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Editora MÊS Ano 2 - nº 20 Setembro de 2012 circulação GRATUITA I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT Mercado-alvo Curitiba é opção das marcas para lançar produtos; curitibanos são mais exigentes? Saúde Faltam leitos de urgência (UTI) em Curitiba; Saúde preocupa os moradores Economia Mais de 34 mil novas empresas nasceram este ano no PR, quase 6% de alta Cultura Ambiente para novos escritores no PR é promissor, revelam especialistas

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março 2012.

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Editora MêsAno 2 - nº 20setembro de 2012

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Mercado-alvoCuritiba é opção das marcas para lançar produtos; curitibanos são mais exigentes?

SaúdeFaltam leitos de urgência (UTI) em Curitiba; Saúde preocupa os moradores

EconomiaMais de 34 mil novas empresas nasceram este ano no PR, quase 6% de alta

CulturaAmbiente para novos escritores no PR é promissor, revelam especialistas

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Mais do que ver. Ser visto.

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Mais do que ver. Ser visto.

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“A gente não para”Sabe a história da mitologia grega do rei que tudo o que tocava virava ouro? Ao que tudo indica Paulo Borges (50) é o “midas da criatividade” brasileira. Nascido em São José do Rio Preto(SP), é daqueles workaholic que tudo que toca vira sucesso e gera negócios. Foi assim com o São Paulo Fashion Week, quando criou há mais de 15 anos, foi assim com o Fashion Rio, que ganhou seu dedo de produtor. Agora a promessa é que o Movimento Hotspot, lançado por ele este ano, seja um celeiro de novos talentos e revele os mais criativos do País. Acompanhe o olhar crítico e político de Borges sobre a indústria criativa brasileira.

Quando e como foi concebido o Movimento Hotspot?

Paulo Borges (PB) - A gente começou em 2001, que era uma incubadora de moda, era o Amni Hot Spot. Mas era completamente diferente do que o pro-jeto é hoje. Aliás, é a primeira e única incubadora de moda no mundo. Era fazer da sua criatividade uma empre-sa. Quando foi 2006 para 2007, a gen-te percebeu que para essa geração, a partir dos anos 2000, a forma de criar, a forma de trabalhar é muito colabora-tiva, muito de coletivo, muito de troca e muito transversal. As pessoas não fa-lavam mais de moda ou de design ou de fotografia ou de música. Todas es-sas questões criativas estavam inseri-das nos processos de desenvolvimento da criação de uma imagem, de um pro-duto. Foi aí que a gente teve a ideia, que esse projeto deveria não falar só de moda, mas falar de criatividade e que ele deveria percorrer o Brasil e ser um prêmio para revelar talentos cria-tivos pelo Brasil. A gente sempre teve uma demanda grande das pessoas, em que a gente pudesse estar olhando para isso fora de São Paulo. A gente quer focar nas pessoas.

Como incentivar a criatividade nas pessoas?

PB - O que a gente quer é incentivar as pessoas a mostrarem a sua criativida-de. Por isso, um portal interativo, por isso um grupo de curadores de altíssi-mo nível, cada um dentro da sua área. Pessoas que além de serem respeitadas pela sua construção de habilidade pro-fissional são histórias de inspiração. Desde a minha própria história, do Bob [Wolfenson], do Duda Molinos são pessoas que construíram suas carreiras por uma questão do empreendedoris-mo, da inovação, por uma entrega de alma, por uma crença criativa, em que a criatividade sempre está à frente dos seus processos e desafios. Os festivais regionais vão servir exatamente para continuar essa semente e esse fomento da criatividade das regiões, mostran-

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Arieta Arruda - [email protected]

entrevista Paulo Borges

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um processo de moda global. E isso muda a maneira de você pensar a fazer moda e distribuir moda no mundo in-teiro, não só no Brasil. O Brasil talvez esteja no seu melhor momento históri-co recente e ao mesmo tempo num de-safio de se acomodar nesse novo mo-mento diante de uma crise global não só econômica, mas política. O modelo social europeu e americano esgotou-se e afetou o modelo econômico, que por sua vez afetou o modelo político.

Por conta das mudanças, alguns di-zem que o novo luxo vem do Brasil. Qual o caminho para nos consoli-darmos como referência?

PB - Primeiro, a gente tem que colo-car na cabeça que a gente não pode ser caipira, nem regionalista, porque se não a gente não está falando com o mundo. Então, tem uma construção de requinte criativo do designer, da matéria-prima, da qualidade e têm características que o Brasil deve ex-plorar e ainda explora muito pouco, que passa por inovação, que passa invariavelmente pela questão da sus-tentabilidade, a sustentabilidade não naquele discurso de “ecochato”, mas como um discurso de transformação e de inovação. Que você pode se uti-lizar de uma série de novos recursos para criar uma nova imagem, um novo desejo de moda, mas vai além disso. A gente fala de estilo de vida. Por exemplo, tem uma pesquisa que foi feita que diz que o que mais repre-senta o Brasil em termos de identida-de é a felicidade. Agora a felicidade é o que? É um estado de espírito. Ela pode ser representada de que forma? De várias formas: na cor, na forma, na textura, no brilho, em tudo. Como você transforma isso em propriedade brasileira? É um desafio enorme.

Essas mudanças sociais e econômi-cas vão afetar de que forma a in-dústria da moda?

PB - O mundo tá muito chato. O mun-do está vivendo um momento muito

do para a indústria econômica local, a indústria criativa local. A pessoa com talento, ela está em qualquer lugar do mundo. Experimentar de fato aquilo que a gente já vem dizendo a mais de 10 anos, que a criatividade é transver-sal, que moda é um processo “inspira-cional” de várias áreas completamente diferentes daquela que ela atua. E tal-vez por eu ser da moda e trabalhar há tanto tempo na moda eu vivencie isso muito. A moda é um “chupômetro” de tudo. No filme, na arquitetura, no vídeo, na música, no design, na histó-ria, na literatura e a gente se habituou muito, até por olhar tudo, a observar pessoas criativas em todas as áreas. E a gente acredita muito na questão de uma economia criativa.

Em sua opinião, por que o povo brasileiro é bastante criativo?

PB - Primeiro pela nossa história de colonização. É uma história muito misturada. A gente tem o índio, o afri-cano, o europeu e a gente tem o ameri-cano. Então, a gente tem uma influên-cia muito grande de todas essas áreas. É a nossa maior riqueza essa diversi-dade racial, cultural, social, econômi-ca, política. Nós não somos puros. E aí esse gigantismo territorial propicia descobertas. Acho que ninguém ou pouquíssimas pessoas conhecem de fato o Brasil como um todo, nas suas nuances, histórias, diferenças, pecu-liaridades, movimento, na sua trans-formação. E fazer um projeto como esse que dá alcance a qualquer pessoa em qualquer canto do País a participar, para mim, é maravilhoso. Por isso, nós fizemos um projeto digital. E ele só é possível hoje, porque há cinco anos não seria. E a ideia já foi feita há cinco anos. A gente precisou de quatro anos para começar a lançar o projeto. Por-que hoje você tem a capilaridade digi-tal feita. Cada dia mais são centenas, milhares de jovens que entram nas re-des. Por isso que o projeto é digital, é democrático, você não paga para par-ticipar. Você entra, você olha, você é visto. Por exemplo, hoje me contaram

que um candidato de filme em vídeo se inscreveu e uma empresa, se eu não me engano a Nike, já viu o vídeo dele e já contratou ele para um trabalho. Já é o projeto funcionando. É um lugar para ver e ser visto. Nós queremos que o Movimento Hotspot se torne uma referência e um hub de convergência criativa, onde você se mostra e é visto, onde você pensa e reflete.

Falando de outros projetos seus. Quais as diferenças que pretende marcar entre o São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio?

PB - São Paulo Fashion Week tem uma etapa de maturidade, de desafios. A gente não para. O Fashion Rio tem que cada vez mais ser um representan-te natural de uma imagem do Brasil para o mundo. Esse lifestyle carioca e brasileiro que contamina de forma po-sitiva um tipo de criação. A gente tem que construir um discurso, fazer com que o evento transborde como o São Paulo Fashion Week. Um pilar impor-tante disso é a moda praia como um lifestyle. O lifestyle de uma moda que é pensada a sua criação de uma moda muito mais voltada para o conforto e para o estilo de vida do que para o design purista. O São Paulo Fashion Week é muito pensado e foi muito construído através do design de moda.

Quais os maiores desafios atuais do SPFW?

PB - A moda está passando por uma renovação, uma transformação global. Uma mudança do negócio. Teve uma transformação global que isso está afetando o Brasil, por conta das crises, da globalização, por conta do proces-so. O que começou como uma cadeia de negócio, que é o fastfashion, virou

Você não pode desenvolver um negócio no mundo de

hoje, que é global, pensando de forma regional

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está acontecendo no mundo ou vai ser uma empresa regional. E ser uma em-presa regional significa estar fadada a um crescimento menor, a não ser que ela desenvolva um processo de produ-to de uma commodity específica que ela não precisa de inovação, não pre-cisa dos novos códigos de comporta-mento contemporâneo para poder se desenvolver e se posicionar. Moda e design, indústria criativa não é assim. Qualquer pessoa que está no interior tem que pensar como um global. Tem que se certificar de que seu produto, realmente, tem qualidade em todos os aspectos e aí criar uma estratégia de se posicionar em outras regiões.

Um pouco de você. Quais são suas paixões?

PB - Adoro Política e História. Então, eu leio muito, vejo muito isso. Para mim, fazer moda é fazer política. Es-tar aqui hoje falando de criatividade é fazer política. Política na sua essência não como forma de conveniência. As pessoas me perguntam se eu vou me candidatar a alguma coisa política e eu falo: “nunca”. E aí as pessoas di-zem: “corrija, nunca não se diz”. E eu falo: “nem pensar”. Porque a política que me fascina não é essa que é exer-cida como profissão. Não é isso que me interessa. À minha maneira, do

peculiar, em que a gestão do resulta-do ficou preponderante demais. Eu digo o seguinte: a linha de cima e a li-nha debaixo são os extremos que mo-nitoram. Então, você tem que faturar o máximo, gastar o mínimo, porque é o meio que vale. Só que isso está entrando num desgaste de processos que eu me pergunto: para onde vai? Empurram as pessoas para uma zona de consumo desenfreada e irracional. É um contrassenso para a questão da sustentabilidade. Se todas as pessoas continuarem a consumir da maneira que se consome hoje daqui a 20 anos, o mundo explode. Você vê um País onde a mobilidade urbana é caótica e o governo incentiva que as pesso-as comprem carro. Para andar onde? Acho que tudo isso é um processo que vai entrar em colapso. Está tendo que se repensar. Isso passa pela cria-ção, isso passa por um processo de produção de valor das coisas. Acho que a gente vive a crise do início de um novo milênio. Se você voltar his-toricamente para o início de séculos anteriores, todos passaram por crises. Acho que a nossa é essa.

No Paraná, temos uma grande in-dústria têxtil, mas temos pouca moda conceitual. Como mudar isso?

PB - Primeiro é importante a mentali-dade das pessoas. Você não pode de-senvolver um negócio no mundo de hoje, que é global, pensando de forma regional. Qualquer empresa do inte-rior do Brasil se conecta com o que

meu modo, eu faço política. E posso brigar com todos os políticos que es-tão aí nos seus cargos, inclusive.

Tem algum projeto novo vindo por aí?

PB - Tem um projeto pessoal que é o projeto de um livro, uma exposi-ção e um documentário sobre a alma afro-brasileira, afro-baiana mais pre-cisamente. Eu me interesso muito pela história africana. Se a gente vol-ta, a história do mundo começou na África, todas as culturas milenares. Quando eu comecei a ir muito para a Bahia, eu comecei a entrar em conta-to direto com uma essência africana muito pura. Eu conheço uma Bahia que as pessoas pouco conhecem. Eu estou falando da diversidade cultural, da diversidade gastronômica, da reli-gião, da energia, da história, de enten-der porque que a Bahia é o umbigo do Brasil.

E o que a Bahia tem?

PB - A Bahia carrega esse liquificador que nós somos. E que aqui não tem, em São Paulo não tem. Na Bahia,você vê o índio, o negro e o europeu mistu-rados à flor da pele. Você vê na culiná-ria, na festa, na rua, ainda na pobreza, nesse estágio quase medieval. Aquilo me encantou muito. Esse projeto, na verdade, que ia falar das semelhan-ças da África, do Brasil e de Cuba. Aí fazendo o projeto na Bahia, falei: “vamos começar pela Bahia”. Fiquei um ano e meio filmando e fotografan-do. Agora a gente está no processo de edição e para colocar o projeto na Lei Rouanet para virar exposição, livro e documentário [no ano que vem]. Aí eu percebi o abandono que a Bahia vem sofrendo do ponto de vista do desen-volvimento. A consequência disso é a mudança política que houve na Bahia e a negação do que foi feito pelos políticos anteriores. É uma refém da decisão política. Aí eu resolvi fazer um projeto que se chama “Alma”. É uma crítica. Uma mostra belíssima de como as coisas nascem.

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entrevista Paulo Borges

Para mim, fazer moda é fazer política

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mensagens do(a) leitor(a)

OrientAçãOA revista MÊS de julho/12 está com matérias muito boas, inclusive a da capa que serve de orientação para os pais e avós. Muito obrigado pela aten-ção no envio das edições.Ronaldo Carvalho

PArABenizArA REVISTA MÊS e os REDATORES estão de parabéns pelas suas matérias relevantes, que estão muito boas. Me-lhorando a cada edição, com redação de qualidade, conteúdos importantes e

Tem sugestões de pauta? Uma ideia

para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para

[email protected]

Matéria de CapaComo sempre em todas as edições a matéria da capa está espetacular: FUJA DO SALDO NEGATIVO. Em Curitiba, 90,27% das famílias se declaram endividadas, acumulando um aumento de 35,62% e a principal dívida está nos cartões de crédito e no financiamento de imóveis e carros. Mas o importante é ter disciplina. “A virada não acontece de forma tão simples porque ela exige algo que o brasileiro não gosta, que é justamente a Disciplina”.Simone Francos, no facebook

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo

[email protected] | Twitter @mes_pr |

Facebook MÊS Paraná. Participe!

fácil entendimento. Eu tinha menciona-do algumas matérias, mas achei injusto focar algumas, sendo que todas as edições são excelentes.Irene Quequi

FeirinhA dO LArgOLi a reportagem sobre a nossa tradi-cional Feira do Largo da Ordem. Sou contra a venda de produtos industria-lizados, (Leia-se produtos chineses que virou uma praga mundial) que descaracterizam a feirinha. Antes eu tinha gosto de ir lá comprar presentes para os amigos. Hoje penso duas vezes e só vou quando especificamente já sei o que vou buscar. Ficou meio mistura-

do e não há como não notar. Se é bom ou não para os comerciantes não sei avaliar, mas a nossa feirinha agora está ficando igual a de qualquer outro lugar. Aí perde a graça.Rosa Maria

MAis OPiniãO Excelente o caderno “opinião”, em que o Gilberto Gnoato escreve sobre: “O que é igual não tem autoridade”. Gilberto é de uma assertividade im-pressionante. Estou na torcida para que tenhamos mais artigos escritos por ele. Parabéns à revista MÊS, a cada mês, vocês se superam.Romualdo Gabardo Corrêa

e-mail

Felipe Martins - Se puderem leiam a matéria da Revista @mes_pr sobre o uso do kinect nos centros cirúrgicos!!!

Edvan Ramos da Silva - Uma das melhores Revistas de Curitiba!!! Gostei muito das reportagens desse mês. Um grande abraço em toda Equi-pe. Saúde e Fraternidade

Wolff - Gostei muito da reportagem sobre a feirinha no Largo da Ordem, antiga Feira das pulgas, onde eu me lembro que antigamente a gente aproveitava muito o artesanato feito pelos hippies na década de 70, muitas saudades daquele tempo em que éramos felizes e não sabíamos. Vamos brigar com a Prefeitura para voltarmos a ter a nossa feirinha das pulgas.

@meS_Pr/mÊS ParanáAmilton Honorato - Gostei muito da reportagem sobre as religi-ões. Sou católico praticante e não acho que os evangélicos estão crescendo dessa maneira. É tudo conforme o ponto de vista de cada um. O tal pastor lê uma Bíblia e já inaugura uma igreja, como isso é possível?

Aline Vonsovicz - Gostei muito da matéria sobre endividamento. Sempre é bom lembrar e trazer matérias como estas que cada vez mais apontam o saldo negativo das famílias brasileiras. As dicas são fundamentais para não cair mais ‘nessa’. A mais curtida foi a do SIM! :) Continuem com a qualida-de de informação de hoje e principal-mente gratuita! :)

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FOTOGramaJorge Mariano

Letícia Gonçalves, da banda Letuce. Fotografar o palco não é escrever com a luz. É compor com a luz. Cantar com as imagens e fazer com que os outros ouçam com os olhos.

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o [email protected]

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MAtÉriA de CAPA

CidAde teste

4 entrevistA

10 MensAgens dOs LeitOres

11 FOtOgrAMA

14 MirAnte

23 COLUnA

48 5 PergUntAs PArA: MinistrO diPP

64 diCAs dO MÊs

66 OPiniãO

POLítiCA

20 Pr eLegerá MAis vereAdOres qUe eM 2008

CidAdes

24 A dOençA dA sAúde de CUritiBA

eCOnOMiA

28 nAsCeM MAis eMPresAs

AgrOPeCUáriA

30 sUBPrOdUtO dA rePresA

edUCAçãO

32 exPeriÊnCiA PrOFissiOnAL nA UniversidAde

sAúde

34 qUAdriL eM PerigO

36 A PriMAverA e sUAs ALergiAs

teCnOLOgiA

38 diA A diA MAis high tech

MeiO AMBiente

40 JArdins qUe sOBeM PeLA PArede

COMPOrtAMentO

42 O sACriFíCiO dO desAPegO

CrôniCA

44 reLAtO de UMA rePórter (AindA) APegAdA

internACiOnAL

48 estrAngeirOs: Os invisíveis

sumário

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50 de OLhO nO LUxO de CUritiBA

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52 O tAtAMe AgOrA tAMBÉM É deLAs

54 rendiMentO esPOrtivO

AUtOMóveL

56 segUrAnçA AO vOLAnte

MOdA&BeLezA

58 estriAs, As indeseJáveis

CULináriA&gAstrOnOMiA

60 Drinks dA estAçãO

CULtUrA&LAzer

62 CenáriO FAvOráveL PArA PrOdUçãO LOCAL

Curitiba/PR

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tualmente, pouco se convive com um curitibano puro. aquele ser nato, que vive entre uma geografia de nuvens fiéis e um clima pouco ameno. Onde eles estão?

Mesmo achando que é uma figura quase obsoleta nas ruas da cidade, é possível perceber ainda uma crítica ativa no ar em um ser observador e catalizador de novidades. Se você ganhar a confiança de um curitibano, tudo mais vem junto: a simpatia, o interesse em se relacionar, a fidelização. Por isso, a indústria de fazer coisas darem certo se utiliza dessa característica local para testar seus produtos.

Apesar de a cidade ter recebido uma miscelânea de gente do interior do mundo, a cultura local ainda se faz presente e trata de emprestar aos novos moradores esse hábito. É quase como se os curitibanos dissessem: “vem comigo, que é sucesso!”

É nesse tom que a matéria de Capa desta edição mostra como as empresas “leem” o povo curitibano. Tratam Curitiba como uma cidade teste, que mais poderia ser uma das “Cidades Invisíveis” do escritor Ítalo Calvino. Uma cidade intrigante e interessante.

Por conta desse perfil criterioso e observador, muito do que se consolidou aqui ganha um charme a mais. Por isso, na reportagem de Turismo, vamos apresentar o que Curitiba tem para um roteiro de alto padrão, no mês em que se comemora o Dia Mundial do Turismo.

