revista tendências e negócios ed 35 março de 2015

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TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 35 março de 2015 :: 1 Brasília, DF, Edição 35, março 2015

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Neste mês, a revista Tendências e Negócios traz na capa o TEDx Universidade de Brasília, evento mundial para se compartilhar experiências.

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Finalmente, chegou o dia do evento que promete surpreender Brasília, o TEDx! O ciclo de palestras, conhecido no mun-do todo por espalhar ideias, desta vez, é organizado por alunos da Universidade de Brasília. O modelo TED (Tecnologia, Entretenimento, Design) foi, inicialmente, criado nos Estados Unidos com o intui-

to de unir pessoas de toda a parte do planeta por meio do compartilhamento de experiências. Dele, surgiu o TEDx, uma organização independente com os mesmos moldes da plataforma original, mas que atua fora dos EUA.

O Grupo de Comunicação Tendências e Negó-cios se orgulha em ser um dos apoiadores do TEDx Universidade de Brasília. A nossa missão de divulgar práticas que incentivem o desenvolvimento do Dis-trito Federal está fortemente alinhada com a propos-ta da organização do evento que pretende impactar os brasilienses com palestras inspiradoras.

As personalidades selecionadas pelo TEDx para espalharem suas ideias são pessoas que, de alguma forma, contribuem diariamente para a evolução da nossa cidade e do nosso país. Os palestrantes, que se dividem entre quatro possibilidade - Brilhantes, Ino-vadoras, Inesperadas e Criativas - foram escolhidos de acordo com suas experiências individuais. En-tre eles, estão pessoas nacionalmente conhecidas, como a atriz e apresentadora de TV Maria Paula, e figuras com impacto local, que é caso do livreiro da Universidade de Brasília Chiquinho.

Não perca!

Carol Dias - editora-chefe

Conheça as ideias do TEDx Universidadede Brasília

• Diretor Executivo: Alex Dias • Editora-Chefe: Carol Dias

• Diretora Financeira: Ana Paula Santana • Redação: Eduardo Barretto, Gustavo Lúcio,

Oda Paula Fernandes, Bianca Marinho Carolyna Paiva e Taise Borges

• Diagramação: Alisson Carvalho • Foto da capa: Alisson Carvalho

• Imagens: Alisson Carvalho, Wagner Augusto, Marcos Paulo, Raphael Farias, Magnun Alexandre, Jonathan Felix e Emerson

Damasceno Gestão de Pessoas: Caio Dias

Redação (61) 3964-0626 Comercial (61) 9288-0520 9905-1677

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Sumário

Capa - 16

Empresa verde - 32

Comportamento - 28

Mês da Mulher - 50

Gente que Faz - 38

Capacitação - 42

Chegou a hora do TEDx Universidade de Brasília! Conheça as personalidades que vão dividir suas ideias no evento mundial.

No mês dedicado às mulheres, destacamos o perfil de empreendedoras e deputadas que por meio do seu trabalho, impactam o Distrito Federal.

Conheça a história de Renato Santos, que escolheu Brasília para empreender e, hoje, compartilha seus co-nhecimentos com o mundo inteiro.

Universidades do mundo inteiro aderem ao formato de cursos à distância. Plataformas como o Coursera facilitam o acesso dos interessados a essas instituições de ensino.

Saiba quais são as práticas que fazem do chefe um líder dentro da empresa. Uma das dicas é reconhecer as habilidades dos colaboradores e se cercar de pessoas que dominam os procedimentos técnicos.

O Centro-Oeste é a região do Brasil mais preocupa-da com o consumo sustentável. Em Brasília, algumas empresas inovaram para reduzir desperdícios.

Renato Santos no programa O Aprendiz

Foto: Edu Moraes

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Entrevista - 12editorias

O presidente do Metrô DF, Marcelo Dourado (foto), fala sobre as perspectivas de mobilidade urbana no Distrito Federal.

Dicas Empresariais 8

Entrevista 12

Empreendedorismo 48

Fugindo da Rotina 64

Receita do Chef 66

Foto: Wagner Augusto

Foto: Wagner Augusto

Preparo Físico - página 76

A deputada Celina Leão é um dos nossos destaques no Mês da Mulher

Felipe Pessoa é adepto de cursos online

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Fechar uma empresa ficou muito mais fácil. Com o programa Bem Mais Simples, lançado pelo Governo Federal no fim de fevereiro, empresários poderão encerrar seus empreendimentos em um site na in-ternet - www.empresasimples.com.br, por meio da chamada baixa automática. As dí-

A assinatura de e-mail deve ser uniforme pa-ra todos os colaboradores. Isso cria credibilida-de imediata para todos os funcionários no pri-meiro contato com o cliente, além de destacar os e-mails da empresa entre tantos outros em cai-

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O site americano Inc. trouxe cinco dicas, que vão além da marca, para quem quer fortalecer a imagem da empresa. A primeira é o cartão de visita. Pode pare-cer óbvio começar por aí, mas os clientes vão conhe-cer seus colaboradores dentro ou fora do escritório e ter uma primeira impressão deles. Os cartões de visita devem, além de incluir a logo, refletir a qualidade do produto da sua empresa. Produtos de papel fino, ape-sar da distribuição eficaz, refletem negativamente so-bre a marca.

Todos sabem a importância que tem um bom serviço ao cliente. A empresa que não se atenta a isso, pode receber maus comentários e referências negativas. E muitas vezes o bom atendimento es-tá em pequenos componentes, como por exemplo na saudação. A churrascaria americana usou o mo-te ”Oi, posso ajudá-lo”, dito por seus colaboradores, na logotipo e acabou fortalecendo a marca.

Muitas empresas usam for-mulários para reunir informações sobre seus clientes. Embora possa ser fácil simplesmente jogar mui-to conteúdo junto, a fim de reunir as informações necessárias, vale a pena passar algum tempo conce-bendo as formas para que elas se encaixem à logotipo e à marca. In-cluindo formulários da Web. Fer-ramentas como Wufoo podem aju-dar a criar formas belas e eficazes que podem ser enviadas via links.

vidas das micro e pequenas empresas serão repas-sadas automaticamente para os CPFs dos proprie-tários. A dificuldade na abertura e fechamento de empresas era umas das principais reclamações so-bre o ambiente de negócios no país, que, pela pes-quisa “Doing Business Report”, figurava no 120˚ lu-gar entre as 186 nações analisadas.

xas de entrada. O lugar de trabalho também foi destacado. A localização e o logotipo na parede não são os únicos fato-res que têm um impacto sobre os clientes. Os sons, os chei-ros, e a limpeza do local também podem afetar a impressão sobre sua empresa.

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Entrevista

Qual é a importância do metrô para Brasília?As pessoas devem entender que transporte

público de alta capacidade no mundo só tem um nome, chama-se trilho. Um carro de passeio leva cinco pessoas, um ônibus, 50, o BrT, que é o ônibus articulado, leva no máximo 130 passageiros. Por outro lado, uma composição de metrô transporta até 1400 pessoas e do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) até 900. A capacidade de transporte do tri-lho é infinitamente maior à do pneu. Por isso, para enfrentar efetivamente o problema da mobilidade urbana e suburbana no Distrito Federal e na região do Entorno a resposta é trilho.

Quais são os projetos?Primeiro, vamos modernizar todo o sistema me-

troviário do DF, que é um antigo. Em abril, haverá a licitação para a compra de dez novos trens. Em junho, lançaremos o edital de licitação para o início das obras de expansão do metrô. Vamos fazer mais duas estações em Samambaia, duas na Ceilândia e começar o metrô subterrâneo da Asa Norte. A pri-meira estação a ser construída é a do Hospital Re-gional da Asa Norte (Hran). A segunda vai até a 107 Norte, para que o estudante morador da Ceilândia ou de Samabaia possa pegar o metrô e ir até a Universi-dade de Brasília. A palavra “integração” é fundamen-tal nesse nosso projeto. Tem que haver integração com os ônibus, com a ciclovia e com os automóveis.

Temos indicadores de que 2015 será um ano difícil. Com quais recursos esses projetos serão realizados?

Os recursos para expansão, modernização e com-pra de novos trens foram contratados no chamado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da

Uma das principais bandeiras do governador Rodrigo Rollemberg durante a campanha eleitoral de 2014 foi a de priorizar um sistema integrado de mobilidade urbana. A expansão do metrô e o desenvolvimento de linhas ferroviárias que liguem o Distrito Federal ao Entorno são expectativas dos cidadãos. O atual presidente do Metrô DF, Marcelo Dourado, revela quais são os projetos para este mandato. | Carol Dias

Caminho sobre trilhos

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Fotos: Wagner Augusto

Caminho sobre trilhosMobilidade, são recursos vindos do Governo Fede-ral. O GDF não vai contribuir financeiramente com o projeto. Até porque nosso governo herdou uma situação extremamente difícil do ponto de vista or-çamentário.

O BrT foi um gasto que poderia ter sido rever-tido em trilho?

Sem dúvida. Quando eu fui superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), em 2012, apresentamos o projeto chamado Brasília-Luziânia. Aproveitamos uma linha férrea que já existe e vai da rodoferroviária até a ci-dade do Entorno. Contudo, a proposta não foi aceita, parece que projetos bons, eficientes e baratos não in-teressam à maioria dos gestores. O BrT só contempla uma faixa pequena de 48 quilômetros - enquanto o trem vai até Luziânia, um trajeto de 80 quilômetros - e foi um projeto que começou com um orçamento de R$470 milhões e terminou com quase o dobro. Nes-se mandato, trouxemos de volta o VLT de Luziânia que não deve ultrapassar R$300 milhões. O início das obras está previsto para, no máximo, o começo do próximo ano. Essa é a única forma de resolver o colapso do transporte entre o DF e o entorno sul.

Existem outros projetos para fora do DF?Sim. Licitamos o Brasília-Goiânia, que é uma ferro-

via importantíssima do ponto de vista econômico para o escoamento da produção do agronegócio brasileiro e da mobilidade. Os estudos ficarão prontos em junho deste ano. As perspectivas dos trens regionais no programa do nosso governo são boas e de que vão impactar todo o Brasil. É impressionante a perda que há no escoamento. A produção de Goiás, por exemplo, ao invés de subir direto ao porto de Itaqui, volta para Santos ou para Para-naguá e percorre quatro mil quilômetros a mais.

Como será possível expandir o metrô do ponto de vista energético?

Daí a importância do aumento da capacidade ener-gética e elétrica da região Centro-Oeste, por meio de energias renováveis, como, por exemplo, a energia fo-tovoltaica, além do aumento da capacidade de geração de energia hidráulica no Brasil. Em relação ao metrô, foi conversado com a Companhia Energética de Brasília (CEB) que já se preparando para o aumento da produ-ção de energia necessária à expansão do metrô. A su-bestação elétrica que existe hoje em Águas Claras foi construída em função de todo o sistema metroviário, cuja sede é nessa Região Administrativa. Hoje, mais de 70% dessa energia está sendo desviada para a cidade. É necessário que haja uma adequação para que a ener-gia produzida para a estação seja efetivamente revertida para o sistema.

Presidente do Metrô DF, Marcelo Dourado

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TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 35 março de 2015 :: 15

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Evento inspira brasilienses ao mostrar que a cidade é solo de várias oportunidades. Entre possibilidades brilhantes, inovadoras, criativas e inesperadas, o TEDx Universidade de Brasília espalha pensamentos capazes de mudar histórias | Carolyna Paiva

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Qual a forma mais eficaz para transformar a vida de uma pessoa e, em sequência, a sociedade? A resposta para essa pergunta vagueia em diversas áreas de estudo, como a filosofia, antropologia, psicologia. Encon-trar o caminho exato ainda não foi possível por nenhum desses setores, no entanto, a história confirma: as ideias são grandes

potenciais para provocar transformações.Ao longo da trajetória humana temos vários exem-

plos do poder de uma ideia. Como seriam nossas vidas atualmente sem o smartphone, por exemplo? Contatos se perderiam e dificultaria-se o acesso a informações. Esquecemos frequentemente que para usufruir dessa tecnologia foi preciso inventar desde o vidro até a mais recente placa mãe. Isso sem contar no profissional que vislumbrou o primeiro aparelho.

“Não há nada mais poderoso do que uma ideia cujo momento chegou”, escreveu Victor Hugo. Segundo a frase, ele enaltece o poder desse processo. Entretanto, mudar e aceitar a transformação nem sempre é fácil. Muitos conceitos hoje aceitos, no passado, eram ape-nas sugestões malucas. No Artigo publicado na Revista Executive Digest, o consultor e conferencista inter-nacional Ricardo Vargas alega que ideia não depende só do tempo, mas também das pessoas em torno dela. Quando existe um conjunto que a entende e é capaz de implementá-la, seu poder se manifesta.

Um fato curioso exemplifica esse pensamento. Há menos de um ano, o indiano Arunachalam Muruga-nantham provocou grande confusão na Índia ao tentar melhorar a qualidade de vida do sexo feminino. Par-te do povoado ficou tão perturbado com sua proposta que decidiu exilá-lo. Mas qual projeto absurdo esse homem desenvolveu? Uma máquina de absorventes hi-giênicos com capacidade de baratear o produto. Pode parecer estranho, porém, no país, esse tema é um tabu e as indianas são consideradas impuras, doentes e até mesmo amaldiçoadas no período menstrual. Mas com uma única ideia, Muruganantham mudou a realidade de mais de mil vilarejos.

Embora esse caso possa causar espanto, Brasília não está imune à estagnação. Na verdade, muitas pessoas veem na cidade, por exemplo, portas abertas apenas ao concurso público. A grande parte se esquece de que a capital oferece várias possibilidades.

No entanto, o desejo de transformar a realidade dos brasilienses está vivo. Inspirados em um modelo di-nâmico de palestras que acontece em todo o mundo, com o nome de TEDx, estudantes da Universidade de Brasília trouxeram a novidade para a capital. O tema é “Brasília, um lugar de possibilidades” e, no evento, cada palestrante tem, no máximo, 18 minutos para es-palhar uma ideia.

E esse é o carro chefe: compartilhar pensamentos. Para isso, os organizadores juntaram, em um mesmo espaço, pessoas, de áreas diferentes, preparadas para provocar uma vivência única nos participantes. Inspi-rada pela composição física da cidade, a equipe sepa-rou os palestrantes em quatro temas distintos: “Se você olha Brasília de cima e vê as tesourinhas, que são sím-bolos clássicos, percebe que elas têm quatro entradas. O formato de avião do Plano Piloto têm quatro pontas. Então nada mais justo, do que dividir a capital em qua-tro grandes possibilidades a serem oferecidas”, escla-rece Caio Nunes, um dos organizadores da iniciativa.

Luiza Veiga, organizadora, explica melhor cada uma dessas unidades: “As primeiras são as possibili-dades brilhantes, representando ideias que brilham por si só. As segundas são inovadoras, ou seja, aque-las que constroem algo novo. Há as possibilidades criativas que estimulam a mente a criar algo. E, por fim, as possibilidades inesperadas vindas de onde menos se imagina.”

De acordo com o grupo, a divisão é o elemento chave para mostrar o que a cidade tem a oferecer. “O objetivo é unir palestrantes com grandes ideias, par-ceiros que queiram transformar Brasília e participantes com potencial de impacto, mente aberta e vontade de mudar a sociedade”, afirma Caio. O resultado de todo o trabalho está em despertar e disseminar conhecimen-tos impactantes na sociedade.

CaPa

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Foto: Alisson CarvalhoOrganizadores e palestrantes do TEDx se reúnem em ensaio antes do evento

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CaPa

Você já ficou incomodado com uma situação várias ve-zes? Engarrafamento quilométrico, desperdício de alimen-tos ou até aquela pessoa indesejável. O processo pode se repetir durante dias seguidos e, apesar do mal estar, não fazemos nada para mudar essa condição. Mas e se, de re-pente, enxergássemos aquele problema com outros olhos? Seria diferente, por exemplo, se trabalhássemos de bici-cleta, colocássemos menos comida no prato ou fôssemos gentis com o próximo. Há quem aceitou o desafio. “São pessoas com visão diferente de problemas. Elas pegaram situações e transformaram em possibilidades inovadoras”, conta Ana Gabriela Pereira, organizadora.

