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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA FESP DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL E SEGURANÇA PÚBLICA TAMARA RAIZA GOMES DE ANDRADE UM ESTUDO SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO NA PARAÍBA ENTRE OS ANOS 2012 E 2016: Seus Aspectos Jurídico- Sociais sob o Enfoque do Programa Paraíba Unida pela Paz CABEDELO/PB 2017

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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL E SEGURANÇA PÚBLICA

TAMARA RAIZA GOMES DE ANDRADE

UM ESTUDO SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO NA

PARAÍBA ENTRE OS ANOS 2012 E 2016: Seus Aspectos Jurídico- Sociais sob o Enfoque do Programa Paraíba

Unida pela Paz

CABEDELO/PB 2017

TAMARA RAIZA GOMES DE ANDRADE

UM ESTUDO SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO NA PARAÍBA ENTRE OS ANOS 2012 E 2016: Seus Aspectos

Jurídico- Sociais sob o Enfoque do Programa Paraíba Unida pela Paz

Monografia apresentada ao Departamento de

Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, como

parte dos requisitos exigidos para a obtenção

do título de Especialista em Direito Penal,

Processo Penal e Segurança Pública.

Orientador: Prof. Doutorando e Esp.

MARKUS SAMUEL LEITE NORAT

Área: Direito Penal e Processo Penal

CABEDELO/PB 2017

A553u Andrade, Tamara Raiza Gomes de. Um estudo sobre o crime de homicídio na Paraíba entre os anos 2012 e

2016: seus aspectos jurídicos-sociais sob o enfoque do programa Paraíba unida pela paz. / Tamara Raiza Gomes de Andrade. – Cabedelo, 2017.

76f. Orientador: Profº. Doutorando e Esp. Markus Samuel Leite Norat.

Monografia Científica (Curso de Especialização em Direito Penal, Processo Penal e Segurança Pública) Fesp Faculdades.

1. Crime de Homicídio. 2. Programa Paraíba Unida Pela Paz. 3. Segurança

Pública. 4. Redução dos CCVLI’s. I. Título

Fesp /Biblioteca CDU: 345 (043)

TERMO DE RESPONSABILIDADE

Eu, Tamara Raiza Gomes de Andrade, responsabilizo-me integralmente pelo conteúdo deste trabalho monográfico, sob o título “UM ESTUDO SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO NA PARAÍBA ENTRE OS ANOS 2012 E 2016: Seus Aspectos Jurídico - Sociais sob o Enfoque do Programa Paraíba Unida pela Paz”, apresentado ao Departamento de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da FESP Faculdades, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Pós-graduação em Direito penal, Processo Penal e Segurança Pública, eximindo terceiros de eventuais responsabilidades sobre o que nela está escrito.

Cabedelo, 31 de janeiro de 2017

TAMARA RAIZA GOMES DE ANDRADE

UM ESTUDO SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO NA PARAÍBA ENTRE OS ANOS 2012 E 2016: Seus Aspectos

Jurídico- Sociais sob o Enfoque do Programa Paraíba Unida pela Paz

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Doutorando e Esp. MARKUS SAMUEL L. NORAT

Orientador

___________________________________________ Membro da Banca Examinadora

___________________________________________ Membro da Banca Examinadora

Atribuição de nota: ______________________

Cabedelo, _____ / _______________ / ______

CABEDELO/PB 2017

Dedico este trabalho ao meu Deus que é minha fortaleza e refúgio. Aos meus familiares e amigos que tanto me apoiam nos meus projetos.

AGRADECIMENTOS

A Deus, que é minha fortaleza e refúgio. Dedico a Deus o Grande autor da vida esta vitória alcançada, pois, a ELE único digno de toda a honra e toda glória. Não poderia também deixar de agradecer ao meu pai Joacil que com muito trabalho e esforço contribuiu financeiramente para minha formação acadêmica e ainda a minha mãe Maria Eunice que sempre me apoiou nas minhas decisões. Aos meus avós, tios (as), primos (as) que são minha base, minha alegria. Agradeço a Allan Robson que esteve presente desde a minha opção de cursar Direito até os dias de hoje, me compreendendo nos momentos mais difíceis, a você obrigada pela dedicação a nós. Aos amigos, pela confiança em me ter como amiga, pelas conversas, diversões e momentos de lazer juntos. Ao meu orientador profº MARKUS SAMUEL LEITE NORAT, pela ajuda em dissertar sobre esta temática tão importante para a atualidade. Ao amigo e professor Dorgival Renê Tolentino Leite que me orientou durante a elaboração do presente trabalho. Agradeço pelo seu suporte e incentivo, sem a sua colaboração não teria concluído da melhor forma. Aos grandes mestres da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba (FESP), representado pelo professor MARKUS SAMUEL LEITE NORAT, que transmitiram seus conhecimentos de forma facilitada ensejando para nossa formação durante a pós-graduação.

“A educação é a melhor provisão para a jornada rumo à velhice”. Autor Desconhecido

RESUMO

ANDRADE, Tamara Raiza Gomes. UM ESTUDO SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO NA PARAÍBA ENTRE OS ANOS 2012 E 2016: Seus Aspectos Jurídico- Sociais sob o Enfoque do Programa Paraíba Unida pela Paz. 2017. 77p. Monografia (Curso de Especialização em Direito Penal, Processo Penal e Segurança Pública), Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP FACULDADES, Cabedelo.

Este trabalho monográfico tem por objetivo o estudo do crime de homicídio previsto o artigo 121 do Código Penal, trazendo à baila, os aspectos jurídicos, a previsão legal, os sujeitos do delito, o bem jurídico protegido pelo ordenamento jurídico, o objeto material e tipo subjetivo, o processamento para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, bem como as ações de combate desenvolvidas em caráter estadual através da Secretaria de Estado de Segurança e Defesa Social – SEDS do Estado da Paraíba, a partir da criação do Programa Paraíba Unida pela Paz em 2011.O interesse de analisar o assunto surgiu da importância social que o artigo em estudo representa, uma vez que o objeto jurídico tutelado por ele é a vida humana extrauterina. Através de uma pesquisa primordialmente bibliográfica, constatou-se a importância do estudo do crime em análise, tendo em vista que o mesmo está atrelado a existência humana. Este trabalho foi produzido através da coleta de dados dos fornecidos pela SEDS, sobre os Crimes Violentos Letais Intencionais – CVLI’s ocorridos no estado na Paraíba entre os anos de 2012 e 2016. Este trabalho visa explanar se o Programa Paraíba Unida pela Paz criado em 2011 atingiu sua finalidade precípua. Palavras-chave: Crime de Homicídio. Programa Paraíba Unida pela Paz. Segurança Pública. Redução dos CVLI’s.

Sumário

INTRODUÇÃO................................................................................................... 13

CAPÍTULO I ASPECTOS GERAIS DO CRIME DE HOMICÍDIO .............................. 15

1.1 Conceito ..................................................................................................... 15

1.2 Previsão legal ............................................................................................. 15

1.3 Classificação Doutrinária .......................................................................... 17

1.4 Sujeitos do delito, bem jurídico, objeto material e tipo subjetivo ........... 18

1.5 Ação Penal e Processamento pelo Tribunal do Júri .................................. 18

1.6 Espécies ..................................................................................................... 21

1.6.1 Conceito de Dolo ............................................................................ 21

1.6.1 Conceito de Culpa ........................................................................... 21

1.6 .3 Do Homicídio Doloso ..................................................................... 22

1.6.4 Do Homicídio Culposo ..................................................................... 22

1.6 A excludente de ilicitude como descriminalizadora do crime de homicídio

......................................................................................................................... 23

CAPÍTULO II HOMICÍDIO SIMPLES ................................................................... 24

2.1 Previsão legal e Conceito ........................................................................... 24

2.2 Homicídio simples hediondo .................................................................... 24

CAPÍTULO III HOMICÍDIO DOLOSO PRIVILEGIADO .........................................26

3.1 Abordagem geral ....................................................................................... 26

3.2 Motivo de relevante valor social ou moral ............................................... 26

3.3 Sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação

da vítima ......................................................................................................... 27

3.4 Redução da pena: Faculdade ou obrigação do julgador? .......................... 28

CAPÍTULO IV HOMICÍDIO QUALIFICADO ........................................................ 30

4.1 Disposições Gerais .................................................................................... 30

4.2 Qualificadoras Subjetivas (motivos e fins) ................................................ 30

4.3 Qualificadoras Objetivas (meios e modos) ................................................ 34

4.3.1 Meios de Execução ......................................................................... 35

4.3.2 Modos de Execução ........................................................................ 36

CAPÍTULO V HOMICÍDIO CULPOSO ................................................................. 37

5.1 Aspectos Gerais ........................................................................................ 37

5.2 Espécies ..................................................................................................... 38

5.2.1 Negligência ..................................................................................... 38

5.2.2 Imprudência ................................................................................... 38

5.2.3 Imperícia .......................................................................................... 39

5.3 Perdão Judicial .......................................................................................... 39

5.4 Ação Penal e Competência para julgamento ............................................ 40

CAPÍTULO VI PROGRAMA PARAÍBA UNIDA PELA PAZ .................................... 41

6.1 Origem ....................................................................................................... 41

6.2 Metodologia de contagem de Crimes Violentos Letais Intencionais –

Secretaria da Segurança e da Defesa Social ................................................... 42

6.3 Análise do crime de homicídio no estado da Paraíba nos anos de 2012 a

2016 por civis e policiais ................................................................................. 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 47

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 49

ANEXOS ........................................................................................................... 52

ANEXO A - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE

VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2012 .............................................53

ANEXO B - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE

VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2013 .............................................59

ANEXO C - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE

VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2014 .............................................65

ANEXO D - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE

VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2015 .............................................69

ANEXO E - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE

VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2016 .............................................73

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INTRODUÇÃO

No presente trabalho será exposta a definição do crime de homicídio, com a

consequente divisão e conceituação do homicídio doloso, culposo, simples,

privilegiado e qualificado, bem como será feita uma análise dos CVLI’s (Crimes

Violentos Letais Intencionais) no Estado da Paraíba no período de 2012 a 2016, de

acordo com os dados coletados pela Secretaria da Segurança e da Defesa Social –

SEDS, por meio do Programa Paraíba Unida pela Paz.

