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Daniela dos Santos Domingues Marino Professora-tutora Unimes [email protected] * METODOLOGIA DE PESQUISA VIRTUAL PARA O ESTUDO ACADÊMICO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

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ETNOGRAFIA VIRTUAL E WEBCOMICS

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  • Daniela dos Santos Domingues Marino

    Professora-tutora Unimes

    [email protected]

    *METODOLOGIA DE PESQUISA

    VIRTUAL PARA O ESTUDO

    ACADMICO DE HISTRIAS EM

    QUADRINHOS

  • * Analisar os mtodos de pesquisa que podem ser utilizados nos estudos acadmicos de

    histrias em quadrinhos, principalmente no que

    tange o uso de webcomics e suas aplicaes.

    Ser que possvel trabalhar com dados

    exclusivamente virtuais sem comprometer a

    credibilidade de uma pesquisa?

  • * Sendo assim, no possvel ignorar que a forma de consumir HQ tenha mudado/evoludo, da

    mesma forma que no possvel ignorar as

    implicaes destas mudanas no meio acadmico,

    editorial, social, comercial, poltico...

    *A quantidade de publicaes divulgadas por meio da rede permite que fs de HQs no

    precisem sair da frente do computador

    para conferir uma tira ou mesmo uma

    trama inteira, como o caso de Terapia de

    Mario Cau, Rob Gordon e Marina Kurcis.

  • No sei se gosto do fato de voc ter usado o Facebook em sua pesquisa, Voc refletiu sobre a efemeridade da plataforma usada?.

    Como os dados coletados em plataformas como as

    redes sociais poderiam ser usados de maneira que

    fossem relevantes, crveis e verificveis em uma

    pesquisa?

    Qual metodologia usar? Qual o recorte de tempo? Como

    estudar o ambiente e determinar os sujeitos envolvidos

    estando o pesquisador a distncia? Em grupos de

    discusso, como determinar se a opinio condizente

    com o perfil de quem as publica? De que forma e quais

    so as informaes realmente relevantes em uma

    pesquisa feita atravs da internet?

  • Mesmo mtodos de pesquisa mais contumazes sofreram ou

    sofrem algum tipo de preconceito:

    A tarefa etnogrfica tem enfrentado desde sempre os desafios impostos pelas cincias rgidas em relao sua objetividade e validade. Para comear, uma metodologia

    que oferece pouco ou nenhuma orientao ao investigador,

    que no conta com frmulas para julgar a preciso dos

    resultados e que , certamente, vulnervel s crticas

    provenientes da racionalidade das pesquisas, s

    experincias e aos questionamentos equipados com todo

    um repertrio de tcnicas de avaliao. Podemos dizer que

    a popularidade das metodologias qualitativas entre as quais

    se conta a etnografia, se baseia em seu modo atrativo de

    abordar a riqueza e a complexidade da vida social. (HINE, 2000, p. 74, traduo nossa)

  • Ou seja: os estudos, sejam eles virtuais ou no,

    dependem muito mais de caratersticas holsticas e da

    f dos pesquisadores e leitores da pesquisa do que

    qualquer outra coisa. A subjetividade impregnada

    neste tipo de metodologia abre espao para que

    especialistas em estudos quantitativos questionem os

    resultados alcanados.

    Hine tambm ressalta que por mais intenso que seja o

    trabalho etnogrfico, ele ser sempre parcial (2000),

    como previsto em A retrica do Holismo Etnogrfico

    de R.J Thorton, e que para a coerncia de qualquer

    pesquisa ser mantida, ainda que parcialmente,

    necessria a utilizao de metodologias

    complementares.

  • Os tipos de estudos exemplificados por Hine (2000) demonstram que

    as pesquisas etnogrficas feitas a partir de plataformas online

    tambm faziam uso de outras metodologias e de encontros off-line

    como opes para validar os dados coletados.

    Muitos pesquisadores qualitativos utilizam uma abordagem que

    mescla mtodos, a fim de investigar os diferentes nveis de uma

    mesma situao ou aspectos diferentes de um mesmo fenmeno.

    Entre os pesquisadores que estudam a interao na internet existe a

    tendncia de se combinarem os mtodos. Por exemplo, questionrios

    podem ser seguidos de entrevistas semiestruturadas, que podem

    tambm ser combinadas com materiais de registro dirio solicitados.

