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RUBENIO MARCELO – poeta/escritor e crítico cultural, secretário-geral da ASL Estive lendo/relendo recentemente alguns li- vros, dentre os quais “Lipoaspirados”: micro- contos, do escritor Elias Borges, que é forma- do em sociologia pela UFMS e ex-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-MS). Com prefácio de Sandra Andrade, escritora sul-mato-grossense, e comentários de “orelha” de Rosana Cristina Zanelatto Santos, esta obra veio a lume em 2011, patrocinada pelo Fundo de Investimentos Culturais de MS. Quem, como eu, já teve o privilégio de sabo- rear “Lipoaspirados”, pôde constatar o natural pendor envolvente das micronarrativas ficcio- nais contidas nesta produção – assim, degus- tá-las de um só fôlego é um exercício dos mais prazerosos. Nelas, Elias esbanja criatividade e poder de concisão, estabelecendo suas ideias, dosando elipses, sugerindo, convocando seus leitores para contemplar o semblante das en- trelinhas: deixando-lhes a relevante missão de interagir no sucinto enredo, e sempre impri- mindo a grande sacada da surpresa/impacto no final do texto. Caracterizados basicamente pelo tom satí- rico, irreverente, engajado, metafórico, os li- poaspirados contos – microrrelatos de até seis linhas – de Elias Borges possuem, com efeito, uma original e pulsante sintonia entre narrati- vidade, brevidade e intertextualidade, instau- rando uma força estética admirável. Outrossim, o livro compendia também alguns textos con- tendo mais de um parágrafo: estâncias de três a oito linhas, que são distribuídas em páginas subsequentes, denotando instantaneidade e demarcando assim etapas dinâmicas (aconte- cimentos interligados) da breve narrativa. Num dos trechos prefaciais deste volume, te- mos: “Elias Borges propõe um encontro entre o leitor, as estranhezas da existência humana e as feridas abertas no tempo. Em cada conto encontramos impressões das irrealidades que fingimos não ver, mas que guardamos nos can- tos de nossas casas, de nossas almas. Assim, podemos observar os fantasmas que sempre nos frequentam – às vezes a solidão, o medo de existirmos só – e a tristeza do amor desfei- to”. Realmente, apropriadas são estas supra- mencionadas constatações acerca do teor de “Lipoaspirados”, que – em cada texto, cada ce- na – nos faz refletir diante de situações comuns (ou inusitadas) do cotidiano, em meio a con- flitos e olhares, demarcando indivíduos e am- bientes, muitos destes adornados de nuanças sócio-históricas, e tudo dosado com enigmas da arte e visões do mundo real. Se “escrever é cortar palavras”, como sen- tenciou o mestre Drummond, certo é também que o microconto – especialmente na era digi- tal contemporânea – é uma moderna proposta no campo literário para despertar o gosto geral pela leitura. O microconto não é floco de neve, é nave em foco; é essência em arte e clímax. E é assim que se situa o livro “Lipoaspirados”, de Elias Borges. Vale a pena conferir. PAULO CORRÊA DE OLIVEIRA – escritor/ teatrólogo, arquiteto, membro da Academia Sul-Mato- Grossense de Letras Conforme me propus no artigo anterior, va- mos completar as observações sobre nossa viagem à Terra Santa. É impressionante a veneração do povo judeu pelo Muro das Lamentações. Esse muro fazia parte da sustentação do Templo de Salomão, destruído no ano 70 A.D. pelos romanos e nunca mais reerguido pelos judeus. Numa re- ferência do Evangelho, nesse local, Jesus, com doze anos, foi encontrado sentado entre os doutores da lei, ouvindo-os e interrogando-os, visto que seus pais o consideravam perdido no caminho de regresso para Nazaré. Um tapume separa o muro em duas partes para que homens e mulheres, segundo a re- ligião judaica ortodoxa, façam suas orações separadamente. Os homens, com a cabeça coberta, oram, acompanhados por um movi- mento rítmico do corpo. O guia turístico que nos acompanhava nos explicou que a oração depende de uma energia espiritual e corpo- ral, demonstrada pelo movimento físico. Para eles, o