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Médico repórter é diferente de todas as publicações médicas existentes, aliando medicina com jornalismo e garantindo a leitura integral do seu conteúdo. Aborda as novidades através de entrevistas e seções fixas (Como eu Trato, Tudo Sobre, Atualização Terapêutica), além de informações gerais para o médico

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Estamos passando por um processo de mudança populacional. Segundodados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aexpectativa de vida aumentou para 72,5 anos e, na última década, apopulação de pessoas com 60 anos ou mais cresceu 47,8% no Brasil. Aprevisão é que a partir deste ano o governo tenha um gasto maior cominativos do que com ativos. Em matéria especial para esta edição,entrevistamos especialistas com o objetivo de entender as causas econsequências dessa mudança populacional conhecida como “transiçãodemográfica”. Será que a Medicina está realmente preparada paraenfrentar a “Era do Envelhecimento”?Também merece destaque o trabalho desenvolvido por médicos que deixamas fronteiras do seu país para levar cuidados de saúde a vítimas decatástrofes, conflitos e epidemias. Médicos que lutam por uma profissãomais humanitária e buscam a reconstrução de estruturas de saúde. E épara dar visibilidade a esse louvável trabalho que temos neste mês a seção“Sem fronteiras”. Para inaugurar o espaço, entrevistamos o médico FábioPetto de Souza, que contou sobre sua experiência na Quênia, e o Dr.Zulmar Accioli, que relatou as recompensas e dificuldades que enfrentouem países do Oriente Médio.A Médico RepórterMédico RepórterMédico RepórterMédico RepórterMédico Repórter apurou os assuntos que pautam a vida médica e,mais uma vez, contribui com muita informação em um espaço marcadopela constante discussão e debate.

Boa leitura!

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CAPA06 Pesquisa clínica: humanos como objeto de estudo

COMPLIANCE12 As relações pessoais envolvidas na doença de

Alzheimer

ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA16 Rinite alérgica e a adesão ao tratamento18 Reposição hormonal segura20 Estímulo à produção de glóbulos vermelhos

MATÉRIA ESPECIAL22 A Medicina está preparada para a “Era do

Envelhecimento?”

EM DEBATE26 A discussão acerca da utilização de placebo em

estudos clínic0s

SEM FRONTEIRAS30 Batalhando por um Quênia melhor33 Médicos em missão de paz

EM PAUTA36 Ética na publicidade médica

PROTOCOLO40 Busca pela regeneração de pâncreas de diabéticos

PESQUISA42 Rebrac: uma nova base de dados para pesquisa

clínica

ESTETOSCÓPIO46 Saúde: mais do que nunca vale a pena investir

INFOSCRIBA49 Ácido acetilsalicílico com dipiridamol é tão eficaz

quanto clopidogrel para a prevenção do acidentevascular cerebral recorrente

CONGRESSOS50 Estudos inovadores são destaque no 360

Congresso da SBCC

54 PANORAMA

60 NA PRATELEIRA

CADERNO DE FITOMEDICINA CIENTÍFICA61 A busca pela neuroproteção

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Col

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esAno 10 r n. 100 r Abril 2009

Dr. César Eduardo Fernandes,Professor Livre Docente. Chefe da

Clínica Ginecológica da Disciplinade Ginecologia e Obstetrícia da

FMABC. Professor Colaborador daPós-Graduação em Ginecologia,

Obstetrícia e Mastologia daFaculdade de Medicina de

Botucatu – UNESP, São Paulo.

Dra. Denise Steiner,professora de

Dermatologia daFaculdade de Medicina

de Mogi das Cruzes,em São Paulo

Dr. Manoel Jacobsen Teixeira,chefe da Liga de Dor do Hospitaldas Clínicas da FMUSP

Dr. Décio Chinzon,assistente doutor daDisciplina deGastroenterologiaClínica daFaculdade deMedicina daUniversidade deSão Paulo (FMUSP)

Dr. Marcelo ChiaraBertolami,

diretor científicodo Instituto Dante

Pazzanese deCardiologia da

Secretaria de Estado daSaúde de São Paulo

Dr. Marcello D.Bronstein, chefe daUnidade deNeuroendocrinologiada disciplina deEndocrinologia eMetabologia doHospital das Clínicasda FMUSP

Dr. Carlos A. C. Pereira,ex-presidente daSociedade Brasileira dePneumologia e Tisiologia,doutor em Pneumologiapela UNIFESP. Diretor doServiço de DoençasRespiratórias do HSPE-SP

Dr. Sérgio Timerman,diretor do Laboratório

de Treinamento,Simulação e Pesquisado InCor HCFMUSP,Diretor da Fundação

Interamericana doCoração e Presidente

do Comitê deRessuscitação da AMIB

Dra. Ceci MendesCarvalho Lopes,presidente da AssociaçãoMédica Brasileira deFitomedicina(SOBRAFITO)

Dr Mario Peres, médiconeurologista, doutorado

pela Unifesp, pós-doutorado pela Thomas

Jefferson University,Philadelphia

Diretora Geral

Ana Maria Sodré

Diretora Administrativa

Fernanda Sodré

Jornalista Responsável

Gisleine Gregório - MTb 26 986-SP

Redação

Jornalistas: Thais Martins, Nina

Rahe, Mariana Tinêo

Revisora: Isabel Gonzaga

[email protected]

Criação e Diagramação

Hudson Calasans

Comercial

Cristiana Domingos

[email protected]

Tiragem 40.000 exemplares

As matérias assinadas não refletem a

opinião da Médico repórter.

De acordo com a resolução RDC

nº 102 de 30 de novembro de 2000,

a revista Médico repórter não se

responsabiliza pelo formato ou

conteúdo dos anúncios publicados.