O objeto do estudo é analisar minuciosamente o homicídio tendo em vista o

aumento deste crime no Brasil, porém com os olhos voltados para o Estado da Paraíba

que desde o ano de 2011 criou e implementou o Programa Paraíba Unida pela Paz

com o objetivo de Integrar a Polícia Civil, Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, com

a finalidade de reduzir os índices de criminalidade em todo o território paraibano.

A questão a ser analisada neste trabalho é certamente uma explanação do

homicídio em seus aspectos jurídico- sociais, posteriormente sendo apresentado os

dados que demonstram consideravelmente a redução dos CVLI’s desde a criação do

plano em 2011. Demonstra-se ainda, o engajamento dos agentes de segurança

pública de maneira integrada para que o programa tenha êxito.

A escolha do tema se deu pela relevância jurídico-social do objeto jurídico

tutelado pelo estado democrático de direito, bem como apresentar o destaque

policial/agentes de segurança pública inserido em um quadro de planejamento

associado à políticas públicas que visem a redução da criminalidade.

O objetivo geral é conceituar o crime de homicídio à luz da doutrina e

jurisprudência atual que trata da matéria, aprofundar o conhecimento sobre o tema,

bem como apresentar o comparativo dos CVLI’s registrados no Estado da Paraíba

desde o ano de 2012 a 2016, concluindo se realmente o programa vem atingindo sua

finalidade precípua.

Defronte a exposição dos fundamentos e legislação arguidos no trabalho, será

apresentado o dever legal do Estado como garantidor de direitos fundamentais

individuais e coletivos, que no objeto em estudo é a vida humana, apresentando para

tanto, ações de combate ao ilícito penal, desenvolvidas por meio da Secretaria de

Estado de Segurança e Defesa Social – SEDS do Estado da Paraíba.

14

A vertente metodológica utilizada é a qualitativa, o método de procedimento é

o monográfico; com abordagem hipotético-dedutivo, através de pesquisa indireta

através de livros, sites da internet, jurisprudências, dados coletados entre outros. A

pesquisa ainda trouxe a análise dos CVLI’s no Estado da Paraíba a partir do ano de

2012 a 2016 de acordo com a fonte oficial do estado.

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CAPÍTULO I

ASPECTOS GERAIS DO CRIME DE HOMICÍDIO

1.1 Conceito

O homicídio pode ser considerado um dos primeiros crimes conhecidos pela

humanidade. Greco (2014, p.302), nos diz que “ a bíblia nos relata a história do

primeiro homicídio, cometido por Caim contra seu irmão Abel, em Gênesis, Capítulo

4, versículo 8”.

Posta essa consideração, trazemos o conceito de homicídio por Nucci (2014,

p.651):

A supressão da vida de um ser humano causada por outro. Constituindo a vida o bem mais precioso que o homem possui, trata-se de um dos mais graves crimes que se pode cometer, refletindo-se tal circunstância na pena, que pode variar de 06 (seis) a 30 (trinta) anos, (mínimo da forma simples até o máximo da forma qualificada).

Já Gonçalves (2011, p.72), conceitua o seguinte:

O homicídio consiste na eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa. A vítima deixa de existir em decorrência da conduta do agente. Este pode realizar o ato homicida pessoalmente, ou atiçando um animal bravio contra a vítima, ou até mesmo valendo-se de pessoa inimputável, como no caso de convencer uma criança a jogar veneno no copo da vítima.

Percebe-se, pois, que os doutrinadores que discorrem sobre o homicídio

trazem conceitos bem parecidos, levando-nos a concluir que o homicídio tem como

objeto jurídico protegido pelo ordenamento jurídico a vida humana extrauterina.

1.2 PREVISÃO LEGAL

O crime de homicídio está previsto no Decreto-Lei n° 2.848/1940, que institui

o Código Penal (CP/1940) no Capítulo I, Título I- Dos Crimes Contra a Pessoa e tem

sua redação nos seguintes termos: “Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis

a vinte anos” (BRASIL, 1940). Matar é o núcleo e alguém o elemento objetivo.

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Antes de analisarmos de forma específica os incisos constantes no artigo em

estudo, podemos dizer que o homicídio é o crime que atinge o bem jurídico de maior

ou que se considera ser de maior valor, que é a vida.

Com efeito, o bem jurídico, vida humana é assegurado pela Constituição

Federal de 1988, em seu artigo 5º que disciplina o seguinte: “Art. 5º Todos são iguais

perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes” (BRASIL, 1988).

Prado (2008, p.55) tece algumas considerações sobre a vida humana, que

merecem destaque senão vejamos:

A garantia da vida humana não admite restrição ou distinção de qualquer espécie. Ou seja, protege-se a vida humana de quem quer que seja, independentemente da raça, sexo, idade ou condição social do sujeito passivo. Tal significa, de conseguinte, que configura o delito de homicídio a morte dada a qualquer pessoa, ainda que moribunda, prestes a morrer, ou de aspecto monstruoso. Em razão da indisponibilidade e da incontestável magnitude do bem jurídico protegido – a vida humana – é irrelevante, em princípio, o consentimento da vítima. Protege-se a vida humana do início do fenômeno do parto até o instante de sua extinção.

Masson (2011, p. 09) também faz considerações acerca do direito à vida

“Trata-se de direito supraestatal, inerente a todos os homens e aceito por todas as

nações, imprescindível para a manutenção e para o desenvolvimento da pessoa

humana”.

Portanto, independentemente de qualquer situação que o indivíduo se

encontre, o ordenamento jurídico se fará presente e punirá quem atentar contra a vida

humana. Por outro lado, nada obstante a dimensão, o direito à vida, é relativo quando

de certa forma comparado com os demais direitos, se estes também estiverem sendo

violados. Já assim se manifestou o Supremo Tribunal Federal na decisão abaixo:

OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser

17

exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros1

Assim, há que se ressaltar a preeminência do superior interesse público em

relação ao interesse particular, conjurado através do poder de polícia, cujo o alcance

se manifestará a partir da sobreposição do coletivo sobre o individual. Neste sentido,

direitos considerados inalienáveis deixam de ter seu caráter absoluto quando se

posicionam em meio a esta dicotomia, de tal modo que sua limitação deve ser pautada

de maneira proporcional e plenamente justificada consoante o direito confrontado.

1.3 Classificação Doutrinária

Em relação a classificação doutrinária, o crime de homicídio pode ser: comum

(quanto ao sujeito ativo e quanto ao sujeito passivo); simples, pois tutela apenas um

bem jurídico que é a vida; podendo ser cometido dolosa ou culposamente, comissiva

ou omissivamente; de dano; material, pois deixa vestígios; instantâneo de efeitos

permanente; não transeunte; monossubjetivo; plurisubsistente; de forma livre, pois

pode ser praticado mediante diversos modos e meios. Greco (2014, p.303) cita ainda

a hipótese de crime de ímpeto (como no caso da violenta emoção, logo em seguida à

injusta provocação da vítima).

O referido autor menciona que por se tratar de delito material, faz-se

necessário o exame de corpo de delito, por outro lado Prado, entende que por se tratar

de crime instantâneo de efeitos permanente é que há essa necessidade. Desse modo,

no crime de homicídio é indispensável a realização do exame de corpo de delito (direto

e indireto) conforme determina os artigos 158 e 167 do Código de Processo Penal.

Entretanto, caso não seja possível a realização do exame, a prova testemunhal e

outras podem servir como base para fundamentação da abertura da ação penal.

Vale destacar ainda, que por ser um delito de forma livre, admite a sua

execução, por meio de recursos variados, diretos ou indiretos, físicos ou morais,

desde que legítimo e que venha a ocasionar o resultado morte. Assim o objeto/meio

1 MS 23.452/RJ, Rel. Min Celso de Melo, Pleno. Disponível em: <http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/738746/mandado-de-seguranca-ms-23452-rj>. Acesso em 26 dez. 2016.

