em torno de uma educaÇÃo menor: variÁveis e...

12
36ª Reunião Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goiânia-GO EM TORNO DE UMA EDUCAÇÃO MENOR: VARIÁVEIS E VARIAÇÕES * Sílvio Gallo ** – UNICAMP Se compreendermos isso que se convencionou denominar “modernidade” como um amplo projeto social, político, antropológico e gnosiológico, é evidente que a educação (seja como teoria seja como conjunto de processos formativos) ocupou nele um papel de destaque. 1 Um dos aspectos centrais deste projeto foi a emancipação humana e, ao menos nos aspecto intelectual, a emancipação foi compreendida como resultante de um processo educativo. O lema de Rousseau, no seu Emílio, era o de que se as plantas são formadas pelo cultivo, os seres humanos são formados pela educação. 2 O processo educativo é visto, pois, como um cultivo dos seres humanos, preparando-os para emancipar-se do jugo da natureza e dos outros seres humanos. Em uma palavra, preparando-os para a liberdade. Nos passos de Rousseau, Kant vê o processo educativo como uma construção da maioridade, como a possibilidade de os seres humanos saírem de sua condição de menoridade. Este processo desenrola-se em múltiplas dimensões, como podemos ver no trecho abaixo: O sentido originário da skholé, como guardiã de um espaço sossegado dedicado à atividade do pensamento, vincula-se diretamente com aquela versão moderna do esclarecimento sintetizada pela ideia de Mündigkeit (maioridade). Kant a define como coragem de pensar por conta própria, justificando sua origem na capacidade e, ao mesmo tempo, na característica fundamental da ação humana de poder sempre iniciar por si mesma um novo estado, permitindo-lhe ir além do mecanismo casual, isto é, de não permanecer inteiramente determinada pelas exigências do meio natural e social. Kant considera essa capacidade como um fato humano-transcendental e coloca-a na base do uso público da razão e, por conseguinte, das dimensões ético-moral, política e pedagógica da ação humana. (DALBOSCO; FLICKINGER, 2005, p. 8). ** Professor Associado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas e pesquisador do CNPq. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Diferenças e Subjetividades em Educação – DiS. 1 O tema da modernidade como projeto pode ser encontrado em inúmeras fontes, dentre as quais encontramos aquelas que afirmam o “fim da modernidade” e o advento de uma “pós-modernidade”, bem como aquelas que afirmam que esse projeto está ainda em desenvolvimento e inacabado. Como não é esse o tema deste artigo, limito-me a citar duas referências com perspectivas distintas: a afirmação do projeto moderno em O discurso filosófico da modernidade, de Jürgen Habermas; e a afirmação de seu esgotamento, em O fim da modernidade, de Gianni Vattimo. 2 Nas primeiras páginas do Livro I do tratado rousseauniano, lemos: “Moldam-se as plantas pela cultura, e os homens pela educação. Se o homem nascesse grande e forte, a estatura e a força ser-lhe-iam inúteis até que tivesse aprendido a servir-se delas; ser-lhe-iam prejudiciais, pois impediriam que os outros pensassem em socorrê-lo e, entregue a si mesmo, morreria de miséria antes de ter conhecido suas necessidades. Queixamo-nos da condição infantil e não vemos que a raça humana teria perecido se o homem não tivesse começado por ser criança. Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos carentes de tudo, precisamos de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer e de que precisamos quando grandes nos é dado pela educação”. (ROUSSEAU, 1995, p. 8). Pelo trecho citado, percebe-se que, para Rousseau, é o processo educativo que nos conduz da menoridade (a condição de infância) à maioridade, provendo-nos de tudo aquilo que não possuímos ao nascer: força física (educação do corpo); juízo (educação do intelecto); bem como da assistência necessária à sobrevivência.

Upload: trinhhanh

Post on 06-Sep-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    EM TORNO DE UMA EDUCAO MENOR: VARIVEIS E VARIAES* Slvio Gallo** UNICAMP

    Se compreendermos isso que se convencionou denominar modernidade como um

    amplo projeto social, poltico, antropolgico e gnosiolgico, evidente que a educao (seja

    como teoria seja como conjunto de processos formativos) ocupou nele um papel de destaque.1

    Um dos aspectos centrais deste projeto foi a emancipao humana e, ao menos nos aspecto

    intelectual, a emancipao foi compreendida como resultante de um processo educativo. O

    lema de Rousseau, no seu Emlio, era o de que se as plantas so formadas pelo cultivo, os seres

    humanos so formados pela educao.2 O processo educativo visto, pois, como um cultivo

    dos seres humanos, preparando-os para emancipar-se do jugo da natureza e dos outros seres

    humanos. Em uma palavra, preparando-os para a liberdade.

