slides wallon

Upload: carol-maciel

Post on 06-Oct-2015

220 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Teoria de Wallon

TRANSCRIPT

Slides utilizados na disciplina Psicologia I - A capacidade cognitiva e a potencialidade humana para aprender

Slides utilizados na disciplina Psicologia da Educao I"Prof. Elizabeth dos Santos BragaCurso: PedagogiaFaculdade de EducaoUniversidade de So Paulo2 semestre de 2012

HENRI WALLON

DESENVOLVIMENTO HUMANO

Dinmica de determinaes recprocas organismo/ meio

Contexto do desenvolvimento aspectos fsicos do espao, pessoas, linguagem, conhecimentos prprios de cada cultura.

O meio no , portanto, uma entidade esttica e homognea, mas transforma-se juntamente com a criana. (Galvo, 1995, p. 40)

Fatores do desenvolvimento: orgnicos e sociais

Na realidade, nunca pude dissociar o biolgico do social, no porque os julgue redutveis um ao outro, mas porque eles me parecem no homem to estreitamente complementares desde o seu nascimento, que impossvel encarar a vida psquica sem ser sob a forma das suas relaes recprocas. (Wallon apud Zazzo, introduo obra A Evoluo Psicolgica da Criana)

Biolgico mais determinante no incio; vai progressivamente cedendo espao de determinao ao social; o amadurecimento do sistema nervoso, sozinho, no garante o desenvolvimento de funes psquicas complexas

Fatores orgnicos seqncia fixa nos estgios; podem ter seus efeitos amplamente transformados pelas circunstncias sociais e deliberaes do sujeito

Ritmo do desenvolvimento

- no linear, descontnuo- rupturas, retrocessos, reviravoltas e reorganizaes- concepo oposta s que vem no desenvolvimento uma linearidade- crises na conduta da criana, nos momento de passagem- conflitos de natureza endgena e exgena Conflitos propulsores do desenvolvimento (fatores dinamognicos)

Contradio constitutiva do sujeito e do objeto

Desenvolvimento da pessoa construo progressiva em fases, com predominncia, alternadamente, afetiva e cognitiva

Coerente com seu referencial epistemolgico, para o qual a contradio constitutiva do sujeito e do objeto, Wallon v os conflitos como propulsores do desenvolvimento, isto , como fatores dinamognicos. (Galvo, 1995, p. 42)

Campos funcionais do desenvolvimento: afetividade, ato motor e inteligncia alm da prpria pessoa ser tambm um campo funcional

O motor, o afetivo, o cognitivo, a pessoa, embora cada um desses aspectos tenha identidade estrutural e funcional diferenciada, esto to integrados que cada um parte constitutiva dos outros. Sua separao se faz necessria apenas para a descrio do processo. [...] Qualquer atividade motora tem ressonncias afetivas e cognitivas; toda disposio afetiva tem ressonncias motoras e cognitivas; toda operao mental tem ressonncias afetivas e motoras. E todas elas tm um impacto no quarto conjunto: a pessoa, que, ao mesmo tempo em que garante essa integrao, resultado dela. (Mahoney, Introduo In: Mahoney e Almeida, 2002, p. 15)

Mtodo de Wallon: anlise gentica comparativa multidimensional psicologia gentica dialtica do mtodo marxista de anlise Comparaes mltiplas Anlise do fenmeno em suas vrias determinaes Pressupostos: A pessoa est continuamente em processo. Em cada instante desse processo a pessoa uma totalidade, um conjunto resultante da integrao dos conjuntos motor, afetivo e cognitivo. A existncia social e a existncia individual esto em um vir-a-ser contnuo. O desenvolvimento est em aberto, em processo, sempre em movimento, o que no elimina regresses, crises ou conflitos. H crises de passagem de um estgio a outro, geradas pelo encontro das atividades j adquiridas com novas solicitaes do meio; os conflitos que a ocorrem so propulsores desta passagem.(Mahoney, Introduo In: Mahoney e Almeida, 2002)

Estgios do desenvolvimento da criana

Estgio impulsivo-emocional. primeiro ano de vida;

. impulsivo: 0 a 2/3 meses;. primeiras semanas: funes de ordem fisiolgica (respirao, sono, fome, sentimento confuso do prprio corpo);. ato de nutrio: rene e orienta os primeiros movimentos ordenados da criana; evoluo do ponto de vista motor: resolues de contores em movimentos mais bem adaptados;. emocional: 2/3 meses a 1 ano, aproximadamente;. a criana comea a estabelecer ligaes entre seus desejos e as circunstncias exteriores; o reflexo condicionado se torna possvel;. sorriso = despertar da criana a seu meio humano;. estado de impercia predominncia da afetividade; mediao das pessoas na relao com o mundo fsico;. inaptido para agir diretamente sobre a realidade exterior;. 6 meses: troca com o meio humano; perodo emocional de participao humana;. emoo: instrumento privilegiado de interao criana/meio; estabelece um vnculo forte entre os indivduos do grupo;. participao total; absoro da criana no outro;. depois dos 9 meses: nova etapa, sensrio-motora (e no mais emocional) que cobrir o segundo ano.

