técnica de sobrevivência no mar ciaba

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    PREFÁCIO

    Escopo

    Este curso visa habilitar aquaviários de acordo com a Resolução 19 da ConferênciaInternacional sobre a Formação de Marítimos e Expedição de Certificados, 1978.

    Objetivo

    Capacitar todas as pessoas que participarem do treinamento completo a reagir demaneira correta durante as situações de emergência, tomando medidas apropriadas paraa sua própria sobrevivência e a sobrevivência das outras pessoas e a usar corretamenteos equipamentos de sobrevivência. Também, em alguns casos, capacitá-las a identificar ecorrigir falhas, colaborando para evitar situações de emergência.

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    1. Introdução a Segurança e Sobrevivência

    1.1 A Origem de Determinadas Regras

     A maioria das regras advém da investigação de acidentes para que, conhecendo-

    se as causas, possam ser aplicadas medidas preventivas à sua repetição.  Titanic 

     Afundou às 02:18h de 15 de abril de 1912. Das 2.224 pessoas a bordo, apenas 706conseguiram sobreviver. Calcula-se que 800 dos mortos foram devorados por tubarões.

    Deu origem à Convenção SOLAS.

    Titanic

      Herald of Free EnterpriseO trágico acidente com o Herald of Free Enterprise provou ao mundo que a falha

    de gerenciamento, reportado pelo relatório da comissão do acidente, foi simplesmente acausa que mais contribuiu para a cadeia de eventos que levou ao acidente.

    Deu origem à Resolução da IMO A.647(16), adotada em 19 de outubro de 1989,Guia de Gerenciamento para Operação Segura de Navios e para a Prevenção de  Poluição.

    Herald of Free Enterprise

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      Scandinavian Star  

    Incendiou em 1990 fazendo 158 vítimas.

    Deu origem à Resolução da IMO A.741(18), adotada em 04 de novembro de 1993 -

    Código de Gerenciamento Internacional para a Operação Segura de Navios e para aPrevenção da Poluição - ISM Code. Em maio de 1994, o ISM Code tornou-se mandatório.Capítulo IX da Convenção SOLAS.

    Incêndio do Scandinavian Star

      Estonia 

    Em 28 de setembro de 1994, ocorreu aquele que foi chamado “o pior desastremarítimo na Europa em tempos de paz”. O ferry-boat  Estonia, que fazia o trajeto entre a

    Estônia e a Suécia, afundou no mar gelado, matando 1.049 passageiros.

    Um barco grande, moderno, poderoso e bem-equipado afundou numa tempestadeapenas moderada. A temperatura da água, que era de 11 graus, e as ondas dizimaram ascerca de 200 pessoas que escaparam do navio. Apenas 141 foram recolhidas na manhãde quarta-feira nas operações de resgate. Várias pessoas morreram de hipotermia acaminho dos hospitais. O Estonia havia sido inspecionado ainda em agosto por uma dascinco maiores firmas do mundo especializadas em segurança da navegação, recebendoum certificado altamente positivo, cerca de 95%, autorizando-o a operar naquela área doBáltico.

    Gerou novas tecnologias e requisitos de estabilidade.

    Estônia

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      Torrey Canyon 

    O Torrey Canyon, em 1967, encalhou enquanto demandava o Canal da Mancha ederramou cerca de 120 mil toneladas de óleo cru no mar, causando grave poluição nascostas do sudoeste da Inglaterra e do norte da França.

    Deu origem à MARPOL, adotada em 1973, e ao STCW.

    Com a adoção, em 1978, de um protocolo introduzindo diversas alterações ao textooriginal, a citada convenção ficou conhecida como MARPOL 73/78.

      Erika 

     Afundou na costa da França em dezembro de 1999

     As investigações do acidente com o Erika, realizadas pelo governo francês e pelaautoridade marítima maltesa, concluíram que a idade, a manutenção insuficiente einadequadas vistorias foram os principais fatores que contribuíram para a falênciaestrutural do navio.

    Foi de largo consenso que o Erika e outros recentes acidentes envolvendopetroleiros apontam para a necessidade de medidas internacionais adicionais paraerradicar navios substandard , principalmente petroleiros que, em caso de acidente,podem causar catastrófico impacto ambiental.

    O afundamento do Erika acelerou o programa relativo a navios-tanque de cascosimples.

     Afundamento do Erika

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      Exxon Valdez 

    O Exxon Valdez, em 24 de março de 1989, encalhou no estreito de PríncipeWilliam, no Alasca.

    Deu origem à OPA 90 - Oil Pol lut ion A ct , que é um ato (lei) antipoluição do mar,terra e ar dos Estados Unidos da América do Norte. Compõe-se de uma série deregulamentos visando evitar poluição por óleo (na água, terra e ar). Através deinstalações em terra e mar que operam nos EUA, assegura garantia de ressarcimento(indenizações) às partes prejudicadas. O VRP (Vessel Response Plan) é a principalexigência do ato. Ao contrário do SOPEP (Ship Oil Polution Emergency Plan – Plano deEmergência do Navio para Combate a Poluição por Óleo), é um plano que visa orientar astripulações sobre como agir e a quem contatar, acionar e notificar no caso de ocorrer umapoluição.

     Acidente do Exxon Valdez

     As regras originadas dos acidentes acima mostrados têm por principal objetivoevitar que acidentes análogos venham a acontecer.

    Esses acidentes também vêm mostrar, claramente, a necessidade dostreinamentos obrigatórios por regras, ou motivados por situações a bordo, para todas aspessoas embarcadas, de maneira que todos possam contribuir para que acidentes nãoocorram. Porém, se mesmo assim acidentes vierem a acontecer, que todas essas

    pessoas estejam preparadas para salvar suas vidas, as de outras pessoas e que sejamcapazes de colaborar para que os resultados da tragédia sejam amenizados.

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    1.2 Regras de Segurança 

    Para a segurança de todos os participantes do curso, principalmente durante osexercícios práticos que se seguirão, todos devem seguir, rigorosamente, as orientaçõesque receberão. Aqueles que possuírem qualquer limitação pré-existente de saúde ou se

    sentirem mal durante os exercícios devem informar o fato ao seu instrutor. A seguinte estatística de ocorrência de acidentes durante exercícios deve ser

    considerada:

      26 % na descida das embarcações;

      30 % na sua recuperação;

      18 % durante a estiva;

      26 % por causas diversas.

    1.3 Princípios de Sobrevivência no Mar

    1.3.1. Treinos e exercícios regulares;

    1.3.2. Estar preparado para qualquer emergência;

    1.3.3. Conhecer as ações a serem tomadas nos seguintes casos:

      Chamada para os postos de embarque;  Abandonar o navio;

      Quando estiver na água;

      Quando estiver em uma embarcação de sobrevivência.

    1.3.4 Conhecer os principais perigos para os sobreviventes (proteção contra oambiente):

      Afogamento;

      Hipotermia;

      Sede;

      Alimentação.

    1.3.5. Localização.

    NOTA: é necessário que todos os tripulantes participem de todos os treinamentos e exercícios previstos nos sistemas de gerenciamento de segurança e de prevenção da poluição implementados a bordo

    de seu navio, para que se tornem e permaneçam aptos a reagir de maneira satisfatória em qualquer dasemergências previstas nos códigos principalmente as emergências que podem levar ao abandono do navio.

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    1.4 Definições Aplicadas

    1.4.1 Determinadas Siglas

    IMO: Organização Marítima Internacional;

    SOLAS: Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar;

    LSA Code: Código Internacional de Equipamentos Salva-Vidas;

    NORMAM: Normas da Autoridade Marítima;

    STCW: Convenção Internacional sobre Normas de Treinamento de Marítimos,Expedição de Certificados e Serviço de Quarto;

    IAMSAR: Manual Internacional Aeronáutico e Marítimo de Busca e Salvamento;

    INMARSAT: organização sob o controle da IMO, criada especificamente paraprover os satélites e seus sistemas de controles necessários para melhorar ascomunicações marítimas e, assim, melhorar as comunicações de socorro e segurança davida humana no mar. Emprega quatro satélites geoestacionários e opera estaçõesterrenas de navios na banda L (1,5 e 1,6Ghz);

    COSPAS-SARSAT: sistema-satélite de auxílio em operações SAR (busca esalvamento) para localizar balizas radioindicadoras de 121,5Mhz ou 406Mhz. Empregaquatro satélites (LEOSAR) e três satélites (GEOSAR);

    SART: transpondedor radar de busca e salvamento que opera na banda de 9Ghz

    (banda X). Equipamento receptor-transmissor radar que tem por objetivo auxiliar asunidades SAR (busca e salvamento) na localização de navios e embarcações desobrevivência. Tem alcance aproximado de 5 milhas. 

    SART  

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    EPIRB: balizas radioindicadoras de posição em emergência marítima. Transmitemsinais personalizados em 406Mhz para satélites COSPAS-SARSAT ou 1.6Ghz nacobertura INMARSAT. Também transmitem em 121,5Mhz para facilitar as unidades SAR.

    EPIRB

    GMDSS: Sistema Global Marítimo de Socorro e Segurança. Utiliza equipamentoseletrônicos e comunicação via satélite, proporcionando agilidade e ação coordenada nabusca e salvamento, minimizando o tempo de atendimento à embarcação sinistrada;

    SISTRAM: sistema de acompanhamento do tráfego de navios participantes.Permite, em caso de acidentes, a rápida verificação da embarcação e providências aosinistro;

    Código: refere-se ao Código LSA (Life-Saving Appliances) – LSA Code, antigaRegra 34 da Convenção SOLAS Capítulo III.

    1.4.2 Definições da Convenção SOLAS – CAP III – A

    Roupa antiexposição: é uma roupa de proteção projetada para ser utilizada pelatripulação de Embarcações de Salvamento e por equipes de Sistemas de EvacuaçãoMarítima;

    Roupa antiexposição

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    Pessoa Habilitada: é uma pessoa que possui um certificado de habilitação emembarcação de sobrevivência, expedido sob a autoridade, ou reconhecido como válido,da Administração, de acordo com as regras do STCW;

    Detecção: é a determinação da posição dos sobreviventes ou da embarcação de

    sobrevivência;Escada de embarque: é a escada de que são dotados os postos de embarque nas

    embarcações de sobrevivência para permitir o acesso, com segurança, à embarcação desobrevivência, após o seu lançamento;

    Escada de embarque

    NOTA: as escadas dos postos de embarque, conforme o Código LSA (6.1.6), não devem ter ostravessões maiores existentes nas escadas de prático, uma vez que poderão ser usadas em emergência e pode vir a ser necessário o uso simultâneo por mais de uma pessoa.

