revista mÊs, edição 15

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Editora MÊS Ano 2 - nº 15 Abril de 2012 circulação GRATUITA I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT PARANÁ SEGURO DO GOVERNO ESTADUAL DEIXA RASTRO ELEITOREIRO CURITIBA TEM QUASE METADE DO NÚMERO DE VEÍCULOS ROUBADOS NO PR SAIBA QUAL O ESPORTE MAIS ADEQUADO À SUA PERSONALIDADE MAIS: ERA DO CONHECIMENTO EXIGE MAIOR PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADES E EMPRESAS; COOPERAÇÃO AINDA É INEFICIENTE NO PARANÁ A 3ª ONDA CHEGOU

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Revista mensal do Paraná. Distribuição gratuita. Para receber, entre em contato com: [email protected]

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Editora MêsAno 2 - nº 15Abril de 2012

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Saiba qual o eSPorte maiS adequado à Sua PerSonalidade

mais:

Era do ConhECimEnto ExigE maior parCEria EntrE univErsidadEs E EmprEsas; CoopEração ainda é inEfiCiEntE no paraná

a 3ª onda CHegou

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“Usava o humor como arma para não ser o gordinho que todo mundo sacaneava”

Como nasceu sua veia artística?

Leandro Hassum (LH) - A minha re-lação com a minha família sempre foi muito boa e realmente o humor co-meçou – como eu acho que na maio-ria dos comediantes começa – sendo o engraçado da família. Fui muito estimulado para seguir essa carreira por uma psicóloga do colégio que eu estudava. Eu fui um aluno muito le-vado, muito rebelde, fui expulso de três colégios. Eu usava o humor no lugar errado. Ela falou para a minha mãe que ela deveria me colocar no teatro, para que eu usasse aquele meu talento de engraçado, aquela energia no lugar certo. Aos 16 anos, minha mãe me colocou no Tablado, que é uma escola de teatro no Rio de Ja-neiro muito conhecida e de lá eu não parei mais. Eu nunca fui tímido, pelo contrário, sempre fui exibido demais até mais do que devia, por isso que me rendiam as expulsões. Mas eu não tinha muito limite. O que o tea-tro fez comigo foi me colocar no eixo de tom até de brincadeira, porque às vezes eu era até agressivo, eu era bri-gão no colégio. Eu sempre fui gordo,

entrevista Leandro Hassum

O humor pode ser uma arma ácida e letal ou um bálsamo para os ouvidos. A grande diferença reside no tom e no objetivo da piada. Entre essas duas faces do humor, o ator Leandro Hassum (38) travou uma batalha durante sua infância e parte da adolescência. “Eu usava o humor no lugar errado”. Até que um dia, uma psicóloga o aconselhou a fazer teatro. No palco, Hassum percebeu que sua arma poderia transformar-se em risos. De rebelde virou um ídolo simpático do humor ingênuo. Foi na arte que se encontrou e alcançou reconhecimento. Recentemente, a série “Os Caras de Pau” (da TV Globo) recebeu um prêmio na Suíça, o Montreux Comedy Awards. Em passagem à Curitiba no mês passado, o ator concedeu uma entrevista exclusiva para a MÊS. Divirta-se!

Arieta Arruda - [email protected] Iris Alessi - [email protected]

minha vida é ser gordo. Eu não sei o que é ser magro. Hoje em dia, se fala muito de bullying, essas coisas todas que na época não se falava, já existia muito, mas não se falava o nome da coisa. Então, eu aprendi muito a me defender. Eu usava o humor como arma para não ser o gordinho que todo mundo sacaneava. Assim, o tea-tro me trouxe esse equilíbrio. O equi-líbrio de ser um cara bacana, saber usar o humor na hora certa, saber me achar interessante.

Sempre fez trabalhos com comédia?

LH - Quando comecei a fazer teatro não tinha muito essa coisa de ser co-mediante. Só que o que eu tenho que é um diferencial é uma respiração de comediante. No início, logicamente, você tem essa briga interna de “eu não quero ser só o engraçado, eu que-ro fazer o sério, o vilão”, mas chegou uma hora da minha carreira que eu falei: “Não. Quem está pagando as contas é a comédia e eu faço tão bem! Então, por que brigar contra isso?” Eu fui embora. E realmente hoje em dia assumi: eu sou comediante.

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Por outro lado, quais foram seus mi-cos com o público?

LH - Eu sou o rei do mico. Mas assim, a gente que faz show, lida muito com o público. Eu improviso muito com a mi-nha plateia e a gente está sempre corren-do riscos. Uma vez, com uma senhora que eu achei que estava dormindo, falei: “Acorda! Acorda que a peça está rolan-do” e a amiga dela falou: “Não, não, ela é cega.” Esse é um grande mico.

Como começou sua parceria com o ator Marcius Melhem?

LH - É realmente um caso de amor, sem ‘viadagem’. A gente se conhece vai fa-zer doze anos já. Na verdade, a gente é da mesma escola de teatro, o Tablado. E a gente sempre ouvia falar um do ou-tro: “Pô, você tem de trabalhar com o Marcius. Você já conhece o Hassum? O Hassum tem tudo a ver com você.” E existe uma vaidade de jovem na época que eu era da minha turma o mais ta-lentoso e da turma dele, ele era o mais talentoso. E aí a coisa pintou numa peça que eu fui chamado para fazer como ator e que ele ia dirigir. E o mais inte-ressante é que nós começamos, como todo caso de amor, a gente começou bri-gando. Ele veio dirigir, eu não gostei da direção dele. Na verdade, eu impliquei e aí ele foi muito mais maduro do que eu, sentou e disse: “Olha, ou a gente se acerta ou essa peça não sai.” Eu falei: “Não, tá certo. Você foi maduro, vamos acertar.” Fizemos essa peça que ele me dirigiu, isso foi em 1999 e logo, em se-guida, essa peça foi um fracasso, não por culpa nem minha nem dele. Aí nós fomos chamados para fazer um infantil chamado “Festa na Floresta”, em que ele fazia um caçador e eu fazia um sapo. Eu era o mocinho, ele era o vilão e ali surgiu a nossa dupla. A gente começou a improvisar muito nos ensaios e as pes-soas falavam: “Vocês tem que fazer isso juntos.” Mas nunca dava oportunidade. Eu estava no Zorra [Total], já começan-do a atuar no Zorra e o diretor, Mauricio Sherman, junto com o Mário Márcio Bandarra, que eram na época os

Como avalia o público curitibano em seus espetáculos?

LH - Eu não tenho o mínimo para fa-lar do público de Curitiba. Eu sempre fui muito bem recebido aqui. Realmen-te, a primeira vez que eu vim, as pes-soas me falaram “você vai fazer peça lá em Curitiba? Lá eles têm o Festival de Teatro. Lá eles estão acostumados com coisas muito boas. Cuidado, que eles são críticos e não riem de qualquer coisa. São mais sérios, são mais frios.” Eu fiquei morrendo de medo, tanto que o nosso espetáculo “Nóis na Fita” e o “Lente”, 80% do tempo nós ficamos em cartaz no Rio de Janeiro e é muito com-plicado você sair para viajar sem saber se o teu espetáculo está muito regional. E foi o contrário. Todas as vezes a gen-te foi super bem recebido. Pode até ser que seja mesmo, mas acho que eles re-solveram gostar da gente.

Como é seu relacionamento com o público em geral?

LH - Na verdade, o que acontece é o seguinte: é essa coisa do comediante ser mal-humorado. Existem comedian-tes que realmente são mal-humorados, mas eu acho que às vezes a gente usa de uma arma de ficar sério porque é di-ferente a abordagem do público com o comediante e com outro ator de novela. A expectativa que eles têm da gente que trabalha com comédia é que a gente vai fazer piada o dia inteiro. E não é assim. Eu não sou um cara mal-humorado, mas não tem como eu estar 100% bem--humorado. E a abordagem do público muitas vezes é isso, cria a expectativa de que vou estar tipo “Yeah! Ah, como eu sou engraçado” e eu não estou. Estou cansado. Estou com saudade da minha mulher, estou com saudade da minha fi-lha, tudo isso é de uma vida normal. Só que a expectativa é outra. Criam-se es-tereótipos. Mas eu vou te dizer que isso não me incomoda, porque eu acho que é um pacote que vem. Quando a gente de-cide que a gente quer ser artista, come-diante, ator dramático sério, quer fazer sucesso, quer estar na mídia que é uma

coisa maravilhosa, a gente compra um pacote: o ônus e o bônus. O ônus é isso de você estar na rua e um cara te chamar de gordo, você vai andar de bicicleta al-guém faz a piada no estilo “vai furar o pneu da bicicleta”, entendeu? As pesso-as sabem que eu tenho medo de bicho, muitas vezes, já jogaram bicho em cima de mim, para poder fazer graça comigo.

Qual foi o episódio mais inusitado da abordagem do público?

LH – Eu estava no aeroporto, descan-sando, tomei um tapa na cara de uma senhora. E como é que você reage a isso? Eu vou mandar uma senhora de 60 anos pra aquele lugar? Eu só fa-lei: “Senhora, não faça mais isso.” E ela respondeu: “É! Mas o magrinho te bate!” E eu: “Sim, mas ali eu ganho pra isso.” E aí a vontade é você pegar e

mandar a pessoa... Mas é uma senhora de 60 anos e aí tem o outro ônus da coi-sa que é o seguinte: se eu mando essa senhora para qualquer lugar ou se eu sou grosseiro e tem um jornalista, ou tem alguém assim: “Sabe aquele ator? Estava drogado no aeroporto e xingou uma senhora.” Porque é assim que a coisa vai passar. Vai fazer esse boca a boca. “Aquele artista, aquele gordo, é antipático pra caramba. A senhora foi conversar com ele e ele mandou a se-nhora para aquele lugar.” Mal sabe que ela tenha me dado um tapa na cara, te-nha me ofendido como muitas vezes me ofendem. Passam do limite por eu ser um cara descontraído, por eu ser um cara brincalhão. Então, por isso que às vezes o comediante tem uma fama de mal-humorado. Não é o meu caso. Não sei ser assim, mas eu sei que muitos não são antipáticos, mas usam essa máscara para se defender até, para evitar.

Hoje em dia, se fala muito de bullying, essas

coisas todas que na época não se falava, já

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mor também que mistura personagem com stand-up. Tem muita gente boa.

Sempre comenta nas entrevistas so-bre sua filha. O que significou ser pai para você?

LH - Ser pai foi a melhor decisão que eu tive na minha vida. Na verdade, ser pai e casar com a minha mulher. Sou ca-sado com a melhor mulher do mundo e tenho a filha mais linda do mundo. Eu acredito muito em Deus, não tenho uma religião definida, mas eu acredito mui-to em Deus, eu acredito que nada é por acaso. Então, eu acho que dos meus 16 anos até a minha entrada no teatro, até eu conhecer minha mulher e o momento em que minha filha nasceu foi tudo mui-to planejado por Deus para que desse certo, para que a minha vida fosse do jeito que tem sido hoje em dia. Sem a minha mulher e sem a luz que a minha filha trouxe, sendo bem piegas mesmo – o amor é piegas e é cafona–, é isso mes-mo. A minha mulher me ensinou a ser adulto. E a minha filha trouxe a respon-sabilidade, perdi um pouco o egoísmo.

É uma pessoa emotiva, romântica?

LH - Eu acho que ser romântico está em falta no Brasil. Eu não tenho a menor vergonha de chorar, de me emocionar, pelo contrário eu choro com qualquer coisa. Eu choro com uma formiguinha que morre. Eu choro horrores e, enfim, me emociono. Às vezes, me emociono com coisas que eu não queria me emo-cionar. No nosso País ainda existe mui-ta injustiça.

diretores do Zorra, perguntou: “Por que você não apresenta um quadro seu?” E aí, por coincidência, na época o Mar-cius falou: “Pô, estou querendo fazer uma participação no Zorra.” E eu falei: “Vamos escrever uma coisa e vamos apresentar?” E aí nós criamos: o Jorgi-nho e o Pedrão e apresentamos para o Maurício Sherman e pro Bandarra, eles gostaram, no dia seguinte começamos a gravar e estamos aí já...

Quais as principais diferenças que destaca no humor atual?

LH - O Chico Anysio, que é meu grande mestre, meu grande padrinho dentro da televisão, da Rede Globo, ele me falou uma coisa e é verdade, que eu repito até hoje: existem dois tipos de humor, o engraçado e o sem graça. Se você riu tá bom, se você não riu, tem algu-ma coisa errada ali. Eu acho que hoje em dia tem espaço para tudo. Como o próprio Mazzeo, filho do Chico, que faz desse humor mais do “Cilada” e tá com uma coisa mais debochada. Isso é legal. Existe um espaço para um humor mais ingênuo, que é um humor que eu e o Marcius fazemos na televisão, para um humor mais crítico que é o tipo de hu-mor que a gente faz no “Nóis na fita” e os stand-ups estão fazendo hoje em dia. Usando uma referência daqui, a Katiús-cia Canoro fazendo um humor brilhante, o Diogo Portugal que é outra referência daqui de Curitiba é um outro tipo de hu-

Você se considera também uma pessoa consumista. O que gosta de comprar?

LH - Tudo. Se for para escolher uma coisa é roupa e relógio. E carro. Eu sou apaixonado por carro. Coleciono carro. Meu carro tem de ser sempre o “foda”. Bom, hoje que posso. Porque até outro dia, o meu carro merda, era um carro merda mais equipado da rua. Eu tenho pouco tempo de andar, de curtir, mas eu gosto de ter, como todo bom consumista.

Quais são seus novos projetos?LH - Na verdade, a gente tem o filme “Até que a sorte nos separe” que vai estrear em outubro. A gente deve começar a rodar um filme dos “Caras de Pau” no início de janeiro [2013], que é um filme: eu e Mar-cius Melhem, a dupla. Tem um projeto de um outro longa [metragem] para começar a rodar no meio do ano, mas a gente ain-da não sabe. Ainda estamos numa fase de captação. No mais, é o programa que está indo super bem, o meu show que também está em cartaz, pretendo no segundo se-mestre fazer algumas viagens. Talvez a gente volte aqui. Curitiba é um lugar que está sempre no nosso roteiro. Estamos fa-zendo o “Nóis na fita” também. Fora isso, não estou tendo tempo para mais nada. A gente vir aqui fazer um trabalho ou outro já é uma dificuldade enorme. [risos]

entrevista Leandro Hassum

Eu acho que ser romântico está em falta no Brasil

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Confira os bastidores desta entrevista. Acesse: youtube.com/revistames

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mensagens do(a) leitor(a)

QUALidAdeHoje recebi de um colega dos correios um exemplar da revista MÊS, ao folhear a mesma me surpreendi com as matérias e o conteúdo, diga-se de pas-sagem, de ótima qualidade. Venho por meio desta parabenizar esta Editora.Osmar Sergio Gonçalves

CuriosidadeConheci a revista de vocês, por acaso, quando estava em visita a minha prima que se encontra hospitalizada no HC e que por coincidência quando cheguei, ela estava dando uma entrevista sobre seu caso, câncer de mama, fiquei curiosa em poder conhecer melhor o trabalho de vocês.Andréia Marafigo, no e-mail

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo

[email protected] | Twitter @mes_pr |

Facebook MÊS Paraná. Participe!

ConteúdoRecebi a Revista na Praça da Ucrânia e achei o conteúdo ótimo e muito in-teressante. Parabéns aos responsáveis.Gislane Schmidt Richter

PLUrALidAdeGalera, só agora alcancei a MÊS de fevereiro e parabéns pela pluralidade e qualidade da revista! Parabéns por não reproduzir o silêncio da grande

mídia no episódio do livro A Privataria Tucana e, especialmente, parabéns a Mariane Maio pela entrevista. Curta, mas objetiva, direta. Parabéns também ao Tiago pelo artigo sobre a dita minis-série global. Uma minissérie carregada de críticas generalistas, míopes e pre-conceituosas, travestidas de indigna-ção consciente. A edição de março tá aqui também. Leio na sequência. Wagner de Alcântara Aragão

“os PArAdoxos dos CArnAVAis CUritibAnos”O carnaval curitibano por muitos anos atraiu a população curitibana. Lembro entre 1963 e 1970 que desfiles de blo-cos carnavalescos atraíam multidões para a Marechal Deodoro para assistir sob atmosfera perfumada das “lanças”. Os componentes vestidos ricamente de cetim, lantejoulas, brocados, pedrarias etc. custeados pelos próprios, eram geralmente associados de clubes da ca-pital, tais como Sociedade D. Pedro II, Coritiba FC e outros clubes. Coman-dava o bloco D. Pedro o saudoso sócio Jubal e depois, o conhecido empresá-rio apelidado Afunfa. Nesta época dos blocos ainda o car-naval não era “lavagem de dinheiro”, nem fonte comercial para transmissão de TVs e das empresas de bebida. Essa “imunidade” para com a influência do carnaval carioca propiciava um estilo próprio curitibano. Era oportunidade de se apresentar ao povo e brincar no asfalto, recebendo confete, serpentina

e sprays de lança perfume.E sempre houve disputa acirrada entre clubes. Em meados da década dos 70 e entre 80 a 95 o carnaval curitibano saltou para melhor, embora pífias verbas públicas. Com a desvinculação do bloco D.Pedro do referido clube, o Afunfa foi acolhido pelo clube Pi-nheiros, fundando então a Mocidade Azul. Neste período, já de escolas de samba, surgiam com toda força novas escolas para aumentar a disputa, como a Academicos da Sapolândia, oriunda de área menos favorecida da cidade, que desafiava (e até desbanca-va) outras grandes como a Colorado (do time de futebol), Embaixadores da Alegria e outras. Crescia a multi-dão nas calçadas. Sob comando do Afunfa e apoio do Pinheiros, a Mocidade Azul surgia como “papa títulos” do carnaval e assim foi por anos. Nesse início, hou-ve um trio no apoio ao Afunfa com participação do Charrão (ex-jogador atleticano), Gastão e também já

brilhava a criatividade do figurinista Júlio, “gente boa, simples”, incansá-vel criador das luxuosas fantasias e carros alegóricos caríssimos. Mestre de bateria vinha da Mocidade Inde-pendente de Padre Miguel! Na época dos desfiles da Marechal, a escola abria o desfile sob a luz e som de de-morada queima de fogos de artifício disparados desde o topo do Centro Comercial Itália. Era um frisson geral entre os componentes e o povo.Tendo sempre o maior número de componentes entre as demais partici-pantes, houve época em que contou com quase 3 mil, ricamente adorna-dos em meio a uma dezena de carros alegóricos. Para esta escola de samba nunca houve destinação de verbas vultosas mas, empenho, colaboração financeira e trabalho dos componentes.Tivemos, sim, carnaval de rua!Continua a situação de penúria com o “chapéu na mão” em busca de apoio cultural e verbas.Antonio Fernando Buch

[email protected]

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Tem sugestões de pauta? Uma ideia

para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para

[email protected]

FOTOGRAMARobson Chaves

Em Irati, no Museu de Ciências da Unicentro, a casa centenária dá um colorido especial à paisagem bucólica

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o [email protected]

/MÊS PARAná

Mariana de Bortoli Simino - Adoro as matérias da revista MÊS sobre saúde. As da edição de março sobre os benefícios do pilates e sobre poluição sonora estão muito boas!

Kidux - A equipe Kidux parabeniza os profissionais da Revista Mês. A matéria “Funcionalidade ao alcance das mãos”, da jornalista Iris Alessi, está ótima! Vale conferir!

Aguinaldo Rodrigues - Revista Mês Paraná está de parabéns pela edição n°13, está excelente completa e a cada edição com conteúdo sério e importante para nós leitores.

Cíntia Mazzaro - Parabéns pela qualidade da revista!

Edição de março• Diferentemente do que foi publicado em “Poluição Invisível” desta edição, de que 10 decibéis estava acima do permitido em algumas regiões de Curitiba, a compara-ção não é viável, pois a Lei Municipal 10.625 se aplica apenas para imóveis e não para veículos, conforme foi dito na reportagem. Por isso, gostaríamos de pe-dir desculpas pelo equívoco. • Na reportagem “A doce arte de apro-veitar a Páscoa”, nos enganamos ao men-cionar o nome da entrevistada de Flávia Santos. O correto é Flávia Stavis, chef de confeitaria. Correção feita.

