roteiro de estudo para o exame final -...

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1 Componente curricular: Língua Portuguesa Professora: Belkis F. de Oliveira “Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer.” Albert Einstein Roteiro de Estudo para o Exame Final (Data da Prova: 12/12/2013) I Conteúdos selecionados para o Exame Final, de acordo com a abordagem realizada nos trimestres: 1° Trimestre 2° Trimestre 3° Trimestre Análise da linguagem: gramática normativa e gramática textual. Gramática normativa: - Fonética e fonologia (ortoepia); - Acentuação (revisão). . - Morfologia: estrutura e formação das palavras; - Morfologia: revisão geral, foco: pronomes e verbos; - Sintaxe: termos essenciais, integrantes e acessórios da oração. Gramática textual: língua, linguagem e fala; representações da linguagem verbal; variação linguística; registro formal e informal; polissemia (ambiguidade, denotação e conotação); elementos do processo de comunicação; clareza e objetividade no uso da linguagem; procedimentos argumentativos. Leitura e interpretação textual: gêneros do discurso abordados em todos os trimestres. II Como estudar: 1. Refaça os instrumentos avaliativos: testes, trabalhos e provas; 2. Consulte o livro didático da FTD: sistema de ensino Módulo1 (P7), Módulo 2 (P15- P16) e Módulo 3 (P23 P24) - Teoria e Caderno de Atividades; 3. Releia as anotações feitas em aula e os materiais impressos trabalhados; 4. Refaça os materiais entregues nas aulas de Estudos de Recuperação, realizadas a cada trimestre; 5. Consulte o Ambiente de Aprendizagem do colégio plataforma Moodle para rever os materiais que foram disponibilizados ao longo do ano letivo; 6. Faça as atividades do Banco de Questões, que constam neste material de orientação para o Exame Final.

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1

Componente curricular: Língua Portuguesa Professora: Belkis F. de Oliveira

“Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer.”

Albert Einstein

Roteiro de Estudo para o Exame Final

(Data da Prova: 12/12/2013) I – Conteúdos selecionados para o Exame Final, de acordo com a abordagem

realizada nos trimestres:

1° Trimestre 2° Trimestre 3° Trimestre

Análise da linguagem: gramática normativa e gramática textual.

Gramática normativa:

- Fonética e fonologia (ortoepia); - Acentuação (revisão). .

- Morfologia: estrutura e formação das palavras; - Morfologia: revisão geral, foco: pronomes e verbos;

- Sintaxe: termos essenciais, integrantes e acessórios da oração.

Gramática textual: língua, linguagem e fala; representações da linguagem verbal; variação linguística; registro formal e informal; polissemia (ambiguidade, denotação e conotação); elementos do processo de comunicação; clareza e objetividade no uso da linguagem; procedimentos argumentativos.

Leitura e interpretação textual: gêneros do discurso abordados em todos os trimestres.

II – Como estudar: 1. Refaça os instrumentos avaliativos: testes, trabalhos e provas; 2. Consulte o livro didático da FTD: sistema de ensino – Módulo1 (P7), Módulo 2 (P15- P16)

e Módulo 3 (P23 – P24) - Teoria e Caderno de Atividades; 3. Releia as anotações feitas em aula e os materiais impressos trabalhados; 4. Refaça os materiais entregues nas aulas de Estudos de Recuperação, realizadas a cada

trimestre; 5. Consulte o Ambiente de Aprendizagem do colégio – plataforma Moodle – para rever os

materiais que foram disponibilizados ao longo do ano letivo; 6. Faça as atividades do Banco de Questões, que constam neste material de orientação

para o Exame Final.

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QUESTÕES COM FOCO NO 3° TRIMESTRE

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

27 28 29 30 31 32 33 34 35 37

38 39 40 41 42 43 44 46 47 48

51 55 56 58 60 61 62 63 64 66

68 69 73 81 82 83 89 101 103 104

107 108 110

Questão 01)

Assinale a alternativa em que o x nunca é pronunciado como ks:

a) tóxico / máximo / prolixo

b) êxtase / exímio / léxico

c) máximo / êxodo / exportar

d) exportar / nexo / tóxico

e) exímio / prolixo / êxodo

Gab: C

Questão 02)

A palavra sanguessuga possui 11 letras, 8 fonemas e 3 dígrafos; democracia tem 10 letras, 1 encontro

consonantal e 1 hiato. Relacione as duas colunas a seguir e depois assinale a alternativa com a seqüência

correta.

1. república

2. hábito

3. reeleição

4. candidatos

5. corrupção

6. excessivo

( ) 9 fonemas, 1 dígrafo

( ) 7 fonemas, 2 dígrafos

( ) 8 fonemas, 1 dígrafo, 1 encontro consonantal

( ) 9 fonemas, 1 encontro consonantal

( ) 9 fonemas, 2 ditongos, 1 hiato

( ) 5 fonemas

a) 6 - 4 - 1 - 5 - 3 - 2

b) 2 - 4 - 5 - 6 - 3 - 1

c) 5 - 1 - 6 - 4 - 2 - 3

d) 4 - 6 - 5 - 1 - 3 - 2

e) 3 - 5 - 2 - 6 - 4 - 1

Gab: D

Questão 03)

Assinale a opção em que o vocábulo apresenta ao mesmo tempo um encontro consonantal, um dígrafo

consonantal e um ditongo fonético.

a) ninguém

b) coalhou

c) iam

3

d) nenhum

e) murcham

Gab: E

Questão 04)

Conforme o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a partir de janeiro de 2013, a ortografia portuguesa

passa por algumas mudanças. Algumas dessas mudanças estão relacionadas à (ao):

a) Crase. Acentuação. Hífen.

b) Alfabeto. Acentuação. Trema.

c) Trema. Pronúncia. Hífen.

d) Alfabeto. Hífen. Crase.

e) Trema. Acentuação. Pronúncia.

Gab: B

Questão 05)

(http://blogdoorlandeli.zip.net/arch2009-01-11_2009-01-17.html)

Levando em conta as informações do primeiro quadrinho, identifique a alternativa que apresenta a palavra que

também sofreu alterações na acentuação gráfica devido à regra mencionada.

a) plateia

b) heroico

c) gratuito

d) baiuca

e) caiu

Gab: D

Questão 06)

Leia o texto abaixo.

Com mais de 50 anos de escrevinhação nas costas, descobri algumas ideias que muita gente faz da vida de um

escritor. Por exemplo, tem quem ache que os escritores, notadamente entre eles mesmos, só falam difícil, uma

proparoxítona para abrir, uma mesóclise para dar classe e um tetrassílabo para arrematar. "Em teu parecer, meu

impertérrito amigo", perguntaria eu ao Rubem Fonseca, durante nosso almoço periódico, "abater-se-á hoje,

sobre a nossa urbe, uma formidanda intempérie?" Ao que o Zé Rubem reagiria com uma anástrofe, um mais-

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que-perfeito fazendo as vezes do imperfeito do subjuntivo e uma aliteração final show de bola, coisa de craque

mesmo. "Augure do tempo fora eu, pressagiá-lo-ia libentissimamente", responderia ele. "Todavia, de tal não me

trato." E assim iríamos almoço afora, discutindo elevadíssimos assuntos, em linguagem só compreensível por

indivíduos especiais.

(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo, 03/07/2011)

Ao comentar a suposta sofisticação presente nas falas dos escritores, João Ubaldo Ribeiro faz menção a vários

fenômenos de linguagem. A respeito deles, está correto o que se afirma em:

a) Os tetrassílabos ocorrem quando as palavras contêm um grupo de duas letras que representam um único

fonema.

b) A mesóclise, exemplificada em formas como “abater-se-á”, é uma construção que determina a colocação do

pronome em relação ao verbo.

c) A anástrofe consiste em estabelecer a concordância ideológica, isto é, de acordo com a ideia e não com as

palavras que efetivamente aparecem na oração.

d) O pretérito mais que perfeito e o imperfeito do subjuntivo expressam um processo verbal indicativo de

exortação e advertência.

e) A aliteração, empregada pelo autor em “libentissimamente”, exprime o auge da intensificação de uma

qualidade.

Gab: B

Questão 07)

Dois amigos conversam:

Amigo 1: "Faz tempo que não vejo ela".

Amigo 2: "Pois eu vi ela ontem à noite".

Há quem brinque com esse tipo de construção da frase. No português falado do Brasil, na língua do dia-a-dia, o

____________ (eu, tu, ele, nós, vós, eles) assumiu definitivamente o papel de ___________. Nós dizemos, no

dia-a-dia, "faz tempo que não vejo ele", "eu vou encontrar ela amanhã" e por aí vai. Isso não está no padrão

formal da língua portuguesa. O correto seria:

"Faz tempo que eu não o vejo."

"Eu devo encontrá-la amanhã."

a) Pronome reto, complemento verbal.

b) Pronome impessoal, adjunto adnominal.

c) Pronome oblíquo, advérbio.

d) Pronome reto, advérbio.

e) Pronome reto, adjetivo.

Gab: A

Questão 08)

No quadrinho abaixo, observamos um problema de comunicação entre os personagens. Assinale a alternativa

que apresenta o elemento da comunicação que levou a esse problema.

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a) Canal.

b) Código.

c) Referente.

d) Mensagem.

e) Receptor.

Gab: B

Questão 09)

Leia o texto abaixo.

Para fazer um poema dadaísta

Pegue num jornal.

Pegue numa tesoura.

Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.

Recorte o artigo.

Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.

Agite suavemente.

Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.

Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.

O poema parecer-se-á consigo.

E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que

incompreendido pelas pessoas vulgares.

(Tristan Tzara)

A metalinguagem, presente no poema de Tristan Tzara, também é encontrada de modo mais evidente em:

a) Receita de Herói

Tome-se um homem feito de nada

Como nós em tamanho natural

Embeba-se-lhe a carne

Lentamente

De uma certeza aguda, irracional

Intensa como o ódio ou como a fome.

Depois perto do fim

Agite-se um pendão

E toque-se um clarim

Serve-se morto. FERREIRA, Reinaldo. Receita de Herói. In: GERALDI, João

Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes,

1991, p.185.

b)

c)

http://deposito-de-tirinhas.tumblr.com/page/2

6

d)

e)

Gab: C

Questão 10)

Leia a charge.

(www.acharge.com.br.)

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A charge ironiza:

a) a velocidade na cobrança de impostos do cidadão brasileiro. O título contém um substantivo formado por

hibridismo.

b) a carga tributária que recai sobre o cidadão brasileiro. O título contém um substantivo composto a partir de

“imposto” e do radical grego “-metro”.

c) o método de cobrança de impostos do cidadão brasileiro. O título contém um substantivo composto a partir

dos substantivos “imposto” e “metro”.

d) a falta de dinheiro do cidadão brasileiro. O título contém um substantivo derivado de “imposto” com o

acréscimo do sufixo “-metro”.

e) a intensidade dos impostos cobrados do cidadão brasileiro. O título contém um substantivo formado a partir

de um verbo.

Gab: B

Questão 11)

Palavras e segmentos diversos do texto podem ser expressos de outras formas graças à utilização dos recursos

gramaticais da língua, como os processos de derivação prefixal e sufixal e a variação das estruturas sintáticas.

a) Aqui encontra-se o substantivo derivado "submetimento" . Cite um sinônimo deste substantivo, derivado por

meio de outro sufixo, e indique o verbo do qual ambos derivam.

b) "através de concepções BASTANTE CONVENIENTES A SEUS PROPÓSITOS".

Substitua a parte destacada do trecho acima por uma oração de sentido equivalente, constituída de

pronome relativo e verbo cognato do adjetivo "convenientes".

Gab:

a) Submissão.

Verbo submeter.

b) que convinham bastante a seus propósitos

Questão 12)

Sobre o processo de "verbar palavras", assinale a alternativa correta.

a) O menino, usando as palavras "quando" e "agora", convence o tigre de que tal processo acaba de ser criado

e fará a língua melhorar.

b) Para o menino, o processo amplia o vocabulário, pois cria verbos paralelos a formas nominais pré-

existentes, opinião reforçada pelo uso de "também".

c) Para o tigre, com o emprego do processo, a língua pode ser estropiada, mas se torna mais dinâmica.

d) Para o tigre, é uma sorte o processo ter sido descoberto, pois contribuirá para que a língua recupere sua

função de código de comunicação.

e) O tigre e o menino possuem um plano de divulgação do processo que tornará a língua um empecilho para a

intercompreensão.

Gab: B

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Questão 13)

Assinale o item em que o par de prefixos grifados não possua equivalência de significado:

a) dilema / bienal

b) disenteria / discordar

c) hemisfério / semicírculo

d) sinestesia / companhia

e) endoscopia / ingerir

Gab: B

Questão 14)

Quanto à estrutura e formação de palavras, assinale a alternativa correta.

a) Perfeição e percurso são palavras cognatas.

b) Em combatente, ocorre derivação parassintética.

c) A palavra pontiagudo é formada por justaposição.

d) Em exportar e êxodo, os prefixos têm sentido correspondente.

e) Em hipótese, o prefixo indica “antes, anterioridade”.

Gab: D

Questão 15)

Leia a tira.

Folha de S.Paulo, 26.10.2012)

Observando os termos “doente” e “egoísta” (1.º quadrinho) e “doença” e “egoísmo” (3.º quadrinho), é correto

afirmar que:

a) os dois primeiros são advérbios, pois expressam circunstância de modo; os dois últimos são adjetivos, pois

qualificam o termo “lucrar”.

b) os quatro são substantivos, sendo que há relação de sinonímia entre “doente-doença” e “egoísta-egoísmo”.

c) os dois primeiros são substantivos, pois nomeiam a “sociedade”; os dois últimos são adjetivos, pois são

predicativos de “lucrar”.

d) os quatro são adjetivos, sendo que há relação de sentido entre “doente-doença” e “egoísta-egoísmo”, que

são palavras derivadas.

e) os dois primeiros são adjetivos, pois qualificam o substantivo “sociedade”; os dois últimos são substantivos,

pois nomeiam.

Gab: E

Questão 16)

A sentença “Ele anda ouvindo música” pode ser interpretada de duas formas: a) ele ouve música enquanto

caminha – neste caso, o verbo “andar” funciona como verbo pleno, significando “caminhar”; b) a atividade de ele

ouvir música tem se repetido ultimamente – neste caso, o verbo “andar” se esvazia de seu sentido pleno e

funciona como elemento gramatical, um auxiliar. Podemos identificar no português outros verbos que podem ter

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esses dois usos: um com seu sentido lexical pleno e outro funcionando como elemento gramatical. Tendo isso

em vista, considere os conjuntos de sentenças abaixo:

1. Ele chegou na festa e bagunçou o tempo todo.

Ele chegou a interferir no processo, mas foi neutralizado.

2. Ela está querendo comer camarão.

Ela está querendo ficar doente.

3. O que ela fez com a faca que estava no chão? Ela pegou e guardou na gaveta.

Como ele agiu quando se deparou com o grupo? Ah, ele pegou e foi batendo em todo mundo.

4. Todos trabalham pela causa.

Eles trabalham vendendo computadores.

Em qualquer caso, independente do contexto, o verbo grifado pode ser interpretado com sentido lexical pleno

em ambas as ocorrências:

a) do conjunto 3 apenas.

b) do conjunto 4 apenas.

c) dos conjuntos 1 e 4 apenas.

d) dos conjuntos 1 e 2 apenas.

e) dos conjuntos 2, 3 e 4 apenas.

Gab: B

Questão 17)

Assinale a única frase com verbo de ligação.

a) Todo mundo bebe e sai dirigindo.

b) O discurso muda radicalmente quando se passa da condição de infrator à de vítima.

c) Beber e dirigir coloca sua vida e a de outras pessoas em risco.

d) No Brasil, 36 mil mortes no trânsito por ano estão ligadas à combinação perversa de álcool e direção.

e) Brindemos à lei seca.

Gab: D

Questão 18)

Assinale a opção em que o predicado da oração é verbo-nominal:

a) Por que andas, jovem rapaz, meio sorumbático?

b) Só na ficção infantil um sapo pode virar príncipe.

c) O rato, após cruel assédio, foi devorado pelo manhoso bichano.

d) Esse talentoso rapaz nasceu músico.

e) Continuo aqui. Que jeito!

Gab: D

Questão 19)

…não apenas a devastação causada pela guerra condenara a maior parte da Europa à pobreza…

A predicação do verbo grifado na frase acima se repete em:

a) despertou esperanças tão grandes quanto a catástrofe…

b) no qual a paz e a prosperidade seriam o destino de todos.

c) que não ficava muito longe da ditadura nazista.

d) e essa conclusão positiva resiste a muitas das restrições…

e) impôs a grande parte do continente um regime repressivo…

Gab: E

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Questão 20)

1 "Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome,

comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. ELE,

a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos - e a lembrança dos

sofrimentos passados esmorecera(...).

2 - Fabiano, VOCÊ é um homem, exclamou em voz alta.

3 Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E,

pensando bem, ele não era um homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. (...)

Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, ALGUÉM tivesse percebido a frase imprudente.

Corrigiu-a, murmurando:

4 - Você é um bicho, Fabiano.

5 Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades".

Observe a oração: "Fabiano ia SATISFEITO". O termo em destaque assume a função de:

a) predicativo do sujeito

b) objeto direto

c) adjunto adverbial

d) adjunto adnominal

e) agente da passiva

Gab: A

Questão 21)

Indique a opção em que o termo grifado NÃO é predicativo.

a) “As palavras, porém, são mais difíceis ...”

b) “... e vêm carregadas de uma vida ...”

c) “... vi-me cercada de pessoas ...”

d) “... selecionado animadamente e com grande competência ...”

e) “Pareciam pequenas abelhas alegres ...”

Gab: D

Questão 22)

Indique a opção em que o termo grifado NÃO é predicativo.

a) “As palavras, porém, são mais difíceis …”

b) “… e vêm carregadas de uma vida…”

c) “…vi-me cercada de pessoas…”

d) “…selecionando animadamente e com grande competência…”

e) “Pareciam pequenas abelhas alegres…”

Gab: D

Questão 23)

"CARIOCA (...) FOI O NOME DADO EM VIRTUDE DO DEPÓSITO DE PIPAS DE ÁGUAS FRESCA."

A opção correta, quanto à sintaxe da oração acima, é:

a) o predicado é nominal.

b) o predicado é verbal.

c) o verbo, na oração, é transitivo direto.

d) EM VIRTUDE DO DEPÓSITO ... FRESCA é adjunto adverbial de conseqüência.

e) DE ÁGUA FRESCA é complemento nominal.

Gab: B

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Questão 24)

Assinale a oração cujo sujeito é inexistente.

a) Houve-se muito bem o rapaz na prova.

b) Havia falado sobre tal assunto.

c) Há de existir uma solução.

d) Não há possibilidade de êxito.

e) Havia-o por louco.

Gab: D

Questão 25)

Texto

UM SONHO DE SIMPLICIDADE

Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de

simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer essa

pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma

necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos

no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?

Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor, me

surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.

A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida simples mulher, que mais? Que se

possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava a

água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça.

Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A gente

tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom.

Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barraca, no meio do mato e, chegamos à

choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei,

numa grande rede branca - foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um

pedaço de peixe moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em

tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e vozes distantes de animais noturnos.

Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma vida de

acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais

aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a gente vai jogando um

baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas par que, essa eterna

curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?

Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não

assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas...

Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e

concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.

Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um instante. O telefone toca. Um

momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número... Para que tomar nota? Não

precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver - sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos,

bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.

(BRAGA, Rubem. In: 200 crônicas escolhidas, 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1979. p.262-3.)

A respeito do sujeito do verbo poder no enunciado – “Que se possa andar limpo”... (L. 18) – é CORRETO afirmar

que:

a) é indeterminado.

b) é inexistente.

c) é composto.

d) é simples.

e) é oculto.

Gab: A

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Questão 26)

Nas orações a seguir:

I. No trabalho, use equipamento de proteção.

II. Júlio, no clube, falaram mal de você.

III. Vendeu-se a pá.

O sujeito é, respectivamente:

a) simples, simples, simples.

b) oculto, simples, simples.

c) indeterminado, indeterminado, simples.

d) oculto, indeterminado, simples.

e) oculto, indeterminado, indeterminado.

Gab: D

Questão 27)

Analise a tira.

(Folha de S.Paulo, 10.12.2008)

a) No primeiro quadrinho, a palavra Deus ocorre na fala das duas personagens. Explique a função sintática que

ela assume em cada uma dessas ocorrências.

b) No segundo quadrinho, a personagem afirma: Preciso de provas. Supondo que ela utilizasse uma frase

completa, com as informações do seu interlocutor, reescreva a frase que resultaria dessa mistura, iniciando

com Preciso de provas e justificando a escolha dos elementos que devem unir as informações.

Gab:

a) No primeiro caso, Deus é um sujeito (pratica a ação expressa pelo verbo da oração e concorda com esse

verbo); no segundo caso, é agente da passiva (pratica a ação expressa pelo verbo, mas não concorda com

ele)

b) Começando com as informações da segunda fala e articulando-as com as da primeira obtém-se: Preciso de

provas de que você é filho de Deus. No caso, houve a necessidade da preposição de e da conjunção que,

completando o sentido do substantivo provas, na formação de um período composto.

Questão 28)

Assinale a função sintática do elemento sublinhado:

“A invasão das escolas por esses novos equipamentos tecnológicos exige adaptação.”

a) Complemento nominal

b) Adjunto adnominal

c) Adjunto adverbial

d) Objeto indireto

e) Objeto direto

Gab: A

13

Questão 29)

A expressão sublinhada na oração "Qualquer pessoa vende produto para qualquer outra pessoa" exerce a

mesma função sintática da expressão sublinhada em:

a) As empresas estão estudando formas de estabelecer um padrão.

b) Seja quando se trata de informação privativa.

c) Por isso ainda há muitos problemas.

d) A desconfiança quanto à segurança, indispensável ao comércio livre.

e) É a principal chave para o sucesso da INTERNET comercial.

Gab: B

Questão 30)

“Perto de você me calo

Tudo penso e nada falo

Tenho medo de chorar.

Nunca mais quero o seu beijo

Mas meu último desejo

Você não pode negar.”

(Noel Rosa)

Sobre o texto de Noel Rosa, pode se afirmar que

a) “medo” tem a mesma função sintática de “beijo”.

b) “calo” é predicativo.

c) “perto de você” é complemento nominal.

d) “tudo” é sujeito de penso.

e) “nada” é sujeito de falo.

Gab: A

Questão 31)

Filha de faraó 1Vem para o Brasil minha Luz da Luz, minha Flor da Religião, o hissopo brota da parede aqui tudo é

2leve como

se a vida fosse uma música ou poesia [...] no Brasil com um só olhar em um só instante 3tu ias poder ver o mar

montanhas céu azul e sol cidade e campo, passado e presente, como no 4Líbano, na América para ver tudo isso

tinha de fechar os olhos, olharia as montanhas com olhos 5longos apaixonados, as encostas que me apertavam

o peito e a aldeia, aprendi a amar Beirute 6quando perdi Beirute, esqueci Beirute e aprendi a amar a América,

quantas vezes disse adeus, 7fechei os olhos senti a nái em meu peito correndo o som da nái o hand drum

embalava sagat reque 8daff pact as mãos nas tranças, o corpo se entrega à alma e a alma prende o corpo, um

sentimento 9de ser invertida, a alma por fora o corpo por dentro.

MIRANDA, Ana. Amrik. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 44.

Considere o texto para contextualizar as proposições abaixo e assinale a(s) CORRETA(S).

01. O texto inicia com o verbo vir no modo imperativo – “Vem para o Brasil” – o que se mostra inadequado, porque esse modo verbal é usado para dar ordens, e Amina não deve obediência ao tio.

02. A partir do trecho “na América para ver tudo isso tinha de fechar os olhos” (ref. 4) observa-se uma súbita mudança da perspectiva de Naim para a de Amina, perceptível, entre outras coisas, pelas formas verbais, que passam da segunda para a primeira pessoa do singular.

04. Na perspectiva das personagens, Brasil, América e Líbano apresentam semelhanças e diferenças paisagísticas: os dois primeiros lugares apresentam características geográficas em comum, contrastando com o terceiro.

08. Por uma escolha estilística da autora, a palavra “Beirute” aparece três vezes seguidas (ref. 5 e 6). As duas últimas ocorrências poderiam ser substituídas pelo pronome oblíquo a – quando a perdi, esqueci-a – porque em ambos os casos “Beirute” funciona como objeto direto.

16. Para representar o fluxo de consciência da protagonista, a autora omite sinais de pontuação. Se tivesse sido usada pontuação convencional, o trecho “como no Líbano, na América para ver tudo isso tinha de fechar os olhos” (ref. 3 e 4) poderia ser uma frase delimitada por pontos, sem alteração do sentido do texto.