    Lançamento por flutuação livre: é aquele método de lançamento de umaembarcação de sobrevivência pelo qual a embarcação se desprende, automaticamente,de um navio que está afundando e fica pronta para ser utilizada.

    Conceito de funcionamento do sistema de lançamento por flutuação livre

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    Lançamento por queda livre: é aquele método de lançamento de uma embarcaçãode sobrevivência pelo qual a embarcação, com seus passageiros e equipamentos abordo, é liberada para cair no mar, sem qualquer dispositivo que a prenda;

    Conceito do funcionamento do sistema de lançamento por queda-livre

    Roupa de imersão: é uma roupa de proteção que reduz a perda de calor de umapessoa imersa em água fria que a estiver usando. Deve ser usada pela tripulação dasEmbarcações de Salvamento ou pessoas designadas para uma equipe do Sistema deEvacuação Marítima. 

    Roupa de imersão 

    Dispositivo inflável: é um dispositivo que depende de câmaras não-rígidas, cheiasde gás para a sua flutuação e que é normalmente mantido não-inflado e pronto para ser

    utilizado; 

    Balsa e colete infláveis

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    Dispositivo inflado: é um dispositivo que depende de câmaras não-rígidas, cheiasde gás para a sua flutuação e que é sempre mantido inflado e pronto para ser utilizado;

    Bote de resgate inflado

    Condição de Viagem mais Leve: é a condição de carregamento, com o navio emáguas parelhas, sem carga, com 10% dos suprimentos e do combustível a bordo e, nocaso de um navio de passageiros, com todos os passageiros, tripulação e sua bagagem abordo;

    Sistema de Evacuação Marítima: dispositivo destinado a uma transferência rápidade pessoas do convés de embarque de um navio para uma embarcação de sobrevivênciaflutuando;

    Sistema de Evacuação Marítima

    Equipamento ou dispositivo salva-vidas novo: é um equipamento ou dispositivosalva-vidas que incorpora novas características ainda não totalmente cobertas pelasdisposições deste capítulo, mas que proporciona um padrão de segurança igual ousuperior;

    Estabilidade positiva: é a capacidade de uma embarcação voltar a sua posição

    original após cessar a aplicação de um momento de adernamento;

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    Tempo de Recolhimento de uma Embarcação de Salvamento: é o temponecessário para içá-la até uma posição em que as pessoas que estiverem a bordopossam desembarcar para o convés do navio. Engloba o tempo necessário dospreparativos para recolher a bordo embarcação de salvamento, como passar e fixar umaboça e prender a embarcação ao dispositivo de lançamento, bem como o tempo

    necessário para içá-la;

    Embarcação de Salvamento: é uma embarcação concebida para salvar pessoasem perigo e as conduzir para as embarcações de sobrevivência ou para o navio. 

    Embarcação de Salvamento – Bote de resgate

    Embarcação de Sobrevivência: é uma embarcação capaz de preservar as vidasdas pessoas em perigo, a partir do momento em que abandonam o navio;

    Embarcações de Sobrevivência – Baleeira e balsa

    Meio de Proteção Térmica: é um saco ou roupa confeccionada com material àprova d’água, com uma baixa condutividade térmica. 

    Meio de Proteção Térmica 

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    1.4.3 Definições NORMAM 01

    Equipamentos Salva-vidas Individuais: são equipamentos destinados àsobrevivência pessoal do náufrago, tais como: bóia salva-vidas, colete salva-vidas, roupade imersão, roupa antiexposição e meio de proteção térmica;

    Dispositivo de Iluminação Automática: é associado à bóia salva-vidas e destina-sea indicar a posição da pessoa que se encontra na água;

    Dispositivo de Iluminação Automática

     Aparelho Lança-Retinida: equipamento utilizado para lançar uma retinida a pelomenos 230 metros de distância com uma precisão aceitável;

     Aparelho Lança Retinida 

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    Meios de Abandono: são quaisquer meios que possibilitem abandonar o navio emsituações de emergência;

    Sinais Visuais: são artefatos pirotécnicos destinados a chamar a atenção dasequipes de socorro ou embarcações ou aviões que passem às proximidades. São

    denominados Sinais de Socorro e Sinais de Salvamento.Sinais de Socorro: são sinais que podem ser vistos a grandes distâncias. São os

    foguetes manuais estrela vermelha com pára-quedas, o facho manual luz vermelha, osinal fumígeno flutuante e o sinal de perigo diurno / noturno.

    Sinais de Socorro 

    Sinais de Salvamento: destinam-se às comunicações em fainas de salvamento ecaracterizam-se por sinais manuais com estrela nas cores vermelha, verde ou branca;

    Sinais de Salvamento (estrela vermelha e estrela branca) 

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    Tabela de Postos de Emergência (Tabela-Mestra): tabela destinada a orientar aospassageiros e tripulantes detalhes a serem seguidos nas fainas de emergência (incêndio,colisão, etc) e abandono;

    Tabela Mestra utilizada na FRONAPE  (parte)

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    Ração de Abandono: é uma ração alimentar destinada a ser utilizada nasembarcações de sobrevivência com o fim de manter os náufragos em condiçõespsicofísicas tais que permitam a sua sobrevivência e posterior recuperação. A parte sólidaé constituída de carboidratos estáveis (açúcar) e amido ou equivalentes. A parte líquida éconstituída de água potável. Deverá proporcionar a cada náufrago sobrevivência por 6

    dias;

    Rações líquida e sólida 

     Alarme Geral de Emergência: é um alarme destinado a chamar passageiros etripulação para os postos de reunião e para iniciar as operações indicadas na tabela depostos;

    Embarcação SOLAS: é uma embarcação de AB (arqueação bruta) > ou = a 500.

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    2 Situações de Emergência

    2.1 Emergências que Podem Redundar em Incêndio ou Afundamento doNavio

      Perda de Governo;  Incêndio;

      Explosão;

      Implosão;

      Perda de Energia;

      Colisão ou Abalroamento;

      Encalhe;

      Derramamento de Óleo;

      Alagamento em Casa de Bombas por Óleo;

      Água aberta;

      Perda de Propulsão.

    2.2 Precauções para Evitar Situações de Emergência

     As precauções necessárias para evitar as situações de emergência citadas têminício na boa qualificação dos profissionais escolhidos para embarque, na manutenção doseu bom estado de saúde, na sua conscientização da necessidade de participarativamente de todos os exercícios e treinamentos obrigatórios ou programados a bordopelo comandante ou em terra, quando programados pela empresa após verificação danecessidade, inclusive, pelo GSSTB (Grupo de Saúde e Segurança do Trabalho a Bordo).

    2.3 Prevenção e Combate a Incêndios

    Todos são responsáveis pela prevenção de incêndios a bordo e, desse modo,devem obedecer a todas as instruções existentes no que concerne ao uso de chamasabertas, tais como:

      O uso de cigarros e isqueiros, utilizando-os somente nos locais indicados;

      Não-utilização de luzes desprotegidas ou realização de trabalhos a quente emáreas onde haja possibilidade da presença de líquidos ou gases inflamáveis;

      Descarte de materiais utilizados em limpezas, sujos de óleos ou outro produtoinflamável somente nos locais apropriados;

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      Cuidados com a utilização de materiais elétricos, não fazendo ligações não-autorizadas (gambiarras);

      Observar as regras de utilização dos equipamentos da cozinha, copas,refeitórios e lavanderias; e

      Evitar o envolvimento em situações que possam representar a possibilidade deum princípio de incêndio.

    O combate a incêndio se inicia no momento em que é dado o alarme da ocorrênciareal de um princípio de incêndio. Os meios de combate a incêndios existentes a bordo, demaneira geral, se constituem nos extintores portáteis, nos extintores sobre rodas e nossocorros básicos, quais sejam:

      Sistema fixo de água;

      Sistema fixo de espuma;

      Sistema fixo de pó químico seco;

      Sistema fixo de CO2;

      Sistema fixo de halon.

    Dependendo da proporção do incêndio, ele poderá ser debelado pela utilização dosequipamentos portáteis, por um dos sistemas fixos ou pela combinação de quaisquerdestes equipamentos ou sistemas.

    É necessário observar que os equipamentos portáteis estão distribuídos a bordo deacordo com um projeto que os qualifica de acordo com o combustível existente no local, oque torna desnecessário perder tempo procurando saber se aquele é o extintor adequadoou não.

    Para a utilização dos sistemas fixos, estes serão escolhidos apropriadamente, deacordo com o método de extinção que se deseja utilizar, quais sejam: resfriamento,abafamento ou quebra da reação em cadeia.

    Para o abafamento de espaços fechados, como casas de bombas e praças demáquinas, é necessário que todos conheçam o alarme de alagamento por CO2  e que

    entendam que é necessário abandonar o local imediatamente, sob pena de vir a falecerpor asfixia. A utilização destes sistemas, principalmente os sistemas fixos de CO2 e halon,somente deve ser efetuados por pessoal bem treinado e capaz e, mesmo assim, somenteapós ordem do comandante ou de seu substituto na ocasião.

    2.4 Afundamento

    Determinadas situações de emergência podem levar a um sinistro em que sejanecessário abandonar a embarcação. O abandono poderá ocorrer sob a luz do dia ou à

    noite, sob mau tempo, debaixo de mar grosso, ou em condições meteorológicasfavoráveis e até mesmo com mar espelhado. O naufrágio poderá levar várias horas ou

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    acontecer em questão de alguns minutos, portanto, a tripulação deve estar preparadapara reagir de maneira pronta e eficaz para qualquer das situações que se apresente.

     Após o navio ter sido abandonado, os líderes desempenharão papel importante nasobrevivência dos náufragos, pois todos estarão sujeitos a condições psicológicas

    adversas causadas, principalmente, pelo medo, tristeza, solidão, fadiga e pela existênciade pessoas feridas ou mortas.

