suplemento agenda ribeirão 2016

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DESAFIO DE CRIAR Seminário deste ano abordou o tema da criatividade como ferramenta para construir uma cidade melhor e mais rica JUNHO DE 2016 3ª Edição 2016 COMPROMISSO COM A CIDADE A CIDADE EM BUSCA DA AGENDA CRIATIVA PARA UMA METRÓPOLE Este ano, o 3º Agenda Ribeirão discutiu os caminhos possíveis para Ribeirão Preto se tornar uma cidade criativa

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DESAFIO DE CRIARSeminário deste ano abordou o temada criatividade como ferramenta para

construir uma cidade melhor e mais rica

JUNHO DE 2016

3ª Edição 2016 COMPROMISSO COM A CIDADE

A CIDADE

EM BUSCA DAAGENDA CRIATIVA

PARA UMA METRÓPOLEEste ano, o 3º Agenda Ribeirão discutiu os caminhos possíveis para Ribeirão Preto se tornar uma cidade criativa

2 A CIDADE JUNHO DE 2016

CIDADE CRIATIVAO desafio de renovarconstantemente uma região,através da força criativados seus cidadãos

JUNHO

3

Ana Carla FonsecaReferência em economia e cidades criativas, é

urbanista, professora de cursos de pós-graduaçãoem economia, cultura e cidades. Também é

assessora para a ONU (PNUD, Unesco e UNCTAD)

“A cidade não é criativa;criativos são os seus cida-dãos”. A frase da economis-ta Ana Carla Fonseca resu-me o 3º Agenda Ribeirão,que este ano abordou a re-lação entre cidades criati-vas e cidadania ativa.

Considerada uma dasreferências mundiais notema, ela foi a palestran-te convidada do seminárioem 2016, ao lado dos pro-fessores universitários Li-lian Rosa e Matheus Del-

bon. O evento aconteceuno dia 3 de junho, no audi-tório da Fundação Arman-do Álvares Penteado.

Durante cerca de umahora, Ana Carla mostrouexemplos bem-sucedidosde cidades que implanta-ram estratégias de desen-volvimento alicerçadas nacriatividade, como Santia-go, Dublin, Nova York, Lon-dres, Barcelona e Paris.

O segredo para o suces-so, segundo ela, passa pe-

la descoberta da “alma” dacidade, ou de algo que elapossua de único e exclu-sivo.

Essa marca, para a eco-nomista e urbanista, re-sulta da existência de ino-vações (a criatividade co-mo ferramenta para resol-ver problemas e descobriroportunidades); conexões(histórica, geográfica, dediversidade, local/global ede governança; e, por fim,cultura e mais cultura.

Agenda mostrou quecriatividade é construídaSeminário organizado pelo A Cidade e rádio CBN, com o apoio da EPTV,aconteceu no início do mês, na Faap, e reuniu cerca de duzentas pessoas

3º Agenda RibeirãoO seminário que discute os caminhos possíveis para a cidade foi realizado no dia 3 de junho, no auditório daFundação Armando Álvares Penteado (Faap). Este ano, o objetivo foi analisar a relação entre cidades criativas ecidadania ativa. Quem falou sobre o tema foi a economista Ana Carla Fonseca, considerada pelo jornal espanholEl País uma das oito brasileiras que mais impressionam o mundo. Os professores universitários Lilian Rosa eMatheus Delbon fizeram parte da mesa de debates. Cerca de duzentas pessoasacompanharam e participaram das discussões.

