serões teológicos e serões filosóficos

Upload: adest8863

Post on 07-Jul-2018

235 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    1/318

      LUIZ CARAMASCHI

      ERÕE TEOLÓGICO

    E

      ERÕE FILO ÓFICO

    Os gênios, assim como as águias,hão de ver primeiro o Sol; elas, o Sol dos

    dias; eles, o das idades. Sãoquais auroras de luz, as madrugadasde idéias, que, banhando primeiro osmontes, atingem primeiro as águias.

     

    Luiz Caramaschi

    Sociedade Filosófica "Luiz Caramaschi"

    Praça Arruda, 54 - Caixa Postal 44 - Fone 0xx-14-3351.1900

    18800-000 - IRAJ - !

    2003

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    2/318

    Í!"#$

    S$%&$S '$O()*"#OS

    Prefácio.........................................................................................I - Primeira Jornada Filosófica......................................................II - Segunda Jornada Filosófica (de Descartes a Leibniz)..............III - Segunda Jornada Filosófica (ant)........................................I! - Segunda Jornada Filosófica ("egel# Sc$elling e Fic$te).......! - Segunda Jornada Filosófica (%r&tica a ant)..........................!I - Id'ia de Deus formada ela is*o da ida.............................!II - + tri,ngulo - ant# Plat*o e ristóteles...............................!III - Debate sobre a filosofia dos s&ritos................................I/ - Incoer0ncia da Doutrina s&rita..........................................

    S$%&$S +"(OS)+"#OS

    I - studo do moimento orticoso............................................II - 10nese do 2nierso.............................................................III - 3iologia e arte do futuro..................................................I! - conomia...........................................................................

    4

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    3/318

    %$+-#"O

      O último labor filosófico é o Mito

    "Desde que o selvagem percebe que não existe por simesmo, interroga a Natureza e faz render um tosco, mas sincero culto a um Ente Supremo, que é o Criador do undo"

    ( l.° Grau do Rito Escocês da Maçonaria) 

     5en$um agruamento $umano atingiu a condi6*o de ciiliza6*o sem o concursode uma religi*o.

    + $omem semre filosofou# semre auscultou a natureza# dentro e fora de simesmo. Sentiu# em suas lucubra67es# 8ue o 9undo o interenetra e ele o integra. Sabe-se ob:eto de um Su:eito-9or# :untamente com o 9undo 8ue o rodeia.

    ;al Su:eito-9or# :á na consci0ncia do rimeiro ensador (o selagem)# 8ue odescobre# or necessidade filosófica# ' indefin&el. Sente-+ na 8uietude do lago# emcu:o esel$o refletem-se as árores de suas bordas# e nos ássaros cu:o canto o elea e8ue# em leno uedados n:os# resente em todas as religi7es sueriores.

    %oube a Luiz %aramasc$i# na obra da sua ida# buscar a cone3*o entre oscon$ecimentos cient&ficos e a sabedoria embutida nas religi7es sueriores e na filosofia#estabelecendo um elo de uni*o entre as duas formas de saber.

    s ci0ncias todas# colocadas como deusas# mostraram-se insuficientes na buscada felicidade# mas roiciaram# entretanto# grande desenolimento tecnológico :amaisson$ado. como as ci0ncias buscam o con$ecimento atra's do estudo das artes# edentro delas as artes ainda menores# analisando-as# e camin$ando no rumo docon$ecimento do menor cada ez menor# do insignificante# ou se:a# at' ?s ra&zes damat'ria# da energia ura# transformaram o ;rono de Deus em uma oltrona azia. sreligi7es e as filosofias todas ca&ram em rid&culo. %omo resultado disso# a fam&liamostra sinais de romimento de seus &nculos e seus membros camin$am ara oembrutecimento.

    o lado disso tudo# a ;eoria da olu6*o# caitaneada or %$arles Dar@in# como liro ADa +rigem das s'cies or !ia da Sele6*o 5aturalA# editado em B.CE#colocou a ltima á de cal or sobre o 8ue restaa da Doutrina da %ria6*o totalmentees8uecida elas ci0ncias.

    Por'm# do rório eneno saiu o rem'dio. Das discuss7es dos filósofos e dosreligiosos# a reseito da subst,ncia de Deus# est'reis at' ent*o# tornou-se claro na mente

    G

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    4/318

    do autor ser o mor a subst,ncia de Deus e 8ue# entendendo-o como energia# estaa omor submetido or ia de conse8H0ncia# ?s condi67es de transformabilidade. 9ostrou-se oss&el# assim# a degrada6*o da subst,ncia 9+ at' o mais rofundo n&el deconcentra6*o# no caos rimeiro# do %olosso Primitio# do 8ual surge o nosso uniersomaterial# a artir do ig ang. Isso# em decorr0ncia da >ueda das lmas referida em

    todos os 9itos sueriores.Dessa forma# uma el$a id'ia# em rouagens inteiramente noas# admiss&el ia

    raz*o# e3lica o mal no 9undo# como o rimeiro filósofo-selagem o ercebeu# nos rimeiros raios 8ue o deslumbraram e o for6aram a dizer aos seus contemor,neos deum Deus todo bondade 8ue remia o bem. ;al id'ia# m*e da ciiliza6*o# tirou o $omemde sua animalidade e o

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    5/318

      Seres 'eol/gicos

    Capítulo I 

    Primeira Jornada Filosófica 

    Orago Pandagis reside na cidade de %anan'ia# desde 8ue se aosentou no seri6o blico.li ie ele na sua contemla6*o metaf&sica# na sua is*o racional# buscando o meio 8ue tudointegra e a tudo dá sentido# sobretudo faz isto atra's das for6as da intelig0ncia.

    staa ele# certo dia# a retecer sua rede# sentado no terreiro de um barraco 8ue tem na fozdo rio 9andira# 8uando l$e surgiu %$ilon 8uilano# 8ue o tirou ara a discuss*o# ara o conflito.Desde esse dia come6aram as reuni7es em sua casa de %anan'ia# 8ue fica ró3imo ao 9ar de%ubat*o. 1osta o mestre de recitar# de cor# o soneto de 9ário Pederneira# e# ao temo em 8ue ofaz# ai mostrando nas izin$an6as da casa suas realiza67es. Parece tomar o mestre o canto o'tico or es8uema do 8ue e3ecutou. declama

    )*em conecer amigo esta locanda,+oda aromada de $ardins e orta%m $asmineiro em flor sobre a varanda, E cantigas do mar corando - porta%

    & mar fica fronteiro . nossa onesta e pl'cida vivenda%m mar de lenda !pertado em eterna calmaria, Na mais linda ba/a, Na mais linda, talvez, do mundo inteiro0%

    (Afrânio Coutinho, A Literatura no Brasil, vol. III, T. 1, pág. 323)

    ;anto 8ue cai a noite# dona %orn'lia# esosa de Orago# abre de ar em ar as :anelas da

     biblioteca ara refrescar. +s estudiosos 8ue ouco a ouco se *o a:untando# ao c$egarem ? casa#entram familiarmente# ara a sala da biblioteca# e a& aguardam a entrada de Orago ara osser7esQ costumeiros.

    ssas tertlias rinciiaram a ter mais fre8Hentadores do 8ue no temo dos Ser7es&blicosQ. %$ilon 8uilano foi o rimeiro a rocurar o mestreR deois# acercou-se o materialistaenedito rucoR ouco mais# e eio "ier*o +rsoni# es&rita confesso e escador de rofiss*o.Finalmente# assaram a ser fre8Hentadores as&lio Desiró# ernardo Jas*o# lcino Licas# ento%aturi# Frederico "0ning# al'm de outros isitantes fortuitos# tais como# ntonio !arr*o# rlindo"elisiano# !irg&lio "ur*o# om*o Sileno# Jo*o Iguano# e outros.

    9uitos destes estaam resentes na sala da biblioteca conersando sobre ariados temas#8uando# ? entrada de Orago# todos ficaram silentes. Deois dos cumrimentos $abituais# dirigiu-

    se Orago a %$ilon interrogando-o.  "o:e ter*o in&cio os nossos Ser7es ;eológicosQ=  Sim# foi o 8ue o sen$or nos rometeu.

      ;odaia esse assunto n*o me ' muito agradáel# obserou enedito ruco.

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    6/318

      Por 8ue= - tornou o mestre.  Por8ue ressinto 8ue iremos arrazoar sobre coisas da f'... tomando-as como remissas

    dos racioc&nios. +s mist'rios reelados s*o o onto de artida ara a teologia. +ra# se me 7em ocabresto logo de in&cio# ou dar onde me leam. Diz 1arcia 9orente !isto 8ue entre a f' doteólogo e a raz*o do filósofo n*o ode $aer discre,ncia# a filosofia deerá ter or a3ioma certo

    8ue toda suosta demonstra6*o racional da falsidade de um artigo de f'# $á de sernecessariamente falsa e sof&sticaQ.B

    is a& uma canoa em 8ue n*o entroT erdade racional e a erdade da f' n*o odemcontradizer-seQ# diz 1arcia 9orente. rossegue ambos saberes s*o erdades e n*o odemcontradizer-se# or 8ue os rinc&ios do racioc&nio foram ostos em nós or Deus# 8ue ' omesmo autor da reela6*o recebida ela f'A.4 +ra# essaT Se o autor dos rinc&ios do racioc&nio 'o mesmo autor da reela6*o# e or isso# ambos n*o odem contradizer-se# se a raz*o se o7e ? f'#tanto ode estar errada a raz*o# como ode estar errada a f'. de tantas as f's antigas emodernas 8ual será a erdadeira= 5*o ' certo 8ue todos os oos de todos os temos e de todosos lugares dizem ter recebido suas reela67es de Deus=

    9uito bem rezado ruco# tornou o ensadorR essa teologia sobrenatural n*o será o

    ob:eto de nossos estudosR só de assagem a ela nos referiremosR a nossa será a teologia natural#alcan6ada elas ias da raz*o# a 8ual Leibniz denomina   teodicéia,  e 8ue# etimologicamente#significa  justiça de  Deus. U a esta teologia natural  8ue S*o ;omás c$ama de  filosofia. Portanto#nossos ser7es ser*o filosóficos# com refer0ncias indisensáeis ? teologia.

    # deois de ensar um ouco# e3clamou o mestre  %oerente com o 8ue acabo de dizer# analisemos a frase Primum iere# deinde

     $iloso$ariQT caso sabe oc0 o 8ue 8uer dizer isto# %$ilon=  Sei. >uer dizer 8ue rimeiro recisamos gan$ar a ida# ara deois entregar-nos a

    esecula67es filosóficas.  U e n*o '# acudiu o mestre. U esse o sentido 8ue semre se deu a essa frase latina. 9as

    essa ' a filosofia dos n*o filósofos. >uem assa a ida cuidando de amontoar ri8uezas ara

    deois filosofar# fica tamb'm a amontoar $aeres deois. o filósofo 8ue o '# or natureza# n*oliga a gan$ar din$eiro# a amontoar bens# ara filosofar deois. 2ns buscam ri8uezas e outros#sabedoriaR no fim da ida cada um fica com o 8ue rocurou ad8uirir... 9as ainda n*o ' esse osentido 8ue 8uero dar ? fraseR 8uero dizer 8ue rimeiro recisamos ier boa arte da ida# arater e3eri0ncia# ara só deois oder filosofar. U or isso 8ue o filósofo necessariamente terá deser $omem maduro# n*o tanto no sentido cronológico# mas# no s&8uico e mental. U recisomadureza intelectual e esiritual. !oc0s todos :á ouiram sobre g0nios recoces das matemáticascomo 1auss# e da msica# como 9ozart. 5ingu'm# todaia# ouiu falar de filósofos recoces.%on8uanto Leibniz fosse c$amado o el$oQ elos seus colegas de estudos# só roduziu coisasgrandes na maturidade dos seus anos e na el$ice. Por 8ue= Por8ue rimum iere# deinde $iloso$ariQT U reciso i0nciaQ# como diz 1arcia 9orente. 5ingu'm fará filosofia sem rimeiro ter iido em rofundidade e e3tens*o. sta e3eri0ncia ital enri8uece a mente deintui67es e conceitos sem os 8uais imoss&el será o ensar filosófico.

    estas ltimas alaras de Orago intereio de noo enedito ruco  c$o 8ue as lidas# tribula67es e e3eri0ncias da ida endurecem o $omem# dando-l$e

    const,ncia e firmeza. Logo# o $omem iido# enri:ado ela e3eri0ncia# dei3a de ser lástico emoldáel. 5ingu'm gosta de reformar suas id'ias deois dos 8uarentaQ como diz Fritz a$n.Sua is*o da erdade# ortanto# fica deformada ela i0ncia 8ue tee. Sc$oen$auer# or8uetin$a m*e inteligente# 8ue at' era escritora# acabou cuidando 8ue $erdamos da m*e a intelig0ncia#e do ai# a for6a e o caráter. %omo foi desrezado desde a inf,ncia# ficou essimista# e só

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    7/318

    se enri:ece na oini*o irredut&el. U ia# erscrutadora# admira-se de tudo# n*o se fanatiza#con8uanto se:a sugestionáel. ste estado de lasticidade mental# esta caacidade de roblematizar tudo# esta admira6*o 8ue o $omem feito# enri:ecido# encanecido n*o ossui mais# ' rório da crian6a. %risto c$amaa aos $omens definidos# aos 8ue t0m oini*o formada sobretudo# de odres el$os nos 8uais n*o se odia uem n*o se tornar como as

    crian6as# sentencia %risto# n*o entrará no reino dos c'usQ. 8uele igualmente 8ue n*o udermanter-se ueril# n*o será filósofo. 8uele ara 8uem tudo resulta muito natural# ara 8uemtudo resulta muito fácil de entender# ara 8uem tudo resulta muito óbio# nunca oderá serfilósofoQG. sta ' a causa or 8ue Plat*o referia tratar com :oens a tratar com el$os. Sócrates#o mestre de Plat*o# andaa entre a mocidade de tenas# entre as crian6as e as mul$eresQN.

    oltando-se o mestre ara ruco# interrogou  stá satisfeita sua cr&tica com estas considera67es=  5*o está. Por8ue os :oens e as mul$eres s*o sugestionáeis# en8uanto ac$o 8ue os

    filósofos deem ser ersuas&eis. a& está uma 8ualidade de el$os 8ue n*o se rendem a n*o ser?s ersuas7es. idade confere ao $omem o senso cr&tico# a e3ig0ncia de rigor. 5ingu'm :amaisiu nos alcos os $inotizadores oerarem com el$os# isto 8ue s*o resistentes ? $inose or

    causa da auto-análise. s massas $umanas s*o sugestionáeis# or8ue ueris# e or isso ' bemestulta a c$amada sabedoria oularQ 8ue ouimos or a condensada em ditados# tradi67es eusos.