Thiago Lucas e Bruno Antunes modificaram a vida de ex-detentos. Juntos, eles reaproveitam madeiras de demoli-ção para criar uma linha independente de móveis em Bra-sília capaz de auxiliar na renda dessas pessoas. Segundo os jovens, é só uma questão de “ver com a cabeça aberta e conseguir enxergar naquilo uma possibilidade de fazer diferente. Nosso intuito maior é mostrar experiências e de-safios capazes de atingirem resultados.” O propósito dos empreendedores é motivar os participantes a irem além: “Todo mundo tem várias barreiras, mas as pessoas vão te ajudar se sua ideia é boa, verdadeira e positiva.”

É assim que Renata Florentino vê seu trabalho. Desde 2007, a socióloga realiza intervenções para transformar a mobilidade urbana na capital. O objetivo é quebrar mitos e encontrar alternativas de tornar Brasília sustentável. “A ideia é perceber como essas vivências diversas se encon-tram em pontos comuns e como elas podem ser trans-formadas para alterar a realidade da cidade.” Ao valorizar a vivência individual de cada pessoa, Renata mostra que “bicicleta não é só para passeio” e desperta atenção que, a médio e longo prazo, cidades desenhadas para favorecer o automóvel tornam-se insustentáveis.

Márcio Buson também teve o pensamento reciclado. Onde você vê sacos de cimento, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo viu tijolos. O processo de reconstrução utiliza as fibras do material para a produção de novos produtos completamente diferentes, como pa-redes e telhas. “É preciso enxergar possibilidades nos sa-beres postos. Estamos num estado em que se cria pouco e se refaz o que já está pronto. Seja criança. Seja curioso. Explore o mundo.”

Na linha de pensamentos atrevidos, Lucas Zaiden afir-ma ser essencial uma dose controlada de prepotência. Aos

Thiago Lucas, 25, e Bruno Antunes, 29A única dupla de palestrantes do TEDx desenvolve,

com ex-detentos, um trabalho de reaproveitar madeiras de demolição e criar móveis independentes em Brasília. A inovação começou, em 2010, quando Thiago, design, teve contato com uma cooperativa chamada Sonho de Liberdade localizada na Estrutural. Na época, a organi-zação revendia a matéria prima e produzia estacas para campanhas políticas. A renda obtida, por dia, era de apro-ximadamente 10 reais.

Com olhar empreendedor, o jovem aproveitou a opor-tunidade para desenvolver uma linha mobiliária de alto valor. Mas foi Bruno, administrador, quem movimentou o processo: “via as pessoas querendo adquirir e ter contato. O trabalho conseguia produzir e dar destaque, mas ainda tinha um vazio em levar isso para o mercado”. Juntos acreditaram no projeto e geraram negócio. Eles passaram

Possibilidadesinovadoras

Lucas Zaiden, 25Enquanto os amigos passavam o tempo livre

brincando, aos 12 anos, Lucas se divertia desen-volvendo sites e campanhas publicitárias. “Normal-mente, a gente escolhe o que vai ser para o resto da vida preenchendo uma bolinha. Eu tive a sorte gigante de conhecer um cara que trabalhava com propaganda. E me apaixonei.” Aos 17, procurou o primeiro estágio e foi contratado por uma agência brasiliense.

Dois anos depois, foi convidado a trabalhar em São Paulo. A partir dai, não parou. Madri foi a primeira possibilidade fora do Brasil e, em sequ-ência, a Rússia. A filosofia do empreendedor é a seguinte: “Se está me fazendo crescer, me coloca

doze, ele começou a trabalhar com publicidade e, menos de quinze anos depois, já ocupou cargos de destaque em São Paulo, Madri e Rússia. Atualmente, é Diretor Geral de Criação da campanha do Brasil para as Olimpíadas Rio 2016. “É uma oportunidade gigante de muita gente se en-contrar. Brasília é uma terra muito fértil e um lugar ideal para desenvolver qualquer tipo de inovação e criatividade.” Cada escolha determinou a trajetória do publicitário e ino-var diante dos desafios foi primordial.

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em conflito e existe ainda uma entrega que faz senti-do, o projeto não está terminado.” Tanta criatividade resultou em alguns Leões em Cannes, o mais impor-tante prêmio da publicidade mundial. O dia a dia do publicitário se expressa na “responsabilidade e com-promisso do trabalho, mas com a sensação de brincar em tudo o que faço.”

De volta à Brasília, Lucas foi convidado a ocupar o cargo de Diretor Geral de Criação da campanha do Brasil para as Olimpíadas Rio 2016. “Ironicamente, as melhores mudanças aconteceram em Brasília”, comen-ta o jovem em relação ao projeto e ao convite de pa-lestrar no TEDx. Ao ter a vida guiada por desafios, ele define atrevimento como a palavra da sua vida, desde que esteja na quantidade certa.

a idealizar, desenhar, expor e vender, sempre pensando nas limitações de maquinário e na situação de todos os trabalhadores. “Nosso sonho é estruturar cada vez mais a ideia e fazer disso a possibilidade de capacitação para eles” afirmam os empreendedores.

De acordo com Thiago e Bruno, o próprio TEDx é

uma oportunidade de gerar projetos, empreendimentos e ações voltadas pra a comunidade de impacto positivo. “Com o tempo, a gente entendeu que o principal não é ter ideia, mas compartilhar e validar. A partir do momento em que se unem pensamentos distintos, é criado algo mais interessante”

Foto: Emerson Damasceno

Foto: Wagner Augusto

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CaPa

Ser brilhante é um desafio. Essa nomenclatura sur-ge quando certa pessoa desperta em nós o brilho por mérito próprio. São atos, características ou uma con-quista que provocam admiração nos observadores. En-quanto a maioria vive de forma simples, um persona-gem brilhante produz sua própria luz. Assim também acreditam os organizadores do TEDx, para eles, “de al-guma forma suas ideias podem impactar e já impactam a sociedade onde eles vivem”, revela Cecília Lourenço.

Total consumidora de TEDx, a atriz, escritora, apresentadora de televisão e psicóloga brasiliense, Maria Paula, utiliza a oportunidade de palestrar no

BrilhantesTEDx para falar de uma coisa séria: transformar Bra-sília na capital da paz mundial. Para ela, nossa cida-de já é solo de muita harmonia, porque une naciona-lidades do mundo de forma amigável. “Brasília tem vocação de fazer com que todos consigam chegar ao diálogo e vou propor que a gente faça daqui um pal-co de negociação de conflitos”, afirma Maria Paula.

Foi em busca de compartilhar experiências e transformar realidade que Jéssica Paula passou dois meses no leste da África. Aparentemente, ser mulher, deficiente física e estrangeira atrapalharia a jovem, no entanto, ela mostra que “todos os pro-

Foto: Alisson Carvalho

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Maria Paula, 44O sorriso no rosto transparece a simpatia que todos já

conhecem. Foram mais de 15 anos atuando no programa Casseta e Planeta, quase dez escrevendo para uma colu-na semanal no Correio Brasiliense, além de vários filmes. No entanto, por trás da fama, Maria Paula é mãe, estudou medicina chinesa, acupuntura, e trabalhou em projetos que mudaram a saúde e educação do Brasil, como a ga-rantia à licença-maternidade de seis meses e a creches públicas de qualidade para todas as crianças do país.

No TEDx, uma ideia de caráter mais amplo invade os participantes: fazer da nossa cidade a capital da paz mundial. “Temos aqui todo o tipo de templo ecumênico, a Embaixada do Kuwait ao lado da dos Estados Unidos e todos vivem pacificamente.” Para ela, Brasília já é uma cidade plural e tolerante, e devemos espalhar esse senti-mento para o resto do planeta: “É preciso fazer disso re-almente um grande propósito. Que surja aqui uma plata-forma para alcançar o bem estar e, então, vamos oferecer isso para o mundo.”

Francisco Joaquim de Carvalho, 54“Minha profissão é livreiro. É uma profissão muito

simples, mas muito importante.” Assim é a vida de Chi-quinho. A rotina de trabalho com os livros se tornou o grande prazer de sua vida. Nascido no Piauí, veio para Brasília na década de 1970, quando começou o envolvi-mento com as letras. O primeiro emprego na capital era de jornaleiro. Para conseguir vender o jornal, ele lia todo o material e, de acordo com o perfil de quem passasse, enaltecia uma manchete diferente. “Se o moço gostava de futebol, era como se eu contasse algo sobre o Neymar. Se gostasse de fofoca, eu falaria da Gisele Bündchen.” Dessa forma, descobriu o perfil do próprio leitor.

À Universidade, chegou em 1975. Durante quatro anos, vendeu jornal e revistas, com olhar atencioso para a personalidade de cada comprador. Os livros complemen-taram o aprendizado. Foi por meio deles que desvendou e conheceu a fundo todas as pessoas, desde alunos a grandes escritores. Após quase meio século em Brasília, o livreiro acompanhou a evolução do processo da leitura e compreendeu a necessidade de conhecer a fundo cada autor e obra dos detalhes a superficialidades.

Para ele, brilhante é ter o cotidiano de labutar e ser amigo de várias figuras de Brasília. “É uma dádiva ter encontrado essas personalidades, pensadores e escrito-res.” Em memória, Chiquinho transforma a vida dos par-ticipantes do TEDx por meio de histórias marcantes de grandes nomes, como de Mia Couto, Eliane Lage, Cora Coralina, Rubens Figueredo e Jean Braudillard.

blemas podem ser vantagens. Não é porque se tem uma adversidade que isso vai ser um obstáculo. É só uma questão de transformar conflitos em grandes oportunidades”.

Como jornalista, ela entende não haver nada melhor do que uma experiência para modificar sua vida. “Trazer novas vivências para outras pessoas pode motivá-las e isso se torna um ciclo de ideias maravilhosas.”

Mas as ideias não precisam ser gigantes para bri-lharem. O professor Ricardo Fragelli, encontrou meto-dologias diferentes para engajar os alunos e fazer do estudo algo prazeroso dentro da Universidade de Brasí-lia. A temida disciplina Cálculo 1, conhecida pelo alto índice de reprovação, virou na sala de aula desafios, jogos e até simulações de shows de auditório. Os mé-todos conhecidos como o Rei da Derivada, Trezentos e Summaê garantiu, ao docente, oito prêmios nacionais sobre o Ensino de Ciências de Instituições como MEC, CAPES e ABED. Para os estudantes, a prática aumen-tou para 85% o índice de aprovação.

Trabalhar em prol da educação também é tarefa brilhante de Francisco Joaquim de Carvalho, popu-larmente chamado de Chiquinho. Há 40 anos na UnB, o livreiro é amigo de professores, alunos, servidores e escritores. Impossível mensurar quantas histórias já passaram pela “Livraria do Chiquinho”, mas o co-lecionador de autógrafos compartilha ideias através da ótica do livreiro e leva, ao TEDx, a experiência de ter encontrado essas múltiplas personalidades. Foto: Magnun Alexandre

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CaPaCaPa

Onde o senso comum alegar não existirem alternativas, surgem pessoas para provar o contrário. Esses perfis com-põem o bloco de possibilidades inesperadas. “Por trás de histórias e projetos, há personagens com trajetórias de su-peração que mostram ser possível executar uma ideia, basta ver um problema como possibilidade de crescimento”, res-salta Lázaro Viana.

Negra e de origem pobre, a vencedora do Prêmio Nacio-nal de Educação em Direitos Humanos de 2014, Gina Ponte, ultrapassou barreiras econômicas e sociais para gerar uma experiência transformadora na vida de seus alunos. Por meio de um projeto sobre mulheres, a educadora fez com que estudantes conhecessem histórias de “heroínas”, como Anne Frank e Malala Yousafzai. A vivência foi tão intensa que hou-ve entre os jovens um processo de ressignificação na forma como eles enxergam não só as mulheres, mas também a si mesmos. “A possibilidade maior que eu vi em Brasília foi voltada à educação. Eu vivi momentos transformadores em escolas públicas e decidi ser professora para permitir aos meus alunos essa experiência.”

Aproveitar oportunidades é também o grande motivador de Alexandre. Aos 23 anos, enquanto trabalhava para o Ba-talhão de Atividades Especiais da Polícia Militar, foi atingido

por um amigo de farda. Ao passar por uma operação radical, os médicos não encontraram outra saída a não ser amputar completamente a perna direita. Desde a primeira semana, Alexandre não se permitiu fazer daquela situação algo ruim. Voltou a se exercitar, entrou na faculdade, abriu um estúdio de tatuagem e, tempos depois, foi convidado a ser o primeiro fisiculturista amputado do Brasil.

Perceber as particularidades de cada indivíduo e enten-der o que os move é a grande paixão de Alex Cabon. O pa-lestrante e executivo francês domina, além do idioma natal, os dialetos inglês, português e o espanhol. Ajudar pessoas e organizações a alcançarem seu máximo é o grande interesse de Alex. Para o TEDx Universidade de Brasília, ele chama a atenção ao potencial do Brasil e evidencia a força da nossa pátria em ser um dos países mais eficientes do mundo.

Marco Gomes já colocou esse pensamento em prática. Fundador da Boo-Box, considerada uma das cinco empresas de publicidade mais inovadoras do mundo pela revista Fast-Company e apontada pela Forbes como um dos empreendi-mentos mais inovadores do Brasil, ele coordena uma equipe com mais de 40 pessoas e atinge 6 em cada 10 brasileiros conectados. Mas para tirar os planos do papel, o empreende-dor contrariou várias estatísticas.

Possibilidades inesperadas

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Marco Gomes, 28Em 2006, Marco Gomes ficou incomodado com a for-

ma como as publicidades em mídias sociais e blogs eram feitas. Praticamente formado por links patrocinados com textos e sem imagens, o jovem viu nesse espaço uma possibilidade de aprimorar o setor. “Não me sentia bem ao relacionar meu conteúdo, que eu tinha tanto trabalho de produzir, com os anúncios feitos. Faltavam riqueza e beleza espalhadas em vários sites ao mesmo tempo”, con-ta o blogueiro.

No ano seguinte, um protótipo sobre o assunto estava pronto e chamou a atenção de investidores. Logo, a ideia transformou-se em projeto e, em sequência, surgiu a Boo-Box, empresa que atualmente atende clientes mundiais como a Ford, Unilever, PNG, Google e Microsoft. No en-

Alexandre Medeiros, 36Alexandre teve uma adolescência como a maioria dos

jovens de sua época. Aos 18, ingressou no exército. Em sequência, passou no concurso da Polícia Militar e foi alocado para o Batalhão de Atividades especiais. No en-tanto, sua vida mudou cinco anos depois. Atingido por um colega de farda, o jovem ficou 40 dias internado e, dentro desse período, uma operação radical resultou na amputação de uma perna. O processo foi um despertar. “Eu tinha a possibilidade de parar e pegar o salário no final do mês ou eu podia continuar e tentar construir algo melhor. A primeira hipótese eu já sabia o resultado. Decidi arriscar a segunda”

Com 15 dais de alta, começou a nadar e, uma semana depois, voltou a fazer musculação, mesmo sem autoriza-ção médica. Também decidiu cuidar da mente: passou para no vestibular para História e, anos depois, já estava como professor em sala de aula. “Só o fato de fazer o nor-mal já chamava atenção e entendi que realizando o nosso papel, conseguimos algo importante. Para mudar, é pre-ciso partir de si.” No entanto, um convite inesperado, em 2013, marcou sua história. “Um técnico de fisiculturismo me viu treinando e percebeu um potencial. Eu achava super estranho as pessoas fazendo aquelas poses, mas era uma oportunidade de realizar algo diferente.”

