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ROTEIRO DE ESTUDO Curso: Serviço Social Período

Letivo: 1º bimestre

2012/2

Série 4º Semestre

Disciplina: Ética Profissional

Professor EAD:

Ma. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis

PONTOS IMPORTANTES ABORDADOS NA DISCIPLINA NO DECORRER DO BIMESTRE Caro(a) acadêmico(a), Os temas tratados nesta disciplina reúnem autores renomados em torno de temáticas relevantes e atuais. A discussão da Ética e de Direitos Humanos e/ou Sociais tem como eixo central a “questão social” no cenário brasileiro, cujo entendimento é fundamental para seu aprendizado, uma vez que, como profissional do Serviço Social, será desafiado a atuar nas expressões da questão social e na luta por direitos. Além deste roteiro, é fundamental que assista as teleaulas, que utilize seu Caderno de Atividades para direcionar seus estudos, realizando as atividades propostas, que acesse os materiais – artigos, sites e vídeos indicados para ampliar e complementar seu aprendizado. Como leitura obrigatória e matéria de prova, peço que leiam o Código de Ética Profissional de 1993 e a Lei 8662 de 1993, que regulamenta o exercício profissional do assistente social. Os links de acesso foram indicados em slide na teleaula de temas 5 e 6. Bom estudo! Tema 1- Ética, Economia e Direitos Humanos No texto “Ética e Economia: fundamentos para a discussão de direitos” , a autora, Valeria Forti, adverte que é fundamental, no estudo da Ética, estabelecer a devida relação com a Ciência Econômica. O texto retrata a perspectiva na qual a economia é entendida como construção social que comporta valores e finalidades sociais, escolhas e decisões e não está isenta de reflexão no campo ético. Para a autora, cabe à economia ser considerada e situada no centro das discussões sobre direitos em face das indagações acerca dos rumos que vem tomando a existência humana, uma vez que esta insere-se igualmente nas atividades sociais dos seres humanos. Esse movimento de mundialização financeira tem provocado prejuízos ao trabalho e à satisfação das necessidades sociais – colocando em curso um insólito processo de banalização da vida. Observa-se conquistas como a Declaração dos Direitos Humanos, a Constituição Brasileira de 1988, conhecida por Constituição Cidadã, o Estatuto da Criança e do Adolescente e, por outro lado, o acirramento das desigualdades sociais e a

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destituição de direitos civis, políticos e sociais. Esse paradoxo nos leva a refletir sobre a relevância da problematização no campo da política, da economia e dos valores éticos, tornando-se imprescindível a discussão do “ser” e do “dever ser”. Para a autora, o Homem é um ser inacabado e suas ações tanto podem servir para que conquiste sua humanidade, ou seja, para que se “enriqueça” em humanidade, se desenvolvendo como Ser Social, como para que se destrua. Contudo Marx e Engels (1984, p.15 apud FORTI, 2011, p. 2) advogam que, além da consciência e da religiosidade, os humanos começam a distinguir-se dos animais assim que começam a produzir os seus meios de vida, passo este que é condicionado pela sua organização física. Ao produzirem os seus meios de vida, os homens produzem indiretamente a sua própria vida material. (FORTI, 2011, p. 2). A autora, ao colocar que o processo da produção material da vida é a possibilidade histórico-social do ser humano significa captar que é por meio desse processo que se contitui e torna-se possível o mundo dos homens. Assim, o homem transforma a matéria natural, por meio do trabalho, tendo em vista a satisfação de suas necessidades. Esse processo é considerado uma forma privilegiada de práxis, e assim identifica-se com o que produziu, engendrando as relações sociais e os modos de vida social. Nesta linha de raciocínio, a autora, com base na obra de Marx, coloca o trabalho como categoria exclusiva do mundo dos homens, pois é uma atividade que constitui o mundo humano e o caracteriza, além de ser atividade que suscita e é guiada pela consciência. É por meio do trabalho que emergem as idéias, os valores e as visões de mundo. Sob esta óptica, Heller (1989, apud FORTI, 2011, p. 3) salienta que a história é a substância da sociedade e contém esferas heterogêneas, como, por exemplo, a produção, as relações de propriedade, a estrutura política, a vida cotidiana, a moral, a ciência, e a arte [...] e apesar de distintas, têm características e delineiam tendências que constituem dada sociedade em determinado período histórico. Daí a percepção de que a esfera produtiva não é um fenômeno natural e, sim, uma expressão histórico social das relações sociais. A configuração atual do mundo capitalista evidencia um processo produtivo articulado em escala mundial, na qual liberdade e democracia são identificadas e propaladas como livre comércio. Defronta-se assim com a chamada globalização dos mercados, nos marcos da financeirização da economia e das alterações regressivas na esfera estatal – a contrarreforma do estado - a qual trouxe sérias implicações a vida social, haja vista a restrição das responsabilidades públicas frente aos direitos conquistados e/ou ás necessidades sociais, ou seja, a ampliação, o aprofundamento e a criminalização da “questão social”. (FORTI, 2011, p. 8). Sendo as expressões da questão social a matéria básica do trabalho dos assistentes sociais, observa-se que discutir sobre a Ética implica em realizar uma análise histórica, social e econômica de dada sociedade. O contexto até aqui pontuado, quando relacionado ao Serviço Social, indica o quanto seu projeto ético- político, ou seja, a direção dos compromissos assumidos pelo Serviço Social brasileiro nas últimas décadas vem colocando a necessidade da crítica a ordem econômico-social vigente e a defesa dos direitos dos trabalhadores. Os princípios fundamentais do Código de Ética profissional do Serviço Social visam contribuir