É proibida a reprodução parcial ou

total da Médico repórter sem a

devida autorização do Grupo Lopso

de Comunicação.

Médico repórter é uma publicação

do Grupo Lopso de Comunicação.

INPI nº 819.589.888

Calçada das Palmas, 20, 2º andar –

C. C. Alphaville. CEP 06453-000.

Barueri - SP

Fone: (11) 2714-5400

Fax: (11) 2714-5420

[email protected]

Dr. Mário Santoro Junior, Academia Brasileirade Pediatria, Presidente da Sociedade

Brasileira de Pediatria (gestão 94-96), Vice-Presidente da Associação Latino Americana de

Pediatria (gestão 2003-2004)

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Sem título-1 5/5/2009, 14:221

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Pesquisa clínica: humanos c

por Mariana Tinêo

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limentos funcionais, comportamen-tos, novas drogas, terapias com cé-lulas-tronco, métodos diagnósticos,técnicas cirúrgicas... Todo esse co-nhecimento é produzido a partir de

um objeto de estudo em especial: seres humanos.E como é nos dias de hoje, em termos éticos, usar

pessoas em trabalhos científicos?Na opinião da Dra. Greyce Lousana, bióloga,

médica veterinária, pós-graduada pela Universida-de Federal de São Paulo (Unifesp) emNeurociências, presidente executiva da SociedadeBrasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica(SBPPC) e diretora executiva da Invitare PesquisaClínica, tudo que envolve uma vida é complexo epolêmico.

“Temos dilemas éticos no uso de animais de ex-perimentação (ratos, camundongos, cães, chim-panzés, porcos etc.), como não poderíamos ter pro-blemas com o uso de seres humanos? Entretanto,os dilemas jamais serão solucionados porque en-volvem religião, filosofia, preceitos morais e outrasquestões culturais. Desde as mais antigas civiliza-ções de que temos conhecimento, desconhecemosum momento sequer em que o mundo partilhassedas mesmas ideias”, declara a Dra. Greyce.

Para a Dra. Gyselle Saddi Tannous, coordenado-ra da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa(Conep), atualmente a sociedade não vê a pesquisacom seres humanos como uma área polêmica por-

s como objeto de estudoA cada ano os centros de pesquisa

nacionais recebem mais destaque namídia, o que gera grande interesse porparte da população em geral sobre o

trabalho dos pesquisadores.

que o processo de esclarecimento a respeito da ati-vidade de pesquisa bem como da participação comovoluntário está hoje muito mais desenvolvido, con-tando o Brasil com o Sistema CEP/Conep voltadoa esse esclarecimento, além de muitos outros par-ceiros que já trabalham nesse sentido. A polêmicapode surgir em torno de certas áreas específicas depesquisa, por exemplo, a recente discussão sobre ouso de células-tronco embrionárias.

“Entretanto, temos que lembrar que existe noBrasil uma série de condições que ampliam asvulnerabilidades dos voluntários de pesquisa, quepodem acabar participando de um estudo com aintenção de suprir carências de ordem social, comoa fome e a falta de acesso aos serviços médicos. Poressa razão, o Conselho Nacional de Saúde se preo-cupa tanto em fortalecer o Sistema CEP/Conep(Comitês de Ética em Pesquisa/Comissão Nacio-nal de Ética em Pesquisa)”, comenta a Dra. Gyselle.

Em um país como o nosso, com tantas deficiên-cias sociais, é importante considerar as razões quelevam os pacientes ou as pessoas saudáveis a seremvoluntários de estudos. De acordo com a Dra.Greyce, o Brasil é um país muito grande, por issonão podemos achar que a população está totalmen-te esclarecida sobre o que é a pesquisa clínica, atéporque nem todos os pesquisadores estão.

“É evidente que em uma população com analfa-betismo expressivo e capacidade crítica reduzidaainda temos indivíduos que desconhecem o tema.

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Quando preparamos a cartilha sobre a pesquisaclínica para a população (disponível no site daSociedade Brasileira de Profissionais em Pes-quisa Clínica – www.sbppc.org.br ) ou quandoministramos mensalmente aulas gratuitas paraleigos sobre a pesquisa clínica, estamos tentan-do fazer nossa parte. Sabemos que isso não é osuficiente, mas quem sabe iniciativas como es-sas sejam replicadas em demais serviços”, acres-centa a Dra. Greyce.

Para ela, pensar sobre a motivação dos volun-tários depende diretamente do objetivo da pes-quisa a ser realizada. “Se a pessoa está com cân-cer e tem opções de tratamento escassas oumuito caras, fazer parte de um estudo é sim-plesmente excelente. Nesse caso, não é muitodifícil entender as razões que levam o indiví-duo a integrar um projeto. Outra situação sãoos estudos com doenças menos graves e comtratamentos já consagrados. Aqui temos algu-mas possíveis razões que podem passar pelo al-truísmo, por querer contribuir com a ciênciaou até mesmo pela falta de compreensão do querealmente significa ser um sujeito de pesquisa.Temos ainda a possibilidade de um ressarci-mento acima do que consideramos algo razoá-vel, pois existem estudos de bioequivalência queoferecem ressarcimentos de R$ 1.000 ao vo-luntário. Temos uma norma, a Resolução nº196/96 CNS/MS, que proíbe a remuneraçãodo voluntário, mas que garante que o ressarci-mento exista. Sendo assim, temos casos des-proporcionais como o valor citado. Em um paísonde o salário mínimo não chega a R$ 500,receber um ressarcimento de R$ 1.000 podeser uma boa razão para fazer parte de um estu-do clínico”, afirma.