      Falou oc0 com acerto# meu caro ruco# tornou Orago. & est*o as tr0s 8ualidades dofilósofo noidade e rigorismoR interesse# entusiasmo# enetra6*o lógica e es&rito cr&tico. Sercomo as crian6as# or uma arte# e como os el$os# or outra. Persuas&eis como os el$os e aomesmo temo sugestionáeis e entusiastas como as crian6as. coru:a de 9inera ' o s&mboloda filosofia# or ser a ae de ol$ar semre deslumbrado.

      gora estou contente# relicou enedito ruco.  U assim 8ue# atal$ou Orago# todo ensador dee ter resente a distin6*o entre oini*o e

    con$ecimento. Plat*o c$amaa doxa a oini*o# donde em 8ue  para doxa, ou  paradoxo, ' o 8ue

    se o7e ? oini*o frontalmente# dizendo o oosto do 8ue diz. sta oosi6*o ? oini*o ' o 8uePlat*o c$amaa de epistéme, 8ue ' a ci0nciaR e a dial'tica ' a arte de :ogar com as epistémes 8ues*o conceitos e :u&zos. Por isto todos os filósofos da segunda :ornada filosófica# 8ue s*o os daenascen6a# a come6ar or Descartes# iniciam seus estudos ela eistemologia 8ue ' a teoria docon$ecimento.

      5*o seria bom tamb'm come6ássemos or a8ui= cudiu %$ilon 8uilano.  ;erá de ser# tornou OragoR todaia# $á uma coisa mais imortante a ser estudada antes

    da eistemologia.  >ual= In8uiriu %$ilon.  U a $istoricidade da filosofia. ;odo filósofo tem de refazer o camin$o da filosofia desde

    o in&cio# isto 8ue nen$um saber ' t*o necessariamente $istórico como a filosofia. Filosofia ' roblematiza6*o no temoR $istória da filosofia# ois# ' a $istória dessa roblematiza6*o.+ntologia e metaf&sica atra's dos temos# eis o 8ue ' a filosofia. 9as n*o ' só issoR a filosofia 'diálogo# ol0mica e cr&ticaR or isso o filósofo tem necessidade de discutir suas erdades ara8ue seu ensamento interior se comlemente ela articia6*o. + reto 8ue recebe da8ueles a8uem fala ' o est&mulo necessário a fazer sua mente trabal$ar. análise# a dial'tica e o diálogos*o necessários ao desenolimento da filosofia. ssim foi na escola de Sócrates# assim na dePlat*o# assim na de ristóteles. filosofia de Plat*o foi dada nesta forma - a de diálogo.

    Deois de esticar as ernas or bai3o da mesa# esregui6ando-se tamb'm com os bra6os# rosseguiu o mestre

      $istória da filosofia ' a de uma grande ol0mica no temo# e no esa6o# em 8ue os$omens inteligentes da ;erra ieram e3or seus ontos de ista. nós tamb'm iremos er# demodo ráido# erfunctório# o 8ue :á se fez neste sentido# deois do 8ue e3oremos nossasconclus7es.

    deois de meditar um ouco# tocou or diante o mestre

    G 9. 1arcia 9orente# Fundamentos de Filodofia# GN 9. 1arcia 9orente# Fundamentos de Filosofia# G

    K

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    8/318

      filosofia nasceu# certo dia# na 1r'cia# em irtude de os gregos $aerem erdido a f'nos deuses. Decadente a religi*o# os gregos entraram numa 'oca de liberdade# isto 8ue esta sóe3iste no come6o das a67esR desencadeadas estas# liremente# o $omem se 0 reso ?s cadeias deconse8H0ncias# criando destarte um determinismo do 8ual imoss&el será fugir. +ra bem osgregos ieram condicionados aos rinc&ios religiosos 8ue eram a sua erdade. Duidosos

    deois da erdade 8ue os animaa# entraram numa fase caótica em 8ue cada um se

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    9/318

    mo6os '

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    10/318

    em tr0s ulosR mas na teoria# isto '# no cálculo# 8uando 8uiles alcan6asse a tartaruga# ela ter-se-ia deslocado mais um oucoR e encido# 8uiles# esse ouco# ela se adiantaria outro ouco# se bem 8ue menor# e assim or diante. Desde 8ue o esa6o ode ser diidido infinitesimalmente# ocálculo dá uma diis*o infinita. %om isto ^en*o roaa a aus0ncia de moimento# mas aonde=%laro 8ue no lano das id'ias 8ue n*o no mundo da realidade ob:etia. Proosto o roblema a

    Diógenes# a resosta deste ara roar o moimento# consistiu em leantar-se e andar. 9as isto 'resonder num lano de e3ist0ncia a uma roosi6*o feita e álida em outro. U no cálculo# e n*ona realidade f&sica# 8ue 8uiles n*o alcan6a a tartaruga. De igual modo# 8uando Descartessustentaa 8ue o moimento ' relatio ou rec&roco# donde em 8ue tanto ale dizer 8ue o móeldirige-se ara o seu alo# como o alo ' 8ue se moe ara o seu ob:eto# 8uando Descartesafirmaa isto# o filósofo ingl0s "enrY 9ore relicou 8uando um $omem corre ara um fim#estafando-se e cansando-se# sabe muito bem se ' o móel ou o fim 8ue está realmente emmoimentoQE (Jac8ues 9aritain# Introdu6*o 1eral ? Filosofia# CC). is a de noo# o mesmom'todo de refuta6*o a ^en*o Descartes falaa de um modo teórico da8uilo 8ue sucede no lanodo ensamento# e "enrY 9ore# tanto como Diógenes# resondem com um sucesso rático# comum ato f&sico. ' e3atamente nisto 8ue se resume a sof&stica fundar a remissa num lano# e

    tirar as conclus7es em outro. 5*o adianta clamar# como faz o adre +rlando !ilela ao dizerinfelizmente# a ra6a dos sofistas ' imortalT...Q (Inicia6*o Filosófica# 4E). U reciso fazer adiagnose dessa enfermidade do es&rito 8ue ' a sof&stica# e ela consiste nada mais nada menos do8ue fundar a remissa num lano# ara deois concluir em outro. Sofistas# logo# foram Diógenese 9ore# e n*o ^en*o e Descartes.

      5ada dissoT bradou lcino Licas. 5egar o moimento ' coisa 8ue nem um asno o fazTSofistas $*o de ser# or certo# ^en*o e DescartesT

      c$a oc0# ent*o# 8ue Diógenes e 9ore tin$am raz*o=  >ue didaT Logo a realidade está no tornar-se# no deir# no ir-a-ser# elo 8ue as

    coisas semre est*o dei3ando de ser o 8ue s*o# ara serem outras=  3ato.

      nt*o "eráclito estaa certo ao afirmar 8ue o ser n*o '# ou 8ue o n*o-ser '=  staa.  dizer 8ue o n*o-ser '# n*o imlica absurdo ou contradi6*o= caso n*o consiste isso

    em fazer a afirma6*o de uma coisa 8ue :á em negada em si mesma= %omo ode consistir o serno 8ue n*o '= ;em 8ue ser como o enuncia Parm0nides o n*o-ser n*o '# e o ser '.

      Se o ser '# ou se o n*o-ser n*o '# eu n*o sei# tornou Licas. + 8ue sei ' 8ue $á omoimento# e as coisas a moer-se e a transformar-seR esta 8ue ' a min$a i0ncia# a min$ae3eri0ncia sens&el. Distingo no mundo duas realidades as coisas em mudan6a etransforma6*o# e as coisas em moimento no esa6o.

      as coisas# se:am em mudan6a e transforma6*o# se:am em moimento no esa6o# de8ue s*o feitas# de 8ue se constituem# ou de 8ue consistem=

      De mat'ria# ora essa.  a mat'ria 8ue '# segundo os ltimos resultados da ci0ncia=  9oimento. m sua &ntima estrutura a mat'ria ' uro moimento.  9as ' oss&el $aer moimento sem móel=  5*o.  nt*o or8ue oc0 disse uro moimentoQ# 8uando o moimento n*o ode ser uro#

    isto n*o rescindir do móel=  etifico ent*o a mat'ria ' moimento de algo...  8ue ' esse algoQ# esse rimeiro móel a moer-se ara 8ue a mat'ria e3ista=  $T Isso n*o sei.  Pois esse rimeiro móel ' o n*o-sei-8ueQ de LocWeR esse seu algoQ# esse n*o-sei-

    8ueQ se moe# e desse moimento surge a mat'ria. De maneira 8ue no fundo mesmo da mat'riaestá o n*o-sei-8ueQ# o algoQ ignorado em 8ue oc0 tanto confia# c$egando ao cmulo deafirmar 8ue nem um asno duidaria disso. Seria 8ue o asno afirma a mat'ria como ser# recisamente or ser asno= 5en$um filósofo at' $o:e declarou isso# isto '# 8ue a mat'ria ' o ser.

    E Jac8ues 9aritain# Introdu6*o 1eral ? Filosofia# CC

    BM

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    11/318

    Pouco $á# oc0 tin$a or certo e indiscut&el 8ue $aia o moimentoR agora tamb'm :á n*o sabeo 8ue en$a a ser o moimento# isto 8ue este imlica na e3ist0ncia de um móel# e o móeltamb'm se reduz a moimento at' o seu ltimo limite 8ue ' a8uela es'cie de nadaQ a moer-se ara o 8ue todo material sur:aT is como estaa certo Parm0nides ao afirmar 8ue o n*o-ser n*o 'Re a má3ima aro3ima6*o do n*o-ser ' o el'tron cu:o moimento de rota6*o# or8ue ' 8uase

    infinito# tem seu temo reduzido a 8uase zero. dist,ncia m&nima oss&el e3istente na naturezasens&el ' o raio de um el'tronR e o temo elementar ' essa dist,ncia (o raio do el'tron) ercorrida ela elocidade da luz. dist,ncia m&nima# ortanto# ' BM-lG cm.# e o temo elementarBM-4N segundos (". Faust# De +nde !iemos Para +nde !amos# VB). caso dir-me-ia oc0# meucaro Licas# 8ue o ser ' essa art&cula elementar# talez o gr*o de 'ter de 9endeleie# ao 8ual deuo nome de ne@t

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    12/318

    fórmulas :ur&dicas ou arágrafos burocráticosQBB. sta ' a raz*o or 8ue o latonismo adormeceuno assado ara ressuscitar no futuro 8ue come6a $o:e. Se a igre:a crist* aceitou# 8uaseintegralmente# essa teoria (agostiniana) da  criatio ex nihilo  (cria6*o do nada)# n*o o fez orraz7es metaf&sicas ou lógicas# mas or motios sicológicos e edagógicosR ois# lidando comuma $umanidade redominantemente materialista# era mais rudente incutir aos $omens um

     rofundo ódio ? mat'ria do 8ue aresentar o mundo material como emana6*o da diindade(...)QB4. %ontudo# dei3emos Plat*o ainda neste romontório em 8ue ermaneceu 8uase 8ueisolado or mais de dois mil anos# e des6amos# com ristóteles e %ia.# elas encostas# lan&cies eales do saber filosófico.

      %om 8ue sustenta o mestre# ent*o# se:a Plat*o maior do 8ue ristóteles# redargHiu#interrogando# lcino Licas.

      Para mim# retrucou o filósofo# está com a raz*o "uberto od$en ristóteles '# na$istória da filosofia ocidental# o rei dos acróbatasQBG.

