saiba+ - setembro de 2013

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Desde 2006 30 de Setembro de 2013 Falta de manutenção coloca acervo de museus campineiros em risco O Palácio dos Azulejos, onde funciona o Museu de Imagem e Som (MIS), é um dos prédios históricos que sofrem com a falta de atenção e investimento. O Museu da Cidade (Muci) está em situação semelhante. Pág. 8 Blogs Redação da TVB: como na pesquisa que mapeia a atuação dos jornalistas em todo o Brasil, a maioria é mulher, mas não está na direção Márcio Silva: “Considero a Clínica uma nova forma de ver o ser humano” Pág. 4 André Montejano rentes áreas, como o chef Alexsander Guerra (foto) transformam blogs balham em casa. Arquivo Pessoal Novos esportes radicais fazem sucesso entre os brasileiros O slackline e o drift trike apareceram há pouco tempo no pinas (Unicamp) e a praça Arautos da Paz. Pág. 5 Bruno Accorsi Convênios diagnosticam, mas não tratam distúrbios de sono Viaduto Cury: Acidentes e camelôs são os problemas Divulgação Praticante de Slackline treina equilíbrio e concentração Pág. 3 Pipoqueira completa 40 anos de atuação na PUC-Campinas Os distúrbios do sono são perigosos, mas há tratamento. rios impede a maioria de se tratar. Pág. 7 Marlene Aparecida Batista é a comerciante mais antiga ela trabalha vendendo pipoca no campus. Pág. 6 Crônica: “Eu não sou de ninguém, eu sou de todo mundo...” Pág. 2

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Page 1: Saiba+ - Setembro de 2013

Desde 2006 30 de Setembro de 2013

Falta de manutenção coloca acervo de museus campineiros em risco

O Palácio dos Azulejos, onde funciona o Museu de Imagem e Som (MIS), é um dos prédios históricos que

sofrem com a falta de atenção e investimento. O Museu da Cidade (Muci) está em situação semelhante. Pág. 8

Blogs

Redação da TVB: como na pesquisa que mapeia a atuação dos jornalistas em todo o Brasil, a maioria é mulher, mas não está na direção

Márcio Silva:

“Considero a

Clínica uma nova forma de ver o ser humano” Pág. 4

André Montejano

rentes áreas, como o

chef Alexsander Guerra

(foto) transformam blogs

balham em casa.

Arquivo Pessoal

Novos esportes radicais fazem sucesso entre os brasileiros

O slackline e o drift trike apareceram há pouco tempo no

pinas (Unicamp) e a praça Arautos da Paz. Pág. 5

Bruno Accorsi

Convênios diagnosticam, mas não tratam distúrbios de sono

Viaduto Cury: Acidentes e camelôs são os problemas

Div

ulg

ação

Praticante de Slackline treina equilíbrio e concentração

Pág. 3 Pipoqueira completa 40 anos de atuação na PUC-Campinas

Os distúrbios do sono são perigosos, mas há tratamento.

rios impede a maioria de se tratar. Pág. 7

Marlene Aparecida Batista é a comerciante mais antiga

ela trabalha vendendo pipoca no campus. Pág. 6

Crônica: “Eu não sou de ninguém, eu sou de todo mundo...” Pág. 2

Page 2: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de setembro de 2013Página 2

CRÔNICA

“Eu sou de

ninguém, eu

sou de todo

mundo...”

LARA HUTTEMBERGUE

ESTUDANTE DE JORNALISMO

Toda aquela conquista do anos 30 e 60, do

homem apaixonado, bem vestido e perfumado, que gastava horas em baixo da sacada da mulher mais cobiçada da cidadezinha,

o texto decorado para fa-lar de amor, pelo visto só existe na memória dos

-tismo, tudo uma projeção para as mulheres sonha-doras que ainda estão se adaptando à fase do “sou independente de homens e

E elas dançam até o chão na balada, enchem a cara no bar e disparam beijos nos rapazes que acabaram

Mas e aquela história de véu e grinalda, vesti-do branco, encontros na quermesse, meu primeiro namorado e único mari-do, até que a morte os se-

que aconteceu com os pla-

evidente que elas estejam cada vez mais bem resol-vidas, são independentes,

-mente homens na vida dessas mulheres são um capricho, uma carência ou

Mas e os homens nessa

muitas mulheres não te-nham o tempo totalmente reservado a eles, em ques-tões domésticas, maternas e íntimas, muitas mulheres conseguem administrar

Quanto às solteiras, o ho-mem não precisa ensaiar a serenata na janela ou es-crever o soneto, porque, de fato, poesia é um agrado

“você é maravilhosa”, “es-tava te olhando desde que

RÁPIDAS

PUC-Campinas realiza mostra de pro"ssões

A PUC-Campinas realiza, entre os dias 3 e 5 de outubro, a 2ª Mostra de pro#ssões, no esta-cionamento do Shopping Iguatemi Campinas.O evento, que recebeu mais de 5 mil estu-dantes em sua primeira edição, realizada em 2012, tem como objetivo auxiliar os jovens na escolha da carreira. Para isso, serão disponibi-lizados mais de 40 stands de Cursos de Gra-duação e Pós-Graduação oferecidos pela uni-versidade, onde alunos e professores poderão orientar e esclarecer dúvidas dos estudantes sobre cada pro#ssão. O evento é gratuito e alunos de escolas públicas e privadas estão convidados a participar.