Outra novidade apresentada aos olhos curitibanos, que gostam de estar bem informados, é a tendência de crescimento do empreendedorismo e da diminuição da mortalidade das empresas. Além disso, vamos discutir nessa publicação, que completa 20 edições, os seguintes temas: aumento do número de vereadores em cidades do Paraná (Política) e o crescimento do interesse no Judô (Esporte) com a medalha feminina inédita nas Olimpíadas de Londres.

Também não podia ficar de fora a situação da Saúde em Curitiba, que apareceu entre as maiores preocupações dos moradores da cidade em pesquisa do Instituto DataFolha. Por isso, fomos a campo observar essa situação.

Mais do que a crítica, os curitibanos também usam da criatividade para viver a cidade, seja na literatura, no meio ambiente com a proposta de jardins verticais e na inspiração de figuras nacionalmente conhecidas, como o produtor cultural Paulo Borges, criador do São Paulo Fashion Week e que esteve na cidade no mês passado para divulgar outro movimento pra lá de criativo. É ler e conferir.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]ÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Bianca Nascimento e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves e Agência Focar (distribuição nos semáforos) agenciafocar.blog.com; Publicidade: Lucile Jonhson - [email protected] – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Jorge Mariano (Fotografias) e Varlei Ramos.

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ratinho JuniorO receio de pessoas próximas à campanha de Ratinho Junior (PSC) é perder apoio dos eleitores das classes C e D na reta final da campanha. Segundo análises realizadas de pesquisas quantitativas e qualitativas esses eleitores seriam muito voláteis e passíveis de migrar para outra candidatura se alguma informação fosse divulgada e viesse contra a imagem anunciada do candidato em questão. Ratinho Junior tem hoje grande presença entre aqueles eleitores que aprovam o ex-presidente Lula.

Fernanda deixa a FamíliaO Governo Richa ficou desfalcado no mês passado pelo pedido de exoneração de Fernanda Richa do cargo de secretária da Família e Desenvolvimento Social. A primeira-dama foi engrossar a campanha de Luciano Ducci, principalmente, nos bairros. Essa é a segunda baixa para Richa, já que o secretário de Indústria e Comércio, Ricardo Barros (PP), também pediu licença e foi cuidar das campanhas em Maringá e Londrina, depois de ter sido acusado pelo MP por irregularidades em licitação na Prefeitura de seu irmão, Silvio Barros.

gustavo FruetO candidato Gustavo Fruet (PDT) por sua vez mantém-se na disputa e ao que parece com um único caminho a ser percorrido: ocupar a zona sul da cidade. Parece que seus estrategistas já acordaram para isso e estão se movimentando. Avaliam que a disputa para ir ao segundo turno pode ser com o Ratinho ou com Ducci. Alguns pensam que o eleitor clássico do Gustavo pode pensar na última hora quem seria mais forte para derrotar uma eventual candidatura de Ratinho no segundo turno e despejar votos em Fruet.

Luciano ducciJá do lado do candidato Luciano Ducci (PSB) a preocupação é que na leitura de seus apoiadores era para ele estar muito à frente dos demais candidatos, tendo em vista o investimento feito em propaganda pela Prefeitura nos últimos meses e o apoio com exclusividade que a família Richa tem dado a sua campanha. Para alguns, já começa a aparecer que a aposta feita pelo grupo do governador não tem muita força e simpatia dos curitibanos para decolar.

rafael grecaO que não tem se confirmado nas últimas pesquisas são os grandes índices de rejeição que apareciam antes. Greca está fazendo uma campanha alegre, crítica e propositiva, correndo por fora do bloco principal, mas sem perder a classe. Suas críticas humoradas à atual gestão calam fundo no eleitor. Especialistas avaliam que os programas eleitorais identificam apenas um momento em que a avaliação dos programas de Greca têm avaliação negativa: quando entra o ex-governador na telinha. Mas esse é o preço da fidelidade.

Troca

dá o Plano, que dou o votoTem deputado estadual usando seu voto para a eleição da Mesa Executiva, que ocorrerá no próximo mês (Outubro), para garantir um pé de meia na aposentadoria. Na Assembleia Legislativa rodou um abaixo-assinado para que o atual presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), assine o Plano de Previdência Parlamentar. No histórico do Plano, que se arrasta desde 2006, tem veto de ex-governador e falhas técnicas.

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Usando a máquina? Nem bem começou a esquentar a campanha à Prefeitura e o candidato à reeleição em Curitiba, Luciano Ducci (PSB), foi acusado de usar a máquina pública para se autopromover. Foram feitas filmagens da pavimentação do Comitê eleitoral dele em Santa Felicidade, em que mostram máquinas e pessoal da Prefeitura fazendo a “má feitoria”. Outro caso já mostrado, desta vez postado por eleitor no Facebook é de um carro (com a logo encardida da Prefeitura), sendo usado como carro de som para cantar o nome de Ducci como o “carro dos sonhos”.

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BaTe PronTo

“Ele pode questionar a obra em si, mas não o dinheiro, que é carimbado pelo PAC da Copa. [...] É demagogia ou desinformação de Greca”rebate Luciano Ducci (PSB)

“Se o projeto da ponte estaiada fosse sério, com a introdução de dois ou três pilares, como podemos ver no Tarumã,

deixaríamos de desperdiçar no mínimo R$ 50 milhões”criticou Rafael Greca (PMDB)

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Muda a cara das eleiçõesAo que tudo indica, além de mais mulheres se candidatando, elas representam também a figura do eleitor médio neste pleito em Curitiba. Formado por mulheres entre 45 e 59 anos de idade, que tenha o Ensino Médio completo e sejam moradoras da zona Sul. Isso porque as eleitoras representam 54% dos votos na Capital paranaense. Outro dado interessante é que houve aumento da escolaridade entre os eleitores de modo geral. Esse fator pode mudar a cara destas eleições municipais. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

iML mais morto que vivoEstrutura física sucateada, verba insuficiente e condições de trabalho inadequadas. Estes foram alguns pontos críticos levantados no mês passado pelo pessoal do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) sobre o Instituto Médico Legal (IML). O Instituto já foi alvo de muitas críticas e problemas. Só neste documento foram feitas mais de 40 recomendações. Em menos de dois meses, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), responsável pelo IML terá de apresentar ao TCE um plano de ações. A rede do IML compreende 18 municípios do Paraná, incluindo, claro, a Capital.

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matéria de capa

Cidade testeMarcas e empresas continuam escolhendo Curitiba para lançar seus produtos; exigência do público é destacada por estrategistas

ão é de hoje que marcas escolhem a Capital pa-ranaense como mercado para testar seus produtos

nacionais. “É o nosso teste de tortura. Se foi para Curitiba e passou, a gente pode confiar nos dados. Realmente, é um mercado muito ácido”, confirma a gerente de Inovação da Heineken, Li-gia Patrocínio. Essa mesma estratégia foi utilizada por outras empresas em que ela trabalhou.

Já o economista e reitor da Universi-dade Positivo (UP), José Pio Martins, pondera e diz que essa afirmação não

npode ser generalizada. “Isso era con-versa lá dos anos 80. Há duas Curiti-bas: uma que é essa Curitiba europeia e há uma Curitiba que é resultado do êxodo rural. Nós tivemos dois êxodos no Paraná, o êxodo rural, a popula-ção saiu da zona rural e veio para a cidade e o êxodo urbano que foi o esvaziamento de cidades pequenas do interior do Estado, que levaram ao in-chaço da Capital”, diz.

No entanto, a máxima continua sendo válida se houver segmentação do pú-blico-alvo, na visão de Martins. “Se não segmentar, é parcialmente váli-da”. Apesar disso, a cidade preser-vou essa característica por ser “uma

cidade que talvez tenha demorado mais para se misturar. E, por isso, que Curitiba ficou com essa marca de servir para os testes, porque ela tinha essa característica que era única”, atesta Martins.

“Comparativamente a outras capi-tais do País, acho que ela é uma das mais ‘puras’. Curitiba ainda tem essa preservação”, ressalta Ligia. Essa imagem cultural da cidade parece continuar rondando as mentes dos marqueteiros de plantão de marcas. Só em 2012, diversas marcas esco-lheram Curitiba para lançar seus pro-dutos e filiais antes de outros merca-dos no País.

Mariane Maio [email protected]

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 17

PArtiCiPAçãO dAs CLAsses nA POPULAçãO de CUritiBA - 2011

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Div

ulga

çãoClasses em destaque

Levando em consideração essa seg-mentação do público, as classes mais altas (A e B) são as que mais têm cha-mado à atenção das empresas para in-vestimentos na cidade, por conta do seu poder de compra e o aumento da fatia do mercado curitibano.

Dados do relatório “Informações So-cioeconômicas”, da Agência Curiti-ba de Desenvolvimento S/A, órgão ligado à Prefeitura, mostram que em 2011, a Classe A, na cidade, corres-pondia a 20,34% da população, en-quanto a classe B era de 12,65%. A Capital é ainda “a segunda do Brasil com maior concentração de domicí-lios classe A do País”. É o que afirma o diretor e vice-presidente da empre-sa Moss Para Casa, Felipe Schultz.

A loja da marca, recém-inaugurada na cidade, é uma das que apostou no po-tencial curitibano para iniciar seus in-vestimentos por todo o País. “A Moss é um projeto de 12 lojas para o Bra-sil, a primeira é em Curitiba”, conta Schultz. Ele explica que a cidade foi escolhida por dois motivos: “foi elei-ta a primeira praça, porque a fábrica é daqui e porque é o grande mercado teste do País. Você conseguindo lan-

çar bem lançado em Curitiba e fazer com que dê certo – porque o público aqui é muito exigente – tem condição de replicar isso para o restante do País, com segurança”.

grandes Marcas

A constatação não é exclusiva da Moss, que fabrica mobiliário sob me-dida de alto padrão. “Grandes marcas fazem os seus lançamentos de labo-ratórios em Curitiba pela exigência do público consumidor”, garante o vice-presidente.

Este é o caso também da famosa mar-ca mundial de joias, Tiffany. Depois de 11 anos operando no Brasil, com apenas três lojas (duas em São Paulo e uma em Brasília), a marca resolveu ampliar os negócios e optou pela Ca-pital paranaense. “Estamos no mo-

Quem também está ganhando dinheiro e

tornando-se o foco das empresas são os jovens

Fonte: Grupo Soifer

12,65%CLAsse B

20,34%CLAsse A

67,01%deMAis CLAsses

mento de expansão, com abertura já anunciada de duas outras lojas, uma em Curitiba e uma no Rio”, detalha Luciana Marsicano, diretora geral da Tiffany & Co. no Brasil.

A loja será a primeira do Sul do Bra-sil. A escolha procurou aliar o po-tencial oferecido pela cidade e pelo estabelecimento em que a loja será instalada. “Além dos nossos estudos de potencial de mercado, a gente tem de agregar um olhar para projetos de luxo que tenham sinergia com a nos-sa marca. O que a gente identificou em Curitiba? Um potencial enorme de classe A, aliado a um projeto que foi apresentado pelo Pátio Batel, que é muito diferenciado. É realmente um dos melhores projetos de luxo do Brasil”, diz.

Apesar de não revelar esses estudos, por fazer parte da estratégia de negó-cio, Salomão Soifer, empreendedor do Pátio Batel, garante que a sustentação não se baseou apenas em números. “Em outros aspectos que fogem da es-fera econômica, passam pela proposta do empreendimento e especialmente por critérios como confiança,

Loja da Tiffany no Shopping Cidade Jardim (SP); em março de 2013, Curitiba deve ganhar a sua loja, a primeira do Sul do País

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18 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012

dade promissora para o mercado de luxo. “Curitiba é uma cidade com alta renda per capita, classe média so-lidificada e um expressivo número de habitantes no topo da pirâmide. Es-tes fatores são preponderantes para a atratividade e o bom desempenho de marcas de luxo”, afirma a MCF Con-sultoria, especializada no mercado de luxo. O crescimento desse setor no ano passado esteve entre 17% e 23%, segundo dados preliminares da pes-quisa “O Mercado de Luxo-Ano VI”, que está sendo realizada pela MFC Consultoria em parceria com a Gfk Brasil, e foram obtidos com exclusi-vidade pela Revista MÊS.

de olho nos mais jovens

Quem também está ganhando dinhei-ro e tornando-se o foco das empresas são os jovens. Segundo o estudo “Os Emergentes dos Emergentes”, reali-zado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2011, 13,64% dos jovens entre 20 e 24 anos pertenciam as clas-ses A e B. Já entre os de 25 e 29 anos este número era ainda maior, com 18,83%. Pensando nesse grupo expo-nencial, a marca Heineken lançará no próximo mês, apenas nas cidades de

solidez e imagem. Nesse contexto, podemos dizer, por exemplo, que nossa região de influência primária [no bairro Batel] concentra 21,3% da população da cidade e 35,3% da ren-da. A combinação desses dois fatores representa muito, porque, por exem-plo, temos em nossa área de influên-cia 410,9 mil pessoas”. (Veja no box)

Essas informações são valiosas e fa-zem com que Curitiba seja uma ci-

Curitiba e São Paulo, mais um rótulo de suas cervejas, a Desperados.

“O Brasil é o primeiro país da Améri-ca Latina a ter o produto. Estamos pe-gando duas cidades que representam as características da marca. A Des-perados é uma cerveja cosmopolita, jovem, de pessoas que gostam de sair na balada, fazer ‘esquenta’. Então, eu tenho de estar em São Paulo, que é a cidade que mais representa isso no País e, ao mesmo tempo, eu quero aprender em Curitiba. Curitiba possui um público extremamente mais críti-co, é usado como uma cidade teste não só para cerveja, como em outras

Fonte: Grupo Soifer

BAteL, O BAirrO nOBre dA CidAde

matéria de capa

POPUlAÇÃO

RENDA

21,3%BAteL

35,3%BAteL

78,7%CUritiBA

64,7%CUritiBA

POr Onde AndA A CLAsse A de CUritiBA?

Com as significativas mudanças re-centes da pirâmide social brasileira, os gostos e padrões de consumo da população também estão diferentes aqui em Curitiba e diversas cidades do País. Antes hábitos exclusivos das classes mais altas, agora aces-síveis à nova classe média. “Você tem a classe D que adquiriu renda e virou classe C. A Classe C adquiriu renda e virou classe B. O B hoje está com uma renda tão alta que está quase se tornando, e muita gente se tornou milionária. Ao passo que essas pessoas da classe B migraram para a A, isso criou um novo merca-do no Brasil de marcas internacio-

nais e de serviços que não existia. Os produtos e serviços no Brasil foram se adaptando a atender a essa nova classe que cresce hoje muito, todos os dias”, explica Bruno Pamplona, CEO da empresa curitibana The Royal Group, focada em entretenimento e luxo.

A prova dessa mudança é a cartela de clientes da empresa. “Oitenta por cento dos nossos clientes [de 2 mil] são emergentes. Adquiriram determinado patrimônio nos últimos 24 meses”, con-ta. Segundo ele, os objetos de consumo são: “homem compra barco, avião, importa carro. Mulher decide o roteiro de viagem e busca produtos únicos, Jo

rge

Mar

iano

A Cerveja Desperados, da Heineken, chegará ao

mercado curitibano em outubro para testes

Div

ulga

ção

Page 19: Revista MÊS 20

REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 19

Fonte: FGV

CresCiMentO dAs CLAsses sOCiAis (AB)

20 A 24 AnOS

8,28%

8,61%

9,17%

10,26%

10,94%

12,07%

12,08%

13,61%

13,64%

anO

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

25 A 29 AnOS

10,98%

11,62%

12,86%

14,07%

14,46%

16,1%

16,47%

18,34%

18,83%

-Skol. Com nove mil estabeleci-mentos cadastrados entre Curitiba, Região Metropolitana e Litoral, o aplicativo, que pode ser utilizado em computadores on line, smartphones e por SMS, é um guia de locais que vendem a marca. Os estabelecimen-tos são ranqueados por proximidade do solicitante e preço.

Alguns fatores fizeram com que a ci-dade fosse escolhida para testar o apli-cativo, que será exclusivo para Curi-tiba até pelo menos o mês que vem. “Pela força da marca, estamos falando de uma marca com 35% do mercado. É uma capital que a gente tem um ser-viço de 3G bem acima da média do Brasil. E a gente acredita que é uma cidade mais desenvolvida que a gran-de média. A gente levantou também a aderência a promoções de digital. A gente teve bons resultados quando fez algumas outras ações”, conta Oscar Sala Neto, gerente de preço da Ambev.

Essa aderência ao meio digital foi comprovada por números. No site da marca, 126 mil acessos por mês são dos curitibanos. Quando o assunto é a rede social Facebook, a Capital para-naense é responsável por 6% dos fãs

da marca, um total de 108 mil pesso-as. “Quando comparamos com a base de 1.019.460 usuários de Facebook com mais de 18 anos, vemos que te-mos uma grande oportunidade na pra-ça”, completa.

Os produtos culturais parecem estar na mesma tendência de consolidar essa imagem de Curitiba como públi-co teste. Uma mostra disso foi o Fes-tival de Teatro de Curitiba, realizado em março e abril deste ano, em que dos 29 espetáculos da Mostra prin-cipal, oito foram estreias nacionais, como a peça “Escravas do Amor” da companhia carioca “Os Fodidos e Pri-vilegiados”, em comemoração ao cen-tenário de nascimento do dramaturgo Nelson Rodrigues. Assim, também, Curitiba foi teste do primeiro show da cantora Marisa Monte na turnê “Ver-dade Uma Ilusão”, em junho.

No entanto, essa posição não é com-partilhada por todos. O ator e diretor João Luiz Fiani tem outra opinião. “Isso já aconteceu no passado, mas eu acredito que era muito mais por inte-resse de receber apoio financeiro, do que por Curitiba ser um termômetro [...] Acho que isso caiu por terra.”

joias, artigos personalizados, moda”, diz Pamplona, que conta hoje com 90% dos clientes homens entre 35 e 50 anos.

Independentemente do que buscam, a exclusividade é algo muito almejado neste mercado. “Elas têm um patri-mônio, têm dinheiro no banco, têm di-nheiro investido e não querem parecer com as outras, querem ser diferentes, querem ser exclusivas. Hoje frequentar um aeroporto se tornou algo rotineiro para muita gente, e elas não querem”, diz. Para resolver essa situação, muitos optam por comprar aeronaves ou mes-mo fretar. “A compra compartilhada, hoje você consegue juntar dois, três,

quatro, cinco, dez amigos por dia e comprar um barco, uma aeronave. A compra compartilhada é o cara que talvez tenha poder para comprar sozinho, mas não arrisca tanto.”

A busca por uma experiência extra-ordinária é algo rotineiro na vida das pessoas mais ricas e, de acordo com Pamplona, pouco importa o valor que vai custar. “Se é para ir daqui até São Paulo, Rio de Janeiro, eu não quero mais ir de companhia aérea, então vou juntar meus amigos e vou fretar um avião. Talvez eu não tenha fôlego para comprar uma aeronave, mas eu posso fretar”, diz.

categorias”, comenta Lígia Patrocí-nio, que também conta que as duas cidades representam mais de 50% de todo o volume de cervejas premium comercializadas no Brasil.

Outra grande marca que lançou um novo produto em Curitiba é a Skol. Responsável por 35,23% do merca-do de cerveja na Capital, a Skol es-colheu a cidade para apresentar seu novo aplicativo na internet, o GPS-

“Elas têm um patrimônio, não querem parecer com as outras, querem ser exclusivas”, garante Pamplona

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20 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012

Pr elegerá mais vereadores que em 2008Levantamento realizado pela MÊS mostra que das 10 maiores cidades do Estado, apenas 4 continuarão com a mesma quantidade

Mariane Maio [email protected]

política

a primeira eleição em que estará valendo a Emenda Constitucional 58/2009, serão eleitos

mais 5.070 novos vereadores no País, segundo dados da União dos Verea-dores do Brasil. No Paraná também haverá mudanças no Legislativo Mu-nicipal. Levantamento realizado pela Revista MÊS mostra que entre as dez maiores cidades do Estado, seis terão aumento no número de vereadores no próximo dia 07 de outubro.