ERRATA DA REDAÇÃO:

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mAtÉriA de CAPA

UmA Ponte inACAbAdA

4 entreVistA

10 mensAgens dos Leitores

11 FotogrAmA

14 mirAnte

23 CoLUnA

34 5 PergUntAs PArA: niLson HAnke CArmAgo

64 diCAs do mÊs

66 oPiniÃo

PoLítiCA

20 dAQUi PArA Frente nA CâmArA

CidAdes

24 CAdÊ meU CArro?!

26 imPLAntAçÃo do PArAná segUro LeVAntA sUsPeitA eLeitorAL

eConomiA

30 ACertAndo As ContAs Com A reCeitA

AgroPeCUáriA

32 o “Peso” do trAnsPorte de CArgAs

edUCAçÃo

36 edUCAçÃo: Um direito do índio

sAúde

38 reConstrUindo A AUtoestimA

40 internAçÃo inVoLUntáriA gerA PoLÊmiCA

teCnoLogiA

42 Fino nÃo, ULtrA

meio Ambiente

44 desPoLUindo o rio bACACHeri

ComPortAmento

46 PoUCos bUsCAm seUs direitos

internACionAL

48 PArCeriA PArA A trAnsPArÊnCiA

sumário

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50 CArAmbeí: A HoLAndA dAQUi

esPorte

52 CorPo e mente em AçÃo

AUtomóVeL

54 PotenCiALmente sUstentáVeL

modA&beLezA

56 mArCAs do Pós-VerÃo

CULináriA&gAstronomiA

58 CArdáPio exótiCo e sAUdáVeL

CULtUrA&LAzer

60 do PAPeL Ao ConCreto

62 LegiÃo de 30 Anos

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ode parecer ultrapassado, antiquado. Mas a Revista MÊS chega a sua 15ª edição como se fosse uma debutante. Estamos cheios de expectativas, euforia e um quê de adolescente rebelde.

Das expectativas, as melhores. Queremos levar para você, Leitor(a), o melhor conteúdo. Esperamos provocar e mobilizar resultados positivos com as reportagens que vêm a seguir.

Depois de mais de um ano de trabalho, já conquistamos leitores fieis e participativos nos assuntos do Paraná. Sim, já temos nosso espaço! Conquistamos certa maturidade (ok, pode parecer pretensioso), mas queremos que essa maturidade se traduza em humildade (saber que os leitores são o nosso norte); em experiência (saber que certos temas são difíceis de digerir, mas necessários de discutir); em euforia (ao olhar um horizonte cheio de possibilidades) e em revolta (abordando assuntos que preocupam a sociedade).

Esse é o nosso papel, o de preparar a Festa de Debutante nos mínimos detalhes (esta edição), com muito esmero para você aproveitar, curtir, refletir e se informar.

Mas nem só de alegria e festa vive esta edição da MÊS. É o caso das matérias publicadas na seção Cidades: uma revela o possível uso eleitoreiro do projeto Paraná Seguro; a outra apresenta os lugares mais comuns de roubos de carro em Curitiba.

De positivo? Queremos cada vez mais estimular a consciência cidadã em projetos ambientais (como no Rio Bacacheri) e cobrar a atitude dos governantes (em Internacional). Mais positivo do que isso é falar sobre a Educação, nossa matéria de capa desta edição.

Aliás, nessa fase adolescente da MÊS o tema vem bem a calhar. Educar para crescer. num País que já não é mais do futuro, não há outro caminho se não dar prioridade à Educação. Para isso, é preciso melhorar a qualidade, levar a educação aos índios, brancos, negros, pardos. Nesta matéria de Capa, priorizamos a deficiência instaurada entre a iniciativa privada e as universidades. Uma volta aos bancos escolares e ao ambiente acadêmico sempre é bem-vinda.

Vamos rir e chorar, como adolescentes descontrolados, mas, sobretudo, crentes de que dias melhores virão.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]ÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr., Iris Alessi e Bianca Nascimento; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - [email protected] – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Renato Sordi, Robson Chaves e João Paulo Bettega de Albuquerque Maranhão.

Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

Vida de adolescenteP

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Presença forçadaNem tudo está perdido na Câmara de Vereadores de Curitiba. Assim como acontece com as crianças na escola, parece que a exigência de os vereadores responderem “chamada” no início e no final das sessões da Câmara de Vereadores sob pena de terem seus salários cortados está surtindo efeito. No último dia 28 de março, a sessão terminou às 23h45 e contou até o final com a presença de 30 vereadores, até mesmo aqueles menos frequentes. Em votação, estava o reajuste para os servidores públicos municipais.

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Vendem-se vagasImpressionante o episódio envolvendo um pré-candidato a prefeito ligado ao Palácio do Governo que vendia por até R$ 22 mil um cargo em comissão no Porto de Paranaguá e que se espraiava por Antonina. E mais impressionante como o governador Beto Richa antecipou as informações sobre a operação, o que lhe permitiu demitir um dos operadores do esquema antes que a imprensa noticiasse o episódio.

A experiência de HinçaO ex-presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba, João Claudio Derosso (PSDB), apesar de fora da principal cadeira da Casa, parece continuar dando as cartas por lá. Ao assistir a um pronunciamento do vereador Roberto Hinça (PSD), o novo líder do prefeito Ducci (PSB), Derosso, em tom de ironia, fez o seguinte comentário a alguns vereadores que estavam próximos: “Esse é o nosso líder?!”. Foi o suficiente para seus pares começarem a espalhar que Hinça não vai durar muito no cargo.

na cara duraDepois de seu governo ordenar a retirada do pronunciamento da Presidenta Dilma na TV Educativa, o governador Beto Richa (PSDB) bate às portas dos ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, ambos do PT, para pedir recursos federais e liberação de empréstimos. Na volta das audiências, já em solo paranaense e com o compromisso de empenho dos ministros, o governador diz que adotará discurso de divergências políticas com a ministra. Não dá para entender. Só pode ser oportunismo ou bipolaridade.

Fugir do trânsitoO governador Beto Richa (PSDB) descobriu a forma de resolver os seus problemas com o trânsito que tanto atormenta os curitibanos. Em uma escola municipal, Richa chegou de helicóptero descendo em um campo de futebol, onde seguranças e motorista já o esperavam para conduzi-lo pelos poucos metros que ainda o separavam do local do evento.

na pressãoSão fortes os relatos que chegam de servidores municipais de Curitiba sobre a pressão que estão sofrendo para embarcarem na candidatura de Luciano Ducci. Algumas veladas e outras nem tanto. Servidores, de livre provimento e de carreira, são intimidados a não apoiarem – sob qualquer hipótese, por exemplo, as candidaturas de Gustavo Fruet (PDT) e de Ratinho Junior (PSC). Mas todo cuidado é pouco, pois o BBB pode estar vigilante.

ElEiçõEs

Pesquisas nas ruasComeçou a temporada de pesquisas eleitorais. As campanhas de Curitiba já contrataram institutos estaduais e nacionais para fazerem seus levantamentos. Alguns dos resultados já circulam pelo meio político e indicam que não houve grandes mudanças em comparação com as últimas pesquisas divulgadas pela imprensa.

Andressa Katriny

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“Vencer com o Rafael Greca é um projeto que pode igualar o desempenho de outro candidato de Requião, o reitor Carlos Moreira, que terminou com um resultado tão pífio que desapareceu do cenário”Rebateu o governador Beto Richa (PSDB)

“Não faço esse tipo de negociação. Maurício, meu irmão, também não aceita essa barganha. Não estamos em balcão de trocas. Meu candidato é Rafael Greca de

Macedo, e aguardem, vamos vencer”Disse o senador Roberto Requião (PMDB) sobre apoio a Luciano Ducci (PSB) G

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Cerco às lavanderiasOs lavadores de dinheiro do Paraná podem estar com os dias contados. No final do mês passado, foi inaugurado o primeiro Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro Do Paraná (LAB-LD). Com equipamentos de ponta e softwares novos, será possível cruzar dados e tornar as investigações mais ágeis. Estima-se que análises que demoravam cerca de dois a três anos, poderão ser realizadas em 15 dias. O LAB-LD é uma parceria do Ministério Público do Paraná com o Ministério da Justiça.

ganhar tempoO julgamento da liminar que pede a suspensão da “tarifaça” do Detran, que deveria ter acontecido no dia 02 de março pelo Tribunal de Justiça (TJ), pode ser apreciado somente em 04 de maio. Essa demora toda para julgar uma liminar urgente pode mostrar que o Governo do Estado está com medo do resultado. Ele é o grande interessado que o aumento continue como está, mais de 200% sendo cobrado há três meses. A “enrolação” pode estar na falta de quórum do TJ para negar a liminar, ato desejado pelo Governo.

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Uma ponte inacabadaO mundo vive hoje a Terceira Onda; uma das chaves para o sucesso dessa fase será saber ligar universidades e empresas, com apoio do governo

matéria de capa

istoricamente, o Brasil apresenta um abismo en-tre as universidades e a iniciativa privada. De um

lado estão as instituições de ensino com professores, pesquisadores, es-tudantes, laboratórios e a produção de conhecimento. Do outro, estão as empresas que precisam inovar, me-lhorar processos, diminuir custos e promover a educação continuada de seus colaboradores. Apesar de um imenso potencial produtivo e de uma nova demanda da sociedade, a ponte entre esses dois setores no Brasil ain-da é deficiente, o que preocupa espe-cialistas, já que estamos na Terceira Onda. Uma transformação compara-da à Primeira (Revolução Agrícola) e à Segunda (Revolução Industrial).

Hoje, já não é mais suficiente valorizar o capital, a terra, o trabalho e a matéria-

HArieta Arruda - [email protected] -prima, o conhecimento é pré-requisito

para o crescimento do País. No entanto, a conexão entre universidades e empre-sas é frágil. “A relação é difícil, às ve-zes complexa porque os objetivos são diferentes”, comenta o professor Alex Rosenbrock Teixeira, coordenador da Educação Corporativa, do Centro Uni-versitário Curitiba (UniCuritiba).

Uma das maiores dificuldades está ain-da na mentalidade do empresariado. “A empresa não tem o hábito de vir à universidade. E a universidade até então, tinha uma série de dificuldades para chegar até a empresa”, comenta o professor Emerson Carneiro Camargo, diretor-executivo da Agência de Inova-ção da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “A empresa tem na instituição seu agente de pesquisa particular, onde ela demanda, nós produzimos, trans-formamos isso em conhecimento cien-tífico e devolvemos em conhecimento prático”, argumenta Teixeira.

O Governo Federal pretende incen-tivar essa relação com o programa Ciência Sem Fronteiras que já está em vigor. Serão investidos R$3,2 bilhões até 2015, com 75 mil bolsas de estudo concedidas pelo Governo Federal e o incentivo à participação da iniciativa privada. As empresas brasileiras vão oferecer também mais 26 mil bolsas. Serão cerca de 25 mil bolsas por ano desde a graduação até doutorados sanduíches.

Com o possível apagão de mão de obra no horizonte e a necessidade de melhorar a competitividade nacional frente ao mercado exterior, essa me-dida passou a ser emergencial para garantir o crescimento sustentado do Brasil nos próximos anos. Mas o pro-grama já apresentou irregularidades em seu funcionamento. Foram veri-ficados atrasos no repasse das bolsas para os estudantes que estão no ex-terior. A responsabilidade é do Con-

A universidade dentro da indústria

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selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq) que já admitiu as falhas e prometeu regu-larizar a situação em breve.

tijolo para a ponte

Para construir essa ponte de forma sólida, alguns tijolos podem ser edi-ficados. Por parte da universidade, existem diversas formas de se apro-veitar dessa relação, como em proje-tos cooperativos, aluguel de estrutu-ra, pesquisa contratada de curto prazo e consultoria, cursos de extensão e especialização e redes de transferên-cia de tecnologia.

Com um leque grande de possibilida-des, as instituições de ensino estão se estruturando para abrir canais de co-municação com as empresas.

Na Federal, por exemplo, exis-tem 420 projetos de pesquisa e ór-gãos como a Funpar (Fundação da UFPR), a Incubadora de empresas, as Pós-graduações e a Agência de Inovação que são os braços da parce-ria com as empresas. Assim também ocorre na Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR), que possui a Agência de Inovação para promover “a produção de conhecimento cien-tífico e tecnológico até a sua trans-ferência para o setor produtivo”. Já na UniCuritiba, esse diálogo com a iniciativa privada se faz pelo setor da Educação Corporativa, com 12 projetos em andamento e mais de 100 empresas conveniadas. A esse tipo de gestão denomina-se Univer-sidade Adaptativa e Empreendedora (UAE). Nas corporações, cada uma pode buscar a melhor forma de se valer da cooperação.

incubação de projetos

A indústria FGM de Produtos Odon-tológicos, líder de mercado, com sede em Joinville (SC), começou dentro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e hoje se

DificuldadesNo entanto, nem sempre esse cami-nho é fácil, principalmente, por con-ta da burocracia, entraves difíceis de dissolver. A empresa Mundi Trading, que atua na área de comércio interna-cional, em Curitiba (PR), ao procurar parceria com algumas instituições de ensino na Capital, encontrou muitas dificuldades e má vontade, segundo Bruno Molteni, diretor da empresa. A ideia seria de “efetuar uma parce-ria, em que eles [universidades] nos indicariam potenciais profissionais e nós desenvolveríamos esses talentos. Eles até demonstraram um pequeno interesse, porém, mesmo com muita insistência, nenhuma delas levou o projeto adiante”, conta.

volta às instituições de ensino para firmar parcerias. “A gente entende que essa parceria com a universida-de é de extrema importância”, afirma Bianca Mittelstadt, diretora-admi-nistrativa da FGM.

As iniciativas vão desde fornecer produtos para os estudantes de 80% das universidades de Odontologia do País até o incentivo a estudantes na participação de congressos nacio-nais e internacionais, e também no desenvolvimento de novos produtos para testes e pesquisas de uso. Para a FGM, qualquer produto desenvol-vido precisa passar pelo processo de “comprovado cientificamente”, por isso, é intrínseca essa relação mais próxima com as universidades.

estUdAnte

1) Como faço para me ins-crever no programa?Alunos de graduação terão duas opções:a) Por meio das chamadas públicas divulgadas no site www.cienciase-mfronteiras.gov.br.b) Por meio do Coordenador do Pro-grama Ciência sem Fronteiras em sua instituição de ensino superior.Alunos de pós-graduação e pesqui-sadores:c) Deverão participar das chamadas públicas para as diversas modalida-des de bolsa.

2) Como fico sabendo quem é o responsável pelo programa na minha universidade?Entre em contato com o departamen-to responsável pela graduação ou órgão equivalente na sua instituição de ensino superior.

3) O meu curso de graduação se in-clui dentro das áreas prioritárias?A relação das áreas consideradas

SAIBA COMO FUnCIOnA O PROGRAMA CIÊnCIA SEM FROnTEIRAS, DO GOVERnO FEDERAL:

prioritárias no programa do Ciência sem Fronteiras pode ser consultada no site do programa ou solicitada ao coordenador da instituição de origem.

4) A CAPES e o CNPq irão pagar as mensalidades e as taxas dos estudantes no exterior?O Programa Ciência sem Fronteiras irá cobrir o pagamento das taxas es-colares (tuition e fees), as quais de-verão ser negociadas pela instituição brasileira ao menor patamar possível e dentro de valores aceitáveis. Nos casos em que o pagamento das taxas ofereça acomodação e alimentação (lodging e food), o valor mensal da bolsa paga diretamente ao estudante será de US$ 300,00 ou valor equiva-lente na moeda do país de destino.

5) Quais instituições no exterior podem participar do programa?As instituições de excelência no ex-terior estão firmando acordos com os representantes Educacionais de cada país ou com o CNPq e a CAPES.

Fonte: Governo Federal

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matéria de capa

Na avaliação de Bruno Rondani, dire-tor-presidente do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CIBS) e membro do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp, “ainda há uma cultura pouco propícia para a colaboração”. E, segundo os entrevistados, essa é a pedra funda-mental para a ponte ser construída e permanecer em pé.

No Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, por exemplo, a pe-dra fundamental foi lançada no ano passado. Eles possuem em São Ber-nardo do Campo (SP) um espaço onde a cooperação entre os dois países é palavra de ordem entre estudiosos e iniciativa privada. A Suécia é um dos países europeus de maior referência na relação entre empresas e universi-dades. Um dos ícones dessa relação por lá é o Lindholmen Science Park, localizado na cidade de Gothenburg, onde existe uma simbiose saudável e produtiva entre a universidade e o setor produtivo, com grande apoio do governo local. Um tripé que deu certo.

No Brasil, os profissionais suecos dão o know hall e apoiam as pesqui-sas, já os brasileiros são incentiva-dos a produzir o conhecimento, em

espaços abertos à colaboração. “Hoje já existe certa maturidade [das em-presas]. Já existem casos de sucesso e fracasso. As parcerias que nós es-tamos buscando já possuem alguma experiência. São receptivos a nossa abordagem. O que existem são en-traves gerais do próprio mecanismo que é o alinhamento de interesses”, completa Rondani.

Engana-se quem pensa que essas parcerias são interessantes somente para as grandes empresas. “O ta-manho da empresa não tem absolu-tamente nada a ver com o tamanho

da pesquisa”, afirma o professor Tei-xeira. “A instituição de ensino tem como função dar opções e, princi-palmente, quando aceitas pela em-presa, oportunizá-las dentro do viés científico e dentro do viés prático”, independentemente do número de funcionários. Segundo o coordena-dor de Educação Corporativa, o mais importante é gerar conhecimento para a sociedade. “Não se produz ci-ência para o cientista. Se produz ci-ência para a humanidade”, ressalta.

empreender para crescer

A ponte que liga os dois atores sociais (universidades e empresas), além de sólida, também poderia ser mais cur-ta, caso já em sua formação, os bra-sileiros tivessem como incentivo o empreendedorismo. “O nosso estu-dante não é formado para ser um em-presário”, afirma a coordenadora de Empreendedorismo e Incubação de Empresas da UFPR, Eliane Duarte.

Em consequência, os estudantes se formam em profissionais e se esque-cem do caminho de volta, que é a

Engana-se quem pensa que essas parcerias são interessantes somente para grandes empresas

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1. Na redução de custos para a pesqui-sa de um novo produto ou na resolu-ção de um processo interno.

2. Nas linhas de crédito, como Finep ou BNDES, existe a possibilidade de 90% do projeto ser financiado.

3. Na busca por um ambiente favorável à inovação aberta, o que pode gerar lucros e crescimento para a empresa.

InVESTIR EM UM PROjETO jUnTO à UnIVERSIDADE PODE SER InTERESSAnTE PARA A EMPRESA:

4. Na formação continuada de seus colaboradores.

5. Na melhoria da competi-tividade perante o mercado interno e externo.

6. Na contratação de novos talentos.

7. Na contribuição social com a produção de conhecimento.

Para os professores da Federal, é preciso incentivar ao empreendedorismo já na escola básica

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universidade. “A criação da cultura do empreendedorismo nós julgamos muito importante [...] Mesmo por-que isso força ou forçará uma mu-dança de cultura, porque quando se fala em empreendedorismo estamos falando de uma boa concorrência”, salienta Camargo.

“A grande dificuldade dos pesquisa-dores está em até precificar [colocar preço no produto]. Isso gera um con-flito com o empresário na hora de a gente fazer essa aproximação. Essa é uma origem bem maior, que é uma origem de postura dentro das próprias instituições de ensino”.

tempo de maturação

Uma das vigas para que essa pon-te passe a funcionar com eficiência também está no entendimento entre o tempo necessário do projeto para a universidade e para a empresa, conju-gados com investimentos de pessoal das duas partes e financeiro, priori-tariamente das empresas. “São dois times [tempo, em inglês] diferentes”, completa o professor Teixeira.

Para as empresas, o prazo ideal é de alguns dias ou meses para a conclu-são da pesquisa. Já na universidade, “precisa de entendimento, imersão, modo de operação da empresa que precisa ser conduzido, entendido e a evolução”, elenca. Para a universida-de, o prazo é maior, o que leva em torno de um a dois anos. Tempo em que muitas empresas acreditam que não será rentável nem proveitoso.

Para o professor Camargo, essa difi-culdade ocorre, também, pois é pre-ciso haver “uma quebra de cultura. A Universidade Federal do Paraná tem a felicidade de ter pesquisadores de alto nível, inclusive pessoas de ponta de algumas áreas. Esses pesquisado-res precisam ser incentivados a fazer essa aproximação”. O processo é lon-go de transformação, mas necessário, concluem os entrevistados.

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Quanto tempo leva uma pesquisa na universidade?

Uma pesquisa normalmente em um edital, o projeto é de 24 meses. Este é o nosso intervalo. Mesmo assim tem espaço para consultoria em curto prazo para resolver problemas e outra seria um “aculturamen-to” de internalizar as pesquisas nas empre-sas. O Brasil não tem centros de pesquisas muito desenvolvidos, tem pouquíssimos investimentos das empresas em pesquisas e desenvolvimento. A pesquisa é muito cara. A pesquisa acadêmica, até chegar a um produto no mercado, é preciso muitos passos. A inovação começa no mercado, não na universidade. A universidade dá a tecnologia, digamos, e aquele uso diferenciado da tecnologia, por exemplo, é o que vai levar à inovação.

Como resolver a questão do curto prazo das empresas e o longo prazo das pesquisas?

Existe uma série de ações do Governo Federal que busca aproximar o em-presariado desta situação de empreendedorismo, por exemplo. Ao se levar recursos para formar uma empresa nova, assimilar pesquisadores de fato nas empresas, o governo paga bolsas, por meio do CNPq, por exemplo, e algumas ações específicas da Finep também. São editais de subvenção econômica. O governo empresta dinheiro a custo baixo. É difícil, complicado, mas é possível. Existe um mecanismo da Lei do Bem, por exemplo, que não é usado praticamente, e as empresas não colocam, porque ela é muito complicada. O governo colocou, mas ainda tem que ser aberto um pouco mais.

Quais países são referências nestas relações?

