riscos ambientais À saude do trabalhador na lavanderia de …

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13 Universidade Federal do Espírito Santo Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho SANDRO ALVES DA SILVA RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA Vitória - ES Março de 2009

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Universidade Federal do Espírito Santo Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

SANDRO ALVES DA SILVA

RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR

NA LAVANDERIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

Vitória - ES

Março de 2009

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SANDRO ALVES DA SILVA

RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR

NA LAVANDERIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

Trabalho de Conclusão de Curso de

Pós-Graduação - Lato Sensu, em

Engenharia de Segurança do Trabalho

apresentado ao Centro Tecnológico

da Universidade Federal do Espírito

Santo, como requisito parcial para

obtenção do título de Especialista em

Engenharia de Segurança do

Trabalho, sob a orientação da Prof.

Mestre Liliane Graça Santana

Vitoria - ES 2009

Page 3: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 3

2 OBJETIVO............................................................................................... 5

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................ 5

3.1 LOCAL DE ESTUDO............................................................................... 6

3.2 ENTEVISTAS.......................................................................................... 6

3.3 APLICAÇÃO DA ESCALA LIKERT.......................................................... 7

3.4 DIAGRAMA CORLLET E MANENICA.................................................... 7

3.5 RECURSOS FOTOGRÁFICOS............................................................... 8

4 JUSTIFICATIVA...................................................................................... 8

5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS................................................................... 9

6 PUBLICO ALVO...................................................................................... 10

7 ANÁLISE CRÍTICA DOS RISCOS E BENEFÍCIOS DA PESQUISA...... 10

8 RESULTADOS ESPERADOS................................................................. 10

9 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO........................................................... 11

10 FINANCIAMENTO................................................................................... 11

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 12

12 APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA......................................... 13

13 APÊNDICE B – AMBIENTE DO TRABALHO......................................... 15

14 ANEXO A – DIAGRAMA CORLLET E MANENICA............................... 16

15 ANEXO B – TERMO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..... 17

16 APÊNDICE C – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA

EXECUÇÃO DA PESQUISA................................................................... 19

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1. INTRODUÇÃO

A lavanderia tem uma importante função no desenvolvimento das atividades de

um hospital. Trata-se de um setor de apoio cujo papel é fundamental e que

afeta diretamente o funcionamento de todas as demais áreas. Cirurgias,

internações, procedimentos ambulatoriais, entre outros, são fortemente

dependentes do correto desempenho dos processos das lavanderias

hospitalares.

Para os funcionários que trabalham neste setor, a exposição ocupacional a

materiais biológicos representam um risco devido à possibilidade de

transmissão de patógenos, como o vírus da hepatite B (HBV) e da Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida (HIV). (CARVALHO; JALES, 1981; WAKAMATSU

et al., 1986; FOCACCIA et al., 1986).

A preocupação com a questão da saúde dos trabalhadores hospitalares no

Brasil iniciou-se na década de 70, quando pesquisadores da Universidade de

São Paulo enfocaram a saúde ocupacional em trabalhadores hospitalares

(BENATTI, M.C.C.; NISHIDE, V.M, 2000). Franco (1981) estudou 26 grupos

ocupacionais de trabalhadores hospitalares no ano de 1977 captando queixas

e doenças relacionadas com o processo de trabalho, tais como: doenças

infectocontagiosas, lombalgias, doenças alérgicas, fadigas e acidentes do

trabalho.

Alexandre (1993) constatou que as dores nas costas representam um sério e

expressivo problema para os trabalhadores de lavanderia hospitalar. O autor

atribuiu como nexo causal para as lombalgias o transporte e a movimentação

de cargas, a postura inadequada e estática, mobiliário e equipamentos também

inadequados.

Alem dos riscos, é exigido do trabalhador alta produtividade em tempo limitado,

sob condições inadequadas de trabalho, sendo estas relacionadas ao ambiente

e aos equipamentos. Segundo Santana (1996) essas condições acabam

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levando a insatisfações, cansaços excessivos, baixa produtividade, problemas

de saúde e acidentes de trabalho.

O sistema de lavagem industrial é um serviço que requer grande esforço físico

e contato com substâncias químicas. Deve-se ter cuidado ao lidar com

substâncias químicas, pois, de acordo com Dull (1995), elas estão presentes

no ambiente em forma de líquidos, gases, vapores, poeiras e sólidos podendo

provocar doenças. A preocupação com o conforto térmico, também é evidente

e fundamental nas lavanderias. Conforme Couto (1995), a exposição do

trabalhador na execução de tarefas em altas temperaturas pode causar

doenças tais como a hipertermia ou internação.

As conseqüências dessa exposição podem afetar diretamente os

trabalhadores, atingindo-os em seus aspectos físicos e psicológicos e, ainda,

pode repercutir nas relações familiares e sociais (MARZIALE, 2003).

Acidentes de trabalho são as mais visíveis mostras do desgaste do trabalhador.

Dada a ocorrência repentina, permitem associação imediata com efeitos

destrutivos no corpo do trabalhador. As cargas de trabalho a que estão

expostos os trabalhadores, quais sejam: químicas, físicas, fisiológicas,

biológicas, psíquicas, mecânicas, geram processo de desgaste. Além desses

fatores devem ser destacados: a falta de infra-estrutura adequada, escassez de

treinamento em serviço, falta de conhecimento de modos de prevenção, entre

outros (MEZZOMO, 1992).

Para analisar a ocorrência dos acidentes de trabalho é necessário conhecer o

processo de trabalho e as principais cargas a que se submetem os

trabalhadores (MEZZOMO, 1992).

Ponderando a respeito desses dados e considerando a importância do tema,

torna-se relevante realizar este estudo no universo dos trabalhadores da

lavanderia de um hospital universitário de grande porte no município de Vitória,

Estado do Espírito Santo.

Page 6: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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2. APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS

O desenvolvimento de um estudo sobre os aspectos do ambiente de trabalho

em lavanderia hospitalar é necessário, uma vez que serão estabelecidos os

principais riscos a que estão submetidos os trabalhadores de lavanderia

hospitalar, o que poderá ser utilizado por outras empresas/instituições.

Em qualquer ambiente de trabalho é importante estudar as condições físicas e

ambientais para que o espaço físico que envolve o trabalhador no desempenho

de sua tarefa se torne mais salubre e eficiente. A organização do espaço de

trabalho, lavanderia, deve objetivar a racionalização dos movimentos dos

trabalhadores ali inseridos, bem como do fluxo progressivo de trabalho.

O presente estudo trata de tema ainda pouco explorado nas pesquisas acerca

do ambiente de trabalho e a prevenção dos riscos de contaminação, seja das

roupas, ou dos trabalhadores de uma lavanderia. Entretanto, o tema torna-se

relevante à medida que se constitui pré-requisito para o trabalhador

desempenhar suas atividades com segurança e qualidade, obtendo, como

conseqüência, uma melhor qualidade de vida no trabalho e oferecendo ao setor

produtivo, maior produtividade.

Para este fim têm-se como objetivos:

Identificar, no âmbito da saúde do trabalhador, quais os riscos ocupacionais

a que estão expostos os trabalhadores da lavanderia do Hospital

Universitário Cassiano Antônio de Morais (HUCAM);

Avaliar o nível de satisfação, no trabalho, segundo percepção do

trabalhador.

Page 7: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada para esta pesquisa está centrada nos conceitos do

método utilizado para a diagnose ergonômica, Análise Macroergonômica do

Trabalho (AMT) proposto por Guimarães (2002) que preconiza a participação

dos trabalhadores em todo o processo.

Na realização de um estudo, a metodologia objetiva contemplar todos os

aspectos do trabalho de forma macroorientada, com o foco voltado não

somente aos postos e ambiente de trabalho, mas principalmente, no processo

e organização do trabalho (GUIMARÃES, 2002).

Para realização da pesquisa foi necessário fazer estudo das normas e

publicações que orientam o processo de organização de serviços de

lavanderia, objetivando sua maior eficácia e eficiência. Para este estudo foram

utilizados: Manual de Lavanderia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986),

Processamento de Roupas de Serviço da Saúde: Prevenção e Controle de

Riscos (ANVISA, 2007), Segurança no Ambiente Hospitalar (ANVISA), Manual

Higienização de Estabelecimentos de Saúde e Gestão de seus Resíduos

(COMLURB/RJ, 2001).

3.1 ENTREVISTAS:

O primeiro instrumento de pesquisa utilizado foi questionário semi-estruturado

com o objetivo de traçar o perfil do trabalhador do estudo em questão. Para

tanto foi elaborado um questionário (APÊNDICE A) com questões referentes à

variáveis como: idade, sexo, escolaridade, tempo de serviço, uma vez que o

perfil influencia significativamente no desempenho do trabalhador e qualidade

dos serviços oferecidos pelo mesmo, interferindo na sua produtividade,

segurança e custos do ambiente de trabalho (LEITE, 2002).

As entrevistas são um instrumento utilizado para coleta de dados com a

finalidade, neste caso, de identificar as demandas ergonômicas sob o ponto de

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20

vista do trabalhador. Elas foram realizadas no final da jornada de trabalho

diurna, tendo por objetivo esclarecer de modo mais focado as questões

inerentes às atividades de trabalho.

Considera-se que quem realiza o trabalho sabe opinar com maior propriedade

a respeito dele. A entrevista foi realizada através de questões abertas, de modo

que não pode haver interferência ou qualquer indução para as respostas.

As respostas foram agrupadas por afinidade, ou seja, as respostas

semelhantes são consideradas como um mesmo Item de Demanda

Ergonômica (IDE). A tabulação das respostas de todos os respondentes

permitiu o estabelecimento de uma ordenação de importância quanto à

demanda ergonômica dos funcionários, objetivando traçar o perfil do

trabalhador do estudo em questão.

3.2 APLICAÇÃO DA ESCALA LIKERT

De acordo com Rensis Likert, criador do modelo em 1932, este método

possibilita medir o grau de intensidade de satisfação com o objeto de estudo. É

uma escala do tipo centrada no sujeito, uma vez que se supõe que a variação

nas respostas é devida às diferenças individuais. A intensidade de satisfação

vem na forma de uma afirmativa para o qual o inquirido tem cinco opções de

resposta para explicar o seu grau de satisfação (MAFRA, 1999; adaptado de

PADUA; AHMAN, 1996).

O questionário aplicado nesta etapa (APÊNDICE B), permitiu definir os critérios

mais expressivos para o ambiente de trabalho eficiente para a situação em

estudo, qual seja a lavanderia. As questões foram adaptadas para contemplar

a realidade do estudo.

Para operacionalização e análise destas variáveis, utilizou-se a escala de Likert

adaptada por Pereira et al. (2001), que foi adequada para que abrangesse os

valores numéricos pertinentes aos níveis de satisfação definidos na pesquisa.