    Nos passos de Rousseau, Kant v o processo educativo como uma construo da

    maioridade, como a possibilidade de os seres humanos sarem de sua condio de

    menoridade. Este processo desenrola-se em mltiplas dimenses, como podemos ver no

    trecho abaixo:

    O sentido originrio da skhol, como guardi de um espao sossegado dedicado

    atividade do pensamento, vincula-se diretamente com aquela verso moderna do

    esclarecimento sintetizada pela ideia de Mndigkeit (maioridade). Kant a define como

    coragem de pensar por conta prpria, justificando sua origem na capacidade e, ao

    mesmo tempo, na caracterstica fundamental da ao humana de poder sempre iniciar

    por si mesma um novo estado, permitindo-lhe ir alm do mecanismo casual, isto , de

    no permanecer inteiramente determinada pelas exigncias do meio natural e social.

    Kant considera essa capacidade como um fato humano-transcendental e coloca-a na

    base do uso pblico da razo e, por conseguinte, das dimenses tico-moral, poltica e

    pedaggica da ao humana. (DALBOSCO; FLICKINGER, 2005, p. 8).

    **

    Professor Associado da Faculdade de Educao da Universidade Estadual de Campinas e pesquisador do CNPq. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Diferenas e Subjetividades em Educao DiS. 1 O tema da modernidade como projeto pode ser encontrado em inmeras fontes, dentre as quais

    encontramos aquelas que afirmam o fim da modernidade e o advento de uma ps-modernidade, bem como aquelas que afirmam que esse projeto est ainda em desenvolvimento e inacabado. Como no esse o tema deste artigo, limito-me a citar duas referncias com perspectivas distintas: a afirmao do projeto moderno em O discurso filosfico da modernidade, de Jrgen Habermas; e a afirmao de seu esgotamento, em O fim da modernidade, de Gianni Vattimo. 2 Nas primeiras pginas do Livro I do tratado rousseauniano, lemos:

    Moldam-se as plantas pela cultura, e os homens pela educao. Se o homem nascesse grande e forte, a estatura e a fora ser-lhe-iam inteis at que tivesse aprendido a servir-se delas; ser-lhe-iam prejudiciais, pois impediriam que os outros pensassem em socorr-lo e, entregue a si mesmo, morreria de misria antes de ter conhecido suas necessidades. Queixamo-nos da condio infantil e no vemos que a raa humana teria perecido se o homem no tivesse comeado por ser criana. Nascemos fracos, precisamos de fora; nascemos carentes de tudo, precisamos de assistncia; nascemos estpidos, precisamos de juzo. Tudo o que no temos ao nascer e de que precisamos quando grandes nos dado pela educao. (ROUSSEAU, 1995, p. 8). Pelo trecho citado, percebe-se que, para Rousseau, o processo educativo que nos conduz da menoridade (a condio de infncia) maioridade, provendo-nos de tudo aquilo que no possumos ao nascer: fora fsica (educao do corpo); juzo (educao do intelecto); bem como da assistncia necessria sobrevivncia.

  • 2

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    Para Kant, samos da menoridade atravs do uso prprio da razo e do entendimento.

    essa capacidade de usar autonomamente a faculdade do raciocnio, sem ser tutelado por

    outrem, que funda a liberdade. De modo que a maioridade , a um s tempo, uma condio

    intelectual, epistemolgica, e tica. Somos capazes de conduzir nossas vidas quando somos

    capazes de pensar por ns mesmos. Ao processo de sada da menoridade Kant denomina

    Esclarecimento.

    O Esclarecimento a sada do homem da condio de menoridade auto-imposta.

    Menoridade a incapacidade de servir-se de seu entendimento sem a orientao de

    um outro. Esta menoridade auto-imposta quando a causa da mesma reside na

    carncia no de entendimento, mas de deciso e coragem de fazer uso de seu prprio

    entendimento sem a orientao alheia. Sapere aude! Tenha coragem em servir-te de

    teu prprio entendimento! Este o mote do Esclarecimento. (KANT, 2007, p. 95).

    Se vivemos uma menoridade auto-imposta, pela covardia e comodidade em seguir

    algum, o Esclarecimento um ato de coragem, o assumir o risco de viver por si mesmo.

    Quando buscamos mais informaes nas lies sobre pedagogia ministradas por Kant na

    Universidade de Knigsberg na mesma poca (1784) deste artigo para o peridico Berlinische

    Monatsschrift, vemos que a disciplina desempenha no processo educativo um papel

    fundamental.

    Para o filsofo prussiano, o ser humano a nica criatura que precisa ser educada,

    como pensava Rousseau, uma vez que ele precisa de cuidados para que possa crescer, tornar-

    se maduro e esclarecido isso , autnomo, capaz de decidir e de agir por si mesmo. Sem

    passar pelo processo educativo, a criatura no se humaniza, permanece na animalidade. Por

    isso Kant afirma que a disciplina humanizadora, na medida em que ela transforma a

    animalidade em humanidade (Kant, 1996, p. 11).