Muro é o santuário mais sagrado do judaísmo. É o lugar mais próximo de Deus. Realmente, forma uma imensa sinagoga esta- belecida ao ar livre. O respeito e veneração se tornam evidentes quando eles terminam suas orações. Afastam-se, então, alguns metros do Muro sem lhes dar as costas, e, só depois nu- ma reverência, voltam-se para sair. As pequenas rachaduras do Muro são preen- chidas com pedidos escritos em papéis enro- ladinhos. Soubemos que eles se referem a pe- didos de recuperação de doentes, pela paz em Jerusalém e a vinda do Messias, pois para eles, o Messias ainda está por vir. Quando estávamos junto ao Muro das Lamentações, vimos um garoto lendo o Tora durante a cerimônia de seu Bar Mitzvah. Para as crianças judias, é o equivalente à primeira comunhão dos católicos. Representa a passa- gem para a vida adulta. O garoto estava cercado por parentes e ami- gos do lado dos homens. Por cima da cerca, e do lado das mulheres, via-se a cabeça de sua mãe aparecendo, bastante emocionada, acompanhando do seu lugar, mais distante, junto às outras mulheres, a cerimônia do fi- lho. No último dia de nossa permanência em Jerusalém, estivemos na Via Dolorosa, uma ruazinha estreita e sinuosa, onde Jesus fez sua última caminhada para a condenação e morte na cruz. Acompanhamos, nesse trajeto, a Via Sacra. Em quase todas as estações exis- te a edificação de uma igreja, identificando o local do acontecimento. As cinco últimas es- tações, entre elas a da crucifixão, do local da unção do corpo de Jesus descido da cruz, e da tumba do sepultamento, estão no interior da Igreja do Santo Sepulcro. A primeira igreja foi construída em 325 A.D., por ordem do im- perador Constantino. Destruída depois pelos persas em 614. Foi reconstruída, e novamente destruída pelo Califa Hakin, em 1009. A igreja atual foi construída em 1149 pelos cruzados. Jerusalém tem sido objeto de disputas, atra- vés dos séculos, de egípcios, assírios, babilôni- cos, persas, gregos, romanos, bizantinos, ára- bes, cruzados, mamelucos e otomanos. Nesses acontecimentos, vemos a paz de Jerusalém como um desejo da humanidade através da história. Jerusalém centraliza três correntes religiosas monoteístas que a consideram terra sagrada: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Como conclusão final, podemos dizer que a peregrinação à Terra Santa, visitando os lugares onde Jesus andou, nos dá uma vi- são mais clara dos escritos dos Evangelhos. Conhecendo o deserto, as cidades de Nazaré, Belém, Cana, Cafarnaum, e principalmente Jerusalém, vamos aprofundando nossos co- nhecimentos no roteiro da fé. E a impressão da presença quase física de Cristo vai se acentu- ando. As águas do rio Jordão, do Mar Morto, e, so- bretudo, do Mar da Galiléia nos incitam a vol- ver ao passado bíblico. Temos que concordar com a propaganda oficial do Ministério do Turismo de Israel: de- pois dessa visita, nossa vida nunca mais será a mesma. Sob a responsabilidade da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras Coordenação do acadêmico Geraldo Ramon Pereira – Contato: (67) 3382-1395, das 13 horas às 17 horas – www.acletrasms.com.br Suplemento Cultural RÁPIDAS IMPRESSÕES DE UM PEREGRINO – II POESIAS CÉU DO AMOR Na calada da noite, na varanda, Eivados deste amor que é tão bonito, Os olhos elevamos ao infinito, Onde as estrelas brincam de ciranda... E eu começo a invejar, divina e branda, A lua iluminada como um mito... E lhe mando o protesto do meu grito E a luz do seu silêncio ela me manda! Sinto inveja de Deus lá nas alturas, Com seus astros vivendo essas doçuras... Porém, se baixo o olhar, a inveja encerra: Não há lua mais bela que teu rosto, São teus olhos estrelas que dão gosto... Mais sublime é meu céu aqui na terra! GERALDO RAMON PEREIRA – pertence à ASL I N T I M I DA D E Eu o convidei para uma visita, Abri a porta devagarinho Sentindo-me esquisita, Quando vi já estava prostrada, Derramando óleo em seus pés, Enxugando-os com meus lábios. Eu o chamei, Pedi que entrasse em minha casa, Ele