Segundo a emenda, a Capital poderia passar dos atuais 38 vereadores para,

n

Câmara de Curitiba não aumentará o número de vereadores

no máximo, 39. A segunda maior ci-dade do Estado, Londrina, que conta com 19 vereadores poderia ter até 23. A vizinha Maringá, que tem 15, tam-bém poderia chegar a 23. Apesar da possibilidade, estas três cidades pre-feriram não alterar o quadro atual. Foz do Iguaçu, que conta com 15 vereado-res e pela lei poderia ter até 21, tam-bém irá permanecer sem mudança.

Já Guarapuava será a cidade com maior aumento no número de vagas dentre as pesquisadas. Atualmente com 12 vereadores, a cidade passará a ter 21 na próxima legislatura. Um au-mento de 175%. Também passarão a ter 21 vereadores as cidades de Casca-

vel, São José dos Pinhais e Colombo, que contam atualmente com 15, 14 e 13 vereadores, respectivamente. Para-naguá passará dos atuais 11 para 17.

distorções

Essa mudança, prevista em lei, aca-bou causando certa desproporcionali-dade nas câmaras do Estado, porque cidades com pouco mais de 200 mil habitantes, como é o caso de Colom-bo, terão mais vereadores que Lon-drina, por exemplo, que tem mais que o dobro do número de habitantes.

Para o especialista em Direito do Es-tado e membro da Comissão de Direi-

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 21

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

“Em alguns casos você aumenta o número de vereadores e vai ter de diminuir o número de assessores”, completa Silva. Para ele, a principal preocupação que o eleitor deve ter é se os vereadores eleitos estão cum-prindo suas funções. “Poucas são as Câmaras que exercem de fato o papel que lhe é outorgado. E o déficit maior não é o Legislativo na quantidade de normas que são aprovadas e sim no que diz respeito à fiscalização ao Po-der Executivo”, alega.

Santos vê pontos positivos nessa me-dida. “Se nós temos um maior número de representantes e isso não vai onerar mais o contribuinte, porque o repasse vai ser o mesmo, é melhor para o ci-dadão, que vai ter mais representantes cumprindo teoricamente a função”.

Mas o critério de discussão para a am-pliação de cadeiras para vereadores deveria ser mais objetivo, afirma Silva. “De distribuição geográfica para fins de representação. E não simplesmen-te vou elevar ao máximo para facilitar minha próxima eleição, que não neces-sariamente acontece. Você aumenta o número de vagas e, consequentemente, aumenta o número de candidatos.”

“Se nós temos um maior número de representantes e isso não vai onerar mais o contribuinte, é melhor para o cidadão”, diz Santos

Arq

uivo

pes

soalto Eleitoral da Ordem dos Advogados

do Brasil (OAB-PR), Thiago Paiva dos Santos, isso faz parte da autono-mia municipal.

“Esse limite estabelecido na Consti-tuição pode gerar distorções. Você tem de contar com a razoabilidade dos le-gisladores municipais. Neste caso, ele legisla em benefício próprio. Não faz sentido um município com 50 mil ou 80 mil habitantes com 15 vereadores e um município de 300 e tantos mil ha-bitantes, como Ponta Grossa, com os mesmos 15 vereadores. Mas não ne-cessariamente acho que deveria elevar o número a 23, que é o teto máximo”, diz o especialista em Direito Eleitoral, Fernando Matheus da Silva.

Críticas

Outra crítica gerada com a aplicação da Emenda é o possível aumento do custo das Câmaras Municipais. Essa teoria, porém, foi descartada por am-

no Brasil, o aumento de cadeiras no Legislativo Municipal é de 5.070

A MUdAnçA nAs 10 MAiOres CidAdes dO PArAná

nº de nº de nº de nº MáxiMO % deCidAde hABitAntes vereAdOres vereAdOres de vereAdOres AUMentO (2012) (2013) PeLA eMendACuritiba 1.751.907 38 38 39 0%Londrina 506.701 19 19 25 0%Maringá 357.077 15 15 23 0%Ponta Grossa* 311.611 15 23 23 153,3%Cascavel* 286.205 15 21 21 140%São José dos Pinhais* 264.210 14 21 21 150%Foz do Iguaçu 256.088 15 15 21 0%Colombo* 212.967 13 21 21 161,5%Guarapuava* 167.328 12 21 21 175%Paranaguá* 140.469 11 17 19 154,5%

Fonte: Assessorias de Comunicação das Câmaras Municipais

* Cidades que aumentaram o número de vereadores

bos os especialistas. “Isso é uma falsa verdade. Porque a despesa que a Câ-mara tem em relação ao seu orçamento varia de acordo com o número de ha-bitantes. Então, se a Câmara aumentar o número de vereadores, a quantidade de dinheiro que vai ter de repasse do município é a mesma”, explica Santos.

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22 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012

• Banca da Praça Osório • Banca da Praça da espanha • Banca da Praça da Ucrânia • Banca da Praça de santa Felicidade• Brioche Pães e doces | 3342-7932. Av. 7 Setembro, 4416 | Centro • delícias de Portugal - 3029-7681. Av. 7 de Setembro, 4861 | Batel• John Bull Café - 3222-7408. Rua Comendador Araújo, 489 | Batel • Pata negra – 3015-2003. Rua Fernando Simas, 23 | Batel• Panificadora Paniciello - 3019-7137. Av. Manoel Ribas, 5965 | Cascatinha • Panettiere - 3014-5334. Av. Cândido Hartmann, 3515• Madalosso - 3372-2121. Av. Manoel Ribas, 5875 | Santa Felicidade • vinhos durigam - 3372-2212. Av. Manoel Ribas, 6169 | Sa Felicidade• dom Antônio - 3273-3131. Av. Manoel Ribas, 6121 | Santa Felicidade • tizz Café - 3022-7572. Al. Doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel• Academia gustavo Borges - 3339-9600. Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira• Adega Brasil - 3015-3265. Av. Cândido Hartmann, 1485 | Mercês • Kauf Café - 3015-6114. Al. Dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro• Cravo e Canela Panificadora - 3015-0032. Rua Jacarezinho, 1456 | Mercês e 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom Retiro • Babilônia - 3566-6474. Al. Dom Pedro II, 541 | BatelseMáFOrOs• Rua Visconde de Guarapuava com Rua Brigadeiro Franco (Esquina com Shopping Curitiba) • Rua Emiliano Perneta com Rua Desembargador Motta• Rua Padre Agostinho com Rua Capitão Souza Franco (Praça da Ucrânia) • Rua Martim Afonso com Rua Capitão Souza Franco (Colégio Positivo)

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POntOs de distriBUiçãO

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 23

sobre a política

sobre a Justiça eleitoral

A título de salvo conduto afirmo de antemão que sequer sou iniciado nas letras jurídicas. Contudo, quero aqui traçar uma leitura de quem acompa-nha de dois em dois anos o trabalho da Justiça Eleitoral brasileira. Como estamos em ano de eleições municipais, vou me ater à atuação da Justiça Eleitoral à luz de conversas mantidas com coordenadores e marqueteiros de campa-nhas a prefeito. Primeiro é importante destacar que a quase totalidade dos juízes que assume o eleitoral não vive esse ramo do Direito nos outros períodos da carreira. Isso gera, invariavelmente, equívocos de interpretação da legislação, que prejudica sobremaneira as campanhas. Não estou falando aqui de decisões que busquem privilegiar este ou aquele candidato, não. São decisões que valem, erroneamente, para todos. Ouvi uma frase de um advogado que milita no Direito Eleitoral, que sintetiza bem o problema que pode causar uma decisão ou uma não deci-são de um juiz eleitoral: “um dia em uma ação eleitoral representa seis anos em uma ação na Vara de Fazenda. Ou seja, para o sim ou para o não, toda a decisão tomada em questões eleito-rais são de difícil reversão da perda”. Um dos pontos que causam muitos problemas às campanhas é a interpretação da legislação no caso das inserções de televisão. A lei fala em trucagem. Mas há decisões em diversas comar-cas Brasil afora que uma simples animação de uma letra entrando no comercial já foi motivo para retirada do ar e punição da candidatura com perda de outras inserções a que teria direito.

O juiz não sabe e não tem obrigação de saber, é claro, qual a diferença entre trucagem e anima-ção gráfica. E o Tribunal Superior Eleitoral não normatiza isso. Não torna uniforme esta inter-pretação que nada tem de livre interpretação do juiz de primeira instância, pois trata-se de uma definição técnica e de uma área na qual o magis-trado não tem o menor conhecimento. Isso gera uma realidade, por exemplo, em São Paulo ve-mos comerciais com um grau de incidência das animações e, em Curitiba, não há a permissão de uso de qualquer ferramenta deste tipo. Caberia, em minha opinião, ao TSE regulamentar isso. Mostrar que trucagem é aquilo que tenta fal-sear a realidade levando o eleitor a ter construída uma realidade. Isso é muito diferente de se ani-mar uma letra ou um elemento gráfico. Fala-se nos tribunais que não se pode usar computação gráfica. Ora, com a captação e edição em meio digital tudo é computação. Acabou a celulose nas produções de TV. Tudo hoje é digital. Penso que se caminhássemos para que a Justiça Eleitoral tivesse seus quadros mais permanentes, em que juízes e demais operadores se dedicas-sem apenas a isso, poderíamos ter mais unidade e qualidade nas decisões futuras. As campanhas seriam mais baratas e teríamos mais espaço para o debate democrático e menos para filigranas que agradam aos escritórios de advocacia, mas não estimulam a consolidação da nossa ainda tão jovem democracia.

A quase totalidade dos juízes que assumem o eleitoral não vive esse ramo do Direito nos

outros períodos de sua atuação como magistrados

Por Tiago Oliveira [email protected]

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24 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012

m véspera de Eleições Mu-nicipais, áreas fundamentais na cidade costumam ficar em evidência. As principais

delas foram apontadas pelos morado-res de Curitiba em pesquisa realizada em julho pelo Instituto DataFolha.

A área mais preocupante, sob o pon-to de vista da população curitibana,

Faltam vagas em leitos de UTIs; Prefeitura diz que o número é proporcional à população da cidade, mas admite que não consegue atender a todos os casos

e

A doença da saúde de Curitiba

cidades

Caso do músicoA falta de leitos de emergência pode ter sido um dos motivos que levou a morte do músico Emerson Antoniaco-mi (40), no dia 17 de maio. Seu irmão e também músico, Anderson Antonia-comi, conta que ele estava ensaiando, passou mal e desmaiou. Na hora, o só-cio de Emerson ligou para o Samu e ele foi encaminhado ao Centro Muni-cipal de Urgências Médicas (CMUM), do bairro Boa Vista. Era cerca de 21h do dia 15 (terça-feira). “Chegando lá, eles disseram que ele teve um AVC e que precisaria de uma cirurgia de emergência dentro de duas ou três ho-ras. Então, ele entrou na fila do leito, de uma vaga na UTI”, lembra.

Mariane [email protected]

Colaborou Iris [email protected]

segundo o levantamento, é a Saúde. Quase metade dos eleitores da Capi-tal paranaense (45%) considera que a prioridade do próximo prefeito deve estar nesta área. Trinta e sete por cento dos entrevistados disseram que este é o principal problema da cidade.

Por isso, a equipe da MÊS saiu à cam-po para saber o que mais aflige a popu-lação quando o tema é Saúde. Dentre alguns problemas observados, o que mais chamou a atenção foi a falta de leitos de UTIs disponíveis na cidade.

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 25

Nestes casos, o encaminhamento do paciente para um pronto-socorro de-veria ser imediato, pois os cuidados necessários têm de ser tomados o mais rápido possível. É o que afirma o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), João Carlos Gon-çalves Baracho. “Nesse caso espe-cífico não necessitaria só uma UTI. Teria de ter, além disso, centro cirúr-gico disponível, tomografia cerebral disponível. [...] O que denota que tal-vez Curitiba e Região Metropolitana precisem de mais prontos-socorros, de estruturas que consigam dar além do que o CMUM tem para dar. E o CMUM ficasse de estrutura de supor-te a casos não tão graves.”

A família do músico afirma ter tenta-do de todas as formas conseguir esta vaga, até mesmo em UTIs particulares, mas os esforços não foram suficientes. Apenas na quinta-feira pela manhã, trinta e sete horas após ter dado entra-da no CMUM é que ele conseguiu a vaga no Hospital Angelina Caron.

No mesmo dia, a família recebeu a informação de que ele havia falecido. A assessoria de imprensa da Prefei-tura de Curitiba disse que não irá se pronunciar oficialmente sobre o caso. “Como está envolvendo CRM, tem essa questão toda sendo apurada. A Secretaria [Municipal de Saúde] não vai fazer nenhum comentário sobre o atendimento deles, porque isso está sendo objeto de avaliação.”

dias de espera

Outro paciente que também sofreu com essa espera de uma vaga foi Carlos Rogério Schlosser (54). Ele foi internado no dia 13 de agosto no CMUM do bairro Boqueirão e ficou por lá ao menos uma semana. O relato

hábil de acordo com o quadro clínico dele”, afirma a assessoria.

Problema x solução

O relatório de gestão da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná mais atu-alizado (2007) aponta que a 2ª Regio-nal de Saúde, que abrange Curitiba e mais 28 cidades, tinha 390 leitos de UTI, sendo 255 adultos, 59 pediátri-cos e 76 neonatais. Desses, 179 leitos adultos, 47 pediátricos e 66 neonatais estão na Capital. A cidade tem ainda 60 unidades de cuidados intermedi-ários neonatais convencionais e 15 de cuidados intermediários adultos. Estes últimos números são do CNES-Net, sistema do Ministério da Saúde.

A Secretaria de Saúde não diz se exis-te um déficit em relação ao número de vagas e nem o número de pacientes que precisa de vagas em leitos atu-almente, mas admite que existe uma procura maior do que a estrutura ofe-recida. “A área de internamento de urgência sempre tem [fila], principal-mente, de acidente de trânsito,

de Patrícia Schlosser, filha de Carlos, dá conta de que desde que chegou ao CMUM foi informada pelos médicos de que ele precisava de uma vaga de UTI. Apesar disso, Patrícia garante que esta transferência foi feita apenas no dia 22, ou seja, nove dias depois. Coincidência ou não, foi exatamente dois dias após a reportagem da Revis-ta MÊS entrar em contato com a as-sessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba para saber sobre a situação deste paciente.

Já a assessoria de imprensa da Pre-feitura garante que este prazo foi menor. A informação repassada pelo órgão público é de que este paciente foi transferido para o Hospital Caju-ru ainda no dia 20. “Quando a pessoa chega à unidade de saúde, você tem um quadro. De repente evolui de uma maneira diferente, ou a pessoa me-lhora ou tem uma piora. O fato dele ter chagado lá em um dia e ter sido in-ternado oito dias depois, não significa que ele estava esperando vaga. [...] a informação que a gente tem é que o paciente foi transferido em tempo

curitiba tem 179 leitos adultos, 47 pediátricos

e 66 neonatais

Anderson Antoniacomi é irmão do músico que teve um AVC e ficou 37 horas aguardando vaga de UTI

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Roberto Dziura Jr.

Page 26: Revista MÊS 20

26 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012

cidades

questão envolvendo violência, com-petem muito com os internamentos de outra natureza. Isso não é uma coisa de Curitiba. É comum nas cidades gran-des”, informa a assessoria do órgão.

De acordo com a Secretaria, a quanti-dade de leitos é proporcional à popu-lação de Curitiba. “A questão que bate muitas vezes é a chegada de pacientes de fora, que não vêm pela Central de Leitos.” Esse aspecto também é des-tacado pelo presidente da Associação Médica do Paraná. “A gente percebe que o pronto-socorro do Evangélico, Cajuru e Hospital do Trabalhador são os que dão atendimento à urgência e emergência, mas estão praticamente esgotados na sua capacidade de ab-sorver pessoas que vêm de Curitiba e da Região Metropolitana, do Estado como um todo. [...] São vários os dias que a gente vê os prontos-socorros com esgotamento da sua capacidade de absorver os doentes. Mesmo que você atenda no pronto-socorro, você não tem o suporte de leitos suficientes para dar o suporte depois que você ti-rou da situação de risco”, diz.

Para o médico, o perfil da cidade mu-dou. “Não dá mais para pensar Curi-tiba em uma cidade próxima de dois milhões de habitantes, são os habitan-tes de Curitiba e toda a Região Metro-politana. Teria de ter um pensamento unificado talvez de uma proposta me-tropolitana de integração.” A Prefei-tura destaca os esforços que têm sido feitos nesta área. “Existência do pro-jeto do Pronto-Socorro Norte [previs-to para 2014]. Nesse ano, começou a funcionar o Hospital do Idoso, que são 141 leitos a mais.”

PArtiCiPe

Qual a sua opinião sobre a Saú-de em Curitiba?

Mande para [email protected] . Sua mensagem poderá ser publicada na próxima edição.

OPiniãO

Na sua visão, não existe dinheiro para garantir os direitos fundamentais ou este dinheiro tem sido mal empregado, como na Saúde?

Aquilo que está no orçamento não tem sido utilizado para direitos econô-micos, sociais e culturais. Portanto, não é falta de dinheiro, é não aplicar no que deve ser aplicado. Em outras questões, é assumirmos a sério, ou não, o problema do Estado Social. Quer dizer, o Estado Social não é apenas um estado de solidariedade. É um Estado que tem políticas ativas de redistribui-ção de rendimentos que se refletem nas prestações sociais, de saúde, serviços de ensino, serviços de creches e também nos mecanismos compensatórios, porque o problema hoje da sociedade moderna está na imensa expressão da libertação pelo conhecimento.

As Políticas públicas são uma forma de evitar o retrocesso social? Dê exemplos de políticas que podem ser aplicadas.

Claramente e, sobretudo, políticas públicas integradas. Basta dar um exemplo de uma política pública: a política pública de família. Porque senão o que temos são pessoas abandonas nos hospitais, os países envelhecendo, é não ver filhos, é termos dimensões caricaturais na constituição da proteção da procriação médica assistida. Não é nos quarenta anos que nós vamos resolver o problema demográfico, é quando as pessoas estão jovens e estão em idade reprodutora. Isso implica numa política pública de família integrada e distri-butiva. Isso implica em creches, isso implica em outros serviços, mas tudo isso é o que um país pode fazer. Brasil ainda não sente isso, Portugal está a sentir profundamente isso. E as consequências depois são absolutamente dra-máticas, se é cada geração que paga as aposentadorias da geração anterior. Os problemas são assim, é que não é muito evidente aqui, mas em Portugal já é.

DOUTOR JOSÉ JOAqUIM GOMES CAnOTILHO, É JURISTA PORTUGUêS E COnSIDERADO UM DOS nOMES MAIS RELEVAnTES DO DIREITO COnSTITUCIOnAL DA ATUALIDADE. ELE FALOU SOBRE OS DIREITOS BáSICOS DE UM CIDADãO. UM DELES É A SAúDE.

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este ano, o Brasil atingiu a marca de um milhão de novos empreendimentos em 30 de julho, antece-

dendo em 32 dias a marca de 2011. Os números são do Empresômetro, Cen-

Até abril deste ano, o Paraná abriu mais de 34 mil novos negócios, segundo pesquisa do Empresômetro

n

nascem mais empresasso das Empresas e Entidades Públicas e Privadas Brasileiras, realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Estratégico (IBPT). De janeiro a abril, no Paraná, nasceram 34.230 novas empresas, um montante 5,95% maior que o mesmo período de 2011, fican-do em 5º lugar entre os estados.