    A disciplina o que impede o homem de desviar-se do seu destino, de desviar-se da

    humanidade, atravs das suas inclinaes animais. Ela deve, por exemplo, cont-lo, de

    modo que no se lance ao perigo como um animal feroz, ou como um estpido. Mas, a

    disciplina puramente negativa, porque o tratamento atravs do qual se tira do

    homem sua selvageria; a instruo, pelo contrrio, a parte positiva da educao.

    (KANT, 1996, p. 12).

    Vemos assim que Kant apresenta a disciplina como negativa, uma vez que ela nega a

    selvageria que existe em ns. ela quem nos submete s leis da humanidade e com isso

    humaniza os seres humanos. Apenas quando a disciplina fez seu trabalho que a instruo

    pode tomar lugar, realizando aquilo que o filsofo considera a parte positiva do processo

    educativo. So quatro as etapas do processo educativo: a disciplinarizao do indivduo; a

    instruo, que o coloca no mundo da cultura; o fazer com que ele se torne prudente,

    reconhecendo seu lugar social; a moralizao, de modo que ele seja capaz de escolher bons

    fins (cf. Kant, 1996, p. 26-27). passando por esse processo que um ser humano se torna

    esclarecido e emancipado; em outras palavras, adquire maioridade.

    Podemos ver a escola moderna como a instituio que procurou realizar e vem

    realizando esse projeto de disciplinamento para produzir a maioridade. Porm, podemos

    enxergar o outro lado da disciplina nas anlises realizadas por Foucault na terceira parte de

  • 3

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    Vigiar e Punir, em que ele mostra a disciplina como um poder de conformao dos sujeitos,

    produzindo corpos dceis, indivduos produtivos e teis. Vemos a a disciplina como uma

    tecnologia de poder que produz um determinado tipo de indivduos, conformando-os a um

    modelo de sociedade. Nesse registro, poderamos interrogar: que maioridade essa, se trata-

    se de uma conformao a certos padres sociais? Onde est a autonomia afirmada por Kant?

    A crtica pode ser agudizada com Rancire, que mostra a sociedade moderna como

    uma sociedade pedagogizada, centrada na lgica do ensino como explicao, que torna o

    aprendiz sempre dependente de um mestre. Ora, se a educao planejada como um

    processo emancipador, que leva o indivduo da menoridade maioridade, como pode ser ela

    uma camisa de fora que faz com que todos e cada um sejam sempre dependentes de um

    mestre que explica? Rancire denomina esse processo como embrutecimento, o exato

    oposto da emancipao.

    Assim, se o projeto moderno , ao menos em um dos seus aspectos, o projeto da

    emancipao humana pela educao, parece que testemunhamos seu fracasso. Ou, vendo por

    outro lado, testemunhamos seu sucesso: a construo de uma sociedade pedagogizada, que

    produziu um emaranhado de relaes de poder atravs do qual o preo da emancipao o

    embrutecimento. Embrutecidos pela assimetria da relao pedaggica explicadora, cremos

    que apenas atravs dela podemos nos emancipar. Apenas na tutela da explicao podemos

    construir as possibilidades de nos tornarmos maiores.

    Isso nos leva a questionar: e se pensarmos a educao em outro registro? E se no

    buscarmos a maioridade? Seria possvel traar linhas de fuga a esse processo educativo

    moderno, pensado em modo maior? Qual a potncia de se pensar o menor na educao, ou,

    em outras palavras, de se pensar a educao como arte menor?

    Menor: uma explorao conceitual

    O conceito menor uma criao coletiva da filosofia de Gilles Deleuze e Flix Guattari.

    uma espcie de conceito-adjetivo, na medida em que ele aparece, quase na totalidade das

    vezes, qualificando um campo de produo. Sua primeira apario foi na obra que os filsofos

    escreveram sobre Kafka, publicada em 1975. E a apario foi j em grande estilo, no ttulo do

    livro: Kafka por uma literatura menor.

    Ao caracterizar a obra de Franz Kafka como uma literatura menor, Deleuze e Guattari

    produzem um jogo conceitual complexo entre uma literatura maior e uma literatura

    menor. No se trata de uma simples oposio, embora seja, em algum sentido uma oposio.

    mais uma demarcao de diferena. Uma literatura menor diferente de uma literatura

    maior. Essa toma a lngua como um cnone e a explora segundo suas possibilidades

    estabelecidas; aquela faz rachar a lngua, introduz diferenas, linhas de fuga, faz gaguejar

    (Deleuze, 1997) as palavras. Kafka fez gaguejar o alemo cannico ao introduzir nele as

    palavras e expresses usadas nas ruas do gueto judeu de Praga. No criou uma nova lngua,

    mas introduziu diferenas e linhas de fuga em uma lngua estabelecida, criando, com isso, uma

    nova forma de escrever. Mas uma nova forma que no tinha qualquer vocao para tornar-se

  • 4

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    dominante, maior, estabelecida e cannica; ao contrrio, uma literatura destinada a

    permanecer menor em sua criao, sem ser erigida em novo modelo.

