rota da cerveja de santa catarina

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  • 7/29/2019 Rota da cerveja de santa catarina

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    Rota da Cerveja em Santa CatarinaHistria Guia das cervejarias artesanais Tipos produzidos Combinaes com pratos tpicos

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    SECRETARIA DE ESTADO DEDESENVOLVIMENTO REGIONAL

    DA GRANDE FLORIANPOLIS

    WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR

    Rota da Cerveja em Santa CatarinaHistria Guia das cervejarias artesanais Tipos produzidos Combinaes com pratos tpicos

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    Rota da Cerveja em Santa Catarina

    I Bem-vindo terra da cerveja: uma nova rota em Santa Catarina ........6

    O comeo de tudo: colonos europeus iniciaram tradio ...................................... 10

    O renascimento: estado expoente de nova gerao de cervejarias .................... 16

    II Alquimistas do Sculo XXI: os segredos dos mestres cervejeiros ....20

    O poder dos ingredientes: a lei da pureza os limita a quatro ............................... 22

    Acertando a mistura: o passo a passo da produo .............................................. 25

    Os tipos catarinenses: a diversidade da cerveja no estado ................................... 27

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    Sumrio

    III Os roteiros: por dentro das cervejarias catarinenses ......................36

    Vale do Itaja ........................................................................................................... 40

    Norte ....................................................................................................................... 56

    Florianpolis e Sul.................................................................................................. 62Meio-Oeste .............................................................................................................. 65

    Chopes de outubro ................................................................................................ 68

    IV Harmonizao: a arte de combinar cervejas com pratos tpicos.....70

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    A cidade de Blumenau

    (acima), praia deFlorianpolis e a estrada da

    Serra do Rio do Rastro, que

    d acesso ao Planalto Serrano:

    cerveja artesanal novo item

    da diversidade catarinense

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    Diversidade

    e qualidade

    so marcas

    registradas de

    Santa Catarina,

    e a cerveja

    artesanal o mais

    novo ingrediente

    da frmula que

    diferencia o estado

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    anta Catarina um es-

    tado caracterizado pela

    diversidade. O litoral de mais

    de 500 quilmetros exibe

    algumas das praias mais

    bonitas do Brasil, disputa-dssimas no vero, enquan-

    to na Serra, mil metros acima do

    nvel do mar, costuma nevar no inverno.

    A diversidade cultural notvel: vrias re-gies foram colonizadas por diferentes et-

    nias, com destaque para italianos, alemes

    e aorianos, mas incluindo tambm austr-

    acos, belgas, poloneses, russos... Eles se

    juntaram aos portugueses e espanhis dos

    tempos do Brasil Colnia e aos negros e

    ndios escravizados e espoliados, mas hoje

    integrados como peas fundamentais ao

    mosaico cultural que notabiliza o estado.

    Nos ltimos anos Santa Catarina cresceu

    muito, com destaque para os municpios

    da Grande Florianpolis, recebendo gente

    de toda parte. Apesar do avano da urba-nizao, Santa Catarina um dos estados

    brasileiros com maior populao rural:

    cerca de 17% de seus seis milhes de ha-

    bitantes vivem no campo, em pequenas

    propriedades familiares. Tamanha varieda-

    de geogrfica, climtica, tnica e cultural

    se concentra em apenas 95 mil quilme-

    tros quadrados, o que pouco mais que1% do territrio nacional. Mas ainda cabe

    muita novidade no estado.

    Prova disso que nos

    ltimos anos desenvolveu-

    -se uma atrao capaz deagradar, e muito, o turista

    que visita Santa Catarina e tambm seus

    moradores, porque ningum ferro. Trata--se da cerveja, produzida em dezenas de

    pequenas fbricas espalhadas pelo esta-

    do. Quase todas as cervejarias artesanaisseguem a Reinheitsgebot, a Lei de Purezaeditada h quase 500 anos na Bavria e em

    vigor at hoje na Alemanha, determinando

    que a cerveja s pode ter quatro ingredien-

    tes: gua, lpulo, malte (de cevada ou detrigo) e fermento. Ou seja, nada de conser-

    vantes ou cereais no mal-

    tados na mistura. Esse fatod algumas pistas sobre a

    cerveja que se produz emSanta Catarina. A primeira

    delas a qualidade. Alis, como em tudo

    o que produzido no estado, a qualidade uma marca registrada. Basta olhar para

    a indstria, um dos pilares da economia

    catarinense, que exporta para quase todosos pases do mundo produtos alimentcios,

    cermicos, eletromecnicos, txteis, de ma-

    deira e muitos outros. Nossa cerveja nofoge regra: muito boa, pode ter certeza!

    A lei alem seguida risca no esta-do tambm d pistas sobre qual regio

    Bar da Cervejaria

    Eisenbahn, de Blumenau:

    cerveja elevada a

    produto sofisticado

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    a mais cervejeira. No poderia mesmo ser

    outra seno o Vale Germnico, como tam-

    bm conhecido o Vale do Itaja. Ali os

    traos da colonizao alem so notveis,

    seja na arquitetura, nos jardins, na gastro-

    nomia, nos olhos claros e cabelos loirosde boa parte da populao. E na cerve-

    ja, que comeou a ser produzida ainda

    no sculo XIX. Blumenau, a maior cida-

    de do Vale, realiza desde os anos 1980 a

    segunda maior festa alem do mundo, a

    Oktoberfest, que s perde para a verso

    original da celebrao da cerveja realiza-

    da em Munique. Portanto, nunca faltou

    tradio cervejeira no Vale. O que faltava

    era elevar a cerveja a um produto sofisti-

    cado, com qualidade, sabor e variedade,

    que fugisse do lugar-comum da cerveja

    tipo Pilsen industrial, produzida aos mi-

    lhes de litros para ser bebida to gelada

    a ponto de anestesiar o paladar do con-

    sumidor e disfarar a falta de qualidade.

    No foi por acaso, portanto, que quandoo mercado pediu cerveja de qualidade a

    resposta surgiu no Vale do Itaja, onde

    hoje se encontra a maior concentrao de

    cervejarias artesanais do pas, em cidades

    como Blumenau, Brusque e Pomerode,

    que conformam o eixo principal do Ro-

    teiro das Cervejas, um dos mais novos e

    apreciados roteiros tursticos de Santa Ca-tarina. Nele a bebida, em toda sua varie-

    dade, pode ser harmonizada com pratos

    tpicos da culinria europeia.

    Mas engana-se quem pensa que cer-

    veja assunto s dos descendentes de

    alemes. A primeira cervejaria do estado,

    alis, de Joinville, no Norte catarinense,e foi fundada por suos em 1852. Hoje o

    Norte um roteiro essencial do novo ci-

    clo cervejeiro, com destaque para as cida-

    des de Joinville, Jaragu do Sul e Canoi-

    nhas. O litoral tambm conta com boas

    cervejarias, assim como o Sul do estado.

    At na regio Oeste abundam marcas de

    qualidade sejam em municpios de co-

    lonizao austraca, como Treze Tlias, ou

    de cultura italiana, como Chapec e Con-

    crdia. Em todos esses cantos as possibi-

    lidades de combinar boas cervejas com avariada gastronomia so infinitas. Por is-

    so, conhecer as belezas de Santa Catarina

    tendo como eixo o Roteiro das Cervejas

    uma experincia inigualvel e inesque-

    cvel e este livro deve ser lido como um

    convite.Ein prosit!

    SantaCatarina

    Terradesol,mar,neve.

    ..

    Populao:6 milhes

    Municpios:293

    Territrio:95,4 mil km

    Litoral:561 km

    Turistas:8 milhes/ano

    ...e cerveja

    20 Cervejarias20 Tipos de cerveja produzidos

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    O comeo de tudoA cerveja tornou-se uma tradio europeia por

    meio dos monges da Idade Mdia e chegou a Santa

    Catarina pelas mos dos colonos no sculo XIX

    A cerveja no uma inveno euro-

    peia. H registros de que uma bebida fe ita

    da fermentao de cereais no necessa-

    riamente cevada era apreciada no Egito

    dos faras, h seis mil anos. H cinco mil

    anos os sumrios registraram a primeira

    receita para a obteno de cerveja, numa

    inscrio conhecida como Pedra Azul,

    hoje guardada cuidadosamente no museu

    do Louvre, em Paris. A bebida teria surgi-

    do na Europa por volta de 1300 a.C., na

    atual regio da Catalunha, na Espanha. Emboa parte da histria sua produo esteve

    associada agricultura, e por utilizar os

    mesmos ingredientes do po era chama-da de po lquido. Nos monastrios da

    Idade Mdia, onde a bebida se celebrizou,

    o po lquido servia para aplacar a fome

    dos monges nos longos perodos de je-

    jum, em que eram proibidos os alimen-

    tos slidos. Foram desenvolvidas ento

    variedades mais encorpadas para reforar

    a nutrio dos religiosos o que decertoajudou-os tambm a alcanar o sentido

    do sagrado. Nesses tempos em que quase

    todo o conhecimento pertencia Igreja,

    as tcnicas de produo da bebida foramdesenvolvidas pelos seus mestres cerve-

    jeiros, que no fizeram feio: adicionaram

    o lpulo formulao da cerveja.

    Ela chegou ao Brasil por mos ho-

    landesas, em 1637, quando Maurcio de

    Nassau aportou no Recife trazendo um

    mestre de sua terra para montar uma cer-

    vejaria em sua residncia oficial. A comi-

    tiva de D. Joo VI, que veio de mala e

    cuia para o Brasil, em 1808, fugindo da

    sanha expansionista de Napoleo Bona-

    parte, trouxe muita cerveja na bagagem,

    e continuou importando a bebida da In-

    glaterra nos anos subsequentes. Ao povo,

    no entanto, restava satisfazer-se com uma

    verso rudimentar da cerveja, feita em ca-

    sa com ingredientes bastante heterodoxos:farinha de milho, gengibre, acar, casca

    de limo e gua, com direito a algumas va-

    riaes. Tratava-se da popular gengibirra.

    A sede dos colonosEngana-se quem pensa que os pri-

    meiros colonos alemes que chegaram a

    Santa Catarina em 1829, no hoje municpiode So Pedro de Alcntara, vieram carre-

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    Na Blumenau do final do sculo XIX a

    cerveja produzida localmente era um artigo

    importante para a vida social da cidade

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    gados de barris de cerveja. Ao contrrio,

    devem ter sentido muita falta dela, pois

    se embrenharam em meio a densas flo-

    restas tropicais (na verdade subtropicais,

    situadas pouco abaixo do Trpico de Ca-

    pricrnio, mas ainda assim escaldantes no

    vero) e suaram muito no cabo da enxa-

    da para tornar o ambiente habitvel. Mes-

    mo os pioneiros da colnia de Blumenau,

    que chegaram ao Vale do Itaja em 1850,

    contavam somente com a brasileirssima

    aguardente para relaxar depois de um dia

    de trabalho rduo.