deixou as sandálias num canto. Quando percebeu o meu pranto, Limpou-me a face com sua túnica, Que peguei, toquei E era tão clara. Nem precisei insistir, Ele penetrou nas minhas entranhas; Conhece de maneira estranha Os meus pensamentos, Os meus sonhos; Junto dele apenas balbucio Como o barulho de um rio, Sem nenhuma palavra. Bastou um gesto E hoje Minha vontade lhe pertence Com tamanha intimidade Que ele sabe cada fio de cabelo Que cai da minha cabeça. RAQUEL NAVEIRA – vice-presidente da ASL 5 CORREIO B CORREIO DO ESTADO SÁBADO/DOMINGO, 20/21 DE JULHO DE 2019 Jerusalém centraliza três correntes religiosas monoteístas que a consideram terra sagrada: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo” OS LIPOASPIRADOS CONTOS DE ELIAS BORGES Vista panorâmica da Terra Santa/Jerusalém P E R S O N A L I D A D E H U M A N A. (Parte final) RUBENIO MARCELO ABRÃO RAZUK – escritor/cronista, ex-vice-presidente da ASL Não existe nada mais complexo, mais profun- do do que a personalidade humana. Se quiser conhecer um homem basta que lhe examine sua personalidade. Se for neutro, cuide-se dele porque além de prejudicar a humanidade ain- da aproveita-se de circunstância para satisfazer seu interesse próprio; se, o dono desta persona- lidade, for extremista, traz enormes malefícios para si, para sua família e para sociedade, num lance porá fora tudo o que conquistou após longos e longos anos. Se for homem possuidor duma personalidade egoísta, então o mundo in- terior será todo seu, ele não quererá saber se irá beneficiar ou prejudicar seu semelhante e só lhe interessa seus dois mundos: introspectivo e o exterior. Pessoa egoísta sempre acha que seu pensa- mento é o certo. Caso alguém lhe indica cautela, acha que é o mais prudente dos homens. A meu ver, o pior tipo de personalidade é a contraditória. Se hoje ela é a favor duma orien- tação, amanhã já não o é; o que seguiu neste ca- minho praticamente já se perdeu. Hoje ela vai contra uma orientação, porém, amanhã se alia aos que lutaram contra seus princípios. Logo se veem abandonados e liquidados. Não há, a meu ver, melhor tipo de personali- dade humana do que aquela que propugna pe- lo equilíbrio. Feliz é o homem que a possui, pois este dirigirá o mundo para felicidade. Das for- ças e das paixões antagônicas, a personalidade equilibrada tira o que há de verdadeiro duma extremidade e, analisando a outra, aponta-nos qual é o bom caminho que devemos seguir. Somente possui a personalidade equilibrada, portanto, aquele que sofreu, filosofou, sorriu e que teve uma alma iluminada por Deus. Esta é a personalidade que o mundo deseja. Faça uma reflexão profunda e identifique-se. (São Paulo, 15.08.1965) NOTÍCIAS DA ACADEMIA QUINTA 25/07: CHÁ ACADÊMICO DA ASL APRESENTA REFLEXÃO SOBRE ‘CRÍTICA LITERÁRIA’ – A Academia Sul- Mato-Grossense de Letras realizará o seu Chá Acadêmico do mês na quinta-feira (25), a partir das 19h30min, na sede da instituição: Rua 14 de Julho, 4.653 – Altos do São Francisco, Campo Grande. Para esta edição a convidada é a professora e ensaísta Ana Maria Bernardelli, que ex- planará sobre o sugestivo tema: “Afinal, para que serve a Crítica Literária”. Haverá também, na abertura artística do evento, uma breve apresentação do músico/cantor Zé Du, que mostrará três canções especialmente selecionadas para o momento. A palestrante é formada em Ciências Sociais e em Letras, e atua co- mo professora especialista em Literatura Brasileira e Portuguesa. Há mais de 40 anos, leciona Produção Textual e ensina em cursos preparatórios para concur- sos públicos e para vestibulares. Sempre aberto e sem fins lucrativos, o Chá Acadêmico integra um dos programas culturais da ASL, que em outubro próxi- mo comemorará 48 anos de fundação. Quem já teve o privilégio de ler ‘Lipoaspirados’ pôde constatar o pendor envolvente das micronarrativas ficcionais contidas nesta obra – assim, degustá-las de um só fôlego é um exercício dos mais prazerosos” Capa do livro “Lipoaspirados”, do escritor/poeta Elias Borges