Gab: 10

14

Questão 32)

Assinale a opção de que consta afirmativa falsa sobre a análise sintática do terceto abaixo, extraído do soneto

“Versos íntimos”, de Augusto dos Anjos:

Toma um fósforo. Acende o teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

a) No segundo verso, beijo é o sujeito.

b) No segundo verso, véspera do escarro é o objeto direto.

c) No terceiro verso, há duas orações adjetivas restritivas, porém não coordenadas entre si. O sujeito de ambas

é o pronome relativo que.

d) No segundo verso, amigo é o vocativo.

e) No verso inicial do terceto, há dois períodos simples. Em ambos o verbo está no imperativo e tem por sujeito

o pronome tu.

Gab: B

Questão 33)

Assinale a alternativa em que se converteu erroneamente a voz ativa na passiva:

a) As chuvas, em algumas regiões, provocam inundações terríveis. Inundações terríveis, em algumas regiões,

são provocadas pelas chuvas.

b) O pai lhe aconselhava maior prudência. Maior prudência lhe era aconselhada pelo pai.

c) Quem me cassará a palavra? Por quem a palavra me seria cassada?

d) Exaltavam sempre a inteligência de Aristarco. A inteligência de Aristarco era sempre exaltada.

e) Promover-se-ão festas durante o mês do santo padroeiro. Festas serão promovidas durante o mês do santo

padroeiro.

Gab: C

Questão 34)

Colocando a oração “No peito pintou-se a águia ”, na ordem direta e na voz ativa, temos:

a) Pintaram a águia no peito;

b) A águia pintou-se no peito;

c) No peito, a águia pintaram;

d) Tinha-se pintado no peito a águia;

e) A águia foi pintada no peito.

Gab: B

Questão 35)

Texto 1

Esquecer algumas coisas facilita lembrar outras

Esquecer uma informação menos importante, mediante um processo de memória seletiva, torna mais fácil

lembrar um dado mais relevante, segundo um estudo elaborado por cientistas dos Estados Unidos. Para chegar

a esta conclusão, que a revista científica britânica “Nature Neuroscience” traz em sua última edição, os

especialistas fizeram ressonâncias magnéticas em indivíduos enquanto estes tentavam lembrar associações de

palavras que tinham aprendido anteriormente. 5Durante os exames, os cientistas analisaram o comportamento do córtex pré-frontal, a parte do cérebro que

participa do processo de recuperação das informações armazenadas na memória. Como se fosse uma

competição em que uma informação vence quando outra é descartada, quanto maior o número de coisas que os

pesquisados esqueciam, menos ativo o córtex pré-frontal se mostrava, isto é, menos recursos o cérebro

precisava usar para recuperar uma informação.

Portanto, para os indivíduos que participaram da experiência, foi muito mais simples lembrar uma associação de

palavras ao esquecer outras.

Adaptado de texto disponível em: Yahoo Notícias, <http://br.noticias.yahoo.com>, 03 de junho de 2007.

15

Texto 2

Esquecimento de impressões e conhecimentos

Também nas pessoas saudáveis, não neuróticas, encontramos sinais abundantes de que uma resistência se

opõe à lembrança de impressões penosas, à representação de pensamentos aflitivos. [...]

O ponto de vista aqui desenvolvido – de que as lembranças aflitivas sucumbem com especial facilidade ao

esquecimento motivado – merece ser aplicado em muitos campos que até hoje lhe concederam muito pouca ou

nenhuma atenção. 5Assim, parece-me que ele ainda não foi enfatizado com força suficiente na avaliação dos

testemunhos prestados nos tribunais, onde é patente que se considera o juramento da testemunha capaz de

exercer uma influência exageradamente purificadora sobre o jogo de suas forças psíquicas. É universalmente

reconhecido que, no tocante à origem das tradições e da história legendária de um povo, é preciso levar em

conta esse tipo de motivo, cuja meta é apagar da memória tudo o que seja penoso para o sentimento nacional.

FREUD, Sigmund. Fragmento de Sobre a psicopatologia da vida cotidiana. Edição standard brasileira das obras

psicológicas completas de Sigmund Freud, vol. VI, Tradução dirigida por Jayme Salomão, Rio de Janeiro: Imago,

1996, p. 152-153.

a) Os Textos 1 e 2 tematizam o esquecimento, associando sua ocorrência a fatores distintos. Diga quais são

esses fatores e compare-os quanto à sua natureza.

b) No experimento descrito no Texto 1, que relação foi observada entre a menor atividade do córtex pré-frontal

e o desempenho dos participantes na tarefa proposta?

c) Leia o período abaixo, extraído do Texto 2 (linhas 5-7), e retire o termo oracional que exerce a mesma função

sintática de muito divertida em O menino achou muito divertida a comédia.

“Assim, parece-me que ele ainda não foi enfatizado com força suficiente na avaliação dos testemunhos

prestados nos tribunais, onde é patente que se considera o juramento da testemunha capaz de exercer uma

influência exageradamente purificadora sobre o jogo de suas forças psíquicas.”

Gab:

a) O Texto 1 associa o esquecimento a fatores de natureza neurofisiológica: processos de memória seletiva

relacionados ao modo como o cérebro armazena e recupera informações. O Texto 2, por sua vez, vincula o

esquecimento a fatores de ordem psicológica: forças psíquicas ligadas à necessidade de evitar lembranças

particularmente aflitivas e desagradáveis.

b) A menor atividade do córtex pré-frontal foi relacionada a um melhor desempenho dos pesquisados na tarefa

experimental envolvendo associações de palavras.

c) O termo oracional que exerce a mesma função sintática da expressão destacada é “capaz de exercer uma

influência exageradamente purificadora sobre o jogo de suas forças psíquicas”. (A função sintática nos dois

casos é predicativo).

TEXTO: 1 - Comum à questão: 36

01

Estava longe de ser um Escort XR3 ou um Gol GTI, mas tinha lá seu 02

charme, até porque era uma marca

genuinamente nacional. Um dos 03

carrinhos da montadora Gurgel fez história nos anos 80: o compacto 04

BR-800,

feito em São Paulo (o número era uma referência à cilindrada 05

do motor). O que pouca gente sabe é que aquela

simpática caixinha 06

de fósforos com rodas teria o nome Cena (Carro Econômico 07

Nacional). Antes de começar

a ser produzido, porém, Ayrton Senna 08

entrou na Justiça exigindo que o carro fosse rebatizado. A Gurgel 09

não

quis briga e o BR-800 ganhou as ruas em 1988.

Adaptado de Almanaque anos 80

Questão 36)

Assinale a alternativa correta.

a) No vocábulo rebatizado (ref. 08), verifica-se o processo de formação de palavras por prefixação, semelhante

ao que ocorre em referência.

b) porém (ref. 07) é conjunção e denota idéia de exclusão.

c) Cena e Senna exemplificam o fenômeno da homofonia, isto é, são palavras pronunciadas da mesma

maneira, mas com sentidos diferentes.

16

d) Em A Gurgel não quis briga e o BR-800 ganhou as ruas em 1988, a conjunção poderia ser trocada, sem

prejuízo do sentido original, por “todavia”.

e) Os parênteses nas linhas quatro e cinco contêm correção ao que foi dito anteriormente.

Gab: C

TEXTO: 2 - Comum à questão: 37

DEIXEM JESON EM PAZ

André Petry

Sou a favor da legislação da eutanásia. É uma louvável alternativa que o homem encontrou para morrer com

dignidade, para evitar o suplício das dores vãs. Mesmo assim, mesmo defendendo que a eutanásia seja um

direito disciplinado na lei brasileira, eu precisaria ser louco para apontar o dedo, atirar uma pedra ou escrever

uma linha que fosse contra a atitude de Rosemara dos Santos Souza, a mãe de Jhéck Breener de Oliveira, que

luta para impedir que seu filho seja submetido à eutanásia. O pequeno Jhéck, 4 anos, está num leito de UTI,

vítima de uma doença degenerativa irreversível. Já perdeu a fala, a visão, o movimento dos braços e pernas,

alimentase por meio de sonda e respira com ajuda de aparelhos. A luta de Rosemara merece respeito e, onde

quer que ela apareça, assim tem sido. A luta de Jeson de Oliveira, o pai de Jhéck, também deveria ser

respeitada. Mas é nesse ponto que a história se complica.

Jeson queria pedir à Justiça que seu filho fosse submetido à eutanásia. Ele não suporta ver o seu filho preso

a uma cama, inerte, morto para a vida, sem andar de bicicleta, tomar um sorvete, apontar pra Lua, desenhar um

elefante, bater palmas, sorrir. E o que se fez com esse pobre homem? Não lhe deram uma lasca de respeito.

Jeson foi hostilizado, xingado, difamado. Foi acusado de assassino, de querer matar o próprio filho! Jeson

pensou até em se mudar de Franca, a cidade paulista onde mora e onde seu filho está internado, porque já não

podia caminhar na rua em paz. Ceifaramlhe o direito de ir à Justiça. Questionaramlhe até a sanidade mental,

sugerindo que procurasse tratamento psiquiátrico forma maliciosa de sugerir que a eutanásia é coisa de gente

mentalmente perturbada. Jeson, afinal, desistiu de tentar a eutanásia do filho.

“Desisto oficial e definitivamente. Quero dar chances à mãe e estou entregando meu filho a Deus”, disse ele,

numa entrevista, na véspera do feriado de 7 de setembro. O pai de Jhéck, claro, tem todo o direito de mudar de

idéia (e, pessoalmente, saúdo que tenha conseguido dominar seu sofrimento para ceder à vontade da mãe de

Jhéck).

O dado repugnante é a intolerância da qual foi vítima. Jeson virou a Geni da Franca, só faltou ser apedrejado

nas ruas. Os adversários da eutanásia religiosos dogmáticos, em geral não lhe deram o direito sequer de

pensar em voz alta. É coisa própria das mentalidades entrevadas, dos que se sentem ungidos por forças

superiores, dos que cevam suas idéias como se fossem bens supremos, perfeitos, inatacáveis.

Aos religiosos dogmáticos e intolerantes em geral, aos que sacralizam suas idéias e acham que sabem tudo

na vida e do sofrimento, aqui vai um apelo: deixem o Jeson em paz! Ele já sofre o bastante com um filho que

perdeu a liberdade de viver para tornarse um prisioneiro da vida. A eutanásia, caros intolerantes, pode ser, sim,

um ato de amor.

Revista Veja, 140905

Questão 37)

Em qual das alternativas abaixo em verbo de conteúdo relacional está integrado um predicado nominal?

a) ”E o que se fez com esse pobre homem?”

b) ”Foi acusado de assassino...”

c) ”...[o filho] sem andar de bicicleta...”

d) ”Jeson virou a Geni de Franca...”

Gab: D

17

TEXTO: 3 - Comum às questões: 38, 39

NO RASTRO DA FALA

Se fizéssemos uma lista dos dez maiores mistérios

da humanidade, certamente o surgimento da linguagem se destacaria.

A linguagem verbal é marca forte, constitutiva, distintiva da nossa espécie. Por isso, a discussão de suas

origens está intrinsecamente ligada às discussões da origem da própria espécie humana. Dispomos hoje de boa

quantidade de fósseis, fornecedores de evidência material interessante para hipóteses sobre os longos e

complexos caminhos da evolução até 05

o surgimento do Homo sapiens.

Temos, por exemplo, indícios convincentes de que nossa espécie se originou nas savanas do leste da África

e se espalhou pelo planeta seguindo rotas que levaram à Europa e à Ásia e desta à América e à Oceania. Essas

rotas têm sido estabelecidas em parte pelo estudo do DNA das populações. 10

Com base nestes dados, os paleontólogos têm sugerido que o Homo sapiens surgiu na terra há

aproximadamente 100 mil anos, embora se calcule que o ramo hominídeo dos primatas tenha se separado há 6

milhões de anos ou mais.

Igualmente, dispomos hoje de precioso acervo de objetos criados pelos humanos (ferramentas e utensílios

domésticos, por exemplo) e de registros pictóricos que nos 15

permitem sustentar hipóteses plausíveis sobre os

caminhos percorridos pela humanidade na construção de sua cultura material e simbólica.

Seguindo essas pistas, os antropólogos costumam registrar um florescimento cultural bastante significativo

por volta de 50 mil anos atrás. Para alguns, este florescimento cultural, inimaginável sem a linguagem, é indício

de que ela já estava plenamente estruturada 20

naquela época.

Ao confrontar a data do surgimento da espécie com a do florescimento da cultura, há lingüistas que

defendem a hipótese de que a linguagem teve desenvolvimento vagaroso, crescendo em complexidade ao longo

dos milênios.

Outros, porém, consideram intrínseca a relação entre a espécie e a linguagem e 25

prodigioso o processo pelo

qual um bebê se torna um falante. Afinal, uma criança não começa a falar por simples imitação ou por puro

aprendizado a partir de um estágio zero, como se o cérebro fosse uma caixa vazia. Por isso, defendem que a

linguagem como a conhecemos surgiu junto com a espécie e está relacionada a uma mutação radical no

conglomerado de genes dos hominídeos mais antigos. 30

No momento, a Lingüística não tem nenhuma base para optar entre essas hipóteses. A linguagem falada é

um bem imaterial. Assim, de seu passado nada sobrou. Não temos, por exemplo, o menor indício de como teria

sido o estágio semiótico imediatamente anterior à linguagem propriamente humana, isto é, aquela anterior à

nossa linguagem. (...)

[FARACO, Carlos Alberto. No rastro da fala. Revista Discutindo Língua Portuguesa, ano 1, n. 3, p. 18-21.

(fragmento adaptado)]

Questão 38)

Leia as assertivas abaixo, pautadas no vocábulo “campanha”, e assinale a alternativa que, de acordo com a

gramática tradicional, encerra apenas as assertivas VERDADEIRAS:

I. O vocábulo é formado por 06 fonemas;

II. Há dois dígrafos na representação gráfica do vocábulo;

III. Verifica-se um ditongo nasal na sílaba inicial do vocábulo;

IV. O vocábulo apresenta um encontro consonantal;

V. Trata-se de um vocábulo paroxítono.

a) I, II, V;

b) I, II, IV;

c) I, III, V;

d) II, III, IV;

e) III, IV, V.

Gab: A

18

Questão 39)

Identifique a alternativa que, segundo a gramática normativa, contém uma oração na voz passiva:

a) Nossa espécie se originou nas savanas da África;

b) Não sabemos se o ramo hominídeo dos primatas já existia mais de 6 milhões de anos atrás;

c) Dispõe-se hoje de precioso acervo de objetos criados pelos primeiros humanos;

d) Se o cérebro fosse uma “caixa vazia”, não seria possível adquirir a linguagem em tão pouco tempo;

e) Esmiúçam-se fósseis e demais vestígios materiais humanos em busca da origem da linguagem articulada.

Gab: E

TEXTO: 4 - Comum à questão: 40

(Fonte: http://www2.uol.com.br/millor/aberto/char-ges/006/ index.htm)

Questão 40)

Considerando o período: "Se você mantiver seus princípios com firmeza, um dia lhe oferecerão excelentes

condições de abdicar deles", assinale o que for correto.

01. Se substituirmos a forma verbal "mantiver" por "mantivesse", obrigatoriamente a forma verbal "oferecerão"

seria substituída por "ofereceriam".

02. A expressão "um dia" estabelece uma circunstância de tempo e certeza em relação à condição estabelecida

pela primeira oração.

04. "lhe" refere-se a meu filho e é complemento do verbo oferecer, "deles" refere-se a princípios.

08. O período é composto por três orações.

16. "abdicar deles" exerce a função de complemento nominal de condições, na oração anterior.

Gab: 31

TEXTO: 5 - Comum à questão: 41

TEXTO I

RACISMO DISTRAÍDO

Luis Fernando Veríssimo

(fragmento)

Nosso racismo tem a desculpa de ser distraído. O que nos absolve é que não nos damos conta. O Grafite

não considera o seu apelido racista. Como é negro e comprido, deve achar o apelido bem bolado. Implícita neste

racismo que não se reconhece está a idéia de que caricaturar carinhosamente ou infantilizar o negro é uma

maneira de consolá-lo pela sua condição de diferente. Entre o negrão e o negrinho está a nossa incapacidade de

dar nome certo ao preconceito.

19

E não é só com negros. Há anos que o humor brasileiro recorre a estereótipos raciais sem medir o insulto: o

judeu sempre retratado como o avarento de sotaque carregado, o japonês invariavelmente bobo, etc., além do

negro em suas várias versões de primitivo divertido.

Questão 41)

Nas alternativas abaixo, marque aquela em que o termo sublinhado desempenha função sintática distinta da

apontada em parênteses:

a) “Nosso racismo tem a desculpa de ser distraído” (predicativo do sujeito)

b) “...é uma maneira de consolá-lo pela sua condição de diferente” (predicativo do objeto)

c) “Como é negro e comprido” (predicativo do sujeito)

d) “...deve achar o apelido bem bolado” (predicativo do objeto)

e) “O Grafite não considera o seu apelido racista” (predicativo do objeto)

Gab: B

TEXTO: 6 - Comum às questões: 42, 43

Mudança no clima afeta mais os pobres, diz secretário da ONU

Após alerta climático da ONU, reunião com ministros do Meio Ambiente de cem países pretende estudar

modificações no comércio global para salvar o planeta Agência Reuters

NAIRÓBI, Quênia - Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelo aquecimento global, serão

os mais afetados pelo fenômeno, disse na segunda-feira o secretário-geral da Organização das Nações Unidas

(ONU), Ban Ki-moon, a ministros de Meio Ambiente de vários países. Eles estão reunidos em Nairóbi, capital do

Quênia, para estudar modificações no comércio global de modo a salvar o planeta.

"A degradação do ambiente global continua incontida, e os efeitos da mudança climática estão sendo sentidos

em todo o globo", disse Ban em nota que ecoa o relatório divulgado na semana passada pela ONU que apontava

as atividades humanas como principais causas do aquecimento.

Em um discurso atribuído a Ban no início da reunião ministerial de Nairóbi, capital do Quênia, o secretário-geral

afirmou que todos os países vão sentir os efeitos adversos das mudanças climáticas.

"Mas são os pobres, na África e em pequenos Estados insulares, que vão sofrer mais, mesmo que sejam os

menos responsáveis pelo aquecimento global", afirmou.

Especialistas dizem que a África é o continente que menos emite gases do efeito estufa, como o dióxido de

carbono, mas que devido à pobreza e à geografia é a região que tem mais a perder. Símbolos disso são a

desertificação em torno do Saara e a redução da capa de gelo do monte Kilimanjaro.

Agências ambientais da ONU pressionam Ban a se empenhar na busca por um tratado que suceda ao Protocolo

de Kyoto, que prevê a redução nas emissões globais de poluentes, mas expira em 2012.

Os governos estão sob pressão para agirem à luz das conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudança

Climática da ONU, que apontou grande probabilidade de que no futuro haja mais tempestades, secas, ondas de

calor provocadas pela queima de combustíveis fósseis e outras atividades.

Alternativas

Achim Steiner, chefe do Programa Ambiental da ONU, que organiza o encontro de uma semana dos quase cem

ministros, disse que a globalização está esgotando os recursos mundiais, sem oferecer os benefícios esperados.

Mas há muitos exemplos de gerenciamento sustentável, lembrou ele, citando a certificação de recursos como

madeira e pesca para evitar a exploração ilegal e mecanismos "criativos", como o mercado de carbono, ou seja,

de créditos para a emissão de poluentes, que se amplia rapidamente.

"Precisamos valorizar o poder do consumidor, atender aos apelos por regulamentação internacional para o setor

privado e impor padrões e normas realistas para os mercados globalizados", disse Steiner em nota antes da

reunião.

Relatório climático

20

O encontro ocorre sob o impacto do relatório da ONU, de acordo com o qual há mais de 90% de probabilidade de

que o aquecimento global tenha como principal causa o fator humano.

Funcionários da ONU esperam que o estudo incentive governos – especialmente o dos EUA, maior poluidor

mundial – e empresas a se empenharem mais na redução dos gases do efeito estufa, emitidos principalmente

por usinas termelétricas, fábricas e carros.

O encontro desta semana do Conselho do Programa Ambiental da ONU no Quênia discutirá também a crescente

ameaça da poluição por mercúrio, a demanda por biocombustíveis e reformas na ONU.

Pela primeira vez, o evento receberá dirigentes de outras agências, como Pascal Lamy, da Organização Mundial

do Comércio (OMC).

"Acredito que a presença (de Lamy) mostra que não há mais um tráfego de mão única a respeito do comércio e

meio ambiente", disse Steiner.

Fonte: www.estadao.com.br/2007/fev/05/85.htm

Questão 42)

Considerando o trecho “Os governos estão [1] sob pressão [2] para agirem à luz das conclusões do Painel

Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, que apontou grande probabilidade [3] de que no futuro

haja mais tempestades, secas, ondas de calor provocadas [4] pela queima de combustíveis fósseis e outras

atividades”, os termos grifados e numerados exercem, respectivamente, a função sintática de

a) predicativo do sujeito, adjunto adverbial de finalidade, complemento nominal e agente da passiva.

b) predicativo do sujeito, adjunto adverbial de conformidade, objeto indireto e sujeito paciente.

c) adjunto adverbial de modo, adjunto adverbial de conseqüência, objeto direto preposicionado e aposto.

d) adjunto adnominal, adjunto adverbial de afirmação, adjunto adnominal e complemento nominal.

e) adjunto adverbial de companhia, adjunto adverbial de proporção, agente da passiva e objeto indireto.

Gab: A

Questão 43)

Considerando o trecho “Os governos estão [1] sob pressão [2] para agirem à luz das conclusões do Painel

Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, que apontou grande probabilidade [3] de que no futuro

haja mais tempestades, secas, ondas de calor provocadas [4] pela queima de combustíveis fósseis e outras

atividades”

Ainda em relação ao trecho que serviu de base para a questão anterior, os termos “tempestades, secas, ondas

de calor” têm a mesma função sintática que se vê em

a) “... na África e em pequenos Estados insulares.” [3ºparágrafo]

b) “...a desertificação em torno do Saara e a redução da capa de gelo no monte Kilimanjaro” [4ºparágrafo]

c) “... valorizar o poder do consumidor, atender aos apelos por regulamentação internacional para o setor

privado e impor padrões e normas realistas para os mercados globalizados.” [9ºparágrafo]

d) “... usinas, fábricas e carros.” [11ºparágrafo]

e) “... comércio e meio ambiente.” [14ºparágrafo]

Gab: D

TEXTO: 7 - Comum à questão: 44

Tirinha 1

21

Disponível em

<http://tiras-hagar.blogspot.com/2006_04_01_archive.html>.

Tirinha 2

Disponível em

<http://tiras-hagar.blogspot.com/2006_05_01_archive.html>.

Questão 44)

Na tirinha 1, em “...dizer pra elas o que é bom pra elas?”, temos dois complementos que se classificam,

respectivamente, como

a) objeto indireto e complemento nominal.

b) objeto direto e complemento nominal.

c) objeto indireto e objeto indireto.

d) complemento nominal e complemento nominal.

e) objeto indireto e objeto direto.

Gab: A

TEXTO: 8 - Comum à questão: 45

Texto:

O texto eletrônico: um desafio para o ensino da leitura e da escrita

01

O hipertexto é um documento eletrônico composto de nodos ou de unidades textuais 02

interconectados que formam uma rede de estrutura não-linear. As palavras, ressaltadas nestes blocos 03

textuais, desempenham a função de botões que conectam a outras fontes. Navegando entre estes nodos, 04

o

leitor vai criando suas próprias opções e trajetórias de leitura, o que rompe o domínio tradicional de 05

um

esquema rígido de leitura imposto pelo autor. Assim, o leitor tem a oportunidade de experimentar o 06

texto, não

só em um nível subjetivo de interpretação, mas também em um nível de manipulação 07

objetiva dos

elementos que o integram. A opção de modificar o conteúdo do texto, de conectá-lo a 08

outros trabalhos

22

prévios, e as novas formas de acesso e de consulta mudam substancialmente o 09

conceito tradicional do

livro. Embora em um texto impresso o índice sugira diversas alternativas de 10

leitura, estas devem

submeter-se à ordem fixa das páginas; em troca, no hipertexto, que apresenta uma 11

estrutura menos rígida,

podem coexistir estruturas hierárquicas e associativas. Qualquer caminho 12

representa uma alternativa de

leitura apropriada, o que implica uma mudança radical na relação do 13

leitor com o texto.

ÁLVAREZ, O. H. “O texto eletrônico: um desafio para o ensino da leitura e da escrita” In: PÉREZ, F.

C. e GARCÍA, J. R. Ensinar ou aprender a ler e a escrever? Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 167.

Questão 45)

Assinale a alternativa cujo par de palavras tem o mesmo número de letras e de fonemas.

a) leitura – radical.

b) radical – criando.

c) caminho – leitura.

d) criando – domínio.

e) domínio – caminho.

