suplementaÇÃo de vitamina b em dietas prÁticas e...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CÂMPUS DE BOTUCATU SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B 6 EM DIETAS PRÁTICAS E PURIFICADAS NO DESEMPENHO PRODUTIVO E RESPOSTA HEMÁTICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A ESTÍMULO TÉRMICO CAROLINE PELEGRINA TEIXEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Zootecnia como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre BOTUCATU SP Dezembro 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

CÂMPUS DE BOTUCATU

SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B6 EM DIETAS PRÁTICAS E

PURIFICADAS NO DESEMPENHO PRODUTIVO E RESPOSTA

HEMÁTICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A ESTÍMULO

TÉRMICO

CAROLINE PELEGRINA TEIXEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Zootecnia como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre

BOTUCATU – SP

Dezembro – 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

CÂMPUS DE BOTUCATU

SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B6 EM DIETAS PRÁTICAS E

PURIFICADAS NO DESEMPENHO PRODUTIVO E RESPOSTA

HEMÁTICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A ESTÍMULO

TÉRMICO

CAROLINE PELEGRINA TEIXEIRA

Zootecnista

ORIENTADORA: Profa. Dra. MARGARIDA MARIA BARROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Zootecnia como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre

BOTUCATU – SP

Dezembro – 2009

i

DEDICATÓRIA

Aos meus pais,

João Paulo e Fátima, que são a minha inspiração,

razão do meu existir e seguir em frente todos

os dias da minha vida. Agradeço tudo que

fizeram e ainda fazem por mim.

Amo muito vocês!!!

Aos meus irmãos, João Paulo e Cristiane,

que são a minha alegria e gargalhadas.

Amo demais!!

Às minhas avós, Rosa (in memorian) e Célia,

pelo carinho e incentivo.

Ao meu amor, namorado, companheiro,

grande incentivador, profissional exemplar, Vitor

Amo você por demais de fora da quantia!!!

ii

AGRADECIMENTOS

À Deus pela minha vida, por ter nascido numa família maravilhosa, por estar

rodeada de pessoas iluminadas e que me ajudaram nessa caminhada e estarão sempre ao

meu lado;

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pela

concessão da bolsa de estudos;

À minha orientadora, Profa. Dra. Margarida Maria Barros, pelo incentivo,

ensinamentos, paciência, dedicação irrestrita, amizade e oportunidade de convivência,

porque além de ser excelente profissional é um ser humano iluminado;

Ao Prof. Dr. Luiz Edivaldo Pezzato, pelos ensinamentos, amizade, incentivo e

exemplo de profissional;

À minha amiga e colega de profissão, Raquel Abdallah da Rocha, que me

apresentou à minha orientadora e me ajudou a realizar esse sonho;

Ao Prof. Dr. Carlos Roberto Padovani, Departamento de Bioestística, pela

atenção e auxílio na realização das análises estatísticas;

À Guabi por confeccionar o suplemento mineral e vitamínico utilizado em nosso

estudo;

À toda a equipe do Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos –

AquaNutri; Igo Gomes Guimarães, Vivian Gomes dos Santos, Rosangela do

Nascimento Fernandes, Graciela Pessoa Martins, Ademir Calvo Fernandes Junior, João

Fernando Albers Koch, Altevir Signor, André Moreira Bordinhon, Fernando Kojima

Nakagome, Daniel de Magalhães Araújo, Luis Gabriel Quintero Pinto, Blanca Stella

Pardo Gamboa, Renan de Mattos Botelho, Érica Fernandes Paris Martins, Flavia Mota

Damasceno, Pedro Luiz Pucci Figueiredo de Carvalho, Rafael Lopes da Silva, e

iii

William Ferdinand Koptian Senske, pela amizade, respeito, auxílio na realização desse

trabalho e experiências compartilhadas;

Aos professores e funcionários do Departamento de Melhoramento e Nutrição

Animal pelo auxílio e amizade;

Aos funcionários e amigos da Seção de Pós-graduação da FMVZ, Posto de

Serviço Lageado, Seila Cristina Cassineli Vieira, Danilo José Teodoro Dias e Carlos

Pazini Junior pela atenção e auxílios prestados;

À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ/UNESP, Botucatu,

pela oportunidade e privilégio que tive em realizar o experimento nesta instituição;

Aos meus amigos Fernanda Cristina Breda, Andréia Márcia de Almeida Soares

(Dezza), Fernanda Dornellas Penna, Ana Camila Pelegrina Pavanelli, Daniella

Aparecida Berto, Fabyola Barros de Carvalho, Ana Cristina Stradiotti, Lúcio Vilela

Carneiro Girão, Gustavo do Vale Polycarpo, Érica Sernagiotto, Ana Beatriz (Gansa)

pela amizade, companheirismo e presença em todos os momentos;

Ao meu companheiro Vitor Barbosa Fascina por ter me apoiado e se mantido ao

meu lado em todos os momentos, pela paciência e amor;

A todos que de alguma maneira contribuíram com este trabalho, MUITO

OBRIGADA!!

iv

SUMÁRIO

CAPÍTULO I 1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 15

CAPÍTULO II ............................................................................................................... 18

SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA B6 EM DIETAS PRÁTICAS E

PURIFICADAS NO DESEMPENHO PRODUTIVO E RESPOSTA HEMÁTICA

DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A ESTÍMULO TÉRMICO ............................. 19

Resumo. ........................................................................................................................... 19

Abstract. .......................................................................................................................... 20

Introdução ....................................................................................................................... 21

Material e Métodos ....................................................................................................... 232

Resultados ....................................................................................................................... 26

Discussão ........................................................................................................................ 28

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 34

Tabela 1. Composição químico-bromatológica e o percentual dos ingredientes das

dietas experimentais práticas........................................................................................... 39

Tabela 2. Composição químico-bromatológica e o percentual dos ingredientes das

dietas experimentais purificadas ..................................................................................... 40

Tabela 3. Tabela 3. Média e desvio padrão de ganho de peso (GP), consumo de ração

(CR), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de crescimento específico (TCE),

taxa de eficiência protéica (TEP), taxa de retenção protéica (TRP) e sobrevivência

(SOB) de juvenis de tilápia do Nilo alimentadas com dietas práticas e purificadas

suplementadas com níveis crescentes de vitamina B6..................................................... 41

Tabela 4. Média e desvio padrão do número de eritrócitos (Erit), porcentagem de

hematócrito (Htc), taxa de hemoglobina (Hb), volume corpuscular médio (VCM) e

concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) de juvenis de tilápia do

Nilo alimentadas com dietas práticas e purificadas e suplementadas com níveis

crescentes de vitamina B6 e submetidos a estímulo térmico ........................................... 42

Tabela 5. Média e desvio padrão de proteína plasmática total (PPT), albumina

(ALB), globulina (GLOB) e relação albumina/globulina (ALB:GLOB) de juvenis de

tilápia do Nilo alimentadas com dietas práticas e purificadas e suplementadas com

níveis crescentes de vitamina B6 e submetidos a estímulo térmico ................................ 43

v

Tabela 6. Mediana e valores mínimo e máximo de número absoluto leucócitos

(LEUC), linfócitos (LF), neutrófilos (NT) e monócitos (MN) de juvenis de tilápia do

Nilo alimentadas com dietas práticas suplementadas com níveis crescentes de

vitamina B6 e submetidos a estímulo pelo calor ............................................................. 44

IMPLICAÇÕES ............................................................................................................ 45

CAPÍTULO I

2

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Vitaminas

As vitaminas são um grupo de compostos orgânicos complexos que se

apresentam em pequenas quantidades nos alimentos, são essenciais para o equilíbrio

orgânico animal e promovem sinais de deficiência em caso de ausência. São necessárias

em pequenas quantidades na dieta para a manutenção da saúde, crescimento e

reprodução normal do organismo (McDowell, 1989).

As vitaminas são divididas em duas classes básicas de acordo com o tipo de

substância em que estas são solúveis, sendo lipossolúveis e hidrossolúveis; portanto,

solúveis em solventes orgânicos e solúveis em água, respectivamente. Algumas

vitaminas agem como cofatores enzimáticos (vitaminas A, K, B6, B12 e C, tiamina,

niacina, riboflavina, biotina, ácido pantotênico e folato), mas nem todos os cofatores

enzimáticos são vitaminas. Algumas têm função antioxidante (vitaminas C e E) e outras

agem como cofatores nas reações metabólicas de oxidação-redução (vitaminas E, K, e

C, niacina, riboflavina e ácido pantotênico) (Combs, 1998).

Vitamina B6

As três formas de ocorrência natural da vitamina B6 são a piridoxina (álcool), o

piridoxal (aldeído) e a piridoxamina (amina); estas formas são metabolizadas à piridoxal

fosfato no organismo animal. O piridoxal fosfato é a forma metabolicamente ativa da

vitamina e participa como coenzima, principalmente no metabolismo de proteínas.

Os compostos de vitamina B6 são absorvidos por difusão passiva, principalmente

no jejuno e íleo. A capacidade de absorção é grande; existem relatos da habilidade

animal de absorver quantidades na ordem de duas a três vezes maiores que sua demanda

fisiológica. A força motriz para que ocorra a absorção da vitamina B6 parece ser a

fosforilação e a ligação com proteínas, que ocorrem na mucosa intestinal e sangue

(Combs, 1998).

Os compostos da vitamina B6 são absorvidos pelo intestino na forma

defosforilada. O intestino delgado é rico em fosfatase alcalina para a reação de

3

defosforilação do piridoxal fosfato e piridoxamina fosfato. Após a absorção, estes

compostos são fosforilados na mucosa jejunal pela enzima piridoxal quinase e

transportados na corrente sanguínea ligados à proteínas plasmáticas. A piridoxina e

piridoxamina fosforiladas são então oxidadas à piridoxal fosfato no fígado (McDowell,

1989).

O piridoxal atravessa as membranas celulares mais facilmente que o piridoxal

fosfato, provavelmente por esta ser a forma mais facilmente capturada pelos tecidos,

sugerindo funções das fosfatases como retenção intracelular e, talvez, também, a captura

da vitamina. Após a captura pela célula, a vitamina é fosforilada pela enzima piridoxal

quinase, sendo a forma predominante nos tecidos. No organismo, são armazenadas

pequenas quantidades de vitamina B6, principalmente sob a forma piridoxal fosfato, e

em menor quantidade sob a forma de piridoxamina fosfato. Os principais reservatórios

da vitamina são o fígado, cérebro, rim, baço e músculo, onde se encontram ligados a

várias proteínas (McDowell, 1989). Menos de 0,1% do total da vitamina B6 corporal

está presente no plasma sanguíneo sob a forma de piridoxal fosfato, normalmente em

concentração menor que 1mmol, ligado a proteínas (principalmente a albumina

plasmática e hemoglobinas nos eritrócitos) por meio de bases Schiff (Combs, 1998).

A vitamina B6 é comumente encontrada no sangue na forma de piridoxal fosfato,

que é majoritariamente proveniente do metabolismo hepático. Este composto está

contido em eritrócitos e frequentemente é usado como parâmetro de condição

nutricional da vitamina B6. A reserva corporal total de vitamina B6 em humanos é

estimado em aproximadamente 1,0 mol, sendo a maioria (80,0 a 90,0%) encontrada em

músculos na forma de piridoxal fosfato, convertido pela enzima glicogênio fosforilase

(Combs, 1998).