    Para sorte de alguns colonos, suas

    mulheres (as hausfrau, ou donas de ca-

    sa) possuam avanados dotes culinrios

    e produziam uma espcie de cerveja ca-

    seira. Elas na verdade transformavam suas

    cozinhas em laboratrios culinrios, on-

    de produziam fiambres, cortes defuma-

    dos e pratos sofisticados e sugestivos

    como a biersuppe, uma sopa de cerveja

    com passas, e o famoso marreco reche-ado (geffulte ente). J a primeira cerveja-

    ria em terras catarinenses foi erguida em

    1852, na Colnia Dona Francisca, atual

    cidade de Joinville. O autor da proeza foi

    o suo Gabriel Schmalz, que sem poder

    contar com cevada elaborava sua bebida

    com milho.

    Essa adaptao de ingredientes,alis, uma caracterstica dos proces-

    Rtulos antigos, blumenauenses de

    primeira gerao brindando mesa

    e equipamentos de cervejarias do

    sculo XIX: a bebida tem histria

    sos de imigrao. Para alguns colonos

    em Santa Catarina o po de milho e o

    po de aipim eram at melhores que o

    po de centeio a que estavam acostuma-dos na Europa. Em lugar de trigo usava-

    -se fub e farinha de mandioca e para

    substituir a batata, aipim e palmito. Ba-

    nanas e laranjas entraram no cardpio

    em substituio s frutas europeias. Ape-

    sar desse esboo de sincretismo gastro-

    nmico, uma caracterstica marcante da

    colonizao alem foi a luta pela manu-teno de identidade, lngua e hbitos.

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    Em outras palavras, os germnicos no

    eram muito de se misturar. Assim que

    as colnias foram se desenvolvendo

    e enriquecendo passaram a importaralimentos e ingredientes tpicos, como

    chocolate, queijo fundido, vinhos e ce-

    vada para as cervejar ias.

    O desenvolvimento das colnias

    europeias foi fundamental para a con-

    formao socioeconmica do estado.

    Elas trouxeram mtodos agrcolas avan-

    ados e conhecimento de processosindustriais, alm de um forte esprito

    empreendedor. Foram os imigrantes ale-mes, italianos, poloneses e outros que

    lanaram as bases para a industrializa-

    o catarinense, criando as primeirasserrarias, curtumes, laticnios, fbricas

    de linguia e salsicha, indstrias tx-

    teis e outras atividades. Para se ter uma

    ideia de como a colonizao alem foi

    bem-sucedida, Blumenau, elevada ca-

    tegoria de municpio em 1880, possua

    ento mais de 16 mil habitantes, cente-

    nas de engenhos de farinha e acar eoito cervejarias.

    As primeiras cervejariasCom sua cervejaria na Colnia Do-

    na Francisca, Gabriel Schmalz iniciou uma

    tradio que perdurou por meio sculo.Em 1860 foi a vez de Blumenau ganhar

    sua primeira fbrica da bebida, pelas mosdo alemo Heinrich Hosang. A colnia co-

    meava a organizar melhor sua vida as-

    sociativa e foram criadas a Sociedade de

    Canto (Gesangverein), um grupo de teatro

    amador e o Clube de Caa e Tiro (Scht-

    zenverein). Este era o principal cliente dacervejaria de Hosang, pois promovia gran-

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    des festas em ocasies especiais, como o

    natal. Um jornal de Joinville, o Kolonie

    Zeitung, chegou a afirmar que nessas fes-

    tas de Blumenau era enorme o consumo

    de salsichas e cerveja.

    A colnia demandava bons produ-

    tos e em 1875 o alemo Carl Rischbieter

    comeou a produzir em Blumenau, aps

    tornar-se mestre cervejeiro no Rio de Ja-

    neiro. Lanou as marcas Bavria, de cerve-ja clara, e Favorita (escura). Sua produo

    tinha status de industrial, com capacida-

    de para 100 mil garrafas anuais. Blume-

    nau e a cerveja iam adquirindo um novo

    perfil. Em 1890, um representante da se-

    gunda gerao de imigrantes, Otto Jen-

    rich, ex-funcionrio da Hosang, montou

    uma cervejaria prpria com um bar ane-

    xo, ao estilo das bierstubede Munique,

    para vender as cervejas Estrela, Polar e

    Kulmbalch. Claus Feldmann fundou sua

    cervejaria em Blumenau em 1898, crian-

    do marcas que ficaram na histria, comoa Massarandubense. E, em 1908, Luiz

    Kaesemodel inaugurou a Canoinhense,

    em Canoinhas, no Norte do estado, a 220

    quilmetros de Blumenau.

    Pode-se dizer que a Canoinhense foi

    a ltima da primeira gerao de cervejarias

    catarinenses. Infelizmente, todas sucum-

    biram ante o processo de massificao daproduo e do consumo. A honrosa exce-

    A Cervejaria Canoinhense

    dos primeiros tempos

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    o a Cervejaria Canoinhense, que hoje

    se apresenta como a mais antiga do estadoe uma das mais antigas do Brasil. Em 1924

    a empresa foi vendida para Otto Loeffler,

    um militar da Bavria, que passou o ne-

    gcio para o controle do filho, Rupprecht,

    em 1938, quando ele contava apenas 17

    anos. Rupprecht Loeffler dedicou-se com

    paixo ao trabalho, preservando a tradi-

    o at falecer, em 2011, aos 93 anos de

    idade. Ele manteve a produo artesanal,

    se valendo de equipamentos trazidos da

    Alemanha h mais de um sculo e utili-

    zando gua da mesma fonte dos tempos

    da fundao da cervejaria. A decorao dobar, repleta de animais empalhados, ins-

    pirada nos sales de chope de Munique,

    impressionante.

    A Canoinhense um museu vivo da

    cerveja de Santa Catarina, que inspira a

    nova gerao de empreendedores a reno-var a tradio secular do estado. Apesar da

    morte do mestre cervejeiro, a histria daCanoinhense continua pelas mos da vi-va de Rupprecht, a senhora Gerda Loeffler,

    de 87 anos. Ela comanda a produo dequatro tipos diferentes de cerveja: a escu-

    ra N de Pinho, a Pilsen Jahu, a Mocinha,uma Pilsen clara e adocicada, e a Malzbier.

    Os mesmos tipos que fizeram a fama e a

    glria da Canoinhense entre os aficionadospela boa cerveja por um sculo.

    Uma das ltimas imagens do mestre

    Rupprecht Loeffler, falecido em 2011, e vistaexterna de sua Cervejaria Canoinhense

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    O renascimento da tradioAgregando tcnicas modernas aos conhecimentos

    dos imigrantes, Santa Catarina tornou-se o maior

    expoente brasileiro em cervejas artesanais

    O mundo cervejeiro viveu um pro-

    cesso de desertificao ao longo do sculoXX. Mal comparando com o que ocorre ao

    meio ambiente, a diversidade original foi

    sendo gradualmente abatida pelo avano

    inclemente da monocultura. No perodo,

    a grande indstria cervejeira consolidou omercado, adquirindo ou inviabilizando as

    pequenas empresas, e massificou o con-

    sumo em torno de poucas marcas e de

    praticamente um nico tipo de cerveja, a

    Pilsen. Eram tempos em que se sentava

    mesa de um bar e pedia-se uma cerve-

    ja, pois pouca diferena havia entre qual-

    quer bebida que fosse servida. Mas feliz-mente os tempos mudaram. A insatisfao

    dos amantes da boa cerveja detonou um

    processo conhecido por The Craft Beer

    Renaissance, ou renascimento da cerveja

    artesanal, que resgatou tradies da pro-

    duo e do culto bebida. O processo

    se traduziu primeiramente no avano da

    produo caseira. O passo seguinte foi osurgimento das microcervejarias, que pas-

    saram a oferecer ao mercado novos estilosde bebida. Agregaram-se inmeros predi-

    cados na forma de aromas e sabores e a

    cerveja virou um produto gastronmico,

    ideal para combinaes com pratos diver-

    sos desde aqueles conhecidos como co-mida de boteco, tambm referidos como

    baixa gastronomia, at os preparados

    mais sofisticados, como se ver adiante.

    O mercado artesanal ainda mui-

    to pequeno se comparado ao industrial

    representa apenas 1% da produo totalde mais de 10 bilhes de litros de cerveja

    por ano no Brasil. Mas cresce rapidamen-

    te, numa razo de 15% ao ano, e h mais

    de 100 cervejarias artesanais registradas

    no pas, a maior parte delas na regio Sul.

    Santa Catarina ocupa um espao privile-

    giado nesse segmento, com jovens em-

    preendedores unindo a tradio colonial tecnologia de ponta e estratgias moder-

    nas de marketing. Fazendo cerveja com

    variedade e qualidade, criando ambientes

    para consumo junto s cervejarias para

    permitir ao visitante conhecer o proces-

    so de fabricao e servindo acompanha-

    mentos associados cultura regional, eles

    transformaram o estado no principal pal-co do renascimento da cerveja no Brasil.

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    As novas pioneirasA primeira das cervejarias catarinen-

    ses da nova leva emblemtica desse pro-

    cesso. A Borck, de Timb, no Vale do Ita-

    ja, foi criada em 1996 por Brunhard Borck,

    neto do imigrante prussiano Otto Ludwig

    Ferdinand Borck, que chegou ao estado em

    1868. A inteno inicial era fornecer peque-

    nas quantidades de cerveja para eventos

    comunitrios e festas familiares, a exemplo

    dos antigos cervejeiros que animavam os

    encontros nos clubes de caa e tiro espalha-

    dos pelo Vale do Itaja, frequentados pelo

    seu av. Brunhard no poupou esforos pa-

    ra fazer um produto de qualidade. Foi bus-car os equipamentos e o mestre cervejeiro

    na Hungria, um dos beros da boa cerveja.

    Outra catarinense, a Opa, de Joinville, tam-

    bm ligada tradio cervejeira do esta-

    do. Passadas cinco geraes, um grupo de

    Vrios tipos de

    chopes especiais

    produzidos pela

    Cervejaria da Ilha e

    ingrediente utilizado

    pela Eisenbahn:

    tecnologia avanadade produo

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    jovens empresrios seguiu os passos de Ga-

    briel Schmalz, o suo que criou a primeira

    cervejaria do estado, na mesma cidade da

    Opa que significa av em alemo. Mas

    ao contrrio do antigo empreendimento a

    Opa, criada em 2006, foi minuciosamente

    planejada. E como a pioneira, tira vantagem

    de uma caracterstica nica: a gua de Join-

    ville, considerada perfeita para a fabricao

    da bebida por no ser necessria qualquer

    retirada ou agregao de minerais.

    Como essas, uma srie de cervejarias

    com sugestivos nomes como Schorns-

    tein, Knigs, Das Bier, WunderBier, Hei-

    mat, ZeHn, Bierland, Bierbaun, Fall Bier eoutras fazem parte da j reconhecida Rotada Cerveja de Santa Catarina. Uma cerve-

    jaria, entretanto, ajudou especialmente aprojetar o estado: a Eisenbahn, de Blume-

    nau. Inaugurada em 2002, produz 15 tiposde cervejas baseadas em receitas seculares,

    seguindo risca a Reinheitsgebot, a Lei

    Alem de Pureza. Isso tudo aliado ao queh de mais moderno em tcnicas de pro-

    duo, como tanques de ao inoxidvel,

    leveduras cultivadas em laboratrio, mal-te e lpulo importados. Um mestre cerve-

    jeiro alemo com 30 anos de experinciafoi contratado para iniciar as operaes e

    o investimento em pesquisa e desenvolvi-

    mento constante. A Eisenbahn tornou--se a cervejaria mais premiada do Brasil

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    em concursos internacionais, levando a

    locomotiva que estampa seu rtulo aos

    quatro cantos do mundo. E despertou acobia de grandes cervejarias, tendo sido

    comprada pela Schincariol em 2008. Com

    a venda da Schincariol para o grupo japo-ns Kirin, passou a fazer parte de uma cor-

    porao multinacional. Ainda assim a Ei-senbahn continua sediada em Blumenau,

    sob a direo executiva dos membros da

    famlia Mendes, os fundadores, que garan-tem a qualidade do produto. A Eisenbahn

    a prova material do vigor e da qualida-de da nova tradio cervejeira de Santa

    Catarina.