Gab: A

TEXTO: 9 - Comum à questão: 46

UMA PAIXÃO DOS BRASILEIRO’S

Roberto Pompeu de Toledo

1Toda vez que se fala em antiamericanismo, no Brasil, dá vontade de contra-atacar com o apóstrofo. Muita

gente não gostou da presença de George W. Bush no país, mas esse sentimento é largamente superado pelo

amor que temos pelo apóstrofo. O apóstrofo em questão, para os leitores que ainda não se deram conta, é

aquele sinalzinho (’) que na língua inglesa se põe antes do “s” (’s). Quanto 5charme num pequenino sinal gráfico!

Bush se sentiria vingado das manifestações de protesto se lhe fosse permitido caminhar por uma rua comercial

brasileira e verificar quantos nomes de estabelecimentos são, em primeiro lugar, em língua inglesa e, em

segundo, ostentam como rabicho o ’s.

Somos apaixonados pelo ’s. O que é uma forma de expressar nosso amor e respeito pelos Estados Unidos. 10

Se o Brasil é antiamericano ou, ao contrário, americanófilo – e até o mais americanófilo dos países – é

questão aberta. Da boca para fora, somos antiamericanos. As pesquisas de opinião vão revelar sempre uma

maioria crítica aos EUA. Na era Bush, então, nem se fala. Lá no fundo, no entanto, é só contemplar um ’s e um

coração brasileiro baterá mais forte. Poucos países, fora os de língua inglesa, terão tantas lojas, produtos,

serviços ou eventos batizados em inglês. Isso vale tanto para o 15

mundo dos ricos – o do serviço bancário

chamado prime e o do evento chamado Fashion Week – quanto para o dos pobres, que encontram a seu dispor

a lanchonete X Point. Quando enfeitados pelo ’s, os nomes adquirem superior requinte. Comprar na Bacco’s, em

São Paulo, ou bebericar no Leo’s Pub, no Rio, não teria o mesmo efeito se o nome desses estabelecimentos não

ostentasse aquele penduricalho, delicado como jóia, civilizado como o frio. 20

O professor Antonio Pedro Tota, que entende do assunto (é autor de O Imperialismo Sedutor: a

Americanização do Brasil na Época da II Guerra), explica, em artigo numa recém-lançada publicação do Wilson

Center dedicada às relações Brasil–EUA, que a definitiva prova de que os americanos tinham nos ganhado,

naqueles anos de combate contra o nazifascismo e o Japão foi a adoção, pelos brasileiros, do gesto do polegar

para cima, o sinal do “positivo”. Tota recorre a Luís da Câmara 25

Cascudo, estudioso dos gestos dos brasileiros,

para explicar a origem do “polegar para cima”. Na base aérea que, por concessão do governo brasileiro, os

americanos montaram no Rio Grande do Norte, para de lá atacar o norte da África, os pilotos e mecânicos, uns

dentro e outros fora dos aviões, e ainda por cima ensurdecidos pelo ruído dos motores, comunicavam-se

erguendo o polegar, thumbs up, para dizer uns aos outros quando tudo estava em ordem. 30

O gesto encantou os brasileiros que serviam de pessoal de apoio. Ainda mais que era muito útil para a

comunicação com os estrangeiros. Isso de levantar ou abaixar o polegar tem origem remota e era usado em

Roma para indicar se um gladiador devia ser poupado ou morto. Mas no Brasil, segundo Câmara Cascudo,

chegou com os pilotos americanos, e da base aérea se espalhou pelo Nordeste e logo por todo o Brasil. Era tão

moderno, tão viril, tão americano! O mesmo autor diz que o “polegar para 35

cima” causou a desgraça do “da

23

pontinha da orelha”. Para indicar uma coisa boa, antes, os brasileiros seguravam a ponta da orelha, gesto

aprendido dos portugueses. Perto do polegar para cima, soava tão antigo, tão da vovó, tão efeminado!

As pequenas coisas dizem muito mais do que os altissonantes falatórios. A vitória do gesto de “positivo”

sobre o “da pontinha da orelha” significou, naquele momento decisivo da II Guerra, o 40

abandono do que restasse

da herança lusitana, tão singela, tão curta de horizontes, tão caseira, em favor da perseguição do modelo

americano, tão valente, tão desprendido, tão sintonizado no futuro. Da mesma forma, o apego a essa outra coisa

miúda que é o apóstrofo representa nossa rendição aos poderes de sedução americanos. Bares modestos, Brasil

afora, anunciam que servem “drink’s”. Não venha o leitor observar que está errado, que esse ’s nada tem a ver

com o caso possessivo da língua 45

inglesa. O inglês de nossas ruas não é o de Shakespeare. É o inglês recriado

no Brasil, como em “motoboy”. O ’s de drink’s está lá talvez para indicar plural, mas com certeza para conferir

beleza e vigor americanos ao ato, de outra forma banal, de avisar os clientes de que ali se servem bebidas.

O emprego do ’s Brasil afora é muito peculiar, e quem sair à cata das várias formas em que é encontrado

terminará com uma rica coleção. O colunista que vos fala tem especial queda por dois 50

exemplares, entre os

muitos com que, como todos nós, já deparou. Um é o nome, sem dúvida sugestivo – e, mais que sugestivo,

inspirador – de um motel nos arredores de Florianópolis: “Erectu’s”.

Outro é o de um salão de beleza de uma cidade vizinha a São Paulo: “Skova’s”. São nomes que, enquanto

explodem de brasileira inventividade, prestam homenagem aos EUA.

Veja – 14/3/2007

Questão 46)

Qual dos verbos abaixo foi empregado no texto com objeto direto de pessoa e objeto indireto (oracional) de

coisa?

a) Recorrer (linha 24).

b) Permitir (linha 6).

c) Avisar (linha 47).

d) Causar (linha 35).

Gab: C

TEXTO: 10 - Comum à questão: 47

Afinal, quem manda na floresta?

Enfim resolveu o Leão sair para fazer sua pesquisa, verificar se ainda era o Rei dos Animais. Os tempos

tinham mudado muito, as condições de progresso alterado fundamentalmente a psicologia e os métodos de

combate das feras, as relações de respeito e hierarquia entre os animais já não eram as mesmas, diziam até que

subterraneamente as formigas estavam organizadas. De modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão

qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar–se é uma das constantes do espírito humano, e, por

extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele

nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: "Hei, você aí,

Macaco, quem é o rei dos animais?" O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e,

quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: "Claro que é você, Leão, claro

que é você!".

Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: "Currupato, Papagaio. Quem, segundo

seu conceito, é o Senhor da Floresta, não é o Leão?" E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar,

mas apenas o de repetir, lá repetiu o Papagaio, rumorejando as asas: "Currupato... é o Leão? Não é o Leão?

Currupato, não é o Leão?".

Cheio de si, o Leão penetrou mais ainda na floresta adentro, em busca de novas afirmações de sua

personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: "Coruja velha, não sou eu o Maioral da Mata?" "Sim, ninguém

duvida de que és tu", disse a Coruja. Mas disse de lábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo,

mais alto de cabeça. Encontrou o Tigre! "Tigre, disse em voz de estertor, para impor–se ao rival terrível – não

tens a menor dúvida de que sou o Rei da Floresta. Certo?" O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas

sentiu o barulho do olhar do Leão queimando as folhas e disse, rugindo contrafeito: "É". E rugiu ainda mais mal

humorado e já arrependido, quando o Leão se afastou.

24

Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o Elefante. Perguntou: "Elefante, quem

manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor das árvores e dos seres,

dentro da mata?" O Elefante pegou–o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou–o contra o tronco de

uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e humilhado, levantou–se lambendo uma

das patas, e murmurou: "Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado".

M o r a l: Cada um tira dos acontecimentos a conclusão que bem entende.

Millôr Fernandes

Questão 47)

E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir...

Os termos em negrito, no período acima, exercem, respectivamente, as seguintes funções sintáticas:

a) sujeito – adjunto adnominal – objeto indireto

b) objeto indireto – sujeito – adjunto adnominal

c) objeto direto – adjunto adnominal – sujeito

d) agente da passiva – objeto direto – adjunto adverbial

e) complemento nominal – objeto direto – predicativo

Gab: B

TEXTO: 11 - Comum à questão: 48

(Extraído do último capítulo de Memorial de Aires, de Machado de Assis)

Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à tarde lembrou-me lá de passar antes de vir para

casa. Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, entrei e parei logo.

- Lá estão eles, disse comigo.

Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos sentados, olhando um para o outro. Aguiar estava

sentado ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda, tinha os braços cruzados à cinta.

Hesitei entre ir adiante ou desandar o caminho; continuei parado alguns segundos até que recuei pé ante pé. Ao

transpor a porta para a rua, vi-lhes no rosto e na atitude uma expressão a que não acho nome certo ou claro;

digo o que me pareceu. Queriam ser risonhos e mal podiam se consolar. Consolava-os a saudade de si mesmos.

Questão 48)

Assinale as alternativas em que a palavra sublinhada exerce a função de objeto direto.

01) ...digo o que me pareceu.

02) Consolava-os a saudade de si mesmos.

04) Agora à tarde lembrou-me lá de passar antes de vir para casa.

08) Queriam ser risonhos e mal podiam se consolar.

16) Lá estão eles, disse comigo.

Gab: 03

TEXTO: 12 - Comum às questões: 49, 50

As coisas boas

01

Recebo e-mail de um jovem de 16 anos reclamando, num texto lúcido e bem escrito, de que sou 02

pessimista. Pois escrevi na última coluna que "ninguém faz nada", quando, segundo ele, eu deveria dar uma 03

mensagem esperançosa a quem quer "mudar o mundo". De alguma forma, isso me comoveu. Quase todos 04

queremos melhorar o mundo na juventude, e é bom querer não ficar ________, amargo ou ________ na 05

idade adulta. Pior ainda, chato na velhice. Sou esperançosa e otimista, por isso mesmo não posso escrever 06

apenas sobre coisas amenas, e infelizmente não tenho mensagem nem receita para o mundo melhorar. 07

Pois

eu sou apenas mais uma pessoa que de um lado se alegra, de outro se aflige. O número espantoso de 08

leitores

25

desta revista me dá uma sensação de comprometimento com a não-alienação. Escondendo a 09

realidade é que

não se vai poder mudar ou melhorar coisa nenhuma. 10

Acho nosso momento tristíssimo. Até jornais estrangeiros importantes, que em geral não nos dão bola, 11

registram os fatos que andam ocorrendo no Senado e em outras __________ solenes como "coroamento da 12

corrupção brasileira". A impressão que se tem, que eu tenho, é que ninguém anda fazendo grande coisa, ou 13

pouca gente faz alguma coisa para melhorar. Escrever que "ninguém faz nada" é uma hipérbole literária, é 14

como dizer, sem realmente querer dizer isso, "morri de ódio". Acho, sim, que muitos responsáveis não fazem 15

nada, ou fazem o mal: desviam ou aplicam de maneira irresponsável dinheiro destinado aos pobres, 16

desprezam a educação e a cultura, ________ na saúde, enganam uma montanha (não, um verdadeiro 17

Everest...) de gente que merecia coisa melhor. 18

Mas também vejo muita gente fazendo muita coisa positiva, gente querendo acertar, jovens ou velhos 19

com esperança, pessoas espalhando o bem. Cada vez que um de nós é leal com alguém, faz uma coisa 20

boa;

cada vez que respeitamos o outro com suas diferenças, seus dramas e necessidades, fazemos uma 21

coisa boa.

Cada vez que somos decentes em vez de perversos, cada vez que cultivamos compreensão e 22

respeito em

lugar de rancor, cada vez que somos carinhosos, alegres, solidários, fazemos coisas muito 23

boas. 24

Cada vez que um jovem estuda, trabalha, e se constrói como pessoa produtiva e positiva, faz algo muito 25

bom. Cada vez que um pai presta atenção no filho, cada vez que uma mãe é dedicada sem depois cobrar 26

isso, fazem uma coisa boa. Cada vez que alguém fuma seu último cigarro, bebe seu derradeiro copo, cheira 27

sua ultimíssima carreirinha e dá o primeiro passo numa nova vida, faz uma coisa maravilhosa. Sempre que 28

alguém recusa uma baforada de maconha, negando-se a homenagear os traficantes que amanhã vão matar 29

seu filho ou trucidar seu amigo, está fazendo uma coisa muito boa. 30

Quando olhamos uma árvore na beira da estrada, a luz do sol num gramado, a chuva na vidraça, a 31

criança observando um besouro, um bebê dormindo, um velho rodeado pelos filhos, estamos fazendo uma 32

coisa muito boa; cada professor mal pago que atende com dedicação seus alunos, cada médico de uma 33

saúde pública apodrecida que cuida com humanidade de seus doentes faz uma coisa muito boa. Sempre 34

que

uma mulher aproxima os filhos do pai mostrando que ele é um ser humano, está fazendo uma coisa 35

boa; cada

filho que abraça o pai que já não o pode sustentar faz uma coisa boa. O político que rema contra 36

a correnteza

permanecendo honrado faz uma coisa muito boa. 37

Fazem-se muitas coisas boas neste mundo, e por isso ainda não nos matamos. Por isso ainda estamos 38

abertos ao belo, ao bom e ao outro. Por isso vale a pena viver. Mas, sinto muito, o ser humano é um animal 39

predador: o desejo de destruir e arruinar coexiste em todos nós com a bondade, a decência, a dignidade. 40

Que

fazer? Somos assim. Se pudermos estar do lado do bem, querendo melhorar o mundo, viva! As coisas 41

não

estarão perdidas, a amargura não vai nos dominar, a sombra acabará fugindo da claridade, e 42

continuaremos

sendo, mais que feras, humanos. Mesmo quando alguém escreve sobre as realidades 43

menos bonitas, elas não

precisam prevalecer. E muita gente continuará fazendo muita coisa boa, aos 16 44

anos, aos 68 ou aos 86.

(Luft, Lya. Revista Veja.19 de dezembro de 2007. Texto adaptado.)

Questão 49)

Assinale a alternativa em que todas as palavras pertencem a mesma família.

a) pessimista (l. 02) – péssimo – peçonhento.

b) esperançosa (l. 03) – esperança – desesperado.

c) velhice (l. 05) – envelhecer – velhaco.

d) impressão (l. 12) – impressionista – depressivo.

e) vidraça (l. 30) – envidraçado – enviesado.

Gab: B

Questão 50)

Analise as palavras a seguir e assinale C (correto) ou E (errado) as afirmações que as seguem.

1 – melhorar (l. 04).

2 – infelizmente (l. 06).

3 – comprometimento (l. 08).

4 – hipérbole (l. 13).

5 – irresponsável (l. 15).

6 – coexiste (l. 39).

( ) Em 1 e 5, há dígrafo.

26

( ) Em 2, 3 e 5, há dígrafo vocálico.

( ) Em 4 e 6, há tantas letras quanto fonemas.

( ) Somente uma das palavras acima tem o mesmo número de letras e fonemas.

( ) Todas as palavras acima têm mais fonemas que letras.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

a) CCCCC.

b) ECEEC.

c) EECCC.

d) CCECE.

e) EECCE.

Gab: D

TEXTO: 13 - Comum à questão: 51

Lembrança e esquecimento

DULCE CRITELLI

1“Como é antigo o passado recente!” Gostaria que a frase fosse minha, mas ela é de Nelson Rodrigues numa

crônica de “A Menina sem Estrela”.

Também fico perplexa com esse fenômeno rápido e turbulento que é o tempo da vida. Não são poucas as

vezes em que me volto para algum acontecimento acreditando que ele ainda é atual e descubro 5que ele faz

parte do passado para outros.

Um exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me a eventos que se passaram nos anos 70 e meus alunos

me olham como se eu falasse da Idade Média... E eu nem contei para eles que andei de bonde!

A distância entre nós não é apenas uma questão de gerações. Eles nasceram em um mundo já transformado

pela tecnologia e pela informática. Uma transformação que começou nos anos 50 e que não 10

nos trouxe

somente mais eletrodomésticos e aparelhos digitais. Ela instalou uma transformação radical do nosso modo de

vida.

Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o jeito de namorar, de vestir, de procurar emprego, de

andar na rua e de se locomover pela cidade.

Mudou o corpo. Mudou o jeito de escrever, de estudar, de morar e de se divertir. Mudou o valor da 15

vida, do

dinheiro e das pessoas...

Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda, ele não tem volta. Não se pode ter a experiência dele

nunca mais. Por isso, meus alunos e eu só podemos compartilhar o tempo atual. Não podemos compartilhar um

tempo que, para eles, é passado, mas, para mim, ainda é presente.

Os fatos de 30 anos atrás não são passado na minha vida. Para mim, meu passado não passou e 20

minha

história não envelhece. Minha memória pode alcançar os acontecimentos que vivi a qualquer momento, e posso

revivê-los como se ocorressem agora. Mas, se eu os narrar, quem me ouve não pode, como eu, vivenciá-los. Por

isso, para meus alunos, são contos o que para mim é vida.

Mas é assim que corre o rio da vida dos homens, transformando em palavras o que hoje é ação. Se não

forem narrados, os acontecimentos e os nossos feitos passam sem deixar rastros. 25

Faladas ou escritas, são as palavras que salvam o já vivido e o conservam entre nós. Salvam os feitos e os

acontecimentos da sua total desintegração no esquecimento.

A memória do já vivido e a sua narração numa história é o que possibilita a construção da História e das

nossas histórias pessoais. Só os feitos e os acontecimentos narrados em histórias são capazes de salvaguardar

nossa existência e nossa identidade. 30

Só conservados pela lembrança é que os feitos e os acontecimentos podem entrar no tempo e fazer parte

de um passado. Recente ou antigo.

Folha de São Paulo – 20/3/08

Questão 51)

“Mas, se eu os narrar, quem me ouve não pode, como eu, vivenciá-los.”

27

NÃO se indicou corretamente, à direita, a palavra ou a oração que representa o agente da ação verbal, em

a) “... se eu os narrar...” (eu)

b) “Mas (...) quem me ouve...” (me)

c) “... como eu (posso vivenciá-los.)” (eu)

d) “... não pode vivenciá-los.” (quem me ouve)

Gab: B

TEXTO: 14 - Comum à questão: 52

– A potranca. Num vi ela em lugá ninhum.

Os esbirros do Capitão Palhares espalhavam-se pela gleba arrecadando os animais.

Pilharam, da casa, tudo o que encontraram de valor. Incendiaram o pequeno paiol. A roça, esta já queimava.

Bocudo, empunhando a tocha, caminhou com indiferença por entre os corpos de Zinho e de Charrua, prostrados

ambos junto à soleira, e incendiou a casa.

[VASCONCELLOS, A. Sanford de. Chica Pelega –

a guerreira de Taquaruçu. Florianópolis:

Insular, 2000. p.67.]

Questão 52)

Assinale a alternativa incorreta.

a) O verbo incendiar, na oração “Incendiaram o pequeno paiol”, é verbo transitivo direto e ganha um e nas

formas rizotônicas.

b) Na oração “A roça, esta já queimava”, o vocábulo esta se refere ao termo anterior casa, que é o sujeito da

oração, enquanto a palavra já sugere idéia de intensidade.

c) Em “...prostrados ambos junto à soleira...”, pode se dizer que há, seqüencialmente, palavras que exercem

função de adjetivo, numeral, locução prepositiva e substantivo derivado.

d) Do excerto se infere que os esbirros do Capitão Palhares eram embrutecidos e agiam como seres

animalescos.

e) O excerto apresenta características de um texto narrativo com progressão temática.

Gab: B

TEXTO: 15 - Comum à questão: 53

Palavras que ferem, palavras que salvam

"Posso ajudar?" Eis duas palavrinhas que nos soam mais que familiares. Entra-se numa loja e lá vem: "Posso

ajudar?". Está desencadeado um processo durante o qual não mais conseguiremos nos livrar da prestimosa

oferta. Ao entrar numa loja, o ser humano necessita de um tempo de contemplação. Precisa se acostumar ao

novo ambiente, testar a nova luminosidade, respirar com calma o novo ar. Sobretudo, necessita de solidão para,

por meio de um diálogo consigo mesmo, distinguir entre os objetos expostos aquele que mais de perto fala à sua

necessidade, ao seu gosto ou ao seu desejo. A turma do "posso ajudar" não deixa. Mesmo que se diga "Não,

obrigado; primeiro quero examinar o que há na loja", ela só aparentemente entregará os pontos. Ficará por perto,

olhando de esguelha, como policial desconfiado.

Onde a situação atinge proporção mais dramática é nas livrarias. Livraria é por excelência lugar que convida

ao exame solitário das mesas e das prateleiras. É lugar para passar lentamente os olhos sobre as capas,

apanhar e sentir nas mãos um ou outro volume, abrir um ou outro para testar um parágrafo. Um jornal certa vez

avaliou como critério de qualidade das livrarias a rapidez com que o atendente se apresentava ao freguês.

Clamoroso equívoco. Boa é a livraria em que o atendente só se apresenta quando o freguês o convoca. As

melhores, sabiamente, dispensam o "posso ajudar". As mais mal administradas, desconhecedoras da natureza

de seu ramo de negócio, insistem nele.

28

Ainda se fossem outras as palavrinhas – "Posso servi-lo? Precisa de alguma informação?" Não; o escolhido é

o "posso ajudar", traduzido direto do jargão dos atendentes americanos ("May I help you?"). A má tradução das

expressões comerciais americanas já cometeu uma devastação no idioma ao propagar o doentio surto de

gerúndios ("Vou estar providenciando", "Posso estar examinando") que, do telemarketing, contaminou outros

setores da linguagem corrente. O "posso ajudar" é caso parecido. Tal qual soa em português, mais merecia

respostas como: "Pode, sim. Meu carro está com o pneu furado. Você pode trocá-lo?". Ou: "Está quase na hora

de buscar meu filho na escola. Você faz isso por mim? Assim me dedico às compras com mais sossego".

Pode haver algo mais irritante do que o "posso ajudar"? Pode. É o "é só aguardar". Este é próprio dos lugares

em que se é obrigado a esperar para ser atendido – o banco, o INSS, o hospital, o cartório, o Detran, a delegacia

da Polícia Federal em que se vai buscar o passaporte. Ou bem há uma mocinha distribuindo senhas ou um

mocinho organizando a fila. Chega-se, a mocinha dá a senha, o mocinho aponta o lugar na fila, e tanto a

mocinha quanto o mocinho dirão em seguida: "Agora é só aguardar".

Só? Só mesmo? O que vocês estão dizendo é que o mais difícil, que foi apanhar essa senha ou ouvir a

instrução sobre em qual fila entrar – ações que não me custaram mais que alguns segundos –, já passou? Agora

é só gozar as delícias desta sala de espera, mais apinhada do que a Faixa de Gaza? Ou apreciar as maravilhas

desta fila, comprida como a Muralha da China? Um traço característico da turma do "é só aguardar" é que ela

nunca cometerá a descortesia de dizer "é só esperar". Seus chefes lhes ensinaram que é mais delicado, menos

penoso, "aguardar" do que "esperar". É um pouco como quando se diz que fulano "faleceu", em vez de dizer que

"morreu". A crença geral é que quem falece morre menos do que quem morre. No mínimo, morre de modo

menos drástico e acachapante.

Há outras ocasiões em que o uso inábil da língua vem em nosso socorro. Exemplos:

"Foi movido contra você um processo nº 01239/2009 por danos morais, conforme a Lei nº 9.099, na segunda

vara penal. Caso não compareça no lugar especificado no arquivo em anexo poderá implicar em chamada de

segunda instância e/ou recolhimento da sociedade".

"Todos os clientes MasterCard, devem recadastrar o seu cartão em 72 horas. Este procedimento está sendo

ocorrido mundialmente. Caso nosso sistema não reconhecer o recadastramento, ele bloqueia o cartão, isto é,

ficando impossibilitado de novas compras. Clique no link abaixo e recadastre".

Quem frequenta a internet sabe do que se trata: e-mails de golpistas, ladrões de senhas. Quando não

oferecem outros indícios, eles se denunciam pelo incontornável costume de estropiar o idioma. Que bom que a

escola brasileira é tão ruim.

(Roberto Pompeu de Toledo. Veja, 25 de março de 2009)

Questão 53)

No texto, Roberto Pompeu de Toledo compara o uso da expressão “Posso ajudar?” ao gerundismo, a que ele se

refere como “doentio surto”. A crítica ao gerundismo, no texto, deve-se principalmente ao fato de

a) ser o resultado de má tradução de expressões comerciais americanas.

b) esse vício de linguagem prejudicar a compreensão da língua.

c) ser um jargão saído do telemarketing.

d) sugerir a ideia de prolongamento, demora no atendimento.

e) merecer respostas grosseiras por parte de quem o ouve.