O tipo de entidade jurídica com mais novos empreendimentos no País foi os micro empreendedores individu-ais (MEI). Dados da Junta Comercial do Paraná (Jucepar) apontam que até

junho foram criados 26.470 novos negócios no Estado, porém não são registrados os microempreendedores.

Já em relação à mortalidade das em-presas, o Brasil também melhorou, mas o Paraná ficou abaixo da média nacional. Números da Taxa de Sobre-vivência das Empresas no Brasil, do Sebrae, revelam que entre empresas constituídas em 2006 e que sobrevi-veram até 2009, a taxa foi de 73,1%. Entre os setores que tiveram as me-lhores médias foi a Indústria (75,1%)

economia

Iris [email protected]

Trabalho de mais de três meses para colocar o Pietra Nail Bar em pé

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noe o Comércio (74,1%). A região Sul (71,7%) e o Paraná (69,7%) ficaram com índices inferiores que a média no País, porém, o Estado teve uma evo-lução de 1,1% em relação às empre-sas constituídas em 2005.

no Paraná

Para o presidente da Jucepar, Ardis-son Naim Akel, é interessante sem-pre considerar o cenário global, sen-do que neste momento a economia brasileira está mais para o patamar de estagnação. “Nesse contexto, a gente pode dizer que a economia do Paraná está indo bem. Nós temos verificado uma redução do crescimento nos ín-dices de abertura de empresas, mas de qualquer maneira há abertura de empresas”, comenta. Isso revela que há otimismo entre parte do empresa-riado paranaense.

O diretor de Planejamento e Gestão da Federação do Comércio do Paraná (Fecomercio), Dieter Lengning, tam-bém considera que os índices são in-fluenciados pela conjuntura econômi-ca em que o País vive, e sinaliza que momentos de abundância são comuns quando a economia está forte. É aí

que também crescem as empresas de pequeno porte. “No Estado do Paraná, mais de 98% são micro e pequenas empresas que hoje já têm um perfil muito diferente da época em que elas foram concebidas”, afirma Lengning.

O empreendimento de Pietra Juglair (24), o Pietra Nail Bar, é um destes novos negócios. Há pouco mais de dois meses no mercado, Pietra traba-lhou por cerca de três meses para co-locar a ideia em prática. “Eu achei um ponto e tinha de ser aqui e eu acabei acelerando muita coisa, mas mesmo assim em três meses foi um tempo bem curto para colocar tudo em práti-ca”, revela Pietra.

Planejamento

Para transformar a ideia em negócio é preciso planejamento, que serve tam-bém para que o negócio prospere nos dois primeiros anos, considerado o

período mais difícil. Lengning apon-ta três fatores que fazem com que a empresa se desenvolva. O primeiro desses fatores é o nível educacional do empreendedor, que engloba co-nhecimento de gestão e do próprio negócio. O segundo aspecto é o in-vestimento em planejamento estra-tégico. “Planejamento de negócios é fundamental”, salienta. O terceiro é o fator econômico. Os empreendedo-res, muitas vezes, planejam e gerem mal o seu dinheiro.

gestão

Essa batalha dos dois primeiros anos foi vencida pela Endossa, loja inau-gurada em Curitiba em junho de 2010. Depois do processo de aber-tura da loja, que levou mais de seis meses, hoje a sócia Nathalia Anring (30) considera que o negócio só está melhorando. “As vendas em relação ao ano passado melhoraram 100%, então a gente está vendo uma linha de crescimento bem grande”, conta.

A Endossa tem fugido do maior causa-dor da mortalidade das empresas, apon-tado pelo sócio presidente do Banco BVA, Ivo Lodo, que é a perda do foco e inadequação do mercado no provimen-to de capital para as empresas. “Manter a empresa viva depende agora de uma qualificação administrativa de gestão”. Hoje, também há diversas estruturas que dão suporte ao empresário e o aju-dam a entender os riscos.

Esse fator pode ser consequência tam-bém de outro grande desafio atual pelo qual as empresas sofrem. A es-cassa mão de obra qualificada. A mão de obra foi considerada por Nathalia quanto por Pietra, uma parte delica-da, pois elas precisavam de pessoas com qualificação em seus negócios e nem sempre é missão fácil de cumprir. “Para o empresário conseguir absorver essa mão de obra, essas pessoas têm que vir pelo menos com uma razoável qualificação mínima vinda dos bancos escolares”, pondera Lengning.

Paraná teve uma taxa de 69,7% de sobrevivência das empresas constituídas em

2006 até 2009

Nathalia da Endossa: empresa sobreviveu os dois primeiros anos, os mais difíceis

Lengning ressalta que planejamento é fundamental para um negócio prosperar

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á dois anos, seis produ-tores de tilápias dos mu-nicípios de Toledo, Ma-ripá e Nova Santa Rosa

estão produzindo mais do que peixes em seus viveiros. Em alguns tanques, as tilápias ganharam a companhia de camarões de água doce, técnica apre-sentada aos produtores após a ins-talação do curso de Aquicultura no campus de Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Produtores de tilápia do Oeste do Paraná, em parceria com a UFPR, produzem camarões de água doce junto com os peixes; renda extra e melhoria na qualidade das águas

h

subproduto da represa

O professor e coordenador do proje-to, Eduardo Luis Ballester, na época, observou o interesse dos produtores em trabalhar também com o cultivo de camarões, sem deixar de lado as ti-lápias. A maior dificuldade para esses aquicultores estava em adquirir a pós--larvas, a fase inicial desses animais.

Foi aí que vingou uma parceria entre produtores e universidade. Trata-se de um projeto de extensão no qual os produtores participam de um cur-so básico de produção de camarão

agropecuária

em cativeiro. Caso haja interesse do produtor, a universidade faz a ponte para a aquisição das pós-larvas e dá o suporte técnico.

“A gente vai pelo menos uma vez por mês para monitorar o crescimento e está sempre disponível para tirar as dúvidas. Eles têm muito conheci-mento da parte de peixe. Camarão é um pouquinho diferente, ele fica mais no fundo, então a gente passa para eles alguns cuidados que têm de ter a mais no período da produção,

A espécie cultivada no Oeste do Paraná é o gigante da malásia

Iris [email protected]

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principalmente, com a parte de fundo do viveiro”, explica o coordenador. Agora a UFPR trabalha pela constru-ção de um laboratório de 300m² para a produção local das pós-larvas para atender essa demanda.

experiência local

O produtor de tilápias de Palotina, Edmilson Zabott, que cultiva os pei-xes numa área de cinco hectares e meio de lâmina d’água, está satisfeito com o resultado obtido até agora. Na última safra, ele trabalhou em apenas um de seus tanques.

O sucesso não é contabilizado somen-te em cifrões, mas em outro aspecto importante para esses produtores. “É um projeto que está dando certo, prin-cipalmente, para nós nessa área de criação de tilápias. É onde o camarão veio agregar um valor na qualidade da água, melhor para o cultivo da ti-lápia”, salienta o produtor.

Isso foi possível, porque o camarão é um animal de fundo de represa e a maior preocupação dos produto-res em cuidar dessa área refletiu na maior qualidade da água para ambas as culturas. Além disso, há um me-lhor aproveitamento da ração que é colocada, pois o camarão acaba con-sumindo a mesma ração do peixe. “A qualidade da água para a tilápia veio dar um rendimento de ganho, ou seja, a conversão alimentar de ração para carne aumentou mais de 30%”, com-pleta Zabott.

investimento

Para produzir camarões em água doce, o investimento é baixo e o ci-clo dura cinco meses, sendo que os meses mais frios não são cultivados. A ideia principal é que este sistema seja feito em policultivo juntamente com a tilápia, inclusive tendo início na criação no mesmo período dos pei-xes. Para isso, o maior investimento que o produtor precisará fazer será na

aquisição das pós-larvas, cujos valo-res variam entre R$50 e R$100 o mi-lheiro. Além disso, é preciso preparar o viveiro e também a compra dos pro-dutos de abate que é feito com gelo e água sanitária.

Mesmo com poucos recursos desti-nados a essa cultura, o valor agrega-do é grande. A venda desse camarão comercializado em Palotina direta-mente para os consumidores gira em

torno de R$25 o quilo. “Assim que a gente entra realmente no processo comercial, é uma renda significativa, dá para se dizer que é comparada qua-se ao valor da própria tilápia”, revela Zabott, que espera produzir em um tanque cerca de dois mil quilos de ca-marão por safra.

Camarão esse que se torna um sub-produto de luxo nos tanques do Oes-te paranaense e que, além de gerar renda extra aos produtores de tilápia, proporciona ainda aos moradores da região adquirir um produto de quali-dade e fresco, já que a produção está sendo vendida regionalmente.

“É um projeto que está dando certo”, afirma

edmilson Zabott

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O CAMArãO nO Oeste

Tipo: gigante da malásia (macrobrachium rosenbergii)

Ciclo: 05 meses

Produtores: 06

Municípios: Palotina, Maripá e Nova Santa Rosa

Pós-larvas: a maioria do Rio de Janeiro

Rentabilidade no policultivo: expectativa de produção 500kg/ha por safra

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Experiência profissional na universidadeOportunidade de colocar em prática o conteúdo aprendido pode começar dentro da própria universidade, PR é destaque em empresas juniores

educação

começa a trabalhar mais diretamente com o mercado. Você aprende mui-to a trabalhar com gestão”, afirma o presidente do Conseq e aluno do 4º ano de Engenharia Química, Estevo Vieira Meneguetti Hizo (22). Opi-nião compartilhada pelo coordenador do curso, Oswaldo Curty da Motta Lima. “Eles gostam bastante, porque eles começam a se sentir um pouco engenheiros”, diz.

Já nos cursos das áreas da Saúde é possível aprender e atender pacien-tes reais durante a graduação, como faz o estudante do 8º período de Fi-sioterapia da Pontifícia Universidade

empresa júnior Consul-toria e Soluções em En-genharia Química (Con-seq) foi recentemente

classificada entre as 20 melhores do País em levantamento da Confedera-ção das Empresas Juniores. É do cur-so de Engenharia Química da Univer-sidade Estadual de Maringá (UEM). Uma empresa paranaense que coloca em destaque a importância dessa fer-ramenta de ensino nas universidades.

Ao lado dela está a Adecon, dos cur-sos de Administração, Ciências Eco-

Anômicas e Ciências Contábeis tam-bém da UEM, ao prestar serviços de consultoria. Também foi classificada a empresa Elo Consultoria do curso de Psicologia da Universidade Esta-dual de Londrina (UEL).

Sejam em empresas juniores, clínicas ou núcleos jurídicos, essas experiên-cias de estágio durante a graduação são valiosos instrumentos para a formação dos jovens estudantes e ainda servem à comunidade na prestação de serviços.

“É muito agregador para a formação, porque além de você colocar na práti-ca o que aprende na teoria, [...] você

Iris [email protected]

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Católica do Paraná (PUC-PR), Renan Ferreira de Pádua (20). Para o jovem estudante, a experiência tem sido rica.

Essa precocidade, na relação entre conhecimento e prática, é encarada como fator positivo. “A maior im-portância está no sentido de nós co-locarmos o aluno dentro da realidade de vida profissional o mais precoce-mente possível. Deixar o teórico, o imaginário, e ir para a realidade”, ex-plica o supervisor de estágios e res-

ponsável pela Clínica de Fisioterapia da PUC-PR, Luiz Bertassoni Neto.

Solucionar casos é o que fazem os estudantes de Direito do Centro Uni-versitário Curitiba (UniCuritiba), sob a supervisão da professora Nádia Mi-kos. No Núcleo de Práticas Jurídicas da instituição, os alunos atentem ca-sos jurídicos reais e ajudam a popu-lação. “O legal do Núcleo é que ele aproxima a gente do cliente, porque no estágio você raramente tem conta-

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to com o cliente”, conta a aluna do 8º período de Direito UniCuritiba, Na-tasha Kolinski Vielmo (21).

Dificuldades

Mas, apesar do ganho, a dificuldade vem acompanhada pela falta de cre-dibilidade no mercado. “Como somos acadêmicos, a sociedade ainda não enxerga a empresa júnior como rea-lizadora de projetos por excelência”, completa Hizo.

Já no caso dos alunos de Fisiotera-pia, o desafio está na insegurança ao abordar o paciente. “Porque, muitas vezes, você tem uma boa teoria, já es-tudou aquilo, tem o manejo, mas você fica um pouco receoso por se tratar de uma situação real, por se tratar de um ser humano”, salienta Pádua.

via de mão dupla

A população também pode se bene-ficiar dessa fase de aprendizagem. É o caso do motorista Antonio Silveira (42), que procurou os futuros fisio-terapeutas para tratar de um descon-forto no ombro. Para ele, é um pri-vilégio ter o atendimento dos alunos. “Eles são muito profissionais, apesar de ainda estarem cursando. Eles são amigos e profissionais ao mesmo tempo”, conta.

Já a cuidadora de idosos, Edna Maura de Oliveira (30), foi orientada pelos alunos do Núcleo Jurídico sobre o caso da pensão alimentícia de seu fi-lho. “Acho que eu não tenho dúvidas mais dos meus direitos como cidadã”, comenta Edna. “As pessoas que vêm ao núcleo são pessoas hipossuficien-tes, que não têm dinheiro para con-tratar um advogado e pagar as custas [de um processo]. No momento em que a gente atende essas pessoas, elas exercem a cidadania de modo mais pleno”, afirma a professora Nádia.

Alunos do curso de Fisioterapia da PUC-PR no atendimento ao motorista Antonio Silveira

Edna não teria condições de pagar por um advogado se não tivesse a assistência da universidade

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ona Elicena Orsini (73) sempre foi uma mulher ativa. Morando sozinha há muitos anos em For-

mosa do Oeste (PR), ela cuida da casa e ainda dos imóveis alugados que fazem parte da herança dos filhos. Além das obrigações, Elicena conta que adorava dançar. “Eu danço for-ró. Ontem teve nossa festa da terceira idade e eu estou desesperada, porque não pude estar lá”, lembra.

No dia 6 de abril, um “tombo bobo” mudou a rotina de Dona Elicena. “Moro num apartamento que tem 23 degraus. Nunca caí naquela escada. Cuidava, né! Dentro da cozinha, sem mais nem menos, levei um escorre-gão. O pé foi embaixo da geladeira. Eu quis me segurar na pia e não deu. Aí torceu e bateu o lado esquerdo. Mas na hora eu pensava que era só uma torsão”, conta.

estatísticas

A dona de casa faz parte de uma es-tatística muito comum. Metade das internações de idosos em prontos--socorros no Brasil está relacionada a fraturas do fêmur proximal (quadril). “Cerca de 80% desses casos ocorrem em idosos capazes de andar sozinhos e vivendo em comunidade”, afirma o ortopedista Marcelo Cavalheiro, do Hospital Albert Einstein de São Paulo e coordenador da divisão de Artros-

Metade das internações de idosos em prontos-socorros no Brasil está relacionada a fraturas do fêmur; saiba como evitar

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saúde

quadril em perigo

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copia do Quadril na Escola Paulista de Medicina.

Um levantamento realizado pelo Mi-nistério da Saúde (MS) mostra que esse número de internações cresceu 8% em quatro anos (2005 a 2008). Em 2008, o número de internações somen-te pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi de quase 33 mil pacientes, com um custo de R$58,6 milhões para a União. Sem dados atualizados, o ortopedista estima que o número seja de 100 mil casos ao ano. Por conta disso, a fratu-ra do quadril, para o Governo Federal, tem assumido dimensão de epidemia.

Fratura“É quando a gente tem a perda da continuidade óssea. Ou seja, quebra o osso. O quadril é a união do fêmur com a bacia. É muito mais comum e frequente a fratura no fêmur. Então, a gente fala de uma fratura proximal do fêmur, porque é na ponta do osso do fêmur que se encaixa na bacia. Para ter uma fratura na bacia, exige--se um trauma muito violento”, ex-plica Cavalheiro.

Apesar de ser uma fratura possível de acontecer em todas as idades, nos

Dona Elicena Orsini caiu na cozinha e teve problemas no fêmur

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OrientAções

VEJA AS DICAS PARA EVITAR UMA LESãO

• Adequar o ambiente domiciliar, eliminando os perigos que contri-buem para a ocorrência de quedas, como tapetes soltos, fios elétricos, escadas e degraus desnecessários.

• Implantar medidas de segurança, como uma boa iluminação da casa, corrimão dentro do box do banhei-ro e pisos e tapetes antiderrapantes.

• Combater a osteoporose, manten-do a boa densidade dos ossos, com medicações, alimentação adequada, exercícios e exposição ao sol.

• Evitar sedativos, consumo de cafeína, cigarro e álcool, que con-tribuem para a osteoporose.

• Tratar os problemas de visão, equilíbrio e perda de consciência, que podem levar às quedas.

• Fazer caminhadas e exercí-cios físicos.

idosos, a frequência é muito maior. “Pode acontecer no jovem e até na criança. Mas normalmente no jovem é causado com trauma de alta ener-gia. No idoso, por ter uma fragilida-de óssea, osteoporose, essa fratura acaba acontecendo com traumas ba-nais. Um trauma de baixa energia, às vezes, uma queda simples e até um mecanismo torcional pode provocar essa fratura”, assegura o ortopedista Walmir Sampaio, do hospital Amil, em Curitiba.

Fator de risco

A perda de massa óssea é um dos maiores fatores de risco para a fratura do quadril. Apesar de não ter dados exatos sobre a incidência da doença no Brasil, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia estima que 10 milhões de pessoas sofram com o problema. Dados da National

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Osteoporosis Foundation (NOF), nos Estados Unidos, mostram que a os-teoporose atinge 40% das mulheres negras e 72% das mulheres brancas com mais de 50 anos. Nos homens, o índice é de 42% dos homens brancos e 23% dos negros.

“Além do envelhecimento, a mulher tem outro componente que conta mui-to, que é a osteoporose. A incidência é muito maior”, diz Cavalheiro. Para o ortopedista de Curitiba, a mulher deve começar a se preocupar a partir dos 45, 50 anos, período da menopau-sa. Já nos homens, a incidência maior é depois dos 70 anos.

Apesar de as mulheres sofrerem mais com a osteoporose e consequentemen-te com as lesões de fratura no quadril, Cavalheiro garante que as implicações no sexo masculino são maiores. “Essa fratura no homem tem um índice de mortalidade maior, é mais grave. Não pela fratura em si. Geralmente, o qua-dro clínico do homem nessa fase é pior do que da mulher.”

Consequências

Para o médico do Hospital Albert Einstein, 30% dos pacientes morrem nos primeiros seis meses após a cirur-gia. “Dos pacientes que sobrevivem, 50% deles não vão ter a mesma agili-dade, liberdade que eles tinham antes

da fratura. O idoso vai ter medo de an-dar, vai ficar mais restrito”, completa.

O problema, na maioria das vezes, é o estado do paciente idoso. “É muito comum o paciente no pós-operatório ter infecção urinária, trombose, pneu-monia, problemas vasculares, metabó-licos. Ou seja, se a gente está consi-derando um senhor de 70, 80 anos ou até mais, se o senhor pega uma pneu-monia, são situações complicadas para essa faixa etária. Por isso, esse índice elevado de mortalidade”, explica.

tratamento

Com raras exceções, quando há uma fratura no quadril, a indicação é sem-pre cirúrgica. E apesar da complexi-dade da cirurgia, a recuperação com-pleta leva em torno de 45 a 60 dias. “Você tem de tirar o paciente do leito o mais rápido possível. Claro, isso é passo a passo. A partir do momento que você faz uma prótese ou fixa uma fratura, o paciente tem a diminuição do quadro álgico, ele consegue sentar. Na prótese, ele começa a andar pre-cocemente. Na fixação, ele pode ser mobilizado, mas não pode dar carga. Tem de esperar o processo de reabili-tação”, esclarece Sampaio.

