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AGOSTO 2019 Distribuição gratuita - Venda proibida N.º 72 ANO XXXV SUSTENTABILIDADE SOB CONTROLE JURISTAS DEBATEM PACOTES ANTICORRUPÇÃO RIO, CAPITAL MUNDIAL DA ARQUITETURA TCMRJ AVALIA POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS DO RIO REVISTA TCM RJ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO WWW.TCM.RJ.GOV.BR

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AGOSTO 2019

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N.º72ANO XXXV

SUSTENTABILIDADE SOB CONTROLE

JURISTAS DEBATEM PACOTES ANTICORRUPÇÃO

RIO, CAPITAL MUNDIAL DA ARQUITETURA

TCMRJ AVALIA POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS DO RIO

R E V I S T A

TCMRJ

TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO WWW.TCM.RJ.GOV.BR

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MissãoAtuar em benefício da sociedade,

aprimorando a Gestão Pública por

meio de orientação e controle.

VisãoSer reconhecido como órgão essencial

à melhoria da Gestão Pública e à

defesa do interesse social.

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A pauta sobre a preservação do meio ambiente é prioridade mundial. Tornou-se uma causa comum a todas as Nações, indistintamente. Não há governo responsável que não esteja atento às recomendações da ONU para promover a

sustentabilidade.

Os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável preconi-zados pela Cúpula das Nações Unidas, que deverão pautar as políticas públicas nacionais e as atividades de cooperação internacional, visam, em síntese, à redução do impacto da ação do homem na natureza com objetivo de harmonizar a atividade humana e o desenvolvimento econômico com a conservação da biodiversidade, promovendo o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.

O Brasil tem protagonismo histórico na formulação da agenda sustentável. Em 2016, foi criada a Comissão Nacional para os Objetivos do Desenvolvi-mento Sustentável, para acompanhar o alinhamento das políticas públicas com os pressupostos da Agenda 2030, firmada durante a Cúpula das Nações Unidas. E onde há obrigatoriedade de adequação de políticas públicas a determi-nadas normas, impreterivelmente estarão presentes os Tribunais de Contas para exercer a fiscalização e o controle do cumprimento dessa exigência de conformidade.

Se um dos vetores a orientar a gestão pública é a sustentabilidade, os Tribunais de Contas já adotaram, internamente, em suas próprias administrações, práticas para reduzir consumo de papel, energia elétrica e água. Mas a atuação mais efetiva se dá através das auditorias operacionais. No caso do TCMRJ, o controle ambiental foi implementado em 2004. Desde então, vem aprimorando seus instrumentos de fiscalização e controle, e instituiu as auditorias operacionais em políticas de gestão ambiental no Rio de Janeiro, cuja amplitude e profundidade do trabalho e dos resultados apontados são a com-

provação de que os Tribunais de Contas têm um papel fundamental para fazer cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com os quais estão comprometidos

não só o Tribunal de Contas da União e demais Tribunais de Contas que compõem o sistema nacional de controle externo, mas inúmeros Tribunais de Contas

estrangeiros, tais como os da França, Bélgica, Marrocos, Canadá, Suíça, Lituânia, República Tcheca, Polônia, para citar apenas alguns.

É um movimento sem volta. É urgente, inescapável e não cabem mais dúvidas quanto à relação de causa e efeito entre degra-

dação ambiental e mudanças climáticas. O planeta exibe as evidências alarmantes e irreparáveis do descaso com o

meio ambiente, ameaçando as futuras gerações.

Thiers Montebello

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SUMÁRIOCAPA

6 Sustentabilidade sob controle

14TCMRJ avalia políticas públicas ambientais do Rio

CONTROLE: NOVAS TENDÊNCIAS

TRIBUNAIS EM AÇÃO

38 TCs: benefícios em números

41Membros da Atricon são recebidos pelo Ministro do STF Alexandre de Moraes

42 Thiers Montebello participa de encontro com o ministro Paulo Guedes

44 Presidente responde a ataque a Tribunais de Contas

46 TCMRJ ratifica sua participação na Rede de Controle da Gestão Pública

47 Atricon faz novo diagnóstico dos TCs

48 TCMRJ questiona Pedágio em alça de acesso da Transolímpica

49TCMRJ determina pelo ressarcimento de cerca de R$ 4 milhões aos cofres públicos

49 Alienação de imóveis do PreviRio sob o crivo do TCMRJ

50 Atricon, Abracom e IRB inauguram nova sede em Brasília

51 Estudo do TCMRJ evitou impacto bilionário nas contas municipais

52 Pagamentos atrasados da Comlurb deverão ser explicados ao TCMRJ

20 Direito ao erro

24 Fator K: fórmula para economia

CONTROLE SOCIAL

28 Corrupção

32 Pacotes anticorrupção: Juristas debatem a validade de novas regras

Pedro de Hollanda Dionisio

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RIO DE JANEIRO

54 Fala imortal: Entrevista com o presidente da ABL, Marco Luchesi

58 Inovar e compartilhar

62 Rio, capital mundial da arquitetura

TCMRJ EM PAUTA

66 Novo Regimento Interno do TCMRJ

68TCMRJ quer calcular efeitos socioeconômicos do atraso do BRT Transbrasil

70 Asfalto da Transbrasil está na mira do TCMRJ e da Coppe

71 Fiscalização nas obras públicas ganha importante aliado (drone)

72 TCMRJ acompanha a situação das vilas olímpicas

74 Biblioteca do TCMRJ integra comitê de Gestão da Informação dos TCs

75 O papel do auditor e as demandas atuais

76 Inspetor-geral da 3ª IGE irá receber importante homenagem

76 Projeto de Lei que introduz dia do Auditor entra em tramitação

77 Como os contratos chegam ao TMCRJ

77 TCMRJ tem nova identidade visual

78 Aposentadoria: tristeza ou alegria?

PONTO DE VISTA

84 Publicidade, responsabilização e proteção ao consumidor

LIVROS

88Gestão social como mecanismo auxiliar da atividade de Controle Externo do TCMRJ

90 CPI: sua utilização no âmbito da União, Estados e Municípios

VALE A PENA LER DE NOVO

92 Papa enaltece ação dos TCs e conclama sociedade a combater corrupção

94 MEMÓRIA AFETIVA

95 VISITAS AO TRIBUNAL

96 CARTAS

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SUSTENTABILIDADE SOB CONTROLEP O R M A R I A S A L D A N H A

As negociações durante a Cúpula das

Nações Unidas culminaram na adoção

dos Objetivos de Desenvolvimento

Sustentável (ODS), que deverão orientar

as políticas públicas nacionais e as

atividades de cooperação internacional

até 2030. O Brasil participou de

t o d a s a s s e s s õ e s d a n e g o c i a ç ã o

intergovernamental, que chegou ao

acordo que contempla 17 objetivos e 169

metas, envolvendo temáticas diversificadas,

como erradicação da pobreza; segurança

alimentar e agricultura; saúde; educação;

igualdade de gênero; água e saneamento;

energia; crescimento econômico sustentável;

infraestrutura; redução das desigualdades; cidades

sustentáveis; padrões sustentáveis de consumo

e de produção; mudança do clima; proteção e uso

sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres;

sociedades pacíficas, justas e inclusivas; e meios de

implementação.

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Historicamente, o país tem mostrado grande empe-nho em torno da agenda sustentável: sediou a primeira Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), bem como a Confe-

rência Rio +20, em 2012. O Brasil destacou-se, internacionalmente, como um dos países que mais avançou no cumprimento dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, alcançando a maioria das 21 metas que foram pactuadas mundialmente em 2000, e o pri-meiro, dos 170 países envolvidos, a adequar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável à realidade nacional.

A partir de decreto presidencial, de 2016, foi criada a Comissão Nacional para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (CNODS), para o acompanha-mento da Agenda 2030 e o alinha-mento entre as políticas públicas nacionais e os ODS. Para “não deixar ninguém para trás”, tal como expresso na Agenda 2030, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o setor produtivo, a academia e as organizações da sociedade civil deverão dar prio-ridade para a construção de ações e soluções.

E os tribunais de contas não ficam de fora, muito pelo contrário. Em decorrência de auditoria operacional para avaliar as ações promovidas pela administração pública federal para a redução de consumos próprios de papel, energia elétrica e água, o TCU

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firmou acórdão, em 2011, recomendando medidas de sustentabilidade, tendo em vista a adoção do país a acordos internacionais nesse sentido. O acórdão originou o Decreto n.7.746/2012, que pode ser citado como um marco da sustentabilidade na administra-ção pública. Entre as principais inovações trazidas, destacam-se a institucionalização das aquisições e contratações públicas sustentáveis na Lei de Licita-ções, e a exigência do planejamento sustentável.

Em 2016, o TCU realizou outra auditoria operacional para aferir a evolução das ações promovidas após as recomendações feitas, considerando, ainda, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n.12, com enfoque especial na meta destinada à promoção das compras públicas sustentáveis. Identificando

a ausência de método para a avaliação das ações de sustentabilidade, o TCU criou o Índice de Acompa-nhamento da Sustentabilidade na Administração (IASA).

Assim, a sociedade e as instituições de controle poderão acompanhar a evolução da implementação de ações sustentáveis no âmbito da administração pública federal, não só no que diz respeito à racionali-zação do consumo de insumos, tais como água, papel e energia elétrica, como também a outros quesitos da sustentabilidade, como emissão de gases de efeito estufa, uso de edifícios mais eficientes, atendimento a critérios de acessibilidade etc – comentou, à época, o então presidente do TCU, ministro Raimundo Carneiro.

Contratações sustentáveisAs contratações governamentais, no Brasil, movimen-tam recursos em cerca de 10 a 15% do produto interno bruto (PIB). Com base nos princípios da Agenda 2030, as decisões de compras públicas reúnem um contexto muito amplo, cujas dimensões abrangem o social, o econômico, o ambiental, o político, o espacial, o ético, entre outros; induzem a transformações estruturais que geram impacto na produção, no consumo e nas boas práticas em relação ao meio ambiente, incluindo a gestão de resíduos sólidos. Além disso, as contra-tações públicas desempenham papel fundamental na implementação das políticas públicas, no fomento às inovações tecnológicas, na transparência e no controle social, pois essas contratações mobilizam tanto o setor governamental quanto a iniciativa privada, e, consequentemente, refletem em toda a sociedade.

Nessa linha, em 2010, foi incluída na Lei de Licitações a promoção do desenvolvimento nacional sustentável entre os princípios a serem garantidos nos processos de seleção públicos, em todas as suas etapas. As compras públicas sustentáveis podem abranger, por exemplo, a aquisição de computadores verdes, equipamento de escritório feito de madeira certi-ficada, papel reciclável, transporte público movido a energia mais limpa, alimentos orgânicos para as cantinas, eletricidade produzida por fontes de energia

renováveis, sistemas de ar condicionado de acordo com as soluções ambientais de ponta, bem como a contratação de edifícios energeticamente eficientes.

No entanto, a auditoria do TCU verificou que as com-pras sustentáveis ainda não alcançam um percentual representativo: somente cerca de 1% do montante de aquisições e contratações, conforme apontado na última auditoria de 2016. A ausência de definição de critérios se sustentabilidade nos catálogos de materiais e de serviços que a administração pública utiliza para suas contratações, a momentânea para-lisação das atividades da Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (Cisap) e a não obrigatoriedade do planejamento anual de contratações pelos órgãos federais contribuem para o tímido impulso, segundo relatório do Tribunal de Contas.

A Cisap é responsável pela promoção da sustentabili-dade no Poder Executivo federal e sua atuação possi-bilita o andamento de projetos na área de contratações públicas sustentáveis, edifícios eficientes, gestão de resíduos sólidos, além de ser o principal ator na governança das políticas voltadas à sustentabilidade. Entretanto, a comissão está se reestruturando desde a transição para o atual governo. Priscila Machado,

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Acórdão n. 1752/2011 - TCUDestaque de recomendações: plano de ação para o aumento da sustentabilidade e eficiência no uso de recursos naturais, em especial energia elétrica, água e papel, considerando a adesão do país aos acordos internacionais: Agenda 21, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e Processo Marrakech.

Acórdão n. 1056/2017 - TCUDestaque de recomendações: implementação do Índice de Acompanhamento da Sustentabilidade na Administração (IASA) para verificação e o acompa-nhamento da evolução de ações que visem à susten-tabilidade na administração pública federal.

Lei n. 12349/2010Regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios e práticas para a pro-moção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública.

Decreto n. 7746/2012Contratações sustentáveis na administração pública federal e criação da Comissão Interministerial de Sustentabilidade na AP.

Decretos ns. 8539, 8540 e 8541/2015Uso de processo eletrônico, racionalização para tele-fones celulares corporativos e racionalização de trans-porte por meio de veículos oficiais e passagens aéreas.

integrante da comissão, informa que, no momento, a equipe se debruça na revisão das normas e metodologias relativas a com-pras e logística sustentáveis, incluindo a elaboração de um novo decreto para sistematizar as contratações.

“O objetivo é uniformizar, sim-plificar e atualizar regras e pro-cedimentos relativos à temática, inclusive revendo metodologias e estudando formas de apoiar os gestores em sua implementação por meio da disponibilização de ferramentas tecnológicas. O desenvolvimento sustentável, além de ser um objetivo dos processos de contratações públicas, assume um papel estratégico na governança dos órgãos, con-sistindo em um pressuposto básico para todas as contratações. Assim, pretende-se que, a partir de novembro, esse debate seja ampliado para o âmbito externo”, prevê Priscila Machado.

Legislação de sustentabilidade na Administração PúblicaApós a primeira auditoria do TCU sobre o tema, em 2010, veja como o estabelecimento de procedimen-tos e regras de sustentabilidade dentro da administração pública evoluiu:

“Não há como tergiversar ou fingir indiferença: a contratação administrativa, para ser legal e legítima, terá de ser sustentável” Juarez de Freitas, pós-doutor em Direito

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Portaria MP n. 28/2015Boas práticas de gestão e monitoramento de consumo de energia e água.

IN MP/SLTI n.1/2010Critérios de sustentabilidade ambiental na aqui-sição de bens, contratações de serviços ou obras.

IN MP/SLTI n. 10/2012Regras para elaboração do Plano de Gestão de Logística Sustentável.

IN MP/SLTI n. 2/2014P r o j e t o s d e e d i fi c a ç õ e s e a q u i s i ç ã o d e equipamentos.

Resolução CNJ n, 201/2015Criação e competências das unidades ou núcleos socioambientais nos órgãos e conselhos do Poder Judiciário e implantação do respectivo Plano de Logística Sustentável.

Resolução TSE n. 23474/2016 Criação e competências das unidades ou núcleos socioambientais nos tribunais eleitorais e implantação do respectivo Plano de Logística Sustentável da Justiça Eleitoral.

Portaria Conjunta Interna MP n. 8/2015Estabelecimento dos indicadores para o monito-ramento de energia elétrica e de água na APF.

1972Conferência de EstocolmoConferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente

1987O Nosso Futuro Comum“A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentável de forma a garantir que ele atenda a necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades.”

1990IDH: Índice de Desenvolvimento HumanoÍndice de educação: a taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade e a taxa de escolarização;

Longevidade: a expectativa de vida ao nascer;

Renda: o PIB per capita do país.

“Especialmente em tempos de escassez, a sustentabilidade está intimamente ligada à eficiência do uso dos recursos.” Marcelo Orlandi Ribeiro, diretor da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do TCU

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1992Rio 92Criação de uma agenda global de desenvolvimento sustentável: a Agenda 21.

2010Cúpula do MilênioComprometimento com os ODMs renovados;

Requisição ao Secretário-geral para que este fizesse recomendações para além de 2015 - ano limite para atingir as metas.

2013Assembleia Geral da ONUReconhece a conexão intrínseca entre a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável;

Chega ao acordo sobre trabalhar em um único conjunto de metas.

A G O S T OS E T E M B R O D E Z E M B R O

J A N E I R O - J U L H O J U L H O S E T E M B R O

D E Z E M B R O

2015Negociações pós 2015 intergovernamentaisOs ODS serviram de base para as negociações.

2015Conferência Internacional sobre Financiamento para o DesenvolvimentoAdoção da agenda de Adis Abeba;

Identificou áreas-chave de ação para fornecer meios e criar um ambiente propício para a implementação dos ODS.

2015Cúpula das Nações UnidasReuniu chefes de Estado e de Governo em um único lugar para adotar a Agenda pós 2015;

Adoção do Documento final “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.

2015COP-21Foi adotado o Acordo de Paris, com compromissos de fortalecer a resposta à mudança do clima.

2000Cúpula do MilênioObjetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODM.

2011Começam as consultas pós 2015Secretário-geral estabelece um processo inclusivo;

O Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas - incluindo o PNUD Brasil - facilitam consultas globais temáticas e consultas nacionais;

Secretário-geral prepara o relatório “A Life of Dignity for All”.

2012Rio+20Acordo sobre o projeto Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

2014Relatório do Secretário-geral Relatório do Secretário-geral é lançado: o caminho para a dignidade até 2030.

Síntese das propostas dos Estados Membros e todos os inputs de ambos os processos.

2002Rio+10, JoanesburgoFoco na implementação da agenda de desenvolvimento sustentável;

Reitera os objetivos ambientias e sociais da Agenda 21 e dos ODMs;

Contribuição para o ODM 7 (sustentabilidade ambiental).

2014Proposta do GTA-ODS

Proposta de um conjunto de 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo um total de 169 metas.

+20

+10

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Tribunais de contas ao redor do mundo estão de olho em políticas e programas de sustentabilidade

4 Conduzir o

planejamento adotado

2 Definir

estratégias

5 Aprender com as

experiências

1 Garantir tempo

e autoridade suficientes

3 Capacitar e especializar

equipes

6 Fazer a

diferença

A Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai) publicou manual sobre como os órgãos de controle podem auditar políticas e programas de desenvolvimento sustentável, afirmando que eles têm um papel-chave no monitoramento da implementação de estratégias nessa área. O ISSAI 5130 pode ser conferido em http://kniknowledgebase.org/wpcontent/uploads/2017/07/issai_5130e.pdf

A Intosai elenca as principais etapas para os órgãos de controle realizarem auditorias ambientais e sustentáveis:

O Tribunal de Contas de Marrocos publica

o seu relatório sobre a disponibilidade do país para implementar os Objetivos

de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030.

DRISS JETTOU

Presidente do Tribunal de Contas do Marrocos.

Desenvolvimento sustentável: o

Tribunal de Contas denuncia a falta de consulta das partes

interessadas

O Tribunal de Contas da Bélgica analisa a coordenação da

política federal de desenvolvimento sustentável, apontando uma lacuna

entre o compromisso de implementar a gestão ambiental dos serviços

federais e as realizações efetivas.

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Desde 1996, o Canadá

possui uma Comissão de Desenvolvimento Sustentável

auxiliada por uma equipe especial da Auditoria Geral do país. Por lei,

ela é obrigada, em nome do auditor geral, a informar anualmente o Parlamento sobre questões

relacionados com o meio ambiente e outros aspectos

do desenvolvimento sustentável.

Em 1999, os órgãos

de controle da República Tcheca, Lituânia e Polônia se

uniram para auditar o programa de prevenção da poluição do ar que

seus governos estabeleceram multi-lateralmente. A auditoria focalizou a utilização dos fundos ambientais

e a regularidade dos cálculos e aplicação de multas por

excesso de emissões de gases poluentes.

Ministro da Ecologia,

Desenvolvimento e Planejamento Sustentável

da França responde ao presidente do Tribunal

de Contas reconhecendo a importância de uma enquete

sobre os compromissos, objetivos e indicadores de desenvolvimento

sustentável na administração pública francesa.

Na Suíça, a política de gestão pública

ambiental é conduzida transversalmente pelas

administrações locais dos cantões, governo central,

chancelaria, poder Judiciário e o Tribunal de Contas

Nos Estados

Unidos, a General Audit Office tem poderes

para limitar ações regulatórias do governo

em assuntos que afetem o meio

ambiente.

Relatório da Corte de Contas belga:

“La coordination de la politique fédérale de

développement durable”

Relatório da Corte de Contas

francesa: “Les engagements, les

objectifs et les indicateurs du développement

durable dans l’action de l’État

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Como está sendo feita a implementação das políticas públicas voltadas para o meio ambiente na cidade do Rio de Janeiro?

Foi com base nesta questão que o TCMRJ realizou

uma auditoria operacional para avaliar a gestão

ambiental, entendendo que, se é dever do poder

público defender e preservar o meio ambiente,

também é dever do Tribunal de Contas garantir que

isto seja feito, no sentido de assegurar o direito das

presentes e futuras gerações de viver em um meio

ambiente ecologicamente equilibrado.

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O T r i b u n a l d e Contas do Muni-

cípio do Rio de Janeiro – TCMRJ iniciou uma série de auditorias

ambientais no ano de 2004, dentro de sua

competência expressa no art. 71, inciso IV, da Consti-

tuição Federal/1988, bem como no inciso IV do art. 3.º e inciso III do art. 25.º, ambos da Lei n.º 289/1981, com as alterações posteriores, que dispõem sobre a realização de auditorias ope-racionais; bem como no caput do art. 225 da Carta Magna, o qual dispõe que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Dando continuidade à sua responsabilidade para com a questão ambiental, para o ano de 2018, o TCMRJ optou por realizar uma auditoria operacional tendo como tema a avaliação das políticas públicas voltadas para a gestão ambiental.

O citado trabalho buscou entender como está sendo conduzida a gestão ambiental no município do Rio de Janeiro, no que diz respeito à formulação e imple-mentação das suas políticas públicas ambientais. Para tanto, almejou responder às seguintes questões:

Em que medida a política pública foi institucionalizada formal e adequadamente?

Como está sendo feita a implementação das políticas públicas voltadas para o meio ambiente?

De que maneira ocorre a participação social no âmbito da

política pública?

A auditoria que avaliou a gestão a m b i e n t a l , i n i c i a d a n o a n o passado, dá continuidade a uma série inaugurada em 2004, junto a áreas de preservação, unidades de conservação, parques naturais e outros aspectos ambientais,

registrada em cartilhas publicadas ao longo dos últimos anos e disponíveis no site do Tribunal (http://www.tcm.rj.gov.br/WEB/Site/Noticias.aspx?Categoria=2).

Nesta matéria, a inspetora-geral Marta Varela (foto), da 6ª Inspetoria do TCMRJ, especializada em meio ambiente, explica o escopo e os principais achados da recente verificação, que vem servindo de material de apoio para a CPI das Enchentes em curso na Câmara Municipal do Rio para apuração das circunstâncias e consequên-

cias sociais, ambientais e econômi-cas causadas pelos temporais que

atingiram a cidade do Rio de Janeiro neste ano.

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Uma política pública adequadamente instituciona-lizada indica que ela é reconhecida como legítima, desejada e que conta com os recursos necessários para o seu desenvolvimento.