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Page 1: Suplemento Culturalacletrasms.org.br/wp-content/uploads/2020/01/ASL-SUPLEMENTO-C… · pela leitura. O microconto não é floco de neve, é nave em foco; é essência em arte e clímax

Rubenio MaRcelo – poeta/escritor e crítico cultural, secretário-geral da ASL

Estive lendo/relendo recentemente alguns li-vros, dentre os quais “Lipoaspirados”: micro-contos, do escritor Elias Borges, que é forma-do em sociologia pela UFMS e ex-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-MS). Com prefácio de Sandra Andrade, escritora sul-mato-grossense, e comentários de “orelha” de Rosana Cristina Zanelatto Santos, esta obra veio a lume em 2011, patrocinada pelo Fundo de Investimentos Culturais de MS.

Quem, como eu, já teve o privilégio de sabo-rear “Lipoaspirados”, pôde constatar o natural pendor envolvente das micronarrativas ficcio-nais contidas nesta produção – assim, degus-tá-las de um só fôlego é um exercício dos mais prazerosos. Nelas, Elias esbanja criatividade e poder de concisão, estabelecendo suas ideias, dosando elipses, sugerindo, convocando seus leitores para contemplar o semblante das en-trelinhas: deixando-lhes a relevante missão de interagir no sucinto enredo, e sempre impri-mindo a grande sacada da surpresa/impacto no final do texto.

Caracterizados basicamente pelo tom satí-rico, irreverente, engajado, metafórico, os li-poaspirados contos – microrrelatos de até seis linhas – de Elias Borges possuem, com efeito, uma original e pulsante sintonia entre narrati-vidade, brevidade e intertextualidade, instau-rando uma força estética admirável. Outrossim,

o livro compendia também alguns textos con-tendo mais de um parágrafo: estâncias de três a oito linhas, que são distribuídas em páginas subsequentes, denotando instantaneidade e demarcando assim etapas dinâmicas (aconte-cimentos interligados) da breve narrativa.

Num dos trechos prefaciais deste volume, te-mos: “Elias Borges propõe um encontro entre o leitor, as estranhezas da existência humana e as feridas abertas no tempo. Em cada conto encontramos impressões das irrealidades que fingimos não ver, mas que guardamos nos can-tos de nossas casas, de nossas almas. Assim, podemos observar os fantasmas que sempre nos frequentam – às vezes a solidão, o medo de existirmos só – e a tristeza do amor desfei-to”. Realmente, apropriadas são estas supra-mencionadas constatações acerca do teor de “Lipoaspirados”, que – em cada texto, cada ce-na – nos faz refletir diante de situações comuns

(ou inusitadas) do cotidiano, em meio a con-flitos e olhares, demarcando indivíduos e am-bientes, muitos destes adornados de nuanças sócio-históricas, e tudo dosado com enigmas da arte e visões do mundo real.

Se “escrever é cortar palavras”, como sen-tenciou o mestre Drummond, certo é também que o microconto – especialmente na era digi-tal contemporânea – é uma moderna proposta no campo literário para despertar o gosto geral pela leitura. O microconto não é floco de neve, é nave em foco; é essência em arte e clímax. E é assim que se situa o livro “Lipoaspirados”, de Elias Borges. Vale a pena conferir.

Paulo coRRêa de oliveiRa – escritor/teatrólogo, arquiteto, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras

Conforme me propus no artigo anterior, va-mos completar as observações sobre nossa viagem à Terra Santa.

É impressionante a veneração do povo judeu pelo Muro das Lamentações. Esse muro fazia parte da sustentação do Templo de Salomão, destruído no ano 70 A.D. pelos romanos e nunca mais reerguido pelos judeus. Numa re-ferência do Evangelho, nesse local, Jesus, com doze anos, foi encontrado sentado entre os doutores da lei, ouvindo-os e interrogando-os, visto que seus pais o consideravam perdido no caminho de regresso para Nazaré.

Um tapume separa o muro em duas partes para que homens e mulheres, segundo a re-ligião judaica ortodoxa, façam suas orações separadamente. Os homens, com a cabeça coberta, oram, acompanhados por um movi-mento rítmico do corpo. O guia turístico que nos acompanhava nos explicou que a oração depende de uma energia espiritual e corpo-ral, demonstrada pelo movimento físico. Para eles, o Muro é o santuário mais sagrado do judaísmo. É o lugar mais próximo de Deus. Realmente, forma uma imensa sinagoga esta-belecida ao ar livre. O respeito e veneração se tornam evidentes quando eles terminam suas orações. Afastam-se, então, alguns metros do Muro sem lhes dar as costas, e, só depois nu-ma reverência, voltam-se para sair.