Para o médico, o objetivo é devolver a qualidade e condição de vida que o paciente tinha antes da fratura. Dona Elicena é a prova de que isso é possí-vel. Apenas um mês após a cirurgia já arriscava andar sem auxílio do anda-dor. “Não vejo a hora de sarar logo para [voltar para casa]. Quero continuar pas-seando, andando, dançando”, diz.

80% das fraturas de quadril ocorrem em idosos ativos e que vivem em comunidade

Para o médico Walmir Sampaio, o

objetivo é devolver a qualidade e condição

de vida ao paciente

Fonte: ortopedista Marcelo Cavalheiro

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ia 23 de setembro inicia a Primavera. Estação em que o sol dá mais às ca-ras, a paisagem fica mais

colorida, o clima é mais ameno e agradável. Mas é nesta época também que brota o perigo. Algumas alergias

Assim como no inverno, alergias respiratórias e dermatológicas também são comuns nesta estação

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saúde

A primavera e suas alergias

podem se manifestar com maior fre-quência nesta estação. Fique atento!

Tudo começa com o pólen das flores. Um pó quase invisível a olho nu que quando está no ar é fator desencade-ante de uma série de reações alérgi-cas para algumas pessoas. A alergia ao pólen é denominada polinose.

Assim como o nome é pouco conhe-cido, muitas pessoas também não sabem que possuem a alergia. Saiba como identificar.

Os sintomas desta doença, geralmen-te, são associados e afetam a região dos olhos, nariz e a garganta. “As principais manifestações são conjun-tivite e rinite, ou seja, rinoconjuntivi-te, com coceira no nariz e olhos, que também ficam vermelhos e lacrime-

Bianca [email protected]

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jando”, explica a alergologista Lorai-ne Landgraf. Em algumas pessoas, as pálpebras chegam a ficar inchadas. A rinite causa congestão nasal, secre-ção, coriza, espirros e coceira no na-riz e na garganta.

“Nesta época, o próprio ciclo aumen-ta a propagação de pólen e isso acaba sendo mais frequente no ar, aumen-tando o risco de alergias”, afirma o infectologista Rodrigo Barth Reis. Os principais fatores que desencadeiam a rinite são os ácaros, poeira e pólen, além do pelo dos animais.

Clima e umidade

O Sul abriga uma das regiões mais se-cas e de menor umidade relativa do ar. Em alguns períodos, a umidade chega a 100% e, em poucos dias, já cai para 30%. O ideal seria que esta umidade ficasse em torno de 60%. O clima seco é outro item que contribui para a propagação de alergias. Além disso, as vias respiratórias ficam também

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mais secas e o vírus adere mais fácil à mucosa. Por isso, tomar bastante água e outros líquidos é sempre importante.

Cuidados e tratamento

É quase impossível evitar totalmente a exposição ao pólen. Por isso, algu-mas dicas podem ajudar a diminuir o risco. Os alérgicos às gramíneas são os mais comuns nos municípios do Sul. Este tipo de planta está pre-sente por toda a cidade. Mas alguns cuidados podem ajudar a amenizar os sintomas. Importante não praticar es-portes ao ar livre e evitar lugares com muitas flores, como parques.

É essencial detectar rapidamente a causa da alergia e tratar. “Esse pa-ciente deve iniciar o tratamento logo no começo do ano para ter uma pri-mavera mais tranquila. As medica-ções vão desde remédios com ação anti-inflamatória e antiestamínicos como também sprays nasais”, expli-ca Loraine.

Pesquisas comprovam que hoje mui-tas alergias são hereditárias. Ou seja, a pessoa “nasce geneticamente pré--disposta a desenvolver uma alergia”, lembra a alergologista. A polinose é uma doença que pode ser detectada por exames, como as demais alergias. No teste, é colocado sobre a pele uma gota de extrato do pólen e é feita uma análise da reação.

Outras doenças

Os mesmos fatores que desencadeiam as rinites, como a poeira e pólen, po-dem também desencadear uma crise de asma, que é uma doença igual-mente alérgica. “Quem é alérgico ao pólen pode apresentar a manifestação de asma. Geralmente, os sintomas são o peito ‘chiado’, falta de ar e muita tosse”, ressalta Reis.

A catapora, nome popular dado à doença da varicela, é outra enfermi-dade que surge com maior frequência nesta época. É uma doença causada por vírus, em que aparece o surgi-mento de pequenas bolhas dissemi-nadas por todo o corpo. Em estações mais quentes, aumenta a circulação deste vírus no ar. Por isso, é bom fi-car alerta.

É importante também cuidar da pele contra as dermatites, que são oca-sionadas por diversos fatores. As mais comuns neste período são pe-las plantas, pólen e sol, em que as pessoas ficam mais expostas a estes elementos. “É importante sempre hidratar a pele e caprichar no filtro solar que deve ter no mínimo fator 30 e sempre lavar a mão com sa-bonete ao contato de plantas. Tudo isso diminui o risco de se ter reações alérgicas”, adverte a dermatologista Denise Mara Ribas.

O pólen das flores é fator desencadeante de uma

série de reações alérgicas

A orientação da alergologista Loraine Landgraf é procurar o tratamento antes que comece a estação

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tecnologia

Os novos aparelhos podem servir para simplificar o cotidiano ou atender a necessidades latentes das pessoas

arecia tão distante a reali-dade apresentada no dese-nho animado da família “Os Jetsons”, não é mesmo?

Para quem não se lembra, eram car-ros voadores, passarelas automáticas, aparelhos ultramodernos dentro de casa, no trabalho e até uma simpática empregada doméstica robô.

Hoje, esse futuro chegou e é quase impossível não se render às facilida-des de tantas tecnologias disponíveis. “Cada vez mais existe a abertura e a vontade do consumidor, de forma geral, em experimentar tecnologias”, confirma Rogério Martins, engenhei-ro químico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e vice-presidente de Desenvolvimento de Produtos e Inovação da Whirlpool.

PQuanto mais se usa, mais tecnolo-gias são produzidas e mais rápido é o lançamento de novidades. Algumas coisas tornam-se descartáveis em pouco tempo e outras tornam-se itens de primeira necessidade. Na lideran-ça do mercado latino-americano de eletrodomésticos, a Whirlpool, que detém as marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, lança, em média, entre 100 e 150 produtos, informa Martins. “O mundo consegue comprar mais tecnologia, hoje, e está mais pré-dis-posto a experimentar coisas diferen-tes, abrindo um monte de oportunida-des. Mas ela não se sustenta por si só. Tem que ser relevante para o consu-midor”, afirma o vice-presidente.

O mercado percebe algumas mudanças e além de inovar também investe na popularização das novas tecnologias.

dia a dia mais high tech“As pessoas estão tendo mais acesso à tecnologia, seja por mecanismo de custo, incentivo ou até de soluções mais simples”, engenheiro elétrico e diretor técnico da Compwire, empresa de tecnologia, Guilherme Lang.

Alguns pontos explorados nos pro-dutos disponíveis no mercado são: a sustentabilidade, a acessibilidade e a simplicidade no design e no uso. “Os três são importantes e cada vez mais relevantes, é essa coisa de transfor-mar a vida numa tarefa menos difí-cil”, atesta Martins.

simples e essencial

Você já ouviu dizer que o simples, às vezes, é somente o necessário? Essa afirmativa também é verdade no mundo tecnológico. Exemplo disso é o Hidden Radio. É uma caixinha de

Bianca [email protected]

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som pequena, simples e muito po-tente. Sua capa possui capacidade de girar para todos os lados. É esse mo-vimento giratório que irá aumentar ou diminuir o volume. Ainda assim, o produto se conecta a outros aparelhos, como smartphones. Apesar de peque-no, a qualidade do som chega a 80 de-cibéis. É portátil, recarregável e possui capacidade para mais de 30 horas de músicas armazenadas, além de possuir rádio AM/FM. Já existe pré-venda do aparelho a partir de US$ 149.

tela funcional

Além de contribuir com soluções para o dia a dia, as inovações tecnoló-gicas vão muito além. Podem ser fun-cionais e facilitar a vida de quem tem deficiência visual, por exemplo. Vitor Pamplona, cientista de computação, recentemente criou uma tela que tem a capacidade de ter o foco ajustável.

Segundo Pamplona, a nova tela fun-ciona projetando uma imagem no espaço (similar a um holograma ou a uma imagem 3D), mas projeta onde a pessoa consegue focar, no caso da

pessoa com problema de visão. “Ima-gine um monitor a 50 cm do olho. Uma pessoa com miopia de 3 graus só consegue ver objetos em foco até 33 cm a partir do olho. Depois de 33 cm o borrão que a pessoa vê é pro-porcional à distância do olho. Quanto mais longe, mais borrado”, explica. “O display precisa criar uma imagem virtual a 33 cm do olho. É a única ma-neira desta pessoa enxergar em foco.”

O mercado percebe algumas mudanças e,

além de inovar, também investe na popularização

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PArA reFLetirVOCê PRECISA DISSO?

Os aficionados por tecnologia diriam que não vivem sem os aparelhinhos. Outros acham tudo muito descartável e outra parcela da população, provavelmente, diria que não consegue acompanhar os lançamentos, tamanha é a quanti-dade de geringonças no mercado. A sociedade atual é “tecnolopolis-ta”, segundo define o engenheiro industrial elétrico e professor de Marketing, Ricardo Engelbert.

O projeto é pioneiro e, segundo o seu criador, a tela teria o mesmo preço de dispositivos que são usados atu-almente em monitores 3D e pode ser conectado a computadores, TVs, vi-deogames, e-book readers, celulares ou qualquer outro gadget com tela. Pamplona busca empresas que apos-tem em sua invenção.

tecnologia sustentável

Além da acessibilidade, as empresas também têm investido em tecnologias que prezem pela sustentabilidade. O uso de energias renováveis tornou--se um grande atrativo para ganhar os consumidores. A empresa SunnyBAG apostou neste tipo de invenção. Criou uma bolsa feita de material reciclado. Assim como o sistema de casas com telhados que captam a energia solar, a bolsa possui placas que também de-têm a luz do sol. A energia acumula-da por este material é suficiente para recarregar um aparelho eletrônico, como o celular. A tecnologia ainda é cara e custa entre € 249 e € 299.

“Colocamos a tecnologia em um pedestal e, às vezes, não nos damos conta disso, porque acreditamos fir-memente que a tecnologia nos dará a solução”, analisa Engelbert. Por isso, a dica é ponderar. É sempre impor-tante estar de olho e avaliar quando a tecnologia atende as necessidades ou cria novas. “Não podemos nos tornar escravos das tecnologias e sim fazer ela nos trazer grandes ganhos”, explica Engelbert.

Para Guilherme Lang, hoje as pessoas têm mais acesso para adquirir as tecnologias

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o caminhar pela Avenida Batel, região nobre de Curitiba, muitos morado-res devem ter cruzado e

até mesmo se impressionado com um muro revestido com plantas vivas. Ao invés de um tapume convencional, o

Pensadas de forma vertical, as vegetações auxiliam quem não tem espaço disponível e colaboram com o meio ambiente

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Jardins que sobem pela parede

meio ambiente

shopping Pátio Batel, que deve ser inaugurado em 2013, instalou no lo-cal da construção 130 metros de ex-tensão de jardim vertical.

“O Pátio Batel tem esse conceito de ser um centro de compras diferenciado. O primeiro contato que as pessoas teriam seria o tapume da obra, que fica na Ave-nida Batel que é a principal avenida do bairro. Para mostrar que veio trazer uma nova proposta para a cidade, resol-veu trazer um tapume que seguisse esse conceito”, conta a gerente de Marketing do Pátio Batel, Sônia Marques.

Mariane [email protected]

Benefícios verdesO arquiteto Wilson Pinto também usou o seu espaço na Casa Cor deste ano para mostrar essa proposta. “Tal-vez uma das formas mais ricas de aliar a beleza à sustentabilidade são as pa-redes vivas. Elas trazem os elementos vegetais para uma condição de extre-ma beleza, de exposição de paredes floridas ou totalmente verdes”, diz.

A falta de espaço físico é o primeiro e mais aparente aspecto soluciona-do pelos jardins verticais. “Pessoas que são apaixonadas por jardim, mas não têm área física, só têm parede. O jardim subiu pela parede e a área da horizontalidade passou a ser possível para uso humano”, enfatiza Pinto.

Mas, além de resolver este problema de espaço, os jardins verticais trazem

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diversos benefícios para o meio am-biente, como a redução da tempera-tura, da poluição visual e da poluição do ar. “Toda parede viva vai fazer um filtro. Vai reter a poeira ascendente e descendente. Essa maneira de criar um filtro é importante e considero que ela faz a questão da troca de fotossín-tese, de oxigênio. De alguma maneira torna o ambiente mais saudável”, diz.

“Todas as vezes que você tem um ga-nho ou perda [de temperatura], você tem de compensar internamente. Uma casa com paredes muito estreitas vai fazer uma conversão térmica. A tempe-ratura de dentro vai para o externo du-rante a noite. E durante o dia, o sol que bater naquela fachada vai devolver para dentro aquele calor”, explica o arquite-to. O jardim traria um conforto térmico, diminuindo o uso de ar condicionado e aquecedores; em consequência, redu-zindo o uso de energia elétrica.

Funcionamento

Apesar de algumas diferenças em materiais, o sistema de um jardim vertical é quase sempre o mesmo, modular. “Como se fosse fazer uma construção normal. É um tijolo, mas é um tijolo oco. Você vai fazer a cons-trução, vai parecer uma parede nor-mal. Depois que tiver pronto, você vai fazer a retirada de uma tampa, que já vem pré-recortada, para que possa ficar as cavidades para se fa-zer o plantio, colocar a terra e fazer

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O arquiteto Wilson Pinto

acredita que a implantação

de mais jardins verticais seria

uma solução para grandes cidades

Uma opção para aplicar os jardins verticais em casa é trabalhar diferentes espécies na parede externa

a irrigação dele”, explica o paisagista Marcelo Muller, sobre o sistema uti-lizado pela empresa Esalflores. Esse sistema de irrigação é automatizado. “Você tem um timer nele que vai fa-zer a irrigação diária. É um sistema de gotejamento. É pouquíssima água que vai cair, mas são várias vezes ao dia”, diz Muller, mostrando outra vantagem do jardim vertical, que é a economia de água.

O paisagista afirma que o sistema pode ser utilizado tanto em ambientes abertos, quanto fechados. Já o arqui-teto não indica utilizar no interior de casas e prédios. “Para ambientes de permanência como uma sala, que ti-vesse uma parede viva, teria de ter um pé direto grande e uma troca de ar para

não deixar esse ar muito viciado. Não considero que ambientes internos se-jam interessantes. [A vegetação] retém muita umidade e essa umidade trará muitos fungos. Pode trazer alergias para o ambiente, cheiro”, explica.

solução um pouco cara

Quem quiser apostar em um espa-ço mais verde terá de investir boa quantia. Na empresa pesquisada pela MÊS, o custo pode variar de R$800 a R$1.200 o metro quadrado, isso in-cluindo instalação, plantio, plantas e todo o sistema de irrigação.

Apesar do preço ainda pouco acessí-vel, Wilson Pinto acredita que a im-plantação de mais jardins verticais seria a solução para muitos proble-mas das grandes cidades. “Se todas as paredes dos edifícios das cidades forem revestidas por paredes vivas, o planeta será outro. Nós estaremos morando em um jardim. É a solução para o planeta, para se atenuar a bru-talidade do que se fez de construir, construir, revestindo o que se fez.”

O custo pode variar de r$800 a r$1.200 o

metro quadrado

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comportamento

té mesmo para quem se propõe ao ato do desape-go percebe não ser uma empreitada das mais

tranquilas. Frases como “eu nunca usei” ou “não sei se vou conseguir” foram constantemente ouvidas pe-las organizadoras do Bazar de Troca

Numa simples atividade, é possível experimentar o desapego, a preocupação com a sustentabilidade e o amadurecimento emocional

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O sacrifício do desapego

Pegue&Desapegue, realizado no mês passado em Curitiba, enquanto as participantes relutavam em deixar as roupas que elas mesmas haviam sepa-rado para participar do bazar.

“A ideia é promover o consumo sus-tentável”, explica Paula Batista, uma das organizadoras da iniciativa. É uma forma também de diminuir a “culpa” herdada por viver em uma sociedade capitalista, que estimula constantemente o consumo. “Isso está associado ao desapego de que tipo: eu posso ter conforto, meus bens mate-riais, mas tenho de respeitar a natu-reza em que estou inserida”, afirma a

psicóloga e analista junguiana, Maria de Lourdes Bairão Sanchez.

Processo natural

Para ela, “o grande sacrifício da vida é o desapego”, isso porque o apego é na-tural e necessário para a construção do ser humano. “No começo, existe toda uma construção do ego e a pessoa pre-cisa se apegar a algumas coisas, gru-pos, pessoas, objetos, teorias para ela poder perceber que ela, é ela mesma.”

A especialista diz acreditar ainda que à medida que a pessoa vai envelhe-cendo e amadurecendo, essa necessi-dade passa a ser questionada. “Essa descoberta vai trazendo uma ideia de que nem tudo aquilo que eu pensava que fosse tão meu, continua sendo. Você passa a questionar. Aquilo que antes valia tanto para você, começa a não valer. Aí que a gente começa a fa-lar dos momentos de desapego”, diz.

Mariane [email protected]

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Isso parece ter acontecido com a par-ticipante do bazar e analista financei-ra Tatiana Reis (35), que confessa já ter sido muito consumista e hoje se considera uma pessoa desapegada. “Quando você faz isso, a energia flui e você consegue coisas novas. Não adianta ficar estagnado ali.”

desapegando

Mesmo que o desapego não seja exa-tamente uma técnica, Maria de Lour-des afirma que certas atitudes podem colaborar desde a infância para esse processo. É como incentivar a crian-ça a doar um de seus brinquedos que ainda tenha condições de uso para po-der ganhar outro.

A professora Alessandra Reis (40) adota essa postura com seus filhos e também tenta trabalhar a experiência do desapego em sala de aula. “Traba-lho com crianças de classe média alta, que têm tudo na vida. [...] Acho muito importante para uma criança crescer [bem]. A gente vive num mundo tão materialista e capitalista”, comenta.

Participar de experiências como essa também é uma forma de refletir sobre a real necessidade das coisas. “Desa-pegar-se é descobrir o que é essencial para você. Na medida em que eu bus-co qual é a minha essência, isso vai permitindo que eu não precise ficar com tudo que tinha até então. Tanto de objeto quanto de pessoas. Posso começar a fazer escolhas”, explica Maria de Lourdes. Segundo ela, é quase impossível ser desapegada em todas as áreas da vida. O apego tam-bém é importante, até porque se não for exagerado é uma forma de cuida-do. “Talvez tenha uma diferença em preservar o que é da gente e se ape-gar”, conclui.

“Desapegar-se é descobrir o que é essencial para você”, diz a psicóloga

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FABiANE MARQUES (26)Educadora física

“Compro e não uso. Tá lá com etiqueta depois de meses no

guarda-roupa. Hoje em dia não tenho dificuldade. Não cabe mais

nada no guarda-roupa, então agora sou bem desapegada.”

CARlA FASOlO (34)Professora

“Eu dei duas coisas novas, porque ganho muito presente de aluno, aí você não gosta e não dá para

trocar. Eram coisas boas. Deu um sentimentozinho, mas passou.”

AlESSANDRA DE SOUzA (40)Professora

“Estou em uma fase bem zen, que quebrei meus dois cartões de crédito para só gastar o dinheiro

que eu tenho. Estou tentando. Vamos ver se eu consigo.”

EliS RAQUEl (31) Turismóloga

“Tem coisa que você acaba guardando porque acha que vai usar e não usa. E fica mais de ano lá. Essas coisas eu me desfaço.”

TATiANA REiS (35)Analista financeira

“Acho super legal, porque são peças que você não usa, cansou delas. Acho legal, é uma troca de energia, para você ajudar os outros e se ajudar.”