      Isso foi o 8ue disse "uberto o$den# tornou LicasR mas o Pe. +rlando !ilela escreeu8ue ristóteles '# n*o só o onto mais alto da filosofia grega# mas tamb'm o maior g0nio dafilosofia de todos os temosQBN. Jac8ues 9aritain acrescenta 8ue odemos (...) afirmar# sem

    nen$um receio# 8ue ristóteles ' absolutamente nico# entre os filósofos nico elo g0nio# nico elos dotes# nico or sua obraQB. isto# redargHiu o mestre com ar sobranceiro  "uberto o$den osso ainda :untar outro 8ue dizia Plat*o ' a filosofia e a filosofia

    ' Plat*oQ diz mersonR e alica ?   !epública a frase de +mar sobre o lcor*o >ueimem-se as bibliotecas# ois o 8ue elas t0m de alioso encontra-se neste liroQBV. 8uanto a ristóteles#Lutero disse 8ue n*o assaa de um asno012. or8ue uns e3ageram or uma arte# e outros# or outra# acabo concordando com Friedric$ Sc$legel 8ue disse %ada $omem nasce lat

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    13/318

    n*o oder tornar-se noutra coisa diferente do 8ue '# e ela mesma raz*o ' imutáel. U eterno# or8ue semre foi e será o 8ue ' como forma ura# como ato uro. 9as des6amos ?s coisas.

      s árores# os caalos# os ob:etos dom'sticos s*o formas e or estas os definimos nós.Definir ' dizer o 8ue a coisa '# ' mostrar a ess0ncia das coisas# n*o a mat'ria# mas a ess0ncia# ouse:a# o 8ue a coisa ' em si# como ensaa ristóteles. S*o essas formas ou ess0ncias 8ue a nossa

    intelig0ncia areende das imagens 8ue nos ieram elos sentidos. m nosso es&rito se formamimagens mentais da8uelas realidades e3teriores (casa# árore# caalo# mesa). nossa intelig0nciageneraliza todas as imagens de casas# de árores# de caalos# de mesas# nos seus resectiosconceitos. + conceito ' a coisa definida# generalizada# abstra&da das imagens# mas n*o ' imagem#e sim# id'ia. De onde em 8ue as id'ias nascem das coisas# como o afirma ristóteles# ao in'sde as coisas surgirem das id'ias como o entende Plat*o. U nisto 8ue se resume a luta milenáriaentre os realistas e uniersalistas lat

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    14/318

    mas n*o fala de Deus. Já ristóteles c$ega ? id'ia de Deus# con8uanto se:a esse o Deus da raz*o#alto# frio# distante# 8ue ' o  ctus %urus. Imóel em sua atiidade ura# este ser n*o estásubmetido a nen$uma es'cie de mudan6a... is o rinc&io de 8ue deendem o c'u e a natureza.Sua felicidade assemel$a-se ?s alegrias suremas 8ue só oderemos gozar um instanteR ele#entretanto# a ossui eternamente. Sua felicidade ' o seu ato... ' o ato da soberana intelig0ncia# o

     ensamento uro 8ue se ensa a si mesmo. U admiráel 8ue Deus ossua semre a alegria 8uedesfrutamos algumas ezesR mas ainda ' mais admiráel 8ue a ossua muito maiorR ora# ' assim8ue a ossui. ele tem a ida. Por8ue o ato da intelig0ncia ' uma ida. +ra# Deus ' este ato emestado uro. U# ois# sua rória ida este ato subsistente em si# eis sua ida eterna e soberana.Por isso dizemos 8ue ' um ser io# eterno e erfeitoR or8ue a ida 8ue dura eternamente e3isteem Deus# or8ue ele ' a rória idaQ (ristóteles# 9etaf&sica# citado or Jac8ues 9aritain#Introdu6*o 1eral ? Filosofia# VM). ai ]ill Durant e escree esta sua cr&tica a ristóteles Diina Proid0ncia coincide erfeitamente ara ristóteles com a a6*o das causas naturais(Utica# B# BM). 9esmo assim $á um Deus# embora n*o se:a o deus $umano e simles# concebido elo erdoáel antroomorfismo do es&rito adolescente. ristóteles associa este roblema aoel$o 8uebra-cabe6a sobre o moimento. %omo come6ou o moimento= ergunta. le n*o

    admite a ossibilidade de n*o ter tido rinc&io# aesar de conceber a mat'ria sem rinc&ioR amat'ria ode ser eterna# or8ue ' meramente a erene ossibilidade de futuras formasR mas8uando e como rinciiou esse asto rocesso de moimenta6*o e forma6*o# 8ue afinal enc$eu ounierso de uma infinidade de formas= + moimento tee sem dida uma origem# dizristótelesR e se n*o 8uisermos# mergul$ando no assado# retroceder infinitamente# fazendo# asso a asso# recuar sem fim o nosso roblema# deeremos admitir um rimeiro motor imóel&primum mobile immotum',  um ser incoróreo# indiis&el# sem taman$o# sem se3o# semsentimentos# imutáel# erfeito e eterno. Deus n*o criou# mas moe o mundoR e moe-o# n*ocomo for6a mec,nica e sim como motio nico de todas as es'cies de atiidade do mundoRDeus moe o mundo assim como o ob:eto amado moe a8uele 8ue o amaQ (9etaf&sica# I/# K).le ' a causa final da natureza# o imulso e a finalidade das coisas# a forma do mundo# o

     rinc&io da ida do mundo# o total de seus rocessos e oderes itais# o escoo inerente de seudesenolimento# a estimulante entel'8uia do todo. Deus ' ura energiaR ' o escolástico ctus %urus 3  a atiidade  per se; e orentura a nergiaQ m&stica da f&sica e filosofia modernas. Umenos uma essoa do 8ue um oder magn'tico. 9esmo assim# com sua $abitual incoer0ncia#ristóteles reresenta Deus como es&rito consciente de si mesmo. 2m es&rito erdadeiramentemisterioso# ois o Deus de ristóteles nada fazR n*o tem dese:os# nem ontade# nem finsR ' umaatiidade t*o ura# 8ue nunca age. bsolutamente erfeitoR or isso nada ode dese:arR or isso#inerte. Sua nica ocua6*o ' contemlar a ess0ncia das coisasR e como ele rório ' a ess0ncia detodas as coisas# a forma de todas as formas# sua só ocua6*o ' a contemla6*o de si mesmo(9etaf&sica# /II# C). Infeliz Deus de ristótelesT ois ' um roi-fainéant , um rei 8ue nada fazR orei reina# mas n*o goernaQ. 5*o ' de admirar 8ue os ingleses amem ristótelesR o Deus deristóteles ' claramente uma cóia do rei ingl0sQ4M.

    fec$ando o liro em 8ue lera o te3to# rosseguiu Orago  2m tal Deus intelectual# cu:a nica alegria consiste na contemla6*o de si mesmo# 8ue

     ediria aos seus fi'is adoradores= %$ilonT  >ue outra coisa oderia e3igir sen*o 8ue seus beatos o contemlassem= 5a

    contemla6*o de Deus consiste toda a beatitude dos eleitosR e como Deus ' ensamento uro# ' aerdade# toda a contemla6*o dos eleitos se resume a uma contemla6*o metaf&sica.

      Isso mesmo %$ilonT +s eleitos $*o 8ue ser todos filósofos# sen*o sábiosR e a nicaforma de gozo 8ue ossuem resulta desta contemla6*o metaf&sica# ou se:a# uma es'cie de is*osuer-racional alcan6ada só com as for6as da intelig0ncia. Por isso ara S*o ;omás# o maiorteólogo da Igre:a# a bem-aenturan6a dos santos# como tamb'm ara ristóteles# consiste emcontemlar a erdade# or8ue contemlam a Deus. Sendo Deus ensamento uro# iem decontemlar o ensamento eterno# e todo seu gozo consiste no uro ensar. >ue dist,ncia está istodos reis-filósofos de Plat*o# diz ]ill Durant# 8ue se reocuam com seus irm*os# em ez de seisolarem na torre de cristal fora do conflito e da contamina6*oT >ue dist,ncia do Deus de amor

    4M ]ill Durant# "istória da Filosofia# EM# EB

    BN

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    15/318

    crist*o# da sua sol&cita e mansa aternidadeT deois de 8uedar ensatio or algum temo# rosseguiu o mestre refutando as

    refuta67es de ristóteles a Plat*o# come6ando# com isto# a solidificar as bases da terceira :ornadafilosófica 8ue# como entende# tee in&cio em Plat*o.

      Para Plat*o# as ess0ncias das coisas# as id'ias# antes de serem abstra67es imerfeitas da

    nossa mente# s*o realidades erfeitas 8ue :azem num lugar celeste a 8ue dá o nome de "toposuranos#$ elatiamente ?s coisas deste mundo# Plat*o n*o l$es nega a e3ist0ncia# mas asconsidera como imagens enfra8uecidas e enganadoras da ealidade# ob:eto de oini*o# e n*o deci0ncia ou de con$ecimento etc.Q4B. 9as esta ess0ncia (comenta 9aritain) só e3iste sob esseestado uniersal em uma intelig0ncia - em nosso es&rito# 8ue a tira ou  abstrai  das coisas nas8uais ela e3iste em estado de indiidualidade (...) 5este caso# as ess0ncias das coisas erec&eisn*o e3istem searadas das coisas ou em estado uro e todo o mundo latuando ensamos no mundo# imaginamo-lomoendo-se. Logo# $á o moimento imag'tico. 5a mente de Deus tamb'm o mundo n*o só semoe como se transformaR mas isto n*o s*o Id'ias-r8u'tios do moimento e datransforma6*o. S*o imagens. s imagens moem-se se:a na mente do $omem# se:a na de Deus.+u isto# ou Deus n*o ode# como nós# ter imagem do 2nierso# do mundo e das coisas. %ontudo#

    as Id'ias-r8u'tios do moimento e da transforma6*o s*o as leis dos fen(menos 8ue n*o semudam# mas determinam o mudar. na mente de Deus n*o cabe imerfei67es# %$ilon=  ;emo dar 8ual8uer resosta... n*o sei.  %laro 8ue n*o# bradou lcino Licas# Deus ' eternamente imutáel# imóel# imaterial# e

     or isso# erfeito. le ' ensamento uroR e se neste alguma coisa se moe# Deus ' móelR sealguma coisa se transforma# ele ' mutáelR se ' mutáel# n*o tem const,ncia e n*o '. Se em suamente alguma coisa se transforma# ou $á de ser ara mel$or# ou ara iorR se ' ara mel$or#ent*o# ode aerfei6oar-se e ' imerfeitoR se ' ara ior# ent*o Deus ' suscet&el de 8ueda# comoo $omem# sendo# tamb'm# or isto# imerfeito.

      Deus ode en3ergar mentalmente este unierso de mat'ria em 8ue iemos= 9euLicas# interrogou o mestre.

      Pode# ois claroT  esse unierso 8ue $abitamos ' isto ela mente de Deus c$eio de imerfei67es# tais

    como materialidade# fealdade# ignor,ncia# itória da for6a e da astcia# fracasso e morte do ac&fico e bom# doen6a# desarmonia# loucura# guerra# etc.= + unierso 8ue Deus 0 com suamente# tem destas coisas# ou n*o tem=

      U... agora o sen$or me encostou ? arede... or8ue se digo 8ue Deus n*o 0 essasimerfei67es de fato e3istentes no unierso e enc$em a ida# ten$o de concluir 8ue Deus 'ignoranteR se digo 8ue Deus n*o ignora estas imerfei67es# ent*o elas s*o resentes no seu ensamentoR sendo ele ensamento uro# em 8ue consiste ent*o esta ureza# se ode $aer nelen*o só o ser 8ue ' o 8ue '# mas tamb'm# :untamente# o n*o-ser 8ue n*o ' =

      como '# ent*o# rezado Orago# intereio %$ilonR como se soluciona esse roblema=  5esse# meus caros# se resume todos os roblemas metaf&sicosR solucionando-o# nada

    mais fica or resoler. sta solu6*o# contudo# n*o dee nem ode ser anteciada# or8ue o

    4B Jac8ues 9aritain# Introdu6*o 1eral ? Filosofia# G44 Jac8ues 9aritain# Introdu6*o 1eral ? Filosofia# K# C4G 9anoel 1arcia 9orente# Fundamentos de Filosofia# B44

    B

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    16/318

    camin$o 8ue nos lea a ela constitui a terceira :ornada filosófica. a nós nos cumre n*o sóterminar com a rimeira :ornada# como ainda encer a segunda# ara só ent*o cuidarmos daterceira.

      ;ornando atrás# no onto em 8ue artimos ara esta digress*o# continua o mestre# temosde concordar 8ue ristóteles tin$a sua arcela de raz*o. U certo 8ue nós# mortais# relatios#

    su:eitos ? relatiidade das nossas medidas# só odemos ter acesso ?s id'ias atra's dos ob:etossens&eis. ;odaia# Plat*o# encendo ráido esta fase# 7e-se no m&reo# :unto dos Serafins# eol$a como eles o unierso e 0 nele a imerfei6*o 8ue ai crescendo na roor6*o em 8ue seafasta de Deus no rumo do orco at' o caos do n*o-ser. Lá no onto em 8ue se ac$a a ;erra 0 o8uase n*o-ser da mat'ria 8ue cada ez mais se enri:ece na bruteza das formas toscas. Demármore

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    17/318

      3atamente# tornou Licas.  Logo# nossa intelig0ncia n*o ode saber 8ue en$a a ser u`a mat'ria sem forma=  Isso mesmoT... n*o odeT  nt*o 8ue forma t0m os l&8uidos e os gases=  dos reciientes 8ue os cont0m.