O desafio fez com que ele se apaixonasse pelo exer-cício. Com o tempo, percebeu que a prática era formada por pessoas inteligentes com objetivo de construírem algo melhor. Esse pensamento o guia até hoje. “A gente costuma achar que, para mudar o mundo, temos de fazer coisas grandes, mas só é preciso conhecer a nós mesmos. Não tem nada que te impeça, a não ser você.”

tanto, Marco Gomes não só inovou como contrariou a maioria das estatísticas. “Muitos diriam ser impossível ter feito uma empresa que gera renda para mais de 60 mil pessoas no Brasil. Como morador do Gama e com ensino público, a tendência era eu ter um emprego mediano ou ser funcionário público.”

Essa experiência ele deseja transmitir no TEDx. “Não digo que é fácil ou igual, mas com a dedicação correta e estando no lugar e hora certos, você pode aumentar as chances.” Para o empresário, o evento traz mais moderni-dade e amplia os horizontes de carreiras para quem está no processo de educação. Trazer à tona temas como o empreendedorismo tende a mudar o cenário de Brasília e livrar a cidade do estigma de que concurso público é a única opção.

Foto: Wagner Augusto

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Da capital formada por pessoas de vários luga-res e culturas diferentes, existem aquelas que apro-veitam a diversidade para solucionar problemas de forma criativa. As práticas são aplicadas dentro do empreendedorismo, questões sociais ou lazer. “Es-peramos que os participantes tirem, dessas palestras, um pouco das soluções e apliquem nas dificuldades diárias”, comenta Iago Boson.

Apolinário Passos é estudante de Comunicação Social na UnB. Antes de terminar sua segunda gra-duação, o jovem já leva para o TEDx suas ideias e representa os universitários no evento. Em 2010, en-quanto ainda cursava Ciência da Computação, ino-vou na forma de produzir sistemas e desenvolveu sites para UNICEF, Sebrae e o site oficial da Dilma. Em uma viagem profissional, Apolinário coordenou a campanha digital da campanha presidencial em Gana e, depois dessa experiência, foi em busca de novos ares. Autodidata, criativo e multidisciplinar, o empreendedor defende a ideia de que devemos estar sempre em busca de aprendizado. “Se algo te atiça a curiosidade, não deixe de lado. Corra atrás e veja até onde isso te leva.”

No caso de Fábio Pedroza, foi a música que o fez superar as adversidades e atravessar problemas de forma criativa. Baixista da banda Móveis Coloniais de Acajú, fundou a Agência Circula, uma incubado-ra de bandas independentes do Distrito Federal. Há mais de 16 anos no ramo, transformou arte em negó-cio e já organizou vários cursos para formar produ-tores de eventos culturais na capital. “A música pode ser transportada para qualquer outra possibilidade. Porque, no fundo, você está trabalhando criatividade e crescimento entre seres humanos.” Ao conciliar estratégia e cultura, o empreendedor ultrapassou di-ficuldades do mercado artístico e as transformou no seu diferencial.

No TEDx, a originalidade ultrapassa barreiras. O professor do Departamento de Desenho Indus-trial, Tiago Barros desvenda, pela ótica do design, o mistério da inteligência artificial. Conhecido pela sua pesquisa no campo da arte computacio-nal evolutiva sobre a vida artificial, ele mistura áreas diferentes para encontrar, equilibrando arte e tecnologia, um pensamento lógico nas relações sociais atuais.

Criativos

CaPa

Dentro das relações diárias, a Professora do Departa-mento de Psicologia Valeska Zanello aborda um assunto aparentemente comum no nosso dia a dia: o xingamento. Feminista e coordenadora do grupo de pesquisa “Saúde mental e Gênero”, ela analisa o hábito cotidiano de forma divertida e sob uma ótica do comportamento. Diante de cada situação, Valeska busca compreender como as pa-lavras tomam forma e desvendar as diversas mensagens passadas através do ato de xingar.

Foto: Alisson Carvalho

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CoMPortaMeNto

A liderança nem sempre é uma característica presente no perfil dos gestores. Entenda mais sobre a importância dessa habilidade e de como detectar se você é, ou não, um líder | Taise Borges

XChefes Líderes

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delegar tarefas, garantir que os prazos se-jam cumpridos, prezar pela qualidade das entregas. Essas são algumas das demandas diárias dos chefes – gestores que ocupam cargos hierárquicos dentro das organizações e, por vezes, lidam com equipes numerosas e profissionais de personalidades totalmente diferentes. No entanto, para conseguir que a

equipe trabalhe com harmonia, visando os mesmos ob-jetivos, o gestor precisa ser mais que um chefe: é fun-damental que ele seja um líder para os profissionais que dirige. O bom líder não é aquele que necessariamente sabe realizar as tarefas técnicas – e essa é uma de suas características peculiares: ele sabe reconhecer as habili-dades dos colaboradores e se cercar de pessoas que do-minam a metodologia.

O líder também tem maior capacidade de inspirar e influenciar as pessoas. Mostra a direção que a equipe deve seguir e caminha junto dela, ajudando na superação das dificuldades. Não busca apenas os resultados, mas a melhor maneira de alcançá-los. Tem a capacidade de ou-vir e se fazer ouvido. O chefe que não possui a capacidade de liderança, no entanto, age de forma diferente. Ele ten-de a comandar a equipe, impor ordens e ser autoritário. É temido, não respeitado. Centraliza o poder e só pensa em resultados e lucros, deixando de lado o bem-estar co-letivo. Seus colaboradores não se sentem abertos a relatar problemas ou pedir conselhos, afinal, o chefe faz questão

A equipe leva em consideração o que o chefe diz? Cumpre os prazos estipulados por ele? O grupo é unido ou fragmentado? Quanto alguém está com problemas, cos-tuma procurar o chefe ou outro integrante do grupo? As respostas a essas perguntas podem indicar se um gestor ocupa, ou não, o papel de líder dos seus colaboradores. Se o chefe reconhece que não exerce a liderança da equipe e deseja aperfeiçoar a habilidade, ele deve procurar auxí-lio. “Existem cursos de liderança que facilitam o autoco-nhecimento. Adquirir informações relacionadas à gestão de grupo, imposição de limites, engajamento e integração dos colaboradores à organização também é importante”, lembra Henrique Santana.

De acordo com Wilson Contoyannis, há gestores que lideram pelo carisma, pelo magnetismo pessoal. Essas são qualidades inatas aos indivíduos – o que não significa que não possam ser aperfeiçoadas. No entanto, a liderança como competência, que inclui atitudes e comportamentos espe-cíficos, pode ser desenvolvida por qualquer pessoa e po-tencializar o que o indivíduo já tem em sua personalidade. “Qualquer um pode ser treinado para liderar, mas a forma como essa liderança será exercida terá muito a ver com a personalidade individual. Alguns vão usar mais o carisma, por exemplo; outros, a persuasão”, ressalta o consultor.

Se a falta de liderança do chefe atrapalha o desempenho

Meu chefe não é um líder

de apontar os erros da equipe. Se algo não dá certo, joga a responsabilidade sobre os funcionários e não divide o mérito quando o objetivo é alcançado.

O chefe pode e deve ser um líder, mas um líder não ocupará, necessariamente, um cargo de chefia. “Por ve-zes, estamos inseridos em uma equipe em que um dos colaboradores é aquele que, efetivamente, é ouvido pelo grupo, enquanto o chefe lança mão do poder hierárquico que possui para fazer com que os processos aconteçam, muitas vezes de forma autoritária”, explica o consultor Henrique Santana. Assim como existem gerentes que não são bons líderes, também é possível encontrarmos líderes que não são bons gestores. “O líder sem habilidades ge-renciais pode conseguir inspirar a equipe, mas não é ca-paz de fazer com que ela atinja os resultados necessários. Falta-lhe habilidade para administrar as rotinas organiza-cionais”, complementa o consultor Wilson Contoyannis.

Se o chefe e o líder são pessoas diferentes, a equipe pode se dividir entre os que ficam ao lado do primeiro – por medo da punição – e os que se identificam mais com as ideias do segundo. Ao invés de se consolidar como uma equipe unida, de alto desempenho e que trabalha pelas mesmas metas, o grupo sofrerá uma ruptura. “Uma das atribuições do chefe – e, para isso, é preciso que ele seja um líder – é manter a unidade da equipe e adminis-trar as emoções dela”, explica Henrique. Segundo ele, o chefe ideal deve ser capaz de equilibrar duas questões: o aspecto emocional do grupo e a gestão das tarefas.

da equipe, o colaborador pode se posicionar por meio de ferramentas institucionais como o feedback 360º e a pes-quisa de clima organizacional. Mas, se esses mecanismos não fazem parte da cultura da empresa, é possível que o chefe dê abertura para receber opiniões dos funcionários. Dessa forma, o feedback pode ser transmitido por meio da sugestão de um novo processo para a organização. É o que explica Henrique Santana: “Se as entregas não obedecem aos prazos estipulados, pode ser sugerido um quadro para que a equipe faça um checklist das tarefas. O colaborador não terá dito que o chefe é desorganizado, mas solucionará um problema de gestão da empresa”.

Para o consultor, liderar com transparência é funda-mental. Por isso, é importante que o chefe deixe claro qual o modelo de gestão do empreendimento, os princí-pios que regem a relação entre chefia e colaboradores, as ferramentas de cobrança das tarefas e os prejuízos que a equipe terá caso elas não sejam cumpridas dentro do pra-zo. Ressaltar os benefícios que caberão aos colaboradores de destaque também é necessário. “Sabe-se que uma das principais causas para a troca de emprego, atualmente, não é a questão salarial, mas o relacionamento com a che-fia: o colaborador não é ouvido, não é reconhecido, vive em um ambiente ruim de trabalho e não se enxerga como parte da organização”, explica Henrique.

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CoMPortaMeNto

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Leonardo Antonialli é um dos três sócios de uma em-presa brasiliense de tecnologia. Após dez anos adminis-trando o empreendimento da mesma maneira, os gestores perceberam que a desmotivação pela qual passavam re-fletia no desempenho da equipe de colaboradores. Bus-caram, então, o auxílio de um consultor para diagnosticar os problemas e encontrar soluções. Era preciso retomar a direção do trabalho, que fluía de forma muito solta, e en-contrar o equilíbrio entre controle e liberdade. Desenvol-ver a liderança dos chefes foi uma necessidade natural.

“Fizemos uma autoavaliação e percebemos que os

mesmos problemas aconteciam há anos. Para quebrar o ciclo e mudar o formato da gestão, propomos mais trans-parência e a retomada do comando do grupo. Mostramos que os donos da empresa estavam de volta, motivados e dispostos a liderar pelo exemplo”, explica Leonardo. Para ele, a liderança do chefe é essencial tanto aos gestores, quanto aos colaboradores. Apenas os líderes que conhe-cem bem a organização e a equipe são capazes de fazer um bom trabalho: “É preciso entender cada área da em-presa, cada atividade e, aí sim, liderar o grupo e cobrar a realização das tarefas”.

Teoria situacionalConsidera que, dentro de um grupo,

existem várias situações possíveis e di-versos perfis diferentes de líderes. A si-tuação faz o líder e determina sua forma de liderar. Se, por exemplo, é preciso to-mar decisões relacionadas à gestão, um entendedor do assunto assumirá a lide-rança. Da mesma forma, um profissional do setor de RH será o líder se a decisão a ser tomada envolver questões relaciona-das a recursos humanos.

Caso de sucesso

Preocupação atualJovens profissionais estão ocupando cargos de chefia

cada vez mais cedo. Em comum, eles têm a preocupa-ção de trabalhar em empresas onde seus esforços são reconhecidos, em que haverá espaço para crescer e se desenvolver e onde seus colaboradores poderão usufruir dos mesmos benefícios. É o que explica Henrique Santa-na: “Se analisarmos as jovens empresas, veremos que elas estão cada vez mais preocupadas com o fator humano e voltadas mais para a cooperação do que para o controle. A meta está sempre visível, mas sabe-se que, quanto mais

a equipe está satisfeita, mais resultados ela proporcionará à organização”.

Entre as prioridades dos jovens chefes também está o desenvolvimento da liderança. Isso explica a proliferação de cursos sobre o assunto e a inserção do tema em pes-quisas de graduação. Ao passo que a liderança se tornou alvo de estudos, surgiram diversas teorias que objetivam analisar o funcionamento dessa dinâmica e instruir aque-les que desejam dominar as técnicas. Dentre as princi-pais, destacam-se:

Teoria do Carisma Acredita que o carisma é

o principal fator da lideran-ça. Exercê-la, portanto, só é possível àquele que tem o carisma na essência da per-sonalidade. É através dessa característica que o líder con-segue conquistar a empatia dos liderados, motivá-los de forma natural e influenciá-los a seguir o melhor caminho.

Teoria da AtribuiçãoDefende que o líder de

uma equipe é revelado por meio de um processo natural ao longo do tempo. O líder é colocado nesse papel com o consentimento dos demais in-tegrantes do grupo, sendo que essa responsabilidade é dada por merecimento, com base na conduta do escolhido.

Teoria TransformacionalSustenta o argumento de que o

verdadeiro líder é capaz de mudar o comportamento dos liderados a partir da inspiração, estímulo intelectual e consideração das necessidades indi-viduais de cada um. O líder, portan-to, motiva as pessoas a agirem além de suas capacidades e, dessa forma, alcança os resultados desejados pela organização.

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eMPreSa Verde

Quando se trata de consumo sustentável, a impressão comum é que as evoluções não duram, e que o percurso é mais difícil do que o usual. De tempos em tempos, práti-cas inovadoras perdem espaço no mercado ou são mantidas a um custo salgado, repas-sado com mais força para o consumidor. Mas se esses altos e baixos são naturais a

qualquer setor da economia, o cenário atual é de subida – e, a nível nacional, Brasília está na crista da onda.

A boa maré é uma combinação rara – e desejada – de fatores, a começar pelo comportamento dos brasileiros em relação ao impacto causado à natureza. Comandada pelo Ministério do Meio Ambiente, a pesquisa “O Que O Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável” é o panorama nacional mais detalhado do tema. Nele, trabalham em parceria órgãos federais, orga-nizações não governamentais, setor privado e institutos de pesquisa. Com intervalo por volta de meia década entre um estudo e outro, a publicação mais recente tem pouco mais de dois anos, e está na quinta edição. O resultado? Nesta, foi explorada pela primeira vez a rela-ção entre sustentabilidade e consumo – e a consciência ambiental no país quadruplicou.

Quando a primeira pesquisa foi feita, há 23 anos, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Am-biente e o Desenvolvimento – conhecida como Eco-92, com sede no Rio de Janeiro –, o tema “meio ambiente” não era sequer elencado como um dos dez maiores pro-blemas do Brasil. Já na última edição, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

Sinal verdeEmpresas do DF se destacam nacionalmente na produção sustentável e se mantêm com as próprias pernas| Eduardo Barretto

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– Rio+20, também na Cidade Maravilhosa –, a questão já aparecia em sexto lugar. Se 46% dos entrevistados não sabiam citar um problema ambiental no país, cidade ou bairro em 1992, a cifra foi de 10% em 2012. Além de ser um marco conceitual para a pesquisa, a Eco-92 pavi-mentou o caminho para o Protocolo de Kyoto, que seria aberto para assinaturas cinco anos depois.

Bons cenários nacionais, isolados, nunca foram su-ficientes para determinar conjunturas de cidades. Mas outro estudo recente baliza os consumidores do Cen-tro-Oeste e o Norte – tomados como um grupo só pela pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira - Perfil do Consumidor Brasileiro 2014”, da Confederação Nacio-nal da Indústria (CNI) – como campeões em consciên-cia na hora de adquirir produtos. Dos moradores dessas regiões, 62% estão dispostos a pagar mais por um bem se souberem que ele foi produzido corretamente em quesitos ambientais. Em segundo vem o Nordeste, 11 pontos percentuais abaixo. A média nacional é de 50%. Consumidores do Centro-Oeste e Norte também são os que mais levam em conta se a empresa prejudica o meio ambiente, e mais pesam o consumo de energia do pro-duto na decisão de levá-lo para casa.