Caminhada contra obesidade será dia 13/10

No dia 13 de outubro de 2013 será realizada a VI Caminhada de Prevenção à Obesidade. O evento terá início no portão 1 da Lagoa do Taquaral, em Campinas, às 8h, e é uma ini-ciativa do Grupo Multidisciplinar de Preparo para Cirurgia Bariátrica do Hospital de Clíni-cas (HC) da Unicamp. Na ocasião, os interes-sados poderão, também, se inscrever para o programa de cirurgia bariátrica do HC, além de fazer teste de glicemia, orientação nutricio-nal, e cálculo do índice de massa corpórea.

Espaço para arte contemporânea é inaugurado

O Espaço Fernandes Naday de Arte Contem-porânea de Campinas tem, como sua primeira exposição, o trabalho “Polimorfos e sequen-tes”, de Sylvia Furegatti. A mostra é composta por objetos, desenhos, e uma instalação artís-tica. A exposição #cará aberta ao público de 23 de setembro a 8 de novembro de 2013, de segunda a sexta feira, das 14h às 18h. O Es-paço Fernandes Naday se localiza na rua An-tonio Lapa, 1.180, no bairro do Cambuí, em Campinas.

CARTA AO LEITOR

Esta edição do Saiba +, produzida por alunos da turma 42 de jornalismo da Ponti-fícia Universidade Católica de Campinas (PUC- Campinas), tem como destaque a

segunda reportagem da série “Campinas 240 Anos”, que começou a ser publicada na

Entre as outras reportagens, na editoria de esporte, o Saiba + apresenta ao leitor o trike

e o slackline, modalidades que crescem no Brasil e chamam atenção por suas peculia-

Marlene Aparecida Batista, dona de um quiosque de pipoca, que é a mais antiga comer-Saiba + mostra como

-te para progredir uma boa comunicação, um beijo, uma noite, um até mais, 2 ou 8 anos de namoro,

-

e os relacionamentos não se conservam mais como

predisposição dos homens ou a independência das

relacionamentos tendem a esfriar com muito mais fa-

-

um “objeto encontrado”, mas um produto que re-quer esforço e boa vonta-

por horror à solidão, mas esse outro se mantém a uma distância que permi-

Hoje o tempo é curto, a comunicação é bem mais explorada e a liberdade

pessoas não têm mais dis-posição de focar em um único individuo, conhecê-lo e viver a maior parte do tempo com ele, sendo que todo mundo tem um conteúdo a oferecer em to-

limita os casais a conviver menos pessoalmente, o que resulta em desenten-

os modernos, quebramos o acordo de “até que a morte

Hoje, dizer eu te amo é epidêmico, estamos ca-minhando para uma socie-dade em que todo mundo distribui frases apaixona-

existe uma falta que bate e pode ser satisfeita por uma grande quantidade de poucas parcerias em detri-

-sim que funciona, é este o

SAIBA +

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campi-

-

Professor responsável:

Editor: Bruno AccorsiDiagramação: André Montejano e Bruno Machado

Obra de Sylvia Furegatti que compõe a mostra

Page 3: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de Setembro de 2013Página 3

Blogs se transformam em profissãoProfissionais de diversas áreas ganham dinheiro com postagens na internet

Amanda Leal

TECNOLOGIA

No Brasil, segundo da-

dos do Ibope/NetRa-

tings, que mede a audiência

em sites da internet, existem

cerca de 100 milhões de

blogs em funcionamento.

De acordo com o mesmo

ranking, quase metade dos

internautas brasileiros aces-

sa esse tipo de site. Assim,

ser blogueiro se tornou pro-

crativo para muita gente.

Priscila Paes, de 24 anos,

escreve o blog Passando

Blush, que virou mania en-

tre as meninas que querem

dades sobre maquiagem,

moda e cuidados com o

cabelo. Tudo começou em

vídeos tutoriais no Youtube,

site de compartilhamento

de vídeos, mas o que co-

meçou sem querer acabou

virando a fonte de renda

da blogueira, formada em

publicidade. “Criei o blog

em janeiro de 2010. Poucos

meses depois, decidi lar-

gar meu emprego para po-

der me dedicar totalmente

ao blog e transformá-lo na

anos e meio me dedicando

100% a ele”, conta Priscila.

zem sucesso os blogs de

gastronomia. Cuecas na

Cozinha

e completou seis anos em

maio, sendo um dos blogs

mais antigos ainda em ati-

vidade na internet. Escrito

pelo empresário Alessander

Guerra, de 35 anos, o blog

blog eu me tornei escritor de

livros, palestrante e desen-

volvo linha de produtos com

a marca Cuecas na Cozi-

nha.” Entre os produtos es-

tão canecas e kits culinários.

Quem olha de fora pode

pensar que a vida de bloguei-

cila, que têm, cada um, uma

mensais, contam que traba-

lham cerca de 14 horas por

dia. “O leitor sabe quando

você faz por dinheiro. Tem

lhar todos os dias, estudar

sobre o assunto, ler muito

outros blogs e livros, se de-

dicar mesmo”, conta Prisci-

qualquer outra, com todas as

exigências que uma pessoa

competente deve ter em re-

lecimento chamado internet

não fecha as portas nunca.”