    2.5 Adestramento 

    O bom treinamento das brigadas de incêndio em suas tarefas, listadas na tabela-mestra do navio, poderá fazer a diferença entre debelar imediatamente um princípio deincêndio, apagar rapidamente um incêndio de maiores proporções, demorar em debelarum incêndio, resultando em vítimas, além de perdas materiais, ou, até mesmo, perda da

    embarcação pelo incêndio ou pelo afundamento ocasionando o abandono e suas terríveisconseqüências.

    Nas situações de abandono iminente, somente através dos exercícios deabandono, conforme as ações previstas na mesma tabela-mestra, é que se poderáassegurar que as pessoas reagirão favoravelmente, mesmo sob fortes condiçõesemocionais, porque agirão de maneira quase automática e, assim, correta nodesenvolvimento de suas tarefas previstas naquela tabela.

    Para a maioria das situações de emergência, são previstos exercícios periódicosque visam manter a tripulação capaz de reagir de forma a minimizar os efeitos advindos

    destas situações.Um tripulante bem-adestrado não entra em pânico, não causa pânico e contribui

    para o seu próprio salvamento e o de outras pessoas.Portanto, mantenha-se adestrado.

    2.6 Tabela-Mestra e Alarmes de Emergência 

     A tabela-mestra tem por objetivo mostrar os detalhes do alarme geral deemergência, as ações a serem realizadas pela tripulação e pelos passageiros quandosoar esse alarme e como será dada a ordem de abandonar o navio.

    Nesta tabela, estão indicados quais os oficiais designados para assegurar que osequipamentos salva-vidas e de combate a incêndio sejam mantidos em boas condições eprontos para utilização imediata; os substitutos das pessoas-chave que possam ficarinválidas, levando em consideração que diferentes situações de emergência podem exigirações diferentes; e as tarefas designadas aos diversos membros da tripulação comrelação aos passageiros, em caso de emergência.

    Na tabela-mestra, também será encontrada a tripulação designada para o bote deresgate com suas respectivas ações nas situações de emergência.

    O alarme geral de emergência consta de sete ou mais sons curtos seguidos de umlongo, dados através do apito do navio ou da campainha de alarme geral.

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    2.7 A Tripulação e Instruções de Emergência

    Logo ao embarcar, cumprindo procedimentos existentes, os tripulantes sãofamiliarizados para que possam reagir corretamente nas situações de emergência com oseguinte:

      Alarme de emergência;

      Os significados de todos os diferentes alarmes existentes;

      Instruções da tabela-mestra e suas funções;

      A localização e o uso dos equipamentos salva-vidas;

      A localização e o uso dos equipamentos de combate a incêndios;

      As rotas de fuga e equipamentos de fuga;

      Emergências que podem resultar em afundamento do navio;

      Meios de sobrevivência a bordo e nas embarcações de sobrevivência;

      SOPEP;

      Local de guarda e correta utilização dos equipamentos de localização: EPIRB,SART, VHF e sinais visuais.

    2.8 Equipamentos Extras e Sobrevivência

     Além do EPIRB, SART e VHF, em caso de abandono, se houver tempo, o seguintematerial adicional deverá ser levado para as embarcações de sobrevivência:

      Água;

      Alimentos;

      Remédios;

      Apetrechos de pesca;

      Lanternas;

      Cobertores.

     As embarcações infláveis que não forem usadas no momento do abandonotambém poderão ser levadas como melhor for possível;

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    2.9 Complicações Durante um Abandono

    O abandono de uma embarcação poderá ocorrer em situações favoráveis, comtempo suficiente para um abandono organizado, usando-se todos os equipamentosdisponíveis.Porém, pode haver complicações, muitas vezes inesperadas, causadas por:

      Impossibilidade de lançamento de qualquer embarcação de sobrevivência ouresgate;

      Falta de iluminação;

      Falta de tripulante designado para certas funções;

      Pânico;

      Desconhecimento das saídas de emergência;

      Falta de conhecimento do equipamento;

      Tripulantes não-adestrados;

      Desembarque de feridos;

      Estado do mar;

      Condições meteorológicas;

      Águas infestadas por tubarões;

      Tripulantes que não obedecem à ordem de aguardar abandono;

      Navio adernado;

      Incêndio na superestrutura;

      Falta de tripulantes.

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    3. Abandono

    3.1 Abandonar o Navio é o Último Recurso

    O navio, seguramente, sempre será o melhor lugar para nossa sobrevivência. O

    abandono do navio somente deverá ser feito depois de esgotadas todas as chances desalvamento. Somente o comandante, após a análise de todas as possibilidades, darásemelhante ordem.

    3.2 Preparação Pessoal para Abandono do Navio

      Ao ouvir o alarme de emergência, mantenha-se calmo, desligue osequipamentos que porventura estiver usando e aguarde o alarme seguinte que indicará otipo de emergência.

      Sendo alarme de abandono, não perca tempo e apresente-se ao seu posto deembarque (determinado no cartão fixado junto ao beliche e que também é descrito natabela-mestra) e aguarde as ordens do encarregado;

      Siga estritamente as ordens do comandante, que poderão ser dadas pelosistema interno de comunicação ou por outros meios;

      Lembre-se de que um alarme de abandono não é uma ordem de abandono.Esta ordem será dada pelo comandante, que o fará de maneira clara e precisa. Aschances de sobrevivência de uma pessoa que entra em pânico e se atira ao mar, mesmode colete salva-vidas, são muito remotas.

      Considere a necessidade de se apresentar ao seu posto já vestido com seucolete salva-vidas e com roupas adequadas;

      Se possível, pegue seus documentos e o que mais achar necessário;

      Vestir bastante roupa servirá para minimizar a possibilidade de choque térmicono caso de cair em águas frias;

      Ao embarcar em uma baleeira, afivele seu cinto de segurança e aguarde asordens do encarregado;

    NOTA: é importante lembrar da última posição do navio, o rumo e a velocidade do vento e dacorrente e a temperatura da água.

    3.3 Necessidade de Evitar o Pânico

    O pânico pode levar uma pessoa a reagir de maneira diferente do esperado , o quepoderá induzi-la a cometer uma falha humana. O tripulante bem-adestrado e que participade maneira aplicada dos treinamentos e exercícios, terá maior chance de atuar

    corretamente, mesmo diante de situações de perigo iminente. O medo tanto pode

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    estimular o indivíduo a enfrentar o perigo com êxito como pode se transformar em pânico,resultando em insucesso e fatalmente na morte do sobrevivente.

    O pessoal não-qualificado, não-familiarizado, sem experiência ou com umadestramento inadequado e insuficiente terá reações emocionais e mentais anormais.

    3.4 Tripulantes e Passageiros

    Os passageiros não têm o adestramento necessário e, portanto, devem obedeceràs ordens da tripulação, além de cumprir as ordens descritas na tabela-mestra e cartõesindividuais.

    Devem ser auxiliados pelos tripulantes a vestir seus coletes e encaminhados aosseus lugares de abandono. Deverão ser auxiliados a entrar em suas respectivasembarcações. Se for o caso, embarcar primeiro os feridos, as mulheres e as crianças.

    3.5 Lançamento das Embarcações de Sobrevivência

    3.5.1 Lançamento das Baleeiras

    Os procedimentos de lançamento das baleeiras se diferenciam conforme o projeto,que pode variar de navio para navio. Os procedimentos completos estão descritos natabela-mestra e auxiliam na execução correta das tarefas necessárias.

    3.5.2 Lançamento das Balsas

     As balsas podem ser lançadas manualmente e diretamente sobre a borda, pormeio de turco (giratório), ou liberadas e acionadas através do sistema automático deflutuação livre, com o emprego de válvulas hidrostáticas.

    3.5.2.1 Lançamento Manual

    Considerando apenas uma balsa posicionada em seu berço, para lançamentomanual, com apenas dois homens.

    1. Desengatar o gato de escape liberando a balsa da cinta que a prende ao berço;

    2. Puxar o cabo de disparo, cerca de 15 metros, deixando-o no convés (evitaráque este cabo se enrosque e abra a balsa durante o lançamento antes que caia na água);

    3. Observar se na água não existem objetos, pessoas, etc. e lançar a balsa, cadahomem segurando por uma extremidade;

    4. Puxar o cabo de disparo até que este ofereça resistência e dar um último puxãopara que a válvula da garrafa (CO2) se abra e infle a balsa;

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    5. O líder, então, pega a boça e desce pela escada de embarque até próximo àágua, puxa a balsa e embarca;

    6. Após embarcar e inspecionar, autoriza o embarque dos demais;

    7. Após todos embarcados, deve-se puxar ao máximo possível o cabo de disparopara dentro da balsa e cortá-lo com a faca sem ponta que está fora do saco dapalamenta, na entrada da balsa;

    8. Usando os remos flutuantes, que se encontram fora do saco da palamenta, ecom o auxílio da âncora flutuante, afastar-se do navio;

    9. Somente após a confirmação de que não tem mais ninguém na água é que abalsa deverá ser fechada.

    O cabo de disparo não deve ser desamarrado do sistema hidrostático para seramarrado na varanda para que não se perca tempo, uma vez que nesta posição ele jáestá seguro. Essa prática é necessária para as balsas que não possuem dispositivo deflutuação livre (válvula hidrostática), cujo cabo de disparo fica solto para que a balsa sejadeslocada para melhor local de lançamento, o mais rápido possível, nas emergências.

    É necessário que as pessoas embarquem sem nenhum tipo de material,equipamento ou acessório que possa vir a danificar a balsa, provocando seuesvaziamento. Mesmo possuindo material de reparo, pode ser difícil fazê-lo em condiçõesadversas com água, sal, balanço, etc.

    3.5.2.2. Balsas Lançadas por Meio de Turco

     As balsas lançadas por meio de turco utilizam turco giratório e são disparadas edeixadas penduradas no posto de embarque, quando são presas, depois de infladas, pormeio de cabos ao convés de embarque. Após o embarque do pessoal, é arriada e,quando na água, é liberada através de um sistema de desengate rápido disponível naextremidade do cabo do turco.

    Lançamento por meio de turco 

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    3.5.2.3 Lançamento Automático

    O sistema de flutuação livre atuará nos casos em que não foi possível o disparomanual e a balsa afundou junto com o navio. Neste caso, a válvula hidrostática atuará naprofundidade entre dois e quatro metros, cortando o cabo do sistema no qual está presa a

    cinta, liberando a balsa do berço e fazendo com que flutue, ficando presa ao berço pelocabo de disparo e o cabo fusível (pequeno cabo encarnado de diâmetro e resistênciainferior ao cabo de disparo, também chamado de elo fraco – weak link ). O cabo fusívelterá resistência para abrir a válvula de disparo, inflando a balsa, o que aumentará aresistência da balsa em descer, provocando o rompimento deste elo fraco e liberando abalsa para o alcance dos náufragos.