Gab: A

TEXTO: 16 - Comum à questão: 54

A erosão da confiança dos cidadãos em seus dirigentes e nas instituições políticas é o principal problema das

democracias atuais. Em tempos de capitalismo global o individualismo se exacerbou, a esfera pública se erodiu,

a vontade política declinou e os interesses privados se impuseram nos altares do mercado. As segundas

hipotecas e os subprimes só ocorreram porque os cidadãos norte-americanos foram induzidos ao consumo

conspícuo pela propaganda, levando-os a imaginar que a escalada absurda de preços dos seus imóveis seria

permanente. O mundo macroeconômico havia entrado numa fase de alta complexidade e especialização, em que

dominam opiniões tecnocráticas muito distantes da sensibilidade do cidadão; o capitalismo financeiro global disso

se aproveitou e vendeu-lhe fantásticas miragens e ilusões.

29

A era da abundância de recursos naturais já havia terminado antes da crise, mas o poder econômico

continuava garantindo que as novas tecnologias "dariam um jeito". Cientistas respeitáveis, no entanto, alertavam

que – mais alguns passos da humanidade na direção errada – a crise ecológica poderia ser irreparável, vitimando

gerações futuras. A questão é de quem são as escolhas e a quem elas beneficiam.

A crise iniciada pelo colapso do sistema financeiro pode, de fato, gerar uma nova era de regramento do lado

desenfreado do capitalismo global? Quem serão seus agentes? Políticos movimentam- se de forma hiperativa,

outorgando-se poderes de épocas de guerra, mas ainda estão tão perdidos como os economistas e os

intelectuais. Suas posições oscilam entre a antevisão das "folhas de outono" do fim do capitalismo e a assunção

de que esta é uma mera crise de ajuste e será resolvida com certa socialização de prejuízos e alguma regulação.

Mas a sua verdadeira natureza é tão complexa que conduz a uma cegueira relativa.

Em suma, a profundidade e a qualidade desta crise tanto pode ser de fundamentos quanto de forma, ou de

ambos. Estruturas e equilíbrios de poder vão-se alterar, tanto na política quanto na economia, e muito exigirão de

seus atores principais.

(Trecho do artigo de Gilberto Dupas. O Estado de S. Paulo,

15 de novembro de 2008, A2, com adaptações)

Questão 54)

Ambos os verbos grifados estão corretamente flexionados em:

a) Diante da perspectiva de ganhos sempre maiores, os consumidores não se conteram e ultrapassaram os

limites de crédito.

b) Cientistas preocupados com a ecologia anteveram os possíveis prejuízos que se abateriam sobre as

gerações futuras.

c) Os abusos da propaganda comporam alguns fundamentos da crise que afetou os mercados financeiros do

mundo todo.

d) O governo interveio no mercado financeiro para evitar endividamentos voltados a satisfazerem os ímpetos

consumistas enaltecidos pela propaganda.

e) A crise financeira global adviu da busca do lucro a qualquer preço, sem que houvesse o devido controle de

endividamento da população.

Gab: D

TEXTO: 17 - Comum à questão: 55

A forma mais difundida de paquera entre os sauditas são os cafés que oferecem acesso à internet. São poucos,

mas estão se tornando uma ferramenta de aproximação entre os jovens. E estão se mostrando eficientes. Com

base em sua interpretação do Corão, o governo da Arábia Saudita restringiu alguns hábitos considerados

“ocidentalizados” da população, principalmente dos mais jovens. Teatros, cinemas e boates foram proibidos de

funcionar tanto na capital Riad quanto nas cidades pequenas do país. Na esteira do fechamento dessas casas,

perde-se uma forma centenária de encontrar um namorado ou mesmo de conhecer outras pessoas. A alternativa

para quem não costuma usar os sites de namoro é escrever nome e telefone em pedaços de papel e deixá-los

nos vidros dos carros para achar, com a ajuda do destino, um candidato a cara-metade e marcar um encontro.

(Sauditas aprendem a namorar pela net, in: Galileu nº 131)

Questão 55)

Observe que o verbo da oração em destaque está na voz passiva.

Assinale a alternativa cuja expressão verbal destacada se encontra na voz passiva.

a) A forma mais difundida de paquera entre os sauditas são os cafés ...

b) ... o governo da Arábia Saudita restringiu alguns hábitos considerados “ocidentalizados” da população...

c) Na esteira do fechamento dessas casas, perdese uma forma centenária de encontrar um namorado...

30

d) A alternativa para quem não costuma usar os sites de namoro é escrever nome e telefone...

e) ...

Gab: C

TEXTO: 18 - Comum à questão: 56

Apólogo brasileiro sem véu de alegoria

1O trenzinho recebeu em Magoari o

2pessoal do matadouro e tocou para Belém.

3Já era noite. Só se sentia o

cheiro doce do 4sangue. As manchas na roupa dos

5passageiros ninguém via porque não havia

6luz. De vez em

quando passava uma fagulha 7que a chaminé da locomotiva botava.

8Trem misterioso. Noite fora noite

9dentro. O chefe vinha recolher os bilhetes de

10cigarro na boca. Chegava a

passagem bem 11

perto da ponta acesa e dava uma chupada 12

para fazer mais luz. 13

Noite sem lua nem nada. Os fósforos é 14

que alumiavam um instante as caras 15

cansadas e a pretidão feia

caía de novo. 16

Ninguém estranhava. Era assim mesmo 17

todos os dias. O pessoal do matadouro já 18

estava

acostumado. Parecia trem de carga o 19

trem de Magoari. 20

Porém aconteceu que no dia 6 de maio 21

viajava no penúltimo banco do lado direito 22

do segundo vagão um

cego de óculos azuis. 23

Cego baiano das margens do Verde de 24

Baixo. Flautista de profissão dera um 25

concerto

em Bragança. O taioca guia dele só 26

dava uma folga no bocejo para cuspir. 27

Baiano velho estava contente. Primeiro 28

deu uma cotovelada no secretário e puxou 29

conversa. Puxou à

toa porque não veio 30

nada. Então principiou a assobiar. Assobiou 31

uma valsa (dessas que vão subindo, vão 32

subindo e depois descendo, vêm descendo). 33

De repente deu uma cousa nele. Perguntou 34

para o rapaz: 35

- O jornal não dá nada sobre a 36

sucessão presidencial? 37

O rapaz respondeu: 38

- Não sei: nós estamos no escuro. 39

- No escuro? 40

- É. 41

Ficou matutando calado. Claríssimo que 42

não compreendia bem. Perguntou de novo: 43

- Não tem luz? 44

Bocejo. 45

- Não tem. 46

Cuspada. 47

Matutou mais um pouco. Perguntou de 48

novo: 49

- O vagão está no escuro? 50

- Está. 51

De tanta indignação bateu com o 52

porrete no soalho. E principiou a grita dele 53

assim: 54

- Não pode ser! Estrada relaxada! Que 55

é que faz que não acende? Não se pode 56

viver sem luz! A luz é

necessária! A luz é o 57

maior dom da natureza! Luz! Luz! Luz! 58

E a luz não foi feita. Continuou 59

berrando: 60

- Luz! Luz! Luz! 61

Só a escuridão respondia. 62

Baiano velho estava fulo. Urrava. Vozes 63

perguntaram dentro da noite. 64

- Que é que há? 65

Baiano velho trovejou: 66

- Não tem luz! 67

Vozes concordaram: 68

- Pois não tem mesmo. 69

Foi preciso explicar que era um 70

desaforo. Homem não é bicho. Viver nas 71

trevas é cuspir no progresso

da 72

humanidade. Depois a gente tem a 73

obrigação de reagir contra os exploradores 74

do povo. No preço da

passagem está 75

incluída a luz. O governo não toma 76

providências? Não toma? A turba ignara fará 77

valer seus

direitos sem ele. 78

- Que é que se vai fazer então? 79

Ninguém sabia. Isto é: João Virgulino sabia. 80

Magarefe chefe do

matadouro de Magoari, 81

tirou a faca da cinta e começou a 82

esquartejar o banco de palhinha. 83

Todos os passageiros magarefes e 84

auxiliares imitaram o chefe. Os instintos 85

carniceiros se satisfizeram

plenamente. A 86

indignação virou alegria. Era cortar e jogar 87

pelas janelas.

31

88O chefe do trem foi para o cubículo

89dele e se fechou por dentro rezando. Belém

90já estava perto. Dos

bancos só restava a 91

armação de ferro. Os passageiros de pé 92

contavam façanhas. Baiano velho tocava a 93

marcha de sua lavra Às armas cidadãos! O 94

taioquinha embrulhava no jornal a faca 95

surrupiada na confusão. 96

Belém vibrou com a história. Os jornais 97

afixaram cartazes. Era assim o título de um: 98

Os passageiros no

trem de Magoari 99

amotinaram-se jogando os assentos ao leito 100

da estrada. Mas foi substituído porque se 101

prestava a interpretações que feriam de 102

frente o decoro das famílias. Diante do 103

Teatro da Paz houve um

conflito sangrento 104

entre populares. 105

Dada a queixa à polícia foi iniciado o 106

inquérito para apurar as responsabilidades. 107

O delegado

perguntou a um passageiro que 108

se declarou protestante e trazia um 109

exemplar da Bíblia no bolso: 110

- Qual a causa verdadeira do motim? 111

O homem respondeu: 112

- A causa verdadeira do motim foi a 113

falta de luz nos vagões. 114

O delegado olhou firme nos olhos do 115

passageiro e continuou: 116

- Quem encabeçou o movimento? 117

Em meio da ansiosa expectativa dos 118

presentes o homem revelou: 119

- Quem encabeçou o movimento foi um 120

cego! 121

Quis jurar sobre a Bíblia mas foi 122

imediatamente recolhido ao xadrez porque 123

com a autoridade não se

brinca.

(Antônio de Alcântara Machado. Coleção Nossos

Clássicos. v. 57. p. 38-43. Adaptação.)

Questão 56)

Marque a afirmação INCORRETA a respeito do período em destaque: Os fósforos é que alumiavam um instante

as caras cansadas e a pretidão feia caía de novo. (refs. 13-15)

a) O período é formado de três orações.

b) É que é uma locução expletiva e, como tal, não tem função sintática e não é necessária ao sentido da frase.

c) O é que torna a frase mais forte e põe em evidência o sujeito – Os fósforos.

d) Se o é for deslocado para antes do sujeito, alterar-se-á a concordância: Eram os fósforos que alumiavam

um instante as caras cansadas e a pretidão feia caía de novo.

Gab: A

TEXTO: 19 - Comum à questão: 57

Os diferentes

Descobriu-se na Oceania, mais precisamente na ilha de Ossevaolep, um povo primitivo, que anda de cabeça

para baixo e tem vida organizada.

É aparentemente um povo feliz, de cabeça muito sólida e mãos reforçadas. Vendo tudo ao contrário, não

perde tempo, entretanto, em refutar a visão normal do mundo. E o que eles dizem com os pés dá a impressão de

serem coisas aladas, cheias de sabedoria.

Uma comissão de cientistas europeus e americanos estuda a linguagem desses homens e mulheres, não

tendo chegado ainda a conclusões publicáveis. Alguns professores tentaram imitar esses nativos e foram

recolhidos ao hospital da ilha. Os cabecences-para-baixo, como foram denominados à falta de melhor

classificação, têm vida longa e desconhecem a gripe e a depressão.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa Seleta. Rio

de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 150)

Questão 57)

No texto, identifica-se o povo da ilha de Ossevaolep por um neologismo: cabecences-para-baixo.

a) Identifique os processos de formação de palavras utilizados para a criação desse neologismo.

b) Considerando o conhecimento que os observadores têm do povo de Ossevaolep, responda: por que se

afirma, no texto, que o neologismo foi criado “à falta de melhor classificação”?

32

Gab:

a) Os processos de formação utilizados foram composição por justaposição e derivação sufixal.

b) Os observadores criaram um neologismo que não vai além do nível descritivo superficial porque eles não

conseguiram alcançar um conhecimento aprofundado, conclusivo a respeito do povo de Ossevaolep.

TEXTO: 20 - Comum à questão: 58

Logo depois transferiu-se para o trapiche [local destinado à guarda de mercadorias para importação ou

exportação] o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então

para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades, as

mais variadas, desde os 9 aos 16 anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e

dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os

lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das

embarcações. . .

(AMADO, Jorge. O trapiche. Capitães de Areia. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1937. Adaptado.)

Questão 58)

Assinale a alternativa em que o verbo destacado tem como sujeito aquele apresentado entre colchetes.

a) Logo depois transferiu-se para o trapiche o depósito dos objetos... [os objetos]

b) ... o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. [o depósito dos objetos]

c) Estranhas coisas entraram então para o trapiche. [estranhas coisas]

d) ... indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando... [o casarão]

e) ... com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações. . . [as embarcações]

Gab: C

TEXTO: 21 - Comum à questão: 59

Uma ideia radical demais

“Grátis pode significar muitas coisas, e esse significado tem mudado ao longo dos anos. Grátis levanta

suspeitas, mas não há quase nada que chame tanto a atenção. Quase nunca é tão simples quanto parece, mas

é a transação mais natural de todas. Se agora estamos construindo uma economia em torno do Grátis,

deveríamos começar entendendo o que ele é e como funciona.” Essas são as palavras que abrem o segundo

capítulo de um livro lançado nesta semana nos Estados Unidos. O título é Free – The Future of a Radical Price

(“Grátis – o futuro de um preço radical”, numa tradução livre). A editora Campus-Elsevier deve lançá-lo no Brasil

no final deste mês. É preciso reconhecer que o autor não falta com a verdade. “Grátis” pode realmente significar

muitas coisas, entre elas cobrar por um livro cuja ideia central é uma defesa apaixonada de tudo o que é gratuito.

A favor de Anderson, é necessário avisar de saída: em nenhum momento ele escreve que tudo será de

graça. Sua tese central é que certos produtos e serviços podem, sim, ser gratuitos – e mesmo assim dá para

ganhar dinheiro. Anderson constrói seu argumento sobre as diferenças fundamentais entre o mundo das coisas

materiais, ou o mundo dos átomos, e a internet, ou o mundo dos bits. Eis a ideia central: todos os custos dos

insumos básicos do mundo digital caem vertiginosamente.

(portalexame.abril.uol.com.br/revista/exame/edicoes/0947/tecnologia/ideiaradical-

demais-482570.html)

33

Questão 59)

Observe a tira.

(http://educacao.uol.com.br/album/tiras_reforma_album.jhtm)

No título do texto – Uma ideia radical demais – aparece a palavra ideia e, destacada no 2.º parágrafo, a palavra

constrói. Tendo como base as informações da tira, conclui-se que:

a) nenhuma das duas palavras contém ditongo, por isso a regra do acordo descrita não se aplica a elas.

b) ambas as palavras estão corretamente grafadas, tendo como referência o novo acordo ortográfico.

c) nenhuma das palavras deve receber acento agudo no ditongo aberto, pois elas são oxítonas.

d) ambas as palavras deveriam receber acento, pois este deve estar presente nos ditongos das paroxítonas,

conforme o novo acordo ortográfico.

e) houve troca no acento, pois a primeira, por ser oxítona, é que deveria ser acentuada conforme o novo acordo

ortográfico.

Gab: B

TEXTO: 22 - Comum à questão: 60

O comprador de fazendas

1

O acaso deu a Trancoso uma sorte de cinquenta contos na loteria. Não se riam. Por que motivo não havia

Trancoso de ser o escolhido, se a sorte é cega e ele tinha no bolso um bilhete? Ganhou os cinquenta contos,

dinheiro que para um pé-atrás daquela marca era significativo de grande riqueza. 5De posse do bolo, após semanas de tonteira deliberou afazendar-se. Queria tapar a boca ao mundo realizando

uma coisa jamais passada pela sua cabeça: comprar fazenda. Correu em revista quantas visitara durante os

anos de malandragem, propendendo, afinal, para a Espiga. Ia nisso, sobretudo, a lembrança da menina, dos

bolinhos da velha e a ideia de meter na administração ao sogro, de jeito a folgar-se uma vida vadia de regalos,

embalada pelo amor de 10

Zilda e os requintes culinários da sogra. Escreveu, pois, a Moreira anunciando-lhe a

volta, a fim de fechar-se o negócio.

Ai, ai, ai! Quando tal carta penetrou na Espiga houve rugidos de cólera, entremeio a bufos de vingança.

– É agora! – berrou o velho. – O ladrão gostou da pândega e quer repetir a dose. Mas desta feita 15

curo-lhe a

balda*1

, ora se curo! – concluiu, esfregando as mãos no antegozo da vingança.

No murcho coração da pálida Zilda, entretanto, bateu um raio de esperança. A noite de sua alma alvorejou ao

luar de um “Quem sabe?” Não se atreveu, todavia, a arrostar*2

a cólera do pai e do irmão, concertados ambos

num tremendo ajuste de contas. Confiou no milagre. Acendeu outra velinha a Santo Antônio... 20

O grande dia chegou. Trancoso rompeu à tarde pela fazenda, caracolando o rosilho*3

.

Desceu Moreira a esperá-lo embaixo da escada, de mãos às costas.

Antes de sofrear*4

as rédeas, já o amável pretendente abria-se em exclamações.

– Ora viva, caro Moreira! Chegou enfim o grande dia. Desta vez, compro-lhe a fazenda.

Moreira tremia. Esperou que o biltre*5

apeasse e mal Trancoso, lançando as rédeas, dirigiu-se-lhe 25

de braços

abertos, todo risos, o velho saca de sob o paletó um rabo de tatu e rompe-lhe para cima com ímpeto de

queixada*6

.

– Queres fazenda, grandissíssimo tranca*7

? Toma, toma fazenda, ladrão! – e lepte, lepte, finca-lhe rijas rabadas

coléricas.

34

O pobre rapaz, tonteando pelo imprevisto da agressão, corre ao cavalo e monta às cegas, de passo 30

que Zico

lhe sacode no lombo nova série de lambadas de agravadíssimo ex-quase-cunhado.

Dona Isaura atiça-lhe os cães:

– Pega, Brinquinho! Ferra, Joli!

O mal azarado comprador de fazendas, acuado como raposa em terreiro, dá de esporas e foge à toda, sob uma

chuva de insultos e pedras. Ao cruzar a porteira inda teve ouvidos para distinguir 35

na grita os desaforos

esganiçados da velha:

– Comedor de bolinhos! Papa-manteiga! Toma! Em outra não hás de cair, ladrão de ovo e cará!...

E Zilda?

Atrás da vidraça, com os olhos pisados do muito chorar, a triste menina viu desaparecer para sempre, envolto em

uma nuvem de pó, o cavaleiro gentil dos seus dourados sonhos. 40

Moreira, o caipora*8

, perdia assim naquele dia o único negócio bom que durante a vida inteira lhe deparara a

Fortuna: o duplo descarte – da filha e da Espiga...

MONTEIRO LOBATO

Urupês. São Paulo: Globo, 2007.

Vocabulário: *1

balda - defeito habitual, mania *2

arrostar - encarar sem medo *3

rosilho - cavalo de pelo avermelhado *4

sofrear - conter *5

biltre - homem vil, infame *6

queixada - espécie de porco-do-mato *7

tranca - indivíduo ordinário, de mau caráter *8

caipora - indivíduo azarado

Questão 60)

Observe a oração:

Desta vez, compro-lhe a fazenda. (ref. 20)

Classifique sintaticamente o pronome pessoal. Em seguida, reescreva a oração, substituindo-o por outra palavra

de igual valor, mantendo o sentido original.

Gab:

objeto indireto

Desta vez, compro a sua fazenda.

TEXTO: 23 - Comum à questão: 61

A IMAGINAÇÃO

1O processo de trabalho do cientista aproxima-se do processo de trabalho do artista. Ambos desenvolvem um

tipo de comportamento denominado “exploratório”, isto é, dedicam-se a “explorar” as possibilidades, “o que

poderia ser”, em vez de se deter no que realmente é. Para isso, necessitam da imaginação. Assim, um dos

sentidos de criar é imaginar. Imaginar é a capacidade de ver além do imediato, 5 do que é, de criar possibilidades

novas. É responder à pergunta: “Se não fosse assim, como poderia ser?”. Se dermos asas à imaginação, se

deixarmos de lado o nosso senso crítico e o medo do ridículo, se abandonarmos as amarras lógicas da

realidade, veremos que somos capazes de encontrar muitas respostas para a pergunta. Este é o chamado

pensamento divergente, que leva a muitas respostas possíveis. É o contrário do pensamento convergente, que

leva a uma única resposta, considerada certa. 10

Por exemplo, para a pergunta “Quem descobriu o Brasil?” só há

uma resposta certa: Pedro Álvares Cabral. Para a pergunta “Se os portugueses não tivessem descoberto o

Brasil, como estaríamos vivendo hoje?”, há inúmeras respostas possíveis. A primeira envolve memória; a

segunda, imaginação.

35

Tanto o artista quanto o cientista têm de ser suficientemente flexíveis para sair do seguro, do conhecido, do

imediato, e assumir os riscos ao propor o novo, o possível.

ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.

A imaginação. In: Filosofando. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1993. p. 338-339.

Questão 61)

Leia os períodos abaixo.

I - “O processo de trabalho do cientista aproxima-se do processo de trabalho do artista” (ref. 1).

II - “Ambos desenvolvem um tipo de comportamento denominado ‘exploratório’.” (ref. 1).

III - “A primeira envolve memória; a segunda, imaginação” (ref. 10).

Os termos em destaque exercem a mesma função sintática:

a) apenas em I e II.

b) apenas em I e III.

c) apenas em II e III.

d) nos três períodos.

Gab: D

TEXTO: 24 - Comum à questão: 62

Capítulo XIII

1 Os reposteiros, as tapeçarias, os divãs, tudo enfim quanto constituía a mobília do palácio demonstrava a

magnificência inexcedível de um príncipe das lendas hindus.

Lá fora, nos jardins, reinava a mesma pompa, realçada pela mão da Natureza, perfumada por mil odores

diversos, alcatifada de verdes alfombras, banhada pelo rio, 5 refrescada por inúmeras fontes de mármore branco,

junto às quais um milheiro de escravos trabalhava sem cessar.

Fomos conduzidos ao divã das audiências por um dos auxiliares do vizir Ibraim Maluf.

Avistamos, ao chegar, o poderoso monarca sentado em riquíssimo trono de marfim 10

e veludo. Perturbou-me,

de certo modo, a beleza estonteante do grande salão. Todas as suas paredes eram adornadas com inscrições

admiráveis feitas pela arte caprichosa de um calígrafo genial. As legendas apareciam, em relevo, sobre fundo

azul claro em letras pretas e vermelhas. Notei que eram versos dos mais brilhantes poetas de nossa terra! Jarras

de flores por toda a parte, flores desfolhadas sobre coxins, sobre alcatifas, ou em 15

salvas de ouro e prata

primorosamente cinzeladas.

Malba Tahan, em O homem que calculava, p. 69 e 70.

Questão 62)

Assinale a alternativa incorreta.

a) Os termos “pela mão da Natureza” (ref. 1), “pelo rio” (ref. 1) e “por inúmeras fontes” (ref. 5) são

sintaticamente classificados como objetos indiretos.

b) Em “alcatifada de verdes alfombras” (ref. 1), pode-se substituir a palavra destacada por atapetada, que se

mantém o sentido do período.

c) No período “Avistamos, ao chegar, o poderoso monarca sentado em riquíssimo trono de marfim e veludo”

(ref. 5 e 10), a oração destacada está entre vírgulas por ser uma oração reduzida do infinitivo.

d) Da leitura do excerto, pode-se inferir que o grande salão onde eles seriam recepcionados tinha em suas

paredes versos desenhados a mão, não escritos por um poeta, mas sim, por um calígrafo.

e) O uso da hipérbole “mil odores diversos” (ref. 1) e da linguagem adjetivada no excerto ratificam o

encantamento do narrador em relação ao palácio.

Gab: A

36

TEXTO: 25 - Comum à questão: 63

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O

acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais

mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar?

ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização,

maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O

que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária

também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de

cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da

mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos

servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão

grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso

ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão.

Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas,

mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos

dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à

saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como

mais importantes. São dois mundos diferentes.

(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm>.

Acesso em: 26 jul. 2009).

Questão 63)

Considere o trecho: “Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está

muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está

resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.”.

As palavras grifadas são

a) predicados verbais.

b) núcleos do sujeito.

c) substantivos.

d) advérbios.

e) adjetivos.

Gab: E

TEXTO: 26 - Comum à questão: 64

Marte é o Futuro

1O pouso na Lua não foi só o ápice da corrida espacial. Foi também o passo inicial do turbocapitalismo que

2dominaria as três décadas seguintes. Dependente, porém, de matérias-primas do século 19: aço, carvão,

3óleo.

Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento dos limites da Terra. Ela era azul, mas finita. 4Com o

império da tecnociência, ascendeu também sua nêmese, o movimento ambiental. Fixar Marte como 5objetivo

para dentro de 20 ou 30 anos, hoje, parece tão louco quanto chegar à Lua em dez, como determinou 6John F.

Kennedy. Não há um imperialismo visionário como ele à vista, e isso é bom. A ISS (estação espacial 7internacional) representa a prova viva de que certas metas só podem ser alcançadas pela humanidade como

8um todo, não por nações forjadas no tempo das caravelas. Marte é o futuro da humanidade. Ele nos fornecerá

9a experiência vívida e a imagem perturbadora de um planeta devastado, inabitável. Destino certo da Terra

10em

vários milhões de anos. Ou, mais provável, em poucas décadas, se prosseguir o saque a descoberto da 11

energia

fóssil pelo hipercapitalismo globalizado, inflando a bolha ambiental.

(Adaptado de: LEITE, M. Caderno Mais!. Folha de São Paulo.

São Paulo, domingo, 26 jul. 2009. p. 3.)

37

Questão 64)

Quanto à predicação verbal, é correto afirmar:

a) Em “Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento” (ref. 3), o verbo implicar, nesse contexto, é um

verbo transitivo direto, por isso seu complemento não exige preposição.

b) Em “Não há um imperialismo visionário como ele à vista” (ref. 6), o verbo haver é considerado um verbo de

ligação, pois estabelece relação entre sujeito e seu predicativo.

c) Em “A ISS (estação espacial internacional) representa a prova viva” (refs. 5 e 7), o verbo representar é

intransitivo, portanto, não necessita complemento.

d) Em “Marte é o futuro da humanidade” (ref. 8), o verbo ser é classificado como verbo transitivo direto e

indireto, ou seja, possui um complemento precedido de preposição e outro não.

e) Em “Ele nos fornecerá a experiência vívida e a imagem” (refs. 8 e 9), o verbo fornecer é classificado como

verbo defectivo, pois não apresenta a conjugação completa.

Gab: A

TEXTO: 27 - Comum à questão: 65

01

Grande parte de nossas decisões é tomada de 02

maneira mais ou menos automática. Esse processo 03

é

guiado pelo valor que se dá às diversas experiências 04

do passado. Se uma pessoa desperta boas emoções 05

em mim, toda vez que eu a encontrar vou reviver 06

uma memória que se divide em dois aspectos: 07

o cognitivo

(quem é essa pessoa) e o emocional 08

(é alguém de quem eu gosto). Não há memória ou 09

tomada de decisões

neutras, sem emoção. 10

Na verdade, nada é mais essencial para a identidade 11

de uma pessoa do que o conjunto de experiências 12

armazenadas em sua mente. Por isso, o que 13

mais distingue a memória humana é a capacidade 14

de ter uma

autobiografia. Cada um de nós sabe quando 15

nascemos, quem são nossos pais, nossos amigos, 16

quais são

nossas preferências, o que já realizamos 17

na vida… Enfim, qual é nossa história. Um chimpanzé 18

ou um cão

têm isso de forma limitada; sua memória 19

não possui a mesma riqueza de detalhes e 20

abrangência. Essa

diferença é amplificada pela linguagem, 21

que codifica memórias não verbais em formas 22

verbais, expandindo

enormemente tudo o que o 23

ser humano é capaz de memorizar. 24

Cada vez que a memória decai, e conforme a idade 25

isso ocorre em maior ou menor grau, perde-se 26

um

pouco da interação com o mundo. Mas a ciência 27

vem avançando no conhecimento dos mecanismos da 28

memória e de como fazer para preservá-la. Pesquisas 29

recentes permitem vislumbrar o dia em que será

realidade 30

a manipulação da memória humana. (...) 31

A neurociência é um campo tão promissor que, nos 32

Estados Unidos, um quinto do financiamento em

pesquisas 33

médicas do governo federal vai para as tentativas 34

de compreender os mecanismos do cérebro. E

os 35

estudos sobre a memória têm lugar destacado nesse 36

esforço científico. Afinal, mantê-la em perfeito

funcionamento 37

tornou-se preocupação central nas sociedades 38

modernas, na qual dois fenômenos desafiam:

a exposição 39

a uma carga diária excessiva de informações, 40

que o cérebro precisa processar, selecionar e, se

relevantes, 41

reter para uso futuro; e o aumento da expectativa 42

de vida, que se traduz em uma população mais 43

vulnerável a distúrbios associados à perda de memória.

Texto redigido com base em informações publicadas na revista Veja, 13 de janeiro, 2010.

Questão 65)

Analise as informações a seguir e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

Caso o leitor não conheça a palavra “neurociência” (ref.31), ele pode chegar ao sentido aproximado

( ) decompondo a palavra em seus elementos constitutivos e observando o que cada um significa.

( ) buscando pistas do seu significado no conteúdo do parágrafo anterior.

( ) identificando a classe gramatical e a função sintática dessa palavra no contexto.

( ) relacionando a palavra com outras do mesmo campo de significação, como “cérebro”, “estudos sobre a

memória”, “esforço científico”.

38

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) V – V – V – F

b) V – V – F – V

c) V – F – V – F

d) F – F – V – V

e) F – V – F – V

Gab: B

TEXTO: 28 - Comum à questão: 66

Trabalhar e sofrer

1

“O trabalho enobrece” é uma dessas frases feitas que a gente repete sem refletir no que significam, feito

reza automatizada. Outra é "A quem Deus ama, ele faz sofrer", que fala de uma divindade cruel, fria, que não

mereceria uma vela acesa sequer. Sinto muito: nem sempre trabalhar nos torna mais nobres, nem sempre a dor

nos deixa mais justos, mais generosos. O tempo para contemplação da arte e da natureza, ou 5curtição dos

afetos, por exemplo, deve enobrecer bem mais. Ser feliz, viver com alguma harmonia, há de nos tornar melhores

do que a desgraça. A ilusão de que o trabalho e o sofrimento nos aperfeiçoam é uma ideia que deve ser

reavaliada e certamente desmascarada.

O trabalho tem de ser o primeiro dos nossos valores, nos ensinaram, colocando à nossa frente cartazes

pintados que impedem que a gente enxergue além disso. Eu prefiro a velha dama esquecida num 10

canto feito

uma mala furada, que se chama ética. Palavra refinada para dizer o que está ao alcance de qualquer um de nós:

decência. Prefiro, ao mito do trabalho como única salvação, e da dor como cursinho de aperfeiçoamento

pessoal, a realidade possível dos amores e dos valores que nos tornariam mais humanos. Para que se trabalhe

com mais força e ímpeto e se viva com mais esperança.

O trabalho que dá valor ao ser humano e algum sentido à vida pode, por outro lado, deformar e 15

destruir. O

desprezo pela alegria e pelo lazer espalha-se entre muitos de nossos conceitos, e nos sentimos culpados se não

estamos em atividade, na cultura do corre-corre e da competência pela competência, do poder pelo poder, por

mais tolo que ele seja.

Assim como o sofrimento pode nos tornar amargos e até emocionalmente estéreis, o trabalho pode aviltar,

humilhar, explorar e solapar qualquer dignidade, roubar nosso tempo, saúde e possibilidade de 20

crescimento.

Na verdade, o que enobrece é a responsabilidade que os deveres, incluindo os de trabalho, trazem consigo. O

que nos pode tornar mais bondosos e tolerantes, eventualmente, nasce do sofrimento suportado com dignidade,

quem sabe com estoicismo. Mas um ser humano decente é resultado de muito mais que isso: de genética, da

família, da sociedade em que está inserido, da sorte ou do azar, e de escolhas pessoais (essas a gente costuma

esquecer: queixar-se é tão mais fácil). 25

Quanto tempo o meu trabalho se é que temos escolha, pois a maioria de nós dá graças a Deus se

consegue trabalhar por um salário vil me permite para lazer, ou o que eu de verdade quero, se é que paro

para refletir sobre isso? Quanto tempo eu me dou para viver? Quanto sobra para meu crescimento pessoal, para

tentar observar o mundo e descobrir meu lugar nele, por menor que seja, ou para entender minha cultura e

minha gente, para amar minha família? 30

E, se o luxo desse tempo existe, eu o emprego para ser, para viver, ou para correr atrás de mais um

trabalho a fim de pagar dívidas nem sempre necessárias? Ou apenas não me sinto bem ficando sem atividade,

tenho de me agitar sem vontade, rir sem alegria, gritar sem entusiasmo, correr na esteira além do indispensável

para me manter sadio, vagar pelos shoppings quando nada tenho a fazer ali e já comprei todo o possível

muito mais do que preciso, no maior número de prestações que me ofereceram? E, quando 35

tenho momentos

de alegria, curto isso ou me preocupo: algo deve estar errado?

Servos de uma culpa generalizada, fabaricamos caprichosamente cada elo do círculo infernal da nossa

infelicidade e alienação. Essas frases feitas, das quais aqui citei só duas, podem parecer banais. Até rimos

delas, quando alguém nos leva a refletir a respeito. Mas na verdade são instrumento de dominação de mentes:

sofra e não se queixe, não se poupe, não se dê folga, mate-se trabalhando, seja humilde, seja pobre, 40

sofrer é

nosso destino, darás à luz com dor e todo o resto da tola e desumana lavagem cerebral de muitos séculos,

que a gente em geral nem questiona mais.

Lya Luft, Veja, 20/1/2010

39

Questão 66)

Na análise sintática da oração “Assim como o sofrimento pode nos tornar amargos e emocionalmente estéreis...”

(ref. 15), é INCORRETO afirmar que

a) “o sofrimento” é o termo a que se refere o predicado.

b) o pronome oblíquo “nos” é complemento de “pode tornar”.

c) “amargos” e “emocionalmente estéreis” se referem a “nos”.

d) o predicado dessa oração se classifica como nominal.

Gab: D

TEXTO: 29 - Comum à questão: 67

O milagre do sorinho e outros milagres

1

A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas

no Brasil. Não chamou o marqueteiro, como providência inaugural dos trabalhos. Não engendrou uma generosa

burocracia, capaz de proporcionar bons e agradáveis empregos. Não ofereceu contratos milionários aos

prestadores de serviço. Sobretudo, não anunciou o programa e, com o simples anúncio, deu 5a coisa por feita e

resolvida. Milagre dos milagres. Zilda Arns, que morreu na semana passada, no terremoto do Haiti, aos 75 anos,

realmente fez. Se o Brasil teve uma redução significativa nos níveis de mortalidade e desnutrição infantil, nas

últimas décadas, isso se deve em primeiro lugar à Pastoral da Criança, criada e administrada por ela, com apoio

da Igreja Católica, e aos exemplos que semeou.

O índice de mortalidade infantil no Brasil andava pelos 82,8 mortos por 1000 nascidos vivos, em 10

1982,

quando Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, a pôr sua

experiência de médica pediatra e sanitarista a serviço de um programa de combate ao problema. Hoje está em

23,3 por 1000. Nas áreas com atuação direta da Pastoral da Criança . são 42000 comunidades pobres,

espalhadas por 4000 municípios brasileiros . está em 13 por 1000. O que mais espanta, na obra de Zilda, é o

contraste entre a eficácia dos resultados e a simplicidade dos métodos. Nada 15

de grandiosos aparatos, nada de

invencionices. A partir da gestão do hoje governador José Serra no Ministério da Saúde, ela passou a contar

com forte apoio governamental. Mas suas ferramentas básicas continuaram as mesmas:

O sorinho e a multimistura. O soro caseiro feito de água, açúcar e sal foi o grande segredo no combate à

desidratação, por muito tempo a maior causa de mortalidade infantil no Brasil. A multimistura feita de casca 20

de

ovo, arroz, milho, semente de abóbora e outros ingredientes singelos foi, e continua sendo, a arma contra a

desnutrição. Zilda Arns era contra a cesta básica. Achava-a humilhante, para quem a recebia, e de presença

incerta. Optou por ensinar como proporcionar uma boa dieta com recursos escassos.

A multiplicação da boa vontade. A ordem era ensinar e fazer com que os que aprendiam passassem também

a ensinar. A Pastoral da Criança conta hoje 260000 voluntários. 25 O trabalho e a persistência. Se fosse só ensinar a tomar o sorinho ou a multimistura e ir embora, seria repetir

outro padrão das políticas públicas à brasileira. Cabe ao voluntariado fazer uma visita por mês às famílias

assistidas. Um instrumento imprescindível nessas ocasiões é a balança, para medir a evolução da criança.

A escora da índole feminina. Noventa e dois por cento do voluntariado da Pastoral da Criança é 30

constituído

por mulheres. Uma tarefa dessas é séria demais para ser deixada por conta dos homens. A mulher é muito mais

confiável quando se mexe com assunto situado nos extremos da existência, como são os cuidados com o

nascimento e a morte, a saúde e a doença.

Zilda Arns conduziu-se por uma estratégia baseada na sabedoria antiga e na vontade de fazer, nada mais do

que isso. É paradoxal dizer isso de uma pessoa tão religiosa, mas não houve milagres na sua ação. 35

A menos

que se considere um milagre a presença dessa coisa chamada amor como motor, tanto dela como das pessoas

em quem ela inoculava o mesmo vírus. Vai ver, ela diria isso. Vai ver, isso foi importante mesmo.

O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, passeava de bote num rio infestado de jacarés quando começou

a ficar apavorado. Não era tanto a morte que o apavorava. Era o necrológio: "Morreu ontem, 40

devorado por

jacarés...". Zilda Arns está condenada ao necrológio: "Morreu de terremoto, no Haiti". Não é esdrúxulo como ser

devorado por um jacaré. Também não é raro como cair no poço do elevador, como a atriz Anecy Rocha, irmã de

Glauber, ou ser tragado pela boca do Vesúvio, como o republicano histórico Silva Jardim. Mas é raro para um

brasileiro, em cujo território não ocorrem terremotos de proporções mortais, e chocante como são as mortes

40

inesperadas, provocadas por acidentes. Zilda Arns, como Anecy 45

Rocha e Silva Jardim, morreu em

circunstâncias do tipo que nunca se esquece. Mas, também, em circunstâncias que lhe coroam a vida. Estava

no Haiti para, em contato com religiosos locais, propagar a metodologia da Pastoral da Criança. Morreu em

combate.

Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 20-1-2010

Questão 67)

Em qual das palavras abaixo o elemento sublinhado é prefixo e não radical?

a) “Necrológico” (ref. 35).

b) “Terremoto” (ref. 40).

c) “Metodologia” (ref. 45).

d) “Arcebispo” (ref. 10).

Gab: D

TEXTO: 30 - Comum à questão: 68

O Homem que se endereçou

Apanhou o envelope e na sua letra cuidadosa subscritou a si mesmo: Narciso, rua Treze, nº 21.

Passou cola nas bordas do papel, mergulhou no envelope e fechou-se. Horas mais tarde a empregada

colocou-o no correio. Um dia depois sentiu-se na mala do carteiro. Diante de uma casa, percebeu que o

funcionário tinha parado indeciso, consultara o envelope e prosseguira. Voltou ao DCT, foi colocado numa

prateleira.Dias depois, um novo carteiro procurou seu endereço. Não achou, devia ter saído algo errado. A carta

voltou à prateleira, no meio de muitas outras, amareladas, empoeiradas. Sentiu, então, com terror, que a carta

se extraviara. E Narciso nunca mais encontrou a si mesmo.

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O homem com o furo na mão e

outras histórias. São Paulo: Editora Ática, 1998

Questão 68)

Há um caso de predicado verbo-nominal na alternativa:

a) ...o funcionário tinha parado indeciso

b) ...consultara o envelope e prosseguira

c) ... a empregada colocou-o no correio

d) Narciso nunca mais encontrou a si mesmo

e) A carta voltou à prateleira

Gab: A

TEXTO: 31 - Comum à questão: 69

1Com o advento da internet, criam-se novos mecanismos para quem busca ser uma celebridade ou tornar-se,

pelo menos, conhecido. Um exemplo disso é a utilização das redes sociais – o Facebook, Twitter e o Orkut,

entre outros – pelos aspirantes a famosos, que desejam alcançar os seus quinze minutos de fama – previstos

por Andy Warhol em 1960 –, por meio da utilização dessas ferramentas. Essas redes, que surgiram

prioritariamente como um 5agente para a integração social, criam um ambiente propício para o exibicionismo e o

voyerismo (prática que consiste no prazer a partir da observação de outras pessoas), onde ser contemplado é o

que importa.

Sobre essa prática, Paula Sibília, professora do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comenta que a rede tem proporcionado uma espécie de democratização na

busca pelo estrelato. “A internet oferece um outdoor com espaço para todos: nessas vitrines mais populares,

41

qualquer um 10

pode ser visto como tem direito. As opções são inumeráveis e não cessam de se multiplicar:

blogs, fotologs, Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, Youtube e um longo etcétera”.

O temor da chamada “invasão de privacidade”, segundo a professora, dá espaço para o quase oposto: o

aparecer, ser visto, contemplado e admirado. Para ela, o exibicionismo na rede ocorre a partir da necessidade

que as pessoas têm de serem vistas, e como uma forma de confirmação de que existem e estão vivas. As

pessoas mostram-15

se como um personagem, saciando a voracidade e a curiosidade de outras. “Tudo aquilo

que antes concernia à pudica intimidade pessoal tem se ‘evadido’ do antigo espaço privado, transbordando seus

limites, para invadir aquela esfera que antes se considerava pública. O que se busca nessa exposição

voluntária, que anseia alcançar as telas globais, é se mostrar, justamente: constituir-se como um personagem

visível. Por sua vez, essa nova legião de exibicionistas satisfaz outra vontade geral do público contemporâneo: o

desejo de espionar e consumir vidas alheias”. 20

Cláudia da Silva Pereira, professora do Centro de Ciências Sociais, da Pontifícia Universidade Católica do

Rio de Janeiro, também acredita que na internet se cria um espaço para que as pessoas vivam outros

personagens e consigam, deste modo, uma espécie de autorrealização pessoal. “Podemos ser ali o que

desejarmos, construindo perfis de acordo com o que projetamos ser o ideal. Ou não. Afinal, a internet abre ainda

mais espaço para condutas sociais desviantes que raramente poderiam se concretizar na vida off-line. Aderir a

comunidades politicamente 25

incorretas, criar perfis falsos ou transitar por comunidades que consideramos

‘exóticas’ pode ser uma ótima maneira de buscar a experimentação e, consequentemente, a realização, da

mesma forma”, conclui.

Sibília aponta ainda para a ruptura de um padrão de vida em que os muros já não protegem mais a

privacidade individual. “Das webcams até os paparazzi, dos blogs e fotologs até YouTube e MySpace, das

câmeras de vigilância até os reality shows e talk shows, a velha intimidade transformou-se em outra coisa. E

agora está à vista de todos. 30

Ou, pelo menos é isso o que conseguem aqueles afortunados: os famosos”. Já

Pereira lembra que a “espetacularização” do cotidiano atinge a todos, invariavelmente, ao utilizarem essas

ferramentas sociais, levando a uma maior permissividade com relação ao que é restrito ou irrestrito, ao que é

público e ao que é privado. “A própria ideia de fronteira é imprecisa em se tratando de internet. É evidente que

existe a opção de se compartilhar ou não da intimidade na internet, existe até mesmo a opção de não participar

de redes sociais on-line, mas esta já parece ser 35

uma escolha que limita o trânsito em diversos espaços sociais.

A superexposição nas redes sociais on-line tem seus reflexos na vida off-line, assim como a simples ausência”.

Outra rede social em que a exposição está presente e nem sempre de maneira benéfica é o Youtube.

Inúmeros são os casos de pessoas que se tornam famosas por meio da utilização dessa ferramenta, sem se

importarem em ser reconhecidos por postarem vídeos de gosto duvidoso ou grotesco, confirmando a obsessão

de muitos na busca 40

pela fama a qualquer custo. “Esses sujeitos têm fortalecido o hábito de serem

reconhecidos pelo que fazem de transgressão e não por respeitarem a ordem social. Em toda prática de desvio

de conduta, sempre podemos acreditar que o meio ou a ferramenta apenas facilitou o ato, que na verdade já

havia no sujeito que o praticou uma predisposição para fazê-lo. Infelizmente, os valores de determinados grupos

sociais são refletidos nessas práticas e as consequências podem ser a banalização desses atos, aumentando as

probabilidades de legitimá-las”, lembra Khater. Para ela, as 45

pessoas não devem permitir que o virtual se

sobreponha ao real. “Nós, seres humanos, precisamos da realidade, pois somos seres eminentemente sociais.

Quando o virtual se sobrepõe ao real, nos sentimos vazios, pois sabemos da nossa necessidade de real

aprovação em nosso meio social”.

Ainda, na contramão dos que buscam o reconhecimento, muitos famosos e celebridades encontram nas

redes sociais uma forma de se aproximar das pessoas comuns, do seu público, de seus fãs. Artistas, jornalistas,

músicos 50

e público interagem de uma maneira mais natural. “É praticamente imperativo que uma celebridade

mantenha um perfil no Twitter ou no Facebook, caso contrário ela simplesmente não existe no ambiente on-line.

Desta forma, o público se aproxima daqueles que o sociólogo e filósofo Edgar Morin um dia chamou de

‘olimpianos’, aqueles que se veem obrigados a descer de seus altares dos meios de comunicação de massa

para interagir em 140 caracteres com as pessoas ‘comuns’. O fã torna-se íntimo do ídolo, o que retira dessa

relação grande parte de sua magia”, 55

defende Pereira.

Para Francisco Rüdiger, docente do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do

Sul (UFRGS), as celebridades, ao migrarem para as redes sociais, têm seus carismas submetidos a testes

cotidianos e banais. “As redes sociais abriram aos fãs a possibilidade de articular, mais ampla e cotidianamente,

o culto de seus ídolos mas, por outro lado, atraíram estes últimos para um terreno onde sua capacidade de

gerenciar a própria 60

imagem e influência é muito mais fraca ou instável. As celebridades não podem ficar fora

das redes, se quiserem continuar sendo celebridades, mas a redução da distância que assim se instala,

converte-se em fonte de perigo para sua condição”, acredita.

42

Ferrari aponta para o fim do antigo esquema celebridade-mídia-público. Pois, agora, os fãs podem interagir

diretamente com seus ídolos (e vice-versa), sem precisar de intermediário. “As mídias sociais tiraram os

intermediários, 65

ou seja, a grande mídia. Hoje uma celebridade interage diretamente com seus fãs pelo Twitter,

Facebook, MySpace etc. O feedback é instantâneo”, conclui.

Disponível em: <http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?

section=8&edicao=59&id=751&tipo=0>.

Acesso em: 12 de set. 2010. (Texto modificado)

Questão 69)

Assinale a ÚNICA alternativa que NÃO apresenta indeterminação do agente.

a) “Com o advento da internet, criam-se novos mecanismos para quem busca ser uma celebridade [...].” (ref.

1)

b) “O que se busca nessa exposição voluntária, que anseia alcançar as telas globais é se mostrar [...]”. (ref.

15)

c) “[...] na internet se cria um espaço para que as pessoas vivam outros personagens [...]”. (ref. 20)

d) “As pessoas mostram-se como um personagem, saciando a voracidade e a curiosidade de outras.” (ref. 10

e 15)

Gab: D

TEXTO: 32 - Comum à questão: 70

De bem com a vida

1

A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele

momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras 5maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal, desde que nos entendemos por gente,

aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente

colocado no meio do meu caminho (que, de certa 10

forma, coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive

certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não

é um estado mágico e duradouro. Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída 15

em

conta-gotas. Um pôr de sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não

consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir... São situações e momentos que

vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que 20

merecem alegrias de pequeno e médio porte e até

grandes (ainda que fugazes) alegrias.

FERREIRA, Leila. Revista Marie Claire. nov. 2008. p.56. (fragmento)

Questão 70)

São acentuadas por justificativas distintas as palavras:

a) “dúvida” e “xícara”.

b) “contrário” e “trajetória”.

c) “café” e “até”.

d) “mágico” e “homeopática”.

e) “pôr de sol” e “recém-coado”.

Gab: E

43

TEXTO: 33 - Comum à questão: 71

A revolução das Células-tronco

Evanildo da Silveira

“A expectativa hoje é tão grande que, se você diz que vai tratar um paciente com células-tronco, é capaz de

ele se curar sozinho.” Embora dita em tom de brincadeira, a frase da bióloga e geneticista Nance Nardi, da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e uma das maiores especialistas do Brasil em células-

tronco (CTs), dá bem a medida da fama e das esperanças em torno dessa nova possibilidade terapêutica. Mas é

preciso cautela. Para 5usar um velho clichê: devagar com o andor. O santo não é de barro, é verdade, mas

ainda vai demorar a fazer milagres.