A renda dos blogueiros

vem em forma de patrocí-

nios, vindos de marcas de

esmaltes e salões de beleza,

no caso de Priscila, e, para

Guerra, lojas de viagem,

ros, já que o público alvo do

B. Priscila conseguiu recen-

temente vender espaço em

seu blog para a Petrobras,

que publicou uma campa-

nha de incentivo a mulheres

ao volante. “Se eu gostar

da marca e for compatível

com meu público, eu acho

válido vender o espaço”.

Passo a passoRicardo Wargas, gerente

da Unidade de Inovação e

acesso à Tecnologia do Se-

brae/RJ, explica que, para

quem quer se aventurar

“nesse mundo”, o importan-

linguagem mais informal

do que site institucional de

empresas. “Quando falamos

em fonte de renda, devemos

apenas nos atentar para fazer

nalismo. Existem algumas

maneiras de ganhar dinheiro

com blog como programa de

foprodutos, venda de espaço

publicitário, entre outros.”

Segundo Wargas, para

um blog pessoal, não há ne-

cessidade de investimento,

mas, para quem busca um

vestimento será inevitável.

“Depois de algum tempo,

o blog acaba pagando os

tenção. Mas isso não acon-

tece do dia para a noite, por

isso, o blogueiro terá inves-

no início de suas ativida-

Blogueira Priscila Paes acompanha página pelo telefone

Arquivo Pessoal

www.passandoblush.com.br

Sete dicas para fazer um

blog de sucesso

1Encontrar um as-

sunto que você gos-

te. O melhor a fazer

goste, assim sempre es-

tará motivado para es-

crever.

2Pesquisar constan-

temente sobre o

tema. Para manter seu

so fazer muita pesquisa

sobre o tema que você

escreve. Você deve estar

sempre informado dos

assuntos que envolvem

as características do

blog.

3Ser diferente dos

demais com algu-

mas novidades. Para se

destacar dos demais,

com conteúdos novos.

para conseguir credibi-

lidade.

4Testar todas as fer-

ramentas para blog

antes de iniciar. Antes

de dar os primeiros pas-

sos na construção de seu

as diversas ferramentas.

lher em qual plataforma

irá desevolvê-lo. Um

mente usa o WordPress

e para isso você deverá

serviço de hospedagem.

5Aprender o bási-

Trabalhar com blogs e

sites requer um mínimo

de conhecimento da lin-

ou procurar saber mais

sobre esta área.

6Relacione-se bem.

Utilize das redes

sociais para se relacio-

nar com os seguidores.

Twitter, Instagram e Fa-

cebook são as ferramen-

tas mais utilizadas para

divulgação dos traba-

de outros blogs, mas

evite fazer propaganda

neles e, quando postar,

escreva algo com conte-

údo de qualidade.

7Ser constante na

manutenção do

blog. Ele não pode ser

esquecido. A publicação

diariamente faz com que

os leitores o acessem

mais vezes, dando maior

rio que atualize sempre

todos os recursos ofere-

cidos pela plataforma.

Guerra tem blog há 6 anos

Page 4: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de setembro de 2013Página 4

Fernanda Farrenkopf

Márcio Silva ministrando palestra sobre #loso#a clínica

Pedro de Freitas Jr.

Ansiedade, estresse,

melancolia, medo. O

século XVIII se foi, mas

algumas das característi-

cas do chamado “Mal do

Século” continuam. Tanto

quanto o físico, o psico-

lógico também deve ser

cuidado. Em busca de me-

lhorar a qualidade de vida,

algumas pessoas buscam

por tratamentos com psi-

-

prática surgida no Brasil no

trato com as questões exis-

tenciais da pessoa”, como

-

cio José Andrade da Silva,

-

ce-presidente da Associa-

ção Nacional de Filósofos

-

ca uma nova forma de ver

o ser humano. A humani-

dade, durante sua história,

criou fórmulas, métodos

para abordar, compreender

e lidar com suas questões

em sua origem, sempre

questões do cotidiano. A

ao trato com as questões

existenciais da pessoa. A

-

duzida no Brasil por Lúcio

Packter que, com forma-

ção na área médica, estava

incomodado com o sofri-

mento das pessoas diante

das limitações causadas

por tantas questões encon-

tradas na área hospitalar.

Ele constatou que muitos

desses problemas eram de

ordem existencial e não

médica. A busca por uma

resposta a esses problemas

existenciais o levou, na dé-

na Europa, várias formas

de terapias, entre elas a

-

-

problemas existenciais. De

volta ao Brasil, retomou

suas pesquisas em clínica,

utilizando uma espécie de

anamnese. Com as respos-

tas obtidas procura encon-

-

res que haviam abordado

tais questões. Esse proce-

dimento o levou a iden-

independente dos contex-

tos culturais dos quais as

pessoas advinham.

-

Basicamente, a diferen-

ça está no método. Na

filosofia clínica, traba-

lhamos com a história

de vida da pessoa rela-

tada o máximo possível

dentro de uma crono-

logia e evitando-se os

chamados saltos lógi-

de assunto. Outra carac-

terística, esperamos que

o partilhante - como

chamamos quem nos

procura para partilhar

sua vida - se expresse.

