saiba+ - edição agosto/setembro de 2012

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Ano 10 - Nº 99 - Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas - 20 agosto a 5 de setembro de 2012 Atraso em obras faz condomínios poluírem córrego Conheça a técnica da plastinação e pessoas que decidi- ram doar seus corpos para pesquisas. Pág. 5 FOTO: MARINA DELLA TORRE ENATTI O atraso nas obras de tratamen- to de esgoto do bairro Mansões Santo Antonio tem prejudicado os morado- res da região. O mau-cheiro se tornou constante no local, além do mato que cresce nos arredores do córrego e traz insegurança aos habitantes. A Sanasa diz que a situação deve ser resolvida em, no máximo, dois anos, embora a promessa anterior fosse entregar a rede ainda em 2012. Pág. 3 Impressionismo agora é pop! São esperadas 600 mil pes- soas até o final da exposição “Im- pressionismo: Paris e a Moder- nidade”, que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na capital paulista. Apenas em seu primeiro fi- nal de semana, a mostra recebeu 12 mil pessoas, interessadas nas 85 obras impressionistas, como de Renoir (foto) que vieram do museu francês D´Orsay. Após 7 de outubro, a exposição irá de São Paulo para o Rio de Janeiro e, logo depois, para Madri, na Espanha. Em São Paulo, a entrada é gratuita e tem levado filas de até duas ho- ras para entrar. Pág. 8 Alunos de Jornalismo descobrem novo campo para a carreira A disciplina de Pesquisa em Jornalismo apresenta aos estudantes da PUC-Campinas uma alternativa às carreiras mais tradicionais do Jornalis- Pág. 7 Há os que seguem os pa- drões e saem direto do Ensino Mé- dio para as faculdades, muitas ve- zes abrindo mão de outros sonhos, como o de se dedicar aos esportes. Outros optam por abandonarem os estudos e tentar a vida na área. E há aqueles como João Felipe Baiocchi (foto), que decidem con- cilar as duas atividades. O Saiba+ ouviu histórias de atletas que optaram por estudar, ao mesmo tempo em que treina- vam para as competições, criando assim uma segunda oportunidade de crescimento e também daque- les que abandonaram a formação acadêmica. pág. 6 mo, além de ajudar a criar um olhar mais crítico em relação à área. Com a conclusão de monografias e percebendo um resultado positivo, cada vez Pág. 6 Córrego no Mansões Santo Antônio recebe esgoto, sem tratamento, de vários condomínios e bairros da região: obras deveriam começar e terminar em 2012 Atleta não precisa estudar? mais, os alunos têm se interes- sado em apresentar seus traba- lhos em eventos acadêmicos, como o Congresso da Socie- dade Brasileira de Ciências da Comunicação (Intercom) e de prosseguir na área de pesquisa, que futuramente pode levá-los para uma carreira acadêmica.

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Page 1: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

Ano 10 - Nº 99 - Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas - 20 agosto a 5 de setembro de 2012

Atraso em obras faz condomínios poluírem córregoAno 10 - Nº 99 - Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas - 20 agosto a 5 de setembro de 2012

Conheça a técnica da plastinação e pessoas que decidi-ram doar seus corpos para pesquisas. Pág. 5

FOTO: MARINA DELLA TORRE ENATTI

O atraso nas obras de tratamen-to de esgoto do bairro Mansões Santo Antonio tem prejudicado os morado-

res da região. O mau-cheiro se tornou constante no local, além do mato que cresce nos arredores do córrego e traz

insegurança aos habitantes. A Sanasa diz que a situação

deve ser resolvida em, no máximo,

dois anos, embora a promessa anterior fosse entregar a rede ainda em 2012.

Pág. 3

Impressionismo agora é pop!São esperadas 600 mil pes-

soas até o fi nal da exposição “Im-pressionismo: Paris e a Moder-nidade”, que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na capital paulista.

Apenas em seu primeiro fi -nal de semana, a mostra recebeu 12 mil pessoas, interessadas nas 85 obras impressionistas, como de Renoir (foto) que vieram do museu francês D´Orsay. Após 7 de outubro, a exposição irá de São Paulo para o Rio de Janeiro e, logo depois, para Madri, na Espanha. Em São Paulo, a entrada é gratuita e tem levado fi las de até duas ho-ras para entrar. Pág. 8

Alunos de Jornalismo descobrem novo campo para a carreiraA disciplina de Pesquisa

em Jornalismo apresenta aos estudantes da PUC-Campinas uma alternativa às carreiras mais tradicionais do Jornalis- Pág. 7

Há os que seguem os pa-drões e saem direto do Ensino Mé-dio para as faculdades, muitas ve-zes abrindo mão de outros sonhos, como o de se dedicar aos esportes. Outros optam por abandonarem os estudos e tentar a vida na área. E há aqueles como João Felipe Baiocchi (foto), que decidem con-cilar as duas atividades.

O Saiba+ ouviu histórias de atletas que optaram por estudar, ao mesmo tempo em que treina-vam para as competições, criando assim uma segunda oportunidade de crescimento e também daque-les que abandonaram a formação acadêmica.

pág. 6

mo, além de ajudar a criar um olhar mais crítico em relação à área. Com a conclusão de monografi as e percebendo um resultado positivo, cada vez

Pág. 6

Córrego no Mansões Santo Antônio recebe esgoto, sem tratamento, de vários condomínios e bairros da região: obras deveriam começar e terminar em 2012

Atleta não precisa estudar?

mais, os alunos têm se interes-sado em apresentar seus traba-lhos em eventos acadêmicos, como o Congresso da Socie-dade Brasileira de Ciências da

Comunicação (Intercom) e de prosseguir na área de pesquisa, que futuramente pode levá-los para uma carreira acadêmica.

Page 2: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

120 de agosto a 5 de setembro de 2012

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Cam-pinas. Centro de Comunicação e Linguagem (CLC): Diretor: Pof. Dr. Rogério Eduardo Rodrigues Bazi; Vice-Diretora: Profa. Maura Padula; Diretor da Faculda-de: Prof. Lindolfo Alexandre de Souza. Tiragem: 2.000. Impressão: RAC.