Page 9: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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Tabela 1 - Escala para interpretação de satisfação em relação à lavanderia

QVT Interpretação

1,0 a 1,8 Muito Insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito Satisfeito

Fonte: Pereira et al. (2001)

3.3 DIAGRAMA CORLLET E MANENICA

Um dos métodos de avaliação das sensações subjetivas de desconforto e dor

mais utilizados na Ergonomia é a aplicação do Diagrama Adaptado de

CORLETT E MANENICA (1980) (ANEXO C). O questionário auxilia no

mapeamento das áreas e intensidade dos desconfortos sentidos pelos

funcionários, ao final da jornada de trabalho. O diagrama é uma inquirição

gráfica. Na folha de respostas há o desenho do corpo humano subdividido em

áreas onde o inquirido irá apontar as dores sentidas.

A intensidade das dores sentidas são apontadas em uma tabela que vai de 1

(um) - Nenhum Desconforto/dor a 5 (cinco) - Intenso Desconforto/dor. O

método está baseado numa classificação dos níveis de esforço requeridos

durante as atividades de trabalho.

3.4 RECURSOS FOTOGRÁFICOS

A análise indireta dos postos de trabalho foi realizada de forma assistemática –

através da visualização / observação da relação homem - tarefa – máquina “in

loco”. Esta técnica de observação permite o entendimento do investigador

sobre os sistemas produtivos e humanos em funcionamento, das necessidades

e demandas (LEITE, 2002).

Page 10: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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O registro fotográfico é utilizado para evidenciar gestos e posturas críticas

envolvidas na realização da tarefa, disposição e organização do posto de

trabalho. Utiliza-se este método para registrar a situação anterior e posterior

caso seja feita a implantação da melhoria ergonômica proposta (LEITE, 2002).

3.5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS

O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da instituição, sendo adotadas as normas da resolução 198/96 do

Conselho Nacional de Saúde. Os sujeitos foram esclarecidos sobre os

objetivos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento informado. Foi-

lhes assegurado o anonimato e a confidencialidade das informações, também

conforme a resolução 198/96.

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4. TRABALHO EM LAVANDERIAS HOSPITALARES

O Serviço de Processamento de Roupas (SPR) do Hospital Universitário

oferece os serviços de lavanderia e rouparia, sendo responsável pelo

processamento de praticamente toda a roupa utilizada no hospital.

As roupas utilizadas nos serviços de saúde incluem lençóis, fronhas,

cobertores, toalhas, colchas, cortinas, roupas para pacientes, fraldas,

compressas, campos cirúrgicos, máscaras, propés, aventais, gorros, dentre

outros (KONKEWICZ, 2003; RUTALA; WEBER, 1997). Por meio desses

exemplos, percebe-se que existe uma grande variedade de sujidades, locais de

origem e formas de utilização dessas roupas nos serviços de saúde

(KONKEWICZ, 2003).

Em se tratando do processo de lavagem das roupas, destacamos que estas

passam pelas seguintes fases:

Figura 1 – Fluxograma Processo de Lavagem.

Roupa Suja

Roupa Limpa

Enxague

Umectação

Enxague

Pré-Lavagem

Enxague

Lavagem

Alvejamento

Amaciamento

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Lavagem é o processo que consiste na eliminação da sujeira fixada na roupa,

deixando-a com aspecto e cheiro agradável, com nível bacteriológico reduzido

ao mínimo e confortável para o uso. O processo de lavagem propriamente dito

é realizado na área suja. Não existe um único processo de lavagem para toda a

roupa do hospital, daí a necessidade de classificação ou triagem da mesma,

para se determinar o ciclo a ser usado (BRASIL, 2007).

O ciclo a ser empregado depende do grau de sujidade, do tipo de tecido da

roupa, assim como do tipo de equipamento da lavanderia e dos produtos

utilizados. É uma seqüência de operações ordenadas, levando em

consideração a dosagem dos produtos químicos, a ação mecânica, a

temperatura, e o tempo de contato entre essas duas variáveis (BRASIL, 1986).

A roupa suja geralmente contém uma grande quantidade de microorganismos.

Na literatura especializa, existem relatos com contagens que vão de 106 até 108

bactérias por cm2 de tecido. Vejamos abaixo a descrição de cada etapa de

lavagem, de acordo com as recomendações feitas pela ANVISA:

Umectação: é o processo que visa facilitar o molhamento e

conseqüentemente a remoção das sujidades solúveis em água, presentes

nas roupas, através do poder umectante de um tensoativo. Utiliza-se nível

de água alto.

Enxágüe: é a operação ordenada do processo da lavagem, destinada ao

arraste de resíduos de produtos e sujidades presentes na solução da

lavagem. Deve ser realizada com nível de água alto.

Pré-Lavagem: é o procedimento utilizado com a finalidade de retirar grande

quantidade de sujidade dos tecidos (sujidade pesada) através de produtos

específicos de lavagem, buscando remover 70% das sujidades, na qual

uma operação única de lavagem não seria suficiente para removê-la.

Utilizam-se produtos específicos e nível de água baixo. Utiliza-se esta fase

no ciclo de lavagem pesada.

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Lavagem: é a remoção completa da sujidade, no caso de realização da pré-

lavagem (sujidade pesada), ou como única fase, no ciclo de lavagem de

sujidade leve. Utilizam-se produtos para lavagem principal e nível de água

baixo. Nesta fase, utilizar temperatura elevada (acima de 85°C), após ser

garantida a remoção de proteínas das roupas.

Alvejamento: é o procedimento realizado com a finalidade de retirada das

sujidades que possam tingir as roupas, através da utilização de substâncias

químicas (cloro orgânico – pó, cloro inorgânico – líquido ou o peróxido de

hidrogênio). Promove a desinfecção da roupa e remoção de manchas

sensíveis à oxidação. Utiliza-se nível de água baixo.

Neutralização: é a operação realizada com a finalidade de garantir a

remoção dos resíduos de alcalinidade e cloro provenientes de outras

operações do processo de lavagem. Estes produtos podem provocar

“amarelamento” das roupas, nas fases de calandragem e passanderia, se

não retirados.

Amaciamento: é o processo final da lavagem, na qual é realizado

juntamente com a neutralização.

São aspectos importantes dessa etapa: a restituição da maciez e elasticidade

dos tecidos e a preservação das fibras e cores, de forma a propiciar conforto

para o uso (BRASIL, 1986). De acordo com Barrier (1994), a roupa é

desinfetada durante o processo de lavagem, tornando-se livre de patógenos

vegetativos, mas não torna-se estéril. A lavagem consiste numa seqüência de

operações ordenadas, que leva em consideração o tipo e a dosagem dos

produtos químicos, a ação mecânica produzida pelo batimento e esfregação

das roupas nas lavadoras, a temperatura e o tempo de contato entre essas

variáveis. O perfeito balanceamento desses fatores é que define o resultado

final do processo de lavagem (TORRES, LISBOA, 2001; BARRIER, 1994).

A utilização de vapor no momento da lavagem da roupa facilita a remoção da

sujeira e a diminuição da carga bacteriana dos tecidos, ou quando o uso de

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26

produtos químicos exigir temperaturas altas para sua ativação (por exemplo,

perborato de sódio e peróxido de hidrogênio).

A temperatura é um fator importante no processo de lavagem, pois diminui a

tensão superficial da água, facilitando a sua penetração nas fibras do tecido;

enfraquece as forças de adesão que unem a sujeira ao tecido; diminui a

viscosidade de graxas e óleos, facilitando a sua remoção; aumenta a ação dos

produtos químicos e contribui para a desinfecção das roupas (BRASIL, 1986,

BARRIE, 1994). Como resultado, melhora a qualidade do processo e colabora

com a economia de tempo e de produtos químicos.

4.1 – RISCOS EM LAVANDERIA

O surgimento das doenças inespecíficas de adaptação, em virtude do esforço

que o organismo realiza para adaptar-se a uma situação ambiental que violou

os ritmos biológicos, físicos e psíquicos, foi proporcionado pela organização

científica do trabalho – preconizada por Taylor (ODDONE et al.,1986). O

sistema taylorista-fordista, sob o ponto de vista da produção, segundo

GUIMARÃES (2002), promove ganhos em escala ao recrutar trabalhadores

com mínima ou nenhuma qualificação para o desempenho de uma única tarefa,

simples o suficiente para permitir rápido treinamento e justificar baixos salários.

Estudos realizados pela FUNDACENTRO (1985) os principais riscos a que

estão expostos os trabalhadores das lavanderias são:

Riscos Físicos:

Riscos Biológicos e,

Riscos Ergonômicos

Os riscos físicos normalmente são representados pela elevada temperatura,

falta de ventilação, ruído e umidade em excesso. Estudos realizados pela

FUNDACENTRO (1985) retratam que existem quatro categorias principais de

doenças devido ao calor:

Page 15: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

27

Exaustão do calor; É decorrente de uma insuficiência do suprimento de

sangue do córtex cerebral, resultante da dilatação dos vasos sanguíneos

em resposta ao calor.

Desidratação; Em seu estágio inicial, a desidratação atua principalmente

reduzindo o volume de sangue e promovendo a exaustão do calor.

Mas, em casos extremos, produz distúrbios na função celular,

provocando até a deterioração do organismo

Câimbras do calor; Ocorrem espasmos musculares, seguindo-se uma

redução do cloreto de sódio no sangue, de modo a atingir concentrações

inferiores a um certo nível crítico.

Choque térmico; Ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal,

que põe em risco algum tecido vital que permanece em contínuo

funcionamento.

Existem diversos índices que correlacionam as variáveis que influenciam nas

trocas térmicas entre o indivíduo e o ambiente. Entre estes índices os mais

usados são: Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (IBUTG), Índice de

Sobrecarga Térmica (IST) e Termômetro de Globo Úmido (TGU).

A legislação Brasileira, através da Portaria n.o 3214 de 08 de junho de 1978, do

Ministério do Trabalho, estabelece que a exposição ocupacional ao calor deve

ser avaliada através do índice IBUTG.

A NR 15 recomenda que a temperatura não ultrapasse o índice de 26,7ºC nas

atividades consideradas moderadas, como é o caso das lavanderias. Quando

ultrapassar este índice, é obrigatória a adoção de pausas com durações

variáveis.

Os Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho

intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de

serviço, em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será

definido no Quadro n º 1.

Page 16: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

28

REGIME DE TRABALHO

INTERMITENTE COM

DESCANSO NO PRÓPRIO

LOCAL DE TRABALHO

(por hora)

TIPO DE ATIVIDADE

LEVE MODERADA PESADA

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0

45 minutos trabalho

15 minutos descanso

30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9

30 minutos trabalho

30 minutos descanso

30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9

15 minutos trabalho

45 minutos descanso

31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0

Não é permitido o trabalho,

sem a adoção de medidas

adequadas de controle

acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0

Quadro 1. Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho (por hora). São Paulo – SP, 2008. Fonte: NR 15, Anexo N.º3

A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) pode ser

feita consultando-se o Quadro n.º 3 da Norma Regulamentadora – NR 15.