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crônica

relato de uma repórter (ainda) apegada

Minha mãe sempre reclamou que eu guardo as coisas. Todas as vezes que alguém arrumava meu quarto, sempre algo sumia. Às vezes, eu escutava: “mas era apenas um papel rabisca-do”. Era! Mas para mim tinha um motivo de estar ali e uma hora eu ia precisar. Confesso que nem todos os papéis rabiscados tinham tanta importância. Mas somente eu podia avaliar o sentido, ou não, das tranqueiras que insistia em acumular.

Talvez seja genético ou apenas convivência, ou ainda, uma mistura dos dois. Não duvido que tenha “herdado” a mania de “guardar” do meu avô, que com seus mais de 80 anos continua com um escritório cheio de papéis que, com certeza, devem ter contas ainda em cruzeiros.

Nunca fui apegada a ponto de não dividir as coisas ou emprestar. Também nunca fui de cui-dar extremamente bem das minhas coisas. Sou daquelas que acha que se você tem algo é pra ser usado, mesmo que estrague ou desgaste. O que não tem sentido é deixar guardado em uma caixa. Mesmo assim, sempre tive dificuldades em me desfazer das coisas.

Incentivada pelas colegas de Redação a participar como “consumidora” do Bazar, resolvi encarar o desafio. Provando na prática teria mais propriedade para escrever sobre o assunto. Tive menos de meia hora para separar 10 peças do meu guarda-roupa. Por primeiro peguei uma blusa que não usava fazia tempo. Olhei bem para ela e desisti, logo em seguida. Vai que eu precise no próximo verão?!

Percebi que se fosse refletir em cada peça que eu tirasse do armário, não conseguiria levar nada. Então, comecei a pegar peças e não analisar mais nenhuma delas. Pelo menos foi mais fácil do que eu esperava. Tanto é que gostei da experiência que pretendo repeti-la. Até porque já consegui me “apegar” em algu-mas das peças que escolhi durante a troca no bazar. Apesar do novo apego, é bom pensar que a vida pode ser assim. Que a gente pode constantemente se renovar, no guarda-roupa, nos relacionamentos, nas atitudes e ideais.

“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perde-mos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver”, diz o trecho de um texto que está circulando nas redes sociais. E dei-xando de lado o “apego” que a profissão me obriga a ter com nomes e fontes, resolvi citar o trecho atribuído ao poeta Fernando Pessoa. Achei que as sábias palavras valiam a pena.

Pode ser que eu tenha amadurecido alguma coisa com essa pequena experiência. Pode ser que não. Mas escrever esse texto é, com certe-za, um desapego com a minha história pessoal, agora compartilhada com os leitores da MÊS.

Pode ser que eu tenha amadurecido alguma coisa com

essa pequena experiência

Por Mariane Maio

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nova legislação à vistaO Código Penal está prestes a sofrer uma ampla reforma. Fato que não ocorria desde 1940. Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STF), que esteve em um evento da OAB-PR (em Curitiba) concedeu uma entrevista exclusiva para a MÊS e falou sobre o tema. Dipp foi presidente da comissão de juristas que cunhou o anteprojeto, entregue ao presidente do Senado, José Sarney, em meados deste ano. Agora o ministro exercerá função igualmente complexa: será o coordenador da Comissão da Verdade, que “quer apurar as graves violações de direitos humanos, promover a construção histórica, promovendo uma reconciliação nacional”. Leia os principais trechos desta conversa.

Arieta [email protected]

Como avalia o texto encaminhado ao Senado do novo Código Penal?

É um código altamente avançado. De-pois de um Código de 72 anos de idade, que deveria estar aposentado compul-soriamente, nunca [teve] uma reforma e uma mudança de estrutura. [Avanços] foram muitos. Desde a parte geral, que é a parte conceitual. O código é mui-to equilibrado, ele foi mais rígido em relação a delitos que ofendem altamen-te a sociedade e foi mais brando com

5 perguntas para: Ministro dipp

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aqueles tipos penais que hoje não têm nenhuma lesividade social. Aumenta-mos o tempo máximo de prisão de 30 para 40 anos. Trinta anos é o máximo da pena a ser cumprida, mas, por exem-plo, se a pessoa é condenada a 60 anos, ela vai cumprir 30, entra no presídio e no dia seguinte ela comete um novo crime, digamos, um assassinato. Pelo Código anterior, ela ficaria restrita aos 30 anos. Agora, se houver condenação e um novo crime após a consolidação, pode cumprir até 40 anos, mais 10. A parte geral vai abranger, inclusive, os crimes eleitorais e os crimes militares.

Quais as novidades para crimes eleitorais?

De 60 ou 70 tipos penais, nós reduzi-mos para 16 tipos penais. Por exem-plo, a corrupção na compra de votos, ficou mais dura [a pena]. Outras con-dutas, que eram criminosas e que hoje não têm mais nenhuma repercussão, por exemplo, boca de urna, não vai ser mais crime. É uma infração ad-ministrativa. Tem-se uma nova cono-tação. Claro que, descriminalizamos várias condutas, revogamos inúmeras leis. Tipos penais que foram abolidos.

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 47

Beb

el R

itzm

annPor exemplo, todas as cento e tantas

leis que tratavam de tipos penais, vie-ram todas para o Código. Revogamos a lei de contravenções penais. Retira-mos da lei de contravenções penais aquilo que não era crime em 1940 e hoje tem lesividade, como por exem-plo, jogo do bicho e jogos de azar não regulamentados ou legalizados. Por quê? Porque são crimes que hoje a gente sabe que são pontos de partida para prática de crimes mais graves: lavagem de dinheiro, tráfico de en-torpecentes, homicídios. É um código para o Brasil de hoje voltado para o Brasil de amanhã.

Quais outros tipos penais que de-vem entrar no novo Código, caso seja aprovado?

Enriquecimento ilícito. É o patrimô-nio adquirido, usufruído pelo servi-dor público eleito, comissionado, concursado, que não possa justifi-car devidamente seus ganhos. Nós estamos dando cumprimento a um tratado internacional celebrado pelo Brasil. Se esse patrimônio é incom-patível com seus rendimentos dire-tos ou indiretos e que ele não possa devidamente justificar, pena de 1 a 5 anos, se não houver um delito mais grave, como peculato, corrupção ativa, terrorismo. Olha os eventos internacionais que nós vamos ter aí, que nós não tínhamos um tipo penal. Tipificação das organizações crimi-nosas e não a formação de bando de quadrilha. Aborto, a ampliação da possibilidade do aborto legal. Aborto continuará sendo crime, mas existem outras possibilidades que não apenas aquelas que tinham. Anencéfalos, aqueles que dizem respeito à saúde da gestante, aquela que tem a gra-videz que foi obtida por reprodução assistida não consentida, aquela que

não tem a menor condição psicoló-gica ou material de criar a criança, desde que atestada por médicos e psicólogos. Eutanásia, a chamada morte piedosa, que era apenas uma atenuante para um homicídio sim-ples, é um tipo penal específico com pena menor. A ortotanásia, que é aquela excludente da criminalidade, que o Conselho Federal de Medici-na já tinha proposto, que é quando [o médico] retira a pedido do paciente terminal e de seus familiares, aque-les métodos dolorosos, impróprios de manter uma pessoa viva para que ele possa, ainda que com assistência médica total, ter uma morte digna com seus familiares em casa ou no hospital, sem que sofra. Tudo isso o Congresso ainda vai discutir.

Quais foram as penas mais abran-dadas?

Furtos simples, que hoje enchem as cadeias. A pena foi diminuída, ela se dá apenas mediante representação da vítima e se for ressarcida a vítima e ela concordar, aí extingue a punibi-lidade. Por outro lado, tem o furto qualificado, por exemplo, um furto com uso de explosivos em caixas de banco: pena mais alta. Vamos manter a prisão apenas para crimes com alta lesividade social, que atinjam a vida, a liberdade, a saúde ou então, que sejam altamente lesivos, como esses crimes de corrupção, falsificação de licitações de remédios para rede pú-blica, em hospitais, enfim. E privile-giar as penas restritivas de direitos ou as penas alternativas, inclusive com perdão judicial. Há uma possibilida-de de barganha, ou seja, composição entre o Ministério Público, vítima e acusação. A delação premiada tam-bém está contemplada no Código Penal. Acho que ficou mais clara, porque hoje a delação premiada está num projeto de lei que ainda não foi aprovado pelo Congresso. Na prática tem, mas a regulamentação, quando ocorre, quais são as condições, tudo isso é construção da jurisprudência.

O Código levou em conta todo o contexto social atual?

O Código Penal por si só não vai resol-ver todas as coisas. Não é a panaceia de todos os males da sociedade. Essa sensação de insegurança, sensação de impunidade, tudo isso requer políticas públicas do Executivo, do Legislati-vo, do Judiciário em celeridade, do Ministério Público. Agora, tendo um Código claro, transparente, inteligí-vel, não só pelo aplicador da Lei, mas pelo próprio cidadão, evidentemente, que é uma mola propulsora para que o sistema penal brasileiro funcione me-lhor. Foi das comissões externas do parlamento que mais atraiu [gente]. Houve 40 indicações pelas lideranças partidárias de membros da Comissão. O presidente do Senado reduziu para 16 ou 17. Nós terminamos com 15. [Começou] em outubro [2011] e foi até dia 25 de junho. Lembro que eu estava pensando: “ainda bem que eu estava terminando o Código Penal, porque já tinha sido designado como coordenador da Comissão da Verda-de”, a pedido da própria presidente [Dilma Rousseff], que sugeriu. Então, eu saí de um negócio e fui para outro que a gente não sabe nem o que vai acontecer, tal é o tamanho, a dimen-são do que vai se fazer.

É um código para o Brasil de hoje voltado

para o Brasil de amanhã

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internacional

resce o número de es-trangeiros que procuram pelo Brasil na esperança de melhorar de vida. Foi

assim há algum tempo com os para-guaios e argentinos; assim também com alguns europeus e da mesma forma ocorre a intensa vinda de hai-tianos para o País, depois do visto humanitário concedido pelo governo brasileiro em apoio ao povo após as catástrofes naturais que abalaram o Haiti em 2010.

No Paraná, são cerca de 600 haitia-nos. No resto do Brasil, representam sete mil pessoas em dados não ofi-ciais. “Eles acabam ficando com os piores empregos”, conta José Anto-nio Gediel, responsável pela Coor-denadoria de Direitos da Cidadania, da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju).

trabalho para estrangeiros

De acordo com o último balanço di-vulgado pela Coordenação Geral de Imigração (CGig) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram mais de 32 mil profissionais que con-seguiram permissão para trabalhar entre janeiro e junho deste ano. So-mente para os haitianos foram conce-didos 2.154 permissões de residência.

Houve um crescimento de 24% do 1º semestre de 2012 ante ao mesmo período do ano passado. Os trabalha-

Mais pessoas vêm para o Brasil em busca de novas oportunidades; a vinda de haitianos é o novo fenômeno observado, inclusive, no Paraná

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estrangeiros: os invisíveis

Banco de imagens

Arieta [email protected]

Situação do Haiti após catástrofe climática

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dores dos Estados Unidos, seguidos pelas Filipinas e Reino Unido foram as nacionalidades que mais pediram o visto de trabalho no último semestre.

“De dois anos para cá, intensificou-se a vinda de emigrantes aqui”, constata Elizete de Oliveira, assistente social da Pastoral do Migrante, em Curitiba, órgão ligado à Igreja Católica. São observados pela Pastoral: africanos, chineses e também espanhóis, por-tugueses em busca de uma realidade mais próspera. “Eles [emigrantes] têm buscado outras regiões fora eixo São Paulo-Rio”, constata Elizete. Por isso, o Paraná, que era somente cor-redor de passagem para estrangeiros do Mercosul, também está servindo como moradia.

Para poderem se sustentar, os estran-geiros “acabam não fazendo o que eles faziam lá [no país de origem]. Gente com grau universitário acaba se habilitando para qualquer outro trabalho por conta da documentação e da língua”, conta a assistente social. Um fenômeno comum antes vivido pelos brasileiros em outros países.

Eles trabalham em diferentes setores, com maior ênfase no setor metalúrgico, da gastronomia, construção civil e, as mulheres, que ainda representam so-mente 10% dos emigrantes, trabalham como empregadas domésticas, ofício já dispensado por muitas brasileiras.

imagem do Brasil

Em geral, os homens estrangeiros que vêm morar no Brasil possuem entre 20 e 40 anos de idade. “É o País do momento, é o que está na mídia [lá fora], que vai encontrar trabalho e vai ganhar bem, inclusive, para ganhar em dólar. Quando chegam aqui se chocam”, diz Elizete.

De lá para cá, eles tornam-se invisí-veis. “Podemos perceber que, embo-ra a migração internacional seja um tema de relevância crescente no País, ainda existem desafios para sabermos qual o número real de migrantes”, relata o IBGE em seu estudo: “Re-flexões sobre os deslocamentos po-pulacionais no Brasil (2011)”. Essa também foi a informação passada pela Polícia Federal: não há dados consolidados sobre o tema.

Com isso, os invisíveis passam a ge-rar grandes desafios para as autorida-des e a sociedade como um todo, que ainda não sabe como lidar com esse fenômeno recente. Um dos motivos é que a Lei de Imigração é defasada, de 1980, ainda do período militar. Assim, “os emigrantes ainda são vis-tos como inimigos”, conclui Elizete. Além disso, a burocracia e a falta de estruturas administrativas que permi-tam a solução rápida dos problemas

são entraves nas diferentes instâncias do Governo.

Criação do Comitê

No Paraná, foi no mês passado que co-meçou a funcionar o Comitê Estadual de Refugiados e Migrantes do Estado (CERM). “É uma questão antiga, mas está ganhando novos contornos atual-mente”, afirma Gediel. “É uma situação extremamente vulnerável”, completa.

Grandes problemas identificados são: a documentação e as histórias sofridas de muitos desses personagens. Um dos refugiados africanos que não quis se identificar disse: “é muita dor no coração falar sobre a minha história.” Assim também é o que sente a haitiana Laurette Bernadin (31) há dois anos no Brasil. “Eu sofro muito [de saudades das filhas]. Para trazer elas, é muito complicado. Preciso de estrutura”.

Laurette veio para o Brasil com a promessa de cursar Agroecologia e em busca de melhores condições de vida. Quando chegou aqui não encon-trou nada disso. Atualmente, ela mora de favor no bairro Butiatuvinha, em Curitiba, e procura um emprego que dê para conciliar a faculdade de fisio-terapia que cursa agora. “Não posso escolher uma coisa. Eu preciso é [tra-balhar]”. Nessa situação, a haitiana ainda não faz planos para o futuro. “Cada dia vou pensar como está a vida, se a vida melhorar, vou ficar. Se não, depois da faculdade, eu volto.”

Já Marthe-arly Dorbe (25), outra hai-tiana ex-religiosa, pretende se fixar por aqui. “Vou ficar. Tem uma sensa-ção que dá que é de bem-estar aqui (sic).” Sua dificuldade maior é com a língua portuguesa e a falta de abertu-ra de alguns brasileiros. Hoje, ela não está estudando e, por enquanto, faz trabalhos voluntários na Pastoral da Migração, que a acolheu. “Meu so-nho vai se realizar através dos meus estudos”, comenta Marthe que quer fazer Administração.

grandes problemas identificados são a

dificuldade com a língua portuguesa, a regularização

dos documentos e as histórias sofridas

A haitiana Marthe-arly Dorbe (25) está à procura de emprego e pretende ficar no Brasil

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A Capital paranaense reúne algumas opções e pontos para quem busca o turismo de alto padrão

turismo

de olho no luxo de Curitiba

uritiba é considerada uma cidade modelo, ambien-talmente correta, organi-zada e mais tecnológica

que outras capitais brasileiras. Sim, ela carrega todos estes títulos. Além disso, a cidade vive um momento de crescimento no turismo local. Segun-do o último dado do Instituto Munici-pal de Turismo de Curitiba, a cidade recebeu mais de 3,6 milhões de turis-tas no ano passado. É uma mostra que

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Curitiba ganha mais visitantes a cada ano, já que em 2011 esse dado ficou em 3,4 milhões entre turistas nacio-nais e estrangeiros e, em 2009, a cida-de recebeu 3,1 milhões de visitantes.

Mesmo que o principal motivo ain-da seja o turismo de negócios, esse cenário ganha novos contornos na cidade. “O que muda é a permanên-cia dos turistas na cidade. Antes, a média era ficar dois dias aqui, agora são quatro dias”, aponta Dário Pai-

xão, presidente do Curitiba, Região e Litoral Convention&Visitors Bureau (CCVB). “Curitiba aumentou o turis-mo de lazer também. E hoje ela ofere-ce mais opções para isso”, completa.

Uma cidade bastante cosmopolita e com calendário extenso de atrações promovidas por diversos setores da sociedade não poderia deixar de rece-ber bem o visitante que busca também o alto padrão. Seja na gastronomia, na hotelaria, programas culturais ou de passeios, Curitiba tem ótimas referên-cias para quem vem visitá-la em bus-ca de opções com requinte. A Revista MÊS destacou dentre estes segmentos alguns programas e lugares que a ci-dade tem a oferecer para o turista que busca o luxo. Veja a seguir:

Bianca [email protected] curitiba tem ótimas

referências para quem vem visitá-la em busca de

opções com requinte

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 51

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hOsPedAgeMHOTEL BOURBOn, A MAIOR SUÍTE PRESIDEnCIAL DE CURITIBA

gAstrOnOMiA RESTAURAnTE DURSkI - A MELHOR CARTA DE VInHOS

CULtUrAMUSEU DO OLHO, UM DOS MAIS BOnITOS DO MUnDO

Hoje, no mundo, existem 23 trens de luxo. Curitiba tem um de-les. São dois vagões que oferecem muito requinte aos passagei-ros. O vagão Copacabana, nome de um famoso bairro carioca, carrega uma decoração rústica, remetendo a um cenário mais imperial. Já o vagão Foz do Iguaçu, possui decoração baseada na fauna e na flora, com quadros de aves e madeira clara. Por ano, cerca de 200 mil passageiros fazem o passeio no trem de luxo pelo Paraná. “Recepcionamos o cliente com champagne. Temos café da manhã com croissants, vinhos, wyskies e diversos pacotes e atrações”, ressalta o diretor comercial da operadora de trens, Serra Verde Express, Adonai Aires de Arruda Filho. O pas-

LAzerPASSEIO DE TREM, UM DOS únICOS TREnS DE LUxO DO MUnDO

É um dos únicos hotéis cinco estrelas de Curitiba. Na classifica-ção do Ministério do Turismo, o Bourbon Curitiba Convention Hotel foi eleito por dezesseis vezes consecutivas “Top of Mind Paraná” em hotelaria. Possui uma ala Premier, com 18 suítes de alto padrão. Mas a que chama mais atenção é a suíte presiden-cial, a maior entre os hotéis de Curitiba. Segundo a gerente--geral do hotel Bourbon, Valsiléia Carneiro, a suíte é destino de “diversas personalidades, como artistas, príncipes, imperatrizes e presidentes”. Grandes nomes como Dalai Lama e Pelé já se

Em 1990, o então madeireiro Júnior Durski realizou o sonho de abrir seu próprio restaurante e virou chef de cozinha. Com um cardápio internacional e decoração clássica, que inclui poltronas Luís XV e talheres de prata Crhistofle, o restaurante Durski, segundo o próprio dono, “parece com aqueles restaurantes clás-sicos de Paris”. O lugar já recebeu prêmios importantes como o melhor restaurante do Sul do Brasil em 2010 (Guia 4 Rodas 2010) e a Melhor Carta de Vinhos do Brasil (Guia 4 Rodas 2011). Esse é um dos pontos fortes, a adega do Durski possui mais de dois mil rótulos e vinhos de 23 nacionalidades. Alguns atravessaram a Segunda Guerra Mundial e outros vêm de safras mais antigas ainda, a partir de 1850. O vinho mais caro da adega é o Château D´Yquem que custa R$56 mil. “O curitibano sente orgulho do restaurante e da nossa adega e traz os turistas aqui”, revela Durski. www.durski.com.br

O Museu Oscar Niemeyer (MON) foi eleito um dos 20 museus mais bonitos do mundo pelo site norte-americano Flavorwire. Além disso, é o principal ponto de visitação entre 48 atrações turísticas em Curitiba. Escolha feita por visitantes do site Tri-pAdvisor, referência mundial em turismo. O MON possui mais de 17 mil metros destinados a exposições e outras atividades. Cerca de 15 mil pessoas passam por mês no museu, que também possui um café, livraria, espaço para eventos, acervo e um jardim externo. Segundo a diretora do MON, Estela Sandrini, muitas exposições marcaram a história do lugar. “Uma das expo-sições de maior sucesso foi ‘Eternos Tesouros do Japão’”, conta. As obras, que vieram do Museu de Arte Fuji, de Tóquio (Japão), recebeu mais de 62 mil visitantes. Uma das próximas atrações será a exposição com obras de Paulo Leminski. A entrada custa entre R$2 e R$4. www.museuoscarniemeyer.org.br

hospedaram nesta suíte. O quarto tem 304 m², com decoração clássica e lustres ingleses. Possui também cozinha privativa, sala de jantar e estar, closet, banheiro com jardim de inverno, área externa com visão ampla da cidade entre outros espaços. O gasto médio com a suíte é de R$4.500, o que inclui diárias mais despesas de consumo. www.bourbon.com.br

seio corta por cidades como Piraquara, Morretes, Ponta Grossa, Guarapuava e Cascavel. Um dos destinos mais procurados é Foz do Iguaçu, e a viagem pode custar até R$5.000. www.serraverdeexpress.com.br

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Judocas brasileiros conquistaram 4 medalhas na Olimpíada de Londres; medalha inédita para o judô feminino deve aumentar o interesse das meninas no esporte

O tatame agora também é delas

judô brasileiro conquis-tou nos Jogos Olímpicos de Londres uma meda-lha inédita para o País: o

ouro da judoca piauiense Sarah Me-nezes. O feito deu maior visibilidade para as meninas na modalidade. Além de Sarah, o judô levou mais três me-dalhas de bronze dos atletas Felipe Kitadai, Mayra Aguiar e Rafael Silva, conhecido como Baby.