Em relação à institucionalização, o Município possui as diretrizes de sua política pública voltadas para a gestão ambiental formalmente institucionalizada por meio da Lei Complementar n.º 111, de 1º de fevereiro de 2011, que dispõe sobre a política urbana e ambiental e institui o Plano Diretor de Desenvolvi-mento Urbano Sustentável do Município que contém diretrizes e normas relativas, dentre outros:

D à polít ica municipal de desenvolvimento sustentável;

D ao sistema municipal de planejamento e gestão;

D à participação pública efetiva e continuada, através dos conselhos, conferências etc.; e

D ao desenvolvimento urbano com base na política de planeja-mento e desenvolvi-mento sustentável.

Nela também se encontram previstos os instrumentos de gestão ambiental, os instrumentos financeiros, orçamentários e tribu-tários, sem prejuízo da proposição das políticas p ú b l i c a s s e t o r i a i s d e desenvolvimento ambien-tal, definindo objetivos, diretrizes e ações estrutu-rantes para o alcance dos mesmos.

Foi identificado que o atual Sistema de Planejamento e Gestão Ambiental não

se encontra em consonância com o Plano Diretor, apresentando as seguintes fragilidades:

1. A ausência de um órgão coordenador e atuante que integre as diversas políticas públicas, no que concerne à efetiva proteção e valorização do meio ambiente.

É necessária uma estrutura clara de liderança para melhorar a forma como a política é formulada e entregue. A definição de papéis e responsabilidades para a coordenação e o estabelecimento de processos de coordenação podem mitigar a existência de frag-mentação e sobreposição, bem como reduzir os riscos de duplicidade.

A existência de um órgão central de planejamento e gestão ambiental é prevista em diversos trechos da LC n.º 111/2011 (em seus arts. 118, 127, 185) e no Decreto Rio n.º 44.405/2018. Todavia, observou-se que não foram

elaborados alguns instru-mentos previstos no Plano Diretor em face da ausência de um órgão coordenador que integre e acompanhe a execução das ações voltadas à gestão ambiental. A audi-toria identificou ainda:

O mecanismo de participa-ção e controle social mais recorrente nas políticas públicas de meio ambiente são os conselhos gestores de políticas públicas.“Os conselhos de políticas públicas são

espaços de diálogos e decisões acerca

de temas de interesse público, trata-se

de lócus privilegiado para estabelecer

negociações a respeito de demandas e

conflitos, bem como representam arena

para promover o controle social

acerca das políticas.”

(Leme, 2016)

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Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro(art. 9º da Lei 6.938/811; §1º do art. 173 da LC 111/2011)

Não elaborado

Sua ausência tem como efeito uma falha na preservação das áreas litorâneas.

Caderno de Encargos Ambientais(art. 185 da LC 111/2011)

Não elaborado

Sua ausência pode representar prejuízo na aplicação das diretrizes e procedimentos correspondentes à sustentabilidade e à proteção ambiental.

Plano de Desenvolvimento Sustentável – PDS (inciso I, art. 5º da LC 111/2011 e inciso I, art. 1º do Dec. 42.941/2017)

Não elaborado

O efeito de sua ausência poderá ser o não atingimento do potencial de desenvolvimento sustentável da cidade.

Plano Diretor de Arborização Urbana (inciso II,

art. 183 da LC 111/2011)

Não implementado

A não implementação das ações gera prejuízos ao planejamento e à gestão das áreas verdes e espaços livres da cidade.

Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais – PDMAP (art. 226 da LC 111/2011)

Não implementação das ações previstas com exceção daquelas relacionadas à Bacia do Canal do Mangue, ao Reservatório profundo da Praça da Bandeira, ao Reservatório profundo da Praça Niterói, ao Reservatório profundo da Praça Vanhargen e ao desvio do Rio Joana.

Sua ausência pode ter como efeito uma drenagem urbana ineficiente e menor efetividade no controle de enchentes.

gestão ambiental com consequente falta de clareza sobre as competências e atribuições de cada uma das partes.

As organizações colaboradoras devem trabalhar em conjunto, pois a obtenção de resultados nas políticas públicas exige, cada vez mais, que as organizações públicas trabalhem em conjunto para definir e concor-dar sobre seus respectivos papéis e responsabilidades.

No tocante à implementação das políticas públicas, foi observado que diversos instrumentos estruturan-tes de planejamento e gestão ambiental não foram elaborados e outros se encontram parcialmente implementados, conforme tabela a seguir.

D o não acompanhamento pela Seconserma do andamento das ações relacionadas ao Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) e ao Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais (PDMAP);

D a não definição do órgão encarregado da execução do Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU), apesar deste encontrar-se elaborado e aprovado.

Faz-se necessária uma instância efetiva de coorde-nação a fim de alinhar as ações dos diversos agentes atuantes nas políticas públicas voltadas à proteção do meio ambiente.

2. A ausência de integração entre os órgãos que definem e aplicam as políticas públicas de

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Diretrizes e procedimentos correspondentes à sustentabilidade e à proteção ambiental que deverão ser observados na licitação e execução de obras públicas e na implantação do Código de Obras do Município

• o uso de materiais básicos de construção oriundos de reciclagem e/ou que permitam a reciclagem de material;

• o uso de madeira e o uso de materiais de construção de origem mineral - telha, tijolo, areia, saibro, cerâmica, granito, brita, entre outros - com comprovação de origem legalizada;

• a redução do uso de energia elétrica para o aquecimento da água;

• o incentivo a projetos arquitetônicos que busquem soluções mais eficientes para os arranjos espaciais urbanos, que permitam a melhor circulação do ar e menor retenção de calor, possibilitando economizar energia;

• o aumento do uso da iluminação e ventilação natural nas construções, para, entre outros objetivos, aumentar o conforto ambiental e reduzir o consumo de energia elétrica.

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Parques Naturais e Áreas de Proteção AmbientalA Lei Federal n.º 9.985/2000 regulamentou o art. 225, §1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Fede-ral, instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão destas Unidades. Por força de seu art. 3º, as Unidades de Conservação municipais são partes integrantes do SNUC.

Em relação às Unidades de Conservação municipais (Parques Naturais e às Áreas de Proteção Ambiental), observados o aumento da pressão antrópica nestas áreas, a ausência de medidas protetivas eficazes às Unidades, e a inexistência de Planos de Manejo para o Parque Natural Municipal da Serra da Capoeira, bem como para as Áreas de Proteção Ambiental da Serra da Capoeira Grande, Brisas e Morro do Silvério.

Quanto à participação social, o mecanismo de parti-cipação e controle social mais recorrente nas políticas públicas de meio ambiente são os conselhos gestores de políticas públicas, que são espaços de diálogos e decisões acerca de temas de interesse público.

O município do Rio possui um Conselho Munici-pal de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro (CONSEMAC), criado pela Lei n.º 2.390 de 01/12/1995. Trata-se, de acordo com o art. 2º da sua lei de criação, de um órgão deliberativo, normativo e fiscalizador, integrante do Sistema de Planejamento e Gestão Ambiental do Município, de acordo com §1º do art. 314 do Plano Diretor do Rio de Janeiro. Possui ainda as seguintes características:

D seus conselheiros não são remunerados, o que se encontra em consonância com sua lei de criação;

D a representação da sociedade civil é paritária;

D as reuniões são realizadas regularmente conforme calendário divulgado para o período e atas disponibilizadas na página do Conselho; e

D a relação dos conselheiros para o décimo mandato encontra-se publicada na página da Prefeitura na internet. (Decreto n.º 44.581/2018)

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Conclusão da auditoriaO presente trabalho pretendeu fornecer um diag-nóstico do estágio em que se encontra o sistema de governança inserido nas políticas públicas voltadas para a gestão ambiental.

O atual sistema de gestão e planejamento ambiental do Rio de Janeiro carece de uma norma complemen-tar que normatize a atuação dos diversos órgãos, instituições e esferas de governo envolvidos, com definição clara e formal das competências dos princi-pais agentes envolvidos na política pública, de forma que seja possível a identificação dos objetivos, papéis, responsabilidades e obrigações, incluindo-se abor-dagem para tratar resolução de conflitos, identificar e dividir riscos e oportunidades, e estabelecer formas de revisão, avaliação e monitoramento adequadas.

Carece da elaboração de instrumentos legais, de imple-mentação das ações previstas nos instrumentos em vigor, em consonância com o previsto no Plano Diretor.

Necessita contar ainda com um planejamento plu-rianual destas políticas, buscando uma continuidade orçamentária e operacional de suas ações, procu-rando garantir uma disponibilidade orçamentária

adequada e uma gestão eficiente no uso de seus recursos financeiros disponíveis.

Por fim, foi determinada a implementação de algu-mas ações já previstas em lei e efetuadas algumas recomendações nas situações onde há possibilidade de contribuir para o aperfeiçoamento da gestão. Espe-ra-se que a operacionalização das medidas propostas pelo TCMRJ possa elevar os níveis de governança das políticas aplicadas voltadas à gestão do meio ambiente, ao aumento da participação de interessados em todas as fases da política; à ampliação da capa-cidade organizacional e disponibilidade de recursos, recuperando-se a estrutura e os meios necessários e apropriados para empreender as atividades com maior eficiência; e à melhoria da coordenação e da coerência das ações desenvolvidas pelo conjunto dos órgãos atuantes, aproximando-se as entidades e promoven-do-se a integração das ações conjuntas e a consecução de propósitos convergentes para a preservação, defesa e recuperação do meio ambiente.”

O relatório da auditoria consta do Processo 040/100.336/2018, que até o fechamento da edição desta revista não havia sido apreciado pelo Plenário. O relator, conselheiro Felipe Puccioni, no entanto, autorizou a prévia publicação de seu extrato. ■

Matriz de instrumentos de políticas públicas

Desafios da Sustentabilidade das Cidades

Ordenamento territorial Comando e Controle Tomada de Decisão

PD ZA ALP LA FA CA MA SAI EA IDC

Expansão urbana

Água e esgoto

Resíduos sólidos

Poluição ambiental

Ruídos e conflitos urbanos de

vizinhança

Área Verdes: criação e

manutenção

Comércio e prestação de

serviços impactantes

Cidadania ambiental

Legenda: PD: Plano Direror; ZA: Zoneamento Ambiental Protegido; LA: Licenciamento Ambiental; FA: Fiscalização Ambiental; CA: Compensação Ambiental; SAI: Sistema de informações Ambientais; EA: Educação Ambiental; IDC: Instâncias de Decisão Colegiada.

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“A absoluta intolerância ao erro traz

sérios prejuízos ao processo decisório

do administrador público, sobretudo à

inovação, ao experimentalismo e à adequada

administração de riscos, além de afastar bons

quadros dos cargos públicos de gestão”

DIREITO AO ERRO

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No prelo da Editora GZ, o livro “O direito

ao erro do administrador público no Brasil:

contexto, fundamentos e parâmetros”

tem origem na dissertação de mestrado

em Direito Público pela Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) do

procurador do TCMRJ Pedro de Hollanda

Dionisio. O autor apresenta aqui uma síntese

deste olhar inovador sobre os limites da

responsabilidade pessoal do gestor por erros

cometidos no exercício de suas funções

públicas. Confira:

O trabalho tem como escopo investigar se, e em quais circunstâncias, o administrador público poderia cometer erros sem que, por isso, esteja sujeito a uma responsabilização de caráter pessoal. Em outras palavras, busca analisar se – e, sobretudo, quando – o Direito Administrativo brasileiro admite como lícitos eventuais equívocos incorridos pelo gestor na

interpretação de textos normativos ou na apreciação de fatos que embasam uma decisão pública.

Erro é definido no livro como uma desconformidade não intencional entre o motivo em que o administrador público baseou sua atuação e a realidade. Entendo essencial para sua configuração que a má avaliação dos fatos ou das normas jurídicas seja acidental, ainda que culposa. O erro, necessariamente, pressupõe a ausência de dolo ou malícia do gestor que nele incorre.

Partindo dessa definição, busco demonstrar no livro que o gestor nem sempre compreende as realidades fáticas e jurídica da forma como elas são. Não raro, os pressupostos de fato e de direito para atuação adminis-trativa são percebidos por ele de maneira equivocada.

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Ao planejar uma licitação para aquisição de medicamentos e outros materiais hospitalares, por exemplo, é preciso que o administrador estime a quanti-dade de insumos que deverá ser consumida ao longo do ano por determinado hospital público ou por um conjunto deles. Para tanto, deve avaliar o perfil epidemioló-gico da população local, levantar dados históricos de consumo e de demanda, identificar eventuais riscos de surtos de doenças, entre outros elementos.

No entanto, ainda que se utilize das técnicas de gestão de estoque em farmácias hospitalares dis-poníveis, é possível que o gestor, de forma não intencional, avalie de forma exagerada a quantidade de determinado remédio, o que poderá gerar o seu vencimento e consequente descarte. A hipótese inversa também não é incomum. O administrador pode equivoca-damente subavaliar a quantidade necessária, gerando a necessidade de contratações emergenciais e, no limite, a interrupção do serviço público de saúde.

Além de comum, procuro evi-denciar que o erro do gestor público é, em alguma medida, inevitável. A complexidade das escolhas realizadas, a presença de riscos e incertezas, bem como as limitações da racionalidade humana fazem com que certos equívocos sejam inevitáveis. Por isso, não se pode crer no mito de um “administrador Hércules”.

Embora seja possível reduzir a ocorrência de vícios no processo

decisório do gestor, é inviável excluí--los de maneira absoluta. Por mais cautelosos ou dili-gentes que sejam, existe sempre a possibilidade de o s a d m i n i s t r a -dores incorrerem em equívocos ao longo de seu processo decisório, muitos deles impossíveis (ou extremamente custosos) de serem previstos ou evitados.

Assim, com base na premissa de sua relativa inevitabilidade, procuro construir no livro os principais fundamentos jurídicos para a existência de um espaço de não responsabilização do admi-nistrador público na hipótese

de cometimento de equívocos escusáveis.

A existência de um espaço de tolerância jurídica ao erro é justificada por normas constitu-cionais e infraconstitucionais que buscam, de um lado, proteger o administrador público em razão de sua condição de indivíduo e titular de direitos fundamentais e, de outro, promover a eficiência da administração pública.

O erro, necessariamente, pressupõe a ausência de dolo ou malícia do gestor que nele incorre.”

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A regra disposta no artigo 37, §6º, da Constituição da Repú-blica, assim como o princípio constitucional da culpabilidade do artigo 5º, inciso XLV, por exemplo, impõem um caráter necessariamente subjetivo à responsabilidade civil e adminis-trativa do gestor, isentando-lhe de responsabilidade, ao menos, nos casos em que seus equívocos sejam inevitáveis e não decorram de sua culpa ou dolo.

Do mesmo modo, o princípio constitucional da eficiência parece determinar a existência de algum espaço de não responsabilização. É que a absoluta intolerância ao erro traz sérios prejuízos ao pro-cesso decisório do administrador público, sobretudo à inovação, ao experimentalismo e à adequada administração de riscos, além de

afastar bons quadros dos cargos públicos de gestão.

Recentemente, ainda, a Lei 13.655/2018 incluiu o artigo 28 à

Lei de Introdução às Nor-mas do Direito Brasileiro (LINDB). O dispositivo reconheceu de forma expressa a existência de um espaço jurídico de não responsabilização pessoal do administrador em caso de erro, desde que este não seja consi-derado grosseiro.

P o r fi m , o t r a b a l h o busca construir alguns parâmetros para orientar os órgãos de controle na análise da escusabilidade de erros cometidos por gestores públicos. Entre o u t r o s , u m e x e m p l o de standard trazido no livro é o atendimento pelo administrador a

A existência de um espaço de tolerância jurídica ao erro é justificada por normas constitucionais e infraconstitucionais que buscam, de um lado, proteger o administrador público em razão de sua condição de indivíduo e titular de direitos fundamentais e, de outro, promover a eficiência da administração pública.”

um grau mínimo de diligência na tomada de decisão. Diante de um erro, é preciso verificar se o gestor orientou sua escolha com um mínimo de dados técnicos e jurídicos relevantes.

Obviamente, o grau de diligência exigido deve variar de acordo com uma série de fatores, que também são discutidos no livro. A urgência da decisão, por exemplo, deman-dará decisões mais céleres e, por isto, menos refletidas. Já a sua relevância econômica ou social, de outro lado, determinará maior cautela e, assim, uma coleta mais ampla de dados.

O livro busca, enfim, tornar o controle dos erros cometidos pelo administrador público mais objetivo e previsível, de modo a conferir segurança jurídica tanto à atuação do gestor público quanto ao trabalho dos órgãos que o supervisionam. ■

PEDRO DE HOLLANDA DIONISIO

Procurador do TCMRJ

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FATOR K:FÓRMULA PARA ECONOMIA

M A R I A S A L D A N H A E N T R E V I S T A :

MARCELO RIBEIROAuditor de Controle Externo do TCMRJ.

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Como garantir que contratos de mão

de obra terceirizada não sofram

sobrepreço? Como saber, de fato,

quanto é pago pela Administração

Pública à contratada para

cada real pago por esta ao

trabalhador?

Até 2013, essas dúvi-das pairavam na cabeça

do auditor de controle externo do TCMRJ, ao ana-

lisar as planilhas de custos e de formação de preços de contratos

de prestação de serviços de cessão de mão de obra exclusiva, como vigi-

lância, limpeza, portaria etc.

Sem diretrizes ou parâmetros definidos, a adequação dos percentuais e respectivos valores de encargos sociais, adicional noturno, vale-transporte, custos indiretos, margem de lucro e tributos aplicados à remuneração do trabalhador era uma incógnita.

No entanto, ao examinar as planilhas de formação de preços formuladas por entidades da administração federal em seus pregões eletrônicos, o auditor Marcelo Ribeiro, da 4ª IGE, percebeu convergência nos percen-tuais dos itens contratados.

Prosseguindo na pesquisa, chegou aos estudos publica-dos no Caderno de Serviços Terceirizados do Estado de São Paulo (CADTERC) e da auditoria interna do Minis-

tério Público da União, que definem percentuais semelhantes a serem observados pelos órgãos e

entidades a eles vinculados.

Em seguida, associou o conjunto de parâme-tros ao Fator K, um indicador de economi-

cidade instituído pelo Ministério Público da União para avaliar os serviços de

cessão de mão de obra exclusiva.

Saiba, a seguir, como esses parâ-metros passaram a ser aplica-

dos na fiscalização realizada pelo Tribunal de Contas

do Município do Rio de Janeiro e o impacto

que trouxeram, em entrevista com o

auditor Marcelo Ribeiro.

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REVISTA DO TCMRJ: Para começar, o que é Fator K?

Marcelo Ribeiro: O Fator K expressa a razão entre o valor do custo unitário total do empregado e sua respectiva remuneração, composta pelo piso da categoria e adicionais. O fator obtido sinaliza que pode haver (ou não) sobrepreço em algum dos itens de custos da planilha, dependendo de seu resultado.

REVISTA DO TCMRJ: Como tomou conhecimento sobre o Fator K?

A utilização do Fator K foi identificada pela 4ª IGE pela primeira vez, em 2013, durante a análise de um processo referente à contratação emergencial para prestação de serviço de call center. Nele, havia um parecer do então controlador geral do Município que fazia alusão ao indicador, ainda que o Município não o adotasse formalmente.

REVISTA DO TCMRJ: O Município adotava algum outro fator nessa época?

Oficialmente não. O Fator de Contratação Médio, cha-mado de Fator C, estabeleceu os preços de referência para estimativas de licitação de alguns serviços, praticados no Município, por meio do Decreto nº 39.187/14 vigente à época. Mas, apesar disso, nem ele nem o Fator K são utilizados como ferramenta de avaliação. Por essa razão, sua utilização foi recomen-dada pelo TCMRJ, em decisão sobre aquele mesmo processo.

REVISTA DO TCMRJ: Foi a partir daí que você resolveu investigar o Fator K?

Sim. Soube, então, que o TCU adota o Fator K como critério de avaliação de custos e definição de preços estimados de mercado, a partir de um acórdão de 2010. A administração federal e o estado de São Paulo, através do seu Caderno de Serviços Terceirizados – CADTERC –, por sua vez, definiram parâmetros para as planilhas de formação de preços em pregões. A semelhança entre os percentuais ado-tados, apesar de órgãos e regiões bem distintos, nos fizeram perceber a validade dessa fórmula. E foram esses os percentuais que hoje nos servem de base

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para avaliar as propostas das empresas de mão de obra tercei-

rizada contratadas pelo município do Rio.

REVISTA DO TCMRJ: Que impacto isso trouxe para a economia do Rio?

Observamos que a administração do município do Rio de Janeiro estimava, e ainda estima, os orça-mentos de suas licitações baseando-se, em regra, em pesquisas de mercado com os próprios fornecedores, o que pode fazer com que os pregões sejam supe-restimados, na medida em que não há obrigação de que as propostas representem preços próximos da realidade de mercado. Ao contrário, interessa às empresas que o valor seja o mais alto possível. Nos contratos emergenciais, então, o acordo celebrado baseia-se exclusivamente na pesquisa de preço com três fornecedores, sem uma avaliação crítica das planilhas de custos das propostas.

Com a adoção do Fator K e dos parâmetros da Administração Federal e do CADTERC, o TCMRJ consegue identificar, nos contratos de mão-de-obra terceirizada, indícios de percentuais excessivos nos encargos sociais e nos tributos incidentes, bem como identificar indícios de sobrepreço nos demais itens integrantes da planilha de custos (vale-transporte, uniformes). Todos esses itens de custos afetam a economicidade da contratação.

REVISTA DO TCMRJ: Quais são os percentuais ideais?

Nos serviços em geral o percentual deve variar entre 2,5 e 2,7; e aproximadamente de 3,0 a 3,5

nos contratos de limpeza, devido aos itens de material e equipamentos. É importante

também avaliar a planilha de formação de preços da empresa e verificar, por

exemplo, seu regime de tributação. ■

Marcelo Ribeiro é bacharel em Ciências Contábeis

e Auditor de Controle Externo do TCMRJ.

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Desde quando criado, em 1981, o Tribunal de Con-tas do Município do Rio de Janeiro - TCMRJ tem demonstrado compromisso com o apontamento de irregularidades que possam sugerir a consumação do crime de corrupção. Envolvida com o tema que sempre permeou os estudos do Órgão de

controle, a Revista TCMRJ dedicou a edição número 41, de 2009, ao debate do assunto “Corrupção”. A Revista contou, nesta ocasião, com a participação de diferentes autoridades que expuseram opi-niões sobre a matéria, como, por exemplo, o presidente do TCU, à época, Ubiratan Aguiar, que explorou o papel dos tribunais de contas no combate à corrupção; o conselheiro

O Brasil figura entre os países mais corruptos do

mundo. O Indicador Transparência Internacional

aponta o Brasil na 105ª posição do ranking de

corrupção, entre 180 países, empatado com

Argélia, Peru e Zâmbia.

CORRUPÇÃOP O R D E N I S E C O O K

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TCMRJ: Como e quando surgiu a ideia de criar o Grupo de Valorização à Ética e à Cidadania?