    Cerveja de cara nova:

    produo e instalaes

    de cervejarias em

    Brusque (ZeHn, na

    pgina ao lado), em

    Gaspar (Das Bier, em

    cima) Blumenau e

    Pomerode (Bierland eSchornstein, ao lado)

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    Alquimistas do Sculo XXI

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    21

    Os mestres cervejeiros

    catarinenses so

    responsveis por

    uma notveldiversidade: mais de 50

    cervejas distintas so

    produzidas no estado

    t h poucos anos uma

    cerveja podia ser de dois

    tipos: estupidamente gela-

    da ou desagradvel ao pa-

    ladar limitado dos bebedo-

    res. Mas se a pobreza sensorial

    do fregus devia-se pouca oferta de ti-

    pos, marcas e procedncias, hoje pode-

    -se dizer que os apreciadores da boa cer-

    veja vivem dias gloriosos. H dezenas de

    tipos disponveis no mercado fracas e

    fortes, claras e escuras, amargas e doces,

    cristalinas e turvas, puro malte ou de ce-

    reais diversos, muitos aromas... incluindo

    todas as combinaes possveis entre es-sas e outras caractersticas e os seus meio-

    -termos (por exemplo, so infinitas grada-

    es no espectro que define o amargor).

    No caso de Santa Catarina, as cervejarias

    artesanais produzem ao menos 20 tipos

    diferentes de cerveja, algumas delas oriun-

    das de formulaes tradicionais desenvol-

    vidas h mais de 100 anos no prprio es-tado; outras originrias de outras plagas.

    Mas parar por aqui seria dizer pou-co da complexidade encontrada na be-

    bida. Para cada tipo de cerveja, em cada

    cervejaria, a qualidade dos ingredientes,

    sua origem e o processo de fabricao

    conferem predicados nicos, e portanto

    uma identidade prpria a cada rtulo di-ferente que se apresenta mesa. Assim,

    por exemplo, uma cerveja tipo Weizen-

    bier (de trigo), produzida pela cervejaria

    A, certamente ser distinta da Weizenbier

    da cervejaria B. Considerando os vrios

    tipos produzidos em cada uma das cerve-

    jarias, temos mais de 50 cervejas diferen-

    tes feitas em Santa Catarina. Leve-se em

    conta que cada uma delas produz efeitos

    sensoriais distintos se combinadas com

    diferentes pratos e tem-se uma ideia das

    possibilidades experimentais do Roteiro

    das Cervejas de Santa Catarina.

    Por trs de toda essa diversidade h

    muita tcnica envolvida ou magia, co-

    mo talvez prefiram os mais msticos, cer-tos dos poderes transcendentes da cerveja.

    Digamos ento que os mestres cervejeirosso os alquimistas do sculo XXI, capazes

    de selecionar e misturar ingredientes para

    obteno de ouro (lquido). Nas prximaspginas alguns de seus segredos sero re-

    velados, como os ingredientes e a frmula

    bsica da cerveja, assim como os resulta-dos de todo esse trabalho, as dezenas de

    tipos de cerveja catarinense. E, claro, o

    melhor jeito de degust-las.

    Instalaes e cervejeiro da

    Schornstein, de Pomerode:

    segredo associar equipamentos

    modernos, bons ingredientese conhecimento de mestres

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    22

    O poder dosingredientes

    Eles so apenas quatro,

    mas a qualidade,

    o processamento e

    as dosagens fazem

    toda a diferena

    Conforme a Lei de Pureza Alem, se-

    guida por quase todas as cervejarias catari-

    nenses, a boa cerveja deve ter apenas qua-

    tro ingredientes: gua, malte (de cevada

    ou trigo), lpulo e fermento. A observn-

    cia dos ditames e, claro, da qualidade

    dos ingredientes faz toda a diferena noresultado final. Para se ter uma ideia da

    importncia da lei alem, ressalte-se que

    a legislao brasileira considera cerveja

    a bebida que contm malte de cevada em

    uma proporo de 50% ou mais sobre o

    chamado extrato primitivo. Isso quer di-

    zer que se permite a mistura de cereais

    como arroz, milho e aveia na cerveja nu-ma razo de at 50%, o que torna a be-

    bida mais barata e de qualidade inferior.

    O malte de cevada ou trigo, que para os

    mestres o responsvel pelo carter da

    bebida, est 100% presente nas melhores

    cervejas, conhecidas como puro malte.

    Cevada/Malte

    O malte obtido a partir da ceva-

    da, e responsvel pelo corpo, cor e par-

    te do sabor da cerveja. A cevada um

    gro tpico de climas temperados, cultiva-

    do quase que exclusivamente na regio

    Sul. parente do trigo, tambm prprio

    para a malteao. A cevada possui pou-

    co acar e muito amido, o que fornece

    uma boa dose de nutrientes bebida. Na

    malteao a germinao da cevada (ou

    do trigo) induzida e controlada, com o

    objetivo de ativar enzimas (que transfor-

    mam amido em acar) e tornar o ami-do mais solvel. Inicialmente realiza-se a

    macerao, quando o cereal colocado

    em contato com gua e ar durante alguns

    dias, para em seguida brotar em uma cai-

    xa de germinao. Da obtm-se o malte

    verde. Interrompida a germinao, inicia-

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    -se o processo de secagem. As variaes

    nessa etapa que permitem a obteno

    de diferentes tipos de malte claros, tos-

    tados, caramelizados, defumados , que

    geraro sabores e aromas distintos para

    diferentes tipos de cerveja.

    Lpulo

    O lpulo o broto de uma trepa-

    deira da mesma famlia do cnhamo, pro-

    veniente de regies da Europa cujos cli-

    mas lhe so propcios. Trata-se, portanto,

    de um ingrediente totalmente importado,que pode ser utilizado in natura ou na

    forma de pelletes (grnulos prensados).

    O lpulo o responsvel pelo sabor e

    aroma caractersticos da cerveja ele po-

    de possuir mais de 20 substncias amar-

    gas. Dentre os vrios tipos de lpulo h

    60 variedades utilizadas na produo de

    cerveja h aqueles que se destacam porserem aromticos e ctricos, outros leve-

    mente adocicados, outros ainda picantes

    etc... Por isso so muito importantes para

    a alquimia cervejeira.

    Leveduras

    So os fungos responsveis pela fer-

    mentao da cerveja, ou seja, pela trans-

    formao de acar em lcool. Existem

    centenas de tipos de leveduras, divididas

    em duas famlias, as de alta e de baixa

    fermentao, o que acaba por definir as

    duas principais famlias de cerveja, a Ale

    e a Lager. Enquanto fermentam os aca-

    res do mosto de cereais, as leveduras ge-

    ram gs carbnico, resultando na gaseifi-

    cao da bebida. Tambm so agentes de

    sabor e aromas.

    gua

    Diz-se no mundo cervejeiro que a

    gua, que representa 90% da cerveja, j

    no to determinante para a qualida-

    de do produto, porque processos qumi-

    cos industriais so capazes de garantir a

    pureza e a quantidade adequada de saisminerais. Mas para os puristas da cerve-

    ja artesanal no bem assim. Talvez por

    que Santa Catarina possua algumas das

    fontes de gua mais puras do pas... Va-

    le comparar!

    Pesquisa essencial para

    o desenvolvimento de

    cervejas com personalidade

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    Na brassagem, etapa inicial do processo, o malte misturado gua aquecida para aformao do mosto. Aps a maturao a cerveja est pronta para o envase

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    Acertando a misturaPasso a passo, as etapas de produo para obteno da cerveja

    nessa etapa que se pem provaa arte e a habilidade dos mestres cerve-

    jeiros. Seja em cervejarias primitivas, co-

    mo algumas ainda encontradas em Santa

    Catarina, dotadas de equipamentos cen-

    tenrios e receitas ancestrais, seja nas

    cervejarias mais tecnolgicas, com lu-

    minosos tanques de ao inoxidvel e le-

    veduras cultivadas em laboratrio paraobteno dos melhores resultados. De

    um jeito ou de outro e at mesmo pa-

    ra quem se arrisca a fazer cerveja em

    casa, o princpio o mesmo. Como nas

    coisas boas da vida, a diferena est nos

    detalhes.

    Brassagem

    O malte descascado e modo, de-

    pois misturado com gua aquecida. O pro-cesso favorece a ao das enzimas que

    transformam o amido em acar fermen-

    tvel. O processo dura de duas a trs ho-

    ras. Aps a filtrao, obtm-se o chamadomosto primrio.

    boas cepas de leveduras. Na temperaturaideal elas se multiplicam, consumindo o

    oxignio. Comea ento a fase anaerbica,

    na qual se d o processamento qumico

    do acar, e cujos subprodutos so lcool

    e gs carbnico. Em tanques fechados, a

    etapa dura de quatro a 10 dias. As leve-

    duras de alta fermentao agem na parte

    superior do tanque, e as de baixa fermen-tao na base. So elas que definem o ti-

    po de cerveja e o teor alcolico.

    Maturao

    o perodo de descanso da cerveja

    (nesse momento chamada de cerveja ver-de), que pode durar de uma semana a 40

    dias, em tanques especiais, com tempera-

    turas prximas a zero grau. Durante esse

    processo a cerveja incorpora aromas e ga-

    nha brilho. As leveduras mortas e os res-

    duos de protenas se acumulam no fundo

    dos tanques, clarificando a cerveja. Aps

    isso a cerveja pode ser filtrada ou no, efinalmente est pronta para ser envasada.

    Cozimento ou fervuraNo tanque de fervura o mosto rece-

    be o lpulo no incio do processo adi-

    ciona-se o lpulo responsvel pelo amar-

    gor, e ao final, o aromtico. nessas doses

    que se revelam os segredos de cada mes-

    tre cervejeiro. Durante a fervura a tem-

    peraturas entre 80C e 100C ocorrem as

    mutaes que distinguiro cor, aroma esabor da cerveja, alm da concentrao

    de acar.

    Resfriamento

    Aps uma troca de tanque, o mosto

    lupulado resfriado para eliminao de

    resduos. Dependendo do tipo de cerve-ja, as temperaturas variam de 8C a 25C.