“O DF tem características diferenciadas, parecidas com as de países desenvolvidos. Altos índices de es-colaridade, renda, padrão de vida. E aqui tem outra semelhança: a tendência de se preocupar com o meio ambiente e o consumo sustentável”, explica José Ma-tias-Pereira, professor de Administração da Universida-de de Brasília.

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MerCado SUSteNtÁVel

Qualquer movimento em direção a medidas verdes dentro da empresa é um investimento, uma aposta – mesmo que seja o certo a fazer. Isto é, nenhum cenário favorável vai oferecer uma grande margem de segurança para essas mudanças a ponto de a coragem e o espírito empreendedor não serem decisivos.

Há quatro anos à frente do restaurante Babel, na 215 sul, o chef e gestor Diego Koppe (foto) começou logo a alterar procedimentos, mas não ficou só no reaprovei-tamento de água: até a admissão de funcionários – um processo estritamente interno e nem sempre pensado estrategicamente – já era peça da nova cultura buscada pela empresa.

Por mais que, na relação empresa-empregado, seja dou-trinada a importância de alinhamento entre valores organi-zacionais e valores pessoais, nem sempre fica clara a apli-cação prática dessa receita. Mas quando uma embarcação quer ser impulsionada por novos ventos, os marinheiros devem estar dispostos a ajustar as velas quantas vezes for

eMPreSa Verde

ATENCaO TRIPULACaO DeCOLAGEM AUTORIZAdA

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preciso. Da mesma forma, é preciso muito mais do que um bom piloto para que um avião faça um bom percurso.

“Não adianta eu querer empurrar um hábito de cons-ciência ambiental em quem não faz isso em casa. A pes-soa que não deixa luz acesa, que cozinha reaproveitando comida incorpora esses costumes, e não preciso nem dar treinamento. É da pessoa”, conta Koppe.

Os frutos começam a brotar: a empresa reduziu seu quadro de funcionários de 12 para quatro; a cozinha só processa os alimentos em um dia da semana – cortan-do o desperdício com o processo Cook & Chill; até a máquina de gelo entrou na dança do reaproveitamento de água; e os clientes viram saltar aos olhos uma doce novidade: alguns pratos, como os finos risotos e filés, tiveram o preço enxugado em mais de R$ 20 – “Sem mudar absolutamente nada da qualidade. Eles perce-bem”, promete o chef, que também tem uma empresa de consultoria e apresenta o caso Babel em palestras empresariais Brasil afora.

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Foto:Wagner Augusto

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O mercado de lava-jatos tem muito do que reclamar. No Distristo Federal, a conta de água já subiu 16,2%, com reajuste em março. O Sudeste brasileiro vive a pior crise hídrica do século, e a Câmara Municipal de São Paulo aprovou em fevereiro um proje-to que prevê multa de R$ 1000 para quem for flagrado lavando carros ou calçadas com água tratada. A matéria ainda precisa passar pela sanção do prefeito Fernando Haddad (PT), mas é sintomática: lavar carros nesses tempos despencou na lista de prioridades.

Na contramão da seca nos negócios, uma empresa brasiliense do ramo vai em boa cor-renteza. A Restaura Car começou há cerca de nove anos, na Asa Sul, quando Flávio Bonfá começou a lavar carros com água re-aproveitada da chuva. Hoje, são 12 lojas na capital e uma no Rio.

Enquanto os carros são limpos, o chão está seco. Os funcionários não utilizam aven-tais, botas de borracha ou óculos proteto-res. Inacreditável para um lava-jato, a cena se repete na empresa. Não há mangueiras,

sabão, jatos, esponjas: somente soluções à base d’água – duas de fabricação própria – e panos especiais. Para cada carro lavado, um lava-jato convencional gastaria cerca de 400 litros de água, diz Vitor Bonfá, filho de Flávio e sócio da Restaura Car no Taguatinga Sho-pping. Em cada ecolavagem, são gastos de quatro a seis litros – até cem vezes menos.

“Aqui o cliente sai de carro limpo, mas de consciência limpa também”, diz Bruno Cavalcante, gerente da loja de Taguatinga, em funcionamento há seis meses. A conta de água da loja não passa dos R$ 300, con-ta Bonfá, e é mais provável que o gasto seja maior com luz do que com água – algo im-pensável para um lava-jato.

As unidades, que costumam ficar em garagens ou estacionamentos, agendam horários e oferecem ainda uma garantia automática de 24 horas em caso de chu-vas. No Brasília Shopping e no Taguatinga Shopping, os clientes podem deixar lixo eletrônico, que é enviado para cooperati-vas de reciclagem.

ATENCaO TRIPULACaO DeCOLAGEM AUTORIZAdA

A CHEIA NOSNEGoCIOS

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Foto:Wagner Augusto

Foto:Wagner Augusto

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eMPreSa Verde

Para cumprir e superar expectativas dos clientes, as empresas devem saber o que seus consumidores espe-ram quando o assunto é responsabilidade com o meio ambiente. Afinal, o que é aguardado das empresas? A percepção desses valores vai muito além de propagan-das. É necessária uma relação de confiança, já que, por via de regra, a compra de produtos mais rigorosos e conscientes vem mais cara, e a primeira reação é prio-rizar o que dói menos no bolso. A consciência leve não sobrevive com o bolso vazio – e isso vale para quem está dos dois lados do balcão.

Na pesquisa “O Que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável”, foram publicadas várias respostas sobre o que é realmente demandado das empresas, na escolha de cada cliente. As afirmações mais recorrentes orbitam em torno de quatro pilares. O primeiro é atuar por convicção, mais do que por marketing. Isso quer dizer que o cliente não quer ver uma pirotecnia de selos responsáveis se na cozinha do restaurante o desperdício é rotina. É al-mejado que as empresas ajam por ideais – assim como

SELO DE PROPAGANDA

é mostrado em qualquer publicidade.Em seguida, vem a necessidade de reprogramar

processos. Produtos mais duráveis, recicláveis, menos agressivos e mais econômicos devem passar na frente preferencialmente. Na ponta do lápis, o barato pode sair caro, e o abastecimento da loja deve ser pensado não mais somente em curtíssimo prazo.

O terceiro ponto mais citado pelos entrevistados é que as empresas tomem a iniciativa, antes de qualquer pressão dos consumidores ou do próprio mercado. Nada mais natural para quem deve agir por convicção.

Fechando a quadra de conselhos está a preocu-pação com o bem-estar da empresa. Quando se fala de consumo sustentável, não está em curso uma ten-tativa de desmantelar o negócio. Pelo contrário: os clientes também esperam que a imagem institucio-nal e a competitividade da empresa tenham valores agregados como fruto de uma maior responsabilida-de socioambiental – até para que isso possa ser visto com bons olhos pelo resto do mercado, e as boas práticas se alastrem.

Pesquisa REALIZADA NO CENTRO OESTE

O(a) sr(a) estaria ou não estaria disposto a pagar mais caro por um produto se soubesse que a sua produção é ambiental-mente correta?

Em sua decisão de comprar um eletrodoméstico ou eletrônico, o(a) sr(a) leva ou não leva em conta o consumo de energia do produto, buscando aqueles que consomem menos energia elétrica?

Estaria disposto -------------------------- 62%Não estaria disposto -------------------- 20%Depende do quanto mais caro ------ 12%Não sabe/Não respondeu --------------6%

Sim --------------------------------------------------------------------------------------------------------79%Não --------------------------------------------------------------------------------------------------------11%Depende da diferença do preço -----------------------------------------------------------------11%Não sabe/Não respondeu ---------------------------------------------------------------------------2%

Em sua decisão de comprar um produto, o(a) sr(a) leva em conta se a empresa que o produz prejudica o meio ambientena sua produção?

Sim ------------------------------------------- 46%Não ------------------------------------------- 44%Depende da diferença do preço ------6%Não sabe/Não respondeu --------------4%

Fonte:CNI

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Consumir de modo consciente não se restringe a compras pontuais e caras. Mesmo as escolhas do dia a dia estão carregadas de consequências ambientais – e o movimento comum é uma transição gradual. Engana-se quem pensa que só veganos gastam mais com um produto ambientalmente responsável.

O Bioon, o maior ecomercado de Brasí-lia, tem mais de 7 mil produtos cadastrados. Higiene, suplementos, hortifruti, limpeza, cosméticos: tudo passa pelo pente fino que busca por realçadores de sabor, adoçantes, corantes, conservantes. Davi Neves, proprie-tário, diz que o processo é feito com calma, e que cada rótulo é lido.

“Ainda não acho que as pessoas pagariam mais por um produto sustentável, só por ele ser sustentável. Se pesar somente isso, acho que ainda escolhem o que custa menos. Mas se nessa decisão entrar saúde, bem-estar pes-soal, aí eu acho que as pessoas pagam mais caro sim”, explica Neves.

Giovanna Vicentini, estudante de Publici-dade de 21 anos, frequenta o Bioon principal-mente por causa dos cosméticos. Lá, nenhum produto desse tipo é testado em animais, por exemplo. “Para alimentação, acho que hoje já está mais comum achar produtos natu-rais e atitudes sustentáveis. Mas quanto a cosmético ainda é muito difícil. São usados muitos produtos químicos que a gente nem sabe que estamos absorvendo pela pele ou cabelo. Na indústria cosmética, é algo que as pessoas pouco se importam, apesar de ser algo bem sério”, afirma.

Já Amanda Venício, estudante de Jorna-lismo, é vegana e prioriza os produtos indus-trializados do ecomercado. As compras são pontuais porque são mais caras. Também estudante, Flávia Mendonça não é vegetaria-na ou vegana, e justifica o hábito como uma decisão pessoal de harmonia com a natureza. “Faz um tempo que tomei a decisão de levar a minha vida de uma forma diferente, mais

harmônica possível com o meio ambiente e com o meu corpo. Estou no caminho para me tornar vegetariana”, conta.

Além da rigorosa seleção do que pode ser comercializado, o ecomercado fomenta pro-dutores rurais orgânicos, coleta lixo e óleo de cozinha e faz ações de conscientização am-biental com crianças da Escola Parque 303 Norte. O piso da loja não foi ao fogo para ser produzido, e os uniformes dos funcionários são feitos de garrafas PET.

A disposição do público de se engajar com ações verdes também pode ser verificada em eventos temáticos. Foi o caso do Vila Brasil, no começo de dezembro do ano passado no Parque da Cidade, cuja programação cultural atraiu 20 mil pessoas. Uma iniciativa do Vila trocava dez latinhas de alumínio vazias por uma cheia. Desfecho: foram recolhidas com a ação 5490 latas vazias, mais de 70 kg – e retornadas à plateia 549 latinhas cheias gratuitas. O modelo já é estudado para apli-cação em outras capitais. Para julho deste ano, a R2 Produções pretende realizar um evento sem copos descartáveis, com bici-cletas que geram energia para recarga de celular e atividades físicas com maquinário para bombeamento de água.

Os hábitos sustentáveis podem estar até em estabelecimentos com fluxo frequente de pessoas, sem estar necessariamente relacio-nados com produtos mais refinados, como um supermercado. A unidade do Super Maia de Sobradinho é modelo verde para todo o Distrito Federal há cerca de um ano e osten-ta o número expressivo de 60% de economia desde que as mudanças foram implementa-das. Biodiesel é utilizado no gerador de ener-gia; a luz elétrica só é ligada quando o dia está com pouca iluminação natural; a água da chuva é captada; o telhado é térmico; a frota de caminhões tem controle de fumaça; e só são utilizadas lâmpadas LED, que duram 25 vezes mais e são recicláveis.

ECONOMIA SEMPREJUIZO AO VERDE

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O talentode umconselheiro

GeNte QUe FaZ

Desde a graduação, Renato Santos adquiriu experiência em empreender e, hoje, compartilha seus conhecimentos com empresários do mundo inteiro| Taise Borges

Este mês, o Gente que Faz conta a história de um administrador que dedica sua vida a in-centivar o empreendedorismo no Brasil e no mundo. Renato Santos é consultor do Sebrae – o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas – e já representou a entidade em eventos por todo o país e em programas de TV. Além disso, é cofundador da atual ver-

são do Empretec, programa desenvolvido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) e que, hoje, é o principal método, do mundo, para formação de empreendedores. Impulsionar o empreen-dedorismo proporcionou, a Renato Santos, um dos “maiores patrimônios conquistados durante a carreira”: ele já conhece todos os estados brasileiros e 48 países do planeta.

Nascido em Uberlândia, Minas Gerais, e criado em Goi-ânia, Renato Santos escolheu Brasília para estudar e fazer carreira. Aos 16 anos, mudou-se para a capital federal, onde cursou Administração na Universidade de Brasília (UnB). “Sou apaixonado por esta cidade”, confessa o empreende-dor que, desde a graduação, já revelava o desejo de ter o

O talentode umconselheiro

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O talentode umconselheiro

cência, identificou uma oportunidade de negócio. A irmã do sócio de Renato tinha uma empresa especializada na im-pressão eletrônica de projetos arquitetônicos. As motos res-ponsáveis pelas entregas das impressões chamavam a aten-ção pela eficiência do serviço e credibilidade transmitida pelos entregadores, que andavam uniformizados. A empresa começou a ser demandada, então, para realizar entregas – serviço que não oferecia. Renato e o amigo aproveitaram a chance: uniram-se e fundaram a vertente da empresa espe-cializada em transporte e distribuição de produtos.

Em paralelo aos investimentos na empresa de logística e na rede de restaurantes, Renato desenvolveu a atividade de consultor. Hoje, o administrador atende organizações no Brasil e no exterior. “Foquei minha carreira no trabalho de consultoria, no atendimento a empresas e instituições como o Sebrae”, explica. Recentemente, Renato Santos aceitou outro desafio: o empreendedor exercerá o cargo de CEO da Megamed Saúde, rede paulista de clínicas e labo-ratórios voltada para a nova classe média. “Meu foco, em 2015, é consolidar a atuação da Megamed em São Paulo e continuar atuando como consultor do Sebrae.”

próprio negócio. Durante o curso, Renato foi presidente do Centro Acadêmico de Administração da UnB e participou da fundação da AD&M Consultoria Empresarial – empresa júnior onde os estudantes, ainda hoje, podem experimen-tar o cotidiano do mercado de trabalho ao executar pro-jetos e ocupar cargos de gestão. Renato, posteriormente, também assumiu a presidência da AD&M.

O contato com o Sebrae começou aí: a empresa júnior fez um convênio com a entidade de apoio às micro e pe-quenas empresas. A parceria foi o impulso que a AD&M precisava para se desenvolver e para que Renato Santos in-gressasse no Sebrae como consultor. “Tenho muito orgulho dessa parceria de mais de 20 anos com a entidade”, afirma. Dos tempos de UnB, também surgiu a sociedade que deu origem, em 2006, a uma rede de restaurantes. Renato Santos se juntou a dois colegas de faculdade e abriu os estabeleci-mentos em diversos shoppings de Brasília. Hoje, mesmo de-pois da mudança de marca dos restaurantes, Renato ainda é sócio de algumas operações da rede em Brasília.

O empreendedor também atuou na fundação da Traço Logística, quando, em parceria com um amigo da adoles-

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O conhecimento sobre o cenário econômico do Dis-trito Federal permite a Renato Santos avaliar os principais obstáculos e facilidades encontradas pelos empreende-dores brasilienses. E para o administrador, as vantagens, no DF, superam as dificuldades: “Considero o Distrito Federal um local muito propício para empreender. Vejo menos dificuldades aqui do que em outros lugares do país”. Renato lembra que a média de renda da população brasiliense é muito superior à nacional. Essa realidade possibilita a demanda por produtos classificados como “supérfluos”. “É possível ir muito além daquelas necessi-dades básicas, como alimentação, vestuário, saúde, trans-porte. Há mercado para negócios muito especializados”, explica Renato.