O GVEC foi instituído no âmbito do Ministério Público de Santa Catarina, em 1 de dezembro de 2017, com a premissa de promover e coor-denar ações educativas em ressonância com o propósito de aprimoramento da construção da cidadania, de prevenção da corrupção e do fortalecimento da honestidade nas relações interpessoais.

TCMRJ: Quais os objetivos do GVEC?

Focando no “Combate à Corrupção para Transformação Social” - tema prioritário estabelecido no Plano Geral de Atuação do Ministério Público – a pretensão do GVEC está alinhada com programas de ações preventi-vas, contínuas e permanentes, que visem à conscientização da coletividade acerca da ética, da educação e da formação cidadã, em campanhas e iniciativas de cunho educacional e de promoção da cidadania, em ressonância com propósito similar ao trabalho majestoso da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, alcançando, em um primeiro momento, escolas municipais, estaduais e particulares, voltadas ao ensino fundamental e médio, bem como de projetos de instituições voltadas para o primeiro emprego.

TCMRJ: Que obstáculos o grupo enfrentou e enfrenta, desde a criação?

O programa Cultivando Atitudes é uma inovadora ação institucional que está apro-ximando, ainda mais, o Ministério Público de Santa Catarina, seus princípios e valores éticos, dos jovens estudantes catarinenses, na busca incessante por uma formação mais social e humanitária.

A maior barreira a ser vencida junto à juven-tude é conseguir a atenção deles, em meio a

Antonio Carlos, do TCMRJ, que abordou o crime do colarinho branco; e o mestre em Direito e promotor de Justiça aposentado, Waldo Fazzio Júnior, que apontou a aptidão dos antídotos jurídicos contra os atos de corrupção.

Também em 2009, o TCMRJ, por iniciativa do pre-sidente Thiers Montebello, editou a cartilha “O que você tem a ver com a corrupção”, que foi distribuída nas escolas da rede municipal. Na contracapa da cartilha, Thiers Montebello observou que, com “este pequeno manual de cidadania destinado às crianças e aos jovens, o TCMRJ pretende contribuir para a formação ética e moral dos homens do futuro,

demonstrando que o respeito ao próximo, a honestidade e a solidariedade são valores que devem ser transmitidos desde a infância, Só assim a sociedade estará livre da corrupção”.

Em decorrência da reper-cussão dos recentes casos de corrupção, problema sócio--político endêmico que assola o Brasil em diferentes níveis de poder, o TCMRJ reconhece a relevância do tema e, no cumprimento da competên-cia constitucional atribuída à Corte de Contas, volta a discutir razões e a apontar mecanismos de combate à corrupção.

Nesta edição, de número 72, a Revista retoma a atuação do promotor Affonso Ghizzo Neto, idealizador, em 2004, da Campa-nha de Combate à Corrupção que integra, atualmente, o campo de atuação do Grupo de Valorização à Ética e à Cidadania - GVEC.

A Revista TCMRJ entrevistou o coordenador do GVEC, procurador de Justiça Murilo Casemiro Mattos.

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tantas redes sociais e aplicativos de comunicação existentes no atual “mundo líquido” que, por vezes, difundem informações desconectadas e dissociadas de qualquer engajamento edificante.

Neste sentido, é preciso estabelecer uma ponte de ligação entre a ética e os atributos virtuo-sos cultivados, em sentido amplo, pois como afirma Aristóteles: “A virtude ética é adquirida pelo hábito, não nascemos com ela, mas nossa natureza é capaz de adquiri-la e aperfeiçoá-la” (crença de Aristóteles na Educação).

A pretensão é audaciosa, pois buscamos alcançar, por meio de eventos articulados com entidades públicas, privadas e beneficentes, voltadas para a educação e formações, conteúdos com enfoque específico na reconstrução de uma ética renova-dora de nossos valores sociais.

Alicerçado por discussões construtivas e práticas pedagógicas, de acordo com as idades atendidas, mediadas por membros do Ministério Público, o programa busca valorizar atitudes que consti-tuem o bom cidadão.

Para facilitar essa dinâmica e motivar discus-sões, são fornecidos aos alunos kits compostos por um lápis de sementes frutíferas, onde cada unidade apresenta uma frase de impacto, moti-vadora de reflexão e discussão acerca do papel dos cidadãos, além de estojos personalizados, materiais impressos e mochila ecológica, cujo conteúdo é reforçado por palestras apresentadas por promotores e procuradores de Justiça.

O lápis, em especial, possibilita, além das asser-tivas construtivas e motivadoras, com temas relevantes voltados à ponderação, que, ao final, todos plantem uma árvore que, devidamente cul-tivada, devolverá frutos, assim como o projeto.

TCMRJ: Como é composto o GVEC?

Por meio do Ato n. 791, de 1º de dezembro de 2017, o procurador-geral de Justiça criou o GVEC

– Grupo de Valorização à Ética e à Cidadania, que tem por objetivo promover e coordenar ações educativas relacionadas à construção da cidadania, à prevenção da corrupção e ao fortalecimento da honestidade nas relações interpessoais.

O GVEC conta, em sua formação, com seis membros permanentes, quais sejam, os coor-denadores dos Centros de Apoio da Moralidade Administrativa; Cidadania e Direitos Humanos; Infância e Juventude; Grupo Especial Anticor-rupção; Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional; e Coordenadoria de Comunicação Social, responsável por toda criação da área de publicidade e linguagem utilizadas no pro-jeto, além de três temporários, nomeados pelo procurador-geral, inclusive com coordenações regionais, para supervisionar as atividades, convocando reuniões e deliberando sobre as metas e resultados.

TCMRJ: Que programas fazem parte do Grupo?

O programa não apresenta divisão. Temos uma só proposta: formar uma nova geração com um

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edificante senso ético, onde a base da respon-sabilidade passa por cada um, quando inserido e decidido a se ver como parte do problema.

Para isso, a proposta busca uma reflexão das nossas compreensões, a partir das nossas pró-prias pré-compreensões, buscando apresentar uma forma mais humana, ética e fraternal, na busca de nossas conquistas.

Para reinventar nossa condição e construir um país com mais propósitos, precisamos ter uma “insatisfação positiva” (Mario Sérgio Cortella), ou seja, apresentarmos, aos jovens, situações do nosso cotidiano, que estão em dissonância com os anseios sociais, para, assim, encontrarmos caminhos para uma sociedade mais justa e satis-fatória, com valores efetivamente construtivos, criando resultados concretos e perenes.

TCMRJ: Que novas ideias o GVEC traz para agre-gar à campanha “O que você tem a ver com a Corrupção”?

O Cultivando Atitudes é um projeto em harmonia com a bem-sucedida campanha relacionada à corrupção, que nasceu da ideia de ampliar a campanha “O que você tem a ver com a Corrupção?”, buscando trazer uma nova roupagem em uma visão holística na inces-sante busca de resultados cada vez mais efetivos.

Em suma, apresenta um “olhar” inclu-sivo, importante, no sentido de, por meio de palestras e dinâmicas de grupo, fortalecer o diálogo e a reflexão acerca dos problemas sociais e suas alternativas, levando crianças, adolescentes e jovens já inseridos no mercado de trabalho (como o menor aprendiz), promovendo uma integração social, reinventando nossa con-dição protagonista de uma reforma ética, voltada na compreensão de que “o futuro é o passado em preparação” (Pierre Dac).

Neste sentindo, com pouco mais de um ano de efetiva atuação, já foram recepcionados em torno de 12.758 jovens em mais de 30 escolas, de 44 municípios do estado catarinense, com a perspectiva de alcançarmos, ao final de 2019, em torno de 24.000 expectadores. ■

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Murilo Casemiro Mattos

Procurador de Justiça

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FERNANDO MENDES

O projeto de Lei Anticrime, de autoria do minis-tro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, representa uma tentativa de endu-recimento do sistema penal no combate às situações que merecem uma resposta mais efetiva do estado.

O pacote anticrime, enviado ao Congresso Nacional em fevereiro passado, consiste em três projetos de lei: o primeiro foca em medidas contra a corrupção e o crime organizado. Os outros dois pretendem alterar o Código Eleitoral e o Código de Processo Penal.

Pensando nisso, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) reuniu uma comissão de magistrados federais para comentar ponto a ponto o projeto do ministro Sérgio Moro, explicando o posicionamento da Associação em face das medidas. A nota técnica foi elaborada por juízes federais, membros da Comis-são Permanente de Acompanhamento da Reforma da Legislação Penal e Processual Penal da Ajufe, e enviada, posteriormente, ao ministro da Justiça.

No documento, a entidade aborda 20 aspectos dos projetos de lei enviados ao Congresso Nacional,

PACOTES ANTICORRUPÇÃO: JURISTAS DEBATEM A VALIDADE DE NOVAS REGRAS

Em entrevista à jornalista Denise Cook, o presidente

da Associação dos Juízes Federais – Ajufe, Fernando

Mendes, opinou sobre o pacote anticrime criado pelo

ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

A NECESSIDADE DA LEI ANTICRIME NO COMBATE À CORRUPÇÃO

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Fernando Mendes

Presidente da Ajufe

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sugerindo ajustes e defendendo algumas mudanças propostas. Houve concordância quanto à prisão após condenação em segunda instância, à criação do “informante do bem” (whistleblower), e à separação de julgamento de crimes comuns, quando conexos com eleitorais. O incremento ao banco de DNA tam-bém é apoiado pela Ajufe.

Prisão em segunda instância

Diante do cenário atual vivido no país, o PL Anticrime mostra-se como uma alternativa para o aumento da efetividade da jurisdição penal e, consequentemente, traz impactos positivos na agenda do combate à corrupção, atualmente sistêmica e enraizada no con-texto político brasileiro. Um importante passo nesse sentido, sem dúvida, é a manutenção da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, conforme prevê o projeto.

Em 2015, a Associação já havia apresentado ao Senado um anteprojeto de lei que reforma o Código de Pro-cesso Penal para permitir a prisão de condenados por crimes graves em segunda instância, medida apoiada à época pelo agora ministro Sérgio Moro. Dentre as justificativas, entende-se que não é razoável transformar uma condenação criminal, ainda que sujeita a recursos, em um “nada jurídico”, como se não representasse qualquer alteração na situação jurídica do acusado.

Whistleblowers: o informante do bem

Uma medida que também possui elevado apoio da Ajufe é a implantação dos programas de whistleblo-wers ou do “informante do bem”, que visa a fomentar a participação da sociedade civil na luta contra a corrupção e demais práticas ilícitas contra o interesse público. Trata-se de ferramenta fundamental, em sociedades democráticas, para auxiliar autoridades públicas na aplicação da lei, conforme expressa a nota técnica da Ajufe:

Os “informantes do bem” frequentemente relatam irregularidades de que tomaram conhecimento no seu ambiente de trabalho,

e dessa forma trazem informações internas que dificilmente seriam de conhecimento das autoridades. Não só a corrupção e crimes, mas também danos a consumidores, à saúde pública, ao meio ambiente etc., podem e pode-riam ser evitados por denúncias de pessoas que conhecem internamente determinados setores econômicos. Todavia, sabe-se que as pessoas deixam de relatar fatos às autoridades pelo medo de retaliação (por exemplo a perda do emprego), ou por não acreditarem que a denúncia será apurada efetivamente. Por isso, dois pontos fundamentais em um programa de whistleblower, tanto no serviço público quanto no privado, são a proteção integral do cidadão e a existência de regras que assegurem a apura-ção dos fatos relatados de boa-fé. (AJUFE. Nota Técnica n. 03, de 2019)

Procurando dar um adequado tratamento a essas questões, a Ajufe, no ano de 2016, contando com colaboradores como a Receita Federal, o CADE, AGU, TCU, entre outros, coordenou junto à Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem ¬− ¬ENCCLA detalhados estudos sobre o tema whis-tleblower, ofertando anteprojeto de lei contendo as melhores práticas internacionais, ensejando que o tema whistleblower fosse acrescentado ao projeto das “dez medidas”, do qual não fazia parte até então. Ou seja, esse tema tem apoio de órgãos públicos, e entidades brasileiras, como medida de aprimora-mento da atividade estatal.

A inclusão no Código Eleitoral do art. 350-A, que tipifica o crime de caixa dois em eleições, também se mostra como uma ferramenta no combate à cor-rupção, bem como as alterações aos arts. 35 e 364 do Código Eleitoral, que ampliam a competência da Justiça Federal no julgamento de crimes conexos a crimes eleitorais.

O incremento ao Banco Nacional de Perfis Genéticos, defendido no projeto de Lei Anticrime, também é objeto de concordância para a magistratura federal. A perícia no Brasil ainda é muito rudimentar, o que causa a ineficiência das investigações, a ponto de se

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afirmar, de maneira recorrente, que a polícia só detém a capacidade de apontar algum responsável pela prática de crimes em pouco mais de 5% dos casos.

Um exemplo de sucesso com o banco de DNA ocorre nos Estados Unidos que, desde os anos 90, torna a identificação de criminosos mais eficaz. Mas tal medida só é possível a partir da existência de um grande banco genético, que ainda não existe no Brasil.

Na visão dos magistrados, a redação proposta para o caput do art. 9º- A da Lei de Execução Penal é de extrema valia porque dá transparência ao conteúdo do dispositivo ao salientar que a pessoa condenada por crime doloso, independentemente do trânsito em julgado, deve ser submetida à identificação do perfil genético. Essa medida será de fundamental importância para que o banco de perfil genético brasileiro seja aumentado, garantindo a eficiência das investigações.

Ressalvas ao projeto

Um dos pontos criticados pela Associação é a pro-posta de alteração do artigo 33 do Código Penal, que estabelece regras dando ao juiz a faculdade de definir o início do cumprimento da pena no regime fechado, ainda que a pena seja inferior a oito anos.

Uns dos grandes problemas no sistema penal bra-sileiro hoje é a superlotação carcerária. E a eventual aprovação desses dispositivos, certamente, irá banalizar o regime fechado, ademais de acarretar crescimento sensível da população carcerária.

Outra ressalva ao projeto é a utilização de expressões como “medo”, “surpresa” e “violenta emoção” para permitir ao juiz a redução de pena no que diz respeito à legítima defesa. No caso, o uso do termo “violenta emoção” poderia ensejar exculpação, especialmente na atuação da polícia ostensiva. O termo abrange ira, paixão, tristeza e mágoa, emoções que não devem ser aceitas como excludentes de excesso de legítima defesa.

O documento elaborado pela comissão de juízes fede-rais ainda sugere que tais termos são desnecessários e só “poderiam ser aplicados quando o agente viesse a praticar a conduta em estado de necessidade, legítima

defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Note-se, ainda, que o policial, em rigor, quando está em ação, não age em legítima defesa, mas, sim, em estrito cumprimento de dever legal” visto que sua missão é agir em nome da sociedade, preservando a segurança pública.

A proposta de inclusão do art. 309-A do CPP, que permite que a autoridade policial conceda a liberdade provisória, em caso de flagrante delito com manifesta prática da conduta sob o manto de uma das excludentes de criminalidade, também é divergente ao entendi-mento da magistratura federal, que acredita que:

“Atribuir esse poder decisório sobre a conces-são da liberdade para o delegado não parece ser de bom alvitre, notadamente quando se trata de envolvimento de agente policial, por dar guarida à possibilidade de incentivar um indesejado corporativismo. Infelizmente, em nosso meio, não raro, temos casos de mortes violentas provocadas por agentes policiais, não sendo razoável a outorga a uma autoridade policial do poder de decidir a respeito. (AJUFE. Nota Técnica n. 03, de 2019)

Por fim, é também necessário alterar pequenos trechos do projeto relacionados a Plea Bargain, ou o chamado “acordo de não persecução criminal”. A ferramenta permite uma forma de negociação entre o acusado de um crime e o Ministério Público ou a autoridade policial. Na visão dos magistrados fede-rais, o mecanismo deve ser ajustado, de preferência, no início da fase judicial de um processo, logo depois que a denúncia for apresentada.

Entende-se que é preciso que haja uma maior parti-cipação do juiz no processo. A Plea Bargain é compa-tível com nosso sistema constitucional, mas a visão da Ajufe é que, em algum ponto, o projeto possa ser melhorado de maneira que a participação do juiz seja mais clara, como equilíbrio entre acusação e defesa. ■

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CONTRA A CORRUPÇÃO E A AUTOCRACIALUCIANO BANDEIRA

O mais recente estudo da ONG Transparência Internacional, ONG que produz relatórios anuais sobre a percepção da corrupção no setor público, revelou que o Brasil caiu nove posições no ranking de 180 países. A oitava economia do mundo passou a ocupar o 105º

lugar no Índice de Percepção de Corrupção (IPC), com 35 pontos em 100. Estamos com a mesma pontuação de Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia. E estamos bem abaixo da média do continente, que foi de 44 em 100. Somos 20º em uma relação de 32 países das três Américas.

Quanto maior a pontuação, maior a percepção de integridade do setor público e menos corrupto é o país. A Dinamarca lidera a listagem com 88 pontos. A Somália, envolta em guerra civil e com o território disputado por milícias extremistas islâmicas, fecha o grupo com 10 pontos.

O presidente da OAB/RJ,

Luciano Bandeira, discorreu

sobre o projeto de lei de

iniciativa popular, conhecido

como “Dez Medidas Contra a

Corrupção”, aprovado em julho

pelo Senado Federal. Confira:

O IPC leva em conta aspectos como propina, desvios de recursos públicos, nepotismo e mecanismos para combater a corrupção, entre outros. E a pontuação é definida por executivos e investidores que lidam com o setor público, avaliações do Banco Mundial e do Fórum Econômico Mundial, por acadêmicos e estudiosos da questão em cada país.

Mas nem é necessário recorrer a estudos como o da Transparência Internacional para perceber que esse é um problema nacional grave. Basta ver que no país dividido e polarizado politicamente em que vivemos hoje há pouquíssimos consensos. Um deles é a importância do combate à corrupção. Um outro é a emergência da melhora da segurança pública.

A atual pontuação é a mais baixa do Brasil desde 2012, quando os dados passaram a poder ser comparados ano a ano. Perdemos oito pontos e caímos 44 posições. Coincidência ou não, isso foi um ano após as grandes

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manifestações que sacudiram o País em julho de 2013 com críticas ao sistema político e exigindo mudanças.

Anedotário Nacional

Não que a corrupção seja novidade. É um problema endêmico. Há cerca de três décadas, o ex-ministro Roberto Campos fez um chiste dizendo que “no Brasil, a res publica e cosa nostra”. A contribuição ao anedotário é vasto. Vai do ex-presidente da Fiesp, Mario Amato (“Todos somos corruptos. Ninguém pode atirar a primeira pedra”) ao empresário P.C. Farias (“Se alguém queria me agradar com dinheiro, eu não tinha como negar”).

No momento atual, pelo estudo da Transparência Internacional, estamos em uma situação híbrida, à deriva entre uma “democracia imperfeita” e um “regime autocrático”. Não é uma posição confortável.

O surgimento da Lava-Jato é o mais recente episódio em que esquemas de corrupção são vislumbrados à luz do sol. A sucessão de escândalos e sua divulgação aumentam a percepção da existência do problema. Mas os problemas não são de hoje, nem privilé-gios de um único espectro ideológico/partidário.

Em todo caso, é preciso agir. Até porque a saída para o crescimento econômico passa pela capacidade de atrair investimentos externos e gerar riqueza — que não costumam germinar em uma atmosfera de corrupção e insegurança jurídica (outro problema grave no País).

Dez Medidas Contra a Corrupção

Aprovado em julho pelo Senado Federal, o projeto de lei de iniciativa popular conhecido como Dez Medidas Contra a Corrupção é um importante avanço no combate a esse tipo de problema e na atualização de parte do ordenamento jurídico brasileiro.

Elaborado pela Associação Nacional dos Procurado-res da República, subscrito por mais de 1,7 milhões de assinaturas, e apresentado em 2016, o projeto sofreu inúmeras mudanças nesses três anos. E agora volta à Câmara de Deputados para análise das mudanças feitas pelo senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), relator do processo.

A alteração mais significativa e polêmica foi a inclu-são de um trecho que prevê a criminalização de abuso de autoridade de juízes, procuradores e promotores. Seus críticos enxergam uma coerção ao trabalho do judiciário. Mas a OAB entende que essa adição ao pro-jeto não configura qualquer restrição ao desempe-

nho de quem quer que seja. Nossa convicção é que em um Estado democrático de Direito ninguém

deve estar acima da lei, e que excessos devem ser coibidos, partam de onde

partirem. Todos aqueles que abusam do poder que têm, para auferir

vantagens próprias ou para prejudicar terceiros, devem

ser responsabilizados.

O s c a s o s e m q u e isso pode ocorrer

foram delimi-tados: atuar com evidente m o t i v a ç ã o

político-parti-dária; manifestar juízo

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de valor sobre processo pendente de julgamento; instaurar procedimento sem indícios suficientes; proferir julgamento em caso de impedimento legal; exercer atividade empresarial ou outra função pública que não seja o magistério. Nesses casos, qualquer cidadão poderá representar contra juízes ou procuradores. Mas a denúncia temerária também será caracterizada como crime.

É importante ressaltar que divergências na inter-pretação da lei, bem como a análise e avaliação de fatos e de elementos de prova, não configuram crime. E também salientar que, caso haja alguma representação contra integrantes do Judiciário, eles serão investigados e julgados por seus pares.

Do ponto de vista da advocacia, uma medida que merece aplauso, fruto de uma conquista importante, é a criminalização da violação das prerrogativas dos advogados e das advogadas, já contempladas no Estatuto da Advocacia, que acaba de completar 25 anos. Esse é um dos pontos mais relevantes, não só para a categoria, porque, ao aumentar as garantias do exercício da profissão, ela assegura os amplos direitos de defesa do cidadão.

Ao mesmo tempo, o projeto estabelece o crime de exercício irregular da advocacia, assim como o anúncio de serviços profissionais sem a qualificação exigida, mesmo que gratuitamente. A OAB poderá requerer inquérito policial e diligências para apuração desses crimes.

Outra medida bem-vinda é a que equipara repre-sentantes da advocacia a magistrados e membros do Ministério Público durante audiências. Todos deverão se sentar no mesmo plano, ao contrário do que ainda ocorre hoje, quando juízes e acusação sentam lado a lado, em posição superior, apartados de advogados, advogadas e de seus clientes. Essa proximidade entre quem acusa e quem julga sempre sofreu crítica por parte da OAB.

A previsão da duração razoável de processos, esta-belecendo a necessidade de estatísticas atualizadas e acompanhamento dos conselhos nacionais de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP) são impor-tantes para combater a morosidade judicial. Juízes

de tribunais terão um prazo de 10 dias para vista de recurso. Após esse prazo o recurso será votado com ou sem a participação de quem pediu as vistas.

Existem vários pontos aprovados que podem ter componente saneador. A tipificação dos delitos de Caixa Dois e de compra e venda de votos são exem-plos que devem ser destacados. No primeiro caso, a previsão é de pena de dois a cinco anos, aumentada em até dois terços se a fonte de recursos for proibida por lei. A punição será aplicável para quem arrecadar e para quem doar. Partidos poderão ser sancionados também por lavagem de dinheiro.