    A est, provavelmente, a principal caracterstica do menor: ele no modelo e no

    pode tornar-se modelo, pois quando isso acontece se acontece ele torna-se maior,

    estabelecido, institudo.

    No objetivo deste artigo passar em revista o conceito de literatura menor;3 destaco

    apenas que os autores afirmam que so trs as suas caractersticas principais: uma

    desterritorializao da lngua; uma ramificao poltica; e o recurso a um agenciamento

    coletivo de enunciao. A enunciao em uma literatura como a de Kafka no produo de

    um indivduo, de um sujeito autocentrado, como pensado na modernidade; ela , de outro

    lado, uma produo coletiva, um amlgama de anseios, pensamentos, produes coletivas que

    se singularizam na produo do escritor. uma forma coletiva de agenciar a enunciao destas

    percepes e afeces. E, por essa razo, a literatura menor possui uma ramificao poltica,

    na medida em que ela a tomada pblica de palavra por um grupo social que at ento no

    fazia uso dela. No caso de Kafka, sua literatura, como agenciamento coletivo de enunciao,

    a voz dos judeus do gueto de Praga, que promovem uma desterritorializao da lngua alem

    que eles falam, poluda pelo idiche, pelas expresses das ruas, criando linhas de fuga e

    tomando publicamente a palavra, fazendo ouvir uma voz que at ento no se ouvia.

    Esta a razo pela qual uma literatura menor permanece sempre singular, sem se

    tornar modelo para outras produes. Ela a criao de uma diferena, uma singularizao da

    lngua na produo de um texto literrio. Fazer como Kafka no e no pode ser escrever

    como Kafka; fazer literatura ao modo de Kafka isso , uma literatura menor criar uma

    nova singularidade, outros agenciamentos coletivos de enunciao, que sero

    necessariamente diferentes.

    O conceito-adjetivo menor foi retomado por Deleuze e Guattari em sua obra seguinte,

    Mil Plats. Em dois textos que compem o livro ele aparece de modo destacado: em 20 de

    novembro de 1923 Postulados da Lingustica encontramos o conceito de lngua menor; em

    1227 Tratado de Nomadologia: A Mquina de Guerra encontramos cincia menor (ou

    cincia nmade) e filosofia menor (ou filosofia nmade). Em outros textos do livro o

    conceito reaparece, mas sem o destaque que possui nesses dois.

    No primeiro texto, os autores procuram desconstruir quatro postulados da lingustica,

    mostrando que eles dizem respeito a uma lngua maior, tomada como nica e universal, mas

    que no fazem sentido quando atentamos para a multiplicidade da lngua, para seus usos

    menores. O primeiro postulado que a linguagem seria informativa e comunicativa

    (Deleuze; Guattari, 1995, p. 11-26). Ao contrrio, eles afirmam que a linguagem poltica: ele

    serva para mandar e obedecer, ela se organiza atravs de palavras de ordem, que implicam em

    relaes de mando e obedincia. No por acaso, eles abrem o texto com um exemplo que tem

    um sentido todo especial para ns: o da professora primria quando ensina seus alunos.

    Vejamos:

    3 O leitor interessado na literatura menor pode recorrer ao prprio livro de Deleuze e Guattari. Caso

    deseje uma rpida introduo, sugiro GALLO, 2008, p. 59 e ss.

  • 5

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    A professora no se questiona quando interroga um aluno, assim como no se

    questiona quando ensina uma regra de gramtica ou de clculo. Ela ensigna, d

    ordens, comanda. Os mandamentos do professor no so exteriores nem se

    acrescentam ao que ele nos ensina. No provm de significaes primeiras, no so a

    consequncia de informaes: a ordem se apoia sempre, e desde o incio, em ordens,

    por isso redundncia. A mquina do ensino obrigatrio no comunica informaes,

    mas impe criana coordenadas semiticas com todas as bases duais da gramtica

    (masculino-feminino, singular-plural, substantivo-verbo, sujeito do enunciado-sujeito

    de enunciao etc). Mais do que o senso comum, faculdade que centralizaria as

    informaes, preciso definir uma faculdade abominvel que consiste em emitir,

    receber e transmitir palavras de ordem. A linguagem no mesmo feita para que se

    acredite nela, mas para obedecer e fazer obedecer. (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 11-

    12)

    A escola, como mquina de ensino oficial, coloca a criana no contexto de coordenadas

    semiticas pr-estabelecidas, nas quais ela treinada seja para mandar, seja para obedecer.

    A aquisio da lngua um ato poltico, que insere as crianas no universo da ao poltica.

    Aprender a dominar a linguagem aprender a emitir palavras de ordem e a seguir palavras de

    ordem. Para alm da informao e da comunicao, a lngua maior possibilita o mando e a

    obedincia.