Guardadas as proporções, fala-se muito da Coreia. A Coreia é muito pequena para a gente comparar com o tamanho do Brasil. Não tem mercado interno, por exemplo. Mas se a gente prestar atenção nas diferenças de tamanho, por exemplo, a Coreia é um referencial, porque em 25 anos mudou completamente sua cara. Tem muitas patentes, empresas, engenheiros e técnicos, coisa que no Brasil está tentando se modificar. No Brasil, há vinte anos não tinha emprego para engenheiro. Agora está faltando, importando da China e da Índia, e na área de TI também.

Quanto tempo para haver uma mudança cultural?

Vai levar vinte anos para mudar coisas que têm que ser mudadas. Primeira delas, investimento na educação básica, não adianta querer formar engenhei-ros depois. Educação básica, ensino médio, preparação dos alunos para chegar ao técnico, depois chegar ao tecnólogo, depois ao bacharelado, licenciatura, médicos, engenheiros etc. É um processo. Acho que leva uma geração. O Brasil ainda não deu este passo, tá tentando. Já mexeu bastante no lado das universidades. Mas está desbalanceado. Tem que continuar investindo nas universidades e tratar do ensino básico e médio, com força, com vontade.

*Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

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entrevista dr. sérgio scheer

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daqui para frente na CâmaraA crise na Câmara de Vereadores de Curitiba culminou com a renúncia, no mês passado, do vereador João Cláudio Derosso (PSDB); a vitória foi para seu colega de partido, João Luiz Cordeiro

Palácio Rio Branco, sede da Câmara Municipal de Curitiba, foi palco de um acontecimento histórico

no fim do mês passado. Com o discurso de romper a história, o vereador João Luiz Cordeiro, conhecido como João do Suco (PSDB), foi eleito presidente da Câmara de Vereadores com a maio-ria dos votos para um mandato tampão de 11 meses, quebrando a hegemonia de João Cláudio Derosso (PSDB), que estava no cargo há 15 anos.

Em uma votação aberta, 25 vereado-res escolheram João do Suco e 11 vo-taram no candidato da oposição, Pau-lo Salamuni (PV); somaram-se mais duas abstenções.

Apesar da renúncia de João Cláudio Derosso (PSDB), à frente do Legisla-

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política

Arieta Arruda - [email protected]

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O vereador Caíque Ferrante (PRP) atribuiu a um “rolo compressor” sua desistência em candidatar-se à presidência

tivo da Capital, em meio a denúncias de irregularidades, o cargo máximo da Casa foi ocupado por um colega do mesmo partido e já com uma fala de conquista antes mesmo da votação. O que demonstrava sua vitória tranquila e bem costurada anteriormente.

Até mesmo os vereadores da oposi-ção já sinalizavam a dificuldade de uma surpresa na votação. “Muito di-fícil uma virada”, comentou o vere-ador Pedro Paulo (PT), pouco antes da eleição.

João do Suco negou qualquer articu-lação de seu antecessor ou uma inter-ferência da Prefeitura na eleição. No entanto, logo em seguida à vitória, João Cláudio Derosso, que estava sentado em sua mesa no plenário, foi cumprimentado por várias lideranças

que estavam por ali, transparecendo ser uma vitória pessoal. Ao tentar questioná-lo sobre a votação, João Cláudio Derosso se limitou a dizer que não podia dar nenhuma entrevista para a reportagem da MÊS e saiu “à francesa” do plenário.

“Não vejo a interferência. Não houve pressão da Prefeitura”, defendeu-se João do Suco. Entretanto, acusações não faltaram de seus colegas. “Por parte da Prefeitura, até onde eu sei, alguns vereadores foram chamados a conversar, alguns vereadores que dependem um pouco de obras, de benesses para as suas comunidades. Pressuponho que essas pessoas pu-dessem ser prejudicadas [...] Optei por sair do pleito e não prejudicar ninguém”, disse o vereador Caíque Ferrante (PRP), ao explicar os moti-vos que fizeram retirar sua candidatu-ra na última hora.

Em seu discurso, chamou de “rolo compressor” os oposicionistas à sua candidatura. Pela primeira vez, “o que eu senti foi que colegas que ha-viam se comprometido comigo, vie-ram me procurar dizendo que esta-vam sofrendo pressão, não só do seu partido, como também da Prefeitura”, analisou Ferrante.

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oposiçãoPara Paulo Salamuni, mesmo com a derrota, o resultado indicou certa mudança na Casa com a votação de um terço em seu nome. “Na política como na vida, às vezes, a gente perde ganhando e ganha perdendo. Eu per-di a eleição, mas me sinto um vito-rioso pelo processo”, diz. Alguns de seus pares também avaliaram como positivo esse embate menos fechado, como se via antes na Casa, quando os vereadores da situação dominavam as votações com ampla maioria.

daqui para frente

João do Suco, que era líder do pre-feito Luciano Ducci (PSB) na Casa, vai passar essa função para Roberto Hinça (PSD). Suco terá pela frente menos de um ano para imprimir sua gestão que denominou de mais trans-parente. “Eu sou o João. O João do Suco. Uma outra pessoa. Um outro modelo. Outra liderança”. Afirmou ainda que vai fazer uma auditoria na Câmara para posteriormente implan-tar um plano de ações ao longo de seu mandato.

Citou também que pretende implantar a TV Câmara, rever junto ao Ministé-rio Público (MP) a questão da demis-são de funcionários comissionados, substituir os colaboradores da presi-dência para os de sua confiança. Pro-meteu ainda: “Não vou impedir em nenhum momento essa investigação que chega até o final, seja positivo ou negativo”, referindo-se à investiga-ção de João Cláudio Derosso no MP e no Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR). Já de sua parte, afirmou: “Não tenho nada que esconder”.

Além do mandato tampão, Suco adiantou que vai trabalhar forte por sua reeleição. “Não vejo dificuldades, que com trabalho, e quero fazer com mais trabalho ainda, a reeleição”, ad-mitiu João do Suco.

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neste mês, Pt pode definir o rumo das eleições

Partido realiza Encontro Municipal no fim de abril para decidir se irá lançar candidato próprio ou coligar

ste mês de abril pode mudar o rumo político das eleições municipais de Curitiba. No último

final de semana do mês, o Parti-do dos Trabalhadores (PT) defi-nirá se lançará candidato próprio para a Prefeitura da Capital ou se irá coligar com outro partido. Na lista dos possíveis partidos e candidatos, Gustavo Fruet (PDT) lidera, mas o PT também não des-carta uma conversa com o Rati-nho Júnior (PSC) e Rafael Greca (PMDB), que também são da base aliada do Governo Federal.

“Nós avaliamos a conjuntura do passado, nos localizamos na atu-al e o campo majoritário decidiu fazer uma discussão mais ousada na defesa de uma aliança, pre-ferencialmente com o PDT, até porque na eleição passada o PT já saiu apoiando o Osmar Dias”, afirma a presidente municipal do PT, Roseli Isidoro. A presidente avalia a coligação como a melhor opção no momento para o parti-do. “Em Curitiba, as candidaturas apresentadas, sem demérito a ne-nhum candidato, não têm legiti-midade para fazer esse movimen-to”, diz.

nomes lançados

Apesar dessa definição do campo majoritário do partido, dois depu-tados já colocaram o nome como possíveis candidatos à Prefeitura: Dr. Rosinha e Tadeu Veneri. O

edeputado federal Dr. Rosinha diz acreditar que “o PT é o único par-tido que tem apoio nacional, maior tempo de TV e o único, principal-mente, para expor uma proposta nova de gestão para a Capital. En-tendo que os cidadãos curitibanos estão cansados desse modelo de gestão: centralizado, burocrático, sem a presença popular”.

Para os dois políticos, o partido tem sim condições de lançar can-didatura própria competitiva. “Se não tivesse tido expressão, o Va-nhoni não teria ido duas vezes ao segundo turno e perdido a eleição por 20 mil votos. Se não tivésse-mos expressão, há tanto tempo não teríamos vereadores, deputados, uma senadora. O partido de fato que tem expressão é o PT”, afirma o deputado estadual Tadeu Veneri.

Caso os petistas coliguem com outro partido, o vice deverá ser do PT. Alguns nomes já foram lança-dos. Lideranças do campo majori-tário se dividem em sugerir uma figura feminina e outros preferem como vice um homem.

O Encontro Municipal do PT que definirá os rumos do partido nas eleições de Curitiba será nos dias 27 e 28 de abril, mas no dia 15 já ocorrerá eleição dos delegados. Neste dia, “já posso te adiantar que a gente tenha o resultado do que será a possível decisão. Como é o dia da escolha dos delegados e são apenas duas chapas, a chapa vencedora já sinalizará o resultado do Encontro”, explica Roseli.

Mariane Maio - [email protected]

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• Banca da Praça Osório • Banca da Praça da Espanha • Banca da Praça da Ucrânia • Banca da Praça de santa Felicidade • Brioche Pães e Doces | 3342-7932. Av. 7 Setembro, 4416 | Centro • Delícias de Portugal - 3029-7681. Av. 7 de Setembro, 4861 | Batel• John Bull Café - 3222-7408. Rua Comendador Araújo, 489 | Batel • Pata Negra - 3015-2003. Rua Fernando Simas, 23 | Batel • Panificadora Paniciello - 3019-7137. Av. Manoel Ribas, 5965 | Cascatinha • Panettiere - 3014-5334. Av. Cândido Hartmann, 3515 • Madalosso - 3372-2121. Av. Manoel Ribas, 5875 | Santa Felicidade • Vinhos Durigam - 3372-2212. Av. Manoel Ribas, 6169 | Sa Felicidade• Dom Antônio - 3273-3131. Av. Manoel Ribas, 6121 | Santa Felicidade • Tizz Café - 3022-7572. Al. Doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel• Academia Gustavo Borges - 3339-9600. Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira • Adega Brasil - 3015-3265. Av. Cândido Hartmann, 1485 | Mercês • Kauf Café - 3015-6114. Al. Dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro • Cravo e Canela Panificadora - 3015-0032. Rua jacarezinho, 1456 | Mercês • Babilônia - 3566-6474. Al. Dom Pedro II, 541 | Batel • Cravo e Canela Panificadora - 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom Retiro

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Pontos de distribUiçÃo

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sobre a política

A criatura e o criador

Até que ponto políticos têm capacidade de transfe-rir prestígio e intenções de votos para outros? Em que medida um administrador bem avaliado pode emprestar sua aprovação para alavancar a eleição de um correligionário? Muitas variáveis precisam ser observadas para responder a essas questões.

Uma delas é se ambos disputaram o mesmo cargo. Penso que a transferência de votos, assim chamada por quem vive campanhas eleitorais, se dá de forma mais fácil e consistente quando o apoio dirige-se ao sucessor. Ou seja, como aconteceu com a presi-denta Dilma e o ex-presidente Lula. Dilma ao se apresentar como candidata a presidenta estava, na verdade, se apresentando como depositária do papel de continuar aquilo que Lula estava fazendo. Nada mais natural do que o eleitor considerar o grau de confiança no antecessor e agregar isso na sua avalia-ção a respeito da candidatura apoiada por este.

Mas esta transferência deve ser muito mais relativizada quando busca-se emprestar apoio a candidatos que disputam outras esferas de poder.

Isso quer dizer, quando um presidente (ou presi-denta) da república busca apoiar um candidato a governador ou a prefeito ou um governador a um candidato a prefeito ou mesmo a presidente.

Nesses casos, penso que a transferência de pres-tígio não se dê na forma direta e pessoal. Aqui a racionalização pelo eleitor é muito maior. A equação construída na cabeça de quem escolherá o representante para o cargo apoiado leva muito mais em conta seus interesses.

Por isso, imagino que todo o esforço que o gover-nador Beto Richa está fazendo ao construir sua

agenda, focado exclusivamente em acompanhar o prefeito Luciano Ducci, terá um resultado muito menor do que muitos possam imaginar. Do ponto de vista do ganho político arrisco em afirmar que o governador terá muito mais perdas do que ganhos. Prefeitos e outros correligionários do interior do Estado já perceberam que ficarão em segundo plano no processo eleitoral. Assim como os próprios eleitores.

Por mais que o governador e seus estrategistas acreditem que o eleitor da Capital possa querer eleger uma pessoa sem personalidade para governar o seu futuro pelos próximos quatro anos, imagino que esse caminho seja absoluta-mente arriscado e incerto. Primeiro, pelo fato de que Beto Richa não é Lula e, segundo, que as pessoas não estarão avaliando o governador da Capital, mas sim quem eles querem sentado na cadeira de prefeito. E o mais importante: tenho a certeza de que os curitibanos não pensam que a prefeitura de Curitiba seja um teatro de espetá-culo de marionetes.

Mas estratégias eleitorais também costumam ser apostas. E é isso talvez que criador e criatura estejam fazendo. Apostando. Pagando para ver.

Esperamos o dia 07 de outubro para avaliar o grau de acerto. Até lá, cabe a nós acompanhar.

Do ponto de vista do ganho político, arrisco em afirmar que o governador terá muito mais

perdas do que ganhos

Por Tiago Oliveira [email protected]

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24 | REVISTA MÊS | ABRIL DE 2012

iferentemente do filme “Cara, cadê meu carro?”, comédia que narra a saga de dois amigos que pro-

curam o carro furtado, ter o veículo levado pelos bandidos não é nada agradável. Pior ainda quando acon-tece junto com sequestro. Foi essa experiência que o microempresário Maurício Aparecido de Almeida (35) passou. “Era quase meia-noite de uma terça-feira, estava na frente da casa da minha amiga, na Vila Fany,

Com mais de 1,2 milhão de veículos (23% da frota estadual), o número de veículos roubados ou furtados em Curitiba representa 43% de todo o Paraná

d

Cadê meu carro?!tomando cerveja e conversando ao lado do carro (este com a porta aber-ta). Na hora de ir embora, três pesso-as deram voz de assalto”.

Na época, ele tinha um Gol G3, ano 2003, “com rodas de Golf e um son-zinho bacana”. Além de ter o carro roubado, Maurício e sua amiga foram sequestrados. Abaixados no banco de trás, pelo que percebeu, os sequestra-dores desmancharam o Gol em um lugar fechado. Tiraram os pneus e partes do motor foram retiradas num lugar ermo de Araucária, onde o casal foi deixado. “Teve um momento que pensei ser o fim. Foram poucos se-gundos, mas minha vida inteira pas-sou diante dos meus olhos”.

O caso de Maurício ocorreu há cinco anos e entra na estatística dos milha-res que ocorrem todos os anos. Dados

da Secretaria de Segurança Pública do Paraná mostram que no ano pas-sado, somente em Curitiba, foram registrados mais de 8,3 mil casos de furtos ou roubos de veículos. Desses, 4,1 mil foram solucionados. Nas de-mais cidades paranaenses foram pou-co mais de 10 mil ocorrências, sendo 5,9 mil elucidadas. Com uma frota que representa 23% dos veículos do Estado, a Capital registra 43% desses crimes em todo o Paraná.

Os motivos que levam este tipo de de-lito são os mais variados. “Tem gente que registra queixa, porque sabe que o valor do seu veículo está abaixo da tabela; casos em que o assaltante pas-sa o fim de semana com o carro; mui-tos são utilizados em outros roubos ou para trazer produtos do Paraguai; outros são clonados e cerca de 40% serve para abastecer o mercado de pe-

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

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ças”, explica Marco Antônio de Goes Alves, delegado da Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba.

No caso do furto, os veículos mais procurados, em Curitiba, são os po-pulares como Gol, Palio e Celta. Os mais roubados são as caminhonetes, Civic, i30 e Fusion. Os bairros mais perigosos na Capital, em relação a furtos, são Água Verde e Centro. Já os roubos acontecem, em sua maio-ria, na Cidade Industrial (CIC), Bo-queirão e Pinheirinho.

mercado de Peças

No mercado de peças usadas, a gran-de maioria das lojas compra veículos legais em leilões ou de seguradoras. Quando vendem alguma peça é dado “baixa” na relação de peças do veí-culo. “Muitos trabalham na legali-dade. Nossa Delegacia fiscaliza pe-riodicamente as lojas. Recentemente prendemos um lojista vendendo pe-ças roubadas. O que acontece é que o produto é colocado na prateleira e não tem como identificar se é ilegal”, admite o delegado.

Quem pensa em comprar peças usa-das em Curitiba logo vem em mente a Avenida Salgado Filho, no bairro Uberaba. São dezenas de lojas que vendem os mais variados produtos. É

difícil saber o que é legal ou rouba-do. Ao visitar alguns estabelecimen-tos, a reportagem da MÊS recebeu a proposta para comprar um aparelho de som seminovo, com mp3, por R$ 100. “O produto é quente! Coloquei um aparelho de DVD no carro da mi-nha esposa e este está sobrando”. O aparelho não se encontrava na loja e ficamos na dúvida de sua procedência.

dicas de segurança

Em Curitiba, a probabilidade de ter seu veículo roubado ou furtado é de 0,6%. “A melhor dica de segurança é entregar o veículo. A chance de ser recuperado é de 50%”, enfatiza Alves. Outra sugestão é evitar fi-car dentro do carro com ele parado, como aconteceu com Maurício. “Os bandidos passam e olham o movi-mento. Caso nada chame a atenção vão procurar outra oportunidade”. Em movimento, o delegado aconse-lha estar com os vidros fechados e atento às movimentações.

O melhor remédio para a prevenção do furto é estacionar o carro em um estacionamento e colocar o maior nú-

mero de itens de segurança possível. Este mercado oferece uma grande variedade de opções. “Hoje algumas seguradoras têm, em regime de co-modato, um rastreador. Outras fazem uma ‘vacina antifurto’ que consiste em marcar a placa, o chassi e algu-mas partes, como os vidros. Outra precaução são os equipamentos que bloqueiam a ignição ou a alimentação do combustível”, explica o corretor de seguros Nivaldo Almeida.

Maurício e sua amiga aprenderam a lição. “Em pouco mais de duas horas levaram cerca de 60% do meu carro. A seguradora pagou a porcentagem roubada. Vendi os 40% que restou e quitei as prestações”. Após o roubo, o susto ainda permanece. Hoje acon-selha: “Não ter celular caro, andar só com o necessário na carteira, manter apenas um cartão e não colocar equi-pamentos que chamem a atenção”.

O bairro Água Verde e o Centro são as regiões em que acontecem mais

furtos em Curitiba

diFerençAs entre FUrto e roUboFURTOApoderar-se de (coisa alheia) contra a vontade do dono, mas sem que este o saiba

ROUBOSubtrair para si (coisa alheia mó-vel) com o uso da violência contra o dono

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Fonte: Dicionário Michaelis

“A melhor dica de segurança é entregar o veículo. Não vale a pena correr risco”, diz o delegado

Após roubo e sequestro, Maurício passou dois anos sem sair de casa à noite

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lém de Educação e Saú-de, a Segurança é um dos temas que mais preocupa a população. Depois de

ganhar visibilidade nacional no au-mento dos índices de criminalidade

Apesar de aprovado o projeto da Segurança pelos moradores em Curitiba, motivos que levaram a Unidade Paraná Seguro a ser implantado no Uberaba deixam dúvidas

A

implantação do Paraná seguro levanta suspeita eleitoreira

no Paraná, o Governo do Estado lan-çou no ano passado o Programa Pa-raná Seguro. Mas só no mês passado é que o Programa ganhou mais des-taque com a implantação da primei-ra Unidade Paraná Seguro (UPS), no Bairro Uberaba, em Curitiba, que emabril completa um mês de atividade.

Paraná Seguro tem como base o po-liciamento comunitário em bolsões de pobreza e a reestruturação dos ór-gãos de Segurança do Estado, como o IML, o sistema prisional, a Polícia Militar e Civil; a criação de setores, como a Ouvidoria e o Fundo para a Segurança. O governador Beto Richa

Mariane Maio - [email protected] Arieta Arruda - [email protected]

prometeu investir mais R$500 mi-lhões nos recursos da Segurança ain-da em 2012, e dobrar o orçamento até 2014, final de seu mandato.

No primeiro dia de março, uma força--tarefa foi realizada no bairro Ubera-ba, uma região onde não se chamava a atenção por sua criminalidade, o que levantou a suspeita de a ação ter sido estratégia eleitoreira. Bairros de Curitiba, como Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e cidades como Co-lombo, Almirante Tamandaré e São José dos Pinhais apresentavam mais preocupação em relação à Segurança do que o Uberaba.

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Entretanto, para justificar a escolha, o secretário de Segurança do Estado, Reinaldo de Almeida César, disse que “o Uberaba tem um índice eleva-do de criminalidade e aumentou nos últimos tempos. Como era a primeira unidade, seria muita ambição da nos-sa parte, por exemplo, de fazer na Ci-dade Industrial de Curitiba, onde têm 200 mil pessoas morando. Seria uma temeridade começar por uma área tão extensa”, explica.

Mesmo tendo aprovado a instalação da UPS no bairro, José Aparecido Dudu da Silva, presidente do Con-selho Comunitário de Segurança (Conseg) do Uberaba, também con-corda que a imagem passada na mí-dia sobre a violência no Uberaba não correspondia à realidade. “Provavel-mente, eles fizeram a estatística de uma região pequena, não fizeram do Uberaba todo. O bairro é um local bom de se morar”. O motivo de o bairro ter sido escolhido pode ter re-lação com a Copa do Mundo (2014). “Por ser uma região estratégica pró-xima do aeroporto, entrada e saída de turistas, eu acho que nós fomos privilegiados”, diz.