    3.6 Ordem do Comandante para Abandono

    Somente se abandonará uma embarcação após esta ordem ser dada pelocomandante. Esse procedimento deve ser obedecido por todos para sua própriasegurança, para a segurança dos demais e para que um abandono organizado possa serefetuado sem maiores atropelos.

    3.7 Meios de Sobrevivência após o Abandono

    Se o abandono é inevitável, é necessário entender e se proteger dos perigos pelosquais poderá passar, tais como: afogamento, hipotermia, desidratação e falta dealimentos.

    3.7.1 Afogamento

    O primeiro perigo é o afogamento e, para evitá-lo, é necessário manter-seflutuando com a utilização das embarcações, dos equipamentos de sobrevivência pessoalou outro meio de abandono.

    Quatro minutos sem oxigênio é o máximo que nosso cérebro pode agüentar semque ocorra um dano permanente.Porém, devido a um processo de sobrevivência

    involuntário conhecido como “resposta mamífera ao mergulho”, esse tempo pode seestender, o que obriga que os esforços de ressuscitação e respiração artificial sejaminiciados imediatamente em qualquer vítima de afogamento independente do tempo quepassou submerso n’água.

    3.7.2 Hipotermia

     A próxima preocupação do náufrago será com a hipotermia. Dependendo datemperatura da água, pode-se morrer em poucos minutos, portanto, é necessário manter-

    se aquecido. O impulso imediato das pessoas submetidas ao frio consiste em exercitar-see agitar-se vigorosamente na tentativa de manter-se aquecido. Ao contrário do que se

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    imagina, esta reação retira do corpo as últimas reservas de calor, diminuindo,consideravelmente, o tempo de sobrevivência. Um náufrago imerso em água fria deveprocurar manter-se calmo, sem se agitar desnecessariamente. Estando de colete, deveadotar a posição HELP (H eat E scape Lessening P osture) postura que diminui a perda decalor, tentando manter a cabeça, o pescoço e a nuca fora d’água, o que o ajudará a

    manter o calor do seu corpo.

    Sendo um grupo, adotar a posição HUDDLE (agrupamento – aconchego) queconsiste em manterem-se juntos para que o calor dos seus corpos beneficie a todos.Havendo um ferido, este deve ser colocado ao centro para que melhor se beneficie docalor dos corpos dos demais.

    Encontrando-se no interior de uma embarcação de sobrevivência, também há apossibilidade de acontecer a hipotermia. Pessoas magras, pessoas de pouca idade, asdesidratadas, feridas, estressadas, fadigadas, doentes ou famintas estarão maispropensas à hipotermia e, portanto, merecem maior atenção dos demais. Serão

    necessários alguns cuidados preventivos, como os a seguir:

      Usar roupa adequada à temperatura ambiente, não muito pesada, de maneiraque não cause calor que provoque o suor e nem tão leve, que permita o frio;

      Mantenha a cabeça, o pescoço e a nuca protegidos, por serem regiões poronde ocorrem as maiores perdas de calor;

      Tente manter-se seco;

      Proteja-se do vento, mantendo a embarcação fechada, pois ele aumentará a

    perda de calor;  Não tome bebidas alcoólicas sob pena de baixar a temperatura interna do seu

    corpo;

      Evite exercícios desnecessários para não perder energia;

      Respire apenas pelo nariz, pois isso irá aquecer o ar antes que chegue aospulmões, contribuindo para a manutenção do calor corporal;

      Tome medicação contra enjôo, que deixa a pessoa mais propensa à hipotermiaalém de que, havendo vômito, contribuirá para uma desidratação por perda de líquido;

      Um grupo dentro de uma embarcação de sobrevivência deve manter-se juntopara que todos se aqueçam mutuamente;

      Dentro de uma balsa, se esta possuir fundo inflável, este deverá ser mantidoinflado para aumentar o isolamento com a água fria.

    3.7.3 Desidratação

     A desidratação é outra ameaça à vida e, mesmo seguindo-se todas as orientaçõespara evitar a perda de água, seu corpo estará continuamente perdendo água, que é

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    excretada em forma de vapor durante a respiração e pela pele através do suor. Tambémse perde água por via renal, quando os rins excretam de acordo com a necessidade deconservar os níveis normais de sais do corpo. Pelas fezes também se perdem líquidos,embora não sendo essa perda significante, a não ser no caso das diarréias, motivo peloqual deve-se evitar ingerir alimentos que possam estar deteriorados ou alimentos

    laxativos. Alguns ferimentos também causam perda de água, porém, para o náufrago, oque mais comumente pode ocorrer é a perda através de vômitos repetidos provocadospelo enjôo e, por isso, deve-se, logo ao embarcar numa embarcação de sobrevivência,tomar o remédio contra enjôo existente no pacote de primeiros socorros.

    Se a água que se perdeu não for reposta, inicia-se o processo de desidratação,que leva à falta de apetite, tonteira, à falta de salivação, ao delírio e à morte.

    Jamais beba água salgada pois o sal elimina a água das células do organismo,levando a uma desidratação mais acelerada e aumentando a sede. Se não houver águapara uma hidratação, a contrapartida é diminuir, ao máximo, a perda de água do

    organismo para se conseguir uma sobrevida que aumente as possibilidades de resgate.Para isso, você deve:

      Beber a maior quantidade de água que puder na constatação de que onaufrágio é eminente;

      Proteger-se do sol e do vento pois eles aumentam a evaporação;

      Reduzir a sudorese, mantendo suas roupas e o toldo da balsa sempremolhados com a água do mar;

      Não se alimentar além da ração se não houver água adicional, principalmentede aves e peixes, que são ricos em proteínas, pois a água do seu corpo será usada nasua digestão;

      Evitar desgastes físicos; e

      Procurar combater enjôos e diarréias.

     A água disponível nas embarcações de sobrevivência faz parte da ração e éprevista para um período de até seis dias, tempo esperado para um salvamento. Não sedeve racionar o consumo, havendo um bom suprimento, acreditando que o tempo desobrevivência será aumentado. O líder deverá avaliar a situação, considerando aquantidade de água disponível, o número de náufragos, a temperatura ambiente, aspossibilidades de ocorrência de chuvas e de resgate antes de decidir como serádistribuída a água.

     A água deverá ser racionada nos casos em que haja previsão de um salvamentomais demorado, maior número de náufragos na balsa do que a lotação normal, perda derações, etc., porém, mesmo assim, devem ser ingeridos pelo menos 350ml de água porhomem a cada dia.

    Distribuição da água após o primeiro diaBom suprimento Suprimento limitado Suprimento racionado

    750ml 525ml 350ml Água para ser consumida em quatro porções diárias

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    3.7.4 Alimentação

    O primeiro recurso alimentar dos sobreviventes são as rações sólidas existentesnas embarcações que dispensam hidratação, aquecimento ou quaisquer outros cuidadose se apresentam prontas para o consumo. Essas rações são suficientes para o

    sobrevivente por um período de até seis dias, tempo esperado para o salvamento.O racionamento somente deverá ocorrer nos casos em que haja previsão de um

    salvamento mais demorado, maior número de náufragos na balsa do que a lotaçãonormal ou perda de rações, porém, mesmo assim, mantendo os náufragos com umaalimentação que os deixe com o mínimo de condições psicofísicas.

    Desde que se tenha uma boa reserva de água, deve-se aventurar em obteralimentos, o que resolverá o problema da fome, além de se tornar uma atividade queajudará a passar o tempo sem pensamentos desfavoráveis à sua moral.

    3.7.5 Comunicação

     A comunicação será fundamental para o resgate e, para isso, deve-se conhecer eestar familiarizado com o uso do equipamento disponível. O rádio VHF portátil seráfundamental na comunicação dos sobreviventes com outras embarcações ou equipes debusca. Também fazem parte outros equipamentos destinados a chamar a atenção, taiscomo: sinais visuais, espelho heliográfico, SART, EPIRB e apito.

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    4 Embarcações de Sobrevivência e Botes de Resgate

    4.1 Embarcações Salva-Vidas

    Destina-se ao abandono do navio e à sobrevivência enquanto se aguarda resgate.

    Geralmente construídas em fibra de vidro ou de casco metálico, possuem motor comcapacidade para 6 nós de velocidade e autonomia para 24 horas.

    4.1.1 Tipos de Embarcações Salva-Vidas

      Abertas;

      Parcialmente fechadas;

      Parcialmente fechadas auto-adriçáveis; 

    Embarcação de sobrevivência parcialmente fechada 

      Totalmente fechadas;

      Totalmente fechadas com suprimento autônomo de ar;

      Totalmente fechadas protegidas contra fogo.

    Totalmente fechadas com suprimento autônomo de ar e protegidas contra fogo

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    4.1.2 Navios de Passageiros

    Para os navios de passageiros, a capacidade de lotação das baleeiras, em cadabordo do navio, deve ser para pelo menos 50% das pessoas que se encontrem a bordo.

    4.1.3 Navios de Carga

    Para os navios de carga, a capacidade de lotação das baleeiras, em cada bordo donavio, deve ser para 100% das pessoas que se encontrem a bordo.

    Nenhuma embarcação salva-vidas deverá ser aprovada para acomodar mais de150 pessoas. O motor de uma embarcação salva-vidas deverá ser capaz de funcionarpelo menos cinco minutos após uma partida a frio, estando a embarcação fora d’água.

    Nos navios de passageiros, deverão estar dispostas de maneira que toda a sualotação de pessoas possa embarcar rapidamente. Nos navios de carga, deve possibilitarque todos possam embarcar em não mais de três minutos a partir da ordem de embarque.

    4.1.4 Características das Embarcações Salva-Vidas

    4.1.4.1 Embarcações Salva-Vidas Abertas

     As embarcações salva-vidas abertas são as que não são dotadas de coberturasrígidas parciais nem coberturas rígidas completas. Não são auto-adriçáveis, porém,

    possuem apoios para as mãos adequados, presos ao casco de modo que, quando aembarcação estiver emborcada, as pessoas possam se agarrar a eles.