    O segundo postulado apresentado no texto afirma que haveria uma maquina abstrata

    da lngua, que no recorreria a qualquer fator extrnseco (Deleuze; Guattari, 1995, p. 26-34).

    O desmonte deste postulado realizado atravs de um recurso filosofia estoica antiga e sua

    teoria do acontecimento.4 A linguagem apresentada como acontecimento, na medida em

    que ela exprime transformaes incorpreas resultantes de misturas de corpos. Isso implica no

    fato de que a linguagem no representacional, ela no representa as coisas, mas as exprime

    diretamente, como podemos perceber no seguinte trecho:

    Um agenciamento de enunciao no fala das coisas, mas fala diretamente os

    estados de coisas ou estados de contedo, de tal modo que um mesmo x, uma mesma

    partcula, funcionar como corpo que age e sofre, ou mesmo como signo que faz ato,

    que faz palavra de ordem, segundo a forma na qual se encontra (como conjunto

    terico-experimental da fsica) [...] No cessamos de passar das palavras de ordem

    ordem muda das coisas, como diz Foucault, e vice-versa. (DELEUZE; GUATTARI, 1995,

    p. 28).

    Haveria constantes universais da lngua que permitiriam defini-la como um sistema

    homogneo o terceiro postulado desmontado por Deleuze e Guattari. S vemos

    homogeneidade na lngua quando a tomamos como um sistema nico, quanto a observamos

    como lngua maior. Mas, argumentam os filsofos que uma lngua sempre multiplicidade,

    4 importante assinalar que Deleuze j havia avanado nesse estudo quando escreveu, no final da

    dcada de 1960, o livro Lgica do Sentido.

  • 6

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    so feitos inmeros usos dela, para alm das palavras de ordem, que implicam em uma

    heterogeneidade ilimitada. A ttulo de exemplo, poderamos lembrar a homenagem que

    Caetano Veloso fez lngua portuguesa na cano lngua... Para tomar apenas os versos finais

    da cano, marcada pela heterogeneidade do portugus, por seus muitos usos, pelas suas

    possibilidades infinitas: Ns canto-falamos como quem inveja negros / Que sofrem horrores

    no Gueto do Harlem / Livros, discos, vdeos mancheia / E deixa que digam, que pensem, que

    falem, na expresso de seu refro: O que quer / O que pode esta lngua?. As lnguas so

    atravessadas rizomaticamente por variveis e variaes, produzindo o que eles denominam

    cromatismo generalizado da lngua (como vemos na cano de Caetano), o que impede que

    haja homogeneidade.

    Por fim, o quarto postulado afirma que s se poderia estudar cientificamente a lngua

    sob as condies de uma lngua maior ou padro. Segundo Deleuze e Guattari, isto falso, na

    medida em que toda lngua enseja lnguas menores. A unidade da lngua poltica; uma

    forma de dominao. Mas, se o uso maior da lngua, a afirmao de sua unidade, um ato de

    poder, fazer proliferar as minoridades lingusticas (que Deleuze e Guattari chamam de

    idioletos) tambm o ... Ficamos num jogo de poder constante, com afirmaes e resistncias,

    refluxos e contra-fluxos, que s faz proliferar os usos da lngua. Assim, os autores enfatizam

    que no se trata de dois tipos de lnguas, as maiores e as menores, mas sim de dois

    tratamentos possveis, de dois usos ou de duas funes para uma mesma lngua. Uso maior e

    uso menor da lngua ope-se e, s vezes, entram em conflito, no jogo poltico; mas no so

    excludentes. Uma lngua s pode ser maior quando se cristaliza em regras e gramaticalidades,

    mas o faz justamente para regular e tentar impedir seus usos menores. Por outro lado, um

    devir-menor da lngua s possvel frente ao exerccio de sua maioridade: elas no so

    mutuamente excludentes.

    Se essa explorao do menor em referncia lngua nos ajuda a ganhar em

    profundidade e extenso no trato do conceito, h ainda uma explorao importante em Mil

    Plats. No Tratado de Nomadologia, texto no qual Deleuze e Guattari pensam a ao poltica

    na disjuno aparelho de Estado mquina de guerra, sedentarismo nomadismo, vemos a

    explorao em torno de uma cincia menor, tambm denominada cincia nmade.

    Seguindo uma trilha aberta pelo filsofo Michel Serres, Deleuze e Guattari afirmam

    quatro caractersticas de uma cincia nmade (as trs primeiras foram exploradas por Serres;

    a ltima os autores afirmam que se encadeia s anteriores). Em primeiro lugar, essa cincia

    baseia-se na teoria dos fluxos e no na teoria dos slidos, como a cincia maior (tambm

  • 7

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    denominada ali como cincia rgia), constituindo-se numa perspectiva hidrulica. A

    segunda caracterstica consiste na afirmao da heterogeneidade e do devir. Como terceira

    caracterstica, encontramos a afirmao de uma perspectiva turbilhonar. Por fim, destaca-se

    que uma perspectiva problemtica, centrada na afeco, que desviante, em lugar de uma

    perspectiva teoremtica da cincia maior, que definidora e elimina o desvio (Deleuze;

    Guattari, 1997, p. 24-36).