Não sei quem é aquela

pessoa que adentra mi-

nha sala, como rotulá

-la, visto que cada um,

em relação com o que

lhe cerca, se constituiu

como um ser único,

singular. Um conceito

mais complexo para ex-

plicar é que, para a filo-

sofia clínica, não exis-

te a questão da cura e,

portanto, da doença, do

normal versus patológi-

co. Existe a pessoa e a

forma que ela se consti-

tuiu em sua relação com

o mundo. O tempo ideal

de tratamento depen-

de do partilhante, visto

que ele é único.

uma instituição de Ensino

Superior reconhecida pelo

Ministério da Educação é

necessária. As pessoas sem

-

dem frequentar o curso,

mas receberão a titulação

clínica, sem poder de exer-

citar a prática clínica. Há,

-

-

que há dois momentos na

-

co. No primeiro, o básico,

daí o “B”, o estudante tem

acesso à parte do instru-

A essa formação, todos os

possuidores de um certi-

acesso. O segundo mo-

mento é o avançado, “A”,

que apenas os formados

-

quentar. Nesta etapa, são

realizados os estágios.

-

-

-

-

Lúcio utilizou parte dos

sistemas formulados pelos

à estruturação teórica da

forma, para entendermos

o que é historicidade, ne-

cessitamos do que Hegel

e Dilthey pensaram, e não

todo o sistema hegeliano.

Assim, para compreender

melhor como a pessoa via

o mundo, buscamos au-

-

nos fala que “o homem é

a medida de todas as coi-

o mundo por meio das ré-

guas que possui. Também

nos apoiamos na releitura

que Schopenhauer faz de

o mundo é minha repre-

sentação. Ao analisarmos

o discurso do partilhante,

Aristóteles e Wittgenstein

-

-

-

tencialmente a pessoa em

cada momento de seu re-

lato de vida. Eles funda-

mentam-se nos escrito de

Aristóteles e Kant. Assim

temos o ‘assunto’, que in-

dica por que a pessoa pro-

com que, verdadeiramen-

te, devemos nos ocupar. O

segundo tópico a ser ana-

lisado é a ‘circunstância’,

tudo o que está ligado ao

relato da pessoa e que não

-

vidade, como o contexto

social. Aí, vem o ‘lugar’.

analisar como a pessoa se

sente e pensa a propósito

do ambiente em que está

-

camos o ‘tempo’, quando

nos interessa saber como

a pessoa se relaciona com

o tempo convencionado,

-

analisamos a ‘relação’, o

comportar-se de determi-

nada maneira. Acho que os

exames categoriais se di-

ferenciam da anamnese da

psicanálise, que é baseada,

salve engano, em uma en-

trevista com a pessoa. Na

-

relato que a pessoa me faz.

-

-

-

-

-

nica, o que irá distingui-la

como uma intervenção te-

instrumental teórico e sua

prática clínica.

-

-

Como eu saberei se essa

pessoa é ou não é possui-

dora desses rótulos e de

tantos outros que o “psi-

-

vida. Não negamos que

esses casos existam. Por

exemplo, uma pessoa iden-

sérias, como possuidora de

um problema psíquico, se

ela quiser, poderá fazer um

trabalham em hospitais

psiquiátricos, participando

de equipes multidiscipli-

nares.

ENTREVISTA

Page 5: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de setembro de 2013Página 5

Bruno Accorsi

Slackline e drift

ESPORTE

Modalidades radicais

ganham adeptos no Brasil

Para muita gente os ter-

mos slackline e drift

trike

Mas a verdade é que es-

sas palavras dão nome a

dois esportes radicais em

sla-

ckline

País já faz um tempo e o

drift trike, que chegou há

pouco, também conquista

do, os caçadores de aven-

tura, encontram novas prá-

ticas e, no momento, essas

duas ganham adeptos em

mento é o fato de que sur-

campeonatos e a procura

por informações sobre as

modalidades não para de

ideia, a procura pelos ter-

mos, no Google, de acordo

com o próprio site, cresce

nos últimos anos e atin-

giu o pico de consultas

como um dos países que

mais originaram pesqui-

slackline chegou

de leve nos anos 1990,

principalmente em regi-

ões litorâneas, mas hoje é

praticado das metrópoles

sustar algumas pessoas, e

necessitar de técnicas es-

slackline é um esporte de

equipamentos em mão,

Em Campinas, a prova do

crescimento desse esporte

está no número de prati-

cantes que se reúnem em

tos da Paz, no Taquaral, e

no campus da Universida-

de Estadual de Campinas

Pessoas de qualquer

idade podem praticá-lo,

mas, de qualquer maneira,

é preciso buscar alguma

orientação ou referência

antes de se aventurar na

Bernardi, de 20 anos, é ini-

ciante no slack, e, antes de

“Foi um esporte com que

eu me dei muito bem já de

tware Lucas Lima, de 24

anos, pratica skate

que seu desempenho no

shape depois do slackline

Desde que comecei a pra-

ticar, me sinto muito mais

(skate de maiores propor-

ções)