Até 1999, quando as CTs foram eleitas pela revista Science o avanço científico do ano, pouca gente sabia do

que se tratava. Hoje, elas estão nas páginas dos jornais e, por causa de sua capacidade de se transformar em

qualquer tecido do corpo humano, trazem esperanças de recuperação para vários males. Alguns cientistas

chegam 10

a dizer que sua descoberta é tão revolucionária quanto a da penicilina. Em sua maioria, no entanto, os

pesquisadores são mais cautelosos. Embora reconheçam as possibilidades que essas células abrem para a

medicina, fazem questão de lembrar que ainda serão necessários muitos anos de estudos e testes até que elas

possam ser usadas em tratamentos rotineiros.

Nance, por exemplo, lembra que as únicas CTs usadas hoje na medicina são as da medula óssea, que

desde 15

os anos 1950 são empregadas no tratamento de doenças do sangue, como leucemias e anemias. “O

uso de célulastronco para qualquer outro tipo de doença deve ser considerado ainda em experimentação”,

explica. “A maioria dos estudos clínicos continua sendo realizada com pequeno número de pacientes e sem

controles adequados. Apenas quando tivermos muitos desses estudos, controlados, realizados em vários

centros de pesquisa, é que poderemos comprovar a real eficiência da terapia com células-tronco.” 20

A farmacêutica bioquímica Patrícia Pranke, professora de hematologia da Faculdade de Farmácia da

UFRGS, também prefere guardar certa reserva. Ela realiza estudos na área de neurociência, mais

especificamente na tentativa de reconexão de medula partida. Justamente o caminho para que paraplégicos

possam levantar de suas cadeiras de rodas e voltar a andar. Não é de se estranhar, portanto, as esperanças em

milagres que esse tipo de estudo gera.

Mas a própria pesquisadora não compartilha dessa crença. Ainda na fase de experiências com cobaias, ela

já 25

obteve bons resultados em ratos. Mesmo assim, mantém a calma e resume sua posição e a da maioria de

seus pares: “Estamos cautelosamente otimistas. Não podia ser diferente diante do que estamos conseguindo.

Há dez anos, dizia-se que a reconexão da medula era impossível. Hoje, sabemos que não. Mas também não

devemos nos precipitar, porque não se trata de milagre. É ciência, e a ciência é lenta”.

Disponível em: <http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/454/artigo180208-3.htm>.

Acesso em: 10 nov 2010. Texto modificado.

Questão 71)

Observa-se no texto a alternância de tempos verbais. A esse respeito, faça o que se pede:

a) Explique a razão dessa alternância.

b) Retire do texto dois períodos em que fique evidenciado o efeito de sentido provocado por essa alternância,

conforme sua explicação dada em A.

Gab:

a) A alternância entre os tempos verbais evidencia que o autor do texto, ao mesmo tempo em que marca o

momento da enunciação, empregando as formas do presente, distancia-se do que é dito, por meio das

formas do passado.

b) Resposta pessoal.

44

TEXTO: 34 - Comum à questão: 72

Sua excelência

[O ministro] vinha absorvido e tangido por uma chusma de sentimentos atinentes a si mesmo que quase lhe

falavam a um tempo na consciência: orgulho, força, valor, satisfação própria etc. etc.

Não havia um negativo, não havia nele uma dúvida; todo ele estava embriagado de certeza de seu valor

intrínseco, das suas qualidades extraordinárias e excepcionais de condutor dos povos. A respeitosa atitude de

todos e a deferência universal que o cercavam, reafirmadas tão eloquentemente naquele banquete, eram nada

mais, nada menos que o sinal da convicção dos povos de ser ele o resumo do país, vendo nele o solucionador

das suas dificuldades presentes e o agente eficaz do seu futuro e constante progresso.

Na sua ação repousavam as pequenas esperanças dos humildes e as desmarcadas ambições dos ricos.

Era tal o seu inebriamento que chegou a esquecer as coisas feias do seu ofício... Ele se julgava, e só o que

lhe parecia grande entrava nesse julgamento.

As obscuras determinações das coisas, acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto levá-lo-iam,

visto que, só ele, ele só e unicamente, seria capaz de fazer o país chegar ao destino que os antecedentes dele

impunham.

(Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, pp. 15-6)

Questão 72)

Assinale a alternativa contendo as palavras acentuadas segundo a regra que determina a acentuação,

respectivamente, de consciência, intrínseco e levá-lo-iam.

a) Extraordinárias; própria; país.

b) Parágrafo; porém; até.

c) Ofício; dúvida; atrás.

d) Vivência; tórax; virá.

e) Cenógrafo; bíceps; contê-las.

Gab: C

TEXTO: 35 - Comum à questão: 73

Considere o artigo de Don Tapscott (1947-).

O fim do marketing

A empresa vende ao consumidor

— com a web não é mais assim

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção —

não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas vendem aos consumidores. Nós

criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a

mensagem. A internet transforma todas essas atividades.

(...)

Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os

gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do

desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções

industriais na definição e marketing de produtos.

(...)

Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada

vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham

acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários

preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais

informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos e

serviços.

(...)

45

A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de

informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de

um web site vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e

não olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço

mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o

marketspace.

(...)

Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de

tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam

drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o

poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio

e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a

“opinião pública” online.

Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO,

São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)

Questão 73)

Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós

controlamos a mensagem.

Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os termos destacados exercem a função de

a) sujeito.

b) objeto direto.

c) objeto indireto.

d) predicativo do sujeito.

e) predicativo do objeto.

Gab: B

TEXTO: 36 - Comum à questão: 74

01 Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas

leituras não era a beleza das frases, mas a doença

delas.

Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,

05 esse gosto esquisito.

Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.

- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,

o Padre me disse.

[...]

10 Há que apenas saber errar bem o seu idioma.

Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de

agramática.

Manoel de Barros, “Poema VII”

Questão 74)

O valor do prefixo da palavra agramática encontra-se também em:

a) anagrama.

b) acrópole.

c) adjunto.

d) amoral.

e) análise.

Gab: D

46

TEXTO: 37 - Comum à questão: 75

Leia a legenda da foto.

Nó cego. Quinze pessoas, uma delas adolescente, foram libertadas de oficinas subcontratadas pela confecção.

(O Estado de S.Paulo, 21.08.2011. Adaptado)

Questão 75)

Observa-se alteração da voz passiva para a ativa da frase – Quinze pessoas, uma delas adolescente, foram

libertadas de oficinas subcontratadas pela confecção – em:

a) Libertaram de oficinas subcontratadas pela confecção quinze pessoas, uma delas adolescente.

b) De oficinas subcontratadas pela confecção foram libertadas quinze pessoas, uma delas adolescente.

c) Serão libertadas de oficinas subcontratadas pela confecção quinze pessoas, uma delas adolescente.

d) Vão ser libertadas de oficinas subcontratadas pela confecção quinze pessoas, uma delas adolescente.

e) Quinze pessoas, uma delas adolescente, vão ser libertadas de oficinas subcontratadas pela confecção.

Gab: A

TEXTO: 38 - Comum à questão: 76

01

Organizações ambientalistas internacionais afirmam 02

que o Brasil pode estar perdendo a liderança 03

no

movimento ecológico global, depois que 04

a Câmara dos Deputados aprovou, na quarta feira, 05

um novo texto

que altera o Código Florestal Brasileiro. 07

Em entrevista _____ BBC Brasil, representantes 08

da WWF e do Greenpeace em Londres disseram 09

que o

Brasil sempre foi visto como um dos países 10

mais ativos na promoção de ideias ambientais 11

em fóruns

internacionais, como as reuniões sobre 12

mudanças climáticas da ONU. Mas, a aprovação 13

do texto do

deputado Paulo Piau (PMDB-MG) pode 14

provocar uma mudança nessa percepção. 15

O texto ainda precisa ser apreciado pela presidente 16

Dilma Rousseff, que pode vetá-lo na íntegra 17

ou

parcialmente. Neste caso, a proposta volta para 18

o Congresso, que pode fazer alterações ou derrubar 19

o veto. 20

Entre os pontos mais polêmicos do parecer de 21

Piau está a questão da anistia ______ produtores 22

que

desmataram florestas nas proximidades de 23

rios. O texto afeta os proprietários de terra que 24

desmataram os

30 metros das Áreas de Preservação 25

Permanente (...). Eles ficam liberados da obrigação 26

de recuperar

totalmente a área degradada. 27

De acordo com o texto aprovado, (...), os proprietários 28

que infringiram tais

regras terão de replantar 29

apenas 15 metros. 30

É um choque estarem alterando o Código Florestal 31

que protege_____ floresta amazônica. Com 32

a

proximidade da Rio+20, isso bota muita pressão 33

sobre a presidente Dilma Rousseff. Será muito difícil 34

para

ela se apresentar como defensora do 35

ambiente, disse _____ BBC Brasil Sarah Shoraka, 36

ativista especialista

em florestas do Greenpeace. 37

Para a diretora de Florestas da WWF no Reino 38

Unido, Sandra Charity, a comunidade internacional 39

está

'perplexa' com a votação no Congresso 40

brasileiro. 41

O Brasil tem uma trajetória de país moderno, 42

que sempre esteve na liderança dos compromissos 43

ambientais, tendo em vista a sua posição na 44

Conferência de Mudanças Climáticas de Copenhague 45

[2009].

O país sempre esteve na frente e 46

puxando os outros países. A aprovação desse texto 47

é um retrocesso,

disse ela. 48

A representante da WWF ressalvou que o texto 49

foi aprovado no Congresso, e não pela Presidência, 50

mas

que mesmo assim a medida tende a respingar 51

na imagem do governo e do país como um 52

todo.

http://verde.br.msn.com (Por BBC, BBC Brasil, Atualizado: 26/4/2012)

47

Questão 76)

Assinale a alternativa em que o elemento mórfico em destaque está incorretamente analisado.

a) desmataram (Ref.22) - radical

b) aprovação (Ref.46) - prefixo

c) ficam (Ref. 25) - tema

d) afirmam (Ref. 1-2) - desinência número-pessoal

e) provocar (Ref. 14) - vogal temática

Gab: B

TEXTO: 39 - Comum à questão: 77

Leia a tirinha a seguir.

(Jornal de Londrina. 27 maio 2011. Seção Mosaico.)

Questão 77)

Com relação à tirinha, assinale a alternativa correta.

a) A reação do paciente revela a falta de entendimento do discurso expresso pelo médico sobre seu estado de

saúde.

b) A sátira se faz presente, no último quadrinho, ao demonstrar um erro cometido pelo médico.

c) Há uma crítica aos médicos que se preocupam mais com a beleza física do que com a saúde.

d) O efeito do humor se apoia na polissemia presente na expressão “beleza interior”.

e) O segundo quadrinho é marcado pelo uso da linguagem denotativa.

Gab: D

TEXTO: 40 - Comum à questão: 78

Era uma vez a criatividade

A televisão e o cinema revivem (e maltratam) os contos de fadas

Danilo Venticinque e Isabella Ayub

01

Se o teste do tempo é a melhor forma de 02

julgar o valor de uma história, a genialidade dos 03

contos de

fadas é inquestionável. Adaptados de 04

narrativas orais da Idade Média, os escritos de 05

Charles Perrault

(1628-1703) e dos irmãos Jacob 06

(1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) têm 07

sido capazes de encantar

seguidas gerações – e, 08

naturalmente, migraram para as telas. Desde a 09

invenção do cinema, as histórias

fantásticas 10

ganharam inúmeras adaptações: de Branca de 11

Neve, de Walt Disney (de 1937), à sátira Shrek 12

(2001), passando por filmes de terror e comédias 13

românticas. Nada mais natural, portanto, que a 14

entressafra de boas ideias em Hollywood tenha 15

trazido de volta os contos de fadas. Num intervalo 16

de dois

meses, duas adaptações de Branca de 17

Neve, dos Irmãos Grimm, chegarão aos cinemas. 18

Espelho, espelho meu tem a vantagem de 19

chegar primeiro – embora os espectadores não 20

tenham

motivos para ficar empolgados. Julia 21

Roberts, que vive a Rainha Má, avisou que não 22

deixará seus três filhos

assistirem ao filme. Talvez 23

as outras mães devessem imitá-la. A história traz 24

invenções duvidosas, como

Branca de Neve 25

recebendo treinamento de artes marciais dos sete 26

anões... Com Lily Collins no papel

48

principal (de 27

cabelo exageradamente curto e sobrancelhas 28

grossas), é difícil entender por que a linda vilã 29

interpretada por Julia Roberts sentiria inveja da 30

aparência dela. Ao contrário de Encantada, de 31

2007,

Espelho, espelho meu não seduz na 32

comédia nem no romance. 33

Seu concorrente parece ainda menos atraente. 34

Em Branca de Neve e o Caçador, que estreia em 35

junho, a heroína é interpretada por Kristen 36

Stewart (a Bella, de Crepúsculo). O Caçador é 37

Chris Hemsworth,

de Thor. Ambos estudam 38

estratégias militares e se unem contra a Rainha 39

Má, com um exército de oito

(oito?!) anões. 40

Criticar o filme antes das primeiras exibições 41

seria temerário, evidentemente. 42

Na televisão, os contos de fadas também 43

ocupam um papel central em duas estreias 44

recentes. Aí, o

problema é o excesso de 45

originalidade. A série Grimm, lançada no final do 46

ano passado no canal Universal,

é ambientada 47

num mundo em que os personagens de contos de 48

fadas existem – e estão entre nós. Cabe a

uma 49

antiga linhagem de caçadores, chamados Grimms, 50

a tarefa de controlar essas criaturas sobrenaturais. 51

Vítimas da criatividade dos roteiristas, os 52

linguistas alemães do século XIX viraram 53

caçadores de

lobisomens. 54

O mesmo mal acomete Once upon a time 55

(Era uma vez), da Sony. Criada por Edward Kitsis 56

e Adam

Horowitz, produtores de Lost, a história 57

tem um enredo sombrio. No casamento de Branca 58

de Neve com o

Príncipe Encantado, a Rainha Má 59

invade a Floresta Encantada e promete lançar um 60

feitiço que acabará

com a alegria de todos os 61

personagens dos contos de fadas. A ameaça se 62

torna verdade no dia do

nascimento de Emma, 63

filha do casal, quando todos se esquecem de que 64

fazem parte de contos de fadas e

ficam presos 65

numa cidade chamada Storybrook, no meio do 66

mundo real. Só Emma escapa da maldição, 67

protegida por um armário mágico construído por 68

Gepeto, de Pinóquio. Aos 28 anos, ela retorna à 69

terra natal

para livrar os seres fantásticos de suas 70

vidas comuns. 71

Apesar da premissa esquisita, a série 72

consegue manter o tom de drama e mistério. Foi o 73

suficiente

para cativar a audiência americana, 74

embora a magia não tenha amolecido o coração da 75

crítica, que detonou

a série. Seu sucesso de 76

público, porém, mostra que os contos de fadas, 77

mesmo mal adaptados, mantêm

um forte apelo. 78

“Eles sempre serão atuais, pois trazem arquétipos 79

que estão na essência da humanidade”,

diz o 80

linguista José Gregorin Filho, da Universidade de 81

São Paulo. Na falta de boas ideias como Shrek ou 82

Encantada, não faria mal algum deixar Branca de 83

Neve esperar mais alguns anos pelo príncipe, ou 84

permitir

que a Bela Adormecida descanse em paz.

(Texto adaptado. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Mente-aberta/

noticia/2012/04/era-uma-vez-criatividade.html >. Publicado em 04/04/2012. Acesso em 15/08/2012)

Questão 78)

Assinale o que for correto a respeito do uso dos tempos verbais no texto.

01. Em “os escritos de Charles Perrault (1628-1703) e dos irmãos Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-

1859) têm sido capazes de encantar seguidas gerações” (Refs. 4-7), a locução verbal “têm sido” indica uma

anterioridade que dura até o presente.

02. Em “é difícil entender por que a linda vilã interpretada por Julia Roberts sentiria inveja da aparência dela”

(Refs. 28-30), a forma verbal no futuro do pretérito “sentiria” denota uma ação que será realizada.

04. Em “Talvez as outras mães devessem imitá-la.” (Refs. 22 e 23), o verbo auxiliar “devessem”, no pretérito

imperfeito do subjuntivo, indica um pedido por parte dos autores do texto.

08. Em “Nada mais natural, portanto, que a entressafra de boas ideias em Hollywood tenha trazido de volta os

contos de fadas.” (Refs. 13-15), a locução verbal “tenha trazido” poderia ser substituída, sem prejuízo de

sentido, por uma forma simples como “trouxesse”.

16. Em “duas adaptações de Branca de Neve, dos Irmãos Grimm, chegarão aos cinemas” (Refs. 16 e 17), a

forma verbal simples “chegarão” poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, pela locução verbal “vão

chegar

Gab: 25

49

TEXTO: 41 - Comum à questão: 79

Volta às origens. Conheça trechos das versões originais das histórias

Bia Reis − O Estado de S. Paulo

01

Animais que falam, princesas que sofrem, 02

reis e rainhas, fadas madrinhas, gigantes. As 03

histórias se

passam em um lugar longínquo, 04

muitas começam com “era uma vez” e os 05

personagens têm nomes simples,

às vezes 06

apelidos. E, como se fosse mágica, o leitor 07

mergulha em um mundo onde tudo é possível: um 08

de feijão pode crescer até o céu e um tapete, 09

voar. 10

Conforme atravessaram os séculos, os contos 11

de fadas foram ganhando nova roupagem. A 12

narrativa

central permaneceu, mas, em geral, eles 13

se tornaram mais leves, açucarados. Na versão 14

original de

Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, 15

o Lobo come a Vovó e a menina − e não há nem 16

sombra dos

caçadores. 17

O mesmo aconteceu com a história da Rainha 18

Má que tenta a todo custo acabar com a vida da 19

enteada, apontada pelo Espelho como a mulher 20

mais bela do reino. Criado entre os séculos 16 e 21

17, o

conto foi reescrito pelos irmãos Jacob 22

(1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) e 23

ganhou o mundo com a

versão de Walt Disney 24

para o cinema, em 1937. Mas, nesse caso, foi o 25

americano quem colocou o açúcar. 26

Na versão dos irmãos Grimm de Branca de 27

Neve, cujo texto está sendo relançado pela 28

Geração

Editorial, após receber do caçador 29

pulmões e fígado de um javali, a madrasta pede ao 30

cozinheiro que ferva

os órgãos e os come 31

pensando que fossem da moça. 32

A Rainha Má tenta matar a enteada não uma, 33

mas três vezes. Primeiro, vai à casa dos sete anões 34

e,

disfarçada de vendedora, oferece laços para 35

espartilho. Branca de Neve deixa que a senhora 36

coloque a fita,

e ela a aperta com tanta força que 37

faz a garota desmaiar. Depois, a rainha tenta 38

matá-la com um pente

envenenado para, 39

finalmente, lançar mão de sua estratégia mais 40

conhecida: a maçã cheia de veneno. 41

O fim da história também é mais dramático. 42

Não há o famoso beijo e o “então viveram felizes 43

para

sempre”. Branca de Neve volta à vida 44

quando, ao ser carregada pelos servos do príncipe, 45

um deles tropeça

e, com o solavanco, um pedaço 46

de maçã envenenada sai da garganta da moça. 47

A madrasta é convidada para o casamento de 48

Branca de Neve com o príncipe, e os dois se 49

vingam da

rainha cruel fazendo com que ela calce 50

sapatos de ferro aquecidos sobre carvões em brasa 51

e dance. (...)

(Texto adaptado. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/

impresso,volta-as-origens -conheca-trechos-das-versoes-originais-das-

historias,897511,0. htm>. Publicado em 08/07/2012. Acesso em 15/08/2012)

Questão 79)

Assinale o que for correto em relação à flexão e à formação de palavras no texto.

01. Os vocábulos “reescrito” (linha 21), “relançado” (Ref. 27) e “receber” (Ref. 28) têm em comum o prefixo “re-”,

que indica repetição.

02. No vocábulo “açucarados” (Ref. 13), o sufixo “-ado” forma um adjetivo a partir do substantivo “açúcar”.

04. O vocábulo “envenenado” (Ref. 38) é formado a partir de “envenenar”, em que há adição simultânea de

prefixo e de sufixo: en + veneno + ar.

08. Em “Animais que falam” (Ref. 1), a desinência número-pessoal “-m” indica que se trata de forma da terceira

pessoa do plural.

16. O vocábulo “personagens” (Ref 5), embora possa ter referentes tanto do sexo masculino (“príncipe”, por

exemplo) quanto do sexo feminino (“princesa”), é tratado pela autora do texto como sendo do gênero

masculino pela anteposição do artigo “os”.

Gab: 30

TEXTO: 42 - Comum à questão: 80

Kristen Stewart trai Robert Pattinson com diretor casado: “sinto muito”

Atriz de “Crepúsculo” é flagrada beijando Rupert Sanders, diretor de “Branca de Neve e O Caçador”, e pede

desculpas pela “indiscrição momentânea”

iG São Paulo

50

01

O romance de Kristen Stewart e Robert 02

Pattinson, protagonistas da saga Crepúsculo, é 03

capa de

revista novamente, mas dessa vez as 04

notícias não reafirmam o “conto de fadas da vida 05

real”. A edição desta

semana da Us Weekly 06

mostra fotos da atriz traindo o namorado, na 07

última terça (17), com Rupert Sanders,

diretor de 08

“Branca de Neve e o Caçador”, filme do qual ela 09

é protagonista. 10

Após a polêmica, Kristen veio a público para 11

se desculpar em nota publicada nesta quarta (24) 12

pela

People: “Sinto muitíssimo pelo sofrimento e 13

constrangimento que causei àqueles próximos a 14

mim e a todos

afetados por isso. Essa indiscrição 15

momentânea expôs a coisa mais importante da 16

minha vida, a pessoa

que eu mais amo e respeito, 17

Rob. Eu o amo, o amo, e sinto muito.” 18

A capa da US divulgada no site da publicação 19

mostra uma foto de Rupert abraçando Kristen por 20

trás

enquanto a atriz segura a mão do diretor. 21

“Parecia que eles não se cansavam”, disse um 22

fotógrafo da

revista. 23

Rumores de que Kristen namora Robert 24

Pattinson existem desde o início da saga 25

Crepúsculo, mas

foram confirmados mais 26

recentemente, quando os atores foram flagrados 27

aos beijos em Cannes e a atriz de

22 anos falou 28

sobre Rob em uma entrevista. 29

Rupert Sanders, por sua vez, é 19 anos mais 30

velho do que Kristen, casado com a modelo 31

Liberty

Ross, de 33 anos, e pai de dois filhos. 32

A esposa de Rupert, Liberty Ross, que 33

interpretou a mãe da princesa Branca de Neve no 34

filme,

publicou no Twitter apenas “Wow”. Em 35

seguida, retwittou uma frase de Marilyn Monroe, 36

que diz que “às

vezes coisas boas terminam para 37

que outras melhores comecem”, e deletou a conta 38

na rede social. 39

De acordo com a People, o caso foi 40

momentâneo. “Ela não teve um caso com Rupert. 41

Foi só um

momento passageiro que não devia ter 42

acontecido”, teria dito uma fonte à revista. 43

De acordo com o informante da publicação, 44

Kristen está destruída: “ela nunca quis machucar 45

ninguém.

Ela é uma boa pessoa que fez uma 46

escolha ruim”.

(Texto adaptado. Disponível em: <http://igirl.ig.com.br/celebridades/

2012-07-25/kristen-stewarttrai- robert-pattinson-com-diretor-casado-diz-

revista.html>. Publicado em 25/07/2012. Acesso em 15/08/2012)

Questão 80)

Assinale o que for correto a respeito dos elementos linguísticos do texto.

01. A expressão “desta semana” (Ref. 5) não pode ser interpretada sem referência à data de publicação da

revista Us Weekly, que mostra fotos da traição de Kristen Stewart.

02. Em “Sinto muitíssimo” (Ref. 12), o sufixo “-íssimo” intensifica ainda mais uma palavra que já funciona como

intensificador.

04. O vocábulo “retwittou” (Ref. 35), embora ainda não esteja totalmente adaptado às regras gráficas da língua

portuguesa, é formado a partir de um vocábulo estrangeiro, “Twitter”, ao qual se acrescentam elementos da

língua portuguesa, como o prefixo “re-” e a desinência verbal “-ou”.

08. A utilização dos adjetivos “boa” (Ref. 45) e “ruim” (Ref. 46) para qualificar, respectivamente, os substantivos

“pessoa” (Ref.. 45) e “escolha” (Ref. 46), representa uma tentativa do informante da revista People de

defender a pessoa da atriz Kristen Stewart.

16. Em “a coisa mais importante da minha vida” (Refs.15 e 16), observa-se uma construção comparativa de

superioridade.

Gab: 15

TEXTO: 43 - Comum à questão: 81

Reduza a marcha para viver melhor

Plugados, conectados, acelerados. Assim vivemos esses dias modernos. Assumimos muitos compromissos e

esperamos realizá-los em tempo recorde. Fazemos horas extras na empresa, checamos nossos e-mails a cada

instante e somos constantemente acompanhados pela incômoda sensação de que não vamos conseguir cumprir

tudo o que temos agendado.