Nesse sentido, a Dra. Greyce lembra aindaque o recrutamento dos voluntários está dire-tamente ligado ao tipo de estudo a ser conduzi-do. “Em alguns casos o voluntário é um indiví-duo saudável e em outros um indivíduo porta-dor de alguma patologia. Existem os estudoscom doenças crônicas, como diabetes e hiper-tensão, e aqueles com doenças que acometem oindivíduo e são solucionadas após o tratamen-to. Cada caso é um caso e precisa ser cautelosa-mente discutido e avaliado pelo centro de pes-quisa a fim de definir a melhor forma de recru-tamento. Os voluntários podem ser recrutadosdentro dos próprios serviços que realizam o

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projeto, como é feito no caso dos hospitais. Emoutras situações o recrutamento pode ser di-vulgado para demais serviços ou até mesmo namídia, desde que tal divulgação seja devidamen-te notificada e aprovada pelo Comitê de Ética.”

Boas práticasSegundo a Dra. Greyce, as Boas Práticas Clí-

nicas são recomendações internacionais quedefinem as regras de condução de um estudoclínico, sem ferir princípios éticos e técnicos.Conhecidas pela sigla GCP/ICH (Good ClinicalPractice - International Conference onHarmonisation of Technical Requirements forRegistration of Pharmaceuticals for HumanUse), as Boas Práticas Clínicas estão alicerçadasem documentos como o Código de Nüremberge Declaração de Helsinque.

“Presumimos que nenhum pesquisador po-derá conduzir um estudo clínico sem aderir àGCP. Autoridades regulatórias como a Anvisa(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), noBrasil, a FDA (Food and Drug Administration),nos Estados Unidos e a EMEA (EuropeanMedicines Agency), na Europa, não registra-rão nenhum item sujeito à vigilância (medica-mentos, cosméticos, vacinas, alimentos ou pro-dutos para a saúde) sem que os mesmos tenhamsido pesquisados baseados em GCP e fabrica-dos de acordo com as Boas Práticas de Fabrica-ção. O centro de pesquisa (hospital, clínica ouconsultório médico) que não seguir a GCP, ouseja, que não possuir uma equipe treinada ereciclada, pesquisadores com expertise na áreade atuação, um Comitê de Ética, documentofonte consistente, enfim, que não aderir aosprincípios das Boas Práticas Clínicas, certamen-te não estará autorizado a conduzir estudos”,informa a especialista.

Ela diz ainda que no Brasil os pesquisadoresseguem um documento denominado Boas Prá-ticas Clínicas: Documento das Américas, quepossui vários países da América Latina comosignatários, incluindo o Brasil. “Esse guia émuito semelhante à GCP/ICH, ou seja, estáalicerçado nos mesmos princípios”, esclarece.

Além disso, a Dra. Greyce reforça que os cen-tros de pesquisa, nacionais ou não, devem serconstantemente inspecionados por autorida-des regulatórias, por equipes da Garantia daQualidade, tanto de empresas privadas quanto

dos próprios patrocinadores, para que a quali-dade de um estudo seja rastreada. “No Brasil,temos excelentes serviços, mas ao mesmo tem-po ainda encontramos locais que não possu-em a mais remota ideia do que seja a GCP ou oDocumento das Américas. Falando em aspec-tos éticos, é evidente que se o pesquisador des-conhece os princípios das Boas Práticas Clíni-cas, já está à margem da ciência.”

Pesquisa de pontaEm relação ao nível da pesquisa clínica reali-

zada no País, a Dra. Greyce acredita que paraconsiderar o Brasil um centro de ponta é pre-ciso entender o que significa isso. “Alguns ser-viços nacionais são excelentes e reconhecidosinternacionalmente. Porém, ainda temos aque-les profissionais que se intitulam pesquisado-res e não sabem sequer o que é um documen-to-fonte, ou pior, não sabem como elaborar umbom prontuário. Há uma grande confusão so-bre o que seria um centro de pesquisa. Às ve-zes pensamos que uma universidade inteira éum centro excelente e nos enganamos porqueexistem alguns setores que não só não condu-

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zem estudos clínicos, como quando conduzemconseguem fazer procedimentos que são con-siderados violações.”

A especialista enfatiza que quando um servi-ço é selecionado para conduzir uma pesquisaclínica não é apenas o nome da instituição queé avaliado e sim a forma como ela está prepara-da para conduzir um estudo. “Na verdade, te-mos excelentes serviços em locais pouco conhe-cidos pela mídia. Não são poucas as situaçõesem que temos grandes serviços de saúde quesão totalmente incapazes de conduzir um estu-do que possa ser submetido a uma auditoria. Seisso ocorresse, especialmente com projetos quevisam titular mestres e doutores, teríamos gran-des surpresas.”

Regulamentação e fiscalizaçãoPara garantir o respeito à ética nos estudos

realizados com seres humanos, o ConselhoNacional de Saúde (CNS) instituiu no Brasil,em 1996, uma regulamentação específica (Re-

solução CNS nº 196/96). “Nessa resolução, oCNS criou o Sistema CEP/Conep, com atua-ção na proteção de sujeitos de pesquisa. Assim,a cultura do respeito às regulamentações éticastornou-se cada vez mais evidente no País. Atu-almente temos em torno de 600 comitês deética em instituições de pesquisa, o que denotaessa preocupação. Os desvios existem, mas sãopoucos”, afirma a Dra. Gyselle.