De acordo com o consultor, a população altamente educada e com um dos maiores percentuais brasileiros de acesso à internet também viabiliza negócios com in-vestimentos iniciais baixos, desenvolvidos através da rede. A implantação de novos empreendimentos, no entanto, é prejudicada por uma questão: perdemos para várias uni-dades da Federação quando o assunto é acesso à mão de obra qualificada. “No Distrito Federal, competimos com o governo pelos grandes talentos. É o único senão que vejo em empreender no DF.” Renato exemplifica: “Se consigo um gerente para minha empresa – um profissional qualifi-cado, inteligente, com energia – é provável que ele traba-lhe durante o dia e, à noite ou no final de semana, esteja se preparando para uma oportunidade no setor público”.

Em 2011, a convite do Sebrae, Renato Santos estreou como comentarista das tarefas realizadas pelos participantes do programa O Aprendiz, da Rede Record. Dois anos de-pois, o empreendedor assumiu a função de conselheiro ao lado de Roberto Justus, apre-sentador do programa. “Descobri que não há limites para o que as pessoas são capazes de fazer quando estão comprometidas com um objetivo. Quando motivadas, fazem o que acreditamos ser impossível. Também não há limites para o que um bom líder é capaz de

instigar em sua equipe”, afirma Renato ao co-mentar as lições aprendidas com os partici-pantes do programa.

Antes do reality show, Renato já havia re-presentado o Sebrae no programa Hoje em Dia, da mesma emissora, no qual respondia dúvidas dos telespectadores sobre pequenos negócios. Também participou do quadro Ne-gócio Fechado, no programa de Luciano Hulk, na Rede Globo. Desde 2013, Renato Santos é consultor do Minuto Sebrae, programa da rá-dio CBN, Jovem Pan e Band News São Paulo.

Renato reitera que trabalhar para o Estado repre-senta uma oportunidade de crescimento para muitos profissionais, além da garantia de segurança e estabili-dade financeira. E a disputa pelas vagas no setor públi-co está cada vez maior, mesmo entre os jovens. “Basta olhar para a proliferação de empresas e profissionais voltados ao apoio daqueles que almejam um cargo público: cursinhos, editoras, professores particulares”, ressalta. O que não significa que não existam profissio-nais aspirantes às condições que o funcionalismo pú-blico não pode oferecer: “No setor privado, a ascensão do profissional capacitado ocorre de forma mais rápida. Além disso, o Estado não é, tradicionalmente, o melhor lugar para se realizar sonhos profissionais”.

Para incentivar o empreendedorismo entre os jo-vens, nada funciona melhor do que o exemplo – é no que acredita Renato Santos. “Quanto mais casos de empreendedores bem-sucedidos permearem a vida das pessoas, mais elas se guiarão por esses bons exemplos. Casos não apenas de profissionais cujas empresas cresceram, mas de pessoas profissional-mente realizadas em suas próprias empresas”, explica. Além dos bons exemplos, é preciso criar condições econômicas favoráveis, como menores cargas tributá-rias e processos menos complexos para implantação e fechamento de negócios: “Se fosse menos burocrático e mais barato abrir um negócio, as pessoas se arrisca-riam mais nessa atividade”.

Brasília: cidade para empreenderGeNte QUe FaZ

O Aprendiz

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De acordo com Renato Santos, a quarta e última premissa básica para um empreendimento de sucesso é o perfil empreendedor. E esse perfil, Renato conhece bem. Desde 2002, ele é consultor da UNCTAD. O ór-gão da ONU desenvolveu o Empretec, programa para formação de empreendedores. Renato Santos é um dos consultores responsáveis pela expansão mundial do programa, tendo atuado na negociação e implanta-ção do Empretec em 14 países, em quatro diferentes continentes. O programa existe, hoje, em 35 nações, inclusive no Brasil, e já impactou mais de 310 mil em-preendedores pelo mundo.

A metodologia do Empretec deriva de uma pes-quisa com empreendedores de todo planeta, a qual detectou dez características comportamentais indis-pensáveis ao sucesso empreendedor. São elas: busca por oportunidades e iniciativa, exigência de qualida-de e eficiência, correr riscos calculados, persistência, comprometimento, planejamento e monitoramento sistemático, busca de informações, estabelecimento de metas, persuasão e rede de contatos, indepen-dência e autoconfiança. Nas palestras que ministra pelo Empretec ao redor do mundo, Renato Santos aborda o perfil empreendedor a fim de desenvolver e aperfeiçoar essas características nos empresários participantes do programa.

Para Renato Santos, existem quatro premissas básicas para um empreendimento de sucesso. O primeiro deles é o capital – todo negócio, sem exceção, precisa de um in-vestimento mínimo para começar. O capital é necessário à aquisição de insumos, contratação de colaboradores, investi-mento em divulgação, ou seja, para criação de uma estrutura mínima para que o consumidor confie no que está sendo oferecido. “Esse capital servirá para tudo, exceto para remu-nerar os sócios e adiantar os lucros que virão com o passar do tempo”, explica Renato. Hoje, já é possível estruturar uma empresa de modo que ela comece com um caixa muito pe-queno. É possível, também, conseguir investidores-anjo que banquem esse capital inicial.

Também é preciso estar atento às novas oportunidades e saber aproveitá-las: “É necessário ter sensibilidade para di-ferenciar as ideias apenas interessantes daquelas destinadas ao sucesso”. Renato lembra que o que determina o êxito de uma empresa é a quantidade de pessoas dispostas a pagar pelo produto oferecido. “Por isso, o empreendedor precisa ter um bom nível de conexão social, ser capaz de compreen-der o que as pessoas desejam, processar essas ideias e ofer-tar serviços que atendam às necessidades do público.” Para atuar em um mercado, o empresário também precisa ter um conhecimento técnico mínimo sobre ele: “Um empreende-dor não será bem-sucedido se começar um negócio em um segmento no qual não tem conhecimento prévio algum.”

Passos parao sucesso Empretec

Foto: Edu Moraes

Renato Santos com Roberto Justus no programa O Aprendiz

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CaPaCitação

Cursos online não param de se multiplicar e ganhar qualidade – e existem vários

feitos sob medida para você | Eduardo Barretto

ADMIRÁVEL MUNDONOVO

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Felipe Pessoa (foto) tem mais de mil livros – dentro do próprio quarto. De obras graúdas de Medicina a clássicos de bolso, Antropologia a quadrinhos, prosa a poesia: está tudo lá, mui-tas vezes em páginas amareladas impressas há décadas e costuradas em capas cuidadosas, outras tantas em delicadas brochuras. De pos-se apenas dessas informações, o leitor pode

imaginar que seja mais adequado tratar Felipe por “se-nhor Pessoa”, e que o senhor seja um símbolo do mo-delo antigo de educação: presencial, à base de livros, sem internet ou interatividade. Mas Felipe tem só 21 anos, está na segunda graduação e já fez 18 cursos online completos – e teve de comprar um HD externo para armazenar o material.

O jovem é a personificação do que acontece hoje em sala de aula: é cada vez mais inevitável extrapolar o esquema livro-quadro-professor. Alunos do ensino fundamental já criam grupos de WhatsApp para com-partilhar conteúdo, lembrar de provas e tirar dúvidas; fotografias de quadro negro – se este ainda não é digital – já começam a substituir preciosos minutos de escrita no caderno pautado; o professor que apresenta slides de Powerpoint se vê rodeado por alunos com pendrive na mão no fim da aula… Cada um desses sinais é uma mostra do que está por vir. A lista de como aos poucos mudamos nossa forma de assimilar conhecimento, do padrão presencial para o virtual, é volumosa como uma Barsa – e não para de crescer. “Daqui a dez, 15 anos, não vai haver uma distinção tão nítida entre esses dois tipos de ensino”, projeta Lúcio Teles, professor de pe-dagogia da Universidade de Brasília (UnB) que estuda educação a distância desde 1987.

Imagine uma empresa que apresenta, entre o célebre trio organizacional missão-visão-valores (MVV), a missão de “ser aberta a pessoas, lugares, métodos e ideias”. Essa mesma corporação assume promover “justiça social”. O discurso poderia vir de algum filme de super-herói – ou de uma propaganda em que uma empresa finge ser um –, mas é da Open University (OU), instituição inglesa cuja sede fica a 80 km do centro de Londres, no caminho en-tre Oxford e Cambridge – cidades prestigiadas justamen-te pelas instituições de ensino superior multicentenárias, mas que se restringiam aos seus portões. Fundada em 1969 com a proposta de superar fronteiras geográficas, econômicas ou de qualquer outra espécie, a universidade tem atualmente estudantes de 128 países – só conside-rando os cursos de MBA. “Não há estudante típico da OU”, diz o site da instituição, que se orgulha de ser a universidade na Europa que mais tem estudantes com necessidades especiais em seu quadro: no período letivo de 2012/2013 (no Hemisfério Norte as aulas vão de se-

tembro a junho, por causa dos invernos rigorosos), mais de 20 mil alunos desse tipo capacitaram-se com a OU. E para quem acha que cursos virtuais são para pessoas em férias ou com tempo livre: 73% dos estudantes da Open University também trabalham. É tudo uma questão de de-terminação – seja para alavancar a carreira, mudar de área ou aprofundar-se em algum assunto. Basta uma conexão básica de internet.

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CaPaCitação

Quando o assunto é plataforma de curso online, o maior nome é o Coursera. Entre os sites com DNA brasi-leiro, o Veduca é o campeão em acessos. Três anos atrás, os dois começaram os trabalhos e encararam o desafio de oferecer cursos das universidades mais renomadas do mundo, com bibliografia, avaliações, ementa e todo o suporte que uma formação universitária pela internet pode ter. É um divisor de águas de portais como o TED – gigante mundial que reúne tecnologia, entretenimento e design há três décadas, abordando qualquer assunto em vídeos de curta duração, de forma inovadora e atrativa. “Diferente do TED, que também gosto muito, e consis-te em palestras mais focais, o Coursera apresenta uma matéria de nível universitário. Para mim, isso é mais se-dutor do que uma palestra de quinze minutos. Fica mais estruturado e detalhado”, conta Felipe Pessoa, o jovem dos mil livros, formado em Tradução e atualmente aluno de Direito. Felipe começou a fazer cursos online quando nasciam Coursera e Veduca, e tem interesse por lições de História, Artes e Línguas. “Sempre que eu recomendava o Coursera para alguém, a pessoa parecia que tinha desco-berto a roda”, lembra.

Davi Marinho (foto), de 22 anos, não conhece Felipe

APRENDIZADO SEM MUROSPessoa, mas parece ter descoberto a roda quando conhe-ceu o Coursera em outubro do ano passado. “O primeiro curso que eu fiz foi de Introdução à Produção Musical. É incrível porque é uma coisa complicada que demanda muito trabalho. Mas a universidade Berklee (em Boston, nos Estados Unidos) produziu o curso de uma forma de fácil entendimento. Se você acompanha a aula direitinho, você entende todas as partes do processo. A partir daí, é só prática”, afirma Davi.

O Coursera já bateu a marca de 12 milhões de alunos alcançados desde o começo do site, em 2012. Em se-tembro de 2014, o Brasil era o quinto país em alunos no portal, mesmo não sendo contemplado com cursos daqui. Foi quando o site fez uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Cam-pinas (Unicamp). Outra instituição brasileira, a Fundação Lemann, tem cursos cadastrados, mas a Lemann se no-tabilizou por uma nobre ajuda: a tradução de vídeos do inglês (principal língua do Coursera) para o português, catapultando o acesso de brasileiros e estreitando essa relação que já rende bons frutos.

O número de usuários cadastrados no Veduca dobrou ao longo de 2014: pulou de 214 mil para 548 mil. O Ve-

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duca já tem 27 cursos da USP e um da Universidade de Brasília (UnB), sobre Bioenergia. O portal também tem um sobre energias renováveis, feito em associação com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Como seus alunos, esses sites não se acomodam ou se isolam. No mês passado, o Coursera anunciou uma parceria com empresas colossais, alçadas a esse pata-mar justamente pela junção entre internet, juventude e informação. Organizações como Google, Instagram e Shazam (aplicativo para celular que identifica, em se-gundos, músicas desconhecidas pelo usuário – tocadas na rádio, por exemplo –, em um banco de dados de mais de 15 bilhões de canções) vão ajudar o Coursera na criação de cursos que futuramente serão transfor-mados em especializações. Além de um feedback va-lioso de empresas que vivem conectadas e trabalham com conteúdo massivo, o Coursera abre espaço para ganhar oxigênio nas finanças – um calcanhar de Aqui-les em todos os portais de educação a distância –, já que os alunos de especializações têm mais interesse em alavancar a carreira e o salário, alcançam os pré-requisitos elevados desses cursos – pois detêm uma educação sólida e continuada – e têm bom poder aquisi-tivo. Em contrapartida, o mercado também está de olho nesses alunos, que se capacitam mais alinhados com o mundo fora das salas de aulas universitárias, criticadas pelos conteúdos ultrapassados. Por exemplo, o McDo-nald’s é parceiro do College of America, instituição sem fins lucrativos que busca capacitar adultos pela internet.

Explorando a conectividade, a persistência e usando in-dicadores de qualidade afinados com o mercado de traba-lho, esses cursos valem ouro, mesmo trabalhando o conceito mais elementar da educação: compartilhamento de conhe-cimento. O que está mudando é em quais meios e canais isso vai ser feito. “Se eu pudesse avaliar o Coursera, eu diria que foi o melhor complemento de estudos que eu tive até então. Sem esses cursos na internet, eu estaria bem dife-rente mesmo. Posso garantir”, explica Felipe Pessoa. Davi ressalta o aumento do alcance da educação de qualidade a pessoas mais pobres: “Eu imagino mesmo um futuro onde o conhecimento pela internet seja o acesso à democratização do conhecimento. Assim, não seria uma coisa elitista. Eu quero muito que essa ideia de curso pela internet funcio-ne, porque tem muito potencial para mudar o mundo”. Contudo, Davi pode ser uma exceção ainda: a professo-ra de pedagogia da UnB Maria de Fátima Guerra, que já orientou mais de 100 monografias à distância, conta como a percepção da população é baixa quanto ao acesso restrito de informação. “Eu estava vendo na televisão o pessoal levando urna para as pessoas votarem. Estavam levando urna para uma cidade ribeirinha no Amazonas, e isso demorou uns três dias de barco. Mas espera aí, como que a educação chega num lugar desse? Foi aí que eu vi que, nos dias de hoje, eles não resolveriam o problema de educação com construção de prédio, de escola. É possível dar mais formas de solução.” Qual político que, nas elei-ções, prometeu construir polos de educação a distância, ou investir em tecnologia em vez de construir escolas?

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Educação a distância não é, necessariamente, uma oposição ao ensino em sala. É tudo o que acrescenta ao ensino presencial. Em se tratando de conhecimento ab-sorvido, não importa o modo: o que vale é uma educação de qualidade – e se puder ser gratuita, como o grosso dos cursos ofertados por sites como Coursera e Veduca, melhor ainda. Mas nem só desses portais vive o ensino a distância. Além de pessoas intelectualmente curiosas que estudam online por lazer, há quem queira um diploma de graduação – que vai vir depois de muito esforço, já que o computador não pode deixar as disciplinas mais frouxas. “O curso tem que ser de qualidade. Não é qualquer edu-cação a distância, nem qualquer instituição. A qualida-de passa pela qualificação do professor, pela capacidade dialógica, pela capacidade de se fazer presente. O grande sucesso de um curso a distância é o aluno não se sen-tir só. Ele tem que sentir que tem toda uma equipe por trás”, explica Maria de Fátima Guerra. A legislação vigen-te determina a inclusão de momentos presenciais nessas capacitações para avaliações, apresentações de trabalhos de conclusão, estágios obrigatórios e atividades de labora-tório, por exemplo. Por outro lado, o aluno também deve trabalhar para ter qualidade. “Tem que ser autônomo, se motivar para aprender, se organizar. É preciso priorizar o curso que está fazendo. Não se faz um curso a distância sem sobra de tempo. Tem que ser tão importante quanto as demais coisas que precisam ser feitas”, receita a pro-fessora.

