Sobre o Autor

Baiano de Salvador, formado em Ciências Contábeis pela Fundação Visconde de Cairú, libriano, comunicativo, apaixonado pela leitura e sempre em busca do conhecimento. Criado numa família católica que adotou, no decorrer da caminhada, como filosofia de vida, os ensinamentos do Espiritismo de Allan Kardec. Essa base familiar lhe deu suporte para nortear os seus conceitos sobre a Paternidade, sempre tendo como principais espelhos os seus pais.

Dedicatória

Esse livro é dedicado ao meu filho Kainan. Nele irei compartilhar os momentos marcantes, desde o anúncio da sua chegada, até o completar do seu 1º ano de vida. Essa foi uma forma de registrar esses momentos e os deixar de presente para o meu filho.

Maurício Dias 30/08/2017

Sumário

Prefácio _______________________________________________pág.05 Capítulo 1 – O Sonho____________________________________pág.06 Capítulo 2 – O início da gestação___________________________pág.09 Capítulo 3 – A descoberta do sexo do bebê___________________pág.12 Capítulo 4 – Os últimos meses da gestação___________________pág.15 Capítulo 5 – O grande dia chegou__________________________pág.17 Capítulo 6 – Um amor incondicional ______________________pág.20 Capítulo 7 – O verdadeiro lar______________________________pág.23 Capítulo 8 – Amor que transcende épocas___________________pág.26 Capítulo 9 – Amigo é coisa pra se guardar__________________pág.29 Capítulo 10 – Um Natal abençoado________________________pág.32 Capítulo 11 – 2013...ano novo, mudanças a vista_____________pág.34 Capítulo 12 – A primeira palavra dita_______________________pág.37 Capítulo 13 – O 1º Ciclo de Vida___________________________pág.39

Prefácio

Toda história tem o seu início, o seu ponto de partida... a sua introdução. E há algum tempo venho amadurecendo a ideia de compartilhar com todos a minha experiência como Pai, para que, no futuro, meu filho possa ter relatos da sua história e tenha a real certeza da sua importância em minha vida, do Amor que sinto por ele desde "antes da sua chegada" (entre aspas porque, para quem segue a filosofia do espiritismo, há algumas "nuances" numa história de vida). Então, nesse livro, irei relatar os meus anseios, receios, as minhas alegrias, as angústias e, sobretudo, o quão prazeroso e especial é ser Pai...irei compartilhar minha aventura responsável sobre a Paternidade!

Capítulo 1 – O Sonho!

Costumo dizer a todos os meus amigos que serão pais pela primeira vez, que amor de mãe e filho é algo natural, que se constrói, principalmente, ainda na gestação, com sentimentos compartilhados e cumplicidade direta, tendo sequência pós parto, com todo o zelo e carinho depositados. Mas, amor de Pai tem que ser conquistado. E essa conquista deve começar já na gestação.

Eu tinha o sonho de ser Pai. Mas, para isso acontecer, primeiro eu precisaria encontrar uma pessoa especial, uma mulher que eu pudesse me apaixonar várias vezes e que o seu desejo em formar uma família fosse tão importante quanto o meu. Pois, bem... encontrei Kênia, essa mulher singular.

Namoramos por 5 anos e casamos. E após um pouco mais de 3 anos de casados, resolvemos que era a hora de realizarmos mais um dos nossos sonhos, o qual, sem dúvida, seria o mais especial: ter o nosso bebê. Após todas as consultas e exames, estávamos "prontos" para dar mais um importante (o mais importante) passo em nossas vidas. Já tínhamos os nomes. Se fosse menina, seria Mailie, escolha minha, com a inicial do meu nome. Se fosse menino, seria Kainan, escolha de Kênia, com a inicial do nome dela. Fomos alertados para a possibilidade de dificuldades em engravidar. Precisávamos conter as expectativas e ansiedades que existiam, para que tudo ocorresse de forma natural. E a espera não precisou ser grande. No Natal do ano de 2011, alguns dias depois de termos "liberado" os contraceptivos, Kênia já sentia algumas mudanças no seu corpo. Alguns sinais já eram nítidos para nós. Interessante que naquele ano, passamos o Reveillon junto com os meus pais (João e Ivete), meu irmão Marcelo, minha cunhada Ana Rosa e minha afilhada Maria Clara. Um final de ano muito feliz! Já era um prenúncio que o ano de 2012 reservava grandes notícias. E mesmo antes do atraso em sua menstruação, Kênia fez um exame de gravidez, pois, tínhamos uma certeza dentro dos nossos corações. E essa certeza foi confirmada: o nosso sonho acabara de iniciar.

Naquele momento, o sentimento foi tão incisivo, tão marcante, que é impossível descrever em palavras. Talvez, nenhum gesto seria tão preciso para reproduzir o que se passava dentro do meu coração. Sim, meu sonho será realizado...eu vou ser Pai!