Assim como determinação de aumentar as penas para crimes contra a administração pública, como corrup-ção ativa e passiva, peculato, concussão. As penas--bases passaram a ser de quatro a doze anos, com multa proporcional ao prejuízo causado aos cofres públicos. Quando o prejuízo for igual ou superior a 10 mil salários mínimos, o crime será considerado hediondo. Também foi instituída a obrigatoriedade de prestação de serviços comunitários.

De uma maneira geral, o ranking da Transparência Internacional sinaliza a importância do combate à cor-rupção sistêmica e da vitória sobre ela para termos uma democracia saudável e uma sociedade mais próspera e justa. “Não existem democracias plenas que tenham uma pontuação inferior a 50 no IPC. Do mesmo modo, poucos países que têm características autocráticas têm pontuação superior a 50”, atesta o estudo.

E é preciso lembrar que a instituição de novas leis não é suficiente. Elas precisam ser aplicadas e respeita-das. ■

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Luciano Bandeira

Presidente da OAB/RJ

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BENEFÍCIOS EM NÚMEROSA cada real gasto para manter o TCMRJ funcionando,

a sociedade recebe de volta R$ 8,50 na forma de

economia gerada pelas ações de fiscalização e

controle desenvolvidas.

Este dado, coletado ao longo dos últimos sete anos, é fruto do levantamento feito pelo TCMRJ, que apurou uma economia de R$ 13,6 bi, levando-se em con-sideração apenas a parte do tra-balho quantificável. O resultado foi obtido a partir de cálculos realizados com análise de editais

de licitações, exame de atos de pessoal, fiscalização de obras públicas e da saúde municipal, realização de visitas técnicas e auditorias, entre outros instrumentos inerentes ao controle externo.

É certo que a atuação dos tribunais de contas no Brasil é algo essencial. Mas, o que muitos não conhecem é a forma como eles agem e os benefícios tan-gíveis e intangíveis que geram para o patrimônio público. O TCMRJ elaborou um documento onde expõe algumas das principais ferramentas utilizadas para cumprir sua missão institucional, que não se limita à avaliação das prestações de contas. O controle externo aumenta, sobremaneira, a eficiência da gestão pública.

Confira as principais linhas de ação do TCMRJ, no levantamento elaborado pela Secretaria Geral de Controle Externo para integrar o documento que repre-sentantes dos Tribunais de Contas bra-sileiros - entre eles o presidente Thiers Montebello e os conselheiros do TCMRJ Luiz Antonio Guaraná e Felipe Puccioni - entregaram ao ministro da Justiça, Sergio Moro, em fevereiro deste ano.

T R I B U N A I S D E C O N TA S

Presidente Thiers Montebello integrou grupo de representantes dos TCs em reunião com o ministro Sergio Moro.

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EDITAIS DE LICITAÇÃO

Especificamente no que se refere a adequações nas planilhas orçamentárias, levantamentos realizados de 2011 a 2018 indicam que foram efetuados ajustes que resultaram na supressão de apro-ximadamente R$ 920 milhões, em valores atualizados, na estimativa total de custos de aproximada-mente 200 (duzentos) editais de concorrência de obras públicas, conforme evidenciado nos papéis de trabalho arquivados na 7ª Ins-petoria Geral de Controle Externo – 7ª IGE.

SAÚDE PÚBLICA

O benefício estimado da atuação do TCMRJ na área da Saúde, entre 2011 e 2018, foi de R$ 7 bilhões.

ATOS DE PESSOAL

Nesta área, o benefício estimado da atuação do TCMRJ entre 2011 e 2018 foi de R$ 7 bilhões.

BENEFÍCIOS GERADOS EM OBRAS PÚBLICAS

Os benefícios estimados em termos de economia aos cofres públicos foram da ordem de R$ 141 milhões.

CONSERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE E TRANSPORTE

Estima-se que o benefício da atuação do TCMRJ, de 2011 a 2018, esteja em torno do montante de R$ 140 milhões.

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R$ 1,00

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“Não se pode olvidar que o exame prévio/concomitante das licitações ligadas à execução de obras públicas por parte do TCMRJ apresenta um caráter pedagógico, por vezes intangível.”

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BENEFÍCIO EFETIVO: Benefício decorrente do cumprimento de deliberação do TCMRJ ou antecipado no âmbito administrativo em razão de processo em andamento no Tribunal.

BENEFÍCIO POTENCIAL: Benefício decorrente de deliberação do TCMRJ cujo cumprimento ainda não foi verificado.

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BENEFÍCIOS GERADOS PELA ATUAÇÃO DO TCMRJ POR ÁREA/FUNÇÃO DE GOVERNO (2011 A 2018)

Área de atuação/Função de Governo Benefício Efetivo Benefício Potencial

1. Análise concomitante de Editais de Licitação 920

2. Previdência Social (aposentadorias e pensões)* 1.408

3. Obras Públicas 23 4.118

4. Saúde Pública** 6.800 242

5. Conservação, Meio ambiente e Transporte público 140

Valor total por tipo de benefício 9.151 4.500

Valor total de benefícios gerados 13.651

* Valor projetado em 8 anos. ** Valor projetado em 2 anos. Tabela extraída do levantamento elaborado pela SGCE (TCMRJ).

Evidenciar as vantagens econômicas

proporcionadas por todas as cortes

de contas, não só relativas a sanções e

condenações, mas também decorrentes

das ações preventivas, é atividade sobre

a qual se debruçou a comissão técnica

coordenada pelo conselheiro do TCMRJ

Felipe Puccioni.

Designada pela Atricon, a equipe é responsável pela elaboração de estudos e definição de metodologia para quantificação econômica dos benefícios resultantes da atuação dos órgãos de controle externo, compilados no Manual de Benefícios, criando condições para que a sociedade reconheça os tribunais de contas como indispensáveis na defesa dos seus interesses e no resguardo do dinheiro público, baseando-se em dados concretos.

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MEMBROS DA ATRICON SÃO RECEBIDOS PELO MINISTRO DO STF ALEXANDRE DE MORAES

A Atricon vem mantendo uma agenda de audiên-cias interinstitucionais para discutir questões atinentes ao Sistema Tribunais de Contas e, conforme expressou o presidente Fábio Nogueira, também, referendar o compromisso dos TCs com uma pauta republicana, que possa

contribuir com a reinserção do Brasil na rota do desenvolvimento.

Na tarde do dia 27 de junho, a audiência foi no Supremo Tribunal Federal, com o ministro Alexan-dre de Moraes para tratar de matérias jurídicas em tramitação no STF. Entre outras questões, a pauta foi concernente às Ações Diretas de Inconstitucionali-dade (ADI) afetas aos tribunais de contas.

Fábio Nogueira destacou a cordialidade do ministro Alexandre de Moraes e a forma solícita com que se dispôs a ouvir os representantes do Sistema Tribunais de Contas. O presidente realçou que as instituições da República precisam preservar o diálogo e a harmonia nas relações. “É o que temos buscado, com grata e respeitosa reciprocidade”, salientou.

Além do presidente Fábio Nogueira, participaram o conselheiro presidente do TCM-SP, João Antônio da Silva Filho; o conselheiro presidente do TCM-GO e vice-presidente do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas, Joaquim Alves de Castro Neto, também representando a Abracom; o conselheiro vice-presidente do TCE-RS, Estilac Martins Rodrigues Xavier; e o advogado Cláudio de Souza Neto. ■

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Sistema Tribunais de Contas se fortalece nas relações interinstitucionais

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THIERS MONTEBELLO PARTICIPA DE ENCONTRO COM O MINISTRO PAULO GUEDESO presidente do TCMRJ e da Abracom, Thiers Montebello, integrou a comissão recebida em audiência pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no dia 12 de março, em Brasília.

No encontro, conduzido pela Atricon, os repre-sentantes do Sistema Tribunais de Contas externaram seu interesse em contribuir para a retomada do desenvolvimento do Brasil, no que tange ao resgate da governabilidade adminis-trativa e à solução da crise fiscal e econômica.

Na ocasião, foi entregue ao ministro um panorama sobre as potencialidades dos órgãos de fiscalização e controle brasileiros, contendo toda sua estrutura, capacidade técnica, recursos tecnológicos, programas de disseminação de boas práticas, armazenamento de dados (maior banco de informações da administração pública), fomento ao controle social, qualificação e formação de gestores e agentes públicos, por meio

das Escolas de Contas, enfim, todo um conjunto que revela o processo de aperfeiçoamento adotado pelo Sistema Tribunais de Contas.

Mais tarde, a comissão de conselheiros esteve também no Senado Federal, em audiências com os senadores Esperidião Amin e Antonio Anastasia. Desta vez, na perspectiva de resgatar o texto original da PEC 22/2017, que, em decorrência do fim da legis-latura, foi arquivada. Dentre as inovações, a proposta pretende criar o Conselho Nacional dos Tribunais de Contas - CNTC e estabelecer a necessidade de edição de lei nacional de processo de contas, a exemplo da LOMAN. Outro aspecto relevante do projeto é a refor-mulação das regras para a composição das Cortes de

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contas, com a previsão de critérios mais rígidos para a investidura nos cargos de conselheiro e ministros.

A Atricon vem, cada vez mais, reforçando o propósito de cooperação e adoção de parcerias com os órgãos governamentais, de maior participação nas decisões, inclusive no estudo e colaboração em reformas na legislação brasileira. Nessa esfera, destaca-se a parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que originou o Comitê Interinstitucional de Diag-nóstico de Grandes Obras Suspensas e Paralisadas. O resultado desse entendimento tem sido um esforço conjunto dos tribunais de contas, que estão encarre-gados de realizar um levantamento acerca da parali-sação da construção de equipamentos públicos, que

já poderiam estar servindo aos cidadãos, e encontrar soluções para a sua retomada.

Além do presidente Thiers Montebello (TCMRJ e Abracom), compuseram a comissão de represen-tantes do Sistema Tribunais de Contas o presidente da Atricon, Fábio Nogueira; os dirigentes da Atricon Antônio Renato Alves Rainha (TCDF) e Cláudio Couto Terrão (TCE-MG); os conselheiros Antônio Roque Citadini, presidente do TCE-SP; Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, presidente do TCE-SC; Edilberto Carlos Pontes Lima, presidente do TCE-CE; e Celmar Rech, presidente do TCE-GO. ■

TCs estão aptos a contribuir para o desenvolvimento do país.

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PRESIDENTE RESPONDE A ATAQUE A TRIBUNAIS DE CONTAS

Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2019

Ao Sr. Marcos Lisboa Presidente do INSPER:

Ao ler artigo de sua autoria publicado na Veja São Paulo, sob o título “O fracasso dos tribunais de contas”, cujo primeiro parágrafo contém a enganosa afirmação de que cabe reconhecer que a maioria dos tribunais de contas fracassou (sic), não posso calar — na qualidade de presidente da ABRACOM e do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro — diante de afirmações infundadas e falaciosas contidas no texto.

Com seu prestigioso currículo acadêmico e pro-fissional, Vossa Senhoria é formador de opinião entre os leitores da Folha de São Paulo, de O Globo e da Veja, e também de círculos de debates de forte influência para tomadas de decisões estratégicas, o que exige responsabilidade sobre o conteúdo de suas afirmações. Ao difundir seu julgamento pessoal — contaminado pelo ideário neoliberal, obsessivo em reduzir a participação do Estado brasileiro e de suas instituições públicas —, Vossa Senhoria desborda os limites da sensatez para acusar os tribunais de contas de conivência e omissão frente ao cenário crítico das contas públicas dos estados da Federação. A intenção desse estratagema é claro e velho conhecido: substi-tuir os tribunais de contas por empresas de auditorias privadas, como proposto abertamente, sem meias

palavras, em seu artigo.

Ao afirmar que muitos dos tribunais de contas “não são do ramo”, Vossa Senhoria demonstra total desconhecimento da instituição. A título de

informação, atesto a inigualável capaci-dade e qualificação técnica dos auditores dos tribunais de contas, submetidos a concursos públicos os mais criteriosos

Leia a resposta do presidente do TCMRJ, Thiers Montebello, ao artigo do economista Marcos Lisboa, intitulado “O fracasso dos tribunais de contas”, publicado na Veja São Paulo, no dia 15 de

fevereiro. Montebello rebate o ataque, atribuindo-o ao total desconhecimento sobre as instituições de controle do País e lembra os riscos que envolvem as auditorias privadas, protagonis-tas de escândalos como os da Enron Corporation e Lehman Brothers, entre outros. A cada R$ 1,00 gasto para manter o TCMRJ funcionando, a cidade do Rio recebe de volta R$ 8,50, em forma de eco-nomia gerada pelas ações de controle realizadas pelo Tribunal de Contas carioca.

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e rígidos quanto à aferição de conhecimentos nas áreas específicas. Portanto, o exercício da fiscaliza-ção e do controle externo a cargo dos tribunais de contas está sob a rigorosa vigilância dos melhores e mais competentes profissionais “do ramo”.

A acusação de ineficiência das instituições públicas é um bordão repetido à exaustão por parcela de instâncias midiáticas, que, como Vossa Senhoria, enaltece a iniciativa privada - como as auditorias independentes mencionadas em seu texto - em detrimento das instituições públicas.

Exemplos recentes estão a comprovar exatamente o oposto. Grandes empresas de auditoria mundial-mente conhecidas — de independência questionável, uma vez que são financiadas e, como tal, compro-metidas com os interesses de seus patrocinadores, ao contrário dos tribunais de contas, cuja independên-cia está assegurada pela Constituição da República — protagonizaram escândalos que colocaram em xeque a tão propalada qualidade dos serviços por elas realizados.

Há exemplos que nos vêm da economia mais desen-volvida do mundo, e que, paradoxalmente, oferece os casos mais estrepitosos de negligência, omissão e até mesmo conivência de empresas de auditoria privada. Em 2001, o pedido de concordata da Enron, sexta maior empresa de energia do mundo em capi-talização de mercado, trouxe à tona junto com todos os destroços causados à economia mundial globali-zada, a responsabilidade de uma das cinco maiores empresas de auditoria mundiais, a Arthur Andersen, que omitiu da sociedade a maquiagem contábil pra-ticada pela Enron e todos os seus riscos. Outro caso, não muito distante, foi o do banco de investimentos Lehman Brothers, que foi à falência, contaminando a economia norte-americana e colocando em dúvida a confiança cega que os stakeholders depositavam

na auditoria, cuja empresa responsável pelo parecer sem reservas foi a Ernst & Young. Os exemplos são muitos, e certamente Vossa Senhoria os conhece bem, por sua proeminência intelectual e acadêmica e como ex-vice-presidente de uma das maiores e mais lucrativas instituições financeiras do Brasil.

Resta saber quais são as verdadeiras intenções e interesses subjacentes ao ímpeto de desacreditar o Estado e suas instituições públicas para privilegiar a questionável competência e independência da iniciativa privada, cara e comprometida apenas com interesses particulares. Por que entregar a missão constitucional de fiscalização e controle orçamentá-rio e financeiro do Estado, atribuída aos tribunais de contas, a empresas privadas de auditoria? O controle externo é uma atribuição do Estado e, como tal, é um fator de soberania nacional. Quem assegura a efi-ciência, a independência e a isenção dessas empresas de auditoria? Os triibunais de contas, em que pesem algumas distorções pontuais sistematicamente corrigidas, têm um currículo comprovado de serviços prestados à sociedade.

Portanto, nada justifica a defesa da tese que privile-gia auditorias privadas, tendo em vista que a sólida estrutura de fiscalização e controle externo nacional, em permanente aperfeiçoamento, é extremamente bem aparelhada do ponto de vista de qualificação técnica e de infraestrutura, voltada única e exclusi-vamente ao atendimento do interesse público.

Atenciosamente,

THIERS MONTEBELLO Presidente da ABRACOM e do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro

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TCMRJ RATIFICA SUA PARTICIPAÇÃO NA REDE DE CONTROLE DA GESTÃO PÚBLICA

No contexto de moderni-zação da administração pública, são cada vez mais nítidas as necessidades de articulação de ações fisca-lizatórias da coisa pública;

do diagnóstico, prevenção e com-bate à corrupção; de incentivo e fortalecimento do controle social; do intercâmbio de informações, experiências e, sobretudo, capa-citação. Nesse sentido, o Termo de Adesão à Rede de Controle da Gestão Pública é um instrumento fundamental para a concretização desses objetivos.

O termo inicial, assinado em junho de 2009, ganhou, no dia 27 de junho, o seu 5º termo aditivo, responsável por prorrogar sua vigência e estabelecer novos obje-tivos para o futuro, celebrando 10 anos de Rede de Controle de

Gestão Pública. O evento para assinar o acordo contou com representantes da Procurado-ria-Geral da Fazenda Nacional, Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro, Controladoria--Geral do Município do Rio de Janeiro, Controladoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro, Receita Federal, Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, representado por Carlos Werneck e Cláudio Mônica, que integram o Núcleo de Planejamento e Gestão da Corte municipal.

No encontro realizado para a assi-natura do termo, foram apresen-tadas as suas finalidades — rati-ficando o propósito da integração entre os órgãos e entidades —,

além das ações que vêm sendo executadas ou iniciadas — como treinamentos de agentes públi-cos, seminários, entre outros — além de atividades que estão sendo preparadas, dando especial atenção ao controle social.

O avanço da tecnologia foi des-tacado como ferramenta para o aprimoramento da cooperação, sobretudo como um atalho que permita o controle da gestão pública mais célere e tempestiva.

“Só com a cooperação entre os órgãos, o intercâmbio de infor-mações e a atuação consistente dos órgãos de controle é que a gestão pública pode ser efeti-vamente realizada” — destacou Carlos Werneck. “O acordo é peça-chave para o combate à corrupção e à má gestão”, fina-lizou. ■

Integração e articulação reforçam ações de combate à corrupção e à má gestão

Presidente do TCE-RJ, Marianna Willeman, assina adesão à rede.

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ATRICON FAZ NOVO DIAGNÓSTICO DOS TCS Um novo diagnóstico dos tribunais de contas brasileiros será feito este ano pela Atricon.

A terceira edição da avaliação da qualidade e agilidade do controle externo, feita desde 2013, a cada dois anos, encontra-se na fase da aplicação de questionário que deverá ser respondido pelas cortes até o dia 31 de julho. Este ano, o coordenador de planejamento e

gestão do TCMRJ, Carlos Augusto Werneck, integra a equipe de avaliadores da Atricon.

A avaliação tem como objetivo verificar o desempenho dos tribunais de contas em comparação com as boas práticas internacionais e diretrizes estabele-cidas pela Atricon, compiladas no Marco de Medição de Desem-penho (MMD-TC), utilizado d e m o d o v o l u n t á r i o , mas que tem tido boa aceitação. No último diagnóstico, 85% dos 33 TCs existentes no País submeteram-se à verificação. ■

A avaliação fortalece o Sistema Nacional de

Controle Externo e contribui para que os tribunais de contas atuem

de maneira harmônica e uniforme, aprimorem a qualidade e agilidade das auditorias e dos julgamentos, valori-zando o controle social e oferecendo

serviços de excelência, a partir de um padrão de fácil verificação

e confirmação.

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TCMRJ QUESTIONA PEDÁGIO EM ALÇA

DE ACESSO DA TRANSOLÍMPICA

O contrato de concessão da Transolímpica voltou a ser analisado pelo TCMRJ em 27 de junho, após quase um ano sem que a necessidade de cobrança de pedágio, nas alças de acesso que ligam a Estrada do Rio Grande, em Jacarepaguá, à via, fosse evidenciada pela concessionária. A Via Rio terá que prestar os devidos esclarecimentos em audiência determinada pelo

conselheiro Felipe Puccioni, cujo voto foi aprovado por unanimidade pelo Plenário.

As alças de acesso não estavam previstas no projeto inicial do contrato de concessão firmado pelo Município para implan-

tação e exploração da infraestrutura e da prestação do serviço público de operação, manutenção, monitoração e

realização de melhorias da Ligação Transolímpica. Elas foram construídas posteriormente através de assi-

natura de termo aditivo. As alterações no traçado original possibilitaram um fluxo maior de carros

na via, mas, a princípio, não haveria cobrança de pedágio para o trecho em questão. A

partir da atual gestão municipal, a tarifa passou a ser obrigatória, o que vem

sendo questionado desde então. ■

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TCMRJ DETERMINA PELO RESSARCIMENTO DE CERCA DE R$ 4 MILHÕES AOS COFRES PÚBLICOS

Em 25 de junho, o Plenário do TCMRJ emitiu acórdão impu-tando débito e determinando o ressarcimento de mais de R$ 3,9 milhões aos cofres da prefeitura do Rio, em decorrência do saldo apurado em convênio firmado entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e a Casa Espírita Tesloo. A irregularidade

das contas foi apurada em Tomada de Contas Especial realizada pelo Tribunal de Contas carioca.

O recolhimento do montante deverá ser rea-lizado ao Tesouro municipal em até 30 dias após a ciência do responsável, ou equiva-lente comprovação de pagamento junto à Justiça. ■

ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS DO PREVIRIO SOB O CRIVO DO TCMRJ

O Tribunal de Contas carioca determinou, no dia 27 de junho, que a Prefeitura indique o uso e os parâmetros urbanísticos permitidos aos imóveis do PreviRio que pretende alienar. O Município calculou o valor dos terrenos situados na Barra da Tijuca em R$ 23 milhões,

mas o TCMRJ quer saber o que, de fato, pode ser construído na área, que soma cerca de oito mil metros quadrados.

“Não se sabe se ali podem ser construídos prédios e com quantos andares; não se sabe se o valor está caro ou barato”, comentou o conselheiro Ivan Moreira durante o proferimento de seu voto. Ele propôs que ,daqui em diante, a análise técnica do Tribunal

sempre indague os parâmetros permitidos, bem como os usos de áreas que forem objeto de alienação.

O conselheiro Luiz Antonio Guaraná registrou, durante a discussão do voto, que a decisão é um marco e altera a forma de analisar os valores cal-culados pela Prefeitura em processos de alienação, sugerindo, ainda, que o edital inclua o uso permitido aos imóveis, para que os compradores tenham a segurança do que pode ser construído.

Os imóveis do PreviRio, indiretamente pertencentes aos servidores do Município, foram adquiridos por doação para servirem como jardim, conforme o plano urbanístico da Cidade, que virou lei posteriormente. ■

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ATRICON, ABRACOM E IRB INAUGURAM NOVA SEDE EM BRASÍLIA

O Presidente do TCMRJ e da

Abracom, Thiers Montebello,

esteve entre os presentes na ceri-

mônia de inauguração das novas

sedes da Atricon, da Abracom e do

IRB, em Brasília, em 26 de abril.

O novo espaço que abrigará as três instituições possui um conceito integrado, que favorecerá o maior alinhamento das atividades, com vis-tas ao aprimoramento do sistema de controle externo. Em seu discurso, Thiers destacou o “fortalecimento da união” e enfatizou que a

nova sede está de portas abertas a todos os membros de tribunais de contas do país.