WEBER SIAN / A CIDADE

PRODUZIR

EDIÇÃO E REPORTAGEMJosé Manuel Lourenço

EDITOR DE ARTEDaniel Torrieri

EDIÇÃO DE FOTOGRAFIAMariana Martins

TRATAMENTO DE IMAGENSFrancielly Flamarini

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOAntonio Carlos Coutinho Nogueira

José Bonifácio Coutinho Nogueira FilhoAndré Coutinho Nogueira

José Bonifácio Coutinho Nogueira NetoMarcos Frateschi

Fernando Corrêa da Silva

GERENTE DE PUBLICIDADEMarco Vallim

[email protected]

DEPARTAMENTO [email protected]

TELEFONE (16) 3977-2172

REDAÇÃORua Javari, 3099, Ipiranga

Fone (16) 3977-2175CEP 14060-640 - Ribeirão Preto (SP)

JORNAL DO GRUPO

A CIDADE DESDE 1905

DIRETOR DE JORNAISE MÍDIAS DIGITAIS

Josué Suzuki

EDITOR-CHEFEThiago Roque

3A CIDADEJUNHO DE 2016

CRIATIVIDADEÉ O GRANDE

DESAFIOUma cidade criativaexige, antes de mais

nada, planejamento. Oinício, em geral, está no

governo local, com aimplantação de políticasdestinadas a estimulara criatividade. Mas amanutenção desse

processo está nas mãosdas empresas e da

sociedade organizada.

i g u a t em i r i b e i r a o p r e t o . c o m . b r

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4 A CIDADE JUNHO DE 2016

PRODUZIR

ANA CARLA FONSECA

Trabalho criativo vem do inesperado, mastambém da capacidade de correr riscosUm dos pontos destacados pela economista disserespeito à definição de trabalho criativo. Segundo AnaCarla Fonseca, ele se caracteriza por oferecer algo novoe, sobretudo, que é percebido como de valor. Ao mesmotempo, o produto desse trabalho gera resultados que sãodesconhecidos, imprevisíveis. Por fim, ela destacou queo que resultado do trabalho criativo é fruto de uma açãoempreendedora, da capacidade de correr riscos.

Cidades devemcriar meios deatrair talentosUm dos itens apontados no seminário destacou o fato de osintegrantes da chamada classe criativa privilegiarem locais queproporcionem boa qualidade de vida e a diversidade cultural

mesa de debatesCIDADES CRIATIVAS

Uma das questões surgidas duranteo Agenda Ribeirão 2016 disse respeitoaos talentos, considerados imprescindí-veis para que uma cidade se torne cria-tiva. “Como é que a gente proporcionaum ambiente propício a essa criativida-de, para que esses talentos não queiramsair e se consiga atrair quem está fora?”,perguntou Ana Carla Fonseca.

A resposta, segundo ela, é qualidadede vida. A economista mostrou o estudode uma consultoria americana, feita em2014 em 25 cidades dos EUA, apontan-do o que os profissionais criativos levamem conta em uma cidade.

Um terço das expectativas tem a ver,claro, com as perspectivas de carreira(PIB per capita, estimativa de empregovoos internacionais, índice de Gini etc.)No entanto, os outros dois terços in-cluem itens como qualidade de vida, di-versidade cultural e custo de vida.

Entre os itens considerados impres-cindíveis por esses profissionais estão,por exemplo, qualidade da educação,número de dias ensolarados, qualidadeda saúde e do transporte públicos, tem-po de viagem entre casa e trabalho, pre-

valência de crimes violentos, disponibi-lidade de entretenimento, comida e be-bida, conectividade de internet, customédio da refeição e dos aluguéis. “Ouseja, não adianta só investir em econo-mia se não se pensar em qualidade devida. O talento cai fora”, afirmou.

A disponibilidade de internet, a pre-sença de locais de entretenimento e osíndices de criminalidade, aliás, são maisimportantes do que parecem.

Outro estudo, desta vez feito pela re-vista britânica The Economist, mostraque o trabalho, como o vemos atual-mente, está com os dias contados. A pu-blicação mostra que, em uma década, otrabalho será altamente automatizado,criativo e disperso. “Nunca se fez tan-ta reunião em cafeterias, praças e ou-tros lugares que não nos escritórios. Co-mo a gente prepara a cidade para isso?”,pergunta.