A vitamina B6 é interconvertida metabolicamente por reações de

fosforilação/defosforilação, oxidação/redução e aminação/deaminação (Figura 1). A

vitamina não fosforilada penetra a membrana celular mais facilmente que seu análogo

fosforilado; aparentemente, a fosforilação é importante forma de reter a vitamina

intracelularmente. A enzima hepática piridoxal quinase fosforila a piridoxina, o

piridoxal e a piridoxamina produzindo os correspondentes fosfatos, e estes, antes de

atravessar a membrana celular, são defosforilados pela fosfatase alcalina em vários

tecidos (fígado, cérebro e intestino). A forma reduzida (piridoxina ou piridoxal) pode

4

ser oxidada pela enzima piridoxal desidrogenase, produzindo piridoxal fosfato, que

também pode ser aminado ou transaminado (Combs, 1998).

Figura 1: Interconversões da vitamina B6 (Murray, 2008)

A enzima limitante no metabolismo da vitamina B6 é a piridoxal fosfato oxidase,

que exige a riboflavina-5’-fosfato para sua síntese. Por esta razão, a privação de

riboflavina pode reduzir a conversão de piridoxina e piridoxamina à coenzima ativa

piridoxal fosfato. O fígado é o órgão central para o metabolismo da vitamina, pois

contém todas as enzimas envolvidas nas interconversões. As principais formas da

vitamina B6 neste órgão são o piridoxal fosfato e a piridoxina fosfato, que são mantidas

em concentrações intracelulares constantes, em reservatórios endógenos que não são

facilmente acessíveis para as moléculas recém-formadas. Posteriormente, um segundo

reservatório, que é facilmente mobilizado para conversão metabólica, é liberado para o

sangue (Combs,1998).

O excesso de coenzimas B6 acarreta em defosforilação destas pela fosfatase

alcalina, resultando em piridoxal que pode ser reutilizado, ou em oxidação pelo aldeído

oxidase e/ou NAD dependente desidrogenase, resultando em ácido piridóxico

(McDowell, 1989). A ligação do piridoxal fosfato à albumina protege a coenzima da

degradação na circulação. No fígado, esta é defosforilada e oxidada provavelmente pelo

FAD dependente aldeído (piridoxal) oxidase bem como a NAD dependente aldeído

5

desidrogenase, para produzir o ácido-4’-piridóxico. O ácido piridóxico é o produto final

do metabolismo, podendo ser recuperado qualitativamente na urina de indivíduos

(Combs, 1998).

Níveis urinários de ácido piridóxico são inversamente proporcionais à ingestão

de proteína; esse efeito parece ser maior em fêmeas do que em machos. De qualquer

modo, o ácido piridóxico não é detectado na urina de indivíduos deficientes em

vitamina B6, tornando essa avaliação ferramenta para conhecimento da reserva corpórea

da vitamina (Combs, 1998).

Fontes de Vitamina B6

A vitamina B6 é vastamente distribuída nos alimentos, ocorrendo em grandes

concentrações em ingredientes de origem animal e vegetal. Grande porção de vitamina

B6 em muitos alimentos está ligada à proteínas por meio de grupo amino de resíduos de

lisina e cistina. A vitamina também é encontrada nas formas quelatadas em pequenas

quantidades nos alimentos, principalmente nos de origem animal. Nos grãos de cereais,

as concentrações de vitamina B6 ocorrem primariamente no gérmen e extrato

aleurônico; entretanto, em consequência do refino dos grãos para a produção de farinha,

muitas dessas frações são removidas, diminuindo substancialmente as concentrações da

vitamina nestes alimentos (Combs, 1998).

As formas químicas da vitamina B6 variam nos alimentos: os vegetais possuem

maior quantidade de piridoxina; já os ingredientes de origem animal têm mais piridoxal

e piridoxamina. Nos alimentos, a vitamina B6 é instável em meio neutro ou alcalino,

particularmente quando exposta ao calor e à luz. A piridoxina é mais estável que o

piridoxal ou piridoxamina e as perdas durante o cozimento variam entre 0 a 40%,

dependendo da fonte de vitamina B6 (Combs, 1998).

A vitamina B6 dos alimentos, quase na sua totalidade, não está disponível

biologicamente. O piridoxal possui baixa disponibilidade, em ratos estima-se entre 20,0

a 30,0 % de disponibilidade dessa forma química, já em humanos, os valores aumentam

para 58,0%. A presença da piridoxina quelatada reduz sua biodisponibilidade. Esta pode

ser quelatada a peptídeos durante o processamento, cozimento ou digestão dos

alimentos (Combs, 1998).

6

Funções metabólicas da vitamina B6

A vitamina B6 ou piridoxina age como componente de várias enzimas,

envolvidas no metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos, participando,

particularmente, em vários aspectos do metabolismo protéico (McDowell, 1989). A

forma metabolicamente ativa da vitamina B6 é o piridoxal fosfato, utilizado como

coenzima de inumeras enzimas, a maioria envolvida no metabolismo de aminoácidos.

O numeroso grupo de enzimas dependentes dessa piridoxina inclui as

aminotransferases, que na sua maioria utiliza o α-cetoglutarato como receptor do

grupamento amino. Outras enzimas dependentes do piridoxal fosfato incluem as

descarboxilases, racemases e enzimas que catalisam alterações em aminoácidos de

cadeia secundária. Além disso, no metabolismo de aminoácidos o piridoxal fosfato

também serve como coenzima para as fosforilases e como modulador da estrutura

protéica (Combs, 1998).

A transferência de grupos amino ocorre via intermediários enzima-associados do

piridoxal fosfato. O sítio ativo da aminotransferase “em repouso” contém piridoxal

fosfato covalentemente ligado a um ε-amino grupo de um resíduo de lisina, que forma

parte da cadeia de aminoácidos da transferase. O complexo é, posteriormente,

estabilizado por ligações iônicas e hidrofóbicas. A ligação –CH=N– é chamada de base

Schiff. O carbono se origina do grupo aldeído do piridoxal fosfato e o nitrogênio é

doado pelo resíduo de lisina. Quando um substrato aminoácido pronto para ser

metabolizado, se aproxima do sítio ativo, seu grupo amino desloca o ε-amino grupo da

lisina e uma ligação de base Schiff é formada com o amino grupo do aminoácido

substrato. Nesse ponto, a molécula derivada do piridoxal fosfato não está ligada

covalentemente à enzima, mas está presa ao sítio ativo somente por interações iônicas e

hidrofóbicas entre ela e a proteína. A ligação de base Schiff envolvendo o aminoácido

substrato está em equilíbrio tautomérico entre uma aldimina, -CH=N- CHR2, e uma

cetimina, -CH2-N=CR (Devlin, 1998).

A hidrólise da cetimina libera um α-cetoácido, tornando o amino grupo parte da

estrutura da piridoxamina. O reverso do processo é agora possível: um α-cetoácido

reage com o grupo amino, a dupla ligação migra, e então, a hidrólise libera um

7

aminoácido. O piridoxal fosfato agora refaz sua base Schiff com a enzima “em

repouso”. A maioria das reações que necessitam de piridoxal fosfato envolve

transaminação, mas a capacidade da base Schiff de transferir elétrons entre átomos

diferentes permite que esse co-fator participe quando outros grupos, como as carboxilas,

devem ser eliminados (Lehninger et al., 1995).

As enzimas dependentes do piridoxal fosfato atuam na biossíntese de

neurotransmissores como a serotonina (pela triptofano decarboxilase), epinefrina e

norepinefrina (pela tirosina carboxilase) e γ-aminobutírico (importante fonte de energia

para o cérebro) pela glutamato decarboxilase; do vasodilatador e constritor de músculos

lisos histamina (pela histidina decarboxilase) e precursor porfirrina para o heme (ácido

δ-aminolevulínico sintetase) (Combs, 1998).

O piridoxal fosfato tem papel proeminente no metabolismo do triptofano e

muitas enzimas nessa via são dependentes deste composto. A quinureninase é afetada

pela deficiência da vitamina B6, enzima que remove a alanina do 3-hidroxiquinurenina

no metabolismo do triptofano. Além disto, a quinureninase catalisa a reação análoga

utilizando a quinurenina não hidroxilada como substrato, produzindo o análogo não

hidroxilado do 3-hidroquinurenina, o ácido antralínico. Aminotransferases dependentes

de B6 também são capazes de metabolizar a quinurenina e 3-hidroquinurenina,

produzindo os ácidos quinurênico e xanturênico, respectivamente (Combs, 1998). Pelo

fato de outras aminotransferases terem maior afinidade de ligação com o piridoxal

fosfato do que a quinureninase, a privação da vitamina B6 reduz primariamente a

atividade desta enzima, prejudicando a conversão metabólica do triptofano à niacina,

aumentando a produção de ácido xanturênico, que é eliminado pela urina (Devlin,

1998).

A vitamina B6 é necessária para que haja liberação de glicose a partir do

glicogênio, pois atua como coenzima da glicogênio fosforilase. Esta enzima catalisa a

primeira etapa de degradação de glicogênio, reação na qual o fosfato inorgânico é usado

na clivagem de uma ligação glicosídica α-1,4, gerando glicose 1-fosfato (Devlin, 1998).

Por esta razão, mais da metade da vitamina B6 corpórea está nos músculos e na

glicogênio fosforilase (Combs, 1998).

A enzima serina palmitoil-transferase, necessária para a biossíntese de

esfingolipídeos, tem como cofator o piridoxal fosfato, assim como outras enzimas

8

envolvidas na síntese de fosfolipídeos. O piridoxal fosfato parece ter função moduladora

sobre receptores de hormônios esteróides, inibindo a indução da tirosina

aminotransferase por glicocorticóides, provavelmente formando ligações de base Schiff

com o sítio de ligação do DNA do complexo de esteróides receptores, inibindo a ligação

ao DNA e deslocando o complexo do núcleo (Combs, 1998).

A vitamina B6 atua no suporte da competência imune; porém, esta ação não está

bem elucidada. Estudos com animais e humanos têm demonstrado efeitos de privação

de vitamina B6 nas respostas imunes humoral (diminuição na produção de anticorpos) e

mediadas por células (linfocitofilia, redução de respostas de hipersensibilidade

retardada, redução de células T citotóxicas e diminuição na produção de citocina). Esses

efeitos podem ser relacionados às atividades diminuídas de muitas enzimas dependentes

de piridoxal fosfato, tais como serina transhidroximetilase e timidilato sintetase,

diminuindo o metabolismo do carbono-1 e a síntese de DNA (Combs, 1998; Devlin,

1998).

A hemoglobina é uma proteína conjugada, composta por uma proteína simples, a

globulina, e por um núcleo prostético, do tipo porfirina, chamado heme, cujo principal

componente químico é o ferro. Dentre as vitaminas do complexo B essenciais para a

eritropoiese destaca-se a piridoxina (Feldman et al., 2000). Esta vitamina está envolvida

no primeiro passo da síntese do ácido aminolevulínico (ALA), que é a condensação de

resíduo de glicina com resíduo de succinil CoA, e que ocorre pela ação da ALA

sintetase, enzima dependente do piridoxal fosfato (Kaneko et al., 1997). Esta enzima

controla a etapa velocidade limitante da síntese do heme em todos os tecidos (Figura 2).

A modulação da atividade da ALA sintetase determina a quantidade dos substratos que

serão desviados para a biossíntese do heme. O heme, e também a hematina, agem como

repressor da síntese da ALA sintetase e como inibidor da sua atividade (Devlin, 1998).