18

utilizado na prática do delito de homicídio devem ser eficazes, sob pena da conduta

ser considerada crime impossível, consoante preceitua o art. 17 do CP: “ Não se pune

a tentativa quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do

objeto, é impossível consumar-se o crime” (BRASIL, 1940).

1.4 Sujeitos do delito, bem jurídico, objeto material e tipo subjetivo

O sujeito ativo do crime de homicídio pode ser qualquer pessoa. O sujeito

passivo, da mesma forma, também pode ser qualquer pessoa. Tendo em vista se

tratar de um delito comum, o tipo penal não exige nenhuma qualificação especial.

Quanto ao bem jurídico protegido, que é o bem tutelado pela lei penal, no caso

do homicídio é a vida humana extrauterina. Já o objeto material do delito, é a pessoa

sobre a qual recai a conduta típica. Assim podemos concluir que o sujeito passivo,

será também objeto material do delito, pois sobre ele recai diretamente a conduta do

agente.

O tipo subjetivo é o dolo “animus necandi ” ou “animus occidendi”, ou seja, o

agente age, de forma livre e consciente, querendo a morte da vítima. Consuma-se

então, com a morte da vítima exigindo-se para tanto o resultado, porém admite-se a

tentativa na modalidade dolosa. Prado (2008, p. 68) assim preleciona: “Admite-se

perfeitamente a tentativa. Esta se verifica quando iniciada a execução do delito, o

resultado morte não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do agente”.

1.5 Ação Penal e Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a

vida

É por meio da ação penal que o judiciário é provocado, quando a lei penal é

violada. Nesse sentido, o Professor Rogério Lauria Tucci aduz que a ação é a "atuação

correspondente ao exercício de um direito abstrato (em linha de princípio, até porque,

com ela, se concretiza), autônomo, público, genérico e subjetivo, qual seja, o direito à

jurisdição".

Desse modo a ação penal própria para o impulsionamento do judiciário nos

crimes dolosos contra a vida é a ação penal pública incondicionada. Nesta, “o

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Ministério Público tem a atribuição exclusiva para a sua propositura,

independentemente de representação do ofendido” Capez (2014, p.118). Assim, tal

modalidade dispensa qualquer condicionamento para seu exercício.

Neste ínterim, após recebida a denúncia pelo Magistrado e com o início da

ação penal (diga-se, quando reunidos indícios suficientes de autoria e materialidade),

o processo será julgado pelo Tribunal do Júri, que é o órgão competente para o

julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

O Tribunal do Júri está previsto constitucionalmente, consoante alínea “d” do

inc. XXXVIII, art.5º da CF. Senão vejamos a sua redação:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida (grifo nosso).(BRASIL, 1988)

Assim, o autor delituoso que cometer o crime previsto no art.121 do CP em

suas modalidades dolosas, serão julgados por membros da sociedade, os jurados,

que compõem o conselho de sentença e suas decisões são tomadas por maioria

simples de votos. Enfatiza-se que a instituição do Tribunal do Júri é norteada pelos

princípios Constitucionais da plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos

veredictos.

Sobre as fases do rito do Tribunal do Júri, Lopes Jr (2013, p. 992-993),

discorre didaticamente, dividindo-o em: instrução preliminar e julgamento em plenário:

A instrução preliminar não se confunde com a investigação preliminar, que é a fase pré- processual da qual o inquérito policial é a principal espécie. A instrução preliminar pressupõe o recebimento da denúncia ou queixa e, portanto, o nascimento do processo. Feita essa ressalva, compreende-se que a instrução preliminar é a fase compreendida entre o recebimento da denúncia ou queixa e a decisão de pronúncia (irrecorrível). A segunda fase do rito se inicia com a confirmação da pronúncia e vai até a decisão proferida no julgamento realizado no plenário do Tribunal do Júri. Na nova morfologia do procedimento do júri, a segunda fase ficou reduzida, praticamente, ao plenário. Antes dele, há um único momento procedimental relevante, que é a possibilidade de as partes arrolarem as testemunhas de plenário. Essas duas fases ocorrem, essencialmente, pelo divisor de águas que se estabelece na decisão de pronúncia, impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação. Tal decisão é tomada pelo juiz presidente do júri, ou seja, o juiz de direito (ou federal) titular daquela vara. Nesse momento, o juiz, após a coleta da prova na instrução, decide, em linhas gerais, se encaminha aquele caso penal para o julgamento pelo Tribunal do Júri (composto por 7 jurados).

20

A fim de melhor auxiliar o entendimento sobre o rito específico, trouxemos o

quadro com fluxograma das respectivas fases processuais, conforme a seguir:

Figura 01: Fluxograma das fases do tribunal do júri. Fonte: <http://www.anacrismendonca.com.br/material/206/ritos-processuais-esquemas-de-aula>

Figura 02: Continuação do fluxograma das fases do tribunal do júri. Fonte: <http://www.anacrismendonca.com.br/material/206/ritos-processuais-esquemas-de-aula>

21

1.6 Espécies de Homicídio

O homicídio pode ser doloso ou culposo. Contudo, antes de tratarmos de cada

espécie, faz-se necessário tecermos alguns comentários sobre os conceitos de dolo

e culpa.

1.6.1. Conceito de Dolo

O dolo consiste na intenção/vontade do agente em praticar determinado ato

delituoso. Tal previsão está insculpida no art. 18 do CP: “ Diz - se o crime: I – doloso,

quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;...” (BRASIL, 1940).

A doutrina por sua vez, elenca as espécies de dolo dividindo-o em: Dolo direito ou

determinado e Dolo indireto ou dolo indeterminado.

O Dolo direito ou determinado é aquele em que o agente quer o resultado

(teoria da vontade). Já o dolo indireto ou dolo indeterminado é o conhecido dolo

eventual, no qual o agente age com indiferença em relação ao resultado, não o deseja

diretamente mas aceita que ele ocorra ao assumir o risco da sua conduta diante da

previsão da ocorrência do crime (teoria do assentimento). Ocorre geralmente quando

condutores de veículos dirigem alcoolizados.

1.6.2 Conceito de Culpa

A culpa estará caracterizada quando o delito é praticado de maneira não

intencional, ou seja, quando o agente age sem as cautelas legais (atenção e cuidado)

para que evitasse o crime. Assim diz o inciso II do art.18, CP: “ II – culposo, quando o

agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência e imperícia”. (BRASIL,

1940).

A doutrina por sua vez elenca como espécies de culpa a inconsciente e a

consciente. A culpa inconsciente é a comum prevista no art. 18, inciso II, CP, citado

acima. A culpa consciente é aquela em que o agente, embora prevendo o resultado,

não deixa de praticar a conduta acreditando, intimamente, que o mesmo não ocorrerá.

22

1.6.3 Do Homicídio Doloso

O homicídio doloso se compreende como o delito cometido intencionalmente,

oportunidade em que seu autor tinha a todo momento a vontade e consciência da

infração penal, ou assumiu o risco de produzi-la.

Neste norte, Gonçalves (2011, p. 72) apresenta de forma esquematizada o

crime de homicídio a partir de sua subdivisão em três modalidades a saber: Simples,

Privilegiado e Qualificado, que por sua vez serão estudados nos capítulos seguintes.

Figura 03: as três modalidades de homicídio doloso Fonte: GONÇALVES, 2011p. 72

1.6.4 Do Homicídio Culposo

O homicídio Culposo, está previsto no § 3º do art. 121 do CP, e é provocado

por uma atuação imprudente, negligente ou imperita do agente delituoso.

Nos capítulos adiante, passaremos então, ao estudo minucioso do crime em

questão.

23

1.7 A excludente de ilicitude como descriminalizadora do crime de homicídio

Não podemos deixar de tecer algumas considerações a respeito das

excludentes de ilicitude previstas no art. 23 do CP, que assim está descrito: “Não há

crime quando o agente pratica o fato: I- em estado de necessidade; II – em legítima

defesa; III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”

(BRASIL, 1940).

Acontece que ao praticar determinado fato típico, sua ação não será

considerada ilícita já que estaria justificada pelos preceitos jurídicos do art. 23 do CP.

De modo geral no nosso ordenamento jurídico é reconhecida as excludentes de

ilicitude como descriminalizadora do crime de homicídio, entretanto, em todas as

hipóteses o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo.

24

CAPÍTULO II

HOMICÍDIO SIMPLES

2.1 Previsão legal e Conceito

O homicídio simples está previsto no caput do art. 121 do Código Penal e tem

previsão legal de pena de reclusão, de 06 (seis) a 20 (vinte) anos. Podemos dizer que

o homicídio simples é aquele cuja prática corresponde a forma básica do crime, posto

que o legislador não definiu quando o homicídio é considerado simples, pelo contrário

preferiu deixar expressamente tipificado as hipóteses de homicídio privilegiado (art.