    4.1.4.2 Embarcações Salva-Vidas Parcialmente Fechadas

     As embarcações salva-vidas parcialmente fechadas são dotadas de coberturasrígidas, permanentemente fixas, cobrindo pelo menos 20% do comprimento daembarcação, a partir da sua roda de proa e pelo menos 20% do comprimento daembarcação, a partir da sua extremidade de ré. Possui capuchana rebatível,permanentemente presa, que, juntamente com a cobertura rígida, cobre completamenteos ocupantes da embarcação, constituindo um abrigo à prova de intempéries e que os

    proteja contra exposição ao tempo. As entradas nas coberturas fixas deverão serestanques ao tempo quando fechadas.

    4.1.4.3 Embarcações Salva-Vidas Totalmente Fechadas

    Toda embarcação salva-vidas totalmente fechada deverá ser dotada de umacobertura rígida estanque à água, que cubra completamente a embarcaçãoproporcionando abrigo aos seus ocupantes.

    4.1.4.4 Emborcamento e Adriçamento das Embarcações Salva-Vidas

     A estabilidade da embarcação salva-vidas deverá ser tal que a embarcação seauto-adrice quando estiver carregada com sua lotação total ou parcial de pessoas e com

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    sua dotação total ou parcial de equipamentos, com todas as entradas e aberturasfechadas, de modo a torná-la estanque à água e com as pessoas presas por cintos desegurança.

    4.1.4.5 Embarcações Salva-Vidas com Suprimento Autônomo de Ar

    Possui um sistema de distribuição de ar conectado a garrafas de ar comprimidorespirável, de modo que, quando navegando com todas as entradas e aberturasfechadas, o ar no seu interior continue respirável e o motor funcione normalmente por umperíodo não inferior a 10 minutos.

    4.1.4.6 Embarcações Salva-Vidas com Proteção contra Fogo

    Essa embarcação, quando na água, deverá ser capaz de proteger o número depessoas que estiver autorizada a acomodar, quando sujeita a um incêndio contínuo noóleo, que envolva a embarcação por um período não inferior a 8 minutos.

    Um sistema de proteção contra incêndios por borrifamento de água deverá utilizarágua aspirada do mar por meio de uma bomba a motor auto-escorvada, que permita abrire fechar o fluxo de água sobre a parte externa da embarcação. A posição dessaaspiração deve ser disposta de modo a não permitir aspiração de líquidos inflamáveis dasuperfície do mar.

    4.1.5 Meios de Lançamento das Embarcações Salva-Vidas

    São lançadas através de um equipamento ou dispositivo de lançamento,denominados turcos de lançamento, que são um meio de transferir, com segurança, umaembarcação de sobrevivência ou embarcação de salvamento, da sua posição de estivadapara a água. Os turcos para baleeiras são: rolamento, pivotamento, fixo e de queda livre.

    Turco de rolamento

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    Turco de pivotamento

    Turco fixo

    Turco de queda-livre

    Para baleeira estivada em turco móvel, que possui dispositivo de lançamentointerno, o embarque é feito diretamente no seu local de estiva. Os tripulantes designadoscumprem os procedimentos iniciais para o disparo da embarcação; todas as pessoasembarcam e afivelam seus cintos de segurança; o tripulante designado aciona odispositivo de disparo e a descida acontece a uma velocidade pré-estabelecida até o

    ponto que se deseja, devendo permanecer presa pelos gatos dos cabos de sustentaçãodo turco até a decisão de liberação definitiva.

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     A baleeira estivada em turco móvel, que não possui dispositivo de lançamento emseu interior, deve ser arriada até o posto de embarque. Após corretamente posicionada noposto, todas as pessoas embarcam e afivelam seus cintos de segurança. É necessárioque os tripulantes designados permaneçam no posto e liberem manualmente a baleeira,que descerá a uma velocidade pré-estabelecida. Após esta se encontrar no ponto que se

    deseja, deve permanecer presa pelos gatos dos cabos de sustentação do turco quando,então, a escada de embarque é lançada para que possam descer e embarcar.

    Para a liberação das baleeiras dos gatos, deve-se considerar a necessidade defazê-lo com carga ou sem carga, ou seja, com a baleeira ainda suspensa à determinadaaltura da água ou, quando já na água, flutuando. Essa decisão pode ser tomada antes atémesmo do embarque, após análise geral da situação que deve considerar o estado domar, possível inclinação do navio, fogo ou óleo na água, etc.

    Para baleeira estivada em turco do tipo queda livre (free fall ), o embarque tambémé feito diretamente no seu local de estiva. Os tripulantes designados cumprem os

    procedimentos iniciais para o disparo da embarcação; todas as pessoas embarcam,afivelam seus cintos de segurança e de proteção da cabeça; o líder assume sua posiçãoao leme e atua no dispositivo de liberação.

     Avalie que, no caso do navio estar sofrendo balanços, uma baleeira penduradapoderá bater violentamente contra o costado, podendo danificá-la ou danificar umaescada de embarque que tiver sido lançada prematuramente. Também podem causarferimentos às pessoas embarcadas, motivo da necessidade do uso do cinto de segurançalogo ao embarcar.

    O projeto de uma baleeira deve permitir que esta possua resistência suficiente para

    suportar uma velocidade de impacto de pelo menos 3,5 m/s e uma queda na água de umaaltura não inferior a 3 metros.

    4.2 Balsas Salva-Vidas

    Destina-se ao abandono do navio e à sobrevivência com segurança, enquanto seaguarda resgate.

    Toda balsa salva-vidas deve ser capaz de resistir a uma exposição de 30 dias ao

    tempo, flutuando em todas as condições de mar. Se a balsa for lançada n’água de umaaltura de 18m, a balsa e seus equipamentos devem funcionar satisfatoriamente. Quandoflutuando, deverá ser capaz de resistir a repetidos saltos sobre ela, dados de uma alturade pelo menos 4,5m acima de seu piso, tanto com a cobertura montada como sem ela. Abalsa deve ser capaz de ser rebocada, a uma velocidade de 3 nós, em águas tranqüilas,quando carregada com toda a sua lotação de pessoas e toda a sua dotação deequipamentos e com uma das suas âncoras flutuantes lançadas. 

    4.2.1 Balsa Salva-Vidas Inflável

    Deve possuir câmara de flutuação principal dividida em pelo menos doiscompartimentos separados, cada um inflado através de uma válvula de retenção

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    localizada naquele compartimento. Se qualquer um dos compartimentos for danificado ounão inflar, os compartimentos intactos devem ser capazes de suportar com uma bordalivre positiva, em toda a periferia da balsa, o número de pessoas que a balsa estáautorizada a acomodar. O piso deverá ser à prova d’água e capaz de ser suficientementeisolado do frio pelo enchimento de um ou mais compartimentos que possam ser inflados

    pelos ocupantes; ou que inflem automaticamente e possam ser esvaziados e infladosnovamente pelos ocupantes; ou por qualquer outro meio eficaz que não precise serinflado.

    Balsas sem dispositivo hidrostático e com dispositivo hidrostático

    4.2.2 Balsa Salva-Vidas Rígida

     A flutuabilidade da balsa salva-vidas deverá ser assegurada por materiaishomologados e que tenham flutuabilidade própria, colocados o mais próximo possível daperiferia da balsa. O material flutuante deverá ser retardador de fogo, ou ser protegido porum revestimento retardador de fogo. O piso da balsa salva-vidas deverá ser impermeávelà penetração da água e comportar-se como isolante térmico.

    4.2.3 Balsa Salva-Vidas Lançada por Meio de turcos

    Se tiver que ser lançada por meio de turcos, quando ela estiver carregada comtoda a sua lotação de pessoas e toda a sua dotação de equipamentos, deve ser capaz deresistir a um impacto lateral contra o costado do navio, com uma velocidade de impacto

    não inferior a 3,5m/s e também a uma queda n’água de uma altura de não inferior a 3msem sofrer danos que afetem seu funcionamento. Devem ser dotadas de meios quepermitam trazer a balsa a contrabordo, junto ao convés de embarque, e mantê-la presa demodo seguro durante o embarque.

    Nos navios de passageiros, deve possibilitar que toda a sua lotação de pessoasembarque rapidamente e, nos navios de carga, em menos de 3 minutos, a partir domomento em que for dada a ordem de embarcar. 

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    4.2.4 Métodos de Embarque com a Balsa na Água

      Diretamente na embarcação, descendo a escada de embarque; ou

      Nadando até a embarcação.

    Embarque nadando até a embarcação

    4.3 Embarcações de Salvamento (bote de resgate)

    Podem ser do tipo rígido ou inflável ou de uma combinação dos dois e ter umcomprimento mínimo de 3,8m e máximo de 8,5m. Deve poder manobrar a uma velocidadede pelo menos 6 nós e manter esta velocidade por um período não inferior a 4 horas.

    Destina-se a resgatar pessoas que possam ter caído no mar e trazê-las de volta aonavio ou, nas situações de sinistro, levá-las para as embarcações de sobrevivência oureunir as embarcações de sobrevivência.

    Os navios de passageiros de 500 toneladas de arqueação bruta ou mais deverãoter um bote de resgate em cada bordo. Os navios de passageiro com menos de 500toneladas de arqueação bruta deverão ter pelo menos um bote de resgate. Umaembarcação salva-vidas poderá ser aceita como bote de resgate desde que atenda àsexigências para botes de resgate.

    Os navios de carga deverão ter pelo menos um bote de resgate. Uma embarcaçãosalva-vidas poderá ser aceita como bote de resgate desde que atenda às exigências parabotes de resgate.

    Bote de resgate 

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    5 Equipamentos Salva-Vidas Individuais

    5.1 Bóia Salva-Vidas

     As bóias salva-vidas destinam-se a servir de auxílio inicial a uma pessoa que caiu

    no mar. Devem ser distribuídas de modo que estejam disponíveis para uso rápido emambos os bordos e, se possível, em todos os conveses abertos que se estendam até aborda do navio. Deve haver pelo menos uma bóia nas proximidades da popa. As bóiasdevem estar estivadas de modo que possam ser soltas rapidamente e de maneira algumadeverão ser presas permanentemente.

    Pelo menos uma bóia em cada bordo deverá ser dotada com cabo de segurançaflutuante. Pelo menos metade do total de bóias deverá ser dotada de luzes deacendimento automático. Pelo menos duas bóias deverão ser dotadas também de sinaisfumígenos flutuantes de ativação automática e que sejam capazes de ser lançadas dopassadiço.

