspectos ambientais ............................... 115
2.3 CRITRIOS E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL URBANA .................................. 1202.3.1 Requisitos, critrios e indicadores existentes ...................................................... 125
2.3.2 Indicadores para a avaliao dos projetos contemporneos ................................ 141
CAPTULO 3 ASPECTOS DA SUSTENTABILIDADE URBANA NOS PROJETOS
CONTEMPORNEOS ..................................................................................................... 1553.1 PROJETOS DE EXPOSIES INTERNACIONAIS E EVENTOS ESPORTIVOS .................................... 165
3.1.1 Expo Sevilha ................................................................................................... 166
3.1.2 Expo Lisboa .................................................................................................... 172
3.1.3 Kronsberg, Hannover Alemanha ..................................................................... 178
3.1.4 Vila olmpica em Barcelona ............................................................................... 185
3.1.5 Quadros projetos de exposies internacionais e eventos esportivos .................... 192
3.2 PROJETOS DE RECUPERAO DE BAIRROS DEGRADADO ...................................................... 1943.2.1 Potsdamer Platz, Berlin .................................................................................... 195
3.2.2 Greenwich Pennsula, Londres .......................................................................... 201
3.2.3 Elephant and Castle, Londres ........................................................................... 206
3.2.4 Distrito de Lu Zia Sui, Shangai, ......................................................................... 213
3.2.5 Quadro de avaliao qualitativa dos projetos de bairros degradados .................... 218
3.3 ECOBAIRROS ......................................................................................................... 2203.3.1 Ecolonia, Alphen, Holanda ................................................................................ 222
3.3.2 GWL, Amsterdam, Holanda .............................................................................. 228
3.3.3 Viikie, Helsinki, Finlndia .................................................................................. 234
3.3.4 Solar City, Austria ............................................................................................ 241
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Sumrio
3.3.5 Bedzed, Londres, Reino Unido .......................................................................... 247
3.3.6 Quadro de avaliao qualitativa dos ecobairros .................................................. 253
3.4 OUTRAS REFERNCIAS .............................................................................................. 2563.4.1 Projetos escala de bairro .................................................................................. 256
3.4.2 Projetos Escala de Cidades: Ecotowns??? .......................................................... 268
CAPTULO 4 PROPOSTA DE INSERO DE PARMETROS AMBIENTAIS NO PROCESSO
DO PROJETO URBANO .................................................................................................. 2774.1 CONTEXTUALIZAO DO MTODO PROPOSTO ................................................................... 277
4.1.1 Metodologia Dimenses morfolgicas do Processo de Urbanizao ....................... 279
4.1.2 Mtodo Andrade .............................................................................................. 281
4.1.3 Mtodo Higueras: Urbanismo bioclimtico .......................................................... 283
4.1.4 Pesquisas LABAUT FAUUSP .............................................................................. 286
4.2 ESTUDO DE CASO: EXERCCIOS DE PROJETO LABAUT FAUUSP .......................................... 2914.3 DESCRIO DA PROPOSTA ......................................................................................... 3194.4 RESUMO DO MTODO PROPOSTO ................................................................................. 349
CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................. 353REFERNCIAS ............................................................................................................... 361ANEXOS ........................................................................................................................ 391
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Introduo 23
Todos ns sabemos que h algo errado com nossas cidades, e
que esse algo pode piorar se no aspirarmos a um modelo
diferente de cidade no futuro. Se as formigas podem solucionar
questes como tamanho, carter e funo correta de suas
cidades, devemos ser capazes de fazer o mesmo com as nossas.
(ROGERS, 2001, p.vii).
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Introduo 25
INTRODUOColocaoeJustificativadoProblemaA presente pesquisa parte do problema que o crescimento e o adensamento urbano so
inevitveis e que vm causando diversos danos ao meio natural e qualidade ambiental
das cidades.
Porm, deve-se destacar que a urbanizao no um mal em si, o problema como
construir e adensar as cidades. O homem sempre busca alterar o meio ambiente em
funo das suas necessidades socialmente definidas, e essas alteraes mal conduzidas
so a causa de muitos problemas no meio urbano (DUARTE, 2000).
Diante disso, visando minimizar os impactos gerados pelo processo de urbanizao, com
base na idia de que o adensamento urbano pode ser positivo para a construo de
cidades mais sustentveis, o trabalho parte da necessidade da insero do layer1 meio
ambiente no processo de projeto urbano, ou seja, alm das outras camadas do projeto
como usos, estoque construdo e redes de infra-estrutura, as varireis ligadas ao meio
natural (relevo, vegetao, gua, energia e clima) devem ser incorporadas ao projeto.
Alm disso, as outras camadas tambm devem ser analisadas sob o enfoque ambiental.2
No incio da revoluo industrial, a populao mundial era de um bilho de habitantes. At
1930, atingiu-se dois bilhes, e atualmente este nmero gira em torno de 6,0 bilhes.
Estima-se que at 2025 a populao mundial ser em torno de 8,5 bilhes, e em 2050 10
bilhes de habitantes (ROGERS, 2001).
Junto com este crescimento populacional, a porcentagem de habitantes que vivem nas
cidades e nas zonas rurais tambm vem modificando. Em 1900 apenas 10% da populao
mundial vivia em cidades, e 90% vivia no campo. Em 2000, esse nmero aumentou para
50%. Segundo previses do World Bank Group (2002), em 2050 a populao mundial
ser de 10 bilhes de habitantes e 75% desse total viver em centros urbanos.
1 Expresso usada no meio, que pode ser traduzida como camada. 2 Um esquema ilustrando esta idia das camadas e enfoques do projeto urbano apresentado no prximo
item desta introduo.