O velho debate entre qual modelo de educação é me-lhor não tem data de validade. Mas ambos os modos têm vantagens e desvantagens. Davi Marinho, entusiasta do curso de produção musical no Coursera, acentua a liber-dade do aluno online de aprender no próprio tempo: “Ter uma videoaula com imagem de qualidade e legendas em português é muitas vezes melhor do que ter aulas pre-senciais na faculdade, porque no vídeo pelo menos você, além de ver na hora que quiser, pode voltar na mesma hora se não entender alguma parte”. O professor Lúcio Teles conta que, em um mesmo ano, o curso de Peda-gogia na UnB teve mais evasão no módulo presencial do que à distância. Teles cita ainda que pesquisas têm comprovado que uma mesma formação, ofertada online e presencialmente e com boa orientação, dá ao virtual resultados acadêmicos iguais ou superiores ao presencial. A professora Maria de Fátima Guerra compara: “Eu falo:

CaPaCitação

OLHOS NOS OLHOS OU NA TELA?

se a presença fosse o que determina a qualidade, nenhum curso presencial no Brasil seria de péssima qualidade. A gente vê aluno e professor todo dia, e ainda temos uma educação muitas vezes deficitária”. Em uma relação hí-brida, e não de polarização, cada vez mais os cursos na internet estão aprimorando o acompanhamento do aluno, e os presenciais estão incrementando as aulas com ferra-mentas interativas.

214 mil para 548 mil mais que o dobro – foi quanto aumentou o número de estudantes em 2014 no Veduca, maior portal de cursos online do Brasil.

20 milalunos com necessidades especiais fizeram cursos na Open University no ano passado.

82% das instituições que responderam ao Censo Edu-cação à Distância no Brasil 2013/2014 apostam em aumento no número de matrículas.

12 milhões é o total de alunos que já se capacitaram pelo Cour-sera, em funcionamento há três anos.

NúMEROS

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TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 35 março de 2015 :: 47

Um exemplo está na rede pública – justamen-te onde a qualidade da educação e do acesso à informação pecam. Professores do estado de São Paulo têm um acervo de 3 mil itens tecnológicos, como videoaulas, jogos e infográficos para moder-nizar o ensino. O número é 65% maior do que no começo do ano passado, e tudo passa pelo crivo de educadores do estado para adequar o conteú-do ao currículo. Uma pesquisa da Secretaria de Educação de São Paulo mostra que a aceitação do sistema pelos docentes é de 94%. Os mestres recebem na própria escola o treinamento para lidar com essas ferramentas, gravar videoaulas e até falar melhor em público, em uma parceria da secretaria com o YouTube e a Fundação Lemann.

A ascensão da educação digital não quer dizer que os professores estão fadados a acabar – mui-to pelo contrário. Na segunda semana de março, em que é comemorada a Semana de Educação Aberta pela organização internacional Consórcio de Educação Aberta, um portal deixou a versão de teste e promete ajudar na revolução da educa-ção. Entretanto, não há cursos de universidades, ementas, certificados: o site não é voltado para quem está sentado à mesa anotando no caderno, mas para quem está de jaleco branco e com mãos sujas de giz. O Versal, em convênio com dois portais grandiosos de educação, dá formas para

que o professor possa virtualizar a sala de aula. Aquela apresentação insossa de Powerpoint com fundo branco e letras pretas é terminantemente proibida. Em vez disso, gráficos em alta definição, vídeos, infográficos e até imagens e esquemas em 3D. A maneira pela qual o portal ensina os pro-fessores a navegar no site não poderia ser outra – uma videoaula.

Os docentes também podem migrar da sala de aula para a internet. Foi o caso do professor Paulo Jubilut – sim, o responsável por publicar aqueles vídeos fofos ou bizarros do mundo animal na sua linha do tempo no Facebook, mesclados com in-formações técnicas. Depois de 12 anos em sala de aula, Jubilut foi demitido de uma escola de classe alta em Curitiba no final de 2011. O professor iria desistir da carreira, e queria gravar e publicar as aulas – com uma simples webcam – para deixar de legado. Logo, o YouTube lhe enviou uma men-sagem alertando para a alta audiência dos vídeos e para a possibilidade de gerar lucro. Hoje, o por-tal Biologia Total oferece apostilas, videoaulas e cursos focados na Biologia de vestibulares – há até alguns específicos para quem quer passar para Medicina. O plano anual sai a R$ 9,42 por mês. Utilizada principalmente para divulgar o site do professor, a página Biologia com o Prof. Jubilut tem mais de 2,2 milhões de curtidas no Facebook.

AOS MESTRES, COM CARINHO

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48 :: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 35 março 2015

Os resultados sobre a implantação e o pro-gresso de novos negócios depende do com-prometimento do empreendedor ao traçar valores, metas e missões à nova empresa. E esse conjunto de regras exige acompa-nhamento sistemático. Além disso, dedica-ção e determinação trazem os resultados positivos e tornam uma marca conhecida

na região onde atua, até que a empresa seja uma fran-queadora, cobiçada por novos investidores.

Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), das 32 franqueadoras da região Centro-Oeste, 53% são de Brasília -17. Por ano, as franquias de Bra-sília geram R$ 9,2 bilhões, e oferecem desde serviços de beleza, passando por cursos profissionalizantes e reparos até alimentação. A ABF assegura que é um seg-mento com crescimento maior que outros setores da economia, já que ele triplicou no Brasil entre os anos 2003 e 2013. A movimentação pulou de R$29 bilhões para R$155 bilhões e em 2014 ficou a frente de outros segmentos como indústria e agricultura.

Para fomentar negócios nesse segmento, foi realiza-do, pelo Sebrae-DF, o II Encontro de Franquias do Dis-trito Federal. Foram abertos 28 estandes de expositores com oportunidades de franquias e microfranquias (nas áreas de alimentação, moda, estética, educação e servi-ços), oito delas eram de fornecedores e 4 de instituições financeiras. “Trata-se de gerar oportunidades únicas para quem pensa em abrir um negócio e quer conhecer

Das 32 franqueadoras da região Centro-Oeste, 53% são de Brasília, diz ABF | Oda Paula Fernandes

Marcas consolidadas são alternativa para novos empreendedores

o universo do franchising, para quem já é franqueado e busca comercialização, para as empresas fornecedoras que querem saber se seu perfil se adéqua ao mercado de franchising e para todo e qualquer empresário que busca conhecimento”, explica Antonio Waldir Oliveira Filho, diretor superintendente do Sebrae no DF.

O empresário do segmento de industrianato, Fran-cisco Costa, comemora a expansão do negócio. “Tra-balhar com o industrianato é fazer de modo artesanal produtos de beleza e higiene pessoal em grande quan-tidade”, explica. Segundo ele, que está expandindo o negócio para as regiões Sul e Nordeste, a franquia é o melhor caminho para manter a marca no mercado. “A partir de R$80 mil é possível investir num negócio como este. E para ter todas as garantias de viabilidade do negócio é feita uma análise que inculi o perfil do cliente, o potencial do ponto de venda e o investimen-to”, acrescenta Costa.

De acordo a ABF, a alta taxa de sobrevivência dos empreendimentos do Distrito Federal (80%) e o varejo forte contribuem para o destaque da capital no cenário nacional, a cidade ocupa a oitava posição no ranking. A instituição explica que para abrir uma franquia, o investimento varia de acordo com o tamanho, a loca-lização e o tipo de negócio. No DF, por exemplo, o investimento inicial mínimo de algumas franquias é de R$22 mil.

Criado em 2010, o Açaí do Japa surgiu por neces-sidade do empreendedor e fundador da marca, Wesley

eMPreeNdedoriSMo

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Francisco (foto), mais conhecido por Japa. Sem empre-go, ele não tinha dinheiro para investir no negócio, e a participação de amigos e da família foi decisiva. Com apenas uma estante da mãe, uma tenda e insumos com-prados com dinheiro emprestado, ele começou a fazer o Açaí e vender na Praça Central do Paranoá, cidade onde mora.

Com três anos e nove meses, a empresa se tornou uma rede e se prepara para ocupar outras regiões. “Hoje nós temos 7 lojas espalhadas pelo DF, a parte de franquias tem opções como bike, moto, trailer e loja fixa e mais de R$1 milhão investidos em maqui-nário na fábrica. Por mês, processamos 30 toneladas de açaí e o nosso foco é a qualidade do produto, do fruto que foi selecionado cada um dos 3 fornecedo-res”, comemora Francisco.

O investimento para adquirir e se tornar um franque-ado é de R$22 mil na bicicleta e pode chegar até R$220 mil com a loja. A expectativa do gestor da marca é de, até o final de 2015, abrir pelo menos uma franquia em cada estado brasileiro. Atualmente, o Açaí do Japa está também em Minas Gerais, na Bahia e em Goiás.

Outra marca de sucesso nascida no DF é o Paneli-nhas do Brasil. A primeira loja surgiu em 2013 no Setor de Abastecimentos e Indústrias (SIA). Ao pensar no negócio, o empreendedor trouxe para a linha fastfood o sabor do tempero da comida caseira, porém regio-nal. “A ideia era otimizar o tempo - que está cada vez menor - e oferecer aos nossos clientes do Centro-Oes-

te um alimento caseiro, mas regional, com o sabor do tempero tradicional de cada região”, afirma Luiz Car-los, criador do Panelinhas do Brasil.

O conceito da marca era vencer a concorrência das multinacionais, principalmente na linha de sandu-íches. “Basicamente a empresa surgiu em 2013 com âmbito de expansão para o Centro-Oeste, então em 2015 estamos intensificando nesta região. A gente ten-ta buscar esse gosto múltiplo, então pegamos o baião, que é nordestino; a galinhada com pequi, que é goiana; a feijoada carioca e assim por diante. Agora estamos lançando outros pratos das culturas paraense e gaúcha. Assim, podemos brincar com o nome da empresa em todas as regiões do Brasil”, revela Luiz Carlos.

O crescimento da marca, que virou franquia em 2014, foi o planejado pelo empresário. Além das 22 lojas dentro do DF, a marca já está em outros quatro estados – Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ele espera que, em 2016, seja possossível chegar em São Paulo e em todo Nordeste e Norte brasileiro.

Segundo empresários, que fizeram de seus negó-cios uma rede de franquias, para ser um franqueado não é necessário ser conhecedor da área que se propõe a investir, uma vez que o comprador tem incluso o trei-namento para operar a empresa. Aliás, ser franqueado de uma marca conceituada traz ao investidor a segu-rança de aplicar o dinheiro em um negócio testado e aprovado, ou seja, ele não precisa se preocupar com a aprovação dos clientes.

Foto: Wagner Augusto

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Conheça a história de três empreendedoras que, com dedicação e amor pelo que fazem, conquistaram espaço e, hoje, são proprietárias de grandes empresas| Bianca Marinho e Taise Borges

Mulheresde negócio

MêS da MUlher

Mulheres

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MulheresMulheres

No mês dedicado às mulheres, é preciso lembrar daquelas que, por meio do trabalho e esforço diário, contribuem para o desenvolvi-mento econômico

do Distrito Federal: as mulheres de negócio. O mais recente Anuário das Mulheres Empreendedoras e Traba-lhadoras em Micro e Pequenas Em-presas – estudo realizado pelo Se-brae, em parceria com a instituição de pesquisa Dieese – aponta que o cenário empreendedor no DF é cada vez mais feminino. Na década entre 2002 e 2012, a quantidade de em-

pregadoras, no Distrito Federal, cres-ceu 64%. O valor foi o quarto maior registrado no país.

Atualmente, as mulheres corres-pondem a 31% dos donos de em-presas no Brasil. Nesse percentual, estão incluídas Maria Amélia, Rita Trindade e Renata La Porta, em-presárias que lançaram suas mar-cas em Brasília e conquistaram o público da capital com produtos e serviços inovadores. Donas de em-presas que, hoje, são líderes nos seguimentos de mercado em que atuam, as três mulheres são bons exemplos de como o amor pela profissão é indispensável ao cresci-mento do negócio.Mulheres

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DocesucessoMuito trabalho para transformar em realidade o sonho de cada cliente

Foto: Raphael Farias

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TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 35 março de 2015 :: 53TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 35 março de 2015 :: 53

Casamento, aniversário infan-til, batizado, formatura, chá de bebê, festa de debutante. Datas especiais envolvem muitas ex-pectativas. Conhecedora desses desejos, a Maria Amélia Doces vem se firmando como empre-sa preparada para auxiliar na

realização de sonhos. Por trás de todo o su-cesso, está o cuidado e a dedicação da em-presária que dá nome à marca. Maria Amélia Campos Dias (foto) é atenta aos detalhes e se envolve em tarefas que vão desde enrolar pão de queijo a atender os clientes. O prazer por cozinhar surgiu na infância. “Cresci com esse gosto, faço por amor. Quando fiquei adulta, Dona Terezinha, minha mãe do coração, me ensinou seus segredinhos e a como melhorar. Tive muitos anjos na minha vida”, conta.

Logo que começou a trabalhar, o interior de Minas tornou-se pequeno para a visibili-dade que adquiriu. Foi o marido, Ronaldo, que teve visão empreendedora e decidiu dar um passo importante: mudar-se para a capital do país. Há 14 anos no Distrito Federal, o negócio se expandiu. Com produção média semanal de 150 mil docinhos e 500 quilos de bolo, a rede conta, hoje, com seis cafeterias e uma fábrica situada no Lago Sul. Apesar da estrutura, a gerente de marketing Diná Costa garante que os valores iniciais da empresa se preservaram: “Nosso diferencial está na qualidade dos produtos, que são artesanais e frescos. Também trabalhamos com itens per-sonalizados e inovamos ao trazer produtos temáticos para o mercado de Brasília”.

A qualidade dos produtos e o sucesso da rede são resultados da motivação dos mais de 180 funcionários. São valores como respeito, crescimento colaborativo e senso de dono que incentivam Manuela Gonçalves a trabalhar na empresa há mais de seis anos. “O que mais gos-to é do envolvimento dos funcionários. A gente não só aprende, como também ensina e cresce com a empresa. Acompanhamos todo o proces-so de transformação da matéria prima e vemos o sonho do cliente ser realizado”.

Conquistar e fidelizar os clientes são desa-fios para as empresas, seja pela diversidade que o mercado oferece, seja pela exigência e von-

tade do público de experimentar novas opções. Qualidade, cumprimento de prazos e bom aten-dimento são imprescindíveis, mas ter a inova-ção como um dos pilares da empresa pode ser o diferencial na hora de cativar o cliente. Por isso, a ideia de crescimento colaborativo não se aplica só aos funcionários. O público também tem liberdade para sugerir e trazer novas ten-dências. “Às vezes, pedem um doce que não temos, mas que podemos fazer. Com a ajuda do cliente, vamos criando novas receitas”, explica Maria Amélia.

O tradicional Bolo Revelação é um exemplo de colaborativismo, pois começou com um pedi-do de uma cliente. Ao encomendá-lo, os futuros pais entregam o exame que indica o sexo do bebê e a Maria Amélia Doces faz o bolo com uma cor especial por dentro, que releva o re-sultado. “É uma sensação muito gostosa porque acabamos participando de momentos muito ínti-mos das pessoas. É um compromisso e uma res-ponsabilidade muito grande também”, confessa a doceira.