Editor-chefe e Professor Resp.: Prof. Fabiano Ormaneze (MTb 48.375)Capa: Bianca Fernandes e Mayra Cioffi Diagramação: Felipe Lange de Faria e Stephanie SegalEndereço: CLC - Campus I - Rod. D. Pedro, Km 136 Cep: 13086-900

CARTA AO LEITOR

ARTIGO

Entre fugas e determinações do tempo

Duas greves, dois tratamentos

NotasPRISCILA CARVALHO

Ofi cina do Estudante realiza campanha

contra drogas e álcool

Piola recebe exposição do fotógrafo Touché

IV Festival ArteMOB está com inscrições abertas até 30 de agosto

O IV Festival ArteMOB está com inscrições abertas até o dia 30 de agos-to. O concurso é promovido pela Prefeitura e organizado pela Empresa Mu-nicipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). O objetivo é incentivar a produção audiovisual por meio de aparelhos celulares e câmeras digitais.

Os participantes devem produzir vídeos e fotos com a temática da mobi-lidade urbana. São três temas para desenvolver o trabalho: “Um dia sem meu carro”, “Vida sobre duas rodas” e “O Pedestre e a Faixa”. Os interessados podem se inscrever com apenas um vídeo de cada tema na categoria audiovi-sual e até três fotografi as em cada assunto na categoria imagem.

Qualquer morador da cidade pode participar, com exceção de funcioná-rios da Emdec e de empresas envolvidas diretamente no concurso. Serão premiados os melhores vídeos e fotos em cada um dos três temas. Cada ven-cedor receberá R$ 1.000,00. As inscrições devem ser feitas pelo site www.emdec.com.br.

A Ofi cina do Estudante lança a campanha “Drogas e Álcool: apa-gue o vício antes que ele faça isso com você”. A campanha social de 2012 aborda os perigos do uso de drogas e álcool e contará com di-versas atividades gratuitas e abertas ao público, como shows, palestras, gincana e até uma caminhada.

A Campanha ocorrerá até o dia 2 de setembro. As inscrições po-dem ser feitas no site www.ofi cina-doestudante.com.br.

Os eventos são realizados em parceria com a Instituição Padre Haroldo, o Movimento Sou Feliz Sem Drogas, e a Organização So-cial Embaixadores da Prevenção.

Programa de estágio de pesquisa leva alunos ao

Canadá

O programa Mitacs Globalink de estágio de pesquisa está com inscrições abertas para 2013. Os estudantes irão para o Canadá e de-vem fi car de 10 a 12 semanas tra-balhando em tempo integral como pesquisadores, sob a supervisão de um professor canadense.

Embora haja diversas oportu-nidades para os alunos das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, todos os cursos po-dem participar. Somente os melho-res são aceitos a cada ano, por meio da avaliação acadêmica.

Para inscrições e outras infor-mações envie um e-mail para [email protected].

A pizzaria Piola em Campinas recebe a exposição Cuba Libre do fo-tógrafo Touché. A exposição é defi -nida como uma breve viagem às co-res, paisagens e pessoas de Cuba. As imagens foram feitas em abril, quan-do o fotógrafo esteve no país para participar da 3ª Jornada Fotográfi ca Latinoamericana de Havana, repre-sentando o Festival Hercule Floren-ce, do qual é um dos organizadores e ocorre anualmente em Campinas. As imagens estão expostas em 18 painéis nas paredes da pizzaria e retratam o cotidiano do povo cubano. As foto-grafi as não foram feitas apenas com a câmera fotográfi ca, mas também com o celular, utilizando o aplicativo Instagram. De todas, seis foram re-gistradas com o celular. As imagens estarão expostas e à venda até o dia 31 de agosto, das 18h à 1h.

Por mais de três meses, quase não se ouviu o Governo falar em propostas dignas aos professores das universidades federais. O minis-tro da Educação, Aloísio Mercadan-te, talvez tenha se esquecido de sua carreira como docente do Ensino Superior e pouco se importou pelas reivindicações de seus colegas.

Claro que a culpa não é só do ministro atual, mas também da falta de planejamento da gestão anterior. O governo Lula construiu dez no-vas universidades federais ao longo dos oito anos de mandato, um fato histórico, mas que não foi acompa-nhado de um investimento constan-te para a educação do País.

Hoje, apenas 5,1% do PIB são destinados ao ensino público. En-quanto isso, o projeto de aumento para 10%, já aprovado pelo Con-gresso, parece não agradar o mi-nistro da Fazenda, Guido Mantega, que acredita que isso “quebraria o País”.

Seguindo a linha de raciocínio de Mantega, não se estranha que o Brasil esteja no 88º lugar (de 127) no ranking de educação da Organi-zação das Nações Unidas para Edu-cação, Ciência e Cultura (Unesco). Isso refl ete a maneira com a qual o

governo trata a atividade docente, ignorando a reivindicação de um plano de carreira justo e de salários melhores.

Por outro lado, diante das parali-sações de servidores públicos fede-rais, que tiveram início na segunda quinzena de julho, o Governo agiu diferente e logo iniciou discussões com o sindicato com novas propos-tas. O diálogo começou logo após os policiais federais votarem a fa-vor do início da greve, no início de agosto. Como as propostas não agradaram, teve início um caos em aeroportos e rodovias, com fecha-mento de acessos e atrasos.

Pelo que pareceu, o Governo fi -cou mais preocupado com a parali-zação dos servidores e a presidente Dilma passou a fazer discursos con-denado a atitude dos grevistas. Di-ferentemente do protesto realizados pelos professores, que passaram quase despercebidos nos atos ofi -ciais do executivo. A impressão que dá é que o ensino não é tão relevan-te para o País e pouco fará diferença quanto tempo fi carão alunos sem aula e professores em más condi-ções de trabalho. Pelo que se vê, a educação nunca foi e não será, tão cedo, prioridade no Brasil.

Gustavo Gimenez

O tempo delimita momentos, constrói trajetórias pessoais e a história da humanidade, possibili-ta à volta ao passado e uma imer-são no futuro. Ele custa a passar nos períodos obscuros, de difi -culdades e de adversidades. Voa quando as alegrias são constantes e compartilhadas. E, nesta edição, ele permeia os fatos, as novidades, as curiosidades e as opiniões.

Na Exposição “Impressionis-mo: Paris e a Modernidade”, o século XIX reaparece, com ares de pop-art. Isso porque o evento, que ocorre na capital paulista, tem atraído grande público, composto desde artistas a cidadãos comuns, que anseiam entrar em contato com a estética de autores como Monet.