    Fermentao

    a hora das leveduras agirem. H

    cervejarias que animam esse processo

    com msica clssica ou jazz, na crena (ou

    esperana) de que elas realizem um tra-balho melhor... Mas melhor contar com

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    Os tiposcatarinenses

    Conhea as cervejas

    produzidas em Santa

    Catarina em toda sua

    diversidade e esplendor, e

    tambm com o que cada

    uma delas combina

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    Santa Catarina produz os principais

    tipos de cerveja existentes no

    mundo. Cada tipo guarda suas

    particularidades e caractersticas,

    definidas pelos ingredientes e

    processos de produo. Para

    comear a entender e classificar

    o complexo universo da cerveja,

    uma grande diviso necessria,

    pois existem dois troncos dos

    quais se ramificam um sem-

    nmero de variedades. Estamosfalando das cervejas de baixa

    fermentao, ou tipo Lager, e

    das de alta fermentao, as Ale.

    Lager

    As Lager so fermentadas em tem-

    peraturas baixas, fazendo com que os

    fermentos se acumulem no fundo dos

    tanques. Em geral so cervejas leves e

    translcidas, podendo ser claras ou escu-ras. Em outras palavras, so cervejas mais

    suaves a exemplo da Pilsen, o gnero

    mais consumido no Brasil e no mundo.

    Apresentam sabores que remetem aos ce-

    reais, e suas notas frutadas costumam ser

    menos intensas. As cervejas Lager so ori-

    ginrias da Alemanha.

    Ale

    A outra famlia de origem in-

    glesa. Nas Ale a fermentao feita em

    temperaturas mais elevadas, levando os

    fermentos para o alto dos tanques. Co-

    mo resultado tm-se cervejas mais encor-padas, escuras (opacas) e amargas. Sua

    complexidade gustativa e aromtica al-

    ta, assim como o teor alcolico, que pode

    chegar a 12%. Podem ser claras ou escu-

    ras e mesclam aromas de cereais e notas

    de frutas. No devem ser consumidas em

    temperaturas muito baixas.

    h

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    O que difere o chope da

    cerveja que o primeiro

    no pasteurizado

    Cerveja e chope

    Alm da questo da fermentao, h

    outra distino essencial na categoriza-

    o cervejeira. Trata-se da diferena entre

    chope e cerveja. Desde os ingredientes e

    ao longo da maior parte do processo deproduo, as duas bebidas so idnticas.

    S que, ao final, a cerveja pasteurizada.

    Isso significa que elevada a uma tem-

    peratura de aproximadamente 60C e de-

    pois resfriada rapidamente, para elimina-

    o de micro-organismos. Por isso o seu

    prazo de validade mais alto. O chope,

    por no passar pelo processo, tem vidacurta. , portanto, uma bebida mais leve

    e fresca que a cerveja e geralmente com

    menor teor alcolico. Usualmente a cer-

    veja envasada em garrafas e o chope

    em barris, mas em casos especiais a si-

    tuao pode se inverter. Assim como as

    cervejas, os chopes podem ser dos tipos

    Lager ou Ale.

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    LAGER

    Amber Lager

    De colorao acobreada e corpo m-dio, apresenta elegantes aromas de mal-

    te. Em boca seca, revela-se um pouco

    amarga, com final equilibrado. tima pa-

    ra acompanhar petiscos, entradas e pra-

    tos leves. A Eisenbahn 5 leva uma segun-

    da adio de lpulo na maturao, para

    equilibrar o adocicado do malte. Paladar

    de malte, caramelo, po e lpulo.Quem faz: Eisenbhan

    Bock

    originria do norte da Alemanha.

    Por ser rica em corpo, considerada uma

    cerveja de inverno. Escura, repleta dearomas de malte e seu gosto apresenta

    baixo amargor, inclusive tendendo ao do-

    ce. Agradvel para massas com molhos de

    carne, embutidos e queijos de mdia ma-

    turao. Em Santa Catarina, produzida

    na forma de chope.

    Quem faz: Bierbaum, Bierland, Fall Bier,

    Handwerk, Knigs, Saint Bier, Schornstein e

    ZeHn Bier

    Dunkel

    Cerveja encorpada, feita com mal-

    tes torrados, possui amargor mediano em

    equilbrio com sensao doce e notas aro-

    mticas que lembram o caf, o carame-

    lo e o chocolate. Harmoniza bem com ochurrasco e fils com molhos encorpados,

    como o de funghi. Tambm vai bem com

    feijoada. E com um bom charuto.

    Quem faz: Bierbaum, Eisenbahn e Holzweg

    Lager Hell

    Pode ser considerada uma ancestral

    da Pilsen, sendo ainda mais suave e no

    to seca. A diferena se forma no processo

    de cozimento: os acares no fermenta-

    dos so mantidos no mosto, o que confere

    Lager Hell um sabor mais adocicado. A

    WunderBier oferece a cerveja nas verses

    filtrada e no filtrada.Quem faz: WunderBier

    Malzbier

    Escura, de espuma encorpada, essacerveja, de origem alem, recebe adio de

    acar, tem sabor levemente adocicado eacentuado teor nutritivo. Boa para acom-

    panhar sobremesas com chocolate e caf

    na sua formulao. Popularmente indi-cada para mulheres em fase de amamen-

    tao, mas diga-se que isso no reco-

    mendvel devido ao teor alcolico de 4%.Quem faz: Borck, Canoinhense e Knigs

    Pilsen

    a cerveja mais popular do mundo,

    respondendo por nada menos que 80%

    do consumo global. Nascida na cidade

    de Pilsen (Plzen), na antiga Bomia, hoje

    territrio da Repblica Checa, transl-cida e suave. De colorao amarela-clara,

    tem espuma abundante, com final de boca

    que revela um delicado amargor. Combi-

    na com preparos tambm leves, como en-

    tradas, petiscos e pratos base de carnes

    brancas e frutos do mar. Vai bem com sal-

    sichas, pratos da culinria alem e queijos

    semiduros. As vrias marcas catarinensesapresentam variaes mais ou menos en-

    corpadas, de maior ou menor amargor. A

    Eisenbahn oferece a Pilsen Orgnica, fei-

    ta com ingredientes sem agrotxicos ou

    fertilizantes sintticos.

    Quem faz: Todas as cervejarias

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    ALE

    Brown Ale

    De origem inglesa, tem baixo teorde lpulo, portanto no muito amarga.

    O malte especial com que elaborada lhe

    proporciona cor intensa. Normalmente en-corpada, com notas doces, pode acompa-

    nhar sobremesas com sabor intenso. Teor

    alcolico de 6,5%.

    Quem faz: Das Bier

    Klsch

    A cerveja originria de Colnia, na

    Alemanha, produzida em Santa Catarina

    com quatro tipos de malte, entre eles o de

    trigo. De corpo leve, tem colorao dou-

    rada. O paladar seco, com baixo amar-gor. Apresenta notas levemente frutadas

    em seus aromas. Excelente para saladas,

    pratos com frutos do mar e ostras in na-

    tura, bem como para acompanhar pratos

    da culinria oriental.

    Quem faz: Eisenbahn

    Kulmbach

    Cerveja de origem alem, de cor es-

    cura. Aromas tostados com notas de caf.

    Boca fresca, com leve amargor final, do

    a ela o tom gustativo. Acompanha pratos

    de carne assada, cozidos intensos e podeficar interessante com ostras, numa har-

    monizao radical. A produzida em Santa

    Catarina pela Canoinhense tem baixo teor

    alcolico: 3,2%.

    Quem faz: Canoinhense

    Pale Ale

    Sua origem inglesa. Possui cor aco-breada, notas de especiarias, lpulo, cara-

    melo e amargor acentuado no final, mas

    h variaes. O subtipo Mild Ale mais

    suave, enquanto a Indian Pale Ale e a

    American Pale Ale so mais amargas, e

    com teor alcolico mais elevado (at 7,5%,contra 5% das tradicionais). Vai bem com

    salsichas, salames, chucrute e carnes com

    tendncia mais adocicada, como as de

    porco e de carneiro. Combina com quei-

    jos intensos, com tendncia cida ou doce.Quem faz: Bierland, Das Bier, Eisenbahn,

    Opa Bier e Schornstein

    Porter

    uma cerveja forte, feita com malte

    torrado e muito lpulo. Sua cor pode va-

    riar do castanho ao preto. Ao olfato revela

    aromas tostados, com notas de chocola-

    te e caf. Tem muita espuma e amarga,podendo apresentar toques que lembram

    caramelo. Pode ser tambm de baixa fer-

    mentao. Acompanha pratos intensos de

    carne e inclusive a feijoada.

    Quem faz: Bierbaum, Fall Bier, Opa Bier e

    ZeHn Bier

    Rauchbier

    Rauch significa fumaa em alemo.

    Especialidade da cidade alem de Bam-

    berg, produzida a partir de maltes de-

    fumados. Tem colorao avermelhada e

    paladar seco, com sabor levemente defu-

    mado. Acompanha bem embutidos e lin-guias defumados, costelinha de porco

    assada com molho barbecue, moluscos,

    queijos defumados e pratos preparados

    com esses ingredientes. uma opo tam-

    bm para o charuto.

    Quem faz: Eisenbahn

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    Strong Golden Ale

    Dourada e de alto teor alcolico

    (8,5% no caso da Eisenbahn), esta cerve-

    ja tem origem inglesa mas utiliza um fer-

    mento de origem belga. Apresenta inten-

    sos aromas frutados, de especiarias, notasde lpulo e lcool e corpo generoso.

    indicada para queijos fortes, E Combina

    bem com carnes vermelhas.

    Quem faz: Bierland e Eisenbahn

    Stout

    uma cerveja muito amarga e escu-

    ra, quase preta, que apresenta notas de

    caramelo e caf. forte e aromtica, pois

    tem grande concentrao de malte e l-

    pulo. Sua origem irlandesa. A gradua-

    o alcolica varia: pode ser baixa ou de

    at 12% no tipo Imperial Stout.

    Quem faz: Bierland, Saint Bier e Schornstein

    Weihnachts Ale

    uma receita especial de Natal, com

    teor alcolico mais elevado e presena

    marcante do lpulo. Em estilo belga, re-

    vela aromas frutados e sabor encorpado.

    Quem faz: Eisenbahn

    Weizenbier

    Cerveja de trigo leve e fresca, tem

    colorao naturalmente turva. Apresenta

    aromas frutados e notas de especiarias,

    como o cravo. Seu corpo denso e tem

    espuma abundante, o que a torna muitogastronmica. Vai bem com carnes gor-

    durosas e condimentadas, pratos p icantes

    das culinrias orientais, antepastos italia-

    nos e petiscos alemes, como o roll mops

    e queijos com mofo branco.

    Quem faz: Bierbaum, Bierland, Borck, Cer-

    vejaria d Ilha, Das Bier, Eisenbahn, Fall Bier,

    Opa Bier, Saint Bier, Schornstein, Strauss Biere WunderBier

    Weizenbock

    Feita de trigo e no-filtrada, essa cer-

    veja escura encorpada, com mdio amar-

    gor, aliando caractersticas da Weizen e daBock. Possui espuma densa e um com-

    plexo aromtico que revela frutas, espe-

    ciarias e toques de torrefao. Combina

    com queijos intensos, pratos da culinria

    chinesa e cozidos de carne.

    Quem faz: Eisenbahn

    ESPECIAISAlgumas cervejas ou derivaes no

    cabem nas categorias bsicas de baixa e

    alta fermentao. Fabricantes catarinenses

    oferecem opes interessantes para quemgosta de experimentar.