Opinião também compartilhada pelo professor de Direito da Universidade Federal do Paraná e membro do Cen-tro de Estudos em Segurança Pública em Direitos Humanos, André Giambe-rardino. “Em nossa análise, estão pla-nejando ocupar regiões sensíveis da chegada de turistas, perto ao aeropor-to”, para “limpar” a cidade próxima à Avenida das Torres, onde passarão muitos turistas. As outras áreas com maiores índices de criminalidade não interessariam, pois não são visíveis aos turistas, aponta Giamberardino.

Para o secretário de Segurança, a che-gada da UPS nesses bairros e cidades é apenas uma questão de tempo. Mas afirmou várias vezes em entrevista ser uma questão do envolvimento das pre-feituras para levar adiante o Programa para outras cidades que não Curitiba.

Por enquanto, a meta do governo é instalar 10 UPS neste ano em Curitiba e não tem data, nem outros endereços certos para ampliar as unidades da UPS em outras cidades do Estado, apesar de ser um Programa para todo o Estado. “A UPS é um projeto para grandes ci-dades que têm regiões e bairros com maior vulnerabilidade. A primeira coi-sa que precisa ter é o comprometimen-to da Prefeitura. Assegurando políticas públicas, serviços. Aqui em Curitiba, o Prefeito Luciano Ducci encampou a ideia da UPS”, explica.

Para o secretário Reinaldo de Almeida César, seria uma temeridade a 1ª UPS começar na CIC

José Aparecido Dudu da Silva, presidente do Conseg do Uberaba, diz que há um exagero na imagem passada da violência do Uberaba

Esse forte estreitamento entre os go-vernos municipal e estadual em pleno ano eleitoral é, no mínimo, oportuno. Já que o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), trabalha pela reeleição e é apoiado pelo governador Beto Richa (PSDB). A próxima cidade a receber a UPS ainda este ano pode-rá ser Londrina, é o que confirmou o subcomandante-Geral da Polícia Miliar, Coronel Cesar Alberto Souza e coordenador-geral do Programa Pa-raná Seguro. A cidade de Londrina é outro curral eleitoral do governador.

Mais uma evidência disso, é a escolha da cidade de Londrina para receber um grande pacote de segurança. “Co-meçamos por Londrina, a verdadeira revolução na segurança do Paraná. É um pacote de investimentos grande que irá garantir mais segurança ao ci-dadão. Essa área é tratada como prio-ridade absoluta do nosso governo”, disse o governador à Agência Estadual de Notícias no fim de março. Londrina ganhará construção de novo Instituto Médico Legal (IML), sede da Polícia Civil (Delegacia Cidadã) e comando regional da Polícia Militar.

Representantes do Conseg não assumi-ram oficialmente terem percebido um caráter eleitoreiro na instalação da UPS no Uberaba, porém, informalmente

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UberAbA

A REPORTAGEM DA REVISTA MÊS ESTEVE nO BAIRRO UBERABA PARA COnSTATAR A ATIVIDADE DA UnIDADE PARAná SEGURO (UPS) E COnVER-SAR COM MORADORES. VEjA COMO É A UPS E A OPInIÃO DOS MORADORES SOBRE A AÇÃO.

Mais de cinco mil pessoas e veículos foram abordados na operação do dia 1º de março. Foram 34 mandados de se-gurança cumpridos, com a prisão dos principais traficantes e criminosos da área de Uberaba. No dia 08 de março, na região, foi instalada uma unidade fixa da UPS, com 65 poli-ciais se revezando, desde então, no policiamento do local.

A atuação da UPS fica restrita a apenas uma parte do bairro. A Rua Zacarias Gomes de Souza, BR 277, Avenida Das Torres e Rio Iguaçu delimitam o espaço. “O maior problema era o Uberaba de baixo, onde algumas vilas estavam com violência instalada, duas grandes quadrilhas, uma de cada lado da linha ferroviá-ria, estavam impedindo a instalação de programas que a Prefeitura tinha desejo de instalar, porque a violência dessas gangues estava impedindo”, afirma o subcomandante-geral da PM, Coronel Cesar Alberto Souza.

Hoje, com a UPS instalada, o policiamento comunitário está começando. “Na casa, no comércio, quando está passando na rua. A gente está criando um elo com essas pessoas”, explica a tenente Caroline Costa, responsável pela UPS do Uberaba, referindo-se ao trabalho inicial da unidade pacificadora.

“Existem algumas pessoas que estão receosas, por esse contato da Polícia. Não estavam acostumadas a falar com policial. Por isso, aos poucos a gente vai quebrando esse estigma da pessoa, demonstrando que o policial é uma pessoa que ela pode confiar. Outras pessoas estão bem mais receptivas, elas vêm até aqui, procuram o policial na viatura e relatam os problemas de segurança. E isso facilita muito nosso trabalho, porque a gente pode ser específico e não empírico”, completa a tenente.

A equipe da MÊS esteve no local e constatou que o poli-ciamento é efetivo. No mesmo dia foi possível cruzar com uma blitz para carros e motos, uma Unidade Móvel em uma avenida movimentada do bairro e diversas viaturas circulando pelo local. Em conversa com os moradores e comerciantes, o otimismo é geral. “Eles [policiais] andam passando direto. Antes você via uma viatura na vida,

outra na morte. Eu espero que melhore pra sempre, a gente sempre tem fé”, diz o comerciante Élio Ortiz Bernal Jr., que comprou uma venda no local há oito meses e já teve o comércio arrombado.

Outra comerciante que ficou bastante animada com a presença dos policiais foi Maristela Santine Guelen, mo-radora do bairro e dona de um supermercado há 16 anos. “O pessoal entrava com revólver na mão. Agora deu uma acalmada, porque a coisa tava feia. Pra nós, foi bom. A po-lícia passa direto e os vagabundos sumiram por enquanto. Tomara que não voltem”, afirma.

No entanto, no dia da Operação a polícia foi protagonista de “várias arbitrariedades que foram praticadas”, afirma a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção Paraná da OAB, Isabel Mendes. “Isso aí é mais comum do que a gente pensa”. Para ela, o maior problema

é ainda o medo de as pessoas denun-ciarem os abusos. “O que acontece é o temor, o medo”, analisa.

Um desses casos ganhou as páginas da imprensa de Curitiba. O serven-te de pedreiro Ismael Ferreira da Conceição que sofreu tortura por parte

dos policiais militares no dia 1º de março. A PM investiga o caso e já apontou dois policiais sob suspeita dos abusos. Segundo o subcomandante-geral da PM, Coronel Cesar Alberto Souza, o fato ocorreu no bairro Cajuru e não no Uberaba, como na época havia sido divulgado.

Para denunciar outros casos, existe a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná, no telefone (41) 3250-5700. Ou denuncie no Ministério Público do Paraná no (41) 3016-8693 e na Secretaria Na-cional de Direitos Humanos no Disque 100.

65 policiais militares fazem o policiamento de parte do Uberaba, atendida pela UPS

‘‘OS VAGABUnDOS SUMIRAM POR EnQUAnTO.

TOMARA QUE nÃO VOLTEM”

Maristela Guelen

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disseram que com “essa aproximação do governo municipal e estadual” fi-cou tudo mais fácil. Nesse quesito, a

população do bairro também confes-sa ter receio. Os moradores que con-versaram com a MÊS temem que a

operação seja apenas algo passageiro, que não dure por muito tempo, princi-palmente, depois das eleições.

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declaração de Imposto de Renda (IR) já faz parte do calendário dos brasi-leiros. Entre primeiro de

março e 30 de abril deste ano todos os cidadãos com renda superior a R$ 23.499,15, relativa ao ano anterior, têm de acertar as contas com o leão. Atualmente, com o processo todo informatizado, ficou mais fácil de o contribuinte fazer sozinho sua de-claração. Mas alguns cuidados ainda precisam ser observados.

O empresário da área de contabilida-de e professor do curso de Ciências Contábeis da UniBrasil, Eugênio Romaniow, afirma que o primeiro cuidado que os contribuintes devem ter é com o prazo legal para a entrega das informações (até 30/04), pois há alguns anos já não se faz mais prorro-gação da data limite.

Dois programas devem ser baixados do site da Receita Federal no com-putador do contribuinte. Um deles é para o preenchimento do Imposto de Renda e ainda o ReceitaNet que é programa que envia a declaração, explica a coordenadora do Programa “Amansando o Leão” da FAE, Maria do Carmo Godoy Ehlke.

25 milhões de brasileiros devem realizar a declaração do Imposto de Renda em 2012; saiba como fazer sua declaração

A

Acertando as contas com a receita

economia

Iris Alessi - [email protected]

imPosto de rendA

QUEM TEM DE DECLARAR

Rendimento maior de R$ 23.499,15;

Quem tem rendimento de aplicação financeira que é de retenção exclusiva na fonte;

Outros tipos de investimentos não-tributáveis isentos superiores a R$ 40 mil;

Patrimônio avaliado acima de R$ 300 mil;

Quem tem atividade rural e teve rendimento bruto superior a R$ 117.495,75;

Quem tem atividade rural e teve prejuízo e pretende compensar esse prejuízo nessa declaração ou no futuro;

Venda ou alienação de bens durante o ano.

Fonte: Receita Federal

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PreenchimentoUma dica de Maria do Carmo é que o contribuinte fique atento ao preen-chimento dos dados pessoais, princi-palmente, o endereço físico. “Porque a Receita não manda e-mail para nin-guém.” Após completar essas informa-ções, é preciso preencher, também, in-formações sobre a ocupação principal.

O próximo passo é informar os de-pendentes do declarante. Nesse pon-to, tanto Maria do Carmo quanto Romaniow, ressaltam que as pessoas precisam tomar cuidado em quem são os dependentes do declarante. “São pessoas que ele sustenta, ou que vi-vem as suas custas, que paga escola”, detalha Maria do Carmo.

Para se beneficiar das deduções legais, podem ser declarados como dependen-tes, além de esposa ou esposo, filhos (até 21 anos ou até 24 se estiver em cur-so superior), em caso de casais homoa-fetivos, pai e mãe. No entanto, o con-tribuinte precisa atentar para que caso um desses dependentes tenha alguma renda, esta também precisa constar.

deduções

Outras deduções podem ser feitas com declarações de despesas médi-cas. Para isso, Romaniow indica que devem ser observados alguns crité-rios para que o contribuinte não tenha problemas mais tarde. “A pessoa que tem dedução de despesas médicas, quando ela for prestar um serviço com um profissional (médico, dentista, fi-sioterapeuta) observar no recibo se consta o CPF do prestador de serviço e o registro do Conselho de classe.” O número do CPF precisa ser preen-chido durante a declaração. Também existe a dedução com educação. So-mente podem ser deduzidos valores com educação básica, fundamental, médio, superior e pós-graduações.

Uma novidade será a contribuição deste início de ano valer para a dedu-

lados são de tributações exclusivas e não existe restituição, explica Maria do Carmo.

Já os planos de previdência se encai-xam em outro parâmetro. Atualmen-te, existem dois tipos de plano: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Os planos devem ser declara-dos nos pagamentos e doações, onde também são feitas as declarações com gastos em saúde, empregados domés-ticos, advogados, aluguéis, entre ou-tros. Nos planos VGBL, o pagamento do IR será feito somente sobre o ren-dimento no saque. “Ele vai entrar na declaração de bens como uma aplica-ção”, afirma Maria do Carmo. Já no PGBL, os depósitos são dedutíveis até 12% do imposto do contribuinte, no entanto, esse contribuinte vai pa-gar no saque o imposto sobre o mon-tante geral.

Para que não incorra em erros, o con-tribuinte que tiver dúvidas sobre a de-claração deve procurar um profissio-nal especializado. Ao todo, a Receita estima que 25 milhões de brasileiros devam realizar a declaração até o fi-nal do mês.

ção do ano anterior. Este tipo poderá ser feito se o contribuinte, como pes-soa física, doar parte do imposto para fundos dos direitos da criança e do adolescente feitas entre primeiro de janeiro até 30 de abril, que é o último dia da declaração “desde que limitada a 3% do imposto devido, observando o limite global de 6% para as deduções de incentivo”, diz a instrução norma-tiva da Receita Federal. “Seria uma maneira de as pessoas olharem a par-te social, contribuírem para os fundos municipais da criança e adolescentes, ou estaduais, e seria uma atitude bas-tante importante para o desenvolvi-mento dos projetos dentro do muni-cípio”, observa Eugênio Romaniow. Em Curitiba, por exemplo, é possível direcionar para entidades pelo site: criancaquerfuturo.curitiba.pr.gov.br

Fazer em casa

O aposentado Romualdo Gabardo Corrêa faz a declaração do imposto de renda anualmente em casa. Ele afirma que o programa da receita é de fácil entendimento e que leva em tor-no de 30 minutos para preencher todo o formulário. Para que o tempo não seja muito longo, Corrêa tenta reunir durante o ano todos os documentos numa única pasta para não perder nenhum papel, mas revela ser esta a maior dificuldade.

Em todos os anos, o único ponto que Corrêa teve dúvidas foi sobre o preen-chimento em relação a ações que ele tinha comprado. “Eu não sabia exa-tamente onde colocar essa parte de ações e outro esquema é o de previ-dência privada. [...] O restante é bem simples. Não tem segredo nenhum.”

Ações e previdência

As declarações que geraram dúvidas em Romualdo, como os ganhos na venda de ações e também de bens, ganho de capital e moeda estrangei-ra, prêmios de loterias, décimo ter-ceiro salário e rendimentos acumu-

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SAIBA QUAIS SÃO OS ERROS MAIS COMUnS DA DECLARAÇÃO

Com base nos números das decla-rações de 2011/2010, os maiores erros dos contribuintes nas decla-rações do Imposto de Renda foram as omissões de rendimentos como assalariados, de aluguéis, entre outros. O assistente da Superin-tendência da Receita Federal da 9ª Região, Vergilio Concetta, informa que estes números chegaram a 52%. Além das omissões, o contribuinte deve ficar atento às declarações com gastos em saúde. Todos os erros cometidos na declaração são passíveis de retificações após a entrega da declaração.

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valor do frete ferroviá-rio é em média 3% mais caro que o frete rodovi-ário no Paraná. Essa é

a principal constatação dos números preliminares com base em dados de 2010 do estudo contratado pela Fe-deração da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), junto ao Grupo de Pes-

Conjunto de itens que compõe o frete ferroviário é mais caro que o rodoviário no Paraná, esses são os primeiros resultados de pesquisa que vai mapear o valor do frete no Estado

o

o “peso” do transporte de cargas

quisa e Extensão em Logística Agroin-dustrial da Escola Superior de Agri-cultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log), chamado de Projeto Jamaica.

O valor pode parecer irrisório à pri-meira vista. Mas na ponta do lápis veja como pode ficar. Por exemplo, se um produtor gasta por ano R$ 100 mil para transportar sua carga, ele vai gastar R$ 3 mil a mais, quando acrescentados os

agropecuária

3% no transporte rodoviário. Verba que poderia ser destinada para outras ativi-dades, como compra de sementes, fer-tilizantes e manutenção de máquinas.

Dentro deste custo não está apenas o transporte propriamente dito realiza-do pelos dois modais. A economista e coordenadora-administrativa da Esalq-Log, Priscilla Biancarelli Nu-nes, explica que dentro da composição

Iris Alessi - [email protected]

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do frete ferroviário há diversos custos como a ponta rodoviária, custos de transbordo, além do próprio frete.

O estudo que está sendo realizado pela Esalq-Log é um material para que os produtores possam ter argumentos para dialogar com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão responsável por regulamentar o setor. “Nós queremos que nos digam qual é o real custo do frete de um tre-cho”, explica o engenheiro agrônomo da Faep, Nilson Hanke Camargo.

Pedra no sapato

Camargo afirma que o transporte e a logística das cargas do agronegócio são hoje “a grande pedra no sapato”, pois o produtor rural está perdendo receita em decorrência desses altos custos. Ao todo, participam 22 em-presas do agronegócio paranaense, que se disponibilizaram a contribuir com informações para a pesquisa.

A expectativa é que o estudo seja fi-nalizado em maio. A entidade quer com isso que a ANTT “se volte para essa questão e veja claramente que as concessionárias estão cometendo um abuso de preço”, enfatiza Camargo. Ele ressalta a importância que o Pa-raná e o agronegócio paranaense têm no País. Camargo lembra que não é papel da entidade e nem dos agricul-tores melhorarem a infraestrutura do transporte, mas como a situação está “muito grave” para os produtores esse envolvimento é necessário.

“A competitividade das ferrovias den-tro do tempo que nós analisamos, com aqueles produtos, com as empresas participantes do projeto esteve deixan-do a desejar. O transporte modal rodo-viário foi mais barato, em média, que o da ferrovia”, completa Priscilla.

Frete

A economista avalia que apesar de ser composto por outros fatores, o valor

que mais pesa nessa composição é o do frete em si, que representa cerca de 70% do custo do transporte fer-roviário. “É claro que o transbordo e a ponta também têm influência no preço, mas como o transporte ferro-viário é mais significativo, qualquer redução em cima desse valor poderia gerar um ganho e tornar mais viável o modal para o sistema.”

O modelo de concessão brasileiro é apontado por Priscilla como o prin-cipal problema. Junta-se a isso, o nú-mero reduzido de ferrovias e a opera-ção na mão de apenas uma empresa. Por isso, o trabalho vem sendo rea-lizado junto a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para tentar melhorar o sistema, salienta. “É um assunto que beneficia todos os graus da sociedade e não só o agrone-gócio e não só o industrial. O Brasil tem tamanhos continentais, tem uma peculiaridade muito grande para po-der usar a ferrovia. A gente precisa melhorar o uso desse modal”.

impacto

O impacto de um frete mais barato atingiria diretamente a rentabilidade dos produtores paranaenses. Como os preços das commodities agrícolas são fixados em bolsas de valores, os pro-dutores não podem escolher quanto vão cobrar pelo seu produto. “O pre-ço é dado. A receita é o prelo versus o que ele produz com todas as influên-cias climáticas etc. Então, tudo o que você vem descontando desse preço é o que chega menos no bolso dos empre-endedores brasileiros. Você desconta gasto com logística, tanto gasto por-tuário, quanto gasto terrestre (rodovia e ferrovia), tudo isso você vai tirando

da lucratividade dos produtores. Dos produtores e dos intermediários dessa negociação”, salienta Priscilla.

No Paraná, quase 90% das ferrovias são operadas pela América Latina Lo-gística (ALL), apenas um trecho entre Cascavel e Guarapuava é operado pela Ferroeste. De acordo com a nota divul-gada pela ALL, é importe considerar as diferenças no cálculo quando se com-parar os fretes rodoviário e ferroviário.

“No rodoviário, a principal variável é a distância percorrida. No ferroviário, leva-se em conta outras dois fatores significantes: volume e sazonalidade da carga. Além disso, o transporte das cargas do agronegócio é negociado em contratos anuais ou de longo pra-zo, com fretes sazonais ao longo do ano, que garantem competitividade para o cliente durante todo o perío-do do contrato e ainda a garantia do transporte”, informa a nota. A empre-sa afirma que o volume transportado cresce, em média, 10% ao ano e que a participação nos portos do Sul do Brasil é superior a 60%.

O transporte e a logística das cargas do

agronegócio são hoje “a grande pedra no sapato”,

afirma Camargo

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“A competitividade das ferrovias esteve deixando a desejar”, avalia Priscilla

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Frete que depende da demanda

O engenheiro agrônomo da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo, é responsável pelo assunto de Infraestrutura de Transporte dentro da entidade e tem uma missão difícil para perseguir junto aos produtores. Trabalhar pela redução de custos de frete, principalmente do ferroviário, que hoje é pouco viável para os produtores paranaenses, mas muito interessante para a redução de custos

Quais as principais diferenças de valores para se transportar cargas na rodovia e na ferrovia?

Tudo depende da oferta, procura e de-manda do frete. Se o frete ferroviário é bastante procurado, eles jogam lá para cima e fazem sempre assim, pelo me-nos 80% do valor do frete rodoviário. Então, fica um sobe desce conforme o frete rodoviário.

É por causa dessa gangorra de pre-ços que o transporte rodoviário aca-ba sendo mais barato?

O modal rodoviário é muito mais fácil de ser usado. O Brasil preteriu o trans-porte ferroviário em favor do transpor-te rodoviário em função dos anos 50, que o Juscelino [Kubitschek] tinha a política dele. Isso está refletindo hoje no grande problema que nós estamos tendo. Aqui no Paraná, são escassos nossos acessos ferroviários. Então, por exemplo, uma carga lá em Campo Mourão, como é que você vai botar num trem lá em Campo Mourão se não tem acesso ferroviário? Você pode até mandar a maior parte do trecho por fer-rovia. Como é que você vai fazer? Você vai pegar a carga em Campo Mourão, vai levar até Cascavel, onde começa a Ferroeste e leva para Paranaguá ou para onde você quiser. Só que são dois trabalhos. Você vai ter de por a carga no caminhão fazer um transbordo, vai ter que levar o caminhão para a ferro-via, fazer outro transbordo para levar para o destino final, seja porto, seja in-dústria, seja onde for. Então, é muito mais fácil chamar um caminhão.