      Logo# ara eu saber o 8ue em a ser a água e o ar# reciso met0-los em reciientes= >ueem ser ent*o a arte da f&sica 8ue trata dos l&8uidos# a $idrostática# ou dos gases# a neumática=>ue forma tem a luz= >ue forma# a eletricidade= >ue forma# o calor= !isto 8ue estas coisas n*ot0m forma# n*o t0m ser ara a nossa intelig0ncia= m 8ue consiste o ser# a ess0ncia da mat'ria8ue ' o ob:eto da 8u&mica e da f&sica# sobretudo a nuclear=

      esondo ent*o com os dados da ci0ncia# relicou Licas a mat'ria '# na suaconstitui6*o ou ess0ncia# uro moimento.

      Puro moimento n*o ode serR alguma coisa se moe# e n*o $á de ser uro moimentode nada.

      em... a mat'ria ' formada elo moimento dos el'trons em torno do ncleo atual a do róton= >ual a do neutron=

      U o moimento outra ez.  9oimento de 8ue=  Sei lá eu=T Por entura esse interrogatório teria fim=  or a& ai# concluiu Orago# e n*o odemos con$ecer as ess0ncias# or8ue umas se

    reduzem a outras# e esgotá-las seria remontar ? 9at'ria rima# absolutamente informal# da 8ualtudo se formou. !e:amos# or'm# mais coisas do aristotelismo

      Diz 9aritain %onsiderada em si mesma# a ess0ncia n*o '# ois# uniersal# nemtamouco ' indiidual a ess0ncia como tal# a ess0ncia de Pedro considerada em si mesma fazabstra6*o de todos os caracteres 8ue distinguem Pedro de Paulo ou de Jo*oQGB.

     !e:amos  Feita a abstra6*o dos caracteres diersificatios 8ue tornam Pedro diferente de Paulo e

    ambos diferentes de Jo*o# tirando deles as diferen6as# eles ficam iguais ela ess0ncia. staoera6*o abstrata de eliminar as diferen6as ode ser leada a efeito em todos os $omens. ;odos#logo# ficariam iguais ela ess0ncia. %omo# ent*o# afirmar 8ue a ess0ncia n*o ' uniersal= >uandoum artista ensa sua obra# acaso n*o a ensa rimeiro como uniersal# como es8uema geral# aradeois acrescentar-l$e os caracteres diersificatios 8ue a indiiduam= Deus ao criar o $omemt0-lo-ia ensado como Pedro# como Paulo# como Jo*o= Isto '# como indiidual em rimeirainst,ncia= is como os aristot'licos# a e3emlo do rório ristóteles# s*o confusos eincoerentes. Por'm# amos or diante

      s ess0ncias das coisas s*o uniersais no es&rito e consideradas em si mesmas n*os*o nem uniersais nem indiiduaisQG4. is outra incoer0ncia gritanteR se as ess0ncias das coisas#consideradas em si mesmas# n*o s*o nem uniersais nem indiiduais# 8ue s*o= id'ia deuniersal eu a osso ter# e a de indiidual tamb'mR mas 8ue em a ser o termo m'dio de nemuniersal nem indiidual= como odemos conceber alguma coisa 8ue n*o no es&rito= %omoconceber alguma coisa em si mesma# isto '# fora do es&rito 8ue a concebe= >ual8uer coisa 'concebida no es&rito# e fora dele n*o $á :eito de conceber coisa nen$uma. Se as ess0ncias dascoisas# consideradas em si mesmas# n*o s*o uniersais# ara s0-lo só no es&rito# de onde oes&rito 8ue abstrai foi tirar esse uniersalismo 8ue só está nele e n*o na coisa= 9el$or diria seafirmasse as ess0ncias das coisas s*o uniersais e indiiduais ao mesmo temo# 8uandoconsideradas em si mesmasR s*o uniersais or8ue as ess0ncias s*o as coisas menos seuscaracteres diersificatiosR s*o indiiduais or8ue estas ess0ncias se ac$am nas coisas sob asestes 8ue diersificam e indiiduam# ois o 8ue indiidua s*o os caracteres articulares enicos# e o 8ue uniersaliza s*o os caracteres gerais comuns a todos. ssim uma fra6*o daess0ncia se reeste de tais acidentes# e outra fra6*o se reeste de outros. Suon$amos 8ue u`amá8uina está rensando massa lástica numa fábrica de bonecas. s bonecas saem todas iguaisda rensa# or'm# s*o intadas e estidas deois. Deste modo# umas bonecas saem louras# outras

    GB Jac8ues 9aritain# Introdu6*o 1eral ? Filosofia# BGNG4 Jac8ues 9aritain# Introdu6*o 1eral ? Filosofia# BGN

    BK

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    18/318

    morenas# outras retasR umas se estem de um :eito# e outras de outro. umas se d*o caracteresmasculinos e ficam bonecos tra:ados ? masculina. ;odas ficam# or este modo# indiiduadas einconfund&eis or causa dos acidentes 8ue as diersificam do uniersal 8ue ' a forma rimeira eigual de 8uando as e3eliu a má8uina. ssim tamb'm a ess0ncia de Pedro ' a mesma da de Jo*oR or'm# Pedro n*o ' Jo*o or causa dos acidentes 8ue a ambos diersificam# indiiduam#

     ersonificam. ess0ncia ' uniersal e surge rimeiro de tudo como Id'ia na mente de Deus(causalidade rimeira). 9as# se na mente diina rimeiro surge o indiidual ara deois ir aId'ia 8ue ' uniersal ou geral# como acontece na mente $umana# ent*o Deus tamb'm abstrai aId'ia# em ez de alicá-la nas formas indiiduais. Se Deus ensa formas indiiduais antes daId'ia uniersal# ent*o Deus Imagina rimeiro ara ter id'ias deois (como o $omem)# em ez deter Id'ias rimeiro# ara deois Imaginar as formas indiiduais# como $á de ser no seu n&el.Desde 8ue Deus ensou tee in&cio o ato criacionalR e o ensamento ' anterior ? imagem aratodo a8uele 8ue cria# se:a ele o $omem# se:a Deus. + ensamento só está a caaleiro das imagens8ue tiramos das coisas# 8uando abstra&mos# 8uando arendemos. 9as Deus n*o arendeR logon*o abstrai das imagens# e antes as imagens ' 8ue s*o indiiduadas dos ensamentos. 5o casodos bonecos da fábrica aludida $á ouco# rimeiro o $omem tee a id'ia 8ue alicou criando

    imagens e formas. >uando o mesmo $omem 0 o mundo 8ue o cerca# col$e as imagens dascoisas no seu es&rito# e deois as sintetiza nas id'ias. S*o dois momentos da intelig0ncia um decriar imagens artindo duma id'iaR outro# de abstrair id'ias# artindo das imagens 8ue s*o orefle3o do mundo em nosso es&rito. 9as este segundo momento roriamente n*o e3iste namente diina# or ser ato de con$ecer# de arender# 8ue ressu7e ignor,ncia anterior. +ra# Deussabe desde o in&cioR logo# n*o abstrai a Id'ia das imagens# mas alica o Princ&io# a Id'ia# criandoas imagens lasmadoras do mundo e das coisas. stas Id'ias da mente de Deus s*o os r8u'tioseternos 8ue Plat*o suun$a estar no "topos uranos#: s*o as imagens indiiduais# esirituais e erfeitas 8ue a8uelas Id'ias-r8u'tios da mente diina criou. Por isso diz Plat*o 8ue o "toposuranos#  ' o reino das almas eleitas# o em&reo# 8ue corresonde ao nosso c'u-de-Deus. 8uelasformas esirituais do "topos uranos#,  8uando realizadas em nosso mundo# tornam-se

    imerfeitas# feias# desarm

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    19/318

      Por 8uanto $emos isto# a ess0ncia ' uniersal# e e3istia antes de serem lasmadas ascoisas indiiduais. osso argumentar ainda assim a8uilo 8ue está no meu es&rito# tamb'mestá na coisa# nessa mesma forma uniersal ou n*o está= Se está na coisa# meu es&rito aenasreflete em si# como em esel$o# esse uniersal da coisa. Por'm# se n*o está na coisa# como ent*oestá no meu es&rito= De onde este foi tirar sua id'ia uniersal= De si mesmo= Se de si mesmo#

    ent*o a id'ia ' fantasia 8ue n*o e3iste# e n*o realidade 8ue e3isteR se tirou a id'ia da coisa# ent*oa id'ia está tamb'm na coisa...sendo a& tamb'm uniersal. ;odaia# amos suor 8ue a realidadese:a só indiidual# e 8ue o uniersal se:a abstra6*o# de maneira 8ue o mundo dos uniersais se:a ura fantasia. 9as este mundo dos uniersais ' o reino do ensamento# isto 8ue este generaliza#uniersaliza as coisasR logo# o reino do ensamento ' da ura fantasia# isto 8ue ele corresondeao uniersal# e n*o ao indiidual# e o uniersal ' fantasia. Por a8ui agora segundo osaristot'licos# Deus ' ensamento uro# ura ess0ncia# ura forma azia# sem mat'ria alguma. +8ue está na mente de Deus# ortanto# com ser ideal ' uniersalR or'm o uniersal ' fantasiaRlogo o ensamento de Deus ' fantasiaR mas Deus ' uro ensamentoR or conseguinte# Deus ' ura fantasia.

    9ais a8ui na ágina BM (Fundamentos de Filosofia)# diz 9. 1arcia 9orente# falando da

    doutrina de ristóteles# 8ue a forma sem mat'ria n*o 'Q. +ra# na ágina EC está 8ue em Deusn*o $á mat'ria# con8uanto $a:a forma. Logo# Deus n*o '. Se n*o ode $aer forma semmat'riaQ# segue-se 8ue o actus urusQ n*o '# isto ser este a forma sem mat'ria alguma. 9asDeus ' o Ser# or e3cel0ncia# consistindo na forma sem mat'ria. Por conseguinte a forma semmat'ria ' o ser or e3cel0ncia. +ra# a forma sem mat'ria ' a do ensamento uro. Logo# o ensamento uro ' o ser# a realidade. 9as o ensamento uro ' o uniersal# e está a caaleiro dasimagens indiiduais. %onseguintemente# o uniersal ' o real. >uanto mais as coisas articiaremdas ess0ncias imutáeis da mente de Deus# tanto mais reais elas s*o. 5o mundo# as ess0ncias semisturam ?s mat'rias# e or isso s*o menos reais 8ue as formas uras e3istentes no "toposuranos#  ou mente de Deus. Por isso as coisas de nosso mundo s*o sombras comaradas ?s id'iasar8u'tios do "topos uranos#$

      acioc&nio erfeito# acudiu Licas# bem concatenado Deus ' ensamento uro# uraess0ncia ou forma azia# ou se:a# sem mat'ria alguma. + uro ensamento# a ura ess0ncia ouforma sem mat'ria (actus urus) ' uniersal. + uniersal ' ura abstra6*o# só e3istindo em nossamente# e n*o na realidade ob:etia# donde em 8ue o uniersal ' fantasia ara ristótelesR ortanto# Deus ' fantasia. forma sem mat'ria n*o ' serR ora# Deus ' forma sem mat'riaR logo#Deus n*o '. 9as Deus '# con8uanto se:a forma sem mat'riaR ortanto a forma sem mat'ria 'R ora#a forma sem mat'ria ' o uro ensamento# or conseguinte o uro ensamento ' o ser.

      stá contente agora# Licas=  stou.  >uer e:amos o edif&cio inteiro# artindo da sua base real# da nica base oss&el=  >uero.  Deus ' a suma realidade# da 8ual todas as demais decorrem como conse8H0ncias desta

    nica remissa. sta surema realidade# 8ue ' Deus# ' ura ess0ncia# ura forma sem mat'riaalguma# uro es&rito# uro ensamento# como 8uerem os aristot'licos. + uro ensamento# a ura ess0ncia# a ura forma sem mat'ria alguma '# or conseguinte# a suina realidade. starealidade acima de todas ' uniersal# isto 8ue ' essencial ou formal no mais subido grau# e todaess0ncia ou forma '# or defini6*o# uniersal. Por conseguinte# o real ' uniersal# e tanto maisreal 8uanto mais uniersal# culminando com a surema uniersalidade 8ue ' a 8ue está na mentede Deus# e ' Deus. Pela rec&roca# 8uanto menor for a uniersalidade# tanto menor será arealidade# culminando com a mat'ria rimordial 8ue sendo toda ot0ncia ' nada ato ou nadaforma. 5as coisas indiiduais# o uniersal se reduz só ? forma# ? ess0ncia delas. Se tirarmos ?scoisas todas as ess0ncias 8ue l$es d*o ser# fica só a mat'ria informal rica de ot0ncia# mas obrede ato. %onse8Hentemente as ess0ncias das coisas indiiduais s*o reais# e estas coisas s*o o 8ues*o# gra6as ?s ess0ncias 8ue l$es d*o ser. ;odaia# estas ess0ncias s*o abstra&das das coisas elonosso es&ritoR logo# essas abstra67es do nosso es&rito s*o mais reais 8ue as coisas# 8uandodeso:adas de suas ess0ncias. má3ima realidade está em Deus 8ue ' o Ser or e3cel0ncia. m&nima realidade está no ólo oosto a Deus# 8ue ' o mundo fenom0nico das coisas indiiduais