    Champenoise

    Trata-se de um hbrido, que mui-

    tos sequer consideram cerveja. Depois da

    fermentao e maturao na cervejaria, acerveja verde vai para uma vincola. Re-

    cebe fermentos e passa pelo processo tra-

    dicional de produo de champanhes desegunda fermentao na garrafa, ao lon-

    go de trs meses. Ganha corpo, aromase perlage. Tem sabor frutado e paladar

    refrescante, tendendo ao doce. Indicada

    para acompanhar pratos elegantes de car-nes leves e frutos do mar, sushi, queijos

    intensos da famlia grana padano e quei-jos com leite de cabra e ovelha. Tambmacompanha sobremesas leves, com frutas e

    cremes. A Eisenbahn produz a Lust Cham-penoise e a Eisenbahn Lust Prestige. Esta,

    depois da segunda fermentao, entra naetapa chamada cuve, que dura um ano.Quem faz: Eisenbahn

    il d d j

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    Destilado de cerveja

    Uma vez que o chope est pronto,

    isto , a cerveja ainda no est pasteuri-

    zada, inicia-se o processo de destilao.

    O resultado uma bebida com paladar

    semelhante ao do usque, porm comamargor diferenciado devido presen-

    a do lpulo.

    Quem faz: Bierbaum

    Licor de cerveja

    feito a partir da cerveja tipoDunkel. Apresenta agradveis aromas de

    caf e chocolate. timo como aperitivo

    ou para acompanhar queijos fortes, co-

    mo gorgonzola e roquefort, sobremesas e

    charutos. O Bierlikr da Eisenbahn su-

    ave e refinado, com notas de chocolate,

    caf e baunilha e teor alcolico de 30,5%.

    Quem faz: Eisenbahn

    A cerveja Bock, encorpada

    e de baixo amargor,

    considerada uma

    bebida de inverno

    A t d b b

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    A arte de beber(e de servir, cheirar...)

    Com tantos tipos diferentes de cerveja para experimentar, convm

    conhecer as regras gerais e a melhor maneira de degustar cada um deles

    Georg Nuber, neto

    de imigrantes,

    resgatou a tradio

    em Indaial, com a

    Heimat. Na outra

    foto, bar da ZeHn,

    em Brusque

    A complexidade do universo cerve cervejas mais aromticas pedem copos ar Olfativa

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    A complexidade do universo cerve-

    jeiro sugere rituais especficos para sua

    degustao e prticas diferenciadas para

    os tipos existentes. No nada to radical

    quanto ocorre com o vinho, para o qualmuitos puristas (tambm conhecidos como

    enochatos) no aceitam qualquer desli-ze na degustao ou harmonizao. Com

    a cerveja tudo mais leve. Ainda que um

    determinado copo no seja considerado oideal para extrair as melhores qualidades

    de um determinado tipo, sua qualidadeno ser comprometida de modo termi-

    nal. Mas, para aproveitar ao mximo as

    boas cervejas, h algumas regras de ouro.

    Temperatura

    As caractersticas das Lager so maisbem notadas entre 3C e 5C. As Ales,

    mais ricas em aromas e sabores, devem

    ser servidas entre 5 e 10.

    Copos

    O formato ajuda na degustao. Os

    retos, com a base um pouco mais estreitado que a boca, so melhores para as cer-

    vejas mais leves, as do tipo Lager. A tulipa

    ajuda na percepo dos aromas e na for-mao da coluna de gs carbnico. J as

    cervejas mais aromticas pedem copos ar-redondados, com haste e bojo largo, que

    se fecha medida que a curva termina. Osbojudos realam o bouquet e a consistncia

    das cervejas encorpadas. J as cervejas detrigo so mais bem apreciadas em copos de

    corpo delgado e boca bojuda, pois a espu-ma se concentra no topo e abre o leque de

    aromas. Quanto ao tamanho dos copos, os

    pequenos e mdios so melhores para as

    Lager, pois elas no devem esquentar nocopo. O mesmo problema no ocorre com

    as Ale, que pedem copos maiores, impor-tantes para a definio do sabor. Detalhe

    importante: em qualquer caso os coposdevem ser transparentes (tanto faz se de

    vidro ou cristal) para que se possa obser-

    var a colorao e a formao de espuma.

    Anlises:

    Visual

    Revela cor, brilho, limpidez ou tur-

    bidez, as bolhas e a espuma. Cervejas co-

    mo a Pilsen devem ser lmpidas, brilhan-

    tes e apresentar uma bela coroa, que se

    sustente por no mnimo dois minutos. J

    uma Weizenbier, de trigo e no filtrada,

    normalmente turva e tambm apresenta

    uma imponente coroa de espuma.

    Olfativa

    O leve agitar do copo pode revelar

    toda a complexidade e qualidade arom-

    tica de uma cerveja. No caso das Lager,

    aromas de cereais, malte e lpulo. Nas

    escuras se revelam aromas de torrefao,caf e chocolate. Nas Ale, notas ctricas e

    florais, vindas do lpulo, e aromas fruta-

    dos, como de banana, papaia e abacaxi,

    entre outros. Notas de especiarias (cravo,

    por exemplo) podem aparecer em Ale.

    Aromas que lembram manteiga no so

    desejveis, pois costumam indicar defei-

    to na cerveja.

    Gustativa

    Deve-se tomar um gole e fazer a be-

    bida girar pela boca, para que contamine

    o paladar e diversas sensaes sejam ob-

    tidas. Deve-se tentar perceber a intensida-de e o equilbrio entre os quatro saboresbsicos: doce, salgado, cido e amargo. O

    corpo de uma cerveja, resultado da fora

    alcolica e da soma dos demais compo-

    nentes, tambm se sente na boca. O equi-

    lbrio de todas essas sensaes refora a

    qualidade da bebida.

  • 7/29/2019 Rota da cerveja de santa catarina

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    36 Os roteiros

    Por onde passam as

    tradies e a riquezacultural de Santa

    Catarina h sempre um

    bom caneco da bebida

    a sugerir experincias

    nicas e inesquecveis

    anta Catarina uma expe-

    rincia inesquecvel. Quem

    visita o estado reconhece isso,tanto que Santa Catarina foi eleita

    em 2011, pela quinta vez conse-

    cutiva, o melhor destino turstico

    do Brasil pela revista Viagem e

    Turismo, da Editora Abril. As mo-

    tivaes da preferncia so conhecidas

    e passam pela diversidade de atraes e

    belezas naturais, tudo associado a uma ri-queza cultural impressionante. Essa com-

    binao oferece ao visitante a possibilida-

    de de vivenciar experincias nicas, que

    associam emoo ao conhecimento.

    Conhecer o estado tomando por ba-

    se os roteiros da cerveja uma proposta

    nova e incomparvel. Pois alm de pro-

  • 7/29/2019 Rota da cerveja de santa catarina

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    37da cerveja

    porcionar prazer, em Santa Catarina cerve-

    ja cultura. Alm de encantar o visitante,

    esse tipo de turismo temtico, a exemplodo que realizado em pases europeus

    e regies brasileiras como o Vale dos Vi-

    nhedos, no Rio Grande do Sul, impulsio-

    na economias regionais e une cidades.

    No caso de Santa Catarina, pode-se dizer

    que os roteiros so frutos da associao

    perfeita de trs grandes caractersticas: as

    belezas naturais, a riqueza cultural e a vo-cao empreendedora. Ao retomar antigos

    conhecimentos e tradies revestindo-os

    com elevada tecnologia e marketing mo-

    derno, a atual gerao de empreendedo-

    res cervejeiros catarinenses criou uma no-

    va atividade no estado.

    Os caminhos da cerveja vo alm

    do Vale do Itaja (tambm conhecido por

    Valeu Europeu, ou Vale Germnico) e das

    atraes de outubro. Encontra-se boa cer-veja e ambientes propcios para degust-

    -la e experimentar combinaes com pe-

    tiscos tpicos em vrias regies, e no ano

    inteiro. O mapa a seguir resume as princi-

    pais opes de roteiros pelas diversas regi-

    es do estado. Na sequncia, cada regio

    ser apresentada, com destaque para suas

    principais cidades, assim como para suasrespectivas cervejarias. Tudo temperado

    com um pouco de histria de cada uma,

    o que produzem e quais os horrios e as

    condies de visitao. A interseo entre

    a boa cerveja e os demais atrativos e as-

    pectos culturais apresentados certamente

    resultar numa nova e rica experincia.

    Distncias roDovirias em

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    relao a Florianpolis

    cdd KBelo Horizonte 1.286Braslia 1.698Campo Grande 1.305Curitiba 310

    Fortaleza 3.838Goinia 1.536Manaus 4.343Natal 3.662Porto Alegre 470Recife 3.375Rio de Janeiro 1.144Salvador 2.682So Paulo 705

    cdd KBlumenau 157Brusque 121Canoinhas 352Concrdia 459Cricima 197Forquilhinhas 212Gaspar 132Ibirama 218Indaial 166

    Jaragu do Sul 189

    Joinville 194Lontras 201Pomerode 167Presidente Getlio 228

    Timb 171Treze Tlias 419

    cdd KAssuno (Paraguai) 1.331Buenos Aires (Argentina) 1.539Montevidu (Uruguai) 1.360Santiago (Chile) 2.885

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    Um pedacinhoV l d It j

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    40

    Um pedacinho

    Com destaque para a cultura alem, a regio

    fortemente marcada pela presena de diversas

    etnias europeias e pela abundncia de boa cerveja

    Vale do ItajaVale Europeu, como tambm

    designado o Vale do Itaja, con-

    siderado a regio mais alem doBrasil. Natural, portanto, que se-

    ja um importante polo cervejeiro.

    Dentre as regies catarinenses que con-

    tam com cervejarias estruturadas, a que

    se destaca pelo maior nmero de estabe-

    lecimentos e, portanto, o eixo principal

    da Rota da Cerveja de Santa Catarina. At

    meados do sculo XIX a regio no entor-no do rio Itaja-Au, circundada por mon-

    tanhas verdejantes, era habitada apenas

    por ndios das etnias Kaingang, Xokleng

    e Botocudo, e algumas poucas famlias

    de imigrantes europeus. Os germnicos

    s chegaram para valer aps 1850, con-

    fiando no projeto colonizador do filsofo

    alemo Dr. Hermann Blumenau. Pode-se

    afirmar que fizeram uma aposta certeira:

    Blumenau tornou-se a cidade de coloni-

    zao alem mais influente do pas, abri-

    gando o maior polo txtil brasileiro.

    Ao longo do sculo XX, quase 40

    desmembramentos de territrio de Blu-

    menau deram origem a novos municpios,conformando a regio que hoje se conhe-

    ce por Vale do Itaja. A influncia germ-

    da Europa

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    da Europa

    nica elevada na regio, destacando-se

    a arquitetura, a culinria, o idioma dia-

    letos germnicos so utilizados por fam-lias como primeiro idioma at hoje , o

    artesanato, as festas tpicas, as ruas flori-

    das e os jardins bem cuidados. Na maior

    parte dos municpios a cultura germnica

    preponderante, mas no nica. H ci-

    dades como Itaja, Rodeio e Nova Trento

    com predominncia da cultura italiana.

    Os italianos chegaram regio cerca de25 anos depois dos alemes. H tambm

    poloneses, suos, eslavos e descendentes

    de portugueses, que habitaram o Vale do

    Rio Tijucas e posteriormente se desloca-

    ram para o Vale do Itaja.