Podemos dizer que o transporte fer-roviário ficou engessado?

Tem essa questão de limites de aces-so. Outra questão que o nosso pessoal

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5 perguntas para: nilson Hanke Carmago

usa pouco, além da falta de acesso ferroviário, é a questão do volume de carga. A ferrovia não pega carga qualquer. Para você conseguir contra-tar um serviço ferroviário para cargas granel tem de ter cinco vagões lota-dos para eles poderem te atender. Ora, o produtor, pessoa física, não conse-gue fazer isso e mesmo assim eles têm muita relutância, alegam que eles preferem dar tratamento para cargas fidelizadas, como o açúcar, por exem-plo. O ano inteiro você tem carrega-mento, exportação o ano inteiro.

No Paraná, a falta de investimento está na pouca concorrência?

Nós temos outro trecho que não é da ALL [América Latina Logística], que pertence a Ferroeste, é um tre-cho que foi construído pelo Gover-no do Estado e depois foi conces-sionado, voltou para o Governo do Estado. E o Estado é quem explora hoje através da Ferroeste, mas é uma limitação muito grande, porque nós temos a Ferroeste de Cascavel até Guarapuava, são 247 km se não me engano. O resto pertence à ALL. En-tão, como é que você vai chegar des-se trecho à Paranaguá?

É um problema de infraestrutura que acaba afetando todos os pro-dutores?

Isso interfere no município, porque municípios pequenos que hoje movi-mentam muito pouco de recursos fi-nanceiros, municípios de dez mil ha-bitantes, qualquer mil reais que entre a mais nesses municípios é dinheiro importante para eles. Isso tudo vai re-fletir no resto da economia. É menos dinheiro que ele [município] tem, é menos coisa que ele vai comprar. En-tão, isso é uma desgraça para a nossa economia e para a nossa qualidade de vida econômica.

Iris Alessi - [email protected]

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educação: um direito do índioDo ensino básico às universidades, os índios têm mais acesso à educação por questões de direito e sobrevivência

educação

a escola mais próxima da aldeia fica no centro da cidade a 16 km. Araçaí até então recebia ajuda de amigos, ONGs e do trabalho assistencialis-ta de escolas. Uma delas, o colégio Bom Jesus, ajudou no início da cons-trução da primeira escola indígena da localidade, chamada Mbyá Arandu (sabedoria guarani), em 2005. Ela foi a primeira escola indígena estaduali-zada do Paraná.

Gilmares Guilherme da Silva, pro-fessor de Português e Guarani des-de 1999 na comunidade, é um dos indígenas que sempre incentivou a educação entre os índios. Mesmo na casinha de reza da tribo, quando a al-deia ainda não tinha escola, já usava o espaço para alfabetizar as crianças. Em todo esse tempo, ele conta seu maior orgulho. “O que me deixa feliz é ver hoje as crianças que eu alfabeti-zei concluindo os estudos. É isso que me motiva”, diz.

esde 1988, a Constituição Federal assegura a edu-cação aos indígenas. Ela é um direito destes povos

que ajudaram a formar a população brasileira, antes mesmo do “homem branco” passar por aqui. No Paraná, existem 56 aldeias espalhadas pelo território, sendo que o município de Nova Laranjeiras (PR) concentra o maior número delas. Em sua maioria, escolas foram criadas para ofertar o ensino básico às crianças e jovens

dindígenas. Algumas universidades es-taduais e federais também oferecem vagas remanescentes aos índios que concluíram o ensino médio. No dia 19 de abril, Dia do Índio, a educação também faz parte do calendário des-ses povos para preservar sua cultura.

Em Piraquara (PR), na aldeia Ara-çaí, há dez anos a preocupação com a educação é presente. O acesso dos índios às escolas convencionais é a principal dificuldade tanto nesta como em outras aldeias. Localizada nas margens da barragem da Sanepar,

Bianca Nascimento - [email protected]

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bases da educaçãoAssim como Mbyá, as escolas indíge-nas têm como base educar os índios sem que eles percam seus costumes e crenças. Desde o primário até o ensi-no fundamental, os alunos aprendem o guarani e a língua portuguesa. Nas primeiras séries, eles têm uma educa-ção baseada em sua própria cultura, região e realidade. Já no ensino fun-damental, aprendem sobre o mundo “lá fora”, porque já começam a ter acesso à internet e à televisão, assim como também aumenta o contato com outras famílias indígenas.

As escolas ainda passam por situa-ções precárias. Com falta de material e uma estrutura inadequada, o colé-gio de Araçaí sobrevive de doações e espera por uma reforma. Mesmo as-sim, os professores sabem da impor-tância da educação para o futuro dos índios. “Este ensino busca contem-plar uma educação e conhecimentos que possam preservar os costumes deles, como o idioma e práticas ri-tualistas”, explica o diretor de Mbyá Arandu, Eriton Ricardo Silva Tei-xeira. “O ensino é uma dívida que o Brasil tem com eles, um direito dos índios, através de uma educação diferenciada e que acompanha as transformações”. Eriton tem lutado, junto ao governo, por melhorias e reforma do colégio.

da escola para a universidade

Atualmente, diversas universidades têm um convênio com o Governo Federal para receber estudantes in-dígenas. Cerca de 40 deles hoje es-tudam na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Daniel Timótio é um

exemplo. Vindo de Santa Catarina em 2008, foi um dos primeiros guaranis da universidade, passando no vesti-bular indígena na UFPR, onde come-çou a cursar Letras. Mas no contato que teve com as aldeias daqui, obser-vou que havia uma falta de pedago-gos no ensino das crianças, por isso trocou pelo curso de Pedagogia.

“Educação para nós é uma questão de sobrevivência”, revela Daniel. Ele acredita que o estudo na vida dos in-dígenas é para aprender a sobreviver, inteirando-se sobre leis e políticas atuais. “Eu estou aqui, mas estou pen-sando lá na minha aldeia”. Esse é um dos outros objetivos principais dos jovens indígenas que ingressam na universidade: tornar-se um profissio-nal para voltar e ajudar sua comunida-de. Daniel também dá aula de guarani aqui em Curitiba por meio do Museu Paranaense, difundindo, também, sua cultura e língua aos curitibanos.

DesafiosSão muitas as dificuldades que estes estudantes enfrentam quando chegam à cidade. Além do choque cultural, mui-tas vezes, são vítimas também do pre-conceito. “A gente acha que sabe viver como branco, mas quando chega aqui, é tudo diferente. Aqui não tem nature-za quase e a comida é muito diferente, temperos diferentes. Muitas coisas a gente tem que mudar até o modo como nos vestimos”, lembra Daniel.

Os estudantes indígenas sobrevivem de uma bolsa auxílio assegurada a par-tir de um convênio assinado entre Go-verno e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Porém, segundo Daniel, há atrasos na hora de repassar esta verba. A reportagem da MÊS entrou em con-tato com a FUNAI e fontes dentro do órgão admitem que ocorreram alguns atrasos, mas disseram que a situação está sendo regularizada.

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Além do choque cultural, muitas vezes, os índios são

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“Educação para nós é uma

questão de sobrevivência”,

revela Daniel Timótio

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cabelereira Zélia Maria Belgrovicz (40), a ven-dedora autônoma Clarice Lima de Macedo (47) e

a auxiliar administrativa Eliane Lau-rindo (44) se cruzaram recentemente nos corredores do Hospital das Clíni-cas (HC) de Curitiba. Apesar de terem uma vida semelhante: mesma faixa etária, casadas, com filhos e moradoras da região de Curitiba, elas não se co-nhecem. Apenas o que sabem uma da outra é que sofrem do mesmo drama.

Nos últimos anos, as três se juntaram a outras milhares de mulheres em uma triste estatística: foram diagnostica-das com câncer de mama. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este tipo de câncer é o mais comum

Mulheres que sofrem de câncer de mama e têm de retirar o seio ganham uma segunda chance ao se curar da doença e poder recuperar a estética

A

saúde

reconstruindo a autoestima

Mariane Maio - [email protected] entre o sexo feminino, correspon-dendo a 22% dos novos casos a cada ano, e o segundo tipo mais frequente no mundo. Só em 2012, a estimativa de novos casos é de quase 53 mil no Brasil. No Paraná, estima-se que para este ano pouco mais de 3 mil mulhe-res sofram da doença. Número muito acima do segundo colocado, o câncer de colo de útero (770).

“A mulher está vivendo cada vez mais. Então, quanto mais tempo a mulher viver, mais chances ela vai ter de ter o câncer de mama. E como a mama é um tecido que todo mês vai se modificando, vai tendo o que a gente chama de liposubstituição, trocando o tecido da mama por tecido de gordu-ra, nessa troca pode acontecer o que a gente chama de neoplasia. Vem uma célula diferenciada ali, e essa célula se

trAtAmento

A ORIGEM DO CânCER DE MAMA AInDA nÃO FOI DESCOBERTA PELA MEDICInA, MAS A IDEnTIFICAÇÃO PRE-COCE PODE InFLUEnCIAR, E MUITO, nO TRATAMEnTO. VEjA COMO:

70% vão ter sobrevida de cinco anos desde que descobriu o câncer;

Se o tumor for menor do que 1cm, as chances de cura são de mais de 90%;

Mulheres com histórico familiar de câncer de mama devem começar a fazer mamografia com 35 anos, as demais com 40 anos. O exame deve ser repetido a cada dois anos;

O autoexame das mamas deve ser realizado com frequência.

Fonte: Renato Freitas, Roberto Filho e INCA

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desenvolve e passa a ser um câncer”, explica o ginecologista da Clinipam, Roberto Cattini Maluf Filho.

Histórias

O recente encontro no HC foi apenas uma parte, e talvez a melhor, de tudo que essas mulheres tiveram de passar nos últimos anos. Ambas estavam lá para uma cirurgia de reconstrução da mama. Um ano após ter feito um exa-me de mamografia e com apenas 38 anos, Zélia sentiu seu peito diferente ao tomar banho. Logo em seguida, procu-rou um médico e fez duas biópsias, que apontaram um tumor benigno. Apesar do “bom” resultado, os médicos reco-mendaram a cirurgia para retirada do tumor. E foi quando veio a maior sur-presa. Depois de uma terceira biópsia, o resultado foi de câncer (maligno).

“A descoberta da doença e ter de ti-rar o seio foi muito traumático. Na época, eu achei que ia ficar mutilada. Não conseguia entender porque tinha de tirar tudo. É muito estranho você ter um seio só”, conta Zélia, que além do desconforto da falta de um pedaço do seu corpo, ainda teve de lidar com as reações provocadas por seis meses de quimioterapia e 25 sessões de ra-dioterapia. Um ano depois, o câncer foi diagnosticado como curado e a expectativa de ter o seio de volta a anima bastante.

Aos 38 anos, Eliane também desco-briu que tinha câncer de mama. Em meio a uma fase complicada da vida, ela afirma ter descuidado da saúde. “Estava passando uma propaganda na TV sobre o autoexame e meu mari-do perguntou se eu estava fazendo”, lembra, que ao responder “não”, re-cebeu a ajuda dele e na mesma hora conseguiu perceber um pequeno ca-roço. “Meu pai faleceu em 2004, eu descobri em 2005 o câncer, e minha mãe faleceu no ano seguinte.

Com duas filhas pequenas e recém-fica-do órfã, Eliane diz que seu único pensa-

mama não se olham no espelho. Atra-palha sua sexualidade, ir pra praia, vestir um biquíni. Muitas acabam não tendo nem relação para que não vejam a mastectomia”, afirma o cirurgião plástico Renato Freitas, coordenador no Paraná do mutirão de reconstrução mamária, realizado em todo o Brasil pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em comemoração ao Dia da Mulher no último mês de março.

Essa cirurgia é totalmente paga pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Nós temos dois tipos de paciente. Aque-la que vai tirar a mama e a gente faz a cirurgia no mesmo ato. E tem o segundo tipo de paciente que tira a mama e não fez a reconstrução, en-tão ela vem para fazer a reconstrução tardia”, explica Freitas, contando que algumas são impedidas de fazer no ato por indicação médica, e outras por falta de disponibilidade em alguns hospitais. O processo de reconstrução se divide em três fases. “A primeira cirurgia é aquela que você dá volume. No segundo momento, é o que a gente chama de simetrização, que é igualar as duas mamas. E o terceiro momento é fazer o bico do peito”, diz Freitas. Três fases que podem influenciar o resto de uma vida. “Ainda estou nova para deixar como está. Vale a pena”, garante Eliane.

mento no momento era se manter viva. “Tinha uma menina que ia fazer cinco anos e a outra que ia fazer sete. Eu pre-feria ficar sem [a mama], mas criar elas. Mas agora que apareceu essa oportuni-dade e elas estão crescidas, falei: ‘vou agarrar’. É a autoestima da gente”, diz Eliane, ao se emocionar minutos antes de entrar na cirurgia em que iria colo-car um extensor no seio em preparação de uma futura prótese, quase sete anos após ter descoberto a doença.

Com Clarice, o processo foi um pouco mais complicado. Depois de passar por diversos médicos e enca-minhamentos, ela conta que só con-seguiu fazer a cirurgia por ter pres-sionado o secretário de Saúde, que a encaminhou a uma clínica particu-lar. A descoberta do câncer veio em 2006, quando achou um caroço no seio ao tomar banho. Mas, antes dis-so, ela afirma que já sabia que passa-ria por isso. “Eu sempre ouvia uma voz quando estava sozinha que falava você vai ter um câncer, mas Deus vai te curar”. Com fé, ela superou a doen-ça e as seis sessões de quimioterapia e as 25 de radioterapia.

mudanças com a reconstrução

“Muda totalmente. Ela começa a se gostar. Muitas pacientes que tiram a

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O cirurgião plástico Renato Freitas explica que a recontrução da mama segue 3 fases

“A descoberta da doença e de ter de tirar o seio foi muito traumático. Na época eu achei que ia ficar mutilada”, diz Zélia

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Combater crack com internação involuntária é um erro, diz médico

Comissão aprova relatório que prevê internação involuntária

de usuário de drogas

Internação compulsória de usuários de droga é polêmica

ove, em cada dez brasi-leiros, acreditam que os usuários de drogas deve-riam ser internados mes-

mo contra a vontade. Este é o resul-tado de uma pesquisa do Datafolha feita este ano. Cerca de 90% dos en-trevistados dizem que a melhor forma de recuperar um dependente químico

Tipo de tratamento aos dependentes químicos vem à tona após campanha do Governo Federal e imprensa nacional cria equívoco na divulgação

n

saúde

internação involuntária gera polêmica

é pela internação involuntária (con-tra a vontade do paciente). A opinião dos brasileiros foi consultada depois da divulgação do plano do Governo Federal chamado: “Crack, é possível vencer”, lançado no fim do ano passa-do, em que colocava o tema em pauta.

Logo após o lançamento oficial do programa, diversos veículos nacio-nais de comunicação noticiaram que,

em discurso, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmava que as autoridades pretendiam intensificar a internação involuntária. A inter-pretação ganhou repercussão, mas o Ministério da Saúde desmente essa informação. Segundo o órgão, essa intensificação não irá ocorrer, uma vez que este tipo de internação já é prevista por lei em certas circunstân-cias que serão mantidas.

Bianca Nascimento - [email protected]

FoLHA de s. PAULo11/12/2011

gAzetA do PoVo07/12/2011

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Para o programa, serão investidos cer-ca de R$ 4 bilhões até 2014 em pro-gramas e medidas para recuperação e prevenção de usuários de drogas. Uma das ações será a criação de 308 “Consultórios de Rua” com médicos, psicólogos e enfermeiros em cidades onde existe maior incidência do uso do crack. Além disso, o governo promete fazer instalações de enfermarias em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), especializadas no atendimento de dependentes químicos.

A legislação atual vigente desde abril de 2001 (Lei 10.216) abrange três modalidades de internação: vo-luntária (com o consentimento do paciente e avaliação médica), invo-luntária (por solicitação de terceiros, como familiares e avaliação médi-ca) e compulsória (determinada pela Justiça). A revista MÊS entrou em contato com o Ministério da Saúde e, em resposta oficial, o órgão defen-de a internação involuntária somente “em casos de proteção e resguardo à vida, desde que haja uma avaliação médica recomendando tal medida”. É indicada também nos casos em que há riscos para o estado clínico e psi-quiátrico do paciente.

divergências de opiniões

Para o médico psiquiatra e especia-lista no tratamento com dependentes químicos, Elio Mauer, a internação involuntária jamais seria negativa ao paciente, pelo contrário. “Essa medi-da serve para ajudar os usuários que pelo uso de drogas, as quais inter-ferem na própria consciência deles, correm riscos de morte e não têm condições de tomar decisões”, afirma.

casos de pessoas internadas contra a vontade e, para ele, a chance de reca-ída nestes casos, é maior. “Eu chamo isso de terapia de verniz: a pessoa se recupera por fora no começo, mas até ela se convencer que precisa de ajuda, a recaída é mais fácil de acontecer”, explica. “O usuário que aceita a in-ternação e o tratamento tem uma per-severança muito maior. Mas é claro que tem casos que a família precisa decidir pelo paciente pelo próprio bem de todos”, completa.

“Muitos ficam em estado de desnutri-ção e até mesmo sendo explorados. Eu não vejo nada de negativo em este indivíduo se afastar de uma situação como esta”, afirma.

Diversas organizações não governa-mentais (ONGs) e determinadas igre-jas já têm feito um trabalho de ajuda na recuperação de dependentes quí-micos. O Padre Joaquim Parron tra-balha há cinco anos com usuários de drogas. Neste tempo, já acompanhou

A legislação atual vigente desde abril de 2001 (Lei 10.216) abrange três modalidades de

internação: voluntária, involuntária e compulsória

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O psiquiatra Elio Mauer acredita que a internação involuntária é sempre positiva para o usuário

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tecnologia

Os finíssimos notebooks devem vir com tudo neste ano; lançamento na CES 2012 contou com diversos fabricantes

era dos computadores superfinos está ganhando mais um capítulo. Em ja-neiro deste ano, durante

a Consumer Electronics Show 2012 (CES 2012), realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, a Intel e diversos fabricantes de notebooks (Acer, Asus, Dell, HP, Lenovo, LG, Samsung e Toshiba) fizeram o grande lançamen-to dos ultrabooks. Eles vieram no mesmo caminho trilhado pela Apple com o MacBook Air, em 2008.

O nome dessa tecnologia foi regis-trado pela Intel e, para ser conside-rado um ultrabook, os fabricantes precisam seguir algumas especifici-dades como a espessura máxima dos equipamentos, que não pode passar

Ade 2 mm e ter até 1,4 kg. O eletrô-nico deve ter inicialização rápida e autonomia de bateria de no mínimo cinco horas.

Para o vice-presidente de Comuni-cação e Marketing da Associação de Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR), Siro Canabarro, os ultrabooks vêm aten-der uma fatia de usuários que não se adaptaram aos tablets, mas que preci-sam da autonomia de bateria, além de substituir os notebooks mais antigos e pesados.

tamanho não é documento

O tamanho ser sinônimo de ótimo de-sempenho na tecnologia já é coisa do passado. Com os ultrabooks provavel-

Fino não, ultraIris Alessi - [email protected]

ConFirA ALgUns modeLos de ULtrAbooks:

Espessura / peso: 17,6 mm e 1,39 kg.

A Samsung lançou na CES 2012 os Notebooks Samsung Série 5 Ultra com design atrativo e “ul-traperformance”. A marca coreana promete que os produtos são para quem procura, além do fator estéti-co, um equipamento com desem-penho “incomparável”. Há duas versões com 13 e 14 polegadas. O equipamento de 13 polegadas tem apenas 17,6 mm e 1,39 kg.

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mente isso vai ficar cada vez mais for-te. “Os ultrabooks são leves, possuem processadores poderosos que dão uma enorme velocidade no processamento e que consomem pouca energia e, por isso, podem ficar por horas longe da tomada”, afirma o coordenador do cur-so de Engenharia da Computação da Unopar, Luciano Soler.

Tanto para Soler quanto para Cana-barro, os ultrabooks ainda não podem substituir todo e qualquer notebook, já que existem diversos modelos que têm capacidades gráficas superiores. “Afir-mar que eles vão ser superiores aos notebooks é difícil, porque tem note-book que é muito superior”, explica.

Na avaliação de Soler, um maior de-sempenho gráfico desses computa-dores não é nada que não possa ser

resolvido até o lançamento de sua próxima geração.

Força da intel

E a Intel pode ter um grande diferen-cial nessa questão. Para Soler, a em-presa, percebendo antecipadamente uma demanda, criou um novo nicho de mercado deixando a concorrência com os tablets de lado.

Muitos fabricantes devem aderir a essa nova onda tecnológica. “Eu acredito que isso é muito bom para a tecnologia justamente por causa da mobilidade”, completa Canabarro. A promessa da Intel é que os ultrabooks chegassem ao mercado com um preço abaixo de mil dólares. No Brasil, no entanto, os primeiros equipamentos devem ficar em torno de R$3.500.