     As bóias dotadas de luzes e as dotadas de luzes e sinais fumígenos deverão serdistribuídas igualmente pelos dois bordos do navio e não deverão possuir cabos desegurança flutuante.

    Bóias flutuantes, luzes das bóias,conjunto de luz e sinal fumígeno e cabo flutuante

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    5.2 Coletes Salva-Vidas

    Devem poder ser facilmente vestidos, confortáveis, capazes de manter o nariz e aboca de uma pessoa inconsciente fora da água e desvirá-la caso esteja com o rosto naágua, em não mais que 5 segundos. Quando usados corretamente, permitem que uma

    pessoa salte na água de uma altura de até 4,5 metros, sem que se machuque ou causedanos ao colete. Após uma demonstração, todos devem poder vesti-lo, corretamente, emmenos de 1 minuto, sem ajuda.

    Os coletes devem ser dotados de um apito firmemente preso por um fiel e uma luzde cor branca com fonte energia para 8 horas. Se esta luz for de lampejos, deverá emitirde 50 a 70 lampejos e possuir interruptor manual.

    Para cada pessoa a bordo deverá existir um colete salva-vidas. Deverá havercoletes para criança em número igual a 10% dos passageiros ou um para cada criança.

    Deverá haver coletes suficientes para o pessoal de serviço guardados nopassadiço, na praça de máquinas e em qualquer outro posto guarnecido. Deverá havercoletes salva-vidas suficientes para uso nos postos de embarcações de sobrevivênciamais distantes.

     Adicionalmente, os navios de passageiros deverão ter coletes para não menos doque 5% do total de pessoas a bordo guardados em locais distintos no convés ou nasestações de embarque.

    Coletes que precisem ser inflados para flutuar não devem ter menos do que doiscompartimentos separados e devem ter as mesmas características gerais do não-inflável.

    Deve inflar automaticamente ao submergir, poder ser inflado com um único movimento demão e poder ser inflado com a boca. Mesmo perdendo a flutuabilidade de um doscompartimentos, o colete deve manter as características de um colete não-inflável.

    Coletes tipo canga (de vestir pela cabeça), jaleco ou jaqueta (de vestir como jaqueta) e colete inflável

    5.3 Roupa de Imersão

    É uma roupa de proteção que reduz a perda de calor da pessoa imersa em águafria que a estiver usando. As embarcações de salvamento deverão ser dotadas de umaroupa de imersão para cada pessoa de sua tripulação.

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    Tanto navios de passageiros quanto navios de carga que forem dotados deembarcações salva-vidas abertas deverão possuir pelo menos 3 roupas de imersão emcada embarcação salva-vidas, além de roupas de proteção térmica para as pessoas quenão possuírem uma roupa de imersão.

    Utilização de uma roupa de imersão 

    5.4 Meio de Proteção Térmica

    Saco ou roupa confeccionada com material à prova d’água, com baixacondutividade térmica. Deve existir em número suficiente para 10% das pessoas que aembarcação salva-vidas ou de salvamento estiver autorizada a acomodar ou dois, o quefor maior. Deve poder cobrir todo o corpo de pessoas de todos os tamanhos utilizando umcolete salva-vidas, com exceção do rosto, e ser capaz de reduzir a perda de calor docorpo da pessoa que a estiver usando tanto por convecção quanto por evaporação. 

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    6. Equipamentos de Sobrevivência Pessoal – Aula Prática

     As aulas práticas deverão atender aos seguintes requisitos, observando-seprocedimentos de segurança do trabalho para prevenção de acidentes.

    6.1 Bóias Salva-Vidas

      Lançar uma bóia na água e observar o bom funcionamento de: flutuação;acendimento automático da lâmpada; ativação automática do sinal fumígeno; flutuação dalinha da vida (retinida).

    6.2 Coletes Salva-Vidas

      Vestir corretamente um colete não-inflável em menos de 1 minuto, sem ajuda;

      Saltar n’água, de certa altura, usando um colete salva-vidas;

      Nadar curta distância usando um colete salva-vidas;

      Testar o apito do colete.

    6.3 Coletes Salva-Vidas Infláveis

      Vestir corretamente um colete inflável, em menos de 1 minuto, sem ajuda;

      Saltar n’água, de certa altura, usando um colete salva-vidas inflável;

      Nadar curta distância usando um colete salva-vidas inflável;

      Testar o apito do colete;

      Testar o sistema manual de enchimento do colete.

    6.4 Roupa de Imersão 

      Desempacotar e vestir a roupa de imersão em menos de 2 minutos, sem ajuda;

      Subir e descer uma escada vertical de pelo menos 5m;

      Saltar n’água de uma altura de pelo menos 4,5m;

      Nadar curta distância e embarcar numa embarcação salva-vidas;

      Cumprir as tarefas determinadas durante um abandono simulado.

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    6.5 Roupa de Proteção Térmica

      Desempacotar e vestir a roupa de proteção térmica, sem ajuda, dentro de umaembarcação salva-vidas ou de salvamento;

      Remover a roupa de proteção térmica, enquanto estiver na água, em menos de2 minutos;

    6.6 Sobrevivência Pessoal sem Colete Salva-Vidas 

      Demonstrar como se manter flutuando sem o uso de um colete salva-vidas ouuma roupa de imersão.

    6.7 Embarcando em uma Balsa Salva-Vidas

      Embarcar em uma balsa a partir do navio e a partir da água;

      Ajudar outros a embarcar;

      Demonstrar o uso da palamenta, inclusive da âncora flutuante;

      Endireitar a uma balsa emborcada;

      Demonstrar como se abandona uma balsa para ser resgatada.

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    7. Sobrevivência no Mar

    Quando na água, a bordo das embarcações de sobrevivência ou mesmo sozinhoou em grupos portando coletes, roupas de imersão, bóias ou outros meios de abandono,afaste-se do navio, porém, não da posição do sinistro. Afaste-se apenas até uma

    distância segura da possível sucção provocada pelo afundamento do navio e de objetosflutuantes que se soltarão do navio e que poderão atingi-lo ou às embarcações, além depossíveis explosões que poderão ocorrer a bordo.

    Saltar a barlavento (direção de onde vem o vento) ajudará o afastamento do naviodo náufrago, pois ele derivará para sotavento (direção para onde vai o vento). Esteprocedimento é imperioso no caso de haver óleo ou fogo na água, que se afastarãorapidamente do náufrago que saltou a barlavento. Se for obrigatório o salto a sotavento,deve-se tentar fazê-lo o mais próximo possível da proa ou da popa e nadar rapidamentepara se livrar da deriva natural do navio.

     Afastar-se demasiadamente do local do sinistro pode confundir as equipes deresgate, que delimitam a área de busca baseadas no tempo decorrido e possíveis rumose velocidades naturais de deriva provocados pelos ventos e correntes reinantes.

     As técnicas de embarque e lançamento das baleeiras e balsas devem serobedecidas de maneira correta para que não se perca tempo nem cause acidentes. Amelhor maneira de abandonar o navio depois de arriada uma embarcação desobrevivência é descendo pelas escadas de embarque, redes ou até mesmo utilizandoespias ou mangueiras de incêndio. Deve-se evitar saltar sobre uma balsa, pois,dependendo da altura, ela poderá ser danificada, além da possibilidade de uma pessoaque já tenha embarcado ser atingida.

    Quando o salto não puder ser feito a partir do posto de abandono, deve-se procurarum local de pouca altura, de preferência próximo da proa ou da popa, onde haverá menorpossibilidade de ser atingido pela superestrutura em caso de emborcamento.

    Considere a dificuldade de nadar utilizando um colete e a possibilidade de nadar decostas o que facilitará seu deslocamento, diminuindo o cansaço. Para os utilizadores decoletes infláveis, não sendo do tipo automático, a decisão de inflá-lo é individual, devendoser avaliada a necessidade de nadar submerso na ocorrência de óleo ou fogo nasuperfície, o que não poderá ser feito com o colete inflado, quando o sobrevivente deverábuscar a melhor alternativa que o momento apresentar.

    Depois de embarcados, os náufragos devem buscar outros sobreviventes ounáufragos inconscientes e resgatá-los. O bote de resgate, ou uma baleeira designadapara tal, poderá auxiliar na busca de outros náufragos e na reunião das embarcações desobrevivência.

     As embarcações deverão ser amarradas umas às outras com cabo suficientementecomprido para permitir que os movimentos provocados pelas ondas do mar não causemtrancos que venham a rompê-los ou a danificar as embarcações. Isso é necessário umavez que um grupo de embarcações permite melhor visualização para as equipes deresgate e facilitará ajuda mútua na utilização dos recursos disponíveis.

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    Quartos de serviço de vigia devem ser estabelecidos tão logo quanto possível paraque não se perca nenhuma chance de salvamento observando navios ou aeronaves deresgate que possam surgir. Deve-se considerar a necessidade de o vigia ser amarrado àembarcação e de se manter bem agasalhado, de acordo com a temperatura local.

    O tempo de serviço deverá ser de acordo com o tempo de exposição que o vigiapode suportar, desempenhando uma vigia eficaz, porém, esse tempo não deverá excedera duas horas. Um diário deverá ser escrito com os fatos considerados relevantes.

    Encontrando-se na água, fora de uma embarcação de sobrevivência, os náufragosdevem ficar juntos pelas mãos, formando um círculo, de maneira que possam ajudar-semutuamente nas dificuldades físicas e psicológicas. Além disso, a formação em círculotambém proporcionará melhor visualização para as equipes de resgate.

    7.1 Principais Perigos aos Sobreviventes  Efeitos do calor e insolação;

      Exposição ao frio e hipotermia;

      Efeitos do enjôo;

      Dificuldades em manter os fluidos do corpo, causando desidratação;

      Beber água do mar;

      Fogo ou óleo na água;

      Tubarões.

    7.1.1 Efeitos do Calor e Insolação

    O corpo humano é capaz de habituar-se a temperaturas elevadas, porém, tem quehaver uma adaptação lenta e gradual. Havendo afundamento de um navio, as pessoasterão saído de um confortável espaço, com ar refrigerado, diretamente para condições

    adversas nas quais terão que sobreviver, muitas vezes, em climas quentes e solabrasador.