De acordo com a coordenadora da Conep, omonitoramento da execução das pesquisas é aprincipal dificuldade no trabalho diário dosComitês de Ética em Pesquisa (CEP). “A análi-se de uma proposta de pesquisa é apenas a pri-meira etapa do trabalho de um CEP. Depoisdisso, a pesquisa deve ser acompanhada duran-te sua realização. É o que chamamos monitora-mento. Não há recursos específicos para essetrabalho, o que dificulta muito sua prática ape-nas por meio de análise de relatórios.”

A Dra. Gyselle comenta ainda que as dificul-dades do dia a dia são relativas aos diversos in-

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Dra. Greyce Lousana

Dra. Gyselle Tannous

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teresses que existem em torno da atividadepraticada pela comissão. “Podemos dizer queé uma área de muitos conflitos de interesses,muitos olham a pesquisa comercialmente, ou-tros a olham academicamente, outros aindacom interesse na proteção da vida humana.Cada um desses interesses convergem no diaa dia para uma série de dificuldades de ordemética, que são as mais difíceis, na minha opi-nião, de serem superadas.”

Até o fechamento desta matéria existiam 58protocolos de pesquisa aguardando a aprova-ção da Conep, segundo a assessoria de im-prensa do órgão. De acordo com os dados in-ternos, os casos de suspensão de projetos depesquisa com humanos são raros – em 2006,por exemplo, houve apenas um caso de sus-pensão e em 2008 mais um. O trabalho deanálise e decisão de não aprovação dos proto-colos já evita a ocorrência de problemas deconduta ética com os seres humanos.

ObstáculosObstáculosObstáculosObstáculosObstáculosNa opinião da Dra. Greyce, além da falta de

condições ideais de alguns serviços de saúde– quer seja por possuir equipe despreparada(incluindo o pesquisador), quer seja pela bai-xa remuneração dos colaboradores, ou aindapela falta de conhecimento por parte da altadireção dos centros sobre o que seja conduziruma pesquisa clínica de acordo com os pa-drões internacionais –, existem também difi-culdades nas questões operacionais.

“Na prática enfrentamos ainda a falta depreparo de alguns Comitês de Ética em Pes-quisa, o que gera pendências desnecessárias eeleva o prazo para a decisão final sobre umprojeto. Quando pensamos em conduzir umapesquisa adequada sobre o aspecto metodoló-gico, técnico e ético, ela possui cronogramasque precisam ser seguidos. E é lamentável sa-ber que por questões que envolvem fluxosregulatórios os cronogramas não são cumpri-dos. Não são raras as vezes em que temos quedesistir de alguns estudos pela morosidade quetemos no País (excesso de burocracia).”

Além disso, a Dra. Greyce ressalta que osprazos citados nas normas nacionais possu-em períodos bastante satisfatórios, o que faltamesmo é que os CEPs, a Conep e a Anvisa oscumpram. “Hoje, mesmo se as autoridades

regulatórias resolvessem desempenhar 100%do seu papel, ainda teríamos deficiências como próprio pesquisador.”

Por essas razões, a especialista acredita queo melhor ambiente regulatório é o que possuipoucas normas, porém claras. E que no casode descumprimento, garantam capacidadede punição igual para todos. “Penso que ain-da estamos distantes desse cenário no Brasil.O que não falta é alguém com vontade de cri-ar cada vez mais normas e pessoas dispostas anão cumpri-las porque sabem que poucos se-rão punidos. Nos estudos clínicos interna-cionais, aqueles que mantêm esse tipo de ra-ciocínio estão fora do jogo”, conclui.

Sendo assim, podemos concluir que, ape-sar dos avanços, a pesquisa com seres huma-nos ainda é um assunto que precisa ser escla-recido e aperfeiçoado. Talvez as questões éti-cas não possam ser resolvidas, mas questõespráticas, como a capacitação profissional e aredução da burocracia, podem tornar o tra-balho da ciência menos penoso. r

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por Nina Rahe

As relações pessoaisenvolvidas na doençade Alzheimer

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O termo “demência” é utili

zado para classificar umasérie de sintomas que geralmente aparecem em pessoas com doenças cerebrais,

acometidas por destruição e perda decélulas cerebrais. Embora a perda de tais cé-lulas seja um processo natural, no caso dademência acontece em um ritmo aceleradoe o cérebro da pessoa não funciona da for-ma natural. Nesse caso, os principais sinto-mas são perda de memória, atenção, con-centração, linguagem, pensamento etc.

Entre 50 e 70% de todas as pessoas comdemência têm a doença de Alzheimer – quedestrói células do cérebro lenta e progressi-vamente. O nome da doença é em referên-cia a Aloïs Alzheimer, um psiquiatra eneuropatologista alemão que, em 1906, foio primeiro a descrever os sintomas e os efei-tos neuropatológicos da doença deAlzheimer, tais como placas e entrançadosno cérebro. Hoje, em todo o mundo, exis-tem entre 17 e 25 milhões de portadores deAlzheimer, o que representa 70% do con-junto de doenças que afetam a populaçãogeriátrica. A doença atinge pessoas a partirdos 50 anos de idade, porém é mais comumdepois dos 60.

Em toda a prática médica, um tema quetem sido recorrente nas discussões é a im-portância da relação médico-paciente. Taisdebates têm como objetivo apontar a neces-sidade da medicina em recuperar os elemen-tos subjetivos da comunicação entre médicoe paciente, além de obter uma maior sensibi-lidade por parte do médico diante do sofri-mento do paciente. Para a doença deAlzheimer, no entanto, todos esses questio-namentos são essenciais, uma vez que exis-tem inúmeras questões éticas relacionadas aoatendimento médico de pacientes com a do-ença, como a revelação do diagnóstico aopaciente e os aspectos relacionados aoscuidadores desses pacientes, que são subme-tidos a estresse físico e mental constantes.

