ser pessoa, a Ética e a cidadania

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UNIDADE 3 – SER PESSOA, A ÉTICA E A CIDADANIA Pela interpretação dos textos lidos e elaborados pelo Centro Universitário Claretiano nesta unidade 3 da disciplina de Antropologia Teológica, entende-se que o ser humano, como pessoa, pelo egoísmo e pela exploração dos mais fortes no decorrer dos milênios tem sido vilipendiado, escravizado e coisificado, sendo esta ultima adjetivação com a intenção de se justificar perante os credos religiosos, ou disposições éticas, que em sua grande maioria condenam tais práticas, mas as preterem, dependendo do momento histórico, esta visão pretensamente ingênua tentando enganar a si próprio, príncipe, escravagista, governador, opressor, ou modernamente capitalista, que pelos seus discursos independentemente do espaço-tempo dizem que essa prática é importante por manter a famigerada paz social, nem que seja a custa do sangue da imensa maioria de excluídos, exclusão esta que tenta ser acalentada pelo principio lógico da escassez dos bens da vida e por isso o acesso a estes bens é restrito a uma pequena minoria, mas esquecem de que o homem não precisa da grande maioria desses tais bens, tidos como essenciais pelo sistema econômico vigente ou pelos anteriores, e ainda porque um homem precisa de uma casa encastelada nos raros alphavilles da vida, variando a nomenclatura de acordo com o país onde existem esses microscópicos bolsões de riqueza, precisa de um veículo automotor de centenas de milhares de

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UNIDADE 3 – SER PESSOA, A ÉTICA E A CIDADANIA

Pela interpretação dos textos lidos e elaborados pelo Centro Universitário Claretiano nesta unidade 3 da disciplina de Antropologia Teológica, entende-se que o ser humano, como pessoa, pelo egoísmo e pela exploração dos mais fortes no decorrer dos milênios tem sido vilipendiado, escravizado e coisificado, sendo esta ultima adjetivação com a intenção de se justificar perante os credos religiosos, ou disposições éticas, que em sua grande maioria condenam tais práticas, mas as preterem, dependendo do momento histórico, esta visão pretensamente ingênua tentando enganar a si próprio, príncipe, escravagista, governador, opressor, ou modernamente capitalista, que pelos seus discursos independentemente do espaço-tempo dizem que essa prática é importante por manter a famigerada paz social, nem que seja a custa do sangue da imensa maioria de excluídos, exclusão esta que tenta ser acalentada pelo principio lógico da escassez dos bens da vida e por isso o acesso a estes bens é restrito a uma pequena minoria, mas esquecem de que o homem não precisa da grande maioria desses tais bens, tidos como essenciais pelo sistema econômico vigente ou pelos anteriores, e ainda porque um homem precisa de uma casa encastelada nos raros alphavilles da vida, variando a nomenclatura de acordo com o país onde existem esses microscópicos bolsões de riqueza, precisa de um veículo automotor de centenas de milhares de reais ou dólares, sendo que precisa apenas de um meio de transporte, não de endeusados objetos de consumo que agregam ao seu possuidor, segundo suas teorias ridículas uma diferença em relação ao seu próximo, uma superioridade mesmo que ele saiba ser irreal, efêmera e volátil e que o destino desse corpo valorizado pelos modismos ditados por poucos e espertos oráculos modernos, que determinam o que é “in” e o que é “out”, segundo o “american way”, ideologia predominante em nosso mundo globalizado, diga-se capitalista. E esses valores conforme a prática ideológica do estado opressor dominado sempre pelas elites que necessitam desse modelo para se mantiver no poder e repetir essa lógica perversa.

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O que o homem precisa é restabelecer o temor de Deus, que deu este mundo a todos para que dominem a terra e se multipliquem, fazendo sua vontade como razão imprescindível para esse pacto, mas não, o homem tem inveja de Deus, porque também precisa segundo sua estultícia ser adorado, temido e por essa razão tem que ter um palácio com centenas de aposentos e escravos ou serviçais conforme a época precisa de adorador-bajuladores que segundo sua conveniência aprovam os desvarios e desmandos de tal déspota, como se o dominador precisasse da aprovação social.

O filho de Deus disse a um rico incauto que o indagou sobre a possibilidade de perpetuar esses prazeres mundanos no céu, ou seja, como ele faria para ter a glória celestial, no que foi prontamente respondido: vá, doa todos os seus bens materiais aos pobres e me segue, mas pelo egoísmo do homem, pela sua avareza, trocou este nada terreno pela entrada no paraíso. Isso demonstra que uma das principais senão a maior das virtudes cristãs é a redistribuição desses tais bens, chamados de riquezas para cada pessoa segundo sua necessidade, ou seja, a prática da caridade, dividindo justamente o que Deus deixou aos homens, todos.