As conquistas já estão dando resulta-dos. Mais pessoas estão procurando o esporte, inclusive as meninas. “Já estou sentido diferença na minha aca-demia. Está tendo bastante procura. Já está repercutindo”, afirma o pre-sidente da Federação Paranaense de Judô, Luiz Iwashita.

equilíbrio só da equipe

Para os Jogos de Londres, o Brasil classificou uma equipe de judocas formada por oito atletas masculinos e oito femininos. Apesar do equilíbrio numérico na delegação brasileira, o que se vê pelos tatames ainda não é

O

esporte

Iris [email protected]

Nas aulas de judô, ainda os meninos

são maioriaO qUe É O JUdô?O judô é uma arte marcial criada por Jigoro Kano, em 1882, no Japão. O esporte é praticado no tatame, área de luta que possui 14 m². Possui diferen-tes níveis atribuídos às cores nas faixas que amarram o quimono (uniforme da luta). Pode ser da branca até a preta, em duas graduações: kiu e dan. O obje-tivo da luta é derrubar mais vezes o adversário num combate que pode durar até 5 minutos. A pontuação é dada conforme o tipo de queda: yuko equivale a um quarto de ponto, vazare é metade de um ponto e ippon é o ponto final. Além da aprendizagem das técnicas marciais, o judô auxilia no desenvolvi-mento mental, exercita o corpo, dá limites às crianças, ajuda a extravasar as emoções e melhora a concentração.

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a mesma proporção entre meninos e meninas. O sexo masculino ainda é predominante entre os praticantes da modalidade no País.

É isso que se vê na turma do primeiro ano da Escola Atuação, em Curitiba. Na aula de judô, são apenas três me-ninas entre onze meninos que esco-lheram o esporte. As demais meninas optaram pelo balé.

As três judocas da turma tiveram motivos diferentes para chegar ao es-porte. Angélica Mücke Barboza (6) gosta de derrubar os colegas. Ana Be-atriz Hartmann (6) diz adorar lutar e Suzana Porto Karam (5) gosta de cair no chão. Mas em uma coisa elas são unânimes, as três querem ver mais colegas na modalidade.

Apesar de ainda pequenas, elas já perceberam que a preferência entre suas colegas está longe dos tatames. “Elas acham que judô é chato e é só de meninos”, conta Suzana.

Mais meninos

O presidente da Federação Parana-ense de Judô diz que em sua acade-mia, por exemplo, a proporção é de dez meninas para cada grupo de trinta praticantes. Iwashita considera que parte disso deve-se ao fato de que a grande maioria das meninas é incen-tivada e prefere balé ou ginástica rít-mica quando criança. “Muita gente acha que o judô é um esporte mais grosseiro, mais masculino, mas você pode ver as meninas lutando, que não é tanto assim”, completa.

No meio de mais meninos é que co-meçaram as atletas Ana Flávia Ajuz Ferreira (15) e Viviane Donomai (16).

Ana Flávia começou com o incentivo da mãe para praticar algum esporte e próximo de sua casa havia apenas judô. Já Viviane seguiu os passos do pai que também treinava.

disputas

Nem para Viviane, nem para Ana Flá-via ter mais meninos nos treinos foi um problema. “Eu não ligava, ainda mais quando você é criança, que os meninos têm quase a mesma força que você. Eu, particularmente, adorava ga-nhar deles. Para mim, era um desafio treinar com eles”, afirma Viviane.

A atleta foi perceber que esse era um esporte que atraía mais meninos que meninas quando começou a competir realmente. Era possível observar nas competições que a proporção de ga-rotas inscritas era bem inferior ao nú-mero de meninos. Isso fazia com que

diminuísse o nível das competições e da preparação das atletas.

Mas essa realidade pode estar mudan-do. As duas atletas afirmam que hoje já há mais mulheres se dedicando ao esporte. “[Hoje] está bem mais fácil. Já tem bastante que treina comigo. E treinar com menino também é melhor, porque eles são mais fortes e te deixam mais forte, mas também cansa. Às ve-zes, machuca”, explica Ana Flávia.

Parte das pessoas que está procuran-do as academias de judô é de pessoas que já treinaram e depois das quatro medalhas em Londres estão queren-do voltar a treinar. Para Viviane, o resultado brasileiro no judô nas últi-mas Olimpíadas mostra como o nível técnico do esporte está crescendo no País e popularizando mais a modali-dade. Talvez, em 2016, o resultado possa ser ainda melhor.

As conquistas já estão dando resultados.

Mais pessoas estão procurando o esporte

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Jorg

e M

aria

noAna Flávia, hoje com 15 anos de idade, pratica o esporte

desde os 06

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54 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012

Depois de dar tchau a Londres, surge a preocupação com a manutenção e o surgimento de novos talentos do Esporte; leis de incentivo são fundamentais para o sucesso do novo ciclo

rendimento esportivo

uitas histórias de supe-ração, falta de dinheiro para alimentação ade-quada, pouca estrutura

para treinar. Foram muitos os fatores de dificuldades que se viu na última edição dos Jogos Olímpicos por par-te dos atletas brasileiros. Com o fim de mais um ciclo olímpico e o início do ciclo das Olimpíadas versão “Tu-piniquim”, os olhos da sociedade se voltam às obras para o evento espor-

M

esporte

Arieta [email protected]

tivo, mas pouca atenção ainda é dada à preparação dos atletas para 2016.

Se é difícil para os atletas sobrevive-rem no Brasil, imagine para os para-atletas. Uma das questões levantadas por quem acaba de voltar dos Jogos de Londres e coleciona participações nas Paraolimpíadas em Atlanta (1996) e Pequim (2008) é a melhoria da es-trutura para os esportistas no País.

A paraatleta de tênis de mesa, Maria Luiza Pereira Passos (61), espera que essa mobilização nacional relaciona-da ao esporte seja também revertida em mais incentivos financeiros para a formação de atletas e paraatletas da-qui para frente. E que continue depois dos Jogos no Rio.

Assim como para Malu, seu colega de clube (Associação dos Deficientes

Físicos do Paraná), o paraatleta Clau-diomiro Segatto (41), eleito o melhor mesatenista das Américas em 2007 e 2009, que representou o Brasil em Londres, também cobra mais apoio. “Fica difícil viver só do esporte”, la-menta. “Não só o tênis de mesa, qua-se todas as modalidades paralímpicas têm dificuldades de conseguir patro-cínio por falta de visibilidade”.

“No nosso caso do tênis de mesa, pre-cisaria de algum lugar adequado para treinamento. Deveria ter um centro de treinamento paralímpico [em Curitiba]. Isso já ajudaria muito”, também sugere Malu. Por isso, para eles, é tão impor-tante leis de incentivo ao esporte.

dez anos

Neste ano, completa-se uma déca-da da Lei Municipal de Incentivo ao

Maria Luiza Passos enfrenta grandes dificuldades para

sobreviver no esporte, que é sua paixão

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Esporte (593/12), que está, inclusive, com inscrições abertas para projetos de atletas e clubes (veja box). “Nos últimos quatro anos, mais de 10 mil atletas foram beneficiados”, pontua o deputado estadual, Ney Leprevost, autor da Lei Municipal quando vere-ador e coautor da nova Lei Estadual nº 748/11, que está em tramitação na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e prevê a criação de um Fundo Estadual para o Esporte.

A situação pode melhorar. Um in-dício já observado na Capital para-naense é o aumento recorde de be-neficiados e do valor investido, em 2012. Foram arrecadados R$ 1,8 milhão, 22% a mais ante a 2011, com 841 projetos aprovados. “Ti-vemos um número maior de incen-tivadores”, explica Adriano Santos de França, gerente do Incentivo ao Esporte e Promoção Social, da Se-cretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude.

Os atletas também podem pleitear o bolsa-atleta, da Lei Agnelo/Piva (10.264), que já possui mais de uma década dando apoio a milhares de brasileiros. Hoje, tanto Malu como Segatto recebem o bolsa-atleta do Governo Federal e o incentivo da Prefeitura de Curitiba. “Graças a isso [leis governamentais] que o esporte paralímpico vem crescendo, porque se a gente dependesse de empresários para incentivar o esporte, isso estaria bem complicado para o nosso lado”, diz o mesatenista.

situação estadual

Outro incentivo que os esportistas pa-ranaenses podem ter acesso é a verba destinada ao Programa Talento Olím-pico do Paraná (TOP 2016). Criado no ano passado para atletas em nível escolar, este ano recebeu uma am-pliação para também beneficiar cate-gorias profissionais, atendendo a mil atletas e técnicos de 27 modalidades olímpicas e 10 paralímpicas, segundo

a Secretaria Estadual do Esporte. O valor para este ano é de R$ 7,3 mi-lhões em bolsas.

No entanto, segundo os paraatletas consultados pela reportagem e con-templados pelo programa, o benefí-cio está atrasado. “Ainda não recebe-mos. Olha, acho que tá atrasado”, fala Malu. “Era para a gente ter recebido há dois meses”, comenta Segatto. A Secretaria Estadual do Esporte foi consultada e informou que já estão sendo repassados os benefícios deste ano e que algumas contas repassadas deram erro, mas já estão procurando solucionar o caso.

rotinaA rotina de treinos para esses paraa-tletas, como a de milhares de outros esportistas, não é nada fácil. Malu, por exemplo, trabalha no clube, lo-calizado no Alto da XV, o dia todo e treina à noite. Moradora do Alto Boqueirão, a cadeirante precisa pe-gar seis ônibus para ir e voltar do tra-balho e treino. “Às vezes, tenho que sair mais cedo do treino, porque se-não fica muito tarde [para chegar em casa]”, comenta. Atualmente, as leis de modo geral só preveem o custo de participação em competições.

Por isso, os paraaletas propõem que as leis de incentivo ao esporte pos-sam contemplar também as despe-sas da rotina de treinamento, como o transporte, material para treino, ali-mentação adequada e desburocratizar a apresentação da documentação no relatório final do projeto.

este ano, algumas entidades em curitiba demonstraram maior

interesse em investir em mais atletas

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PArA PArtiCiPAr Estão abertas as inscrições de projetos para atletas ou paraatletas na Lei Municipal de Incentivo ao Esporte. A data limite é 30 de setembro para enviar o projeto. Os recursos serão destinados ao período de janeiro a julho de 2013. Informe-se no Departamento do Incentivo ao Esporte e Promoção Social, nos contatos: (41)3350-3739/ 3350-374, [email protected]

Claudiomiro Segatto cobra mais apoio ao esporte paralímpico

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vai até 1º de janeiro de 2014. Até lá, 100% dos veículos deverão sair com estes dispositivos de fábricas.

A Fiat Automóveis informou que atualmente já atende a porcentagem exigida pela lei (veja no box) e que procura desde já baratear esses op-cionais ou “nos casos mais recentes tornando-os de série em alguns mo-delos”. A Renault avisou que 38,3% dos carros da marca já saem de fábrica com airbag e 35,4% com freios ABS e que ainda não sabe precisar se haverá aumento nos custos, mas alegou que a marca mantém uma política de redu-ção dos custos e não pretende repassar as mudanças para o consumidor final.

automóvel

tens de segurança, muitas vezes, não são levados em consideração pelo brasileiro na hora de com-prar o carro. Um dos motivos

está no aumento considerável do preço do veículo. Mas em 2014 dois desses itens – airbags frontais e ABS – deve-rão estar em todos os veículos saídos de fábrica, nacionais e importados. É isso que determina as resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Con-tran) número 311 e 312 de 2009.

Desde a publicação das novas de-terminações, as fábricas estão numa corrida para cumprir o calendário que

segurança ao volanteDois novos itens de segurança passarão a ser obrigatórios no Brasil a partir 2014; desde já, as fábricas estão se adequando para garantir mais segurança aos veículos

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iA reportagem entrou em conta-to também com as montadoras da Volkswagen, Chevrolet e Ford, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

ABs

A importância do sistema de frenagem ABS serve para o motorista manter o controle do veículo em freadas brus-cas e em pisos escorregadios. “A ideia do ABS é manter a direção do veículo em casos de extremas condições de piso. Então, você mantém o contorno da via ou o desvio do objeto do qual você desviar”, afirma o analista téc-nico do Centro de Experimentação

Iris [email protected]

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REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2012 | 57

Air BAg e ABs

COnHEçA O PERCEnTUAL DA PRODUçãO E A DATA DE IMPLAn-TAçãO qUE AS FáBRICAS DE AUTOMóVEIS PRECISARãO ATEnDER

AirBAg

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10% 30% 100%01/01/2011 01/01/2012

40% 100%01/01/2013 01/01/2014

60% 100%01/01/2013 01/01/2014

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01/01/2013

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8% 15% 30%01/01/2010 01/01/2011 01/01/2012

I – Novos projetos de automóveis e veículos deles derivados, nacionais ou importados

I – Veículos das categorias M1 e N1

II – Automóveis e veículos deles derivados em produção, nacionais ou importados

II - Veículos das categorias M2, M3, N2, N3 e O (que envolvem os veículos pesados de transporte de carga e passageiros (ônibus, caminhões e rebocáveis)

Fonte: Denatran

pelo qual elas foram criadas é reduzir os danos nos ocupantes dos veículos. “Reduzir os acidentes isso não vai conseguir só com o airbag. Isso aí de-pende de outras coisas: vias mais ilu-minadas, sinalizações melhores, mas se você considerar que tem a frota in-teira equipadas com airbag, você vai diminuir os danos nos ocupantes. E, consequentemente, reduz gastos com hospitais”, diz o analista da Cesvi.

de Segurança Viária (Cesvi Brasil), Alessandro Rubio de Oliveira.

“O ABS é um sistema basicamente composto de três partes: sensores de rotação nas rodas, uma central ele-trônica e uma unidade mecânica. É o conjunto desses três elementos que faz o sistema do ABS funcionar”, explica o engenheiro mecânico e res-ponsável pela divisão de motores da Brose do Brasil, Alexandre Rech.

A função do ABS é fazer com que a roda não trave durante a frenagem. Os sensores são responsáveis pela identificação do travamento das ro-das. A eletrônica recebe o sinal desses sensores e, por meio da unidade me-cânica, comanda os freios aliviando e aumentando a pressão, em questão de milissegundos. Isso diminui a distân-cia de frenagem e permite o desvio de obstáculos, aumentando a chance de evitar acidentes.

Airbag

Se o ABS tem como função o não tra-vamento das rodas numa freada brus-ca, a função do airbag é de reduzir as lesões às pessoas que estão dentro do carro em um acidente.

“Na hora que você bate o carro, o im-pacto que você sofre é muito brusco. Então, seu corpo é jogado contra dis-positivos que têm no carro, o painel ou coluna ou porta, e o airbag veio para reduzir esses danos que ocorrem nos ocupantes depois do impacto”, salienta Oliveira.

O Denatran pondera que o airbag é um equipamento suplementar de se-gurança e, por isso, “é fundamental que seja utilizado em conjunto com o cinto de segurança, a fim de desempe-nhar corretamente sua função”.

Consequências

Para Oliveira, as principais conse-quências dessas duas leis e o motivo

Além dos itens de segurança que serão obrigatórios a partir de 2014, muitos carros, principalmente os im-portados, vêm com diversos itens que têm como objetivo aumentar a segu-rança dos motoristas e passageiros. Muitos clientes já se atentaram para esses quesitos e optam por comprar carros com esses itens de segurança.

A Volvo tem sido considerada re-ferência no quesito segurança. Um exemplar é o modelo Volvo XC90, avaliado como um dos carros mais seguros do mundo. “É um conjunto de itens de segurança, são airbags frontais, laterais, de cabeça, ABS, controle de tração, controle de estabi-lidade, controle anticapotamento, ou seja, o carro não deixa você errar em hipótese alguma. Se você errou, ele toma o controle”, afirma o gerente da loja Euro Import Volvo, Marcelo Fer-nandes de Morais.

Morais e um dos modelos mais seguros do mundo: o XC90

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Marcas deixadas na pele pelas estrias incomodam homens e mulheres; impedir o efeito sanfona de peso é uma maneira de evitá-las

er uma pele lisinha é um sonho de muitas mulheres e de muitos homens também, mas o crescimento rápido,

o efeito sanfona de aumentar e dimi-nuir de peso rapidamente, a gravidez e até o exagero de exercícios físicos podem trazer marcas que deixam esse

t

desejo distante. São as famosas e in-desejáveis estrias, que são lesões que acontecem pela distensão da pele.

“O corpo não aguenta, ele estica e faz uma cicatriz naquele lugar”, explica a dermatologista da Amil, Lauren Morais. Assim, aparecem as estrias. “Tem peles que são mais suscetíveis. As peles mais frágeis, mais claras, mais finas, muitas vezes aparece [a estria]”, afirma a dermatologista An-nia Cordeiro Lourenço. Mas não é exclusividade desse tipo de pele. “Às vezes, a gente também vê em negros. Então, é uma suscetibilidade especí-fica”, completa.

estrias, as indesejáveis

moda&beleza

Iris [email protected]

CorpoAs estrias no abdômen, que surgiram há três anos após um aumento de peso muito rápido, incomodam mui-to a secretária Jéssega Youssef (27). “Aquela questão do corpo perfeito, por mais que eu nunca fosse magri-nha, a minha pele era lisinha, depois quando isso mudou, eu já não anda-va mais de blusinha que aparecesse qualquer pedaço do corpo que tivesse estria. O olhar dos outros que inco-moda”, conta.