Durante muito tempo, predominou namedicina a visão paternalista e a regra eraocultar o diagnóstico de doenças graves. Em-

bora a visão dos médicos hoje não seja maisessa, o progresso não é o mesmo no atendi-mento do paciente com demência. As diretri-zes da American Medical Association reco-mendam que o diagnóstico de demência sejarevelado diretamente ao paciente sempre quepossível (Guttman and Seleski, 1999). AAlzheimer’s Association, principal associaçãoamericana de pacientes e cuidadores, tambémrecomenda que, exceto em circunstânciasincomuns, o médico revele o diagnóstico aopaciente, permitindo sua participação ativano tratamento e no planejamento das deci-sões relativas ao fim da vida.

Um estudo recente, Carpenter BS e cols.(JAGS 2008), também contribui para que arevelação do diagnóstico seja adotada, apon-tando que a tomada de conhecimento dos di-agnósticos de comprometimento cognitivoleve e demência não causa reações negativase não está associada ao aparecimento de sin-tomas depressivos. O estudo aponta que o quese observa é uma redução significativa dossintomas de ansiedade após o conhecimentodo diagnóstico.

O Dr. Jerson Laks, coordenador do Centropara Alzheimer do Instituto de Psiquiatria daUniversidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) e professor adjunto da Faculdade deCiências Médicas da Universidade do Estadodo rio de Janeiro (Uerj), explica que cerca de50% dos pacientes com doença de Alzheimerapresentam depressão nas fases leve e mode-rada e esse aspecto é independente de revela-ções ou mesmo da consciência de doença queo paciente apresente. Segundo ele, “cada casodeve ser cuidadosamente examinado para queas consequências de uma notícia assim sejammonitoradas e os problemas sejam preveni-dos ou lidados”.

Apesar das evidências e recomendações,grande parte dos pacientes não recebe o di-agnóstico de demência ou o recebe através deeufemismos como “esquecimento” ou “pro-blema de memória”. Na opinião do especia-lista, “a revelação do diagnóstico de doençade Alzheimer é ainda um tema de debate,embora as diretrizes para que essa comunica-ção seja feita diretamente e sem rodeios seja

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realmente o consenso em várias associações”.Segundo ele, o diagnóstico ainda é cercado de uma série

de preconceitos, fantasias e de uma carga emocional muitoforte. Assim, a forma de comunicar pode ser diferente emdiferentes culturas e também a forma de compreender essediagnóstico deve ter um peso na decisão do médico em revelá-lo ao paciente.

Em um trabalho realizado pelo Grupo de NeurologiaCognitiva da Faculdade de Medicina da Universidade de SãoApulo (FMUSP), foi enviado um questionário a 970 médi-cos. Entre eles, neurologistas, psiquiatras e geriatras. Dos 206médicos que responderam a pesquisa, 25 foram excluídospor não atenderem regularmente pacientes com doença deAlzheimer, restando um total de 181 participantes. Desse nú-mero, apenas 44,75% dos especialistas responderam infor-mar o diagnóstico de Alzheimer ao paciente “geralmente” ou“sempre”, sendo que 14,4% o fazem com uso de eufemismos.A pesquisa também apontou que 76,8% dos médicos gostari-am de conhecer o diagnóstico caso eles próprios desenvol-vessem a doença. A mesma pesquisa realizou uma análise porespecialidades e pôde verificar que os geriatras dessa amostrarevelam o diagnóstico com menor frequência (apenas 27,5%),em contraste com 39,4% dos neurologistas e 58,7% dos psi-quiatras.

Questionados sobre os principais motivos que justificam oocultamento do diagnóstico, os geriatras apontaram comoprincipal fator a visão dos familiares sobre o assunto (80%).Esse número traz a reflexão sobre a participação dos familia-res na doença de Alzheimer e se a opinião destes deve servalorizada em detrimento da do próprio paciente.

O Dr. Laks também aponta que um estudo recente brasi-leiro, do grupo dos professores Nitrini e Caramelli, mos-trou que menos de 50% dos médicos envolvidos no trata-mento desses pacientes (neurologistas, geriatras e psiqui-atras) efetivamente revelam o diagnóstico, embora os queo fazem sejam muito diretos nessa comunicação. Por ou-tro lado, os cuidadores em geral não estão dispostos a reve-lar o diagnóstico para os familiares que possuam a doença.O Dr. Laks explica que a sua atitude com os pacientes ecuidadores sempre depende do estágio da doença, o queinflui muito na real compreensão pelo paciente do que sevai comunicar, da utilidade para o tratamento e para osplanejamentos familiares que se façam necessários. Paraele, por exemplo, um senhor de 67 anos que tenha umquadro leve, bens para dispor antes de agravar a doença ea necessidade de tomar atitudes cíveis para tal enquantoainda pode, deve ter o diagnóstico totalmente revelado ediscutido nos últimos detalhes. Agora um paciente em es-tado grave, com depressão associada, cuja família já cuida

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faz alguns anos de tudo, não há ne-nhum sentido nem utilidade na re-velação.

FasesA doença de Alzheimer geralmen-

te é caracterizada por três fases: a faseinicial, a intermediária (que se divi-de em leve e grave) e a terminal. Nafase inicial, ocorrem somente algunsesquecimentos que não atrapalhama convivência e o doente ainda é in-dependente. Na fase intermediárialeve, o doente começa a depender deoutra pessoa, embora ainda apresen-te momentos de lucidez. Já na faseintermediária grave, é preciso umcuidado intenso, porém o doenteainda pode ajudar em suas ativida-des. Nessa fase, há uma dificuldademaior de socialização e a perda dememória é mais intensa. E, por fim,na fase terminal, o doente está com-pletamente dependente de outra pes-soa. Nesse momento, ele já está decama, tem dificuldade em comunicar-se, alimentar-se, higienizar-se, entreoutras. Muitos dos portadores nãochegam a essa fase, pois morrem an-tes, devido a outras doenças associa-das, como diabetes, hipertensão, cân-cer, entre outras.