121, §1º) e qualificado (art. 121, §2º).

Desse modo, considerando que os fatos/circunstâncias que ensejaram o

evento morte, por exclusão, desde que não sejam causas de privilégio ou qualificação,

conclui-se que o homicídio é simples.

2.2 Homicídio simples hediondo

Em regra, o homicídio simples, não é crime hediondo, entretanto conforme art.

1°, I, da Lei 8.072/90, com redação da Lei n. 8.930, de 07.09.1994, há a previsão do

homicídio simples hediondo, sendo aquele “quando praticado em atividade típica de

grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente”. (BRASIL, 1990)

Nucci em seus ensinamentos faz críticas ao legislador quanto esta previsão

do homicídio simples hediondo instituído pela Lei 8.072/90 ao mencionar o seguinte:

[...] Não cremos viável, na prática, essa figura típica, criada pelo legislador

em momento de pouca reflexão. A atividade típica de grupo de extermínio

sempre foi considerada pela nossa jurisprudência amplamente majoritária um

crime por motivo torpe. [...] Dessa maneira, não vimos como aplicar ao

homicídio simples a qualificação de hediondo pois caso atue o agente como

exterminador, a tipificação será de homicídio qualificado, pois o delito

certamente repugnante (NUCCI, 2014, p. 652).

25

No mesmo sentido, brilhantemente se manifesta Masson quando ensina que

a atividade típica de grupo de extermínio normalmente incide a aplicação da

qualificadora do motivo torpe (art. 121, § 2°, inc. I).

Em verdade, a atividade típica de grupo de extermínio normalmente enseja a aplicação da qualificadora do motivo torpe (art. 121, § 2°, inc. I). Exemplo: matança generalizada de moradores de rua para valorização de uma área urbana. Nesse caso, o crime será hediondo (Lei 8.072/90, art. 1 inc. I, in fine). Por outro lado, se um agente matar outras pessoas em atividade típica de grupo de extermínio, mas com relevante valor social, estará caracterizado o homicídio privilegiado (CP, art. 121, § 1°), que não é crime hediondo. Exemplo: policial que, durante sua folga, sai à caça de ladrões que aterrorizavam uma pacata cidade, matando-os (MASSON, 2011, p.14)

Sendo assim, em que pese alguns doutrinadores considerarem que a

atividade típica de grupo de extermínio comumente enseja a aplicação da

qualificadora do motivo torpe (vil/desprezível/repugnante), o homicídio simples pode

ser hediondo conforme a previsão da Lei 8.072/90.

26

CAPÍTULO III

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO

3.1 Abordagem Geral

O homicídio privilegiado está previsto no §1º do art. 121 do Código Penal, e

tem a seguinte redação: “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante

valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta

provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço” (BRASIL,

1940). Logo, percebe-se que o delito em estudo neste capítulo trata-se de caso de

diminuição de pena, também chamada de minorante.

Nesse sentido,

Crime privilegiado é a modalidade em que a lei penal diminui, em abstrato, os

limites da pena, mínimo e máximo. No caso em apreço, vale-se o legislador

da pena do homicídio simples, diminuída de um sexto a.um terço. Por esse

motivo, fala o Código Penal em “caso de diminuição da pena. (MASSON,

2011, p. 20)

De forma didática podemos dividir o §1º do art. 121 do CP em duas partes:

motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo

em seguida a injusta provocação da vítima. Desse modo, estudaremos a seguir de

forma detalhada cada situação.

3.2 Motivo de relevante valor social ou moral

O motivo de relevante valor social está ligado ao interesse de uma

coletividade. A doutrina traz vários exemplos referente ao valor social: a morte de um

traidor da pátria ou até mesmo a morte de um político corrupto, causada por uma

pessoa do povo revoltada com a situação de corrupção e impunidade no país. Assim,

“ Não interessa tão somente ao agente, mas sim, ao corpo social” (Greco,2014, p.

304).

27

Já o motivo de relevante valor moral é aquele que leva em conta os

sentimentos/interesses pessoais do agente. O exemplo clássico que a doutrina traz é

o caso do pai que mata o estuprador da filha, para defender a honra da filha. Em que

pese haver divergência quanto a esse posicionamento, pois muitos consideram se

tratar de relevante valor social, porque a intenção do pai é eliminar um marginal,

beneficiando a coletividade. Apesar da divergência doutrinária é pacífico o

entendimento de ser reconhecido o homicídio privilegiado.

Outro exemplo é a eutanásia que “se verifica quando o agente tira a vida da

vítima para acabar com o grave sofrimento decorrente de alguma enfermidade”

(Gonçalves 2011, p.86) e é exemplo de homicídio cometido por motivo de relevante

valor moral.

3.3.Sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da

vítima

O privilégio reconhecido na segunda parte do parágrafo “domínio de violenta

emoção” diz respeito a atuação da vítima de forma provocadora deixando o agente

perturbado, abalado emocionalmente a ponto de cometer o ilícito penal. Não basta

apenas que a vítima provoque o agente, mas sim que o mesmo sofra alterações em

suas emoções vindo a cometer o delito.

Hungria, define emoção como sendo:

Um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação

do sentimento. É uma forte e transitória perturbação da efetividade, a que

estão ligadas certas variações somáticas ou modificações particulares das

funções da vida orgânica (pulsar precípite do coração, alterações térmicas,

aumento da irrigação cerebral, aceleração do ritmo respiratório, alterações

vasimotoras, intensa palidez ou intenso rubor, tremores, fenômenos

musculares, alterações das secreções, suor, lágrima etc. (HUNGRIA, 1979,

p. 132)

Corroborando com o exposto, Masson descreve ainda que:

O Código Penal filiou-se a uma concepção subjetivista. Leva-se em conta o

aspecto psicológico do agente que, dominado pela emoção violenta, não se

controla. Sua culpabilidade é reduzida, refletindo na diminuição da pena a ser

cumprida. (MASSON, 2011, p.23)

28

Em relação “a injusta provocação da vítima” deve-se fazer a diferenciação

com agressão injusta posto que aquela é o “comportamento apto a desencadear a

violenta emoção e a consequente prática do crime. Não se exige por parte da vítima

o propósito direto e específico de provocar, sendo suficiente que o agente se sinta

provocado injustamente” (Masson, 2011, p.24) e se ocorrer agressão injusta por parte

da vítima o agente estará amparado pela legítima defesa.

Deve-se, pois, levar em conta para caracterizar o “logo em seguida” o

momento em que o sujeito ficou sabendo da injusta provocação e não aquele em que

está efetivamente ocorreu. Explico melhor, a injusta provocação pode ter acontecido

a dias ou meses sem a ciência do ofendido, e posteriormente assim que tomou

conhecimento praticou o delito. Dessa forma, caracteriza-se o privilégio, pois mesmo

que a injusta provocação tenha ocorrido dias atrás o que leva em consideração é a

data/momento que o agente tomou conhecimento da injusta provocação e reagiu de

imediato.

Por fim, ressalte-se que por si só a emoção não exclui o delito, mas analisando

o contexto do evento morte e o conjunto das circunstâncias aqui apresentadas

(domínio de violenta emoção + injusta provocação da vítima + reação imediata), deve-

se sim ser aplicada a redução da pena.

3.4 Redução da pena: Faculdade ou obrigação do julgador?

Certo que a doutrina se diverge no que tange ao poder ou dever do magistrado

em relação a redução da pena no crime de homicídio considerado privilegiado. Desta

forma, doutrinadores a exemplo de Damásio E. de Jesus, entendem como um direito

consagrado ao réu e, desse modo, longe de um poder discricionário do magistrado:

A diminuição da pena, presentes os seus requisitos, é obrigação do Juiz, não

obstante o emprego pelo Código Penal da expressão ‘pode’ e o disposto no

art. 492, § 1°, do Código de Processo Penal, que fala em ‘faculdade’.

Reconhecido o privilégio pelos jurados, não fica ao arbítrio do Julgador

diminuir ou não a pena.2

2 Damásio E. de Jesus. Código Penal anotado, cit., p. 387

29

Em sentido oposto, outros doutrinadores entendem que a descrição dos

elementos linguísticos contidos no dispositivo penal, ensejam um caráter discricionário

ao julgador, notadamente fruto do seu poder como magistrado. Assim, merece

atenção as palavras de Magalhães de Noronha:

A oração do artigo, a nosso ver, não admite dúvidas: poder não é dever. Dissesse a lei, por exemplo, ‘o Juiz deve diminuir a pena’ ou ‘ a pena será diminuída’ etc., e a diminuição seria imperativa. Em face da redação do artigo, outra interpretação não nos parece possível3.

De sorte, entendemos, em consonância ao disposto no art. 5°, XXXVIII da

Carta Magna,4 ser um dever do juiz a aplicação da redução quando assim

reconhecidas as causas condicionantes ao privilégio pelos jurados do Tribunal do Júri.