Maria Amélia também atende o público infantil e revela que, para encantar as crian-ças, é preciso muita atenção e criatividade. “A imaginação delas é muito fértil. Temos que su-perar suas expectativas. Acaba sendo um pú-blico mais trabalhoso que o de casamentos.” A qualidade dos doces, a pontualidade e o bom relacionamento foi o que fidelizou a funcioná-ria pública aposentada Beatriz Coimbra: “Sou cliente há muitos anos. Com a empresa, fiz o casamento do meu primeiro filho e foi um grande sucesso. Agora, meu outro filho vai se casar e vou repetir os pedidos”.

A empresária também adoça a vida de quem precisa: é parceira da Abrace, instituição de assistência a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue. “Contribuímos com a festa de debutante das meninas da ins-tituição, com o casamento comunitário, com a festa do Dia das Crianças. Fazemos tudo com muito carinho”, conta Maria Amélia. O cuidado com os funcionários, a inovação e a qualidade das entregas refletem no crescimento da rede, que não perde as características artesanais. Em 2015, Maria Amélia segue com a missão de reunir qualidade, criatividade e bom gosto na confecção de bolos e doces.

Foto: Raphael Farias

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deStaQUe

Uma temporada de estudos na Suíça transformou o caminho da empreen-dedora Renata La Porta (foto). Para se sustentar em território estrangeiro, a carioca trabalhou, entre outros lu-gares, em uma lanchonete e um res-taurante. “Comecei limpando o chão. Também fui garçonete, até me tornar

auxiliar de cozinha. Foi aí que comecei a aprender

IngredientessecretosQuando o amor pela gastronomia se une à vontade de empreender

mais sobre gastronomia”, lembra Renata que, hoje, é proprietária do buffet que leva seu nome e que está entre os mais requisitados da cidade.

Desde criança, Renata é apaixonada por gastro-nomia. Gostava de experimentar novos sabores e preparar pratos diferentes. Ninguém da família tra-balhava na área mas, intuitivamente, ela sabia que seu caminho estava ligado à arte de cozinhar. Abrir um negócio próprio também estava em seus planos:

Foto: Bruno Stuckert

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“Sempre soube que tinha nascido para empreender. O que exatamente ia fazer, não sabia, mas meu ca-minho era esse”. Na Suíça, Renata dedicou-se a um curso de graduação que mesclava conhecimentos em gestão, finanças e direito empresarial. Ao retornar do país europeu, veio para Brasília, onde moravam os pais e, aqui, formou-se em Administração.

Aos conhecimentos culinários já adquiridos, Renata somou o que aprendeu em cursos de apri-moramento na Espanha, França e até na Tailândia. Então, chegou o momento de colocar tudo em prá-tica. O primeiro empreendimento no qual Renata se arriscou foi uma lanchonete na Universidade de Brasília. “Volta e meia, recebo noivos aqui que eram meus clientes na UnB”, diverte-se Renata. O estabelecimento cresceu e a empreendedora tor-nou-se proprietária de várias lanchonetes. Nesse período, começaram a surgir demandas para orga-nização de pequenos eventos, coquetéis para pou-cas pessoas. Foi o cenário perfeito para que, mais tarde, fosse inaugurado o Renata La Porta Buffet. A empresa já existe há 16 anos – tempo suficiente para a consolidação da marca no Distrito Federal.

Renata conhecia os princípios que garantiriam o sucesso do negócio e, neles, fundamentou seu traba-lho. A inovação era um dos valores essenciais. “Pro-curei saber o que já existia no mercado e no que eu poderia inovar. Minha proposta sempre foi a de oferecer algo totalmente diferente”, ressalta. Para conquistar seu espaço, também foi preciso disciplina financeira. “Tudo o que eu ganhava, era reinvestido na empresa. Foi assim durante anos.” Renata dedi-cou-se ao máximo para que o empreendimento cres-cesse, exercendo todo o tipo de função: foi copeira, atendente e cozinheira, tudo ao mesmo tempo. No entanto, para a empreendedora, o que diferencia uma empresa de sucesso é o respeito com o cliente e a maneira com que ela lida com os problemas. “Se sua postura é correta, ética e sincera, a empresa tem mais chances de ser bem-sucedida”, explica.

O Espaço Renata La Porta foi aberto seis anos depois do buffet e representou a satisfação de uma necessidade que a proprietária identificou no mer-cado. Segundo ela, Brasília é bem servida de espa-ços para grandes eventos, com capacidade entre 500 e mil convidados. Para as pequenas recepções, no entanto, não existem tantas escolhas. “Muitos

clientes me pediam um espaço para festas meno-res, eventos corporativos para 50 ou 100 pesso-as. Como não tínhamos tantas opções em Brasí-lia, abrimos nosso próprio espaço para eventos no Lago Sul”, explica ela.

O buffet Renata La Porta é capaz de produzir seis eventos em um único dia. E seja na preparação de uma feijoada, um churrasco, um cardápio indiano ou de alta gastronomia francesa, a proprietária garante: a especialidade da casa é fazer comida boa e prestar serviços nota dez, com capricho e profissionalismo. Renata também afirma que, junto de seus colabora-dores, é capaz de preparar qualquer tipo de menu. “Se, um dia, me pedirem um cardápio que, por acaso, eu nunca tenha feito, não será problema. Testarei em minha cozinha até alcançar o melhor resultado. Só não abro mão de utilizar ingredientes de primeira li-nha e de trabalhar com a minha equipe.”

Recentemente, Renata tirou do papel um projeto inovador que, há tempo, pretendia colocar em práti-ca: o La Porta em Casa. O projeto possui duas ver-tentes. Uma delas é a loja online por meio da qual o público pode fazer pedidos e receber alguns dos mais de 70 produtos integrantes do buffet. “Para uma pequena recepção em casa, o cliente não precisa soli-citar o buffet inteiro, apenas o jantar completo ou um prato específico”, explica a proprietária. A segunda vertente inclui quatro itens best-sellers vendidos em pontos de venda específicos de Brasília. “A linha de congelados, no Brasil, é muito simples. Não existem pratos mais sofisticados. Por isso, nossos produtos têm feito tanto sucesso”, comemora.

Os testes para aprimorar o La Porta em Casa continuam e devem ser o foco do trabalho da em-preendedora em 2015. Também estão, nos planos, ampliar os pontos de venda dos produtos e lançar, no site, cardápios especiais para datas comemorati-vas como a Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Namo-rados. Se o buffet é um ramo de negócio que exige dedicação e inovações constantes, é recomendável que Renata se dedique a um hobby nos momen-tos de lazer. Apesar de já ter gravado um CD em que interpreta músicas de cantores e bandas como Caetano Veloso, Rolling Stones e Beyoncé, a atual paixão da empresária é pintar. “Pinto telas a óleo, já tenho várias. Pretendo fazer minha primeira ex-posição em breve”, informa Renata.

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Para Rita Trindade (foto), gerir um negócio próprio não é um mistério. Administrar um conjunto de empresas também não é. Dentista e empresária há 33 anos, ela é dona do Grupo que leva seu nome e que compreende um spa – com tratamentos odontológicos, médicos e estéticos – um departamento de cursos e treinamentos e

uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Rita atribui o crescimento da empresa à sua for-ça de vontade: “Já passamos por dificuldades, mas todas foram superadas. Sou persistente. Hoje, percebo que não adianta ser só dentista. É preciso entender das questões administrativas e jurídicas também”.

Rita nasceu em São Paulo e se formou em Odontologia no interior de Minas Gerais. Durante a graduação, estagiou com profissionais exigentes, o que garantiu que adquirisse experiência prática e destaque entre os colegas da faculda-de. Veio para Brasília em 1989, a convite de um profes-sor, e abriu o consultório no Lago Sul em sociedade com ele. “Na época, eu tinha uma clínica em Uber-lândia, em Minas. Ficava metade da semana lá e a outra metade em Brasília”, lembra. Rita se especializou em próteses, implantes e estéti-ca dental em universidades do Brasil, Alema-nha e Estados Unidos.

E o que, antes, era apenas um consultório se transformou em um Spa Médico Odontoló-gico – um novo conceito para a capital fede-ral. Os profissionais do Grupo trabalham em conjunto para tratar as necessidades de cada paciente. O cliente pode passar o dia inteiro no consultório, apro-veitar os tratamentos odonto-lógicos e estéticos e relaxar. “O paciente pode vir para fazer um tratamento den-tário e se interessar por cuidar da pele ou por um dos nossos proce-dimentos estéticos.

Inovar para crescer

MêS da MUlher

A dentista que reuniu diferentes profissionais e transformou seu consultório em um verdadeiro spa

Promovemos uma transformação que eleva a autoestima das pessoas”, explica a empresária.

Apesar do crescimento da empresa, Rita Trindade mantém os princípios que sempre nortearam seu traba-lho como dentista. A qualidade do serviço prestado e a inovação dos tratamentos oferecidos estão entre os va-lores que tanto preza. “A Odontologia atual se preocupa mais com o custo, em saber qual o prazo mínimo em que se pode fazer um tratamento para que o dentista lucre mais. Essa Odontologia não é a minha. Prezo pelo bem-estar dos meus clientes e não consigo trabalhar de outra forma”, ressalta a empreendedora.

Em 1996, o Grupo Rita Trindade passou a oferecer cur-sos e treinamentos em diversas áreas, especialmente na da saúde. Professores de várias cidades do país são convidados a trazer, para Brasília, novidades de suas áreas de atuação e dividi-las com profissionais interessados. Já a OSCIP foi criada em 2004. Uma das mais importantes ações sociais

realizadas pela Organização foi a Caravana do Sorriso, em que crianças moradoras do Gama, no Distrito

Federal, foram atendidas por médicos e den-tistas em consultórios móveis.

Às 7h, todos os dias, a dona da empre-sa já está no consultório. “Quando che-go mais cedo, cuido de demandas da parte administrativa. Só saio às 20h30, 21h. Para a empresa crescer, não tem como ser diferente: é preciso estar de

olho em todos os processos.” Hoje, o Grupo possui cerca de 40 profissionais, entre os quais estão o marido, o médico Armando Pires, e a filha de Rita, Caro-

lina Trindade, responsável pela gestão da clínica. Mesmo

com o sucesso da em-presa, Rita escolheu continuar atendendo os pacientes. “Clini-car é o que amo e o que sei fazer bem”, confessa a empre-endedora.

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PoderfemininoConheça a batalha de três deputadas distritais até a Câmara Legislativa | Carol Dias

Apesar de ter sido o 42˚ país a instaurar o sufrágio feminino, o Brasil ocupa, atu-almente, a 156º posição – entre 188 pa-íses – no ranking de representatividade feminina na política. Aqui, elas possuem apenas 10% dos cargos no parlamento. A baixa participação motivou, em 1997, a criação de uma lei de cota eleitoral que

define o mínimo de 30% e o máximo de 70% do número de candidaturas para cada sexo. No entanto, a norma não garante a entrada feminina no parlamento. O que vemos são partidos que lançam candidatas sem chances de se-rem eleitas, apenas para cumprir a determinação jurídica.

No Distrito Federal, o histórico é parecido: as mulhe-res ainda são minoria. A Câmara Legislativa já passou por sete gestões. De todas elas, cinco é o número máximo de cadeiras ocupadas por mulheres em uma só legislatura – o que representa 20% dos parlamentares. No mês das mulheres, apresentamos o perfil de três das deputadas es-colhidas pelo povo nas eleições de 2014. De acordo com a escritora e filósofa francesa Simone Beauvoir, “é pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”. Se ela estiver certa, em breve, a desigualdade dos espaços ocupados por gêneros diferentes na política desaparecerá.

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A presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Celina Leão (foto), já nasceu sabendo que a força de uma mulher é igual à de um homem, ou até maior. A frase de um político da capital direcionada a ela – “A Celina é a deputada mais macho da CLDF” – não quer dizer muita coisa para a parlamentar. “Dizem isso por causa da minha coragem. Mas, lá em casa, as mulheres são muito mais corajosas que os homens, ou seja, essa não é uma característica exclusiva de um sexo”. Contudo, Celina confessa que tal atributo foi uma herança: “Tenho certeza que tive influência de casa. Minha mãe batalhou para que as mulheres participassem da política”.

A história da deputada está ligada à da mãe, Maria Célia Leão. Irmã de quatro homens e duas mulheres, Celina foi a única que seguiu a progenitora na atividade política. Foram muitas as lutas ao lado da mãe: “Ela reunia as mulheres e falava, ‘não podemos ficar só fazendo comida. Não podemos só receber, temos que participar’”, lembra. Maria Célia é, de acordo com Celina, uma mulher a frente do seu tempo. Foi a primeira mulher no estado de Goiás a se divorciar oficialmente e uma das poucas engajadas à política na época.

A presidente da CLDF recorda as aventuras vividas quando pequena, lutando pela igualdade entre gêneros: “Antes da Lei Maria da Penha, san-cionada em 2006, minha mãe e outras mulheres saíam juntas para fazer o flagrante da violência”. Antigamente, a prisão do agressor só era garantida se a polícia presenciasse o crime. “A mulher que era vítima de violência ia para a porta de casa e o policial ficava escondido. Quando ela dizia uma palavra que o marido não gostasse e era agredida, o policial fazia o flagrante.”

As experiências serviram para que Celina enxergasse as diferenças de tratamento entre homens e mulheres. Contudo, o exemplo que teve, na figu-ra de sua mãe, provou que essa desigualdade pode e deve ser combatida. Ela acredita que a situação está mudando: “É uma questão cultural, mas quando o Estado cria mecanismos para gerar educação e condições de trabalho para todo mundo, aprendemos que somos todos iguais. Já está melhorando mui-to”. A deputada cita o exemplo que teve em casa. “Hoje, o marido também cuida das crianças. Antigamente, isso não acontecia.”

Apesar das transformações, a deputada ressalta a baixa representativi-dade da mulher na política como um problema ainda recorrente no Brasil. Para ela, a determinação de, no mínimo, 30% das candidaturas femininas dentro dos partidos não é suficiente. “A cota garante uma participação par-tidária, mas não efetiva. O certo seria que essa porcentagem fosse referente às vagas na CLDF.”

Assegurar a presença das mulheres nas eleições não é sinal de que elas estão ingressando na política. Segundo Celina, as candidatas não recebem a mesma atenção que um homem. “Uma campanha requer uma estrutura grande. As mulheres ainda têm dificuldade de ter acesso a isso. A manu-tenção do ingresso feminino na política vai acontecer quando elas tiverem condição de ter acesso ao apoio que é dado a outros candidatos.”

Exemploem casa

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Nascida no interior de Minas Gerais, a deputada Luzia de Paula (foto) foi criada em uma casa onde as mulheres eram a maioria e, por isso, encarregavam-se de “papéis que não tinham meninos para assumir”. Dos onze irmãos da parlamentar, apenas três eram homens. Sendo assim, aos sete anos, foi escalada para trabalhar ao lado dos pais na lavoura. Esse foi um fator importante para que Luzia não temesse os desafios da vida e nem recuasse diante das barreiras im-postas ao “sexo frágil”. “Na minha família, o machismo não imperou muito, mas por força da circunstância. As meninas tinham que ir para roça lavrar terra, mexer com gado, que eram atividades consideradas masculinas e tínhamos que cumpri-las para ajudar em casa”, conta.

Luzia afirma que o exemplo da mãe também foi importante para a construção de uma imagem de mulher forte. “Minha mãe sempre ocupou o espaço dela. Não esperava pelo meu pai para resolver as questões pertinentes à casa e aos filhos. Era ela mesma quem re-solvia tudo.” A deputada batalhou para chegar à Câmara Legislativa e fala da época em que passou necessidades: “Vim de uma família pobre de lavradores. Não faltava alimento em casa, mas todo o resto sim, vestimenta, calçado”, lembra.