Segundo ela, uma parte importan-te da resposta passa por um governo lo-cal que defina políticas públicas, tantode infraestrutura como culturais, desti-nadas a preparar a cidade para uma no-va relação dos cidadãos com o trabalho.

TRABALHO 1

47%é o indice de dispersão do trabalho em dez

anos, segundo estudo feito pela The Economist;ou seja, em uma década, metade das funçõesserão realizadas em locais não-convencionais

TRABALHO 2

42%é o percentual de automação das vagas detrabalho no mundo, em dez anos; ou seja,

quase a metade das vagas não serão ocupadaspor seres humanos

É inevitável empreender quando se fala deeconomia criativa, porque a gente está falan-do de ir além de ‘mais do mesmo’.

5A CIDADEJUNHO DE 2016

MATHEUS DELBON

Tamanho do Estado deve ser reduzidoe dar lugar ao empreendedorismo socialO advogado e coordenador do curso de Gerente deCidade da Faap destacou a importância do terceirosetor no processo de criação de uma cidade criativa.Uma das propostas apresentadas foi a diminuição dotamanho do Estado e o aumento gradativo de empresasde empreendedorismo social em atividades hojedesenvolvidas pelo poder público. Ele destacou que umdos objetivos é evitar a burocracia estatal.

LILIAN ROSA

Universidades e empresas devem criarformas de comunicação mais eficientesA historiadora Lilian Rosa destacou a necessidade de seestabelecerem formas de conexão mais eficientes entrelocais de produção de conhecimento e inovação, comoas universidade e as empresas. Segundo ela, as primeirasproduzem o que chama de “inovação de ruptura”,produtos que inovam em relação a modelos existentes nomercado, mas grande parte desses trabalhos não chegaaté as empresas.

CHINA

7O gigante asiático queracabar com o “Made inChina” e ser conhecido

pelo “Designed inChina”; até 2030

o país quer ocuparespaços importantes nomundo, em áreas como

biotecnologia, novosmateriais e veículos de

energias limpasHoje, se você tem uma boa ideia, não existeum interlocutor no poder público; só funcio-na se eu falar da ideia para um político amigo

Dentro das universidades está acontecendomuita coisa criativa que não sai de lá porquenão há comunicação [com as empresas]

WEB

ERSI

AN/A

CIDA

DE

6 A CIDADE JUNHO DE 2016

Caderno escolar é ‘ferramenta’na Prefeitura de Ribeirao PretoOs professores universitários Lilian Rosa e Matheus Delbon arrancaram aplausos do públicoao comentarem, com perspicácia, diversas situações paradoxais do cotidiano da cidade

Vários pontos altos do Agenda Ri-beirão Preto 2016 partiram de pro-postas dos integrantes da mesa dedebates, Lilian Rosa e Matheus Del-bon.

No caso de Lilian - que é vice-pre-sidente do Instituto Paulista de Cida-des Criativas e Identidades culturais(IPCCIC) - um dos destaques teve aver com a apresentação dos pré-re-quisitos do que seria a “cidade de-sejada”.

Esses critérios surgiram de umapesquisa realizada pelo institutojunto à população e mostraram seisprincipais itens do que seria a cida-de ideal: que ela tenha o o ser huma-

no em primeiro lugar, que o cidadãoseja um cocriador da construção dacidade, que o humano e o ambientesejam religados, que o processo deeducar ocorra em múltiplas formas,que se fortaleça o sentimento de co-munidade e, por fim, que se intensi-fiquem as relações de pertencimentoentre o cidadão e a cidade.

Mas, o mais inusitado aconteceuquando ela explicou o que seria a li-gação entre todos os pré-requisitos:o amor, neste caso, pedagógico, dededicação à cidade.

“Vocês podem imaginar a reaçãode trinta pesquisadores, pessoas deligações fortes com a ciência, ao des-

cobrirem que os dados recolhidosapontavam para mais amor?”.