Capítulo 2 – O início da gestação

Após o momento de alegria transbordante com a notícia da gestação, era a hora de equilibrarmos os sentimentos. Sabíamos que os primeiros meses de gravidez eram os mais perigosos, então, precisávamos de cuidados especiais. Enfim começava a viagem que seria a mais importante da nossa vida. Chegamos na primeira consulta após a descoberta. O obstetra que já vinha acompanhando Kênia desde os exames pré gestação, Dr. Leomar Lyrio, era uma pessoa especial. O cuidado com Kênia e a atenção que me dispunha eram dignos de confiança. Parecia que ele estava cuidando da própria filha, tamanho carinho demonstrado por ela. Ele havia

nos alertado que poderíamos não enxergar nada naquele primeiro contato. Mas, ali já tivemos a primeira imagem do nosso bebê. Não imaginava que aquele "grãozinho de feijão" na tela iria nos emocionar tanto. E era só o começo... Estive presente em todas as consultas com Kênia. Mas, sabia que aquela primeira consulta seria muito importante para os próximos passos a serem dados. Nela, pude ratificar a minha importância durante a gestação e o quão especial era para Kênia a minha presença. Entendia que ela se sentia mais segura comigo ao lado dela. E a cada consulta, uma nova emoção. Perceber a evolução do nosso sonho, era algo sensacional. Impossível de mensurar. Kênia sempre foi uma mulher determinada e muito responsável. Antes mesmo da gravidez, ela já iniciara uma mudança na sua alimentação. Também já vinha preparando o seu corpo para a gestação, com atividades físicas regulares. Com isso, durante o período grávida, ela apenas manteve a boa alimentação, ajustando a atividade física de acordo com as limitações impostas pelo desenvolver do bebê dentro da sua barriga. E assim os meses se passaram... Eis que chegava o dia do tão temido ultrassom morfológico das 12 semanas: a translucência nucal. E foram um turbilhão de emoções. Não nego que a tensão só baixou quando o excelente Dr. Sérgio Matos nos informou que estava tudo perfeito. Ufa!!! Graças a Deus! Mas, sem dúvida alguma, o momento mais marcante ainda estava por vir. A preocupação com a translucência me fez esquecer que mais sentimentos estavam reservados naquela manhã. Enfim a

tensão dava lugar a uma mistura de sensações difíceis de explicar. O som que preenchia toda a minha audição era o principal responsável por essas sensações. Ouvir a batida do coração do meu filho era a combinação de sons mais agradável, era a melodia mais harmoniosa, era a música mais perfeita que eu já tinha escutado. As lágrimas corriam pelo meu rosto. O meu coração parecia acompanhar o acelerado batimento do coração do nosso bebê. Nossa!!! Só quem passou por isso pode ter a noção do que estou dizendo...do que eu senti naquele momento. Ali eu começava a entender as coisas que meu pai me dizia, o porquê do seu sacrifício em prol do meu bem estar. E isso, sim, é ser pai. Porque qualquer um pode fazer um filho, mas, somente um homem de verdade pode ser um pai. Voltamos as consultas com o Dr. Leomar Lyrio. A gestação estava indo muito bem! Mas, a ansiedade em saber o sexo do bebê já era notória em nossas faces. Agora, faltava a descoberta: será menino ou será menina?

Capítulo 3 – A descoberta do sexo do bebê

A medida que os meses se passavam, crescia, proporcionalmente, a ansiedade em saber o sexo do bebê. Na primeira morfológica, o Dr. Sérgio Matos não quis arriscar. Já na segunda... A paternidade se apresentava com cada vez mais força no meu coração. Sentimentos diferentes dos que havia sentido na minha vida inteira começavam a se apresentar de forma constante. Era algo lúdico e ao mesmo tempo real. Era algo inexplicável. Eu sempre quis ter um filho...um menino. Seria o meu parceiro de "Baba" (futebol jogado com os amigos), meu companheiro para assistir os jogos de futebol na TV. Entendia

que se eu conseguisse ser 50% do pai que o meu pai foi para mim, já estaria satisfeito. É claro que se fosse uma filha, uma menina, teria o mesmo amor e a mesma atenção. Seria, também, o meu xodó. Só que o universo feminino tem outro norte, são outras perspectivas, outras brincadeiras. Não seria verdadeiro se eu dissesse que não tinha uma certa preferência para o primeiro filho. Enfim, voltando a segunda morfológica... Alguns dias antes da 2a morfológica, o Dr. Leomar Lyrio nos sinalizava a possibilidade do sexo do bebê, mas, a confirmação veio em seguida. Lembro do Dr. Sérgio Matos digitando na tela da ultrassonografia 100% pinto (risos). Mais uma emoção incomensurável. Mais um momento marcante nessa viagem. Era Kainan. Meu amado e tão esperado filho. Impossível não se emocionar lembrando desse dia. Difícil controlar as lágrimas com essa lembrança. Era o meu menino, que eu tanto queria e esperava. A alegria da descoberta foi compartilhada com os amigos e familiares. Era mais um dia que ficaria registrado na minha memória e na de Kênia. Já sabendo o nome do bebê, os preparativos ficaram mais intensos, mais personalizados. Decoração do quarto, cores, disposição dos móveis. O meu envolvimento com as escolhas, passava mais tranquilidade para Kênia. E paz era tudo o que