    BE

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    20/318

    su:eitas ao deir constante e ? cont&nua muta6*o. Por isso este mundo das coisas erec&eis#fugazes# inconstantes e ilusórias ' o do n*o-ser 8ue se contra7e ao do Ser de má3imauniersalidade 8ue ' o de Deus. ste mundo das coisas moedi6as e transformáeis ' o da f&sicaRa8uele outro das coisas erenes# estáeis# eternas# essenciais ' o da metaf&sicaR or isso ametaf&sica ' mais real 8ue a f&sicaQG. Parm0nides# logo# e a seguir# Plat*o# estee certo com seu

    realismo leno das id'iasR menos certo estee ristóteles com seu realismo moderado# ecomletamente errado andou "eráclito com o seu "panta-rei#  ou ir-a-ser er'tuo. edindo licen6a Orago ara se ausentar or um ouco# todos aroeitaram o interalo

     ara discutirem entre si# roondo as didas 8ue tin$am. lcino Licas falou da sua# e se dis

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    21/318

    o temo em 8ue lia o trec$o# ia Orago mostrando as artes grifadas em ermel$o aradesta8ue# e fec$ando o liro# rosseguiu

      is o roblema do mal e da dor atenazando a mente de um filósofo. %omo ' ent*o 8uenos em Jac8ues 9aritain dizer 8ue as 8uest7es relatias ao roblema do mal e da dor no mundon*o s*o as mais imortantes de 8uantas se ten$a de ocuar a teologia natural= >ue roblema

     ode $aer maior e mais cruciante 8ue o da cula 8ue esa sobre o mundo# a 8ual# se n*o for do$omem# ' de Deus= +u se descula Deus ela e3ist0ncia do mal e da dor no mundo# ou n*o secarece mais estudar teologia nem filosofia# 8ue tudo# or 8ual8uer camin$o# ai dar no caos.Sentindo esta necessidade imeriosa# ocuou-se deste tema 9ilton no seu Para&so PerdidoQ# 8ue' a mais oderosa e bela obra 8ue ainda surgiu sobre a ;erra. scree assim# em certo trec$o# og0nio ingl0s

    tu mais 8ue ela# s&rito inefáel#>ue aos temlos mais magn&ficos referes9orar num cora6*o singelo e :usto#Instru&-me or8ue nada se te encobre.

    Desde o rinc&io a tudo estás resente>ual omba# abrindo as asas oderosas#Pairaste sobre a astid*o do bismo com almo ortento o fecundasteDa min$a mente a escurid*o dissia#9in$a fra8ueza elea# amara# esteia#Para eu oder# de tal assunto ao n&el#Justificar o roceder do terno demonstrar a Proid0ncia aos $omensQ.

    (Canto I , linhas 20 a 32).

    Fec$ando o mestre o liro# rematou  is a& 8ue 9ilton fala em :ustificar o roceder do terno# e demonstrar a Proid0ncia

    aos $omensQ. Dito isto fez uma ausa# deois do 8ue concluiu  Fez-se a rimeira :ornada filosófica encetada or Parm0nides# culminada or Plat*o#

    estendida or ristóteles como uma lan&cie e3austia entre dois icos# e# finalmente# conclu&da or S*o ;omás e escolásticos at' os fins da Idade 9'dia. Fez-se deois a segunda :ornada 8uetee or ioneiro Descartes# na enascen6a# e se continuou or todos os filósofos at' ant# edeois elos ós antianos. Falta agora fazermos a terceira :ornadaR mas antes dela#recaitulemos a segunda como fizemos com a rimeiraR este será o assunto de nosso noo ser*o.

    estas alaras de Orago# assaram todos a tratar doutros assuntos# e# en8uanto isto# rearaam-se ara ir embora.

    4B

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    22/318

    Capítulo II 

    de Descartes a Leibniz

     5o dia seguinte todos os estudiosos do dia anterior estaam resentes# ansiosos orouirem a disserta6*o de Orago Pandagis# sobre o 8ue ele c$ama segunda :ornada filosófica.Segundo o mestre de %anan'ia# todo o filósofo tem de refazer a camin$ada da filosofia desde oin&cio. 5en$uma discilina ' t*o necessariamente $istórica como a filosofia. 9as esta$istoricidade n*o dee seguir o m'todo cronológico e sim# construir-se elo m'todo de cone3*ode assuntos ou id'ias. $istória da filosofia segundo ele# ' a $istória de uma grande ol0micainacabada# or8ue a filosofia ' essencialmente# cr&tica. +ra# se a filosofia n*o assa de umagrande ol0mica no temo# o diálogo ' o seu mel$or rocesso de realiza6*o. só Plat*o o

    emregou# or8ue# como diz ]ill Durant# Plat*o tin$a saber# e tamb'm arteR or uma ez aomenos# um filósofo e um oeta fundiram-se em uma só almaR e criou ara si um meio dee3ress*o em 8ue a beleza e a erdade se daam as m*os o diálogoQ GE.

    ;odos estaam na sala# 8uando entrou Orago sorridente# aresentando os cumrimentos$abituais. Deois 8ue o ozerio se acalmou# fez-se ouir a oz de Orago nestas alaras

      "o:e iremos todos er como foi a segunda :ornada da filosofia# iniciada# na enascen6a# or Descartes. stabelecendo uma roor6*o# odemos afirmar 8ue Parm0nides está ara a rimeira :ornada# assim como Descartes está ara a segunda. t' a enascen6a as filosofias eramrealistas a come6ar or Parm0nides-Plat*o# se bem 8ue estes filósofos usessem a realidade nasId'ias. + realismo foi a tese# e o idealismo# a ant&teseR falta agora a s&ntese 8ue iniciaremos com aterceira :ornada.

      Por 8ue iniciaremos= Interrogou Licas. caso o sen$or n*o irá faz0-la or inteiro=  %ada filósofo cuidou 8ue a sua era a filosofia inteira# definitiaR e# na erdade o eraaenas arte. +ra# a $istória ' a mestra da idaT Por 8ue# ois# me $ei de me iludir# :ulgando-menico# se nunca $oue nicos= 5em egureiro da terceira :ornada me :ulgo# ois essa glória ' dePlat*oR a ele ertence o futuro. Dia irá em 8ue a $umanidade c$egará a concretizar asgrandiosas is7es dos aan6ados disc&ulos de Sócrates# Plat*o# Plotino# +r&genes e outrosidentes e rofetas da $umanidadeQNM. 9ais filosofia lat

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    23/318

    t' a enascen6a ningu'm se ocuou do su:eito 8ue obsera# e sim# só do ob:eto obserado. 5oentanto# na is*o do mundo $á o su:eito 8ue obsera# e o ob:eto obserado. Pois se o acento# a0nfase recair sobre o ob:eto# temos o realismo do tio aristot'licoR se# elo contrário# recair sobreo su:eito# temos o idealismo. stes dois momentos da filosofia corresondem# analogicamente# auma balan6a de bra6os iguais. 5o realismo aristot'lico o eso ' o ob:eto e tudo tem de ser

     onderado# aferido# aaliado em fun6*o do ob:eto. + su:eito ol$a e 0 o ob:eto# ocua-se dele#es8uecendo-se de si. 8uando se ai analisar a si mesmo considera-se tamb'm como aenas umob:eto a mais a ser obserado. Já no idealismo# a medida das coisas# o eso# ara efeito deaalia6*o ' o su:eito. 5o sistema idealista o su:eito ' a remissa# donde $*o de brotar todas asconse8H0ncias# no asso 8ue no sistema realista# o ob:eto ' 8ue ' a remissa. Su:eito e ob:eto eisos dois ratos da balan6aR se os adr7es de aferi6*o forem o ob:eto# tudo mais# at' o su:eitoestará no outro rato ara ser aferido. 9as se o eso adr*o for o su:eito# o mais será onderadoem fun6*o do su:eito. + centro gra&tico do realismo ' o ob:eto# e o su:eito# como tudo mais# 'mero laneta a girar em torno do seu sol. Se o su:eito se fizer centro# este será o sol do sistemaem cu:o redor girar*o todos os ob:etos. stes dois sistemas est*o suerados# or8ue relatios# e retenderam alcan6ar o bsoluto ? for6a de oerar com relatios.

      onderando o 8ue tin$a a dizer# rosseguiu  Se n*o me engano :á $ei dito 8ue a metaf&sica n*o ' ci0ncia# or n*o oder delimitar oseu ob:eto. Por isso a ergunta metaf&sica# o 8ue ' o ser=# n*o tem resosta. Se n*o se odedefinir o ob:eto# como $aer a ci0ncia desse ob:eto=

      ProtestoT 3clamou ento %aturi. 5ingu'm sabe o 8ue se:a a mat'ria# contudo e3iste a8u&mica e a mec,nicaR ningu'm sabe o 8ue se:a a luz e a eletricidadeR no entanto e3istem a óticae a eletr

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    24/318

    o eu em contato com o ob:eto. + ob:eto ' mediato ois está deois do ensamento elaborado elo euR mas o ensamento mesmo ' imediato# or8ue está :ungido# ligado# ine3tricaelmente# aoeuR odemos dizer 8ue o ensamento e o eu s*o uma e a mesma coisa. nica coisa certa eindubitáel ' o eu 8ue ensaR o resto tudo ' duidoso 8ue e3ista. Por isso a dida ' m'todo ara or ? roa# e er se a coisa 8ue nos ' dada e3iste. 9as 8uando Descartes afirma ser uma coisa

    8ue ensa  je suis une chose *ui pense > introduz no seu sistema o el$o conceito de coisa dosrealistas# fazendo# com isto 8ue o ensamento se:a uma coisa. >uando diz 8ue ' uma "coisa *ue pensa#, ou uma "subst?ncia pensante#, mostra# or esses dois conceitos "coisa# e"subst?ncia#, 8ue ainda está reso elo cord*o umbilical ao el$o realismo grego. Só 8ue# norealismo a coisa era intelig&el aenas or sua ess0ncia ou formaR ao asso 8ue no idealismo# estacoisa de Descartes ' inteligente# or8ue ensa. Se# ara os realistas# a8uilo 8ue $á de intelig&elnas coisas constitui o ser delas# ara Descartes# o ser ' o ensamento mesmo 8ue está no su:eito.m ez de ob:eto intelig&el# como no realismo# ' o su:eito inteligente ou ensante no idealismo.Por isso# como eu dizia# foram trocados os alores nos dois ratos da balan6a. ntes os adr7esou esos eram as coisas elas 8uais se aferia o rório su:eitoR agora# elo contrário# os adr7es e esos s*o os rórios ensamentos# e só or ele se ode aferir tudo o mais. %omo conse8H0ncia

    desta mudan6a# a8uilo 8ue ara o realismo não era problema, assa a ser# agora# roblema arao idealismo. realidade das coisas no mundo n*o era roblema ara o realismo# or8ue estarealidade era a remissa donde se artiaR :á agora# como a realidade ' só o ensamento# 8uandose ensa algo# este algo e3iste ou n*o e3iste= 5*o seria este ensamento só uma cria6*o mental#sem e3ist0ncia e3terior fora do ensamento= is a8ui está um roblema ine3istente ara orealismo. + realismo das coisas# ara o realista# ' uma intui6*o sens&el# dada# como um a3iomaR ara os idealistas# isto 8ue duidam desta realidade# ' reciso ser demonstrada# deduzida ouinferida.

      + mundo# ois# rossegue o filósofo# ara os idealistas cartesianos recisa serdemonstrado. %omo faz0-lo= + m'todo $á de consistir em searar o 8ue $á de claro e eidente#do 8ue $á de obscuro e confuso no ensamento. Por e3emlo# a id'ia de e3tens*o ' clara e

    eidente or si mesma# sendo# or isso indubitáel. ssa id'ia ' o "eu pensando#, e or isto#real. Por'm# e3iste a e3tens*o# fora de mim# e3teriormente# ou n*o $á= %omo saber isto# se meac$o reso em mim mesmo# nos meus ensamentos# sem orta ara o e3terior= %omo sair destesolisismo= Pois Descartes se sai assim. u e3isto# mas n*o e3isto or mim mesmo# ois n*o fuieu 8uem me fiz a mimR logo min$a e3ist0ncia ' contingente e n*o necessária. Portanto# arae3istir# care6o de um fundamento# or8uanto nesse ou sobre esse# e3isto. ssa e3ist0ncia sobre8ue se assenta a min$a# ' Deus. Portanto Deus# n*o só está como realidade em meus ensamentos# como tem e3ist0ncia fora de mim# e se ele n*o e3istisse n*o estaria eu a8ui ensando. Por'm# este argumento ' o mesmo de ristóteles 8uando infere sua rória e3ist0nciada de Deus. + c'lebre argumento ontológico ' o de 8ue tem de e3istir# necessariamente# um ser erfeito fora de meu ensamento# or8ue# sendo a e3ist0ncia uma erfei6*o# tem 8ue fazer arteda min$a id'ia do ser erfeito. +u isto# ou min$a id'ia de erfei6*o fica incomleta. 9as min$aid'ia de erfei6*o ' comletaR logo nela se cont'm a e3cel0ncia 8ue ' uma erfei6*o. Porconseguinte Deus e3iste. is :á duas realidades descobertas or Descartes a dele rória# e a deDeus.