meto a descer qualquer la-

deira com a certeza de que

não vou cair”

algumas modalidades va-

riantes do slackline. No

trickline, são feitas mano-

hi-

ghline é feito em grandes

alturas, o longline entre

grandes distâncias e o wa-

catraca, o que muda é o ob-

slackline

está sempre sugerindo no-

vas possibilidades, como o

yogaline, que consiste na

aplicação de movimentos

Drif trike

drift trike é um espor-

Nova Zelândia por volta

de 2008 e já se espalhou

do esporte lembra bastan-

te um carrinho de rolimã

e sua aparência remete ao

velotrol, ou triciclo para

“brinquedo” faz sucesso

tanto entre crianças quanto

entre adolescentes e adul-

descer ladeiras

em alta velo-

p r e f e -

r ê n c i a

dos

praticantes é por locais

bastante íngremes e com

muitas curvas, para que

rar melhor as possibilida-

Pelas suas características,

o drift trike é bastante

praticado em cidades com

Muitos dos praticantes

conhecem o esporte pela

internet, e recorrem às

poucas opções do merca-

te de publicidade Marco

nheci o trike pela internet,

pesquisei, e achei uma em-

Quem quiser comprar

um trike vai gastar por vol-

ta de R$ 500,00, mas uma

das vantagens do esporte

é a possibilidade de cons-

truir um com suas próprias

mãos, já que os materiais

utilizados são facilmente

encontrados e o processo

e guidão de bicicleta BMX

na parte dianteira, enquan-

to o chassi pode ser mon-

tado a partir de um quadro,

t a m -

bém de bicicleta, ou algum

Já na traseira são utiliza-

das duas rodas de menores

proporções, rodas de kart

ou até mesmo canos PVC

moldados no formato ade-

tal Renato Tortelli, de 26

portes radicais e, em 2011,

ao ver o drift trike em um

programa de TV, resol-

maluco, parei para prestar

atenção nas peças do ne-

gócio e percebi que talvez

eu conseguisse montar um

Na internet, principal-

mente no Youtube, é pos-

sível encontrar diversos

tutoriais que ensinam a

montar um trike

com a evolução do esporte

no país, o drift trike ainda

caminha em direção a um

competições da modali-

dade e a maioria das que

Mas já é possível encon-

trar pessoas empenhadas

foi fundada a Liga Paulista

de Drift Trike (LPDT), que

está promovendo o Primei-

ro Campeonato Paulista de

Drift Trike

pa do evento foi realizada

Slackline e drift trike

Waterline é uma variação do slackline: equilíbrio e concentração na & ta suspensa sobre a água

Foto

s: D

ivulg

ação

O estudante Marco Freire pratica dri trike em Itupeva nos seus momentos de lazer

Page 6: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de Setembro de 2013Página 6

40 anos de pipocas e quitutesMarlene Aparecida Batista é a comerciante mais antiga da praça de alimentação da PUC-Campinas

Ayla Kimura

PERFIL

Quem é aluno, funcio-

nário ou professor da

Pontifícia Universidade Ca-

tólica de Campinas (PUC-

Campinas) certamente já

comprou pipoca na praça de

alimentação do Campus 1.

Por trás de cada pacote ven-

dido ao cliente está a histó-

ria de uma mulher que faz a

mesma atividade na univer-

sidade há 40 anos, sustentou

com esse trabalho.

Nascida em Icém (a 408

km de Campinas), Marlene

Aparecida Batista veio para

Campinas aos 15 anos. Seu

pai era segurança e entrou

no ramo de pipocas quando

chegaram à cidade. Os ne-

gócios deram tão certo que,

em pouco tempo, ele já pos-

suía seis carrinhos que ven-

diam o quitute instalados em

alguns pontos, como na La-

goa do Taquaral, no colégio

Evolução, no Bosque dos

Jequitibás e num cinema do

de semana, também alugava

o equipamento para festas e

eventos.

Aos 17 anos, Marlene

começou a trabalhar com

o pai em um carrinho nos

arredores do Campus 1, na

Avenida Ana Maria Silves-

os bares. Após um ano e

meio trabalhando na rua,

o dono de uma cantina da

universidade convidou para

que os dois começassem a

trabalhar na parte interna do

campus, pagando uma pe-

quena taxa para ele.

Durante 6 anos, Marle-

ne manteve o acordo com

o dono da cantina e instalou

seu carrinho ao lado da lan-

-

va instalada no prédio H3,

onde hoje funciona um xé-

rox. Pouco tempo depois, a

lanchonete mudou de dono

e ela deixou de pagar a taxa,

uma vez que, naquela épo-

ca, não havia contrato for-

mal para atuar no campus.

Então com 18 anos, Mar-

lene já era casada quando

assumiu totalmente os ne-

gócios do pai na universi-

dade. Por causa disso, ela

conseguia estabilizar seus

horários e manter mais de

um carrinho funcionando

em outro lugar. “Meu pai

preferia que eu trabalhasse

na PUC pois era mais segu-

na rua”, conta.

-

lho, Fábio, e trabalhou du-

rante toda sua gestação. "Eu

fui trabalhar até o último dia

de gravidez, levava comi-

go a sacola da maternidade

caso chegasse a hora de ele

-

1980, foi a mesma rotina.