ela mais precisava nesses meses que antecediam o final da gestação. Gravidez indo muito bem e descoberta do sexo. Faltavam poucos meses para o encontro ou, talvez, reencontro.

Capítulo 4 – Os últimos meses da gestação

A gestação continuava nos trilhos que imaginávamos. Passado a tensão e o vendaval de emoções com as morfológicas, agora vivíamos a expectativa dos últimos meses...faltava chegar o grande dia! Os preparativos para o grande dia já estavam sendo finalizados. Vivenciar (de verdade) uma gestação é um privilégio para poucos pais. A escolha do nome, do tema do quarto, dos móveis, das cores...aproveitei muito esse momento, até então, único na minha vida. Conversei muito com Kainan na barriga. Cantava músicas e percebia que a afinidade já começara ali. Sentir o seu primeiro "chute" me trouxe para ainda mais perto dele. Era interessante como ele gostava que eu cantasse para ele (ainda gosta, risos). E foram

essas novas descobertas que nos trouxeram ainda mais ansiedade pela sua chegada. Na última ultra com o Dr. Sérgio Matos, fomos presenteados por ele: uma bela foto em 4D do nosso presente, do nosso Kainan. Mais um fato importante dessa caminhada. Mais uma demonstração de zelo e carinho desse profissional tão especial. Faltava pouco. A escolha dos padrinhos foi óbvia: meu irmão Marcelo e minha cunhada Kézia, pessoas especiais em nossas vidas. O ambiente já estava pronto, faltando apenas ele chegar...e eis que o grande dia chegou!

Capítulo 5 – O Grande dia chegou!

Após 39 semanas de gestação e uma vida inteira nos sonhos, eis que chegava o grande dia. Nós sabíamos que esse dia mudaria completamente a nossa vida, mas, que toda essa espera seria recompensada com um amor diferente...especial! Era uma manhã de segunda feira (10/09/2012), quando eu deixei os documentos de Kênia na recepção da maternidade do Hospital Português. O parto estava marcado para as 15h. Kênia gostaria de esperar até a sexta feira, dia 14/09, para tentar ter um parto normal, mas, as dores na véspera, as quais impossibilitaram até dela dormir na cama (dormiu na poltrona de amamentação) anteciparam os planos (mais tarde saberíamos que se tratava de pedras na vesícula de Kênia).

Mesmo com a proximidade do parto, Kênia se mostrou bastante tranquila, o que acabou me deixando menos preocupado. Junto com a gente, pessoas especiais também aguardavam a chegada de Kainan lá na Maternidade do Hospital Português. Meu pai, meu irmão (minha mãe, nervosa, ficou em casa), minha afilhada Maria Clara, minha cunhada Ana Rosa, meu sogro Aílton, minha sogra Zezé, João Victor afilhado de Kênia e meu afilhado de consideração, grandes e especiais amigos como Maira, Léa Carolina, Saulo, Débora, Alice, Tia Sandra, Tio Leobino, Tia Vera Ledoux...enfim, estávamos rodeados de energias boas. Após um pouco de espera, fomos chamados (eu e Kézia, minha cunhada e madrinha de Kainan) para a sala de parto. Kênia já estava lá, linda como sempre. Fiz questão de fotografar a chegada daquele que tanto esperava. Nem "senti" o cheiro forte dos cortes da cesariana. A ansiedade para ver o meu filho, obstruiu qualquer outro tipo de distração. Era nele o meu foco, era a chegada dele a minha expectativa. E às 17:28h nós fomos apresentados nessa vida. Num lindo gesto, o Dr. Leomar Lyrio ergueu o nosso presente aos céus, agradecendo ao todo poderoso por mais uma bênção colocada no mundo. Um sentimento indescritível...algo surreal. Quem passou por isso e está lendo nesse momento, com certeza, deve estar se lembrando do seu dia. Estava diante de um novo amor. Não "o amor verdadeiro" como alguns dizem (porque entendo que ao avalizar como "o amor verdadeiro", iria desvalorizar o amor que sinto por meus pais, minha esposa, meu irmão, amigos...). Era um amor diferente, um sentimento singelo, puro, também especial. Um sentimento responsável, protecionista. Um carinho difícil de se explicar. As lágrimas caíam de forma incessante dos meus olhos. A

alegria transbordava no meu peito. Era ele, nosso filho tão esperado e amado...nosso Kainan. O grande dia chegou!