ConFirA ALgUns modeLos de ULtrAbooks:

Espessura / peso: 16,9 mm e 1,47 kg. Espessura / peso: 13 mm e 1,4 kg. Espessura / peso: 12 mm e 1,3 kg.

O ultrabook da Lenovo é completa-mente flexível como o nome Yoga faz referência. Com design girató-rio de 360°, combina a funcionali-dade de utilização dos tablets com as funcionalidades de um notebook. O usuário pode utilizar o equipa-mento de 16,9 mm de espessura, 1,47 kg e sistema operacional Windows 8 em qualquer posição, é o que promete a fabricante.

A Acer traz o ultrabook Aspire S com a promessa de entretenimento em alta definição com som de cine-ma. O equipamento com 13 mm de espessura e 1,4 kg, que é apontado pela Acer como um “verdadeiro prazer ao transportar”, garante tam-bém ao usuário uma reconexão com a Internet quatro vezes mais rápida devido ao Acer Instant Connec, que tira o computador da hibernação mais rápido.

Com apenas 3 mm de espessura na parte frontal e 9 mm na parte traseira, o Asus Zenbook é o primeiro ultra-book a ter SATA 6 Gb/s SSD e USB 3.0 dando mais agilidade de armazena-mento para o usuário. Nos 1,3 kg (mo-delo de 13,3’), o equipamento garante backup automático quando a bateria chega a 5% da carga para proteção das atividades do usuário e um “áudio de tirar o fôlego”, que ultrapassa os limi-tes dos notebooks convencionais.

Para Siro Canabarro, os ultrabooks vêm atender usuários que não se adaptaram aos tablets

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iDEAPAD ASPirE S ZEnBOOk

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á mais de dez anos, o mau cheiro do Rio Bacacheri incomodava a população. Eram diversas as recla-

mações de moradores que residiam perto do córrego e o descaso das au-toridades era visível. Existia lança-mento de esgoto irregular e o Rio não tinha coletores suficientes para ade-quar a qualidade da água. Indignados com essa situação, a sociedade civil organizada abraçou a causa e mostrou

Exemplo de consciência ambiental, projeto promove há mais de uma década a despoluição de um dos principais rios da cidade

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despoluindo o rio bacacheri

que é possível trazer vida novamente a um “rio urbano”.

Um grupo de moradores, por meio da Associação de Moradores do Con-junto Solar (Assolar), uniu-se e, em 2000, procurou o Ministério Público dando início a uma ação pela despo-luição da bacia do Rio Bacacheri, na região Norte de Curitiba, com cerca de 30 km de extensão. O projeto ga-nhou o nome de Amigos do Rio Baca-cheri (Amiriba). As mudanças foram aparecendo. Depois de audiências

públicas entre a Sanepar, a Prefeitura de Curitiba e a Assolar, começaram a ser estabelecidos os primeiros com-promissos como a regularização de ligações de esgoto.

Em 2003, por exemplo, de 23 mil ligações de água, somente 10 mil eram regularizadas. Hoje, já são 20 mil regularizadas. “Assim, a água do Rio começou a limpar e até mesmo aparecer peixes”, explica o presidente da Assolar, Luiz Tadeu Seidel. “Estes resultados são interessantes, mas ain-

meio ambiente

Bianca Nascimento - [email protected]

Desde 2003, mais de 13 mil ligações de esgotos foram vistoriadas pela Sanepar

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da tem muito a ser feito, o trabalho não pode parar. Temos que continuar vigilantes”, ressalta. A maioria das residências, comércios e até mesmo indústrias regularizou as suas liga-ções, parando de despejar esgoto di-retamente no Rio.

educação ambiental

Em 2007, foi formado o grupo gestor do projeto Amiriba em que escolas, universidades, grupos de escoteiros e moradores começaram um trabalho de conscientização e educação am-biental entre a população. O trabalho se estendeu ao campo universitário da UniBrasil, que fica no bairro Ta-rumã, local em que o Rio Bacacheri deságua. Os estudantes mostraram interesse em participar, fazendo do Amiriba um projeto de extensão.

“Foram analisados fatores físicos e biológicos, em busca de materiais que seriam responsáveis por demons-trar alguma contaminação por esgo-

to”, explica a bióloga e professora da UniBrasil envolvida no projeto, La-rissa De Bortolli Chiamolera Sabbi.

Entre 2008 e 2009, os alunos cons-tataram que ainda havia poluição do Rio, mas o nível de oxigenação da água melhorou.

O projeto serviu até mesmo de inspi-ração para um dos alunos envolvidos. Peterson Nielsen fez seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com base nos estudos da água do Rio Bacache-ri. “Iniciei minhas coletas em 2010 e avaliava a água uma vez por semana em diversos pontos da bacia do Rio”, explica Peterson, biólogo e ex-aluno da UniBrasil. Ele constatou que a qua-lidade ainda precisava ser melhorada.

Além de pesquisas universitárias, as crianças dos colégios nos bairros onde o Rio passa e grupos de esco-teiros também se unem por sua re-cuperação. Só em 2007, foram plan-tadas por alunos da região cerca de 800 mudas de árvores na mata ciliar. No ano seguinte, 366 árvores foram plantadas. Além do reflorestamento, as coletas de lixo são constantes.

“Foram analisados fatores físicos e biológicos, em busca de materiais que seriam responsáveis por demonstrar alguma contaminação por esgoto”, diz Larissa

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AçÃo

RIO BACACHERI FOI ESCOLHIDO PARA LIMPEzA

O programa International Co-astal Cleanup (ICC) é uma ação mundial de Limpeza dos Rios e Praias que promove a educação ambiental, mobiliza pessoas de todo o mundo e forma mutirões de limpeza. Em 2010, o Rio Bacacheri foi um dos escolhi-dos pelo ICC para receber um mutirão de despoluição. Cerca de 160 pessoas entre alunos, moradores e voluntários coleta-ram lixo. Os resultados foram enviados para a Organização das Nações Unidas (ONU), que é responsável pela IOC (Comissão Intergovernamental Oceanográ-fica) e divulgados como exem-plo de atuação popular em prol do meio ambiente.

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comportamento

odos os dias, de diferen-tes formas, você se depara com uma relação de con-sumo. Quando se compra

uma passagem de avião, por exem-plo, como fez Ricardo Lott Carvalho, agente de aeroporto, ou como Hugo Bulegon, analista de sistemas, que contratava serviços de uma companhia de telefonia fixa e internet banda larga. Ambos tiveram problemas com a em-presa. Carvalho buscou o Procon, mas não teve seu caso resolvido, já Bule-gon preferiu trocar de prestadora de serviços em vez de procurar à Justiça.

Nessas relações cotidianas, é comum haver o caso de uma das partes não cumprir o acordo, e aí vem a dúvida: o que fazer? Em relatório divulgado recentemente sobre o Índice de Con-fiança na Justiça no Brasil (ICJBra-sil), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 95% dos entrevistados disseram que buscariam seus direi-tos se adquirissem um produto com defeito e o fornecedor não reparasse iriam ao Judiciário para solucionar o conflito. No entanto, apesar da inten-ção correta, o consumidor brasileiro na prática ainda custa em buscar vias jurídicas e/ou formas alternativas de resolver problemas de consumo.

Apesar de a legislação ser considerada eficiente, consumidores recorrem pouco à Justiça ou a órgãos alternativos para fazer valer seus direitos

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Poucos buscam seus direitos

falam sobre seus direitos”, afirma a coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano. “O que ocorre na realidade é que os consumidores não possuem in-formações necessárias para que pos-sam exercer seus direitos”, comenta também o advogado Rafael Pagani.

estudo

Para a pesquisa, foram ouvidas mais de 1,5 mil pessoas espalhadas pelo País, em que se verificou também que a principal motivação do uso do Judi-ciário está relacionada às questões do consumidor em detrimento de outras áreas. “Consumidores somos todos nós”, observa a advogada Rosana Jar-dim Riella Padrão, uma das sócias da Advocacia Correa de Castro, especia-lista em Direito do Consumidor.

A maioria dos entrevistados (67%) também declarou que aceitariam utili-zar meios alternativos de resolução de conflitos, como a Fundação de Prote-ção e Defesa do Consumidor ou Pro-con. “Quem mais se mostrou disposto a realizar acordos extrajudiciais foram

“Não estamos na situação ideal, pre-cisamos caminhar muito para ter de fato o consumidor consciente. O consumidor é muito mais suscetível, digamos assim, a comprar ou con-tratar, a ser um alvo muito mais fácil da publicidade do que daqueles que

Arieta Arruda - [email protected]

rAnkingEMPRESAS QUE MAIS RECEBE-RAM RECLAMAÇõES EM 2011:

1. Banco (Comercial, Múltiplo)

2. Telefonia Fixa

3. Cartão de Crédito

4. Telefonia Celular

5. Financeira

6. Aparelho Telefônico (Celular, Fixo, Radiochamada etc.)

7. Veículos (Compra e Venda)

8. Informática (Computadores, Modem, Impressora etc.)

9. Prestação de Serviços Variados

10. Internet (Provedor, Velocidade)

Fonte: Procon – acima de mil atendimentos

Hugo Bulegun teve problemas com uma empresa de telefonia, mas resolveu cancelar o serviço

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PArtiCiPeCOnTE SUA HISTóRIA E O QUE FEz PARA BUSCAR SEUS DIREITOS COMO COnSUMI-DOR. EnVIE PARA:

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Mês Paraná

[email protected]

os entrevistados com maior renda, com maior grau de escolaridade e os mais jovens”, afirma o estudo da FGV.

Como fez Carvalho, “eu já tive agên-cia de viagens, e eu sei que você tem o direito de cancelar a passagem e você tem uma restituição. São cobra-das as taxas, tudo bem, mas você tem direito a uma restituição. E no final das contas, nós queríamos cancelar nossa viagem com mais de três meses de antecedência e a empresa não de-volveu nada”, conta Carvalho.

Outro dado interessante que o relató-rio aponta é que 96% dos entrevista-dos afirmaram conhecer o Procon. En-tretanto, a discrepância está no fato de que apesar de bastante divulgado este mecanismo, o órgão foi procurado por somente 17% dos entrevistados.

“O Procon, em uma forma geral, se-ria um auxílio à sociedade como um todo, e não de busca indenizatória pessoal. Logo, o consumidor ao ser lesado por uma marca ou prestadora de serviços, deve sim informar o Pro-con, mas deve também, quando exis-tente um real dano, procurar o Poder Judiciário para ser devidamente inde-nizado”, diz o advogado Pagani.

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Os campeões nos problemas levados até o Procon-PR são “os bancos e operadoras de telefonia fixas”, res-salta Cláudia. No ano passado, foram feitos 136 mil atendimentos na unida-de em Curitiba. Para resolver alguns dos conflitos comuns, o Procon pos-sui a Central de Resolução de Peque-nos Conflitos, em que nove empresas atualmente atendem no próprio órgão e para integrar o programa precisam ter resolvido no mínimo 80% dos casos. Em 2011, foi conquistado um índice de 90% de resolução dos casos de atendimentos por essas empresas.

Atualmente, o Procon-PR faz 900 au-diências por mês e o consumidor que

procurar essa instância administrati-va poderá esperar, em média, um mês para fazer a audiência.

Para que os problemas sejam levados ao Procon, os consumidores preci-sam saber que “é sempre importante que guarde esses documentos relati-vos àquela relação de consumo”, diz Cláudia. Os documentos são nota fiscal, comprovante de pagamento, ticket, cópia do contrato, prova teste-munhal entre outros.

O órgão não tem força de punição como na Justiça, mas pode multar a empresa, caso julguem procedente a reclamação em valores que variam de R$ 400 a R$ 6 milhões. “Vai ter uma parcela de situações em que não vai haver possibilidade de solução no âmbito administrativo, tendo que o consumidor recorrer ao poder Ju-diciário e também para aqueles nem todas as situações são resolvidas”.

Em busca de Justiça, o consumidor pode procurar tanto o Juizado Especial nos casos de até 40 salários mínimos (até 20 salários mínimos sem advoga-do, a partir disso até 40 salários míni-mos precisa do advogado ou defensor público, mas não precisa pagar custas) ou pode ir à Justiça comum, quanto exceder esse valor. “Esses órgãos es-tão aí para fiscalizar mesmo, para ten-tar coibir ao máximo os abusos. Lógi-co que é frustrante para o consumidor

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saber que realmente as coisas demo-ram a acontecer”, pondera a advogada.

Fatores

A morosidade destes órgãos, altos custos e difícil entendimento das leis são fatores apontados por 89% dos en-trevistados no levantamento da FGV. No entanto, somente ao buscar seus direitos é que haverá uma mudança na relação entre as empresas e seus clien-tes, orientam os especialistas.

“Tinha que ser um esforço conjunto. Também parte da Justiça e do Governo apertar o cerco [...] Só o povo indo atrás acho que não seria suficiente. Tem que ser um esforço conjunto para que fun-cione”, pondera o analista de sistemas.

E a reação precisa ser rápida, pois o prazo é curto dependendo do tipo de problema. “Se o consumidor entender que está sendo lesado, que ele consi-ga se munir da maior quantidade de documentação possível e que não de-more para buscar os direitos dele”.

Para casos com produtos não du-ráveis, como alimentos, é preciso buscar a empresa ou os órgãos com-petentes em até 30 dias. Mas se for produtos duráveis, aí o prazo se es-tende para 90 dias, para reclamações em relação ao vício do produto (algo que não funcionou corretamente). Se for o caso de o produto ter causado um dano, seja material ou moral, por exemplo, a reparação do dano tem o prazo de cinco anos.

“Precisamos caminhar muito para ter de fato o consumidor consciente”, afirma Cláudia (Procon-PR)

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internacional

este mês, o Brasil será sede da Conferência Anual de Alto Nível da Parceira para Governos

Abertos (Open Government Partner-ship – OGP), organizado para revelar os progressos realizados desde o lan-çamento oficial da OGP em setembro passado, em Nova York (EUA). O evento deve reunir em Brasília cerca de 400 representantes de alto nível dos governos participantes, represen-tantes da sociedade civil, do setor pri-vado e atores multilaterais.

Nesse encontro, 53 países vão discutir avanços dos participantes do acordo. Nomes como da secretária de Estado Hillary Clinton (EUA) e do o minis-tro Francis Maude (Reino Unido) de-vem marcar presença no debate.

A OGP é um reconhecimento de “que as pessoas em todo o mundo exigem mais transparência de seus gover-nos, demandando maior participa-ção popular nos assuntos públicos, e buscando maneiras de fazer seus governos mais transparentes, ágeis, responsáveis e eficientes”, descreve a entidade em sua página na internet.

Em seu discurso, a presidente do Brasil e copresidente da OGP, Dilma Rousse-ff, durante o lançamento do programa interpaíses, enfatizou: “Trata-se de um importante instrumento para o fortale-cimento das nossas democracias”.

Brasil receberá a Conferência Anual de Governos Abertos; transparência de contas é uma resposta à sociedade, apontam especialistas

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Parceria para a transparência

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PLAno de Ações

COnHEÇA AS AÇõES DO GOVERnO BRASILEIRO

O Governo Brasileiro desenvolveu um Plano de Ações que permite ao País prestar contas à população. De acordo com o Plano, o Brasil se compromete com medidas que garantam o avanço na transparência e, com isso, práticas de prevenção e combate à corrupção, gestão dos recursos públicos, fomento da participação cidadã, prestação eficiente de serviços públicos, entre outros itens que devam ser aperfeiçoados.

O Governo Federal compromete-se também a implantar até setembro deste ano medidas de transparência e de governo aberto. Dentre as ações, já foram implantadas a versão beta do Portal Brasileiro de Dados Abertos, além da realização do I Encontro Nacional de Dados Abertos, do Seminário Nacional de Participação Social e a disponibilização dos dados do Cadastro Unificado de Fornecedores (SICAF). Importantes itens para a população acompanhar.

Iris Alessi - [email protected]

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sociedadeO cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Costa de Olivei-ra, avalia que esse tipo de ação dos governos visando à transparência vem como resposta da exigência da sociedade. “Toda essa pressão vem colocando uma nova postura para o governo de modo que a transparên-cia possa ter conteúdo político mais ligado às modernas mídias, principal-mente, a internet.”

Para Oliveira, com a revolução da informatização, a transparência das contas públicas ganha cada vez mais importância e espaço. Em seu discur-so em Nova York, Dilma Rousseff também se lembrou da relevância que as redes digitais têm, “criando uma relação de mão dupla permanente en-tre governo e sociedade”.

Isso porque a prática da democracia não está apenas no ato de votar, mas deve fazer parte do dia a dia do cida-dão, lembra o coordenador do curso de Direito do Centro Universitário Curitiba, Cássio Marcelo Mochi. A participação da sociedade na coisa pública é um processo de maturida-de das democracias atuais, evoluindo para uma democracia mais participa-tiva, aponta Mochi. Faz parte desse tipo de gestão a “clareza do Estado em todas as suas ações. Quanto o Estado arrecada, quanto gasta, onde ele investe, onde ele deveria investir e não investiu, quais são as razões? Ou seja, é o Estado justificando as au-sências de suas ações e também jus-tificando o porquê de determinadas ações”, explica.

maturidade

Apesar de estar no caminho certo, Mochi pondera que o Brasil ainda não atingiu essa maturidade demo-crática e para atingir é preciso cami-nhar para a “fiscalização do Estado por parte da sociedade. [...] A socie-

dade precisa usar os instrumentos de pressão que ela tem e não só esperar a próxima eleição”.

Para maior participação da população, o cientista político e professor do cur-so de Relações Internacionais da Fa-cinter, Luiz Domingos Costa, salienta que são necessários mecanismos que facilitem o acesso a essas informações.

Hoje ainda, as informações são de di-fícil entendimento e acompanhamento por parte da população em geral. “A informação é mal trabalhada pelas agências estatais [...] e pela própria im-prensa”, pondera Costa. Para ele, uma terceira dificuldade seria a própria for-mação do eleitor, mas ele espera que em médio prazo haja uma evolução do nível de politização da população.

Para Costa, a legislação brasileira é boa com relação à transparência, mas faltam mecanismos para que a sociedade tenha acesso às informações

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Distante 150 km de Curitiba, o Parque Histórico de Carambeí atrai visitantes que buscam saber um pouco mais da cultura holandesa no Paraná

turismo

Carambeí: a Holanda daqui

o dia 4 deste Mês a cidade de Carambeí, a 150 quilô-metros de Curitiba, com-pletou 101 anos. Apesar

de o nome ser de origem indígena (sig-nifica “Rio das Tartarugas”), a cidade é considerada um pedaço da Holanda no Paraná, devido a sua colonização. E para preservar um pouco dessa his-tória, uma entidade privada, a Asso-ciação do Parque Histórico de Caram-beí (APHC), composta por familiares de imigrantes holandeses, criou o Par-que Histórico de Carambeí (PHC), em 2001, com a Casa da Memória.

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O local é composto por uma maquete da já inaugurada Vila Histórica, pai-néis com a trajetória dos primeiros imigrantes, e espaços que retratam como funcionavam, por exemplo, a primeira escola e igreja da época, atividades que dividiam a mesma es-trutura. A História da Sociedade Co-operativa Hollandeza de Laticínios, transformada em 1928 em Batavo, também é contada na Casa da Me-mória, devido à importância que tem para a região dos Campos Gerais. Além disso, um Museu de Tratores e um Café compõem o espaço. Durante o dia todo, muitos visitantes, além dos moradores da cidade, frequentam a área para desfrutar dos famosos e ex-celentes salgados e tortas holandesas.

Vila Histórica

Mas foi em 2011 que a área de 100.000 m² começou a atrair ainda mais os olhares,

com a inauguração da Vila Histórica. O espaço conta com 12 casas, que repre-sentam alguns espaços ocupados pelos moradores da época, como a casa de colonos, a antiga Estação de Trem Ca-rambeí, da Brazil Pailway Company e o Museu da Madeira. Para chegar até o local, o visitante precisa passar pela Ponte de Integração, que foi trazida da Holanda e funciona com estilo de pêndulo, utilizada originalmente para a passagem dos navios, e no Parque é utilizada como um símbolo para infor-mar se está aberto ou fechado o local.

No aniversário deste ano, a ideia dos organizadores da festa no Parque His-tórico foi dar vida à Vila. Atores e atri-zes entraram caracterizados nos espa-ços e interpretaram como se ali fosse o seu habitat. “Começamos a trabalhar isso aqui há dez anos quando íamos comemorar os 90 anos da imigração holandesa e a gente não tinha nada

Mariane Maio - [email protected]

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que contasse um pouco das dificulda-des que os primeiros imigrantes passa-ram. E começamos a buscar objetos, tratores, conseguimos adquirir aqui e há 10 anos inaugurar o que chamamos de Casa da Memória. Mas já tínhamos a ideia de fazer um Parque, um Museu Vivo, para que os visitantes pudessem também vivenciar um pouco da his-tória”, conta o presidente da APHC, Dick Carlos de Geus.