No que se refere aos riscos biológicos destacamos a contaminação por

microrganismos presentes nas roupas infectadas por sangue, fezes e urina,

devido ao não uso efetivo de EPI ao manipular as roupas

Já os riscos ergonômicos são representados pela adoção de posturas

incorretas, impostas por deficiências nos equipamentos e no ambiente, de

modo geral, e pelo desenvolvimento do trabalho todo em pé. Tais riscos são

agravados pela não utilização de normas ou técnicas específicas para esta

modalidade de trabalho.

Page 17: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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Do ponto de vista ergonômico, SLACK et al.(1999) comentam que a

parcialização do trabalho (um homem /um posto /uma tarefa), a rotinização e a

massificação de atividades são fatores que contribuem para a alta incidência

de doenças ocupacionais e insatisfação com o trabalho.

A ergonomia é um aspecto fundamental a ser considerado, pois proporciona

um conjunto de conceitos importantes, capaz de reduzir significativamente a

incidência das Lesões por Esforço Repetitivo / Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho- LER/DORT, atuando não apenas na melhoria do

posto de trabalho, mas também na organização do sistema de trabalho

(COUTO et al., 1998). De acordo com GUÉRIN et al. (2001), a ação

ergonômica tem como finalidade transformar o trabalho, contribuindo para

preservar a saúde dos trabalhadores, dando condições de trabalho para

exercer suas competências no plano individual e coletivo, encontrando

valorização de suas capacidades, assim como, objetiva auxiliar na obtenção

das metas econômicas determinadas pela empresa.

Page 18: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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5. CENÁRIO DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido num Hospital Público e Universitário do Espírito

Santo, que integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Ministério da

Educação (MEC), sendo referência no Estado na prestação de serviços de

atendimento à população. Sendo classificado como de grande porte, de nível

terciário, cuja finalidade é prestar assistência adequada à população sob sua

responsabilidade e oferecer condições apropriadas de ensino de graduação e

pós-graduação a alunos da Universidade (UFES); promover educação

continuada e integrar as atividades docentes-assistenciais e de apoio à

pesquisa.

A amostra inicial seria composta por todos os trabalhadores da Lavanderia

(Lavador, Secador, Calandra, e Auxiliares de Serviços Diversos), de plantão

diurno e noturno, total de 38 (trinta e oito), sendo excluídos da aplicação do

questionário os que estivessem afastados da atividade diária (atestado médico

e férias). Porém, durante a aplicação dos questionários, alguns funcionários

recusaram-se a responder as questões. Diante do exposto, a amostra desta

pesquisa compreende 19 trabalhadores que atuam na lavanderia.

A lavandeira, local especifico deste estudo dentro da estrutura hospitalar, é

construída por um prédio ao lado do centro hospitalar, tendo sua estrutura de

concreto, paredes de alvenaria, no qual é dividida em área operacional e área

administrativa. Na área operacional tem pé direito de aproximadamente 9

(nove) metros, com telhado de amianto, coberto por isolante térmico.

A lavanderia hospitalar do HUCAM está dividida em área contaminada/suja e

área limpa. O seu layout está apresentado de forma esquemática na Figura 2.

Page 19: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

31

Figura 2 – Layout Área de Processamento

Page 20: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

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Na área suja a ventilação é natural (através de aberturas como portas e janelas

e a iluminação é artificial, através de lâmpadas fluorescentes) e natural (através

das aberturas).

As paredes não são constituídas de material impermeável, e o piso é de

cerâmica, constituído de ranhuras, possuindo uma grelha para expulsão da

água usada pela maquina de lavar.

Na área limpa onde é secada a roupa, o pé direito é de aproximadamente 9

(nove) metros, com telhado de amianto, coberto por isolante térmico, a

ventilação é natural (através de aberturas como portas e janelas) e artificial

(aparelhos circuladores de ar) e a iluminação é artificial (através de lâmpadas

fluorescentes) e natural (através das aberturas).

Á área limpa é dividida com divisória e rebaixamento do teto, onde localiza-se o

ar-condicionado possibilitando um maior conforto para os trabalhadores, uma

vez que a calandra não está sendo utilizada por motivos técnicos. Atualmente

vem sendo feita apenas a dobragem dos lençóis e separação dos demais itens

já secos.

Na Figura 3 temos a apresentação dos fluxogramas do processamento da

roupa na Área Suja e na Área Limpa, respectivamente.

Page 21: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

33

Figura 3 – Fluxograma Operacional da Lavanderia

Page 22: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

34

Inicialmente toda a roupa é recolhida nas unidades do hospital, por um

funcionário desta área, que utiliza em carrinho para efetuar o transporte. As

roupas são colocadas em sacos plásticos comuns e não em hampers (sacos

especiais para o transporte de roupas). O material recolhido segue para área

contaminada onde se dá o recebimento e a roupa é separada de acordo com o

grau de sujidade “leve” (não possui manchas, apenas traços de suor, poeira)

ou “pesada” (possuem manchas, urina, fezes, sangue, remédios, dentre

outros). É no processo de separação, de acordo com o tipo de sujidade, que é

escolhido o processo de lavação e desinfecção. Após esta separação, a roupa

é pesada e agrupada em lotes correspondente à fração da capacidade da

máquina, geralmente 80% de sua capacidade de lavagem.

Terminada a pesagem, inicia-se o processo de lavação propriamente dito. O

ciclo a ser empregado no processo de lavação é determinado de acordo com o

grau de sujidade. Vejamos abaixo o fluxograma de rotina para processamento

de roupas

Armazenamento, transporte e distribuição da roupa limpa

Separação, dobra, embalagem da roupa limpa

Secagem, calandragem da roupa limpa

Centrifugação

Processo de lavagem da roupa suja

Recebimento, pesagem, separação e classificação da roupa suja

Coleta e transporte da roupa suja até à unidade de processamento

Retirada da roupa suja da unidade geradora

Figura 4 – Fluxograma de Rotina para Processamento de Roupas

Page 23: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

35

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados da presente pesquisa foram divididos em três etapas. A primeira

aborda o perfil dos trabalhadores. A segunda apresenta a percepção dos

trabalhadores em relação ao seu ambiente de trabalho, para tanto foram

utilizados dois instrumentos distintos: Questionário Semi-estruturado e a Escala

LIKERT, onde são analisados os níveis de satisfação em relação à integração

social, condições de trabalho, saúde e participação. Por ultimo foi aplicado o

Diagrama Corllet e Manenica com a finalidade de mapear os desconfortos

sentidos pelos usuários.

6.1 PERFIL DOS TRABALHADORES

Nesta etapa buscou-se traçar o perfil dos trabalhadores estudados, o número

de respondentes foi 19 (dezenove). Analisando as características do perfil dos

trabalhadores estudados, constatou-se que 47% eram do sexo masculino e

53% do sexo feminino conforme pode ser observado no Gráfico 1. Os

responsáveis por desempenhar as atividades de lavagem e secagem, eram

todos do sexo masculino. Resultado semelhante foi encontrado por Fontes

(2003) ao pesquisar uma lavanderia hospitalar em Belo Horizonte – MG, onde

as mulheres não trabalhavam nos postos de lavagem e secagem, os quais

exigiam mais força braçal. Tais dados reafirmam a tendência de se contratar

homens para desenvolver atividades ditas “mais pesadas” numa lavanderia, ou

seja, em atividades que exigem força física. As atividades de costura e rouparia

são realizadas pelas mulheres, que são atividades “mais leves”.

Gráfico 1. Distribuição de porcentagens relativa ao ao sexo.

Page 24: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

36

Em relação à idade, constatou-se que apenas 16% deles tinham idade entre 18

e 25 anos, enquanto que 84% têm acima de 35 anos (GRÁFICO 2).

Gráfico 2. Distribuição de porcentagens relativa a idade.

Quanto ao grau de escolaridade dos trabalhadores, pode-se perceber que 26%

dos trabalhadores possuíam ensino médio completo e 21% possuíam ensino

fundamental completo, que é a escolaridade mínima exigida para se trabalhar

em lavanderia, conforme Castro e Chequer (2001).

Gráfico 3. Distribuição de porcentagens relativa à escolaridade.

O Mistério da Saúde (1996) ressalta que a qualificação do pessoal possibilita o

uso de equipamentos e processos inovadores, reduzindo o custo operacional e

otimizando o espaço. Segundo Lisboa e Torres (1999), a exigência em torno da

qualificação se dá em virtude das informações referentes às prescrições das

tarefas, que necessitam ser lidas e entendidas por quem irá executá-las.

O tempo de serviço dos trabalhadores variou de 1 ano à 27 anos de trabalho. O

grupo que apresenta maior representatividade é o dos trabalhadores que estão

a mais de 16 anos trabalhando na lavanderia, com 32%.

Page 25: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

37

De acordo com Miguel (2005), a experiência esta diretamente ligada ao tempo

de trabalho, pois quanto maior o tempo de trabalho, maior a possibilidade dos

trabalhadores reconhecerem os defeitos dos equipamentos, as condições

ambientais do local, além de desenvolverem modos operatórios que minimizem

riscos. Santana (1996) defende que os investimentos em relação a capacitação

dos trabalhadores por meio de treinamentos, buscam obter equipes de trabalho

mais produtivas e com menor grau de rotatividade.

Gráfico 4. Distribuição de porcentagens relativa ao tempo de serviço.

Quanto ao setor de trabalho, pode-se perceber que 54% dos trabalhadores

estão atuando no setor de rouparia. Esse número elevado de pessoal em um

único setor justifica-se pelo fato da lavanderia não estar fazendo uso da

calandra (operação que seca e passa ao mesmo tempo as peças de roupa lisa

como lençóis, colchas leves, uniformes, roupas de linhas retas, sem botões ou

elástico, à temperatura de 120ºC a 180ºC).

Gráfico 5. Distribuição de porcentagens relativa ao setor de trabalho.

6.2 PERCEPÇÃO DO TRABALHADOR EM RELAÇÃO AO SEU AMBIENTE

DE TRABALHO

A percepção do trabalhador em relação ao seu ambiente de trabalho foi

identificada a partir da aplicação de um questionário semi-estruturado, cujos

resultados serão apresentados a seguir.

Page 26: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

38

6.2.1 – Questionário semi-estruturado

Quando questionados sobre a existência de risco na utilização dos

equipamentos de trabalho, os entrevistados apontaram a máquina de lavar e a

secadora como os equipamentos que representam maior risco, ambos com

41% cada. Em seguida aparece o carro de transporte, com 9% (GRÁFICO 6)

Gráfico 6. Distribuição de porcentagens relativa a identificação de equipamentos que apresentam riscos aos trabalhadores.

Os equipamentos instalados na unidade de processamento são as máquinas e

aparelhos que participam das várias etapas do processamento de roupas, sem

os quais se torna impossível seu efetivo funcionamento. O planejamento para a

instalação dos equipamentos de uma unidade de processamento de roupas

deve ser criterioso, avaliando-se sempre as instalações já existentes e as

futuras necessidades (BRASIL, 2005). Para a aquisição desses equipamentos

é necessário verificar as especificações de fabricação, instalação, níveis de

ruído e segurança presentes em normas, além das recomendações do

fabricante.