Capítulo 6 – Um amor incondicional!

Depois daquela erupção de sentimentos após o nascimento, todos transbordando ao mesmo tempo, chegava o momento de vivenciar a paternidade, agora, sem ser de forma abstrata. Carregar o meu filho no colo me trouxe uma sensação única, sensação esta que é impossível de se imaginar. Quem já viveu esse momento tem a real noção do que estou relatando. Ali eu descobria alguns novos sentidos na minha vida...ratificava um amor incondicional! Após o parto, como procedimento padrão, Kênia ficou em observação e depois subiu para o quarto. Kainan demorou um pouco mais para subir, por conta do alto número de partos naquele dia. Felizmente, não demorou muito e...Nosso

príncipe chegou! Lindo! Já cheio de personalidade. Cabeludo (lembrei na hora do meu tio - "Seu Jojó", risos). Chegava o nosso maior tesouro. Ficamos (Eu e Kênia) muito emocionados. Era o primeiro fruto que nascia do nosso amor. A primeira noite foi um pouco tensa. Muitas novidades. Afinal, éramos marinheiros de primeira viagem. Será que está respirando? Será que está com fome? Perguntas que pairavam em nossas mentes. Acredito que essas dúvidas são rotineiras para os pais no primeiro filho. Só que Eu e Kênia tivemos a sorte de termos ao nosso lado naquela noite, minha cunhada Kézia, um coração que não mede esforços para ajudar o próximo. Sua experiência com Home Care e com crianças, nos deu confiança e segurança para encarar de forma natural aquela primeira noite. E nós conseguimos! Cansativa (a noite), mas, ao mesmo tempo, especial e necessária, principalmente para o nosso amadurecimento como pais. Naquela noite/dia (se estendendo ao outro dia), recebemos diversas visitas especiais (não irei agradecer nominalmente, para não correr o risco de esquecer de alguém - minha memória não é confiável, risos). Pessoas que participaram conosco, do sonho até o momento da realidade. Pessoas que levaram um pouco da sua energia tão genuína, tão carinhosa, tão positiva. E isso nos fortaleceu/fortalece muito....sempre. Porém, uma visita na manhã seguinte ao nascimento de Kainan, acabou ficando registrada na minha memória: Marli, funcionária, na época, do Financeiro do Hospital Português. Muito simpática e atenciosa, ela fez questão de ir conhecer Kainan. No dia anterior, por questões burocráticas, a internação de Kênia acabou atrasando. Como precisaríamos pagar um valor para a utilização do quarto (questões que o plano de saúde não cobria), houve uma grande preocupação

da minha parte. Meu pai, como sempre na minha vida, me deu suporte, mas, era necessário agilidade para que não comprometesse o horário do parto. Ela resolveu tudo numa velocidade quase que impossível de acreditar. Achei muito legal da parte dela ter disponibilizado um pouco do seu tempo para ir nos visitar. Então, quando na alta de Kênia e Kainan, fui me despedir dela, também para agradecer todo o apoio, carinho e atenção. Foi aí que houve a revelação. Ela me contou que, no momento em que me apresentei a ela para dar entrada na internação de Kênia, o Espírito Santo (como ela relatou), de forma muito clara, sussurrou no seu ouvido: "faça tudo o que puder para ajudar ele". Choramos juntos. Ela só me pediu uma coisa em troca: "Coloque o meu nome em suas orações...". Faço questão de compartilhar esse momento, porque ainda há pessoas que duvidam da existência de Deus...que ainda duvidam do Amor infinito que Ele tem por nós, seus filhos. Naquele momento, mais uma vez, Deus demonstrava todo o seu amor por mim.

Capítulo 7 – O verdadeiro lar

Saímos da Maternidade dois dias após o parto. A nossa casa já estava arrumada, só esperando a chegada do seu mais novo e ilustre morador. Sabíamos que a adaptação não era só nossa com a chegada de Kainan, mas, também, seria dele para com todo esse novo "universo" que se apresentara a ele alguns dias antes. Só que o mais importante ele já tinha: um verdadeiro lar para morar. Eu e Kênia combinamos de encararmos, só nós dois, esse momento. Dúvidas e medos surgiriam, porém, acreditávamos que esse momento era nosso...era algo especial! E essa vivência fortaleceria ainda mais os nossos laços. Vale ressaltar que tivemos, desde o nascimento, o apoio de Kézia, minha cunhada e madrinha de Kainan. Sempre solícita, o amor, o