    Essa brusca mudança causará complicações na circulação do sangue, resultandoem aceleração das pulsações, intensa sudorese, aumento da temperatura corporal,acessos de vertigens e perda da consciência, podendo levar à morte. Portanto, énecessário que se busque descanso em vez de atividades físicas que causem desgastefísico até que se possa adaptar a nova situação.

     A exposição prolongada ao sol pode acarretar progressiva desidratação, aumentoda temperatura corporal e diminuição da capacidade da pessoa suar, caracterizando a

    insolação.  Os sintomas de insolação são dor de cabeça, mal estar e comportamento

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    bizarro e não-usual, que evoluem para febre alta, perda da consciência, convulsões, comae, finalmente, a morte.

    Para combater a insolação, é necessário retirar a vítima do calor, servir-lhe águaadequadamente, evitar desgaste físico e procurar baixar-lhe a temperatura com

    compressas de panos úmidos ou até mesmo imergi-la em água fria, abaná-la ou colocá-laem um ambiente refrigerado.

    7.1.2 Exposição ao Frio e Hipotermia

    Considerando-se que nem sempre após um naufrágio haverá uma embarcaçãosalva-vidas disponível para um náufrago, deve-se prever que uma pessoa poderá ter quepassar várias horas dentro d’água até que possa ser resgatada ou que alcance terrafirme.

    O tempo de sobrevivência de um homem imerso em água fria depende de quatrofatores distintos:

    1. Temperatura da água;

    2. Tempo de exposição na água;

    3. Constituição física;

    4. Procedimento quando na água.

    Quanto menor for a temperatura da água, menor será o tempo de sobrevivência,uma vez que o corpo perde mais calor para o meio ambiente do que sua capacidade deproduzir calor e sua temperatura interna diminui, gradativamente, à medida que o tempode exposição aumenta.

    Essa perda de calor provoca o resfriamento do corpo, que é acompanhado de umcolapso rápido e progressivo do estado de resistência física e mental. Estando o corpocom cerca de 27 graus centígrados de temperatura interna, o ritmo cardíaco falha e amorte poderá ocorrer devido à fibrilação cardíaca.

     A água numa temperatura abaixo de 33,3 graus centígrados já é considerada água

    fria. Permanecer imerso nesta água já provocará efeitos prejudiciais sobre a resistênciafísica, uma vez que o corpo perde mais calor do que pode produzir.

     A exposição tanto à água fria quanto ao ar frio é uma ameaça à vida, porém, aágua fria é muito mais perigosa, uma vez que retira calor do corpo de 20 a 32 vezes maisrapidamente do que o ar. Observe-se que a água a 26,6 graus centígrados causa amesma perda de calor do que o ar a 5,5 graus centígrados.

    O próprio organismo, para tentar manter a temperatura e a circulação dos órgãosvitais, reduz a circulação na superfície e extremidades do corpo, com o objetivo deconservar calor e prolongar a sobrevivência, causando os primeiros sintomas de perigo,

    que são um tremor incontrolável do corpo, confusão mental e insensibilidade dos pés edas mãos.

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    Estudos feitos nos Estados Unidos indicam que um homem submerso usandoroupas comuns, com boa condição física e usando colete salva-vidas, teria as seguintesexpectativas de tempo de vida:

    Graus Centígrados Estimativa do tempo de sobrevivência

     Abaixo de 1,6 Menos de 15 minutos

    De 1,6 a 4,4 Menos de 1,5 hora

    De 4,4 a 10 Menos de 3 horas (somente 50% sobrevivem mais de uma hora)

    De 10 a 15,6 Menos de 6 horas

    De 15,6 a 21,1 Menos de 12 horas (dependendo da resistência individual)

     Acima de 21,1 Indefinido (dependendo da fadiga)

    Expectativa de tempo de vida

    Casos comprovados, na prática, mostram que algumas pessoas ultrapassaram, emmuito, estas estimativas, o que deve ser considerado quando ao se decidir encerrar umabusca.

    7.1.3 Efeitos do Enjôo

    É grande a possibilidade de enjôo dos sobreviventes em decorrência dos balançosdo mar, mesmo para as pessoas que normalmente não mareiam. Os vômitos decorrentes

    do enjôo implicam perda de água interna do organismo, aumentando o estado dedesidratação.

    7.1.4 Dificuldades em Manter os Fluidos do Corpo, Causando Desidratação

     A desidratação é causada pela dificuldade de se manterem os líquidos do corpo emequilíbrio, além da dificuldade de repô-los de forma adequada. Náufragos normalmenteestarão se deparando com essa condição e, portanto, devem considerar todas aschances de captação de água adicional e evitar desperdiçar a água da ração.

    Hábitos que permitam reter seus fluidos pelo maior tempo possível devem serobservados, tais como: evitar desgastes físicos, evitar a sudorese, manter-se em bomestado de saúde para evitar enjôos e a diarréia, manter-se protegido do sol e do ventopara evitar a evaporação, e não se alimentar se não houver água adicional.

    7.1.5 Beber Água do Mar

    Como numa situação de sobrevivência no mar não existe água doce, a água usada

    pelo organismo é a água contida nas células do corpo, acelerando a desidratação elevando à morte. O náufrago pode tentar aliviar sua sede bebendo a água do mar. O

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    resultado de aliviar a sede bebendo água do mar será o aumento da sede, o que leva osobrevivente a beber mais água salgada numa quantidade cada vez maior, até que percao domínio sobre si próprio e continue a beber até a morte.

    7.1.6 Fogo ou Óleo na Água

    O óleo, mesmo quando não está em combustão, pode provocar irritação dos olhose das vias respiratórias e constitui um perigo adicional para um náufrago.

    7.1.7 Tubarões

    Os tubarões já nadavam nos mares do mundo há 400 milhões de anos, sendo,portanto, duas vezes mais antigos que os dinossauros e cerca de 100 vezes mais antigosque os seres humanos. Cerca de 80% das mais de 400 espécies conhecidas de tubarãocrescem menos de 2m, enquanto a metade deles tem menos de 1m. Isto significa quevocê, provavelmente, é muito maior que a maioria dos tubarões. O tubarão-baleia é omaior tubarão existente, podendo alcançar até 18m, enquanto o menor é o tubarão-pigmeu, que não cresce mais que 25cm.

    Cada espécie de tubarão possui um hábito alimentar específico e uma dentiçãotambém especializada para capturar um determinado tipo de alimento. Há tubarões quesó se alimentam de peixes, enquanto outros preferem polvos ou ainda lagostas. Hátambém alguns tubarões que são planctófagos, isto é, se alimentam de seresmicroscópicos que vivem em suspensão na água do mar, chamados de plâncton. Aindabem que este é o caso dos maiores tubarões que existem, como o tubarão-baleia e operegrino. Os tubarões dispõem de 5 a 15 fileiras de dentes por trás dos dentes da frente,de tal forma que os dentes que caem são imediatamente repostos pelos seguintes. Aolongo de sua vida, eles podem perder até 30 mil dentes. Em média, um tubarão consomecerca de 2% do peso de seu corpo por dia, um pouco menos, portanto, do que você. Umtubarão azul de 45kg, por exemplo, comeria o equivalente a 5 hambúrgueres por dia.

    7.1.7.1 Cuidado com os tubarões

    Os tubarões possuem os sentidos bastante desenvolvidos, sendo capazes delocalizar uma presa mesmo em total escuridão; possuem um olfato capaz de perceberuma gota de sangue em 100 litros de água; possuem uma boa audição, podendoperceber sons a mais de 400m de distância; possuem um sistema de terminaçõesnervosas que correm ao longo de seu corpo, denominado sistema de linha lateral , o qualpermite que os tubarões percebam movimentos e vibrações na água.Ao contrário do quemuita gente pensa, os tubarões possuem uma visão bastante desenvolvida, podendo,inclusive, ver colorido.Algumas espécies de tubarão são capazes de ver sua presamesmo na quase total escuridão. Além dos 5 sentidos que os seres humanos possuem,os tubarões possuem ainda um sexto sentido, que lhes permite detectar sinais elétricosemitidos por qualquer ser vivo através de pequenos poros localizados na cabeça, quepertencem a um aparelho sensorial denominado ampola de Lorenzini . Através desse

    sentido, os tubarões são capazes de detectar impulsos elétricos cerca de 150 milhões devezes menores do que o de uma pilha pequena de rádio.

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     A maioria dos tubarões possui hábito noturno, isto é, são mais ativos durante anoite. Outros são crepusculares, costumam se alimentar ao nascer ou ao pôr-do-sol,quando a maioria dos peixes está despertando ou se recolhendo às suas tocas pararepousar. Os tubarões não caçam seres humanos intencionalmente. Acredita-se que, namaioria dos casos, os ataques ocorram em função dos mesmos nos confundirem com

    uma presa regular do seu hábito alimentar. Eles podem atacar, ainda, por se sentiremprovocados pela nossa presença ou como uma tentativa de defesa do seu território.

    Dentre as 400 espécies de tubarões, contudo, pouco mais de 10 apresentam umpotencial de risco elevado ao ser humano. As 3 espécies de tubarões mais agressivassão o cabeça-chata, o tigre e o tubarão-branco. No nosso litoral, as espéciesresponsáveis pelos ataques são: o cabeça-chata e o tigre. Cerca de 100 milhões detubarões são capturados todo ano no mundo, enquanto apenas 100 a 150 pessoas sãoatacadas por tubarões. Na verdade, o risco de um banhista sofrer um acidente de carro acaminho da praia é maior que o de ser atacado por um tubarão. Não há, portanto,nenhuma razão para pânico. Não precisamos ter raiva nem medo dos tubarões, só

    precisamos respeitá-los.

    Tubarão-bal eia

    O tubarão-baleia é um animal filtrador que extrai plâncton e pequenos peixes daságuas superficiais dos mares tropicais e subtropicais, deslizando sob a superfície. É amaior espécie entre os peixes vivos. Podem medir mais de 15 metros e pesar mais de 18toneladas. Para os seres humanos, praticamente não representa risco. No entanto,registraram-se casos de ataques a barcos por tubarões-baleia, que os confundem comtubarões rivais.

    Grand e Tubarão-B ranc o

    O grande tubarão-branco, o maior dos tubarões. Estritamente carnívoros, habitamos mares e oceanos tropicais e temperados de todo o mundo. Os tubarões-brancos

    utilizam os sentidos da audição, do olfato, da visão, do paladar e do tato, assim como suapercepção elétrica, para localizar as presas.