    Uma vez mais, no se trata aqui de aprofundar a noo de uma cincia menor, mas sim

    de destacar os elementos que nos permitam melhor circunscrever o conceito-adjetivo menor.

    Nesse sentido, o seguinte trecho importante:

    Seria preciso opor dois tipos de cincias, ou de procedimentos cientficos: um que

    consiste em reproduzir, o outro que consiste em seguir. Um seria de reproduo,

    de iterao e reiterao; o outro, de itinerao, seria o conjunto das cincias

    itinerantes, ambulantes. Reduz-se com demasiada facilidade a itinerao a uma

    condio da tcnica, ou da aplicao e da verificao da cincia. Mas isto no assim:

    seguir no o mesmo que reproduzir, e nunca se segue a fim de reproduzir. O ideal de

    reproduo, deduo ou induo faz parte da cincia rgia em todas as pocas, em

    todos os lugares, e trata as diferenas de tempo e lugar como outras tantas variveis

    das quais a lei extrai precisamente a forma constante [...] Reproduzir implica a

    permanncia de um ponto de vista fixo, exterior ao reproduzido: ver fluir, estando na

    margem. Mas seguir coisa diferente do ideal de reproduo. No melhor, porm

    outra coisa. Somos de fato forados a seguir quando estamos procura das

    singularidades de uma matria ou, de preferncia, de um material, e no tentando

    descobrir uma forma; quando escapamos fora gravitacional para entrar num campo

    de celeridade; quando paramos de contemplar o escoamento de um fluxo laminar com

    direo determinada, e somos arrastados por um fluxo turbilhonar; quando nos

    engajamos na variao contnua das variveis, em vez de extrair delas constantes, etc.

    (Deleuze; Guattari, 1997, p. 39-40).

    A cincia maior, que se constri e se institui como modelo, opera sempre por

    reproduo. Um conhecimento cientfico vlido quando pode ser testado e reproduzido; a

    reproduo a palavra-chave da verdade cientfica tomada em modo maior. Mas uma cincia

    menor no consiste em reproduzir e fazer reproduzir, mas em seguir, como assinalam Deleuze

    e Guattari. Percebam que eles se esforam conceitualmente para mostrar que seguir no

    reproduzir. Um modelo est para ser reproduzido; mas s um fluxo pode ser seguido. E seguir

    um fluxo no significa reproduzi-lo, no significa fazer da mesma forma, mas encontrar

    possibilidades novas e singulares. A marca de uma cincia menor justamente a de no se

    constituir como modelo, de no seguir cnones, padres e protocolos pr-definidos, mas de

    inventar suas formas de ao na medida mesma em que age e produz seus saberes singulares.

    Ela est mais para inventar problemas do que para produzir solues, atitude mais afeita a uma

    cincia maior.

  • 8

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    Aps essa explorao conceitual em torno do menor, podemos passar a experimentar

    conceitualmente em torno de uma educao menor.

    Variaes em torno de uma educao menor

    I. Educao menor como outra escola

    Se a educao moderna construiu um modelo de escola, ou dizendo de outra maneira,

    construiu-se segundo um modelo escolar (o modelo disciplinar examinado por Foucault em

    Vigiar e Punir) poderamos encontrar variveis de uma educao menor em outras formas de

    se pensar e se fazer a instituio escolar que traaram linhas de fuga em relao a este modelo

    dominante.

    Seguir esse fluxo na histria da educao moderna no tarefa fcil, uma vez que

    muitos projetos alternativos foram produzidos na inteno de se tornarem novos modelos,

    outra forma dominante, em substituio quela instituda. Mas penso que podemos ver em

    algumas experincias pedaggicas anarquistas essa construo de uma outra escola, sem a

    perspectiva de se constituir em modelo, em forma dominante. Neste caso, duas experincias

    so fundamentais, na medida em que procuraram construir o que poderamos denominar uma

    comunidade-escola: o Orfanato Prvost em Cempuis, durante os quatorze anos em que foi

    dirigido por Paul Robin (1880-1894); e La Ruche, comunidade-escola criada e mantida por

    Sbastien Faure em Ramboillet entre 1904 e 1917.5

    II. Educao menor: o fora dentro da escola

    Outra variao possvel aquela que explorei em textos anteriores sobre o tema: a

    educao menor compreendida como o trabalho cotidiano do professor, na solido povoada

    de sua sala de aula, numa produo coletiva com seus alunos, alm e aqum de toda poltica

    educacional, de todo projeto poltico-pedaggico, de qualquer plano ou modelo de ao. A

    educao menor pensada como inveno cotidiana do fazer pedaggico.