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para a emancipação humana e dar direção ao agir profissional dos assistentes sociais. Segundo Forti (2011), se pensarmos a concretização do Projeto Ético-Político do Serviço Social, a materialização dos Princípios Fundamentais do seu Código de Ética no cotidiano profissional e/ou captarmos a percepção dos Assistentes Sociais a esses respeito é mister para a compreensão desta profissão frente a crise capitalista contemporânea. Isso significa buscarmos entender em que medida as mudanças macrossocietárias e, portanto, os rumos políticos-econômicos vêm produzindo alterações nas necessidades e demandas sociais, espaços de intervenção, finalidades, competências e objetivos profissionais, requisições institucionais e condições objetivas de trabalho; que delineiam as possibilidades e os limites do exercício profissional do Assistente Social. Tema2 – Direitos Humanos e Sociedade de Classes Este tema foi construído com base em dois textos. O texto de Yolanda Guerra (2011) “Direitos Sociais e Sociedade de Classes: o Discurso do Direito a Ter Direitos”, busca os fundamentos e o significado social desta relação, no qual os direitos se convertem em instrumentos privilegiados de enfrentamento das desigualdades sociais. Já o texto de Maria Lucia S. Barroco (2011),aborda “A Historicidade dos Direitos Humanos”. O texto possibilita a compreensão da relação existente entre a construção histórica da sociedade e a luta pelos direitos sociais. Bem como o entendimento da origem dos direitos sociais, como se sucederam as conquistas e como estão sendo efetivados. Yolanda Guerra (2011) inicia o texto citando a Constituição da república Federativa do Brasil de 1988, artigos 5º e 6º. (ver slides das aulas). A grande questão que se coloca em debate é a efetivação destes direitos, uma vez que são muitos os exemplos e os estudos que evidenciam que estes direitos ainda hoje são negados a grande massa da população brasileira. Assim, é de fundamental importância para o exercício profissional do Assistente Social, estudar o avanço das lutas populares, principalmente da classe trabalhadora, na busca de seus direitos, que foram sendo consolidados ao longo do tempo e os agentes responsáveis por essas conquistas. Sem essa bagagem histórica, a atuação profissional pode contribuir para a despolitização dos usuários em atendimento ao ideário neoliberal. A autora assevera que “problematizar o significado e a funcionalidade do avanço do discurso dos direitos sociais, de instituições e de práticas profissionais para efetivá-las, especialmente as desenvolvidas pelos assistentes sociais, demonstrando o quanto esse discurso é funcional e adequado ao padrão de reprodução social neste momento histórico é o objetivo deste texto”. Guerra (2011) parte do pressuposto de que o “neoliberalismo, sua política de ajustes econômicos visando à estabilização, é incompatível com o padrão de política social amplo, universal, de qualidade e gratuito proposto na Constituição Brasileira” e tem como objetivo problematizar o significado e a funcionalidade do avanço do discurso dos direitos sociais, uma vez que estes são considerados instrumentos de enfrentamento às desigualdades sociais, produzidas pela relação contraditória entre capital e trabalho e demonstram que a própria necessidade de se efetivar direitos evidencia sua ausência na sociedade.