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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26
A Tabela 01 apresenta alguns dados do crescimento da populao mundial e da
porcentagem de populao urbana, com sua distribuio pelos continentes. Pode ser
verificado como esta distribuio populacional desigual. Por exemplo, a sia tem mais
da metade da populao do planeta, e sua populao urbana em 2000 era de apenas
37,7%. Os dados mostram que a sia e a frica so os dois continentes que ainda
apresentam uma populao rural maior que uma populao urbana. Porm, previsto
que at 2025 a populao urbana nestes continentes ultrapasse os 50%, como j
aconteceu nos demais continentes desde 1975. Europa, Amrica do Norte, Oceania e
Amrica Latina apresentavam em 2000 uma populao urbana de 75,1%, 77,4%, 70,2%
e 76,6%, respectivamente, sendo previsto para 2025 um crescimento significativo destas
taxas.
Tabela 1: Dados de populao e de populao urbana3
Fonte: ABIKO,2006 notas de aula
POPULAO (X1000) / POPULAO URBANA (%) ANO 1975 2000 2025
MUNDO 4 076 985 37.7 6 158 051 47.5
8 294 341 61.0
FRICA 413 988 25.1 831 596 37.3
1 495 772 53.8
SIA 2 405 987 24.6 3 735 846 37.7
4 959 987 54.8
EUROPA 676 389 67.1 729 803 75.1
718 203 83.2
AMRICA DO NORTE 239 289 73.8 306 280 77.4
369 566 84.8
OCEANIA 21 438 71.8 30 651 70.2
41 027 74.9
AMRICA DO SUL 319 893 61.3 523 875 76.6
709 785 84.7
BRASIL 108 032 61.1 174 825 81.2
230 250 88.9
Com relao ao Brasil, o pas apresentava uma populao urbana de mais de 80%, sendo
previsto para 2025 que este nmero chegue a quase 90%. Pode-se dizer que a regio
metropolitana de So Paulo a grande contribuidora deste nmero, j que a sua
populao praticamente dobrou nos ltimos 45 anos (GONALVES, 2007).
3 Notas de aula, disciplina PCC5100, oferecida pelo departamento de engenharia de construo civil da Escola
Politcnica da USP, pelo professor Alex Abiko, realizada no dia 05 de abril de 2006.
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Introduo 27
Dados apresentados na exposio Global Cities realizada na Tate Modern, em Londres,
de 20 de junho a 27 de agosto de 2007, mostram que, atualmente, existem mais de vinte
megacidades com mais de dez milhes de habitantes, alm de aproximadamente 450
regies metropolitanas com mais de um milho de habitantes. Somadas, essas reas
representam mais de um bilho de habitantes sobre uma poro relativamente pequena
da superfcie do planeta.
O problema que o crescimento e adensamento dessas cidades, normalmente, resultam
em impactos sobre o clima, os ecossistemas e a qualidade de vida no ambiente urbano.
As cidades so vistas como uma das principais responsveis por grande parte do impacto
ambiental gerado no mundo.
A ao humana, por meio do processo de urbanizao, atinge o clima em todas as
escalas, com resultados quase sempre negativos.
A capacidade das cidades de alterar o clima local foi primeiramente identificada por Luke
Howard em 1833 em seus estudos para a cidade de Londres (OKE, 1982). No decorrer
dos anos, diversos estudos comprovaram estas alteraes e identificaram um fenmeno
que ficou conhecido como ilha de calor, definido por um aumento da temperatura
medida que se deixa a rea rural adjacente cidade e se caminha em direo ao centro
adensado. Estudos climatolgicos da dcada de 70 estabeleceram correlaes entre este
aumento de temperatura e a populao da cidade (OKE, 1973).
Alm do aumento da temperatura, a urbanizao diminui a umidade, modifica a direo
dos ventos, aumenta o ndice de pluviosidade e altera a composio qumica da
atmosfera. Com isto, previsto, que o clima pode se tornar mais rigoroso, prejudicando o
conforto trmico dos habitantes das cidades, alm de ocasionar diversas catstrofes
ambientais, como o surgimento de tempestades, ressacas, tufes, e outros problemas
decorrentes tambm destas mudanas climticas.
O aumento do ndice pluviomtrico ocasiona uma alterao do nvel do mar, que vem
subindo algo em torno de 1,5 a 2,0 milmetros por ano. Este problema se agrava com o
derretimento das calotas polares, intensificando o aumento do nvel do mar, podendo
chegar at meio metro antes do fim do sculo (ROGERS, 2001, p.4).
A elevao do nvel do mar pode levar ao desaparecimento de diversas ilhas e pedaos de
terra, alm de destruir a vida de imensas populaes ao longo da costa.
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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Alm do impacto causado ao clima, o desenvolvimento das cidades vem acompanhado de
diversos outros problemas ambientais, decorrentes em maior ou menor grau do
crescimento urbano e do aumento da populao mundial.
O mais evidente a transformao do solo natural em solo urbano. Isto pode causar uma
degradao e contaminao dos solos, sobretudo em zonas industriais. De acordo com os
dados ambientais das Naes Unidas de 1993 e 1994, 17% dos solos em todo o mundo
foram atingidos desde 1945.
Essa transformao do solo tambm prejudica o ciclo natural da gua, que interrompido
pela sua impermeabilizao, aumentando o escoamento e a velocidade da gua
superficial. Alm disto, pode ocasionar a poluio e o assoreamento dos rios e lagos,
causados pelo transporte de detritos lanados nas ruas4.