Visando evitar acidentes, como por exemplo, choque elétrico, os equipamentos

e sistemas usados na unidade de processamento de roupas devem possuir

aterramento elétrico e isolamento de suas partes energizadas (ABNT NBR

5410/04). Também é mandatório que sejam dotados de dispositivos

eletromecânicos que interrompam seu funcionamento quando de sua operação

inadequada, tais como abertura de compartimento (BRASIL, 2005 - NR1 32).

A manutenção desses equipamentos é outro item que interfere diretamente nos

riscos que ele pode vir a ocasionar. Define-se manutenção como o conjunto de

1 Normas Regulamentadoras – NR, aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978.

Page 27: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

39

ações que visa a assegurar as boas condições técnicas de um equipamento,

preservando-lhe as características funcionais de segurança e qualidade

(BRASIL, 2006 - Manual de Odontologia). Na manutenção distinguem-se duas

formas de ações: a prevenção, denominada manutenção preventiva e a

correção, denominada manutenção corretiva.

A manutenção preventiva é um conjunto de ações necessárias para manter o

equipamento em boas condições de operação e reduzir falhas. É prevista,

preparada e programada antes do provável aparecimento de falhas

(CARDOSO; CALIL, 1999 apud HOSBACH; VARANI; CALIL, 2005).

A manutenção corretiva é um conjunto de ações aplicadas para adequar o

equipamento de forma a restabelecer as suas funções. (CARDOSO; CALIL;,

1999 apud HOSBACH; VARANI; CALIL, 2005).

Os entrevistados também responderam questões relativas às lesões que

podem ocorrer durante o manuseio dos equipamentos acima citados. A

Contaminação e as lesões Lesão por Esforço Repetitivo / Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER / DORT) apareceram em

primeiro lugar, com 18% cada, logo a seguir temos dor muscular 17%, choque

elétrico 14%, corte 12%, queda 8% e outros com 3%.

Gráfico 7. Distribuição de porcentagens relativa a identificação dos tipos de lesões que estão expostos os trabalhadores.

De acordo com o Manual de Processamento de Roupas da ANVISA, apesar de

a roupa suja possuir um grande número de microrganismos patogênicos, o

risco de transmissão de doenças é praticamente inexistente se a mesma for

Page 28: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

40

corretamente manipulada e processada e, não possui papel relevante na

cadeia epidemiológica das infecções hospitalares. Estudos realizados por

Mezzono (1992) e Lisboa e Torres (1999) apontaram a roupa hospitalar como

provável fonte de infecção, mas em todos os casos relatados as principais

medidas de controle foram negligenciadas.

O Manual aponta ainda que a combinação de fatores mecânicos, térmicos e

químicos resulta na ação antimicrobiana do processo de lavagem. A diluição e

a agitação da roupa removem substancial quantidade de microorganismos. A

ação dos detergentes promove a suspensão e remoção de sujidades e também

possui propriedade antimicrobiana. A temperatura elevada da água e/ou o uso

de alvejantes também contribui para a destruição microbiana. Além disso, a

mudança do pH de 12 para 5, na etapa de neutralização e as etapas de

secagem e calandragem também promovem uma ação antimicrobiana

adicional (CDC, 2003).

A adesão às precauções padrão e adequado descarte de perfurocortantes são

essenciais para garantir a prevenção e o controle da disseminação de

patógenos entre os trabalhadores, além da recontaminação da roupa. O

processamento sistematizado e controlado das roupas diminui os riscos

associados e garante qualidade do processo. É importante destacar que os

trabalhadores da unidade de processamento de roupas devem receber

constantemente orientações aos referentes ao modo de transmissão de

doenças e controle de infecções.

Dos problemas identificados, os de maior gravidade e freqüência durante o

manuseio de roupas foram os relacionados a posturas prejudiciais provocas

pela má disposição de instrumentos de trabalho, de alcances e de

inadequações do campo de visão, podendo provocar distúrbios muscular e

esquelético aos trabalhadores. Tais problemas podem ser observados no

transporte e movimentação das roupas destinadas à lavagem. Estas roupas

são carregadas e direcionadas à área das máquinas de lavar.

Cabe salientar que este transporte é realizado pelos trabalhadores, exigindo

flexão constante do tronco e das pernas, posição em pé por período

Page 29: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

41

prolongado e movimentação de cargas. Conforme Dull (1995) o movimento de

pegar, carregar, puxar ou empurrar cargas provoca tensões e lesões nos

braços, ombros e costas.

Outras tarefas, como o carregamento / descarregamento das máquinas de

lavar e das secadoras, exigem movimentos excessivos do corpo, como

flexionar o tronco e as pernas constantemente e elevar os braços acima do

ombro (FOTOGRAFIA1), exercendo forças desnecessárias e posturas

inadequadas.

Fotografia 1. Movimentação de descarga da máquina de lavar.

No carregamento da máquina de lavar o funcionário flexiona o tronco para

retirar as roupas do chão e na pesagem da roupa. No retirada da roupa na área

limpa o funcionário tem que se alongar para retirar a roupa de dentro da

maquina, forçando os braços e a coluna. Esses movimentos podem causar

tensões mecânicas localizadas e em longo prazo acabam causando dores e

lesões temporárias e/ou permanentes.

Estudo desenvolvido por Calegari (2003) mostrou que as partes do corpo físico

dos trabalhadores da lavanderia mais sobrecarregadas são os ombros e as

Page 30: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

42

pernas, pois os mesmos apresentam queixas como dores nas costas

decorrentes dos movimentos repetitivos, da demanda de trabalho, e das

características dos postos de trabalho.

Dull (1995) destaca que movimentos que exigem muita energia podem

provocar sobrecarga nos músculos, coração e pulmões. Essa sobrecarga é

percebida na dificuldade de movimentação dos carrinhos de roupas da

lavagem para a secadora (FOTOGRAFIA 2). O problema é agravado pelo piso

que permanece constantemente molhado que, ainda, pode provocar problemas

acidentários como escorregões e quedas.

Fotografia 2 - Movimentação dos carrinhos de roupas da lavagem de separação de roupas – area suja.

De acordo com a observação feita em campo, documentada através de registro

fotográfico, outro ponto merece destaque quando nos referimos a lesões que

podem ocorrer durante o trabalho especificamente neste lócus de estudo.

Referimo-nos ao choque elétrico, conforme pode ser observado nas fotos (3 e

4 a seguir), identificamos diversos pontos de risco.

Page 31: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

43

Fotografia 3. Risco de choque elétrico.

Fotografia 4. Instalação eletrica inadequada – Quadro Disjuntores.

Em se tratando do risco de quedas, o uso de equipamento de proteção

individual tais como botas de Cloreto de Polivinila (PVC) ou borracha

Page 32: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

44

antiderrapante podem ser consideradas itens que contribuem para evitar

possíveis quedas e torções em piso escorregadio e úmido. Ainda sobre esse

tema, a NR-8 estabelece que as aberturas nos pisos devem ser protegidas de

forma que empeçam a queda de pessoas ou objetos.

Na Fotografia 5 apresentada a seguir vemos a existência de risco eminente de

queda, neste caso configurado através de desnivel.

Fotografia 5. Risco de Queda – Desnivel/Buraco.

Com relação a ocorrência de acidentes de trabalho, verificou-se que 79%

informaram não ter sofrido nenhum tipo de acidente, 16% já tiveram algum

acidente e 5% não responderam a esse tópico.

Gráfico 8. Distribuição de porcentagens relativa a ocorrencia de acidentes de trabalho envolvendo o entrevistado.

Page 33: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

45

Conforme o Art. 19 da lei 8.213, publicada em 24 de julho de 1991, acidente do

trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou

pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 esta

lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a

perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho

(BRASIL, 1991).

Apesar de serem regimes jurídicos diferenciados que regem a categoria dos

trabalhadores públicos e privados, em ambas as codificações, há a

necessidade de ser feita a comunicação do acidente de trabalho, sendo que

para a legislação privada essa comunicação deverá ser feita em 24hs, por meio

do formulário denominado Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). O

Regime Jurídico Único (RJU) dos funcionários da União, Lei n.º 8.112/90,

regula o acidente de trabalho nos arts. 211 a 214, sendo que o fato classificado

como acidente de trabalho deverá ser comunicado até 10 (dez) dias após ter

ocorrido (BRASIL, 1991).

Em relação ao uso Equipamento de Proteção Individual (EPI) foi identificado

que apenas 42% dos entrevistados fazem uso dos mesmos, conforme pode ser

observado abaixo.

Gráfico 9. Distribuição de porcentagens relativa a utilização de equipamentos de proteção individual – EPI.

Todos trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes biológicos

devem utilizar vestimenta de trabalho adequada e em condições de conforto.

Os EPI deverão ser usados sempre que existir risco de contato ou aspersão de

fluidos corpóreos no profissional durante os procedimentos.

Page 34: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

46

Deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de

forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição. Vejamos a

utilização correta de EPI na figura a seguir:

MÁSCARAS

Utilizadas para proteger o indivíduo contra

inalação de aerossóis (nas mucosas da boca

e nariz). Devem ser respiratórias (tipo

semifacial) e impermeáveis (ABNT-

NBR 12810/93).

AVENTAL Utilizado durante os procedimentos onde

houver possibilidade de contato com material

biológico e com superfícies

contaminadas. Protege a roupa do profissional de limpeza e a região

abdominal contra umidade. Deve ser de

PVC, impermeável e de manga longa (ABNT-

NBR 12810/93).

BOTAS Utilizadas para proteção

dos pés em locais úmidos ou com

quantidade significativa de material infectante. Devem ser de PVC,

impermeáveis, resistentes, de cor

clara, com cano ¾ e solado antiderrapante.

Admite-se o uso de sapatos impermeáveis e resistentes, ou botas de cano curto (ABNT-

NBR 12810/93).

ÓCULOS

Usados para proteger a mucosa ocular contra possíveis respingos de

sangue e secreções. Devem ter lentes panorâmicas, incolores, ser de plástico resistente, com armação em plástico flexível, com proteção lateral

e válvulas para ventilação (ABNT-NBR 12810/93).

LUVAS São indispensáveis para proteger o

profissional de limpeza em suas atividades e de qualquer contato direto ou indireto com material orgânico (sangue, secreções,

excretas, tecidos). Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, antiderrapantes e de cano longo. Admite-se, também, o uso de

luvas de borrachas que são mais flexíveis (ABNT-NBR 12810/93).

UNIFORME Utilizado para proteção do corpo e identificação do profissional. Deve ser composto de calça comprida e camisa com manga, no mínimo de

¾, de tecido resistente e de cor clara (ABNT-NBR 12810/93).

ATENÇÃO: Os EPI utilizados devem ser lavados e desinfetados diariamente. Quando o EPI for atingido por sangue ou secreções, deve ser substituído imediatamente e enviado para higienização.