A exigência em piridoxina elucida a anemia responsiva a deficiência desta

vitamina (Feldman et al., 2000). Portanto, a ausência ou a concentração inadequada da

piridoxina, pode prejudicar a síntese de eritrócitos, afetando a saúde do animal. A

anemia é descrita, segundo Feldman et al. (2000), como sendo a diminuição da

habilidade do sangue em suprir concentrações adequadas de oxigênio para os tecidos

desenvolverem as funções metabólicas adequadamente. Além destas funções a vitamina

B6 age na formação de anticorpos e transporte de aminoácidos (McDowell, 1989).

9

Figura 2. Síntese da hemoglobina (Feldman et al., 2000)

Hematologia, Nutrição e Estresse

O sangue, tecido líquido, móvel, do tipo conjuntivo, está em equilíbrio com

praticamente todos os outros tecidos, constituindo uma das grandes forças

homeostáticas do organismo (Kalashnikova, 1986). Distribui calor, transporta gases

respiratórios, nutrientes e produtos de excreção, além de atuar na defesa do organismo.

A aplicação da hematologia em pesquisa animal é bem aceita e considerada como

procedimento de rotina em métodos de diagnóticos (Ranzani-Paiva e Silva-Souza,

2004).

10

Ao longo da história evolutiva, os peixes tiveram cerca de 300 milhões de anos

para desenvolver o conjunto de adaptações, a fim de manter a homeostase orgânica na

interação com os ambientes. Hoje, tanto nos ambientes naturais como nos artificiais, os

peixes vêm sendo expostos à condições ambientais e orgânicas cada vez mais

desafiadoras do ponto de vista biológico. Tais condições têm efeitos negativos na saúde,

crescimento, reprodução e sobrevivência desses animais e podem resultar inclusive em

mudanças populacionais. Em termos gerais, estresse é o estado orgânico produzido pela

condição ambiental ou mesmo pela condição orgânica, que induzem a mudanças

fisiológicas e bioquímicas acima dos níveis normais (Val et al., 2004). Assim, em

peixes, a presença, quantidade e proporção das diferentes células no sangue periférico

refletem o estado fisiológico do organismo, em um dado momento ou durante

determinado período da vida (Ranzani-Paiva e Silva-Souza, 2004).

O estado nutricional do animal, consequência direta e indireta da quantidade e

qualidade dos nutrientes presentes e disponíveis na ração, tornou-se objetivo de

pesquisas para desenvolver estratégias nutricionais que influenciem, positivamente, a

saúde e resistência orgânica dos peixes. Embora a importância da nutrição para a

manutenção da higidez dos peixes seja evidente, os questionamentos ainda superam os

resultados conclusivos nesta linha de pesquisa (Barros et al., 2006).

As rações, adequadamente formuladas, são compostas, principalmente, por

macronutrientes (proteínas, lipídeos e carboidratos) e micronutrientes (vitaminas e

minerais). Embora ambas as classes de nutrientes possam afetar a saúde dos peixes,

algumas vitaminas e minerais têm sido mais estudados. As exigências nutricionais

ficam melhor evidenciadas na condição de ausência do nutriente na ração, sendo os

sinais clínicos mais facilmente identificáveis. No entanto, sabe-se que não só a ausência,

mas também a sub-dosagem e o excesso de nutrientes podem ser detrimentais à saúde

dos peixes (Barros et al., op. cit.).

Modificações consideradas discretas na formulação das rações podem não causar

sinais visíveis de alterações. Porém, podem influenciar a resistência a doenças e colocar

os peixes em condição de deficiência marginal. Frequentemente é difícil diagnosticar a

causa de deficiências nutricionais, porque a exigência quantitativa dos nutrientes está

determinada, especificamente, para crescimento. Mudanças fisiológicas seguidas de

11

diferentes condições de estresse (nutricional, físico, químico, dentre outros) são

detectadas por meio da avaliação de parâmetros sanguíneos como: eritrograma,

leucograma, proteína plasmática total, globulinas, imunoglobulinas, eletrólitos e

hormônios. Eritropoiese e leucopoiese anormais têm sido detectadas na ausência e ou

concentrações insuficientes de diversos nutrientes na ração (Barros et al., 2006).

O uso de parâmetros hematológicos, como indicadores de saúde, foi proposto

por Hesser (1960). Porém, esta técnica tem sido modestamente utilizada em sistemas de

produção. Contudo, Ranzani-Paiva e Silva-Souza (2004) ressaltaram que avaliações

sanguíneas relacionadas à respostas fisiológicas dos peixes têm sido mais

frequentemente adotadas por pesquisadores.

Vários autores encontraram relação direta entre variações do quadro hemático e

temperatura da água. Assim, Ranzani-Paiva e Godinho (1986) constataram que, no rio

Mogi-Guaçu – SP, Prochilodus scrofa apresenta valores mais altos para a porcentagem

de hematócrito e número de eritrócitos no inverno. Embora a taxa de hemoglobina tenda

a permanecer constante durante as estações do ano, a concentração de hemoglobina

corpuscular média (CHCM) sofre acentuada redução no inverno. Pastor (1983) afirmou

que o aumento do hematócrito, relacionado à diminuição da temperatura, pode

significar resposta fisiológica ao estresse causado por essa diminuição com a reposição

excedendo a taxa de mortalidade das células sanguíneas.

Val (1986), por outro lado, verificou que Colossoma macropomum do rio

Solimões – AM apresenta aumento do número de eritrócitos e taxa de hemoglobina com

a elevação da temperatura da água, e que a porcentagem de hematócrito e os índices

hematimétricos não sofreram alteração. A elevação dos valores hemáticos em altas

temperaturas pode representar necessidade de aumentar a captação de O2 em períodos

de baixas concentrações deste gás, prevalecentes em águas mais quentes. Assim, a

variação sazonal observada em peixes selvagens corresponde, nestas condições, ao

padrão normal (Ranzani-Paiva e Silva-Souza, 2004).

12

Estresse em peixe

A tendência atual de intensificação dos sistemas de produção de peixes, visando

maior produção e lucro por área, propicia o aparecimento de doenças nesses animais.

Isso ocorre principalmente em função da deterioração da qualidade da água como

consequência da superlotação, comprometendo diretamente a saúde dos animais. Essa

condição de criação exige, dos profissionais da aquicultura, maior conhecimento dos

sistemas de defesa dos peixes, a fim de minimizar os efeitos nocivos, inerentes deste

sistema de produção. Igualmente, tornou-se fundamental otimizar o sistema de defesa

dos peixes, sendo que a melhora da resposta imune, via nutrição, se apresenta como

alternativa atraente e possível (Barros et al., 2006).

Na aquicultura variações de temperatura da água são frequentes e a adaptação a

esta situação faz parte da fisiologia dos peixes. Porém, a intensificação da produção

torna essas variações fator crítico relacionado ao estresse, com consequente supressão

do sistema imune. Ao deparar com o agente estressor, os peixes são capazes de acionar

diversos ajustes nos vários níveis de organização biológica, como forma de minimizar

os efeitos orgânicos impostos e manter, assim, suas funções biológicas. Ao perceber

alterações ambientais ou fisiológicas, o animal desencadeia ajustes, começando

normalmente com mudança de comportamento. Em termos gerais, as respostas a

agentes estressores podem ser classificadas em respostas primárias, secundárias e

terciárias (Iwama et al., 1999).

O uso de estratégias nutricionais que favoreça o mecanismo de defesa dos peixes

tem demonstrado grande importância para a obtenção de peixes saudáveis. Os animais

resultantes desta técnica se tornam mais capazes em reagir ao impacto de alterações

ambientais e ataque de agentes oportunistas, isto com maiores chances de sobrevivência

(Torrecillas et al., 2007). Desta forma, é preciso que os peixes possuam condições

nutricionais saudáveis para construir seu próprio sistema de defesa e, assim, torná-los

aptos a responder aos desafios impostos.

São consideradas estratégias nutricionais, o uso de nutrientes e compostos, em

quantidades adequadas, que possam permitir o crescimento desejado com melhores

condições de higidez (Barros et al., 2006). O uso de estratégias nutricionais exige

13

conhecimento das exigências nutricionais, baseado na saúde e crescimento dos peixes.

Evidências têm indicado que, a maioria, se não todos, nutrientes dietários essenciais,

bem como, o manejo alimentar, influenciam a resistência às doenças (Webster, 2007).

Exigência e sinais clínicos de deficiência

A exigência de vitamina B6 pode ser afetada por diversos fatores, tais como

espécie, sexo, idade, estádio de maturação gonadal, função fisiológica, componentes

dietários e flora intestinal, entre outros. Algumas espécies de peixes têm demonstrado

exigência dietária de piridoxina para crescimento e hematopoiese normais, incluindo

salmonídeos (Halver, 1957; Phillips e Livingston, 1965), bagre do canal (Dupree,

1966), carpa comum (Ogino, 1965), e yellowtail (Sakaguchi et al., 1969). Em peixes, a

deficiência de vitamina B6 tem sido associada à diminuição do ganho de peso, anorexia,

edema, tetania, convulsões, forma epileptiforme e outras desordens neurológicas

(Halver, 1989).

Lim et al. (1995) observaram que 3,0 mg de piridoxina/kg da dieta foi suficiente

para máximo crescimento, eficiência alimentar, sobrevivência e prevenção de vários

sinais de deficiência em tilápias híbridas vermelhas. Mohamed (2001) observou sinais

de deficiência de vitamina B6 como anorexia, letargia, tetania, convulsões e hemorragias

no intestino e fígado em dietas ausentes de piridoxina em bagre indiano

(Heteropneustes fossilis) e concluiu que a exigência deste peixe para o máximo

crescimento foi de 3,21 mg de piridoxina/kg da dieta e para manutenção de parâmetros

sangüíneo normais de 3,4 mg/kg da dieta.

Kissil et al. (1981) determinaram para o gilthead seabream (Sparus auratas) de

tamanhos diferentes, o nível de 1,97 mg de piridoxina/kg da dieta. No entanto, estes

autores observaram que este nível não proporcionou atividade suficiente da alanina

aminotransferase, indicando que o nível proposto de exigência deva estar aquém das

necessidades do animal, embora não apresentando sinais clínicos de deficiência. De

acordo com Lovell (1998) sinais de deficiência desenvolvem–se rapidamente nos

peixes, incluindo desordens nervosas como hipersensibilidade a ruídos, falta de

coordenação no nado, convulsões, tetania quando manejados, desenvolvimento de

14

coloração azul-esverdeada da pele do bagre do canal (Ictalurus punctatus) e edema,

exoftalmia e lesões na pele na carpa comum (Cyprinus carpio).

Andrews e Murai (1979), estudando a exigência de piridoxina para o bagre do

canal, determinaram que esta espécie necessita aproximadamente 3,0 mg/kg da dieta

para crescimento máximo. Estes autores observaram ainda, efeito deletério nos

parâmetros hematológicos de níveis elevados de piridoxina (20 mg/kg da dieta) como

anemia microcítica e normocrômica. Albrektsen et al. (1993) testaram dietas práticas

com níveis crescente de vitamina B6 para salmão do Atlântico e o desafiaram com a

bactéria Aeromonas salmonicida. Concluiram que a vitamina não melhorou a resistência

à bactéria e que o crescimento, mortalidade e hematologia também não foram afetados

pela suplementação.

Segundo Devlin (1998), a necessidade de vitamina B6 na dieta é diretamente

proporcional ao conteúdo protéico, devido ao grande número de aminotransferases

dependentes de piridoxal fosfato. Deste modo, Hilton (1989) sugeriu que,

possivelmente, a interação entre a vitamina B6 e os níveis de proteína na dieta poderia

ocorrer em peixes, por estes animais possuírem maior exigência em proteína que a

maioria das espécies de animais domésticos. Este autor enfatizou ainda, que os peixes,

por possuírem maior exigência de proteína, possivelmente teriam maior exigência para a

vitamina B6. Shiau e Hsieh (1997) concluíram que para juvenis de tilápia híbrida quanto

maior a concentração de proteína dietária, maior será a necessidade de suplementação

de vitamina B6.