Isso implica, entre outros problemas, na reduo da disponibilidade de gua, que se
agrava com o aumento da demanda causado pelo processo de urbanizao e
adensamento urbano.
Segundo Andrade (2006), a devastao ambiental ocorrida ao longo do sculo passado,
bem como a contaminao e o uso indiscriminado desse recurso natural, provocaram a
reduo considervel dos mananciais.
O recurso gua difcil de esgotar, porm o acesso a gua potvel dramtico em
muitas ocasies. A escassez de gua potvel um dos mais graves indicadores dos
impactos da atividade humana sobre os recursos naturais. A demanda mundial por gua
duplica a cada 20 anos, e maior do que o crescimento da oferta de gua potvel. Alm
disso, as cidades tm que buscar seus recursos hdricos em locais cada vez mais
distantes. Atualmente, um tero da populao mundial sofre com a carncia de gua e
dois teros da populao tero dificuldades em obter gua no ano 2025 (PNUMA apud
ANDRADE, 2005).
Alm da poluio dos solos e da gua, talvez a mais sentida pela populao seja a
poluio do ar, que entre outras conseqncias, afeta diretamente a sade pblica.
4 O ciclo ecolgico urbano da gua ser explicado no captulo 2 da Tese.
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Introduo 29
A qualidade do ar significa a capacidade do meio ambiente em receber e diluir poluentes
emitidos para atmosfera. possvel afirmar que em reas urbanas h um maior risco de
contaminao do ar decorrente do aumento de fontes poluidoras, indstrias e veculos,
assim como uma maior dificuldade disperso de poluentes.
Dados mostram que, atualmente, dois trilhes de metros cbicos de vapores de fumaa
so emitidos por ano pelos veculos e, provavelmente, o nmero de automveis ir dobrar
at o ano de 2030, aumentando este nmero (MEGALE, 2002, p.35).
Os transportes nas cidades so responsveis por mais de 50% das emisses
contaminantes, e em muitas cidades este valor superado, como em Barcelona, 60%,
Paris, 70% e na Cidade do Mxico, considerada a maior e a mais poluda cidade do
mundo, 80%. Nesta ltima, circulam mais de quatro milhes de automveis. Dados
mostram que a poluio dessa cidade seis vezes mais txica do que os ndices
aceitveis pela Organizao Mundial de sade, sendo que quantidade de oznio excede o
nvel de alerta mais de 300 dias do ano (SERVANT, 2001, p.35).
A situao na cidade ainda agravada pela reduo e m distribuio da rea verde. A
vegetao reduz a poluio do ar por meio da reteno e filtragem de partculas de poeira
nas superfcies das folhas e das trocas gasosas, liberando o oxignio e absorvendo o
dixido de carbono, dixido de nitrognio e dixido de enxofre.
Em muitos pases, a contaminao do ar tambm est diretamente relacionada ao
consumo de energia eltrica, atravs de matrizes poluidoras de gerao de energia. Sobre
isso, verificou-se que nos ltimos 20 anos o consumo mundial de energia aumentou em
cerca de 50 %, de uma forma geral, sendo que parte significativa dessa energia gerada
a partir de combustveis fsseis, cuja queima produz gases geradores do chamado efeito
estufa, principalmente o CO2 (IEA, 2002). 5 As emisses deste gs na atmosfera so
responsveis por um aumento considervel da temperatura no planeta e
conseqentemente, por uma elevao das reas desrticas e do nvel dos oceanos, entre
outros impactos ambientais. Alm disso, a qualidade do ar tambm pode prejudicar a vida
5 Durante a Conferncia de Kyoto, em dezembro de 1997, foi aprovado um protocolo destinado a limitar as
emisses de seis gases (CO2, CH4, N20, HFCS, PFCS e SF6) que so os principais causadores do efeito estufa. A
Unio Europia, por exemplo, se comprometeu a reduzir em 8% as emisses desses at 2010, dividindo
proporcionalmente essa responsabilidade centre os 15 pases que a integram. Atualmente quase todos os
pases no cumpriram a meta ou nem sequer assinaram esse protocolo (HIGUERAS, 2009).
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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30
animal e vegetal e provocar precipitao cida na atmosfera, dependendo do seu grau de
poluio.
De acordo com Rogers (1997), atualmente, as cidades consomem trs quartos de toda a
energia do mundo e causam pelo menos a mesma parcela da poluio global. Ele ainda
completa:
As cidades so o centro da produo e do consumo de grande parte dos bens industriais
e acabaram se transformando em parasitas da paisagem, em enormes organismos
drenando o mundo para seu sustento e energia: inexorveis consumidores e causadores
de poluio. (ROGERS, 1997, p.27).
No Brasil, embora o consumo de energia no resulte necessariamente na emisso de CO2,
devido composio da matriz energtica, ele no est desvinculado da questo
ambiental. Pelo contrrio, a grande participao das hidroeltricas torna o impacto social
e ambiental das represas e reservatrios uma importante preocupao.6 Somado a isso,
as previses para pases em desenvolvimento demonstram que esses sofrem algumas
restries de abastecimento energtico que esto ocultas pelas desigualdades sociais, ou
seja, se toda a massa empobrecida desses pases utilizasse o mnimo de energia eltrica
necessrio para ter uma vida digna, a energia eltrica gerada nos mesmos no seria
suficiente (MEADOWS et. al., 2004).
Vale destacar a desigualdade com que estes recursos so consumidos. O hemisfrio norte
representa 20% da populao mais rica do mundo a que consome aproximadamente
80% dos recursos naturais disponveis de todo o planeta, produzindo uma contaminao
global equivalente (PNUD, 1998).