Figura 5. Modelo de EPI recomendados para trabalhadores de lavanderia hospitalar. Brasil, 2009. Fonte: ANVISA

Page 35: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

47

Vale salientar que a melhor proteção que se pode oferecer ao trabalhador é a

informação, pois de nada vale os EPI se não forem utilizados de maneira

correta. A negligencia é uma forte aliada dos riscos biologicos que fazem do

trabalhador, especialmente o desqualificado, alvo fácil desta ameaça.

O número de trabalhadores que fazem a substituição dos EPI é apenas 21%

entre os trabalhadores entrevistados.

Gráfico 10. Distribuição de porcentagens relativa a substituição de equipamentos de proteção individual – EPI.

De acordo com a NR 6, item 6.6 (BRASIL, 2009), cabe ao empregador quanto

ao EPI:

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

Ainda de acordo com a NR6, item 6.7 (BRASIL, 2009), cabe ao empregado

quanto ao EPI:

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

Conforme NR 32 todos os trabalhadores com possibilidade de exposição a

agentes biológicos devem utilizar vestimenta de trabalho adequada e em

condições de conforto. A vestimenta deve ser fornecida sem ônus para o

empregado. Esse mesma Norma Regulamentadora também estabelece que

Page 36: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

48

deve ser vedado o uso de calçados abertos, o ato de fumar, bem como o uso

de adornos nos postos de trabalho (BRASIL, 2009).

Outro tema pesquisado foi a ocorrência de dores sentidas pelos trabalhadores,

em função das atividades desempenhadas em seu posto de trabalho. Neste

item, os entrevistados poderiam escolher mais de uma opção de resposta.

Sendo assim foram encontrados os seguintes dados: 64% dos entrevistados

relataram sentires dores, sendo que 23% as sentem durante o trabalho e 41%

após.

Gráfico 11. Distribuição de porcentagens relativa a dores sentidas pelos trabalhadores.

Para os ergonomistas, o layout dos locais de trabalho tem forte influência sobre

a capacidade ou habilidade para se desempenhar uma tarefa. Um boa postura

é fundamental, devendo ser considerada em relação às exigencia dos fatores

associados com a tarefa a ser executada em termos de necessidades visuais,

alcance, manipulação, cargas posturais e biomecanicas (COUTO, 1995).

Neste sentido, podemos afirmar que é preciso criar condições adequadas de

trabalho para evitar riscos ao trabalhador e contribuir para o aumento da sua

safisfação.

Os agentes ergonômicos e psicossociais estão contemplados na norma

regulamentadora NR 17, que estabelece parâmetros que permitem a

adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente (GODOY et al, 2004). A NR 17 traz várias orientações

que também podem ser aplicadas ao serviço de processamento de roupas.

Page 37: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

49

Segundo GODOY et al (2004), a diminuição dos riscos de doenças

ocupacionais está relacionado à adequação de equipamentos e mobiliários,

assim como a questões organizacionais, como pausas regulares e rodízio de

tarefa na jornada de trabalho.

Segundo Guimarães et al (2002, p.08 ) “é imprescindível a utilização de pausas

durante a jornada de trabalho, preferencialmente livres e de curta duração a um

ritmo e em uma escala que pode ser resolvida pelo próprio grupo de trabalho”.

Guimarães et al (2002) ainda pontua que

Há necessidade de colocação de assentos para descanso durante estas pausas, tendo em vista a dificuldade de alternar posturas em pé com a postura sentada, já que a maioria das roupas é grande, demandando a postura em pé para o manuseio (GUIMÃES et al, 2002, p. 08)

Essa orientação está presente na NR 17, que determina que para atividades

em que os trabalhos são realizados em pé, devem estar disponíveis assentos

para descanso em locais que possam ser utilizados pelos trabalhadores

durante as pausas (BRASIL, 1978).

Neste estudo, quando os entrevistados foram questionados sobre a realização

de pausa durante a jornada de trabalho obtivemos o seguinte resultado, 90%

dos entrevistados realizam a pausa, 5% não realizam nenhum tipo de pausa e

o mesmo número não respondeu a pergunta.

Gráfico 12. Distribuição de porcentagens relativa realização de pausa durante o período laboral.

Page 38: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

50

Outro item abordado foi a realização de rodízio, no qual 53% afirmaram realizar

algum tipo de rodízio, 31% não realizam e 16% não responderam a esta

questão. Para Guimarães et al (2002) é necessário instituir rodízios

sistemáticos de tarefa, principalmente em trabalho fragmentado e repetitivo. O

rodízio nesse setor, junto com uma intervenção nos postos e ambiente físico e

organizacional, pode amenizar os problemas decorrentes da grande exigência

de grupos musculares específicos.

Gráfico 13. Distribuição de porcentagens relativa realização de rodízio de atividades durante o período laboral.

No que se refere aos incômodos existentes no posto de trabalho, os

entrevistados apontaram o calor (27%); odor (23%), ruido e ventilação ambos

com (16%), iluminação (7%), frio (5%) e postura, umidade e ritmo com (2%)

cada.

Gráfico 14. Distribuição de porcentagens relativa aos incômodos no posto de trabalho percebidos pelos trabalhadores.

Page 39: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

51

A adoção de medidas como a elaboração de um sistema mais eficiente de

ventilação e renovação do ar, redução dos ruídos, melhor higienização e

arrumação do local, bem como o aumento da capacidade dos equipamentos

para evitar o acumulo de serviço, pode contribuir para a melhoria das

condições ambientais de trabalho na lavanderia estudada.

A lavanderia apresenta equipamentos que durante o seu funcionamento

produzem calor, ruídos, vibrações e vapor, portanto devem ser previstas

medidas que reduzam danos aos trabalhadores (MEZZOMO, 1992; LISBOA;

TORRES, 1999). O tempo de exposição a estes agentes não devem ser

ultrapassados conforme limite de tolerância estabelecida pelas normas

American Conference of Industrial Hygienists (ACGIH) e NR15. Quando não se

tem o controle dessas variáveis, estas podem se tornar riscos físicos à saúde

do trabalhador, desencadeando agravos como fadiga, cefaléia, estresse, e

tontura, perda auditivas entre outras, favorecendo a ocorrência de acidentes

e/ou doenças ocupacionais.

Para Bustamante (1998) o ambiente físico das lavanderias é caracterizado por

altas temperaturas dos equipamentos de secagem e vapor utilizado nas

maquinas de lavar e calandras, além de elevado grau de umidade.

Quando um trabalho pesado tem que ser realizado em temperaturas

ambientais de 25ºC, a simples eliminação do excesso de calor passa a ser uma

carga adicional sobre o coração (GRADJEAN, 1996). A produção de calor é

contínua e aumenta com o esforço físico executado, portanto deverá haver

uma permanente e imediata eliminação do excesso de calor produzido para

que a temperatura do corpo possa ser mantida constante.

Conforto térmico e equilíbrio térmico do corpo humano estão relacionados, uma

vez que a sensação de bem estar térmico depende do grau de atuação de

sistema termorregulador para a manutenção do equilíbrio térmico. Isso significa

que, quanto maior for o trabalho desse sistema para manter a temperatura

interna do corpo, maior será a sensação de desconforto térmico,

desencadeando fadiga, cefaléia, estresse e tontura, favorecendo a ocorrência

de acidentes e/ou doenças ocupacionais (FUNDACENTRO, 1985).

Page 40: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

52

Na medida em que as condições do ambiente de trabalho expõem, de forma

mais severa, o trabalhador ao calor, ocorre uma reação no organismo humano

no sentido de promover um aumento da perda de calor. Inicialmente ocorrem

reações fisiológicas para promover uma maior perda de calor. Essas reações,

por sua vez, provocam outras alterações que, combinadas, resultam em

distúrbios fisiológicos (FUNDACENTRO, 1985).

Ruas (1999) destaca que os principais mecanismos de defesa do organismo

humano, quando submetido a uma condição de ganho intenso de calor são:

Vaso dilatação periférica; É a primeira ação corretiva que se processa no

organismo, que implica num maior fluxo de sangue na superfície do

corpo e num aumento da temperatura da pele.

Sudorese; É perda de sais do organismo, levando a desidratações,

contribuindo também para o estresse.

O autor acrescenta ainda que, se o aumento do fluxo de sangue na pele e a

produção de suor forem insuficientes para promover a perda adequada de

calor, ou se estes mecanismos deixarem de funcionar apropriadamente, uma

fadiga fisiológica pode ocorrer.

A saturação do ar gerada pelo calor, pela umidade e pelos odores provocados

pelos equipamentos deve ser controlada em todo o ambiente da lavanderia,

principalmente quando os odores são provocados pelo manuseio ou pela

movimentação de produtos químicos (CANDIDO; VIERIA, 2003).

Segundo estudos realizados por Oddone (1986), o odor gerado pelos produtos

químicos pode incomodar os trabalhadores, chegando a causar dores de

cabeça e enjôos, além do odor das roupas sujas, advindas dos procedimentos

hospitalares. O uso dos equipamentos de segurança adequados, tais como

mascaras respiratórias, podem amenizar os odres presentes no ambiente de

trabalho.

Page 41: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

53

Fotografia 6. Uso de mascara respiratória.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o National Institute

for Occupational Safety and Health (NIOSH), o ruído prevalece como um

acelerador do estresse neste setor (CALEGARI, 2003), estas cargas podem

constituir fontes de fadiga e por isto devem ser controladas. Este controle pode

ser estabelecido a partir de pausas ou mesmo troca de tarefas para possibilitar

a eliminação do excesso de carga térmica e muscular, uma vez que contribui

para o conforto do trabalhador.

Estudo realizados por Burgess (1995) apontam que o ruído e a trepidação

provocados por alguns equipamentos podem ser minimizados com o uso de

amortecedores de vibração e pela manutenção correta, conforme preconizado

pelos fabricantes. Além disso, devem ser firmemente assentados no piso, que

deve ser liso e sem declive.

O ruído proveniente do maquinário utilizado, lavadoras e secadoras, pode se

agravado pela falta de manutenção preventiva e até mesmo corretiva, e podem

ocasionar distúrbios emocionais, tais como irritação, dores de cabeça, aumento

da pressão arterial, problemas digestivos e cardiovasculares, decorrentes do

Page 42: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

54

estresse e, até mesmo, a perda auditiva, sendo assim, estas cargas devem ser

controladas (BURGESS, 1995).

Os níveis de ruído contínuos ou intermitente devem ser medidos em decibéis

ou Db (A). A Figura 6 demonstra diferentes possibilidades de ruídos e seus

níveis de agressividade.

Figura 6. Exemplos de níveis de pressão sonora. Brasil, 2009. Fonte: FIOCRUZ – Portal Teses.

É importante destacar que o tempo de exposição aos níveis de ruído não deve

exceder os limites de tolerância estabelecidos pela NR 15.

Em relação à iluminação, a NR 17 sugere que esta seja distribuída

uniformemente de forma geral e difusa, evitando ofuscamentos, reflexos,

sombras e contrastes. Para área suja e área limpa 300 lux (iluminação geral),

área de costura 750 lux (iluminação específica) e rouparia 150 lux, possuindo

padrões condizentes com os especificados pela NBR 5413 – Iluminação de

Interiores.

