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90 NAUTICA . COM . BR N ÁUTICA 91 Por Norberto Marcher Mühle | Fotos Alberto de Abreu Sodré E mbora os sites de meteorologia previs- sem ventos entre 8 e 12 nós para a Baía de Santos, o que encontramos no dia do teste do catamarã de cruzeiro Leopard 48 foi bem diferente: 27 nós, com picos de 33 nas rajadas. Resultou que este não foi um teste comum, tanto pelas condições do tempo quanto pelo barco, recém-lançado pelo estaleiro sul-afri- cano Robertson & Caine, já com mais de mil cata- marãs construídos e reconhecido por fabricar bar- cos que velejam bem e que são resistentes para o uso pesado e frequente em charter, sem deixar de agradar os proprietários particulares. Este novo modelo veio substituir o popular Leopard 46, in- clusive nas flotilhas da Moorings e da Sunsail, duas das maiores empresas de charter do mundo, que usam exclusivamente os modelos da marca en- tre 39 e 58 pés no segmento de catamarãs a vela. Com layout geral muito semelhante e com muitas boas ideias copiadas do bem-sucedido Leopard 44, que inaugurou uma série de inovações nessa li- nha, o Leopard 48 é um catamarã apto a enfrentar mar grosso, como tivemos oportunidade de cons- tatar em nossa navegada. Com algumas melho- rias e alguns pés a mais, esse moderno catamarã, que pode levar até 1 000 litros de água e 700 de combustível, tem potencial para ser tão bem acei- to quanto seu irmão menor no mercado de velei- ros de cruzeiro — de charter ou não. T e s t e n o 9 7 8 O novo 48 pés da sul-africana Leopard faz a estreia oficial da marca no Brasil provando que não tem medo de mar 48 LEOPARD ATÉ PARA CHARTER O Leopard 48 é um catamarã de cruzeiro com qualidades que também o tornam muito indicado (e usado) como barco de charter T E S T E

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9 0 N A U T I C A . C O M . B R N Á U T I C A 9 1

Por Norberto Marcher Mühle | Fotos Alberto de Abreu Sodré

Embora os sites de meteorologia previs-sem ventos entre 8 e 12 nós para a Baía de Santos, o que encontramos no dia do teste do catamarã de cruzeiro Leopard 48 foi bem diferente: 27 nós, com picos de

33 nas rajadas. Resultou que este não foi um teste comum, tanto pelas condições do tempo quanto pelo barco, recém-lançado pelo estaleiro sul-afri-cano Robertson & Caine, já com mais de mil cata-marãs construídos e reconhecido por fabricar bar-cos que velejam bem e que são resistentes para o uso pesado e frequente em charter, sem deixar de agradar os proprietários particulares. Este novo modelo veio substituir o popular Leopard 46, in-clusive nas fl otilhas da Moorings e da Sunsail, duas das maiores empresas de charter do mundo, que usam exclusivamente os modelos da marca en-tre 39 e 58 pés no segmento de catamarãs a vela. Com layout geral muito semelhante e com muitas boas ideias copiadas do bem-sucedido Leopard 44, que inaugurou uma série de inovações nessa li-nha, o Leopard 48 é um catamarã apto a enfrentar mar grosso, como tivemos oportunidade de cons-tatar em nossa navegada. Com algumas melho-rias e alguns pés a mais, esse moderno catamarã, que pode levar até 1 000 litros de água e 700 de combustível, tem potencial para ser tão bem acei-to quanto seu irmão menor no mercado de velei-ros de cruzeiro — de charter ou não.

T

este

n o 9 78

O novo 48 pés da sul-africana Leopard faz a estreia ofi cial da marca no Brasil provando que não tem medo de mar

48LEOPARD

ATÉ PARA CHARTERO Leopard 48 é um catamarã de cruzeiro com qualidades que também o tornam muito indicado (e usado) como barco de charter

T E S T E

9 2 N A U T I C A . C O M . B R N Á U T I C A 9 3

A distribuição interna é padrão, mas com opções de três ou quatro suítes

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COMO ELE ÉNo Leopard 48, nota-se muito a elogiável

circulação e a presença de boas áreas so-ciais a bordo. Na popa e na proa, há dois ótimos cockpits. O menor, com acesso inter-no a vante da sala, tem mesinhas rebatíveis, capota rígida e dois degraus de acesso à proa. Os trilhos da genoa e os pontos de es-cota da vela mestra dividem a grande super-fície do teto da cabine, interrompida só pelo posto de comando, que é elevado e tem as-sento duplo e um pequeno teto rígido com fechamento lateral de lona. Ali, a visão é ex-celente para todos os lados e a manobra do barco por uma só pessoa é bem fácil.