Com base nessas informações, esta pesquisa se apresenta em um capítulo

intitulado:

Capítulo II – “Suplementação de vitamina B6 em dietas práticas e purificadas no

desempenho produtivo e resposta hematológica da tilápia do Nilo submetida a estímulo

térmico”. A redação deste capítulo foi realizada de acordo com as normas de publicação

da revista Journal of Applied Aquaculture.

15

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18

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Estadual Paulista, 2007. p. 21-34.

CAPÍTULO II

20

Suplementação de vitamina B6 em dietas práticas e purificadas no desempenho

produtivo e resposta hemática da tilápia do Nilo submetida a estímulo térmico

RESUMO – A pesquisa teve por objetivo avaliar a suplementação de vitamina B6 em

dietas práticas (Estudo – I) e purificadas (Estudo – II) sobre o desempenho produtivo e

resposta hemática da tilápia do Nilo submetida a estímulo térmico. O período

experimental foi de 91 dias, Estudo – I, e 84 dias, Estudo - II. No Estudo – I, 192

alevinos com peso médio inicial de 8,41 ± 0,22 g, foram distribuídos aleatoriamente em

32 tanques-rede de 200L (quatro tanques-rede/ aquário de 1000 L). No Estudo – II, 140

alevinos com peso médio inicial de 6,32 ± 0,16 g, foram distribuídos em 28 aquários de

50L. Foram avaliadas oito dietas, sendo quatro práticas e quatro purificadas com níveis

crescentes de piridoxina (0,0; 5,0; 10,0 e 20,0 mg de piridoxal HCl /kg da dieta). Ao

final do período experimental os peixes foram pesados e a ração quantificada para a

avaliação do desempenho produtivo (ganho de peso, consumo de ração, conversão

alimentar aparente, taxa de eficiência proteica, taxa de crescimento específico, taxa de

retenção proteica e porcentagem de sobrevivência). Posteriormente, foram efetuadas as

análises hematológicas dos peixes (contagem de eritrócitos, porcentagem de

hematócrito, taxa de hemoglobina e confecção de lâminas de extensão sanguínea). Em

seguida, 48 peixes foram transferidos para a sala de desafio, distribuídos em 24 aquários

de 40 L (dois peixes/ aquário) e submetidos por três dias ao estímulo térmico (32ºC).

Após este período, foram realizadas as mesmas análises hematológicas feitas

anteriormente. Os peixes alimentados com dietas não suplementadas de piridoxina

apresentaram menor ganho de peso e baixa retenção de proteína na carcaça. Sinais

clínicos de deficiência de piridoxina como apatia, natação errática e hipersensibilidade

foram observados em peixes alimentados com dieta purificada não suplementada, que,

além de estarem anêmicos, apresentaram baixa porcentagem de sobrevivência. A

presença de níveis adequados de vitamina B6 é essencial para o adequado crescimento e

higidez da tilápia do Nilo e a exigência é de 5,0 mg de piridoxina /kg da dieta.

Palavras chave: desempenho produtivo, hematologia, piridoxina, proteína, temperatura

21

VITAMIN B6 REQUIREMENT OF NILE TILAPIA FED PRACTICAL AND

PURIFIETS DIETS: PERFORMANCE AND HEMATOLOGICAL RESPONSES

ABSTRACT – The aim of this study was to evaluate the vitamin B6 supplementation in

practical and purifiet diets on growth performance and hematological response of Nile

tilapia subimitted to heat stress. The 91-day and 84-day trials were undertaken out, to

evaluate the effect of vitamin B6 on hematological parameters and plasma protein

plasma of Nile tilapia. 192 Nile tilapia fingerlings with approximately 8 g weight were

randomly stocked into 32 200L-aquaria and fed practical diets, and 140 fingerlings with

6 g weight were randomly stocked into 28 50L-aquaria fed diets containingraded levels

of vitamin B6 (0, 5, 10 and 20 mg pyridoxal HCl/kg diet). At the end of the

experimental period, fish and diets were weighed to evaluate weight gain, feed intake,

feed conversion ratio, survival, specific growth rate, protein efficiency ratio and protein

retention. Afterward, fish were bled and sample collected to evaluate hematological

parameters. After these analyses the fish were transferred to the challenge room and

distribuited into 48 aquaria, remaining at temperature of 32ºC during three days. At the

end, the same hematological analyses were performed. Fish fed the non-supplemented

diet showed reduced weight gain and protein retention. Clinical signs of vitamin B6

deficiency observed of fish fed purified diet non-supplemented resting and abnormal

swimming, behavior and hypersensibility, anemia and low survival were observed.

Vitamin B6 requirement of Nile tilapia is 5.0 mg pyridoxal/kg diet.

Key words: growth performance, hematology, pyridoxine, protein, temperature.

22

INTRODUÇÃO

A nutrição de peixes tem se desenvolvido globalmente, de forma a acompanhar

o crescimento global da aquicultura. No entanto, o aumento no desenvolvimento desta

área de conhecimento da Zootecnia tem se fixado principalmente na energia, proteína

aminoácidos e ácidos graxos e suas respostas sobre o desempenho dos peixes mais

cultivados no Brasil. Alia-se a isto, a necessidade de produzir dietas que proporcionem

peixes com maior resistência a fatores estressantes, sendo comum considerar apenas as

respostas sobre o desempenho produtivo nos estudos de determinação das exigências

nutricionais.

Estudos abordando a exigência em vitamina têm sido conduzidos utilizando

dietas purificadas ou semipurificadas de forma a reduzir a influência de fatores

extrínsecos. Apesar de serem mais precisos, seus resultados geralmente são

imprevisíveis quando extrapolados para condições práticas. Desta forma, a utilização de

ingredientes convencionais e o processo de extrusão na confecção das dietas em estudos

convencionais em vitaminas podem tornar as condições mais reais, visto as condições

experimentais serem semelhantes àquelas utilizadas no processo de produção comercial

de tilápias (Guimarães, 2009).

Vários são os aspectos a serem avaliados numa ração os quais, em função da

participação metabólica, podem determinar o preparo do peixe para transpor situações

adversas. As vitaminas são elementos essências para a vida, e a maioria possui em sua

estrutura compostos nitrogenados, os quais o organismo não é capaz de sintetizar.

Portanto, a ausência ou concentrações inadequadas destes elementos na alimentação

provocam manifestações de carência no organismo (Devlin, 1998).

A vitamina B6 é uma vitamina hidrossolúvel, e suas formas de ocorrência natural

são a piridoxina, piridoxal e piridoxamina. As três formas são eficientemente

convertidas pelo organismo em piridoxal fosfato, forma metabolicamente ativa

necessária para a síntese, catabolismo e interconversão de aminoácidos (Devlin, 1998).

Dentre as vitaminas do complexo B essenciais para a eritropoiese, destacam-se a

piridoxina, folato, riboflavina, niacina, tiamina e cianocobalamina (Feldman et al.,

2000). O primeiro passo na síntese da hemoglobina é a formação do ácido

aminolevulínico a partir do succinato (ciclo de Krebs) e da glicina. A vitamina B6 atua,

23

nesta fase, como cofator da enzima aminolevulínico sintetase, ALA-sintetase (Kaneko

et al., 1997). A exigência em piridoxina elucida a anemia responsiva na deficiência

desta vitamina (Feldman et al., 2000). Portanto, a ausência ou a concentração

inadequada da piridoxina, podem prejudicar a síntese deste composto, afetando à saúde

do animal. A anemia é descrita, segundo Feldman et al. (2000), como sendo a

diminuição da habilidade do sangue em suprir concentrações adequadas de oxigênio

para os tecidos que permitam desenvolver as funções metabólicas adequadamente.

Mudanças fisiológicas seguidas de diferentes condições de estresse, nutricional,

físico, químico, dentre outros, são detectadas por meio da avaliação de parâmetros

sanguíneos como: eritrograma, leucograma, proteína plasmática total, globulinas,

imunoglobulinas, eletrólitos e hormônios. Eritropoiese e leucopoiese anormais têm sido

detectadas na ausência e ou concentrações insuficientes de diversos nutrientes na ração

(Barros et al., 2006).

Com base no exposto, esta pesquisa teve por finalidade avaliar a suplementação

de níveis crescentes de piridoxina, em dietas práticas e purificadas, no desempenho

produtivo e na resposta hemática da tilápia do Nilo submetida a estímulo térmico.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na UNESP – Universidade Estadual Paulista,

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Melhoramento e

Nutrição Animal, Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos – AquaNutri,

Câmpus de Botucatu.

Foram utilizados alevinos de tilápia do Nilo, inicialmente alojados em

aquários de 250 L, para seleção e distribuição nos aquários experimentais. Os peixes

foram alimentados com dieta prática isenta de suplementação de piridoxina durante

15 dias antes do início do experimento com objetivo de depletar as reservas de

vitamina B6. No início da pesquisa, 20 peixes foram amostrados para a análise de

matéria seca e proteína total da carcaça. Estes peixes foram anestesiados por imersão

em solução alcoólica de benzocaína à 67 mg/L de água até completa sedação e

morte.

24

No Estudo - I (dietas práticas), os alevinos com peso médio de 8,41 ± 0,22 g

foram distribuídos em 32 tanques-rede (quatro tanques-rede/ aquário de 1000 L),

com capacidade de 200 L e com densidade de seis peixes por tanque-rede. No

Estudo – II (dietas purificadas), os alevinos com peso médio de 6,32 ± 0,16 g foram

distribuídos em 28 aquários de 50 L com densidade de cinco peixes por aquário. Os

aquários utilizados eram dotados de sistema de recirculação de água, com

aquecimento controlado por sistema digital integrado e temperatura da água

constante (26,0 ± 0,5°C). A água do sistema era acoplada a central de aeração e

filtragem físico-biológica, a qual manteve sua qualidade e possibilitou dez

renovações diárias. O arraçoamento foi feito até saciedade aparente quatro vezes ao

dia (8h00, 11h00, 14h00, 17h00), de forma a não haver sobra nos aquários.

As dietas foram balanceadas de acordo com os valores de proteína e

aminoácidos digestíveis determinados por Furuya et al. (2001) e Guimarães et al.

(2008), sendo os demais valores utilizados de acordo com os coeficientes de

digestibilidade da energia e nutrientes dos alimentos determinados por Pezzato et al.

(2002). As rações práticas e purificadas foram formuladas para atender a exigência em

28,0% de proteína digestível e 3000 kcal/kg de ração em energia digestível. O

suplemento vitamínico e mineral adicionado era isento de vitamina B6, e a fonte

utilizada da vitamina foi o cloridrato de piridoxina com 96% de atividade (Tabelas 1 e

2).

Foram avaliadas dietas práticas e purificadas com quatro níveis de

suplementação de piridoxina, que constituíram os tratamentos: dieta controle ausente de

suplementação de piridoxina; suplementada com 5,0 mg de piridoxina HCl/kg;

suplementada com 10,0 mg de piridoxina HCl/kg da dieta e suplementada com 20,0 mg

de piridoxina HCl/kg da dieta.

As dietas elaboradas, após a pesagem e homogeneização dos ingredientes, foram

acrescidas de água a 55,0°C, na proporção de 25% do peso total da mistura.