Ao romper com as regras, que circundavam as pinturas daquela época, os impressionistas passa-ram a aplicar em suas obras a luz e seus efeitos sobre as cores, com pinceladas fi rmes - mas outras ve-zes delicadíssimas – para pintar paisagens e pessoas sem contorno, procurando a captação do momen-

to. Com o já sucesso da exposição, pode-se dizer que o tempo apenas fez bem ao movimento artístico.

Contrariamente ao que é rea-lidade no bairro Mansões Santo Antonio, em Campinas. Afi nal, conforme os dias se passam, o pre-juízo se torna ainda maior aos mo-radores que sentem o mau cheiro e temem pela vegetação alta advin-dos de um córrego que recebe es-goto sem tratamento. A Sociedade de Abastecimento e Saneamento (Sanasa) prevê um gasto milioná-rio e ainda mais dois anos para efe-tuar a obra. Enquanto isso, pode-se apenas ver o tempo passar sem que nenhuma providência seja tomada.

Para os que optaram pelo es-porte e deixaram a faculdade de lado, com o tempo a escolha terá valido a pena? Aos que optam pela pesquisa acadêmica e por seguir com a carreira adiante, o período universitário estará sempre laten-te e por fi m, aos que se rendem à plastinação, o tempo simplesmen-te para e conserva tudo o que já foi vivido? Reserve um tempo e boa leitura!

Bianca Fernandes

O Piola fi ca na Rua Ferreira Pen-teado, 1.463, Cambuí. Depois, as fo-tografi as seguem para a fotogaleria Photografi e, idealizada por Touché e dois sócios.

FOTO: DIVULGAÇÃO

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Page 3: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

MARINA BENATTI

As obras de tratamento de esgoto no bairro Mansões San-to Antônio, que estão previstas para estarem prontas neste ano, ainda não começaram. O principal problema está locali-zado na Rua Nelson Alaíte e na Avenida Jasmim. Dejetos dos prédios e casas são lançados em um córrego, que chama a atenção de quem passa por ali devido ao mau cheiro. O mato alto, em torno do córrego, traz insegurança aos moradores dos condomínios dos prédios que fi cam ao lado. No início deste ano, a Sanasa já havia prometido que, ainda em 2012, o problema seria resolvido.

Para tentar resolver esse impasse, os moradores do condomínio de apartamentos Residencial Canadá, que fi ca próximo ao córrego, entraram em contato com a Prefeitura para que fosse feita uma fi sca-lização, e então fosse tomada alguma providência. Segundo Marcelo Jorge Naime, síndico do condomínio, “a Prefeitura não cuida daquele local, é um verdadeiro descaso, já tenta-mos resolver, porém, nada adianta”. Naime ainda afi rma que não é só o mau cheiro que incomoda, são também os in-setos e ratos que aparecem nos prédios próximos.

RECLAMAÇÃO

Um protocolo foi criado na Prefeitura por um dos mo-radores do condomínio, e na última consulta realizada no site da Prefeitura constava que a data de entrada no órgão foi em 6 de julho de 2012. O do-cumento requeria a fi scaliza-ção e resolução dos problemas da Rua Nelson Alaíte, no lote que se refere ao córrego, de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Campinas.

Logo em 10 de julho do mesmo ano, foi feita uma fi s-calização pela Prefeitura. No mesmo dia, o pedido foi en-viado para o setor técnico para análises e providências, assim como consta na consulta do protocolo no site da Prefeitu-ra. Ainda no mesmo dia 10 de julho, o protocolo foi encami-nhado para “arquivo”. Nada até agora foi feito, nem limpe-za do local, nem retirada dos entulhos. O esgoto continua sendo lançado no córrego e criando cada vez mais proble-mas.

ALTERNATIVA

Naime afi rma que o con-domínio conta com um trata-mento de esgoto, que capta os dejetos dos prédios e só faz o lançamento no córrego depois de tratado. Outro ponto ques-tionado por ele é que a So-ciedade de Abastecimento de

Tratamento de esgoto está atrasado Bairro Mansões Santo Antônio deveria ter conclusão de rede ainda em 2012, de acordo com promessa

Esgoto de parte do Mansões Sto. Antônio e até de outros bairros não recebe tratamento

Água e Saneamento (Sanasa) não cobrava o tratamento de esgoto referente ao condomí-nio, já que ele contava com a própria estação de tratamen-to. No entanto, desde o ano passado, a taxa começou a ser cobrada. De acordo com o sín-dico, a conta passou de R$ 8 mil para, em média, R$ 20 mil mensais.

O engenheiro ambiental Wagner Nunes de Oliveira re-lata que não há risco de con-taminação pública se os mo-radores não se aproximarem do esgoto. A contaminação, segundo ele, se dá pelo con-tato com a água poluída e que o ideal seria canalizar todo o esgoto, fazer um tratamento e ser elevado até a Estação de Tratamento de Esgoto Anhu-mas, localizado na Rodovia D. Pedro I (SP-65), em Campinas. O único desconforto, afi rma ele, é o mau cheiro.

OUTRO LADO

A Sanasa declara que o tra-tamento do esgoto da região é feito pelo Sistema de Esgo-tamento Sanitário Santa Cân-dida, mas o encanamento da Rua Nelson Alaíte ainda não foi concluído. Em nota, a au-tarquia responsável pelo sane-amento informou, no dia 20 de agosto, que o projeto estava pronto e que tinha previsão de implantação, em média, em um ano desde o início das obras.

De acordo com o material enviado pela assessoria de im-prensa, “a Caixa Econômica Federal, já aprovou um total de R$ 2.700,00 milhões em um pleito de utilização de saldos obtidos em outros contratos de fi nanciamento concluídos pela Sanasa, que foram diri-gidos para fi nanciar parte das obras previstas, orçadas atual-mente em aproximadamente R$ 5 milhões”.

A diferença será paga pela Sanasa. Ela já teve a aprovação da Companhia de Tecnolo-gia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e ainda informa que o cronograma de execução se dará depois do processo de licitação da obra. O en-canamento planejado para a região é de 1.850 metros.