51

Em resumo: são muitos deveres e pouco repouso. Além disso, muita gente confunde agenda lotada com

sucesso profissional e competência. Isso não passa de um equívoco. Pequenas pausas são fundamentais e

ajudam a reencontrar nossa identidade, que foi perdida no meio dessa correria sem fim.

Em contrapartida, quantas vezes, ao desacelerar um pouco, atingimos um silêncio interior tão grande que

chega a incomodar? Segundo a psicóloga Patrícia Gebrim, autora do livro Enquanto Escorre o Tempo (Editora

Pensamento Cultrix), isso acontece porque as pessoas que estão sempre com a cabeça nas atividades

tornaram-se meras cumpridoras de papéis, perdendo assim a sua essência. Elas correm tanto que se esquecem

de quem são e passam a se identificar com o que compram, fazem ou com o trabalho. Portanto, é preciso utilizar

momentos de sossego para dar um passo para trás e redescobrir quem somos. "Caso contrário, boicotaremos

qualquer tentativa de melhorar a qualidade de vida", pontua a psicóloga.

Adaptado de: Angela Tessicini. Revista Vida Natural.

Ano III. Edição 43 – novembro/2010.

Questão 81)

Quando se escreve um texto, de qualquer gênero, elege-se elementos que possam lhe dar unidade estrutural e

também para atender ao meio em que ele circula. Em relação a isso, assinale o que for correto.

01. O uso do chamado sujeito não expresso (o tradicional sujeito oculto) é constante no primeiro parágrafo do

texto, sem alterar a clareza das ideias ex-postas.

02. A escolha de sujeito expresso ou não expresso se dá por razões textuais, necessárias para o fluir da

informação.

04. O pronome complemento em "esperamos realizá-los em tempo recorde" que se refere a compromissos, foi

usado em concordância aos padrões da escrita com maior formalidade.

08. O uso do possessivo sua, em "perdendo assim a sua essência", deixa o leitor sem saber a que palavra ele

se refere.

Gab: 07

TEXTO: 44 - Comum à questão: 82

Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O

diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não

há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza

todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui

uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um

bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté,

mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão

outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que

qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos

inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca

nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em

casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na

sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é

regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.

E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e

senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande

casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.

Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas

vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.

(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)

52

Questão 82)

Assinale a alternativa em que a eliminação do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do

sujeito do verbo.

a) Ali vê-se um ataviado dandy [...].

b) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...].

c) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo [...].

d) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente [...].

e) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala [...].

Gab: A

TEXTO: 45 - Comum às questões: 83, 84

Cheguei com 21 anos e já estou há 54 em São Paulo. Desde meus primeiros dias, vivo um problema que

existe até hoje e compartilho com todo mundo. Não dirijo. Ando de táxi, ônibus, metrô e caminho muito. Sou

pedestre e, como tal, conheço a tragédia das calçadas. Quem caminha torce o pé em buracos, tropeça em

desníveis, precisa olhar para baixo o tempo inteiro. Não há calçadas uniformes, planas, planejadas, cuidadas.

Cada dono constrói seu trecho segundo sua fantasia. Há gosto, bom gosto e muito mau gosto, breguice, kitsch.

A variedade não contribui para uma cidade criativa e original. Ao contrário, é um mix desordenado de

excrescência.

Problemas pequenos? Some aos outros, por exemplo, as agruras de quem toma ônibus, de quem toma

metrô, de manhã ou à tarde. Tente viajar nos horários de pico. Ah! Aí, sim, se vê por que é uma selva. Algum

coordenador de transportes tentou fazer uma viagem num coletivo cheio, em dia de calor, janelas fechadas?

Algum já viajou esmagado, prensado, sufocado, o ar faltando aos pulmões?

Sonho com utopias. A São Paulo ideal teria calçadas largas contendo uma ciclovia e árvores. E bueiros que

deem vazão às águas das chuvas. E um povo que não varra as folhas para dentro dos bueiros. E que tenha

recipientes para se depositar o lixo. A São Paulo ideal teria prédios de no máximo oito andares e praças e

jardins e parques. E principalmente projetos e planos diretores que olhassem o futuro, e não o presente imediato

e eleitoreiro. E administradores que olhassem com carinho para a cidade.

(Ignácio de Loyola Brandão. O Estado de S.Paulo, 01.07.2012. Adaptado.)

Questão 83)

Em – A São Paulo ideal teria calçadas largas. – a ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo,

complemento) está preservada, o que ocorre também em:

a) Nada substitui o contato direto entre médico e paciente, nem mesmo a internet.

b) Deverá ser o médico um especialista em gente e em processos vitais de singularização.

c) Abrem as novas tecnologias a possibilidade de alterar a relação médico-paciente, com os fóruns e as trocas

de e-mails.

d) Fragilizado, amedrontado e, às vezes choroso, assim chega ao médico o paciente.

e) Cabe ao Conselho Regional de Medicina a obrigação de julgar as denúncias no âmbito profissional da

atividade médica.

Gab: A

Questão 84)

Pelo processo de derivação, as palavras sofrem modificações incorporando diferentes sentidos. Assinale a

alternativa em que as palavras em destaque, nas frases, resultantes do mesmo processo de formação,

traduzem, respectivamente, sentido de admiração e de menosprezo.

a) São Paulo, com todas as oportunidades que oferece, é mesmo uma cidadona. / Quadrilhas invadem

restaurantes e roubam clientes em ondas de ataque em São Paulo: que cidadezinha violenta!

b) As calçadas nas cidades europeias são planejadíssimas. / Como houve mudança na administração do

bairro, a reforma da praça teve de ser replanejada.

53

c) Algum coordenador de transportes tentou fazer uma viagenzinha curta que seja, num coletivo cheio, em dia

de calor? / Moradora da periferia enfrenta uma rotina diária de mais de cinco horas dentro dos ônibus: é

uma hiperviagem.

d) Ele é um supercoordenador e deveria conhecer os problemas do trânsito. / A Prefeitura nomeou uma

pessoa incompetente para administrar o trânsito, é um descoordenador.

e) A variedade dos desenhos forma um mix desordenado de excrescência. / Que sorte temos nós, nossa

cidade é harmoniosa, ordenadíssima!

Gab: A

TEXTO: 46 - Comum à questão: 85

Brasil em alta impulsiona ensino de português no mundo

Até alguns anos atrás, quando algum estrangeiro decidia aprender português, de duas uma: ou tinha um

relacionamento amoroso com um brasileiro ou se interessava por algum aspecto da cultura do País, como a

música. Nos últimos anos, universidades e escolas de idiomas de diversos países têm registrado não só um

aumento da procura pelos cursos que ensinam o be-a-bá da língua de Camões, mas também uma mudança no

perfil dos alunos. “Saber português hoje é bom para o currículo”, resume a brasileira Roberta Mallows, que

ajudou a criar um recém-lançado curso de língua portuguesa e cultura brasileira no King's College London e,

antes disso, dava aulas de português na Suíça. "Há muito mais gente tentando aprender o idioma por questões

pragmáticas e, em especial, para ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho e fazer negócios com o

Brasil".

Roberta nunca planejou ser professora de português. Terminou no ramo ao perceber a enorme demanda do

mercado. A mudança na rotina da professora Claudia Padoan, que há mais de uma década ensina português

em Londres, também dá a medida de como o entusiasmo com os negócios com o Brasil ampliou o interesse

pelo português mundo afora. "Comecei dando aulas esporádicas, para poucos alunos indicados por conhecidos

enquanto trabalhava em uma companhia aérea e como intérprete", conta. Hoje, ela tem seis turmas de

português que podem chegar a 12 estudantes. Dá aulas em duas escolas, em uma agência contratada por

empresas e em uma ONG, além de ter aluno particular. "A grande virada ocorreu mesmo nos últimos dois anos",

diz.

Desde 2008, o português vem sendo listado como um dos idiomas prioritários na pesquisa feita pela

Confederação Britânica da Indústria (CBI), maior lobby empresarial britânico, para identificar quais habilidades

dos trabalhadores podem ser úteis para os negócios. Entre as escolas que se entusiasmaram com a nova

demanda na Grã-Bretanha, está a United International College London, na qual Claudia trabalha. A escola abriu

um curso de português há um ano e já matriculou 86 estudantes, segundo Javier Zamudio, diretor da área de

línguas estrangeiras. "Entre eles, há europeus de diversos países e também alguns latino-americanos", diz

Zamudio, calculando que "cerca de 95% dos alunos" estão interessados no português "do Brasil".

O King's College já tem cerca de 100 alunos aprendendo português e as aulas do curso que alia o ensino da

língua a lições sobre outros aspectos da cultura brasileira começaram na segunda-feira. A rede de ensino de

idioma Cactus, que oferece aulas de português em 13 unidades, também viu o número de estudantes nesses

cursos crescer 107% nos últimos cinco anos, segundo Tinka Carrick, a diretora de marketing. O número de

treinamentos oferecidos às empresas quadruplicou, tendo o aumento mais acentuado ocorrido nos últimos dois

anos (63% e 77% respectivamente).

Nos EUA, a revista especializada em Educação Language Magazine notou, em um artigo recente, como o

boom na procura pelo português em universidades americanas gerou uma demanda ainda não atendida por

mais professores, livros didáticos avançados e dicionários especializados – por exemplo, no vocabulário

corporativo. Lá, há mais de 10 mil alunos matriculados em cursos de português, segundo a Modern Language

Association. Os últimos dados da organização, divulgados em 2010, mostravam um crescimento anual de cerca

de 10% na procura pelo idioma desde 2006, e a estimativa é que essa tendência tenha se acentuado desde

então.

Na China, até alguns anos atrás apenas 4 universidades ofereciam aulas de português. Hoje são 15 e a ideia

de autoridades chinesas é chegar a 30 nos próximos anos. Além disso, também tem aumentado a procura de

jovens estrangeiros por cursos de imersão no Brasil – oferecidos por universidades, instituições e escolas de

idioma em cidades brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo e Maceió. [...]

54

(Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/

2012-10-10/brasil-em-alta-impulsiona-ensino-de-portugues-no-

mundo.html. Acesso em16/10/2012. Adaptado.)

Questão 85)

Acerca do uso de algumas formas verbais, assinale a alternativa correta.

a) No trecho: “Nos últimos anos, universidades e escolas de idiomas de diversos países têm registrado não só

um aumento da procura pelos cursos [...]” (1º §), a forma verbal destacada indica que a ação ocorreu no

passado e está, hoje, totalmente concluída.

b) No trecho: “Há muito mais gente tentando aprender o idioma por questões pragmáticas” (1º §), as formas

verbais utilizadas indicam que a ação de ‘aprender’ ocorreu em um passado bem próximo.

c) No trecho: “Desde 2008, o português vem sendo listado como um dos idiomas prioritários” (3º §), a forma

verbal utilizada indica que a ação começou no passado, durou certo período de tempo e foi finalmente

concluída.

d) No trecho: “A escola abriu um curso de português há um ano e já matriculou 86 estudantes” (3º §), a forma

verbal destacada indica tempo transcorrido, e poderia ser substituída por “faz”.

e) No trecho: “e a estimativa é que essa tendência tenha se acentuado desde então.” (5º §), a forma verbal

destacada indica que a ação foi finalizada em um passado anterior à fala do locutor.

Gab: D

TEXTO: 47 - Comum às questões: 86, 87

VERÍSSIMO, Luís Fernando. As cobras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

Questão 86)

No segundo quadro da tira, a minhoca se esconde para não ser notada pelas cobras.

Essa tentativa de desaparecimento da personagem é enfatizada pelo uso do seguinte recurso:

a) caráter exclamativo de uma fala

b) movimento conjunto das cobras

c) ausência da moldura do quadro

d) presença de personagens distintos

Gab: C

Questão 87)

Na tira, as duas cobras estão dialogando entre si, quando a minhoca interfere.

Nessa situação, a repetição e o tom exclamativo da fala da minhoca destacam principalmente a seguinte

característica da personagem:

a) raiva

b) ansiedade

c) intolerância

d) contrariedade

Gab: B

55

TEXTO: 48 - Comum à questão: 88

Nós, escravocratas

1 Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos:

2 o

pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em 3 agir, pensador e

ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no 4 Brasil.

5 Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta.

6 É preciso

acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios 7 Vilaça, em solenidade

na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, 8 sob a forma da exclusão social:

pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem 9 casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem

comida; sobretudo sem acesso à educação de 10

qualidade.

11

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos 12

escravocratas.

13

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da 14

família de uma

criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. 15

Somos escravocratas porque,

até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento 16

decisivo para a liberdade nos dias atuais.

Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, 17

escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos

diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos 18

que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se

beneficiavam do trabalho dos escravos.

19

Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez 20

de

assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos 21

investimentos

econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque 22

construímos universidades para

nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que 23

foram deserdados do Ensino Médio completo

com qualidade. Somos escravocratas de um novo 24

tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos

séculos de escravidão.

25

A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o 26

trabalho

forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão 27

ficou mais barata, e o

dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos 28

escravocratas. Como na

escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os 29

sem educação.

30

Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.

31

Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos 32

intelectuais

e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores 33

se vangloriavam da

melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do 34

açúcar. Continuamos escravocratas,

comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do 35

tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos

sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do 36

analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas,

para inglês ver e sem a ousadia da 37

abolição plena.

38

Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não abolirmos 39

a

escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução 40

educacional

que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras 41

que envergonham e

impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a 42

escravidão nos envergonhava e

amarrava nosso avanço.

43

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque 44

continuamos escravocratas. E, ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos 45

condenados à

falta de educação.

CRISTOVAM BUARQUE

Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000.

56

Questão 88)

A expressão somos escravocratas é repetida quatro vezes no texto que, embora assinado pelo autor Cristovam

Buarque, é todo enunciado na primeira pessoa do plural.

O uso dessa primeira pessoa do plural, relacionado à escravidão, reforça principalmente o objetivo de:

a) situar a desigualdade social

b) apontar o aumento da exclusão social

c) responsabilizar a sociedade brasileira

d) demonstrar a importância da educação

Gab: C

TEXTO: 49 - Comum à questão: 89

Tome por base uma crônica de Clarice Lispector (1925-1977) e uma passagem do Manual do Roteiro, do

professor de Técnica do roteiro, consultor e conferencista Syd Field.

Escrever

Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com

sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.

Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se

transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual

é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.

Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos

que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o

sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi

abençoada.

Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre

um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.

Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.

(Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.)

Escrevendo o roteiro

Escrever um roteiro é um fenômeno espantoso, quase misterioso. Num dia você está com as coisas sob

controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confusão e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro

não; ninguém sabe como ou por quê. É o processo criativo; que desafia análises; é mágica e maravilha.

Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experiência de escrever desde o início dos tempos resume-se a uma

coisa — escrever é sua experiência particular, pessoal. De ninguém mais.

Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista é a única pessoa que se senta e encara a folha

de papel em branco.

Escrever é trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, máquina

de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Você tem que investir tempo.

Quantas horas por dia você precisa dedicar-se a escrever?

Depende de você. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma

hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno

(Inferno na Torre), às vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a história na cabeça por

meses, contando-a para as pessoas até que ele a conheça completamente; então ele “pula na máquina” e a

escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastará semanas polindo e consertando a história.

Você precisa de duas a três horas por dia para escrever um roteiro.

Olhe para a sua agenda diária. Examine o seu tempo. Se você trabalha em horário integral, ou cuidando da casa

e da família, seu tempo é limitado. Você terá que achar o melhor horário para escrever. Você é o tipo de pessoa

que trabalha melhor pela manhã? Ou só vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um

bom horário. Descubra.

(Syd Field. Manual do roteiro, 1995.)

57

Questão 89)

No sétimo parágrafo do texto de Syd Field, que informação o autor passa ao aprendiz de roteirista com os

diversos exemplos que apresenta?

Gab:

Os exemplos de Syd Field para orientar o aprendiz de roteirista apresentam desde escritores que trabalham uma

hora por dia até aqueles que escrevem 12 horas diárias. Assim, o autor passa ao aprendiz de roteirista a ideia

de que não há um método estabelecido ou predeterminado para produzir um roteiro, uma vez que cada escritor

tem seu próprio ritmo e, com ele, seu próprio método de trabalho.

TEXTO: 50 - Comum à questão: 90

O TRAPICHE

SOB A LUA, NUM VELHO TRAPICHE ABANDONADO, as crianças dormem.

Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se

rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas

crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram inúmeros veleiros

carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores, para a aventura das travessias marítimas.

Aqui vinham encher os porões e atracavam nesta ponte de tábuas, hoje comidas. Antigamente diante do

trapiche se estendia o mistério do mar oceano, as noites diante dele eram de um verde escuro, quase negras,

daquela cor misteriosa que é a cor do mar à noite.

Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora o areal do cais do porto. Por

baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A areia invadiu tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos

poucos, lentamente, a areia foi conquistando a frente do trapiche. Não mais atracaram na sua ponte os veleiros

que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura. Não mais

cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico. A areia se estendeu muito alva em frente ao

trapiche. E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão. Ficou abandonado em

meio ao areal, mancha negra na brancura do cais.

AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 25.

Questão 90)

Leia o trecho a seguir.

“Não mais atracaram na sua ponte os veleiros que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros

musculosos que vieram da escravatura. Não mais cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico.”

Sobre esses períodos, é correto afirmar que:

a) o adjetivo nostálgico autoriza o leitor a inferir que todos os marinheiros eram nostálgicos.

b) as ações expressas pelas formas verbais atracaram, trabalharam e cantou nunca foram realizadas, ideia

marcada linguisticamente pela palavra não.

c) as ações expressas pelas formas verbais atracaram, trabalharam e cantou já foram realizadas um dia, ideia

marcada linguisticamente pela palavra mais.

d) a oração que iam partir carregados autoriza o leitor a inferir que todos os veleiros partiriam carregados.

Gab: C

58

TEXTO: 51 - Comum às questões: 91, 92, 93, 94, 95.

A língua e o poeta

Hoje eu peço vênia¹ para discrepar2 do grande Ferreira Gullar, que, no domingo, escreveu um artigo defen-

dendo o "modo correto" de usar a língua portuguesa.

Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor comecemos a dizer “nós vai” ou “debateu sobre as

alternativas”, mas não dá para comparar violações à norma culta com um erro conceitual como afirmar que

tuberculose não é doença, para ficar nos exemplos de Gullar. Fazê-lo é passar com um “bulldozer”³ sobre o

último meio século de pesquisas, em especial os trabalhos de Noam Chomsky, que conseguiram elevar a

linguística de uma disciplina entrincheirada nos departamentos de humanidades a uma ciência capaz de fazer

previsões e articular-se com outras, como psicologia, biologia, computação.

Chomsky mostra que a capacidade para a linguagem é inata. É só lançar uma criança no meio de uma

comunidade que ela absorve o idioma local. O fenômeno das línguas crioulas revela que grupos expostos a

«pidgins» (jargões comerciais que misturam vários idiomas, geralmente falados em portos) desenvolvem, no

espaço de uma geração, uma gramática completa para essa nova linguagem. Mais do que de facilidade para o

aprendizado, estamos falando aqui de uma gramática universal que vem como item de fábrica em cada ser hu-

mano. Foi a resposta que a evolução deu ao problema da comunicação entre caçadores-coletores.

Nesse contexto, o único critério para decidir entre o linguisticamente certo e o errado é a compreensão da

mensagem transmitida. Uma frase ambígua é mais "errada" do que uma que fira as caprichosas regras de

colocação pronominal.

Na verdade, as prescrições estilísticas que decoramos na escola e que nos habituamos a chamar de

gramática são o que há de menos essencial e mais aborrecido no fenômeno da linguagem. Estão para a lin-

guística assim como a pesquisa da etiqueta está para o estudo da história.

(HÉLIO SCHWARTSMAN, Folha de S.Paulo, 27 de março de 2012)

¹vênia = licença, permissão

²discrepar = divergir de opinião, discordar

³bulldozer = (inglês) escavadeira

Questão 91)

Considere: “Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor comecemos a dizer ‘nós vai’...”. Se na

formação do sujeito composto substituíssemos o pronome “eu” por “tu”, a forma verbal seria:

a) começas

b) comecem

c) comeceis

d) comeces

e) começais

Gab: C

Questão 92)

O autor utiliza aspas nas expressões “modo correto” e “bulldozer” por tratar-se respectivamente de:

a) jargão utilizado na área linguística e palavra estrangeira.

b) expressão já empregada em ocasião anterior e metáfora

c) título de artigo e citação.

d) citação e expressão metafórica.

e) citação e palavra estrangeira.

59

Gab: E

Questão 93)

De acordo com o 2o parágrafo, a linguística:

a) estabeleceu, dentro da área de humanidades, uma linha de combate contra as violações à norma culta da

língua portuguesa.

b) foi pioneira na área de humanidades a desenvolver pesquisas científicas sobre uma gramática universal.

c) era uma disciplina que se defendia de ataques a suas teorias, tornando-se uma ciência articulada com

outras áreas científicas.

d) outrora restrita aos meios acadêmicos, ganhou “status” de ciência e enredou-se com outras áreas do

conhecimento.

e) destacou-se nos últimos cinquenta anos, fazendo previsões sobre os rumos da língua portuguesa.

Gab: D

Questão 94)

Segundo o texto, o autor:

a) defende de forma incondicional, como Ferreira Gullar, o “modo correto” de usar a língua portuguesa.

b) considera que ambiguidade seria mais “errada” do que um erro de próclise porque esta não apresenta

distorção na comunicação.

c) preconiza que uma frase com transgressões às “caprichosas regras de colocação pronominal” prejudica o

ato da fala.

d) prega o caráter supérfluo e vão das prescrições gramaticais, linguísticas e estilísticas.

e) reclama da natureza complexa e enfadonha do estudo da gramática nas escolas.

Gab: B

Questão 95)

O autor lança mão de expressões com carga pejorativa ou irônica para referir-se à gramática, exceto em:

a) “universal”

b) “caprichosas regras”

c) “prescrições estilísticas”

d) “decoramos”

e) “pesquisa da etiqueta”

Gab: A

TEXTO: 52 - Comum à questão: 96

Naquele dia, sobre o fogo estão minha marmita e a do colega. O mesmo alumínio amassado, os mesmos

riscos fundos, o arroz feijão igual. Mas na do colega tem um ovo cozido, que minha marmita inveja. Sozinho,

olho para o lado, olho para o outro, olho à volta; o estômago sussurra; ninguém vai ver. E a boca instiga: pega

logo, é a chance. Ouço vozes e a urgência decide. De supetão, agarro o ovo cozido. Meus pés são carregados

pelo medo de ser apanhado. De uma bocada, engulo o ovo. A fome se solidifica. Trabalho o resto do dia com

uma pedra no ventre: o rosto do meu filho, cheio de vergonha. Doente, minha digestão ferve.

Pela primeira vez, evito minha casa. Caminho devagar até o ponto do ônibus, entro numa linha que sei ser

mais longa, quero chegar na noite escura. Minha mulher vem ao portão curiosa da quebra da rotina. Estou

exausto. Vou até o quarto onde meu filho dorme. Olho desonrado sua respiração. Sento-me à mesa, prato de

comida à frente. A cabeça tonteia. Levanto, vou até a porta, os olhos vagueiam. Quero chorar. De manhã

quando acordei, era eu; agora sou joão-ninguém.

Lá do fundo minha mulher chama e digo que já vou. Chove forte. Encolho a humilhação entre os ombros e

vou porta afora.

(Celina Ishikawa. Toda verdade do mundo. Ler&Cia. Adaptado.)

60

Questão 96)

Assinale a alternativa em que o primeiro termo é derivado com prefixo de sentido negativo e o segundo

composto por justaposição.

a) desonrado, joão-ninguém.

b) humilhação, sussurra.

c) afora, de supetão.

d) urgência, arroz feijão.

e) digestão, quebra da rotina.

Gab: A

TEXTO: 53 - Comum às questões: 97, 98

(...)

Aos sete anos de idade imaginei que ia presenciar a morte do mundo, ou antes, que morreria com ele. Um

cometa mal-humorado visitava o espaço. Em certo dia de 1910, sua cauda tocaria a Terra; não haveria mais

aulas de aritmética, nem missa de domingo, nem obediência aos mais velhos. Essas perspectivas eram boas.

Mas também não haveria mais geleia, Tico-Tico, a árvore de moedas que um padrinho surrealista preparava

para o afilhado que ia visitá-lo. Ideias que aborreciam. Havia ainda a angústia da morte, o tranco final, com a

cidade inteira (e a cidade, para o menino, era o mundo) se despedaçando – mas isso, afinal, seria um

espetáculo. Preparei-me para morrer, com terror e curiosidade.