    Foi o descendente de um prussia-

    no (a Prssia localizava-se no atual nor-

    te da Alemanha) que fundou em Timb,

    uma cidadezinha vizinha a Blumenau, a

    primeira das cervejarias da nova gerao

    no estado, a Borck, em 1996. O modelo

    das cervejarias alems, caracterizadas pelobar anexo fabrica, tanques de fabricao

    expostos aos clientes e acompanhamento

    de comidas tpicas, est presente em v-

    rias cidades do Vale do Itaja, como Brus-

    que, Pomerode, Gaspar, Indaial, Ibirama,

    Vista de Blumenau com

    o Rio Itaja-Au e detalhe

    do Museu da Cerveja:

    influncias notveis da

    colonizao germnica

    Presidente Getlio e Lontras, alm, cla- pelos amantes da cerveja. A Oktoberfest,

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    ro, de Blumenau. Conhecidos pelo espri-

    to festeiro, os moradores do Vale gostam

    de comer e beber para celebrar. O rotei-

    ro das cervejarias valoriza as cidades e a

    gastronomia regional. A cerveja acompa-

    nha petiscos como salsichas ao molho demostarda e raiz-forte, bolinhos de batata e

    rollmops, que so enroladinhos de fils dearenque cru, e pratos tpicos como o chu-

    crute (repolho fermentado e salmoura),

    marreco com repolho roxo, joelho de por-

    co (eisbein) e bisteca de porco (kassler).

    BlumenauCom cerca de 300 mil habitantes,

    Blumenau a cidade-polo do Vale do Ita-

    ja. Ao longo de sua trajetria de cresci-

    mento desenvolveu uma pujante inds-

    tria, com destaque para os setores txtil e

    de confeces. Tambm se destacam os

    setores metalmecnico e de informtica

    alm do de bebidas, claro. Hoje em

    dia, mais do que um centro industrial,

    um dos mais importantes polos de servi-

    os de Santa Catarina, com destaque para

    o turismo. Oferece boa infraestrutura ho-

    teleira, gastronmica e de servios, alm

    de fcil acesso s cidades de seu entor-

    no. O poderio de Blumenau para a rea-

    lizao de grandes eventos conhecido

    realizada desde 1984, anualmente, e com

    18 dias de durao, atrai perto de um mi-

    lho de pessoas e considerada a maior

    manifestao de cultura alem fora da Ale-

    manha. A cidade possui o maior Centro

    de Eventos de Santa Catarina, o ParqueVila Germnica.

    Blumenau um privilegiado cen-

    tro de compras, oferecendo os tradicio-

    nais artigos txteis e cristais, alm de mui-tos outros produtos exibidos nas lojas da

    belssima Rua XV de Novembro, o centropulsante da cidade. Blumenau tambm

    conhecida pelos cuidados com o meio am-biente, tendo trs parques protegendo a

    mata atlntica em seu entorno: os parques

    Spitzkopf, So Francisco de Assis e Artex.

    Alm da Oktoberfest e das vrias

    cervejarias, Blumenau oferece aos apre-

    ciadores a oportunidade de conhecer o

    Museu da Cerveja, o nico do gnero no

    Brasil. Pode-se tomar o museu como pon-

    to de partida para o circuito das cerveja-

    rias. L so fornecidas informaes sobre

    os mtodos de produo e as rotas que

    podem ser seguidas para apreciao da

    bebida. O museu permite um vislumbre

    dos primrdios da cerveja na regio, pois

    mantm peas antigas como geladeiras,

    termmetros, arrolhadores e balanas do

    sculo XIX e incio do sculo XX.

    receber uma aula sobre a histria da cer-

    b d b b d lAU

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    43

    Fundada em 2002, a Eisenbahn al-

    canou status de estrela internacio-

    nal, pois j amealhou importantes prmios,

    medalhas e menes em concursos de di-versos pases, tornando-se a cervejaria bra-

    sileira mais premiada no exterior. Os re-

    sultados obtidos so frutos de um projeto

    muito bem elaborado pela famlia Mendes,

    de Blumenau. Eles adotaram o conceitode cerveja artesanal, produzida de acordo

    com a Lei Alem de Pureza, mas no abri-

    ram mo de equipamentos sofisticados ematrias-primas da melhor qualidade. Tu-

    do costurado por uma boa estratgia demarketing, como o prprio nome e rtulo,

    que remetem s tradies germnicas e

    Blumenau antiga. Eisenbahn significa fer-

    rovia em alemo, numa referncia esta-

    o de trem do bairro onde fica a empresa.

    O Bar Estao Eisenbahn separa-

    do da fabrica por uma parede de vidro, e

    dele pode-se acompanhar a produo. Ocardpio inclui salsichas de diversos tipos

    e canaps da tradicional linguia tipo Blu-menau. As cervejas podem ser encontradas

    em mercados, bares e casas especializadas

    no pas todo, mas a cervejaria reserva tra-tamento especial para quem visita a fbri-

    ca. L, pode-se acompanhar a produo,

    vejaria e sobre os tipos da bebida, alm

    de degustar um chope tirado diretamentede um dos tanques de fabricao.

    A Eisenbahn foi adquirida em 2008

    pelo Grupo Schincariol, que, por sua vez,

    teve o controle acionrio comprado pe-la japonesa Kirin em 2011. A essncia da

    cervejaria guardada pelo mestre cerve-

    jeiro Gerhard Beutling, o mesmo que cui-

    da do sabor da Eisenbahn desde os seus

    primrdios.

    Cervejas Dunkel, Kolsch, Pale Ale, Pilsen, Pilsen

    Orgnica, Weihnachts Ale (sazonal), Weizenbier,Weizenbock, Rauchbier, Strong Golden Ale,

    Oktoberfest (sazonal), Amber Lager, Lust e Bierlikr.

    Chopes Dunkel, Pilsen, Pale Ale e Weizenbier.

    Servio Visitao da fbrica: segunda a sbado,

    das 14 horas s 19 horas, com visitas de hora

    em hora. Agendamento: (47) 3488-7307. Preo:

    R$ 5,00, com degustao de chope retirado do

    tanque.

    Bar Estao Eisenbahn: segundas a quartas-feiras,

    das 16 horas s 24 horas. Quintas e sextas-feiras

    das 16 horas at 01h da manh. Sbados das 10

    horas at 01h da manh.

    Endereo Rua Bahia, 5.181 | Salto Weissbach |

    Blumenau | (47) 3488-7371 | www.eisenbahn.com.br

    BLUMENA

    Harmonizaes com petiscos

    ( esq.), o bar da cervejaria e

    produtos da Eisenbahn: cervejaria

    mais premiada do Brasil

    Num outro roteiro turstico de Blu-

    d Vil I di

    Cervejas Pilsen, Weizen, Pale Ale, Bock,

    AU

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    menau, o da Vila Itoupava, distante cerca

    de 25 quilmetros do centro, tambm se

    pode encontrar resqucios da velha tradi-

    o cervejeira. O Centro Cultural da Vila

    Itoupava funciona na sede da antiga Cer-

    vejaria Feldmann, fundada pelo mestrecervejeiro Heinrich Feldmann em 1898,

    e que perdurou at 1978. O estilo arqui-

    tetnico preserva paisagens e costumes

    que remetem Alemanha e ao passado

    da colonizao do Vale do Itaja. Cerca

    de 90% dos moradores da regio falam

    alemo fluentemente e produzem cho-

    colates caseiros, doces, compotas e lico-res artesanais.

    J o contato com a nova tradio cer-vejeira, que associa inmeras variedades

    de bebida aos petiscos tradicionais, porm

    modernizados, pode iniciar-se pelo bairroSalto Weissbach, onde se encontra a cer-

    vejaria Eisenbahn. Do outro lado da RuaBahia, onde situam-se suas instalaes,

    funcionava a antiga estao de trem do

    bairro, que acabou inspirando o projetovencedor da famlia Mendes, cujas garra-

    finhas de cerveja estampam uma locomo-tiva no rtulo.

    Outros roteiros fundamentais para

    se capturar o esprito de Blumenau so

    conhecer as construes em estilo enxai-

    mel com empenas voltadas para a late-

    A Bierland foi fundada em 2003 por

    trs jovens empresrios do comrcio que

    queriam se lanar na produo de alimen-tos. Pesquisando o mercado e suas verda-

    deiras vocaes, optaram por abrir uma

    cervejaria, que afinal alcanou grande su-

    cesso. Em 2011 a Bierland recebeu meda-

    lha de prata no respeitado concursoBier-

    land Vienna, no European Beer Star. Os

    jurados avaliaram cor, aroma e sabor de

    cervejas do mundo todo, premiando ascomprometidas com o modo tradicionaleuropeu de produzir a bebida como o

    respeito Reinheitsgebot. Mesmo seguindo

    risca a tradio, na Bierland tudo feito

    com maquinrio moderno, como tanques

    inox e moinho prprio para triturar oscomponentes, e controle microbiolgico.

    Localizada em Itoupava Central,

    bairro tradicional de descendentes de

    imigrantes alemes, possui um bar de

    fbrica com decorao inspirada nas cer-

    vejarias europeias, em estilo rstico e

    separado da fbrica por uma parede de

    vidro. Dentre os petiscos esto lombo e

    picanha defumados, salame cracvia, lin-

    guias e salsichas. Na fbrica, bebe-se o

    chope direto da fonte.

    Vienna, Imperial Stout e Strong Golden Ale.

    Chopes Pilsen, Weizen, Pale Ale e Winebier

    (chope de vinho).

    Servio Visita fbrica: previamente agendada,de segunda a sexta-feira, a partir das 8 horas at as

    17 horas. Sbado das 8 horas s 11 horas.

    Bar: de tera a sexta-feira das 15h30min at a meia-

    noite e aos sbados das 10 horas meia-noite.

    Endereo Rua Gustavo Zimmermann, 5.361

    Itoupava Central | Blumenau | (47) 3323-6588

    www.bierland.com.br

    BLUMENA

    Produtos da Bierland, com destaque

    para a Strong Golden Ale (no centro) e

    bar da cervejaria: chope direto da fonte

    PomerodeO i i d P

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    Casa tpica de Pomerode: estilo enxaimel

    e jardins floridos so a marca registrada

    da cidade mais alem do Brasil

    ral, varandas frontais e guas-furtadas e

    os fartos cafs coloniais que oferecem ummix de bolos, pes, geleias, tortas, sucos e

    frios. H ainda a possibilidade de conhe-

    cer algumas das principais indstrias da

    cidade, que so abertas visitao turs-

    tica em horrios determinados. Os desta-

    ques so as cristalerias (Cristal Blumenau

    e Glaspark) e a Cia Hering, uma das mais

    antigas e atualmente a maior companhia

    txtil do pas, que mantm um museu com

    a sua histria e a da cidade. Dentre as

    empresas que podem ser visitadas est a

    Cachaas Inox, uma destilaria de cacha-

    a premium que se destaca em concursos

    internacionais. Uma sugesto para quem

    quiser dar um tempo na cerveja.