Em relação às licitações, no dia 2 de agosto deste ano, a Sanasa, em nota, também informa que foi aberto o en-velope com a documentação das empresas participantes.

As empresas inabilitadas, ou seja, que ainda não se ins-creveram para o processo, poderia entrar com recurso até o dia 23 de agosto.

Se não houver nenhum recurso até a semana que vem, então serão abertos os envelopes dos preços e co-nhecida a empresa vencedora do processo para a execução da obra.

Condomínio prejudicado com a falta de tratamento de esgoto e pelo mato: insegurança

20 de agosto a 5 de setembro de 2012 3

FOTOS: MARINA BENATTI

Page 4: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

JULIANA FIGUEIREDO

A busca por cursos de ar-quearia (o popular arco e fl e-cha) aumentou até 20% na cidade de Campinas, de acor-do com a única academia da cidade que oferece o serviço. Depois do sucesso de fi lmes como “Jogos Vorazes”, “Os Vingadores” e “Valente”, nos quais os protagonistas são exí-mios arqueiros, o tiro com arco tem se tornado mais popular e chamado a atenção de pesso-as que talvez nunca tenham se imaginado empunhando um equipamento desses.

O arco foi o primeiro dis-positivo mecânico que supe-rou os projéteis arremessados à mão e, até que fosse inven-tada a arma de fogo, era a me-lhor arma em combates a cava-lo. Ele teve grande importância bélica, mas, diferente do que muitos imaginam, não exercia uma função de ataque e sim de defesa. A invenção da pólvora fez com que os arcos desapa-recessem gradativamente dos campos de batalha e que seu emprego com fi ns desportivos e de entretenimento ganhasse crescente importância. O tiro com arco foi uma modalida-de olímpica de 1900 a 1920 e, após vários anos de supressão, foi reintroduzido nos jogos em 1972.

Ainda que muitas pessoas já tenham tido algum contato com um arco, mesmo que na infância, no país do futebol não é tão comum encontrar quem pratique o esporte, mas

Estão na moda fi lmes que têm arqueiros como prota-gonistas. Dentre os mais co-nhecidos do momento estão “Jogos Vorazes”, “Valente” e “Os Vingadores”.

O primeiro é inspirado em um livro de mesmo nome, no qual a protagonista, Katniss Everdeen, usa suas habilida-des de arqueira para lutar pela

sua sobrevivência e de sua fa-mília em um ambiente de po-breza e fome.

Em “Valente”, a princesa Merida consegue se livrar de um casamento indesejado com apenas alguns tiros.

Já em “Os Vingadores”, um dos heróis é um agente es-pecial, cuja arma é um arco e fl echa.

Praticantes de arco e fl echa em academia de Campinas, que registrou aumento de até 20% na procura por aulas

20 de agosto a 5 de setembro de 2012

Aluno pratica arco e fl echa, com gasto mensal a partir de R$ 130, usando equipamento da própria academia

Produções recentes no cinematêm protagonistas arqueiros

talvez isso esteja prestes a mu-dar. “Eu falei com um aluno meu que foi para o Canadá e ele me disse que ‘Valente’ e ‘Jogos Vorazes’ criaram uma onda de arqueirismo por lá. O aumento também foi de 20% dependendo da localidade, afi rma Jener Sato, um dos pro-prietários da escola de arque-aria na cidade e ex-técnico de alto rendimento, que também já esteve na equipe técnica de

paraolimpíadas.A estudante campineira

Bianca Zombine Felipe, que completa seu primeiro mês de prática desse esporte, acredi-ta que os novos videogames e personagens estão trazendo aspectos positivos para a mo-dalidade e que, como ela, mui-tos vão acabar se apaixonando por esse esporte e trazendo a modalidade para sua rotina. Como foi o caso da analista de recursos humanos Lucy Helena Bonfi m Barbosa, que durante uma partida do novo jogo de arco e fl echa da Xbox 360 decidiu, junto com mais três membros de sua família, praticar arquearia fora do con-sole.

Ex-atleta olímpica e sócia de Sato, Camila Yuri Hasse-gawa, concorda que há um aumento na popularidade do esporte e ainda acrescenta: “Impressiona um pouco o impacto que causa você ver a pessoa atirar na tela. A pessoa se vê motivada a praticar. Isso traz uma demanda muito gran-de pra nós”.

Vale lembrar que cuidados devem ser tomados tanto na arquearia como em qualquer outra atividade física, prin-cipalmente as que envolvem objetos que podem tornar-se ameaças, entretanto, haven-do o cuidado com a prática, o esporte é recomendado para todas as idades e condições fí-sicas.

Os benefícios são diversos, como postura, controle da res-piração, desenvolvimento da concentração e do instinto.

FOTO: JULIANA FIGUEIREDO

FOTO: JULIANA FIGUEIREDO

FOTO: DIVULGAÇÃO

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Filmes fazem crescer procura por arco e fl echaAumento de praticantes chega a 20% em Campinas, inspirado também em videogames

Jennifer Lawrence, a Katniss Everdeen, de “Jogos Vorazes”

Page 5: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

20 de agosto a 5 de setembro de 2012

Mumifi cação, uma curiosa opção ainda hojeFuncionária pública conta por que decidiu se render à técnica; documentos já estão prontos

FABIANA MATSUDA JÉSSICA MOMENTEL

A instituição alemã Body Worlds – Institute for Plasti-nation (Instituto para Plastina-ção) será o destino do corpo da funcionária pública Ivone Damaris Antunes, de 43 anos, após seu falecimento. Há cerca de dois anos, ela decidiu doar o corpo para o instituto, que realiza a plastinação – técni-ca moderna de mumifi cação, com a fi nalidade de ser objeto de estudos nas áreas de saúde e ciências naturais, além de ser-vir como peça para exibições museográfi cas.

De acordo com a funcio-nária pública, dois motivos a levaram a tomar essa decisão. “Uma é ecológica, pois, para mim, um corpo humano en-terrado é fonte de contamina-ção do solo, do lençol freático e, além disso, cemitérios são locais que acumulam bichos peçonhentos e criadouros de mosquitos da dengue”, afi rma. A “vaidade ideológica”, como ela diz, é o segundo motivo. “Sempre me interessei pela cultura egípcia. Querer ser mu-mifi cada foi só um passo, além da consciência moral de ajudar outras pessoas”, acrescenta.

