revista mÊs, edição 13

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Editora MÊS Ano 2 - nº 13 Fevereiro de 2012 circulação GRATUITA I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT MERCADO SAIBA QUAL O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL QUE O MERCADO DE TRABALHO EXIGE HOJE POLÍTICA EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM AMAURY RIBEIRO JR, AUTOR DE “A PRIVATARIA TUCANA” LAZER VEJA COMO SERÁ O PSYCHO CARNIVAL, MAIOR FESTIVAL DE ROCKABILLY DAS AMÉRICAS, EM CURITIBA PARANÁ: SOMOS 3 EM 1 Estudiosos atestam que o Estado não tem identidade única; a riqueza cultural está na diversidade do povo

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Revista mensal do Paraná. Distribuição gratuita. Para receber, entre em contato com: [email protected]

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Page 1: Revista MÊS, edição 13

Editora MêsAno 2 - nº 13Fevereiro de 2012

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“Não faço planos. Sou muito fatalista, acho que o futuro é hoje”

Você nasceu em Curitiba (PR). Como foi sua infância na Capital paranaense?

Ary Fontoura (AF) - Fiquei aqui em Curitiba até 1964. No dia 31 de mar-ço, quando estourou a Revolução, eu cheguei ao Rio. Era uma cidade pe-quena [Curitiba], tinha 280 mil habi-tantes. Tive uma infância fantástica. Morava ali no Alto da Glória, não tinha o Centro Cívico ainda, ali era mato puro. Tudo que tive direito a ter uma bela infância, eu tive.

Quando você decidiu ser ator?

AF - Descobri desde quatro anos de idade que eu já tinha manifestações

entrevista Ary Fontoura

Aos 78 anos de idade e mais de 60 de carreira, o ator paranaense Ary Fontoura não para de surpreender. Com fôlego de criança, diz não fazer planos e ama viver. Morador do Rio de Janeiro há 46 anos, Ary considera que ser carioca é um estado de espírito. Apesar de ter um grande foco de sua carreira na televisão, Fontoura admite adquirir o combustível necessário para continuar em suas atuações no teatro. Em visita ao Paraná para ser homenageado no Festival de Cinema da Lapa, Ary Fontoura conversou exclusivamente com a Revista MÊS. Confira:

Mariane Maio - [email protected]

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guei para ela e disse ‘você vai embora para o Rio de Janeiro’. E fomos nós dois para o Rio.

Qual é a sua relação hoje com o Paraná e o Rio de Janeiro? Você se considera paranaense ou carioca?

AF - Sou curitibano porque nasci aqui, paranaense porque sou do Paraná e ca-rioca porque moro no Rio. Carioca é um estado de espírito. Moro no Rio há 46 anos e àquele lugar eu devo muito. As pessoas sempre me trataram mui-to bem, me acolheram. Estou na Rede Globo desde que inaugurou. Essas coi-sas pesam muito. Em compensação, se você perguntar o que vai acontecer hoje em Curitiba eu sei dizer. Leio jornais, procuro na internet, sei o que acontece com o teatro aqui.

Durante a sua trajetória, você chegou a cantar num prostíbulo e já declarou que se relacionou e se apaixonou pelas mulheres de lá. Como foi essa relação?

AF - Eu cantava, era profissional da música. Cantava num restaurante lá no Alto da XV, mas o barulho dos ta-lheres era tão mais forte que a minha voz e a indiferença das pessoas tam-bém... Aí um dia, um músico, o Zé Pequeno, me falou: ‘por que você nãovai lá na zona?’. As casas possuíam um salão de baile, tinha um recinto onde elas atendiam os fregueses, tinham seus próprios quartos, e eu cantava lá, toda noite. O pessoal dançava, aplau-dia. Eu era jovem, os hormônios sain-do por todos os poros, é claro que ten-do aquele banquete todo preparado eu aproveitava. Só que nesse festival de sexo eu me aproximei de uma, achava ela legal, a melhor de todas, mas com essa nunca tive nada. Foi quando falei para ela ‘todas as suas amigas foram tão caridosas comigo, satisfizeram to-dos os meus instintos e você é a única que não está querendo nada, por quê?’ E ela disse ‘se eu fizesse alguma coisa com você minha vida seria um infer-no’, disse ela apaixonadíssima. Eu fi-quei então quietinho e disse ‘não

que enveredaria por esse caminho. Morava em uma cidade pequena, meu pai era professor do que seria hoje um curso de primeiro grau. Lembro que nós estávamos numa cidade chama-da Entre Rios, aqui perto de Castro e Ponta Grossa, e lá apareceu um grupo de um pessoal que dançava músicas russas, aquele folclore, me levaram. E a partir dali eu comecei a imitar tudo. Imitava o padre que rezava a missa, as pessoas.

E a sua família o apoiava?

AF - A minha família não me apoiou efetivamente para essa minha carrei-ra. Era uma carreira, na época, mal-dita. Todo homem que pretendia ser ator tinha característica de vagabun-do. Era uma profissão que não era bem vista pelos olhos de ninguém.

Você chegou a fazer quatro anos de Direito. Por que não concluiu?

AF - Porque foram os piores anos da minha vida. Graças a Deus nós éramos uma família de classe média baixa. Apesar dessa pobreza que nos cercava, éramos muito bem orienta-dos. Meu pai tinha uma pretensão: dar a cada um dos filhos um diploma. Porque você sairia com uma profissão liberal e faria o que bem entendesse. Mas na hora de decidir, já sabia o que eu queria. Queria era ir para São Pau-lo, estudar teatro. Mas a família era contra, não havia apoio de espécie alguma. Eu não tinha recursos finan-ceiros e tinha medo de sair. Para dar esse prazer ao meu pai pensei no que se aproxima do teatro e vi o curso de Direito como uma grande encenação. Fiz o vestibular e passei muito bem. Mas na medida em que o curso ia indo, a minha vontade cada vez mais se manifestava. Chegou ao quarto ano e eu não aguentei mais. Cheguei para minha mãe e disse ‘não dá, não é por aí, vocês me desculpem’. Fui desen-volvendo meu autodidatismo na ques-tão da arte, fazendo peças no colégio. Fui para o rádio fazer teatro. Quando aconteceu a televisão aqui em Curitiba

e eu era diretor de rádio teatro da Rá-dio Colombo, o Ronald Stresser, que era um dos diretores da televisão me chamou e disse ‘a televisão é inevi-tável, vai acontecer e nós precisamos fazer um corpo dramatúrgico lá dentro e você foi escolhido para ser o diretor da teledramaturgia’. E eu disse ‘pois é, isso é uma coisa realmente nova para mim, não compreendo’. Ele disse, ‘para isso já providenciamos sua ida para São Paulo, você vai lá e vai fazer um estágio na TV’. Eu fui e fiquei dois meses fazendo um estágio e voltei aqui para Curitiba para a inauguração e comecei a aparecer. Comecei em um programa humorístico, muito famoso aqui em Curitiba, o Dr. Pomposo, que eu criticava a política de uma forma muito engraçada e isso foi pegando, e minha família começou a ver que eu estava ficando famoso. Meu pai já passava na boca maldita e todo mundo conversava com ele. E na minha casa não tinha sequer um aparelho de tele-visão. Comprei um aparelho e a partir daí meu pai ficou encantado com tudo. Talvez como advogado não fosse tão prestigiado como na televisão e as coi-sas mudaram.

Nessa época, você já era reconheci-do em Curitiba. Como decidiu dei-xar tudo e tentar uma carreira no Rio de Janeiro?

AF - Com todo dinheiro que eu ga-nhava aqui (ganhava bem naquela época) comprei um sítio. Um dia fui ver o bosque que tinha lá, uma mesa de churrasco, era muito bonito o lu-gar, todo sombreado, uma beleza, no alto, lindo, lindo. Me deitei no campo e fiquei olhando para o céu, aquela beleza toda, olhei para mim, e pensei não posso querer isso para mim. Vou embora amanhã. Isso foi no dia 30 de março. Comprei duas passagens, para mim e para a Odelair Rodrigues, li-

“Gosto das pessoas que não têm horizonte, mas

que sonham”

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do você trabalha na Globo, é um veí-culo muito egoísta e absorvente. Você tem de se dedicar exclusivamente a eles. Você vai do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Vai ao cine-ma e sai com a maior culpa. A téc-nica supera o intérprete. Hoje em dia é muito mais importante uma cena tecnicamente perfeita, do que artisti-camente bem feita, porque o mundo requer tudo em HD. E é um processo dificílimo, as câmeras são mais sen-síveis do que qualquer ator ou atriz. Parece que choram e riem. Qualquer movimento é excessivo. Hoje, não se interpreta tanto quanto antes, hoje se vive mais. Você tem de estar constan-temente se adaptando a novas formas e maneiras de representar e de ser.

Hoje, você é considerado um dos atores mais versáteis da dramatur-gia. Como é trabalhar nesses dife-rentes meios?

AF - Eu não faço só televisão, feliz-mente. Faço teatro em primeiríssimo lugar e me considero oriundo do tea-tro. Então eu faço assim, colho atra-vés do teatro e da forma que eu vejo as coisas, aplico na televisão. Adqui-ro no teatro o óleo que eu gasto na TV, porque a televisão requer que você vá praticamente pronto para um estúdio. Lá não há tempo para ensinar ninguém, para discutir personagem, é tudo muito rápido. É uma coisa extre-mamente comercial.

Como você busca inspiração e re-ferências?

AF - Na vida. Aqui, por exemplo, es-tou olhando para você. Se eu tivesse que fazer um personagem feminino de repente faria você, já peguei você todinha. Eu fico olhando, vendo as coisas. O ator que se afasta do público e fica dentro de casa vendo videotape não faz uma literatura sua, faz uma coisa que serve para o mundo todo. Você fica muito mais americaniza-do. Prefiro ser diferente. Tenho cer-ta simplicidade e é a única arma que eu tenho para chegar às pessoas. Me

vou mexer com você porque é uma história que não vai ter, não é justo’. Respeitei a profissão da moça.

Com 78 anos você nunca se casou, por quê?

AF - Não me casei não porque eu não quisesse, cheguei perto. Quando eu fui embora de Curitiba era quase noivo. Na ocasião, falei: ‘vou para lá, tentar minha vida’. A mãe dela foi a primeira a dizer ‘está pensando o quê? Acha que minha filha vai ficar te esperando a vida inteira?’ Fui embora para o Rio. Uma semana depois re-cebi uma carta dela dizendo que não dava, que não era por aí, que ela gos-taria que eu voltasse, deixasse de lado isso, entendesse que o casamento era uma coisa muito séria e tudo mais. Fi-quei desesperado, porque fazia parte dos meus planos e coisas do coração todo mundo é vulnerável. Mas dali a pouco eu comecei a pensar e disse ‘nada acontece por acaso, isso é uma bênção divina que me foi entregue’. Ou eu vou ser egoísta a partir de ago-ra ou vou ser um eterno dependente da minha família, como eles quise-ram que eu fosse não me estimulando com o que eu queria fazer. Não escre-vi nada, não disse nada. A partir daí, eu achei que devia seguir sozinho que era muito melhor. Honestamente, foi e está sendo muito melhor.

Quais são os próximos trabalhos na televisão?

AF - Eu não faço planos. Sou mui-to fatalista, acho que o futuro é hoje. Não quero ser pretensioso. Você sabe o que vai acontecer daqui a pouco? Não. Então não planifico nada. Quan-

aproximo muito, acho que todas têm coisas para contar. E a situação por mais absurda que seja pode ser dra-mática ou extremamente cômica.

Depois de mais de 60 anos de car-reira, você pensa em parar?

AF - Como eu disse não premedito nada. Convenhamos que sou bem lon-gínquo. Procuro me manter, porque se existe alguma coisa que eu gosto é viver. Acho muito bacana estar vivo, presenciando as coisas que aconte-cem, as mutações que o mundo a toda hora tem. A participação das pessoas. Agora mesmo eu estou ligado a um movimento [...] www.movimentogo-tadagua.com.br. Esse é o meu exercí-cio de cidadania.

Você acha que é importante o ator estar envolvido politicamente em alguma causa?

AF - Depende do que seja, e da cau-sa. Essa não é uma causa política. Ela virou por quem realmente pretende fazer a tal da usina. Mas é exatamen-te o contrário. A gente quer dialogar com o governo. Quer o diálogo que eles não transferiram para nós. Saber por que isso vai ser construído dessa forma que está sendo, prejudicando “n” coisas, inclusive o planeta Terra. A gente quer saber, já que é com o nosso dinheiro, porque está sendo fei-ta assim diante de tantas opções mais modernas de ir atrás da eletricidade.

Em seu site, é descrito como um ator expressionista que faz da arte a vida e assim por diante. Como você se enxerga?

AF - Pode ser isso e um pouco mais. A minha vivência é colocada toda em função do que eu faço. Isso é o que tem mais valor no meu trabalho. Os perso-nagens que eu faço, os mais bem suce-didos são os anti-heróis, aqueles aban-donados e que não beijam a mocinha no fim. E eu gosto desse tipo de coisa. Das pessoas que não têm horizonte, mas que sonham. São muito belas.

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entrevista Ary Fontoura

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NQM Comunicação A NQM Comunicação parabeniza a Revista Mês por um ano de existên-cia. Conteúdo sério e de qualidade #recomendamos

Aline Vonsovicz A Mês Paraná está de parabéns! A edição nº 12 está completa e muito interessante. Matérias de todas as editorias!

mensagens do(a) leitor(a)

CoNteúdoParabenizo a Revista Mês pelo conteúdo das matérias bem como pelo esmero do trabalho gráfico, trazendo a todos os leitores atos e fatos do nosso Paraná. É sempre oportuna as matérias com o cientista político - Ricardo Costa de Oliveira, por exemplo como matéria de capa Eleições Municipais e o segundo ano dos Governos, abordadas de manei-ra geradora de opinião a todos os leitores. Pois trata-se de um ícone na cátedra de ciência política em nosso Estado. Participo, também, que sou um leitor assíduo da Revista e tenho recebido com regularidade e pontu-alidade todos os meses. Parabéns a Editora-executiva e a toda a equipe da Revista, só merecem elogios e agradecimentos de todos.Renato José Soika, Diretor Cultural e Social da Assoc. Benef. dos Cabos e Soldados da PMPR

AgrAdeCimeNtoGostaria de cumprimentar a todos vocês por essa ótima revista Mês, nunca tinha visto ou ouvido falar, mas uma amiga me emprestou e eu achei ótima, li a do mês de novembro/2011.Irineia Salle Pacheco

/MÊS Paraná

CoNheCiGostaria de parabenizar a revista Mês, pois não a conhecia mas assim que li a primeira matéria (entrevista com Nany People) já adorei a revista.Talita Aparecida Bueno

importâNCiAAchei de extrema importância o conteúdo. Tenho acompanhado o conteúdo da revista pela internet. Gostaria muito de receber os exem-plares em casa.Luana Marchetto.

RESPOSTA: Basta enviar seus dados (nome da rua, número, CEP e cidade). Caso não seja do Paraná, o conteúdo estará disponí-vel somente pela Internet, no site: www.revistames.com.br

[email protected]

CoincidênciaFeliz coincidência! Ainda ontem descobri a Revista Mês no consultório de meu médico, gostei demais e tentei memorizar o ende-reço para pedir o envio da revista. Hoje, tentando lembrar do mesmo, eis que tenho a grande sorte de conseguir uma das revistas, a de nº 12, quando estive parada com o carro num semáforo: pura sorte! Sgrid Schumacher von der Heyde, por e-mail

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo

[email protected] | Twitter @mes_pr |

Facebook MÊS Paraná. Participe!

Thabata Martin Também estou muito feliz com a publicação! Obrigada Revista Mês Paraná e também a jornalista Maria-ne Maio. A matéria ficou excelente! (Moda / edição 12).

Aguinaldo Rodrigues Mais uma vez quero parabenizar a toda equipe da Revista Mês Paraná pela alta qualidade da Revista, dos assuntos e temas abordados. Cada vez que folheio uma edição, sinto que estou tendo acesso às mais atu-alizadas informações que preciso ter em uma revista.

Luisa Padoan A diversidade cultural da revista é o que há de melhor! Tudo para todos os gostos. Além das capas, que eu adoro! Esta de início de ano, da 12a edição, ficou ótima! Parabéns, como sempre! Aline Vonsovicz A Mês Paraná está de parabéns! A edição nº 12 está completa e muito interessante. Matérias de todas as editorias! Nay Lara A matéria com a entrevistada Nany People foi a melhor dessa edição!

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 11

Sim eu moraria, principalmente, se ti-vesse condições de comprar uma casa antiga. No centro encontro tudo o que preciso, além da diversidade cultural que me entusiasma.Patricia Rolim, por e-mail

Eu moraria no centro, penso que deve ser mais barato pois não há custos para transporte e com a comodidade de chegar sempre cedo em casa. Por outro lado os imóveis antigos são mais amplos mas pecam pela falta de vagas para automóveis.Jimi Rosales Vargas, por Facebook

@MES_Pr

@willian_bressanPeguei a revista @mes_pr na portaria do meu prédio e trouxe aqui para Ca-çador. Leitura ótima. E ainda o Pedro Elói deu entrevista! =D

Juliane Dziura Gostei bastante dessa edição, assim como das outras. Parabéns.

José Roberto Krasucki Li essa semana a edição nº 12 e está bem legal. Parabéns!

EnQUETE

Tem sugestões de pauta? Uma ideia

para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para

[email protected]

FOTOGraMaAlessandra Ramos

A poética da imagem se contrapõe à dureza do trabalho de quem vive do carvão e mora ao redor dos carvoeiros na Estrada do Cerne,

região de Campo Magro (PR).

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma envie sua imagem em alta resolução para o [email protected]

ISSUU.COM/rEVISTaMES

VoCê morAriA ou morA No CeNtro de CuritibA?

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mAtÉriA de CApA

o pArANá de muitAS ideNtidAdeS

4 eNtreViStA

10 meNSAgeNS doS leitoreS

11 FotogrAmA

14 mirANte

22 5 perguNtAS pArA: AmAury ribeiro Jr.

23 ColuNA

64 diCAS do mêS

66 opiNiÃo

eduCAÇÃo

30 É tempo de VoltAr àS AulAS

eCoNomiA 24 turiSmo de eVeNtoS

NA mirA dA rmC

26 FugiNdo dAS díVidAS

SAúde

32 mAiS AdultoS Aderem AoS ApArelhoS ortodôNtiCoS

turiSmo

48 CANyoN, umA FeNdA de belezAS

polítiCA

20 AS iNdeFiNiÇõeS NA CorridA eleitorAl

CuliNáriA e gAStroNomiA

56 SorVete pArA todAS AS horAS

sumário

eSporte

50 “CAÇAdoreS de emoÇÃo”

CidAdeS / CrôNiCA

58 oS pArAdoxoS doS CArNAVAiS CuritibANoS

CulturA e lAzer

60 Nem Só de SAmbA ViVe o CArNAVAl

62 AtrAÇõeS pArA quem tem SAmbA No pÉ

meio AmbieNte

36 teCNologiA NÃo deVeriA ir pArA o lixo

40 VeíCulo moVido à águA, ANteS deSperdiÇAdA

iNterNACioNAl

46 euA CoNSolidA-Se Como deStiNo de ComprAS doS brASileiroS

ComportAmeNto

42 o NoVo proFiSSioNAl

44 iNtegrAÇÃo É A ChAVe do NegóCio

modA e belezA

54 muitA Cor, brilho e ANimAÇÃo

AutomóVel

52 miStÉrioS roNdAm o NoVo eCoSport

teCNologiA

34 FuNCioNAlidAdeS Ao AlCANCe dAS mÃoS

AgropeCuáriA

28 o CombAte AlÉm dAS FroNteirAS

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evereiro é multifacetado. Tem cara de Carnaval. De volta às aulas. De trabalho. De orçamento familiar. Já reparou que é assim também o Paraná? Cheio de caras, identidades, culturas e sotaques.

É esse retrato que a MÊS traz na Capa. Quem somos? Especialistas mostram que a riqueza do nosso povo está na ausência de uma identidade única. Somos diversificados. Somos “Paranás-enses”. A pluralidade em forma de Estado.

Fevereiro também tem mais de uma identidade. não podia faltar animação. no bloco da alegria, o Carnaval já embalou o(a) Mês. assim, trazemos nesta edição atrações do Carnaval de Curitiba, que pode ser muito mais que samba e axé, desde o Psycho Carnival (uma festa do rock) até a maquiagem das mulheres que querem colorir a passarela da folia.