    O pequeno municpio de Pomero-

    de, de 28 mil habitantes, pode ser consi-

    derado uma radicalizao de Blumenau

    quando se leva em conta as tradies ger-

    mnicas. Pomerode se emancipou de Blu-

    menau em 1959, cerca de 100 anos aps oincio da colonizao da regio, por imi-

    grantes vindos da Pomernia, regio no

    norte da Alemanha. Se autointitula (e

    amplamente reconhecida como) a cidade

    mais germnica do Brasil, porque quase

    todo mundo tem ascendncia germnica,

    se comunica em dialetos alemes e mui-

    tas casas so construdas no melhor esti-lo enxaimel, com jardins floridos e cuida-

    dosamente mantidos. Quem transitar pela

    Rota do Enxaimel ter a oportunidade de

    ver 100 casas tombadas pelo patrimnio

    histrico.

    As tradies tambm so mantidas

    por meio das festas, da msica e da gas-

    tronomia. A maior festa da cidade, a Fes-

    ta Pomerana, acontece em janeiro, mas

    ao longo de todo o ano a animao ga-

    rantida por bandinhas tpicas, grupos fol-

    clricos, clubes de caa e tiro e at mes-

    mo por corais ligados a igrejas e clubes

    sociais, alm de um considervel jardim

    zoolgico. Mas ao mesmo tempo a cida-

    dezinha oferece muita tranquilidade para

    quem procura paz de esprito. De um jei-

    Detalhes e a sede da WunderBier

    em Blumenau: visitante pode

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    A cervejaria WunderBier foi criada

    em 2007, para participar da Oktoberfest,e desde ento se firmou como uma das

    principais do gnero na cidade. A ideia

    foi do empresrio Bento Linhares, dono

    de restaurantes na cidade, que convidou

    o mestre cervejeiro Fabio Steinbach a par-

    ticipar do projeto. Steinbach um aficio-

    nado que desde garoto ajudava o av a

    fazer, em casa, a cerveja que os adultosda famlia consumiam. J adulto, produ-

    zia a prpria cerveja em seu stio, usan-

    do um fogo a lenha e experimentando

    diversos ingredientes, at que se agregou

    WunderBier, que hoje tem capacidade

    para produzir 30 mil litros/ms.

    O prdio do bar de fbrica da Wun-

    derBier, em estilo enxaimel, foi projeta-

    do para que o visitante acompanhe do

    salo os passos da fabricao das be-

    bidas. D para ver de perto como so

    elaborados os chopes degustando petis-

    cos e pratos tpicos como o Bockwurst

    e Weisswurst salsichas alems acom-

    panhadas de diferentes tipos de mostar-

    das e raiz-forte.

    Cervejas Pilsen, Lager Hell, Schwarzbier

    (chope escuro), Hefe-weinzen (trigo) e

    Winebier (chope de vinho).

    Servio

    Visita fbrica: segunda a

    sexta-feira, das 9 horas s 11 horas e das

    15 horas s 17 horas, com agendamento.

    Bar: de tera a domingo, a partir das

    18 horas.

    Endereo Rua Fritz Spernau, 155

    Fortaleza | Blumenau | (47) 3339-0001

    www.wunderbier.com.br

    BLUMENAU em Blumenau: visitante pode

    acompanhar a produo de cerveja

    to ou de outro, em Pomerode tudo pode

    ser acompanhado por uma excelente cer-

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    ser acompanhado por uma excelente cer

    veja. A Schornstein, uma das cervejarias

    artesanais mais conhecidas do estado,

    sediada na cidade, ocupando o espao de

    uma antiga fbrica.

    BrusqueA colnia de Brusque foi fundada

    em 1860 por um nobre austraco, o Ba-

    ro Von Schneeburg, que foi seguido em

    sua navegao triunfal rio acima por um

    grupo de esperanosos colonos alemes.

    Hoje a Praa Von Schneeburg o princi-pal endereo da cidade, e nela funciona

    uma choperia tpica. Mas a principal cer-

    vejaria da cidade, a ZeHn Bier, que tem

    mais a dizer sobre a Brusque que se de-

    senvolveu desde ento. A cervejaria um

    projeto do fundador de um dos maiores

    grupos industriais da cidade, o Zen, do

    setor metalrgico. Aps anos frente do

    grupo que criou com o irmo em 1960,

    Hilrio Zen decidiu dedicar-se produ-

    o de cerveja.

    Desde os primrdios da coloniza-

    o, Brusque se destacou pelo pioneiris-

    mo industrial. Algumas de suas fbricas,

    como a Renaux, de tecidos, belssima,

    construda em tijolos, conservam as anti-

    gas caractersticas. Se a indstria a base

    da economia local, a venda de seus pro-

    dutos transformou a cidade num grande

    polo comercial de vesturio e artigos de

    cama, mesa e banho. Brusque possui umorquidrio e um bromelirio e se destaca

    em duas modalidades de turismo bastan-

    te distintas: o religioso e o de aventuras.

    Uma fazenda modelo retrata a vida dos

    primeiros colonizadores. A principal festada cidade a Fenarreco Festa Nacional

    do Marreco , que integra o roteiro de

    festas de outubro.

    Construes em estilo germnico em

    Brusque: cidade um importante centro

    industrial e comercial do Vale do Itaja

    Chopes Pilsen (filtrado e no filtrado) Braunes

    Ale, Weizen e Pale Ale.

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    Cerveja, sossego, muito verde e

    at uma boa pescaria o que oferece aDas Bier Chope Artesanal, instalada jun-

    to a um lago no belo bairro rural de Bel-

    chior Alto, em Gaspar. A antiga casa do

    primeiro morador do lugar, do incio do

    sculo passado, foi restaurada e ampliada

    para abrigar a cervejaria, inaugurada em

    2006. Paredes de vidro separam a fbrica

    do bar onde podem ser degustados cin-co tipos de chope, dentre eles o Braunes

    Ale, com traos de chocolate e perfume

    de lpulo. No final de 2011 foi lanado

    o chope Pale Ale, uma escolha do pbli-

    co, que votou em uma promoo realiza-

    da atravs das redes sociais. No total, a

    cervejaria produz 250 mil litros por ano.

    A cervejaria possui ainda uma espcie de

    poro em estilo medieval, onde funciona

    uma cachaaria, a Schnapskeller.

    No bar da Das Bier so servidos pe-

    tiscos de diversos tipos, incluindo opes

    da gastronomia tpica alem como oHa-

    ckepetere um mix de salsichas. E, para as

    refeies, marreco recheado com repolho

    roxo, fils de tilpia eKassler, alm de op-

    es de carne e peixe.

    GASPAR

    Ale, Weizen e Pale Ale.

    Servio Bar e fbrica (esta com agendamento

    prvio): quarta a sexta-feira, das 17 horas s

    24 horas. Sbados, das 15 horas s 24 horas.

    Domingos, das 11h30min s 19 horas.Espao Pesca e Lazer: sextas, das 14 horas s

    18h30min. Sbados e domingos, das 7h30min s

    18h30min.

    Endereo Rua Bonifcio Haendchen, 5.311

    Belchior Alto | Gaspar | (47) 3397-8600

    www.dasbier.com.br

    Sede da Das Bier e o peculiar poro em

    estilo medieval onde tambm funciona

    uma cachaaria, a Schnapskeller

    Cervejas e chope Pilsen

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    O proprietrio da Heimat, Georg

    Nuber, resgatou a receita da cerveja ca-seira fabricada pelos seus ancestrais na

    Idade Mdia e trazida ao Brasil pelo av,que era natural de Lindau, no sul da Ale-

    manha, no incio do sculo passado. Ge-

    org fez um curso de mestre cervejeiro no

    Rio de Janeiro e em 2005 fundou a cerve-jaria, adaptando a receita do av s novas

    tecnologias e ingredientes obtendo seuchope Heimat, do tipo Pilsen. Heimat sig-

    nifica Terra Natal em alemo. A receita

    e o processo de fabricao so os mes-

    mos para o chope (comercializado em

    barris) e para a cerveja, engarrafada em

    embalagens long neck. A cervejaria tem

    capacidade para produzir 1.500 litros/dia.

    No h bar na fbrica, mas visitas

    para conhecer as instalaes e eventu-

    almente tomar um chope direto da fon-

    te so permitidas desde que agendadas

    com antecedncia. Oferece suvenires co-

    mo bons, canecas, camisetas e copos.

    INDAIAL Servio Visita fbrica: de segunda a sexta-

    feira, das 14 horas s 17 horas.

    Endereo Rua Marechal Deodoro da Fonseca,

    1.498 | Bairro Tapajs | Indaial | Fone: (47) 3333 1793

    Instalaes da Heimat: cervejaria

    tem capacidade de produo

    de 1.500 litros por dia

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    A Cervejaria Borck, de Timb, tem a honra de ter sido

    a primeira da leva de novas e modernas cervejarias artesanaiscatarinenses. Inaugurada em 1996, ela fruto do sonho do pro-

    prietrio Brunhard Borck, ex-bancrio que largou o emprego,juntou as economias e foi para a Hungria comprar equipamen-

    tos e buscar o mestre cervejeiro que o ajudou a implantar onegcio. No incio a cervejaria apostou no diferencial das cer-

    vejas Ale, de alta fermentao, mas acabou migrando para otipo Pilsen, mais palatvel para o consumidor brasileiro mdio.

    Quinze anos depois da fundao o mestre cervejeiro seu

    filho, Tiago Borck, engenheiro qumico responsvel pela produ-

    o dos trs tipos de chope que so comercializados em barris

    retornveis de inox e lato descartvel de cinco litros. A Borckretomou a aposta no estilo mais europeu com a produo do

    chope de trigo, de alta fermentao. A capacidade de produo

    de 30.000 litros/ms. No possui bar de fbrica.

    Chopes Pilsen, Malzbier e Weizenbier.

    Servio Visitas s instalaes: aos sbados, das 9 horas s 12 horas, com

    agendamento prvio.

    Endereo Rua Pomeranos, 1.963 | Timb | (47) 3382 0587 | www.borck.com.br

    TIMB

    A pioneira da nova gerao volta s origens: Borck

    retoma produo de cervejas tipo Ale, de alta

    fermentao, alm de fazer o tipo Lager (na foto)

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    A Holzweg Cervejaria Artesanal fi-

    ca na tranquila Lontras, cidade do Valedo Itaja que tem a agropecuria como

    principal atividade econmica. O nome

    Holzweg significa caminho da madeira,

    e se trata de uma referncia ao nome da

    estrada que fazia a ligao entre as diver-

    sas colnias do Vale no incio da ocupa-

    o da regio pelos imigrantes alemes.

    A cervejaria elabora chopes com maltes

    e lpulos importados seguindo a lei da

    pureza alem. Possui bar junto fbrica

    decorado com motivos germnicos, que

    serve petiscos, pratos da gastronomia t-

    pica e buf de sopas.

    Chopes Pilsen e Munich Dunkel.