    Essa mescla de mtodos se d porque, sendo a pesquisa online uma

    possibilidade metodolgica da pesquisa qualitativa, pode-se lanar

    mo de uma grande variedade de tcnicas para poder apreender

    melhor o tema que se investiga. (MENDES, 2009, p.7)

  • Conrado Mendes (2009) ao citar Mann e Stewart (2000) faz referncia a

    quatro tcnicas de pesquisa online:

    - Entrevistas estruturadas: perguntas padronizadas com um conjunto

    limitado de categorias de resposta. As respostas so registradas de

    acordo com um esquema de cdigo preestabelecido e so geralmente

    analisadas estatisticamente;

    - Entrevistas no-padronizadas: so menos estruturadas e podem ser

    realizadas atravs de chats ou e-mails. Podem forcar na conversa em

    si ou na experincia subjetiva de cada participante;

    - Tcnicas de observao: estas so mais eficazes quando a

    observao se foca no comportamento lingustico dos objetos

    estudados;

    - Coleta de dados pessoais: prev o uso de documentos como dirios e

    autobiografias escritas.

  • - Mapas cognitivos: permitem visualizar as diversas

    conexes, de vrios ngulos e nveis, o que favorece a

    observao de trajetrias percorridas e a percorrer, a

    visualizao das articulaes feitas no ambiente virtual. Os

    mapas cognitivos renem um corpus de investigao de

    forma mais organizada e estratgica e facilitam a

    navegao e permitem estabelecimento de outras novas

    conexes.

    -Registros visuais: o uso de imagens e filmes registrando a

    ao dos envolvidos na pesquisa um recurso que

    possibilita documentar as experincias trocadas online e

    permanecem disponveis para que possam ser consultadas

    sempre que necessrio.

  • WEBCOMICS

    Grande parte das histrias sugeridas como material a ser

    estudado em sala, no est disponvel para aquisio, o que

    tornaria invivel seu uso em alguma atividade presencial.

    Muitos dos pesquisadores de HQs so tambm

    colecionadores, por isso compreensvel seu entusiasmo em

    relao s suas histrias favoritas, mas seria improvvel

    trabalhar com elas sem que questes de direitos autorais

    fossem feridas.

    Em relao s webcomics, os obstculos ao seu acesso so

    praticamente nulos, o que no s tornaria sua aplicao mais

    vivel em termos financeiros, mas em termos de praticidade

    tambm.

  • De acordo com o site do The Comics Journal, a primeira HQ

    online foi lanada antes mesmo de a World Wide Web ter se

    popularizado. A pardia de O mgico de Oz Witches in Stitchesde Eric Monster Millikin foi distribuda em 1992 atravs de um dos primeiros servios de rede, o Compuserv.

    Naquela poca, apenas estudantes de tecnologia e algumas

    poucas pessoas tinham acesso rede, cenrio muito diferente

    do que temos hoje e que se aproxima da previso de Bill

    Gates de um computador em cada casa.

  • O artista multimdia e professor Edgar Franco hoje um dos

    mais assduos pesquisadores de HQs e foi tambm um dos

    pioneiros a tratar sobre a migrao dos quadrinhos para o ambiente virtual. Em sua tese de Mestrado HQtrnicas: do

    suporte papel rede internet, ao citar MacCloud e lvaro de

    Moya, conta que em 1984 os artistas Mike Saenz e Peter Gillis

    foram considerados visionrios por terem desenvolvido a

    histria Shatter em um Apple Macintosh de 128 Kbytes, com

    ferramentas improvveis para a confeco de HQs e mesmo

    que a inteno tenha sido public-la em papel (junho de

    1985), podemos dizer que este foi um marco que prenunciava

    o surgimento das webcomics como conhecemos hoje.

  • Um bom exemplo de como esta democratizao de acesso s HQs

    favorece no s os leitores, mas seus produtores tambm Armandinho.

    O menino de cabelo azul era publicado inicialmente em um jornal local e

    sem muita expresso nacional de Santa Catarina, mas aps ganhar uma

    pgina no Facebook, seu sucesso foi tamanho que hoje o artista

    Alexandre Beck j conta com cinco livros publicados com as tiras que

    foram divulgadas online, alm de ter sido convidado a ilustrar a coluna

    sobre comportamento infantil da psicloga Rosely Sayo no jornal Folha

    de So Paulo

  • Ou seja, por mais efmera que uma rede social possa

    parecer, no podemos ignorar sua importncia

    simplesmente porque os dados nela contidos no podem

    ser verificados de forma totalmente racional e

    matemtica.

    A pesquisa online deve levar em conta a especificidade

    do meio virtual. A internet j est se tornando pauta de

    legislao, mesmo que esse espao ainda seja

    relativamente novo. Muitas reas j buscam uma

    definio quanto jurisdio, propriedade intelectual,

    segurana, etc. Esses temas devem perpassar a

    preocupao do pesquisador qualitativo pelo fato de

    que, nesse tipo de pesquisa, lida-se com o

    comportamento individual, opinies e experincias

    pessoais. O pesquisador qualitativo deve aceitar que

    temas legais e ticos ainda esto num caminho por ser

    construdo. (MENDES, 2009, p.5)

  • Embora tratemos aqui das HQs divulgadas via internet, Vitor Nicolau em

    seu livro Tirinhas e Mdias Digitais afirma que para Scott McCloud h

    uma distino entre webcomics ou quadrinhos digitais e quadrinhos

    online: enquanto o primeiro terno se refere s produes divulgadas

    exclusivamente por meio digital, os quadrinhos online so verses

    digitais dos quadrinhos impressos.