Matheus Delbon, por sua vez,destacou o paradoxo de RibeirãoPreto ter uma companhia municipalde tecnologia (Coderp) e não utilizaro seu potencial de forma plena.

Ele citou o exemplo de a seção deProtocolo da Prefetura utilizar umaferramenta fora do comum no seudia a dia: “um caderno Tilibra”. “Vo-cês podem imaginar chegar a es-sa seção da Prefeitura e ter um fun-cionário que passa o dia cuidandodo caderno, uma espécie de Guar-dião do Tilibra?”, perguntou, arran-cando risos.

Cidade precisa resgatar arelação com as praçasUma das propostas surgidasdurante o debate na Faapteve a ver com lugares deproximidade, locais físicos ounão que têm como principalfunção estimular trocas dosmais diversos tipos entre aspessoas. Apresentada porLilian Rosa, a sugestão passoupela criação de espaços dediscussão não permanentes,como o próprio Agenda, masmaterializou-se nas praças.“Ribeirão Preto já chegou aser conhecida com a cidadedas praças e tem perdidorapidamente esses lugaresde proximidade. É precisorecuperá-los, porque elas geramproximidade e interação”, disse.

PROXIMIDADEEm vários momentos do Agenda,

a importância das praças foiressaltada, como espaços de

convívio e discussão

F. L. PTION / A CIDADE

7A CIDADEJUNHO DE 2016

O Agenda Ribeirão, mais uma vez, mostrou queuma boa imprensa é o melhor exemplo da sociedadeconversando consigo própria.

RIBEIRÃOnaagenda

RAFAEL SILVA DEPUTADO ESTADUAL (PDT)

BALEIA ROSSI DEPUTADO FEDERAL (PMDB)

LÉO OLIVEIRA DEPUTADO ESTADUAL (PMDB)

DUARTE NOGUEIRA DEPUTADO FEDERAL (PSDB)

GERALDO ALCKMIN (PSDB) GOVERNADOR DE SP

Todos os homens públicosdeveriam ouvir, dez vezes, o que foidito pela palestrante.

DÁRCY VERA (PSD)PREFEITA DE RIBEIRÃO PRETO

Parabenizo ogrupo EPTV pelotema, que mostrouser possível umcasamento entrea população e opoder público.

ANDRÉ COUTINHO NOGUEIRA DIRETOR DO GRUPO EPTV

O Agenda se firma comoum evento importante,porque nos permitediscutir projetos viáveis econcretos para Ribeirão.

Parabenizo o grupo EPTV,que trouxe um tema tãoimportante e atual comquestões sobre comotransformar o potencialcriativo dos cidadãos emvalor econômico.

O Agenda Ribeirãorepresenta umaoportunidade únicapara buscarmossoluções parauma cidade prósperae criativa.

Quando seutilizam veículos decomunicação poderosospara provocar discussãode interesse dacidade, acaba tambémprovocando a cidadania.

O evento já está na agenda de deputados, da prefeita de Ribeirão Preto e do governadordo Estado. Compareceram também a esta terceira edição representantes do comércio e daindústria, além de empresários e integrantes da sociedade civil.Confira, abaixo, o que alguns deles disseram.

FOTO

SW

EBER

SIAN

/ACI

DADE

8 A CIDADE JUNHO DE 2016

PÚBLICO

Evento na Faap precisoude sala extra com telãoO seminário “Cidades Criativas eCidadania Ativa” foi acompanhadopor cerca de duzentas pessoas,distribuídas pelo auditório da Faape uma sala extra, que teve de serequipada com um telão. Após aapresentação de Ana Carla Fonseca,Lilian Rosa e Matheus Delbon,o debate teve a participação dopúblico, que apresentou diversaspropostas e comentários a respeitodo tema deste ano. O evento emRibeirão Preto foi o terceiro de umasérie que já passou por Araraquarae São Carlos. No dia 24 de junho, oseminário será encerrado com umnovo debate em Campinas.

WEBER SIAN / A CIDADE