Já para quem gosta de curtir este feriado com uma pausa, a sugestão é ir para o Canyon do Guartelá, uma obra-prima esculpida pela natureza.

E em mais uma face de Fevereiro, traçamos o perfil do novo profissional, na reportagem de Comportamento. Junto com ela, uma maneira inteligente de melhorar a integração da equipe.

Fevereiro também é tempo de volta às aulas. Por isso, é importante organizar a vida escolar de seu filho. Veja na reportagem de Educação.

Mais uma faceta de Fevereiro refere-se à época de planejar o orçamento familiar, assim, a MÊS te ajuda a colocar as contas em ordem.

ah, já ia esquecendo! Fevereiro é ainda o momento da corrida eleitoral municipal esquentar. a sinfonia já começa a batucar nos ouvidos dos eleitores. É tempo de “namoro” entre os partidos para a composição de alianças até as eleições municipais. Leia em Política.

Fevereiro é realmente um Mês atípico por mais um detalhe: é o único que tem 29 dias. aproveite da melhor forma possível esse tempo com muita informação e opinião que a MÊS traz para você.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]ÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - [email protected] – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Renato Sordi, Alessandra Ramos, Eloi Zanetti e Giuseppe Mosello.

Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

O plural de FevereiroF

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Apoio sem força

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Conversas oficiaisA presidenta municipal do PT, a ex-vereadora Roseli Isidoro, comunicou aos partidos da Capital que em breve abrirá conversas oficiais sobre as eleições municipais deste ano. Em pauta estarão alianças para prefeito e a chapa de vereadores. Gustavo Fruet (PDT), Ratinho Junior (PSC) e Rafael Grecca (PMDB) compõem a lista de prioritários. O PT ainda não definiu oficialmente se terá candidato próprio ou apoiará outra candidatura.

Campanha antecipadaO prefeito Luciano Ducci (PSB) foi advertido pela Justiça Eleitoral sobre a conduta indevida já publicada aqui. Segundo o juiz Pedro Luís Corat, a pro-paganda eleitoral feita por Ducci só é permitida depois do dia 5 de julho deste ano. O recado está dado. A interrupção precisa ser imediata. E caso o prefeito reincida nas ligações de telemarketing e também em jornais de propaganda, ele pode até ter seu registro de candidatura negado por campanha antecipada.

AlcovA

o problema é a exUm político curitibano mantém um apartamento em uma das esquinas da Avenida 7 de setembro só para guardar documentos. Recentemente anda enlouquecido por causa disso. E não é por conta do valor do IPTU. É que sua ex-esposa, que conhe-ceu em um dos tribunais da cidade, visitou o lugar e tirou cópias de tudo.

Fica onde estáQuem acompanha a política em Brasília avalia que entre as mudanças que devem aconte-cer no ministério da presidenta Dilma não está a troca do ministro Paulo Bernardo do Mi-nistério das Comunicações para a Itaipu Binacional. Os resultados obtidos na pasta com a redução das tarifas de telefones fixos e móveis e a duplicação em um ano das conexões de internet móvel no País seriam os argumentos que a presidenta estaria usando para defender a manutenção do representante do Paraná no Ministério.

Fruet na dianteiraAssim como em todas as pesquisas de opinião divulgadas em Curitiba, que colocam Gustavo Fruet (PDT) em primeiro lugar, entre os que entendem um pouco sobre o PT de Curitiba é unânime a opinião de que caso os petistas curitibanos optem pela aliança com o candidato do PDT, o partido dos trabalhadores tenha larga vantagem entre os postulantes a este apoio. Fruet já teve conversas com vários petistas, da ministra Gleisi Hoffmann ao deputado Tadeu Veneri.

papa defuntoCirculam entre os amigos do prefeito Luciano Ducci (PSB) negociações sobre serviços funerários na Capital. O motivo seria a derrota das grandes funerárias em recente processo licitatório realizado pela Prefeitura. O vereador Jairo Marcelino, pedetista da base de sustentação do prefeito, estaria patrocinando acordo para que as grandes não fiquem de fora. Há quem diga que os interesses do nobre colega beiram o pessoal.

Além disso, a turma da campanha do prefeito Luciano Ducci (PSB) anda batendo a cabeça. Pesquisa qualitativa realizada no final do ano passado mos-trou que o apoio do governador Beto Richa (PSDB) à candidatura do atual prefeito de Curitiba não acrescenta nada nas intenções de voto. A mesma pesqui-sa, contudo, diz que o apoio da ministra Gleisi Hoffmann ao candidato Gustavo Fruet aumenta significativamente a perspectiva de vitória do pedetista. O que fazer? É a pergunta entre os mar-queteiros de Ducci e Richa.R

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Fora da vice-presidênciaParece que teve vereador de Curitiba que não foi um bom menino no ano passado. Pelo menos, não para o parti-do. O vereador Zé Maria (PPS) foi afastado no fim de janeiro da vice-presidência da direção municipal do PPS. É uma reposta da legenda em relação à posição tomada pelo vereador em cooptar com o relatório da CPI em que inocentava o vereador João Cláudio Derroso (PSDB) de qualquer irregularidade. Zé Maria também ficará de fora da liderança da bancada na Câmara de Vereadores.

desenvolvimento tecnológicoCom o objetivo de estimular a articulação entre os seto-res público e privado na área da inovação tecnológica, em especial no segmento industrial, o governo brasileiro criou recentemente a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O foco central será pro-mover a inovação nas empresas, explorando a capilarida-de e a competência já estabelecida dos institutos tecno-lógicos existentes. Iniciativa importante para garantir a sustentabilidade do crescimento econômico brasileiro.

BAte Pronto

“Conheço sim senhor. O senhor esteve preso faz pouco tempo”Thiago Moreira, secretário de Cultura do PT Paraná que se manifestava contra o resultado da CPI sobre o vereador João Cláudio Derosso (PSDB)

“O que é isso, rapaz?! Você nem me conhece.”

Vereador Denilson Pires (DEM), ao responder ao estudante que lhe chamava de pizzaiolo por apoiar o arquivamento das

denúncias contra Derosso (PSDB)

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16 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

o paraná de muitas identidadesEfeito de três diferentes períodos de colonização, o Estado apresenta regiões e costumes bastante distintos

ciedade é incrível. Isso é que dá essa multiplicidade”, afirma o professor da FAE, Luiz César Kreps, historiador, filósofo e autor de um dos artigos do livro “Paraná: Espaço e Memória”.

Sem uma identidade única, essa mis-tura é justamente o que identifica o Paraná, na opinião do professor Car-los Alberto Maio, do Departamento de Turismo da Universidade Estadu-al de Ponta Grossa (UEPG). “Há um dado positivo que é justamente essa diversidade que o torna diferente. Há uma riqueza de vários elementos étnicos culturais e economicamente falando também. Essa produção agrí-cola, a própria indústria que está se desenvolvendo”, diz.

primeira faseEntão, quem somos? Em busca dessa resposta, a reportagem da MÊS ouviu especialistas da área que desenharam o seguinte traço cultural do Paraná. A colonização pode ser dividida em três períodos e regiões. A primeira delas foi a parte litorânea, que depois se estendeu à Curitiba e aos Campos Gerais. “A primeira forma de povo-amento do Paraná é totalmente lito-rânea. Tanto que você tem a região de Antonina, Morretes e Paranaguá por causa do Tratado de Tordesilhas, que é a parte Portuguesa. Ela se li-mita nesse instante de povoamento, na economia de capotagem, que é a aquela economia por mar. Você tem

matéria de capa

m Estado repleto de arau-cárias, povoado por gra-lhas azuis, onde a comi-da típica é o pinhão e o

barreado. Esse é o Paraná de alguns livros. Mas os símbolos criados para representar este território não refle-tem a totalidade do povo paranaense.

Colonizado em três ciclos migratórios, as diferentes regiões do Paraná forma-ram povos, culturas, estilos de vida e sotaques bastante diferentes. “Embora tenha havido em épocas diferentes e por mais de um político [teve] a ten-tativa de se criar uma identidade, uma homogeneização, a dinâmica da so-

uMariane Maio - [email protected]

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a primeira tentativa de interiorização no início do século XVII, que é a pro-cura bandeirante por ouro, que não foi encontrado”, explica Kreps.

Segundo ele, depois que o Litoral foi colonizado, as cidades que hoje fa-zem parte da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) tornaram-se uma região de passagem entre o Rio Gran-de do Sul e São Paulo. Assim, Lapa passa a ser o município mais impor-tante da região, muito por conta da ferrovia que passa pela cidade. “Tem a ocupação dos Campos Gerais e a ocupação populacional, que é a pre-ocupação do governo em trazer colô-nias, pessoas e ocupar a terra. Tem a divisa, mas não tem população. Nes-se processo, tem a formação de várias colônias, na região que hoje é Curiti-ba, que seria Santa Felicidade, Santa Cecília, o Portão, Dantas (que seria o Água Verde)”, conta Kreps.

Segunda fase

Outro ciclo histórico que ajudou a co-lonizar parte do Paraná foi o do café. A cultura agrícola que começou a ser cultivada no Vale do Paraíba tinha

encontrado a terra vermelha e fértil do Oeste paulista, uma riqueza para a época. Mas, com a valorização das ter-ras e a necessidade de expansão desse produto, os paulistas desceram para o Paraná em busca de terras para a ex-pansão. E pelo visto encontraram mui-to mais do que esperavam. A famosa terra vermelha da região Norte e Noro-este do Paraná se adaptou bem ao café.

“Os cafeicultores descobrem que a terra do Norte do Paraná era muito semelhante, até superando em quali-dade essa terra do Oeste paulista, sem saúva e muito barata. Eles vendiam 10 hectares em São Paulo e compra-vam 100 no Paraná. Lógico que a ter-ra do Norte Pioneiro era muito boa, mas nós vamos encontrar uma melhor ainda na região do Norte Novo, de Londrina, de Maringá, de Apucarana, que era a terra que alguns diziam que era abençoada por Deus”, explica o historiador e professor da FAE, Semi Cavalcante de Oliveira, também au-tor de um dos artigos do livro “Para-ná: Espaço e Memória”.

Muito diferente da parte litorânea e dos Campos Gerais, a colonização do Norte do Paraná não tem como pre-dominância o imigrante europeu. “O novo elemento que vai predominar ali são os paulistas, mineiros e nordesti-nos. Mineiros predominando em nú-mero e paulistas em capital [dinhei-ro]”, afirma Oliveira.

terceira fase

O terceiro e último momento da colo-nização paranaense foi o Sudoeste e extremo Oeste, povoado por cata-

A CArA do CuritibANo

Curitiba sempre teve fama de cidade europeia. Além do clima gelado, a forma mais fria e fechada de se relacionar lembravam os moradores da Europa. Mas essa realidade está mudando. Pesquisas mostram que mais de 50% dos mo-radores da Capital não são nascidos na cidade. Essa mistura, que também é a cara do Paraná, fez com que os curitibocas (como são conhecidos os nascidos em Curitiba), tivessem de conviver de forma amigável com os forasteiros (moradores nascidos em outras localidades)

Essa “invasão”, segundo o professor Luiz Alexandre Gonçalves Cunha, do Departamento de Geografia da UEPG, começou em 1980. “Em 1970, o município de Curitiba tinha 600 mil habitantes. Em 1980, tinha 1 milhão de habitantes. Isso se deu porque a geada foi um dos elementos que provocou a mudança do perfil produtivo do Norte. O café era uma cultura que fixava muita gente. Quando muda para soja, não precisa de tanta mão de obra. Gran-de parte dessa população foi para Curitiba”, diz.

Para os especialistas, hoje a Capital do Estado pode ser considerada uma cidade cosmopolita. “Aquela identidade de uma Curitiba tradicional, de um povo com características bem definidas, está se perdendo. É uma grande me-trópole hoje, globalizada, que você encontra tudo. Curitiba mudou muito nos últimos 20 anos”, afirma Cunha.

A maior parte da população curitibana é de outras localidades, tornando a cidade cosmopolita

Roberto Dziura Jr.

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SepArAdoS

Parte da PR 151, que liga o muni-cípio de Ponta Grossa à Irati, é um pequeno exemplo da diversidade de povos e culturas encontradas no Paraná. Em poucos quilômetros de distância e separados apenas pela rodovia, encontram-se, de um lado, uma comunidade de negros quilombolas (terras de remanes-centes escravos negros) e, de outro, russos brancos.

Dona Laurita Ferreira tem 60 anos, é casada, tem dois filhos e sempre morou na colônia Sutil (dos negros). Ela e toda a família vivem do cultivo do milho, feijão e da soja. A aposentadoria do marido também ajuda a pagar as poucas despesas. Com uma vida simples, Laurita faz dos encontros na Igreja e das raras festas que são realizadas por lá, a diversão dela e dos demais morado-res da comunidade.

matéria de capa

rinenses e, principalmente, gaúchos, que vieram buscar novas fronteiras agrí-colas. “Eles vêm exatamente pelo ciclo da madeira, depois buscando o Norte e Centro-oeste do Brasil. Mas tem o gaú-cho cansado, que chegava à metade do caminho e parava”, brinca Oliveira.

Kreps explica que é a segunda gera-ção dos gaúchos, filhos dos imigran-tes, que vai ocupar essa parte do Para-ná. “É a necessidade de você colocar população nesses locais. Enquanto você tem o imigrante que vem para o café substituir a mão de obra do escravo, esse é um tipo de imigrante que vem para ser mão de obra, você tem o outro tipo que vem para ser as-sentado à terra”.

Unificação

Esse processo de colonização formou o que os especialistas chamam de “três Paranás”. Até a década de 1970 essa realidade fazia ainda mais sentido.

Apenas depois dessa data, o Estado foi unificado, principalmente por meio do transporte rodoviário que ligou as regiões e os povos. “Nós tivemos isso aqui dominando durante dois séculos, essa sociedade tradicional. É mui-to recente a história do Paraná como um Estado totalmente unificado. Eu fico incomodada quando cobram uma identidade de um Estado que teve uma formação muito recente”, explica a professora Márcia Dropa, do Departa-mento de Turismo da UEPG.

Cultura

Apesar de unificado como território, o Paraná é ainda bastante dividido culturalmente. Quem conhece as re-giões consegue perceber, além dos sotaques, o estilo de encarar a vida do povo de cada uma delas. Um dos principais exemplos citados pelo pro-fessor Kreps é a divisão clara das torcidas de times de futebol. “Se pe-gar essa região aqui [Norte] tem tor-

cedores de times de São Paulo. Essa região aqui [Oeste e Sudoeste] só dá gremista e colorado”, conta.

Outros aspectos que demonstram essa forte diferença cultural, segundo

POr UMa rODOVIa

Apesar de sofrer com algumas restri-ções, dona Laura, como é conhecida, disse nunca ter pensado em se mudar do local. “Gosto da tranquilidade. A gente vai um pouco na cidade e já quer voltar para seu cantinho”, conta. Sua neta Grazieli (03) também parece gostar de morar no local.

Outra moradora, ainda mais antiga, é a Dona Vitória (78), casada com Seu Benedito. Vitória não sabe mais ao certo há quantos anos mora na co-munidade. “Já estou acostumada”. A casa simples e de madeira é mantida extremamente arrumada por ela. De vestido e trança embutida nos cabe-los, Dona Vitória gosta de se arrumar.

Neivair de Jesus Gonçalves (48) nasceu em Ponta Grossa, mas desde 1994 mora na comunidade Sutil. As terras e a casa eram de seus pais que mudaram para a cidade, pois não

conseguiam criar os doze filhos na comunidade. Apesar disso, seu pai manteve o terreno, pois já dizia que-rer voltar com os filhos. “Foi difícil voltar. Lá [na cidade] eu tinha tudo na mão. Hoje, não me acostumo mais na cidade. Já acostumei com a vida no sítio”, conta a servente escolar, que vai todos os dias para Ponta Grossa trabalhar.

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Professora Márcia Dropa explica que essa multiplicidade na colonização caracteriza o PR

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Do outro lado da rodovia, o contraste é nítido, não só fisicamente. Bastante estruturados, os russos brancos, que chegaram nessa região depois de terem ganhado as terras das Orga-nizações das Nações Unidas (ONU) refugiados da revolução comunista, ainda mantêm os costumes de seu povo no século XIX. As mulheres só usam vestidos e, as casadas, lenço

Oliveira, são a culinária e o jeito de falar. “O ‘leite quente’ é uma coisa mais específica do Paraná curitibano. Na região Oeste e Sudoeste, a gente percebe muito os sotaques dos gaú-chos e catarinenses, já ligado com o ‘E’ puxado de Curitiba. E no Norte [tem] aquela ligação com o Sudeste, São Paulo, a maneira de falar ‘porr-ta’, ‘porrtão’, puxando muito o ‘R’ do sertanejo. E a questão da comida tam-bém. Por exemplo, o feijão preto, que é uma unanimidade em Curitiba, eu comia até então quando comia feijo-ada”, lembra o professor que é origi-nário de Apucarana, Norte do Estado.

política

Por conta desse histórico, a pouca unificação se refletiu também na po-lítica. Apesar de o Paraná ser o quinto Estado mais importante economica-mente do Brasil, culturalmente e so-cialmente parece não acompanhar os bons índices.

Para os professores da FAE, o proble-ma é a falta de representatividade po-lítica em nível nacional. “A identidade desse político a partir do momento que ele ocupa um cargo federal deixa de ser a preocupação partidária regional e teria de ser uma preocupação para-naense. O nosso político não tem essa identidade”, explica Kreps que diz acreditar que os políticos paranaenses que estão no Governo Federal se pre-ocupam em defender apenas os princí-pios da sua base e família e não se pre-ocupam com o Estado como um todo.

Para Oliveira, essa falta de repre-sentação faz do Paraná um Estado periférico no cenário nacional. “Nós somos importantes economicamente, mas politicamente somos um Estado marginalizado. Desde a emancipação do Paraná era e continua sendo consi-derado um Estado marginal”, diz.

A professora Márcia também concor-da com essa tese. “A gente sempre

dependeu de incentivos dos outros. Só tivemos tropeirismo, porque Mi-nas Gerais precisou; só teve a erva mate, porque a Argentina precisou; só tivemos a madeira, porque os Estados Unidos precisaram”.

identidade paranaense

Por isso, definir o paranaense não é uma tarefa fácil. A dúvida é saber se essa mistura cultural faz do Paraná um estado sem identidade. Para os profes-sores, não. Oliveira acredita em uma identidade fragmentada e regionali-zada. “Não há uma identidade única. Há uma multiplicidade de identidades que são bens visíveis dependendo da região”, também atesta Kreps.

Márcia diz que não acredita que o Es-tado forme uma identidade única. “E se tiver de lutar pra não ter, eu luto, para mostrar essa multiplicidade racial que nós temos no Paraná. Acho que essa é a nossa identidade”, diz.

no cabelo. Os homens usam calças e camisas, um cinto de batismo e, os casados, barba e bigode.

Os pais de André Kalugin (40) vie-ram da Rússia, em 1958, com três filhos. Aqui no Brasil tiveram mais nove crianças. Kalugin já nasceu no Brasil, mas cultiva as tradições russas. Ele disse que vai à cidade apenas por obrigação, pois gosta de morar no campo. Sua esposa, Dina, nasceu na comunidade, mas foi cria-da em outra colônia de russos, na Bolívia. Assim que casou, retornou à região e também diz não gostar da cidade. No dia a dia, Dina cuida da casa, costura as roupas da família e faz queijos e requeijão para vender.

A única coisa em comum nas duas comunidades é o gosto pelo estilo de vida e também a dificuldade em se relacionar com as pessoas que

vêm de fora. Bastante receosos para conversar e contar suas histórias, os russos são ainda mais fechados que os quilombolas. O fato é que os moradores de ambas as comunida-des não se sentem confortáveis com as visitas.

Para a professora Márcia Dropa, do Departamento de Turismo da UEPG, esse receio deve-se em grande parte ao isolamento sofrido por eles e também pelo grande assédio por parte de universidades, jornalistas e outros moradores de Ponta Grossa em geral. “A gente quer aprofundar esse estudo, porque há uma disparidade muito grande”, conta Márcia. O objetivo é preservar a cultura dos quilombolas. “Com a pesquisa, percebemos que 89% dos moradores são negros, mas que estão vendendo suas proprieda-des para o pessoal de Ponta Grossa passar o final de semana”, diz.

DInA E SUA FILhA

SUSSAnA

Fotos: Roberto Dziura Jr.