    Neste registro, uma educao maior pode ser pensada como aquela que se produz

    como modelo de ao, segundo os parmetros do projeto moderno de educao como

    emancipao humana. Temos a toda uma produo de polticas pblicas de educao,

    5 A respeito dessas experincias, ver GALLO, 1995; 2007.

  • 9

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    operando no contexto daquilo que Foucault denominou uma biopoltica, uma poltica de

    controle populacional. Essas polticas realizam-se e ramificam-se em vrias instncias: em

    termos nacionais, no nvel de um Ministrio da Educao ou congnere; em termos estaduais

    e municipais, com suas Secretarias de Educao, que ramificam as polticas nacionais; mas

    tambm em termos de cada unidade escolar, na construo e gesto de seu projeto poltico-

    pedaggico. Todos estes documentos de poltica educacional so construdos segundo a forma

    das palavras de ordem, implicando em relaes de mando e obedincia.

    Mas o trabalho que cada professor realiza em seu dia a dia de outra ordem; trata-se

    ali de fazer funcionar alguma coisa, de colocar em prtica certas possibilidades de ao, certos

    jogos que convidem ao aprender. Quando o professor est mais preocupado com o aprender

    de seus alunos, algo sobre o que ele sabe que no tem qualquer controle, outras

    experimentaes entram em marcha, para alm de qualquer modelo. Professores inventam

    coletivamente com seus alunos formas de ensinar, possibilidades de aprender. Formas que

    podem ser seguidas, mas no podem ser reproduzidas. Uma educao menor que, ainda que

    seja produzida e praticada no interior da instituio escolar, e a afirmao de um fora da

    escola, na medida em que no reproduz seus padres.

    III. Educao menor para alm da escola

    Uma terceira variao, talvez a mais radical de todas, aquela que recusa a forma

    escola, por compreender que ela, como modelo de dominao, no permite a proliferao de

    variedades. Nesta perspectiva, denuncia-se a completa falncia da instituio escolar moderna

    e a absoluta impossibilidade de promover sua reforma, de estabelec-la em outras bases. No

    uma perspectiva assim to nova; h mais de quarenta anos Ivan Illich convocava para uma

    desescolarizao da sociedade, denunciando o fracasso da forma escola. verdade que Illich

    parece ter desejado construir um novo modelo de educao, no escolar, mas convivencial,

    atravs da construo do que ele denominou de redes de aprendizagem que substituiriam as

    instituies escolares, mas sua crtica no deixa de abrir espao para experimentaes de

    educaes menores, no modelares, que impliquem a construo de possibilidades no

    institucionalizadas.

    Educao menor: resistncias e heterotopias no cotidiano escolar

  • 10

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    Na contramo do movimento da educao e da escola modernas, podemos utilizar o

    conceito foucaultiano de heterotopia (Foucault, 2001; 2009) para pensar o cotidiano escolar

    como um outro espao, um outro lugar, em que outras relaes sejam possveis, em que a

    criao seja possvel. No local de permanncia, mas lugar de passagem, entre-lugar. Tomar o

    cotidiano escolar como heterotopia, como um outro lugar distinto dos espaos sociais, mas

    tambm como um outro lugar em relao escola instituda, estabelecendo relaes outras,

    instituintes. Em outras palavras, tomar o cotidiano escolar como o entre-lugar da educao

    maior, aparelho de Estado estratificante e segmentarizador e da educao menor, mquina de

    guerra nmade, alisadora e produtora de linhas de fuga.

    Como Foucault afirmou que as heterotopias so multiplicidades, na medida em que

    justapem, num nico lugar, vrios espaos distintos, que so incompatveis entre si, podemos

    pensar na possibilidade de criao de heterotopias no tpico. Isto , a criao de espaos

    outros de relaes instituintes e criativas, no espao institudo (tpico). Ou, para dizer com

    Deleuze e Guattari, promover experincias de desterritorializao no territrio institudo,

    inventando linhas de fuga.

    Se o topos da escola moderna aquele do poder assimtrico, da normalizao dos

    corpos pela disciplina e da planificao social pela biopoltica, ousar a justaposio de espaos

    outros, de um poder simtrico exercido como jogo, de relaes experimentais e libertrias, em

    que ensinar e aprender sejam aventuras do pensamento. Justapor e transversalizar um espao

    em que a relao pedaggica seja inventada na simetria, por mais que as posies de mestre e

    aprendiz sejam assimtricas.

    So essas heterotopias no tpico que podemos chamar de uma educao menor,

    nmade. Uma educao menor trincheira (ou, para dizer como Deleuze e Guattari, toca,

    resultado de um devir-animal), espao de resistncia, no um programa. Colocar-se deriva,

    como barcos em guas desconhecidas. E, na repetio destas experincias, criar o diferente.