Em Jéssega, as estrias eram mais fortes no abdômen, mas não é ape-

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nas nesta região do corpo que elas aparecem. Nas mulheres, os locais mais comuns do surgimento de es-trias são nas coxas, nos glúteos, nas mamas e nos flancos. Os homens também não estão imunes às estrias e elas comumente aparecem nas costas, também nos flancos, nos braços, no peitoral e na lombar.

Para Lauren, a evolução das es-trias ocorre conforme o organismo reage. “Algumas vezes regiões de braço, por exemplo, acontecem mais as estrias atróficas, região de abdômen de mulheres grávi-das também as atróficas, região de bumbum, geralmente são as bran-cas. Mas isso é muito variável de pessoa para pessoa”, comenta.

tratamento

Como tudo que se refere a trata-mentos de saúde e estéticos, as es-trias detectadas precocemente são as mais fáceis de tratar. Elas apare-

cem vermelhas. Segundo Lauren, o tratamento das estrias vermelhas pode começar com ácidos prescri-tos pelos médicos, que podem ser utilizados em casa. “Descobriu que está com o vermelho, iniciar com o laser de preferência e, se possível, usar uma ácido retinoico em casa para as peles que aguentam, mas o mais importante é o laser mesmo”, salienta Annia.

O tratamento a laser e o peeling foi o tratamento procurado por Jéssega. Ela fez quatro sessões no ano passado e já está sentindo a di-ferença. “Como ela estourou mui-to rápido, eu engordei muito em pouco tempo, ela estourou e fazia até aqueles queloides. Então, para mim, já diminuiu muito”, revela.

Existem também outros tratamentos como a radiofrequência, a carboxi-terapia que junto com o peeling e o laser são feitos em um consultório médico. E o resultado varia confor-me o tempo da estria. Mas o melhor tratamento para estrias é mesmo a prevenção. Evitar engordar muito rapidamente e também o efeito san-fona ajuda a prevenir o aparecimen-to das tão indesejáveis.

A evolução das estrias ocorre conforme o organismo reage

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“O corpo não aguenta, ele estica e faz uma cicatriz naquele lugar”, explica a dermatologista, Lauren Morais, sobre as estrias

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Drinks da estaçãoSeja com frutas, flores ou com sabores nacionais e internacionais, os drinks refrescantes são os mais pedidos na Primavera

culinária&gastronomia

deal em uma roda de amigos, para aproximar casais, servido em eventos ou somente para apurar o paladar antes de uma refeição,

os drinks viraram vedetes em alguns bares. São composições, em geral, refrescantes em que o destaque fica com as frutas, já o teor alcoólico pode variar dos mais leves aos mais acen-tuados. Uma interessante opção são as flores que aparecem para homenagear a Primavera, que começa este mês, e dá à bebida um colorido todo especial.

É o caso da invenção do drink “Amor perfeito”, do bartender e vice-cam-peão brasileiro em campeonatos de coquetéis internacionais, Júlio Romá-rio Pascoal. A bebida é feita com suco de limão, vodka e pétalas de violeta. Além dela, flores como as rosas e ca-lêndulas combinam bem com tequi-la. Já as tulipas rendem um coquetel mais cremoso e a margarida pode ser-vir para decorar.

Haja inspiração para criar tantos drinks diferentes! “Desde a gastrono-mia, música, arte, cinema, moda, en-fim, tudo é motivo para se inspirar”, revela Marco de La Rocha, um dos expoentes da coquetelaria e mixolo-gia brasileira. Atualmente, ele tem um site chamado Mixology News, que reúne informações sobre mixologia, que é o estudo da coquetelaria.

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Jorge Mariano

Bianca [email protected]

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alta qualidade, a realidade é que servi-mos muito mais caipirinhas, cerveja e drinks populares”, avalia Rocha.

As “saquerinhas” seguem na mesma sintonia de popularidade. São drinks em que a vodka é substituída pelo saquê e levam ervas, como hortelã e manjericão, misturadas a outras fru-tas, como morango e kiwi.

Mas os coquetéis internacionais tam-bém fazem sucesso por aqui. É muito comum encontrá-los nos cardápios de bares e restaurantes da cidade. Um exemplo é o famoso drink cubano mojito à base de rum branco. O cen-tenário coquetel é feito com rum, hor-telã, limão e soda.

O drymartinié, outro clássico, em que a composição leva vermouthdry e gin. A azeitona dá um toque final à combinação. “Existem bebidas feitas de ervas que já são meio amargas. A erva nem sempre vem para adocicar”, ressalta Baldissera.

Mais um drink conhecido em todo mundo é o Cosmopolitan. Esse drink ficou famoso por aparecer em diver-sas cenas do filme norte americano Sex and the City, em que um grupo de amigas se reunia para bater papo em torno do drink. Acabou que a bebida virou moda entre as mulheres. É feito com vodka, suco de cranberry, limão siciliano e cointreau.

Os drinks podem ainda ter uma ver-são sem bebida alcoólica. O destilado é substituído pelo suco da fruta utili-zado no drink. A famosa Piña Colada é uma das bebidas em que o rum, uti-lizado no preparo, é trocado pelo suco de abacaxi, uma das frutas do drink. Alguns bartenders batem o suco com creme de leite ou leite condensado, para deixar o coquetel mais doce e cremoso. Estas bebidas também po-dem variar para o “frozen”, ou seja, os ingredientes são batidos com gelos e o drink fica refrescante e igualmen-te interessante.

ingredientes principais Os destilados mais comuns que servem de base para os drinks são a vodka, o gim, o rum e os licores, como coin-treau. “Os destilados, geralmente, são completados com refrigerantes trans-parentes, água mineral ou até mesmo água de coco. Estes produtos não alte-ram a cor da fruta que se escolhe para o drink”, explica Pascoal. “Além dis-so, os sucos também são muito usados nas composições, sendo que os mais utilizados são de abacaxi, limão e la-ranja. O suco de cranberry também é muito usado.”

Nas épocas mais quentes, as frutas da estação, como pêssego, abacaxi, ce-reja, morango, melancia, amora, uva, framboesa são as mais usadas. Até o caju, típico do nordeste, também é uti-lizado com frequência no Sul.

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RECEITA DE CAIPIRInHA

75 mL de cachaça

½ lima da pérsia

½ limão tahiti

2 folhas de capim limão/capim santo/capim cidreira

1 colher de açúcar

Fonte: Marco de la Rocha

MOdO de PrePArO

Em um copo baixo para caipiri-nha, coloque as frutas, o capim limão e o açúcar. Macere bem.

Coloque cinco cubos de gelo, a cachaça e misture bem. Sirva com canudo.

Para o barman Marcos Baldissera, que atua há vinte anos na área, essas frutas são essenciais para a diversida-de de drinks que o Brasil tem. “Esta-mos em um país tropical e a varieda-de de produtos naturais aqui é muito grande”, explica. O cacau também é uma boa pedida. “É uma fruta nossa, com um sabor ótimo e exótico que garante um drink mais cremoso, lem-brando um pouco da mistura de bana-na com jaca”.

Os ingredientes salgados também combinam com os drinks. O mais utilizado é o próprio sal, como na Margarita. Além dele, as azeitonas, especiarias e ervas, como hortelã, gengibre, manjericão são muito usa-dos, assim como a pimenta.

tendências de drinks

Mas os brasileiros são mesmo apaixo-nados pela caipirinha quando o assun-to são drinks. “Se considerarmos que existem mais de 50 mil bares no País, entre eles bares populares e bares de

Drink cosmopolitan

Drink mojito

Barman: Marcos Baldissera

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cultura&lazer

Facilidade para editar, publicar e até divulgar as obras literárias ajudam os autores paranaenses a chegarem ao público

Cenário favorável para produção local

literatura paranaense conta com nomes consa-grados de autores como Paulo Leminski, Hele-

na Kolody, Cristovão Tezza e Dalton Trevisan, este que foi recentemente vencedor do Prêmio Camões e tam-bém do Prêmio Machado de Assis.

A

São escritores que se destacam no cenário nacional e internacional. Mas a produção paranaense não se resume apenas aos nomes mais expoentes.

A produção literária no Estado hoje vive um bom momento. Para o editor do jornal literário Rascunho e tam-bém diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira, a produção

está bastante fortalecida devido a diversos fatores. “A gente pode enu-merar desde a facilidade que os au-tores têm para editar, para publicar, até para divulgar as suas obras. Hoje, tem canais de divulgação muito mais consistentes do que tínhamos há cin-co, seis anos”, afirma.

O mercado literário se transformou em “excelente” na visão do escritor Luiz Felipe Leprevost. Para ele, esse é um dos momentos mais ricos e plu-rais da literatura paranaense. “É uma cena que quer se afirmar de forma potente”, afirma. Leprevost acredita que a geração de Paulo Leminski, Jamil Sneje, Manoel Carlos Karam e

Iris [email protected]

O Prêmio Paraná de Literatura, que será

entregue em dezembro deste ano, vai selecionar

livros inéditos

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Wilson Bueno foi uma geração que conquistou um espaço importante na cena nacional, “fez com que nós fôssemos levados cada vez mais a sé-rio”, completa.

renovação

Vem gente nova por aí. “Nós temos muitos jovens autores, que eu posso citar a partir dos 25 até os 40 anos, para a produção tanto da prosa, quan-to da poesia”, diz. Alguns nomes de destaque elencados por Pereira são: Luís Henrique Pellanda, Carlos Ma-chado, Luiz Andrioli e Luiz Felipe Leprevost. “Tem vários autores que estão de alguma maneira construindo uma carreira que me parece interes-sante. Agora se vai se transformar numa realidade, aí não é agora que a gente vai definir”, avalia Pereira.

À literatura paranaense está sendo atribuído maior espaço para leitura. Prova disso são os diversos eventos relacionados à literatura que são pro-movidos por aqui e que têm ganha-do atenção do público local, além da criação de um prêmio de literatura. O Prêmio Paraná de Literatura, que será entregue em dezembro deste ano, vai selecionar livros inéditos de autores

de todo o Brasil, que serão publicados pela Biblioteca Pública do Paraná.

“A gente ainda não tem um mercado em Curitiba, mas há um esforço des-se conjunto de pessoas para que cada vez mais a gente possa lançar um li-vro aqui e ser consumido por leitores também daqui”, comenta o Leprevost que teve influência de muitos escrito-res paranaenses.

Maior espaço

A visibilidade dos “bichos do Paraná” também ganha força nas prateleiras de livrarias quando há reconheci-mento nacional de alguns escritores locais, como o escritor radicado no Paraná, Cristovão Tezza, que trans-formou o livro “O Filho Eterno” num best-seller. “Eu acho que essa visibi-lidade toda, na medida em que a mí-dia olha para cá com mais interesse, faz com que acabem vendo que aqui há também gente mais nova produ-zindo; além do mais, há uma espécie de comunhão no ar entre as pessoas que amam a literatura”, argumenta ainda Leprevost.

Também há mais meios de exposição que facilitaram a vida dos autores pa-ranaenses, como as mídias sociais e a internet, ressalta Pereira. Para o edi-tor, há dez anos isso era mais difícil e o escritor tinha também de ter a sorte de sua obra cair nas mãos de algum crítico que fizesse a divulgação. Mas Pereira é enfático, apesar de existir a facilidade da exposição, isso não tira o foco do talento literário. É preciso ser bom e contribuir para melhorar o nível de leitura da população.

O cenário local é “excelente” na visão do escritor paranaense Luiz Felipe Leprevost

Para Pereira, há novos autores paranaenses que estão construindo uma carreira interessante

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Arieta Arruda - [email protected] dicas do mês

romanceAutora:

E L JamesEditora:

intrínseca

Cinquenta tons de cinza A picante história entre a jovem virgem de 21 anos, Anastasia Steele e o multimilionário sedutor, Christian Grey, mal chegou ao Brasil e virou best-seller. É uma narrativa envolvente que conta uma relação de domi-nação emocional e sexual. Anastasia, apesar de sua ingenuidade, aceita o desafio de assinar um contrato em que Grey dá as cartas neste jogo de sedução. Trata-se de uma trilogia que ainda vai dar o que falar. É uma mistura de romance e sadomasoquismo, em uma nova categoria: “pornô para mamães”. Tamanho é o sucesso da obra que já tem previsão de virar filme.

Ficção Autor: Leandro Rodrigues Sales FilhoEditora: Novos Talentos

Asgard, o poder esquecidoBaseado na mitologia nórdica, o livro surpreende pela história e também pelo talento do autor, um menino de apenas 16 anos. É um adolescente falando para outros adolescentes. Considerado o caçula da Bienal do Livro deste ano, Leandro traz a história da guerra do mundo dos deuses: Asgard, Aesir e Vanaheim o lar dos Vanir, que travam uma batalha pelo controle de nove reinos. Traz a visão dos vilões na narrativa e mostra a ingenui-dade do herói que pouco conhece das artimanhas dos deuses. Será que o tolo Ariel completará sua missão? É a dúvida respondida no fim da obra.

memórias Autor:

Diogo MainardiEditora: Record

A quedaUm dos mais polêmicos jornalistas da atualidade, Diogo Mainardi, se mostra um tanto mais sensível e prostrado ao problema de saúde de seu filho primogênito, que sofreu uma paralisia cerebral no parto por um erro mé-dico. Tito é o personagem principal dessa relação entre pai e filho. E mostra um Diogo que matou sua soberba natural e autoral. “Comovente pelo tema, extraordinário na forma e esplêndido como reflexão sobre a arrogância humana”, diz Mario Sabino, em resenha na Veja sobre a obra. A veracidade dos fatos e a sensibilidade da narra-ção fazem do livro uma interessante leitura.

BiografiaAutor: Ruy CastroEditora: Companhia das letras

Anjo PornográficoO centenário do grande escritor Nelson Rodrigues, comemorado este ano, não poderia ficar de fora dessa coletânea. O “anjo pornográfico”, como ele mesmo gostava de se intitular foi um revolucionário e mar-cou história com suas críticas e seu humor ácido. Foi um grande contribuinte para o teatro moderno, com obras que marcaram a literatura brasileira, como em “Vestido de noiva” e “Álbum de família”. Ruy Castro entrevistou cerca de 125 pessoas que conheceram o dramaturgo para contar as nuances dessa interessante personalidade brasileira.

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RockBB King Gravadora: interscope Records

the Blues is My Life!O aclamado Blues Boy está de volta aos palcos curitibanos. O encontro está marcado para o dia 02 de outubro, no Teatro Guaíra, onde o guitarrista e cantor norte-americano colocará mais uma vez à mostra seu gigante talento nos solos de guitarra e voz marcada. O show promete ser memorável. Antes ele estará no Rio e depois segue para São Paulo. Nesta turnê, B.B King não chega sem “Lucille”, sua famosa guitarra. Na apresentação, ele deve tocar algumas de suas músicas consagradas, como “The Thrill is Gone”, “Rock Me Baby” e “When Love Comes to Town”.

TecnobregaGaby Amarantos Gravadora: independente

tremeEssa paraense está levando o tecnobrega, ritmo de grande sucesso do Norte do País, para outros cantos do Brasil. Com a música “Ex Mai Love”, tema da novela global “Cheias de Charme”, ela está em muitas paradas de sucesso. Bom humor nas letras e um tom bastante popular há quem esteja se rendendo ao seu charme e autenticida-de. Sua música tem uma levada extravagante, assim como seu estilo de se apresen-tar, é animada e com forte batida eletrônica. Canções como “Xirley” e “Merengue Latino” são outras músicas de trabalho da fase de arrebentar de Gaby Amarantos.

CrossoverBanda Gentileza Gravadora: Trama Virtual

Banda gentilezaJá dizia o profeta Gentileza: “gentileza gera gentileza”. Por isso, a promessa musical da vez é a banda gentileza. O sexteto curitibano está ganhando atenção nacional. É nesse embalo da multiplicação da animação, do humor, da inovação que vai além das músicas, que esses jovens artistas estão trilhando sua mar-ca. Junto ao single “Quem me dera”, lançaram um jogo virtual no Facebook chamado “Game dera” e um clipe bem construído. É uma viagem dentro de um caminhão, em que a motorista precisa derrotar os vilões para que a banda possa se apresentar. O trabalho deles é interessante e instigante.

Pop Kid Abelha Gravadora: Multishow

Ao vivo Kid Abelha - 30 Anos O trio formado por Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato completa, neste ano, 30 anos. Com 13 álbuns, três ao vivo e dois DVDs, a banda já foi considerada uma “fábrica de hits”. Você, provavelmente, tem alguma música que marcou sua vida com assinatura dessa banda. “Distração”, “Pintura Ínti-ma“, “Eu tive um sonho” são alguns dos hits. O dia 14 de setembro marca uma data memorável desta banda na capital: há 20 anos (1992) ocorreu um show histórico na Pedreira Paulo Leminski (Curitiba) contra a corrupção.

dicas do mêsArieta Arruda - [email protected]

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opiniãoVarlei RamosEducador e idealizador do Projeto PIC 10

m agosto, o Ministério da Educação (MEC) divul-gou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Apesar de algumas metas atingidas, os resultados apontaram algumas

defasagens no ensino do País, com destaque, para a queda da qualidade do ensino médio em nove estados brasileiros.

No Ideb, os fatores considerados são: o aprendizado e o fluxo escolar, número de aprovações. Mas será que os estudantes estão finalizando os ciclos com o conhecimento que deve-riam ter em suas respectivas séries? Será que eles possuem algum domínio em conhecimentos gerais? Como informa-ções básicas do nosso dia a dia? Um exemplo simples: quem é o atual vice-presidente da República? Qual o significa-do da sigla PIB? Ou até mes-mo, quem foi Tiradentes?

O próprio índice responde à pergunta, no primeiro ciclo do ensino fundamental, etapa de 1ª a 4ª série, o país sal-tou da nota 4,6 para 5. No segundo ciclo, 5ª a 8ª séries, 44% das escolas públicas não atingiram as metas, houve aumento no número de aprovações e a proficiência dos estudantes aumentou somente 0,22. Apesar desses indica-dores, o ciclo final do fundamental aumentou a média de 3,7 para 3,9, ultrapassando a meta estipulada. No ensino médio, dez Estados, entre eles Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal, apresentaram índices inferiores a 2009.

Analisando esses resultados mais a fundo, é possível con-cluir que a educação no País está precisando ser reformu-lada. Atualmente, lidamos com uma geração imediatista

e acelerada devido ao advento dos avanços tecnológicos, como os smartphones, tablets, notebooks, entre outros, que requerem uma nova forma de ensino. Os educadores precisam se atualizar e transformar as ferramentas tecno-lógicas em aliadas da educação, como um chamariz para os jovens se dedicarem aos estudos.

Uma forma rápida de ensino agregado com conhecimentos gerais é a internet, se devidamente aplicada conseguimos equalizar o padrão de ensino por todo o País. Os gover-nantes precisam se conscientizar que esta ferramenta fácil pode contribuir significantemente para o desenvolvimento

da educação nacional.

Qual a melhor maneira de transformar a tecnologia em uma aliada dos estudos?

Essa tecnologia pode ser empregada na sala de aula, com recursos multimídias,

até no formato de dever de casa com uma pesquisa sobre determinado assunto. A utilização de plataformas tecnoló-gicas proporciona aos professores uma análise das defasa-gens da turma e contempla os estudantes com os melhores desempenhos, proporcionando desenvolvimento intelec-tual e reconhecimento.

O Brasil precisa se atentar à educação nacional, pois os es-tudantes de hoje, que foram analisados neste demonstrati-vo, serão os médicos, engenheiros, governantes, entre ou-tros profissionais de amanhã, que futuramente assumirão as responsabilidades pelas movimentações econômicas, saúde, segurança e entre outras funções imprescindíveis para o desenvolvimento de qualquer nação.

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O cenário da educação nacional

O Brasil precisa se atentar à educação nacional, pois os estudantes de hoje, que foram analisados neste

demonstrativo, serão os médicos, engenheiros, governantes

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