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As indefinições na corrida eleitoralQuatro meses antes da homologação dos candidatos e das alianças para as eleições municipais, partidos já lançam nomes e discutem coligações

Mariane Maio - [email protected]

omo todos os partidos afirmam ao serem ques-tionados, as definições para as eleições munici-

pais deste ano só serão feitas em ju-nho, período limite da homologação das candidaturas. Mas o fato é que as conversas, acordos e arranjos já co-meçaram há muito tempo. O quadro político apresentado hoje traz três principais candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos: Lu-ciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT) e Ratinho Jr. (PSC).

Além desses candidatos, o Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou três possíveis nomes para a disputa, os de-putados Dr. Rosinha, Tadeu Veneri e Angelo Vanhoni. O PMDB declarou que Rafael Grega será o candidato do partido e o PPS também já lançou Re-nata Bueno como pré-candidata.

C

política

CandidaturasPara o professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi, a chance de os principais candidatos manterem seus nomes na disputa é grande. “As pesquisas mostram quem são os polí-ticos que estão na memória do eleitor. O que é óbvio é que tem o atual pre-feito, que está na memória dos elei-tores. O Gustavo Fruet acabou de ser candidato ao Senado, numa eleição majoritária em que ele foi muito bem votado em Curitiba, então também justifica-se a presença dele, e o tercei-ro colocado é o radialista Ratinho Jr., que está na rádio todos os dias, então é natural que ele apareça”, diz.

Já em relação aos outros candidatos, ele diz acreditar apenas que o PMDB mantenha o nome, que para ele, não deve ter uma boa votação. “A questão do PMDB é maior do que a eleição.

Você tem uma disputa grande lá den-tro de poder. E o Requião para man-ter o controle do partido lançou um candidato próprio. Os candidatos em Curitiba, sempre apoiados pelo Re-quião, não tiveram um bom desempe-nho. Mas o problema do Greca é que ele tem uma rejeição muito alta, tem cerca de 30%”, analisa.

Em relação ao PT, Cervi aposta em uma coligação com o PDT, em torno do nome de Fruet. “A não ser que haja uma mudança muito grande em ter-mos federais. O PT não deve ter candi-dato próprio em Curitiba. [...] O PDT faz parte do governo Dilma, então é natural que se coliguem em muitos municípios. Aí o nome mais coerente seria o do Gustavo Fruet que está bem melhor colocado nas pesquisas”.

O nome de Renata Bueno não deve ser mantido pelo PPS, segundo análi-se de Cervi. “Não tem sido a prática.

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Desde a campanha anterior do Rubens Bueno, quando ele ficou em terceiro lugar, o PPS não tem mais apresenta-do nome de importância, e tem parti-cipado do governo, tanto do Beto Ri-cha, quanto do Luciano Ducci”.

Coligações

Em relação às coligações, grandes surpresas não devem ser esperadas. De acordo com o presidente muni-cipal do PSB, Ubirajara Schreiber, o nome do Ducci já é certo na disputa e as alianças estão sendo discutidas. “O [apoio do PSDB] é uma condição anterior, uma parceria que vem desde quando o Beto [Richa] participou da prefeitura municipal. Essa parceria existe e continuará existindo. Têm vários partidos que sempre tiveram juntos e estamos trabalhando para que continuem conosco”, afirma.

Roseli Isidoro, presidente municipal do PT, relata que no final de 2011 o campo majoritário protocolou uma proposta de política de aliança, sem definir nenhum partido específico. “Obviamente é de conhecimento de toda a base do partido que a preferên-cia da nossa defesa é a coligação com o PDT. Agora, nós não podemos des-considerar que nós temos outros alia-dos que tenham sinalizado com can-

didatura própria, que é o caso do PSC e do PMDB”, explica Roseli. Essa definição será conhecida no encontro municipal no final de abril.

Já no caso do PMDB, o secretário-ge-ral de Curitiba, Doático Santos, garan-te que no momento não há expectativa do partido em trazer aliados. “Acha-mos que isso vá se dar no momento em que a candidatura tiver posta, com força dentro do cenário político”, diz. A prioridade do partido é viabilizar a candidatura de Greca.

Já o PSC afirma não discriminar ne-nhuma legenda. “As conversas estão mais adiantadas com o PR, PCdoB, PTdoB”, conta Antônio Borges dos Reis, presidente municipal do PSC. Segundo ele, a candidatura de Rati-nho Jr. já é tida como certa. “A gente tem certeza que o Ratinho Jr. vai para o segundo turno. A nossa dúvida é quem vai ser o adversário dele, se o

Luciano, ou o Gustavo”. Os presiden-tes municipais do PSDB, DEM e PPS não retornaram o pedido de entrevista feito pela equipe da Revista MÊS. O presidente do PDT não foi localizado para comentar sobre o assunto.

especulação

Para o analista político, apesar do jogo já ter começado, tudo não passa de es-peculação. “As pesquisas de intenção, hoje são pouco importantes, porque registram apenas a memória. A infor-mação mais importante é a rejeição. Porque se o eleitor diz que vai votar em fulano pode mudar esse voto até a data da eleição. Se ele diz que não vai votar em alguém de jeito nenhum, ele não vota nesse cara”, explica.

Apesar de não haver ninguém no mo-mento com chances, além dos três principais nomes, ele acredita que até a campanha ainda é possível que apareça outros nomes com represen-tatividade política. “Se houver um desgaste muito grande das elites po-líticas, [...] é nesse momento que apa-recem novas lideranças, as surpresas, que acabam vencendo a eleição. Po-dem ser nomes completamente novos na política, mas já conhecidos em ou-tras esferas da sociedade, ou nomes totalmente desconhecidos”.

“As pesquisas de intenção hoje são pouco importantes

porque registram apenas a memória. A informação

mais importante é a rejeição”

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Imagens ilustrativas. Representam possíveis coligações

entre os partidos nas eleições de 2012

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o brasil da lavanderiaO jornalista Amaury Ribeiro Jr. está do outro lado do balcão (como diriam os colegas jornalistas). O paranaense está na mídia depois do sucesso e da repercussão de seu livro “A Privataria Tucana” que, segundo ele, trata-se “do maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Ele tem percorrido o Brasil para falar sobre os bastidores da lavagem de dinheiro público por parte de políticos e empresários que revelou na obra. Em uma rápida passagem à Curitiba, o autor concedeu entrevista exclusiva para a Revista MÊS.

gada a abrir um novo procedimento. Tenho certeza de que isso vai acon-tecer. O que aconteceu no passado é que o Ministério Público entrou com quatro ações de improbidade admi-nistrativa e criminais contra essas pessoas e muitas delas foram prescri-tas sem serem analisadas pela Justiça. Essa é a realidade do País. A realida-de que impulsiona a impunidade do País todo.

E quais os projetos para o futuro?

AR - Há um projeto de lançar, se houver documentos necessários para isso, um segundo livro sobre esse tema da Privataria e lançar outro li-vro sobre outro assunto que estou apurando ainda. Como está em fase de apuração, não posso anunciar porque é perigoso. E vai ser um li-vro que vai chocar também. É outro aspecto de corrupção de violação de direitos humanos que eu gostaria de concluir esse ano. Têm outros proje-tos de livros, outros projetos maio-res. Eu acho que o caminho é esse, do jornalismo editorial.

Qual o envolvimento do ex-gover-nador José Serra no esquema des-sas privatizações do Governo FHC?

Amaury Ribeiro Jr. (AR) - Não apa-rece ele diretamente, mas a prima, o genro, o sócio, a filha, sempre tem uma pessoa. A rede das pessoas descritas, todas têm um elo com o José Serra. No caso o principal, o articulador, era o Ricardo Sérgio de Oliveira, mas tinha também o João Bosco Madeira da Cos-ta, que era o braço dele na Previ, havia o pessoal do BNDES, o pessoal do Mi-nistério das Telecomunicações que apa-rece muito com o Mendonça de Barros.

Existe alguma ramificação desse es-quema aqui no Paraná?

AR - A lavanderia que movimentou isso tudo veio do Banestado. E com certeza, se abrir, vai chegar à questão da privatização daqui do Paraná. Eu ainda não investiguei isso. O que eu posso dizer é que o tentáculo que tem no Paraná são com os doleiros que

lavaram o dinheiro. Os nomes dos lavadores de dinheiro aqui são conhe-cidos, tem o Alberto Youssef, aqueles doleiros todos.

O que mais te surpreendeu nessa pesquisa?

AR - O que está me surpreendendo é após a publicação do livro. Estou começando a entender o sofrimento que causou nas pessoas. Talvez aju-de a explicar porque esse livro vende. Tem funcionário público que perdeu o emprego e ficou louco. Tem gente que é revoltado. Causou muita dor. E o cinismo da outra parte. Como eles são cínicos, como eles são hipócritas ao se defender. Como eles são covar-des, né? Esse pessoal do PSDB é co-varde acima de tudo.

Acredita que todo o seu trabalho de apuração nos últimos 10 anos mais es-sas acusações em forma de livro servi-rão para ajudar a punir essas pessoas?

AR - Acredito que vai ter repercussão ainda. A Polícia Federal vai ser obri-

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5 perguntas para: Amaury ribeiro Jr.

Mariane Maio - [email protected] Iris Alessi - [email protected]

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sobre a política

A rede globo e a disputa política e ideológica

Salve a democracia! Graças a ela o maior conglomerado de comunicação do Brasil, tendo à frente a Rede Globo de Televisão, pode utilizar o poder público das concessões para fazer disputas cotidianas com o atual governo posicionando-se como “O crítico”. Disputas, aliás, que também realizava durante o governo FHC, sendo, contudo, que naquele período se posicionava a favor do governo.

O posicionamento político e ideológico da dire-ção e daqueles que fazem o grupo Globo não é novidade para ninguém. Desde os comentários desprovidos de nexos e vínculo com a realidade até a racionalidade veiculada diariamente pelas ondas dos rádios, pela telinha ou pelas páginas dos veículos de sua propriedade, ou ainda, pelos proprietários da verdade absoluta sobre análises econômicas e políticas passando pelas edições criminosas de debates outrora realizados – e recentemente admitidos por Boni –, é de conhe-cimento de todos.

Contudo, desta vez, a desfaçatez da equipe global parece superar-se. Utilizou da dramaturgia para levar ao ar um conteúdo frontalmente ideo-lógico, que busca disputar a opinião pública mais desavisada por meio de conteúdos absurdamente tendenciosos. Panfletário, imbecil em grande parte. Refiro-me à minissérie Brado Retumbante. Numa reedição moderna do caçador de marajás, que eles mesmos construíram com Collor de Mello (quem não lembra!!!), o roteirista que se prestou a trabalhar para a turma dos “Marinhos” se utilizou de sensos comuns, inverdades, ilações sobre passagens históricas recentes do Brasil.

Um exemplo disso foi o primeiro capítulo em que mostra uma reunião com muitos ministros e a câmera faz um passeio mostrando as pastas presentes. Foca em ministérios criados pelo atual governo. E talvez seguindo orientação do atual diretor de jornalismo Ali Kamel, que ignobil-mente afirma que no Brasil não há racismo, coloca dois ministérios lado a lado: o ministé-rio da igualdade racial e o da diferença racial. Demonstração clara pela preocupação em atingir a defesa da igualdade patrocinada pelo governo Lula desde o primeiro ano de seu governo.

Mas as imbecilidades não param por aí. As verdades que o jornalismo dos veículos da rede tentaram criar durante anos, e não obtiveram êxi-to, agora querem entrar na cabeça dos brasileiros por meio da teledramaturgia. Senso comum e inverdades em um roteiro de péssima qualidade. Nem o mais despreparado candidato a vereador teria a capacidade de elaborar discursos tão ruins. Mas, para a Globo, deve valer mais a dis-puta política e ideológica do que a qualidade das produções e o vínculo com a verdade. Penso que talvez o governo brasileiro devesse fazer valer para a Globo o que o Presidente Barak Obama teria falado em relação à rede CBS, nos Estados Unidos. “A CBS se comporta como um partido político e como tal será tratada”.

Utilizou da dramaturgia para levar ao ar um conteúdo frontalmente ideológico

Por Tiago Oliveira [email protected]

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24 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

e Curitiba deve registrar, este ano, um crescimento de 25% no turismo de eventos e negócios, com a estimati-

va de mais de 100 eventos, que vão atrair turistas e gastos para a cidade de mais de R$ 1,1 bilhão; a Região Metropolitana, composta por 26 mu-nicípios, também se prepara para au-mentar sua fatia nesse mercado lucra-tivo e aquecido.

Para isso, o Curitiba Convention e Visitors Bureau (CCVB) entrou em cena. A entidade começa a trabalhar

A Região Metropolitana de Curitiba possui cerca de 100 espaços para atrair eventos e negócios; em média, o visitante gasta R$ 320 por dia

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turismo de eventos na mira da rmC

forte a partir deste ano para o desen-volvimento do turismo nas cidades do entorno da Capital, assim como no Litoral. Iniciarão as estratégias para prospectar parceiros e novos eventos para cidades como Pinhais, Campo Largo, São José dos Pinhais, Almiran-te Tamandaré entre outros destinos, conforme explicou Tatiana Turra, su-perintendente executiva do CCVB.

Segundo um levantamento feito pela entidade, a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) possui cerca de 100 espaços para a realização de eventos, com capacidade de atender de 50 a 1000 pessoas por evento.

economia

Perfil para eventosOs municípios apresentam perfil para receber eventos corporativos, além de ter potencial para atender o públi-co de agricultura, ciências biológicas, veterinária, ecologia, geografia e meio ambiente, também o setor madeireiro, da automobilística, da indústria petro-lífera e do calcário. “Normalmente, quando o destino é referência em al-gum setor econômico ou científico, ele acaba atraindo com mais facilidade [o evento]”, observa Tatiana.

Outro detalhe desse setor é a espe-cialização de cada área e a crescen-

Arieta Arruda - [email protected]

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 25

te gama de assuntos que pode gerar um evento. “É uma tendência de cada vez haver eventos regionais e eventos mais específicos. A gente vê o quanto há representatividade da área médica, por exemplo, quanto eles são maio-res em quantidade [...] Hoje, outros setores econômicos e científicos es-tão nesse processo de segmentação”, afirma a superintendente.

dado estatístico

O potencial econômico ultrapassa o evento, pois o participante, muitas vezes, leva acompanhantes para visi-tar o local. De acordo com estudo do CCVB, 50% dos participantes vêm com outras pessoas para a cidade ao participar de um evento. Isso signi-fica que os R$ 320 de diária gastos por pessoa em cada evento, poderão gerar dividendos com a multiplicação de turistas na região. De acordo com Tatiana Turra, “além da possibilidade de trabalhar com eventos sendo reali-zados na Região Metropolitana, tem a questão de aproveitar o público que vem para esses eventos em Curitiba”. Assim, a Região poderá se beneficiar a reboque do já consolidado destino que é a Capital.

O tempo de permanência de cada evento é de 3 a 4 dias. Ou seja, a eco-nomia move-se com aproximadamen-te R$ 1 mil reais deixados na cidade (e região) por pessoa a cada novo evento. Como fator agregador, a região mos-tra-se com possibilidades de atender o público que gosta de ecoturismo, turis-mo de aventura e turismo cultural.

Para isso, o caminho é longo. Será preciso trabalhar na permanente ca-pacitação de pessoal, melhorar a in-fraestrutura dessas cidades e prospec-

potencial para atrair ainda mais o tu-rismo. O maior local de eventos de Pinhais é o Expotrade Convention Center, que é o terceiro maior centro de convenções do Brasil, com 34.000 m² de área construída.

As ações do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau tam-bém devem começar a trabalhar nas cidades já neste mês, visando à agenda de 2014 e 2015. Uma das ações será a aproximação do Convention & Vi-sitors Bureau com as entidades de classe, empresas, prefeituras e orga-nizações do setor de eventos. “Todo mundo precisa se unir, porque a gente precisa olhar para esse futuro agora, porque senão quando chegar 2015 não vai ter evento”, pondera Tatiana.

tar novos eventos. Eventos que serão realizados este ano em Curitiba e Re-gião foram captados há alguns anos.

expectativa

Para o espaço de eventos do Slavie-ro Executive de Pinhais (PR) são boas as perspectivas, segundo Gilmar Dammski, gerente regional. O hotel possui duas salas para eventos, uma delas para até 50 participantes e ou-tra para 200 pessoas. Nesses espaços, são promovidos, com frequência, eventos corporativos e de festa. Para atrair mais eventos, a rede de hotéis contratou um profissional para pros-pectar novos eventos e, além disso, servir como acomodação para outros eventos na cidade, que têm grande

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Região Metropolitana de Curitiba (RMC) possui

cerca de 100 espaços para a realização de eventos

Para Tatiana Turra do CCVB, a Região Metropolitana, “sem dúvida, vai atender as expectativas”

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26 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

Fugindo das dívidasSegundo dados do Ipea, em dezembro, quase 37% dos brasileiros não sabiam como pagar as dívidas; por isso, é melhor se planejar em 2012

o início de ano, o or-çamento sempre fica mais pesado. São tribu-tos como IPVA, IPTU,

gastos com material escolar e para muitos ainda restam dívidas do ano anterior. Números do Índice de Ex-pectativa das Famílias (IEF), do Insti-tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontavam que em dezembro de 2011, 36,6% das famílias brasilei-ras não teriam condições de pagar as contas atrasadas naquele mês. A Re-gião Sul, na pesquisa, apresentava o menor índice para a incapacidade de arcar com as dívidas atrasadas (18%).

Mesmo assim, têm muitos paranaenses que estão com a cabeça quente e não sabem como arcar com as despesas. O engenheiro civil, I.H.J. (59), que pre-feriu não se identificar, já esteve nesta lista dos endividados. Seu maior pro-blema eram os cheques especiais.

“Hoje, se a taxa do cheque especial está em torno de 8 a 10% ao mês, e nós temos uma inflação que é menos de 10% ao ano, imagine quando a in-flação era de 60, 70% ao mês”, relem-bra. Os juros consumiam seu salário e o da esposa. A pior fase foi quando ele teve alguns bens bloqueados, den-tre eles, a casa e a conta bancária, por causa de uma ação de um banco.

Os juros do cartão de crédito também é o que mais pesa no orçamento do autônomo, Bobby Santana (37). Nem

N

economia

Iris Alessi - [email protected]

diCAS

Não comprometer mais de 30% da renda familiar com finan-

ciamentos. Isso inclui pequenos financiamentos como compra de eletrodomésticos em parcelas

Colocar todos os gastos numa planilha. Assim é possível identi-

ficar para onde está sendo direciona-do o dinheiro

Optar por quitar as dívidas com maiores juros envolvidos, caso

SaIBa COMO VOCÊ PODE PaSSar 2012 nO azUL

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não houver possibilidades de pagar todas as dívidas

Poupar todo mês e investir este dinheiro numa poupança, por

exemplo. Sempre é bom ter um fun-do de reserva para uma emergência

Planejar para conquistar seus objetivos. Se o sonho é comprar

uma casa ou outro bem é preciso planejamento e esmero para alcançar esse objetivo

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O que mais pesa no orçamento de

Santana são os cartões de crédito

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 27

todos os meses ele consegue pagar o valor total da fatura e esse “deta-lhe” fica esquecido. Depois, o susto é imediato. E pensa: “como é que eu vou fazer para arrumar essa grana?” Para não deixar acumular, Santana procura sempre cobrir os custos de um mês para outro.

dicas para as dívidas

Para o professor de Finanças da FAE e mestre em Administração da Uni-versidade de La Empresa no Uruguai (UDE), Samir Bazzi, estes endivida-mentos acontecem principalmente pelo desejo de fazer ou comprar al-gum item não essencial. Assim, esse tipo de consumo acaba colocando em risco o orçamento familiar.

Quando à conta: se a receita menos os gastos não fecha, é preciso fazer um levantamento e uma “categorização” dos débitos. Colocar no papel quais são os custos da casa (alimentação, transporte, diversão, poupança, ves-

tuário, entre outros), ensina Bazzi. Depois de tudo isso listado é possível analisar o que pode cortar.

Saldar as dívidas

Para aqueles que estão endividados, a dica de Bazzi é enfática: “a pri-meira coisa é parar de gastar. Cortar tudo!” Tendo os gastos analisados, é possível elencar quais são essenciais e o que pode ser reduzido ou cortado numa situação de emergência. “Cor-tando as despesas, você consegue re-duzir as dívidas”, explica o professor.

As dívidas que devem ser pagas com prioridade são aquelas que trazem maiores juros embutidos. Por exem-plo, se você possui parcelas de finan-

ciamento de carro atrasadas e um car-tão de crédito estourado, prefira pagar primeiro o cartão, pois, normalmen-te, os juros do cartão de crédito são maiores. “Sempre priorizar aquela [conta] que tem os juros maiores as-sociados à dívida”, completa.