Essa desigualdade de consumo de recursos e poluio entre os pases, pode ser
observada nas tabelas. A Tabela 2 apresenta dados sobre as matrizes geradoras de
energia em sete pases, o quanto cada um destes pases emite de CO2. E a Tabela 3
apresenta uma comparao da emisso de CO2 por continente.
6 Bermann, Celio. Notas de aula, disciplina POE - Polticas Energticas Ensino e Pesquisa na rea de Energia.
Curso de Especializao em Conforto Ambiental e Conservao de Energia, CECACE, FAUUSP. Realizado em
fevereiro de 2001.
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Introduo 31
Tabela 2: Dados matriz energtica
Fonte: Dados - elaborada por BRANDAO, 2009
Tabela 3: Dados Emisso de co2 por pessoas/ano
Fonte: elaborada por BRANDAO, 2009
Previses apontam que a emisso de CO2 devido ao uso das edificaes pode chegar a
30% do total em 2030 (LEVINE et. al., 2007). Atualmente, as edificaes so
responsveis por 8% da emisso de CO2 em termos de energia primria, somada a 13%
em usos indiretos. Uma distribuio regional mostra que a maioria dessas emisses
ocorre em pases desenvolvidos, sendo a Amrica do Norte a que mais emite
Com relao ao consumo mundial de energia eltrica, aproximadamente 33% desse
usado pelos edifcios (IEA, 2009). Sendo que a energia consumida nos setores
residenciais e comerciais de 23 % do consumo mundial. A energia utilizada varia
consideravelmente dependendo da regio e dos pais em decorrncia da geografia,
localizao e clima. Vale destacar que existe uma diferena na natureza da demanda de
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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32
energia e no desempenho de edifcios entre os pases pertencentes ao OECD
(Organization for Economic Co-operation and Development) e os no pertencentes
(maioria dos pases em desenvolvimento) (LEVINE M. et al, 2007). Nos pases
pertencentes ao OECD, maioria localizada em regies frias, o consumo de energia com
calefao representa 60%, seguida de aquecimento de gua com 18% (WBSD, 2007). J
os pases no pertencentes ao OECD no necessitam tanto de aquecimento artificial,
sendo a iluminao e os equipamentos de ar condicionado os grandes consumidores no
setor comercial e os sistemas de refrigerao e aquecimento de gua, no setor
residencial.
Segundo Goldemberg (2001), no Brasil o parque edificado responsvel por 46% do
consumo energtico nacional, sendo que o setor residencial (22,6%) e comercial (14,2%)
so os principais responsveis pelos altos ndices de crescimento do consumo.
De acordo com Almeida et al (2001) no setor residencial os sistemas refrigerao so
responsveis por 34% do consumo de energia eltrica da edificao, os sistemas de
iluminao 12% e de aquecimento de gua 21%. No setor comercial os sistemas de
condicionamento artificial so responsveis por 36% e os sistemas de iluminao 52%.
Os grficos apresentados nas Figuras 1 e 2 mostram essa diferena entre o Brasil, EUA e
Reino Unido com relao ao consumo energtico desagregado por setor.
Figura 1: Consumo energtico desagregado setor residencial
Fonte: ALMEIDA et al (2001) (Dados Brasil); e GREEN building bible (2006) (Dados Reino Unido) UNITED STATES (2008) (Dados EUA) elaborado por BRANDO
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Introduo 33
Figura 2: Consumo energtico desagregado setor residencial
Fonte: ALMEIDA et al (2001) (Dados Brasil); e GREEN building bible (2006) (Dados Reino Unido) UNITED STATES (2008) (Dados EUA) elaborado por BRANDO
Apesar disso, McKinsey (2009) identificou atravs de estudos realizados em 36 pases que
o setor das edificaes o que tem o maior potencial para reduo de parcela
significativa do consumo de energia eltrica, e conseqentemente, da emisso de CO2 em
todos os pases e em todos os nveis de custos (LEVINE et al., 2007).
Observa-se que os sistemas que mais consomem energia eltrica esto tambm
relacionados ao acesso aos recursos naturais. No basta projetar o edifcio corretamente
e com as mais avanadas tecnologias, se no est garantido que esse ter acesso ao sol,
luz natural e ao vento.
Por outro lado, em pases quentes a necessidade pode ser outra. Brando (2004)
demonstrou, por exemplo, que a obstruo e sombreamentos provocados por edifcios
urbanos resultam em alteraes significativas no seu consumo energtico. A tecnologia
atual permite adequar ambientes confinados a qualquer condio desejada, atravs de
sistemas artificiais de iluminao e climatizao. Isso, porm, demanda gastos
energticos, determinados pela incapacidade da edificao de atingir estas condies de
maneira natural.
Sendo assim, os projetos das edificaes devem ser adequados ao clima e ao contexto
local, da mesma forma que devem ser analisados os impactos ambientais dessas sobre as
construes vizinhas e os espaos externos localizados no entorno imediato.
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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34
O impacto ambiental, positivo ou negativo, que qualquer construo vai causar ao meio
urbano inclui, em resumo: a ventilao ao redor das edificaes e a disperso de
poluentes, que est relacionada ao conforto do pedestre e a qualidade do ar; a ventilao
natural das edificaes, o acesso ao sol e a disponibilidade de luz natural, que est
relacionada ao conforto trmico e luminoso e a demanda de energia eltrica; a
acumulao de calor pela radiao e atividades dentro dos edifcios, que esto
relacionadas ao desempenho trmico das edificaes, conforto dos pedestres; e a
propagao de rudo urbano.
