segunda-feira - editora sextante · ela faz uns biscoitinhos de mob bebê para mostrar que me ama....

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Segunda-feira

Só faltam algumas semanas para o Dia das

Bruxas, e eu mal posso esperar! Além de ser mi-

nha data preferida, é o dia do meu aniversário!

Vou fazer 13 anos!

Bom, sei que pode parecer bobeira, até porque os

zumbis vivem para sempre. Mas é uma data impor-

tante para mim, ainda mais agora que me tornarei

adolescente. Ou seja, vou ganhar um pouco mais de

respeito por aqui.

Estou precisando mesmo. A vida de um zumbi de

12 anos no ensino fundamental não é nada fácil,

principalmente porque os cuecões estão começan-

do a deixar marcas sérias em mim. Minha cabeça

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está até mudando de formato de tanto ser enfiada

no lixo.

Eu também queria que me respeitassem mais em

casa. Meus pais sempre me tratam feito um bebê

zumbi. Hoje de manhã, por exemplo, minha mãe

preparou o meu lanche para a escola...

É, eu sei que isso não parece ser algo ruim, mas

ela faz uns biscoitinhos de mob bebê para mostrar

que me ama. Quando abro a lancheira na escola, os

outros alunos sempre tiram sarro de mim. É o maior

mico!

– Qual é o problema do bebê zumbi? Quer leitinho

para acompanhar os biscoitinhos? – alguém diz.

Aí o refeitório inteiro começa a rir de mim. É como se

eu andasse com uma placa escrito “MANÉ” na testa

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e “QUERO UM CUECÃO BEM FORTE AGORINHA

MESMO” nas costas.

Bom, eu até poderia jogar os biscoitos fora antes de

chegar à escola. Mas eles são muito gostosos... prin-

cipalmente com leite.

Mas ter 13 anos terá suas vantagens. Uma delas

será receber um aumento na mesada. Pela regra

dos meus pais, eu ganho um real a mais a cada

aniversário meu. Logo, quando eu fizer 13 anos,

vou ganhar... 13 reais. Não tem muita coisa que

um zumbi possa fazer com 13 reais por mês. Então

eu aproveito para gastar com coisas importantes,

como... bolo! Eu sei que devia ser um jovem zumbi

responsável e economizar a minha mesada. Mas

com o que ganho não dá. Querem que eu faça

milagre?

Se bem que meu pai disse que agora vou poder ar-

ranjar um emprego, então não vou precisar sobrevi-

ver só com 13 reais. Vou receber grana de verdade.

Só tenho que descobrir que tipo de trabalho posso

fazer. A única coisa que sei fazer bem é colecionar

caca de nariz.

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Também espero receber um pouco de dinheiro de pre-

sente de aniversário, porque quero comprar um jogo

novo para o meu video game. Meus pais me deram

um SustoStation 465 por ter vencido o concurso de

soletração no mês passado. E é demais! Tem um jogo

novo que o Steve me indicou e quero muito ver co-

mo é. Ele se chama HALO 3000 – Edição Apocalipse

Zumbi. Parece tão legal! Mal posso esperar.

Falando em aniversário, preciso pensar em um tema

legal para a minha comemoração. Como é no Dia

das Bruxas, costumo fazer uma festa a fantasia, mas

as que meus pais organizam costumam ser bem fra-

cas, nem um pouco assustadoras.

No ano passado, o tema foi Meu Pequeno Pônei

Zumbi. Todo mundo teve que se fantasiar de Pônei

Zumbi. Uma chatice!

Este ano quero fazer algo assustador de verdade.

Algo que diga ao mundo que eu sou um zumbi cres-

cido. Tipo... uma festa na piscina!

Os zumbis detestam água, então eu pregaria um

bom susto neles. Mas talvez não seja uma boa ideia.

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O Slimey morre de medo de água, principalmente

depois do que aconteceu com o tio dele.

Talvez eu possa fazer uma festa do skate! Não... Se

eu bem conheço o Esquely, ele provavelmente vai

cair e quebrar um osso.

E uma festa surpresa? Eu poderia fingir surpresa

quando todo mundo pulasse para cantar parabéns.

Bom, talvez não. Acho que isso ia ser bem ruim para

o Creepy... e para o resto de nós.