Financiamento

Algumas pessoas, para pagar suas dívidas ou mesmo para investir em algum bem material, buscam o fi-nanciamento. Para essas pessoas, é preciso atenção para não entrar num caminho sem volta. No momento de comprometer a renda com um finan-ciamento, e isso inclui todos os tipos – não apenas de imóveis de valores altos, como casas e carros –, é preciso saber o limite que se deve empenhar da renda. Por isso, siga a regra dos 30. “A grande maioria dos estudiosos diz que no máximo 30%. Até se você for verificar em banco em instituições financeiras, eles comprometem até 30% da sua renda. Não mais do que isso”, analisa o professor.

De acordo com ele, somente os gas-tos com itens de subsistência já en-volvem de 50% para mais da renda de uma família ou de um indivíduo sozinho. Por isso, é preciso ficar aten-to no montante que vai comprometer da renda familiar para não se apertar lá na frente.

Essas dicas de planejamento finan-ceiro são preciosas não apenas para quem está endividado. Quando existe o interesse de comprar algum bem de maior valor, é relevante estabelecer uma meta de quanto se pretende pou-par e também saber que esses objeti-vos não são de curto prazo.

Depois de passar por muitos proble-mas financeiros, I.H.J. aprendeu a li-ção e pode até dar algumas dicas por experiência própria. “As pessoas têm que saber o que cabe no seu bolso. Sempre deixar uma folga financeira todo mês”, finaliza.

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Tendo a lista de gastos, é possível elencar quais são essenciais e o que pode

ser cortado

Para Bazzi, a melhor maneira de sanar uma dívida ou alcançar os objetivos financeiros é o planejamento

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28 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

s focos de febre aftosa diagnosticados no Pa-raguai em setembro de 2011 e mais recentemen-

te no mês passado na cidade de San Pedro a 400 km da capital paraguaia Assunção colocaram as autoridades sanitárias brasileiras em alerta. Para proteger e “blindar” os animais brasi-leiros, o Brasil tem investido na coo-peração com o país vizinho.

Erradicação da febre aftosa no Brasil depende de ações sanitárias no Brasil e nos países vizinhos; descoberta de focos no Paraguai colocou a vigilância em alerta

o

o combate além das fronteiras

O setor no ano passado teve recuo de volume exportado e mais retorno financeiro. Em 2011, as exportações totalizaram 1,7 milhões de toneladas, registrando queda de 10,8% em com-paração com o ano anterior. Mas a cifra comercializada cresceu 11,65%, chegando a U$ 5,375 bilhões, segun-do dados da Associação brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). O maior importador da car-ne brasileira é a Rússia que em 2011 consumiu 237,5 mil toneladas. En-

Iris Alessi - [email protected]

o que É A Febre AFtoSA?

A febre aftosa é uma doença con-tagiosa transmitida por vírus. O vírus dessa doença foi o primeiro vírus descoberto e hoje está pre-sente na América do Sul, Ásia, Europa e África. A doença ataca animais, como bovinos, bubali-nos, caprinos, ovinos e suínos.

Entre os sintomas da doença está a febre alta que dura de dois a três dias. Depois desse período aparecem pequenas vesículas na mucosa da boca, laringe, narinas e também na pele em volta dos cascos do animal. Essas vesícu-las se transformam em bolhas que se rompem deixando feri-mentos à mostra. O animal com a doença também passa a salivar, e a saliva junto com as feridas também ajuda na propagação do vírus. Por causa da doença, o animal para de andar e de comer e perde peso rapidamente.

agropecuária

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 29

tretanto, o mercado interno é o maior consumidor da carne brasileira, re-presentando 80% do total consumido.

Por isso, nem no exterior, nem em território nacional, a imagem saudá-vel do gado brasileiro pode ser abala-da, sob penalidade de grandes prejuí-zos para o País. Segundo o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e presiden-te do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP), Guilherme Mar-ques, “o problema do Paraguai é um problema de todos os países do Mer-cosul, não quer dizer que o problema está em todos, mas é de todos”.

O Paraguai tem colaborado e dado abertura para que os países membros ajudem-no a identificar e corrigir possí-veis erros e também recuperar o status de país livre de febre aftosa. A desco-berta do foco mais recente se deu na mesma região do foco descoberto em setembro passado, no momento em que o país vizinho se preparava para reto-mar as exportações para o Brasil, Ve-nezuela e Rússia. De acordo com Mar-ques, o país notificou a presidência do CVP e solicitou ajuda aos profissionais sanitários. Para as áreas de fronteiras, depois da descoberta dos focos, foram deslocados mais profissionais e tam-bém as forças armadas para dar mais segurança para esses profissionais.

medidas

As medidas tomadas pelo Governo Fe-deral por meio do Ministério da Agri-cultura são elogiadas pelo economis-ta e diretor da Inva Capital, Luciano D’Agostini. Para ele, as ações foram realizadas de uma maneira rápida de forma a proteger o rebanho brasileiro.

Ele avalia que essa eficiência é im-portante, pois “qualquer foco de af-tosa, não só no Paraná, mas em qual-quer lugar do País, vai ter um impacto negativo nas exportações desse tipo de produto”. D’Agostini analisa que no caso do Paraguai é ainda mais pre-

judicial, pois eles acabam deixando de enviar carne bovina para o Brasil.

Combate

O combate à febre aftosa no Brasil não se resume apenas às ações que es-tão sendo realizadas no Paraguai em consequência dos focos identificados. Para proteger o patrimônio pecuário do País, o governo vem trabalhando em um programa nacional de erradi-cação da febre aftosa.

Segundo Marques, esse programa existe há algumas décadas e já está trazendo resultados. Conforme infor-mações do diretor, o Brasil, que tem o maior rebanho comercial do mundo (205 milhões de animais), conta com 90% do rebanho em áreas livres de febre aftosa reconhecidas internacio-nalmente. As áreas não livres (10% restantes) estão situadas no Nordeste (com exceção de Bahia e Sergipe) e Norte (com exceção do Acre, Rondô-nia, Tocantins e Sul do Pará).

Depois de duas reintroduções – a pri-meira em 2000/2001 e a segunda em 2005/2006 – da doença no Brasil, o governo notou a necessidade de for-talecimento das regiões de frontei-ras para não serem reféns de políti-cas não efetivas dos países vizinhos, avalia Marques. “Nós estabelecemos regras específicas onde, por exemplo, no estado do Mato Grosso do Sul toda a fronteira com o estado do Paraguai, uma faixa de 15 km, nós [...] identifi-camos individualmente todos os ani-mais”, explica Marques

“A erradicação da febre aftosa é um compromisso hemisférico. Todos os países do hemisfério americano as-sumiram um compromisso de erra-

dicar a doença até 2020”, completa Marques. De acordo com ele, o Brasil pretende erradicar a doença até 2013 e dar apoio para que os países vizi-nhos façam o mesmo.

economia

Essas medidas mais agressivas, que devem ser tomadas nos próximos anos pelo Brasil, são necessárias para o nosso comércio exterior. Pois, caso algum foco seja identificado, o Brasil poderá ter sua exportação no setor in-terrompida. “Principalmente, a bovi-na para a Rússia, para a China e para a Europa”, observa D’Agostini.

Para que problemas como esses não voltem a ocorrer no País, prejudi-cando toda a cadeia produtiva que é extensa, é preciso a colaboração de todos na fiscalização do gado, diz Marques. Por isso, os próprios cria-dores precisam ajudar na fiscaliza-ção, denunciando os casos suspeitos de produtores que não estejam em dia com a vacinação de seus animais.

“O problema do Paraguai é um problema de todos os países do Mercosul”,

afirma Marques

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COMO FazEr?

Falar com a ouvidoria do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) - 0800-704-1995

D’Agostini vê com bons olhos o trabalho sanitário que é realizado no Brasil contra a febre aftosa

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30 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

É tempo de voltar às aulasA MÊS traz dicas de material escolar, transporte e outros cuidados que devem ser tomados pelos pais no início do ano letivo

educação

do ano passado. “E os sites, geral-mente, já são competitivos, com 30% de desconto, então, para mim ficou bem vantajoso”, completa

A pesquisa de preços é um processo importante na compra de materiais. Em pesquisa realizada a cada início

de ano para orientar os consumido-res, o Procon-PR encontrou diferen-ça de até 250% nos itens escolares em 2012. Ao todo, foram avaliados 199 itens em 12 estabelecimentos em Curitiba. Os preços e itens po-dem ser consultados na página do órgão www.procon.pr.gov.br.

Iris Alessi - [email protected]

omeço de ano é sempre de muita farra para as crian-ças, afinal elas ainda estão em férias, mas também é

um período em que os pais já come-çam a se planejar para o ano letivo que tem início em fevereiro. Preci-sam comprar material escolar, saber como será o transporte até a escola, observar diversos quesitos.

A mãe do Pedro Lucas (10) e da Bea-triz (4), Patrícia de Freitas Malacrida (28), que também é professora, já or-ganizou tudo para o começo das aulas de seus filhos. A primeira providência tomada foi a compra dos materiais que eles utilizarão durante este ano. Patrícia costuma pesquisar os preços dos materiais escolares antes de com-prá-los. Em anos anteriores, chegou a comprar em atacados por ser mais vantajoso. Muitas vezes, ela até com-pra os materiais em lugares diferentes para compor a lista.

material

“Nesse ano, o material dele [Pedro Lucas] eu comprei inteiro pela inter-net”, relata a professora. Ela aprovei-tou uma oferta que dava desconto nas compras de 30%. Para isso, ela preci-sou adiantar as compras para o final

C

Patrícia e o filho Pedro Lucas fizeram a pesquisa e a compra do material escolar pela internet

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Para a diretora pedagógica da Escola Atuação, Esther Cristina Pereira, ou-tro cuidado dos pais é avaliar a lista de material que a escola lhes entre-ga. “Questionar a escola com rela-ção à lista de material, com relação à papelaria”, afirma. De acordo com a diretora, os pais devem conversar com a escola para ver a necessida-de daquele material para o aluno. “Comprar estritamente o que preci-sa”, pondera Esther.

Ela salienta quem nem sempre é preci-so comprar os materiais com a melhor qualidade, pois na maioria das vezes são os mais caros. Como exemplo, ela cita os lápis, que quebram com faci-lidade. Para Esther, os pais também devem conversar com a escola para avaliar se é possível adquirir somente parte da lista e, durante o ano, comprar o restante, conforme a necessidade.

mochila

Depois de todo o material comprado e o retorno das aulas, existem outros fatores que os pais devem atentar-se. Um deles é a mochila e como ela é carregada pelos estudantes. De acor-do com o médico ortopedista especia-lista em coluna do Hospital Vita, Ed Marcelo Zaninelli, a mochila ideal seria a com rodinhas, porque ela não sobrecarrega a coluna. Neste caso, os pais devem observar que as crianças, ao carregarem este tipo de mochila, devem ficar com a postura correta.

Mas essa mochila nem sempre é a preferida dos estudantes. Sabendo disso, o especialista explica que é preciso carregar o mínimo de peso possível e que a mochila seja usada de maneira simétrica, nos dois om-bros. “Aquele negócio de você usar a alça de um lado só, é fácil a gente imaginar que vai provocar uma força deformante pendendo a coluna para um lado”, explica do ortopedista.

A escoliose, um desvio lateral da co-luna, pode ser uma das consequências pelo mau uso da mochila. A cifose também pode ser aumentada com esse mau uso. O aumento da cifose (curvatura natural da coluna) pode ser percebido nas crianças tímidas, por exemplo, que ficam com os om-bros baixos e essa postura pode cau-sar dores. Por isso, o médico orienta que é preciso conscientizar as crian-ças para o bom uso das mochilas.

ir e vir

Além das mochilas e de todo o mate-rial escolar, o início do ano traz a preo-cupação de como as crianças vão para a escola. Os filhos de Patrícia são le-vados para a escola pela própria mãe. Pedro Lucas, a partir deste ano, não vai mais precisar da cadeirinha, mas Beatriz afirmou que continuará usan-do o dispositivo de segurança. “Já se criou um hábito”, afirma Patrícia.

Para os pais que não podem acompa-nhar os filhos à escola, muitas vezes, o caminho escolhido são as vans e ôni-bus escolares. Ainda para esses veícu-los, as cadeirinhas não são exigidas, mas todas as crianças devem utilizar cinto de segurança. O motorista que faz o transporte escolar em Curitiba deve estar habilitado nas categorias D

ou E, ser maior de 21 anos, ter dois anos de experiência profissional, ter curso específico de condutores de veí-culo e ter credenciamento com o órgão municipal responsável, a Urbs.

Os pais devem exigir toda essa do-cumentação ao motorista que está contratando para fazer o transporte escolar. “Eles são obrigados a assinar um contrato com quem está o contra-tando. [...] Dentro dessa negociação não deve haver receio por parte dos pais de exigir essas coisas”, afirma o coordenador de Educação para o Trânsito do Detran-PR, Juan Ramon Soto Franco.

Com todos os cuidados tomados, pais e filhos podem aproveitar melhor o ano que está apenas começando.

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Os pais devem exigir toda a documentação

ao motorista do transporte escolar

pArtiCipeQUaIS OS MaIOrES PrO-BLEMaS EnFrEnTaDOS nO IníCIO DO anO LETIVO?

Mande sua opinião pelos canais de participação do leitor da MÊS.

@mes_pr

Mês Paraná

[email protected]

Para zaninelli, a mochila ideal seria a com rodinhas, porque ela não sobrecarrega a coluna

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32 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

Aproximadamente metade dos pacientes que procuram tratamentos ortodônticos tem mais de 18 anos

ntes escondidos e re-jeitados por muitos, os aparelhos ortodônticos estão ganhando cada vez

mais a boca dos adultos. Uma prova disso é o levantamento informal fei-to pela Câmara Técnica do CRO-SP (Conselho Regional de Odontologia) em que atesta que, na prática, os den-tistas têm percebido que os adultos

Ajá representam entre 40 e 60% dos pacientes que utilizam aparelhos or-todônticos. O aumento ocorreu sig-nificativamente nos últimos 20 anos. No Paraná, não há nenhuma pesquisa sobre o item odontológico.

“Isso não era uma realidade antes, por-que o adulto tinha receio de usar apare-lhos, mas com a evolução da ortodon-tia e com a capacidade que a ossatura da boca tem de remodelagem durante

a vida toda, desde que o osso tenha saúde, a moderna ortodontia pode tra-tar cada vez melhor os adultos. Isso também influenciou na procura. Os tratamentos hoje em dia são indolores praticamente e não incomodam nada”, afirma o especialista em ortodontia e ortopedia facial, Gerson Köhler.

Outro fator que colaborou para que o tratamento ortodôntico em adultos se tornasse mais comum é o fato do in-

mais adultos aderem aos aparelhos ortodônticos

saúde

Mariane Maio - [email protected]

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vestimento ter diminuído. “Hoje já existem materiais nacionais de exce-lente qualidade, também há um maior número de profissionais. Houve um cuidado maior em formar profissionais especializados e, logicamente, isso de-mocratizou o tratamento ortodôntico, tornou mais acessível”, explica Köhler.

Para ele, o fácil acesso às informa-ções sobre os tratamentos também colaborou com esse aumento de adul-tos nos consultórios. “Está havendo uma maior conscientização de que dentes mal organizados na boca po-dem trazem problemas inúmeros, não só para a saúde local dos dentes, das gengivas, do ato mastigatório, mas também para as articulações tempo-romandibulares, podem gerar reper-cussão de má função, dores de cabeça tensionais e tudo isso”.

Visual

Além desses fatores, outro receio afu-gentava os mais velhos em relação ao uso de aparelhos: o estético. A ideia de usar aqueles tradicionais apare-lhos fixos e metálicos não agradava a maioria das pessoas. Para Köhler, essa realidade já mudou. “O adulto sempre vinha com aquela argumenta-ção sobre o que os outros iriam achar deles, que ele estava tentando pare-cer jovem. Hoje em dia isso deixou de existir. Todo mundo quer parecer jovem. As pessoas até gostam de usar aparelho”, conta.

Mas, para aqueles que ainda resistem ao sorriso metálico, a ortodontia tam-bém passou a oferecer outras opções de aparelhos. Quem gosta de um vi-sual mais discreto pode optar pelos aparelhos feitos com peças de cerâ-mica (mais transparentes) ou pelos linguais, que são colocados na parte interna dos dentes ou ainda os alinha-dores, mais recentes no Brasil. Estes últimos são uma espécie de plaqui-nhas semelhantes às utilizadas para clareamento dentário, mas com textu-ra e espessura diferentes. Feitas com

material transparente e adaptadas à arcada dentária de cada paciente, fi-cam praticamente imperceptíveis.

Essa foi a escolha do analista de sis-temas Gilson Caron Tesserolli (62), que queria corrigir a arcada superior, na qual dois dentes se encontravam avançando para fora da boca, mas sem precisar se submeter a um trata-mento ortodôntico tradicional. Além da questão estética, Tesserolli conta que teve de optar pelos alinhadores por conta de uma indicação de seu dentista. Diagnosticado com uma periodontite (inflamação crônica que acomete gengiva, osso e ligamentos de suporte dos dentes), o analista pre-cisa fazer limpezas de dentes men-sais, por isso, seu dentista não reco-mendou o uso de aparelhos fixos, que dificultariam a escovação.

Para o ortodontista Gustavo Vivaldi, além da questão estética dos alinha-dores, o maior benefício deste tipo de aparelho é relacionado à higiene. “Todo paciente que já usou ou usa aparelho sabe o quão difícil é limpar e por melhor que você limpe sempre tem uma inflamação de gengiva, por-que você não consegue limpar. É im-possível”, assegura. Estes aparelhos também são usados o dia todo, mas devem ser retirados no momento das alimentações e das escovações.

“Ele [o dentista] comentou que tinha esse aparelho e pesquisei. Estou hi-persatisfeito. É uma diferença total. Quando eu dizia para as pessoas [que estava de aparelho] elas tomavam um susto. Até achavam que eu tinha fei-to clareamento por causa do reflexo do plástico”, lembra o paciente que afirma que sua mulher e sua filha pre-tendem utilizar o mesmo tratamento.

CustosSegundo Vivaldi, quanto mais efi-ciente e nova a forma de tratamen-to, os preços são mais altos. Para um tratamento com tempo médio, os alinhadores custariam cerca de R$ 7 mil, enquanto um de porcelana sairia por aproximadamente R$ 3,5 mil, e um tradicional metálico, cerca de R$ 2 mil. Normalmente são esses os valores, sem contar as manutenções, que cada profissional cobra um valor. Entretanto, para ele, a diferença no tempo do tratamento acabaria com-pensando parte deste valor. Um tra-tamento com alinhador é mais rápido do que um tratamento convencional, de acordo com Vivaldi.

No caso de Gilson Caron Tesserolli foi bem rápido. O analista de sis-temas precisou usar o aparelho por apenas sete meses. Com o tratamento encerrado em dezembro do ano pas-sado, ele utiliza agora apenas um apa-relho de contenção, também comum nos outros métodos.

Novas opções de tratamentos agradam e fazem o número de

usuários adultos aumentar

De acordo com Vivaldi, os alinhadores promovem o conforto estético e de higiene

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34 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

tecnologia

Crescente número de pessoas com smartphones causou um boom nos downloads de aplicativos para dispositivos móveis

s smartphones e tablets vieram para ficar. Prova disso é o crescente nú-mero de downloads de

aplicativos para esses dispositivos móveis. São softwares de jogos, de redes sociais, notícias, arte, entreteni-mento, produtividade, serviços, entre muitos outros tipos. Softwares que ganham mais adeptos todos os dias.

Segundo números da empresa Flury, após o Natal, foram adicionados mais de 20 milhões de novos dispositivos aos 245 milhões de aparelhos que usam sistemas operacionais da Ap-ple e Android no mundo. Com novos usuários no mercado, o interesse pela instalação de novos aplicativos gerou o número recorde de downloads, a ci-fra exorbitante de 1,2 bilhão em uma semana. O Brasil foi o 14º país que mais fez esse tipo de download.

usuário

O técnico em telecomunicações, Jimi Rosales Vargas (40), provavelmente esteve neste bilhão de downloads. No Natal, ele adquiriu um tablet com sis-tema operacional Android. Para deixar o equipamento com a sua cara “preci-sou” baixar diversos aplicativos.

A primeira providência para usar o seu tablet foi a aquisição de um plano de dados 3G para ter acesso à internet independentemente do lugar onde estivesse.

oO aumento de interesse de Vargas pelo tablet começou com o smartpho-ne que tinha anteriormente. O técnico sempre usou muito os dados do celu-lar. “Cada vez eu ia para uma opera-dora que oferecia um plano maior de dados”, revela. Para ter mais opções no tablet, Vargas baixou diversos aplicativos como o Blogger, Merca-doLivre, Facebook, Twitter, Skype, entre outros.