Vale destacar tambm os parmetros projetuais do ambiente construdo e as tipologias
edificatrias, que so relacionados com as condies microclimticas locais (e
basicamente ao desempenho ambiental das edificaes e dos espaos externos): a forma
das edificaes ou tipologia, a orientao e altura das edificaes, a rea construda, a
distncia entre as edificaes, a forma, dimensionamento e orientao dos espaos
externos, os materiais aplicados nas superfcies, a insero de vegetao e gua e suas
relaes com a forma construda.
Com base nestas consideraes, um dos principais desafios correntes para o projeto
urbano na tentativa de contribuir para a eficincia energtica das edificaes e uma
cidade mais sustentvel demonstrar as possibilidades de introduzir alta densidade em
reas construdas dentro dos limites da infra-estrutura local e da qualidade ambiental,
buscando os benefcios sociais e econmicos. A questo da densidade e da forma urbana
vem acompanhada de uma srie de possibilidades projetuais, determinadas pelas
particularidades do ambiente e do contexto urbano. Em reas consolidadas, por exemplo,
as metas para adensamento populacional so determinadas pela infra-estrutura local,
alm da ligao desenvolvida entre o ambiente construdo, a capacidade da infra-
estrutura e o potencial de desempenho e sustentabilidade ambiental.
Oportunidades de melhoria da qualidade ambiental nas cidades tambm surgem em
vazios urbanos e reas da periferia, onde pode ser desenvolvida uma nova morfologia
configurativa, com o suporte de novas tecnologias, alm de alcanar altos nveis de
sustentabilidade ambiental urbana. Nestes casos, a meta de densidade determinada e
limitada pelos requisitos e critrios relacionados s questes de qualidade ambiental,
como acesso ao sol, qualidade do ar, conforto do pedestre, desempenho energtico das
edificaes e potencial de gerao de energia na rea das edificaes.
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Introduo 35
Meyer aponta o pensamento e a ao urbanstica num momento atual de descrdito, que
alimenta o desafio do projeto urbano a criar novas estratgias de ao e novos modelos
de reflexo. Segundo Meyer, o dilema est entre promover a continuidade ou estimular a
ruptura do pensamento e da prtica oriundas dos princpios modernistas no nosso pas,
do qual somos herdeiros em linha direta. Ela ainda afirma:
A meta no apenas construir uma pauta de questes capazes de conduzir o
projeto urbano cujo ponto de partida no mais circunscrever reas, criar
permetros de ao baseados em tipologias ou morfologias que apontam
homogeneidade ou continuidade urbana. Mas, sobretudo, criar novos
parmetros para um trabalho de projeto urbano. (MEYER, 2004, p.)
Algumas questes contemporneas relacionadas ao projeto urbano no momento atual,
lanadas durante a exposio Global Cities, realizada na Tate Modern, em Londres, de 20
de junho a 27 de agosto de 2007, so consideradas e servem de inspirao para esta
pesquisa (GONALVES, 2007, p.19).
Que cidades queremos construir?
A forma urbana das nossas cidades afeta o futuro do planeta e a sua
sustentabilidade?
Como as cidades podero acomodar bilhes de pessoas com qualidade e dignidade?
possvel que a qualidade de vida nas cidades seja melhorada e os seus impactos
ambientais reduzidos por meio de estratgias de projeto, envolvendo aspectos da
arquitetura, projeto urbano e planejamento?
Neste contexto, pode-se afirmar que os assentamentos urbanos adequados ao meio
ambiente, reduzem o consumo de gua, de energia e a contaminao, proporcionam um
melhor microclima local e um bem estar para a populao, decorrente de uma melhora na
qualidade de vida. Atualmente existem alguns exemplos, que sero apresentados no
captulo 03 dessa Tese, de ecocidades, ecobairros e urbanizaes ambientais, que
comprovam isso (HIGUERAS, 2007, p.17).7
7 Alguns destes exemplos podem ser encontrados no captulo 03 da Tese e nas referncias: Ruano (2000),
Gauzin-Mller (2001), Rogers (2001), Beatley (1999) e EMVS (2005).
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Adensamentoeformaurbana:inserodeparmetrosambientaisnoprocessodeprojeto
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Segundo Andrade (2007, p.x) os procedimentos de projeto necessitam incluir a dimenso
ecolgica8 baseados em valores da relao entre o homem e a natureza que considerem
a espcie humana como parte dos ecossistemas naturais.
Enfim, esta pesquisa parte da premissa que o adensamento urbano pode ser positivo,
desde que a sustentabilidade ambiental seja um princpio orientador do processo de
produo do espao urbano.
Atravs de uma anlise destes projetos esta pesquisa tem como premissa, demonstrar
que o projeto urbano baseado em critrios de sustentabilidade, pode gerar cidades com
qualidade ambiental, resultando menos impacto ao meio natural. Alm disso, estes
projetos podem apresentar grande coeso conceitual, servindo como novo paradigma
para as intervenes urbanas contemporneas.
ObjetodaPesquisaO objeto da pesquisa o processo de projeto urbano visando o adensamento com
qualidade ambiental com nfase nas exigncias humanas, nos requisitos, critrios e
solues.
A definio de qualidade ambiental est baseada principalmente em: consumo eficiente
de recursos (gua e energia); ambientes urbanos menos poludos; conforto ambiental
satisfatrio em edifcios e espaos urbanos; transporte eficiente para pessoas e produtos
em termos de consumo de energia, impacto ambiental e mobilidade, e presena de nichos
ecolgicos.