Durante o evento houve, ainda, a celebração do Acordo de Cooperação nº16/2019 entre a Atricon e a CGU, visando a promover o intercâmbio de dados, conhecimentos, informações e experiências, além do fortalecimento e disseminação de mecanismos de participação social, controle social de políticas públicas e serviços públicos, no âmbito da Rede Nacional de Ouvidorias.

Nas palavras do ministro da CGU Wagner de Campos Rosário, a intenção é de que “o cidadão exerça o con-trole e passe a ter capacidade de exigir a qualificação das políticas públicas”. ■

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Esta e outras cartilhas estão

disponíveis para download no site

do TCMRJ.

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ESTUDO DO TCMRJ EVITOU IMPACTO BILIONÁRIO NAS CONTAS MUNICIPAIS

Com base em estudo realizado sobre a viabilidade da municipalização de

hospitais federais, o TCMRJ alertou o prefeito do Rio para os riscos da

transferência, evitando, assim, um impacto de R$ 3,4 bilhões por ano nas

contas do Município. O trabalho está descrito na mais nova cartilha do

Tribunal de Contas carioca, lançada esta semana.

O estudo de viabilidade foi elaborado em 2016 por determinação do conselheiro Ivan Moreira, logo após declarações do então recém-eleito chefe do Executivo sobre a intenção de municipalizar nove unidades de saúde federais presentes na capi-tal. A equipe da 4ª Inspetoria-Geral, especializada na fiscalização da área de saúde, compilou, sintetizou e comparou informações de diversas fontes e identi-ficou inúmeras fragilidades. As despesas somariam o correspondente a mais de 60 % de todo o orçamento da Secretaria Municipal de Saúde para o exercício do ano seguinte, considerando as incertezas quanto aos recursos transferidos pela União.

O estudo lembrou experiência anterior que culminou na decretação de estado de calamidade pública no sistema de saúde do Município, em 2005, em razão do descumprimento do acordo de repasse de recursos da União, firmado para a transferência de sete hospitais federais, em 1998. O estudo concluído foi encaminhado ao Executivo e forneceu subsídios na tomada de decisão contrária à municipalização, evitando forte impacto nas contas públicas do Rio. ■

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PAGAMENTOS ATRASADOS DA COMLURB DEVERÃO SER EXPLICADOS AO TCMRJ

Acolhendo representação da empresa Ciclus Ambiental do Brasil, responsável pelo Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (CTR) da cidade, o TCMRJ decidiu, na sessão plenária de 21 de maio, que a Comlurb deverá se pronunciar sobre o atraso nos pagamentos

e a não aplicação do reajuste bianual ao contrato feito com a concessionária.

A empresa alega que a falta de regularidade de pagamento das parcelas mensais altera, de forma significativa, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, com risco de interrupção dos serviços prestados, o que traria danos ambientais e sanitários para toda a população.

O Plenário decidiu pela diligência no processo rela-tado pelo conselheiro Nestor Guimarães Martins da Rocha, a fim de que a Comlurb encaminhe os comprovantes de pagamentos realizados e explique as supostas irregularidades na execução do Contrato de Concessão n.º 318/2003, que objetivou a implan-tação e operação do CTR.

A concessão tem como objetivo fornecer alternativa mais rápida e segura para solucionar o problema da disposição final dos resíduos sólidos gerados no Município, além de garantir a preservação da saúde de toda a população e do meio ambiente da Cidade. ■

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Este e outros boletins estão

disponíveis para download no site

do TCMRJ.

O entendimento firmado é um

dos que constam do Boletim

Jurisprudencial n º 3, contendo

as decisões mais relevantes do

Tribunal de Contas carioca, de

julho a dezembro de 2018.

TCMRJ AUMENTA

A PRESSÃO SOBRE RESPONSABILIZAÇÃO EM PROJETOS BÁSICOS

É obrigatória a apresentação da Anotação de Responsabilidade

Técnica (ART) do profissional que elaborou os documentos relativos ao projeto básico balizador do certame.”

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A Academia Brasileira de Letras e o Tribunal de Contas do

Município do Rio de Janeiro têm muito em comum. A começar,

Machado de Assis, primeiro presidente da ABL, morou onde

hoje funciona o TCMRJ. Rui Barbosa, cuja contribuição política

e jurídica foi fundamental para a criação do Tribunal de Contas

no Brasil, também foi um dos fundadores da Academia. Além

disso, os mesmos ideais perpassam as duas Casas, especialmente

no que tange à preservação da Cultura: uma, fortalecendo sua

essência; outra, zelando por seu patrimônio. Ambas a serviço da

cidadania, garantindo o direito de acesso ao conhecimento.

Por tudo isto, nada mais natural que o estreitamento dos laços

de instituições tão próximas, até mesmo fisicamente. Surge,

assim, o Fala Imortal, novo espaço da Revista do TCMRJ trazendo

reflexões variadas sobre o nosso tempo.

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ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ABL, MARCO LUCCHESI

1987, que teve Machado de Assis e Rui Barbosa como membros fundadores e é composta pelos escritores mais importantes do país. O fotógrafo Bráulio Ferraz me acompanha.

E eis que somos recebidos por uma figura surpreendentemente afável, que agradece por nossas presenças com um largo sorriso. Gentilmente, nos acomoda no sofá de seu gabinete enquanto comenta sobre nota publicada no jornal, naquele dia, sobre a solidariedade que prestou à Uni-versidade Federal Fluminense,

O t r â n s i t o e s t á p e s a d o naquela manhã de segun-da-feira. Estou tensa, p r e c i s o e n t r e v i s t a r o imortal Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras. Poeta,

escritor com inúmeros prêmios na estante, tradutor de, entre outras obras, poemas persas do Século VIII, fala 18 línguas, toca piano, canta, tem pós-doutorado em filosofia da Renascença e mais um monte de outros predicados que me fazem imaginar uma pessoa inalcançável, hermética. Resgato em mim a menina que, na primeira aula de natação, se atira na água como se soubesse nadar. Seja o que Deus quiser.

Respiro fundo ao entrar no pré-dio da instituição fundada em

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punida pelo ministro da Educação com um corte de 30% por permitir manifestações contra o governo. Na ocasião, Lucchesi condenou o que chamou de “ódio ao livre pensamento”.

É o gancho para minha primeira pergunta: como manter a poesia viva diante disso?

“A poesia é um gesto de deste-mor. A beleza atravessa a ruína e reconstitui sua própria razão de ser. Ela é possível, apesar de Auschwitz, apesar da verdadeira m o r t a n d a d e a q u e e s t a m o s assistindo em nossas periferias brasileiras. A poesia é algo imi-nentemente humano. O propósito da arte é um propósito de paz, de um processo de purificação das várias diferenças. Sem diluí-las, mas dando-lhes capacidade de articulação e de aprofundamento. A arte é sempre coral, expressão do coletivo. Quem dera a Repú-blica brasileira e seus agentes não perdessem essa qualidade coletiva, de grande responsabi-lidade”. E assim, Marco Lucchesi sinaliza o que vem à frente.

Durante a pesquisa que precedeu esse encontro, me chamou aten-ção a resposta que Lucchesi deu em outra entrevista do motivo de aprender tantas línguas: “aber-tura para a alteridade”. Retomo essa ideia e peço que me explique como surgiu nele a necessidade do encontro com o outro, com o que lhe é estranho.

“A literatura clássica legou ao futuro um de seus melhores paradoxos: a metamorfose e sua

tremenda ambiguidade. O fenô-meno consiste em assumir o lugar do Outro, sem deixar de ser o Mesmo. Nem Um. Nem Outro. Mas Um e Outro. O Direito e o Avesso. Como Zeus e o Cisne. O médico e o monstro. O diabo e a dama. Eis o prodígio: tornar possível o impossível. A ideia e seu contrário. Isto e Aquilo” – Metamorfoses de Ovídio.

Filho de italianos provenientes da Toscana, o poeta nasceu no Rio de Janeiro e foi criado em Niterói, convivendo com as histórias de guerra que permearam a traje-tória de sua família. Fascinado pelo mundo árabe, aos oito anos pedia ao pai para levá-lo ao Saara, região do Centro do Rio povoada por comerciantes sírio-libaneses. Mais adiante, através da grande amizade com a psiquiatra Nise da Silveira, abriu-se para a perspec-tiva de defesa da alteridade. Outro que o inspirou foi o Padre Paolo Dall´Oglio, jesuíta italiano e ati-vista da paz, que foi à Síria para se encontrar com o chefe do Estado Islâmico e acabou morrendo.

“Importa sublinhar a densidade do diálogo, mesmo que se busque uma mística seca, desprovida de

Deus ou de transcendência pes-soal. Em todo o caso, o princípio mínimo da ética da leitura con-siste na suspensão da descrença (suspension of disbelief), de modo que, como leitor, creio no céu descrito por Ptolomeu, na função dos motores celestes e no motivo das manchas da Lua. A literatura é o ágon do saber ecumênico, que me leva à cova de Montesinos, com dom Quixote, ao mundo da Lua, com o paladino Astolfo, ou aos sertões, onde refulge o rosto luminoso de Diadorim” - discurso de posse na ABL

“A alteridade nasce como um gesto de paz, de acolhida, em todos os níveis e em todos os sentidos”, afirma Lucchesi, não deixando de traçar um paralelo com a realidade dos nossos dias:

“ O s a g e n t e s q u e d e v e r i a m promover a paz hoje estão num extraordinário sectarismo e numa deplorável e declarada guerra à diferença! Isso jamais fará bem a qualquer país e muito menos ao Brasil que, não obstante todas as suas contradições e assimetrias, ainda é um país que foi cons-truído pelas diferenças. O Brasil é uma república de etnias. Mas a

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sociedade brasileira, sobretudo o Estado, não adquiriram a capila-ridade necessária de modo que se tornem, mais do que madrastas, mães. De modo que correspon-dam à grande hospitalidade da terra que os acolhe. Estamos muito atrasados. É necessário apressar o futuro, não ficar de braços cruzados esperando que o futuro se resolva; porque o futuro só se resolve a partir de um tra-balho feito agora”, conclama o professor.

Provoco: e como a ABL pode apressar o futuro?

Entra em cena, novamente, a alteridade. Como presidente da ABL, Marco Lucchesi tem fre-quentado pessoalmente a prisão de Gericinó e o Centro Dom Bosco. Lá, garante que o direito à litera-tura seja preservado.

“O acesso aos livros é parte essencial da cidadania. Temos um trabalho muito intenso nas prisões, que parte do princípio d e q u e t o d o s d e v e m t e r o s direitos linguísticos preserva-dos - o direito à literatura, ao livro – como parte essencial da cidadania. Não importa se esses detentos sairão melhores ou não, porque a questão é mais do que isso, é o direito ao acesso. A maior parte acredita que, com o uso da força, tudo melhorará. Eu tenho certeza absoluta de que o uso da força significa o uso da fraqueza e ,portanto, não se chegará a parte alguma se não trabalhando com o consenso. Me preocupa ver esse movimento pela diminui-ção da maioridade legal. Será a

declaração de um genocídio, isso é terribilíssimo!”

Este ano, eleito pela Unesco o ano das línguas indígenas, a ABL rece-beu pela primeira vez curumins da Mata Verde Bonita e a cacica e pajé da tribo guarani, que foram recebidos por Marco Lucchesi no salão nobre da Academia, onde as crianças cantaram e emociona-ram os que estavam presentes.

“Pretendemos aprofundar a relação com os índios e nos estreitarmos com essa riqueza de cultura, com quase 300 línguas praticadas no interior do nosso país e que está sendo tratada com extrema irresponsabilidade e leviandade por muitos agentes, que precisavam ouvir aqueles que mais conhecem a realidade dessas gentes”.

Muitos outros projetos sociais, ele conta, estão em curso, como a aproximação com os quilombolas e o acordo com a Marinha do Bra-sil para que livros sejam levados para as bibliotecas nacionais de todos os países da comunidade de língua portuguesa.

“ A ABL continua nas suas gran-des lutas regimentais, que são os cuidados com a língua portuguesa e, ao mesmo tempo com seus autores e sua história; isso é um papel inadiável e contínuo. Nesse campo, a Academia defende que o acordo ortográfico seja levado a efeito.”

Vivendo em Niterói e trabalhando no Rio, Lucchesi aposta em dias melhores para a cidade carioca.

“O Rio desnuda a minha infância, minha vida em construção. As cidades brasileiras, todas elas vivem o mesmo grau de proble-mática. Sonho com uma cidade do Rio mais generosa, com uma comunicação mais forte entre suas partes dispersas, com um movi-mento de reunião e de acultura-ção mais profunda. Uma cidade acolhedora como, por exemplo, nos desenhos das crianças da periferia em seus sonhos de uma cidade em que não há separações, não há guetos, e que esteja livre de um poder deplorável, de um Estado que, não cumprindo suas funções, deixa à margem toda uma juventude que não é absor-vida senão por forças contrárias e terríveis. Sonho com uma cidade que seria realmente representada por figuras que correspondam à altura dela, que compreendam o significado histórico da cidade do Rio de Janeiro e não parem numa leitura meramente conjuntural. Tudo aquilo que nós já sabemos. Mas infelizmente até o óbvio, hoje, quando é pronunciado, parece algo revolucionário.”

Chega ao fim nossa entrevista. É preciso descer novamente ao chão, que pena.

“(...)

não tenho palavras e silêncios

espadas flamejantes

e mares de calor

muito obrigado

obrigado de verdade”

Meridiano celeste e bestiário

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M A R I A S A L D A N H A E C A R I N A L Y R A E N T R E V I S T A M :

JOSÉ MOULIN NETTOEngenheiro mecânico e

Presidente da FJG

Com uma memória de prestadora de

diversos concursos públicos, a Fundação

João Goulart vem hoje se transformando em

um ícone no desenvolvimento de inovações

na gestão do Município do Rio de Janeiro.

Com poucos recursos financeiros, vem

dando exemplo de como fazer mais

com menos.

INOVAR E COMPARTILHARPRÁTICAS IMPRESCINDÍVEIS PARA O APERFEIÇOAMENTO

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Presidente da FJG, engenheiro mecânico pela UFRJ, com uma vasta experiência em gestão na iniciativa privada, José Moulin Netto vem mudando o perfil da fundação, trazendo inova-ções na capacitação e nos serviços oferecidos ao município carioca. Em 2014, Moulin assumiu a

presidência com uma equipe de apenas dois funcio-nários e orçamento escasso, tendo como desafio criar ações de inovação no setor público.

Hoje em dia, com uma equipe de 15 servidores coloca em prática ferramentas como o nudge e o Design Thinking, até então inéditas na administração pública carioca e toca projetos que fazem a diferença na produtividade da prefeitura do Rio.

Dentre esses, os Grupos Transversais de Trabalho (GTT) surgiram quando Moulin percebeu que o intervalo para o cafezinho nos cursos de Líderes Cariocas era um momento crucial para os alunos se conhecerem e trocarem informações, criando uma rede de relacionamento transversal. Como a maioria dos alunos era composta por gestores de

diversos setores, esse contato muitas vezes servia como um meio para se resolver assuntos

relacionados ao trabalho, diminuindo os entraves de comunicação entre

os departamentos.

Em entrevista a Maria Saldanha e Carina Lyra, da Revista do TCMRJ, José Moulin Netto falou sobre as ferramentas que vêm trazendo inúmeros resultados para o aperfeiçoamento da gestão pública carioca, ressaltando a importância de inovar e compartilhar as boas práticas na administração pública. Confira:

Revista do TCMRJ: Qual a diferença entre os setores público e privado quando se trata de pessoas e inovação?

Os servidores públicos têm muito medo de críticas, às vezes não arriscam por medo de errar. É aquela velha situação: se você fizer alguma coisa que não dá certo, recebe críticas; se acertar, não fez mais do que sua obrigação. Outra diferença do setor privado é que você pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, e pode-se fazer muita coisa. Já no setor público, só se pode fazer o que a lei prevê. Para ser inovador no setor público, você tem que fazer aquilo que não está previsto.

Revista do TCMRJ: Como engajar os servidores públi-cos em projetos inovadores?

Utilizando técnicas da ciência comportamental. A regra fundamental de ciência comportamental é facilitar a mudança. Outra estratégia é envolver o indivíduo no desenho de implantação do projeto. Na dinâmica do Design Thinking faz parte da implantação haver tropeços, porque ninguém consegue desenhar tudo perfeitamente. Quando se vai, de fato, a campo, quando se vai lidar com o ser humano, a diferença entre aquilo que se planejou e a prática é brutal. E esses tropeços, no Design Thinking, são vivenciados pela própria equipe que implantou o projeto, que terá comportamentos adversos: uns irão rejeitar, outros vislumbrarão uma oportunidade de melhoria. De qualquer forma, aquele que implantar tem que ter as suas impressões digitais na solução final, na ten-tativa de solução. A implantação será dele (ou dela) e se participou menos ou mais, ele estará engajado na implantação de melhoria. Isso faz uma diferença enorme. Fazer com que as pessoas se sintam parte, parceiros do sucesso.

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Revista do TCMRJ: Como são for-mados os Grupos Transversais de Trabalho?

Antes de planejar, monta-se o grupo e aprende-se fazendo. Esse tem que ser o espírito inicial: é como montar um avião no voo, ou seja, o importante é aprender fazendo. Cada GTT tem cinco par-ticipantes e deve ser representado por no mínimo três diferentes órgãos. Todo projeto começa com um titular de órgão e a pessoa escolhida tem que ter o poder de testar mudanças.

Revista do TCMRJ: Qual o perfil dos integrantes?

O espírito necessário para a for-mação de um GTT é de quem seja inovador no setor público, uma pessoa inconformada-proativa. Ou seja, inconformada com a situação e faz alguma coisa para mudar. Eu divido os grupos dos servidores em três categorias: aquele que não quer nada, que quer maximizar a renda e diminuir o esforço; aquele que tem perfil de ‘9 às 5’, que cumpre o horário de trabalho e faz o que é honesto; e o inconformado-proativo, que mesmo diante das adversidades

assume riscos e faz alguma coisa para melhorar o serviço público. O foco do trabalho da fundação é o inconformado-proativo. Nos concentramos em dar-lhe muita capacitação e trabalhos de transversalidade. Para os do grupo ‘9 às 5’, é necessária muita conscientização e também capa-citação e fazer com que eles virem inconformados-proativos.

R e v i s t a d o T C M R J : E m q u e conceitos primordiais a FJG se baseia?

Todas as atividades da fundação, hoje, são formadas a partir de um

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tripé de conceitos. Primeiro, o conceito de escassez, de fazer com que haja mais candidato do que vaga ou estipular que uma parte do curso seja paga pelo aluno. Isso cria maior interesse. O segundo é a transversalidade, ou seja, criar uma rede de relacionamentos para aumentar a produtividade na prefeitura. O terceiro conceito é o reconhecimento, que parte do princípio de que para se fazer mais com menos há que inovar e, nessa linha, reconhecer as pes-soas que inovam para aumentar a produtividade.

Revista do TCMRJ: Quais são, além dos Grupos Transversais de Trabalho, outras iniciativas deri-vadas desse tripé de conceitos?

Um projeto piloto que a fundação criou foi o processo de treina-mento de coaching. Com a ajuda e o financiamento do Instituto República, entidade apartidária, sem fins lucrativos, contratamos uma especialista para a capacita-ção de 20 servidores da Secretaria de Educação. Foi um sucesso. Outros serviços que oferecemos que devem ser destacados são o Projeto 360° de avaliação de desempenho dos gestores da administração carioca, a criação do prêmio para reconhecimento dos gestores em destaque e o lan-çamento da Revista Cidade iNova para disseminação de boas prá-ticas na prefeitura. Além desses, damos continuidade ao Projeto Líderes Cariocas, criado em 2012, capacitando e dando reconheci-mento a servidores da prefeitura que tenham uma ambição positiva de liderança.

Revista do TCMRJ: Conte um pouco da sua experiência com a implantação pioneira do nudge na administração municipal carioca.

Minha primeira interação for-mal com a disciplina de ciência comportamental foi em outu-bro de 2014, quando fui fazer o fechamento de um curso do “Líderes Cariocas” na Columbia University. Este curso era feito no Rio de Janeiro na modalidade à distância na Columbia Global Center e a semana de fechamento

era lá em Nova York. Aproveitei que teria uma conferência logo na semana seguinte, na Univer-sidade de Harvard, sobre ciência comportamental. Nela, conheci as pessoas que são, hoje, ícones desse assunto. A primeira tenta-tiva de nudge foi na Secretaria de Fazenda, com o IPTU. Todo fim de ano, vários contribuintes atrasam as prestações do IPTU e, sabendo disso, a secretaria enviou uma carta com a guia de pagamento recalculado, facilitando, assim, a vida do contribuinte, que não pre-cisava mais ir até a prefeitura para recalcular os juros. Foi percebido um aumento gradativo da arre-cadação desse imposto. Uma ação simples que deu um resultado na arrecadação em torno de R$160 milhões. Atualmente estamos com dez projetos de nudge em andamento.

Revista do TCMRJ: Com que incentivos financeiros a Funda-ção João Goulart conta?

Até 2018, a fundação possuía um financiamento do Banco Intera-mericano de Desenvolvimento. Estamos buscando agora parce-rias. Em paralelo, criamos líderes multiplicadores, especializados e com mestrado para ministrar cursos. A fundação não tem recurso próprio, fazemos progra-mas customizados com convênios com as secretarias. Uma das demandas é ter uma plataforma digital e cursos à distância, com foco em fundamentos de gestão e com cursos curtos, com 50% de teoria e 50% prática. ■

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RIO, CAPITAL MUNDIAL DA ARQUITETURAP O R D A N I E L S A L O M Ã O

Que ela é uma das capitais mais charmosas e mais visitadas do mundo, todo mundo sabe. Também não há dúvidas sobre a exuberância de suas paisagens naturais e a riqueza de sua cultura. A novidade é que, esse ano, a Unesco - agência da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada para Educação e Cultura -

elegeu a cidade do Rio como a Capital da Arquitetura. A honraria, concedida em 18 de janeiro, na sede da organização, em Paris, é o motivo da realização do 27º Congresso Mundial de Arquitetos, que ocorrerá em solo carioca no ano que vem.

O título é concedido às cidades que sediam o Congresso Mundial da União Internacional de Arquitetos (UIA), realizado trienalmente. No entanto, a condecoração não é apenas um troféu para ostentar no salão de visitas. As cidades que recebem esse título ficam responsáveis pela promoção de uma série de eventos relacionados à arquitetura e ao urbanismo, que devem acontecer durante todo o ano do congresso. E, em 2020, será o Rio de Janeiro a fervilhar.

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A disputa começou em 2014, quando o Rio concorreu com nada menos que Paris e Melbourne. O tema da 27a edição do congresso será

“Todos os mundos, um só mundo - Arquitetura 21”, com o intuito de valorizar a diversidade de culturas, da favela e

do asfalto em um mesmo bairro, da mistura inerente à nossa contemporaneidade e, sobretudo, do respeito

ao diferente e à solidariedade que devem ser com-promisso de todos para com todos.