    Contra um modelo moderno de escola, esgotado, mas insistentemente reformado, renovado

    por novas planificaes, em que as relaes h muito deixaram de ser polticas para tornarem-

    se policiais; em que os muitos olhos da disciplina e os muitos olhos mecnicos do controle

    impedem a aventura e a errncia, justapor, no mesmo espao, a experincia, a aventura, a

    poltica como a emergncia do inusitado nas relaes.

    O cotidiano escolar a dobra da escola, seu dentro (educao maior, aparelho de

    Estado, utopia) e seu fora (educao menor, mquina de guerra, heterotopia). O cotidiano faz

    gaguejar a lngua escolar, fazendo operar inventividades criativas naquilo que, em princpio e

  • 11

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    por princpio, no passa de palavra de ordem, palavra da ordem. Reencontramos, aqui, o devir

    minoritrio da autonomia: o cotidiano escolar espao de construo de autonomia de

    professores e estudantes. Podemos ficar presos aos estriamentos da educao modelar e

    serial produzida como aparelho de Estado; mas tambm podemos opor resistncia a este

    processo, inventando heterotopias no cotidiano escolar, espaos libertrios e autnomos nas

    dobras do espao estratificado.

    Sendo um devir minoritrio, conforme frisamos antes, com Deleuze e Guattari, a

    construo da autonomia como projeto educativo no tem como no ser utopia, como foi o

    projeto moderno. Mas utopia tomada aqui em seu sentido negativo, como espao inexistente,

    projeto irrealizvel. Querer produzir a autonomia como megaempreendimento, como

    planificao, como educao maior, investir na heteronomia, na proliferao de palavras de

    ordem. A produo da autonomia, como devir, como projeto minoritrio, coletivo, mas

    produzido por cada um e por baixo, est mais para a heterotopia, isto , para a inveno de

    espaos outros no contexto dos espaos institudos, em que as relaes libertrias e

    autnomas sejam inventadas e institudas, em contraposio s palavras de ordem. O

    cotidiano escolar, como espao-tempo de uma educao menor, regio de fronteira e de

    proliferao das diferenas, o espao possvel da criao da autonomia como linhas de fuga.

    No um programa, um modelo, mas inveno constante de possibilidades que se multiplicam.

    Referncias bibliogrficas

    DALBOSCO, C. A.; FLICKINGER, H.-G. (org.). Educao e Maioridade dimenses da racionalidade pedaggica. So Paulo/ Passo Fundo: Cortez/ Ed. UPF, 2005.

    DELEUZE, G. Lgica do Sentido. 4 ed. So Paulo: Perspectiva, 1998.

    DELEUZE, G. Gaguejou... In: Crtica e Clnica. So Paulo: Ed. 34, 1997, p. 122-129.

    DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Kafka - por uma literatura menor. Rio de Janeiro: Imago, 1977.

    DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mille Plateaux. Paris: Les ditions de Minuit, 1980.

    DELEUZE, G.; GUATTARI, F. 20 de novembro de 1923 Postulados da Lingustica. In Mil Plats,

    vol. 2. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.

    DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Tratado de Nomadologia. In Mil Plats, vol. 5. Rio de Janeiro: Ed.

    34, 1997.

    FOUCAULT, M. Vigiar e Punir - histria da violncia nas prises. 8 ed. Petrpolis: Vozes, 1991.

    FOUCAULT, M. Outros espaos. In Ditos e Escritos III Esttica: literatura e pintura, msica e

    cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2001.

    FOUCAULT, M. Le corps utopique, les htrotopies. Paris: Lignes, 2009.

  • 12

    36 Reunio Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goinia-GO

    GALLO, S. Pedagogia do Risco experincias anarquistas em educao. Campinas: Papirus,

    1995.

    GALLO, S. Pedagogia Libertria anarquistas, anarquismos e educao. So Paulo/Manaus:

    Imaginrio/EDUA, 2007.

    GALLO, S. Deleuze & a Educao. 2 ed. Belo Horizonte: Autntica, 2008.

    HABERMAS, J. O Discurso Filosfico da Modernidade. So Paulo: Martins Fontes, 2002.

    KANT, I. Sobre a Pedagogia. Piracicaba: Ed. Unimep, 1996.

    KANT, I. Resposta pergunta: Que Esclarecimento? In: MARCONDES, D. Textos Bsicos de tica de Plato a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 95-100.

    RANCIRE, J. O Mestre Ignorante cinco lies de emancipao intelectual. Belo Horizonte: Autntica, 2002.

    ROUSSEAU, J.-J. Emlio, ou Da Educao. So Paulo: Martins Fontes, 1995.

    VATTIMO, G. O Fim da Modernidade niilismo e hermenutica na cultura ps-moderna. So Paulo: Martins Fontes, 1996.