Deste modo, há que se reconhecer a soberania do veredito popular ali representada

pela banca dos jurados, momento em que o direito do réu deverá ser assegurado

perante a justiça, sendo facultado ao poder do juiz, apenas o quantum da pena a ser

imposta.

3 E. Magalhães de Noronha, Direito Penal, cit., v. 2, p. 25 4 Art. 5° CF- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVIII- é reconhecida a instituição do Júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) A plenitude de defesa; b) O sigilo das votações; c) A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

30

CAPÍTULO IV

HOMICÍDIO QUALIFICADO

4.1 Disposições Gerais

Diferentemente do estudado no capítulo anterior, o homicídio qualificado trata-

se de causa de majoração da pena, pois a pena de 06 (seis) a 20 (vinte) anos de

reclusão é aumentada, passando a ser de 12 (doze) a 30 (trinta) anos de reclusão.

Tal majoração se justifica pelos meios, motivos, fins e modo que foram

utilizados pelo agente delituoso para alcançar a morte da vítima. Desse modo o

legislador descreveu no §2º do art.121 do CP tais qualificadoras/circunstâncias,

também dividida em qualificadoras subjetivas e objetivas que serão comentadas logo

a seguir.

Ressalte-se ainda, que o homicídio qualificado, é crime hediondo, o que traz

consequências no regime de cumprimento da pena, bem como a lei de crime

hediondos considera-os crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia

dentre outras limitações previstas na referida lei.

4.2 Qualificadoras Subjetivas (motivos e fins)

As qualificadoras subjetivas estão previstas nos incisos I, II, V, VI e VII, § 2º do

art. 121 do CP e dizem respeito aos motivos e fins determinantes do crime. Destacam-

se os incisos VI e VII que foram incluídos pela Lei nº 13.104, de 2015 e pela Lei nº

13.142, de 2015 . Assim vejamos a redação dos incisos em estudo:

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu

31

cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos (BRASIL, 1940).

Em relação ao inciso I primeira parte “mediante paga ou promessa de

recompensa” podemos considerar que:

A paga é o valor ou qualquer outra vantagem, tenha ou não natureza patrimonial, recebida antecipadamente, para que o agente leve a efeito a empreitada criminosa (GRECO, 2014, p.305). [...]Já na promessa de recompensa, como a própria expressão demonstra, o agente não recebe antecipadamente, mas, sim, existe uma promessa de pagamento futuro. (GRECO, 2014, p.305).

Diante dos estudos acerca do tema percebe-se que há divergência doutrinária

posto que alguns doutrinadores como Gonçalves afirma que tanto a paga como a

promessa de recompensa possuem caráter patrimonial, mediante pagamento em

dinheiro ou qualquer outra vantagem econômica.

Entretanto de acordo com o posicionamento de Greco e Masson podemos

concluir de que o pagamento (tanto na paga como na promessa de recompensa),

pode ser em dinheiro ou qualquer outra espécie de bem, tal como uma joia, um imóvel,

um automóvel, assim a vantagem não precisa obrigatoriamente ser econômica, como

é o caso de promessa de casamento, de promessa de relações sexuais etc.

Na paga o recebimento é prévio. O executor recebe a vantagem e depois pratica o homicídio. Incide a qualificadora se o sujeito recebe somente parte do valor acertado com o mandante. Já na promessa de recompensa o pagamento é convencionado para momento posterior à execução do crime. Nesse caso, não é necessário que o sujeito efetivamente receba a recompensa. É suficiente a sua promessa. E também não se exige tenha sido a recompensa previamente definida, podendo ficar à escolha do mandante. (MASSON, 2011, p. 28).

Por se tratar de crime plurissubjetivo (que é aquele composto por dois sujeitos),

como também chamado de concurso necessário, há necessidade de existir duas

pessoas: o mandante e o executor para configurar o crime com a consequente

incidência da qualificadora. Daí surge mais uma divergência doutrinária e

jurisprudencial, se o mandante do crime responderá por essa qualificadora?

Pois bem, entendemos que, como trata-se de circunstância subjetiva, esta não

se comunica ao mandante, conforme se extrai do art. 30 do CP. Neste caso, poderá

o mesmo responder pela qualificadora do motivo torpe, fútil, ou de acordo com os

motivos que ensejaram na contratação do executor, existindo a possibilidade neste

32

caso, do mandante ser condenado pela forma qualificada. De toda forma faz

necessário apresentar as duas correntes que divergem sobre o tema.

1ª Corrente: a paga ou promessa de recompensa não é elementar e, por ser de caráter pessoal, não se estende ao mandante, que deve ser responsabilizado de acordo com os motivos que o levaram a contratar o executor. 2ª Corrente: o mandante deve também ser condenado pela forma qualificada, pois é dele a iniciativa de procurar o executor e lhe propor o crime. Sem essa proposta não haveria o homicídio (GONÇALVES, 2011, p.93-94)

Ademais há possibilidade do reconhecido do homicídio privilegiado ao

mandante do crime, nos casos em que o pai contrata um pistoleiro para matar o

estuprador de sua filha.

Ainda quanto a esta qualificadora, ressalta-se que não é preciso que o

executor receba efetivamente o pagamento ou que a promessa seja cumprida pelo

mandante, sendo suficiente que a prática do crime seja motivada por tais

circunstâncias (patrimoniais ou favores).

Em relação ao motivo torpe, segundo a definição de Greco temos que “torpe

é o motivo abjeto que causa repugnância, nojo, sensação de repulsa pelo fato

praticado pelo agente” (GRECO, 2014, p.306), vil, desprezível, baixo, ignóbil.

A segunda circunstância prevista no inciso II é o motivo fútil, que consiste no

motivo insignificante, desproporcional. Apesar da dificuldade em reconhecer quando

aplicar a qualificadora do motivo torpe ou fútil, deve-se prestar atenção quanto a

característica marcante do crime e verificar se à motivação for desproporcional para

que o crime viesse a ocorrer. Daí a futilidade que deve ser reconhecida.

Considerando que fútil é o motivo insignificante, desproporcional entre o

motivo e o crime, não se deve confundir, motivo fútil com ausência de motivo, posto

que se o agente pratica o crime sem nenhuma razão/motivo, este não responderá pela

qualificadora.

Já em relação ao inciso V, que também é uma circunstância subjetiva com o

intuito de assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro

crime. Pressupõe dizer que tal qualificadora terá relação como outro crime, havendo

assim a conexão (teleológica ou consequencial).

Nessas hipóteses, o homicídio não é o objetivo central da ação, mas sim o outro delito e é praticado tão somente com o intuito de propiciar a execução deste último ou sua ocultação, impunidade ou vantagem. (PRADO, 2008, p.75)

33

Em breves linhas acerca do inciso V:

Diz-se teleológica a conexão quando se leva em consideração o fim em virtude do qual é praticado o homicídio. No caso da qualificadora do inc. V, será considerada teleológica a conexão quando o homicídio é cometido com o fim de assegurar a execução de outro crime. Por exemplo, matar o vigilante da agência bancária no dia anterior à prática do crime de roubo. Ressalte-se que, neste caso o homicídio é cometido para que se assegure a execução de um crime futuro. Consequencial é a conexão em que o homicídio é cometido com a finalidade de assegurar a ocultação ou a vantagem de outro crime. Ao contrário da situação anterior, aqui o delito de homicídio é praticado com vista a ocultar, assegurar a impunidade ou a vantagem de um crime já cometido. (GRECO, 2014, p. 310)

Resumidamente temos:

Figura 4: Divisão da qualificadora decorrente da conexão do homicídio com outro crime Fonte: Gonçalves, 2011, p. 116

Em suma, pela conexão teleológica ou sequencial haverá concurso material

(art. 69, CP) e o agente responderá pelos crimes de homicídio qualificado, em

concurso material com o outro crime, pois formam delitos autônomos que se ligam

pela conexão.

Quanto ao inciso VI, este foi Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015 e trata-se da

qualificadora do Feminicídio, que é o homicídio praticado contra a mulher. De acordo

com o art. 121 § 2º-A, considera-se que há razões de condições de sexo feminino

quando o crime envolve “violência doméstica e familiar e menosprezo ou

34

discriminação à condição de mulher” (BRASIL, 2015). Desse modo, como o art. 121

foi alterado pela Lei nº 13.104, de 2015, trazendo a previsão do feminicídio como

circunstância qualificadora do crime de homicídio, em sendo mais gravosa, esta não

poderá retroagir.

Tendo em vista o contexto atual de violência/homicídios praticados contra

policiais no exercício de suas funções, cumprindo o dever estatal de reprimir o crime,

coibir atos ilícitos de facções criminosas, foi acrescentado pela Lei nº 13.142, de 6 de

julho de 2015 ao §2º do art. 121 o inciso VII, qualificadora esta, que prevê pena mais

severa aqueles que praticarem o crime de homicídio contra os agentes de segurança

pública.

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. (BRASIL, 2015)

A intenção do legislador ao incluir o inciso em comento, é proteger/blindar os

servidores públicos que desempenham atividades de segurança pública e que, por

estarem nessa condição, encontram-se mais expostos a riscos do que as demais

pessoas, punindo de forma mais severa aqueles que atentam contra sua vida e de

seus familiares.