Em 1975, a parlamentar se casou. Então, enfrentou o primeiro obstáculo em sua vida na condição de mulher: Luzia não tinha com quem deixar os filhos para estudar e trabalhar. Apesar de interrom-per o sonho acadêmico para cuidar da família, o caminho seguido foi importante para que, hoje, na Câmara Legislativa, a deputada de-fendesse bandeiras ligadas ao desenvolvimento infantil. Moradora de Ceilândia, ela transformou a sala de sua casa em um lugar onde rece-bia e tutelava crianças do bairro enquanto outras mães iam trabalhar. Mantinha a creche com bazares, quermesses, rifas.

Luzia sempre recebeu apoio do marido, Luiz Antônio de Paula, para realizar seus sonhos. Na vida adulta, assim como na casa dos pais, homem e mulher tiveram a mesma dificuldade para vencer na vida e ambos concluíram a aspiração de finalizar o Ensino Superior. “Os dois passaram pelo mesmo problema, tivemos que crescer juntos. Ele é um grande parceiro. Um homem que compreende seu papel dentro da sociedade”, fala orgulhosa do marido que se tornou filósofo no mesmo ano em que Luzia foi intitulada pedagoga.

A estrada percorrida pela parlamentar a levou à disputa nas urnas em 2006. Apesar de não ter sido eleita deputada distrital, como suplente, Luzia ocupou a cadeira de parlamentar na CLDF durante um ano e meio. Essas eleições marcam o ingresso da pedagoga na política. Segundo ela, ainda que a participação da mulher no parlamento seja baixa, o preconceito contra o gênero feminino vem diminuindo: “Até pela questão da cota partidária. Outro evento foi a eleição de uma mulher para presidente do país. Isso ajuda a mudar essa relação cultural, para que mulheres venham, cada vez mais, ocupar espaços de poder”.

Superação

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Já a deputada Sandra Faraj (foto) teve que enfrentar o preconceito de uma cultura. Nascida em Brasília e de família libanesa, a parlamentar convivia com os costu-mes machistas do Oriente Médio. Além do mais, na casa, as mulheres eram minoria, só três – ela, a irmã e a mãe – enquanto os homens dominavam – seis irmãos e o pai. Sandra conta que a diferença entre os gêneros estava desde as pequenas ações, como ter um namorado, às grandes iniciativas: “Tive que conquistar o apoio da mi-nha família, ao longo dos anos, para entrar na política”. O pai de Sandra foi prefeito e militante no Líbano, mas não desejava que a filha seguisse o mesmo caminho. Para entrar na vida pública, a parlamentar contou com a ajuda de um dos irmãos, Pastor Fadi Faraj.

O que a motivou foi “poder ser a voz daqueles que não tinham”. Ao lado do irmão, o desejo da deputada era de trabalhar com políticas voltadas para mulheres e famílias carentes, algo que já realizava antes de ser eleita. O projeto Sim Para Família garantia à Sandra o envolvimento com as comunidades, já que a organização promove a integração de creches, orfanatos, centros de recuperação, instituições religiosas, entidades sociais públicas e privadas.

Com menos de três meses de exercício parlamentar, a deputada já tem três projetos encaminhados na Câmara Legislativa em defesa da mulher. O primeiro é um banco de empregos para quem sofre violência doméstica. “Quere-mos garantir que essas mulheres tenham oportunidades.” O segundo propõe punir pessoas físicas e jurídicas que

discriminarem o sexo feminino, dificultando, à empresa, conseguir concessão fiscal, financiamento ou contratos com o governo. O terceiro projeto é a cota de 30% dos cargos públicos reservados às mulheres.

A última proposta da deputada está ligada também à preocupação com a entrada feminina na política. “Apesar de algumas conquistas da mulher nos meios político e so-cial, ela ainda tem pouca representatividade e pouco cargo eletivo.” Para Sandra, o problema está na falta de apoio que as candidatas recebem. “Dados do Tribunal Regional Eleitoral revelam que, nas eleições de 2014, por exemplo, as mulheres foram 20% das candidaturas, mas só tiveram 8% do total da verba.” A solução para diminuir essa de-sigualdade seria “ter o mesmo tipo de financiamento na campanha de um e de outro”.

A diferença entre homens e mulheres no campo políti-co não se reflete apenas durante as eleições. Sandra Faraj acredita que a cobrança é maior de acordo com o sexo. “Esperam muito mais da gente por sermos mulheres. O olhar para cima de nós é discriminatório, como se não fôs-semos conseguir.” Ela provou o contrário: foi eleita com mais de 20 mil votos, ficando na frente de 13 parlamen-tares homens. A dica da deputada para vencer os desafios está na frase de William Churchill: “Você nunca vai chegar onde quer se parar para atirar pedras em todo cão que late para você no meio do caminho”. “Eu sigo sempre em fren-te, não paro para criticar ninguém. Foco no meu objetivo, invisto nele e sempre dá certo.”

Barreiras culturais

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Trabalhar com transações imobiliárias era uma tarefa destinada somente a homens. Mas essa concepção vem mudando e as mulheres já representam 30% do total de corretores | Gustavo Lúcio

MêS da MUlher

Mulheresno mercadoimobiliário

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Com um perfil mais dinâmico, detalhista e criativo, as mulheres passaram a desem-penhar um papel importante no mercado de imóveis. Dados do Sistema Confeci-Creci mostram que o número de profis-sionais femininas atuando em transações imobiliárias é cada vez maior. No pri-meiro levantamento, realizado em 2005,

foram constatados 8,3% de participação feminina na categoria, levando-se em consideração profissionais de todo o país. Em 2011, a quantidade saltou para 33%. Segundo o Sistema, a diferença de gênero deve ser igualada em até sete anos.

No Distrito Federal, essa realidade não é diferente. Dos 12 mil registros profissionais ativos no Conselho Regional de Corretores de Imóveis do DF (Creci-DF), 3,6 mil são de mulheres – cerca de um terço do total, índice parecido com o nacional. “Antigamente, a cor-retagem de imóveis era vista apenas como profissão de homem, concepção que está mudando com o pas-sar dos anos. As mulheres estão descobrindo cada vez mais sua independência e a necessidade de crescer profissionalmente, até mesmo para contribuir com o orçamento familiar”, explica o presidente do Creci-DF, Hermes Alcântara, que também acrescentou que, do total de mulheres na corretagem de imóveis, a maior parte possui idade entre 34 e 43 anos.

Segundo Sonia Amaral Ruscher, corretora de imó-veis há 25 anos, a mulher tem vários compromissos: ser mãe, avó e ainda cuidar dos clientes como corre-tora. Mas para se manter no mercado, elas têm de de-

mostrar que conseguem realizar várias tarefas sociais e profissionais ao mesmo tempo: “Por sermos mulheres, temos que provar três vezes mais que somos capazes para superarmos os homens. Atualmente temos múlti-plas funções e conseguimos realizar todas, sem deixar a família, a vaidade e a vida social de lado”.

Os profissionais imobiliários são responsáveis pela intermediação de imóveis, tais como a compra, a venda e o aluguel. No caso das mulheres, as características naturais delas se tornaram requisitos essenciais ao seg-mento, principalmente para clientes exigentes. “Eu me identifiquei com o mercado e acho ele vem se iden-tificando com as mulheres. Desde 1991 tive apenas um cliente que não me aceitou como profissional para transação imobiliária. Mas hoje vejo que os clientes confiam mais nas corretoras, por realizarmos todas as tarefas e conseguirmos finalizar todas sem dar prejuízo às partes”, declarou a corretora Izabel Cristina.

Para o especialista em vendas e gestão Diego Maia, mesmo com as diferenças de gênero que existem no mercado imobiliário nacional o certo é evidenciar o bom profissional independente de sexo, cor, religião ou convicções políticas. Porém as mulheres possuem visão bem diferente dos homens: “Enquanto os cor-retores de forma geral se preocupam com os fatores concretos na hora de mostrar o imóvel, as corretoras tentam sensibilizar os clientes sobre como ele vai se ver morando naquele apartamento ou casa. As aborda-gens delas são subjetivas e emocionais, enquanto as dos homens são mais palpáveis e realistas. Eu prefiro ficar com a abordagem das mulheres”, finalizou.

Creci no mês das mulheresPara comemorar do Dia Internacional da

Mulher, a Associação de Corretores de Imóveis (ACI) e o Creci-DF realizaram um concurso de beleza entre as profissionais do Mercado Imo-bilário, o Miss Corretora 2015. Participaram do evento, inédito no Brasil, oito concorrentes. “O objetivo é destacar a feminilidade e a simpatia das mulheres corretoras, trabalhadoras e guer-reiras do mercado de imóveis do DF”, afirmou

a representante da Diretoria Feminina do Cre-ci-DF, Vilma Vaz.

A vencedora foi Kilma Araújo, corretora desde 2007. “Não esperava que, aos 50 anos, fosse ganhar um concurso de beleza. Existem muitas mulheres lindas atuando. Estou mui-to agradecida”. Graças ao sucesso da primeira edição do Miss Corretora, o evento fará parte do calendário anual de eventos do Conselho.

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Mulheresno mercadoimobiliário

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EstamosaquiROTINAFUGINDODA

Com apenas duas muletas e uma mochila, a jovem deficiente física de 21 anos explorou o leste africano. Por trás do cenário, várias famílias buscando se encontrar. Essa era a situação de Jéssica Paula (foto) em agosto de 2012. Enquanto fazia intercâmbio na Espa-nha, a estudante decidiu conhecer o Marro-cos à turismo, mas não imaginava encontrar,

no país, refugiados de regiões vizinhas. De frente a esse quadro, a maioria das pessoas continuaria o passeio, mas Jéssica, que sempre gostou de escrever sobre casos úni-cos, quis conhecer a fundo os relatos marcantes daque-le povo. O interesse aumentou ainda mais ao perceber a escassa biografia sobre o assunto. Estava decidido: iria a

lugares pouco explorados e documentados por estran-geiros para conhecer ditaduras, ainda em vigor, e

conversar com os protagonistas dessas histórias.O primeiro destino foi a Etiópia em maio de

2013. No país, conversou com vários mora-dores dos campos de refugiados. A maio-ria vinha de um estado do Sudão, chama-do Nilo Azul. Já de início, houve grande

surpresa, porque “eu imaginava que eles procurassem esses espaços para ter uma vida

Foto: Magnun Alexandre

| Carolyna Paiva

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melhor. O que acontece, na maioria das vezes, é uma fuga de milícias que matam, estupram e sequestram pessoas. Eles passam meses fugindo ou perdidos em vilarejos e flo-restas até que alguém os acha”. Apesar da angústia, foi na Etiópia que a jovem ouviu de uma refugiada a frase de incentivo a continuar desbravando a África: “Então, quan-do voltar para o seu mundo, conte para eles que estamos aqui.” E ela entendeu que, se não conseguia mudar aquela situação, poderia contar sobre isso.

O contato com os sobreviventes incentivou Jéssica a seguir em frente. Entender onde e como esses ataques aconteciam determinou a próxima parada: o Sudão. Explo-rar o novo território não foi tão fácil como a jovem gostaria. Além das dificuldades que limitavam a caminhada, como o dialeto árabe e o calor de 52 graus – que derreteu as borra-chas de sua muleta –, a ditadura estabelecida pelo governo proibia o acesso a vários locais. “Lá não pode estrangeiro. Nem a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras po-dem entrar dependendo da região”, declara.

No entanto, ela não se permitiu parar. Disfarçada de mulçumana, religião predominante, chegou a Nilo Azul, estado que enfrenta uma guerra civil entre o Sudão e Su-dão do Sul. Na área, foi possível vivenciar a dor local, ao entrar em contato com crianças soldados – meninos de 7 a 15 anos que lutam em guerras – e suas famílias vítimas dos ataques. Entretanto, rapidamente foi descoberta por um oficial. Em menos de 24 horas, Jéssica guardou em fotografias um dos poucos registros existentes do local nos dias de hoje.

O destino seguinte foi o Sudão do Sul, lugar muito afetado por conflitos. A cultura cristã e a falta de energia no país inteiro chamaram a atenção de Jéssica. “Eu não tinha dinheiro para hospedagem, então fiz amizade com uma moradora. Assim, pude sentir como eles vivem. Exis-tem trincheiras dentro de casa e lugares específicos para reservar comida. Ou eles defendem a família da guerra ou participam dela.”

Como mulher, deficiente física e estrangeira, não falta-ram desafios. O véu, utilizado na maioria das regiões, não ficava no lugar por causa do vento. “Você é mais respeitada com o véu, mas era muito difícil segurar a muleta e aguen-tar o calor e o vento. Mas com certeza o pior era infraes-trutura” comenta Jéssica. Sem água encanada, banheiros e luz, os banhos eram com balde e caneca e um buraco no chão atendia as necessidades físicas. Alimentar-se era caríssimo, porque a guerra impedia produções agrícolas, logo tudo era importado. Para piorar, o sistema bancário brasileiro nem sempre era reconhecido nos países.

A última parada foi em Uganda, onde aprendeu gran-des lições. Na região, conheceu ex-reféns de um dos dez criminosos mais procurados no mundo pela Corte Penal Internacional Joseph Kony. Entre os fugitivos estavam a ex-enfermeira e um adolescente de 18 anos que fora se-questrado aos sete. O ponto culminante para a saída de Jéssica foi contrair malária. Passados cinco dias após a re-

cuperação, pegou um avião para a Europa e logo estava de volta no Brasil.

“Minha família não tenta mais impedir, mas não in-centiva. Até hoje minha mãe lê reportagens e descobre coisas.” O grande apoio, segundo Jéssica, veio da esposa Thailyne Araujo: “Na viagem, ela era meu suporte e refú-gio, eu falava tudo com ela. Foi uma das poucas que me incentivou”. Depois de dez meses, a aventura virou um livro com fotografias e informações sobre as vivências e conflitos na região e, principalmente, histórias dos perso-nagens encontrados. Para concretizar o projeto e imprimir mil livros, a jovem investiu em um sistema de “vaquinha virtual”, conhecido como crowdfunding , em que buscou arrecadar R$ 15 mil reais. Ao todo, conseguiu R$ 17.575, dinheiro que promete levar a história adiante.

Após dois meses na África, Jéssica se comove ao lembrar o que passou. O fato mais emocionante compõe o último capítulo do livro. Ainda no início da viagem, um refugiado da Etiópia chamado Bruno a perguntou se ela tinha família. Surpreso com a resposta assertiva, ele questionou: “Eles te amam e estão esperando você?”. Ao entender a situação, a brasiliense encheu os olhos de lágrimas, então o africano completou: “Você tem muita sorte”. Hoje, depois de tudo o que enfrentou, ela tem certeza – é muito sortuda.

Imagens do arquivo pessoal de Jéssica Paula

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Receita do ChefPara o mês de março, o chefe Waldeone preparou umas das especialidades do restaurante La Tambuille: o filé ao molho funghi acompanhado de um risoto de parmesão.

Ingredientes para o Molho Funghi25 funghi porcini secchi1 xícara (chá) de vinho tinto seco1 xícara (chá) de caldo de carne (molho roti)1 cebola média picada2 dentes de alho1 colher (sopa) de farinha de trigo (se necessário)1 colher (sopa) de manteigaMergulhe os cogumelos no vinho e reserve por uma hora. Numa frigideira, refogue o alho e as cebolas na manteiga em fogo baixo. Acrescente os cogumelos cortados e mexa devagar. Depois, dissolva a farinha no vinho e adicione ao molho. Continue adicionando o vinho (o mesmo uti-lizado para hidratar os cogumelos, coado) e o molho roti e deixe engrossar.

Ingredientes para o Risoto de parmesão3 xícaras (chá) de arroz para risoto300 g de queijo tipo parmesão em pedaço2 cebolas médias4 dentes de alho1colher (sopa) de manteiga7 xícaras (chá) de água com caldo de legumes (molho consomê)ÓleoSal a gostoFrite o alho e a cebola na panela com óleo. Acrescente o arroz e deixe-o fritar por um minuto. Acrescente o molho consomê em etapas para que o arroz não fique seco. Despeje aos poucos o queijo ralado e no fim acrescente a manteiga.

Foto: Wagner Augusto

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