Posteriormente, a mistura foi processada em extrusor de rosca simples de forma a se

obter grânulos com diâmetro aproximado de 4,0 mm e desidratada em estufa de

ventilação forçada de ar à 55,0°C, durante 12h.

Diariamente foi medida a temperatura da água e, semanalmente, o pH, teor de

oxigênio dissolvido e amônia total. Os aquários foram sifonados mensalmente nos dois

25

primeiros meses e depois de 60 dias foram sifonados quinzenalmente, para manter a

qualidade da água. Ao final de 91 dias (Estudo – I), e 84 dias (Estudo – II), foram

determinados os valores de ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão

alimentar aparente (CAA), taxa de sobrevivência (SOB), taxa de eficiência protéica

(TEP), taxa de crescimento específico (TCE) e taxa de retenção protéica (TRP). Após a

pesagem dos animais, foram realizadas as análise hematológicas, antes e após o

estímulo térmico. O conteúdo de proteína bruta, matéria seca, extrato etéreo e cinzas das

dietas foram determinados de acordo com os protocolos da AOAC (1995). A vitamina

B6 nas dietas foi determinada por cromatografia líquida de alta eficiência – HPLC.

Para a avaliação dos parâmetros hematológicos foram retirados aleatoriamente

seis peixes por tratamento dentre os tanques-redes (Estudo - I) e aquários (Estudo - II).

Os peixes foram anestesiados (benzocaína, 1g/15 L de água) e, após estarem

completamente sedados, foram realizadas as coletas de sangue por punção vaso caudal,

com seringa de 1,0 mL banhada com anticoagulante, EDTA a 3,0%.

A contagem do número de eritrócitos (Erit) foi realizada pelo método do

hemocitômetro em câmara de Neubauer, utilizando-se Azul de Toluidina Merck

a

0,01%, diluído em solução fisiológica 0,9%, em pipeta de Thoma na proporção 1:200.

A taxa de hemoglobina (Hb) foi determinada pelo método da cianometahemoglobina,

utilizando-se kit comercial Hemoglobina Analisa Diagnóstica

, para determinação

colorimétrica. A porcentagem de hematócrito (Htc) foi obtido utilizando-se o método do

microhematócrito. As variáveis acima apresentadas foram avaliadas utilizando-se as

técnicas descritas por Jain (1986). Foram determinados os índices hematimétricos

volume corpuscular médio [VCM = (Htc/eritrócitos) x 10] e concentração de

hemoglobina corpuscular média [CHCM = (Hb/Htc) x100], úteis na classificação

morfológica das anemias e avaliação da resposta eritropoiética (Wintrobe, 1934).

A diferenciação dos leucócitos foi realizada em extensão sanguínea, corada com

May-Grünwald Giemsa (Rosenfeld, 1947). Para tal, as lâminas foram previamente

limpadas, desengorduradas e devidamente identificadas (duas lâminas/peixe). Após a

confecção essas foram acondicionadas em caixas apropriadas e posteriormente coradas

utilizando-se técnica descrita por Jain (1986). A contagem diferencial foi realizada em

microscópio utilizando-se aumento 100X. Foram contadas 200 células, estabelecendo-

se o percentual de cada componente celular de interesse.

26

A proteína plasmática total (PPT) foi mensurada por meio do uso de refratômetro

manual de Goldberg, pela quebra do capilar de microhematócrito logo acima da camada

de leucócitos, após a leitura do hematócrito. Para a análise de albumina foram utilizadas

as mesmas amostras de sangue colhidas para o hemograma. Estas foram centrifugadas

em centrífuga refrigerada Eppendorf

a 3000 rpm durante 10 minutos para obtenção do

plasma. A quantidade de albumina (ALB)foi determinada pelo método do verde de

bromocresol utilizando-se kit comercial Albumina Analisa Diagnóstica

, para

determinação colorimétrica. De posse dos resultados de albumina e proteína plasmática

total foi então determinada a quantidade de globulina (GLOB) no plasma e a relação

albumina:globulina (ALB:GLOB).

Após as avaliações hematológicas, os peixes foram transferidos para a sala

experimental de desafio por temperatura, que era composto de 24 aquários de 40 L, com

filtros individualizados e aeração. Foram distribuídos aleatoriamente 48 peixes, na

densidade de dois peixes por aquário. O delineamento experimental foi inteiramente

casualizado com oito tratamentos e seis repetições, sendo cada peixe considerado uma

repetição.

Após a distribuição dos peixes, a temperatura da água dos aquários foi

aumentada gradativamente para 32,0ºC, acima do conforto térmico para a espécie,

permanecendo neste valor por três dias. Ao final desse período foram avaliados os

mesmos parâmetros hematológicos do momento anterior ao estímulo.

Os dados de ganho de peso médio, taxa de crescimento específico, taxa de

eficiência protéica e taxa de retenção protéica foram submetidos à técnica de análise de

variância para o modelo com um fator, complementada com teste de comparações

múltiplas de Tukey. Os dados de conversão alimentar aparente (CAA) e sobrevivência

(SOB) foram submetidos ao teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, complementado

com as comparações múltiplas de Dunn (Zar, 1999). Os dados de hematologia foram

submetidos à análise de variância para o modelo de medidas repetidas em grupos

independentes (Johnson e Wichern, 2002).

27

RESULTADOS

Os parâmetros físico-químicos da água: pH, oxigênio dissolvido (mg/L), amônia

total (mg/L) , e alcalinidade (mg de CaCO3/ L) foram: 7,0 ± 0,5; 7,05 ± 0,15; 0,11 ±

0,07; 100,00 ± 10,00, respectivamente. Os parâmetros de qualidade da água foram

adequados e recomendados para a espécie em estudo de acordo com Boyd (1996).

Os valores de GP, CR, CAA, TEP, TRP e SOB, para as dietas práticas e

purificadas, estão apresentados na Tabela 3. Os peixes alimentados com as dietas

não suplementadas (prática e purificada) apresentaram menor ganho de peso em

relação aos alimentados com as dietas suplementadas. Os peixes alimentados com

dieta prática suplementada com 10,0 mg de piridoxina apresentaram maior ganho de

peso. Os peixes alimentados com dietas práticas apresentaram maior ganho de peso

e consumo de ração que os que alimentados com dietas purificadas.

Os peixes alimentados com dieta purificada isenta de suplementação

apresentaram pior conversão alimentar aparente em relação aos peixes que

receberam dietas purificadas suplementadas e dietas práticas, suplementadas ou não.

A suplementação de vitamina B6 não influenciou a taxa de eficiência proteica dos

animais alimentados com dietas práticas. Já nos animais arraçoados com dieta

purificada ausente de suplementação estes índices foram menores.

A suplementação de piridoxina favoreceu a taxa de retenção proteica, sendo

que a inclusão de 10,0 e 20,0 mg de piridoxina/kg nas dietas prática e purificada,

respectivamente, determinaram maior retenção proteica nos peixes. Para

porcentagem de sobrevivência, peixes alimentados com dieta purificada ausente de

suplementação apresentaram menores valores em relação aos alimentados com

dietas purificas e suplementadas com piridoxina e quando comparado com dieta

prática não suplementada.

Na Tabela 4 estão apresentados os valores médios de Erit, Htc, Hb, VCM e

CHCM, na fase anterior (Fase I) e posterior (Fase II) ao estímulo térmico.

A suplementação de piridoxina nas dietas práticas não influenciou o número de

eritrócitos dos peixes antes do estímulo térmico. Porém, peixes alimentados com dietas

purificadas ausentes de piridoxina apresentaram menor número de eritrócitos, antes e

após o estímulo térmico. A porcentagem de hematócrito aumentou em peixes

28

alimentados com dietas prática após o estímulo térmico; apenas os animais arraçoados

com dieta suplementada com 20 mg de piridoxina/ kg apresentaram valores menores

para este parâmetro. Os peixes alimentados com dieta purificada ausente de

suplementação apresentaram baixa porcentagem de hematócrito em relação às dietas

purificadas suplementadas e dieta prática ausente de suplementação.

A taxa de hemoglobina de peixes alimentados com dietas práticas não foi

influenciada pela suplementação de piridoxina. Entretanto, os animais arraçoados com

dieta purificada ausente de suplementação apresentaram menor valor, tanto quando

comparados com os peixes alimentados com dietas purificadas suplementadas, como

quando comparados com os alimentados com dieta prática ausente de piridoxina.

O índice hematimétrico, VCM, não foi influenciado pela suplementação de

piridoxina nas diferentes dietas e momentos. Os animais alimentados com dietas

práticas suplementadas apresentaram maior valores de CHCM apenas no momento

anterior ao estímulo térmico. Quando alimentados com dietas purificadas houve

aumento do CHCM após o estímulo, com exceção dos peixes alimentados com dietas

suplementadas com 20 mg de piridoxina/kg.

A Tabela 5 apresenta a quantidade de PPT, ALB, GLOB e relação A:G de

tilápias alimentadas com dietas práticas e purificadas suplementadas com vitamina B6

antes e após o estímulo térmico. A suplementação de piridoxina não influenciou a

proteína plasmática total, albumina, globulina e relação A:G dos peixes alimentados

com dietas prática e purificada no momento anterior ao estímulo.

Após o estímulo térmico, os valores de PPT e ALB dos peixes alimentados com

dieta prática suplementada com 20 mg de piridoxina/kg apresentaram-se menores. A

ausência de suplementação na dieta prática causou aumento da PPT nos animais em

relação ao momento anterior ao estímulo e aos peixes alimentados com dieta purificada

isenta de suplementação. A GLOB e a relação A:G não foram influenciadas nem pela

suplementação de vitamina B6 nem pelo estímulo térmico.

Na Tabela 6 estão apresentadas as medianas da quantidade de leucócitos totais

(LEUC), monócitos (MN), neutrófilos (NT) e linfócitos (LF) de tilápias alimentadas

com dietas práticas e purificadas e níveis crescentes de piridoxina e submetidas a

estímulo térmico. A suplementação de piridoxina não influenciou a quantidade de

leucócitos totais, linfócitos, neutrófilos e monócitos. Após o estímulo térmico, peixes

29

alimentados com dieta prática e suplementada com 5,0 mg de piridoxina/kg

apresentaram menor número de neutrófilos e monócitos. De modo geral, após estímulo

térmico, peixes alimentados com dietas práticas apresentaram maiores valores de

células brancas que peixes alimentados com dietas purificadas.

DISCUSSÃO

Em peixes, o metabolismo e armazenamento de glicogênio são limitados, a

maioria da glicose necessária para a produção de energia provém das proteínas (De

Silva e Anderson, 1995). A forma metabolicamente ativa da vitamina B6, piridoxal

fosfato (PLP), é essencial para a produção de energia a partir de aminoácidos, porque

ativa inúmeras aminotransferases, e também pode ser considerada a vitamina de

liberação de energia, pois atua como coenzima da glicogênio fosforilase. Esta enzima

catalisa a primeira etapa de degradação de glicogênio, reação na qual o fosfato

inorgânico (PLP) é usado na clivagem da ligação glicosídica α-1,4, gerando glicose 1-

fosfato (Devlin, 1998).

O desempenho dos animais em ambos os estudos foram afetados pelo nível de

vitamina B6 suplementado na dieta. Os peixes alimentados com a dieta isenta de

suplementação de piridoxina apresentaram menor ganho de peso, provavelmente,

devido ao comprometimento do metabolismo de aminoácidos e catálise do glicogênio

(Combs, 1998). Apesar do ganho de peso dos peixes alimentados com as dietas práticas

e purificadas apresentarem comportamento semelhante os peixes alimentados com as

dietas purificadas ganharam em média 51,0% menos peso que os alimentados com as

dietas purificadas. Isto, provavelmente, ocorreu devido à baixa palatabilidade da ração,

que diminuiu significativamente o consumo dos peixes por dietas purificadas (46,0%

menor que o consumo das dietas práticas).