As pequenas rachaduras do Muro são preen-chidas com pedidos escritos em papéis enro-ladinhos. Soubemos que eles se referem a pe-didos de recuperação de doentes, pela paz em Jerusalém e a vinda do Messias, pois para eles, o Messias ainda está por vir.

Quando estávamos junto ao Muro das Lamentações, vimos um garoto lendo o Tora

durante a cerimônia de seu Bar Mitzvah. Para as crianças judias, é o equivalente à primeira comunhão dos católicos. Representa a passa-gem para a vida adulta.

O garoto estava cercado por parentes e ami-gos do lado dos homens. Por cima da cerca, e do lado das mulheres, via-se a cabeça de sua mãe aparecendo, bastante emocionada, acompanhando do seu lugar, mais distante, junto às outras mulheres, a cerimônia do fi-lho.

No último dia de nossa permanência em Jerusalém, estivemos na Via Dolorosa, uma ruazinha estreita e sinuosa, onde Jesus fez sua última caminhada para a condenação e morte na cruz. Acompanhamos, nesse trajeto, a Via Sacra. Em quase todas as estações exis-te a edificação de uma igreja, identificando o local do acontecimento. As cinco últimas es-tações, entre elas a da crucifixão, do local da unção do corpo de Jesus descido da cruz, e da tumba do sepultamento, estão no interior da Igreja do Santo Sepulcro. A primeira igreja foi construída em 325 A.D., por ordem do im-perador Constantino. Destruída depois pelos persas em 614. Foi reconstruída, e novamente destruída pelo Califa Hakin, em 1009. A igreja

atual foi construída em 1149 pelos cruzados.Jerusalém tem sido objeto de disputas, atra-

vés dos séculos, de egípcios, assírios, babilôni-cos, persas, gregos, romanos, bizantinos, ára-bes, cruzados, mamelucos e otomanos. Nesses acontecimentos, vemos a paz de Jerusalém como um desejo da humanidade através da história.

Jerusalém centraliza três correntes religiosas monoteístas que a consideram terra sagrada: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.

Como conclusão final, podemos dizer que a peregrinação à Terra Santa, visitando os lugares onde Jesus andou, nos dá uma vi-são mais clara dos escritos dos Evangelhos. Conhecendo o deserto, as cidades de Nazaré, Belém, Cana, Cafarnaum, e principalmente Jerusalém, vamos aprofundando nossos co-nhecimentos no roteiro da fé. E a impressão da presença quase física de Cristo vai se acentu-ando.

As águas do rio Jordão, do Mar Morto, e, so-bretudo, do Mar da Galiléia nos incitam a vol-ver ao passado bíblico.

Temos que concordar com a propaganda oficial do Ministério do Turismo de Israel: de-pois dessa visita, nossa vida nunca mais será a mesma.

Sob a responsabilidade da Academia Sul-Mato-Grossense de LetrasCoordenação do acadêmico Geraldo Ramon Pereira – Contato: (67) 3382-1395, das 13 horas às 17 horas – www.acletrasms.com.br

Suplemento CulturalRÁPIDAS IMPRESSÕES DE UM PEREGRINO – II POESIAS

CÉU DO AMOR

Na calada da noite, na varanda,

Eivados deste amor que é tão bonito,

Os olhos elevamos ao infinito,

Onde as estrelas brincam de ciranda...

E eu começo a invejar, divina e branda,

A lua iluminada como um mito...

E lhe mando o protesto do meu grito

E a luz do seu silêncio ela me manda!

Sinto inveja de Deus lá nas alturas,

Com seus astros vivendo essas doçuras...

Porém, se baixo o olhar, a inveja encerra:

Não há lua mais bela que teu rosto,

São teus olhos estrelas que dão gosto...

Mais sublime é meu céu aqui na terra!

GeRaldo RaMon PeReiRa –pertence à ASL

I N T I M I DA D E

Eu o convidei para uma visita,Abri a porta devagarinhoSentindo-me esquisita,Quando vi já estava prostrada,Derramando óleo em seus pés,Enxugando-os com meus lábios.

Eu o chamei,Pedi que entrasse em minha casa,Ele deixou as sandálias num canto.Quando percebeu o meu pranto,Limpou-me a face com sua túnica,Que peguei, toqueiE era tão clara.