Estgio sensrio-motor e projetivo. at o terceiro ano;

. estabelecimento das ligaes necessrias entre sensaes e movimentos;. marcha (espao locomotor); libertao da sujeio ao meio familiar;. explorao sensrio-motora do mundo fsico; explorao e coordenao de espaos;. linguagem: no incio subjetiva, optativa, mas tambm realista; possibilidade de objetivao dos desejos;A permanncia e a objetividade da palavra permitem criana apartar-se de suas motivaes momentneas, prolongar na lembrana uma experincia, antecipar, combinar, calcular, imaginar, sonhar. A linguagem, com a marcha, abre criana um mundo novo, mas de outra natureza: o mundo dos smbolos. (Wallon, As etapas da evoluo psicolgica da criana. In: Galvo, 1995, p. 118). o ato mental projeta-se em atos motores (projetivo), o pensamento precisa dos gestos;. predomnio de relaes cognitivas com o meio (inteligncia prtica e simblica).

Estgio do personalismo. trs a seis anos;

. processo de formao da personalidade;. construo da conscincia de si por meio das interaes sociais;. interesse pelas pessoas;. retorno da predominncia das relaes afetivas;. crise de personalidade por volta 3 anos: a criana torna-se voluntarista e negativista; movimento de alternncia; por necessidade de auto-afirmao, mistura o ser e o ter; idade negativista do no, do eu, do meu;. cincia da propriedade;. idade da graa: por volta dos 4 anos; a criana fica mais atenta s suas atitudes e comportamentos (gestos com valor esttico);. surge a timidez; a criana fica mais atenta ao efeito que pode produzir no outro;. imitao e oposio aos adultos; cime do pai/me (smbolo do Outro);Nessa idade, a criana tem grandes exigncias afetivas, tem sede de solicitude e deve ser cercada de uma atmosfera de ternura: a disciplina da escola maternal no pode apresentar a frieza objetiva que assumir na escola primria (Wallon, As etapas da evoluo psicolgica da criana. In: Galvo, 1995, p. 120). importncia das relaes familiares; constelao familiar.

Estgio categorial. seis a onze anos;

. avanos no plano da inteligncia (devidos consolidao da funo simblica e diferenciao da personalidade);. interesse da criana para as coisas, o conhecimento e a conquista do mundo exterior;. preponderncia do aspecto cognitivo na relao com o meio;. exigncias da escola primria;. jogos com mudanas de papel;. maior concentrao;. o sincretismo recua ante a anlise e a sntese;. diversidade e reversibilidade nas relaes sociais.

Estgio da adolescncia. crise pubertria nova definio dos contornos da personalidade;

. ao hormonal;. questes pessoais, morais e existenciais so trazidas tona;. predominncia da afetividade;. o Eu volta a adquirir importncia;. no plano intelectual, superao do mundo das coisas para atingir o mundo das leis.

Princpios funcionais do desenvolvimento- predominncia funcional ora momentos predominantemente afetivos (construo do eu), ora cognitivos (elaborao do real);

- alternncia funcional do eu para o mundo, das pessoas para as coisas; processo de integrao e diferenciao entre afetividade e cognio, incorporao das conquistas de um estgio anterior;- integrao funcional as funes psquicas elementares vo integrando-se pelas mais complexas, mas a integrao no definitiva; existem freqentes retrocessos.O ritmo descontnuo que Wallon assinala ao processo de desenvolvimento infantil assemelha-se ao movimento de um pndulo que, oscilando entre plos opostos, imprime caractersticas prprias a cada etapa do desenvolvimento. (Galvo, 1995, p. 47)

PENSAMENTO

Emoo origem da atividade intelectual

Movimento funo postural atividade intelectual (relao de reciprocidade); papel do movimento na percepo pronunciado na infncia; imitao origens motoras do ato mental

Estgio sensrio-motor e projetivo mentalidade projetiva (gestos); faz-de-conta: origem corporal da representao; progressos da atividade cognitiva integrao do movimento inteligncia (internalizao, especializao e objetivao do ato motor)

Estgio do personalismo classificao e distribuio de objetos conforme categorias genricas: cores, formas, dimenses etc.; dinmica binria; sincretismo; dominado por impresses sucessivas