Para 2012, o objetivo é construir e inaugurar uma nova parte, o Parque das Águas. “Temos um açude e com-portas que vieram da Holanda, junto com a Ponte ano passado. A ideia é que a água entre nos canais através de uma eclusa. Vai retratar bastante da Holanda. Hoje nós temos retratado aqui como foi a imigração. Lá embai-xo, nós queremos retratar como o pes-soal vivia na Holanda no passado”, explica Geus. Até o momento já fo-ram investidos R$ 4 milhões no local, e a Associação aguarda mais patrocí-nios para tocar os demais projetos. O presidente afirma que o principal ob-jetivo do Parque é ser de “multifina-lidades”, servindo tanto como museu, área para eventos, local educativo, cultural, histórico e de lazer.

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serViço

HorárioDe terça a domingo das 11h às 18h

VALor Visitação total do parque: R$ 10,00

Casa da Memória: R$ 3,00

Vila Histórica: R$ 7,00

* Grupos, pesquisadores e professores têm preço especial

* Crianças até 6 anos de idade não pagam

* Dos 6 aos 12 anos e estudantes com carteirinha

pagam meia entrada.

Como CHegAr

Avenida dos Pioneiros, 4050CARAMBEÍ – PARANÁ

• De Curitiba a Ponta Grossa ir pela BR 277 sentido

Curitiba – Ponta Grossa.

• Seguir pela BR 277 passando pelo Município de Campo Largo.

• Pegar a BR 376.

• Passar o 1º e o 2º pedágios.

• Passando o Município de Ponta Grossa, seguir as placas sentido

Norte do Paraná.

• Pela PR 151, seguir sentido Carambeí – Castro.

• Entrando no Município de Carambeí fazendo conversão à

direita e passando por debaixo da rodovia.

• Seguir reto pela Avenida do Pioneiros até o Parque Histórico de

Carambeí.

mAis inFormAções:

TELEFONE: (42) 3231-5063

SITE: www.aphc.com.br

PARQUE HISTóRICO DE CARAMBEí

Roupas e flores típicas da Holanda ficam à disposição dos turistas para aluguel e fotos na loja de souvenirs

A ponte estilo pêndulo que dá acesso à Vila Histórica foi trazida diretamente da Holanda

“A gente não tinha nada que contasse um pouco das dificuldades que os

primeiros imigrantes passaram”, afirma o

presidente da Associação

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Atividades e esportes que vão além da boa forma podem ser escolhidos a partir da personalidade de cada pessoa

Corpo e mente em ação

s exercícios físicos são essenciais para um bom funcionamento do orga-nismo. Disso todo mun-

do sabe. “Evitam problemas cardíacos e até determinados tipos de câncer”, aponta Luiz Gustavo Marin Emed, médico especialista em Medicina Es-portiva. Mas, muitas vezes, o que nem todas as pessoas sabem é que é possí-vel criar o hábito de exercitar-se obse-vando sua personalidade. Em meio a tantas opções, levar em consideração suas características pessoais pode aju-dar na hora de iniciar um esporte que lhe dê prazer e, assim, continuar na prática por um longo tempo.

oNeste momento de decisão, é impor-tante uma boa dose de sinceridade consigo mesmo e saber reconhecer sua personalidade para escolher a atividade que mais lhe agrade. A re-portagem da MÊS traz algumas op-ções de atividades físicas, segundo quatro perfis básicos de personalida-des, sob orientação dos profissionais de Educação Física, Juliana Staub e Marcelo Teixeira.

extrovertido

Pessoas extrovertidas gostam de ex-travasar. É quase impossível para elas ficarem paradas e em atividades siste-máticas ou com pouco envolvimento com outras pessoas.

O body jump é uma atividade indica-da para este tipo de pessoa. Nesta prá-tica, a pessoa realiza saltos em uma minicama elástica. Além disso, as aulas são acompanhadas de músicas com diferentes ritmos como hip hop e jazz. Em uma hora de aula, pode-se gastar até 700 calorias, dependendo da intensidade. A média de gasto cos-tuma ser de 500 calorias.

O hopping é também ideal para quem não gosta de cair na monotonia. Du-rante uma hora, os alunos pulam em kangoo-jumps, calçados que se as-semelham a patins. As aulas têm o mesmo princípio do jump, ativando o condicionamento físico, a circulação, trabalhando na coordenação motora e

esporte

Bianca Nascimento - [email protected]

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garantindo o bom humor das pessoas. São gastas de 600 a 800 calorias por aula. Os extrovertidos também de-vem escolher esportes coletivos como basquete, vôlei e futebol.

Tímidos

O tímido não tende a procurar logo de primeira uma atividade para superar sua inibição. Por isso, é importante que ele comece com atividades mais leves e que não exijam tanta coorde-nação para ele se sentir mais seguro e depois se aventurar em outros tipos de atividades.

Aulas de alongamento, pilates ou spinning são ótimas para o tímido, pois não são expositivas e, de certa forma, preservam a individualidade do praticante. O spinning é um pro-grama de exercícios em bicicletas de ginástica com uma série de movimen-tos indicados por um professor. Uma aula de spinning, normalmente, dura 45 minutos, e você pode queimar até 500 calorias.

Um tímido também pode participar de grupos de corridas ao ar livre, afinal, lá ele será mais um. Se for enfrentar uma academia, é indicado contratar um personal trainer para acompanhar os exercícios. Mas se o tímido tiver desejo de enfrentar esta característi-ca, atividades coletivas podem ajudar a quebrar barreiras. A natação pode ajudar a manter bom condicionamen-to físico e a fazer amizades também.

Ansiosos e estressadosO estresse e a ansiedade nunca fazem bem ao nosso corpo. Seja relaxando ou extravasando, é preciso descarre-gar o estresse do dia a dia e controlar a ansiedade.

Os estressados devem procurar ati-vidades em que liberem adrenalina. Nesta vertente, esportes radicais como surf, skate, salto de paraquedas ou raf-ting, ajudam na hora de descontar a tensão e estar em contato com a natu-reza para relaxar. Algumas lutas como muay thai e boxe também possibilitam uma grande liberação de endorfina, o que ajuda a se sentir mais relaxado e com bem-estar. É possível perder em uma hora de aula até 800 calorias.

Os ansiosos podem optar por ativi-dades que não dependam do clima ou de outras pessoas para serem realiza-das como, por exemplo, o ciclismo ou a corrida, em que a pessoa pratica na hora mais conveniente. Uma dica

é mesclar atividades mais relaxantes – como a ioga – a outras mais agi-tadas. Isso servirá para buscar um momento de autoconhecimento e controle sobre emoções que gerem estresse e ansiedade.

emotivos

Pessoas emotivas tendem a ir além da boa forma e buscam uma atividade significativa em suas vidas. Algumas academias já oferecem aulas de circo com diferentes modalidades: trapézio, malabares, tecido, entre outras. Essas atividades possibilitam mexer com a imaginação das pessoas e com sua sen-sibilidade, trabalhando, também, com superação e condicionamento físico.

Mas quem não está preparado para este tipo de atividade, pode optar pe-los diferentes tipos de dança, como a de salão, que tem a música como pano de fundo da prática. As músicas têm efeitos benéficos nas pessoas, princi-palmente, nas mais sensíveis.

extroVertidASUPERAnDO DESAFIOS

Ivete Maristela Molossi tem 49 anos de idade e pratica ativida-des físicas desde a adolescência. Ela sempre foi uma pessoa extrovertida, que gosta de con-versar e sempre estar em con-tato com outras pessoas. Para ela, unir o esporte ao contato com as pessoas é essencial. “Eu

gosto de conversar e eu gosto de ouvir as pessoas, então esco-lher atividades como a corrida acaba favorecendo essa minha personalidade e meu jeito de me relacionar”, explica. Atualmen-te, ela participa de maratonas, atividades ao ar livre, faz spin-ning e musculação.

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O professor Marcelo Teixeira orienta os tipos adequados de esporte para cada personalidade

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como economizar. O modo eco pro avisa, por exemplo, se o motorista deve acelerar ou frear moderadamen-te, para gastar menos combustível.

As novidades em relação à economia não param por aí. O sistema start/stop, adotado como item de série no 118i faz com que o carro desligue toda vez que fica imóvel, como ao parar em um semáforo. Para religá--lo basta apenas um leve movimento

automóvel

ecém-chegado ao Brasil o novo BMW Série 1 (118i) esbanja personalidade e consciência. O que mostra

que até os carros estão se tornando “sustentáveis”. O 118i é, digamos, um BMW com limites. Com apenas um clique ou alguns ajustes, o moto-rista consegue determinar um limite de velocidade ou receber dicas de

Potencialmente sustentávelA marca BMW acaba de lançar no Brasil o novo Série 1; um carro consciente, com todo o charme de um “BM”

no volante ou no acelerador. Tudo para emitir menos poluentes, afirma Oliveira Carvalho Junior, o gerente comercial da Euro Import BMW de Curitiba. A prova de que potência pode ser aliada à sustentabilidade.

diferenciais

O Série 1 está disponível no Brasil em três versões, o 118i, o 118i Ur-ban Line e o 118i Sport Line. O preço varia de R$115 mil a R$125 mil, de-pendendo da versão escolhida. Outra novidade é que o carro está 13 cm

Mariane Maio - [email protected]

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BMW 118i Urban Line

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O preço varia de r$115 mil a r$125 mil,

dependendo da versão escolhida

Já na versão Sport, as rodas de liga leve são de 17’, e o exterior conta com uma grade de oito aletas e linhas em preto. Por dentro, o modelo Sport traz banco em tecido Track Anthraci-te, com pesponto em vermelho. Esta última versão também oferece sensor de estacionamento traseiro.

O câmbio é automático, com oito marchas e três (no modelo Sport, qua-tro) modos de condução. O primeiro deles é o confort. Como o próprio nome já diz, o conforto é o objetivo. Esse modo é ideal para ser utilizado na cidade, pois garante uma dirigibi-lidade macia e suave. O segundo, o sport, é aquele que proporciona bater a marcha com giro mais alto. A caixa de direção fica perceptivelmente mais firme, considerada ideal para a estra-da. Na versão Sport Line, existe ainda o modo de condução sport +, que é ainda mais arisco e, inclusive, tira a estabilidade do carro, tão admirada na BMW, devido à tração traseira dos modelos. O último modo de condu-ção, o eco pro, garante o melhor custo X benefício na direção.

tecnologia

O computador de bordo do carro con-trola não só o som e o bluetooth. O manual do carro está disponível para

FiCHA tÉCniCA

Nº de cilindros4 cilindros em linhaPotência máxima (HP) / RPM170 / 4800Cilindrada (cm3)1598Torque máximo (Nm) / RPM250 / 1500-4500Taxa de compressão10.5Velocidade máxima (km/h)222Aceleração de 0 a 100 km/h (s)7,5Rodas e Pneus (frontal)7 J x 16 ll 205/55 R16Rodas e Pneus (traseira)7 J x 16 ll 205/55 R16Tanque de Combustível (lts.)52Comprimento, Largura, Altura4324 / 1765 / 1421

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.consulta, e possui um sistema que avi-sa ao motorista sobre os serviços que devem ser feitos no automóvel, como a troca de pastilhas e de óleo. Até mes-mo a pressão dos pneus é possível ver na tela. No volante, controla-se o rá-dio, trocando de estação e aumentan-do ou diminuindo o som. O sistema de controle de velocidade também é acio-nado por uma tecla que fica no volan-te. Outra tecnologia presente no BMW 118i é o sensor de chuva, que aciona automaticamente o para-brisa.

O novo BMW Série 1 se apresenta como um carro eficiente, dinâmico, econômico e estável. Essa mistura de conceito, itens de série e de con-forto confirmam o que o gerente da BMW de Curitiba garante: “O pra-zer em dirigir é levado muito a sério pela BMW”.

maior no comprimento e 3 cm maior na largura, do que o modelo anterior. Ambas as versões vêm com motor turbo quatro cilindros, 1.6 e 170 ca-valos. Isso tudo possibilita chegar a 100 km/por hora em apenas 7,5 se-gundos e a uma velocidade máxima de 225 km/h.

A diferença entre essas versões se dá em alguns detalhes e, conforme a marca, segue o estilo e a personalida-de de cada motorista. A versão Urban tem rodas de liga leve 16’ e o design externo conta com linhas brancas e uma grade com 11 aletas. No inte-rior, o banco é uma mistura de tecido com couro, com pesponto em branco.

A tecnologia está presente no computador de bordo, câmbio e volante

BMW 118i Sport Line

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moda&beleza

Após essa época do ano, é comum observar manchas na pele e cabelos danificados, é hora de recuperá-los

epois de muito sol, calor e praia, o verão deixa quase sempre um saldo negativo para a pele e para os ca-

belos, principalmente, das mulheres. Para amenizar os estragos, existem diversos tratamentos que ajudam a recuperar o tônus da pele, suavizar as manchas e também a reconstruir os cabelos.

O ressecamento da pele e as manchas são as marcas mais comuns depois do verão. As toxinas presentes no sol e na própria maresia prejudicam o corpo. O risco está na possibilidade de contrair inúmeras doenças. São mais de dois mil tipos de doenças de pele. “O erro mais comum das pessoas é prolongar

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Bianca Nascimento - [email protected]

bonete. As esfoliações, nestes casos, não são recomendadas e nem o uso de bucha no banho. Além disso, o que aju-da a pele a manter-se saudável é tomar muito líquido e manter uma alimenta-ção equilibrada.

Se você tomou sol em cima de uma mancha que já tinha e ela ficou mais escura, uma sugestão de tratamento são os peelings. “Causam a retirada daquela primeira camada de pele que são as células mortas e facilita a en-trada de outros produtos para o cla-reamento da mancha”, explica a es-teticista Luciana Rodrigues. Existem mais de cinquenta tipos de peelings químicos, classificados entre superfi-ciais, médios e profundos.

O peeling de diamante, por exemplo, é um dos menos agressivos e pode ser feito em todos os tipos de pele. É in-dicado para clarear manchas, tratar a

a ida ao médico e daí quando vai, a doença já existe e está num processo que manchou. O tratamento é mais caro, difícil e com mais sequelas”, ex-plica o dermatologista Andranik Der Bedrossian. “Quanto mais cedo diag-nosticar, melhor a chance de cura.”

As doenças mais comuns depois des-sa época de exposição ao sol são as micoses, infecções por bactérias, alergias e queimaduras. Além disso, as manchas podem ter hipercromias (excesso de produção de melanina), deixando-as ainda mais escuras.

tratamentos

Se você ficou com a pele ressecada e “descamando”, não mexa: hidrate-a diariamente com um bom creme e sa-

marcas do pós-verão

LUZ PULSADA Existem mais de dois mil tipos de

doença na pele, aponta Bedrossian

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RECUPERAçãO COM QUERATINA“Nós poluímos nosso cabelo todos

os dias”, diz o cabeleireiro Silvinho

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Primeiro, o cabelo é lavado com um xampu que abre as escamas do cabelo; depois, é passado um produto à base de queratina; em seguida, o cabeleirei-ro passa uma prancha no cabelo para selar a queratina e fechar as cutículas. Para finalizar, é feita uma escova.

O tratamento com queratina não pos-sui contraindicação, desde que usado da maneira correta. Todos os tipos de cabelo, mesmo os naturais, tingidos, crespos ou enrolados podem precisar da queratinização, pois cada cabelo reage de uma forma aos efeitos do ve-rão. “A diferença é que para um cabe-lo crespo, por exemplo, iremos usar os produtos para este tipo de cabelo, assim como para os outros”, explica o profissional. O custo fica em torno de R$150 a R$200.

Outro tratamento que pode ser feito em qualquer época do ano é a caute-rização. Este processo é parecido, mas menos intenso que a queratinização. A

flacidez e as estrias. O custo de cada sessão é a partir de R$60.

Quando a mancha é mais forte, outra opção de tratamento são os lasers, como a luz pulsada. “Eles ajudam no processo de despigmentação e voltam a clarear as manchas, voltando a cor normal da pele”, completa o derma-tologista Andranik. A luz pulsada funciona gerando calor na pele, atin-gindo vários tipos de alvo: a melanina (sardas), os vasos sanguíneos (micro-varizes da face e do colo) e o colá-geno (flacidez e rugas). Existem mais de trinta tipos de tratamentos com o laser contra doenças dermatológicas. O número de sessões varia e o custo médio é de R$600 a sessão.

Mas é preciso ficar atento, há con-traindicações para o uso desses trata-mentos: pessoas com doenças de pele como herpes e lúpus devem evitar o uso do laser. Quem tem alergia ao sol, não é recomendado nem o laser, nem o peeling. O importante é sempre consultar um dermatologista antes de qualquer tratamento e diariamente usar o bloqueador solar. “Cada tipo de pele tem uma potência do laser que você pode usar. Para a pele cla-ra, por exemplo, a potência é menor, porque ela é mais sensível”, explica.

Cabelos

Os cabelos também não ficam imunes aos efeitos do verão. “Nós poluímos nosso cabelo todos os dias”, afirma o cabeleireiro Silvio Domingos Soares, do espaço Lady&Lord. Mas é nesta época do ano que o sol, o cloro da piscina e o sal do mar ajudam a abrir as cutículas do cabelo, deixando com um aspecto ruim.

Por isso, uma dica pós-verão é fazer a queratinização que irá ajudar nes-sa reconstrução das fibras capilares. “Este processo é a reconstrução dos fios, fechando as cutículas e normali-zando seus movimentos”, diz Soares. A queratinização tem quatro passos.

diferença é que neste procedimento a prancha para selar os fios fica de fora. Diversos salões de beleza também vendem produtos de linhas profissio-nais com este tipo de tratamento, que pode ser feito em casa. É só seguir passo a passo as instruções de uso.

Coloração

Outra ação do sol, se tomado em ex-cesso, é queimar os fios do cabelo, dei-xando-os mais claros. Os cabelos tin-gidos ficam mais secos e desbotados, assim como os naturais podem ficar com as pontas queimadas. Para voltar ao efeito normal, o ideal é fazer uma acetinagem. Este tratamento é conhe-cido também como “banho de brilho”, os cabelos recebem uma hidratação no mesmo processo, com a função de to-nalizar e revitalizar sua cor.

A queratinização tem quatro passos; faz a reconstrução do cabelo

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Cardápio exótico e saudávelAs carnes exóticas impõem um sabor marcante e, em geral, são iguarias com menor teor de colesterol e ricas em proteínas

culinária&gastronomia

stá cada vez mais comum ver as carnes exóticas em restaurantes de Curitiba. São pratos elaborados à

base de cordeiro, javali, coelho, rã ou avestruz. No entanto, a raridade desse tipo de preparo, o medo do desconhecido e o preço ainda um pouco elevado fazem com que o pra-to não saia dos menus sofisticados para a mesa de casa.

Um pontapé inicial para o consumo é a relação dessas carnes nobres com uma dieta saudável. São carnes, em geral, com menor teor de colesterol, menos hormônios e ricas em proteí-

enas, ferro (presentes nas carnes ver-melhas) e vitaminas do complexo B (principalmente B6 e B12).

“Fora essa questão de colesterol, tem também a minimização de consumo de hormônios e antibióticos nesses animais”, salienta a nutricionista Mi-chele Moreira dos Santos. “Infeliz-mente hoje, principalmente, a granja está se desenvolvendo para o abate muito rápido”. Assim, as carnes exóti-

“Os curitibanos ainda são resistentes, mas isso já está melhorando”,

observa o chef

cas possuem este diferencial, em que a pressa é inimiga da perfeição do sabor, do cozimento e da criação do animal. “O coelho, um avestruz já são criados com mais cuidado”, destaca Michele.

Não ter medo de experimentar é outro detalhe importante. “Hoje, a gastronomia está em alta, então, o pessoal está se adaptando mais com os tipos de comidas novas que estão surgindo e estão sendo mais valentes em experimentar pratos exóticos”, atesta o chef de cozinha Jefferson Fonseca do Espaço Gourmet, da Es-cola de Gastronomia.

“Os curitibanos ainda são resistentes, mas isso já está melhorando”, observa

Arieta Arruda - [email protected]

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Cubos de Cordeiro ao Molho de AlecrimInGREDIEnTES• 1 kg de pernil de cordeiro em cubos• 100g de cebola• 5 ramos de alecrim• 200 ml de béchamel• 200 ml de creme de leite fresco• 100g de manteiga• Óleo para dourar

PREPARO• Aqueça bem uma panela de ferro, coloque um pouco de óleo e doure os cubos de pernil. Adicione as cebolas picadas deixando-as dourar. Reserve.Com a manteiga e a cebola, faça um molho dourando primeiramente a cebola, acrescentando o béchamel, o creme de leite e o alecrim picado. Deixe ferver por 3 minutos. Coloque sobre os cubos de cordeiro.Sirva em seguida com pão pita (sírio).

Prato para 4 pessoas

Para os mais ousados que apreciam a combinação agridoce, a sugestão é harmonizar com frutas, como a manga, abacaxi, maracujá, laranja ou kiwi. Para acompanhar, uma boa pedida são os purês de batata salsa, de abóbora, inhame ou ainda batata doce. “Os purês estão muito em alta como acompanhamentos de carnes assadas em forno”, indica Fonseca.