A conversão alimentar foi prejudicada em peixes alimentados com dietas

purificadas isentas de vitamina B6. Comportamento semelhante foi observado para a

taxa de eficiência protéica, devido à menor deposição de proteína. A suplementação de

piridoxina nas dietas (prática e purificada) proporcionou maior retenção de proteína na

carcaça. Resultados similares foram observados para tilápia híbrida (Shiau e Hsieh,

30

1997) quando estudadas as exigências de piridoxina com diferentes concentrações de

proteína dietária.

Apesar de não ter sido observado efeito significativo sobre a taxa de eficiência

proteica, a suplementação de piridoxina em peixes alimentados com dietas práticas

proporcionou melhores valores para estes parâmetros. A porcentagem de sobrevivência

dos animais que receberam dietas purificadas foi significativamente afetada pela

ausência da vitamina B6, chegando a 20%. Baixas taxas de sobrevivência têm sido

relatadas em peixes alimentados com dietas isentas de suplemetação de piridoxina

(Andrews e Murai, 1979; Mohamed, 2001; Huang et al., 2006).

A deficiência de vitamina B6 em animais e humanos conduz a mudanças

comportamentais, funções sensoriais como hipoacusia (perda de audição) e

hipopselafesia (perda do tato) e outras desordens do sistema nervoso como convulsões e

distúrbios motores (Schaeffer, 1987; Baxter, 2003). O desenvolvimento dessas

anormalidades é consequência do mau funcionamento do sistema nervoso afetado pela

deficiência de vitamina B6 (Schaeffer, 1987; Groziak e Kirksey, 1990; Wei et al., 1999),

que é evidenciado pelo fato de que neurotransmissores como dopamina, noraepinefrina,

ácido γ-aminobutírico (GABA), serotonina e taurina serem sintetizados por enzimas

dependentes de piridoxal fosfato (Guilarte, 1989; Dakshinamurti, 1990).

Na presente pesquisa, os animais arraçoados com dietas purificadas e ausentes

de suplementação de piridoxina, após a segunda semana do início do período

experimental, apresentaram sinais clínicos de deficiência tais como apatia, natação

errática e hipersensibilidade. Tais sinais também foram observados por Huang et al.

(2006) em Epinephelus coioides deficientes em vitamina B6. Apesar das análises não

acusarem a presença de piridoxina nas dietas práticas não suplementadas, o mesmo não

ocorreu em animais arraçoados com estas dietas. Na literatura valores para maior

desempenho produtivo e manutenção dos parâmetros hematológicos foram descritos

para carpa comum, 5,4 mg/ kg (Ogino, 1965); red seabream (5,0 a 6,0 mg/ kg) (Takeda

e Yone, 1971); turbot (1,0 a 2,5 mg/ kg) (Adron et al., 1978); bagre do canal (3,0 mg/

kg) (Andrews e Murai, 1979), gilthead seabream (1,97 mg/ kg) (Kissil et al., 1981) e

bagre indiano (3,21 mg/ kg) (Mohamed, 2001).

Além dos sinais clínicos de deficiência de vitamina B6 observados, alta taxa de

infecção por organismos patogênicos foram notados nos animais na avaliação post

31

mortem. Esses efeitos podem ser relacionados às atividades diminuídas de várias

enzimas dependentes de piridoxal fosfato, tais como serina transhidroximetilase e

timidilato sintetase, diminuindo o metabolismo do carbono-1 e a síntese de DNA, que

atua na diferenciação de células do sistema imune (Combs, 1998; Devlin, 1998).

Uma hipótese para a diferença na porcentagem de sobrevivência e detecção de

sinais clínicos de deficiência entre os animais alimentados com a dieta prática e

purificada ausente de suplementação de vitamina B6 seria que, ainda que os sinais

clínicos observados nos animais alimentados com a dieta ausente de suplementação de

vitamina B6 sejam correlatos a esta deficiência, é necessário ressaltar que, o consumo de

ração por esses animais foi 46,0% menor se comparado com os animais que receberam

a ração prática não suplementada com piridoxina. Isto demonstra que o baixo consumo

de ração pode ter determinado não só a deficiência de vitamina B6, porém dos demais

nutrientes necessários para o crescimento e saúde dos peixes, o que culminou na baixa

porcentagem de sobrevivência e possível infecção por agentes patógenos. O maior

período de arraçoamento (15 dias) com a dieta prática ausente de suplementação de

piridoxina invalida a hipótese de maior reserva desta vitamina para os peixes que

receberam esta ração. Outra possível explicação para esta diferença seria a provável

síntese desta vitamina pelas bactérias do trato digestório, porém a literatura descreve

esta ação somente para animais que desenvolvem coprofagia (Combs, 1998), o que

também invalida esta hipótese.

O estudo dos componentes do sangue e suas funções tem sido importante

ferramenta para o conhecimento das condições de equilíbrio orgânico normal e

patológico. Por meio da hematologia é possível determinar a influência de condições

nutricionais e ambientais, que possam alterar a higidez dos peixes, colaborando no

diagnóstico de condições adversas (Ranzani-Paiva e Silva-Souza, 2004) e na

compreensão da relação entre as características sanguíneas e a saúde dos peixes e sua

associação com o ambiente (Tavares-Dias et al., 1999).

As características hematológicas dos peixes hígidos apresentam ampla variação

em função de fatores internos e externos. Desta forma, para se utilizar estes parâmetros

como instrumento de diagnóstico de possíveis patologias é preciso, inicialmente,

conhecer os valores normais, considerando-se a amplitude de variação fisiológica destes

e as características de cada espécie em cada local (Ranzani-Paiva e Silva-Souza, 2004).

32

Nesta pesquisa, a suplementação com piridoxina, em dietas purificadas, manteve

o eritrograma dos peixes dentro dos parâmetros normais, definido por Feldman et al.

(2000) para a espécie: 1,91-2,83 x 106/µL, 27-37 % e 7,0-9,8 g/dL para número de

eritrócitos, porcentagem de hematócrito e taxa de hemoglobina, respectivamente. Em

pesquisas realizadas, sob mesmas condições laboratoriais e com a mesma espécie,

definiram a faixa de valores normais entre 1,82-1,98 x 106/µL, 26-29 % e 6,9-8,5 g/dL

para número de eritrócitos, porcentagem de hematócrito e taxa de hemoglobina,

respectivamente (Barros et al., 2009).

Os peixes alimentados com dietas purificadas e não suplementadas com

piridoxina apresentaram valores hematológicos abaixo do considerado normal para a

tilápia sadia, caracterizando anemia normocítica hipocrômica. Esses resultados

corraboram com os obtidos para garoupa (Mohamed et al., 2001; Huang et al., 2006),

podendo-se admitir que a manutenção das funções hematopoiéticas normais exige níveis

adequados dos nutrientes e micronutrientes, como a vitamina B6, que é necessária para

produção normal de células vermelhas (Feldman et al., 2000).

Patos, suínos e cães alimentados com dietas não suplementadas com vitamina B6

apresentaram anemia (Scott et al., 1976). Em peixes, a marcada redução no número de

eritrócitos foi observada em salmão Chinook (Halver, 1957), salmão coho (Smith,

1967), truta arco-íris (Smith et al., 1974) e Heteropneustes fossilis (Mohamed, 2001)

alimentados com dietas isentas de piridoxina. Valores abaixo do considerado normal

para a porcentagem de hematócrito também foram observados em tilápia vermelha

híbrida (Lim et al., 1995) quando alimentada com dietas não suplementadas.

A enzima ALA sintetase, que é dependente de piridoxal fosfato, controla a

velocidade da síntese do heme em todos os tecidos. A modulação da atividade da ALA

sintetase determina a quantidade dos substratos que serão desviados para a biossíntese

do heme (Devlin, 1998). Desta forma, a ausência de suplementação de vitamina B6 na

dieta purificada prejudicou a síntese de hemoglobina nos peixes, pela ativação

insuficiente da enzima e, por consequência, queda na síntese do heme e diminuição

significativa do número de eritrócitos sintetizados.

Em dietas purificadas as necessidades nutricionais dos animais são atendidas por

meio de ingredientes de grau analítico puros. Desta forma é possível minimizar fatores

da dieta que interferem na hipótese (Guimarães, 2009), o que não acontece quando são

33

utilizadas dietas formuladas com ingredientes integrais como farelos e grãos, que são

ricos em vitamina B6 (Lebiedzińska e Szefer, 2006), entretanto quando passam por

processo de extrusão, os níveis podem diminuir consideravelmente (Lassen et al., 2002;

Martin-Belloso e Lianos-Barriobero, 2001).

As análises de HPLC feitas na dieta prática ausente de suplementação de

vitamina B6, não detectaram a presença da vitamina e, apesar disto, o perfil

hematológico dos peixes alimentados com essa dieta apresentou-se dentro da faixa de

normalidade para a espécie. Uma hipótese para esta resposta seria que o tempo de 91

dias não foi suficiente para determinar anemia pela ausência de piridoxina. A diferença

de perfil hematológico entre os peixes alimentados com a dieta purificada e prática

ausente de suplementação de B6 pode ser explicada pelo baixo consumo da ração

purificada, o qual foi em média 46,0% inferior e, por consequência, refletiu na

capacidade de manutenção do perfil hematológico.

Comparando-se o perfil hematológico antes e após o estímulo térmico, notou-se

que, apesar da suplementação de piridoxina não o ter influenciado, ocorreu aumento da

eritropoiese em 3,87% (prática) e 8,84% (purificada) em peixes alimentados com dietas

não suplementadas, possivelmente na tentativa de compensar fisiologicamente o

estresse sofrido devido à menor disponibilidade de oxigênio dissolvido na água (Val et

al., 2004), em decorrência da alta temperatura (32ºC), e na tentativa de retorno à

homeostase.

A alta temperatura imposta aos peixes alimentados com as rações práticas e

purificadas não determinou a liberação de células imaturas (VCM), demonstrando que

os peixes, mesmo sob condições adversas, continuaram a liberar células de tamanho

considerado normal para a tilápia segundo Feldman et al.(2000). A concentração de

hemoglobina corpuscular média reflete as respostas da taxa de hemoglobina e

porcentagem de hematócrito e, portanto, seguem a tendência destes e podem ser

considerados constantes. Vale ressaltar que os valores apresentados pelos peixes são

considerados normais para a espécie (Feldman et al., op. cit.).

Nesta pesquisa a série branca, apesar de não ter sido influenciada pelos

tratamentos, diminuiu discretamente nos peixes alimentados com dietas ausentes de

suplementação após o estímulo térmico. O número de leucócitos dos peixes alimentados

34

com dietas purificadas foi em média 56% menor do que os animais alimentados com

dietas práticas, provavelmente causado pelo menor consumo de ração destes animais.

A imunidade inata é mais pronunciada em peixes, essa primeira linha de defesa é

composta por neutrófilos e macrófagos (Tizard, 2002). Diminuição significativa no

número de neutrófilos foi observada após o estímulo térmico em peixes alimentados

com dieta isenta de suplementação de piridoxina. Porém, peixes alimentados com dieta

prática não suplementada apresentaram discreto aumento deste parâmetro,

provavelmente por estes animais se encontrarem em condição fisiológica melhor do que

os alimentados com dietas purificadas. Isto demonstra que o baixo consumo de ração

pode ter determinado não só a deficiência de vitamina B6, mas também a baixa

porcentagem de sobrevivência e possível infecção por agentes patógenos.