Já sei! Uma festa do Harry Potter! Os filmes dele

me deixaram apavorado. Todo mundo se fantasiaria

daqueles alunos assustadores de Hogwarts. A gente

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andaria montado em vassouras pela festa, agitaria

varinhas e falaria com sotaque britânico.

Eu posso me fantasiar de Harry Potter. Só preciso de

um uniforme, óculos e um raio na testa.

Esta vai ser a melhor festa de aniversário de todos

os tempos!

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Terça-feira

Hoje fui contar para o Steve sobre a minha ideia

para a festa de aniversário. Encontrei-o na floresta.

Ele parecia estar procurando alguma coisa.

“Este é o momento perfeito para experimentar as mi-

nhas novas habilidades de susto”, pensei.

Então eu cheguei de fininho por trás dele e...

– IIIIIIIIÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁUURRRGHHHH!

– Ah, oi, zumbi.

Puxa, estou ficando enferrujado.

– Oi, Steve. O que está fazendo?

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– Estou procurando um aldeão. Ele foi até a floresta

procurar abóboras e nunca mais voltou.

– Que esquisito.

– Pois é...

– Não, eu quis dizer que é esquisito ele procurar

abóboras. Eu costumo ficar longe dessas coisas. Elas

não são perigosas?

– Como assim?

– É que quando eu era um bebê zumbi eu adorava

torta de abóbora. Mas o meu pai disse que, se eu

comesse muita abóbora, eu ia me transformar em

uma delas.

Steve ficou só olhando para mim, confuso.

– Steve, queria conversar com você sobre a ideia

que eu tive para a minha festa de aniversário.

– Vai repetir o tema Meu Pequeno Pônei Zumbi este

ano? Ótimo! Até arrumei uma tatuagem temporária

do Pequeno Pônei Arco-Íris que quero usar – disse

Steve de brincadeira.

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– Ha-ha. Sem graça. Este ano eu queria fazer algo

assustador de verdade. Vai ser a festa de Dia das

Bruxas mais aterrorizante de todos os tempos. O te-

ma será... Harry Potter!

Steve ficou olhando para mim, ainda confuso.

Prossegui:

– Vamos pegar livros, vestir uniformes, agitar vari-

nhas e tudo.

Steve continuava sem entender.

– E eu vou ser o Harry Potter. Aliás, você é bom em

entalhar caveiras de zumbi?

De repente, ouvimos um barulho.

– Ei, será que foi o aldeão perdido? – disse Steve.

Quando olhamos por entre as árvores, nós vimos

um aldeão, mas, no lugar da cabeça quadrada com

o nariz comprido, havia uma abóbora!

– Por que ele está correndo feito louco e agitando

as mãos para cima daquele jeito? – perguntei ao

Steve.

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– Não sei, mas preciso levá-lo de volta.

– Viu? Meu pai tinha razão. Quando você come mui-

ta abóbora, acaba se transformando em uma delas.

Steve continuou me encarando com aquela expres-

são de confusão no rosto e falou:

– A gente se vê mais tarde, zumbi.

E correu atrás do aldeão com a cabeça de abóbora.

“Os aldeões são esquisitos”, pensei.

Sempre me perguntei por que o Steve não é esqui-

sito como eles. Pensando bem, é meio estranho o

fato de o Steve não ter um nariz comprido. Será que

ele tem nariz? Ah, sei lá. Está na hora de organizar

algumas coisas para a minha festa.

Ah, cara, mal posso esperar!

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Quarta-feira

Hoje na Escola Monstro foi dia de excursão ao

Museu de Ciências Mob.

Cada mês temos aula sobre um tema diferente.

Geralmente é algo meio ridículo, mas às vezes é

superlegal. Uma vez, ensinaram sobre “combustão

espontânea”. Creepy adorou, ainda mais quando

explicaram que dá para usar cocô de creeper para

fazer fogos de artifício bacanas.

Outra vez, falaram sobre esqueletos. Achei que o

Esquely ia adorar, mas ele me disse que a exposição

era boba comparada com as coisas malucas que ele

via quando visitava os parentes.