Pensamento categorial formao de categorias; estgio categorial amadurecimento dos centros de inibio e discriminao; fatores de origem social (linguagem, conhecimento); reduo do sincretismo e consolidao da funo categorial meio cultural

Estgio da adolescncia afetividade mais racionalizada; oposio mais sofisticada; sujeito incorpora conquistas cognitivas do estgio categorial

Pensamento e linguagem relao de reciprocidade a linguagem exprime o pensamento, ao mesmo tempo em que o estrutura

LINGUAGEM

Acesso linguagem e emoo dependem do coletivo

Linguagem: instrumento indispensvel para a atividade intelectual; grande impacto sobre o desenvolvimento do pensamento e da atividade global da criana ; confere representao mental o meio de evocar objetos ausentes e confront-los entre si

Na dinmica binria do pensamento, a criana associa uma idia outra mais pela sonoridade das palavras ou por suas qualidades semnticas; dimenso potica na linguagem infantil (gosto por parlendas, versinhos ou jogos de linguagem)

Processo de simbolizao decisivo para que o pensamento atinja uma representao mais objetiva da realidade

Linguagem (para o pensamento): faz mudar-se em conhecimento a experincia bruta; atua na passagem do estado de fuso inicial para a diversidade/oposio; no causa do pensamento, mas instrumento e suporte indispensveis aos seus progressos; fornece representao das coisas que j no existem ou que poderiam existir, o meio para serem evocadas e confrontadas entre si

CONFLITOS EU-OUTRO E A CONSTRUO DA PESSOA

Modelo de desenvolvimento psicogentico

Campos funcionais da atividade infantil: afetividade, motricidade e inteligncia

Homem = ser geneticamente social

Sentido do processo de socializao: crescente individuao

Recm-nascido: simbiose afetiva com o meio; estado de disperso e indiferenciao

Construo do eu corporal (primeiro ano) interao com os objetos e com seu prprio corpo; construo do recorte corporal; integrao do corpo das sensaes ao corpo visual (juno do corpo tal como sentido pelo prprio sujeito sua imagem tal como vista pelos outros); condio para a construo do eu psquico

Construo do eu psquico (estgio personalista) antes: estado de sociabilidade sincrtica e indiferenciao do eu psquico (referir-se como prprio nome ou na 3 pessoa); reviravolta nas condutas da criana e nas relaes com o meio; emprego do pronome eu mais freqente; fase de afirmao do eu; conflitos interpessoais; oposio ao outro (no-eu); busca de superioridade pessoal; desejo de propriedade das coisas; idade da graa (atividade de imitao)

Conflitos eu/outro: permanentes; expulso e incorporao (estgio personalista); crise de oposio na adolescncia

O outro um parceiro permanente do eu na vida psquica (Wallon, 1986)

EMOES

Importncia das emoes

. fundamentais no desenvolvimento;. origem da conscincia;. passagem do orgnico para o social, do fisiolgico para o psquico;. propiciam relaes interindividuais;. forma primeira de adaptao ao meio;. na ao sobre o meio humano e no sobre o meio fsico que devem ser buscados os significados das emoesConceito de emoo

. manifestaes da vida afetiva;. acompanhadas de alteraes orgnicas;. os estados afetivos so vividos como sensaes corporais;. com a aquisio da linguagem, diversificam-se os motivos dos estados afetivos e os recursos para sua expresso; os sentimentos tornam-se possveis;. importncia da funo postural ou tnica; relao de reciprocidade entre movimento e emoo;. atividade eminentemente social, a emoo nutre-se do efeito que causa no outro;. poder de contgio; propiciam reaes interindividuais;. primeira forma de adaptao ao meio, tendem a ser suplantadas por outras formas de atividade psquica (como as funes intelectuais);. por permitir o acesso linguagem, a emoo encontra-se na origem da atividade intelectual;. relao de antagonismo entre emoes e atividade intelectual (relao dialtica de filiao e oposio).A razo nasce da emoo e vive da sua morte. (Dantas, 1990)

Referncias bibliogrficasDANTAS, Heloysa. A infncia da razo. So Paulo : Manole, 1990.GALVO, Izabel. Henri Wallon: uma concepo dialtica do desenvolvimento infantil. So Paulo: Nova Cultural, 1995.MAHONEY, Abgail Alvarenga; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. Henri Wallon Psicologia e Educao. 2. ed. So Paulo : Loyola, 2002.

WALLON, Henri. O papel do outro na conscincia do eu In: WEREBE, M.J.G.; NADEL-BRULFERT, J. Henri Wallon. So Paulo: tica, 1986.WALLON, Henri. Do acto ao pensamento. 2.ed. Lisboa: Moraes, 1979.