4.3 Qualificadoras Objetivas (meios e modos)

As qualificadoras subjetivas estão previstas nos incisos III e IV, § 2º do art.

121 do CP e dizem respeito aos meios e modos determinantes para a prática do crime.

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. (BRASIL, 1940)

Abordaremos separadamente nas seções seguintes as qualificadoras

objetivas previstas nos incisos III e IV, § 2º do art. 121 do CP.

35

4.3.1 Meios de execução

Antes de apresentarmos de acordo com a doutrina o conceito de veneno, fogo,

explosivo, asfixia e tortura, que o legislador traz exemplificativamente como meios

reprováveis a prática do homicídio, faz-se necessário tecer alguns comentários no que

consiste ser um meio insidioso, meio cruel e perigo comum.

Meio insidioso é aquele dissimulado em sua eficiência maléfica; o meio cruel, o que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela uma brutalidade fora do comum, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade; o perigo comum é aquele capaz de afetar número indeterminado de pessoas. (PRADO, 2008, p.74).

Ressalta-se que a qualificadora do meio cruel não incide quando a vítima já

está morta, posto que a crueldade se dá quando utilizada para matar a vítima. Conclui-

se, portanto, que há três gêneros de qualificadoras, meio insidioso, meio cruel e meio

de que possa resultar perigo comum.

Veneno “é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a

morte quando introduzida no organismo humano” (Masson, 2011, p.32). Venefício é o

nome que se dá ao homicídio praticado com emprego de veneno. Destaca-se que o

emprego do veneno tanto pode ser por meio insidioso (deve ser ministrado sem que

a vítima tenha conhecimento) ou por meio cruel (se for utilizado com violência).

Como o estudado por ser o homicídio crime material, exige que haja o exame

de corpo delito direto, mediante a inspeção e autopsia do cadáver, na busca da causa

mortis e no caso do emprego de veneno é por meio do exame toxicológico que será

atestada a incidência da qualificadora.

Mediante a utilização de fogo ou explosivo são bem parecidas e a

qualificadora pelo uso de um ou outro é reconhecida quando o fogo ou explosivo é

empregado pelo agente delituoso com a intenção de provocar a morte da vítima,

através do efetivo emprego de tais substâncias.

Por serem substâncias que se espalham rápido e podem tomar proporções

inesperadas, caso o explosivo ou fogo provoquem danos em bem alheio, da própria

vítima do homicídio ou de terceiro, o delito de dano qualificado pelo emprego de

substância explosiva fica absorvido por ser o homicídio crime mais grave, conforme

preceitua o art. 163, parágrafo único, II, do CP.

Asfixia é a supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica.

A origem mecânica por sua vez se divide em: esganadura, estrangulamento,

36

enforcamento, sufocação, afogamento, soterramento, sufocação indireta. A origem

tóxica, pode se dar por confinamento e uso de gás asfixiante.

A tortura será considerada qualificadora no crime de homicídio quando ela for

empregada com dolo/intenção para causar a morte da vítima. Aqui há se distinguir

que o crime de homicídio qualificado pela tortura (art. 121, § 2º, III) tem pena prevista

de 12 (doze) a 30 (trinta) anos de reclusão, o julgamento se dá pelo tribunal do júri e

a tortura foi o meio escolhido para o cometimento do crime, já do crime de tortura

qualificada pela morte (art. 1º, § 3º, da Lei n. 9.455/97), tem pena de reclusão, de 8 a

16 anos, o julgamento é pelo juízo singular e caracteriza-se como crime preterdoloso.

4.3.2 Modos de execução

Com relação ao inciso IV do art. 121 do CP “ à traição, de emboscada, ou

mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do

ofendido” são os modos de execução, os quais o agente se prevalece de situações

que dificultam a defesa da vítima para a prática do homicídio.

Para Hungria a traição é ato “ cometido mediante ataque súbito e sorrateiro,

atingida a vítima, descuidada ou confiante, antes de perceber o gesto criminoso”

(HUNGRIA, 1979, p.168).

Emboscada segundo o mesmo autor é a “dissimulada espera da vítima em lugar por onde terá de passar”. Dissimulação é a ocultação da intenção hostil, para acometer a vítima de surpresa. O criminoso age com falsas mostras de amizade, ou de tal modo que a vítima, iludida, não em motivo para desconfiar do ataque e é apanhada desatenta e indefesa” (HUNGRIA, 1979, p.168-169).

Quanto ao outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido

se assemelha a traição, emboscada, ou dissimulação pois deduz um modo insidioso

de como o crime foi executado, obstaculizando a defesa da vítima, comprometendo o

seu potencial defensivo. Deduz-se, portanto que a essa qualificadora deverá ser

aplicada através de uma interpretação analógica.

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CAPÍTULO V

HOMICÍDIO CULPOSO

5.1 Aspectos Gerais

O homicídio culposo está descrito no § 3º do art. 121 do Código Penal, tendo

como pena prevista a detenção de 01 (um) a 03 (três) anos. Tal previsão se dá quando

o agente produz o resultado morte por meio do seu comportamento, imprudente,

negligente ou imperito. Para Nucci (2014, p.675):

Trata se da figura típica do caput (“ matar alguém”), em bora como outro elemento subjetivo: culpa, É um tipo aberto, que depende, pois da interpretação do juiz para poder ser aplicado. A culpa conforme o art. 18, II, do Código Penal, é constituída de “imprudência, negligencia oi imperícia”. Portanto matar alguém por imprudência, negligencia oi imperícia concretiza o tipo penal incriminador do homicídio culposo.

Já Greco (2014, p.312) conceitua o homicídio culposo como sendo aquele em

que:

O agente produz o resultado morte por ter agido com imprudência, negligência ou imperícia, situando-se a causa de aumento de pena referente à inobservância de regra técnica de profissão no campo da culpabilidade, demonstrando que o comportamento do agente merece uma maior censurabilidade.

O § 4º do mesmo diploma legal traz a causa do aumento (homicídio culposo

majorado) de pena em um 1/3 (um terço), quando “o crime resulta de inobservância

de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato

socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para

evitar prisão em flagrante” (Flumian; Garcia,2015, p.44). Essas causas de aumento

de pena devem ser especificadas na denúncia.

Como exemplo de homicídio culposo majorado, o referido autor, traz a

seguinte situação:

‘A’, limpando um revólver, não verificou se estava municiado, ocasião em que, acionando o gatilho por engano, efetuou um disparo e acertou pessoa que passava próximo ao local. Em vez de socorre-la imediatamente, foge do local temendo sua prisão”. (Flumian; Garcia, 2015, p.45).

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Passaremos agora ao estudo detalhado das formas de comportamento do

agente delituoso a título de culpa.

5.2 Espécies

5.2.1. Negligência

A negligência é a omissão que dá causa a um resultado. “É a displicência no

agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, que, podendo adotar as cautelas

necessárias, não o faz. É a imprevisão passiva, o desleixo, a inação (culpa in

ommittendo.) É não fazer o que deveria ser feito” Bitencourt (2014, p.455)

Gonçalves (2011, p. 123), cita vários exemplos de conduta negligente que são

pertinentes destacar neste momento:

Não providenciar a manutenção necessária de tempo em tempo nas máquinas de sua indústria, e uma delas explodir pela falta de manutenção, matando um operário; não dar manutenção nos freios de um veículo e atropelar a vítima por falta de freio; não fornecer equipamento de segurança (capacete, luvas etc.) para os trabalhadores de uma construção, sendo que um deles morre com uma pancada na cabeça, decorrente da queda de uma madeira; médico que não faz exames em um paciente antes de lhe ministrar anestésico e este acaba morrendo por choque anafilático por ser alérgico ao medicamento; pais que deixam arma de fogo ao alcance de seu filho pequeno que a encontra e acaba, por brincadeira, acionando o gatilho e matando a si próprio ou a terceiro; deixar veneno em local acessível a crianças etc.

5.2.2. Imprudência

Imprudência é a ação que provoca o resultado. “ É a prática de uma conduta

arriscada ou perigosa e tem carácter comissivo. É a imprevisão ativa (culpa in faciendo

ou in commitendo). Conduta imprudente é aquele que se caracteriza pela

intempestividade, precipitação, insensatez ou imoderação”. (BITENCOURT, 2014, p.

455).

Como exemplo podemos citar quando uma pessoa brinca com um revólver

carregado e acaba provocando um disparo acidental.

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5.2.3. Imperícia

A imperícia é a falta de habilitação para o desempenho de atividade, arte ou

ofício. “ É a falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimento técnico

para o exercício de arte, profissão ou oficio, imperícia não se confunde com erro

profissional. O erro profissional é um acidente escusável, justificável e de regra,

imprevisível, que não depende do uso correto e oportuno dos conhecimentos e regras

de ciência”. Bitencourt (2014, p.455)

5.3 Perdão Judicial

O § 5º do art. 121 do CP, prevê a possibilidade do perdão judicial, nos casos

de homicídio culposo, dispondo o seguinte: “ Na hipótese de homicídio culposo, o juiz

poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio

agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”

(BRASIL,1940).