A partir do objeto terico da pesquisa, ou seja, do estudo do processo de projeto urbano,
visando ao adensamento com qualidade ambiental, foi introduzido um objeto concreto,
que so reas com potencial de adensamento, ou seja, reas urbanas com infra-
estrutura instalada e baixa densidade construtiva, como por exemplo, a rea da luz, em
So Paulo (Figura 3) ou os vazios urbanos presentes na regio da Barra Funda, tambm
em So Paulo (Figura 4).
8 Ser explicado no capitulo 02 da tese.
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Introduo 37
Figura 3: rea com potencial de adensamento, Regio da Luz, So Paulo
Fonte: Renata Sandoli, cedida para autora
Figura 4: rea com potencial de adensamento, Barra Funda, So Paulo
Fonte: Renata Sandoli, cedida para autora
HipteseeObjetivosdaPesquisaEssa pesquisa tem por hiptese, que o adensamento urbano e a qualidade ambiental so
compatveis desde que as questes ambientais sejam consideradas no processo de
projeto. Ou seja, possvel adensar reas urbanas garantindo o acesso ao sol, a
disponibilidade da luz natural, a qualidade do ar, o conforto acstico, a eficincia
energtica das edificaes, a ventilao urbana, a coleta e reuso de gua da chuva, etc.
Para comprovar esta hiptese a pesquisa parte da premissa que para o adensamento
urbano causar menos impactos ao meio natural ou at mesmo impactos positivos, e ainda
gerar cidades com mais qualidade ambiental, os projetos urbanos devem incluir a camada
meio ambiente no processo de projeto, que no escopo desta pesquisa inclui: solo, gua,
energia, vegetao e clima. Alm disso, todas as demais camadas do projeto e suas
interrelaes devem ser analisadas tambm sob o enfoque ambiental.
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A Figura 03 apresenta um esquema desta idia, do que seria o projeto urbano no
momento atual com suas camadas (usos, estoque construdo, redes e meio ambiente) e
os enfoques com que cada uma destas camadas deve ser analisada (ambiental,
econmico, social, esttico e cultural). Como j foi dito a camada meio ambiente
formada pelas seguintes variveis ambientais: relevo, vegetao, gua, energia e clima.
Figura 5: Esquema ilustrativo das camadas do projeto urbano com os enfoques que estas devem ser trabalhadas
Fonte: elaborado pela autora
Diante disto, o objetivo geral deste trabalho a elaborao de um mtodo para insero
de parmetros ambientais relacionados ao adensamento e a forma urbana9 no processo
de projeto.
9 A forma urbana uma composio de trs subformas: a forma do reparcelamento do solo, a forma do
traado virio e; a forma do estoque construdo. Lamas (2004) faz uma reflexo sobre a forma urbana
enquanto objeto do urbanismo, ou melhor, enquanto corpo da materializao da cidade capaz de determinar
a vida humana em comunidade. Segundo a autora: A forma fsica do espao uma realidade para a qual
contribui um conjunto de fatores socioeconmicos, polticos e culturais. Sem dvida que a economia, ou as
condies socioeconmicas de produo do espao, se refletem profundamente na sua forma. Mas a forma
urbana tambm, ou dever ser, o resultado da produo voluntria do espao. As formas no tm apenas a
ver com concepes estticas, ideolgicas, culturais ou arquitetnicas, mas encontram-se indissociavelmente
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Introduo 39
Para alcanar o objetivo geral foram estabelecidos os seguintes objetivos especficos:
1- Definio do conceito de cidade sustentvel com base nos princpios da
sustentabilidade e nos ciclos ecolgicos urbanos;
2- Definio do conceito de qualidade ambiental;
3- Seleo de requisitos, critrios e indicadores de qualidade ambiental relacionados ao
adensamento e a forma urbana;
4- Compreenso da camada meio ambiente de maneira ampla e identificao das
variveis ambientais que so afetadas pelo adensamento e forma urbana e que devem
ser inseridas no processo de projeto;
5- Resgate de teorias e solues projetuais adequadas do ponto de vista da
sustentabilidade ambiental, nas referncias histricas do desenho urbano;
6- Avaliao da sustentabilidade ambiental de projetos urbanos contemporneos
identificando solues de sucesso e deficincias na insero de princpios bsicos do
urbanismo comprometido com o meio natural;
7- Realizao do exerccio de projeto urbano para o bairro da Luz em So Paulo, junto
com o grupo de pesquisa do LABAUT FAUUSP, no qual a autora est inserida.10
MetodologiadePesquisaEsta pesquisa foi realizada em trs distintos momentos: um primeiro de fundamentao
terica e construo de conceitos, um segundo momento de anlise e avaliao e um
terceiro momento de sntese e proposio.
No primeiro momento, de fundamentao terica e construo de conceitos, foi realizada
uma ampla reviso bibliogrfica, tanto dos aspectos histricos quanto de conceitos de
definies relacionados ao tema da pesquisa.
Primeiramente foi realizado um estudo histrico dos projetos e utopias urbanas, que
influenciaram e ainda influenciam o desenvolvimento das cidades, buscando identificar os
ligadas a comportamentos, apropriao e utilizao do espao, e vida comunitria dos cidados. (LAMAS,
2004). 10 LABAUT FAU USP Laboratrio de Conforto Ambiental e Eficincia Energtica da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de So Paulo.
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aspectos relacionados sustentabilidade ambiental considerados em cada proposta
urbana.
Depois foi abordando vrios aspectos relacionados sustentabilidade e a qualidade
ambiental de forma a compreender a camada meio ambiente que deve ser considerado
dentro do processo de projeto.