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55

A sensação térmica de frio, apontada pelos entrevistados, está diretamente

relacionada ao setor de rouparia, onde as roupas são dobradas, conforme pode

ser observado na Fotografia 7.

Fotografia 7. Rouparia – Dobra de roupas.

Os funcionários do setor de secagem estão expostos a mudanças bruscas de

temperatura, uma vez que transitam deste setor até a rouparia, onde

constatamos a presença de ar-condicionado. Este incidente ocorre, pois a

lavanderia possui uma unida entrada para os dois setores. Esse choque de

temperatura pode provocar resfriados e problemas respiratórios.

A postura, a umidade e o ritmo, que aparecem com 2% (GRÁFICO 14) estão

diretamente relacionados à construção de ambientes adequados do ponto de

vista do conforto ambiental e biológico, os quais irão propiciar melhores

condições de trabalho, favorecendo o ótimo desempenho do organismo

humano, predispondo a melhorar sua eficiência e produtividade.

Condições ambientais desfavoráveis podem prejudicar o bom andamento do

trabalho gerando estresse e fadiga, e impossibilitar a execução de tarefas,

Page 44: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

56

além de favorecer a redução da satisfação do trabalhador com o ambiente de

trabalho (CASTRO; CHEQUER, 2001).

Na lavanderia, é imprescindivel que os individuos envolvidos no processo de

higienização da roupa sejam protegidos contra riscos de contaminação,

acidentes e incidentes. Para tanto é fundamental que os trabalhadores tenham

ciência de quais riscos estão expostos, pois só assim se concientizarão sobre

as medidas de seguranças que devem ser adotadas.

Em nosso estudo obtivemos os seguintes índices: 79% dos entrevistados

afirmaram que receberam algum tipo de informação sobre os riscos os quais

estaria exposto no seu ambiente de trabalho, 16% responderam que não foram

informados e 5% não responderam.

Gráfico 15. Distribuição de porcentagens relativa recebimento de informações sobre os riscos a que estão submetidos os trabalhadores.

De acordo com a NR 1 – Disposições Gerais relativas à segurança e medicina

do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas

e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos

órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos

pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

1.7 - Cabe ao empregador: a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos. c) informar aos trabalhadores: I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios

Page 45: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

57

trabalhadores forem submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. 1.8 - Cabe ao empregado: a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR; d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR (NORMA REGULAMENTADORA, p.2, 2009).

Vale descatar que não basta apenas informar os trabalhadores, é importante

que esta informação seja dada de forma eficiente, garantindo o entendimento

por parte de quem irá executar as tarefas. Dentre os profissionais

entrevistados, 74% afirmaram que as informações recebidas sobre os riscos a

que estão submetidos os trabalhadores da lavandeira hospitalar foram

eficientes.

Gráfico 16. Distribuição de porcentagens relativa a eficiencia das informações sobre os riscos a que estão submetidos os trabalhadores.

Segundo a NR 32, a qual estabelece as normas sobre Segurança e Saúde no

trabalho em serviço de saúde, cabe ao empregador assegurar capacitação aos

trabalhadores, antes do início das atividades e de forma continuada.

Outro ponto abordado em nosso estudo foi a percepção dos trabalhadores

sobre o bem estar em seus postos de trabalho, no qual 79% afirmaram se

sentirem bem, 16% não opinaram e 5% disseram não estar se sentindo bem.

Page 46: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

58

Gráfico 17. Distribuição de porcentagens relativa ao bem estar no posto de trabalho percebida pelos trabalhadores.

A qualidade de vida tem sido objeto constante de estudos e os resultados das

pesquisas são utilizados para promover o desenvolvimento de situações de

trabalho que buscam oferecer condições que agreguem valor ao trabalho e

bem-estar ao indivíduo (FONTES, 2003).

Por ultimo foi requisitado aos entrevistados que eles opinassem sobre a

satisfação em desenvolver seu trabalho. Foram encontrados os seguintes

resultados: 95% relataram gostar do trabalho que desenvolvem e apenas 5%

disseram não gostar.

Gráfico 18. Distribuição de porcentagens relativa satisfação em relação ao trabalho em lavandeira hospitalar.

A preocupação com a saúde e satisfação dos funcionários não é uma questão

de estratégia empresarial, mas sim uma garantia de sobrevivência, tornando-se

importante a análise das condições fisicas do ambiente no posto de trabalho,

considerando as caracteristicas individuais do ser humano, que refletem nos

niveis de desempenho e na qualidade de vida e saúde dos trabalhadores

(TRIBIEN et al., s/d). Nas condições de trabalho estão incluidos todos os

fatores que influenciam no desempenho e satisfação dos trabalhadores na

empresa, envolvendo o trabalho em si, o ambiente, a tarefa, a jornada de

Page 47: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

59

trabalho, os salários, além de outros fatores relacionados a qualidade de vida

no trabalho, como alimentação, atividade fisica e todas as condições gerais de

saúde (SANTANA, 1996).

6.2.2 – Percepção do trabalhador em relação ao seu ambiente de trabalho

- Escala Likert

Nesta etapa os resultados encontrados apresentam a percepção do nível de

satisfação que o trabalhador se encontrava no momento da realização da

pesquisa.

Através deste instrumento foi possível verificar que para os trabalhadores em

estudo, a capacidade dos equipamentos, o fornecimento de EPI‟s e ruído,

estão diretamente ligados à ineficiência do ambiente de trabalho. Lisboa e

Torres (1999) asseguram que as características do ambiente físico que

interagem com o trabalhador durante o desenvolvimento da tarefa, tais como,

ruídos, iluminação, temperatura e maquinas, entre outras, influenciam

diretamente no resultado do seu trabalho. Dessa forma, tais fatores podem vir a

explicar a ineficiência do ambiente segundo a percepção do trabalhador.

Os dados foram agrupados de acordo com as seguintes categorias: Integração

Social, Condições de Trabalho, Saúde do Trabalhador e Participação.

6.2.2.1 – Integração Social

Esta tabela tem o objetivo de mensurar o nível de satisfação dos trabalhadores

da lavanderia em relação aos seguintes aspectos: “Relacionamento com os

colegas de trabalho”, “Relacionamento com o chefe de trabalho”, “Orientação

pelo chefe para o desenvolvimento do seu trabalho”. As médias ponderadas

foram obtidas através do produto do número de trabalhadores que optou por

cada nível, pelo valor de cada nível, dividimos pelo número total de

respondentes nesta etapa (19). Para avaliar o nível de satisfação utilizou-se

uma escala desenvolvida por Pereira et al. (2001)

Page 48: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

60

Tabela 2. Nível de satisfação dos trabalhadores da lavanderia hospitalar

quanto à Integração Social¹.

Níveis² Relacionamento

com os colegas de trabalho (%)

Relacionamento com o chefe de

trabalho (%)

Orientação pelo chefe para o desenvolvimento

do seu trabalho(%)

1 15,79 10,53 10,53

2 - - 5,26

3 26,32 10,53 5,26

4 36,84 47,37 36,84

5 21,05 31,58 42,11

Total (%) 100% 100% 100%

Média 3,4 3,8 3,8

¹ Número de pessoas entrevistadas: 19 ² Ao números 1, 2, 3, 4, 5 significam respectivamente: Muito insatisfeito; insatisfeito; neutro; satisfeito; muito satisfeito.

Escala

1,0 a 1,8 Muito insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito satisfeito

A maior media de satisfação relacionada a integração social foi referente a

“Orientação dada pelo chefe para o desenvolvimento do seu trabalho”.

Segundo Santana (1996), as relações no trabalho, o apoio dos colegas, chefes

e subordinados é uma variavel importante para a manutenção da saúde, pois

sabe-se que a tensão emocional pode ser reduzida pela solidariedade recebida

no círcuito das relações socias mais próximas. Do ponto de vista de satisfação

no trabalho, o relacionamento social positivo é um fator muito importante na

contribuição da qualidade de vida.

No que se refere ao “ Relacionamento com o chefe de trabalho” o resultado

encontrado foi positivo. Para, Fontes (2003) este dado representa uma

caracteristica positiva, já que ambientes com boas relações entre membros

refletem posições e posturas comportamentais capazes de proporcionar

equílíbrio e desenvolvimento. De modo geral, pode-se dizer que os

trabalhadores estão satisfeitos com os aspectos relacionados à sua integração

social no ambiente de trabalho, uma vez que o nivel 4 (satisfeito) apresentou o

maior percentual, conforme verificado na Tabela 2.

Page 49: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

61

6.2.2.2 – Condições de Trabalho

Visando compreender quais aspectos e/ou fatores o trabalhador considera

importante para que a lavanderia no qual trabalha seja eficiente, os dados da

Tabela 2 apresentam os níveis de satisfação dos trabalhadores referentes às

condições ambientais físicas em que desempenham suas atividades,

abrangendo os seguintes aspectos: “Limpeza do ambiente de trabalho”;

“Limpeza das instalações de uso pessoal”; “Segurança do ambiente para o

desenvolvimento do trabalho”; “Organização e arrumação da lavanderia”; “O

tamanho do espaço físico”; “Ruído”; ”Iluminação”; “Temperatura”; “Ventilação”;

“Altura das bancadas”; “Capacidade dos Equipamentos”, “Cheiro dos produtos”

e “Fornecimento de EPI”.

Pôde-se constatar que, em relação às Condições de Trabalho, a menor média

foi em relação ao aspecto “Capacidade dos Equipamentos” (2,2), enquanto a

maior média foi em relação a “Limpeza do ambiente de trabalho” (3,5) e

“Limpeza das instalações de uso pessoal” (3,4) foram os únicos a receber

média „Satisfeito‟ (TABELA 3).

Tabela 3. Nível de satisfação dos trabalhadores da lavanderia hospitalar

quanto às condições de trabalho¹.

Níveis²

Capacidade dos equipamentos para a

quantidade de roupa a ser lavada (%)

Limpeza do ambiente de trabalho(%)

Limpeza das instalações de uso

pessoal (%)

1 52,63 10,53 10,53

2 15,79 15,79 15,79

3 15,79 5,26 15,79

4 10,53 42,11 36,84

5 5,26 26,32 21,05

Total (%) 100% 100% 100%

Média 2,2 3,5 3,4

¹ Número de pessoas entrevistadas: 19 ² Ao números 1, 2, 3, 4, 5 significam respectivamente: Muito insatisfeito; insatisfeito; neutro; satisfeito; muito satisfeito.

Escala

1,0 a 1,8 Muito insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito satisfeito

Page 50: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

62

Outro aspecto mencionado foi em relação ao “Fornecimento de EPI” (2,3),

sendo constatado que na lavanderia raramente é feito o uso de EPI, uniforme e

calçados de segurança. Eles são importante para minimizar a exposição aos

riscos relacionados à saúde, podendo até se considerar o uso eventual, isto é,

usado apenas nos períodos mais críticos (TABELA 4).