Os dois meninos tiveram

sua infância inteira na PUC,

ajudando a mãe e sendo pa-

paricados por alunos e pro-

fessores.

Durante seu trajeto como

vendedora de pipoca, Mar-

lene arrumou outros em-

pregos no horário em que

não estava na universidade.

Trabalhou como promotora

de vendas, vendedora e co-

zinheira. Com essa experi-

ência, em 1991, montou, em

parceria com uma amiga,

sua própria rotisseria.

"Minha amiga me disse

que ela entraria com o di-

nheiro e eu com o que sabia

de culinária." A Rotisseria

Capellette, como foi nomea-

da, era localizada na Aveni-

da Andrade Neves, no Cas-

telo, e funcionou durante 9

anos com a ajuda de seus

funcionários. Marlene divi-

dia seu tempo trabalhando

na parte da manhã na Ca-

pellette e na parte da noite

no seu carrinho de pipoca.

Com o tempo, quem passou

a comandar os negócios da

"Fernando era meu braço

direito, ele me ajudava em

tudo”.

Quando Fernando com-

pletou 18 anos, o menino

decidiu seguir seus sonhos

e foi para os Estados Unidos

à procura de trabalho. Isso

-

queira, acostumada com a

ajuda do caçula. A saúde,

nessa época, não estava tão

boa e, também por isso, ela

optou por fechar a rotisseria

e se dedicar exclusivamente

ao carrinho de pipoca. Até

então, ela só ia à PUC à noi-

te, mas passou a fazer suas

vendas também no período

matutino. “Deu certo. Está

dando até hoje”, diz.

No período de férias da

universidade, Marlene não

além de conhecer novos lu-

gares, também aproveitava

para trabalhar em empregos

temporários como arruma-

deira, garçonete e faxineira.

Em 2005, a PUC inaugu-

rou a praça de alimentação

e a pipoqueira adquiriu um

novo carrinho para começar

no novo ambiente.

Até então, a pipoca era

feita numa panela simples,

com um botijão de gás. Algo

bem artesanal. Mas, na pra-

ça, as regras de segurança

passaram a ser mais rígidas.

A administração exigiu que

o gás fosse trocado por uma

máquina elétrica, semelhan-

te às utilizadas nos cinemas.

Marlene montou um quios-

que, onde vende pipoca e

outras guloseimas como

chocolates e doces caseiros.

A primeira máquina foi en-

Unidos. Os doces ajudaram

a completar as vendas, mas

hoje são responsáveis pela

maior parte do lucro. Pipoca

mesmo já não vende como

antigamente, ainda mais no

período da manhã e nos dias

de calor.

SaborA pipoca de Marlene tem

um sabor peculiar. No bal-

-

lho que é a marca registrada

do quitute. Herança do pai,

todo cliente cativo sabe que

esse é um dos atrativos, um

tanto picante, um tanto cítri-

co, disponível para temperar

a pipoca quentinha. A uni-

versitária Ana Vitória Beno-

toque especial. Ela, inclusi-

ve, já tentou imitá-lo, mas

o sabor não agradou tanto.

“O único problema é que a

pipoqueira chega muito tar-

de, quase com o intervalo

acabando”, diz a estudante

do matutino. Marlene diz

que o horário é determinado

pela distância que precisa

percorrer. Como mora em

Hortolândia, gasta pelo me-

nos uma hora para chegar ao

Campus.

FamíliaDepois de já ter criado dois

a missão de criar a peque-

na Ana Júlha, de 3 anos. "A

Ana Júlha nasceu de outra

barriga, mas era pra ser mi-

é neta biológica de seu atu-

al marido, porém os pais a

abandonaram quando tinha

menos de um ano. Desde

então, ela mora com o casal,

que a adotou legalmente.

Marlene já é chamada de

“mamãe” pela garota. Antes

de vir para a universidade,

ela também precisa deixá-la

na escola.

Quem mais ajuda a co-

merciante atualmente é seu

sobrinho Gustavo, de 17

anos. Ele trabalha com a tia

desde 2008. Fernando con-

tinua nos Estados Unidos;

Fábio trabalha na área de

marketing em Campinas.

O "Cantinho da Pipoca" já

evoluiu, mas ainda há novi-

dades por vir. A pipoca doce

está no projeto e a máquina

de cartão de crédito também

deve chegar em breve.

É com bom humor que Marlene vende sua pipoca na PUC

Ayla Kimura

Acervo Pessoal

Marlene com seus dois filhos, Fábio e Fernando, na PUC-Campinas em 1983

Page 7: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de agosto de 2013Página 7

Dormir fácil pode ser problema graveDistúrbios causam sonolência, cochilo ou noites turbulentas; tratamento é inacessível para a maioria

Carol Estevam

SAÚDE

Você tem grandes

chances de cochilar

assistindo à televisão, no

trânsito como passageiro,

sentado quieto no cinema

ou teatro, conversando com

alguém ou até mesmo len-

do? Pode parecer que você

tem facilidade para dormir,

mas, na verdade, o que

pode existir é um problema

com o seu sono. Essas são

algumas das características

dos chamados distúrbios

do sono, tratados por pneu-

mologistas, neurologistas e

otorrinolaringologistas.