A cidadania é retórica, figura de linguagem ou qualquer significado que represente a não veracidade deste direito, desse retorno contratual, segundo Rousseau muito bem descrito no Contrato Social, em que o estado é constituído pela doação das vontades dos habitantes/participantes, que as delegam a um poder estatal, soberano, imperativo, onde a vontade da maioria é que prevalece, parece, mas não é segundo Tomasi. di Lampedusa, tudo muda para parecer que mudou, mas continua como está desde o começo dos tempos, dessa chamada doação das vontades, inculcada em seus contratantes como voluntária, sendo na verdade imposta, pois o homem é obrigado a ser livre, segundo Sartre, logo mentira deslavada. O homem é cidadão apenas para o exercício de sua capacidade civil de votar e ser votado, sendo tal verdade imposta e obrigada pelo ordenamento jurídico da maioria das nações, a igualdade iluminista é observada somente neste fato social, anunciado como um dos mais importantes direitos do cidadão, o problema é conceitual, porém pelo discurso dos iluministas a cidadania é mais ampla, tendo o cidadão a chance de exercitar esse direito justamente por poder ter todas as vantagens que esse mentiroso contrato diz que todos têm, ou seja, a tão aclamada neste modelo de vida contemporâneo neoliberal, a dignidade da pessoa humana, compreendendo a acessibilidade aos serviços de saúde qualificados, a segurança razoável, o trabalho digno e que o resultado desse trabalho, travestido de salário seja suficiente para proporcionar uma vida com qualidade a sua prole.

A ética, muito discutida e estudada por muitas pessoas, desde que o homem ou segundo esta humilde interpretação, o príncipe falando pela boca dos estudiosos, compreendeu que precisava de alguns mecanismos que o

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auxiliassem a manter os liames sociais, porque o uso do gerenciamento nos conflitos humanos aumentou na medida em que se constituíram os ajuntamentos habitacionais e que para a justificação da aplicação de alguns simbolismos necessários que concomitantemente se suportavam, verificável em relação à simbiose poder-aparato (simbolismos: força, religião, cultura, direito e outras formas) e que essa realidade exigia a criação de sistemas que regulassem os comportamentos das pessoas para facilitar sua governabilidade e aliená-los da verdadeira realidade a qual estavam sujeitas, tornando mais fácil a empreitada do príncipe ou quem suas vezes fazia e faz. Nesse modelo ético ocidental, diga-se grego-judaico-cristão o que se percebe é que a ética é o que deve fundamentar nossas relações sociais, mas essa visão da ética é subjetiva e depende das vantagens que quem apregoa a ética obtém com essa falácia, você tem que ser bom, mas frise-que bondade ou maldade sugerem várias interpretações dependendo do polo que é passivo na intenção da apreensão, digestão do discurso. Então retornamos ao comportamento maniqueísta, onde todos meus adversários ou mesmo rivais, competindo por alguma coisa, não importa a natureza dessa coisa, são maus e devem pautar seus atos para comigo no discurso ético, sendo bons, facilitando meu acesso à coisa disputada e pelo meu egoísmo, penso que apenas eu preciso dessa coisa e não importa a definição jurídica, que se utiliza de subterfúgios, sofismas ou até mesmo como citado por Habermas, da famosa comunicação estratégica, onde o mestre frankfurtiano diz que o consenso é o resultado das interações sociais, mediados pela ética e a qual, pela interpretação deste licenciando, se dá por meio da utilização de signos metafóricos ou omissos propositadamente para que essa obscuridade discursiva sugira variadas interpretações do mesmo tema, necessitando dos modernos oráculos, revestidos sempre de poder inquestionável dogmático para a interpretação, a leitura hermenêutica do discurso, ora, o que é bom para mim não necessariamente e sempre não é simbiótico.

Nesta breve e talvez errônea interpretação do discurso ético, poderíamos escrever livros e mais livros, mas o tal consenso não seria alcançado. Para sermos pessoas e não coisas, precisamos de empatia, sentir a fome, a dor, as tristezas, o frio, nos igualarmos ao próximo, pois o que realmente somos é humanos, sem etnias, raças ou denominações varias conforme o antropólogo utiliza para definir a humanidade, todos iremos voltar ao pó de onde viemos, para sermos pessoas é termos a real percepção de que quanto mais estudamos mais chegamos próximos ao pai, que nos criou, mas por nossa ignorância necessitamos de alguém como Sagan que nos diga que somos pó de estrelas, mas no próprio Gênesis bíblico há a afirmação dessa verdade, escrito há séculos atrás.

Em suma, necessitamos da consciência de que somos todos irmãos, logo, temos um pai e basta à obediência há alguns preceitos desse pai para que nossa efêmera vida neste mundo seja a melhor possível, segundo os ditames

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do pai e não dos famosos oráculos que nem sempre estão alinhados com o discurso do pai.