Nem precisei insistir,Ele penetrou nas minhas entranhas;Conhece de maneira estranhaOs meus pensamentos,Os meus sonhos;Junto dele apenas balbucioComo o barulho de um rio,Sem nenhuma palavra.

Bastou um gestoE hojeMinha vontade lhe pertenceCom tamanha intimidadeQue ele sabe cada fio de cabeloQue cai da minha cabeça.

Raquel naveiRa – vice-presidente da ASL

5correio BcoRReio do estado sábado/domingo, 20/21 de juLho de 2019

Jerusalém centraliza três correntes religiosas monoteístas que a consideram terra sagrada: o Judaísmo, o cristianismo e o islamismo”

OS LIPOASPIRADOS CONTOS DE ELIAS BORGES

Vista panorâmica da Terra Santa/Jerusalém

P E R S O N A L I D A D E H U M A N A.

(Parte final)RUBENIO MARCELO

abRão Razuk – escritor/cronista, ex-vice-presidente da ASL

Não existe nada mais complexo, mais profun-do do que a personalidade humana. Se quiser conhecer um homem basta que lhe examine sua personalidade. Se for neutro, cuide-se dele porque além de prejudicar a humanidade ain-da aproveita-se de circunstância para satisfazer seu interesse próprio; se, o dono desta persona-lidade, for extremista, traz enormes malefícios para si, para sua família e para sociedade, num lance porá fora tudo o que conquistou após longos e longos anos. Se for homem possuidor duma personalidade egoísta, então o mundo in-

terior será todo seu, ele não quererá saber se irá beneficiar ou prejudicar seu semelhante e só lhe interessa seus dois mundos: introspectivo e o exterior.

Pessoa egoísta sempre acha que seu pensa-mento é o certo.

Caso alguém lhe indica cautela, acha que é o mais prudente dos homens.

A meu ver, o pior tipo de personalidade é a contraditória. Se hoje ela é a favor duma orien-tação, amanhã já não o é; o que seguiu neste ca-minho praticamente já se perdeu. Hoje ela vai contra uma orientação, porém, amanhã se alia aos que lutaram contra seus princípios. Logo se veem abandonados e liquidados.

Não há, a meu ver, melhor tipo de personali-dade humana do que aquela que propugna pe-lo equilíbrio. Feliz é o homem que a possui, pois este dirigirá o mundo para felicidade. Das for-ças e das paixões antagônicas, a personalidade equilibrada tira o que há de verdadeiro duma extremidade e, analisando a outra, aponta-nos qual é o bom caminho que devemos seguir.

Somente possui a personalidade equilibrada, portanto, aquele que sofreu, filosofou, sorriu e que teve uma alma iluminada por Deus.

Esta é a personalidade que o mundo deseja.Faça uma reflexão profunda e identifique-se.

(São Paulo, 15.08.1965)

NOTÍCIAS DA ACADEMIA

QUINTA 25/07: CHÁ ACADÊMICO DA ASL APRESENTA REFLEXÃO SOBRE ‘CRÍTICA LITERÁRIA’ – A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras realizará o seu Chá Acadêmico do mês na quinta-feira (25), a partir das 19h30min, na sede da instituição: Rua 14 de Julho, 4.653 – Altos do São Francisco, Campo Grande. Para esta edição a convidada é a professora e ensaísta Ana Maria Bernardelli, que ex-planará sobre o sugestivo tema: “Afinal, para que serve a Crítica Literária”. Haverá também, na abertura artística do evento, uma breve apresentação do músico/cantor Zé Du, que mostrará três canções especialmente selecionadas para o momento. A palestrante é formada em Ciências Sociais e em Letras, e atua co-mo professora especialista em Literatura Brasileira e Portuguesa. Há mais de 40 anos, leciona Produção Textual e ensina em cursos preparatórios para concur-sos públicos e para vestibulares. Sempre aberto e sem fins lucrativos, o Chá Acadêmico integra um dos programas culturais da ASL, que em outubro próxi-mo comemorará 48 anos de fundação.

Quem já teve o privilégio de ler ‘Lipoaspirados’ pôde constatar o pendor envolvente das micronarrativas ficcionais contidas nesta obra – assim, degustá-las de um só fôlego é um exercício dos mais prazerosos”

Capa do livro “Lipoaspirados”, do escritor/poeta Elias Borges