    Deois de bree descanso numa ausa# continuou o mestre  Sendo Deus absolutamente erfeito# nele n*o $á erros nem enganos# nem ode ele

    mentir ou enganar. esar disso eu osso errar e enganar-me se n*o tomar cuidado em afastar ara longe de mim as id'ias obscuras e confusas. Só andarei em seguran6a# se oerar com id'iasclaras e distintas. Poderei# deste modo# n*o saber muitas coisasR or'm# o 8ue souber# terá de sererdadeiro. 5*o imorta ao $omem saber muitoR imorta-l$e saber o certo. 9as o mundo 'comle3o e confuso# ois nele todas as coisas est*o misturadas# e a is*o 8ue temos dele ' comoa do calidoscóio. Para entend0-lo# reciso ' reduzi-lo ao 8ue ' claro e simles. ;irando-se a umcoro tudo o 8ue ele tem de acidental# sobra só a sua forma geom'trica. id'ia mais simles 8uetemos do Sol# ' a de 8ue ele ' uma esfera. 2m caalo ' um coro com tr0s dimens7es# umolume# ortanto# uma e3tens*o. Deste modo o sistema cartesiano ossui tr0s fundamentos o eu ensando ou ensamento# Deus e a e3tens*o. %onstruindo o mundo sobre esses tr0s

    4N

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    25/318

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    26/318

    deois de consultar um es8uema 8ue tin$a sobre a mesa# rosseguiu# nestas alaras  Leibniz# mais tarde iria esclarecer 8ue as id'ias odem formar-se em nós or dois

    camin$os 8ue s*o o sicológico e o lógico. Por e3emlo# tanto odemos ter a id'ia do coneendo sua forma num ulc*o# isto '# tendo dele uma i0ncia# como odemos conceb0-lo elareolu6*o de um tri,ngulo ret,ngulo em torno do ei3o de um de seus catetos. 5o segundo caso a

    id'ia nos nasceu or deria6*o lógica# isto 8ue :á con$ec&amos o tri,ngulo. s i0ncias nosd*o as 8erdades de fato, en8uanto 8ue a deria6*o lógica nos d*o as 8erdades de ra@ão, segundoLeibniz. Por a8ui :á se 0 8ue Descartes seguira elo camin$o das 8erdades de ra@ão, no asso8ue LocWe ai elo das 8erdades de fato, donde em 8ue  o sistema seu ' sicologismo.omendo or este camin$o# desde logo# ac$a duas origens ara as nossas id'ias a sensa6*o e arefle3*o. 9as refle3*o n*o ' racioc&nio ara LocWeR ' como 8ue uma e3eri0ncia internaR ' amente ercebendo o 8ue se assa consigo mesma. sensa6*o# or sua ez# reresentae3eri0ncia e3terna. %ontudo# esta sensa6*o n*o ' simles# e antes nos c$ega em fei3es aoc'rebro elos neros aferentes. + simles to8ue num coo nos dá a sensa6*o de temeratura#rugosidade# solidez# consist0nciaR se a ista ' tamb'm emregada no fen

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    27/318

    resonde ? ergunta 8uem e3iste=# dizendo e3isto eu com min$as i0ncias# e fora disto nadamais e3isteQ. ste ' o c$amado imaterialismo de erWeleY# o 8ual ele cuida se:a o onto de istade todo o mundo# embora oucos o saibam e3ressar. Se a um roceiro se erguntar 8ue ' issoa&= +ra# isto ' meu carro u3ado a boisT >uererá dizer# contudo 8ue 0 o carro# 8ue o toca# 8ue ooue# 8ue# 8uando bate nele com a cabe6a# doi-l$e a cabe6a. + carro e3iste# sim sen$or# dirá o

    larador. 9as se reararmos bem# o carro foi con$ecido atra's dos sentidos da ista# do tato# doouido e da dor... de cabe6a. + nosso $omem da ro6a teria de concordar com erWeleY# e dizer U erdade... n*o tin$a ensado nissoT De fato só e3isto eu com min$as i0ncias... %omo este ' o ensar de todo mundo# n*o será ele o idealismo# e sim# o imaterialismo.

      >ue res&duo sobrou do cartesianismo= Interrogou Orago# e ele rório resonde estouo eu 8ue tem i0ncias. + eu e3iste# or8ue ten$o dele uma intui6*o direta. Por isso o "cogito#cartesiano ainda erdura em erWeleY. u sou uma coisa 8ue ensaR eu sou um es&rito 8ue temi0ncias. ;odaia# eu e as min$as i0ncias n*o odemos e3istir or si mesmasR lgu'm as

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    28/318

    dor# etc. or8ue tudo isto eu sinto como imress7es. ;odaia# onde ac$ar a i0ncia do eu=+bsero-me# erscruto-me introsectiamente# e ac$o uma s'rie de i0ncias# sem 8ue nen$umadelas se:a o eu. 5o e3ame rofundo e comenetrado 8ue fa6o de mim# n*o me encontro a mimmesmo# e sim somente# i0ncias 8ue s*o min$as. Somente ac$o o meu e n*o# nunca# o eu$ Sóten$o i0ncias e mais nada. 2m $omem ao 8ual todos os sentidos faltassem# como ocorre com

    o 8ue sofreu anestesia 8u&mica geral e rofunda# n*o teria i0ncias nen$umas# e ara ele nadae3istiria# nem ele rórioT 5*o sentiria fome# nem sede# nem doresR se l$e taassem a boca e onariz# morreria sem sentir falta de ar. sse $omem n*o oderia ter consci0ncia de si# e dizer eue3isto. Isso or8ue# estando fora de si# faltar-l$e-ia 8uais8uer i0ncias. Logo# só e3istemi0ncias. 5ó tomamos todas as nossas i0ncias# fazendo delas um amassil$o# e deoisconclu&mos isto ' o euT %ontudo o conceito de eu ' um acr'scimo ind'bito 8ue fazemos sem base na realidade das imress7es.

    tendo o ensador cananeano arado um ouco ara se descansar# todos assaram atrocar entre si imress7es. Finda a ausa# rosseguiu Orago

      ;amb'm a id'ia de causalidade ' um mito da imagina6*o. + calor dilata os coros. uten$o a imress*o do calor e a ten$o de coros. obsero o fenuem ' 8ue n*o 0 8ue n*o $á causa nen$umanesta cadeia de antecedentes e conse8Hentes= ;rata-se aenas de associa6*o de imress7es orcontigHidade. causalidade n*o tem aoio nas i0ncias# e n*o assam de associa6*o de id'ias("ume c$amaa id'ias ?s imress7es) or sucess*o no temo.

      De maneira# rosseguiu o mestre de %anan'ia# 8ue tudo s*o imress7es al'm das 8uaisnada mais e3iste. 5ada e3iste 8ue se:a e3terior a mimR e se e3isto# n*o ten$o meios de sab0-lo#isto 8ue só ten$o imress7es e nada mais 8ue isto. Posso crer 8ue o mundo e3terno e3iste# masn*o osso ter ci0ncia disto# isto 8ue n*o ten$o assagem ara o e3terior. +ra# a metaf&sica

    cogita do roblema do ser 8ue n*o osso saber se e3isteR logo# a metaf&sica ' imoss&el. _ ergunta *uem existe= Descartes resonde e3isto eu# a e3tens*o e DeusR LocWe resonde omesmo 8ue Descartes todaia# erWeleY :á nega a e3ist0ncia da e3tens*o# con8uanto afirme ae3ist0ncia do eu e de DeusR "ume resonde ? ergunta dizendo n*o $á eu# nem e3tens*o# nemDeus. Só $á i0ncias. + mundo f&sico oderá somente# ser ob:eto de cren6a. +ra# se a f&sica 'ob:eto de f'# 8ue será# ent*o# a metaf&sica 8ue se oculta or detrás da f&sica= 2ma f' 8ue se oculta or detrás de outra f'= + 8ue $á ' um credo no 8ual todos os $omens rezam creio na e3ist0nciae3terna do mundo# na min$a rória# na f&sica# na 8u&mica e na biologiaR creio no 8ue e:o dasestrelas# dos lanetas e do uniersoR e crer# deois# 8ue $a:a 8ual8uer coisa# a mais# or detrás detudo isso 8ue aenas creio# ' crer demais# ' f' sobre f'T...

      is# meus caros# concluiu o mestre# as ltimas conse8H0ncias do idealismo. ste ' o onto de má3ima descida do ciclo $istórico da filosofia. Deois disto n*o $á mais descer. + sicologismo a8ui# enfunando-se de todo# inadiu e dominou tudo# matando a lógica# a ontologiae a metaf&sica. 5*o $á mais raz*o nem lógica de as coisas serem assimR elas s*o assim# or8ue ocreio# or8ue me $abituei# or associa6*o de reresenta67es. De igual forma# ru&ram todos osconceitos ontológicos de subst,ncia e de e3ist0ncia. ;odaia# sendo o $omem um ser atio# eleatua e sente necessidade de ierR ara ier recisa contar com certas regularidades e fazer reis7es baseado nelas. stas regularidades obseradas elo $omem# iidas or ele s*o suasci0ncias# suas erdades. sta ' a causa de se dizer 8ue Daid "ume ' o redecessor do ositiismo# assim como# tamb'm# o do ragmatismo.

    tendo# o mestre# feito uma ausa ara concatenar noas id'ias# dona %orn'lia# 8ue :áeseraa ? orta# entrou com a bande:a de 3&caras e o bule de caf'.

      raoT 3clamou Orago oltando-se ara a esosa. staa ai n*o ai ara edir nostrou3esse o caf'.

    en8uanto tomaam o caf'# iam todos e3ondo suas imress7es relatias ao estudo.Orago se mantin$a em sil0ncio# com os ol$os ostos no azio# ois tin$a a mente ferente deid'ias# e se disun$a a e3

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    29/318

    Orago reiniciou o fio da alestra dizendo  %omo imos antes# o con$ecimento ' uma correla6*o entre o su:eito cognoscente e o

    ob:eto con$ecidoR este binue ' isto= caso tudo o 8ue está no todo n*o está nas artes=# ois# or8ue n*o encontramos em %"+5S# nen$uma das roriedades ariadas emarail$osas 8ue se ac$am# or toda arte# a caaleiro destes cinco elementos= 5*o encontramosem %"+5S as marail$as da ida# or8ue estas resultam do arran:o e da roor6*o. a t'cnicamoderna# imitando a ida# criou com o %"+5S o mundo dos lásticos# e encomridando acadeia do carbono# tornou ilimitada a cria6*o de subst,ncias artificiais. toda esta marail$a :ádo mundo $umano# :á do mundo natural# se dee a este rinc&io da terceira :ornada filosófica otodo ' semre# or toda arte# mais 8ue a soma dos elementos comonentesR ou# de outro modoa combina6*o de elementos simles nunca ' uma soma# mas# um roduto. a combina6*o dedois ou mais rodutos entre si dá um terceiro roduto mais comle3o# e assim# at' as forma67es

    4E

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    30/318

    mais altas da ida# do instinto e da consci0ncia. Se decomusermos tudo# mais radicalmente do8ue o fez "ume# iremos c$egar ao el'tron# cu:o raio foi considerado como sendo a dist,nciam&nima oss&el. Da& ara bai3o# o esa6o assa a ter# ara emregarmos a e3ress*o do Prof.9arc$# estrutura granulosaQNK. 5essa oeira et'rea do caos rimeo# de estrutura granulosaQformaram-se os turbil$7es eletr

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    31/318

    a n*o ser numa dada forma de tri,ngulo# segue-se# necessariamente# 8ue n*o $á a id'ia geral detri,ngulo# sendo este aenas um nome. Isto soa como os argumentos dos nominalistas medieais#ressuscitados elos idealistas modernos. +nde# or'm# se encontra a fal$a= fal$a consiste em8ue as imagens formadas em nossa mente n*o s*o ensamentos# mas figuras t*o indiiduais8uanto as dos ob:etos 8ue elas refletem ou esel$am. 5a imagina6*o temos o retrato do mundo