O que aconteceu à noite foi maravilhoso. O cometa de Halley apareceu mais nítido, mais denso de luz e

airosamente deslizou sobre nossas cabeças sem dar confiança de exterminar-nos. No ar frio, o véu dourado

baixou ao vale, tornando irreal o contorno dos sobrados, da igreja, das montanhas. Saíamos para a rua

banhados de ouro, magníficos e esquecidos da morte, que não houve. Nunca mais houve cometa igual, assim

terrível, desdenhoso e belo. O rabo dele media... Como posso referir em escala métrica as proporções de uma

escultura de luz, esguia e estelar, que fosforeja sobre a infância inteira? No dia seguinte, todos se

cumprimentavam satisfeitos, a passagem do cometa fizera a vida mais bonita. Havíamos armazenado uma

lembrança para gerações vindouras que não teriam a felicidade de conhecer o Halley, pois ele se dá ao luxo de

aparecer só uma vez a cada 76 anos.

Nem todas as concepções de fim material do mundo terão a magnificência desta que liga a desintegração da

Terra ao choque com a cabeleira luminosa de um astro. Concepção antiquada, concordo. Admitia a liquidação

do nosso planeta como uma tragédia cósmica que o homem não tinha poder de evitar. Hoje, o excitante é

imaginar a possibilidade dessa destruição por obra e graça do homem. A Terra e os cometas devem ter medo de

nós.

Carlos Drummond de Andrade

Questão 97)

Em relação ao marco temporal presente em cada um dos trechos abaixo, o verbo sublinhado indica

anterioridade em:

a) “Aos sete anos de idade imaginei que ia presenciar a morte do mundo”.

b) “Em certo dia de 1910, sua cauda tocaria a Terra”.

c) “O que aconteceu à noite foi maravilhoso”.

d) “No dia seguinte, todos se cumprimentavam satisfeitos, a passagem do cometa fizera a vida mais bonita”.

e) “pois ele se dá ao luxo de aparecer só uma vez a cada 76 anos”.

Gab: D

Questão 98)

No trecho “terão a magnificência desta” (3o parágrafo), empregou-se o pronome demonstrativo em lugar da

palavra, do mesmo parágrafo,

61

a) “concepção”.

b) “tragédia”.

c) “cabeleira luminosa”.

d) “desintegração”.

e) “Terra”.

Gab: A

TEXTO: 54 - Comum à questão: 99

O administrador da repartição em que Pádua trabalhava teve de ir ao Norte, em comissão. Pádua, ou por ordem

regulamentar, ou por especial designação, ficou substituindo o administrador com os respectivos honorários.

Não se contentou de reformar a roupa e a copa, atirou-se às despesas supérfluas, deu joias à mulher, nos dias

de festa matava um leitão, era visto em teatros, chegou aos sapatos de verniz. Viveu assim vinte e dois meses

na suposição de uma eterna interinidade. Uma tarde entrou em nossa casa, aflito e esvairado, ia perder o lugar,

porque chegara o efetivo naquela manhã. Pediu à minha mãe que velasse pelas infelizes que deixava; não podia

sofrer a desgraça, matava-se. Minha mãe falou-lhe com bondade, mas ele não atendia a coisa nenhuma.

– Não, minha senhora, não consentirei em tal vergonha! Fazer descer a família, tornar atrás... Já disse, mato-

me! Não hei de confessar à minha gente esta miséria. E os outros? Que dirão os vizinhos? E os amigos? E o

público?

– Que público, Sr. Pádua? Deixe-se disso; seja homem.

Lembre-se que sua mulher não tem outra pessoa... e que há de fazer? Pois um homem... Seja homem, ande.

Pádua enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo, fechado na alcova, – ou então

no quintal, ao pé do poço, como se a ideia da morte teimasse nele. D. Fortunata ralhava:

– Joãozinho, você é criança?

Mas, tanto lhe ouviu falar em morte que teve medo, e um dia correu a pedir à minha mãe que lhe fizesse o favor

de ver se lhe salvava o marido que se queria matar. Minha mãe foi achá-lo à beira do poço, e intimou-lhe que

vivesse. Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgraçado, por causa de uma gratificação menos, e

perder um emprego interino? Não, senhor, devia ser homem, pai de família, imitar a mulher e a filha... Pádua

obedeceu; confessou que acharia forças para cumprir a vontade de minha mãe.

– Vontade minha, não; é obrigação sua.

– Pois seja obrigação; não desconheço que é assim mesmo.

(Machado de Assis, Dom Casmurro)

Questão 99)

Segundo o dicionário Houaiss, dígrafo corresponde a um “grupo de duas letras usadas para representar um

único fonema”. Essa definição é exemplificada com as seguintes palavras do texto:

a) administrador, designação, vergonha.

b) trabalhava, comissão, maluquice.

c) roupa, supérfluas, contentou.

d) aflito, desgraça, fechado.

e) público, gratificação, desgraçado.

Gab: B

62

TEXTO: 55 - Comum à questão: 100

Segundo um estudo realizado pelo Banco Mundial, a população acima dos 60 anos é a nova força econômica do

País. Os idosos brasileiros estão mais ricos, mais saudáveis e mais poderosos. De acordo com o relatório, o

Brasil vive o que os especialistas chamam de “bônus demográfico”, período em que a força de trabalho (pessoas

na ativa) será muito maior do que o número de brasileiros que não produzem. Isso se dará como resultado

principalmente do envelhecimento da população. Os números do Banco Mundial são impressionantes. Até 2050,

as pessoas com mais de 60 anos vão responder por 49% da população economicamente ativa do país.

Atualmente, esse percentual é de 11%.

(IstoÉ, 03.10.2012)

Questão 100)

Assinale a alternativa em que a expressão destacada, correspondendo ao sujeito da oração, é formada por

substantivo seguido de adjetivo.

a) … um estudo realizado…

b) … a nova força econômica do País.

c) Os idosos brasileiros…

d) … o número de brasileiros…

e) … do envelhecimento da população…

Gab: C

TEXTO: 56 - Comum à questão: 101

V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do

céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.

(...)

É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com

alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.

Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba

com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo

o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudarse.

Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os

mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no

espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e

começou de rabanar como um peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.

Questão 101)

Na composição do texto, foram usados, reiteradamente,

I. sujeitos pospostos;

II. termos que intensificam a ideia de movimento;

III. verbos no presente histórico.

Está correto o que se indica em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

63

c) III, apenas.

d) I e II, apenas.

e) I, II e III.

Gab: E

TEXTO: 57 - Comum à questão: 102

O Vasconcelos quis festejar o exame do filho, com um jantar oferecido aos senhores examinadores e aos velhos

amigos da família.

À noite houve dança. Amâncio convidou os companheiros do ano; compareceram somente os pobres – os que

não tinham em casa também a sua festa.

O pai, por instâncias de Ângela, fizera-lhe presente de um relógio com a competente cadeia, tudo de ouro. A

avó, que se abalara da fazenda para assistir ao regozijo do seu querido mimalho, trouxera-lhe de presente um

moleque, o Sabino.

Amâncio, todo cheio de si, a rever-se na sua corrente e a consultar as horas de vez em quando, foi nesse dia o

alvo de mil felicitações, de mil brindes e de mil abraços.

Alguns amigos do pai profetizavam nele uma glória da pátria e diziam que o João Lisboa, o Galvão e outros não

tinham tido melhor princípio.

O Dr. Silveira, homem íntimo da casa e figura conhecida na política da terra, voltara-se rapidamente para dar

atenção a Amâncio, que acabava de aproximar-se, em silêncio, com o ar presumido de quem tinha consciência

de que toda aquela festa lhe pertencia.

– Então, meu estudante! – disse o jurisconsulto, empinando a cabeça. – Já escolheu a carreira que deseja

seguir?

– Marinha, respondeu Amâncio secamente.

A farda seduzia-o. Nada conhecia “tão bonito” como um oficial de marinha.

À meia-noite foram todos de novo para a mesa. Vasconcelos era muito rigoroso quando recebia gente em casa;

queria que houvesse toda a fartura de vinhos e comidas. Os brindes reapareceram. Visivelmente orgulhoso, o

anfitrião se superava. Abriram-se garrafas de Moscato d’Asti, Chateau Yquem e Champagne.

Do meio para o fim da ceia, Amâncio sentiu-se outro.

Ângela abraçou o filho, chorando de comovida.

– Que lhe disse eu?... resmungou delicadamente Silveira ao ouvido dela. – Este menino promete! Deem-lhe

asas e hão de ver... deem-lhe asas!...

Amâncio foi coberto de ovações. Batiam-se no copo, faziam-lhe saúdes. Ele a todos respondia, rindo e bebendo.

Daí a uma hora recolheram-no à cama da mãe, porque lhe aparecera uma aflição na boca do estômago; mas

vomitou logo e adormeceu depois, completamente aliviado.

Foi a sua primeira bebedeira.

(Aluísio Azevedo. Casa de pensão. Adaptado.)

Questão 102)

Em rever e secamente, observam-se dois processos de derivação muito comuns. Os mesmos tipos de formação

de palavras se encontram destacados, respectivamente, na seguinte alternativa:

a) Amâncio convidou os companheiros do ano; compareceram somente os pobres [...]

b) Os brindes reapareceram. Visivelmente orgulhoso, o anfitrião se superava.

c) Vasconcelos era muito rigoroso quando recebia gente em casa [...].

d) Alguns amigos do pai profetizavam nele uma glória da pátria [...].

e) O Vasconcelos quis festejar o exame do filho, com um jantar oferecido aos senhores examinadores [...].

Gab: B

64

TEXTO: 58 - Comum à questão: 103

Os pesquisadores Roberta Faria, Alan Vendrame, Rebeca Silva e Ilana Pinsky, do Departamento de

Psiquiatria e Psicologia Médica da Universidade Federal de São Paulo, analisaram a associação entre

propaganda de álcool e consumo de cerveja por adolescentes. Foram entrevistados 1 115 estudantes de sétima

e oitava séries de três escolas públicas de São Bernardo do Campo, SP, em 2006. As variáveis independentes

foram: atenção prestada às propagandas de álcool, crença na veracidade das propagandas, resposta afetiva às

propagandas, uso prévio de cigarro, entre outras. A variável dependente foi consumo de cerveja nos últimos 30

dias. Idade, importância dada à religião e ter banheiro em casa foram utilizadas como controle. O consumo de

cerveja nos últimos 30 dias esteve associado ao uso de cigarro, a ter uma marca preferida de bebida alcoólica, a

não ser monitorado pelos pais, a achar que as festas que frequentam parecem-se com as de comerciais, a

prestar muita atenção aos comerciais, acreditando que eles falam a verdade. Essa associação manteve-se

mesmo na presença de outras variáveis associadas ao seu consumo. A conclusão do artigo “Propaganda de

álcool e associação ao consumo de cerveja por adolescentes” foi: as propagandas de bebidas alcoólicas

associam-se positivamente ao consumo recente de cerveja por remeterem os adolescentes à própria realidade

ou por fazê-los acreditar em sua veracidade. Limitar a veiculação de propagandas de bebidas alcoólicas pode

ser um dos caminhos para a prevenção do uso e abuso de álcool por adolescentes.

(Pesquisa FAPESP, agosto de 2011. Adaptado.)

Questão 103)

Certos termos têm o papel, na frase, de completar outros termos, como no trecho resposta afetiva às

propagandas, no qual a expressão às propagandas funciona como complemento nominal. Assinale a alternativa

em que a expressão destacada exerce essa mesma função sintática:

a) [...] a prestar muita atenção aos comerciais [...].

b) O consumo de cerveja nos últimos 30 dias [...].

c) [...] limitar a veiculação de propagandas [...].

d) [...] consumo de cerveja por adolescentes [...].

e) [...] acreditando que eles falam a verdade.

Gab: A

TEXTO: 59 - Comum à questão: 104

Conversar pressupõe um diálogo produtivo entre as pessoas. Significa dizer que conversar é um processo

cooperativo entre interlocutores.

Leia o texto, que representa uma conversa.

(QUINO. Toda a Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993).

65

Questão 104)

No trecho “a gente pode ter conversas literárias”, substituindo-se o sujeito por outro de primeira pessoa do plural,

no tempo pretérito perfeito, o resultado é o seguinte:

a) podemos ter conversas literárias.

b) podíamos ter conversas literárias.

c) poderíamos ter conversas literárias.

d) pudemos ter conversas literárias.

e) pudéssemos ter conversas literárias.

Gab: A

TEXTO: 60 - Comum à questão: 105

No português, encontramos variedades históricas, tais como a representada na cantiga trovadoresca de João

Garcia de Guilhade, ilustrada a seguir.

Non chegou, madre, o meu amigo,

e oje est o prazo saido!

Ai, madre, moiro d’amor!

Non chegou, madre, o meu amado,

e oje est o prazo passado!

Ai, madre, moiro d’amor!

E oje est o prazo saido!

Por que mentiu o desmentido?

Ai, madre, moiro d’amor!

E oje, est o prazo passado!

Por que mentiu o perjurado?

Ai, madre, moiro d’amor!

Questão 105)

Considerando a terceira estrofe, assinale a alternativa que apresenta uma palavra formada por parassíntese.

a) desmentido

b) prazo

c) saido

d) d´amor

e) moiro

Gab: A

TEXTO: 61 - Comum à questão: 106

Esse texto do século XVI reflete um momento de expansão portuguesa por vias marítimas, o que demandava a

apropriação de alguns gêneros discursivos, dentre os quais a carta. Um exemplo dessa produção é a Carta de

Caminha a D. Manuel. Considere a seguinte parte dessa carta.

Nela [na terra] até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muito bons

ares assim frios e temperados como os de Entre-

66

Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, darse- á

nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar

esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.

Questão 106)

Considere os dois trechos a seguir:

... não pudemos saber que haja ouro nem prata...

... me parece que será salvar esta gente ...

Substituindo os trechos grifados por um pronome oblíquo correspondente, tem-se um resultado correto

gramaticalmente em:

a) ... não pudemos saber isso... / ... me parece que será salvar eles ...

b) ... não pudemos saber-lhes... / ... me parece que será salvar-lhes ...

c) ... não pudemos sabê-lo... / ... me parece que será salvá-la...

d) ... não pudemos saber-no... / ... me parece que será salvar-lhes ...

e) ... não pudemos sabê-lo... / ... me parece que será salvá-los ...

Gab: C

TEXTO: 62 - Comum às questões: 107, 108

Buscando a excelência (Lya Luft)

Estamos carentes de excelência. A mediocridade reina, assustadora, implacável e persistentemente.

Autoridades, altos cargos, líderes, em boa parte desinformados, desinteressados, incultos, lamentáveis. Alunos

que saem do ensino médio semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos poucos – refiro-me às

públicas – vão se tornando reduto de pobreza intelectual.

As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e às quais me oponho desde sempre, servem

magnificamente para alcançarmos este objetivo: a mediocrização também do ensino superior. Alunos que não

conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, numa educação de brincadeirinha. E, porque não sabem ler

nem escrever direito e com naturalidade, não conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado e

pobre. [...] E as cotas roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mérito [...]

Meu conceito serve para cotas raciais também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que um jovem

deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e capacidade. [...]

Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educá-los com e para o

trabalho, zelo, esforço, busca de mérito, uso da própria capacidade e talento, já entre as crianças. O ensino nas

últimas décadas aprimorou-se em fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os bem

pequenos, mas já na escola elementar, em seus primeiros anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato

de que a vida não é só brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até à saúde, mas que a escola é

também preparação para uma vida profissional futura, na qual haverá disciplina e limites – que aliás deveriam

existir em casa, ainda que amorosos.

Muitos dirão que não estou sendo simpática. Não escrevo para ser agradável, mas para partilhar com meus

leitores preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas mazelas, num momento fundamental em

que, em meio a greves, justas ou desatinadas, [...] se delineia com grande inteligência e precisão a possibilidade

de serem punidos aqueles que não apenas prejudicaram monetariamente o país, mas corroeram sua moral, e a

dignidade de milhões de brasileiros. Está sendo um momento de excelência que nos devolve ânimo e

esperança.

(Fonte: Revista Veja, de 26.09.2012. Adaptado).

Questão 107)

Assinale a alternativa em que se apresenta o emprego da voz passiva analítica.

a) (...) a possibilidade de serem punidos aqueles que não apenas prejudicaram monetariamente o país (...)

67

b) Estamos carentes de excelência.

c) (...) as universidades, que aos poucos (...) vão se tornando reduto de pobreza intelectual.

d) (...) não conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado e pobre.

e) (...) parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens (...)

Gab: A

Questão 108)

Assinale o pronome que corretamente substitui a expressão grifada no trecho – E as cotas roubam a dignidade .

a) a

b) as

c) lhe

d) na

e) lha

Gab: D

TEXTO: 63 - Comum à questão: 109

1 É certo que Fräulein tinha esclarecido muito o que viera fazer na casa deles,

2 porém dona Laura que tinha

percebido tudo com a explicação de Felisberto, agora não 3 compreendia mais nada. Afinal: o que era mesmo

que Fräulein estava fazendo na casa 4 dela!

5 Fräulein esperou um segundo. Nada tinham para lhe falar aqueles dois.

6 Cumprimentou e saiu. Subiu pro

quarto. Fechou-se. Tirou o casaco. O pensamento forte 7 imobilizou-a. Comprimiu o seio com a mão, ao mesmo

tempo que amarfanhava-lhe a 8 cara uma dor vigorosa, incompreendida assim! Mas foi um minuto apenas,

dominou-se. 9 Tinha que despir-se. Continuou se despindo. E Carlos?... Minuto apenas. Varreu o

10 carinho.

Prendeu com atenção os cabelos. Lavou o rosto. Se deitou. Um momento no 11

escuro, os olhos inda

pestanejaram pensativos. Não tinha nada com isso: haviam de lhe 12

pagar os oito contos. Mas agora tinha que

dormir, dormiu.

In: ANDRADE, Mario de. Amar, verbo intransitivo. Agir: Rio de Janeiro, 2008. p. 57.

Questão 109)

Assinale a alternativa correta de acordo com o texto.

a) Na oração “porém dona Laura que tinha percebido tudo” (Ref. 2), a conjunção destacada pode ser

substituída, sem prejuízo semântico, pela conjunção conforme.

b) Da leitura do excerto infere-se que Fräulein não conseguiu dormir porque estava preocupada com o

desdobrar dos acontecimentos do dia seguinte.

c) Se o segmento “Varreu o carinho” (Refs. 9 e 10) for substituído por Enalteceu o carinho, ainda assim

mantém-se o sentido original do texto.

d) Em “Se deitou” (Ref. 10), o uso da próclise evidencia a aproximação da linguagem literária à linguagem

coloquial.

e) Em “Fräulein esperou um segundo” (Ref. 5), o verbo destacado classifica-se como transitivo indireto.

Gab: D

68

TEXTO: 64 - Comum à questão: 110

BRASIL E ÁFRICA SUBSAARIANA: PARCERIA SUL-SUL PARA O CRESCIMENTO

1 Atualmente, Brasil e África vêm restabelecendo ligações que poderão ter efeitos importantes sobre

2 a

prosperidade e o desenvolvimento de ambos. Na última década, a África tornou-se 3 um continente de 3

oportunidades, com tendências econômicas positivas e uma melhor governança. 4

O crescimento de alguns países africanos, sua resistência às crises globais recentes e a 5 implementação

de reformas de políticas que fortaleceram os mercados e a governança democrática vêm 6 expandindo o

comércio e o investimento na região. Apesar dessa tendência positiva, muitos países 7 africanos ainda enfrentam

enormes gargalos de infraestrutura, são vulneráveis à mudança do clima e 8 apresentam capacidade institucional

deficiente. Consequentemente, a ajuda para o desenvolvimento 9

continua sendo uma das principais fontes de apoio ao desenvolvimento em vários países do continente, de

10 modo que a transferência e a troca de

conhecimento ainda são necessidades prementes. 11

A partir do final século XX, a África se tornou um dos principais temas da agenda externa do Brasil, 12

que tem demonstrado um interesse cada vez maior em apoiar e participar do desenvolvimento de um 1

3 continente

que se encontra em rápida transformação. A intensificação do engajamento do Brasil com a 14

África não somente demonstra a ambição geopolítica e o interesse econômico do Brasil: os fortes laços

15 históricos e a

afinidade com a África diferenciam o Brasil dos demais membros originais do BRICs [grupo 16

formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia e China e que incluiu depois a África do Sul].

17 O crescimento econômico do Brasil, sua atuação crescente no cenário mundial, o sucesso

18 alcançado

com a redução da desigualdade social e a experiência de desenvolvimento oferecem lições 19

importantes para os países africanos que, dessa forma, buscam cada vez mais a cooperação, assistência

20 técnica e

investimentos do Brasil. Ao mesmo tempo, multinacionais brasileiras, organizações não 21

governamentais e diversos grupos sociais passaram a incluir a África em seus planos. Em outras palavras, a

22 nova África coincide

com o Brasil global. 23

Complementando as fortes ligações históricas e culturais, a tecnologia brasileira parece ser de fácil 24

adaptabilidade a muitos países africanos em razão das semelhanças geofísicas de solo e de clima. O 25

sucesso recente do Brasil no plano social e econômico atraiu a atenção de muitos países de língua

26 portuguesa com os

quais o país possui ligações históricas.

Figura ES.2 Principais áreas de atuação do Brasil em arranjos de cooperação com a África, 2009.

27 No que se refere à diplomacia, o Brasil mantém atualmente 37 embaixadas na África, comparado a

28 17

em 2002, um incremento correspondido pelo aumento do número de embaixadas africanas no Brasil: 29

desde 2003, 17 embaixadas foram abertas em Brasília, somando-se às 16 já existentes, o que representa a

30 maior

concentração de embaixadas no Hemisfério Sul.

31 Os países da África Subsaariana solicitam cooperação com o Brasil em cinco áreas principais:

32

agricultura tropical; medicina tropical; ensino técnico (em apoio ao setor industrial); energia; e proteção 33

social (figura ES.2). (Áreas de interesse relativamente menor incluem ensino superior, esportes e ação

34 afirmativa.).

35 No que se refere à agricultura, a Empresa de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em parceria com

36

várias outras instituições brasileiras de pesquisa, atua com parceiros locais na implementação de projetos 37

69

modelo em agricultura com o objetivo de reproduzir o sucesso alcançado no cerrado brasileiro – semelhante 38

a alguns solos africanos − e aprimorar o desenvolvimento agrícola e o agronegócio na África.

39 Investimentos do setor privado brasileiro na África tiveram início nos anos 1980 e chegaram a tal

40 ponto

que atualmente as empresas brasileiras atuam em quase todas as regiões do continente, com 41

atividades concentradas nas áreas de infraestrutura, energia e mineração. A presença do Brasil chama a

42 atenção devido

à forma como as empresas brasileiras realizam seus negócios; elas tendem a contratar mão 43

de obra local para seus projetos, favorecendo o desenvolvimento de capacidades locais, o que acaba por

44 elevar a

qualidade dos serviços e produtos. Dado o ambiente de negócios favorável aos investimentos 45

brasileiros na África, a Agência Brasileira de Exportação vem fomentando a presença de pequenas e

46 médias empresas no

continente, por meio de feiras de negócios, por exemplo. As tendências analisadas em 47

estudos internacionais indicam que o Brasil e a África desenvolvem, em conjunto, um modelo de relações

48 Sul-Sul que pode ajudar a

reunir os dois lados do Atlântico. 49

Embora as relações entre o Brasil e a África tenham se intensificado muito na última década, ainda 50

existem desafios consideráveis. Em particular, existe um desconhecimento nos dois lados do Atlântico. A

51

maioria dos brasileiros possui conhecimento limitado e normalmente desatualizado sobre a África; as 52

poucas informações que têm, muitas vezes, se limitam a Angola, Moçambique e, às vezes, à África do Sul.

53 A

burocracia de ambos os lados atrasa o comércio marítimo que chega a levar 80 dias, em vez de 10. O 54

Banco Mundial poderia contribuir para a superação desses obstáculos, de modo a favorecer a ampliação do

55

relacionamento entre a África e o Brasil e trazer benefícios adicionais para todos. BANCO MUNDIAL/IPEA. Ponte sobre o Atlântico. Brasil e África Subsaariana: parceria Sul-Sul para o crescimento.

Brasília: [s.n.], 2011. p. 1-8. (Adaptado).

Questão 110)

Comparando-se a figura ES.2 com o restante do texto, percebe-se que:

a) a figura apresenta informações contraditórias com aquelas encontradas no texto.

b) a interpretação das informações da figura somente é possível a partir das informações contidas no texto.

c) as informações da figura complementam as informações contidas no texto.

d) as informações da figura são as mesmas que estão no texto, colocadas em forma de gráfico.

Gab: C

FONTE: GPS DO PROFESSOR – EDITORA FTD