Para isso, so definidos conceitos importantes para a compreenso do trabalho, entre eles
a caracterizao de cidade sustentvel, qualidade ambiental, os ciclos ecolgicos urbanos
e os principais indicadores e critrios de sustentabilidade urbana.
O segundo momento da pesquisa consiste no estudo de intervenes urbanas recentes de
referncia internacional. Para conhecimento dos projetos contemporneos foram
realizados estudos nas referncias bibliogrficas mais recentes, alm de entrevistas com
arquitetos, engenheiros e profissionais da rea e visitas tcnicas no Brasil e no exterior.
Com base nos conceitos apresentados na segunda fase da pesquisa e na seleo de
indicadores, alguns projetos urbanos foram avaliados qualitativamente com relao sua
sustentabilidade ambiental.
No terceiro momento da pesquisa foi proposta a incorporao de parte da camada do
meio ambiente no processo de projeto urbano. Ou seja, diante das variveis relacionadas
sustentabilidade ambiental urbana abordadas nas duas primeiras fases da pesquisa, so
definidos exigncias, requisitos e critrios relacionados diretamente ao adensamento
populacional e a forma urbana e proposto um mtodo de como inseri-los no projeto.
Para isto foi realizada uma anlise dos projetos pilotos elaborados pelo grupo de
pesquisadores do LABAUT FAUUSP, grupo este no qual a autora est inserida. Esses
exerccios de projeto foram: o primeiro, Sustainable urban spaces: a case study in So
Paulo, Brazil, realizado durante os anos de 2005 e 2006, em parceria com o Profs. Dr.
Koen Steemers da University of Cambridge e a Profa. Dra. Susannah Hagan da University
of East London; o segundo, Desenho Urbano para o Desempenho Ambiental com
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Introduo 41
Benefcios Scio-Econmicos, foi desenvolvido em 2008, com a cooperao internacional
London School of Economics, Urban Age.11
Alm disto, foram realizados estudos das ferramentas computacionais, para simulaes e
avaliaes de aspectos especficos do projeto.
EstruturadaTeseA tese foi estruturada em trs partes: uma primeira parte de construo de conceitos,
uma segunda parte de anlise e avaliao e uma terceira de sntese e proposio.
Esta tese apresenta cinco captulos. A primeira parte est dividida nos captulo 01 e 02, a
segunda nos captulos 03 e a terceira parte est inserida no captulo 04.
O captulo 01 da tese consiste em um estudo histrico das principais propostas
urbansticas desde a revoluo industrial at a arquitetura moderna. O objetivo resgatar
as principais utopias urbanas que tiveram relevncia e influenciaram o processo de
constituio das cidades atuais, identificando as conseqncias da aplicao destas,
principalmente sob ponto de vista da sustentabilidade ambiental.
Neste mesmo captulo apresentada uma breve discusso de modelos de ocupao
compacto e modelos difusos e, por fim, as tipologias de adensamento urbano.
No captulo 02 da tese so apresentados conceitos relevantes e pertinentes discusso
do tema de maneira contextualizada. So caracterizados alguns termos como cidade
sustentvel e qualidade ambiental, necessrios para o entendimento da metodologia
proposta e para a incorporao do tema nas discusses de projeto urbano.
Neste captulo so descritos o funcionamento dos ciclos ecolgicos urbanos, ciclo da gua
e da energia, buscando entender como estes recursos devem ser considerados no
processo de projeto urbano para a produo de cidades mais sustentveis.
Ainda no captulo 02 apresentada uma sntese relacionado o adensamento urbano
qualidade ambiental, ou seja, quais so as variveis ambientais que so afetadas direta
ou indiretamente pelo adensamento urbano.
11 Este projeto foi apresentado na Conferncia Internacional Urban Age - So Paulo, em dezembro de 2008, e
pode ser encontrado no site da mesma.
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Por fim, apresenta uma reviso da literatura nacional e internacional sobre os
indicadores de sustentabilidade mais usados, desde o surgimento das agendas 21 at o
desenvolvimento dos sistemas de certificao.
Com o objetivo de identificar solues arquitetnicas de sucesso e realizar uma reviso
crtica, apontando para as falhas na insero de princpios da sustentabilidade ambiental
de alguns projetos recentes que so considerados paradigmticos, no captulo 03 so
apresentadas intervenes urbanas contemporneas de referncia internacional e uma
avaliao qualitativa destes, com base na reviso e seleo de indicadores de
sustentabilidade urbana estabelecidos por Rueda12.
Alm dos aspectos ambientais, so verificados os resultados econmicos e sociais das
intervenes urbana, abordando questes como, por exemplo, a diversidade de usos e
rendas, mobilidade e eficincia do sistema de transporte, proximidade e socializao do
espao pblico, entre outros.
Durante a conferncia internacional Urban Age, realizada em So Paulo, em 2008, foi
levanta uma questo sobre a necessidade de rigor nas decises de projeto.
Com relao macro dimenso ecolgica, possvel dizer que, muitas questes
relacionadas sustentabilidade so subjetivas. Porm, quando abordada a dimenso
bioclimtica, possvel definir regras, estabelecer indicadores e parmetros, que orientem
o processo de projeto, para que este alcance o objetivo de reduzir os impactos ambientais
gerados pelo adensamento urbano, construindo espaos de qualidade.
Diante disto, o captulo 04 da tese apresenta uma proposta de mtodo de insero de
parte da camada meio ambiente no processo de projeto urbano.
Por fim, so apresentas as concluses do trabalho com base no estudo histrico, na
fundamentao terica sobre o tema, na anlise das experincias de projetos urbanos
contemporneos e na aplicao prtica.