E é por todas essas dificuldades nasdiferentes fases da doença que a do-ença de Alzheimer não afeta apenaso paciente, mas também as pessoasque lhe são próximas. A família, prin-cipalmente, deve estar preparada parauma sobrecarga muito grande em ter-mos emocionais, físicos e financeiros.Também deve se organizar com umplano de atenção ao familiar doente,em que devem estar inclusos, além dasupervisão sociofamiliar, os cuidadosgerais, os cuidados médicos e as visitasregulares ao mesmo.

Relacionamento familiarA doença de Alzheimer, seus sinto-

mas e consequências acometem a família inteirae à medida que a doença avança, a família podesofrer os impactos mais que o paciente. É poresse motivo que a doença muitas vezes é consi-derada “de família”, já que todos os familiares sãoimpactados diretamente por suas manifestações.

“O médico não cuida apenas da memória dopaciente ou está ali somente para dar medica-mentos. A relação com os familiares e cuidadoresprofissionais deve ser constante, aberta eorientadora para cada momento e para cada pro-blema do paciente. As orientações para os famili-ares devem ser não apenas no sentido de otimizaros cuidados com o paciente, mas também de re-servar um espaço para si, para ter um momentode lazer, relaxamento, bom sono, boa comida ealgum exercício. Além de prevenir doenças paraesses cuidadores, esses aspectos de fato melho-ram o relacionamento com os pacientes e a qua-lidade dos cuidados a ele destinados”, explica oDr. Laks.

O médico relata também que as primeiras rea-ções são sempre de trauma com as modificaçõesque o familiar querido agora com a doença sofre.As falhas de memórias, as alterações na compre-ensão da linguagem e os outros sintomas são vis-tos com perplexidade, ou como manifestações defalta de vontade do paciente em colaborar. “Quan-do a família já tem informações suficientes sobrea doença e admite que seu familiar sofre dela, ascoisas melhoram. A irritação e o desgaste doscuidadores diminuem e a qualidade de vida detodos melhora. De um modo geral, todo o trata-mento deve ser individualizado de acordo com afase de gravidade da doença, listando-se os prin-cipais problemas desses momentos e a partir daítraçando estratégias de abordagem.”

Muitas vezes, os familiares recorrem a meca-nismos de defesa durante o diagnóstico e pas-sam a negar a doença, mobilizando sentimentosde impotência e culpa. Faz-se por isso necessáriauma linha de apoio e aconselhamento aos famili-ares, como forma de acolher as angústias noenfretamento da doença. A relação entre médi-co e familiares deve proporcionar a eles a pos-sibilidade de uma elaboração dos sentimentos,e uma estruturação psicológica para lidar comas dificuldades de um processo longo da doen-ça que se estende por 10 a 15 anos. r Dr. Jerson Laks

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por Mariana Tinêo

Rinite alérgica e aadesão ao tratamento

Arinite alérgica ––––– doença in-flamatória da mucosa de re-vestimento da cavidade na-sal –, como toda doença crô-nica, tem o entrave da ade-

são do paciente ao tratamento médico. Alémda queda acentuada da qualidade de vida, oportador que não segue a terapia adequadaacaba apresentando complicações, que po-dem incluir o agravamento da asma.

Resultados recentes do estudo ISAAC(International Study on Asthma andAllergies in Childhood) demonstraram que25% de crianças na idade escolar têm rinite,o que permite afirmar que a rinite é a doen-ça respiratória crônica de maior prevalên-cia.

Atualmente os especialistas estimam que80% dos portadores de asma têm tambémrinite alérgica, e que os portadores de riniteapresentam três vezes mais chance de terasma. Evidências apontam que a asma e arinite alérgica são manifestações clínicas dis-tintas de uma mesma doença e que o controleda asma se torna muito mais difícil quando énegligenciado o tratamento da rinite.

De acordo com a Dra. Yara Mello, chefedo Serviço de Alergia e Imunologia doHospital Professor Edmundo Vasconcelose diretora da Associação Brasileira de As-máticos de São Paulo, a alergia respiratóriaocorre em pessoas com predisposição ge-nética expostas a alérgenos. “Em nosso meioos ácaros da poeira domiciliar são osalérgenos mais importantes, que desenca-deiam a reação que termina na inflamaçãodo nariz e dos pulmões.”

A especialista explica que o tratamentoda rinite alérgica deve começar pelas cau-

sas, com o controle correto do meio ambi-ente e vacinas específicas, que podem serutilizadas em determinados pacientes. O tra-tamento adequado do processo inflamató-rio deve ser realizado com o uso de medica-ção tópica nasal inalatória, como abudesonida, que deve ser administrada demaneira contínua.

“O tratamento preventivo da rinite émuito importante, já que dessa maneiraprevenimos também a asma. Em geral, aterapia deve ser feita pelo menos por trêsmeses, para que a mucosa nasal desinflame.O problema é que com duas ou três sema-nas de medicação o paciente se sente bem,os sintomas desaparecem e ele acha quenão precisa mais dos medicamentos. A fal-ta de compreensão do paciente é um gran-de entrave para o controle da rinite alérgi-ca. Observamos que os portadores tratammuito mais as crises e fazem poucaprofilaxia”, comenta a Dra. Yara.