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O tema de hoje foi Dia das Bruxas. Tinha uma expo-

sição bem legal que mostrava tudo sobre o feriado

mais importante do Minecraft. Os mobs tiram o dia

de folga e fecham as escolas para homena gear essa

data especial. A exposição também explicava que

os aldeões humanos não apreciam tanto o Dia das

Bruxas. Eles não deixam de trabalhar nem de ir à

escola.

Cara, deve ser a maior chatice ser aldeão.

Minha parte preferida da exposição falava sobre a

ciência das abóboras, que são blocos que crescem

na maior parte dos biomas do Mundo Superior.

Tentei descobrir se era verdade o que o meu pai

tinha dito sobre se transformar em abóbora. Porém,

quando perguntei para a senhora zumbi que con-

duzia o passeio, ela ficou olhando para mim de um

jeito esquisito.

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Mas ela disse uma coisa meio estranha no fim da

exposição:

– Há cerca de 500 anos, um fungo raro infestou to-

das as abóboras de uma pequena aldeia e fez com

que os mobs expostos ao fungo perdessem o con-

trole e agissem de maneira bizarra. Os infectados

atacavam e mordiam os outros, e a infecção se es-

palhou de aldeia em aldeia. Não fazia diferença se

você era mob ou humano: todos podiam contrair a

doença. Os infectados eram identificados pela abó-

bora gigante inconfundível que crescia para cobrir a

cabeça deles. Há teorias no meio científico de que

esse surto de fungo de abóbora foi a causa do último

Apocalipse Zumbi...

Nossa! Ela até mostrou para a gente uma foto antiga

de um dos infectados...

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Ainda bem que eu nem existia há 500 anos. Isso

teria sido assustador demais!

Bom, a única coisa que importa agora é a minha fes-

ta de aniversário e como ela vai ser legal. Preciso co-

meçar a convidar o pessoal da escola para o evento.

Eu devia chamar só os garotos descolados... Quero

dizer, agora que vou fazer 13 anos, vou precisar de

amigos novos para combinar com a minha nova

imagem, certo?

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Quinta-feira

Hoje comecei a convidar alguns dos garotos des-

colados da escola para a minha festa de aniversário.

Mas foi meio estranho, porque cada vez que eu os

convidava, eles só davam risada. Acho que isso sig-

nifica que eles querem ir.

Comecei a pensar no Creepy, no Esquely e no Slimey.

“Talvez eu não deva convidar o pessoal este ano”,

concluí.

Sabe, eles ainda têm 12 anos. E muitos dos garotos

bacanas da escola acham que eles são uns bobões.

Mas vai ser meio esquisito se os três não estiverem

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na festa. Eles vão às minhas comemorações de ani-

versário desde que eu sou um zumbi bebê.

Conheci o Esquely na minha festa de 6 anos. Eu es-

tava batendo na minha pinhata em forma de Ender

Dragon quando arranquei a cabeça do Esquely sem

querer.

Achei que tinha agido mal até ver que o Esquely

estava se divertindo.

– Do que você está rindo?

– Não sei. Acho que perdi a cabeça de tanto rir –

respondeu ele.

Nós somos melhores amigos desde então.

Conheci o Slimey na festa de aniversário do primo

dele, o Cubo. Naquela época meu amigo era bem pe-

queno. Eu lembro que não estava conseguindo achar

um lugar livre em que pudesse descansar, por isso me

sentei em uma mesinha verde perto do banheiro.

Sem querer, acabei em cima do Slimey. Nós somos

melhores amigos desde então.

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Também é bem engraçada a história de como co-

nheci o Creepy. Ele era bem quieto e ficava nervoso

perto das outras crianças. Um dia, no primeiro ano,

Slimey e eu puxamos conversa com ele.

Creepy começou a chiar e a faiscar. Não sabíamos

o que estava acontecendo, mas achamos superlegal.

Ele ficou surpreso por não termos fugido correndo,

por isso se acalmou. Só que demos umas cutucadas

nele para que começasse a chiar e a faiscar outra vez.

É, naquela época nós não éramos muito espertos.

Mas somos melhores amigos desde então.

Cara, onde estou com a cabeça? Eu preciso dos meus

melhores amigos na minha festa, não importa a ida-

de que tenham. E não me interessa se o pessoal da

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escola não acha que eles são “descolados”. Sempre

posso contar com os três para me dar apoio no meu

aniversário.

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