As moléculas de anticorpos (imunoglobulinas) são glicoproteínas com quatro

cadeias polipeptídicas, sendo dois tipos de cadeias diferentes, com duas cópias idênticas

de cada. No tipo mais comum de imunoglobulina, IgG, as cadeias H têm

aproximadamente 440 aminoácidos, e as cadeias menores apresentam cerca de 220

aminoácidos (Devlin, 1998). Alguns dos aminoácidos que compõem essas cadeias têm

como cofator enzimático o piridoxal fosfato, tais como: cisteína, serina, treonina e

metionina (transmetilação), suprimindo, desta forma o sistema imune específico de

animais deficientes em vitamina B6 (Combs, 1998). A variação de temperatura da água

é considerada um dos principais fatores estressores aos peixes. Como consequência,

pode-se relatar ainda o aumento da suscetibilidade a patógenos oportunistas (Falcon,

2007).

O comprometimento da resistência orgânica em peixes sob condições de estresse

tem sido também avaliado por meio da concentração de proteína plasmática. A proteína

plasmática total refere-se à fração albumina e globulina presente no plasma ou soro

sanguíneo. Estas duas classes de proteínas do soro são produzidas no fígado, sendo a

primeira, a fração mais abundante e responsável pelo transporte de nutrientes e

manutenção do equilíbrio osmótico do sangue, enquanto a fração globulina está

envolvida nos mecanismos de defesa do animal. Em monogástricos, a restrição dietética

de proteína pode causar hipoproteinemia e hipoalbumineia, mas as concentrações de

globulina normalmente não sofrem alterações (Thomas, 2000). Alterações significativas

nos valores de PPT e ALB após o desafio térmico podem refletir possível condição de

35

estresse dos animais. Isto possivelmente seria confirmado, por alterações significativas

no leucograma dos peixes, se o período sob condições de alta temperatura fosse maior

que três dias. Esta hipótese está embasada na tendência demonstrada pelos valores do

leucograma após o desafio.

Conclui-se que a exigência de vitamina B6 para o crescimento normal e higidez

da tilápia do Nilo é de 5,0 mg de piridoxina /kg de dieta prática.

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Tabela 1. Composição químico-bromatológica e o percentual dos ingredientes

das dietas experimentais práticas

Ingrediente (%)

0,0

mg/kg

5,0

mg/kg

10,0

mg/kg

20,0

mg/kg

Farelo soja 62,20 62,20 62,20 62,20

Fubá milho 4,00 4,00 4,00 4,00

Quirera de arroz 24,00 23,995 23,99 23,98

Óleo de peixe 1,00 1,00 1,00 1,00

Óleo de soja 1,00 1,00 1,00 1,00

Celulose 0,70 0,70 0,70 0,70

Dl-metionina 0,45 0,45 0,45 0,45

Treonina 0,25 0,25 0,25 0,25

Fosfato bicálcico 5,99 5,99 5,99 5,99

Vitamina B6 (96%) 0,00 0,0048 0,0096 0,0192

Vitamina C (35,0%) 0,04 0,04 0,04 0,04

Sal comum 0,10 0,10 0,10 0,10

Suplemento vitamínicoa 0,15 0,15 0,15 0,15

Suplemento mineralb 0,10 0,10 0,10 0,10

BHTc 0,02 0,02 0,02 0,02

Composição proximald

Energia Bruta (kcal/kg) 4414 4485 4525 4598

Proteína Bruta (%) 37,33 37,32 38,16 37,88

Umidade (%) 7,00 7,30 8,00 7,90

Extrato etéreo (%) 1,09 1,30 1,20 1,21

Cinzas (%) 10,22 10,43 10,15 10,34

Piridoxina (analisado)

(mg/kg da dieta)

nd 5,0 11,0 22,0

a Suplemento vitamínico, níveis de garantia por kg da dieta: vitamina A, 16060 UI; vitamina D3, 4510 UI; vitamina E,

250 UI; vitamina K, 30 mg; vitamina B1, 32 mg; vitamina B2, 32 mg; pantotenato de cálcio, 80 mg; niacina, 170 mg; biotina, 10 mg; ácido fólico, 10 mg; vitamina B12, 32 µg. b Suplemento mineral, níveis de garantia por kg da dieta:

Na2SeO3, 0,7 mg; MnO, 50mg; ZnO, 150 mg; FeSO4, 150 mg; CuSO4, 20 mg; CoSO4, 0,5 mg; I2Ca, 1 mg. c

antioxidante Butil hidroxitolueno. d analisado.

40

Tabela 2. Composição químico-bromatológica e o percentual dos ingredientes

das dietas experimentais purificadas

Ingrediente (%)

0,0

mg/kg

5,0

mg/kg

10,0

mg/kg

20,0

mg/kg

Albumina 30,00 30,00 30,00 30,00

Gelatina 6,75 6,75 6,75 6,75

Amido de milho 47,18 47,175 47,17 47,16

Óleo de peixe 3,00 3,00 3,00 3,00

Celulose 6,00 6,00 6,00 6,00

Sal mineral 0,10 0,10 0,10 0,10

Vitamina C (35%) 0,05 0,05 0,05 0,05

Fosfato bicálcico 6,65 6,65 6,65 6,65

Vitamina B6 (96%) 0,00 0,0048 0,0096 0,0192

Suplemento vitamínicoa 0,15 0,15 0,15 0,15

Suplemento mineralb 0,10 0,10 0,10 0,10

BHTc 0,02 0,02 0,02 0,02

Composição proximald

Energia Bruta (kcal/kg) 4480 4581 4463 4452

Proteína Bruta (%) 35,19 36,29 35,82 36,25

Umidade (%) 6,10 5,90 5,70 6,00

Extrato etéreo (%) 1,95 1,75 2,09 2,29

Cinzas (%) 7,64 5,57 7,92 8,01

Piridoxina (analisado)

(mg/kg da dieta)

nd 15,0 37,0 82,0

a Suplemento vitamínico, níveis de garantia por kg da dieta: vitamina A, 16060 UI; vitamina D3, 4510 UI; vitamina E, 250 UI; vitamina K, 30 mg; vitamina B1, 32 mg; vitamina B2, 32 mg; pantotenato de cálcio, 80 mg; niacina, 170 mg;

biotina, 10 mg; ácido fólico, 10 mg; vitamina B12, 32 µg. b Suplemento mineral, níveis de garantia por kg da dieta:

Na2SeO3, 0,7 mg; MnO, 50mg; ZnO, 150 mg; FeSO4, 150 mg; CuSO4, 20 mg; CoSO4, 0,5 mg; I2Ca, 1 mg. c antioxidante Butil hidroxitolueno. d analisado.

41

Tabela 3. Média e desvio padrão de ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar aparente (CAA),

taxa de crescimento específico (TCE), taxa de eficiência protéica (TEP), taxa de retenção protéica (TRP) e sobrevivência

(SOB) de juvenis de tilápia do Nilo alimentadas com dietas práticas e purificadas suplementadas com níveis crescentes de

vitamina B6.

Vitamina B61

(mg)

Prática

GP (g)

CR (g)

CAA TEP (%)

TRP (%)

SOB (%)

0,0 101,81 ± 7,18 aB 156,66 ± 2,62 aB 1,56 ± 0,27 aA 2,35 ± 0,32 aA 38,75 ± 1,32 aB 85,41 ± 28,77 aB

5,0 132,27 ± 23,16 abB 166,49 ± 7,21 aB 1,31 ± 0,33 aA 2,86 ± 0,56 aB 45,88 ± 1,65 bB 95,84 ± 11,77 aA

10,0 135,51 ± 31,60 bB 163,78 ± 4,50 aB 1,34 ± 0,64 aA 2,99 ± 0,77 aB 51,02 ± 1,68 cB 87,50 ± 29,20 aA

20,0 119,85 ± 27,49 abB 150,19 ± 9,09 aB 1,32 ± 0,31 aA 2,84 ± 0,62 aB 49,79 ± 1,19 cB 97,90 ± 5,90 aA

Vitamina B61

(mg)

Purificada

GP CR CAA TEP TRP SOB

0,0 49,68 ± 5,26 aA 87,06 ± 0,89 aA 1,95 ± 0,31 bB 2,04 ± 0,27 aA 27,79 ± 0,78 aA 28,57 ± 10,69 aA

5,0 62,54 ± 9,40 bA 86,99 ± 0,83 aA 1,41 ± 0,11 aA 2,56 ± 0,21 bA 37,64 ± 1,95 bA 82,86 ± 29,28 bA

10,0 62,07 ± 10,43 bA 83,37 ± 2,79 aA 1,38 ± 0,21 aA 2,64 ± 0,37 bA 39,98 ± 1,63 bA 94,29 ± 9,76 bA

20,0 65,74 ± 8,55 bA 87,25 ± 1,08 aA 1,34 ± 0,17 aA 2,69 ± 0,34 bA 43,94 ± 1,31 cA 97,14 ± 18,00 bA

1Níveis de suplementação de vitamina B6 em mg kg-1 de dieta. Letras minúsculas comparam os diferentes níveis de piridoxina.

Letras maiúsculas comparam as diferentes dietas dentro dos níveis de piridoxina.

42

Tabela 4. Média e desvio padrão do número de eritrócitos (Erit), porcentagem de hematócrito (Htc), taxa de hemoglobina (Hb), volume corpuscular

médio (VCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) de juvenis de tilápia do Nilo alimentadas com dietas práticas e purificadas e

suplementadas com níveis crescentes de vitamina B6 e submetidos a estímulo térmico.

Erit (106/µL)

Htc (%)

Hb (dL)

VCM (fL)

CHCM (%)

Vitamina B61

Prática

Fase I2 Fase II3 Fase I Fase II Fase I Fase II Fase I Fase II Fase I Fase II

0,0 2,23 ± 0,26 aAα 2,32 ± 0,27 aAα 30,00 ± 4,67 aAα 31,93 ± 2,47 abAα 6,76 ± 1,25 aAα 7,49 ± 0,66 aAα 134,45 ± 18,20 aAα 138,56 ± 11,00 aAα 22,28 ± 1,98 aAα 23,47 ± 1,06 aAα

5,0 2,30 ± 0,38 aAα 2,18 ± 0,40 aAα 31,31 ± 3,54 aAα 32,38 ± 3,55 abAα 7,04 ± 0,67 aAα 7,48 ± 0,74 aAα 138,15 ± 15,27 aAα 152,02 ± 29,20 aAα 22,57 ± 1,83 abAα 23,19 ± 1,50 aAα

10,0 2,16 ± 0,22 aAα 2,23 ± 0,33 aAα 30,86 ± 3,08 aAα 34,36 ± 6,35 bAα 7,52 ± 0,87 aAα 7,74 ± 1,11 aAα 143,54 ± 11,11 aAα 156,02 ± 32,58 aAα 24,37 ± 1,41 bAα 22,70 ± 2,14 aAα

20,0 2,18 ± 0,35 aAα 2,02 ± 0,36 aAα 30,00 ± 3,15 aAα 29,75 ± 6,16 aAα 7,15 ± 0,64 aAα 6,94 ± 1,79 aAα 139,03 ± 9,85 aAα 149,51 ± 29,83 aAα 23,91 ± 1,40 abAα 23,12 ± 1,85 aAα

Vitamina B61

Purificada

0,0 1,65 ± 0,16 aAβ 1,81 ± 0,40 aAβ 23,90 ± 2,88 aAβ 25,40 ± 3,36 aAβ 5,42 ± 0,70 aAβ 5,88 ± 0,49 aAβ 144,62 ± 15,88 aAα 143,44 ± 20,94 aAα 22,70 ± 0,96 aAα 23,33 ± 1,81 abAα

5,0 2,24 ± 0,32 bAα 2,36 ± 0,41 aAα 30,13 ± 4,03 bAα 32,56 ± 5,75 bAα 7,05 ± 1,03 bAα 7,24 ± 0,95 bAα 135,48 ± 16,90 aAα 139,58 ± 20,72 aAα 23,39 ± 1,02 aAα 22,50 ± 2,38 aAα

10,0 1,86 ± 0,39 abAα 2,26 ± 0,20 aAα 26,07 ± 4,22 abAβ 31,00 ± 2,99 abAα 6,00 ± 0,94 abAβ 7,04 ± 0,58 abAα 142,04 ± 18,34 aAα 137,43 ± 7,23 aAα 23,02 ± 1,00 aAα 22,78 ± 1,32 abAα

20,0 2,00 ± 0,24 abAα 2,22 ± 0,28 aAα 28,33 ± 2,07 abAα 27,92 ± 3,12 abAα 6,83 ± 0,67 abAα 6,84 ± 1,00 abAα 142,26 ± 8,95 aAα 126,65 ± 12,96 aAβ 24,13 ± 2,03 aAα 24,49 ± 2,01 bAα

1 Níveis de suplementação de vitamina B6 em mg kg-1 de dieta. 2 Fase I: antes do estímulo térmico. 3 Fase II: após o estímulo térmico.