    Estas HQs oferecem uma infinidade de possibilidades acadmicas e

    pedaggicas, como a histria feita por Hector Lima, Mario Cau e Pablo

    Casado especialmente em comemorao ao dia internacional da mulher

    em maro de 2015. Po e Rosas uma verso romanceada da Greve do Po e Rosas, como ficou conhecido um dos eventos mais marcantes da Histria na luta - principalmente da mulher - pela melhoria de condies

    de trabalho. O acesso a ela gratuito e pode ser lida em portugus ou

    ingls nos sites da Fictcia (editora do Hector Lima) ou no site da Petisco

    (editora que publica Terapia de Mario Cau e outras HQs impressas).

  • O computador tornou-se um

    ambiente a ser explorado e depois

    compreendido. A tela digital

    oferece um mundo malevel de

    oportunidades com uma extenso

    infinita de estmulos e impulsos, e

    que vem substituindo toda uma

    amarra de meios fsicos. Os

    elementos produzidos por

    programas de desenho podem ser

    movidos, duplicados e

    transformados, fazendo com que o

    quadrinista ganhe em preciso e

    flexibilidade. (NICOLAU, 2013,

    p.71)

  • REGISTRO DE DADOS COLETADOS ONLINE

    Como Mercado (2012) aponta, o registro visual uma opo para salvar

    dados que corroborem com a pesquisa e que podem ser acessados

    posteriormente a ela. Uma das ferramentas de registro visual para

    pesquisas online o print screen: opo de arquivamento de uma pgina online como um blog, por exemplo.

  • Pensando nisso, autores como Cristine Hine e Luis Leopoldo Mercado

    buscaram detalhar em suas obras tcnicas de pesquisa que pudessem

    validar os dados coletados online sem que sua credibilidade fosse

    comprometida e nesse sentido, a Etnografia uma das metodologias

    que oferece maior abrangncia em relao aos estudos virtuais.

    Entretanto, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, seus

    resultados so sempre parciais, o que implicaria a necessidade de

    tcnicas de pesquisas quantitativas durante o processo.

    Se as metodologias disponveis no so capazes de sozinhas

    viabilizarem o uso de dados virtuais em pesquisas acadmicas, a

    concluso que chegamos que estamos muito prximos deste

    objetivo, principalmente se as tcnicas de coleta de dados

    qualitativas forem mescladas com as quantitativas.

  • Esta imagem foi extrada do endereo http://quadro-a-

    quadro.blog.br/curso-de-introducao-a-historia-teoria-e-critica-de-

    cinema-comeca-em-setembro-e-tem-matriculas-prorrogadas/,

    porm, para ilustrar o prximo recurso, foi removida do site logo em

    seguida:

  • O problema em relao ao print screen que os programas para visualizar imagens so manipulveis, ou seja, no h garantias de

    que a pgina salva corresponda de fato pgina original. No entanto,

    h um recurso do Google que contorna facilmente este empecilho: o cache. No h segredo para utiliz-lo, porm, quando se trata de

    pginas de redes sociais, a menos que estas sejam pblicas, ele no

    se aplica. Em relao a estas mdias, h outros detalhes a serem

    observados, como as questes de direito de imagem e privacidade,

    mas no que tange as demais pginas, pode ser muito til:

    http://www.seomarketing.com.br/cache-Google.php

    Com o endereo citado em mos, basta adicionar a palavra cache na barra de endereos do navegador logo frente

    (cache:http://quadro-a-quadro.blog.br/curso-de-introducao-a-

    historia-teoria-e-critica-de-cinema-comeca-em-setembro-e-tem-

    matriculas-prorrogadas/) e voil! A pgina aparece tal qual na ltima

    vez que foi atualizada e visualizada pelo Googlebot.

  • CONCLUSO

    Inicialmente, a inteno era provar que dados coletados online,

    inclusive quando extrados de pginas de redes sociais, pudessem

    ser verificados, principalmente no que tange o estudo das

    webcomics.

    A publicao virtual uma tendncia crescente e que atrai

    pesquisadores de diversas reas, ou seja, seu impacto no pode ser

    ignorado simplesmente porque os mtodos de pesquisa disponveis

    ainda no conseguem abarcar todas as possibilidades que a novas

    mdias oferecem.

    Se as metodologias disponveis no so capazes de sozinhas

    viabilizarem o uso de dados virtuais em pesquisas acadmicas, a

    concluso que chegamos que estamos muito prximos deste

    objetivo, principalmente se as tcnicas de coleta de dados

    qualitativas forem mescladas com as quantitativas.