cuidado, a atenção e o carinho que ela tinha com Kainan, além da sua experiência com crianças, nos permitia alguns raros momentos de descanso físico (risos). Também, tivemos o apoio das vovós, Zezé (materna) e Ivete (paterna). Mas, a noite...éramos só nós três. As primeiras noites em casa foram mais tranquilas do que imaginávamos (ele não teve a tão temida cólica). Sempre procurei ser um pai presente. Adorava cantar para ele dormir. E uma música em especial parecia relaxar bastante Kainan quando eu cantava: Gatinha manhosa, de Léo Jaime (risos)...incrível! Exatamente a música que eu mais cantava quando ele ainda estava na barriga de Kênia. Ele já conhecia a minha voz, e pelo visto gostava de me ver cantar. Decidimos que enquanto Kênia amamentava, eu descansava. E assim que ela terminasse a amamentação, eu o colocava para arrotar. Com isso, não ficávamos totalmente cansados ao mesmo tempo. Teve o chorinho diferente ("o que será?"), a limpeza do umbigo, a respiração diferente, a hora do banho, os cuidados redobrados com a higiene, as primeiras vacinas (duríssimo de ver - impossível não sofrer junto)...por mais preparados que estivéssemos, sempre ficava uma pontinha de receio, uma certa cobrança interna. "Será que eu vou conseguir?" Hoje, relembrando tudo isso, chego a conclusão que o Amor por seu filho é tão grande, que te faz reunir forças que você não imaginava possuir. Vivemos esse tão esperado momento com muito equilíbrio. Sabíamos da nossa nova responsabilidade. Mas, era algo especial e querido... sonhamos por meses com esse momento. E era esse sentimento forte que nos alimentava. Uma parte (talvez a mais) importante de nós estava ali, na nossa frente, aos nossos cuidados. A realidade, a

cada dia, se mostrava muito melhor do que o sonho que tivemos. Era real...era ele, o nosso príncipe! O primeiro "passeio" foi para fazer o Teste do Pezinho, que, em Kainan, foi Teste da Mãozinha. Essa mudança, segundo a enfermeira que nos atendeu, foi feita para tornar menos traumática (ou dolorosa) a aplicação do Teste. Não foi o que observamos na prática. Kainan acabou chorando bastante. Mas, enfim...sabíamos da importância do Teste do Pezinho para diagnosticar algumas doenças graves. Era necessário passar por essa dor para evitar uma dor maior no futuro. E o primeiro sorriso dele veio logo com um pouco mais de um mês de vida...a mamãe foi a agraciada! Já era um dos traços da personalidade do nosso filho se apresentando para nós.

Capítulo 8 – O amor que transcende épocas

Na véspera do nascimento de Kainan, Kênia sentiu muitas dores, as quais "obrigaram" ela a dormir sentada. Um mês após o parto, foi constatado que ela tinha pedras na vesícula, e precisaria fazer uma cirurgia o mais rápido possível, para que as pedras não fossem para o pâncreas e, com isso, virar uma pancreatite. E agora(!?)...ainda amamentando, Kainan com menos de dois meses de vida. Era urgente, não tínhamos outra opção. Mas, o que viria a seguir, já dava mostras da minha forte ligação com Kainan.

A cirurgia foi marcada para o dia 14 de Novembro daquele mesmo ano (2012), véspera de feriado nacional. Kênia se preparou armazenando bastante leite. O nosso congelador foi tomado quase em sua totalidade só com o leite que Kênia tirava dos seus seios. Mas, um detalhe importante ainda não nos tranquilizava: Kainan não se acostumara a chuquinha. Alguns dias antes da cirurgia, nós o levamos para o Posto de Saúde para tomar as (famosas e temidas) vacinas de 2 meses de vida. Uma sensação de impotência muito grande me tomou, vendo o meu filho chorar com tanto sentimento e dor, fazendo com que ele até soluçasse, tamanho o seu sofrimento. Kênia não segurou as lágrimas. Eu tentei ser forte, mas, ao deixar eles em casa não me segurei. Liguei para a minha mãe e desabei a chorar. Muito forte a sensação...muito forte!!! O que confortava era lembrar do tal "mal necessário", pois, novamente, seria algo que evitaria um sofrimento ainda maior lá na frente. Só que ver o seu filho sofrer e passar o resto da tarde choramingando, não é fácil. Passada essa aflição, a alegria se fazia presente em nossa casa. Kainan estava cada vez mais sorridente e isso nos fortalecia, porque não há nada mais singelo do que o sorriso de um bebê. Recarregava as nossas energias. Dois dias depois, veio a cirurgia de Kênia. No dia da cirurgia, combinamos com Kézia para ela ficar com Kainan e, assim, eu poder ficar com Kênia no Hospital. Mas, um pouco antes de Kênia subir para o centro cirúrgico, Kézia me ligou dizendo que Kainan não queria se alimentar...nada fazia com que ele pegasse a chuquinha. E, percebendo a situação (mesmo eu tentando esconder dela) Kênia me falou: "Mau, eu vou ficar bem! Nosso filho precisa muito mais de você nesse momento do que eu". Difícil decisão, mas, tive que