    8ue nos cerca# a& c$egado atra's dos sentidosR a& está refletido tudo sob a forma de imagens# ecomo retratam as coisas indiiduais# s*o indiiduais tamb'm. Por'm# o ensamento n*o ' isso# esim# ' a abstra6*o 8ue generaliza as imagens indiiduais da mesma es'cie# tirando delas umconceito. >ual# ois# ' a id'ia de tri,ngulo= U a id'ia do 8ue tem tr0s lados ou tr0s ,ngulos# e só.sta ' a enuncia6*o lógica ou racional do tri,ngulo# n*o sendo# ortanto# imagem nen$uma#con8uanto este:a este conceito a caaleiro das imagens. U absurdo mandar# como fazia erWeleY  ense um tri,nguloR e deois in8uirir 8ue tri,ngulo oc0 ensou= Isto ' tomar imagem orconceito. + 8ue ele 8ueria roor era - imagine um tri,ngulo. Por'm# ensar um tri,ngulo# umdeterminado tri,ngulo# ' imoss&el# or8ue o conceito de tri,ngulo ' geral# donde em 8ue só se ode mandar ensar o tri,nguloR e se deois mandarmos desen$e o tri,ngulo ensado na lousa#se o su:eito ao 8ual falamos for lógico# $á de relicar-nos isso ' imoss&el# ois conceitos#

    com serem gerais# n*o s*o desen$áeis. Para desen$ar o tri,ngulo# reciso ' imaginá-lo# e ent*o#será o isósceles# o escaleno# o ret,ngulo# o curil&neo# etc.# e :á# a aarecem todos indiiduados.  l'm desta cr&tica de erWeleY ao uniersal# rosseguiu Orago# outro onto 8ue merece

    estudo ' o conceito de ser em si# no 8ue tamb'm conseram um fundo do realismo aristot'lico.+ra# os nominalistas retendiam 8ue as coisas e3istem em si mesmas# indeendente de 8ue $a:aou n*o 8uem as con$e6a. ste ser 8ue está nas coisas# 8ue ode ou n*o ser con$ecido or mim# 'o ser em si. 9as $á nas coisas dois seres# sendo um este ser em si# e outro ser-ara-con$ecimento. + ser do con$ecimento n*o ' o ser em siR contudo n*o ' um n*o-ser. ;odaia osidealistas n*o odendo ac$ar nas coisas o ser em si# negam-no# de todo# na coisa# e o transferem ara o su:eito. Por'm "ume# em fazendo sua análise# n*o encontra nen$uma imress*o 8uecorresonda ao eu# logo# n*o $á o eu em si. %ontudo este em si  8ue n*o $á ara o su:eito# nem

     ara as coisas# e3iste nas i0ncias. Para "ume# ois# as i0ncias s*o coisas em si. Isto dec$amar as i0ncias coisas em si ' res&duo do aristotelismo. assim ai acesa a luta# at' 8ueant nos en$a demonstrar $aer al'm do ser em si das coisas# um outro ser ara con$ecimento#sendo este ser do con$ecimento o ob:eto ara o su:eito. 8uilo 8ue areendemos das coisas# n*o' o ser em si# mas o ser ob:eto do con$ecimento. o ensamento ' a correla6*o do su:eito e doob:eto# sendo este ob:eto o ser ara con$ecimento# e n*o o ser em si. + ser em si ' o ser natural#ob:etio# e3terior# 8ue constitui um roblema insolel ara a filosofiaR :á o ser aracon$ecimento ' o ser lógico# osto ara ser con$ecido# um ser roosto como roblema. 5*oale dizer como erWeleY 8ue o ser do con$ecimento ' o ser ercebidoR con$ecer ' mais 8ue osimles erceber# ois 8ual8uer animal inferior ercebe# mas n*o con$ece. 9as isto ' roblema ara ant resoler. %umre-nos agora er o 8ue Leibniz andou fazendo.

    dizendo isto# uer dizer 8ue as erdades de raz*o s*o necessárias# no asso 8ue as de fato s*o contingentes. + conceito de tri,ngulo nos declara ser tri,ngulo tudo o

    GB

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    32/318

    8ue ten$a tr0s ,ngulos# e n*o oderia ser de outro :eito. ;odos os ontos duma circunfer0ncia s*oe8Hidistantes do centro# e n*o ode ser de outro modo. Por'm# se declaramos 8ue o calor dilataos coros# temos de suor 8ue oderia n*o ser assim# e de fato# n*o o '# com reseito ? água# 8uese dilata com o frio# ao se fazer gelo# e or esta causa# blocos de gelo bóiam sobre as águas. Porisso todas as erdades matemáticas s*o erdades de raz*o# s*o lógica ura# s*o necessárias# ao

     asso 8ue as erdades das ci0ncias e3erimentais# como a f&sica# a 8u&mica# a biologia# a $istória#s*o erdades de fato# or8ue contingentes# e s*o de um modo# mas n*o $á raz*o nen$uma ara8ue n*o udessem ser de outro. Isto osto# temos se a raz*o se reduz a fato# dei3a or issomesmo# de ser raz*o# assando ela da 8ualidade de necessária# ? condi6*o de contingente. Da& or diante as erdades de raz*o oderiam ser de um modo e tamb'm de outro. 5este caso aserdades matemáticas tin$am de ser e3erimentais como as das ci0ncias em&ricas# e 434 odiamn*o ser 8uatro. 5a f&sica nuclear ' assim# donde ser oss&el a bomba at

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    33/318

    contingente# e o real ou racional. +l$ando uma roc$a e muitas roc$as de cores e es'ciesdiferentes# ten$o em min$a imagina6*o# a i0ncia# a imagem delas. Dessas imagens abstraio o8ue $á de comum em todas as roc$as# o uniersal delas# 8ue ' a ess0ncia# o conceito de roc$a.sse conceito ' o real ou racional# ara falar 8ue nem "egel. como tirei o conceito das roc$as#atra's das imagens 8ue elas roduziram no meu es&rito# segue-se 8ue esse conceito# esse

    racional# essa ess0ncia está nas roc$as# sem o 8ue eu n*o oderia entend0-las. nt*o o ensamento 8ue ten$o da edra está em mim# or8ue antes estaa nelaR na edra# ois# $á ensamento# $á racionalidade# e ela ' real or ser racional ("egel). 5*o ' 8ue a edra se:aracional or8ue ela raciocineR ' racional or ser intelig&el# or conter em si um ensamento 8uen*o ' seu# mas da8uele 8ue a criou# do mesmo modo elo 8ual a estátua cont'm o ensamento doartista 8ue a lasmou. ' or este ensamento# or esta ess0ncia 8ue a edra se tornaracionalmente real. Fora disto 8ue osso areender da edra# ela me ' incomreens&el#irracional. ste irracional da edra constitui o 8ue ela tem de fático# de contingente# 8ue oderiaser assim ou de outro modo. Por este lado a edra ossui um contedo# uma subst,ncia# e esta ode ser ariáel# ode dei3ar de ser edra ara ser fraguedos# ó# mol'culas de uro comosto8u&mico. Por esta arte a edra está su:eita aos rocessos do ir-a-ser $eracliteano# e sendo 8ue

    ela ' isto# e :á n*o ' isto ara ser a8uilo# ent*o n*o '# e se reduz ao ir-a-ser $eracliteano 8ue ' on*o-ser de Parm0nides. Por isso# meu Licas# a edra ' real or ser racional# n*o or8ue raciocine#mas or8ue ossui em si a racionalidade# e isto ' o 8ue "egel c$amaa de real. se oc0 me uder mostrar uma coisa 8ue n*o ossua em si esse 8uidQ de racional# essa coisa n*o seriaentendida# n*o ossuiria conceito ou ess0ncia e oc0 n*o a conceberia# 8uer dizer essa coisaQn*o teria lugar no seu es&rito nem na sua imagina6*o# nem na sua raz*o. ntendeu# agora# o 8uedisse "egel# ao afirmar 8ue todo o racional ' real e todo o real ' racionalQ=.

      ntendi.  ;o8uemos or diante# ent*o# com nosso estudo# tornou o ensador. ste assunto 8ue

    imos $á ouco# referente ?s 8erdades de fato e ?s 8erdades de ra@ão ' e3atamente igual adiis*o 8ue fazem os lógicos a reseito dos :u&zos aod&ticos e dos :u&zos assertórios. +s :u&zos

    aod&ticos s*o a8ueles em 8ue o redicado reete a8uilo 8ue :á se ac$a iml&cito no su:eito.Dizer 8ue o tri,ngulo tem tr0s lados# e o 8uadrado# 8uatro# ' uma redund,ncia# uma tautologia# ois ' imoss&el 8ue o tri,ngulo n*o ten$a tr0s lados# e 8ue o 8uadrado n*o ossua 8uatro. Porisso# erdades de raz*o e :u&zos aod&ticos s*o uma e a mesma coisa. Igualmente acontece comas erdades de fato e os :u&zos assertóriosR neste caso o redicado diz uma coisa do su:eito 8uen*o se ac$a iml&cito no seu conceito. Dizer 8ue o Sol ' luminoso# 8ue o calor dilata os coros#8ue a lanterna ' ermel$a# s*o :u&zos assertórios ou erdades de fato# or8ue o Sol odia serescuro# isto $aer de fato estrelas escurasR o calor oderia n*o dilatar os coros# e a lanterna oderia ser azul. nt*o# os :u&zos aod&ticos s*o as erdades de raz*o# e constitui todas as dasmatemáticasR os :u&zos assertórios s*o as erdades de fato# rórias das ci0ncias e3erimentais. +ter 8uatro lados ' 8ualidade 8ue ertence ao 8uadrado# n*o de fato# mas de raz*o. Já o serluminoso ' 8ualidade 8ue ertence# de fato# ao Sol# mas n*o l$e ertence de raz*o# or8ue o Sol#como muitas estrelas mortas# oderia n*o ter luz. is o 8ue significam as e3ress7es de ra@ão ede fato$ Isto osto# ergunto# a8ui# ao Licas as erdades de raz*o ou os :u&zos aod&ticos odemoriginar-se da e3eri0ncia=

      %laro está 8ue n*o. Se as erdades de raz*o se originassem da e3eri0ncia# seriamoriginados de fatos# e ent*o seriam erdades de fato. Igualmente# as erdades de fato n*o se odem originar da raz*o# e sim só das e3eri0ncias.

      3atoT 3clamou o mestre. Foi isto# recisamente 8ue arruinou a f&sica de ristóteles."á nela erros de fato# con8uanto ossa tudo estar bem deduzido ela raz*o. rrou# ristóteles#8uando afirmou 8ue duas massas diferentes# mas da mesma forma e da mesma mat'ria# t0melocidades diferentes 8uando abandonadas no esa6o# em 8ueda lire. 1alileu# aroeitando-seda inclina6*o da ;orre de Pisa# fez a e3eri0ncia# e erificou 8ue tais massas caem com igualelocidade# obserando-se um só ba8ue no c$*o. rrou ele 8uando disse 8ue o c'rebro seria ara refrigerar o sangue# 8ue a mul$er ' um $omem inacabado# e outras mais tolices 8ue foramrefutadas na enascen6a. m ez de fazer e3eri0ncia# foi tirando tudo da sua cabe6a# e a& está o8ue em a ser os erros de fato.

    GG

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    34/318

    aós uma ausa# rosseguiu o filósofo  + 8ue em agora a8ui no meu es8uema# ' a arte referente ? g0nese das id'ias# segundo

    Leibniz. Para ele as id'ias s*o inatas. S*o inatas as erdades de raz*o. 5*o ' 8ue Leibniz8uisesse sustentar 8ue as crian6as nascem sabendoR nem 8ue o saber fosse um simles recordardas coisas :á sabidas 8uando almas# $abitaam o toos uranosQ# como 8ueria Plat*o. S*o inatas

     or8ue fazem arte do mecanismo da menteR essas id'ias s*o a fisiologia do es&ritoR o c'rebro :áfoi constru&do ela natureza ara oerar desse modo# e or isso# com ou sem rofessor elearende a fazer a8uilo ara o 8ue ele foi constru&do. ssim como cada órg*o sabe e3ecutar suafun6*o# sem arendizado# tamb'm o c'rebro# o es&rito# sabe ensar# e ensa rimeiro com aserdades de raz*o. +s ais ficam# ?s ezes# bo8uiabertos diante das dedu67es 8ue fil$os muito e8uenos sabem tirar. 10nios= 5*oT enas o mecanismo natural da raz*o. 5aturalmente osmais bem dotados fazem isso mel$or 8ue os mal dotados# ela mesma raz*o or 8ue corre mais ocero 8ue o cágado. 10nio# em arte# ' isso $armonia# comle3idade e ri8ueza da tecituracerebral. 9ais 8ue o eso# mais 8ue as circunolu67es# o mais imortante '# como num taete# afinura do tecido# o desen$o# o nmero e a caacidade de realizar# a ramifica6*o e oentrela6amento das c'lulas elas fibras de liga6*oQM. 9ais isto 5*o $á rela6*o direta entre

    taman$o do enc'falo e caacidade mentalR a maioria das essoas bem dotadas t0m um enc'falode taman$o m'dio# en8uanto s*o relatiamente oucos os 8ue t0m enc'falos grandes ou e8uenos. 9as com uma e3ce6*o tr0s dos maiores g0nios em tr0s terrenos diersos afael#Dante e ac$ ossu&am cabe6a e8uena# abai3o da m'diaR mas o maior enc'falo sadio# at' $o:emedido (4.444gr.)# era o de um oerário insignificanteQB. raz*o# e or isso se c$ama raz*o# ' or sua natureza dedutia# isto '# rória a oerar# antes de tudo# com as erdades de raz*o.Disse o grande ;ertuliano# no segundo s'culo# 8ue a alma $umana ' crist* or naturezaQ coma mesma raz*o oder&amos dizer 8ue a intelig0ncia $umana ' filósofa or naturezaQ4. Se aintelig0ncia $umana ' filósofa or natureza# e or natureza dedutia# segue-se 8ue a filosofia 'dedutia# no asso 8ue a ci0ncia ' indutia. filosofia trabal$a com as erdades de raz*o maisdo 8ue com as de fato# no asso 8ue# ice-ersa# a ci0ncia e3erimental oera com as erdades

    de fato# mais do 8ue com as de raz*o. sta tend0ncia ' t*o acentuada# 8ue at' os :u&zoscient&ficos s*o# ao mesmo temo# sint'ticos e a priori, como ainda iremos er em ant. asta sóuma e3eri0ncia bem feita ara se l$e induzir a lei geral# e desta# deduzir tudo o mais.