Um dos aplicativos que ele considera que vai ajudar muito a não perder o controle é um contador de tráfego de dados, pois em três dias ele tinha usa-do 91 megabytes de um pacote men-sal de 250 MB. Os jogos ainda não conquistaram o técnico e a grande parte de dados de sua internet móvel é gasta no Facebook. Para não ficar para trás, ele está sempre de olho nos novos aplicativos que estão à dispo-sição dos usuários na loja virtual do sistema Android.

interação

Para o especialista em Tecnologia da Informação e um dos criadores do software Kidux (programa de contro-le parental para proteção digital da fa-mília), Leandro Cruz, o motivo prin-cipal que levou a este crescimento é

o aumento do consumo dos aparelhos necessários para a instalação desses softwares. “O iPhone e o Ipad, [por exemplo], sem aplicativos, são sim-

O interesse pela instalação de novos

aplicativos gerou número recorde de downloads

Funcionalidades ao alcance das mãos

Iris Alessi - [email protected]

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 35

ples celulares, não fazem nada”, ava-lia Cruz, que ainda ressalta o desejo que as pessoas têm de ter aparelhos como estes.

De acordo com Cruz, outro ponto interessante e que chama a atenção nesses telefones é a integração que os sistemas operacionais apresentam, os quais Cruz chama de ecossistema do fabricante. Como exemplo, ele cita a agenda de contatos que pode ser im-portada do e-mail, no caso do Goo-gle, para o telefone.

Vargas que já teve um smartphone com Windows Mobile acredita que

a grande vantagem desse sistema operacional é a interação que ele tem com o PC. “O problema que teve com o Windows é que não tinha aplicativos”, relata. Para ele poder encontrar alguns aplicativos que po-dem ser considerados básicos pelos usuários, Vargas teve de “revirar” a internet até encontrar.

tipos de aplicativos

Além da integração, a otimização também é um fator que atrai muito as pessoas. Interfaces próprias para celular de redes como o Facebook e o Twitter contribuem com o aumento do uso desses aplicativos.

Mas o tipo de download depende muito do perfil do usuário, pondera Cruz. “As crianças e os adolescentes baixam muitos joguinhos.” Entre os que chamam a atenção dos usuários mais velhos estão os aplicativos de produtividade, como o Skype. Mas o mercado contempla uma infinidade de aplicativos para todos os gostos.

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Para Cruz, alguns produtos não têm grandes usos senão quando são baixados aplicativos

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Para ter os aplicativos, os consumi-dores precisam ficar atentos na hora de optar pelos sistemas operacionais do Google ou da Apple, os mais consumidos. Ambas as lojas de aplicativos contam com uma grande infinidade de softwares para todo tipo de funcionalidade.

No entanto, segundo Leandro Cruz, existem algumas diferenças entre os dois sistemas. A primeira delas está no valor. Entre 50 aplicativos mais baixados há uma diferença de valor, no Android Market o preço é mais elevado.

Em compensação, nem todos os softwares vendidos na AppStore da Apple estão disponíveis para os consumidores brasileiros. O que pode ser um pouco frustrante para o usuário. Um exemplo é o famoso jogo Angry Birds, só disponível nos Estados Unidos. Entre os sistemas operacionais também há diferen-ças. Cruz salienta que o sistema do Android permite, por ser mais aberto, que o usuário faça mais modificações. Já o iOS (da Apple) permite “uma experiência melhor” para o usuário. “No iOS, em média, acontece aquilo que as pessoas esperam que aconteça”, sem grandes surpresas, completa Cruz.

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36 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

ocê lembra quantos computadores já teve? Quantos celulares já des-cartou? Sabe onde levar

para o destino adequado? Pouca gen-te terá as respostas e outras tantas terão equipamentos encostados em casa, caso não tenha jogado no lixo comum (o que seria desastroso). O lixo eletrônico (e-lixo) é um desses

Esses materiais, além de serem nocivos ao meio ambiente, também têm alto poder de reciclagem; em média, reaproveita-se 90% dos componentes do lixo eletrônico

V

tecnologia não deveria ir para o lixo

grandes passivos ambientais e que poucos brasileiros tomam cuidado na hora de descartar.

Por isso, o Brasil já é o maior produ-tor de lixo eletrônico entre os países emergentes, segundo dados da Orga-nização das Nações Unidas (ONU). Cada brasileiro consome, em média, meio quilo por ano. Isso resulta em 96 toneladas de eletrônicos que estão inutilizados a cada 12 meses.

A montanha de e-lixo só tende a au-mentar com a onda de consumismo neste setor, aliado à escassa tecnolo-gia para a reutilização dos componen-tes eletrônicos e a pouca consciência ambiental que os brasileiros possuem para destinar o lixo corretamente.

A estimativa é de que 240 milhões de produtos devam ser descartados nos próximos 10 anos no País. Entram nes-sa conta computadores, celulares, note-books, câmeras digitais, MP3 players, lâmpadas eletrônicas, pilhas, baterias e outros tipos de eletrodomésticos.

prejuízos

Os danos que esses materiais provo-cam no meio ambiente são grandio-sos. “O passivo é exponencial, porque o consumo vai aumentando, a pessoa vai tornando obsoleto esses equipa-mentos cada vez mais rápido, no in-teresse de comprar um mais moderno e aí vai”, diz o professor e engenheiro civil, Maurício Beltrão Fraletti, do Instituto Brasileiro de EcoTecnologia

meio ambiente

Arieta Arruda - [email protected]

Page 37: Revista MÊS, edição 13

REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 37

(Biet), uma ONG que visa dar a des-tinação correta para esses materiais e desenvolver o conhecimento no setor.

Componentes como chumbo, cádmio, mercúrio e níquel são alguns dos me-tais pesados que ao serem jogados no lixo comum causam um grande estra-go. O professor da FAE, Tiago Haus, do Núcleo de Sustentabilidade, explica que esses materiais ao serem deposita-dos no lixo comum, vão para aterros inadequados. Assim, podem contami-nar o solo, os lençóis freáticos, os rios e fatalmente chegarão ao cidadão com algum tipo de contaminação.

“Essas toxinas bioacumulativas po-dem criar riscos para a saúde e ao meio ambiente quando manuseadas e/ou descartadas inadequadamente”, confirma Marina Lopes, gerente co-mercial da Oxil, empresa especializa-da em manufatura reversa de compo-nentes eletrônicos.

reciclar

O grande pesar está no fato de que este tipo de material poderia ser qua-se todo reutilizado. São cerca de

melhor deStiNAÇÃo

Terminais / Dia do Mês Jan Fer Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

CENTENÁRIO 2 1 1 2 2 1 2 1 1 1 1 1

VILA OFICINAS 3 2 2 3 3 2 3 2 3 2 3 3

CAPÃO RASO 4 3 3 4 4 4 4 3 4 3 5 4

VILA HAUER 5 4 5 5 5 5 5 4 5 4 6 5

CARMO 6 6 6 7 7 6 6 6 6 5 7 6

BOQUEIRÃO 7 7 7 9 8 8 7 7 10 6 8 7

SÍTIO CERCADO 9 8 8 10 9 9 9 8 11 8 9 8

PINHEIRINHO 10 9 9 11 10 11 10 10 12 9 10 10

FAZENDINHA 11 10 10 12 11 12 11 10 13 10 12 11

CAIUÁ 12 11 12 13 12 13 12 11 14 11 13 12

CIC 13 13 13 14 14 14 13 13 15 13 14 13

PORTÃO 14 14 14 16 15 15 14 14 17 15 16 14

CAMPINA DO SIQUEIRA 16 15 16 17 16 16 16 15 18 16 17 15

CAMPO COMPRIDO 17 16 16 18 17 18 17 16 19 17 19 17

SANTA FELICIDADE 18 17 17 19 18 19 18 17 20 18 20 18

GUADALUPE 19 18 19 20 19 20 19 18 21 19 21 19

RUI BARBOSA 20 20 20 23 21 21 20 20 22 20 22 20

SITES 21 22 21 24 22 22 21 21 24 22 23 21

CABRAL 23 23 22 25 23 23 23 22 25 23 24 22

BOA VISTA 24 24 23 26 24 25 24 23 26 24 26 24

SANTA CÂNDIDA 25 25 24 27 25 26 25 24 27 25 27 26

BARREIRINHA 26 27 26 28 26 27 26 25 28 26 28 27

BAIRRO ALTO 27 28 27 30 28 28 27 27 29 27 29 28

CAPÃO DA IMBUIA 28 29 28 30 29 29 28 28 29 29 30 29

VEjA AlGuMAS oPçõES nA CidAdE dE ColEtA do E-lixo:

• PrefeitUrA – Câmbio VerdeHorário de permanência do caminhão nas proximidades dos terminais. Agende-se das 7h30 às 15h. Mais informações 156

• ClAro reCiClA - Lojas da Operadora de Telefonia Claro

• CiClo SUStentáVel PhiliPS- EXCLUSIVA - RUA PREFEITO OMAR SABBAG, 281, JD. BOTÂNICOTel: 41 32648791 / [email protected]

• CASA doS CineSCoPioSRUA 24 DE MAIO, 1160, REBOUÇAS - CURITIBA-PRTEL: 41 33334764 / 33335116 - [email protected]

Fonte: Prefeitura de Curitiba

Segundo haus, as empresas precisam enxergar o poder lucrativo da reciclagem de e-lixo

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38 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

A ONG Biet foi a primeira entidade a promover no País a coleta de lixo eletrônico. O marco foi no feriado de 7 de Setembro de 2008, em Curitiba (PR), quando recolheram mais de 1 tonelada de lixo eletrônico. Resultado da doação da população.

Mas o grande empecilho apontado pelos especialistas é o pequeno nú-mero de pontos de coleta para este tipo de material. Falta “principalmen-te incentivos do governo, prefeituras e das próprias empresas fabricantes em disponibilizar pontos de coleta para a população”, afirma Marina.

Para o integrante do Biet, esse é um ponto crítico, mas que está melhoran-do. “Há 3 anos a consciência era zero [...] o que nós sentimos hoje, que por conta desse trabalho, no Paraná nós temos um nível de conscientização muito grande. Muito maior do que fora daqui”.

“Estamos andando em passos de tar-taruga, mas estamos caminhando [...] A partir da hora que a política nacio-nal de resíduos sólidos de fato estiver valendo, as empresas vão disponibili-

O grande empecilho é o pequeno número de

pontos de coleta

Ivo Pschera é um apaixonado por tecnologia, possui 61 celulares e quatro computadore

meio ambiente

zar para o consumidor final e vão di-vulgar que estão recebendo”, aponta uma saída, a gerente da Oxil.

lucro para todos

Para Haus, as empresas sairão ganhan-do quando perceberem a rentabilidade da logística reversa e a sociedade ga-nhará mais ainda. “O passo inicial, de comprar a tecnologia, é alto, mas isso se dilui ao longo do tempo”. Mas para ele, a informação deve ser o carro che-fe para a população.

Entretanto, não basta só a consciên-cia coletiva funcionar. “Têm certos materiais que ainda não tem no Bra-sil tecnologia para reciclar, porque é cara”, explica o professor Maurício Fraletti. Por isso, sua ONG trabalha para incentivar as novas tecnologias e processos para ajudar na reciclagem do e-lixo.

Há seis meses, ele está em conversa com o Governo Estadual e também com outras entidades, como a FIEP (Federa-ção das Indústrias do Estado do Para-ná), para colocar em prática um projeto que envolve detentos e a capacitação de mão de obra especializada para esse setor. Seria uma forma de inseri-los na sociedade e ainda suprir uma carência de mercado, além, é claro, do benefício incalculável para o meio ambiente.

exemploaJUDanDO O MEIO aMBIEnTE

O consultor de marketing Ivo Ps-chera tem um hobby diferente. Ele coleciona celulares desativados. Sua coleção já conta com 61 apa-relhos de celular dele e de doação. Para o apaixonado por tecnologia, a ideia surgiu quando as empresas de telefonia não davam mais des-conto na troca do aparelho. Lá em 2006, começou a história com o lixo eletrônico. Hoje, além de dois celulares em uso, ele possui um computador desktop, um notebook, um tablet e um netbook já desa-tivado. “Sou muito chegado em tecnologia. Eu comprava e ficava com dois, três computadores e sempre tinha alguém que precisava e levava o computador.”

Para Ivo, além do gosto pela tecno-logia é preciso ter a consciência para o descarte correto. As baterias dos celulares de sua coleção e as pilhas que acumula, por exemplo, ele encaminha ao serviço da Prefeitura (ver na tabela). Mas, segundo ele, “faltam mais centros para este tipo de coleta” e mais boa vontade da população. “O pessoal tem preguiça, pois conscientização tem, cultura tem”, conclui Pschera.

85% a 90% de reciclabilidade, é o que aponta Marina. Por isso,“o lixo eletrônico é uma riqueza muito gran-de. Só que no Brasil não existe tecno-logia para tudo isso”, informa Fralet-ti. Para reciclar este tipo de produto, a maior dificuldade está na separação de cada componente e o encaminha-mento para a reutilização.

“Algumas empresas estão trabalhan-do com essas coletas”, comenta o professor Haus. Estão na lista algu-mas redes de supermercados, postos de combustíveis, operadoras de ce-lular, órgãos da Prefeitura e ONGs (veja na tabela da página anterior).

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Para quem curte navegar com informação de qualidade.

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Mês Paraná

Versão on line: http://www.revistames.com.br

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40 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

Veículo movido à água, antes desperdiçadaDesenvolvimento do veículo elétrico começou na Itaipu Binacional em 2004; neste ano, turistas poderão conferir e fazer test drive

s turistas que estiverem em Foz do Iguaçu (PR) poderão aproveitar o passeio pela Hidrelétri-

ca Itaipu Binacional de uma forma não convencional. Desde janeiro, a Usina disponibiliza para seus visitan-tes um test drive com o veículo elétri-co que foi desenvolvido lá.

Aliás, o desenvolvimento do veículo surgiu com a ideia da utilização da

oágua que era jogada fora pelo ver-tedouro. Junto com uma empresa parceira da Suíça, uma das soluções encontradas para a água desperdiça-da foi a produção de hidrogênio. Mas para isso era necessário um destino para o componente produzido.

Segundo o chefe da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável da Itaipu Binacional, Celso Novaes, a primeira função que surgiu durante as pesquisas seria a utilização em ônibus movidos a hidrogênio que fariam par-

Iris Alessi - [email protected]

te do programa de turismo que ocorre dentro da Usina. “A gente usaria um negócio que está sendo jogado fora para promover o turismo sem a emis-são de CO2,” explica Novaes.

empecilhos

No entanto, o projeto encontrou entra-ves. Era necessária a compra dos ôni-bus no exterior, já que não havia este tipo de veículo no Brasil e o valor dele geraria grandes investimentos.

A partir daí, eles partiram para o de-senvolvimento de um ônibus dentro da Usina. Mas “usar o ônibus movido

meio ambiente

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a hidrogênio necessitaria de grandes envolvimentos”, como por exemplo, uma bateria de grande capacidade, explica Novaes. Para utilizar a ener-gia vertida turbinada, nome técnico da energia que se perde pelo vertedouro, o grupo decidiu trabalhar no desen-volvimento de um carro que necessita de uma bateria de menor capacidade. “Assim foi possível desenvolver um projeto para a utilização de um veícu-lo dentro da Usina, para manutenção e trânsito”, completa.

Para chegar ao modelo que existe hoje, a Itaipu contou com a parceira de várias empresas de diversos seto-res. Para Novaes, um dos fatores que colaborou muito para que as empre-sas se interessassem em participar do projeto era uma crescente conscienti-zação ambiental.

Vantagens e desvantagens

Para o chefe do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Eduardo Parente Ribeiro, a produção de um carro elétrico é bastante inte-ressante ambientalmente falando pela redução de duas importantes fontes de poluição: do ar e sonora, já que o veículo elétrico emite menos ruídos do que os veículos a combustão.

“Ambientalmente, o Brasil tem uma posição de destaque, porque depen-dendo da fonte que vai oferecer ener-gia elétrica para o carro, no caso do Brasil vai ser necessariamente de hi-drelétricas, você tem um grande be-nefício também da redução de gases do efeito estufa”, completa o profes-sor, comparando a geração de energia do Brasil e dos Estados Unidos, que é gerada em termelétricas.

“Ter o carro elétrico já tem um benefício grande de redução de poluição”,

afirma Ribeiro

cio grande de redução de poluição, já compensa”, completa.

híbridos

Além do carro que já está sendo tes-tado por diversos parceiros da Itaipu Binacional, há outros protótipos que vêm sendo pesquisados: um caminhão e um ônibus puramente elétricos. Esse ônibus não teria capacidade de aten-der o transporte público das cidades já que sua bateria teria uma autonomia de 120 km/dia, afirma Novaes.

“Para o transporte urbano, você preci-sa ter no mínimo 300 km de autono-mia. Então, nesse espírito, nós vimos que com a bateria que existe hoje no mercado mundial não dá para atender a demanda”, salienta. Para poder aten-der essa necessidade urbana é que sur-giu o desenvolvimento de um veículo híbrido com etanol. Para Novaes, essa é uma vantagem que o Brasil tem: uti-lizar o etanol que emite menos poluen-tes do que outros combustíveis fósseis.

Para que todos esses veículos che-guem às ruas ainda será necessário ter viabilidade econômica, mas a ex-pectativa de Novaes é que a indústria produza esses veículos em escala in-dustrial dentro de alguns anos.

O veículo elétrico começou por um projeto de reaproveitamento de água, diz novaes

A terceira vantagem no veículo elé-trico é a eficiência energética. De acordo com Novaes, grande parte da energia gerada para mover a frota brasileira é transformada pelo motor em calor e poluição. “A questão da eficiência energética é uma coisa es-sencial para a sobrevivência da raça humana, porque você tem de usar de forma sustentável o planeta. Você não pode promover desperdícios de ener-gia”, comenta Novaes.

Mas um dos pontos negativos do car-ro elétrico são as baterias, afirma Ri-beiro. “Na questão das baterias é um problema depois [...], à medida que as baterias tiverem que ser substituídas. É um problema que você pode re-solver a posteriori, com reciclagem, mas dependendo do tipo de bateria, algumas utilizam metais que podem ser danosos ao meio ambiente. Então, a bateria é um potente problema am-biental”, explica o professor.

De acordo com o professor, existem diversas pesquisas em andamento para melhorar, principalmente, a efi-ciência das baterias. “Mas de qual-quer maneira, já é um grande bene-fício falando em termos de Brasil, com energia hidroelétrica, você já ter o carro elétrico. Tem um benefí-

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comportamento

artir em busca de uma nova oportunidade de emprego poderia ser resumido, mui-tas vezes, em apresentar um

currículo no local a que se pretendia trabalhar. No entanto, o mercado de trabalho atual exige mais. As empresas com gestão moderna estão de olho em características e habilidades que vão além do que está escrito no papel. Tra-ta-se de um novo perfil profissional. São avaliadas também características como postura ética, bom relaciona-mento com os colegas e versatilidade para a resolução de problemas.

De acordo com a psicóloga Carolina Walger, membro da Comissão de Psi-cologia do Trabalho do Conselho Re-gional de Psicologia (CRPPR), de uma

Versatilidade, ética e outras habilidades estão entre as características que as empresas procuram no perfil do novo mercado de trabalho

p

o novo profissionalmaneira geral, as empresas têm busca-do profissionais com uma visão sistê-mica, ou seja, sabe o que está aconte-cendo à sua volta, sejam criativos e que tenham um pensamento estratégico.

Para Carolina, não se pode conceber mais o profissional que diz que vai atuar apenas na área em que se for-mou ou de interesse. De acordo com a psicóloga, em geral, esse profissional

Iris Alessi - [email protected]

Fonte: Site Profissionalizando

perFil do proFiSSioNAlVeja quais as exigências do mercado de trabalho e dos empregadores

• Saber lidar com imprevistos;• Ser flexível;• Ter uma sólida formação geral;• Mobilizar conhecimentos para resolver problemas;• Comprometer-se com seu trabalho;• Construir e promover mudanças;• Ser criativo; • Ter postura ética;• Ter iniciativa e capacidade de adaptação a novos ambientes e situações;• Trabalhar em equipe.

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é mal visto, pois parece não estar com-prometido com o todo. “Ainda existem esse profissionais, mas certamente não é o profissional que vai ter um grande crescimento de carreira”, afirma.