Ainda nas consideraes finais, apresentado um resumo do mtodo proposto e as
possibilidades de futuras pesquisas e trabalhos prticos relacionados ao tema da tese.
12 RUEDA, Salvador. Plan especial de indicadores de Sostenibilidad de la Actividad Urbanstica de Sevilla.
Barcelona, 2006. Disponvel em Acesso em mar. de 2008.
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Introduo 43
importante destacar que esta tese tem como objetivo construir um referencial e sua
qualidade est na abrangncia. Sendo assim, ela apresenta um carter informativo e
amplo, sem perder a perspectiva critica e propositiva.
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Captulo1Aquestoambientalnasrefernciashistricasdodesenhourbano 45
Cada uma dessas cidades um sonho lgico: a cidade no to
m quanto seu inferno, nem vai ser to boa quanto utopia. At
aqui tudo bem. Cada cincia trabalha com conceitos ideais, como
o zero e o infinito do matemtico, como as direes norte, sul,
leste e oeste do gegrafo, e no podem viver sem esses conceitos.
verdade, o avano do matemtico para o infinito nunca atinge o
seu alvo, nem as exploraes do gegrafo, nem a pesquisa do
astrnomo. Contudo, sem essas direes intangveis, esses pontos
cardeais, quem poderia se movimentar, sem acabar caindo em um
buraco? Assim, antes que nos percamos, ou na escurido do
inferno paleotcnico, ou diante da Eutopia Neotcnica da cidade
do futuro, esses extremos nos permitem medir e criticar a cidade
do presente, e promover sua melhoria, sua renovao essencial.
(GEDDES, 1994, p.79).
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Captulo1Aquestoambientalnasrefernciashistricasdodesenhourbano 47
1.AQUESTOAMBIENTALNASREFERNCIASHISTRICASDO
PROJETOURBANOApresenta um histrico da abordagem do desenho urbano focando na incluso das
questes ambientais desde a revoluo industrial at a arquitetura moderna. Neste
resgate histrico so analisadas as principais utopias e propostas urbanas do fim do
sculo XIX e sculo XX que tiveram relevncia e influenciaram o processo de constituio
das cidades atuais.
fundamental aprender com a histria da arquitetura e do urbanismo. Um olhar para a
histria pode ser til e indicar paradigmas a serem aprimorados para atender s
necessidades presentes e futuras. Com isto, so identificadas as boas solues
arquitetnicas do ponto de vista da sustentabilidade urbana.
Segundo Sandoli (2008) o estudo das cidades idealizadas mostra aspectos de
contraposio realidade existente, formando um embasamento terico. Enquanto que o
estudo das cidades existentes ou planos implementados mostra as conseqncias de
algumas decises projetuais e a relao entre os aspectos fsicos e outras questes como
o clima, a sociedade, a economia, a tecnologia e etc.
Sobre a construo das cidades Le Corbusier define:
(...) a estrutura das cidades nos revela duas espcies de acontecimentos: o
ajuntamento progressivo, aleatrio, com seu fenmeno de estratificao lenta, de
formao escalonada e depois sua fora de atrao adquirida, crescente, fora
centrfuga, seduo violenta, investida, balbrdia. Foi assim Roma, como Paris,
Londres, ou Berlim. Ou ento: a construo da cidade, nascida de um programa, de
uma vontade, de uma cincia adquirida; assim Pequim ou so as cidades fortes do
Renascimento, ou so as cidades colonizadoras dos romanos erigidas no mago dos
pases brbaros. (CORBUSIER, 1992, p.83)
Desde o renascimento at o modernismo, diversas utopias foram elaboradas e muitas
cidades idealizadas. O sculo XX foi um perodo de grandes transformaes e incertezas,
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uma poca propicia para o aparecimento de novas teorias urbanas, uma vez que, a
industrializao promovia o deslocamento das pessoas do campo para as cidades,
acelerando o crescimento dessas (PESSOA, 2006).
O crescimento acelerado das cidades vinha acompanhado de problemas ambientais e
sociais. Segundo Gonalves (2003), o debate sobre as direes que deveriam tomar o
crescimento das cidades tratava das condies de degradao social e ambiental do meio
urbano, que dominavam as primeiras cidades industriais do mundo. Em Paris, por
exemplo, as populaes urbanas, reunidas pelo propsito de expandir as atividades
econmicas, viviam um processo de crescimento demogrfico contnuo, sem o
acompanhamento compatvel de uma infraestrutura urbana, incluindo projetos
residenciais e de espaos pblicos. Alm dos registros da explorao econmica do
trabalho humano, as classes mais pobres encontravam-se submetidas a cidades marcadas
por uma pssima qualidade do ar, falta de reas verdes, falta de saneamento pblico, e
unidades habitacionais insalubres.
Outros acontecimentos tambm foram importantes na formao das cidades, como as
guerras e os avanos tecnolgicos. As guerras permitiram que certas idias se
fortificassem e desta maneira atuassem como catalisadores no processo de transformao
das cidades. J os avanos tecnolgicos geraram, muitas vezes, a necessidade de rever
os conceitos das cidades como, por exemplo, o surgimento e uso dos automveis.
Abordando estas questes refletidas no desenho da cidade e nas principais utopias e
propostas urbansticas o captulo abrange trs diferentes perodos da histria.
O primeiro aborda o desenho urbano nas cidades histricas, desde a antiguidade at a
Idade mdia. O segundo abrange o perodo aps a revoluo industrial, abordando sobre
os principais utopistas e suas propostas de cidade, destacando o modelo de Cidade
Jardim de Howard. O ltimo consiste no perodo do movimento moderno, na qual so
analisadas as idias de Le Corbusier para a construo da ci