ser racional e ir para casa. Fui com o coração bem apertado, não nego. Queria estar com ela durante (na espera) e após a cirurgia. Só que naquele momento, realmente nosso filho precisava muito de mim. Chegando em casa, peguei Kainan no colo e cantei uma música que inventei naquela hora mesmo (puxa que ta vindo, puxa que ta vindo , risos) Quando ele ouviu minha voz, olhou fixamente no meu olho e tomou a chuquinha toda. E continuava olhando, incisivamente, no fundo dos meus olhos. Emocionante...muito emocionante! Era um amor que já tinha sido conquistado. Era uma ligação muito mais forte do que eu imaginava. Os espíritas diriam “é uma relação que vai além dessa vida (ou encarnação, como o Espiritismo se refere a essa passagem)”...uma relação que transcende épocas. Naquele momento, era uma demonstração de confiança e segurança que ele me dava. E, assim, Kênia ficou mais tranquila e pôde ir para a mesa de cirurgia mais calma.

Capítulo 9 – Amigo é coisa para se

guardar...no coração!

Era uma manhã ensolarada do dia 15/11/2012, quando fui buscar Kênia no Hospital Português, pós cirurgia da retirada das pedras na vesícula. A cirurgia foi bem sucedida e ela já poderia voltar para casa. Kainan ficara com minha cunhada Kézia. Na noite anterior, com Kênia ainda no hospital, resolvi dar o banho em Kainan. Era a minha primeira vez. Ele tinha

acabado de completar 2 meses e, com isso, além da presença de Kézia, me senti mais seguro. Os detalhes do banho, a atenção em relação ao ouvido. Outra sensação muito legal. Mas, voltando ao retorno de Kênia para casa... Chegamos em casa. Kênia precisaria de repouso. E o fato de ter tomado algumas medicações, a impossibilitava de amamentar. O problema é que, naquele momento, Kainan já não aceitava a "chuquinha" de maneira alguma...nem com música, nem comigo. E agora?! A sensação de impotência era avassaladora. Tentamos várias situações e nada. Eis que, numa demonstração de amizade verdadeira, Débora, que ainda amamentava sua primogênita (Alice tinha 1 ano e 4 meses na época), se ofereceu para amamentar Kainan. Não nego que aquela atitude até hoje está guardada na minha memória. Não que fosse uma surpresa, pois, a amizade que nós temos sempre foi natural, autêntica, desprovida de qualquer interesse "externo". E, acima de tudo, muito solidária. Mas, naquele momento, ela estava dividindo o principal alimento da sua filha com o meu filho. Não havia maior demonstração de carinho, de amor, de amizade. São atitudes como essa que me faz ainda acreditar no ser humano...que ainda há tempo das pessoas reverem algumas posturas perante a vida, perante o seu próximo. A solidariedade é uma palavra que anda sendo omitida no “dicionário interno” das pessoas. E, na primeira tentativa, Kainan gostou muito do leite da mamãe de leite dele (risos). Graças a Deus! Como o leite de Débora já era mais encorpado pelo tempo de amamentação, não demorava muito e Kainan já se mostrava alimentado. Engraçado que relembrando esse fato, percebo o quanto sou agraciado por Deus, que sempre coloca no meu caminho pessoas tão boas, solidárias...amigos de verdade, que nenhuma distância é forte o suficiente para enfraquecer o sentimento. E

esse é o verdadeiro significado da palavra amizade. E como diz a poesia cantada por Milton Nascimento na música Canção da América, "...amigo é coisa pra se guardar, no lado esquerdo do peito; dentro do coração...".

Capítulo 10 – Um Natal abençoado!

E já se passavam mais de 3 meses desde a chegada de Kainan em nossas vidas. Muitos aprendizados. A cada dia que passava, mais ensinamentos, mais reflexões...um olhar mais profundo ao encarar o espelho. Experienciar essa aventura responsável que é a Paternidade, te "obriga" a amadurecer...te abre as portas para o caminho da sensatez, ou, ao menos, te apresenta esta. Acompanhar o desenvolvimento de uma criança é algo especial...um verdadeiro presente! Vivenciar essas mudanças, a clara evolução física, motora, intelectual. Realmente, um filho te faz enxergar o mundo de uma maneira diferente.