O tema principal do evento é dividido, ainda, em quatro eixos temáticos, que nortearão as

conferências, mesas redondas, mostras, workshops, conforme sua afinidade com um dos

eixos propostos.

O eixo da diversidade e mistura colocará ênfase na arquitetura e no urbanismo atentos à diversidade e

mistura de culturas e ao inter-relacionamento com outros campos profissionais, envolvendo questões

antropológicas, políticas, sociais, culturais, econômicas e outras, acolhendo experiências que valorizem a diversidade

cultural e social.

Mudanças e emergências será o eixo a debater as intensas mudanças do mundo contemporâneo e seus reflexos no campo

da arquitetura e do urbanismo, com realce nas dimensões social, ambiental e tecnológica. Além disso, discutirá o desafio imposto

pelas novas tecnologias, relacionados aos processos de projeto e construção e suas implicações sobre o processo criativo e produtivo

da profissão.

O terceiro eixo tratará das fragilidades e desigualdades e focará nas dimensões sociais da arquitetura e do urbanismo, dando especial

atenção aos desafios mundiais para o enfrentamento das fragilidades e desigualdades urbanas. Nele, será dada preferência a trabalhos que

contribuam para ampliar as formas de conexão com a sociedade e participação nos processos decisórios, debatendo programas e ações que

promovam a inclusão social e contribuam para a reversão da atual tendência ao agravamento da segregação espacial.

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O quarto e último eixo, transitoriedade e fluxos, abordará os deslocamentos em geral, buscando ampliar a compreensão sobre as transitoriedades e os fluxos na escala planetária e nas escalas locais em suas dimensões demográfica, temporal e humana.

Questão de ordem do arquiteto presidente da UIA, Thomas Vonier: “o congresso deve refletir o espírito do Rio”, especialmente a calorosidade da cidade. Além disso, é a primeira vez, em 42 anos, que a edição do congresso que ocorrerá na América Latina,

considerada uma região que vem crescendo em importância econômica, em população e culturalmente.

Em 2012, o Rio de Janeiro já havia ganhado, da Unesco, o título de Patrimônio Cultural Mundial, na categoria Paisagem Urbana. A decisão atual, segundo especialistas em Patrimônio Histórico, espelha um reconhe-cimento de símbolos da cidade, que há 450 anos refletem a história carioca.

Há numerosos exemplos de construções do período colonial, como o Mosteiro de São Bento, o Theatro Municipal, a Biblioteca

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Nacional, os Arcos da Lapa e o Paço Imperial, para citar alguns. Viajando para o início do século XX, o Cristo Redentor, eleito pela Unesco umas das Maravilhas do Mundo Moderno, assume posição de Patrimônio Mundial, sendo a maior e mais famosa escultura art déco do mundo. O Museu de Arte Moderna representa a ruptura trazida pela era moderna e, como representante da arquitetura contemporânea, temos o Museu do Amanhã, elemento-chave do projeto de revitalização da Zona Portuária.

Em entrevista ao Jornal O Globo, o arquiteto Sérgio Magalhães, que preside a organização brasileira no evento, explicou as razões pelas quais a Cidade ganhou o título de Capital Mundial da Arquitetura e foi escolhida como sede do congresso: “Em primeiro lugar, a força de uma cidade maravilhosa, reconhecida mundialmente. Em segundo lugar, o Rio tem um acervo arquitetônico que remete aos primeiros tempos do País. Poucas cidades no Brasil

e no mundo têm essa diversidade. São, por exemplo, os melhores exemplares da arquitetura colonial e os melhores espaços do período imperial. Temos exemplares dos primeiros anos da República, do Modernismo e da art déco”, explicou o arquiteto.

A realização do evento vai ao encontro da Agenda 2030, da ONU, principalmente no que tange ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 11, pertinente às cidades e aos assentamentos urbanos. Além disso, o evento relaciona-se com a Nova Agenda Urbana, também da ONU, que é um documento orientado para ação que definiu padrões globais para o alcance do desenvolvimento urbano sustentável. A expectativa é que o Rio receba cerca de 20 mil visitantes para o congresso de arquitetura. ■

F O T O S D E C A R L O S M A N H Ã E S F I L H O .

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No dia 11 de abril, o plenário do TCMRJ aprovou as alterações propostas

para o novo Regimento Interno. O trabalho é fruto de um estudo de quase

três anos, que contou com os esforços de auditores e procuradores, sob a

tutela do conselheiro Felipe Galvão Puccioni.

NOVO REGIMENTO INTERNO DO TCMRJ MAIS MODERNO, ÁGIL E EFETIVO

Ao todo são 271 artigos, alinhados com as novas tendências legislativas e processuais, sempre visando à uma maior celeridade e à solução satisfatória dos processos que chegarem ao Tribunal. Já na exposição dos motivos, são apresentadas 17 novidades, que farão parte do

dia a dia da corte de contas municipal. Dentre alguns pontos, podem ser destacados:

• a possibilidade de conversão de qualquer processo relacionado à atividade de controle externo em tomada de contas especial (art 1º, XVII);

• a criação do incidente de uniformização de juris-prudência, que trará maior estabilidade às decisões prolatadas (art. 130-A);

• a importação da tutela provisória prevista no Novo CPC, que autorizará o manejo das tutelas de urgência e evidência, tornando mais amplo, célere e tempes-tivo o exercício da jurisdição com efeitos extroversos (art. 244);

• as deliberações do Plenário foram alteradas para que o TCMRJ se adequasse ao modelo utilizado por todos os tribunais do País;

• a possibilidade de os conselheiros despacharem processos que ainda estejam em fase de instrução processual ordenando a diligência;

• a competência para que o presidente e o relator, em situações específicas, profiram decisões monocrá-ticas, buscando a racionalidade administrativa e a economia processual (art. 46-A);

• a introdução do Plenário Virtual como instrumento de racionalização do exame dos feitos com auxílio de tecnologia da informação (art. 80).

Dentre as inovações, o presidente Thiers Montebello comentou sobre o novo Plenário Virtual:

“É uma ferramenta que já existe em outros tribunais no Brasil. É racional, evita debates desnecessários e as questões que suscitarem dúvidas serão imediatamente deslocadas para as sessões presenciais”.

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As sessões do TCMRJ ganharam uma nova interface. Previsto no

novo Regimento Interno, o Plenário Virtual é uma ferramenta que

promete modernizar o julgamento dos processos no TCMRJ. Confira

a mensagem do conselheiro Felipe Puccioni sobre essa novidade.

O Tribunal de Contas da Cidade do Rio de Janeiro mergulhou de vez na Revolução 4.0. Tudo se iniciou com o desenvolvimento de um novo Regimento Interno que pudesse acompanhar todas as evoluções que estão por vir, sem deixar de adotar as leis do País como sua base. Junto ao desenvolvimento de novas normas que regeriam o órgão, diversas medidas operacionais estavam sendo tomadas em âmbito interno para que o TCMRJ pudesse se tornar o mais eficiente possível.

Fruto de longo planejamento, que durou mais de três anos, e de laboriosa execução, surgiram as sessões de julgamento totalmente virtuais. Diferente das sessões presenciais, que podem durar algumas horas, as sessões virtuais duram cinco dias inteiros. Esse período alongado possibilita que todos os julgadores e partes interessadas tenham muito mais tempo para analisar, concordar ou discordar dos votos disponibilizados no sistema virtual.

Nas sessões virtuais não se perde tempo com formalidades. “Excelentíssimo”, “Doutor”, e aquelas formalidades todas presentes nas sessões de julgamento presenciais. Esqueça! O que vale é o resultado justo e fundamentado das decisões, não a forma. Não há atrasos. O Plenário Virtual começa às 10h00 da segunda e se encerra às 16h00 de sexta. Claro que as sessões presenciais são importantes e continuam existindo (pelo menos até que os debates virtuais sejam desenvolvidos e implementados), toda quarta-feira, para que, havendo divergência, o debate possa ocorrer. Um ponto muito importante a salientar é que todos os processos perante o TCMRJ poderão ser julgados nas sessões virtuais.

Além disso, todas as complexas soluções computacionais foram desenvolvidas internamente por auditores e técnicos de controle externo da Corte de Contas carioca, não onerando o cidadão carioca contratando soluções externas. Esses resultados impressionantes que levam a Corte de Contas carioca ao seu mais alto nível de

eficiência foram fruto de uma política de mais de uma década, liderada pelo presidente do órgão, Thiers Vianna Montebello, de valorização de servidores de carreira por meio de concursos

periódicos, excelentes remunerações e ambiente de trabalho!

Apesar de ter entregue à população carioca R$ 13,6 bilhões em economia de recursos no período de 2011 a 2018, oito vezes mais que seu custo no mesmo período, o TCMRJ continua a buscar mais eficiência e efetividade. Ainda, há projetos dentro do Tribunal objetivando a automação da tramitação processual e da produção de instruções, pare-ceres e decisões em busca da redução de custos e do aumento da qualidade. TCMRJ 4.0!”

Felipe Galvão Puccioni Conselheiro do TCMRJ

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TCMRJ QUER CALCULAR EFEITOS SOCIOECONÔMICOS DO ATRASO DO BRT TRANSBRASILObras públicas paralisadas ou atrasadas não geram somente conse-

quências econômicas. Seus efeitos colaterais vão muito além do que

se pode quantificar; os custos sociais e outras variáveis implicados em

projetos não concluídos dentro do previsto também são significativos.

Com esse entendimento, o TCMRJ iniciou uma auditoria operacional

para avaliação dos impactos socioeconômicos decorrentes do atraso na

execução das obras do corredor BRT Transbrasil.

Em fevereiro deste ano, a 2ª IGE, especializada em obras públicas, iniciou o planejamento da auditoria, organizando sua matriz e reunindo a documentação solicitada à Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação e à Subsecretaria de Engenharia e Conservação. O dia 15 de abril marcou o início dos trabalhos, quando os auditores Rômulo Ferreira da Silva e José Renato de Oliveira reu-

niram-se com os representantes daqueles órgãos para explicar o escopo da auditoria e quais informações serão úteis para compor o quadro de forma abrangente.

Dentre os inúmeros impactos gerados pelo perdurado tempo em que a obra se mantém incompleta, os auditores irão calcular as consequências da redução da via expressa em razão dos canteiros ali instalados e dos blocos de concreto que limitam a área, causando congestionamentos e acidentes diários e sobrecarregando ruas circunvizinhas, que não foram projetadas para o fluxo de automóveis que passaram a receber. Outro entre os fatos a serem analisados será a migração de cerca de 200 usuá-rios de crack para as áreas abrigadas da construção, onde permanecem quando não há movimentação de operários. Congestionamentos e acidentes diários

são alguns dos inúmeros impactos provocados pelas obras

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“O objetivo principal é mostrar a importância de finalizar essa obra, situada num corredor viário extremamente crítico para a Cidade”, explica José Renato de Oliveira, que estará envolvido nessa missão até o final deste semestre, ao lado dos também auditores de controle externo da 2ª IGE Rômulo Ferreira e Renata Baptista.

A Avenida Brasil, com seus 58,5 quilômetros de extensão, corta 26 bairros da Cidade e tem o status de mais importante via expressa da cidade e maior avenida em extensão do país. A expectativa é de que, quando concluído, o BRT atenda 900 mil passageiros por dia. A obra era uma das promessas de legado dos Jogos Olímpicos de 2016.

Centro de Operações Rio e TCMRJ, por um Rio melhor

Os auditores do TCMRJ José Renato de Oliveira, Rômulo Ferreira e Renata Baptista estiveram, no dia 21 de maio, no Centro de Operações Rio - COR para solicitar informações para que possam avaliar os impactos socioeconômicos do atraso nas obras do BRT Transbrasil. Eles estiveram reunidos com Thompson Pacheco e Rodrigo Sardinha, da

Coordenadoria de Tecnologia da Informação e Integração, que apresentaram o banco de dados de onde poderão extrair informa-ções como tamanho de congestionamento e número de acidentes provocados pela obra situada na Avenida Brasil.

Para atender ao pedido feito pelo TCMRJ, o COR disponibilizará registros do aplicativo Waze, com o qual mantém um acordo de parceria. O Rio foi a primeira cidade do mundo a utilizar os dados da comunidade de motoristas do aplicativo. Os auditores têm especial interesse nos registros históricos, desde 2014 até agora, para mapear e comparar o tráfego e os incidentes ocorridos naquele trecho em que a obra está inserida.

“Ficamos impressionados com o trabalho

do COR e sua capacidade de manipular essa

quantidade enorme de informações, que são

primordiais para as tomadas de decisões da

gestão do Rio”, disse o auditor José Renato de

Oliveira.

Em fevereiro deste ano, a 2ª IGE, especializada em obras públicas, iniciou o planejamento dessa auditoria, organizando sua matriz e listando a documentação a ser solicitada aos órgãos da prefeitura. Em abril iniciaram-se os trabalhos em campo, quando os três auditores estiveram com representantes das entidades munici-pais para explicar o escopo e importância da auditoria.

No início de maio, a equipe percorreu a Avenida Brasil, entre o Caju e Deodoro, para ver de perto a situação da obra, que foi prometida como parte do legado dos Jogos Olímpicos de 2016. No local, registraram a presença de moradores de rua, desvios de trânsito com barreiras de concreto dividindo as pistas e as sinalizações, entre outros aspectos. ■

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ASFALTO DA TRANSBRASIL ESTÁ NA MIRA DO TCMRJ E DA COPPE O TCMRJ e a Coppe, maior centro de ensino e pesquisa em engenharia

da América Latina, voltaram a campo para avaliar a qualidade do asfalto

empregado na obra do BRT da Transbrasil.

Auditores da 2ª IGE, especializada em fiscalização de obras públicas, e o pesquisador Marcos Fritzen, ini-ciaram a visita técnica na usina de asfalto contratada pelo consórcio responsável pela obra.

“Estamos verificando a execução do pavimento, desde a usina de asfalto até sua aplicação em campo e acompanhando seu controle tecnológico. Serão recolhidas pela Coppe amostras individuais dos materiais para realização de ensaios complemen-tares no laboratório”, explicou a inspetora-geral da 2ª IGE, Simone Azevedo, durante a visita técnica. Da usina, em Duque de Caxias, a equipe seguiu o cami-nhão com o asfalto pronto até o trecho da Avenida Brasil que está sendo pavimentado, verificando de perto a aplicação da massa.

“As amostras coletadas indicarão se as propriedades do asfalto, como granulometria e teor de ligante, por exemplo, estão de acordo com o indicado no projeto. A temperatura da mistura, registrada na usina e no local de aplicação, e o tempo transcorrido entre a usinagem e a aplicação da massa asfáltica em campo também estão sendo aferidos”, disse a auditora de controle externo da 2ª IGE, Renata Teixeira Baptista.

No dia seguinte, foram colhidas amostras com-plementares para avaliação dos parâmetros que estão sendo adotados pelo projeto básico da obra, entre os quais espessura e grau de compactação, que determinam a qualidade do asfalto.

“É importante salientar que, para cada tipo de tráfego, dependendo do comportamento estru-tural do pavimento, deve-se selecionar tipos de ligante ou tipos de mistura asfáltica que atendam ao desempenho que se deseja. Gostaríamos que os pavimentos brasileiros fossem dimensionados para terem uma vida útil de longo prazo, acima de vinte anos. Infelizmente, nós não temos projetos, hoje, de pavimentos flexíveis com uma vida acima de dez anos”, considerou o pesquisador da Coppe, Marcos Fritzen.

A parceria entre o TCMRJ e a Coppe iniciou-se no final do ano passado, firmando o compromisso do Tribu-nal de Contas carioca de garantir uma fiscalização cada vez mais eficaz e eficiente das obras que estão sendo feitas na Cidade. ■

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FISCALIZAÇÃO NAS OBRAS PÚBLICAS GANHA IMPORTANTE ALIADO

A equipe da inspetoria especializada em obras públicas voltou à Av. Brasil, no dia 10 de junho, para realizar análises sobre a construção do corredor BRT Transbrasil. Dessa vez, o foco foi avaliar os impactos socioeconômicos das obras que já deveriam estar concluídas, no dia

a dia do cidadão carioca. A novidade foi a utilização de um drone, que captou imagens aéreas do trânsito e da situação que se encontra a via.

Para que o drone pudesse ser utilizado, foi feita, no mês de abril, uma capacitação que proporcionou conhecimento sobre todas as variáveis envolvidas em um voo, incluindo os critérios de segurança e a necessidade do correto planejamento, avaliação de risco e solicitação de autorizações prévias aos órgãos de aviação e controle de espaço aéreo. Ainda, foi

necessária uma prévia autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo que limitou o voo a uma altura de segurança de 30 m (por causa de interferên-cias como torres de celulares, heliponto etc.), além da contratação de um seguro para a aeronave.

O 1º take do drone TCMRJ ocorreu próximo ao acesso da ponte Rio-Niterói e foi utilizado para se ter uma ideia da dimensão do engarrafamento provocado pela construção do corredor BRT Transbrasil. O uso da ferramenta é importante para a auditoria coletar imagens e informações sobre distâncias, áreas, volumes, levantamentos altimétricos, entre outros, contribuindo assim para relatórios mais detalhados e para melhorar o serviço público fornecido ao cidadão carioca. ■

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TCMRJ ACOMPANHA A SITUAÇÃO DAS VILAS OLÍMPICAS

Em março deste ano, a equipe da 1ª Inspetoria-Geral de Controle

Externo do TCMRJ visitou a vila olímpica Mestre André, situada

em Padre Miguel. A visita fez parte do Programa de Visitas às Vilas

Olímpicas - Pró-Vila, desenvolvido pela inspetoria. Ao todo serão

dois ciclos anuais de visitas, com duração de um quadrimestre cada.

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Ao longo do período de visitas, serão verificados na auditoria aspectos como equipamentos, infraestrutura e atividades realizadas nas vilas olímpicas selecionadas dentre as 25 vilas geridas pela Subsecretaria de Esportes e Lazer. A ideia é verificar se os equipamentos, o local e as ativi-

dades estão de acordo com o plano de trabalho e se o cumprimento das obrigações está em conformidade com o acordado no Contrato de Gestão firmado com a Prefeitura.

Programa de Visitas às vilas olímpicas está em sua fase final A equipe da 1ª Inspetoria-Geral de Controle Externo do TCMRJ foi a campo novamente, no dia 6 de junho, para dar seguimento ao Pro-grama de Visitas às Vilas Olímpicas - Pró-Vila. No total, foram programados ciclos de visitas anuais, com duração de 1 quadrimestre cada, em três das 25 vilas geridas pela Subsecretaria de Esportes e Lazer. A vila visitada, na ocasião, foi a Artur da Távola, em Vila Isabel, para que fossem aplicados questionários aos usuários e fosse feita a contagem dos alunos em atividades nas turmas.

A vila está localizada dentro do Parque Recanto do Trovador, no antigo Jardim Zoológico, aten-dendo à comunidade do entorno, contando com crianças e adultos, inclusive portadores de deficiência.

Os auditores de controle externo Luiz Fernando Cosentino e Gabriela Magnani acompanharam de perto as atividades oferecidas, coletando dados sobre os alunos, como a quantidade de pessoas que vêm sendo atendidas pelos projetos, além de aplicar questionários para os usuários e funcionários, nos quais foram feitas perguntas sobre qualidade das aulas, da estrutura física, entre outras informações, para servirem de base para a auditoria.

A partir dos dados coletados em campo, será elaborado um relatório que confrontará as informações obtidas com as metas estipuladas no convênio da Prefeitura com as organizações sociais que administram as vilas, para que, assim, o Tribunal possa propor as recomenda-ções e fazer as determinações necessárias com objetivo de compatibilizar o que foi apresentado com o que foi acordado. ■

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BIBLIOTECA DO TCMRJ INTEGRA COMITÊ DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO DOS TCS A responsável pelo Departamento de Biblioteca e Documentação, Selma Cortines, foi nomeada integrante do Comitê Técnico de Gestão da Infor-mação, criado pelo Instituto Rui Barbosa para organizar informações sobre a doutrina, documentação e legislação relevantes aos tribunais de contas, preservar sua memória institucional e atualizar e manter o Tesauro de Contas Nacional, entre outros objetivos.

Entre as metas do comitê estão as publicações de novas edições da Coleção IRB-Fórum, da Revista Técnica dos Tribunais de Contas e dos anais do V Congresso Inter-nacional de Controle e Políticas Públicas, que será realizado em novembro deste ano.

Desde 2006, o TCMRJ participa do Fórum Bibliocontas, que forma uma rede de cooperação e intercâmbio dos profissionais de informação, composto por biblio-tecários, arquivistas e gestores de informação de orgãos de controle externo do Brasil, Mercosul e de países de língua portuguesa. Com o novo dispositivo, o Fórum Bibliocontas passa a ser parte integrante do IRB.

A Biblioteca do TCMRJ possui um acervo com mais de 28 mil títulos, com ênfase em Direito Adminis-trativo, Auditoria e Contabilidade Pública, e mais de 14 mil artigos de periódicos indexados. Além disto, coloca à disposição dos seus usuários uma videoteca com aulas de Português, Matemática Financeira e matérias de Direito. ■

Selma Cortines (à direita) integra comitê criado pelo IRB/TCU

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O PAPEL DO AUDITOR E AS DEMANDAS ATUAIS

As demandas sociais, cada vez mais diversificadas, são um fator determi-nante na aplicação dos r e c u r s o s p ú b l i c o s . A partir disso, cabe, em e s p e c i a l , a o a u d i t o r d e C o n t r o l e E x t e r n o

aferir se os recursos estão sendo devidamente aplicados e, em um contexto mais macro, verificar se as demandas da sociedade estão sendo bem atendidas. É nesse sentido que, na sexta-feira (3 de maio), a Aud-TCE-RJ organizou o evento “O Papel do Auditor de Controle Externo Frente às Demandas Atuais da Sociedade”.

O seminário contou com a par-ticipação dos auditores de três esferas de governo, Marcio Ema-nuel Pacheco (secretário do TCU); Rafael Silva Leite (presidente da Aud-TCE-RJ); e Fábio Furtado (secretário-geral de Controle Externo do TCMRJ); além do vice-presidente da Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil, Ismar Viana.

“A gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte” - foi com essa referên-cia que o secretário-geral do TCMRJ introduziu sua palestra ao mostrar como as demandas

atuais estão diversificadas. Na sequência, evidenciou como em um cenário de crise institucional e fiscal, o auditor atua minimizando as consequências de escassez de recursos, desde 2015, e como ele pode atuar de forma a “fazer mais com menos”.