Essa facilidade para dor-

mir pode vir acompanhada,

durante à noite, de outros

sintomas que indicam pro-

blemas mais sérios. Ron-

car é um deles. Há ainda

a Síndrome das Pernas In-

quietas, que ocorre quando

a pessoa movimenta ex-

cessivamente os membros

inferiores antes de dormir,

o que impede o início do

sono e acaba acarretando

também insônia. O sonam-

bulismo, que normalmente

ocorre na infância, se mani-

festa quando a criança fala,

senta e anda pelo quarto ou

outros ambientes da casa.

Já o bruxismo é caracteri-

zado por ranger os dentes

durante o período do sono e

a narcolepsia é a sonolência

diurna, que ainda está sen-

do estudada, embora já se

estime que haja 1 caso em

cada 2 mil pessoas.

Mais do que um proble-

ma para quem dorme com

você, roncar é um problema

para sua saúde. A qualidade

do sono cai, acorda-se mui-

to à noite, pode causar dor

de cabeça, nariz obstruído

e sudorese em excesso. A

apneia é caracterizada por

pausas respiratórias que du-

ram mais de dez segundos

e são consideradas fora do

normal quando ultrapassam

cinco manifestações por

hora de sono.

De acordo com pesqui-

sas do Instituto do Sono

de São Paulo, 30% dos

homens e 40% das mulhe-

res roncam rotineiramente.

No Brasil, estima-se que

20 milhões de pessoas ron-

quem, sendo que 6 milhões

delas apresentam proble-

mas respiratórios durante

o sono. O dado alarmante

é que, provavelmente, 20

mil brasileiros morram por

ano devido a complicações

cardiovasculares desen-

cadeadas pelos distúrbios

respiratórios do sono. O

excesso de peso também

está ligado ao ronco, e a

pneumologista Lia Bitten-

cout do Instituto do sono

da Unifesp (Universidade

Federal de São Paulo): “A

maioria dos pacientes com

apneia tem a garganta (fa-

ringe) estreitada e com um

formato mais arredondado,

devido ao acúmulo de gor-

dura na região e à posição

da mandíbula e do maxilar,

que se projetam para trás.”

Para detectar a doença,

existe um exame chamado

ta os diversos distúrbios

que podem ocorrer durante

a noite. Nele, é avaliado o

padrão do sono do pacien-

te, por meio de sensores, a

atividade elétrica cerebral,

o movimento dos olhos, a

atividade dos músculos, a

xo e esforço respiratório,

a oxigenação do sangue, o

ronco e a posição corpórea.

O caminho entre achar

que ronca e saber

que realmente tem ap-

neia do sono, pode ser

até considerado rápido

se a pessoa tem convê-

nio médico. O aposenta-

do Jair Zaccarias, de 65

anos, sempre soube que

roncava e percebia que

havia perdido a qualida-

de do seu sono. Então,

foi até o médico otorri-

nolaringologista Júlio

César Berselli e obteve

uma guia para realizar,

pelo convênio, o exame

receber a guia e ir até o

Instituto do Sono de So-

rocaba realizar o exame,

passaram-se em torno de

20 dias. Por

sorte, o con-

vênio não

fez nenhuma

objeção.

Após o

diagnóstico

de apneia,

começou a

segunda ba-

talha. Como

adquirir a

CPAP (em

inglês, a

sigla para

Contiunous Positive Ai-

rway Pressure), ou seja,

um equipamento com

o qual precisará dormir

para o resto da vida para

não roncar. A máquina é

essencial ao tratamento,

mas o grande problema

para a maioria das pes-

soas é que uma CPAP

mais simples custa entre

R$ 800,00 e R$ 1,6 mil.

Esse valor não dá direi-

to à máscara também

necessária para o ajuste

do equipamento nem ao

máquina funcionar ade-

quadamente. Com esses

acessórios, o custo chega

a R$ 1,5 mil. Os convê-

nios, segundo a Associa-

ção Nacional de Saúde

(ANS), não são obriga-

dos a custear o equipa-

mento. Há ainda a possi-

bilidade de aluguel, por

R$ 200,00 mensais, sem

direito à máscara, de uso

pessoal e custa, pelo me-

nos, R$ 300,00. “Seria

importante que os convê-

nios auxiliassem na com-

pra. Não adianta nada dar

o diagnóstico e não pos-

sibilitar o tratamento”,

O uso da CPAP (máscara) é essencial para o tratamento, porém é inacessivel à maioria, inclusive, em convênios

Divulgação

Convênio dá diagnóstico,

mas não garante terapia

Page 8: Saiba+ - Setembro de 2013

30 de Setembro de 2013Página 8

História em perigoSituação do MIS e do Museu da Cidade colocam memória e atividades culturais em risco

Paulo Orlando

CULTURA

Construído em 1878, o Palácio dos Azulejos, no Cento, intimida com suas paredes ruídas e picha-das, mas é nesse edifício de aspecto carcomido pelo tempo, que está um acervo museológico com enorme importância para o patri-mônio histórico e cultural de Campinas, o Museu de Imagem e Som (MIS).