Versatilidade

Os profissionais precisam ser versá-teis. “Hoje as empresas não se satisfa-zem com aquele profissional que olha somente para a sua tarefa, para aquele cargo, para aquela tarefa que ele está de-senvolvendo, mas que ele consiga pen-sar quase que como dono da empresa”. Essa capacidade, segundo Carolina, é chamada de “intraempreendedorismo” e caracteriza-se pela competência de uma pessoa empreender dentro de uma empresa que não seja a dela.

“Essa capacidade de aprender, de fazer novas coisas, de aceitar novos desafios, está dentro dessa visão de ‘intraempreendedorismo’, que é a pessoa que tem a capacidade de ser autodidata, de aprender sobre diver-sas coisas mesmo que não seja sua área de formação”, completa.

O diretor de uma consultoria especia-lizada em gestão de Recursos Huma-nos (RH), José Geraldo Recchia, par-tilha dessa visão. Para ele, dentro das organizações, com exceção de cargos que exigem um alto grau de especia-lização, a versatilidade é muito valo-rizada em um profissional.

“As empresas sempre buscam, acima de tudo, excelentes desempenhos, pró-atividade que tragam os resulta-dos esperados, cumpram metas e, se possível surpreenda, ou seja, reali-zem mais do que aquilo que lhe foi solicitado”, explica o diretor.

Faixas etárias

Recchia separa as três principais fai-xas etárias que hoje estão no mercado

de trabalho: grupo 1 (vai dos 20 aos 30 anos), grupo 2 (dos 30 aos 40 anos) e grupo 3 (compreende a faixa dos 40 aos 50 anos de idade). O primeiro gru-po é altamente criativo, que por causa da idade estão mais conectados e tem mais autonomia e liberdade.

O segundo está no meio termo entre criar e comandar. Um profissional que está neste grupo, segundo Rec-chia, sente a responsabilidade da po-sição que ocupa. Já o terceiro grupo, espera-se uma visão maior de como conduzir um negócio. Nesse caso, os líderes precisam mostrar um rumo claro e objetivo que o grupo deve se-guir. “Muda um pouco o foco do fazer para inspirar os outros. Para planejar, para acompanhar o cumprimento de metas”, completa.

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O que se espera de um novo líder é que seja

carismático, que consiga inspirar e envolver a equipe

Para Recchia, dentro das organizações, a versatilidade é muito

valorizada no novo profissional

líderesMas não são apenas as pessoas acima dos 40 anos que estão em cargos de li-derança, já é possível encontrar muitos jovens nessa posição. Exemplo disso é o sócio da agência de publicidade e design Taste, Renan Molin (26). Ele gerencia, junto com outros sócios, uma equipe composta de pessoas mais jovens e outras mais velhas.

“O respeito é a base para uma boa convivência e para o profissionalis-mo. A gente sempre tenta resguardar a barreira do profissionalismo, nunca tenta passar muito para o pessoal”, explica Molin, que afirma nunca ter tido problemas com a equipe pela questão da idade.

Segundo Molin, está implícita na pró-pria filosofia da empresa a discussão dos temas que necessitam de tomadas de decisões. De acordo com ele, o tra-balho é colaborativo. “A gente sem-pre discute os projetos em conjunto, sempre procura ouvir a opinião de to-das as pessoas e a gente entende que uma decisão pode ser tomada a partir de um insight de qualquer pessoa en-volvida no processo”, conta. Assim o líder, segundo Molin, tem a função de catalisar a ideia das pessoas para um melhor resultado.

“O ideal é que sempre as decisões sejam compartilhadas, pelo menos, o

processo de tomada de decisões seja compartilhado”, pondera Recchia. Ele explica que quando a decisão é tomada de cima para baixo, sem consulta às bases, a resistência para uma mudança, por exemplo, é muito maior.

O que se espera de um novo líder é que seja carismático, que consiga inspirar e envol-ver a equipe em torno de um

objetivo comum, mas que saiba que em algum momento ele será

o responsável por tomar decisões, analisa o consultor de RH.

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comportamento

anter as equipes integra-das com um bom nível de relacionamento não é ta-refa fácil para as empre-

sas, principalmente, quando se trata de grandes corporações. Para que os fun-cionários se conheçam melhor, mui-tas empresas investem em atividades entre as equipes fora do expediente e longe do local de trabalho.

Um exemplo desse tipo de atividade foi realizado pela empresa de transpor-tes Ouro Verde. A corporação reuniu duas ações em apenas uma atividade:

Atividades extratrabalho com funcionários se popularizam entre empresas para melhorar a produtividade e promover a integração da equipe

m

integração é a chave do negócio

proporcionar a interação dos colabo-radores do setor de locação, cerca de 80 funcionários, em uma atividade beneficente. O setor foi dividido em equipes e cada uma ficou responsável por uma instituição que foi beneficia-da com projetos como biblioteca, sala de música e brinquedoteca.

De acordo com o gerente de Recur-sos Humanos e Assuntos Corporati-

vos, Hussein Omairy Neto, o trabalho teve grande impacto para a integração da equipe e na colaboração entre os projetos. A analista administrativa Ivanilsa Schmidt da Cruz e o coor-denador de compras Eder Douglas da Silva participaram da gincana na mesma equipe. “Acho que 90% das pessoas da equipe [da gincana] eu não tinha nem dado ‘bom dia’”, re-lata Silva. Hoje isso mudou. Agora, as pessoas se cumprimentam no cor-redor e também há uma facilidade maior para trabalhar, pois há um me-lhor relacionamento entre os funcio-nários. “As pessoas se ajudam mais”, avalia o coordenador.

Ações sociais estão cada vez mais fortes dentro do ambiente organizacional, afirma Marcelo Maulepes

Iris Alessi - [email protected]

A equipe de Ivanilsa e Eder melhorou o relacionamento dentro do trabalho depois de participar de uma gincana beneficente

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mais comumA atividade realizada na empresa de transportes não é uma exclusividade. De acordo com o coach-executivo Marcelo Maulepes, que também tra-balhou em RH de grandes empresas, essas ações sociais estão cada vez mais fortes dentro do ambiente or-ganizacional. “Por dois motivos: pri-meiro, porque o trabalho em equipe é essencial, ninguém consegue fazer nada sozinho e, o segundo, é exata-mente o papel social da empresa que além de gerar resultado, riqueza, em-pregos, também contribui para a so-ciedade na qual a empresa está inseri-da”, explica o coach.

De acordo com Maulepes, o benefício imediato é o maior relacionamento entre as pessoas. Além disso, é pos-sível avivar o espírito de equipe, tão importante para o bom desempenho da empresa. “Outro ganho essencial é a visão que vai além da visão da em-presa, do posto de trabalho. Aquela sensação de pertencer. ‘Eu pertenço a uma coisa maior do que eu me vejo.’”

Na cozinha

Além das interações de cunho social, há também outras opções que as em-presas podem lançar mão como ativi-dades esportivas ao ar livre, passeios turísticos ou cozinhar em equipe.

Para o chef de cozinha e sócio-proprie-tário da Go Cook, Alexandre Bres-sanelli, o fogo, na história da huma-nidade, sempre foi responsável por agregar pessoas, cozinhar, aquecer e confraternizar. Por isso, veio a ideia de ter um espaço para que as empre-sas possam utilizar para integrar suas equipes por meio da gastronomia. “As pessoas que vêm procurar esse tipo de serviço acabam descobrindo que o ato de cozinhar não está intrínseco apenas em comer alguma coisa, mas descobrir pontos que uma grande empresa e que o RH trabalham. [...] Quando se dis-tribui tarefas, você também está distri-

buindo funções de responsabilidades”, aponta Bressanelli.

Novas habilidades

Com as responsabilidades divididas para o preparo da comida, cada um tem seu papel fundamental, assim como em uma organização. Além dis-so, nesse ambiente desconectado do trabalho é possível descobrir novas habilidades que, muitas vezes, ficam escondidas na rotina. E o resultado dessa atividade, salienta o chef, é sempre gratificante, com a degusta-ção do prato no final.

“Os bons gestores usam esse momento também para identificar outras habili-dades que no contexto empresarial, do posto de trabalho do colaborador, não conseguem desenvolver, não conse-guem demonstrar”, diz Maulepes.

Para o gerente de RH da Ouro Ver-de isso também ocorre. “A gente vê novas competências, novas habilida-des nas pessoas, porque elas saem do programado, elas passam a atuar ou de uma forma que nunca atuaram, às vezes, habilidades que nem elas co-nheciam. A gente percebe a pessoa completa, como ela é no dia a dia e não só dentro da empresa.”

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De acordo com Maulepes, o benefício imediato é o maior relacionamento entre as pessoas

Para Bressanelli, ao cozinhar em equipe é possível promover a integração e distribuir

responsabilidades como em uma empresa

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internacional

m julho do ano passado, a administradora Giovana Ca-sagrande (34) descobriu que estava grávida de seu pri-

meiro filho. Em vez de sair compran-do roupinhas, sapatinhos e acessórios para o quarto do bebê, ela preferiu planejar uma viagem aos Estados Unidos (EUA). Em novembro, em-barcou para Miami, com o objetivo de comprar todo o enxoval e as rou-pas para o primeiro ano de vida dele.

Com todas as compras e a viagem, Giovana gastou cerca de R$ 9 mil. Segundo ela, R$ 6 mil foram dedica-dos apenas ao enxoval. A escolha de comprar nos EUA foi apenas por uma questão de economia. “Os produtos são mais em conta. A quantidade de coisas que eu comprei lá, não com-praria nem metade aqui no Brasil”, diz a administradora que aproveitou a viagem para trazer um carrinho, móbile, uma babá eletrônica, roupas e produtos para higiene bucal.

Um exemplo da economia Giova-na percebeu ao pesquisar o preço do carrinho. “Eu paguei uns U$ 400 [aproximadamente R$ 780], aqui esse

O país deixou de ser um destino só de lazer; em 2010, calcula-se que foram gastos US$ 1,63 bilhão por brasileiros em nova York

e

euA consolida-se como destino de compras dos brasileiros

carrinho está em média de R$ 4 mil”, diz. E o bebê Mateus, que já tem nove meses, pode ganhar um novo guarda--roupa importado. A mamãe afirma que em breve pretende voltar para trazer mais malas cheias. “Aqui é muito caro”, diz Giovana.

Boom brasileiro

Nunca os brasileiros se interessa-ram tanto pelos Estados Unidos. Em 2011, quase 750 mil vistos foram

liberados pelos consulados dos Es-tados Unidos no Brasil. Um valor 37% maior que em 2010. Segundo a assessoria de imprensa do Consulado dos EUA, em São Paulo, esse aumen-to deve-se à “estabilidade econômica brasileira e à ascensão de uma nova classe social [classe C]”.

Dados de autoridades de turismo de Nova York, divulgados pelo Jornal da Globo (TV Globo), mostram que os turistas brasileiros foram os que mais gastaram em 2010. Um total de US$ 1,63 bilhão. Apesar de os números ainda não terem sido fechados, esti-ma-se que no ano passado o montante gasto foi de 60% comparado a 2010, podendo chegar a U$ 2,60 bilhões.

Para o economista Raphael Cordei-ro, “de forma relativa nunca foi tão barato como durante o ano de 2011 para um brasileiro comprar nos Es-tados Unidos”. Segundo ele, dois fa-tores criaram essa nova realidade. O primeiro deles foi a taxa de câmbio, que nunca esteve tão barata de ma-neira real (descontando as inflações). O segundo ponto foi a prosperidade da economia brasileira, que de 2008 a 2011 foi possível experimentar um pe-ríodo de pleno emprego. “Todo mundo

Mariane Maio - [email protected]

ViSto

VEJa aS PrInCIPaIS MUDançaS naS rEGraS:

O tempo para tirar o visto poderá ser de até 40% menor;

Brasileiros que já possuem o visto norte-americano poderão pedir renovação sem precisar passar por uma nova entrevista pessoal, caso seja classificado de baixo risco (categoria ainda não divulgada pelas autoridades);

Brasileiros que forem tirar o visto pela 1ª vez e também forem classi-ficados de baixo risco poderão ser dispensados da entrevista pessoal.

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 47

número caiu para 126.906. Um au-mento significativo só foi percebido em 2007, quando 422.159 vistos fo-ram liberados.

A principal autoridade dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama, anunciou no final de janeiro novas fa-cilidades para emissão de vistos para brasileiros e chineses. “De acordo com nova iniciativa, em determina-das circunstâncias, visitantes estran-geiros qualificados que foram entre-vistados e avaliados minuciosamente em conjunto com uma solicitação de visto anterior poderão renovar seus vistos sem passar por outra entrevis-ta. [...] O programa-piloto vai agilizar o processamento de vistos para deter-minados solicitantes de baixo risco, como pessoas físicas que estão re-novando vistos vencidos ou algumas categorias de candidatos mais jovens ou mais velhos que solicitam o visto pela primeira vez”, afirma a notícia veiculada no site do Consulado.

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Segundo a assessoria de imprensa do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, “as portas dos Estados Unidos estão abertas para os brasilei-ros que desejam ir ao país a turismo, a negócios ou para estudar. Nós sabe-mos do valor que estes visitantes têm e estamos fazendo todo possível para fa-cilitar as viagens para os Estados Uni-dos”. Para eles, o aumento de emissão de vistos deve-se ao investimento em pessoal que o Departamento de Esta-do americano está fazendo. “Em 2011, nove mutirões foram realizados e os postos da missão receberam cerca de 60 funcionários temporários de outras partes do mundo para agilizar o pro-cessamento dos vistos”, afirma.

realidade em 2012

O prazo para tirar o visto, segundo o Consulado, depende do tipo de do-cumentação. “É preciso consultar o www.visto-eua.com.br”, afirma. No dia consultado pela reportagem da MÊS, o agendamento para o Consu-lado do Rio de Janeiro demoraria 15 dias, em Brasília 16 dias, em Recife, 51 dias e para São Paulo não havia uma data próxima disponível. Mas, com as novas regras, o prazo para ti-rar o visto pode reduzir em até 40% em um ano.

A tendência é que as viagens de com-pras aos EUA continuem. “A gente não consegue imaginar o dólar se va-lorizando tanto [frente ao real]. Agora não está tão bom do que como o ano passado, porque o preço das passa-gens subiu e o dólar não está mais R$ 1,70, mas mesmo assim está sendo vantajoso”, garante Cordeiro.

Para ele, nem as intervenções do go-verno brasileiro, de aumento do Im-posto Sobre Operações de Crédito (IOF) e de câmbio para fazer o dólar voltar a subir, foram capazes de frear as compras. “Por enquanto, não conse-guiu trazer muito efeitos, até porque as pessoas costumam planejar as viagens com meses de antecedência”, diz.

empregado, ganhando bons salários, a cotação do dólar muito baixa, a econo-mia americana não acelerada, inflação controlada, fez com que tivesse muita atratividade”, explica.

reconhecimento

Essa importância do turista brasilei-ro para os Estados Unidos pode ser percebida claramente com o primei-ro mutirão do Consulado dos Esta-dos Unidos em São Paulo, no final de janeiro, que abriu mais 2.100 va-gas para entrevistas de vistos. Além disso, a Embaixada (Brasília) e os demais Consulados no Brasil (Rio de Janeiro e Recife) pretendem fazer mais 11 mutirões até o mês de abril.

“A economia americana não está mui-to bem. Eles estão precisando de fa-turamento, de gerar empregos, então nada melhor do que ter turista indo gastar dinheiro no país deles. Inclu-sive, o governador da Flórida [Rick Scott] esteve pela primeira vez no Brasil e ele é um dos favoráveis que acabem com a necessidade de visto para os brasileiros”, afirma Cordeiro.

Em 2001, foram liberados 233.729 vistos, já no ano seguinte, depois do episódio de “11 de setembro”, este

Para comprar todo o enxoval do filho, Giovana foi até Miami (EUA) e gastou R$ 9 mil no total

Em 2011, quase 750 mil vistos foram liberados pelos

Consulados dos Estados Unidos no Brasil

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Tibagi protege uma das grandes atrações naturais do Paraná, o Canyon do Guartelá, que encanta por sua grandiosidade em meio aos Campos Gerais

turismo

Canyon, uma fenda de belezas

Carnaval de Tibagi é um dos mais conhecidos do Paraná. Tradição, ani-mação e folia não faltam

para esta cidade localizada na região dos Campos Gerais. Para este ano, são esperadas mais de 80 mil foliões na 102ª edição do Carnaval tibagiano. Mas a localidade proporciona muitos outros atrativos, que podem ser apro-veitados nesta época do ano ou em outros períodos. São as belezas natu-rais da região que encantam os turis-tas o ano inteiro.

A cidade, fundada no século XIX, cha-mou a atenção no início pela notícia

ode que o rio Tibagi (rio que passa pela cidade) seria rico em ouro e pedras preciosas, o que levou muitos curiosos para lá. Mas a verdadeira riqueza pre-sente na região é a biodiversidade de fauna, flora, arquivos arqueológicos, assim como os encantos do Canyon do Guartelá e o espetáculo de inúmeras cachoeiras em propriedades particula-res no entorno de Tibagi.

A principal atração – o Canyon – está localizada no Parque Estadual do Guartelá, uma unidade de conserva-ção do Estado, que fica 20 km distan-te de Tibagi ou 42 km de Castro (são 224 km de distância de Curitiba). A área de 798,97 hectares do Parque já foi chamada pelo naturalista francês

Arieta Arruda - [email protected]

Como ChegAr

Partindo de Curitiba pela BR 376 até Ponta Grossa; de Ponta Grossa à Castro pela PR 151; depois sentido Castro à Tibagi pela PR 340. São 42 km até o Canyon e mais 20 km até a cidade de Tibagi.

Fonte: Prefeitura de Tibagi

Saint-Hilaire de “paraíso terrestre do Brasil”, tamanha é a beleza do local.

Chegada no parque

Na entrada do Parque, é possível se orientar no Centro de Visitantes e ini-ciar a trilha básica até o Canyon. O passeio é gratuito, mas caso queira fazer uma trilha completa é possível realizá-la somente por meio de agen-damento e acompanhada por guias credenciados. Nesta última, você co-nhece as pinturas rupestres (de mais de 7 mil anos) e uma linda cachoeira.

Se sua escolha for a trilha básica, se-pare duas horas e meia do seu dia. A mais longa, em torno de quatro horas. Pela trilha básica, siga por uma estra-da de paralelepípedo, que é estrutura-

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 49

da e autoguiada. À frente, encontra-se monitores, como o Cristovão Sabino, que há 8 anos acompanha os turistas mostrando as atrações do Parque. Ele comenta que em época de férias é mais comum ver famílias visitando o local, já no período escolar, muitas excursões de estudantes vêm conhe-cer os encantos. “Mas vem gente de todo lugar e todas as idades”.

Sabino mostra que antes de chegar ao Canyon propriamente dito, os turistas passam por paisagens deslumbrantes de mata nativa, onde também é pos-sível avistar o Rio Iapó que corta a grande escarpa entre as rochas e se-para o Primeiro do Segundo Planalto.

O córrego do Pedregulho é também um dos pontos interessantes do pas-seio. É um ponto em que os turistas podem se refrescar em “panelões” es-culpidos nas rochas, com água corren-te e gelada. Depois, o caminho leva à cachoeira Ponte de Pedra, formada por um véu que cai no meio das pedras.

Logo em seguida, o Canyon se abre em sua frente, proporcionando um

espetáculo mágico. Por lá, só se ouve um profundo silêncio. É uma sensa-ção de integração total com a nature-za, quando você se depara com aquela fenda gigantesca entre rochas que só o tempo e o vento foram capazes de esculpir. Somente os pássaros não se amedrontam com tamanha magnitude e dançam leves por entre as escarpas de pedras e a vegetação.

Visitantes

“Bem diferente do que a gente ima-ginava”, comenta Wagner Bellafonte (32), acompanhado de Gisele Gon-çalves (24), que visitavam o local. Para eles, o Parque superou as expec-tativas. “O caminho é perfeito, o par-que está muito bem cuidado”, afirma também Valdir da Costa (49), que es-tava em férias em Tibagi. “A vista lá é maravilhosa”.

Por conta de tamanha maravilha, os monitores sempre reforçam a atenção para a preservação do local. As reco-mendações vêm surgindo efeito. Se-gundo Sabino, os turistas parecem estar mais bem preparados e visitam o Par-que com mais consciência ambiental.