O evento foi fruto da comemora-ção o dia do auditor do controle externo (27 de abril), que vem se afirmando a cada ano de forma a conscientizar a população da importância que exerce este profissional no controle das contas públicas e, sobretudo, no atendimento das demandas e do interesse da sociedade. ■

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PROJETO DE LEI QUE INTRODUZ DIA DO AUDITOR ENTRA EM TRAMITAÇÃO

INSPETOR-GERAL DA 3ª IGE IRÁ RECEBER IMPORTANTE HOMENAGEMO inspetor-geral da 3ª IGE, Marcus Vinícius Pinto da Silva, irá receber a Medalha Pedro Ernesto, principal homenagem que a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro presta a quem mais se destaca na sociedade brasileira ou internacional. A resolução da Mesa Diretora, que conferiu a medalha, foi publicada no Diário Oficial da Câmara Municipal no dia 9 de maio.

Mais conhecido como Marquinhos, o auditor é precursor do Programa de Visitas às Escolas que, junto à sua qualificada equipe, serve de exemplo para desenvolver projetos similares em outros TCs no Brasil, como o TCE-MG, TCE-GO, TCE-PA e TCM-SP. Neste ano, conduz o lançamento do Projeto Aluno Cidadão, novidade que contribuirá para a participação da sociedade no controle externo. ■

O Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro é, indubitavelmente, o ali-cerce primevo e essencial sobre o qual se assenta o imprescindível controle

externo realizado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro sobre a execução financeira e orçamentária dos recursos públicos arrecadados e adminis-trados pela prefeitura do Rio”, diz a justificativa do Projeto de Lei nº 1294/2019, que entrou em

tramitação na Câmara Municipal carioca, no dia 5 de maio.

O projeto visa à inclusão do dia do Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro no calendário oficial da cidade. Segundo a justificativa mencionada, “são os auditores de controle externo que atestam a qualidade dos ser-viços prestados pela Prefeitura e a economicidade relativa aos gastos aplicados nesses serviços, por meio de inúmeras diligências

a equipamentos públicos, con-fecções de relatórios de vistorias, análises de contratos e muitos outros recursos que garantem ao carioca que o dinheiro que lhe é arrecadado na forma de impostos seja muito bem empregado”.

A iniciativa legislativa foi pro-posta pelo vereador prof. Célio Luparelli e segue a data que se faz presente nos calendários oficiais dos diversos entes federativos do País. ■

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COMO OS CONTRATOS DEVEM CHEGAR AO TRIBUNAL

TCMRJ TEM NOVA IDENTIDADE VISUAL

O TCMRJ já sabe o que é preciso para aprimorar a integração entre o Sistema de Controle de Processos (SCP) e o Sistema de Acompanha-mento da Gestão Orçamentária (SAGOF) no cadastro dos processos e assegurar que todos

os contratos celebrados de remessa obrigatória ao TCMRJ tenham sido efetivamente encaminhados na forma regimental.

Esse é o pontapé inicial para a criação do painel de monitoramento do envio de contratos ao TCMRJ, meta estratégica deste ano, a cargo da Secreta-ria-Geral de Controle Externo. O relatório com o mapeamento e as soluções necessárias foi concluído em abril e apresentado em reunião coordenada pelo Núcleo de Planejamento e Gestão. ■

Em junho, o Tribunal apresentou sua nova identidade visual, concluindo, assim, uma das etapas da meta de Comunicação Social para 2019. A nova marca, resultado de um projeto desenvolvido por servidores do próprio TCMRJ, materializa a vontade de apresentar o tribunal como uma instituição em sintonia com seu tempo e em constante evolução.

No novo desenho, foram priorizados a clareza, a legibilidade e o equilíbrio. A simplicidade das formas aproxima o órgão do cidadão e foi inspirada pelas curvas de nosso relevo, trazendo a ideia de movimento e continuidade. Além do logotipo, a identidade visual conta com elementos de suporte como grafismos, paletas de cores, tipologia, entre outros. ■

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APOSENTADORIA: TRISTEZA OU ALEGRIA? P O R D E N I S E C O O K

A aposentadoria constitui direito esperado, ansiosamente, por todo trabalhador. Mas, a decisão de se aposentar envolve múltiplos fatores, como econômicos, afetivos, sociais e familiares. E esta decisão pode causar angústias, dúvidas e inseguranças. É preciso estar preparado para o desafio de gerar qualidade de vida e ser feliz, nos anos seguintes à aposentadoria.

A servidora do Departamento Geral de Pessoal do TCMRJ, Ana Paula Dusi (foto), integrante da equipe que atua no Programa Qualidade de Vida do Órgão, apresenta algumas ideias que podem ajudar o futuro aposentado nesta hora de difícil opção. Confira.

Aposentar-se significa “retirar-se aos aposentos”.

Inativo é a forma como a lei, inclusive, se refere

aos aposentados. Esta nomenclatura nos leva,

erradamente, à ideia de que o aposentado está

sempre inerte e recluso.

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Aposentadoria: saiba como se preparar para esta nova fase da vida

Afastar-se repentinamente do ambiente de trabalho ao se aposentar pode ser traumático para muitos trabalhadores. Porém, não precisa ser assim. É possível fazer da aposentadoria um processo ameno, preparando-se antecipadamente.

Planeje

Acostumar-se com a ideia e refletir sobre como será a nova rotina são os primeiros passos para quem pensa em se aposentar. Uma pessoa organizada e com um planejamento bem definido tem mais facilidade de manter-se focada em seus objetivos.

Mantenha-se ativo

Mantenha seu corpo e mente ativos. Procure participar de ati-vidades em grupo, como dança, aulas de idiomas, pintura, teatro, e afins. Faça caminhadas regula-res e descubra onde são adminis-tradas aulas grátis de atividades físicas ao ar livre, como ioga ou tai chi chuan, que são comuns em grandes cidades. Trabalho voluntário ou até mesmo um novo emprego remunerado também são muito bem-vindos. Pesquise novas oportunidades.

Economize

Para ter uma aposentadoria mais tranquila, é recomendado apertar os cintos e economizar um pouco mais durante os últimos anos de atividade profissional.

Uma dica é fazer uma previdência privada para complementar a renda vinda do pagamento rece-bido da aposentadoria.

Outra dica é fazer uma estimativa da quantia que você precisará mensalmente após a aposenta-doria para viver com conforto e segurança, definindo custos prio-ritários. Perceba que, na aposen-tadoria, alguns custos, por exem-plo, com carro, estacionamento, outros bens supérfluos podem ser cortados, porém, o plano de saúde, gastos com medicação e prevenção, entre outros, tendem a aumentar. Isso é importante para definir o tipo de investimento que deverá ser feito.

Conheça novos lugares

Viaje! Mesmo que não seja para lugares distantes. Passeios em cidades próximas também são ótimos para conhecer pessoas e lugares diferentes que agreguem boas experiências à sua vida.

Cultive amizades

Use o tempo livre para estar junto de amigos e familiares queridos. Ter a companhia de pessoas agra-dáveis e se sentir amado é ótimo para manter a saúde do corpo e da mente. Aproveite para conhecer pessoas da mesma idade que estejam passando pelo mesmo momento. Certamente haverá muita troca positiva.

PLANEJAMENTO

ORÇAMENTO

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Paulo Armando Leite de Medei-ros, aposentado desde julho de 1993, iniciou sua caminhada no TCMRJ como chefe de gabinete do conselheiro Maurício Caldeira de Alvarenga. Por ser formado em Economia, foi nomeado inspetor da 1ª Inspetoria Geral, ocupando, depois, o cargo de diretor da Secretaria de Controle Externo, no qual se aposentou. Enquanto aguardava a hora da aposentado-ria, Paulo Armando fazia planos.

2013 2014 2015

Número de aposentados pelo TCMRJ

2016 2017 2018

Média

57,8 anos

Média

59,0 anos

Média

56,7 anos

Média

58,0 anosMédia

58,3 anos Média

57,1 anos

38

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“Eu queria tempo para viajar com minha esposa; desfrutar mais a casa de Miguel Pereira; e estreitar cada vez mais os laços familiares e sociais. E é com muita alegria que vejo a diminuição da distância entre gerações, que se traduz em mais facilidade de comunicação com jovens, isto fruto do almejado estreitamento dos laços familiares”.

PAULO ARMANDO, 81 ANOS.

Duzentos e noventa e cinco servidores do TCMRJ se aposentaram desde a criação do órgão, ao longo de 38 anos de atuação. Em dezembro de 2018, estes 295 aposentados representavam 2,07% do valor total da folha de pagamento do Funprevi – Fundo de Previdên-cia do Município do Rio de Janeiro, que é responsável por custear os proventos dos cerca de 70.650 servidores inativos do Município.

Até junho de 2019, foram cinco apo-sentados, com idade média de 61,8 anos.

Segundo o IBGE, a expectativa de vida no município do Rio é de aproximadamente 76 anos.

A Revista TCMRJ conversou com três desses aposenta-dos, que contaram como têm sido seus dias.

APOSENTADOS DO TCMRJP O R D E N I S E C O O K

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Desde que aposentou, Paulo sai diariamente de casa, vai à academia, à fisioterapia, e encontra com amigos para tocar cavaquinho e cantar boas músicas, lazer a que se dedica há muito tempo.

“São bem mais frequentes os encontros com o nosso grupo de músicos diletantes! Mas estou atento também a eventos culturais e musicais dos mais variados gêneros. Aprendi com o nosso padrinho de casamento a buscar celebrar ‘hipótese, tentativas e possi-bilidades’, uma “teoria” divertida, mas de difícil execução. A parte triste é o inexorável desembarque da ‘ciranda da vida’ de tantos entes queridos, o que apequena a ‘teoria’ acima citada.”

Tais partidas são amenizadas com a chegada da cegonha (que não para) e de novos conhecidos, que fazem a ciranda retornar ao seu curso. Às vezes, lembro de personagens daquele convívio funcional, mas era hora de parar e dar lugar a colaboradores em ascensão.

“Busquei lutar a boa luta, e desfruto agora o repouso do guerreiro”.

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UBIRACY MENEZES, 60 ANOS.

Já para Ubiracy Menezes, o Bira, aposentado desde julho de 2017, a expectativa sempre foi ter mais tempo para se dedicar à “corrida de rua”, esporte que pratica há bastante tempo.

“Tenho treinado bastante nos horários que antes não podia; estou, inclusive, inscrito em algumas competições. Hoje, mais uma vez, eu calcei meus tênis de corrida para um treino solitário. Parti da Rua Alice até o alto do Sumaré, para finalizar nas Paineiras. Foram 17 km de percurso, com pico de 800 metros de elevação ao nível do mar. Quase não passou carro na estrada sinuosa da Floresta da Tijuca, onde a solidão era uma bênção. O verde era denso em quase todo trajeto, filtrando os raios de luz e o calor carioca. A natureza regia sua sinfonia só para mim. Volta e meia a cortina verde se abria, em forma de mirante, revelando a cidade mais bela do mundo lá embaixo. Pela enésima vez eu me senti um privilegiado, mas não parei de correr. Como é costume, terminei meu treino com uma ducha natural, nas Paineiras - em plena quarta-feira à tarde”.

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A terceira entrevistada, Rita Pires, trabalhou por 35 anos no TCMRJ e se aposentou em fevereiro de 2017. Rita conta que teve de rever os planos de aposentado-ria que havia traçado.

“Fiz um planejamento para a aposentadoria, mas eu era casada; como fiquei viúva, tive que ressignificar minha vida e meus planos. Precisei criar algumas rotinas, pois, com o autoconhecimento, eu sabia que se não tivesse algo novo, algum compromisso, eu não sairia da cama. A primeira decisão foi me matricular numa academia e contratar um personal, e buscar qualidade de vida e rotina. Depois procurei um novo propósito de vida que alinhasse os meus valores a alguma ocupação do tempo. Como sou formada e pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos, decidi que faria algo para ajudar pessoas, como

sempre fiz, enquanto funcionária do TCM, já que trabalhava no Departamento Pessoal. E isso resultou na criação de um canal no Youtube, que tem como único objetivo ajudar pessoas a superarem suas per-das, me obrigando a buscar mais conhecimento. Foi quando descobri o curso de Formação em Coaching Integral Sistêmico. O coaching transformou minha forma de agir e de pensar através da Neurociência e da Programação Neurolinguística.

Hoje me sinto realizada no que faço, porque ajudo pessoas a saírem do estado, muitas das vezes, de escassez, para o estado desejado abundante, poten-cializando os pontos fortes, e eliminando barreiras e crenças que trazemos desde a infância e nos fazem paralisar. Os meus coachees têm suas vidas trans-formadas e isto me gera uma satisfação plena. Eu

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ganho vida através da transformação de vida deles. Trabalhar os sonhos das pessoas, para que elas os tirem do papel para a realidade, conscientizá-las de que tudo é nossa responsabilidade e que temos o direito de viver e sermos felizes, independente das circunstâncias em que vivemos, me dá uma satisfação que dinheiro no mundo não paga.

Acho necessário um programa de preparação para a aposentadoria, porque estamos acostumados a nos sentir úteis, enquanto estamos na ativa. Se houvesse um programa, como existem cases de sucesso em outros tribunais, como o do RS e do AM, esses senti-mentos seriam amenizados.

A falta do convívio com os colegas, que se tornaram nossa família por no mínimo 30 anos, é o ponto mais

nevrálgico da aposentadoria. As perdas que tive e a aposentadoria foram ensinamentos para me levar a um novo patamar, encerrando ciclos e construindo novos.

A vida é um recomeço diariamente, nunca me arre-pendo de nada porque foco no presente, aprendo com o passado e projeto o meu futuro de maneira orgânica, sem ansiedade. Aprendi que temos que viver intensamente o hoje, ser gratos por tudo que construímos até aqui, e amar sempre a nós mesmos e aos que estão ao nosso redor e planejar um futuro, onde os nossos valores sejam congruentes com o SER e não com o TER.

“Ser feliz é uma questão de escolha! Eu escolho viver feliz, porque estou viva,

tenho saúde, tenho famí-lia e a minha jornada con-tinua; então vou torná-la muito mais abundante, um dia de cada vez!”

Os meus projetos para aposenta-doria foram além do que eu havia planejado. Nunca me vi como master coach, nem falando para pessoas através da internet e, muito menos, ajudando pessoas a se descobrirem profissional-mente, através da Análise do Perfil Comportamental.

Hoje tenho uma agenda bem concorrida, escolho os dias em que quero trabalhar, viajo, estudo e isso vai preenchendo todo o meu dia. Eu me sinto útil!

Quero ser importante para o meu próximo, deixar marcas de amor em suas vidas; se cumpri isto, o meu propósito foi alcançado.

RITA PIRES, 58 ANOS.

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Novas técnicas publicitárias se aperfeiçoam e inviabilizam ao consumidor a clara percep-ção e análise dos valores articulados através da atividade publicitária. O Código de Defesa do Consumidor passou a impingir severos limites à prática da publicidade, entretanto

a legislação não tratou da responsabilização dos serviços de publicidade e passou a punir somente a empresa fornecedora de serviços ou produtos. Por outro lado, não responsabilizou as agências publicitárias responsáveis pelas campanhas, com a missão de agregar valores às marcas, que aca-bam se baseando em elementos éticos duvidosos, orientando-se somente pela demanda dos empre-sários, violando direitos da personalidade dos consumidores. Sobre este tema, José Renato Torres do Nascimento, chefe de segurança institucional do TCMRJ e doutorando em Direito, e seu filho, Renato Saad Abrahão do Nascimento, graduando da Faculdade de Direito, pela UFRJ, apresentaram o artigo “Compliance na narrativa publicitária como forma de proteção ao consumidor”, durante o II Seminário de Direito do Consumidor na Modernidade, organizado pela Universi-dade Federal Fluminense.

Nesta entrevista, eles fazem uma síntese de suas ideias sobre esse assunto tão atual e pertinente para a sociedade.

Renato Saad

Abrahão

PUBLICIDADE, RESPONSABILIZAÇÃO E PROTEÇÃO AO CONSUMIDORC A R I N A L Y R A E N T R E V I S T A

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REVISTA DO TCMRJ: Qual a per-cepção sobre o Código de Defesa do Consumidor como garantidor de um direito fundamental indi-vidual e sua relação com a área midiática?

O Código de Defesa do Consu-midor - CDC se apresenta como garantia fundamental dentro do Estado Liberal e instrumento capaz de mediar interesses dos consumidores e burgueses nessa fase da modernidade. A sua defi-ciência está no fato de não atingir os criadores das campanhas publicitárias, contudo a presente legislação se preocupou somente em punir os fornecedores de pro-dutos e serviços.

Código de Defesa do Consumi-dor, visa proteger o consumidor assegurando-lhe o direito de saber clara e imediatamente que a mensagem transmitida tem caráter publicitário e, por isso, seu objetivo é promover a venda de algum produto ou serviço por meio da persuasão.

Assim, é proibida toda publicidade clandestina, bem como a publici-dade subliminar. O merchandising, que pode ser considerado uma forma de publicidade clandestina, é uma técnica utilizada para vei-cular produtos e serviços de forma indireta por meio de inserções em programas e filmes que não está expressamente proibida. Porém, se for impossível ao consumidor identificá-lo como mensagem publicitária, será vedado por contrariar esse princípio extraído do art. 36 do CDC (Rizzatto 2005, p.340).

O princípio da veracidade, consa-grado pelo Código do Consumidor no art. 37, § 1º, em que define a publicidade enganosa como qual-quer modalidade de informação ou comunicação de caráter publi-citário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, caracte-rísticas, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

Consagrou também no mesmo artigo 37, § 2º o Princípio da Não Abusividade que tem como

N ã o h á u m a p r e o c u p a ç ã o normativa em responsabilizar as agências publicitárias, que agregam valores aos produtos ou serviços anunciados na mídia televisiva. Sequer foram construí-dos numa perspectiva discursiva parâmetros éticos validados pela população, com a finalidade de proteger as relações de consumo durante o processo de criação de uma campanha publicitária.

O CDC pode produzir um risco para o empresário mal informado, que contrata um produto de uma companhia publicitária; além de milhares de ações individuais dos consumidores. O Princípio da Identificação da Publicidade, por exemplo, extraído do art. 36 do

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objetivo reprimir desvios que pos-sam prejudicar os consumidores.

A publicidade abusiva não afeta diretamente o lado econômico do consumidor, mas agride outros valores importantes da sociedade de consumo. São exemplos de publicidade abusiva: a publici-dade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de jul-gamento e experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

Ao contrário do que se dá com a publicidade enganosa, a abusiva não afeta diretamente o bolso do consumidor, limitando-se a agredir outros valores tidos como importantes pela sociedade de consumo. Por isso, mesmo a publicidade verdadeira pode ser repudiada pelo ordenamento legal se for considerada atentatória a algum desses valores sociais (HENRIQUES, 2007).

REVISTA DO TCMRJ: Vocês men-cionam no artigo que “a propa-ganda influencia na liberdade de escolha dos indivíduos, afetando diretamente a autonomia da vontade do consumidor”. Quais seriam os efeitos disso e, na visão do direito, qual seria a solução para esse enfrentamento?

As agências de publicidade criam um valor de consumo sem a par-ticipação coletiva dos próprios consumidores. Isso afeta o direito

“Ao contrário do que se dá

com a publicidade enganosa, a

abusiva não afeta diretamente o bolso

do consumidor, limitando-se a agredir

outros valores tidos como importantes

pela sociedade de consumo. Por isso,

mesmo a publicidade verdadeira pode ser

repudiada pelo ordenamento legal se

for considerada atentatória a algum

desses valores sociais.”

de escolha da personalidade essencial de cada cidadão, ele-mento basilar da autonomia da vontade.

Buscando novas fontes de defesa do indivíduo, como consumidor de informações e ser autônomo, necessita-se , além do Código do Direito do Consumidor, de formas de controle da mídia sem pre-juízos de outros direitos, como a liberdade de informação e de expressão.

A interpretação expansiva dos direitos da personalidade e o compliance, como forma de esta-belecer o diálogo entre sociedade, aparenta ser um bom caminho a ser seguido, utilizando-se de um processo gerencial participativo.

A análise do tema abordado demonstra como os direitos do

consumidor podem ser afetados, sem que haja percepção. Os direi-tos da personalidade, segundo Charles Tayle, pressupõe a auto-nomia da vontade, alteridades e dignidade. Pois bem, não é preciso ir longe para que se enxergue a iniciativa publicitária contem-porânea como agente danoso à autonomia da vontade, quando exerce a manipulação das massas e da sua opinião. Neste sentido, o compliance na área midiática s u r g i r i a c o m o i n s t r u m e n t o de controle, evitando lesões à autonomia de cada indivíduo e estabelecendo um código de conduta, sem, contudo, afetar o direito à liberdade de imprensa e expressão.

Buscando esclarecer a nova dire-ção a ser perseguida pelos direitos da personalidade, o eminente

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autor e estudioso do Direito, Anderson Schreiber, em sua obra “Direitos da Personalidade” explica muito bem como essas novas interpretações permitem a reconfiguração dos direitos da personalidade, que não pretende ser exaustiva, mas é inegavel-mente expansiva, principalmente em razão do desenvolvimento econômico e tecnológico, o que gera sempre um número de ameaças maior ao ser humano. Além disso, esses novos direitos atendem as reivindicações de grupos sociais historicamente excluídos da ordem econômica (SCHEREIBER, 2018, p. 262 e 263).

Registra-se que a ampliação dos Direitos da Personalidade não consiste apenas na mera releitura do sistema jurídico através das normas constitucionais, como propõe o Neo-Constituciona-lismo, mas uma leitura utilizando todo o sistema jurídico, com a finalidade de ampliar ainda mais os direitos fundamentais e a auto-nomia privada.

R E V I S T A D O T C M R J : Q u a i s são as futuras perspectivas em relação a área midiática versus consumidor?

O comportamento de procura do consumidor é norteado pela busca antecipada de informações acerca do produto, levando em consi-deração valores como os preços, boa qualidade das mercadorias, e o equilíbrio desse binômio é con-vertido em um valor desejável. É nesse momento que a publicidade atua, levando informação acerca

do produto, mas também agre-gando valores humanos, como: liberdade, status , confiança, autonomia, segurança, prazer, boa-fé etc.

Muitas das vezes, existe uma dis-tância da informação dos valores agregados aos produtos e a cons-tatação na sua utilização. Para evitar essas distorções, os Estados Liberais passaram a estruturar normas em defesa dos direitos fundamentais dos consumidores. Um pressuposto normativo, com mandamentos éticos para publi-cidade, que a princípio colocaria limite nos interesses de grandes corporações privadas.

Para os profissionais de marketing, certos produtos se transformam em signos, ou ícones de certos países. É impossível não associar a Ferrari à Itália ou o vinho do porto a Portugal, no entanto, o que mais impressiona na chamada socie-dade de consumo é a evolução constante na área tecnológica, criando novas necessidades e fazendo com que produtos antes mesmo de seu lançamento se tornem uma necessidade. Pessoas dormem em filas por semanas na intenção de ser uma das primeiras ou a primeira a adquirir certo bem de consumo.