Segundo ela, alguns itens contribuem paraa melhora da adesão ao tratamento. “Os es-tudos mostram que medicações de dose úni-ca diária, por exemplo, são mais eficazesnesse sentido. Medicamentos com essaposologia são nossa primeira escolha. Outroponto é o manuseio do produto, que precisaser fácil e claro. O paciente precisa saber uti-lizar bem o dispositivo do medicamento.”

Além disso, a médica esclarece que a me-dicação sem conservantes é benéfica. “Al-guns produtos têm cheiro, outros irritam amucosa por causa dos conservantes e issoatrapalha a adesão do paciente. O ideal, paraa melhor adesão, é que a terapia não provo-que essas reações, ou seja, venha semconservantes”, finaliza a médica.r

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Dra. Yara Mello

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Apor Mariana Tinêo

Reposiçãohormonal segura

s diretrizes atuais, nacionais e internacionais, recomendam que a terapiade reposição hormonal (TRH) seja empregada apenas em pacientes comqueixas, ou seja, aquelas que apresentam sintomas (fogachos, transpirações,sudorese noturna, vagina seca, insônia, entre outros) moderados ou acen-tuados de climatério.

No entanto, é preciso considerar que dentro do grupo de pacientes com indicação paraTRH existem as mulheres com diabetes, que têm risco maior de complicaçõescardiovasculares. Para avaliar a segurança da TRH nessas pacientes, um grupo de cien-tistas da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto realizou um estudo com ouso da tibolona.

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“Queríamos verificar a segurança da reposiçãohormonal nas mulheres com diabetes. Escolhemosa tibolona por ser uma medicação bem segura, compoucos efeitos colaterais. O número de mulheresdiabéticas indicadas para TRH é significativo. Ossintomas do climatério são limitantes e para mimnão é justo a mulher ficar sem tratamento na me-lhor fase de sua vida”, declara a Dra. Ana KarlaMonteiro Santana de Oliveira, mestre e doutoraem Ginecologia pela USP de Ribeirão Preto, mé-dica da Universidade Federal do Rio Grande doNorte (UFRN) e participante do estudo.

A pesquisa realizada no Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina de Ribeirão Preto avaliou24 pacientes com diabetes mellitus não-insulino-dependente (DMNID) na pós-menopausa, paradeterminar o perfil de segurança clínico-laboratorial da terapia com tibolona. No estudoprospectivo, longitudinal, aberto e não-controla-do, as participantes receberam 2,5mg/dia detibolona, pelo período de seis meses.

Para avaliar as alterações metabólicas e osparâmetros de segurança, os médicos usaram: ava-liação clínica, medidas antropométricas (índice demassa corporal – IMC, relação cintura-quadril –RCQ e porcentagem de gordura), dosagenshormonais (hormônio folículo estimulante –FSH, hormônio luteinizante – LH, tiroxina – T4livre, hormônio estimulante da tireóide – TSH),bioquímica sangüínea (uréia, creatinina,bilirrubinas, transaminasetransaminasetransaminasetransaminasetransaminase glutâmica oxalacética– TGO, transaminase glutâmica pirúvica – TGP,glicose e hemoglobina glicosilada) e ultra-sonografia transvaginal (espessura endometriale volume uterino).

Os resultados mostraram que após seis meses, to-das as pacientes permaneceram em uso da medica-ção. Os efeitos colaterais relatados foram: cefaléia(8,3%), mastalgia (8,3%) e sangramento genital(16,6%). Houve melhora na porcentagem de gordu-ra corporal e na pressão arterial diastólica das paci-entes. Também foi constatada a diminuição dos sin-tomas climatéricos, e a avaliação ultra-sonográfica nãorevelou variações do volume uterino e da espessuraendometrial.

Para os autores, a tibolona tem bom perfil de segu-rança clínico-laboratorial no caso de pacientes com

diabetes mellitus não-insulino-dependente. “Sa-bíamos que com a dose de 2,5mg/dia de tibolona,já preconizada, a paciente fica assintomática, porisso acredito que a medicação é uma boa opçãopara TRH. Trata-se de uma terapêutica alternati-va, que não tem efeito estrógeno, nemprogestógeno. Ela atua no tecido de acordo comos receptores que inibe ou estimula, sem causarefeitos nas mamas e no endométrio. Além disso, alongo prazo (terapia de um ano) sabemos que atibolona age também na melhora da perda ósseada paciente”, informa a Dra. Ana Karla.

O estudo do grupo de Ribeirão Preto pode serencontrado nos Arquivos Brasileiros de deEndocrinologia e Metabologia (Arq BrasEndocrinol Metabol. 2005 jun; 49(3):433-40).r

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Estímulo à produçãode glóbulos vermelhos

ia de regra, doenças renaiscrônicas não provocamsintomas nos estágios ini-ciais. A Sociedade Brasilei-ra de Nefro-logia aponta

que cerca de 2 milhões de brasileiros apre-sentam algum grau de doença renal, dosquais, 70.000 têm doenças em estadoavançado. Pesquisas indicam tambémque o número de especialistas terá dedobrar no período de dois anos paraatender às necessidades dos pacientes.

As pessoas com doença renal crôni-ca (DRC) sofrem uma deterioração dafunção renal, geralmente durante vá-rios anos, até que seja necessária uma

terapia de substituição de rim, em casosmais extremos. Pessoas cujos rins apre-sentam falência, ou tendência de falir,não conseguem secretar eritropoetina,hormônio produzido no órgão que éestimulador da fabricação de glóbulosvermelhos na medula óssea.