A volta é um pouco mais cansativa já que é caracterizada por uma grande subida até o Centro de Visitantes para a saída. “Pra descer todo santo ajuda, já para subir tem que estar preparado para o esforço a mais”, lembra o mo-nitor. Mas para as pessoas que têm di-ficuldades de locomoção, idosos, ges-tantes e pessoas com crianças de colo é oferecido um transporte até o topo.

outras atividades

Além do Canyon, a região reúne ou-tras atrações turísticas, em proprie-dades particulares, como o Arroio da Ingrata (conhecido pelo toboágua na-tural com 30 metros de descida), o Re-canto Ecológico da Dora (possível de fazer rapel de 25 metros nos arenitos), o Morro da Comuna (eleito como um dos melhores lugares de voo livre do Paraná), o Salto Puxa-Nervos (de 40 metros, ideal para a prática do rapel de cachoeira), o Salto Santa Rosa (com 60 metros de desnível e piscinas natu-rais), o Rio Tibagi (para descer de raf-ting) e a Trilha do Hermitão (onde se encontra a Cachoeira do Sumidouro).

Por conta desse matrimônio natural, o município é muito conhecido também por possibilitar a prática de esportes de aventura, como a escalada, para-pente, rafting, rapel, diversas trilhas a pé e a cavalo, entre outros tipos. Como é possível perceber, motivos não faltam para ir até Tibagi, uma ter-ra abençoada e preservada.

Por conta dessa maravilha, os monitores reforçam

a atenção para a preservação do local

iNFormAÇõeS AoS ViSitANteS

• O Parque está aberto das 8h às 16h30, de quarta-feira a domingo e feriados.

• Para fazer a trilha completa no Canyon do Guartelá, agende uma

visita no 0800-643-1388 e procure por um guia credenciado;

• Importante levar água e lanches, calçados adequados e confortáveis,

roupas leves, protetor solar, repelen-te, chapéu e máquina fotográfica.

Mais informações - Parque Estadual do Guartelá (42) 3275-2269.

Fonte: www.uc.pr.gov.br

Os panelões (acima) são buracos nas rochas onde os turistas podem se refrescar durante a visita

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Paranaenses mostram suas experiências nos esportes radicais e revelam que, apesar dos riscos constantes, é possível praticar com segurança

“Caçadores de emoção”

e estivessem vivos agora, talvez os cientistas Isaac Newton e Albert Einstein ficariam de boca aberta com

tamanha ousadia de alguns atletas em desafiar a velocidade, o tempo e o espaço. São pessoas que, em bus-ca de muita emoção, experimentam voar entre as nuvens, cortar as ondas, escalar montanhas em condições ex-tremas. Essas aventuras são capazes de desafiar, inclusive, as leis da fí-sica. Mas os paranaenses Waldemar Niclevicz (alpinista), o paraquedista Claussius Sgarbi (Tibi) e a surfista Bruna Schmitz mostram que é possí-vel fazer tudo isso e com segurança.

Seja no ar, no mar ou na terra, as his-tórias desses esportistas paranaenses,

Sque hoje fazem disso uma profissão, começaram ainda muito jovens e por causa de uma imensa curiosidade. “Essa curiosidade foi que me levou a tomar essa decisão de ir atrás de uma escola em Curitiba [...] Não parei mais em nenhum momento da minha vida. Foi um marco, porque mudou radicalmente”, afirma Tibi Sgarbi, presidente da Federação Paranaense de Paraquedismo. Outro fator foi o exemplo do irmão.

Assim também foi o início de Bruna Schmitz, a paranaense surfista profis-sional, que busca este ano por uma vaga entre as 16 melhores do mundo (WCT), teve influência de seu irmão. “Foi numa escolinha de surf duran-te a temporada de 2000. Meu irmão já surfava e eu e a minha irmã mais velha resolvemos fazer as aulas para

aprender a surfar. Durou todo o verão e foi muito legal. Depois que termi-nou, eu continuei”, lembra Bruna.

Niclevicz, que há 30 anos está no al-pinismo e já levou o nome do Brasil aos picos mais altos do mundo, per-cebeu também ainda na adolescência que gostava muito do contato com a natureza, tinha facilidade em subir em pedras, gostava de desafios e de superar-se. A partir desse autoconhe-cimento, o gosto pelo esporte foi uma consequência natural e conquistada passo a passo. Por isso, a dica dele é: não inverter a ordem de valores. Pri-meiro é preciso gostar da prática e de-pois investir em materiais e viagens. Para o alpinismo, os custos podem ser bem altos, cerca de U$ 60 mil para escalar o Everest, maior montanha do mundo, por exemplo.

esporte

Arieta Arruda - [email protected]

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experiência Mas se você não é tão radical como esses três atletas paranaenses, pode ainda assim ter pitadas de emoção e ra-dicalismo em alguns momentos de sua vida. Para isso, o médico ortopedista e também praticante de esportes radicais, Gustavo Merheb Petrus, orienta o que é preciso fazer para iniciar neste tipo de esporte. “Primeiro, fazer uma avalia-ção geral, para ver se não tem nenhuma doença que possa se agravar com a rea-lização do esporte radical”.

Além disso, é preciso ficar atento para os riscos. “O maior risco é o risco de vida mesmo. O segundo são as fratu-ras”, observa o médico. Na maioria dos esportes radicais, explica ele, as quedas são em pé. “Numa queda em pé, a energia do trauma vai se disse-minar por todos os ossos, mas as chan-ces maiores de problemas estão no pé, na perna, no quadril e na coluna”. Por isso, a segurança é o item número um para acompanhar o esporte, além de orientação adequada de um educador físico ou um esportista profissional.

O médico alerta que apesar desses es-portes não serem coletivos, precisam ser praticados em duas ou mais pes-soas, para a segurança do esportista. E a dor, dama de companhia de mui-tos esportistas profissionais, precisa

ser bem interpretada. Passado o pe-ríodo de dois ou três dias e “a pessoa mesmo em repouso continua com dor ou a dor aparece novamente na volta da prática, seria interessante procurar um médico”, afirma Petrus.

Aprendizado

Inversamente proporcional, a intensi-dade dos esportes radicais são os en-sinamentos que eles trazem. Walde-mar Niclevicz enumera vários deles. “É importante ter seriedade e profis-sionalismo no que você faz, para real-mente ter condições de fazer sucesso, quer seja numa escalada, nos negó-cios ou na vida pessoal. Quanto mais

disciplina você tiver, terá mais condi-ções de avaliar os seus próprios erros e o que deve fazer para evoluir. Ter consciência de que é preciso evoluir sempre, nunca estagnar, nunca achar que sabe tudo, sempre estar disposto e buscar o aprendizado. Importante ter a humildade, valorizar tudo que foi feito”, diz Niclevicz, que comple-ta: “tente fugir do comodismo, senão você envelhece e morre”.

Outra grande possibilidade com os esportes radicais é conhecer novos ce-nários e lugares inóspitos. Para Bruna de apenas 21 anos de idade, descobrir o mundo virou rotina. E das melho-res. “Já perdi as contas! [do número de países] Acho que mais de vinte. No ano passado, fui para o Sri Lanka, que eu não conhecia e, este ano, estive na China pela primeira vez. Em todos os anos surge a chance de ir para um novo país. É muito legal”.

Mas o essencial, como em qualquer outra prática, é o autoconhecimento e os limites do seu corpo. “A variedade de esportes de aventura são grandes. Existem atividades no solo, no ar, na água. Então, cada um tem de se auto-conhecer e saber seus limites e prati-car”, completa o médico. Tudo isso para sentir a adrenalina correndo nas veias, as mãos suando, o coração a mil e uma grande dose de emoção.

o que te motiVA No eSporte?“Os fatores que me motivam são os valores que movem a minha vida: o amor pela natureza, o gosto por desafios.”

Wlademar Nicleicz (alpinista)

imAgiNA-Se Sem o eSporte?“Hoje não mais. Mas nunca pensei que ia virar uma surfista profissional! É muito legal, conheço vários lugares e muitas pessoas por causa do surf.”

Bruna Schmitz (surfista)

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sign interior ainda são secretos e sem previsão de serem divulgados. Especula-se que o novo modelo es-tará disponível somente no segundo semestre desse ano já como modelo 2013. Fontes não oficiais, porém, dizem que a sua pré-venda começa

automóvel

mistérios rondam o novo ecoSportCerimônia de apresentação do protótipo ocorreu simultaneamente no Brasil e na Índia, mas detalhes técnicos e preços ainda são guardados a sete chaves

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Ford apresentou na pri-meira semana de 2012 o protótipo do novo EcoSport. Mas o pre-

ço, informações técnicas e o de-A

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 53

já no próximo mês, com previsão de entrega para abril.

O que a Ford fez na “pré-estreia” do EcoSport em Brasília (DF) e no Salão de Nova Déli (Índia), simul-taneamente, foi apresentar o visual externo do modelo. Com dimensões maiores, o veículo segue a platafor-ma do New Fiesta, conta o chefe de Design da Ford, João Marcos de Oli-veira Ramos.

No veículo apresentado, que ainda não sabe se este será o top de linha, todo o formato foi mudado. Agora o mode-lo está mais robusto e imponente. Na parte frontal, chama atenção a grade trapezoidal, que lembra os traços do Kia Sportage, e as lanternas em Led.

Na parte traseira, o tradicional supor-te de estepe é mantido. Os destaques são as lanternas que invadem a tam-pa do porta-malas e a maçaneta em-butida na lanterna direita. A abertura continua pela lateral. Segundo Ehab Kaoud, chefe de Design da Ford América do Sul, que liderou o proje-to feito no Brasil, o alongamento dos faróis dianteiros permite “que o ar flua ao seu redor e deslize suavemen-te para fora da carroceria”. Para ele, outro destaque na carroceria é a linha dinâmica que parte do capô e produz um visual moderno. Para o vice-pre-sidente de Design e chefe criativo da Ford, J Mays, o interior do EcoSport “será tão surpreendente e bem acaba-do como o exterior”.

De acordo com a mídia especializa-da, o lançamento deste novo modelo da Ford ocorreu de forma adiantada para não perder ainda mais espaço de mercado para o Duster da Renault. A marca mantém silêncio sobre o assunto, mas de acordo com dados divulgados pela Fenabrave (Fede-ração Nacional de Distribuição de Veículos) no início de janeiro, a Ford perdeu a liderança nas vendas para a Renault em SUV (Sort Utility Vehi-cle), ou utilitários compactos.

mistérios rondam o novo ecoSportProjetado no Brasil,

o novo Eco será comercializado em 100 países e fabricado no Brasil, Índia e Tailândia

Fontes ligadas à empresa contam que os preços devem ser parecidos com o modelo atual, a partir de R$ 48.490. Este permanece à venda com preços promocionais até chegar o novo mo-delo. O preço de entrada está estima-do em R$ 65 mil.

projeto brasileiro

De acordo com a Ford, o novo EcoS-port, assim como o primeiro modelo – criado em 2003, foi projetado no Brasil. Para se chegar até o veículo apresentado em janeiro foram dois anos de trabalho e cerca de 200 pro-tótipos construídos. Segundo executi-vos da multinacional, a ideia é aten-der o gosto do mercado global.

A Ford quer comercializar o novo EcoSport mundialmente, em 100 países, com produção no Brasil, Ín-dia e Tailândia. Segundo Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul, no Complexo Industrial Ford Nordeste em Camaçari (Bahia), a estimativa é produzir até cinco mil veículos por mês. A Ford não revelou o valor investido no projeto do novo EcoSport, mas Oliveira afirma que o montante está incluso nos R$ 2,8 bi-lhões destinados ao Nordeste entre 2011 e 2015.

O tradicional suporte com o estepe está mantido, a maçaneta é embutida na lanterna direita e a abertura continua pela lateral

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moda&beleza

A festa mais esperada do ano pelos brasileiros, o Carnaval, traz consigo superproduções; confira as dicas da MÊS para sua maquiagem

muita cor, brilho e animação

Mariane Maio - [email protected]

enhuma festa brasileira é tão esperada e animada quanto o Carnaval. O ve-rão parece chegar a sua

melhor forma. As fantasias, roupas e looks exalam cores e brilhos de todas as formas. Por isso, a maquiagem não pode ficar de fora. A Revista MÊS conversou com especialistas da área e traz as dicas para você “desfilar” nesta festa.

“No carnaval, esqueça a regra de combinar. Combinam-se as cores entre elas. Mas pode-se usar o verde com amarelo, o vermelho com uma sombra verde metálica. Pode usar que vai ficar bonito e vai ficar na moda”, afirma a maquiadora do Amauri Ca-belereiros, Midian Martins. Para a

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PELEComece a maquia-gem com a limpeza e a preparação da pele

SOMBraAbuse das cores. Passe a sombra e esfume para uma cor fundir à outra

BLUSHForce no blush e passe iluminador nas têmporas e no maxilar

BOCaFaça o contorno com lápis e depois passe gloss e gliter por cima

ACompANhe 4 pASSoS pArA VoCê ArrASAr NeSte CArNAVAl

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abusando sempre do cintilante e da purpurina. “Uma mistura de todas as cores, mas bem harmoniosa, para que não fique feio. Tem de fazer as cores casar entre elas. Vai de acordo com o bom senso de cada um”, explica.

Outra dica das maquiadoras é abu-sar na boca. “O batom vermelho está sendo muito usado e rosa Pink tam-bém. Estão usando cores mais fortes no verão”, comenta Midian. Luciana explica que isso se deve à nova ten-dência de maquiagem. “Hoje é olho e boca. Antigamente tinha o mantra,

olho nada e boca tudo. Hoje é olho tudo e boca tudo”, diz.

As maçãs do rosto também merecem atenção no momento da maquiagem. “O blush é fundamental nas cores rosado, laranja e terracota para as mais morenas”, afirma Midian. Outra dica importante é usar um fixador de maquiagem. “Terminou o look, apli-ca o fixador para durar muito mais tempo, você sua, transpira e não sai a maquiagem”, diz a maquiadora do Amauri Cabelereiros.

Independentemente da escolha da maquiagem, de acordo com a ma-quiadora da Contém 1g, o que impor-ta é se sentir bem. “Você pode usar o que quiser, desde que você segure. O que não dá é usar uma maquiagem que você fique acanhada.”

profissional da marca Contém 1g, Lu-ciana Alves, “tudo que aparece muito, sempre se usa no Carnaval”.

A maquiagem permite você ser quem quiser na folia. “No Carnaval, se for fantasiada, use a maquiagem de acor-do com a fantasia”, diz Luciana, que aposta também nas maquiagens colo-ridas e brilhantes.

Para Midian, este é o momento de ou-sar, “de experimentar, de cair na folia. De usar uma maquiagem tanto mais artística, quanto à maquiagem mais para dar uma harmonizada, para dei-xar o look mais saudável”, garante.

dicas

Na hora da produção, as cores dos olhos, do cabelo e da pele influen-ciam na escolha da maquiagem, con-forme orientam as profissionais. “Os tons de pele e a cor do cabelo são tudo para dizer o que fica melhor para você. Por isso, as loiras tendem a usar uma boca mais nude, um gloss e as morenas mais acobreados, tons mais terra, bronze. Mas não quer dizer que tem de seguir uma regra. A regra é o que fica bonito”, afirma Midian.

Já para Luciana, a cor do olho é a que mais influencia. “Quem tem olho azul [claro] sempre usa cores quen-tes, quem tem olho castanho sempre usa cores frias”, explica. As princi-pais cores para este Carnaval serão o verde, azul, vermelho e alaranjado, Batom com cores fortes,

como o vermelho e rosa pink, estarão em alta no

verão e no Carnaval

“Tudo que aparece muito, sempre se usa no Carnaval”, afirma a maquiadora Luciana Alves

Roberto Dziura Jr.

quer aprender mais sobre maquiagem?

Acesse o youtube da mêS (www.youtube.com/revistames)

e assista a dicas exclusivas para os internautas

VeJA mAiS

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56 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

Sorvete para todas as horasO alimento pode ser um substituto de derivados do leite, como fonte de cálcio e fósforo; e pode ser consumido durante épocas quentes e frias

culinária&gastronomia

uma tarde quente em Curitiba é possível ver as sorveterias cheias de con-sumidores prontos para

se refrescar. “Consumimos bastante no verão”, afirma Melina Garcia, nu-tricionista e mãe de Artur, de 4 anos de idade. Mas “aqui [Curitiba] é pouco tempo que a gente consome uma coisa gelada”, diz a consumidora Rose Men-des, consultora de decoração, referin-do-se ao clima variável da cidade.

Realmente, na Capital paranaense mesmo quando é verão como no mês de fevereiro, o friozinho insiste em ba-ter à porta. Assim, nem sempre os sor-

Nvetes são apreciados. No entanto, não precisa ser necessariamente uma igua-ria para se refrescar, pode servir como alimento, em substituição a um lanche da tarde e até mesmo em versões sal-gadas e quentes. Acreditem! Algumas opções menos geladas são de sorvetes de forno e o fondue de sorvete, servi-dos com minibolas de sorvete, frutas e a calda de chocolate quente.

Segundo Eduardo Cotoicz, proprie-tário da sorveteria D’Vicz, apesar da diversidade de preparos que levam o sorvete, o consumo cai pela meta-de na época de frio. Isso ocorre na contramão da tendência nacional. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete

Arieta Arruda - [email protected]

CurioSidAdeS

MUITaS HISTórIaS PErMEIaM ESSa IGUarIa. LEIa aLGUMaS:

Há mais de 3.000 anos o sorvete surgiu na China;

O sorvete era consumido somente por homens da aristocracia;

Em 1686, o siciliano Francesco Procopio dei Coltelli, inaugurou em Paris a primeira cafeteria e sorveteria da cidade, o Café le Procope (com funcionamento até hoje);

Os Estados Unidos são o maior consumidor de sorvetes do mundo;

Entre 1870 e 1900, foi a época em que o sorvete se popularizou e tornou-se acessível;

No Brasil, o produto chegou em 1834, por uma embarcação no Rio de Janeiro.

(Abis), entre 2003 e 2010 houve um aumento de 51,05% no consumo per capita por ano.

Cultura do sorvete

Cotovicz acredita que seja ainda uma questão cultural, apesar de os curiti-

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 57

NUTRiçãOACompANhe oS VAloreS NutriCioNAiS do SorVete, Se CompArAdo A outroS AlimeNtoSAlimento (100g) Calorias Glicídios (g) Cálcio (mg) Fósforo (mg) Ferro (mg)

Carne de gado assada ......287,70 ........0,00 ........... 9,00 ............. 303,00 .......... 3,20

Frango assado com pele ...226,00 ........0,00 ........... 11,00 ........... 140,00 .......... 1,30

Arroz cozido ....................109,70 ........24,40 ......... 20,00 ........... 25,00 ............ 0

Pão franês ........................269,00 ........57,40 ......... 22,00 ........... 107,00 .......... 1,20

Cachorro quente...............283,00 ........0,00 ........... 34,00 ........... 99,00 ............ 2,40

Pão torrado (fatias) ..........388,00 ........3,00 ........... 42,00 ........... 130,00 .......... 1,30

Ovo frito...........................216,00 ........57,40 ......... 65,00 ........... 165,00 .......... 2,67

Sorvete à base de água ..126,30 ........30,00 ......... 65,00 ........... 165,00 .......... 0,25

Sorvete à base de leite ...186,00 ........20,00 ......... 144,00 ......... 120,00 .......... 0,20

Leite em pó desnatado .....351,00 ........49,50 ......... 1.301,00 ...... 1.106,0 ......... 0,50

Feijão mulatinho ..............332,30 ........55,37 ......... 0 .................. 0 .................... 0

tomando como base os produtos deri-vados do leite considerados produtos funcionais, com grandes benefícios para a saúde”, constatou a gastrôno-ma Sandra Maria Borçoi, em seu es-tudo sobre o tema.

Por isso, Melina e seu filho conso-mem com frequência esse alimento, pois Artur não gosta de tomar leite e para repor os nutrientes derivados dos alimentos lácteos, uma opção es-

colhida foi o sorvete. “É um alimento mais saboroso, que [ele] aceita com facilidade”, comenta a nutricionista, que completa: “todo mundo é doido por sorvete [em casa]”. Na casa de Melina, o sorvete mais consumido é o de massa napolitano. Já a consumido-ra Rose, prefere os sorvetes italianos e artesanais de frutas. De modo geral, o sabor que mais sai nas lojas de Edu-ardo é o de Amarena (cereja italiana). E você, qual o seu preferido?

banos terem forte origem europeia. Em outros países, como na Europa, esse alimento é muitas vezes utiliza-do em substituição a uma refeição. Por aqui, ainda as pessoas “pensam no sorvete como uma sobremesa. Não considera como um alimento para a refeição”, completa.