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A autora demonstra sua preocupação com a concepção de “diretos” que o assistente social imprime em seu cotidiano. Sem uma bagagem histórica, teórica e metodológica, o profissional tende a incorporar o discurso do direito a ter direitos em sua prática profissional, por não conhecer a evolução histórica da sociedade, seu modo de produção e suas contradições. Guerra (2011), entende como problemática a concepção de direito presente no discurso do assistente social, como decorrência da noção de direito que permeia a sociedade brasileira. Tal discurso, automatizado das medidas que buscam alcançar a efetivação dos direitos e abstraído de relações sociais e históricas, porta tendências conservadoras de reprodução da ordem social, porque tanto despolitiza a chamada “questão social”, naturalizando-a, quanto, ao secundarizar as diferentes possibilidades de acesso aos bens e serviços dadas pela condição social das classes, acoberta as desigualdades (e a injustiça) e as condições históricas nas quais os direitos sociais resultaram de conquistas da classe trabalhadora. (GUERRA, 2011, p. 36). Neste sentido, faz-se necessário recorrer aos fundamentos filosóficos e as bases materiais e ideopolíticas sob as quais estes se assentam, buscando interpretar o significado sócio-histórico e ideocultural dos direitos sociais no contexto das sociedades de classe, as particularidades brasileiras e como estas se refratam na particularidade prático-profissional do Serviço Social, bem como na cultura profissional. (GUERRA, 2001, p.38). Para o assistente social, torna-se fundamental pautar sua intervenção profissional na aquisição da “consciência do direito”, para que este possa conquistar a efetividade real e concreta na vida dos sujeitos. No que diz respeito a Historicidade dos Direitos Humanos, Barroco advoga que a noção moderna de Direitos Humanos (DH) é inseparável da idéia de que a sociedade é capaz de garantir a justiça – através das leis e do Estado – e dos princípios que lhes servem de sustentação filosófica e política: a universalidade e o direito à vida, à liberdade e ao pensamento. A história dos direitos humanos está diretamente relacionada com o período moderno da história. A história social dos DH é resultante da luta de classes em defesa da liberdade e da justiça social, desde seu nascimento até as lutas atuais. Barroco (2011) pontua que a organização dos trabalhadores e dos sujeitos políticos em face da opressão, da exploração e da desigualdade, em dados momentos históricos, conquistaram grandes avanços, como os registrados pela Declaração de DH em 1948, onde os direitos econômicos e culturais foram agregados aos direitos civis e políticos, conquistados através das lutas do movimento operário do século XIX e XX. Também não se pode ignorar a força de pressão do movimento sindical e da organização política da esquerda, nas lutas pela viabilização dosa serviços públicos de saúde, educação, habitação, trabalho, previdência, assistência social na década de sessenta do século vinte. Sendo assim, é urgente para o Serviço Social, a consciência política de que a universalização dos DH implica a luta na direção da emancipação humana e na construção de uma sociedade em que não seja preciso lutar por direitos. Tema 3 – Reflexões acerca do Direito do Trabalho Este tema aborda dois conteúdos, sendo eles: ”Direitos do Trabalho: uma breve abordagem sobre suas origens”, de Cleier Marconsin, (2011), que aborda a