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    Tubarão-Mart elo

    O tubarão-martelo é talvez a mais reconhecível das 368 espécies vivas detubarões. A forma inusitada de sua cabeça permite-lhe realizar giros com mais facilidadeque os outros tubarões e seus olhos e aberturas nasais, situados nos extremos laterais dacabeça, dão-lhe certa vantagem na localização das presas. Os tubarões-martelo vagam

    por mares quentes e temperados e se alimentam de arraias venenosas, peixes ósseos einvertebrados. É um tubarão agressivo que tem fama de atacar seres humanos sem serprovocado.

    7.2 Uso das Facilidades Oferecidas pelas Embarcações de Sobrevivência

    7.2.1 Como se Afastar do Navio

    Quando for lançar uma balsa, prefira fazê-lo a barlavento, uma vez que o navio irá

    derivar no sentido do vento. Se a balsa estiver a sotavento do navio, deve ser afastadaem torno da proa ou da popa, o que será mais fácil, pois o navio deriva no sentido dovento mais rápido do que a balsa.

    Todas as balsas devem ser mantidas juntas em um grupo tão grande quantopossível que, além de permitir que os ocupantes ajudem-se mutuamente, representaráum alvo maior para o pessoal de busca e salvamento. Amarre as balsas umas às outrasusando o cabo de reboque num comprimento tal que evite trancos violentos que podemser causados pelas ondas. Em caso de perigo, se for necessário, corte o cabo. 

    Uso da âncora flutuante 

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    7.2.2 Proteção

     A balsa possui cobertura dupla, entradas com abas e piso inflável. Desse modo, aofechá-la, pode-se obter uma camada de ar parado que isolará os ocupantes detemperaturas extremas.

    No tempo frio, deve-se inflar o piso para isolar o interior da balsa do frio do mar. Ocalor dos corpos aumentará rapidamente a temperatura interna da balsa se ambas asentradas forem mantidas fechadas e o piso, inflado.

    No tempo quente, não se deve inflar o piso. Se as condições reinantes permitirem,mantenha as entradas completamente abertas. Não sente nas entradas para não diminuira ventilação. Se for preciso, jogue água sobre a cobertura para ajudar a diminuir o calor.

    Detalhes de uma Balsa para 10 pessoas 

    7.2.3 Marear, ficar Enjoado no Mar

    Para não marear, tome precauções usando a medicação existente contra enjôo, deacordo com a bula. Isso evitará o vômito, que, se ocorrer, poderá resultar em perda delíquido valioso para o corpo, levando à desidratação.

    7.2.4 Uso Prudente das Rações

     As rações são fornecidas em embalagens que contêm a quantidade para umapessoa e são suficientes para seis dias. A quantidade de água e ração sólida é fornecidade maneira balanceada para assegurar o máximo benefício.

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    7.2.4.1 Água

    Os sobreviventes podem permanecer longo tempo sem alimentação, porém, aágua é vital. Assim, não a desperdice e jamais perca uma oportunidade de coletar águada chuva, que deverá ser armazenada como melhor for possível. Mesmo a condensação

    da parte interior da cobertura deve ser coletada com uma esponja. Quando coletar águada chuva pelo dispositivo da cobertura, jogue fora a primeira porção, a qual deverá estarcontaminada pelo depósito de sal existente na cobertura e pelo pigmento da pintura dotoldo.

     As rações só deverão ser distribuídas 24 horas após o abandono. A água sódeverá ser oferecida neste intervalo a uma pessoa ferida que necessite dela. A raçãodiária de água deve ser consumida a cada dia. O corpo tende a desidratar a uma medidaestabelecida, portanto, não se ganhará nada tentando fazer com que a ração de um diadure dois ou três dias.

     A água da chuva é uma importante opção para uma possível falta d’água enenhuma chance deve ser desperdiçada. Esta água deverá ser coletada com o cuidadode não armazená-la contaminada. O próprio fundo da balsa deve ser mantido livre de salpois poderá ser utilizado como coletor no caso da ocorrência de um aguaceiro.

    Não beba sangue nem qualquer fluido de animais, os quais devem serconsiderados como alimento. Não beba urina nem água do mar. A sua prioridade é aágua, não alimento.

    7.2.4.2 AlimentoO alimento sólido é fornecido em pacotes, um para cada pessoa. Este é o único

    alimento sólido a ser ingerido com a ração diária de água. Outros alimentos que possamter sido trazidos para bordo ou peixes que tenham sido pescados só poderão seringeridos se houver um suprimento adicional de água. O corpo não pode se beneficiar dealimento sem água. Se não houver água para beber com o alimento, ocorrerádesidratação de modo acelerado, conduzindo a uma sede ainda maior. Lembre-se de quea sua prioridade não é o alimento, mas, sim, a água.

    7.2.5 Sobrevivência em Caso de Fogo ou Óleo na Água

    O óleo, mesmo quando não está em combustão, pode provocar irritação dos olhose das vias respiratórias, portanto, é necessário afastar-se do local, nadando sob a água,para barlavento.

    Quando estiver na superfície, respire com o rosto voltado para sotavento, batendovigorosamente com as mãos na água para afastar a camada de óleo.

     Antes de vir para a superfície, faça movimentos circulares com a mão e o braçoestendido para abrir um claro na camada de óleo, respire e volte a mergulhar. Repita o

    processo até atingir uma área com água sem óleo.

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    Sobrevivência em caso de fogo ou óleo na superfície da água 

    7.2.6 Sobrevivência em Águas Infestadas de Tubarões

     Algumas regras que devem ser seguidas que poderão surtir efeito quando napresença de tubarões:

    7.2.6.1 Estando na água sem tubarão à vista

      Não use jóia brilhante;

      Não retire sapatos ou roupas;

      Permaneça imóvel, ou se estiver próximo de uma embarcação, nade commovimentos regulares;

      Se estiver com ferimento que sangre, tente estancá-lo com um torniquete;

      Afaste-se de locais onde haja cardumes de peixes.

    7.2.6.2 Se o tubarão o ameaçar e começar a descrever círculos cada vez menoresa sua volta:

      Nade com movimentos fortes, regulares e ritmados sem que sejam frenéticos,de frente para o tubarão, numa direção oblíqua que não cruze com seu caminho – issopoderá amedrontá-lo;

      Bata com as palmas das mãos, meio fechadas, em forma de cuia, na superfícieda água – as batidas devem ser fortes e regulares;

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      Grite com a cabeça mergulhada na água – um som estridente poderá espantá-lo;

      Se o ataque for iminente, procure atingi-lo com uma faca ou objeto contundenteno focinho, olhos, guelras ou ventre.

    7.2.6.3 Se Estiver numa Balsa

      Evite deixar as mãos ou os pés dentro d’água;

      Não atire pela borda restos de alimentos;

      Abandone o peixe que por acaso tenha fisgado, no anzol;

      Se o tubarão atacar a balsa, procure atingi-lo no focinho e na cabeça com

    golpes de remo.

    7.2.6.4 Uso de Repelentes contra Tubarões

    O repelente para tubarão, acetato de cobre, em bolsas cheias dessa substânciaquímica, dissolve-se lentamente em contato com a água, formando uma zona de proteçãoem volta e por baixo do náufrago, protegendo-o por cerca de três horas e meia. Para usá-lo corretamente, abra o lacre e mergulhe a bolsa dentro d’água e não solte o cabo denylon que prende o repelente à balsa ou ao colete salva-vidas.

    Em determinadas situações, já com uma grande diluição do repelente ou quandoos tubarões estão em frenesi alimentar provocado pelo sangue das vítimas, o acetato decobre poderá não fazer efeito. Embora os sais de cobre e o corante negro do repelente,em muitas situações, afetem o sentido do olfato do tubarão, dificultando a descoberta dapresa, já foi averiguado que ele não é totalmente eficaz.

    7.2.7 Uso do Drogue ou Âncora Flutuante

     As bolsas d’água existentes sob o fundo das balsas atuam como estabilizadores ereduzem a velocidade de deriva no vento. A âncora flutuante mantém a balsa voltada parao mar ou vento. Assegure-se se ela esta alinhada com a corrente. A âncora flutuante deveser embarcada se a balsa estiver amarrada à outra balsa a vante. Use a âncora flutuantepara voltar suas entradas para o vento e, assim, ventilar seu interior no caso de muitocalor. 

    7.2.8 Tarefas de Busca

     Após todos estarem na balsa, antes de fechá-la, é necessário procurar outrossobreviventes que ainda possam encontrar-se na água. Se for necessário nadar para

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    socorrer alguém, faça-o amarrado à balsa. Lembre-se de que ela pode derivar mais doque você pode nadar. Pode ser suficiente atirar o aro flutuante ou, até mesmo, um coleteao náufrago.

    7.2.9 Meios que Facilitam a Detecção

    Chame a atenção. Mantenha uma boa vigia para não perder nenhumaoportunidade de chamar a atenção do pessoal de busca e salvamento. Lembre-se que abalsa foi projetada para derivar a uma velocidade mínima e isso ajuda o pessoal de buscae salvamento, que pode basear-se na direção e velocidade do vento e correntesreinantes, encurtando a duração da busca.

    Os sinais visuais só deverão ser utilizados se houver certeza de que serãoavistados por aeronaves ou navios. As instruções dos fabricantes impressas no invólucro

    deverão ser lidas para a correta utilização, evitando acidentes com as pessoas oudanificando a balsa. Os sinais fumígenos flutuantes só devem ser utilizados em condiçõesideais de vento que não causem a dissipação muito rápida da fumaça. No caso deresgate por helicópteros, auxiliará ao piloto a avaliar a intensidade e a direção do vento.

    7.2.10 Meios para Manter o Moral

    Os experientes concordam que, quaisquer que sejam as condições, o aspectopsicológico é a pior ameaça que o sobrevivente tem que enfrentar. O líder deve encorajaro desejo de viver em todos que estão sob sua responsabilidade e demonstrar capacidade

    de coordenar todas as atividades da balsa, servindo de exemplo de como deve agir umnáufrago em tais circunstâncias.

     Alguns métodos podem ser eficazes para encorajamento do grupo, tais como:relatar casos de sobreviventes que passaram longos períodos à deriva no mar e foramresgatados com vida; jogos de cartas; perguntas; jogos de adivinhação; quaisquer outrosmétodos