Para calcular a quantidade para servir em casa, use como regra básica 300 gramas por pessoa. Procure carnes com referências de qualidade e com-pre em casas especializadas. Segundo o chef, é importante saber a procedên-cia para não pagar caro e consumir o produto de qualidade duvidosa. Para isso, é necessário verificar a inspeção do Ministério da Agricultura, como no caso das outras carnes, orienta Fonseca. Já em termos nutricionais, Michele aconselha consumir por dia 1,2 gramas para cada quilo do indiví-duo. Por exemplo, caso você pese 70 kg, deverá consumir por dia, em mé-dia, 84 gramas de carne, seja exótica ou outra carne comum. Isso porque a carne é um alimento de demorada di-gestão (leva em média de 2 a 3 horas) e o excedente a isso não trará benefí-cios ao organismo.

o chef. Com a maior popularização, os preços estão baixando. Assim, é pos-sível encontrar esse tipo de carne em açougues especializados, congelados ou até mesmo produtos frescos, de-pendendo da sorte do consumidor em comprar no dia da chegada do forne-cedor. Por exemplo, os preços podem variar de R$ 11 o quilo do marreco até R$ 83 o quilo da coxinha da rã, em es-tabelecimentos em Curitiba.

Outro grande atrativo para degustar esse tipo de carne é o paladar mar-cante. A nutricionista recomenda co-

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Coelho na Púcara InGREDIEnTES• 1 coelho inteiro • 200g de presunto de Parma• 60g de manteiga • 6 dentes de alho• 2 cálices de aguardente • 2 cálices de Vinho do Porto • 1 copo de Vinho Branco • Salsa• Sal e pimenta do reino

PREPARO• Corte o coelho em pedaços e tempere com alho e sal. Coloque-o na púcara com o presunto em tiras e o restante dos ingredientes. Leve ao fogo até levantar fervura, após colocar a tampa na púcara, colo-que no forno por mais ou menos 50 minutos.

Prato para 4 pessoas

mer as carnes grelhadas, assadas ou ao molho, “de preferência com ervas finas”. As especiarias fortes são as mais indicadas para o preparo deste tipo de iguaria. “O alecrim é o mais indicado”, destaca o chef Fonseca (Confira sugestão do chef na receita de Cordeiro com Alecrim).

Também outro ingrediente que não pode faltar no preparo das carnes exóticas é o vinho seco: tinto para carnes vermelhas, e branco para car-nes brancas. “O vinho ajuda a retirar a acidez da carne”, explica o chef.

FAçA em CAsA:

Chef Fonseca indica vinho ou cervejas artesanais para harmonizar com as carnes exóticas

Fonte: Chef Jefferson Fonseca

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cultura&lazer

Milhares de obras do artista paranaense Poty Lazzarotto podem ser apreciadas até o dia 05 de agosto no MON; algumas inéditas ao grande público

do papel ao concreto

s obras de um dos maio-res artistas paranaenses, Poty Lazzarotto, ganha-rão destaque neste Mês.

O artista teria completado no último mês 88 anos e em celebração a seu le-gado, a Capital – que já respira todos os dias suas obras em painéis espa-lhados pela cidade –, poderá conhe-cer vários trabalhos inéditos, muitos deles guardados por seu irmão mais novo João Lazzarotto (80). Ele é o único parente vivo do artista.

AMariane Maio - [email protected]

Poty faleceu em 1998 aos 74 anos, possivelmente, bastante realizado, já que o reconhecimento veio bem an-tes de sua morte, o que nem sempre ocorre com os pintores e escultores. Os primeiros rabiscos em pequenos pedaços de papel e guardanapos não eram apenas uma prática infantil. Desde criança, Poty aperfeiçoou seus traços, que mais tarde foram classifi-cados por ele, e principalmente pela sociedade, como arte. “Poty era pro-curado, bajulado. Ele viveu a vida que ele quis. Foi reconhecido, en-quanto vivo”, conta o irmão.

Apesar desse destaque, relembrado por Seu João, Poty tinha a preocu-pação de que suas obras fossem cada vez mais expostas e próximas do pú-blico. Tanto que deixou um pedido

em seu testamento. “O que era dele não era para ficar guardado na gave-ta. Ele deixou em letras garrafais que era para ficar tudo exposto”, lembra o irmão. E apesar de Poty ser um artista urbano, com obras de artes espalha-das por Curitiba e pelo mundo, muito de seu acervo ainda está guardado. Só em posse da família estão aproxima-damente quatro mil obras, guardadas em um apartamento no bairro Cristo Rei, que foi o último lar e ateliê do artista antes de falecer.

Para realizar o sonho do irmão e a pedido da direção do Museu Oscar Niemeyer (MON), Seu João disponibi-lizou parte do acervo, para que o con-ceituado designer Oswaldo Miranda, mais conhecido como Miran, pudesse selecionar e apresentar uma exposição

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A exposição foi lançada no dia 29 de março, mesmo dia em que Curitiba comemorou 319 anos e Poty comple-taria 88 anos de idade. Até agosto des-te ano, os visitantes poderão ter aces-so a mais de mil peças selecionadas pelo curador, muitas delas inéditas ao grande público. “O público verá desde os seus desenhos de infância, passando pela época do seu ingresso

sobre o Poty. “A diretora Estela Sandri-ni disse-me que queria que eu enfren-tasse o desafio, que ela desejava uma curadoria com um diferencial. Confes-so que tremi nas bases por ser uma coi-sa inusitada para mim e que acarretava uma grande responsabilidade. Pelo meu carinho com o Museu e como o Poty era o artista a ser homenageado, eu não resisti”, explica Miran.

na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, até a sua Bolsa, em Paris. Segue muito do seu trabalho de ilustração editorial, suas gravuras e raros entalhes. Fotos que registram o seu convívio com os familiares, seus bilhetes e recados ilustrados para Cé-lia Lazzarotto, sua esposa. Farão par-te da mostra alguns cenários gigantes que eu criei com os desenhos do Poty para que o público pudesse também interagir”, conta o curador.

obras versus Vida

Em meio a tanto acervo, o apartamen-to em que Poty viveu permanece cheio de obras e histórias para contar. Já a obra preferida de Seu João? “Todas elas. Ele ilustrou livros, aquele Sa-garana [de Guimarães Rosa]. Não ti-nha quase folga. Vivia ilustrando, dia e noite. Teve uma fase que ele fazia os painéis. Foram para Europa. Em toda parte, ele deixou [suas obras]”, fala emocionado. Independentemente de não escolher nenhuma obra espe-cífica, de uma coisa Seu João diz ter certeza: “não precisa nem assinar. O traço dele é inconfundível”.

Qual era a sua relação com o Poty e o trabalho dele?

OM - O nosso primeiro contato foi mais profissional, ele me escolheu como diretor de arte do seu grande livro de gravuras: “Poty, o artista grá-fico”, com texto e pesquisa de Orlando da Silva. Tivemos mais contato para o andamento das provas. Depois fiz a papelaria pessoal dele e fiz muitos trabalhos com ele para agência PAZ, para um artigo na “Raposa”. No início

dos anos 90, ganhei dele um livro auto-grafado pelo Aldemir Martins, pois ele gostaria de fazer a sua monografia nos mesmos moldes. Posso dizer que foram contatos muito agradáveis e rimos muito.

Você considera o Poty um dos princi-pais artistas paranaenses?

OM - Eu o considero um dos maiores artistas brasileiros, pois ele literalmente levou a arte do papel ao concreto! Sem fazer trocadilho.

Como definiria a relação do Poty com o Paraná?

OM - É uma coisa especial, não sei definir isso, não tenho talento para tal. Acredito que a terra paranaense realmente estava enraizada no seu ser. Só posso dizer que a obra do Poty já estava aí quando eu aprendi a olhar as coisas. Para mim, ninguém desenhou melhor ou simbolizou o Paraná como ele. Adoro as suas carroças, tropeiros e, principalmente, os seus pinheiros!

mais do mesmo com oswaldo miranda

“Poty era um cara singular, esplêndido, incapaz de ser indiferente para alguém”, afirma Seu João

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cultura&lazer

Essas peculiaridades das obras de Poty estão expressas em madeira, painéis, quadros, livros, gravuras, azulejos e fazem dele um artista com-pleto, atesta Miran. “O público co-nhece mais a obra do Poty por meio dos murais de azulejos, seus monu-mentos em concreto nas praças e edi-fícios públicos. Eles conhecem muito pouco da obra impressa do Poty. [O fato dos seus] murais e monumentos serem comumente apreciados pelo público acabou fazendo dele um íco-ne”, diz Miran.

Essa vontade de encantar a todos e deixar um “pedaço” seu por onde pas-sava pode ser reflexo de sua persona-lidade. Apesar de gostar mais dos tra-ços do que das letras, Seu João afirma que não só na arte, mas na vida, Poty era surpreendente. “Poty era um cara singular, esplêndido, incapaz de ser

indiferente para alguém. Uma per-sonalidade. A simplicidade dele era uma característica notável. Onde ele saía era o centro da conversa. Aqui no bairro [Cristo Rei] também, só falta-va o bairro ser chamado de Poty”.

pinhais.pr.gov.br

PREFEITURADE PINHAIS

PINHAIS. A CIDADEQUE MAIS SE DESENVOLVEUNA REGIÃO METROPOLITANAE O 2O MUNICÍPIOPARANAENSE COM MAIOREFICIÊNCIA NA GESTÃODO DINHEIRO PÚBLICO.Pinhais é uma das melhores cidades do Brasil para se investir. Um município novo, com apenas 20 anos, mas que vem crescendo a cada dia. Nos últimos dados apresentados pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, Pinhais foi apontada como a cidade que mais se desenvolveuna Região Metropolitana de Curitiba e a terceira no Estadodo Paraná, além de aparecer como o 18o munícipio brasileiro com maior eficiência em gestão fiscal (e o segundo melhor colocado no Estado).Venha crescer com essa cidade. Traga sua empresa para Pinhais.

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serViço ExPOSIÇÃO POTy, DE TODOS nóS29/03 a 05/08HOrÁriODe terça a domingo, das 10h às 18hCUStOSR$ 4,00 e R$ 2,00 para professores e estudantes com identificaçãoLOCALMuseu Oscar Niemeyer infOrmAçõESwww.museuoscarniemeyer.org.br

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pinhais.pr.gov.br

PREFEITURADE PINHAIS

PINHAIS. A CIDADEQUE MAIS SE DESENVOLVEUNA REGIÃO METROPOLITANAE O 2O MUNICÍPIOPARANAENSE COM MAIOREFICIÊNCIA NA GESTÃODO DINHEIRO PÚBLICO.Pinhais é uma das melhores cidades do Brasil para se investir. Um município novo, com apenas 20 anos, mas que vem crescendo a cada dia. Nos últimos dados apresentados pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, Pinhais foi apontada como a cidade que mais se desenvolveuna Região Metropolitana de Curitiba e a terceira no Estadodo Paraná, além de aparecer como o 18o munícipio brasileiro com maior eficiência em gestão fiscal (e o segundo melhor colocado no Estado).Venha crescer com essa cidade. Traga sua empresa para Pinhais.

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Legião de 30 anosA famosa banda Legião Urbana ganha homenagem em Curitiba com participação de fãs e familiares de Renato Russo

uritiba foi o primeiro pal-co no País a receber o show de 30 anos de uma das mais importantes

bandas do rock brasileiro: a Legião Urbana. O evento ocorreu no fim de março, no Teatro Canal da Música. O comandante dessa viagem ao passado foi Kadu Lambach, um dos músicos fundadores da Legião. Junto com sua banda atual, “Os Legionários do Som”, ele apresentou sucessos como “Que país é esse”, “Índios”, “Geração

CCoca-Cola”, que empolgaram a plateia que aplaudiu de pé algumas canções.

A iniciativa dessa homenagem à ban-da, que marcou uma geração, foi do filho de Renato Russo, Giuliano Man-fredini. Também estavam presentes na plateia a mãe de Renato Russo, Carminha e sua irmã Carmen. “Foi

Para o show, foram feitos novos arranjos

para as músicas

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ção

uma surpresa incrível, principalmen-te, para os vocalistas”.

Para o show, foram feitos novos ar-ranjos. As letras também ganharam novas vozes. “Eu não queria ficar com só um cantor não. O projeto é esse. A gente viajar pelo Brasil pro-movendo a interação com outros can-tores”, explica Lambach. Carmen diz acreditar que seu irmão ficaria feliz com a nova “roupagem” que deram às músicas. Outras cidades devem ganhar esse espetáculo, mas a agenda ainda não foi definida.

Iris Alessi - [email protected]

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Infanto-juvenil Autor: Brian SelznickEditora: SM Editora

MarketingAutores: Achiles Batista

Ferreira JuniorEditora: Ibpex

HistóriaAutores: Luiz Ernesto Wanke / Marcos Luiz WankeEditora: LEWI

AventuraAutor: Elton Carlos de Araújo AlvesEditora: Dialogar

Iris Alessi - [email protected] do mês

A invenção de Hugo CabretNa Paris dos anos 30, o enredo se volta a Hugo Cabret, um menino órfão que vive escondido numa central de trens da cidade, cuidando dos gigantes relógios da es-tação. Mantém seu anonimato andando por passagens secretas. Sua sobrevivência depende disso, pois guarda um grande segredo. O segredo de Cabret está em risco quando o seu destino cruza com o severo dono da loja de brinquedos e sua afilhada. Um desenho enigmático, um caderno, uma chave roubada, um mecânico fazem parte dessa envolvente estória que mistura elementos dos quadrinhos e do cinema.

Marketing Político & eleitoralA obra de Achiles Batista Ferreira Júnior traça um paralelo entre a política e o mundo corporativo e ava-lia a influência do marketing no resultado desses dois setores. O estudo mostra as artimanhas que o marke-ting lança mão para mobilizar eleitores e clientes, por meio de cases conhecidos. Obra interessante para ter uma visão mais crítica nas próximas eleições e saber reconhecer as ferramentas que os marqueteiros vão usar para te seduzir.

brasil ChinêsA colonização da América pelos chineses no século V d.C. é o mote central do livro “Brasil Chinês”, no qual os autores contam como os chineses descobriram nosso continente e espalharam sua cultura entre os povos que viviam por aqui. O livro é uma contribuição dos autores para o marco da origem do homem americano. Eles avaliam que muito da herança cultural dos índios americanos tem influência dos chineses. O livro é repleto de imagens e transcrições que colaboram com a tese dos autores.

o mestre das VirtudesO primeiro livro do paranaense Elton Carlos, que co-meçou a ser escrito há quatro anos, narra aventuras de quatro amigos de infância (Kurt, Marcus, Jéssi e Will) de diferentes personalidades, mas que estão em busca de algo comum: respostas para o desaparecimento dos pais. Ao longo dessa viagem de perguntas e respostas, talismãs e mapas, muitos mistérios serão desvendados, até que eles chegam ao Mestre das Virtudes. A história não termina por aí. A obra tem como premissa abrir a curiosidade para uma trilogia de aventuras.

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4 de maio nos cinemas

4 de maio nos cinemas

NÃORECOMENDADO

PARAMENORES DE

12 ANOS1212

Iris Alessi - [email protected] Renato Sordi

dicas do mês

jazz, Rock, SoulBig Time OrchestraGravadora: Independente

Live in Portland/UsAA banda curitibana Big Time Orchestra estará em breve com o seu novo CD à venda, gravado nos Estados Unidos. O “Live in Portland/USA” está mais rock and roll, com pitadas de ska e pop rock. Dentre as canções de destaque do novo álbum está uma ver-são da banda para “País Tropical”, além de “Cadilac Azul” e “Simples”. A banda sairá em turnê pelo Brasil. Para o final do ano, preparam a gravação de um DVD ao vivo. Agora é aguardar para ver o que a Big Time trouxe de som e reconstruções musicais.

Indie RockLana Del ReyGravadora: Universal

born to dieA cantora norte-americana Lana Del Rey encarna o “conto de fadas” pós-moderno: com um vídeo amador da música “Vídeo Games” no YouTube, a garota descolada, de voz abundantemente sexy e pose tipo blasé arrebatou a simpatia da crítica e foi rapidamente alçada ao posto de revelação da música pop de 2011. “Born To Die” é seu disco de estreia. Em 12 faixas, Lana personifica as desventuras e desconexões do cotidiano da geração Y em melodias enlatadas que escorregam pelo pop, R&B, rock ou indie. Se você tem menos de 30, vai fundo. Caso contrário, use com moderação.

MPBLucas SanttanaGravadora: Diginois

o deus que devasta, mas também CuraO baiano radicado no Rio de Janeiro, Lucas Santtana, é dono de uma das carreiras mais profícuas da música brasileira na última década. Santtana é um excepcional letrista e músico. Em seu 5º disco, ele faz um apanhado aventuroso de ritmos – sambas, dub, funk carioca, tecnobrega, além das invencionices eletrônicas de sempre –, o que resulta num disco rebuscado, mas pouco erudito. Destaque para “Dia de Furar Onda no Mar”, que conta com participação do filho Josué de 09 anos e a faixa título do disco. O álbum está disponível para download na internet, por iniciativa do próprio artista.

EletrônicaLittle DragonGravadora: Peacefrog

ritual Union“Ritual Union” é o terceiro disco do grupo sueco de musica eletrônica e experimental Little Dragon. Formado pela estupenda cantora Yukimi Nagano, de origem japone-sa, e os amigos Erik Bodin, Fredrik Källgren Wallin e Håkan Wirenstrand; o Little Dragon mistura trip hop com synthpop e soul. Dessa excêntrica salada emerge uma sonoridade bastante particular, de irresistível apelo futurista, sexy e provocador. Tente resistir ao grave sincopado e as miudezas atordoantes da faixa “Brush The Heat” ou ao pop oitentista de “Nightlight”.

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opiniãoJoão Paulo Bettega de Albuquerque Maranhão Advogado Sócio do Escritório Katzwinkel & Advogados Associados

recente decisão do Supremo Tribunal Fe-deral, no sentido de se reconhecer a cons-titucionalidade da Lei da Ficha Limpa, nos termos em que foi aprovada no Congresso,

se revela, em princípio, como uma vitória de nossas ins-tituições, mas especialmente do povo, eis que referida lei originou-se de uma iniciativa popular que reuniu mais de dois milhões de assinaturas.

Por certo tal entendimento retrata uma nova realidade po-lítica de nosso país, que caminha a passos largos para um novo conceito de democracia sepultando gradativamente os coronelismos, os nepotismos, os jetons, enfim, o tão pré-histórico e venal “jeito brasileiro de governar”. Uma simples análise jurídica nos descortina um futuro sombrio, em especial no que tange aos mecanismos de aplicação que serão dados à lei, que poderão, em última análise, desvirtuar seu louvável espírito, fazendo dela uma verdadeira “vara de condão” de ine-legibilidade à disposição dos ami-gos da Corte, do Poder.

Justifica-se tal posicionamento partindo-se da análise de apenas uma das novas causas de inelegibilidade trazidas pela Lei Ficha Limpa que trata da tão discutida condena-ção por órgão colegiado. Como é sabido, até o advento da Lei da Ficha, o princípio da inocência do réu imperava de forma indene em nosso ordenamento jurídico eleitoral não se questionando sobre a condição de elegibilidade de qualquer candidato até a ocorrência do trânsito em julgado de sentença condenatória definitiva.

Agora, àqueles que forem condenados em primeiro grau pelo cometimento dos crimes elencados na alínea “e”. 1 a 10. inciso I, art. 1º, LC 64/90, com a redação dada pela Lei da Ficha Limpa e tiverem suas sentenças confirmadas em segunda instância, em especial nos Tribunais de Justiça,

a partir do momento da publicação de seus acórdãos, au-tomaticamente estarão inelegíveis, caso não interponham os recursos suspensivos competentes. Ou seja, da simples leitura do que foi dito nota-se claramente que a linha de corte da impunidade foi suprimida em uma instância, eis que os políticos fichas sujas não mais poderão se valer das instâncias judiciais finais do Plano Piloto para interpor um sem número de recursos.

Mas infelizmente, essa evolução legislativa por si só não acabará com os fichas sujas, muito menos impedirá os mesmos de continuar a se candidatar, pelo menos, por mais um ou dois pleitos, ou de continuar a ocupar cargos nos governos. Muito pelo contrário, sabendo-se da índo-le destes cidadãos muito provavelmente eles se utilizarão da Lei da Ficha Limpa para se beneficiar e não para se

prejudicar. Explico tal alegação na medida em que muitos dos fi-chas sujas são políticos de gran-de influência junto ao Executi-vo e Judiciário de suas regiões, sendo que com a mais absoluta certeza se utilizarão de suas

“forças” para fazer valer a Lei para os outros e não para eles, promovendo o andamento mais célere dos processos dos seus inimigos políticos, prorrogando os processos de seus apadrinhados ou correligionários.Conhecendo o modus operandi destes tipos de agente, não há como se pensar que com um golpe como este eles ve-nham a sucumbir, sendo que por certo a brecha da impuni-dade ou o by pass na Lei da Ficha Limpa já foi encontrado, aguardando o apito inicial do certame eleitoral para ser lançado no Judiciário para ao final ver no que dá. Certo é que tanto o Judiciário quanto a população devem estar de olhos abertos quanto à validação e aplicação de todos os ditames insculpidos na Lei para que os mesmos desde logo tenham seu máximo alcance já no próximo pleito. “Alea jacta est”, os dados estão lançados.

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infelizmente, essa evolução legislativa por si só não

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