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trajetória dos direitos, enfatizando a modernidade e a constituição dos primeiros direitos sociais e da cidadania ou direitos humanos. Mostra que o movimento operário moderno (suas lutas) em conjunto com o balizamento teórico posto por Marx e Engels levou à construção dos direitos sociais que, posteriormente, passaram a ser englobados nos Direitos Humanos. (Forti e Guerra, 2011). O segundo texto é de Maria Celeste S. Marques, ”Uma Dimensão do Direito “AO” e “DO” Trabalho”, que parte da premissa de que o direito é produto e a política, produção, a não-dissociação do jurídico, do sociológico, do político e dos Direitos Humanos. (Forti e Guerra, 2011). Ao vincular o tema ao Serviço Social, é imprescindível que sejam aprofundados, por tratar-se de uma categoria fundante da profissão, norteadora do código de ética e do projeto ético-político profissional. Para Marcosin (2011, p. 63), o Serviço Social, tendo me vista o projeto ético-político atual, o deciframento crítico da realidade para seu enfrentamento tem como parâmetros: a defesa da liberdade, da justiça social e da democracia; um trabalho profissional baseado na busca de eliminação de todas as formas de preconceito e discriminação, com ênfase na defesa dos direitos humanos; na defesa da universalidade de acesso aos programas e políticas sociais públicos e de qualidade dos serviços públicos prestados a população. Um processo sócio-histórico, constituído de mediações econômicas, políticas e sociais. Para Marconsin (2011), os direitos do trabalho abrangem, historicamente, o reconhecimento social e legal e inserem-se nos denominados direitos sociais e de cidadania ou direitos humanos – num sentido mais amplo – como se estabeleceu a partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948. Assim, discorrer sobre “direitos” incita perceber que essa categoria foi introduzida na história da humanidade a partir de Revoluções significativas como a Francesa e a norteamericana que tiveram por fundamento a Revolução Industrial, “revoluções estas que inauguraram a modernidade, sob a égide do capital” (MARCONSIN, 2011, p. 64). A autora assevera que os direitos civis e políticos, também conhecidos por direitos de cidadania, foram os primeiros a existir na história na modernidade. Inscreveram-se sob as lutas burguesas fundamentados na filosofia iluminista e liberal. Esse processo revolucionário ofereceu fundamentos para a criação do Estado moderno. Para a autora, o protagonismo da classe trabalhadora foi fundamental para a ampliação dos direitos políticos, que, a partir da segunda metade do século XX, deixaram de ser exclusivos da burguesia. Salienta que os movimentos operários e socialistas, ao se juntarem a outros protestos por liberdades civis, encabeçados por uma minoria “sem direitos”, como escravos, mulheres, negros, homossexuais, deram início à construção de outros direitos embutidos nos direitos sociais, como o direito do trabalho. Quanto a temática Direito “ao” e “do” trabalho, faz-se necessário a distinção dos mesmos, na visão de Marques (2011): ”direito ao trabalho” é considerado como sinônimo de direito internacionalmente consagrado, assimilado por grande parte dos países como direito constitucional em suas respectivas ordens jurídicas internas, de que todo e qualquer indivíduo tem o direito de trabalhar de forma decente, independentemente da forma da relação a ser estabelecida. Já “direito do trabalho” pode-se definir como o conjunto de princípios, normas e instituições aplicáveis às