Entendemos que o perdão judicial pode ser entendido sob os dois aspectos, ou seja, como um direito subjetivo do acusado ou como uma faculdade do julgador. Isso dependerá da hipótese concreta e das pessoas envolvidas. Assim, sendo o caso de crime cometido por ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão, o perdão judicial deverá ser encarado como um direito subjetivo do agente, uma vez que, nesses casos, presume-se que a infração penal atinja o agente de forma tão grave que a sanção penal se torna desnecessária. Por outro lado, há situações em que o julgador deverá, caso a caso, verificar a viabilidade ou não da aplicação do perdão judicial p. (GRECO, 2014, p. 314)

Os doutrinadores discutem ainda que não há necessariamente a

obrigatoriedade de uma relação de parentesco entre o agente e a vítima para que o

perdão judicial seja concedido/aplicado, posto que será por meio de uma análise

subjetiva do caso concreto, pelo julgador que o perdão será ou não concedido, como

citado acima.

O perdão judicial só pode ser concedido na sentença e não precisa ser aceito

para gerar efeito. Por se tratar de circunstância de caráter pessoal, não se comunica

aos demais envolvidos, nos termos do art. 30 do CP.

Desse modo, seguimos o entendimento que “a natureza jurídica da sentença

que concede o perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade e não poderá

40

ser considerada para efeitos de reincidência” Greco (2014, p. 301). Vide ainda o IX do

art.107 do CP.

Entretanto, existe entendimento contrário afirmando que a sentença que

concede o perdão judicial é condenatória, subsistindo efeitos secundários da

condenação como a obrigação de indenizar e o lançamento do nome do réu no rol

dos culpados. Porém, o Superior Tribunal de Justiça publicou a súmula nº 185 que

vem sendo atualmente adotada na prática, convergindo com o entendimento que a

sentença é declaratória.

5.4 Ação Penal e Competência para julgamento

A Ação Penal no delito de homicídio é de iniciativa pública incondicionada e a

competência para o julgamento é do juízo singular, diferentemente do homicídio

doloso que é processado pelo Tribunal do Júri.

Como homicídio culposo por prevê pena mínima de 01 (um) ano,

Torna­se cabível a suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89

da Lei n. 9.099/95, pois, nesse caso, a pena mínima é de um ano. Todavia,

nas hipóteses em que se mostrar presente quaisquer das causas obrigatórias

de aumento de pena do art. 121, § 4º, do Código Penal, o benefício é inviável.6

5 Súmula n. 18 do STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. (Súmula 18, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 20/11/1990, DJ 28/11/1990) Disponível em: < http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp#TIT1TEMA0> Acesso em 24 jan. 2017. 6 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte especial. São Paulo: Saraiva, 2011. p.129.

41

CAPÍTULO VI

PROGRAMA PARAÍBA UNIDA PELA PAZ COMO

INSTRUMENTO DE REDUÇÃO DOS HOMICÍDIOS

6.1 Origem

O programa Paraíba Unida Pela Paz foi criado pelo Governo do Estado em 2011 e

tem como objetivo:

Integrar a Polícia Civil, Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, a fim de reduzir

os índices de criminalidade em território paraibano. O programa visa à

participação da sociedade e a articulação com o Ministério Público e Poder

Judiciário, entre outros órgãos, tratando a Segurança Pública como política

de estado.

As ações são de prevenção, ostensiva e de repressão qualificada, incluindo

trabalhos de Inteligência, com foco na redução de crimes violentos letais

intencionais (CVLI) – homicídios dolosos ou qualquer outro crime doloso que

resulte em morte – e Crimes Violentos Patrimoniais (CVP) (PARAÍBA UNIDA

PELA PAZ, 2011)7

Com a criação deste programa foi possível demonstrar através de números

(Boletim de Criminalidade), o aumento e diminuição dos crimes CVLI8 e CVP, de modo

a mapear os locais de atuação, horários das ocorrências, modus operandi, possíveis

autorias e as demais circunstâncias conhecidas, servindo como subsídios para que

os gestores dos órgãos que compõem a segurança pública, tracem planos de ações

integradas e atuações conjuntas, com o foco na redução de tais crimes.

Por meio deste programa a Secretaria de Segurança e Defesa Social - SEDS,

publica anualmente desde o ano de 2012, o Boletim de Criminalidade em relação ao

7 PARAÍBA, Governo da. Paraíba Unida Pela Paz. Disponível em: <http:// http://www.policiacivil.pb.gov.br/paraiba-unida-pela-paz/ >. Acesso em: 17 jan. 2017. 8 O programa ainda nos informa: “A sigla CVLI foi criada em 2006 pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça (MJ), com a finalidade de agregar os crimes de maior relevância social, pois além do homicídio doloso outros crimes também devem ser contabilizados nas estatísticas referentes a mortes. Portanto, fazem parte dos Crimes Violentos Letais Intencionais o homicídio doloso e demais crimes violentos e dolosos que resultem em morte, tais como o roubo seguido de morte (latrocínio), estupro seguido de morte, lesão corporal dolosa seguida de morte, entre outros. Ainda são contados os cadáveres encontrados, ossadas e confrontos policiais.” Disponível em: < http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2012/Metodologia_de_contagem_de_Crimes_Violentos_Letais_Intencionais.pdf >. Acesso em: 17 jan. 2017.

42

número de vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). Assim sendo, a

partir dos dados disponibilizados por ela, serão demonstrados na seção seguinte, os

condicionantes favoráveis ou não acerca dos resultados do supracitado programa.

6.2 Metodologia de contagem de Crimes Violentos Letais Intencionais –

Secretaria da Segurança e da Defesa Social

A metodologia para contabilizar os Crimes Violentos Letais Intencionais e

demais crimes violentos e dolosos que resultem em morte, tais como o roubo seguido

de morte (latrocínio), estupro seguido de morte, lesão corporal dolosa seguida de

morte, entre outros, utilizada na Paraíba é feita pelo Núcleo de Análise Criminal e

Estatística (NACE) que está ligado à SEDS e que envolve vários órgãos. Dessa forma:

A metodologia de contagem utilizada pelo Nace é a multifonte, de maneira que vários órgãos contribuem com informações sobre esses crimes para a criação de um banco de dados único. Ao mesmo tempo em que a Polícia Militar informa os dados preliminares das ocorrências, o Instituto de Polícia Científica (IPC) repassa ao setor a lista de cadáveres provenientes de morte violenta. Já a Polícia Civil complementa as informações por meio de dados de inquéritos policiais. Por fim, todos os documentos recebidos são conferidos em um processo de convalidação de dados9

Desse modo, a partir dos dados colhidos pelo Programa e fazendo um

comparativo entre os anos de 2012 a 2016, podemos afirmar que houve uma redução

ano a ano, no registro de assassinatos no Estado da Paraíba, conforme dados

extraídos abaixo, estando, em anexo, o documento por completo.

9Metodologia de contagem de Crimes Violentos Letais Intencionais – Secretaria da Segurança e da

Defesa Social, 2012. Disponível em:

<http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2012/Metodologia_de_contagem_de

_Crimes_Violentos_Letais_Intencionais.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017.

43

6.3 Análise do crime de homicídio no estado da Paraíba nos anos de 2012 a 2016

por civis e policiais

Como dito acima, de acordo com os dados fornecidos pelo Programa fizemos

uma análise do crime de homicídio no estado da Paraíba nos anos de 2012 a 2016

por civis e policiais. Veja os boletins extraídos de forma resumida:

Figura 5: Imagem resumida do Boletim de Criminalidade do ano 2012.

Fonte:< http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2012/04.pdf >

Figura 6: Imagem resumida do Boletim de Criminalidade do ano 2013.

Fonte:< http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2013/04.pdf>

Figura 7: Imagem resumida do Boletim de Criminalidade do ano 2014.

Fonte:<http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2014/1-2-3-4

trimestre_Final.pdf >

44

Figura 8: Imagem resumida do Boletim de Criminalidade do ano 2015.

Fonte:< http://static.paraiba.pb.gov.br/2016/01/Boletim_trimestral_CVLI_2015_4Tri_Final.pdf >

Figura 9: Imagem resumida do Boletim de Criminalidade do ano 2016. Fonte:<http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2016/Boletim_trimestral_CVLI_2016_4Tri_Final.pdf > Acesso em 16 de janeiro de 2016.

Consoante a tabela sub examine, constatamos através dos dados que houve

uma redução progressiva nos índices de homicídios no Estado da Paraíba. Para tanto,

com o afã de fornecer elementos mais compreensíveis a respeito dos elementos

catalogados, elaboramos resumidamente um demonstrativo sobre as respectivas

reduções dos CVLI’s em 2012 a 2016:

ANO QUANTIDADE DE VÍTIMAS DE CVLI10

REDUÇÃO DE UM ANO PARA OUTRO

2011 1680 ---

2012 1542 De 2011 para 2012, redução de 138 homicídios

2013 1537 De 2012 para 2013, redução de 05 homicídios.