A vontade de Ivone sem-pre foi de ter o corpo cremado após a morte, mas depois que leu uma reportagem sobre a entidade alemã Body Worlds, optou por fazer a doação do corpo. Assim, ela procurou um contato do instituto, informou a vontade de doar o corpo e recebeu pelo correio a docu-mentação, assinada e reenvia-da sem receber nada em troca. “O Instituto para Plastinação realiza um trabalho fantástico, não só com a mumifi cação, mas também desenvolve es-tudos científi cos”, diz Ivone. “Incentivo outras pessoas a tomarem a mesma atitude.”

A decisão ainda é recente para a família da funcioná-ria pública. “A princípio não gostaram da ideia, mas já falei que eles podem me visitar no instituto da Alemanha quando sentirem saudades”, brinca. Ivone acredita que, mesmo en-frentando difi culdades agora, no fi nal, a família aceitará a sua decisão.

Ivone não pensa na possi-bilidade de voltar atrás, embo-ra o documento assinado por ela permita a revogação a qual-quer momento. “É por amor à humanidade e às gerações futuras que estou doando meu corpo. Sei muito bem o que quero.” O fi lho dela, Byron, de 19 anos, fi cou responsável por avisar o instituto quando a mãe falecer.

Quem decidir por dar um destino ao corpo diferente dos tradicionais enterro ou crema-

ção pode encontrar difi culda-des no Brasil. A plastinação é uma técnica pouco conhecida e não há institutos que a rea-lizam no País. A única opção por aqui é a doação para ins-tituições de ensino e pesquisa. Foi pelo que optou o jornalista Paulo Patarra, morto em 2008. Ao falecer, aos 74 anos, seu corpo, seguindo vontade ex-pressa em documentos, foi en-viado à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo (USP). Patarra foi um dos jornalistas que fi zeram história na revista Realidade, na década de 60, e pretendia con-tribuir para o progresso da ci-ência ao optar pela doação.

Embora reconheçam a possibilidade de doação de corpos, inclusive regulamenta-da pela legislação, as universi-dades evitam falar do assunto, por causa das polêmicas gera-

das. O Saiba+ procurou a Uni-versidade Estadual de Campi-nas (Unicamp), a Universidade de São Paulo (USP) e os órgãos competentes, como a Serviços Técnicos Gerais (Setec-Cam-pinas) e Serviço de Verifi cação de Óbitos (SVO-São Paulo), para darem esclarecimentos sobre o assunto, mas não obte-ve respostas até o fechamento desta edição.

LEGISLAÇÃO

Os cursos da área de saú-

de das instituições de ensino no Brasil utilizam o corpo hu-mano para a pesquisa e apren-dizagem dos estudantes. De acordo com o Artigo 14 da Lei 10.406-2002 do Código Civil brasileiro, a doação de corpo é válida, com “objetivo científi -co ou altruístico”, e a disposi-ção gratuita do próprio corpo,

no todo ou em parte para de-pois da morte.

Dessa forma, segundo a Sociedade Brasileira de Ana-tomia, os cadáveres utilizados em aulas vêm de duas origens: cadáveres não reclamados por familiares e doação espontânea de corpos. As leis brasileiras proíbem que haja pagamento por corpos humanos ou ór-gãos internos. Se a pessoa op-tar pela doação, deve assinar um termo e receber instruções sobre todos os procedimen-tos. Em caso de desistência, pode ser livremente revogado a qualquer tempo, pelo doador ou pelos familiares, mesmo após a morte. Depois do ter-mo de doação assinado e re-gistrado em cartório, ele deve ser enviado à instituição para a qual se pretende fazer a doa-ção. Uma cópia do documento deve fi car com a família.

SAIBA MAIS SOBRE A PLASTINAÇÃOA plastinação é o procedimento técnico e moderno da preservação de matéria bio-

lógica, criado pelo artista e cientista Gunther von Hagensem, em 1977, que substitui várias substâncias corporais por alguns tipos de resinas.

A técnica da plastinação consiste na retirada de água e lipídios do corpo humano, aplicando polímeros sintéticos no lugar, evitando que haja a decomposição. O método permite que sejam expostos músculos, veias, cérebro e sistema nervoso sem qualquer risco de dano aos corpos. Além disso, não há necessidade de manutenção e de câmaras frias para a conservação. A técnica também pode ser vista na exposição Body Worlds. Mais informações pelo site www.bodyworlds.com.

EXPOSIÇÃO BODY WORLDSA exposição itinerante Body Worlds (Mundos do Corpo) exibe corpos humanos

ou partes dele preservadas e preparadas com a técnica de plastinação para revelar o interior de estruturas anatômicas. O público tem a oportunidade de observar de perto a anatomia de corpos dissecados e conferir com riqueza de detalhes como são os vasos sanguíneos, a musculatura, os nervos e ossos.

Em julho deste ano, uma dessas exposições foi realizada no Shopping Eldorado, em São Paulo (SP).

Ivone Damaris Antunes com o folheto do Instituto para Plastinação da Alemanha, para o qual doou o seu corpo há cerca de dois anos

Exemplo de corpo que passou pela técnica de plastinação

FOTO: DIVULGAÇAO

FOTO: JÉSSICA MOMENTEL

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Page 6: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

MARIANA FLÓRIO FENERICH

As áreas de solo contami-nado aumentaram em Campi-nas, de acordo com o balanço divulgado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Em 2010, eram 85 locais; em 2011, últi-mo dado disponibilizado, esse número subiu para 92, um aumento de 8%. Os números revelam também que 70% des-sas áreas correspondem a pos-tos de combustíveis, enquanto os 30% restantes são indús-trias, comércio e empresas de resíduos.

Os números disponibi-lizados não refl etem apenas aspectos negativos, já que em 2011 as áreas reabilitadas, ou seja, despoluídas, também au-mentaram. Eram três em 2010 e hoje são cinco, um cresci-mento de 66%.