    tendo feito uma ausa# continuou o filósofo  3iste# ois# em nosso es&rito# otencialmente# irtualmente# germinatiamente a8uilo

    8ue# com o correr dos anos# se ai e3licitando# desenolendo. matemática surge# nasce#aarece# or8ue o mecanismo dela ' :á o do rório es&rito# e o seu arendizado ' a suae3licita6*o. is um caso# ara e3emlo o ai de laise Pascal# dese:ando 8ue o fil$oarendesse rimeiro latim e grego# antes 8ue as ci0ncias ara as 8uais manifestaa acentuado endor# trancafiou numa estante todas as obras cient&ficas. 9as o menino# ent*o com doze anos#tendo ouido falar em geometria# 8uis saber o 8ue era. + rório ai l$e deu uma id'ia do 8uetrataa essa ci0ncia. 5*o foi reciso mais ara 8ue o e8ueno come6asse a descobrir or simesmo o 8ue outros se $aiam recusado a mostrar-l$e. 5as $oras de lazer# concentraa suamente no assunto e n*o tardou 8ue as aredes do 8uarto onde brincaa se cobrissem de c&rculos#tri,ngulos# a3iomas e teoremas. Deste modo# sem o menor au3&lio# instru6*o ou guia# batal$ousó# conseguindo c$egar at' ? trig'sima segunda roosi6*o do rimeiro liro de uclides.Ignorando os termos cient&ficos# emregaa alaras da linguagem comum# c$amando aoc&rculo# anel ? lin$a# risco e assim or diante. De fato a crian6a descobrira as matemáticasQ G.+utro caso "mpére, antes de arender a ler ou a escreer os algarismos# n*o con$ecia maior razer do 8ue efetuar oera67es aritm'ticas com e8uenos sei3os ou fei:7es. Durante umamol'stia grae# 8uando sua m*e# or mera solicitude# o riou de seus meios de cálculos# elesubstituiu-os or eda6os dum biscoito 8ue o m'dico l$e ermitira comer deois do :e:um demuitos dias 8ue l$e rescreera. %alcular era ara ele uma necessidade mais imeriosa do 8ue os

    MFritz a$n# + Liro da 5atureza# II# NGKBFritz a$n# + %oro "umano# II# 4KN - 4K4"uberto o$den# Filosofia 2niersal# B#4BGSerge !oronoff# Do %retino ao 10nio# NN

    GN

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    35/318

    alimentos# mesmo 8uando tin$a fome. 5a idade de 8uatro anos# n*o con$ecendo nem o alfabetonem os algarismos# sabia fazer imressionantes cálculos mentaisQN. "á mais casos# mas estes bastam.

    Disse o mestre estas ltimas alaras# ao temo em 8ue fec$aa o liro de Serge!oronoff# deondo-o sobre a mesa. como estiesse em '# oltando a sentar-se ? sua mesa#

     rosseguiu  is# meus caros# a raz*o or 8ue Leibniz em seus  1o8os nsaios relembra a teoria dasreminisc0ncias de Plat*o# 8uando# no diálogo# Sócrates faz ir ? sua resen6a o :oem escrao9enon ara demonstrar a seus ouintes 8ue o mo6o con$ecia as matemáticas sem nunca as terarendido# isto como as matemáticas nascem# surgem# aarecem or eoca6*o do rórioes&rito 8ue ' criado segundo um lano lógico ara ser# naturalmente# racional. sta ' a ers*oleibniziana ara a teoria lat

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    36/318

    mundo# todas# sem faltar nen$uma# e3istem de fato# e# como tudo o 8ue ' fático# se aóiam sobreraz7es suficientes 8ue a nós nos cumre descobrir e desenoler na terceira :ornada filosófica# da8ual# estes estudos# s*o meros e3órdios. >uando Leibniz declarou estar este mundo da mel$orforma oss&el# n*o 8uis dizer 8ue o mundo ' erfeito# mas sim 8ue# or sua raz*o suficiente# n*o oderia ser coisa mel$or nem ior do 8ue '. 5*o ' este nem o mel$or# nem o ior dos mundosR

    aenas ' como 'R ' como n*o odia dei3ar de serR ' como o im7e a sua raz*o suficiente# e istoainda iremos er na terceira :ornada# 8uerendo Deus. inda iremos er como se ode serresignadamente otimista# aesar de estar metido neste bem arrematado ale de lágrimasR or issoao filósofo da terceira :ornada caberá batal$ar or duas coisas fundamentais a rimeira ' lutar ela mel$oria do $omem# e# or conseguinte# ela do mundoR a segunda consiste em elear-sesobre si mesmo o 8uanto mais uder# tendo em ista eadir-se deste inferno terrestre ara lanosmais felizes.

    rguendo-se deois de sua cadeira# foi at' ? orta# e ediu ara dona %orn'lia l$e trazerum coo d`água. ebeu a água de uma assentada# e# tornando ao seu lugar rosseguiu

      + ideal do con$ecimento# ara Leibniz# consiste no da ura racionalidade 8ue tem sua lenitude na matemática e na lógica. f&sica# a 8u&mica# a biologia# etc.# s*o con$ecimentos um

     ouco inferiores# isto se constituirem de erdades de fato com base na e3eri0ncia. Por'm#como :á temos dito# n*o $á abismo intranson&el entre as erdades de raz*o e as erdades defato# donde em 8ue ' necessário transformar as erdades de fato em erdades de raz*o# e isto sefaz com retirar do fático o 8ue ele tem de racional. %omo :á dissemos# todas as erdades de fatose fundamentam sobre uma base de raz*o suficiente. >uando buscamos a raz*o de alguma coisa#erificamos 8ue esta raz*o se assenta sobre outra anterior# e esta# sobre a antecedente# e cada ezmais se ai alargando o c&rculo# abarcando raz7es suficientes cada ez maiores e gerais# at'remontarmos ? raz*o rimeira 8ue n*o ode ter antecedente or se ter tornado de ,mbito infinito. raz*o rimeira n*o tem mais antecedentes# or8ue# se o tiesse# esses $aiam 8ue ser mais 8ueinfinitos. 5ada# or'm# ode ser maior 8ue o infinitoR logo# a raz*o 8ue se situa a $á de ser a rimeira da cadeia ara o 8ue desce# e a ltima ara 8uem sobe. ant afirma 8ue a cadeia de

    raz7es suficientes se interrome na %ausa Primeira sem necessidade. Pois ' necessário 8ue nada ossa suerar o infinito# e# or este motio# 8ue a %ausa Primeira n*o ten$a causa. Das coisasmidas se com7em as grandes# e# ela rec&roca# as grandes se com7em das e8uenas. Dosciclos m&nimos deende o desenolimento dos má3imos# donde em 8ue os má3imos secom7em dos m&nimos. +ra# se cada coisa ossui a sua raz*o suficiente# tanto ossui raz*osuficiente as coisas m&nimas# como as má3imas. ssim $á raz*o suficiente ara 8ue e3ista ounierso total de c&rculo materialmente má3imo# como a $á ara o el'tron 8ue ' o c&rculom&nimo. deste m&nimo se com7e o má3imo or integra6*oR e ela desintegra6*o# a8uelemá3imo ode c$egar a esta art&cula infinitesimal# 8ue ' o el'tron# de cu:a reuni*o# orentrela6amento de camos# se forma o oceano eletr

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    37/318

    infinita# o temo ficaria zero e n*o $aeria mais ser# tendo ele cessado de e3istir. Pela rec&roca#subindo-se acima do unierso# a elocidade ir-se-á cada ez mais reduzindo# o ser a& cada ezmais se define como ser# at' 8ue# 8uando o moimento cessasse de todo# o Ser seria leno# e otemo eterno. sse Ser leno# sen$or do temo eterno ' DeusR lá no ólo oosto# abai3o doel'tron# onde o ser n*o tem temo# está o n*o-ser 8ue ' um n*o-Deus. tudo o 8ue Deus '# o

    n*o-Deus n*o 'R con$ecendo-se as roriedades do n*o-Deus# oder-se-á inferir ?s de Deus elarec&roca# ela contraditória. deois duma ausa ara um f

  • 8/19/2019 Serões Teológicos e Serões Filosóficos

    38/318

    desertando dum son$o# retornou ? disserta6*o  "á# como 0em# rela6*o entre a reta e a cura# or8ue ambas s*o curas# aenas com

    raios diferentes. Igualmente o onto ' uma curatura de raio infinitamente e8ueno. Logo# onto#cura e reta s*o correlatos# n*o $aendo abismo nen$um intranson&el entre eles# e antes $á#tr,nsito cont&nuo com 8ue se assa do onto ? cura# e desta ? reta. sse tr,nsito ode ser escrito

    numa fun6*o matemática# 8ue Leibniz deu o nome de cálculo diferencial e integral. nt*o# se assarmos or uma circunfer0ncia uma tangente# o onto de tang0ncia ertencerá ?circunfer0ncia e ? tangente ao mesmo temo# com 8ue em ele a ter defini6*o geom'tricadiferente# conforme o consideremos como fazendo arte da cura# ou como fazendo arte datangente. agora= gora falta só encontrar a fórmula matemática 8ue defina cada onto emfun6*o do todo. a descoberta dessa fórmula consiste no cálculo diferencial e integral# 8ue ossibilitou grande arte da f&sica tornar-se erdade de raz*o# 8uando era antes aenas erdadede fato. Proa Leibniz ser oss&el# ela matemática# a8uilo 8ue ele ensara rimeiro de modofilosófico.

    fez sil0ncio o mestre# en8uanto rocuraa no es8uema o assunto seguinte. tendo-oac$ado# continuou

      t' a8ui tiemos a teoria do con$ecimento de Leibniz sobre a 8ual se ergue#lentamente# atra's dos anos# a sua metaf&sica. Só aós sua morte foi ublicada sua obraconclusia sobre este tema. sta metaf&sica corre# a rinc&io# dos mananciais cartesianos# e sómais tarde se engrossa com a teoria do con$ecimento# com a matemática# e com a f&sica# caandoo áleo rório sobre 8ue $aia de correr. %omo todos oc0s a& $*o de se lembrar# Descartesestabelecia a e3ist0ncia de id'ias confusas e id'ias claras. + Sol ' uma esferaR eis uma id'iaclara. + Sol ' 8uente# luminoso# formado de gases e mat'ria &gneaR eis uma id'ia obscura. assim como $á tr,nsito cont&nuo entre as erdades de fato e as erdades de raz*o# igualmente asid'ias confusas odem tornar-se erdades claras. 9as# se a id'ia confusa# uma ez deurada elaraz*o# ode tornar-se clara# só ode ser or 8ue esta id'ia confusa tem em si# de modo iml&cito#a id'ia clara. Das id'ias confusas n*o odem sair as claras# se a8uelas n*o contierem#

    imlicitamente# estas. +ra# as id'ias confusas# ara os idealistas cartesianos# e8Hialem assensa67es# as erce67es sens&eis# as e3eri0ncias dos sentidos. Logo# nestas coisas#consideradas id'ias confusas# $aia de estar os germes das id'ias claras. ;odaia Leibniz serebela contra Descartes no 8ue diz reseito ao geometrismo. Para Descartes a subst,nciamaterial# e3tensa# ' um simles correlatio de nossas id'ias geom'tricas# donde em 8ue amat'ria se reduz a ura e3tens*o. %ontra este conceito cartesiano ' 8ue Leibniz 7e a trabal$ar oseu ar&ete. %omo ode a mat'ria ser ura e simlesmente e3tens*o= 9as a e3tens*o n*o temrealidade ob:etia# consistindo em uro esa6o abstrato da geometria totalmente sub:etio. scoisas materiais $*o 8ue ser mais 8ue a ura e3tens*o# 8ue a ura esacialidade geom'trica#abstrata# azia de contedo.

      Desde o in&cio# rosseguiu o mestre# as lucubra67es de Leibniz se dirigiam ara o roblema do moimento e da mat'ria# e ' or este camin$o 8ue ele c$ega ? sua metaf&sica. 5*o 'tanto a tra:etória do móel 8ue o interessaaR mais o reocuaa ' a origem do moimentoRdeois# ent*o# ' 8ue em a tra:etória. 9as 8ue coisa faz moer-se o coro= for6a# a energia.+ra# a energia n*o ' esacial# n*o ' e3tensia# or'm din