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relações de trabalho e às situações equiparáveis, tendo em vista a melhoria da condição social do trabalhador. Quanto a Direitos Humanos, na visão da autora, utiliza-se a expressão como sinônimo dos direitos fundamentais. Portanto, direitos fundamentais são os direitos individuais fundamentais (relativos à liberdade, à igualdade, à propriedade, à segurança e à vida); os direitos sociais (relativos à educação, ao trabalho, ao lazer, à seguridade social, entre outros); os direitos econômicos (relativos ao pleno emprego, ao meio ambiente e ao consumidor); direitos políticos (relativos às formas de realização da soberania popular). Para tratar do presente tema, a autora pontua as quatro gerações do direito, sendo a primeira delas relativa aos direitos individuais - originou-se no século XVII com a formulação da doutrina moderna sobre os direitos naturais. Por sua força ideológica esta luta resultou na criação do Estado Moderno. O direito de liberdade era a garantia da livre iniciativa econômica, livre manifestação da vontade, livre câmbio, liberdade de pensamento e expressão, liberdade de ir e vir, liberdade política, mão de obra livre. (MARQUES, 2011, pp. 81 e 82). A segunda geração dos direitos humanos trata dos direitos coletivos, sendo os direitos sociais relativos à saúde, educação, previdência e assistência social, lazer, trabalho, segurança e transporte.Os direitos econômicos inscreviam-se na viabilização de uma política econômica, ou seja, direito ao pleno emprego, transporte integrado à produção e direitos do consumidor. Os direitos políticos correspondiam ao direito de participação popular no poder do Estado. A terceira geração de direitos humanos – direitos dos povos ou da solidariedade – é fruto das lutas sociais somadas às transformações sociopolítico-econômicas ocorridas nos três últimos séculos da história do homem. Culminaram em conquistas sociais e democráticas envolvendo temas como a biodiversidade, o meio ambiente, entre outros. A quarta geração dos direitos humanos está ligada à comunicação, à democratização da informação, entre outros. A autora defende a universalização e indivisibilidade dos mesmos e indica grande preocupação internacional com o tema - direitos humanos, na atualidade. A autora enfatiza que o direito do Trabalho, estruturado no transcorrer do século XIX e aprimorado no século XX, hoje chega a ser visto como um ramo do Direito em vias de extinção, eis que tem como pilar de sustentação o contrato, atualmente bastante fragmentado e precarizado ante as crises e transformações das relações trabalhistas no regime capitalista hegemônico. (Marconsin, 2011, p. 91).

Tema 4 – Ética e Projeto Emancipatório O tema desta aula tem como base no artigo de Marlise Vinagre, “Ética, Direitos Humanos e Projeto Profissional Emancipatório”. A ética é concebida a partir da tradição marxista, é um momento da práxis, e deve ser entendida como uma instância fundamental do processo de transformação das relações humanas,o que é compatível com os Princípios Projeto Ético-Político do Serviço Social. Para Vinagre (2011), em seu cotidiano, os indivíduos expressam sentimentos e concepções, assumem posições e agem. Ao agir, fazem escolhas, tendo em vista determinados valores morais e fins a serem alcançados para satisfação de suas necessidades. Esses valores são introjetados como se fossem um fato natural [...]

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mas na verdade, os valores são construções sociais que impõem limite às relações sociais, regulando as relações dos indivíduos entre si e entre a coletividade. Os valores morais balizam ou são as referências que parametram as escolhas e o agir dos sujeitos em seu cotidiano. Vinagre acrescenta ainda que, sob o capitalismo, a alienação do sujeito em relação a si, ao outro e ao trabalho é uma condição e uma consequência, não tendo o indivíduo total domínio sobre suas necessidades e sobre sua vontade. Neste sentido, tendo o sujeito autonomia relativa para fazer escolhas, pode adquirir valores novos, interferindo na vida social e na moralidade de sua sociedade, no sentido de mudar o rumo da história no seu tempo presente. Para Vinagre (2011, p. 108), a moral (do latim mores) envolve normas e costumes instituídos pela sociedade e introjetados pelos indivíduos. Já a ética (do grego ethos) envolve postura livre e crítica da consciência, referenciada por princípios, tende para o universal, defendendo o bem, o belo e a felicidade, e questiona a moral. Tal visão tem base na concepção de “ser humano” como sujeito dotado de consciência, liberdade, vontade, dignidade e capacidade de projetar e agir para atender ao conjunto das necessidades humanas, aqui consideradas como substância concreta para a defesa dos direitos humanos. Assim, moral e ética se plasmam nas relações concretas cotidianas e constituem o campo da práxis social. Meditar sobre a moral, a ética e os direitos humanos implica em observar e situá-los na sociedade capitalista, sem perder de vista a evolução histórica da luta por direitos. No mundo dominado pelos interesses do capital, os vínculos morais foram se deteriorando, pela substituição dos valores humanos pelos valores próprios da coisificação e mercantilização das relações: o individualismo, o egoísmo, a competição, a propriedade privada. Nessa lógica o indivíduo tem valor pelo que tem. (Vinagre, 2011, p.110) A autora coloca duas categorias chave no debate da ética e dos direitos humanos: emancipação política e emancipação humana. A emancipação política diz respeito a possibilidade de satisfação de parte ou de grande parte das necessidades particulares das classes e de grupos presentes na sociedade, enquanto a emancipação humana refere-se à plena realização dos indivíduos sociais, o que requer autonomia e liberdade. Isto é, a emancipação humana está relacionada à total superação da propriedade privada e de processos de alienação e de dominação-exploração a que estão submetidos os indivíduos na sociedade burguesa – dois modos contraditoriamente articulados de reprodução da vida social no capitalismo. A emancipação política é viável no contexto da sociedade capitalista e a emancipação humana só se realiza plenamente com a liquidação do capitalismo, mas que a projeção da emancipação humana deve balizar as lutas sociais no presente e assim diminuir os efeitos predatórios do capitalismo. (VINAGRE, 2011, p. 111). Retomando ao Serviço Social, para compreender o Projeto Ético-Político do Serviço Social é necessário, compreender a emancipação humana, pois esta requer autonomia e liberdade dos sujeitos sociais. Desta forma, o exercício profissional do assistente social, com base no seu projeto emancipatório deve ser compromissado com a defesa intransigente de todos os direitos humanos, da justiça social, da democracia e da liberdade e isento de qualquer tipo de discriminação e preconceito.