Por isso, além das tradicionais op-ções de frutas, creme e chocolate, é possível encontrar sorvetes salgados (com os queijos marcarpone, parme-são, cheese cake), variações sem leite (zero lactose) e também sem gordura trans, em picolés, massas italianas, artesanais, casquinhas e acompanha-mentos de outras sobremesas, como brownie e petit gateau.

Nutrição

“Nada engorda, desde que você saiba comer com moderação”, orienta a nu-tricionista. Aliás, pouca gente conhe-ce as propriedades desta iguaria, mas “o sorvete não é somente uma sobre-mesa, mas também um alimento rico em todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do corpo hu-mano. Essa afirmação pode ser feita

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Fonte: Abis (Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete)

Segundo Melina, o sorvete é usado para substituir o consumo de leite de seu filho, Artur (4)

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cidades / crônica

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O curitibano Eloi zanetti empresta seu olhar para retratar a Capital em tempos de folia

Eloi zanetti - [email protected] e palestrante em marketing, comunicação corporativa e vendas, escritor

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os paradoxos dos carnavais curitibanos

Curitiba e Blumenau foram as últimas cidades bra-sileiras em que se trabalhava nas segundas-feiras de carnaval. Vivi isso quando piá e em boa parte da minha vida de adulto. Enquanto o Brasil se es-baldava e emendava feriados, nós, aqui, ficávamos no batente, sérios, compenetrados, falando mal da pouca vergonha dos baianos e dos cariocas e, ao mesmo tempo, morrendo de inveja deles.

Nossos bisavós vieram fazer a América, ganhar dinheiro e voltar para suas terras de origem. O que não deu muito certo: a maioria foi ficando, cons-tituindo família, misturando-se com os outros de sonhos parecidos, e alguns enriquecendo. Com o tempo, foram se moldando ao jeito brasileiro de ser.

É claro que o nosso biótipo, misturado a um quarto de cada etnia – alemã, polonesa, italiana e ucra-niana – não favorece o movimento da pélvis, do gingado e do bailado mais ritmado. Somos bons em esportes, onde se necessitam músculos duros, ossos consistentes e pouca articulação; deve ser por isso que daqui saem os grandes campeões das lutas de vale-tudo e MMA. Quanto à espontaneida-de, tão necessária ao carnaval, nem pensar, o curi-tibano só se solta entre quatro paredes e sozinho.

A cidade, avessa ao carnaval, estranhamente abri-gava no antigo Clube Operário os primeiros bailes de travestis do Brasil. Muito antes do Gala Gay do Rio pensar em existir, já nas décadas de 1950/60, travestis de todo o Brasil aportavam por aqui para mostrar as suas artes e partes.

A sociedade curitibana, fechada, curtia e comen-tava por trás dos panos a festa da moçada. Os

homens deixavam a sagrada família na praia, vinham ao baile e tratavam de se esconder dos repórteres e fotógrafos. Sair nos jornais pulando no Baile do Operário era desquite na certa (na época ainda não existia o divórcio). O progra-ma de muitos era ficar na porta da Delegacia de Polícia, na quarta-feira de cinzas, ali atrás do Prédio da Saúde Pública, para ver a soltura daqueles que foram presos por excessos, nos poucos bailes de salão que a cidade oferecia.

Carnaval de rua em Curitiba é assunto para sociólogo estudar. A cidade séria que só se es-baldava nos salões, hoje prefere as praias e diz “não” à folia no seu espaço urbano. O nascente movimento no Largo da Ordem chamado Gari-baldis & Sacis a cada ano toma corpo, curitiba-nos tímidos de mãos dadas com os neocuritiba-nos despontam como uma promessa.

Por outro lado, vemos a cada ano a cena se repe-tir: as poucas escolas de samba da cidade esmo-lando verbas oficiais e tentando fazer renascer o que nunca nasceu – o carnaval de rua curitibano. Os fotógrafos que costumam documentar o fato – fotografar o exótico – nos mostram cenas patéticas de pierrôs mal ajambrados, colombinas branquelas e pouco público nas arquibancadas. Quase sempre em meio a adereços pobres, pouco expressivos e largados em meio a uma garoa intermitente. Dizem que a sabedoria é nos aceitar como somos e procurar viver de acordo com nos-sas limitações. Está na hora de nós, curitibanos, dizermos com coragem: “Carnaval! Não somos do ramo”, e explorar o turismo para aqueles que não gostam da folia, e olha que o público é enor-me. Devemos aceitar a realidade: já existe carna-val demais em todo o Brasil. Vamos ser diferen-tes: aqui não. Dados oficiais confirmam o óbvio, a cada ano cresce o número de turistas que aportam em nossa cidade para se esconder dos barulhos dos surdos, tamborins, chocalhos e cuícas.

Está na hora de nós, curitibanos, dizermos com coragem:

“Carnaval! Não somos do ramo”

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Psycho Carnival aquece o feriado curitibano com atrações musicais, caminhada de zumbis e mostra a força do maior festival do gênero das Américas

Nem só de samba vive o Carnaval

uem foi que disse que carnaval tem que ter samba, desfiles das esco-las e confetes? Para pro-var que a festa popular

está muito além disso é que o Psycho Carnival chega a sua 13ª edição em 2012. Neste ano, o evento, que será realizado entre os dias 16 e 21 de fe-vereiro, contará com quatro noites de shows, apresentações musicais gra-tuitas nas Ruínas de São Francisco, a Zombie Walk – que em 2011 reuniu três mil “mortos vivos” –, o Rocka-billy Motors Kustom Show e a Festa da Ressaca.

Na programação de shows, se apre-sentarão 28 bandas, sete internacio-nais, no Espaço Cult, localizado no Largo da Ordem. Entre as atrações estrangeiras mais esperadas estão os holandeses do Batmobile e os ingle-ses do Coffin Nails.

Vladimir Urban, coordenador do evento e músico da banda Sick Sick Sinners, lembra que essas bandas fa-zem parte da geração Klub Foot, que

qcias a filmes de terror da metade do século passado.

A cada ano o festival cresce. Somando o público, em 2011, o Carnival atraiu mais de 10 mil. “Só no Zombie Walk foram três mil pessoas. Como dizer que isso não é carnaval com milhares de pessoas fantasiadas de morto vivo? É um grande bloco”, justifica Urban. Ele contesta ainda a ideia de que curi-tibano não gosta de carnaval. “Antes da popularização da ida às praias no Carnaval existiam bailes que lotavam os Clubes da cidade. Claro que era um carnaval específico, diferente dos que acontecem em Olinda, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Cada um tem a sua particularidade. Agora, com o caos que fica o nosso litoral nessa época, é normal que as pessoas procurem alter-nativas por aqui.”

Para Wallace Barreto, guitarrista do Ovos Presley, banda com 19 anos de atividade e que se apresentou em 12 edições do Psycho Carnival, o evento é a oportunidade de as pessoas se reuni-rem e trocarem informações. “É um en-contro de família”, resume. Além de ser membro músico, Barreto é organizador de outro festival similar, o Psychobilly Fest – que acontece em Curitiba desde 1996 em datas alternadas. Para ele, o Carnival mexe com a rotina da cidade. “Muitas pessoas vão à praia e, pela pro-ximidade com Curitiba, sobem a serra para curtir alguma atração”.

A abertura da 13ª Psychobilly Carni-val ocorre no dia 15 de fevereiro, no Jokers Pub. Os demais shows serão no Espaço Cult.

A cada ano o festival cresce. Somando o público,

em 2011, o Carnival atraiu mais de 10 mil

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Roberto Dziura Jr. - [email protected]

pArA pArtiCipAr

Sexta-feira 17/02 ..............R$ 20,00

Dias: 18, 19 e 20/02 ..........R$ 50,00

Pacote para os três dias: 18, 19 e 20/02 .................R$ 120,00

Mais informaçõ[email protected]

iniciou o movimento pelo mundo na década de 1980. O psychobilly é um gênero musical que agrega punk e rockabilly norte-americano dos anos 1950 e o visual gótico com referên-

O Psycho Carnival é uma opção para quem quer fugir do samba, diz o organizador do evento

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Em Curitiba, tem desfile de escolas de samba; no litoral tem trios elétricos e programação para todos os gostos

Atrações para quem tem samba no pé

ara quem fica em Curitiba e prefere o carnaval tradi-cional com samba-enredo e desfile de escolas de samba,

alguns clubes realizarão seus bailes. Gratuitamente, no dia 18 de feverei-ro, ocorre o desfile das escolas de samba de Curitiba na Avenida Cândi-do de Abreu (Centro Cívico) e os bai-les populares nas Ruas da Cidadania.

Neste ano, disputam o título as esco-las Mocidade Azul, Leões da Moci-dade, Embaixadores da Alegria, Aca-dêmicos da Realeza, Os Internautas, Unidos de Pinhais e Unidos do Bair-

p

banda no domingo (19). A Banda de Guaratuba espera animar o carnaval de 300 mil foliões na segunda-feira (20).

Além das atrações gratuitas, as casas noturnas do litoral também contarão com programação especial. Entre elas, a Hyddra Concept Lounge, em Caiobá, terá show sertanejo com João Neto & Frederico no sábado (18). Na terça-feira, a casa realiza o projeto Vácuo Live com o Eduardo Pizzatto e Fernanda Mateus. Em Guaratuba, o Porto Beach Fun organiza o Porto Fo-lia com atrações musicais que preten-dem atrair gostos variados. Também, em Guaratuba, o Café Curaçao rea-liza o Country Day no sábado (18), com mais de 12 atrações. Na noite seguinte, a atração é o Paralamas do Sucesso. A banda de pagode Exalta-samba fecha a programação carnava-lesca da casa no domingo (20).

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

Para as pessoas que forem até o litoral paranaense, opção é o que não falta no feriado de Carnaval

cultura&lazer

ro Alto. De acordo com a Prefeitura Municipal, em 2011, mais de 20 mil pessoas acompanharam os desfiles de escolas de samba.

descendo a serra

Para as pessoas que forem até o litoral paranaense, opção é o que não falta no feriado de Carnaval. As cidades lito-râneas esperam receber um milhão de pessoas nos dias de folia. Em Antoni-na, são esperadas 40 mil pessoas para ver o desfile das escolas de samba. Já em Caiobá, a atração é a Caiobanda no sábado (18) e, em Matinhos, a Matin-

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• Banca da Praça osório • Banca da Praça da espanha • Banca da Praça da Ucrânia • Banca da praça de Santa Felicidade • brioche Pães e doces | 3342-7932. Av. 7 Setembro, 4416 | Centro • delícias de Portugal - 3029-7681. Av. 7 de Setembro, 4861 | Batel• fran´s Café - 3018-7049. Rua doutor Carlos de Carvalho, 1262 | Batel • Pata negra - 3015-2003. Rua Fernando Simas, 23 | Batel • Panificadora Paniciello - 3019-7137. Av. Manoel Ribas, 5965 | Cascatinha • Panettiere - 3014-5334. Av. Cândido Hartmann, 3515 • madalosso - 3372-2121. Av. Manoel Ribas, 5875 | Santa Felicidade • Vinhos durigam - 3372-2212. Av. Manoel Ribas, 6169 | Sa Felicidade• dom Antônio - 3273-3131. Av. Manoel Ribas, 6121 | Santa Felicidade • tizz Café - 3022-7572. Al. doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel• Academia Gustavo borges - 3339-9600. Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira • Adega brasil - 3015-3265. Av. Cândido Hartmann, 1485 | Mercês • Kauf Café - 3015-6114. Al. dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro • Cravo e Canela Panificadora - 3015-0032. Rua jacarezinho, 1456 | Mercês • babilônia - 3566-6474. Al. dom Pedro ii, 541 | Batel • Cravo e Canela Panificadora - 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom Retiro

A Mês está sempre ao seu lado. Em todos os sentidos.

Todos os meses, você encontra a revista Mês nas principais bancas e nos melhores lugares para se ir em Curitiba. Para

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Tudo para estar sempre junto de você.

poNtoS de diStribuiÇÃo

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PoesiaAutor: Rozemeire dos ReisEditora: Íthala

realidadeAutor: Flávia Ribeiro de CastroEditora: Talento

infanto-juvenilAutor: Luís DillEditora: Positivo

arteAutor: Marcia CamargosEditora: Boitempo

Iris Alessi - [email protected] dicas do mês

depurando as paixões em palavras derramadasEm forma de poesias, Rozemeire dos Reis traz as ex-periências terapêuticas que relatam temas do questio-namento humano, como os desafios diários, angústia, a procura da felicidade e experiências amorosas. A concepção do livro surgiu durante o processo de terapia, quando a autora percebeu que a leitura poderia ajudar outros pacientes em tratamentos terapêuticos. Segundo a autora, lendo as obras que estão numa lin-guagem leve e envolvente, as pessoas podem observar as diferentes situações e ter suas próprias reflexões.

Flores do CárcereComo seria passar anos dentro de uma prisão? Para quem está do lado de fora é difícil mensurar. Por isso, autora resolveu contar sobre esse submundo ao fazer um trabalho voluntário dentro da Cadeia Pública de Santos. São diversas histórias de vida das mulheres que estão dentro da prisão e algumas curiosidades. Na obra, ela relata o período em que conviveu com as presas. A partir de valores como amor, espiritualida-de, respeito, responsabilidade, compaixão e solidarie-dade, Flávia desenvolveu iniciativas para melhorar a convivência entre as detentas.

o estaloA emocionante história de dois adolescentes soter-rados – daí o nome estalo - que trocam experiências enquanto aguardam o resgate já conquistou o Prêmio Glória Pondém, na categoria literatura infanto-juvenil. A obra vem com uma linguagem rica e narrativa ágil. Revela as situações difíceis que a vida impõe. Con-tada em grande parte em forma de diálogo, a história prende a atenção dos jovens leitores. Com mais de 30 livros publicados, Dill começou em 1990 sua carreira na literatura infanto-juvenil.

Semana de 22: entre vaias e aplausosA escritora e jornalista Márcia Camargos mergulhou no universo da rica e revolucionária Semana de Arte Moderna de 22. Em 2012, a Semana completa 90 anos, por essa razão, a autora pesquisou em diversos docu-mentos e em uma vasta bibliografia sobre a Semana para ilustrar e contar como foi o festival modernista em todos os seus aspectos. O evento, na época, acarretou prejuízos e foi difamado por boa parte da imprensa. O livro também retrata acontecimentos com personalida-des contemporâneas ao movimento de 22, além se ser rico em fotos e ilustrações.

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Arieta Arruda - [email protected] Renato Sordi

dicas do mês

Soul musicSharon Jones and the Dap-Kings Gravadora: Daptone Records

Soul time!Sharon Jones e sua banda, os Dap-Kings, são os responsáveis pela revitalização da soul music a partir da primeira década dos anos 2000. Amy Winehouse? Ela pegou empresta-do os Dap-Kings para gravar o ultraestimado Back to Black. Soul Time!, o quinto disco da turma de Nova Iorque, é uma coletânea de singles, lados B e gravações realizadas durante os últimos 15 anos. Sharon Jones, a rainha do groove, já foi carcereira e seguran-ça de carro forte. Junto com os Dap-Kings, hoje, dá ao mundo aulas de funk e soul.

ClássicaChico MelloGravadora: Gramofone

20 anos entre janelasNa cena local, o compositor curitibano Chico Mello lançou o CD “20 anos entre jane-las” no mês passado durante a 30ª Oficina de Música de Curitiba. O trabalho autoral é de música experimental e conta com a obra de duas décadas que remetem a sua expe-riência entre o Brasil e a Alemanha, lugar onde mora atualmente. O álbum traz como janelas, três de suas facetas, sua fase de Solo, Câmera e Orquestra. Uma obra intensa, ao mesmo tempo em que acalma, inspira. Junto ao CD, vem a história de cada música para viajar na criação.

Indie rockHolger Gravadora: Trama

(Sem nome)

“A banda brasileira de indie rock é uma bela surpresa”, publicou certa vez La Presse (Ca-nadá). É justamente por aquelas bandas que Holger despontou, nos Estados Unidos e no Canadá. Somente com dois anos de estrada, a banda independente prepara o lançamento do seu novo álbum para este ano. O novo trabalho será produzido pelo Alex Pasternak (Lemonade). Com uma levada interessante, a música dos caras é pura efervescência criativa que reúne referências da Suécia, Estados Unidos e Brasil. Pela mostra do primeiro CD (Sunga), o segundo trabalho deve ser contagiante para quem curte o estilo musical.

MPB Roberta SáGravadora: Universal Music

Segunda peleUma das queridinhas da nova geração da Música Popular Brasileira (MPB) está com trabalho novo. Mais leve e feminina, Roberta Sá, se apresenta em 2012, com o álbum “Segunda Pele”. Essa espécie de escamação traz nas canções o amadurecimento e o tropicalismo. As misturas estão muito presentes em sua segunda pele, com a partici-pação da Orquestra Criôla de Humberto Araújo, Lula Quiroga, Jorge Drexler (em es-panhol). A cantora estará em turnê pelo Brasil apresentando essa nova fase. Curitiba está no roteiro. O dia 17 de março está previsto para seu show por aqui.

BREVENOS

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opiniãoGiuseppe MoselloDiretor da Learnway, criador da Cidade Virtual: a 1ª rede corporativa do BrasilD

ivul

gaçã

ouem viu o filme Eu Robô lembra da VIKI, o mega cérebro virtual que comandava os robôs e tomava decisões a favor do homem tirando dele a liberdade por não ser capaz de vivê-la. Todos conhecem os robôs com os quais a ficção cien-

tífica e as indústrias nos acostumaram. Mas existem alguns robôs invisíveis que poucos conhecem: aqueles da rede que estudam o nosso comportamento e decidem o que mostrar (podemos ver) para nós.

Os robôs que administram as pesquisas no Google, ou aque-les que determinam as notícias que aparecem no seu Facebook são dois exemplos. Se hoje pesquisamos algo no Google, o número de informações que recebemos é realmente muito alto e quando temos muita informação é como não ter nenhuma. Gosto de imaginar que seja este o motivo pelo qual o Google começou a desenvolver robôs que permitissem estudar meu padrão de pesquisa e me oferecer informa-ções “relevantes”. Mas será que os robôs sabem o que é realmente re-levante para mim? E quando?

Eli Pariser, diretor executivo da MoveOn.org, tem no seu Facebook várias amizades com de-mocráticos e algumas também entre os republicanos. Eli co-menta, em uma palestra do TED (*), que um dia, acessando seu Facebook, descobriu que suas amizades republicanas ti-nham sumido da página. A primeira impressão é que os robôs tomaram uma decisão sócio-política por conta do Eli.

Mas a verdade é que estes robôs fizeram apenas aquilo pe-los quais foram programados: identificar um padrão de uso e priorizar as informações com base neste padrão.

Sempre, segundo Eli, também no Google os robôs agem segundo esta lógica. Mesmo que você não esteja “logado”, existem 57 elementos que eles consideram para determinar o conteúdo da página de busca que vai aparecer, a partir do computador no qual você está, o tipo de navegador que você usa, e até a sua localização.

Amazom, Google, Facebook, Yahoo news, entre outros, têm robôs em ação para criar estes filtros em volta de cada um de nós. Estes filtros se reagrupam no que Eli chama de Bolha dos filtros, que é pessoal.

O que encontramos na nossa bolha depende de quem somos e do que nós fazemos. Se voltarmos a pensar na quantidade de informações na rede e na necessidade de uma seleção delas, a bolha até que faz sentido.

Mas a questão é que não somos nós a decidir o que deve estar na bolha e, mais importante, não temos conhecimento do que fica fora da bolha. Quem decide isso por nós são os robôs.

A Internet se contrapôs à transmissão controlada de informa-ções da televisão e da imprensa, transformando o especta-

dor passivo em um ator ativo. Permitiu-nos conectarmos uns com os outros criando uma rede que Pierre Levy define maravilhosamente como o conjunto de milhares de pon-tos de vistas diferentes. Tudo isso com a certeza (e agora

talvez apenas ilusão) do poder da escolha.

Precisamos da rede como ela é. Uma conexão infinita entre almas, e não um universo bolha delimitado por robôs. Preci-samos de uma inovação neste sentido.

Outra solução é responder à distribuição horizontal das infor-mações na rede com a criação de pólos verticais de informa-ções administrados por pessoas. Informações selecionadas e publicadas não por robôs na base de uma pesquisa de rele-vância, mas por pessoas que usam critérios culturais, éticos e profissionais.

Pólos cibernéticos verticais com um capital social que dê crédito às informações publicadas e que permita a tranquilidade de uma filtragem efetuada na base de critérios de qualidade da informa-ção, por cibergestores que dominam estas informações.

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os robôs da internet que decidem por nós

O que encontramos na nossa bolha depende de quem somos e

do que nós fazemos

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