2014 1513 De 2013 para 2014, redução de 24 homicídios.

2015 1502 De 2014 para 2015, redução de 11 homicídios.

2016 1322 De 2015 para 2016, redução de 180 homicídios.

10 Dados da SEDS. Disponível em: < http://paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/> Acesso em:

17 janeiro 2017.

45

Nesta perspectiva, percebeu-se então, que a maior redução se deu do ano de

2015, já que foram registrados 1.502 CVLI, enquanto no ano subsequente (2016),

foram apontados 1.322. Ainda, destaca-se a reportagem publicada no dia 11 de

janeiro de 2017 no site da Polícia Militar da Paraíba, em que o secretário da Segurança

e da Defesa Social, Cláudio Lima, explica a redução dos CVLI em 2016 no que tange

a redução de mortes por assassinato durante cinco anos consecutivos, de modo a

tecer os seguintes comentários:

Conseguimos chegar ao quinto ano consecutivo com redução no número de homicídios, resultado que é fruto de uma política pública de segurança implantada no Estado. Vamos avançar ainda mais este ano no programa Paraíba Unida pela Paz. Se adotarmos o sistema de segurança como algo coletivo, os resultados serão positivos. Então agradeço o empenho de todos e vamos continuar avançando (Paraíba mantém redução de mortes por assassinato durante cinco anos consecutivos, 2017)11

Ressalte-se ainda que, através da Metodologia de contagem de CVLI

realizada pela SEDS (Secretaria da Segurança e da Defesa Social) também é possível

contabilizar as mortes decorrentes de confronto policial. Desse modo, conforme o

gráfico abaixo, do ano 2012 a 2015, conclui-se que 19 (dezenove) policiais foram

vítimas de CVLI no estado da Paraíba:

Figura 9: Policiais Vítima de CVLI na Paraíba Fonte: <PARAÍBA. Secretaria de Segurança e Defesa Social. Núcleo de Análise Criminal e Estatística. Anuário da Segurança Pública na Paraíba 2015. João Pessoa. 2016

11Polícia militar. Disponível em: <http://www.pm.pb.gov.br/noticia11673-paraiba_mantem_reducao_de_mortes_por_assassinato_durante_cinco_anos_consecutivos.html>. Acesso em 17 jan 2017.

46

Portanto, a partir dos gráficos analisados constatou-se que a partir da criação

e implementação do programa Paraíba Unida Pela Paz em 2011, este tem sido uma

ferramenta fundamental no controle dos índices criminais no estado, especialmente

quanto a redução dos CVLI, uma vez que a sua atuação preventiva e em conjunto

com os órgãos de segurança pública nas áreas Integradas de Segurança foram

primordiais para o desenvolvimento do mister policial.

47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É de fundamental importância percebermos o grau de destaque dado ao crime

de homicídio no cenário jurídico-social, em que pese sua relevância atrelada à própria

existência humana. Ora, a vida permite a existencialidade da sociedade como

conjunto, de modo que sua preservação deve estar aquilatada pelos mais variados

segmentos do Estado Democrático de Direito, sempre na luta pela sua valorização e

consequente proteção.

Deste modo, há que se refletir acerca do papel das instituições que têm como

função precípua, salvaguardar vidas e proteger direitos fundamentais individuais e

coletivos – todos Direitos Humanos – sempre em busca de um corpo coletivo

assentado nas disposições cidadãs em face dos que dela dependem para sua própria

existência.

Neste cenário, a Segurança Pública se apresenta como mais importante

ferramenta, cuja atribuições se delineiam no campo da manutenção da ordem pública.

Desta forma, seu mister é cumprido nos mais variados aspectos que envolvam o suso

mencionado delito (homicídio), seja essencialmente no momento do crime, quando da

efervescência do ilícito penal, bem como durante o processo investigativo, diante dos

fatos que se reportem essenciais para o desvelamento da conduta criminosa.

Neste contexto, apresentamos no decorrer do presente trabalho todas as

circunstâncias que remontam o crime de homicídio, desde seus aspectos jurídicos até

as ações de combate desenvolvidas em caráter estadual através da Secretaria de

Estado de Segurança e Defesa Social – SEDS do Estado da Paraíba, a partir da

criação do Programa Paraíba Unida pela Paz, de modo que a percepção sobre o

desenvolvimento do referido plano, trouxe à baila o destaque policial inserido em um

quadro de planejamento associado às políticas públicas para a referida pasta,

malgrado sua atuação preponderante para a existência da atual democracia.

No mais, consoante a referida trilha, se monta a necessidade de uma maior

atenção para a atividade policial frente a propagação da sensação da insegurança,

oportunidade em que a sociedade precisa entender a complexidade dos conflitos

estabelecidos nas sombras dos mais variados homicídios ocorridos na Paraíba, de

maneira a entender toda inocuidade do Estado perante às políticas públicas

essenciais à formação de cidadãos detentores de preceitos, e culturalmente postos

48

não apenas a exercerem cidadania, mas, sobretudo, a fomentá-la e defendê-la para

fins de uma sociedade mais justa e solidária, possuidora e, na sua substancialidade,

constituidora de um verdadeiro Estado Democrático de Direito.

49

REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Código penal comentado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

BRASIL. Constituição Federal. Disponível em:<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 17 jan 2017.

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________. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível em:

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________. Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997. Disponível em:

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________. Lei nº 13.142, de 6 de julho de 2015. Disponível em:

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CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte especial.14. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

FLUMIAN, Renan; GARCIA, Wander. Tudo em um para concurso de delegado.

São Paulo: Foco, 2015.

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte especial. São Paulo: Saraiva, 2011. GRECO, Rogério. Código penal comentado. 8. ed. rev. atual. até 1° de janeiro de 2014. Rio de Janeiro: Impetus, 2014.

50

HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código penal.. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979. Vol. V. JUSTIÇA, Superior Tribunal. Súmula nº 18. Disponível em: < http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp#TIT1TEMA0>. Acesso em 24 jan. 2017. LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado: parte especial. 3. ed. rev. atual. São Paulo: Método, 2011.vol.2. MILITAR. Polícia. Paraíba mantém redução de mortes por assassinato durante cinco anos consecutivos. Disponível em: <http://www.pm.pb.gov.br/noticia11673-paraiba_mantem_reducao_de_mortes_por_assassinato_durante_cinco_anos_consecutivos.html>. Acesso em: 23 jan. 2017. NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 14. ed. rev. atual. ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014. PARAÍBA, Governo da. Metodologia de contagem de Crimes Violentos Letais Intencionais – Secretaria da Segurança e da Defesa Social Disponível em: <http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2012/Metodologia_de_contagem_de_Crimes_Violentos_Letais_Intencionais.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017. ________. Paraíba Unida Pela Paz http://www.policiacivil.pb.gov.br/paraiba-unida-pela-paz/. Acesso em: 17 jan. 2017. ________. Paraíba Unida Pela Paz: Boletim Trimestral de Criminalidade: Ano de 2012. Disponível em: <http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2012/04.pdf >. Acesso em: 23 jan. 2017. ________. Paraíba Unida Pela Paz: Boletim Trimestral de Criminalidade: Ano de 2013. Disponível em: <http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2013/04.pdf >. Acesso em: 23 jan. 2017. ________. Paraíba Unida Pela Paz: Boletim Trimestral de Criminalidade: Ano de 2014. Disponível em: <http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2014/1-2-3-4-trimestre_Final.pdf >. Acesso em: 23 jan. 2017. ________. Paraíba Unida Pela Paz: Boletim Trimestral de Criminalidade: Ano de 2015. Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2016/01/Boletim_trimestral_CVLI_2015_4Tri_Final.pdf >. Acesso em: 23 jan. 2017. ________. Paraíba Unida Pela Paz: Boletim Trimestral de Criminalidade: Ano de 2016. Disponível em:

51

<http://www.paraiba.pb.gov.br/especiais/pbunidapelapaz/boletim/2016/Boletim_trimestral_CVLI_2016_4Tri_Final.pdf >. Acesso em: 23 jan. 2017. _________. Secretaria de Segurança e Defesa Social. Núcleo de Análise Criminal e Estatística. Anuário da Segurança Pública na Paraíba 2015. João Pessoa. 2016

PRADO, Luiz Regis Prado. Curso de Direito Penal Brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. Vol. 2. ROGÉRIO LAURIA TUCCI. Apud NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 4. ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

52

ANEXOS

53

ANEXOS A - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2012

54

55

56

57

58

59

ANEXOS B - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2013

60

61

62

63

64

65

ANEXOS C - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2014

66

67

68

69

ANEXOS D - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2015

70

71

72

73

ANEXOS E - BOLETIM TRIMESTRAL DE CRIMINALIDADE: NÚMERO DE VÍTIMAS DE CVLI NA PARAÍBA, ANO 2016

74

75

76