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Tema 5 – Ética e Serviço Social O tema 5 foram fundamentadas no texto de Fátima Grave Ortiz ”Serviço Social e Ética: a constituição de uma imagem social renovada”. Para Forti e Guerra, o texto nos possibilita identificar princípios que norteiam a ética profissional do serviço Social tradicional, mostra como esses incidiram na constituição de uma imagem social para a profissão e a necessidade/possibilidade de superação disso, ou seja, constituição de outra imagem social para o Serviço Social. Para Ortiz (2011) o Serviço Social convive dialeticamente com duas faces que compõem a imagem da profissão junto à sociedade. A primeira, proveniente de sua trajetória sócio--histórica, e a segunda resulta de traços contemporâneos incorporados à profissão - a defesa de direitos sociais e dos interesses da classe trabalhadora. Esses traços antagônicos refletem tanto na profissão quanto na formação profissional. As “marcas de origem” da profissão fundam-se e articulam-se aos valores e princípios éticos tradicionalmente identificados, os quais vigoraram até 1986. A partir daí tem início um processo de renovação, pois as conquistas alcançadas pelo Código de 1986, o rompimento com a ética tradicional, foram fortalecidas pelo Código de 1993, cujo avanço foi à afirmação do compromisso ético-profissional com valores emancipadores universais, não mais restritos aos interesses particulares de uma determinada classe. Mas ao mesmo tempo em que a profissão assume valores emancipadores universais, passa a ter maior ciência da sua própria condição de trabalhador assalariado e, portanto, portadores de direitos. Trata-se agora de se conceber a profissão como uma especialização do trabalho coletivo, inscrita na divisão social e técnica do trabalho, e seus sujeitos profissionais como assalariados e, deste modo, submetidos formalmente à lógica do mercado, o que lhes impõe determinadas condições de trabalho [remuneração; jornada de trabalho; forma de vínculo empregatício] objetivas e subjetivas. (ORTIZ, 2011, p. 130). Essa condição de trabalho assalariado contribui para a reconfiguração da autoimagem profissional, uma vez que ao atuar e enfrentar os limites existentes no mundo do trabalho, desenvolve um novo modo de ser, desenvolve traços opostos aos que se fizeram presentes ao longo da trajetória histórica da profissão, ou seja, a imagem vinculada a ajuda e a caridade. Com o intuito de reforçar o entendimento do tema, recorremos a Ortiz (2011, p .134), que pontua a trajetória sócio-histórica do Serviço Social brasileiro, “ tal como no resto do globo, foi marcada pelo forte vinculo com a tradição conservadora, seja oriunda da Igreja católica, seja do pensamento laico positivista, donde repousou por muito nossa ética profissional. Tal vinculação, por sua vez, não se deu por acaso, mas era necessária para a forma como os profissionais de Serviço Social deveriam encaminhar suas ações junto a sua “clientela”. [...] não é surpreendente que o serviço Social sofresse a influência do pensamento conservador e, no caso brasileiro, participasse do projeto reformista-conservador. Foi, portanto, esta herança conservadora que reuniu os insumos necessários para a constituição de uma imagem socialmente consolidada da profissão no Brasil. Essa imagem foi formalmente superada com a consolidação do projeto ético-político. Assim, a autoimagem da profissão é fortemente influenciada pela Lei 8.662/93, o Código de Ética de 1993 e as Diretrizes Curriculares de 1996. O conhecimento de tais documentos são fundamentais para os estudantes/estagiários e profissionais.