Letras minúsculas: comparação de níveis de vitamina B6 fixado o momento. Letras maiúsculas: comparação de momento dentro de tratamento.

Letras gregas: comparação das diferentes dietas dentro dos níveis de piridoxina.

43

Tabela 5. Média e desvio padrão de proteína plasmática total (PPT), albumina (ALB), globulina (GLOB) e relação

albumina/globulina (ALB:GLOB) de juvenis de tilápia do Nilo alimentadas com dietas práticas e purificadas e

suplementadas com níveis crescentes de vitamina B6 e submetidos a estímulo térmico.

1 Níveis de suplementação de vitamina B6 em mg kg-1 de dieta. 2 Fase I: antes do estímulo térmico. 3 Fase II: após o estímulo térmico.

Letras minúsculas: comparação de níveis de vitamina B6 fixado o momento. Letras maiúsculas: comparação de momento dentro de tratamento.

Letras gregas: comparação das diferentes dietas dentro dos níveis de piridoxina.

PPT (mg/dL)

ALB (mg/dL)

GLOB (mg/dL)

ALB:GLOB

Vitamina B61

Prática

Fase I2 Fase II3 Fase I Fase II Fase I Fase II Fase I Fase II

0,0 2,93 ± 0,49 aAα 3,50 ± 0,46 bBα 0,95 ± 0,27 aAα 1,06 ± 0,17abAα 1,98 ± 0,46 aAα 2,44 ± 0,44 aAα 0,51 ± 0,21 aAα 0,45 ± 0,11 aAα

5,0 2,89 ± 0,35 aAα 3,34 ± 0,40 abAα 0,95 ± 0,13 aAα 1,04 ± 0,26 abAα 1,94 ± 0,37 aAα 2,31 ± 0,51 aAα 0,51 ± 0,11 aAα 0,49 ± 0,25 aAα

10,0 2,96 ± 0,68 aAα 3,43 ± 0,45 abAα 0,99 ± 0,13 aAα 1,25 ± 0,47 bAα 1,97 ± 0,60 aAα 2,18 ± 0,55 aAα 0,55 ± 0,21 aAα 0,67 ± 0,52 aAα

20,0 2,71 ± 0,45 aAα 2,96 ± 0,59 aAα 0,99 ± 0,20 aAα 0,85 ± 0,21 aAα 1,72 ± 0,41 aAα 2,11 ± 0,66 aAα 0,61 ± 0,22 aAα 0,46 ± 0,26 aAα

Vitamina B61

Purificada

0,0 2,75 ± 0,86 aAα 2,98 ± 0,25 aAβ 0,81 ± 0,12 aAα 0,85 ± 0,09 aAα 2,22 ± 0,57 aAα 2,03 ± 0,33 aAα 0,38 ± 0,11 aAα 0,43 ± 0,11 aAα

5,0 3,25 ± 0,32 aAα 3,46 ± 0,51 aAα 0,75 ± 0,13 aAα 0,83 ± 0,09 aAα 2,51 ± 0,33 aAβ 2,63 ± 0,51 aAα 0,30 ± 0,07 aAα 0,33 ± 0,08 aAα

10,0 2,95 ± 0,41 aAα 3,29 ± 0,32 aAα 0,74 ± 0,14 aAα 0,83 ± 0,11 aAβ 2,21 ± 0,37 aAα 2,46 ± 0,31 aAα 0,34 ± 0,08 aAβ 0,34 ± 0,07 aAα

20,0 3,12 ± 0,40 aAα 3,36 ± 0,10 aAα 0,83 ± 0,11 aAα 0,85 ± 0,06 aAα 2,32 ± 0,38 aAβ 2,51 ± 0,09 aAα 0,37 ± 0,08 aAα 0,34 ± 0,03 aAβ

44

Tabela 6. Mediana e valores mínimo e máximo de número absoluto leucócitos (LEUC), linfócitos (LF), neutrófilos (NT) e monócitos

(MN) de juvenis de tilápia do Nilo alimentadas com dietas práticas suplementadas com níveis crescentes de vitamina B6 e submetidos a

estímulo pelo calor.

1 Níveis de suplementação de vitamina B6 em mg kg-1 de dieta. 2 Fase I: antes do estímulo térmico. 3 Fase II: após o estímulo térmico.

Letras minúsculas: comparação de níveis de vitamina B6 fixado o momento. Letras maiúsculas: comparação de momento dentro do tratamento.

Letras gregas: comparação das diferentes dietas dentro dos níveis de piridoxina.

LEUC (104 céls/µL)

LF (104 céls/µL)

NT (104 céls/µL)

MN (104 céls/µL)

Vitamina B61

Prática

Fase I2 Fase II3 Fase I Fase II Fase I Fase II Fase I Fase II

0,0 24,15 aAα (15,00 – 27,50)

21,85 aAα (16,50 – 30,60)

21,47 aAα (13,36 – 24,75)

18,15aAα (13,69 – 28,92)

1,75 aAα (0,90 – 3,66)

1,67 aAα (0,60 – 3,92)

0,82 aAα (0,24 – 2,22)

0,66 aAα (0,46 – 1,57)

5,0 22,60 aAα (15,30 – 28,40)

23,45 aAα (13,80 – 29,50)

17,87 aAα (12,39 – 24,75)

21,53 aAα (12,28 – 28,18)

2,14 aBα (1,21 – 4,19)

1,23 aAα (0,44 – 3,83)

1,14 aBα (0,12 – 1,86)

0,68 aAα (0,22 – 0,88)

10,0 19,98 aAα

(13,10 – 22,80)

21,50 aAα

(15,60 – 25,90)

18,54 aAα

(12,12 – 21,09)

20,25 aAα

(11,54 – 20,98)

1,18 aAα

(0,39 – 2,65)

0,84 aAα

(0,65 – 3,88)

0,59 aAα

(0,26 – 1,57)

0,65 aAα

(0,11 – 1,43)

20,0 18,40 aAα

(12,90 – 29,10)

22,55 aAα

(16,60 – 27,40)

15,14 aAα

(10,97 – 24,34)

19,38 aAα

(15,60 – 24,66)

2,72 aBα

(1,04 – 5,53)

1,23 aAα

(0,58 – 2,70)

0,57 aAα

(0,09 – 2,91)

0,79 aAα

(0,19 – 1,76)

Vitamina B61

Purificada

0,0 12,35 aAα (8,80 – 19,00)

12,10 aAα (6,45 – 18,10)

11,42 aAβ (7,66 – 18,53)

11,68 aAβ (5,45 – 17,38)

0,88 aAα (0,19 – 1,80)

0,61 aAα (0,29 – 1,24)

0,31 aAα (0,26 – 0,45)

0,19 aAβ (0,09 – 0,39)

5,0 11,23 aAβ

(5,15 – 21,30)

11,78 aAβ

(7,70 – 18,60)

10,66 aAα

(4,84 – 20,87)

11,30 aAβ

(7,05 – 17,58)

0,36 aAβ

(0,21 – 0,68)

0,40 aAα

(0,27 – 0,65)

0,21 aAβ

(0,10 – 0,43)

0,30 aAα

(0,15 – 0,37)

10,0 13,95 aAα

(8,25 – 21,05)

15,95 aAβ

(8,55 – 19,00)

12,76 aAα

(7,55 – 19,87)

13,80 aAα

(7,74 – 18,24)

0,55 aAα

(0,29 – 0,87)

0,59 aAα

(0,17 – 1,28)

0,31 aAα

(0,05 – 0,84)

0,69 aAα

(0,09 – 1,11)

20,0 10,83 aAβ

(7,90 – 16,00)

12,93 aAβ

(6,15 – 18,10)

10,17 aAα

(7,23 – 15,52)

11,83 aAβ

(5,69 – 16,92)

0,42 aAβ

(0,16 – 0,87)

0,72 aAα

(0,18 – 0,81)

0,24 aAα

(0,08 – 0,45)

0,36 aAα

(0,22 – 0,57)

45

IMPLICAÇÕES 1

2

A piridoxina desempenha função importante no metabolismo de proteínas e na 3

eritropoiese de peixes. Portanto, as rações devem atender as recomendações mínimas 4

dessa vitamina para a manutenção da higidez e desenvolvimento da tilápia do Nilo; 5

6

O processo de cozimento à alta pressão, umidade e temperatura pode causar 7

degradação das vitaminas em suplementos e ingredientes, este processo frequentemente 8

é utilizado por indústrias em rações comerciais para peixes. A maioria das pesquisas 9

com vitamina B6 para peixes são desenvolvidas utilizando-se rações purificadas. Nesta 10

pesquisa, utilizou-se tanto rações purificadas como práticas, sendo que o uso de rações 11

práticas aproximou-se da realidade das indústrias, possibilitando considerar a 12

estabilidade da fonte de vitamina após o seu processamento, de forma que estivesse 13

presente no produto final; 14

15

Em toda a produção a relação custo/benefício do produto a ser utilizado deve ser 16

considerada. No processo industrial de criação de peixes, a ração representa parte 17

considerável do custo total de produção, e apesar de serem utilizadas em pequenas 18

quantidades, as vitaminas são nutrientes onerosos. Portanto, as rações devem ser 19

formuladas de acordo com a fase de vida do animal, melhorando desta forma, os índices 20

zootécnicos e determinando o sucesso econômico da produção. Esta adequação 21

representa valores maiores destes nutrientes, como a piridoxina, na fase larval, com 22

posterior diminuição da exigência com o crescimento dos peixes. 23

24

A ausência de sinais clínicos e anemia em peixes alimentados com dieta prática 25

isenta de suplementação de piridoxina, provavelmente, deve-se ao período experimental 26

(91 dias), levando-se em consideração a alta variabilidade da meia vida dos eritrócitos 27

de peixes (50 a 150 dias). Possivelmente, estudos com períodos experimentais mais 28

longos possam evidenciar sinais clínicos e anemia em animais alimentados com dietas 29

práticas não suplementadas com vitamina B6. 30

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