O cadastro das áreas con-taminadas feito pela Cetesb é de acesso público. No site da instituição, é possível consul-tar quais são esses locais. A contaminação do solo é re-sultado da ações como a im-permeabilização e a poluição do ambiente, bem como pode ser consequência de práticas inadequadas de manejo, dispo-sição, tratamento e transferên-cia de resíduos, como explica

Postos respondem a 70% do solo contaminado

20 de agosto a 5 de setembro de 2012

o químico e professor da Uni-versidade Estadual de Cam-pians (Unicamp) Wilson de Fi-gueiredo Jardim. Segundo ele, grande parte dessas áreas foi contaminada em um passado relativamente distante (mais 20 anos atrás), quando a fi scaliza-ção e a conscientização eram precárias.

Jardim afi rma que gran-de parte dessas áreas consta nos dados ofi ciais por causa da obrigatoriedade do cadas-tro de estabelecimentos como postos de gasolina. Quando um deles é aberto, é preciso se inscrever na Cetesb que provi-dencia uma análise do solo na região. Estima-se que as áreas contaminadas, não apenas no município de Campinas, mas em todo o estado de São Pau-lo, sejam muito superiores aos números divulgados. Por se-rem trechos de acesso restrito e por apresentarem, em geral, um baixo risco de exposição à população, este processo in-vestigativo leva tempo, exige muitos fi scais, muita gente téc-nica.

O engenheiro ambien-tal do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Pe-tróleo de Campinas (Recap) Marcelo Caricol reforça que é preciso considerar as circuns-tâncias das contaminações, uma vez que elas advêm de

tempos em que as instalações dos postos de combustíveis seguiam outros padrões de se-gurança ambiental.

Hoje, há a exigência de li-cenciamento ambiental, con-cedido pelas agências am-bientais, no caso do estado de São Paulo, da Cetesb. Caricol afi rma que, ao longo dos anos, ocorreram reformas comple-tas nas instalações dos postos, melhorias nos equipamentos e rotinas operacionais, o que possibilita o monitoramento de possíveis vazamentos de combustível e reduz signifi ca-tivamente a incidência de con-taminação.

O licenciamento ambien-tal está previsto na Resolu-ção 273/2000 do Conselho

Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabeleceu critérios tanto para os postos novos quanto para os que já existiam, que foram obrigados a se adequar às novas normas ambientais.

O engenheiro, responsável pelo Departamento de Meio Ambiente do sindicato ressalta ainda que, durante todo o pro-cesso de adequação dos pos-tos de combustíveis, iniciado em 2001, “o Recap teve uma atuação efetiva”, realizando palestras e se colocando à dis-posição para prestar esclareci-mento, orientação e divulgar as exigências do Conama, não apenas para seus associados.

Caricol garante que, hoje, quase todos os postos

já se adequaram.A analista de educação

ambiental da Cetesb Môni-ca Avila Domingues alerta que a existência de uma área contaminada pode gerar da-nos à saúde, por ingestão de água subterrânea contami-nada, contato da pele com o solo contaminado e/ou inalação de vapores que po-dem ter origem no solo ou na água.

Pode ocorrer também o comprometimento da quali-dade dos recursos hídricos, restrição ao uso do solo, além de danos ao patrimô-nio público privado, devido à desvalorização das pro-priedades e dos prejuízos ao meio ambiente.

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ALINE SALUOTTO

Quando o adolescente está no fi nal do Ensino Médio, os professores comentam sobre o futuro nas universidades, além de ajudarem, parcialmente, a escolher o que cursar. Mas há sempre aqueles que fogem às expectativas, deixando de cur-sar a faculdade para se dedicar aos esportes. É o que fez, por exemplo, Brenno Presotto, de 20 anos, jogador do time In-dependente Futebol Clube, da cidade de Limeira. Praticante do futebol desde os 5 anos, Presotto diz que foi fácil a decisão de deixar de cur-sar a faculdade para se dedicar ao futebol: “Quando vi que o meu sonho de criança, que era jogar futebol, começou a evo-luir em todos os sentidos, o que eu realmente tinha que fazer era seguir em frente na minha carreira, ao invés de fazer al-guma faculdade.” Ele também ressalta o apoio total dos pais, mediante a escolha que ele fez para o seu futuro. “Meus pais me apoiaram 100%, sabiam que era isso que eu gostava de

fazer e me deixaram à vontade nas minhas escolhas.”

A possibilidade de conci-liar a carreira de esportista é o caminho feito por outros mais preocupados com a seguran-ça que a formação acadêmi-ca pode garantir. É o caso de João Felipe Baiocchi, de 20 anos, que joga para o time de

basquete da Universidade de Brasília (UnB). O jovem fala sobre como conseguiu conci-liar a faculdade com o esporte: “Inicialmente tive a ajuda dos meus pais, sempre me alertan-do que a carreira no esporte não será para sempre e que, depois que acabar, terei mais de 2/3 da vida pela frente, e

Uma alternativa para o futuro?

depois de uma experiência ad-quirida nos Estados Unidos, percebi que é possível conciliar os dois.”

Baiocchi fala também so-bre o apoio dos pais na sua escolha. “Sempre tive total apoio com relação ao basque-te, mas eles sempre deixaram muito claro que eu não pode-

ria largar os estudos. Sempre me ensinaram a usar o bas-quete como uma ferramenta.” Perguntado sobre a formação de seu pai, famoso jogador do basquete brasileiro conhecido como Pipoka, responde: “Ele não chegou a pular a etapa da faculdade, demorou para ele conseguir se formar, mas ele nunca deixou de tentar conci-liar os dois”.

Apesar de muitos atletas se verem divididos entre ter uma formação profi ssional ou se dedicar totalmente ao esporte, com o tempo, pode vir o arre-pendimento.

“Se eu não tivesse essa consciência que tenho, de sempre procurar avançar com os estudos, eu acho que pode-ria me arrepender seriamente, porque a carreira no basquete é curta e teria o resto da vida pela frente”, diz Baiocchi.

Mas também pode vir a sa-tisfação de ter seguido o que queria: “Cada pessoa tem que seguir seu objetivo de vida e ir atrás dos seus sonhos. O meu é viver do esporte”, acredita Presotto.

Jovens optam por se profi ssionalizarem nos esportes, deixando a faculdade em segundo plano

FOTO: DIVULGAÇÃO

Áreas contaminadas ao redor de postos de gasolina podem causar danos à saúde e ao solo

O total de áreas afetadas em Campinas cresceu 8% em um ano

João Felipe Baiocchi (com a bola) se divide entre a carreira esportiva e o curso universitário

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CAROLINA JUNQUEIRA

As aulas de Pesquisa e de Projeto Experimental, que compõem a grade de disci-plinas do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC--Campinas), no terceiro e no quarto ano, respectivamente, são oportunidades para a in-serção do aluno do mercado de trabalho acadêmico. Pelas disciplinas, muitos descobrem que, além da reportagem e do trabalho em jornais, portais e emissoras de rádio e TV, o tra-balho como pesquisador pode ser interessante.