    Endereo Rua Paulo Alves do Nascimento, 387

    Centro | Lontras | (47) 3523-0277 / 8819-8817

    www.holzweg.com.br

    LONTRAS

    Vistas externa e interna do

    bar de fbrica da cervejaria

    Holzweg: nome remete antiga

    estrada de colonos da regio

    DE

    do Mundo de 2006. Tem capacidade pa-

    ra produzir 32.000 litros/ms em Pome-

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    impensvel visitar Pomerode

    sem conhecer a cervejaria Schornstein,que j virou atrao da cidade. Construda

    junto a uma velha fbrica tombada pelo

    patrimnio histrico, ela preserva a anti-

    ga chamin de 30 metros de altura feita

    em tijolos macios Schornstein signifi-

    ca chamin em alemo. Turistas podem

    fazer visita monitorada fbrica, degus-

    tar o chope tirado diretamente dos tan-

    ques e conhecer os processos de fabri-

    cao. Junto cervejaria funciona o bar

    Schornstein Kneipe, que tem petiscos t-

    picos feitos com ingredientes produzidos

    artesanalmente na regio, cujas receitas

    so harmonizadas com as vrias cervejas

    ali produzidas.

    A Schornstein foi fundada em 2006

    por um grupo de seis empresrios que

    constataram o bvio: apesar de Pomero-

    de ser considerada a cidade mais alem

    do Brasil, no contava com uma cervejariacomo aquelas que tanto sucesso fazem na

    Europa. O momento era ideal e inclusi-

    ve orientou a bem-sucedida estratgia de

    marketing. A cervejaria foi inaugurada no

    dia da estreia da seleo alem na Copa

    POMEROD rode, e possui tambm uma filial em Ho-

    lambra (SP).

    Chopes Pilsen filtrado e no filtrado, Weiss,

    Bock, Indian Pale Ale e Imperial Stout.

    Servio Bart Schornstein Kneipe: quarta a

    sexta-feira a partir das 17h30min. Aos sbados

    e domingos a partir das 11h30min. Nos outros

    dias recebe visitas de grupos ou realiza eventos

    previamente agendados.

    EndereoRua Hermann Weege, 60 | Centro

    Pomedore | (47) 3399-2058 | www.schornstein.com.br

    Fachada da Schornstein, seus petiscos

    e a produo: alm da boa cerveja,

    a imponente chamin de uma velha

    fbrica chama a ateno dos visitantes

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    Um prdio antigo que antes de ser cervejaria j foi

    fbrica de mveis, fecularia, atafona (moinho) e curtume,e que por tudo isso tem muita histria para contar, abrigaa Handwerk, em Ibirama. O lugar foi restaurado, mas as

    caractersticas rsticas foram preservadas, incluindo uma

    roda dgua que h um sculo foi responsvel pelo incioda gerao de energia na ento colnia de Hamnia. No

    primeiro andar fica o restaurante, de onde se pode obser-var por meio de paredes de vidro a produo do chope na

    fbrica, que fica embaixo. Os chopes utilizam matria-pri-

    ma importada malte, lpulo e fermento de acordo comas leis da pureza alem. O nome da cervejaria sugesti-

    vo: Handwerk significa, em alemo, feito a mo, artesanal.

    A cervejaria foi inaugurada em 2010, a partir da as-

    sociao de quatro empresrios da regio. A capacidade

    de produo de 28 .000 litros/ms. O bar recebe at 230

    pessoas, e o estacionamento tem capacidade para 120 car-

    ros. No cardpio, especialidades alems, petiscos ba-

    se de carne e peixe e lanches acompanhados de chope.

    Chopes Pilsen e Bock.

    Servio Restaurante: de quarta a domingo, das 18 horas meia-

    noite. Fone: (47) 33574624

    Endereo Rua Duque de Caxias, 239 | Centro | Ibirama

    (47) 33573343 | www.handwerk.ind.br

    IBIRAMA

    TLIO

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    A cervejaria Breslau Bier, que fa-

    brica chope artesanal de acordo com a

    lei da pureza alem, foi inaugurada em

    2011. Comercializa barris de chope de

    10, 20, 30 e 50 litros.

    Endereo Rua Morstifer, 91 | Bairro Morstifer

    Presidente Getlio | (47) 8406-1760 ou

    (47) 3352-0205 | www.breslaubier.com.br

    PR

    ESIDENTEGET

    A ZeHn possui um belo bar em Brusque

    (acima), equipamentos modernos e

    produz cervejas e chopes engarrafados,

    alguns deles premiados em concursos

    E

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    ZeHn pronuncia-se tzehnquer

    dizer dez, em alemo, mas tambm co-mo se fala o sobrenome dos proprietrios,

    os Zen, uma tradicional famlia da cidade.

    O gosto pela cerveja foi trazido da Ale-

    manha, de onde vieram seus antepassa-

    dos por volta de 1875, e antes de ter sua

    prpria marca eles j fabricavam cerveja

    para consumo prprio nas celebraes fa-

    miliares. Em 2003 resolveram tornar pbli-

    ca sua receita e abriram a cervejaria, que

    hoje atrao na cidade.

    O mestre cervejeiro Curt Zastrow,

    diplomado em Munique, especialista na

    produo de chope e cervejas artesanais.

    Seus produtos so premiados pela Asso-

    ciao Brasileira de Degustadores de Cer-

    veja, com medalha de ouro na categoria

    Cerveja Nacional, estilo Porter (2011), ede Prata na categoria Cerveja Nacional,

    estilo Bock (2011). A ZeHn fabrica cinco

    tipos da bebida e deve lanar mais dois.

    Produz 40 mil litros por ms de cervejas

    e chopes engarrafados.

    O bar da cervejaria anima as noites

    de Brusque e ainda agrada aos turistas,

    pois tambm funciona como restaurante.

    BRUSQUE

    No cardpio, petiscos, sanduches, sala-

    das, massas, frutos do mar, carnes e pra-tos tpicos alemes harmonizados com as

    bebidas.

    Chopes e cervejas Pilsen, Porter e Heller Bock.

    Servio Visita fabrica: de segunda a sexta-feira,

    entre 10 horas e 12 horas e das 14 horas s 18

    horas, com agendamento prvio: (47) 3351-6685.

    Bar e restaurante: segunda a sbado a partir das

    17 horas.

    Endereo Rua Benjamin Constant, 26

    So Luiz | Brusque | Fone (47) 3351-0033

    www.zehnbier.com.br

    Os pioneirosNorte

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    Antiga terra de prncipes, a regio recebeu

    colonos, inaugurou a primeira cervejaria do

    estado e se tornou potncia industrial

    onsta que a primeira indstria que

    funcionou em solo catarinense foi

    a Serraria do Prncipe, na Colnia Do-na Francisca, em 1856, cinco anos

    aps sua fundao, com o objetivo

    de fornecer madeiras para o Rio de Ja-

    neiro. Tratava-se de um empreendimento

    nobre (apesar do que seria hoje conside-

    rado um crime ambiental): pertencia ao

    prprio Prncipe de Joinville. O prncipe

    em questo era Franois Ferdinand, um

    nobre francs que desposou, em 1843,

    Dona Francisca Carolina, filha de Dom

    Pedro I, e recebeu como dote uma ge-

    nerosa gleba no norte de Santa Catari-

    na. Anos depois, em crise financeira, o

    prncipe vendeu parte das terras a uma

    sociedade colonizadora, que atraiu cen-

    tenas de imigrantes europeus alemes

    principalmente para a Colnia DonaFrancisca, que posteriormente se cha-

    maria Joinville.

    Mas, quatro anos antes do advento

    da Serraria do Prncipe, Dona Francisca jcontava com um estabelecimento que ri-

    valizava em nobreza com ela ao menos

    para os colonos mais sedentos. Era a cer-

    vejaria de Gabriel Schmalz e Margaretha

    do caneco

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    Zenger Schmalz, a primeira de que se tem

    notcia no estado. Joinville evoluiu rpido.

    Muitos enriqueceram com a erva-mate, queno sculo XIX valia tanto que era conheci-da como ouro verde. A cidade chegou a

    ter 20 cervejarias, e surgiram as indstrias.

    Mudava o perfil econmico local, que re-fletia as mudanas no Brasil: a decadncia

    do Imprio e um surto de industrializao.J uma linda residncia de vero, ornadacom gigantescas palmeiras imperiais, cons-

    truda para deleite dos prncipes em Join-ville jamais os recebeu, e acabou se trans-

    formando no museu da colonizao.Jaragu do Sul outra importante

    cidade do Norte catarinense que teve ori-

    gens imperiais. Suas terras equivaliam aodote recebido pelo Conde dEu quando

    se casou com a Princesa Isabel, filha de

    Dom Pedro II, em 1864. Sua fundaooficial data de 1876, mas a cidade s se

    desmembrou de Joinville em 1934. Desdeento se firmou como um importante polo

    Palmeiras imperiais foram plantadas

    em 1873 para ornar a residncia

    de vero dos prncipes, que acabou

    se tornando um museu

    industrial, sede do grupo WEG, maior fa-bricante de motores eltricos do mundo,

    e de outras companhias de grande porte

    centro cultural, turstico e de eventos. O

    Festival de Dana rene mais de 4 mil

    bailarinos e entrou para o Guinnes Book

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    e de outras companhias de grande porte.

    Tradio e modernidadeO Norte catarinense cresceu puxa-

    do por Joinville, que seria conhecida nosanos 1960 como Manchester catarinense,

    uma aluso ao importante polo industrial

    ingls. Tambm receberia outros eptetos,

    como Cidade das Flores, Cidade dos Prn-

    cipes e Cidade das Bicicletas. Este ltimo

    graas ao arraigado hbito de milhares de

    operrios das fbricas de se deslocarem

    para o trabalho sobre duas rodas. Mas

    no poderia ser chamada de Cidade da

    Cerveja, pois todas as velhas cervejarias

    artesanais sucumbiram. At que a nova

    gerao surgiu.

    Joinville hoje a maior cidade de

    Santa Catarina, com 600 mil habitantes.

    Alm da importncia econmica, um

    bailarinos e entrou para o Guinnes Book

    como o maior do gnero no mundo. Join-

    ville a nica cidade fora da Rssia a

    contar com uma unidade do Bal Bol-

    shoi de Moscou. Outro conhecido even-to a Festa das Flores, realizada h mais

    de 60 anos. Joinville o eixo principal

    de um roteiro turstico que inclui vrias

    cidades (o Caminho dos Prncipes), en-

    tre elas a histrica So Francisco do Sul,

    a terceira cidade mais antiga do Brasil,

    fundada em 1504.

    Mas se o roteiro em questo for o dacerveja, o melhor destino a cidade de

    Canoinhas, que fica a oeste de Joinville,

    distante cerca de 190 quilmetros. l, nacidade conhecida como capital da erva-ma-

    te, que se encontra a cervejaria artesanal

    mais antiga em atividade no Brasil, a Ca-noinhense, fundada em 1908. Imperdvel.

    O bar-moinho e o

    prtico de Joinville ,

    construdos em

    arquitetura tpica

    da regio

    LE

    complexo que rene cinco restaurantes:

    Baro, especializado em carnes e costela

    ao bafo; Alles Picanha, as pizzarias Qua-

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    A garrafa amarela, de alumnio,

    e a inscrio OPA em letras literalmen-

    te garrafais foi a maneira inovadora de

    comemorar os cinco anos da cervejaria

    Opa Bier, de Joinville, completados em

    2011. Dentro dela, meio litro de Pilsen

    Puro Malte, um dos carros-chefes da cer-

    vejaria. Tratou-se, afinal, da afirmao de

    uma tradio. A Opa da cidade em que

    surgiu a pr