Em se tratando das condições de trabalho, também podemos citar as menores

médias obtidas em relação ao ruído (2,3), iluminação e temperatura (2,8),

seguido de ventilação (2,9), revelando assim, que os trabalhadores estão

“Neutros” a estes aspectos, ou seja, não estão insatisfeitos, mas também não

estão satisfeitos. Contudo, medidas corretivas devem ser tomadas para que

amenize a temperatura, o ruído e proporcione melhor ventilação ao ambiente,

visando aumentar o nível de satisfação dos trabalhadores e,

conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida.

Ambientes de trabalho úmidos e abafados, com pouca luminosidade e pouco

arejados, acarretam perturbações ao equilíbrio térmico dos trabalhadores,

resultando em aumento dos riscos de acidentes devido à fadiga, distração,

perda de eficácia, acompanhada de queda na produtividade (RUAS, 1999).

As condições ambientais de trabalho na lavanderia estudada precisam ser

melhoradas por meio da elaboração de um sistema mais eficiente de ventilação

e renovação de ar, redução de ruídos, melhor arrumação do local, bem como

aumento da capacidade dos equipamentos para evitar acúmulo de serviço.

Page 51: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

63

Tabela 4. Nível de satisfação dos trabalhadores da lavanderia hospitalar quanto à condições de trabalho¹.

Níveis² Fornecimento de EPI

(%) Ruído no ambiente de

trabalho (%) Iluminação na lavanderia (%)

Temperatura na lavanderia (%)

Ventilação na lavanderia (%)

1 42,11 26,32 31,58 15,79 15,79

2 26,32 42,11 10,53 31,58 31,58

3 10,53 26,32 21,04 26,32 15,79

4 21,05 5,26 31,58 21,05 26,32

5 - - 5,26 5,26 10,53

Total (%) 100% 100% 100% 100% 100%

Média 2,3 2,3 2,8 2,8 2,9

¹ Número de pessoas entrevistadas: 19 ² Ao números 1, 2, 3, 4, 5 significam respectivamente: Muito insatisfeito; insatisfeito; neutro; satisfeito; muito satisfeito.

Escala

1,0 a 1,8 Muito insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito satisfeito

Page 52: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

64

No que tange a “Segurança do ambiente para o desenvolvimento do trabalho” a

média encontrada foi (2,9) sendo avaliado como neutro. Bustamante et al.

(1998) afirmam que a sinalização de segurança é muito importante nos

processos produtivos. Contudo, observou-se que na lavanderia não havia

nenhum tipo de sinalização. Existia apenas um quadro de avisos gerais, que

ficava próximo a coordenação, junto à entrada. O uso de EPI, conforme já

mencionado também é fundamental para garantir a segurança dos

trabalhadores.

A “Organização e arrumação da lavanderia”, bem com o “Tamanho do espaço

físico para desenvolver o seu trabalho” foram avaliados como neutro, tendo

médias (3,3) e (3,1) respectivamente. Segundo Zobole (2003), é considerado

desestimulador para o trabalhador a existência de uma situação precária de

conforto na lavanderia. Observou-se, durante as visitas técnicas realizadas

pelo pesquisador, que dentro da lavanderia, tanto na área limpa, quanto na

área suja havia bolsas com pertences dos funcionários (roupas e calçados),

penduradas, formando um amontoado de objetos de uso pessoal, que

deveriam estar em armários individuais, conforme recomenda a NR-24.

Fotografia 8. Armários Individuais dos funcionários.

Page 53: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

65

Quanto a “Altura das bancadas, e das máquinas para desenvolver seu

trabalho” na lavanderia recebeu média (3,4), sendo classificadas como neutras.

Este dado pode está relacionado à falta de bancada na área suja para a

separação de roupa e também à falta de carrinhos. A existência desses

equipamentos tornaria o trabalho mais produtivo e confortável.

Nas Fotografias 9 e 10 podemos identificar com clareza a ausência de

bancada. A instalação deste simples item poderia proporcionar um amplo

conforto durante a realização da separação de roupas. Evitando posturas

inadequadas e esforços repetitivos desnecessários que podem vir a afetar a

saúde do trabalhador, causando problemas tais como: dores musculares,

fadiga, DORT/LER, entre outros.

Fotografia 9. Área Suja – Separação de roupas – Ausencia de bancadas.

Page 54: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

66

Fotografia 10. Área Suja – recepção e separação de roupas – Ausência de bancadas.

Segundo Renner (2005), é no mundo do trabalho que se encontram as causas

de adoecimentos e afastamentos de trabalhadores. Desse modo, a

organização do trabalho passa a ser um desafio que os ergonomistas

enfrentam todos os dias, pois é preciso convencer empresas e funcionários de

que existem formas mais saudáveis e produtivas para se trabalhar. Sendo

assim, a ergonomia não deve atuar somente com foco voltado para o posto de

trabalho, mas atentar para o ritmo de trabalho, a jornada, a existência ou não

de pausas entre outros.

Outro dado avaliado foi referente ao “Cheiro dos produtos químicos utilizados

na lavanderia”, esse item foi avaliado com média (3,1), sendo também

considerado neutro. O uso de EPI adequados para este ambiente de trabalho,

bem como armazenamento dos produtos químicos em local adequado

poderiam diminuir a exposição a estes riscos. Na lavanderia estudada foi

observado que o armazenamento inadequado destes produtos. (FOTOGRAFIA

11).

Page 55: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

67

Fotografia 11. Ármazenamento inadequado de produtos químicos.

Page 56: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

68

Tabela 5. Nível de satisfação dos trabalhadores da lavanderia hospitalar quanto às condições de trabalho¹.

Níveis²

Segurança do ambiente para o desenvolvimento

do trabalho (%)

Organização e arrumação da lavanderia

(%)

O tamanho do espaço físico para desenvolver o seu

trabalho (%)

Altura das bancadas, e das máquinas para

desenvolver seu trabalho na lavanderia

(%)

O cheiro dos produtos químicos

utilizados na lavanderia

(%)

Ritmo de Trabalho

(%)

1 5,26 5,26 15,79 15,79 15,79 15,79

2 42,11 15,79 21,05 5,26 15,79 -

3 31,58 36,84 21,05 5,26 31,58 31,58

4 10,53 31,58 26,32 63,16 21,05 42,11

5 10,53 10,53 15,79 10,53 15,79 10,53

Total (%) 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Média 2,9 3,3 3,1 3,4 3,1 3,3

¹ Número de pessoas entrevistadas: 19 ² Ao números 1, 2, 3, 4, 5 significam respectivamente: Muito insatisfeito; insatisfeito; neutro; satisfeito; muito satisfeito.

Escala

1,0 a 1,8 Muito insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito satisfeito

Page 57: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

69

6.2.2.3 – Saúde

Objetivou-se detectar o nível de satisfação dos trabalhadores quanto à ação da

empresa referente a “Fornecimento de vacinas, exames periódicos”. A média

desta questão foi (3,8), conforme Tabela 6, sendo este valor avaliado como o

nível „Neutro‟. Isso torna uma preocupação para os administradores

hospitalares, pois alem de gerar prejuízos para a saúde dos trabalhadores

envolvidos onera o hospital de diversas maneiras, principalmente pelo

afastamento do trabalhador de seu posto de trabalho.

Tabela 6. Nível de satisfação dos trabalhadores da lavanderia hospitalar

quanto à Saúde¹.

Níveis²

Fornecimento de vacinas, exames periódicos aos

funcionários

(%)

1 15,79

2 21,05

3 10,53

4 36,84

5 15,79

Total (%) 100%

Média 3,2

¹ Número de pessoas entrevistadas: 19 ² Ao números 1, 2, 3, 4, 5 significam respectivamente: Muito insatisfeito; insatisfeito; neutro; satisfeito; muito satisfeito.

Escala

1,0 a 1,8 Muito insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito satisfeito

6.2.2.4 Participação e incentivos

Identificou-se o nível de satisfação do trabalhador em termos de “Treinamento

oferecido pela empresa” e “Repercussão das idéias dadas”. Através da Tabela

6, verificou-se, que o menor nível médio de satisfação refere-se ao fator

“Treinamento oferecido pela empresa” (3,3), enquanto “Repercussão das idéias

Page 58: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

70

dadas” (3,4), revelando, de acordo com a escala utilizada, a situação de

„Neutra‟ quanto a estes aspectos.

Tabela 7. Nível de satisfação dos trabalhadores da lavanderia hospitalar

quanto à Participação e Incentivos¹.

Níveis² Treinamento oferecido

pela lavanderia (%)

Repercussão de idéias dadas (aceitação de

idéias) (%)

1 15,79 10,53

2 - 5,26

3 31,58 31,58

4 42,11 31,58

5 10,53 21,05

Total (%) 100% 100%

Média 3,3 3,4

¹ Número de pessoas entrevistadas: 19 ² Ao números 1, 2, 3, 4, 5 significam respectivamente: Muito insatisfeito; insatisfeito; neutro; satisfeito; muito satisfeito.

Escala

1,0 a 1,8 Muito insatisfeito

1,9 a 2,6 Insatisfeito

2,7 a 3,4 Neutro

3,5 a 4,2 Satisfeito

4,3 a 5,0 Muito satisfeito

Um aspecto que os dados permitiram inferir é que os trabalhadores que se

apresentaram como “satisfeitos” foram aqueles que tinham os menores graus

de escolaridade. Este fato pode ser explicado, em conformidade com Fontes

(2003), pelo fato de que para esses trabalhadores existem poucas

possibilidades de um emprego melhor e, portanto, aceitam as condições de

trabalho como estas se impõem. Supõe-se desta maneira, que exista uma

estreita relação entre nível de instrução e consciência e exigência por melhores

condições de trabalho. Por outro lado, os trabalhadores com maior grau de

escolaridade foram menos “satisfeitos”, confirmando a tese de que a classe

trabalhadora, cada vez mais consciente e instruída, não aceita com facilidade

trabalhar em condições pouco adequadas e satisfatórias, defendida por

Fernandes (1996).

Page 59: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

71

6.3 DIAGRAMA CORLET E MANENICA

A maioria da população inquirida (89%) declarou sentir desconforto em alguma

parte do corpo, segundo a escala progressiva de desconforto de dor. Os mais

referidos foram ombros (22%) e coxas (19%) (QUADRO 2).

Quadro 2. Desconfortos Relatados.

Esse instrumento de pesquisa complementa os dados identificados por meio do

questionário semi-estruturado, da observação em campo e do registro

fotográfico. Nos setores avaliados, as atividades de trabalho exigiam posturas

inadequadas (flexão de cabeça e postura estática dos membros superiores),

ocasionando elevado índice de dor e desconforto que puderam ser

identificados nos resultados da aplicação do diagrama de Corlett e Manenica.

Para minimizar/eliminar os gestos e posturas criticas, são indicados o

redimensionamento dos postos de trabalho, através do ajuste de altura dos

equipamentos, além de incentivar a implantação da multifunção e da

alternância postural.