Os instrumentos de navegação e os con-troles dos motores estão ao alcance da mão, da mesma forma que os cabos das velas.

Um dos poucos senões deste barco é a bús-sola, que fi ca à frente do timão e é de difícil leitura quando se está sentado.

Na popa, a sacada inteligente é o exce-lente aproveitamento dos espaços sob os assentos do sofá. O layout interno é padrão, com opções de quatro ou três camarotes, como no barco testado, que tem o casco de boreste todo ocupado por uma ótima suíte. No casco de bombordo, há outras duas suí-tes também muito boas.

Na versão com quatro camarotes, a distri-buição dos dois cascos é idêntica, com ge-nerosa distribuição de gaiutas e vigias e ex-cepcional espaço para guardar bagagens e equipamentos até sob o assoalho, que tem vários compartimentos.

VARANDA NA FRENTE O cockpit de proa (ao lado) tem acesso externo pelas laterais do convés e interno por uma porta de vidro blindado com fechamento hermético, na parte de vante da sala (acima)

VARANDA ATRÁSNo cockpit de popa, há uma mesa grande junto a um sofá em U, que

tem amplos paióis sob os assentos, com espaço para botes, material de salvatagem, cabos de alimentação e

banco de baterias de serviço

SUÍTE DO DONO

Na versão com três

suítes, o casco de boreste é dedicado

exclusivamente aos elogiáveis aposentos do

proprietário, com camarote, banheiro (com boxe fechado, assim como os demais) e uma

saleta

BOAS CAMAS Todos os camarotes são suítes, com camas bem adequadas para um casal e ótima iluminação natural por vigias e gaiutas. O de popa (à esquerda) é especialmente bom e o de vante (à direita) tem acesso para a cabine do marinheiro, por uma portinhola na antepara de proa

NAVEGAÇÃO E SEGURANÇAA mesa de navegação (à esquerda) é ampla e fi ca ao lado da porta de acesso ao cockpit de proa. Abaixo, a escada da cabine de bombordo. Debaixo dos degraus, em cada casco, há uma gaiuta de emergência, obrigatória para multicascos, segundo as normas europeias, pelas quais o Leopard 48 é certifi cado

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T E S T E

COMO NAVEGANo nosso teste, realizado com ventos de 27

nós, rajadas de 33 e ondas de mais de 2 m — condições quase extremas, se comparadas à navegação normal de cruzeiro —, o Leopard 48 provou que navega muito bem a vela ou a mo-tor, com leme fi rme e respostas precisas. Mes-mo com mar agitado, o barco não sofreu pan-cadas secas e navegou suavemente, resultado da boa altura do convés acima da linha d’água e do bom desenho dos cascos, mais estreitos abaixo dessa linha. Seus 4,45 de coefi ciente de potência (que em barcos de regata costuma ser maior que 5) também é excelente para um barco de cruzeiro e coerente com o desempe-nho no nosso teste.

Saímos com pouco pano, com a mestra no primeiro rize e a genoa enrolada a pouco me-nos da metade para encarar o vento forte e o mar mexido, já que nosso objetivo não era levar o barco ao limite nem correr riscos, mas, pouco após a boca da barra, o cabo do enrolador da genoa se soltou, forçando nosso retorno. Após o conserto, saímos apenas com a genoa, pois as rajadas chegavam a 33 nós. Mesmo assim, só com a genoa mais ou menos pela metade,