De acordo com o profes-sor Carlos Gilberto Roldão, que ministra, junto a outros colegas, as duas disciplinas, muitas vezes, os estudantes não se atentam às projeções que essas aulas podem pro-porcioná-los. “O aluno deve aproveitar ao máximo esse espaço acadêmico, pois ele oferece chances que podem emplacar alguns objetivos”, explica Roldão.

Isso foi o que motivou a estudante Amanda Cotrim, do último semestre do curso, junto à outra integrante do grupo, a inscreverem seu arti-go no 35º Congresso Brasilei-ro de Ciências e Comunicação (Intercom), que vai ocorrer do dia 3 a 7 de setembro deste ano, em Fortaleza (CE).

Em Pesquisa, elas fi zeram uma monografi a a partir da análise da cobertura das elei-ções de 2006, realizada pela revista Isto É. “Nosso trabalho foi elogiado em uma reunião no fi nal do semestre e tivemos

Pesquisa é “descoberta” na graduaçãoDisciplinas voltadas à área científi ca podem ser também vitrine para mostrar potencial dos alunos

a nota máxima”, orgulha-se Amanda.

Além disso, o professor Roldão explicou sobre o po-tencial da monografi a, desper-tando, na aluna, a vontade de apresentá-la no Intercom. Em-bora o trabalho tenha fi cado pronto em 2011, elas perderam o prazo de inscrição para o evento do ano passado. “Esse ano nos organizamos. Está tudo certo e vamos”, afi rma Amanda.

Segundo a estudante, a de-cisão de ir ao congresso foi tomada, de fato, ao pensar no mercado de trabalho e no mes-trado que ela deseja fazer. Ter uma publicação no Intercom tem grande peso no currículo e já é um passo à frente para a sua entrada no segmento aca-dêmico.

Esse fato chamou a atenção também da aluna Thais Araújo Jorge, do terceiro ano do cur-so. Ela e o grupo dela preten-dem inscrever-se no Intercom Regional de 2013, pois não ti-veram tempo de participar do evento deste ano.

A pesquisa de Thais se propôs a constatar se o pro-grama VC Repórter, do portal Terra, era jornalístico, estudan-do o conceito de “jornalismo colaborativo”. Durante esse processo, o grupo visitou a re-dação do site e, além do levan-tamento de dados, acredita ter gerado uma rede de contatos. “A pesquisa nos proporcionou a criação de vínculos com dife-rentes pessoas do mundo aca-dêmico”, relembra a estudante.

Thais, assim como Aman-

da, planeja fazer mestrado e projetou, na monografi a, a chance de ter um histórico aca-dêmico mais completo. Uniu o útil ao agradável, como ela mesma descreve: “Já que terí-amos que fazer a pesquisa e a monografi a, escolhemos um tema com o qual todos tives-sem afi nidade e levamos esse projeto adiante”.

Ainda de acordo com a alu-na do terceiro ano, todo o pro-cesso pelo qual o grupo passou não abrange apenas a parte te-órica, mas a prática também – que geralmente é a preferência da maioria dos estudantes.

Em relação a isso, Amanda é enfática ao dizer que a pes-quisa percorre caminhos mais profundos. “Não adianta o alu-no focar-se na prática se não ti-

ver uma base sólida, adquirida com os estudos teóricos. Senão for assim, fi cará no senso co-mum”, acredita.

Ambas as estudantes são unânimes ao relatar que o uni-versitário não deve limitar-se apenas aos deveres que tem de cumprir na faculdade, mas, sim, enxergar um mundo de opor-tunidades, oferecido pelo espa-ço acadêmico. “Além de todos os benefícios que a pesquisa traz pra vida profi ssional, deve--se pensar também que esse é um espaço para uma produção própria”, afi rma Thais.

EXPERIÊNCIA

Em relação ao trabalho prá-tico do Jornalismo e à pesqui-sa nesse campo, a professora

Cyntia Andretta, que também ministra as disciplinas de Pes-quisa Aplicada e de Projeto Experimental, na PUC-Cam-pinas, diz que ambos precisam caminhar juntos na formação do futuro jornalista.

Ainda de acordo com ela, no dia a dia das redações, não há muito tempo para pensar as práticas jornalísticas e, por isso, a pesquisa torna-se importante.

A professora acredita que os dois segmentos da carreira se complementam e, por con-ta disso, ela sempre procurou fazê-los paralelamente: foi edi-tora, repórter e assessora de imprensa, ao mesmo tempo em que se dedicava também à carreira como professora e como pesquisadora.

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Grupo de alunas de Pesquisa e o professor Roldão preparam-se para o Intercom de 2013

Campinas já tem sua “Comissão da Verdade”Desdobramento do movimento nacional, conselheiros podem contribuir com investigações

JULIANA DIANI

No dia 9 de agosto uma reunião no salão vermelho da Prefeitura criou a Comissão da Verdade de Campinas. Esse grupo é um desdobramento da Comissão da Verdade ins-taurada pela presidente Dilma Rousseff nacionalmente.

O grupo federal tem por objetivo investigar crimes co-metidos pelo Estado entre 1946 e 1988, principalmente no período da Ditadura Mi-litar. A Comissão Nacional é formada por sete membros e tem o prazo de investigação de dois anos, com o direito de convocar vítimas e acusados de violações para prestar de-poimentos.

O papel dos conselheiros de Campinas irá contribuir

com o da Comissão Nacional. “Nossa ideia é que a Comissão elabore relatórios que sejam encaminhados para a Comis-são Nacional para ser soma-do ao que ela já está fazendo abertamente. É um trabalho

de colaboração. Pretendemos levantar dados, como, por exemplo, qual foi o papel que as empresas tiveram no golpe militar, toda a questão que en-volve mortos, desaparecidos e tortura”, explica Paulo Ma-

riante, membro da Comissão da Verdade de Campinas.