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Tema 6 - Relação de Custódia e o Exercício Profissional Este tema foi organizado com base no artigo: Notas reflexivas sobre a Relação de Custódia e o Exercício Profissional: o Caso do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, de Dantas e Pereira (2011). O texto propõe uma reflexão frente aos dilemas éticos enfrentados pelos profissionais que atuam no campo da execução penal e aplicação de medidas de segurança, bem como as possibilidades de atuação, como subsidio a intervenção profissional. Para Dantas e Pereira (2011), a reflexão tem como base o caso do Hospital de Custódia e o tratamento psiquiátrico dos presos e a relação destes com os trabalhadores do Sistema Penal brasileiro. Entende-se que o campo da execução penal está organizadamente vinculado ao sistema de Justiça Criminal brasileiro, composto pelo Poder Judiciário, pelo Sistema Penal – integrante do Poder Executivo, pelo Ministério Público e pelas Polícias/Defensoria Pública e pelas polícias. Em nota explicativa, as autoras esclarecem que, no texto, referem-se aos órgãos do Sistema de Justiça Criminal tanto da esfera estadual quanto federal, uma vez que o Brasil obedece à lógica republicana federativa. As autoras asseveram que, embora as formas de punição sejam construídas socialmente e materializadas em leis e regulamentos, nem sempre a prática confirma essa regra. Essa afirmação tem como base a observação da vida sob custódia e da prática cotidiana dos profissionais que prestam esse serviço. De acordo com Dantas e Pereira (2011, p. 145): o cotidiano em que se pratica a relação de custódia está repleto de violações de direitos, sejam direitos não efetivados pelo Estado custodiador – tal como o fornecimento de bens materiais de uso pessoal – seja a invasão da privacidade dos corpos dos visitantes, cuja “praxe” da revista permanece sem regulamentação oficial, legal, no país. As autoras nos remetem a uma leitura atenta sobre as abordagens feitas por estudiosos do tema, acerca da loucura, expondo a complexa relação entre o louco infrator, a psiquiatria, a medicina legal e a justiça penal. O trabalho do assistente social se dá no cenário de um hospital de custódia, cuja cultura prisional possui praxes próprias, bem como a linguagem de funcionários e pacientes, que reproduzem o jargão prisional. Atua em duas políticas públicas – a política penitenciária e a política de saúde mental. Diante da complexidade de ambas, cria-se um embate entre uma práxis baseada na cultura prisional e outra comprometida com um projeto societário mais amplo, resultado de movimento iniciado nos anos 1970 e consolidado em 1990, que busca um modelo de assistência em saúde mental centrada no sujeito e não na doença. Assim, os profissionais refutam a denominação de “profissionais da saúde”, por entenderem que a atuação no Sistema de Justiça Criminal confere uma visão ampliada da identidade profissional. Retomando aos conflitos éticos postos no início desta matéria, bem como a necessidade de amadurecer acerca da relação de custódia e da função custodiadora. Segundo Dantas e Pereira (2011, p. 156): “para amadurecer é preciso refletir, discutir, observar o cotidiano, questionar o que está instituído, pesquisar e pensar sobre os referenciais teóricos que podem nos iluminar para construirmos, instituirmos algo novo que tenha como foco o sujeito, sua singularidade, sem perder de vista a totalidade da vida social”.

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