Te faz encarar os desafios com muito mais personalidade, com muito mais solidez, com muito mais coragem. Estávamos, de fato, entendendo todas as nuances que envolvem essa responsabilidade. E veio o Natal... Dezembro é um período onde, naturalmente, estamos com os nossos corações mais alegres, mais solidários. É um período de muita reflexão sobre o ano prestes a se encerrar. Além do fato de, geralmente, ser uma época de reunião familiar, situação que, por si só, mexe demais com toda a estrutura sentimental de qualquer ser humano. E por ser o primeiro Natal com ele, seria um momento marcante para mim, para Kênia e todos os nossos familiares. Neste ano, fomos para a cidade Natal de Kênia, Feira de Santana. Algumas tias maternas dela que moram fora do estado/país estariam juntas nesse ano. Uma ótima oportunidade de rever pessoas tão especiais e, também, destas, além dos demais familiares dela que lá residem (também especiais), conhecerem o nosso pequeno príncipe Kainan. Foram momentos únicos que passamos...sentir a verdade no olhar das pessoas que te querem tão bem, alinhado com um carinho também verdadeiro, nos fortalece demais...recarrega, e muito, a nossa bateria. Ratifica que estamos nos trilhos corretos. Reverbera em nossa alma alguns pontos importantes da nossa caminhada e o quão importante nós somos para alguém. Isso fortalece o sentido de estarmos juntos. E, com certeza, Kainan é mais um enviado de Deus para nos manter nesses trilhos da verdade, da humildade, do bem. Desde a sua chegada, o mundo passou a ter novos sentidos. E o seu "primeiro" Natal, data com um significado tão importante, foi, de fato, abençoado!!!

Capítulo 11 – 2013...ano novo,

mudanças a vista

O ano de 2012 chegava ao fim. Sem dúvidas, um ano muito marcante para mim. O nascimento de Kainan mudara completamente a minha vida. Aos meus olhos as mudanças já eram notórias, mas, muitas novas descobertas ainda estavam por vir. Era o nosso primeiro Réveillon com Kaká. Como ele só tinha 3 meses, optamos por algo mais tranquilo e familiar. Acho muito boa essa renovação de energia que uma virada de ano proporciona. Te dá novas perspectivas. Te trás, novamente, a oportunidade de se "reformar intimamente".

Naquele ano, observamos mais de longe os fogos em comemoração ao novo ano que chegava. Para a nossa surpresa, Kaká nem se abalou com aquele foguetório...com aquele barulho. Continuou firme e forte no seu sono. E mais um ano surgia com todos os seus predicados, com todas as suas peculiaridades. A medida que o tempo passava, as novidades se apresentavam para nós...e tudo muito rápido. Logo no início do ano, Kainan começou a se virar sozinho. Ele já tinha descoberto as suas mãos e os seus pés. Faltava o momento que a maioria dos pais esperam: a hora de levar os pés até a boca (risos). E veio aos 4 meses, de repente, brincando no berço. Muito massa!!!! Para alguns, mera bobagem; para nós pais, algo fantástico!!!! A interação já era muito diferente. O olhar de reconhecimento, a mudança de feições...tudo isso tornava os dias muito mais intensos. O desejo era de ficar o tempo inteiro com ele, vivenciando cada segundo das suas descobertas. Só que o tempo passou e chegou o momento de Kênia voltar a trabalhar. Foi muito duro tanto para Kênia quanto para Kainan. Passei a me doar ainda mais para ele. E, analisando hoje, vejo o quanto isso estreitou a nossa relação, principalmente no que tange a algo que eu comentei num dos primeiros capítulos desse relato, sobre a necessidade de conquista do pai para ter o amor do seu filho, já que o envolvimento com a mãe é algo natural (mesmo seguindo a filosofia do espiritismo de Allan Kardec para a minha vida, mesmo acreditando, evito, nessa história, entrar no mérito das relações de outras vidas que a filosofia defende). Enfim, passei a administrar a minha vida profissional e adaptar ela a essa nova realidade. E com essa nova "distribuição", as minhas tardes passaram a ser muito melhores. Ele preenchia a minha vida...

Kainan, desde a sua chegada ao mundo, sempre demonstrou que não vinha para ser mais um. Suas peculiaridades se apresentavam com muita veemência para nós. Era um mundo novo para nós dois. As descobertas eram mútuas. Aliás, mutação é o que não falta nesse universo da Paternidade.

Capítulo 12 – A primeira palavra dita

A vida nos proporciona momentos marcantes. Uns muito bons, outros nem tanto. A primeira palavra dita por um bebê, sempre é motivo de festa e exaltação. Afinal, é mais um passo da sua evolução. Com Kainan não foi diferente. Qual teria sido a primeira palavra dita por Kaká: papá ou mamã? Não me canso em repetir: acompanhar o desenvolvimento de uma criança é uma benção na vida de uma pessoa. Perceber a sua evolução a cada dia, sua mudança de feição, seu crescimento físico, motor, intelectual... são lições de que a vida é verdadeiramente bela, e é bela para se viver, como diz uma canção de Patati e Patatá.