O prazo de dois anos ins-taurado pela Presidente Dil-ma para os trabalhos é curto, assim como o professor da Pontifíca Universidade Ca-tólica de Campinas (PUC--Campinas) Arnaldo Lemos, especialista no assunto, afi r-ma: “Eu acho que essas co-missões regionais, municipais ou estaduais podem ajudar na coleta de dados, depoimentos, testemunhas, em relação ao objetivo da Comissão Nacio-nal. A Comissão Nacional é composta de sete membros e tem somente dois anos para concluir o trabalho que tem que ser feito. E como o Brasil é muito grande, as comissões podem colaborar.”

A Comissão Nacional da

Verdade, apesar de ter o po-der de convocar pessoas para prestar depoimento, ainda não tem o poder de punir os cul-pados.

ATRIBUIÇÕES

“A Comissão da Verdade não atende a todas as nossas exigências, mas é o pontapé inicial para que a gente consi-ga elaborar e aprovar outros projetos de lei que possam es-tar prolongando e viabilizan-do a conclusão do trabalho da Comissão Nacional,” diz Celia Coqueiro, membro do Comitê da Verdade municipal.

Também foi citada por Ce-lia a elaboração de um projeto de lei para estender o prazo de dois anos dado pela presiden-te.Manifestantes em São Paulo, durante a criação da Comissão

FOTO: CAROLINA JUNQUEIRA

FOTO: DIVULGAÇÃO CARTA MAIOR

Page 8: Saiba+ - Edição Agosto/Setembro de 2012

CLÉBSON LEAL

Quando colocaram os pin-céis para pintar sombras, luzes e sensações, Manet, Dégas e Renoir não ganharam aplausos. Pelo contrário: tiveram muitas críticas e sofreram preconcei-tos. Quase 150 anos depois, suas obras são sinônimos de fi las e de muita gente queren-do vê-las de perto. A exposi-ção “Impressionismo: Paris e a Modernidade”, no Centro Cul-tural Banco do Brasil (CCBB) recebeu, só no primeiro fi nal de semana (4 de agosto), 12 mil pessoas. A mostra traz 85 obras provenientes do Museu D’Orsay, da capital francesa.

O Impressionismo surgiu entre as décadas de 1860 e 1880 e seus pintores, entre os quais estão também Cézanne e Monet, não buscavam temáti-cas nobres ou retratar fi elmen-te a realidade. Na verdade, em tempos em que a fotografi a surgia como promessa para mostrar com detalhes o que era o mundo, a pintura passou a ter, com esse grupo, outros sentidos.

Mas, naquela época, nem os “entendidos de arte” gos-taram. O júri da Academia de Belas Artes - que defi nia as normas da pintura francesa e detinham o poder de defi nir o que era arte ou não - reagiu com frieza ao novo estilo, e não aceitou os quadros dos im-pressionistas para sua exibição anual de arte conhecida como “Salon”.

A exposição em cartaz em São Paulo até o dia 7 de outu-bro, com entrada gratuita de terça a domingo, é dividida em seis módulos, sendo três deles dedicados à vida da cidade e seu desenvolvimento econô-mico (“Paris: a cidade moder-na”, “A vida urbana e seus au-tores” e “Paris é uma festa”) e os outros três (“Fugir da cida-de”, “Convite à viagem” e “A vida silenciosa”) referentes ao campo e sua tranquilidade.

Segundo Alexandre Yokoi, assessor do CCBB, “o sucesso da exposição se deve principal-mente à relevância das obras e dos artistas, que são conside-rados grandes nomes da arte mundial; além da gratuidade da entrada, que possibilita acessi-bilidade para toda população”. Com tanta gente para visitar, o CCBB fará, a exemplo do que ocorreu no primeiro fi nal de semana da mostra, duas novas edições da Virada Impressio-nista, com a exposição aberta 24 horas – uma em setembro e outra em outubro.

A pedagoga Laura Rosa

Baungartner, que visitou a ex-posição no dia 12 de agosto, afi rma que “é incrível a perfei-ção de traços de alguns artistas, o domínio da técnica, a bele-za dos quadros. Acho que em cada obra é possível descobrir outras maneiras de olhar”.

Alguns visitantes da expo-sição inclinavam-se o máximo possível para perceber as pin-celadas, os detalhes, porque, como afi rma a estudante Ma-rina Malheiros: “Assim é pos-sível imaginar o movimento do pincel do artista quando estava pintando e perceber que a tela não nasceu pronta. Algumas são tão perfeitas que, de longe, parecem fotografi as”.

Os impressionistas aban-donaram os ateliês para ten-tar compreender a luz e seus efeitos sobre as cores, usavam pinceladas fi rmes - mas outras vezes delicadíssimas - para pintar paisagens e pessoas sem contorno, procurando a capta-ção do momento. Suas cores e tonalidades não eram obtidas pela mistura de tintas: eram usadas puras, mas de maneira que resultasse em uma combi-nação de cores nos olhos do observador.

As obras expostas em São Paulo vieram em seis aviões, em seis dias diferentes, após cerca de um ano e meio de negociações com o Museu d’Orsay.

O Banco do Brasil investiu R$ 11 milhões, já que as obras precisam de uma aclimatação especial no CCBB. Até o fi nal da exposição, o centro espera receber 600 mil pessoas. De-pois, será a vez dos cariocas conhecerem os quadros e, em seguida, a exposição vai para Madri, na Espanha. É a primeira vez que as obras do acervo do Museu d’Orsay atra-vessaram o oceano e viajaram para terras tupiniquins.

Se o público esperado se confi rmar, “Impressionismo: Paris e a Modernidade” deve superar a mostra “O mundo mágico de Escher” (também do CCBB) - exposição mais visitada no mundo em 2011, segundo a revista norte-ame-ricana especializada The Art Newspaper. Por tamanho inte-resse do público pelas obras, o melhor mesmo é chegar cedo. Ou esperar pelo menos duas horas na fi la antes de entrar.

Centro Cultural Banco do Brasil - São PauloRua Álvares Penteado,

112, Centro, São Paulo – SP

IMPRESSIONISMO EM DIAS DE POPQuadros dos principais artistas à mostra em São Paulo são inéditos no Brasil

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FOTO: CLÉBSON LEAL

O Tocador de Pífaro, obra de Manet, é uma das atrações