Esse patrimônio público tão mal guardado, é cons-tantemente ameaçado por falta de condições de arma-zenamento e conservação de seu acervo, imprescin-díveis para manter sua qua-lidade. Desde 1990, o con-trole operacional do edifício passou à Secretaria Munici-pal da Cultura e Turismo, que, surpreendentemente, investe menos no museu do que as iniciativas dos pró-prios frequentadores, como o “Amigos do MIS”, gru-po que fomenta atividades dentro do espaço e chega

te, com doações, para sua preservação. Em 2004, a Petrobras patrocinou o pro-jeto de revitalização do edi-fício, mas, em menos de dez anos, já se vê uma estética mais desgastada. O diretor municipal de Cultura, Ga-briel Rapassi, garante que o projeto de revitalização do espaço não terminou e já apresenta substanciais melhorias na cobertura, ve-dação das águas, caxilharia, fachada e, principalmente, nos azulejos portugueses no piso superior, que acabaram “batizando” o prédio.

Campinas conta atual-mente com outros cinco museus pertencentes à Se-cretária Municipal de Cul-tura de Campinas, mas, infelizmente, o descaso da prefeitura não se resume

a um só ambiente. O Mu-seu Da Cidade (Muci), por exemplo, não recebe nenhu-ma intervenção parar repa-rar sua infraestrutura desde o início dos anos 1990. O

ções, problemas estruturais e rede elétrica comprometi-da, deixando em risco mais de 6 mil peças que fazem parte da história de Cam-pinas, itens como objetos indígenas e móveis encon-tram-se embalados com plástico bolha e papel. Um pequeno acervo de poltro-nas da 1ª Câmara Muni-cipal permanece entre os objetos em risco. O Museu da Cidade possui também, em risco, peças do acervo do antropólogo e etnógra-fo Desidério Aytai (1905-1988), húngaro radicado no Brasil que, ao lado de Dar-cy Ribeiro (1922-1997), foi responsável por uma série de expedições e pesquisas sobre os costumes indí-genas no Brasil. Parte de suas pesquisas estão repre-sentadas em materiais hoje

pertencentes ao Muci, onde não está em exposição, no Museu Universitário da Pontifícia Universidade de Campinas (PUC-Campi-nas) e no Museu Municipal Elizabeth Aytai, em Monte Mor, na Região Metropoli-tana de Campinas (RMC), fundado pelo antropólogo.

Símbolo da modernida-de de Campinas no século 19, o Palácio dos Azulejos foi residência de grandes barões do café até 1908, quando se tornou sede da Prefeitura. Em 1972, o Pa-lácio dos Jequitibás, atual sede do Poder Executivo, foi inaugurado e, três anos depois, o prédio centenário na Rua Regente Feijó, pas-sou a abrigar o MIS.

Toda a concepção do museu foi idealizada a partir de um grupo de fotógrafos, cineastas e cineclubistas da região, com o objetivo principal de difundir, pre-servar e produzir o conte-údo audiovisual da cidade que, até os anos 1950, teve, inclusive, uma produção ci-

nacional. “Como frequenta-dora, vejo a localização do MIS no Palácio dos Azule-jos como um alento cultural acessível a todo transeunte de um região tão árida cul-turalmente”, explica Izide Elias.

Quem entra no MIS tem a grata surpresa de se depa-rar com um enorme acervo de fotos, cartazes, livros e uma discoteca com incrí-veis 30 mil LPs. O gramofo-ne na mesa de cabeceira do museu toca vinis raríssimos de Noel Rosa, Adoniran Barbosa e Dorival Caymmi, alguns deles, peças únicas.

seu espaço no museu, que

lícula, muitas vezes sugeri-dos pelos próprios frequen-tadores. Na tela, obras que saem do circuito hollywoo-diano, propondo debates no

espectadores. Orestes Tole-do, professor de história e

ma que 80% do público que

comparece a essas mostras

e extremamente engajado em debater as questões le-

bidos: “Às vezes, a pessoa vem aqui e não sabe qual é

mas sabe que sempre tem

debate positivo pra todos no

Além de acumular todas essas funções, o museu ain-da disponibiliza exposições,

plásticas, cinema e música. O museu conta com a ajuda de doações livres, anúncios

cial e um conselho de cul-tura local, recém-formado com a intenção de proteger a integridade de seu fun-cionamento. O sociólogo Rodrigo França sintetiza o carinho que os frequentado-res nutrem pelo museu: “O MIS deve continuar a fazer história junto aos grupos e entidades que se reunem e se utilizam de seus espa-ços e estrutura. Sem verbas, isso já acontece. Imagina se houvesse um mínimo de in-vestimentos!”

Outro campineiro que se encantava com a estru-tura neoclássica do edifício era o prefeito assassinado Antônio da Costa Santos, o Toninho (1952-2001). Com formação em arquitetura, ti-nha como projeto transferir o gabinete do prefeito do 4° andar do Palácio dos Je-quitibás para o Palácio dos Azulejos.

Toninho dizia que lhe agradava o fato de que, no prédio da rua Regente Feijó,

metros do chão, uma rela-ção simbólica que levaria o prefeito para mais próximo da população e sua função pública.

Fotos: André Montejano

Há dez anos o

Museu da Imagem

e Som não recebe

reparos em sua

estrutura