A diagnose ergonômica indicou, em termos de características de processo e

organização do trabalho, a presença de alta repetitividade durante a realização

10% PESCOÇO

22% OMBROS

7% COSTAS-SUPERIOR

7% BRAÇOS

5% COSTAS-MÉDIO

7% COSTAS-INFERIOR

0% ANTEBRAÇOS

2% PUNHOS

7% MÃOS

3% BACIA

19% COXAS

6% PERNAS

5% TORNOZELOS E PÉS

Page 60: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

72

das atividades de trabalho. Associando as questões organizacionais e os

psicossociais, identifica-se que os fatores encontrados na literatura como

coadjuvantes para LER / DORT estão presentes no cotidiano do trabalho. A

alta repetitividade imposta pelo sistema de trabalho e as questões

psicossociais (pressões, pouca flexibilidade, realização de tarefas restritivas...)

podem ser coadjuvantes ou determinantes de sintomas músculo-esqueléticos

(COUTO, 1995).

Page 61: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

73

7 – CONCLUSÔES E CONSIDERAÇÕES

O setor de lavanderia, caracterizado como um setor de apoio tem como

finalidade fornecer roupas em perfeitas condições de uso e higiene, suprindo

as demandas do hospital. Dessa forma a lavandeira não apresenta visibilidade

social, passando despercebida aos clientes externos.

A lavanderia, de modo geral, não apresenta bom estado de conservação em

relação a pisos e equipamentos. As condições de limpeza, organização do

ambiente e a capacidade dos equipamentos também são insuficientes.

Em relação ao perfil dos trabalhadores analisados identificamos que 84% têm

mais de 35 anos. A escolaridade mínima recomendada não é respeitada, uma

vez que 42% não têm o ensino fundamental completo.

Em relação aos possíveis riscos que o ambiente de trabalho pode oferecer aos

trabalhadores, identificamos a partir da percepção dos trabalhadores, a

existência dos seguintes riscos:

Riscos Físicos: representados pela elevada temperatura, falta de

ventilação, ruído e umidade em excesso.

Riscos Biológicos: representados pela contaminação por

microrganismos presentes nas roupas infectadas por sangue, fezes e

urina, devido ao não uso efetivo de EPI ao manipular as roupas; pela

contaminação do ar ambiente; pela falta de conhecimentos dos

trabalhadores sobre os ricos inerentes ao trabalho em lavanderia.

Riscos Ergonômicos: representados pela adoção de posturas incorretas,

impostas por deficiências nos equipamentos e no ambiente, de modo

geral, e pelo desenvolvimento do trabalho todo em pé. Tais riscos são

agravados pela não utilização de normas ou técnicas específicas para

esta modalidade de trabalho.

No que tange ao nível satisfação dos trabalhadores o maior índice encontrado

foi neutro, isso quer dizer que alguma medida precisa ser tomada para

Page 62: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

74

aumentar a satisfação dos trabalhadores, tais como providenciar melhorias das

condições físicas do ambiente, favorecendo resultados positivos tanto para o

hospital quanto para os trabalhadores.

Para os trabalhadores da lavanderia estudada a satisfação no ambiente de

trabalho está diretamente relacionada a boas condições de trabalho, trabalho

em equipe, valorização e capacitação dos funcionários.

O uso inadequado e/ou não uso de EPI foi um dos dados mais preocupantes

verificados nesta pesquisa, uma vez que conforme já relatado anteriormente, o

uso desses equipamentos é de fundamental importância para a garantia a

preservação da integridade física do trabalhador. Isso demonstra a falta de

conhecimento e de preocupação com o bem-estar dos trabalhadores, pois o

uso de EPI é sempre obrigatório e não facultativo

Page 63: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

75

8 – RECOMENDAÇÕES

A análise dos dados acumulados neste estudo sugere que certas mudanças

devem ser feitas de forma imediata, como programas de capacitação para os

trabalhadores, treinamentos, instalação de sistema de exaustão e ventilação

eficientes, melhorando a temperatura e areação na lavanderia. Sugere, ainda,

outras mudanças que envolvem tempo e recursos financeiros, como a

reestruturação de áreas, aquisição de equipamentos modernos e com maior

capacidade. Tais mudanças aumentariam a satisfação dos trabalhadores que

se sentiriam valorizados pela empresa.

Com relação aos desconfortos físicos, a ginástica laboral deve ser incorporada

à rotina de trabalho para evitar a fadiga dos músculos mais requisitados. A

contratação de um profissional específico, atuando diretamente na lavanderia,

poderá interagir de forma corretiva através de condutas ambulatórias e de

maneira preventiva através de avaliações, orientações e projetos ergonômicos,

orientações aos funcionários sobre ergonomia e sobre colaborar com a

conservação da sua saúde. A prevenção das lesões é fundamento principal de

toda intervenção para a redução dos sintomas. Também recomendamos que

seja feito um estudo de análise ergonômica com base nos resultados

apontados por este estudo.

As limitações deste estudo residem no fato de existir poucas referências sobre

a temática estudada, no que se refere a riscos biológicos, físicos e

ergonômicos em lavanderias. Sendo assim também podemos recomendar que

outros pesquisadores estudem essa temática, haja vista a escassez

comprovada do tema na literatura científica.

Recomenda-se, para estudos futuros, a aplicação das ferramentas utilizadas no

presente estudo, em outras situações de trabalho e também neste mesmo

ambiente, visando verificar se o nível de satisfação dos trabalhadores do

referido ambiente permanece inalterado ou se as mudanças foram efetuadas,

contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores ali

inseridos.

Page 64: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

76

Cumpre ressaltar que, por se tratar de um estudo de caso, todas as

considerações, sugestões e conclusões apresentadas, referem-se ao ambiente

de trabalho analisado.

Seria adequado que a direção do hospital investisse em treinamento e cursos

de capacitação para estes funcionários, o que reverteria em benefícios ao

trabalhador e ao hospital.

Page 65: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

77

9. REFERÊNCIAS

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Doméstica, Universidade Federal de Viçosa, 2003.

Page 71: RISCOS AMBIENTAIS À SAUDE DO TRABALHADOR NA LAVANDERIA DE …

83

APÊNDICES

APÊNDICE A

Pesquisa: Levantamento dos dados Ambientais à Saúde dos Trabalhadores da Lavanderia

Hospitalar

Sexo: ( )Masculino ( ) Feminino Idade:

Escolaridade: ( ) Nenhum ( ) Ensino médio completo

( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto

( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Outro. Qual:

2. Assinale o setor onde trabalha:

( ) lavagem ( ) secagem ( ) calandra ( ) rouparia ( ) costura ( ) outro. Qual:

3. A quanto tempo trabalha neste setor?

5. Existe algum tipo de risco na utilização dos equipamentos?

( ) carro transporte ( ) maq. de lavar ( ) secadora ( ) calandra ( ) balança

( ) maquina de costura ( ) outro. Qual:

6. Na utilização de equipamentos do seu setor qual o tipo de lesão pode ocorrer?

( ) queda ( ) corte ( ) queimadura ( ) contaminação biológica ( ) Lesão por Esforço Repetitivo

(L.E.R.) ( ) choque elétrico ( ) dor muscular ( ) outro. Qual:

7. Já ocorreu acidente com você na lavanderia? Se sim, como?

8. Você usa equipamento de proteção individual? Se sim, qual?

9. O equipamento de proteção individual é substituído com freqüência? Se sim, em quanto tempo?

10. Qual a postura mais comum de trabalho?

11. Você sente dores no corpo? ( ) não sinto – nesse caso, vá direto à questão 12.

( ) durante o trabalho ( ) após o trabalho

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84

11.1. Você sente dor fazendo qual atividade da lavanderia?

12. Você se sente bem neste posto de trabalho?

13. O que mais te incomoda neste posto de trabalho?

( ) odor ( ) ruído (barulho) ( ) calor ( ) frio ( ) iluminação ( ) postura ( ) ventilação

( ) vibração ( ) umidade ( ) ritmo ( ) outro. Qual:

14. Qual a sua sugestão para melhoria do posto de trabalho?

15. Realiza algum tipo de pausa durante o trabalho?

16. Realiza alternância de atividades? (rodízio)

17. Você recebeu informações sobre os riscos a que estão submetidos em função das condições de

trabalho?

18. As informações sobre os riscos a que estão submetidos em função das condições de trabalho

foram suficientes?

19. Você gosta do seu trabalho?

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APÊNDICE B Pesquisa: Levantamento dos dados Ambientais à Saúde dos

Trabalhadores da Lavanderia Hospitalar METODO: ESCALA LIKERT TEMA: AMBIENTE DE TRABALHO

1. Para responder as seguintes questões marque X Condições de Trabalho: Manifeste seu nível de satisfação geral com relação ao seguinte aspecto

Questões Muito

insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito

Muito satisfeito

1 - Limpeza do ambiente de trabalho (lavanderia)

2 - Limpeza das instalações de uso pessoal (banheiros, vestuários)

3 - Segurança do ambiente para o desenvolvimento do trabalho

4 - Organização e arrumação da lavanderia

5 - O tamanho do espaço físico para desenvolver o seu trabalho

6 - Ruído (barulho) na lavanderia

7 - Iluminação na lavanderia

8 - Temperatura na lavanderia

9 - Ventilação na lavanderia

10 - Altura das bancadas, e das máquinas para desenvolver seu trabalho na lavanderia

11 - A capacidade dos equipamentos (máquinas) é suficiente para a quantidade de roupa a ser lavada

12 - O cheiro dos produtos químicos utilizados na lavanderia

13 - Fornecimento de EPI‟s (toca, máscara, uniforme, luvas, botas, etc.)

14 - Ritmo de trabalho

15 - Treinamento oferecido pela lavanderia

16 - Repercussão de idéias dadas (aceitação de idéias)

17 - Relacionamento com os colegas de trabalho

18 - Relacionamento com o chefe de trabalho

19 - Orientação pelo chefe para o desenvolvimento do seu trabalho

20- Fornecimento de vacinas, exames periódicos aos funcionários

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ANEXO B Pesquisa: Levantamento dos dados Ambientais à Saúde dos

Trabalhadores da Lavanderia Hospitalar MÉTODO: DIAGRAMA CORLLET E MANENICA

Escala de Avaliação de Desconforto corporal (Corllet e Manenica) Por favor, marque a região (segmento) do diagrama do corpo humano abaixo onde você sente desconforto/dor durante o serviço na lavanderia. Em seguida, tome como base a escala progressiva de desconforto/dor (abaixo) e assinale o numero que você acha correspondente ao grau de intensidade sentido (marque com um X). Por favor mesmo que você não tenha tido problemas em qualquer parte do corpo, marque com o grau de intensidade “1” (nenhum desconforto/dor)

1 2 3 4 5

Nenhum desconforto/

Dor

Algum desconforto/

dor

Moderado desconforto/

dor

Bastante desconforto/

Dor

Intenso desconforto/

dor

Escala progressiva de desconforto/dor