Quem acompanha essa minha história, sabe o quanto eu tento me dedicar a Kainan. Errando e tentando acertar. Aprendendo com os erros e tentando acertar. Errando novamente...e assim, buscando ser o melhor pai para ele, dentro das minhas limitações. Até porque ser pai, também é ser exemplo...é dar exemplo. É dizer não! É dizer sim! É renunciar... é voltar a ser criança e, se preciso, numa fração de segundos, retornar para o “modo” adulto. Não há um manual a ser seguido a risca. Nuances dessa caminhada irão te moldar de acordo com essas necessidades. Mas, o mais importante precisa sempre estar no subconsciente: precisamos ser exemplos para eles. Enfim...de forma natural, fui surpreendido com aquela vozinha chamando "papá". Quem me conhece sabe que as lágrimas caíram dos meus olhos. Claro! Como não se emocionar? Mais uma marca que eu não deixara passar. Mais um momento marcante que eu pude presenciar. E sei que essa presença (de verdade) será importante para a criança, para o adolescente, para o jovem, para o adulto Kainan...sei que tudo isso que estamos vivendo, o tornará um homem mais seguro, mais confiante...um Homem! É apenas isso que esperamos dele. Que seja um Homem sério, responsável e que trate as pessoas bem, sendo um bom ser humano em suas atitudes. Pelo menos, é assim que nós, Eu e Kênia, procuramos nortear a sua educação.

Capítulo 13 – O 1º Ciclo de Vida

Ciclo é uma palavra com origem no termo grego kýklos, que significa uma série de fenômenos cíclicos, ou seja, que se renovam de forma constante. E o 1º Ciclo de vida de Kainan estava prestes a se encerrar, dando espaço para uma renovação. Porém, antes deste encerramento, não faltaram novidades. E o tempo insistia em se apressar. Incrível como passava numa velocidade muito acima do que percebíamos. Mas, eu não podia reclamar do tempo, porque estava aproveitando muito cada segundo daquele. Bem...e quando menos eu esperava, mais surpresas se apresentavam nesse mundo da Paternidade.

Pude presenciar Kainan engatinhando pela primeira vez. Como assim? Na minha cama? Desde quando? Foi uma surpresa para mim, ver aquele pingo de gente ir atrás do controle remoto da TV. Rapidamente chamei Kênia. Numa outra atitude nova, fui surpreendido com ele em pé no berço, já acordado. Foi um susto que tomei (risos). Já cheio de personalidade...todo independente. Até o não com o dedinho ele já aprendera. Ele realmente estava crescendo. A interação já era outra. Já podíamos sentir o calor do seu abraço. O biscoito já era “devorado” sozinho, sem a nossa ajuda, pois, ele já o segurava. E as novidades não paravam... Era muito engraçado, quando perguntávamos quantos anos ele iria fazer, ver Kainan, com aquele dedinho pequenininho, levantando o indicador para apontar que iria fazer 1 ano. Neste momento, ele já deixava as vovós emocionadas, pois, já aprendera a falar “Vovó” (risos). Ainda aguardávamos ansiosos pelo seu andar. Eis que, aos 10 meses, ainda cambaleando um pouquinho (risos), ele foi em direção a mamãe e, em seguida, voltou andando para o papai. Olha, não me atrevo a tentar simplificar em palavras esse momento. Ééé...o tempo! “Só reclama da velocidade do tempo aquele que não o aproveitou ao máximo”, já dizia o pensador Felipe Maciel. Eu não poderia reclamar do tempo. Talvez, deveria é agradecer por tantas oportunidades vividas. Crescidos sendo religiosos do Catolicismo, Eu e Kênia resolvemos batizar Kaká junto com o seu 1º aniversário, em Feira de Santana. Os padrinhos já tinham sido definidos. Faltavam os padrinhos de consagração, que também foram escolhidos de forma especial: um amigo que a vida me deu (Saulo) e uma prima muito especial em nossas vidas (Priscila).

O 1º Ciclo da vida de Kainan se encerrava para começar um novo. Novas descobertas o estavam aguardando. Compartilhar essas lembranças até o 1º ano de vida do meu filho foi muito significativo para mim. Afinal, relembrar é viver novamente, porém, num universo pessoal...particular. Buscar essas recordações na minha memória, "ativou" lembranças de diversos outros momentos experienciados nessa aventura responsável que é a Paternidade. As primeiras corridas, as primeiras quedas, as birras, as febres, as noites mal/não dormidas, a primeira frase formulada, o primeiro desenho feito, as declarações de amor...outras experiências que, com certeza, irei compartilhar numa outra edição. Esse primeiro livro foi feito com muito carinho, cuidado, atenção, respeito. A busca pelos detalhes, a importância do fato lúdico. Reavivar todos os instantes dessa aventura. Nada passou despercebido. E o resultado: um relato cheio de sentimentos, extraído do fundo da alma.

FIM