Fica claro o quão vulnerável é o consumidor no mercado de consumo, de modo a tutelar esse indivíduo, tendo seus desejos manipulados pelos fornecedores de produtos e serviços. Como dito, o indivíduo numa ótica contem-porânea passa a valer mais pelo que tem e não pelo que é. Este

conceito é ligado ao que os publi-citários chamam de fator cultural.

A ação publicitária afeta a liber-dade de escolha dos indivíduos, principalmente quando manipu-ladora e falsa, pois interfere dire-tamente na autonomia da vontade do consumidor. Com isso temos a formação de valores de consumo pelas agências de publicidade, sem um acordo coletivo envol-vendo os consumidores. Trata-se de uma questão sensível, já que as fontes basilares do Direito impõem a necessidade de um diá-logo de sistemas jurídicos, focado na preservação da liberdade de imprensa e liberdade de escolha do consumidor. São direitos da personalidade essenciais de cada cidadão, que passam a ser cer-ceados, quando a sociedade se furta desse debate com a narrativa publicitária.

Assim sendo, o CDC protege o consumidor dos fornecedores de produtos e serviços, mas não das agências criadoras da narrativa publicitária. Doravante, surge a necessidade de discussão de um mandamento ético que seja amplamente discutido com a sociedade, com a finalidade de direcionar a narrativa das campanhas publicitárias, que atualmente propaga o seu dis-curso publicitário, com valores baseados em sonhos ou desejos liberais. ■

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GESTÃO SOCIAL COMO MECANISMO AUXILIAR DA ATIVIDADE DO CONTROLE EXTERNO DO TCMRJRESENHA DE TATIANA SAPHA KAUFMAN (ASSESSORA-CHEFE SAJ/TCMRJ)

A obra intitulada “Gestão Social como Mecanismo Auxiliar da Atividade do Controle Externo do Tri-bunal de Contas do Muni-cípio do Rio de Janeiro”

marca uma nova fase na carreira já consagrada do autor, delegado de Polícia há 23 anos e Chefe da Assessoria de Segurança Institu-cional do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro desde 2007. Inquieto e sempre alme-jando novos conhecimentos, o autor saiu de sua zona de conforto nas funções que já dominava para novamente ingressar nas salas de aula. Resultado de seu êxito na obtenção do grau de mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas é sua dissertação, ora publicada pela relevância e vanguarda do tema.

Diante da premissa de que ine-xiste mudança sem a participação

da sociedade, surge a gestão social como um processo gerencial participativo em que a autori-dade decisória é compartilhada entre os envolvidos pela ação, ou seja, é a solidariedade em busca da justiça social. Gestão Social é gênero do qual são espécies a par-ticipação social (ocorre durante os atos da Administração Pública) e o controle social (ex post). O conceito de gestão social não é novo, já é aplicado no orçamento participativo e nos conselhos municipais, mas merece ser aperfeiçoado (com a participação social realmente esclarecida) e ampliado, de modo que não se restrinja a uma mera ratificação da vontade do gestor.

Destaca o autor que a gestão social somente estará realmente implantada quando os cidadãos estiverem ambientados a viver numa democracia participativa,

Livro de José Renato Torres do Nascimento,

delegado de Polícia e chefe da Assessoria de

Segurança Institucional do TCMRJ.

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que está intrinsicamente ligada a um processo educativo eficaz, que gere seres pensantes e capazes de refletir de maneira não coercitiva acerca do que é mais aceitável e razoável para todos. O pensa-mento deve partir da máxima de que “todos são cidadãos de uma mesma nação” e não de um ponto de vista individualizado, impeditivo da integração cole-tiva. Quer dizer o Autor que tal evolução perpassa por um regime educativo contínuo, gerador de um processo dialógico esclarecido entre os cidadãos. Nesse aspecto, ainda temos que considerar que os meios de comunicação em massa exercem influência negativa, uma vez que interferem

no entendimento preliminar de diálogo na sociedade e são capa-zes até mesmo de ocasionar uma reorientação da opinião pública.

O Capítulo 5 é dedicado exclusi-vamente ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, relembrando sua origem histórica e criação, bem como sua missão extraída da Carta Constitucio-nal. Com enfoque nas políticas institucionais recentes da Casa, cuida da Lei da Transparência e o estímulo à maior participação da população no controle da gestão pública. Harmonizando o tema institucionalmente, traz o Autor uma reflexão da aplicação da gestão social na atividade

de controle externo do TCMRJ, destacando que o Tribunal já vem se aproximando do cidadão, por meio da Ouvidoria ou corres-pondência eletrônica, de modo a esclarecer dúvidas e prestar informações gerais sobre assun-tos relacionados às suas funções e competências institucionais, além de permitir a apresenta-ção de denúncias contra atos de gestão ilegais ou irregulares e de ter inserido entre suas metas do Plano Estratégico a ampliação da transparência da gestão pública de todas as suas ações e a melho-ria na integração da sociedade com a Corte de Contas Carioca. Mais uma vez, a obra destaca que é fundamental a participação do cidadão no processo de controle, monitorando permanentemente as ações governamentais.

As reflexões propostas pelo Autor vêm em boa hora, principalmente diante dos tristes e habituais epi-sódios de corrupção que mancha-ram a história política de nosso país e abalaram a credibilidade das instituições.

Como se depreende da leitura da obra – descomplicada, sem emba-raços, acessível aos estudiosos, mas principalmente, aos cidadãos em geral – investimento em edu-cação permanente, transparência, aproximação Estado-Sociedade, controle e fiscalização são o curso certo para atingirmos a plenitude no modelo de gestão social para que, no futuro, possamos alcançar maiores níveis de probidade, pur-gar os abusos e, assim, legitimar e resgatar a confiança da população na Administração Pública. ■

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CPI: SUA UTILIZAÇÃO NO ÂMBITO DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS

Tema muito em voga,

apresenta-se, “CPI: sua

utilização no âmbito

da União, estados e

municípios”, volume I, do

advogado e professor

universitário, Marcelo

Queiroz, que, ao analisar

o presente instituto,

aborda sua gênese,

sua estruturação, sua

utilização e finaliza com

a interpretação dos

tribunais traduzida na sua

jurisprudência.

RESENHA DE TERESA QUEIROZ (ASSISTENTE JURÍDICA-SAJ/TCMRJ)

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A o r i g e m d a C o m i s s ã o Parlamentar de Inquérito remonta à Inglaterra do século XVII, tendo sido consagrada em muitos sistemas constitucionais.

A primeira referência pátria foi o Regimento Interno do Senado, em 1903, e o marco constitucional a Constituição de 1934, no artigo 36 e, dali em diante, passou a constar em todas as Cartas. Na atual é prevista no art. 58, §3º da CRFB.

Neste norte, o autor esmiúça com singular profundidade a previsão constitucional do §3º, do art. 58 da CRFB/88 que, uma vez bem compreendido, serve de anteparo a eventuais desvios de finalidade na instalação e condução dos trabalhos das Comissões Parla-mentares de Inquérito. Segundo suas lições, exige-se, entre outras coisas, um mínimo de razoabili-dade na denúncia e que o fato seja determinado, sob pena de facultar àquele que sentir-se prejudicado o direito de demandar em juízo a indenização por danos morais e matérias, conforme o art. 927 do Código Civil, sem prejuízo de outras providências para o regular processamento do inquérito par-lamentar. Destarte, embora seja uma prerrogativa parlamentar, sua propositura abusiva pode caracterizar quebra de decoro em qualquer esfera legislativa seja federal, estadual ou municipal.

Nessa esteira, as comissões de inquérito como órgãos não per-manentes do Parlamento, e com

prazo certo de duração são criados por decisão deste para inquirirem, mediante poderes excepcionais sobre fato certo de interesse público relevante, com vista ao exercício de uma atividade de fis-calização e controle ou inovação legislativa.

Evidencia, o presente volume, com grande apuro a impor-tância democrática das CPI’s, sem embargo de trazer ainda, importante crítica a respeito das comissões instaladas de Má-Fé. Em tempos modernos, por atrair atenção de diversas formas de mídias, além da TV, a publicidade conferida poderia converter-se em arma política, brindando os caçadores de manchetes, e ful-minaria o seu elevado sentido. Mister, portanto, o respeito aos princípios constitucionais e as garantias constitucionais asse-guradas ao cidadão, na medida em que a sua observância evitaria acusações infundadas, corolário da investigação preliminar.

Nota-se que o ilustre doutrinador faz um paralelo entre o instru-mento em tela e o principal meca-nismo de investigação utilizado atualmente no País: qual seja, o inquérito policial. O que traduziria um procedimento administrativo prévio ao processo judicial, cuja finalidade, seria a investigação de supostos fatos delituosos pra-ticados por agentes públicos, e até por particulares em prejuízo do Estado e da Administração Pública. Colaciona, ainda, o autor

que a atividade preliminar inves-tigatória ainda que não elencada no Digesto Processual Penal, deverá seguir os regramentos previstos na Magna Carta, na Lei nº 1.579/52 e nos Regimentos Internos das respectivas Casas Legislativas.

Adverte, ainda, o nobre autor que “há um (longo) caminhar no sentido de que a atividade investi-gativa realizada pelos parlamen-tares nas comissões de inquérito reconheça e observe os direitos fundamentais assegurados pela Constituição a todos os cidadãos, sejam ou não acusados de um crime. Todavia, imperioso que se dê o primeiro passo neste penoso caminho.”

Portanto, a obra traduz as pecu-liaridades e a natureza, bem como o alcance e limites desse valioso instrumento e, por isso, essencial para longe de ser uma ameaça à independência dos poderes e à democracia, ser um importante componente na implementação dos princípios e das normas constitucionais.

Nesse diapasão, a publicação enri-quece a doutrina pátria e oferece contribuição extraordinária pela sua sintonia com o atual cenário político, jurídico e econômico brasileiro e por ser um objeto dinâmico em decorrência de sua operacionalidade, certamente, justifica o lançamento de um segundo volume. Aguardemos! ■

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PAPA ENALTECE AÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS E CONCLAMA SOCIEDADE A COMBATER A CORRUPÇÃO

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20/03/2019 – SÃO PAULO – “Os bens comuns

constituem recursos que devem ser tutelados

para o bem de todos, especialmente dos mais

pobres, e, diante de uma utilização irresponsável

destes, o Estado é chamado a desempenhar uma

indispensável função de vigilância, sancionando

devidamente os comportamentos ilícitos”.

As palavras foram ditas pelo Papa Francisco, na segunda-feira (18/3), na Sala Paulo VI, no Vaticano, ao receber em audiência um grupo de cerca de 1.000

pessoas, incluindo membros do Tribunal de Contas italiano, juízes, agentes públicos e funcio-nários administrativos.

“A sociedade em seu conjunto é chamada a esforçar-se concre-tamente para contrastar o câncer da corrupção em suas várias formas. O tribunal de contas, no exercício da verificação sobre a gestão e sobre as atividades das administrações públicas, repre-senta um instrumento válido para prevenir e contrastar a ilegalidade e os abusos. Ao mesmo tempo, pode indicar os instrumentos para superar ineficiências e distor-ções”, afirmou o Papa.

Francisco ressaltou que a institui-ção do tribunal de contas realiza um serviço indispensável orien-tado ao bem-comum. “E esse não é um conceito ideológico ou somente teórico, mas está ligado às condições de pleno desenvol-vimento para todos os cidadãos e

pode ser realizado considerando a dignidade da pessoa na sua totali-dade”, disse.

CorrupçãoAo falar sobre os recursos públi-cos, o Papa ainda destacou o papel importante que a magistratura contábil reveste para a coletivi-dade, em particular no combate incessante à corrupção.

A corrupção “é uma das chagas mais dilacerantes do tecido social, porque o danifica enormemente, tanto no plano ético quanto no plano econômico: com a ilusão de ganhos rápidos e fáceis, na reali-dade empobrece a todos, minando a confiança e a transparência do sistema em sua totalidade. A corrupção humilha a dignidade do indivíduo e destrói todos os ideais bons e bonitos.”

O Papa disse ainda que os “admi-nistradores públicos devem sentir sempre mais a responsabilidade de atuar com transparência e honestidade, favorecendo, assim, a relação de confiança entre o cidadão e as instituições, cujo distanciamento é uma das mani-festações mais graves da crise da democracia.”

Para ele, a averiguação rigorosa das despesas por parte da magis-tratura contábil, de um lado, e a atitude correta e límpida dos responsáveis pela coisa pública, de outro lado, podem frear a tentação de gerir os recursos de modo incauto e para fins de clien-telismo. ■

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A personalidade gentil de Maurício Campos

Bastos é a marca que amigos e familiares

carregam em suas memórias. O magistrado

repetiu diversas vezes que o Direito significa

comprometer-se com a “vida plena”, no sentido

de que o advogado atua para defender a vida

das pessoas. Partiu em dezembro de 2017,

mas deixou um legado sólido tanto nas suas

relações pessoais como no âmbito judiciário.

Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, Maurício casou-se com Cléa Caputo Bastos e se mudou para Brasília no início dos anos 70. Na capital federal, consolidou a Justiça Tra-

balhista. Foi vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), de 1990 a 1992, e con-selheiro, de 1993 a 1996.

Morador entusiasta de Brasília, Campos Bastos morreu cinco meses após receber uma das mais importantes condecorações da Cidade: o título de cidadão hono-rário. Do casamento que durou 63 anos, Maurício construiu a credibilidade de uma família de juristas. Cinco dos nove filhos

seguiram a profissão do pai no Direito. Ao analisar a passagem do tempo, ele se dizia um homem de sorte. “Eu a vejo com humildade. Recebi a sorte com naturalidade, talvez por isso ela sempre me tenha aparecido”, destacou, em entrevista ao jornal Correio Bra-siliense, em 2013.

Ele realmente tinha sorte. Em 1950, aos 19 anos, transmitiu a Copa do Mundo pela Rádio Indus-trial de Juiz de Fora. Foi o mais jovem narrador na história do futebol. “Não há nada que apague essas recordações; fizeram um bem enorme à minha vida!”, declarou à equipe da CBF TV, aos 87 anos. ■

MEMÓRIA AFETIVA

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VISITAS AO TRIBUNAL

Dr. Gutemberg de Paula Fonseca (Secretário de Estado de Governo do Estado do Rio de Janeiro) e Dr. Luiz Gomes de Almeida.

Dr. Fernando Dionísio, Dr. Ricardo Piquet (Diretor Presidente do Museu do Amanhã) e assessora.

Jorge Darze, assessor da Coordenadoria Geral da Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde da Prefeitura do Rio.

Dr. Rodrigo Coelho do Carmo (Diretor da Escola de Contas Públicas - TCE-ES).

Procurador-geral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, José Luis Galamba Minc Baumfeld, e vereador Rogério Rocal.

Diretor Técnico do Ibraop , Pedro Jorge Rocha de Oliveira (TCE-SC), Diretor Financeiro do Ibraop, Alysson Mattje (TCE-SC).

15 DE JULHO DE 2019

9 DE JULHO DE 2019

18 DE JULHO DE 2019

26 DE JUNHO DE 2019 3 DE JULHO DE 2019

10 DE JULHO DE 2019

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CARTAS A O T C M R J

“ Acuso o recebimento de três preciosas publicações dessa Colenda Corte de Contas tão bem conduzida pelo que-rido colega: Controle Concomitante

de Licitações de Obras Públicas. Acompanhamento de Obras Públicas do Município do Rio de Janeiro e Acompanhamento de Contratos de Parceria Público--Privadas no Município do Rio de Janeiro.

Tais publicações sempre primorosas na elaboração editorial, me chegam em boa hora: estamos no Dis-trito Federal, ás voltas com várias PPPs e Concessões, V.g., CENTRAD , ( Centro Administrativo do Governo do DF) ARENA PLEX (envolvendo o Estádio Mané Garricha e seu entorno, entre outros. Li deditamente as três publicações e hoje mesmo vou discutÍ-las com meus Assessores, com vistas a fornecermos subsídios á Presidência do nosso Tribunal.”

Conselheiro Paiva Martins Tribunal de Contas do Distrito Federal

“ Registro recebimento da Revista nº 71 editada por esse Tribunal de Contas e que tão bem retrata temas como a dificuldade em combater o fenômeno

mundial das fake news e a aplicabilidade da inteligên-cia artificial no setor público.”

Senador Jayme Campos Democratas / MT

“ Com os meus sinceros cumprimen-tos, acuso o recebimento da Revista TCMRJ.”

Esperidião Amim Senador da República

“ Meus sinceros agradecimentos pelo envio da revista TCMRJ, uma obra de excelente qualidade tanto pela riqueza da sua apresentação quanto pela pro-

fundidade do seu conteúdo.

Contribuições como esta são fundamentais para a reflexão de temas de importâncias e relevantes para o futuro do país e sua economia, que desperta a necessidade de rever conceitos e legislações para a projeção de um Brasil mais próspero.”

Luiz do Carmo Senador

“ Salto o capítulo das desculpas pela demora deste agradecimento pela publicação do número 71, da Revista TCMRJ, dos ‘Bastidores da Assembleia

Constituinte” e, não podia eu – como se impunha e se impõe – registrar o meu e sensibilizado “MUITO OBRIGADO”.

O que faço agora, salientando que uma das coisas boas que tenho na vida é a sua sincera amizade. A qual retribuo, com a minha admiração que, ao longo do tempo, nunca se esmaeceu.”

J. Bernado Cabral Constituinte de 1988

“ Com meus cumprimentos, acuso o recebimento da Revista TCMRJ nº 71 – Fevereiro 2019, pela qual agradeço a gentileza da remessa.

Prevaleço-me do ensejo para registrar meus protes-tos de estima e consideração.”

Presidente Cauê Macris Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

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“ Acusamos o recebimento e agrade-cemos a Vossa Excelência o envio da Revista TCMRJ (Fevereiro 2019) para a Universidade Federal da Bahia.

Na oportunidade, renovamos protestos de estima e consideração.”

João Carlos Salles Pires da Silva Reitor da Universidade Federal da Bahia

“ Com o prazer em cumprimentá-lo, dirijo-me a V.Sª, para agradecer pela gentileza do envio da Revista TCMRJ / fevereiro 2019. Receba meus parabéns,

bem como toda equipe, pela qualidade da publicação.”

Roberto Pessoa Deputado Federal PSDB/CE

“ A Biblioteca Daniel Aarão Reis acusa e agradece a doação do seguinte periódico: “Revista

do Tribunal de Contas do Muni-cípio do Rio de Janeiro – ano XXXV – nº 71 – fevereiro de 2019.”, a fim de compor o acervo da Biblioteca do I A B , e n r i q u e c e n d o - a sobremaneira.

Informa ainda que a supra-citada obra poderá ser divulgada pelo Instituto, por 30 dias, a partir do mês subsequente da doação.

Carlos Jorge Sampaio Costa Biblioteca do Instituto dos Advogados Brasileiros - Diretor de Biblioteca

“ Valemo-nos do presente para, con-firmarmos recebimento da revista TCMRJ de nº 71 ano XXXV – fevereiro 2019, onde V. Exª gentilmente nos

orienta sobre a Gestão Pública, em especial nesta edição nos enche de informações sobre Fake News e Inteligência Artificial.

Saiba, que está revista de grande informação e valor agregará mais conhecimento a nossa Biblioteca Jacinto Uchôa de Mendonça.

Sem mais para o momento, aproveito para reiterar protestos de estima e consideração.

Laís Lima Santos Secretária / Reitora – Gestão Geral Universidade Tiradentes

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REVISTA DO TCMRJ

Ano XXXV– Nº 72 - Agosto de 2019 - ISSN 2176-7181

Endereço: Rua Santa Luzia, 732/sobreloja, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 20030-042

Telefones: (21) 3824-3690 (21) 3824-3655 (21) 3824-3641

Internet: www.tcm.rj.gov.br

E-mail: [email protected]

Pedidos de exemplares desta Revista pelo telefone (21) 3824-3690

DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES

Editora: Maria Saldanha

Redatores: Denise Cook, Maria Saldanha, Luiza Correia e Daniel Salomão

Equipe: Andréa Macedo, Carina Lyra, Daniel Salomão, Denise Losso, Gisela Corrêa, Luiza Correia, Marcelo Sasse Mesquita e Rose Pereira de Oliveira

Fotografia: Alexandre Freitas e Bráulio Ferraz.

Fotografia: Museu do Amanhã, por Carlos Manhães Filho

Produção de Fotografia: Andréa Macedo

Projeto Gráfico/Edição de Arte: Luiza Correia

Impressão: Gráfica Cromos

Tiragem: 5.200 exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Revista do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro

Ano XXXV, n.72 (Agosto/2019).- Rio de Janeiro: TCMRJ, 1981-

1. Administração Pública - Controle - Periódicos - Rio de Janeiro (RJ)

CDU 35.078.3(815.3)(05)

EXPEDIENTE

Conselheiros:Presidente Thiers Vianna MontebelloVice-Presidente Nestor Guimarães Martins da RochaCorregedor-Geral Ivan MoreiraConselheiro Antonio Carlos Flores de MoraesConselheiro José de Moraes Correia NetoConselheiro Luiz Antonio GuaranáConselheiro Felipe Galvão Puccioni

Conselheiros-Substitutos:Dicler Forestieri Ferreira, Igor dos Reis Fernandes e Emil Leite Ibrahim

Procurador-Chefe:Carlos Henrique Amorim Costa

Procuradores:Antonio Augusto Teixeira Neto, José Ricardo Parreira de Castro, Jorge Maffra Ottoni, Juliana Amaral Cognac, Samuel Ricardo Gomes, Pierre Oliveira Batista, Bruno Maia de Carvalho e Pedro de Hollanda Dionisio

Secretaria-Geral de Administração:Heleno Chaves Monteiro

Departamento Geral de Finanças: José Luiz Garcia de Morais Cordeiro

Departamento Geral de Pessoal:Alexandre Angeli Cosme

Departamento Geral de Serviços de Apoio:Sergio Sundin

Secretaria-Geral de Controle Externo:Fabio Furtado de Azevedo

1ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Carlos Trillo Negreira

2ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Simone de Souza Azevedo

3ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Marcus Vinicius Pinto da Silva

4ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Leandro Monteiro de Faria

5ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Heron Alexandre Moraes Rodrigues

6ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Marta Varela Silva

7ª Inspetoria-Geral de Controle Externo: Jorge Luiz Campinho Pereira da Mota

Coordenadoria de Auditoria e Desenvolvimento: Roberto Mauro Chapiro

Gabinete da Presidência:Secretário-Geral da PresidênciaSérgio AranhaSubsecretário-Geral da PresidênciaCarlos Alberto Borges Delgado Jr

Assessoria de Audiovisual:Bráulio Ferraz

Assessoria de Comunicação Social:Elba Boechat

Assessoria de Informática: Rodolfo Luiz Pardo dos Santos

Secretaria de Assuntos Jurídicos:Luiz Antonio de Freitas Júnior

Assessor de Segurança Institucional:José Renato Torres Nascimento

Centro de Capacitação Aperfeiçoamento e Treinamento:Maria Bethania Villela

Diretoria de Publicações: Maria da Graça Paes Leme Saldanha

Secretaria das Sessões:Elizabete Maria de Souza

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