o catamarã cravou 6,7 nós em orça apertada de 47 graus em relação ao vento real e 7,3 nós em orça folgada de 70 graus, atingindo 8 nós com vento pelo través, 7 pela alheta e 6,5 pela popa. Estes números podem parecer modestos para um barco de 48 pés, mas não são sob os quase 30 nós de vento e com apenas meia genoa, ou seja, com menos de um quarto da área vélica nominal, como ocorreu no nosso teste. Pelo diagrama polar do Programa de Previsão de Velocidade (VPP) teórico do barco, o desem-penho do Leopard 48 com ventos fracos de 10 nós seria de 6,5 nós em orça apertada, 8 em orça folgada e través, 7 pela alheta e 5,6 pela popa. Já com ventos moderados de 16 nós, o barco navegaria a 8,7 nós na orça apertada, 10 na folgada, 10,5 no través, 9,5 na alheta e 7 na popa. A motor, com dois Yanmar de 54 hp cada (o padrão é dois de 39 hp cada), o barco desen-volveu velocidade de cruzeiro de 7 nós a 2 000 rpm e atingiu a máxima de 8,2 nós a 2 500 rpm. Em cruzeiro, seu consumo é de cerca de 7 l/h por motor, o que lhe dá autonomia de aproxi-madamente 315 milhas, equivalente à distância de ida e volta entre o Rio e Ilhabela.

L E O PA R D 4 8

O vento forte e as ondas de mais de 2 m nos obrigaram a reduzir as velas

SEM PANCADASApesar do mar pouco amigável, a boa altura do convés em relação à água evitou batidas secas sob o barco, que tem leme fi rme e preciso e navegou com suavidade

POSTO DE COMANDONo posto de comando, que é elevado e tem acessos pela lateral do convés e pelo cockpit, todos os controles do barco fi cam bem à mão do piloto

DESEMPENHO • ONDE: Baía de Santos

• CONDIÇÕES: Ventos entre 27 e 33 nós e mar agitado, com ondas de mais de 2 m

• A BORDO: 7 pessoas, 525 litros de combustível e 800 de água

• MASTREAÇÃO E VELAS: Mastro de alumínio, fracionado, com um par de cruzetas anguladas à ré, vela mestra full-batten e genoa 130%

• MOTORIZAÇÃO: 2 motores Yanmar 4JH5CE, de 54 hp cada, propulsão tipo rabeta modelo SD50, com hélice de nibral de 3 pás fi xas

COMO TESTAMOS

6,7 nósORÇA APERTADA

7,3 nósORÇA FOLGADA

8 nósTRAVÉS

6,5 nósPOPA RASA

(SEM BALÃO)

7 nósALHETA (SEM BALÃO)

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O Leopard 48 foi fabricado para aguentar o dia a dia

pesado dos charters e das grandes travessias oceânicas

PONTOS ALTOS Cockpit de proaBom posto de comando Espaços bem aproveitados

PONTOS BAIXOS Há poucos instrumentos na mesa de navegaçãoNão tem travellerDifícil leitura da bússola quando sentado

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•COMPRIMENTO: 14,75 m

•BOCA: 7,64 m

•CALADO: 1,47 m

• ÁREA VÉLICA (MESTRA E GENOA): 131 m²

•COMBUSTÍVEL: 700 litros

•ÁGUA: 1 000 litros

•DESLOCAMENTO: 17 000 kg

•ALTURA NO SALÃO: 2,05 m

• ALTURA NOS BANHEIROS: 1,95 m

• MOTORIZAÇÃO: 2 x 39 hp a 54 hp

• PROJETO: Simonis-Voogd, Holanda

NÚMEROS

De cerca de R$ 2,65 milhões* (com dois motores de 39hp e velas mestra e genoa)

a perto de R$ 3 milhões* (com gennaker, dois motores de 54 hp, hélices de pás dobráveis, tanques extras, gerador, ar-condicionado e demais itens opcionais)

QUANTO CUSTA

RESUMO

O estaleiro sul-africano Robertson & Caine, especializado em catamarãs a vela e a motor, fundado em 1991 e único fornecedor de catamarãs das duas maiores empresas de charter do mundo, a Moorings e a Sunsail. Além do Leopard 48, a empresa também produz os Leopard 39, 44 e 58, e os catamarãs a motor entre 39 e 51 pés. Seu representante no Brasil é a Set Sail: www.leopardcatamarans.com.br.

QUEM FAZ

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