A administração de agentesestimuladores da eritropoese (ESAs,sigla em inglês – ou AEE (agentesestimuladores da eritropoese) destina-se a repor aquilo que o organismo jánão é mais capaz de produzir sozinho.A anemia renal é uma complicaçãocomum e significativa, responsável poruma proporção substancial dos sinto-

mas debilitantes que afetam a saúdecotidiana e a qualidade de vida dos pa-cientes com DRC.

“O tratamento consiste na reposiçãode eritropoetina humana, associada aocontrole das reservas de ferro e avalia-ção da necessidade de reposição de fer-ro, endovenosa ou oral”, explica o Dr.Fabiano Klaus, da equipe de nefrologiada Santa Casa de Porto Alegre.

A anemia é uma doença causada pelabaixa concentração de hemoglobinano organismo, o que, em termos práti-cos, significa redução no transporte deoxigênio para tecidos e órgãos. Depen-dendo do avanço do quadro, a doença

por Danilo Gonçalves

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Por ser estimulada pela eritropoetina, a produçãode glóbulos vermelhos no caso de paciente comanemia renal é estimulada com o betaepoetina-metoxipolietilenoglicol, que tem a capacidade deligar-se aos mesmos receptores. O medicamentoapresenta efeito mais prolongado que outrosfármacos utilizados até então no tratamento. “Adroga destaca-se perante outras pela maior meia-vida que possibilita maior estabilidade dahemoglobina”, afirma o Dr. Fabiano.A eliminação da droga pelo organismo ocorre deforma mais lenta, assim como sua ligação aos re-ceptores, por isso sua utilização se dá com menorfreqüência.Anteriormente aos estudos para aprovação pelosórgãos de saúde, o betaepoetina-metoxipolietilenoglicol já havia sido testado em2.399 pacientes com anemia associada a doençasrenais crônicas. Durante os testes, a maior partedos doentes recebeu terapêutica suplementar comferro para prevenir a deficiência. “Deve-se mantertambém monitoração regular dos níveis dehematócrito e hemoglobina para evitar policitemia,bem como controle regular de pressão arterial, com-plicação freqüente com o uso de eritropoetina”, aler-ta o Dr. Klaus.

COMO A DROGA AGE

pode desencadear o desenvolvimentode problemas no coração em aproxi-madamente 40% dos pacientes.

Há um dado ainda mais grave do queo número de pessoas que sofrem comdoenças renais crônicas. É que prati-camente 100% das que se submetem adiálise apresentam anemia. É impres-cindível que o paciente saiba que, se aanemia renal for tratada tardiamente,em grande parte dos casos, ela leva acomplicações cardiovasculares, comoo aumento do tamanho do coração edo ritmo de bombeamento do sanguepara suprimento da falta de oxigenaçãono corpo.

Tratamento em evoluçãoQue o tratamento de anemia renal

tem evoluído é fato. Várias terapias es-tão em estudo, e uma nova categoriade medicamentos promete maiorefetividade no combate à doença, aqual, certamente, chega em breve aoBrasil. A principal entre essas novida-des é a droga betaepoetina-metoxipolietilenoglicol, nova classefarmacológica para o tratamento daanemia decorrente da insuficiênciarenal crônica.

Recém-aprovado para comercializaçãopelo European Committee for MedicinalProducts for Human Use (CHMP) e pelaU.S. Food and Drug Administration(FDA), respectivamente, na Europa e nosEstados Unidos, o fármaco aguarda libe-ração da Agência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa). “Já há estudos sendodesenvolvidos no País”, afirma o Dr.Klaus. “Num futuro relativamentepróximo, a classe médica certamente re-conhecerá a droga como mais um avan-ço no tratamento da anemia do pacien-te com nefropatia crônica”, completa.

Agente estimulante da proliferaçãoe maturação dos glóbulos sangüíneos,essa medicação é a primeira a oferecer

um esquema de administração cômo-do, com tomadas de até uma vez pormês para corrigir a anemia em todosos tipos de pacientes de DRC sem tra-tamento prévio, efeito comprovado poruma nova análise apresentada no 45ºCongresso da Associação Européia deNefrologia e da Associação Européiade Transplante e Diálise.

O b e t a e p o e t i n a - m e t o x i p o l i -etilenoglicol contribui para que osníveis de hemoglobina permaneçamestáveis em cerca de 70% dos enfer-mos. Esse fármaco já foi aprovadoem 46 países, entre eles EstadosUnidos, Suíça, Noruega e grandeparte da Europa.

Os resultados dos estudos aponta-ram que os pacientes sub-metidos ao tratamento coma droga uma vez por mêsnecessitam de 25% menosmudanças de dose duranteo período inicial do estu-do, 44% menos mudançasna fase de avaliação dos re-sultados e 36% menos noperíodo de acompanha-mento a longo prazo,quando se compara essa te-rapia aos agentescomumente usados.

“Não temos experiência detratamento com a droga noBrasil ainda, mas provavel-mente, teremos benefíciosna estabilidade da hemoglo-bina com dose única mensaldo medicamento e ativaçãocontínua dos receptores deeritropoetina”, diz o Dr.Klaus.

A instabilidade quanto aonúmero de glóbulos está, se-gundo especialistas, direta-mente relacionada ao au-mento ou diminuição da

quantidade do medicamento e do in-tervalo de uso, deixando claro que, as-sim, a doença não está totalmente con-trolada.

Métodos diferenciados para aplica-ção da droga também já vêm sendoestudados fora do Brasil. O objetivo daspesquisas, nesse caso, são injeções sub-cutâneas ou endovenosas da medica-ção que já são consideradassignificantemente menos dolorosasque outras aplicações. A novidade tor-na-se interessante para a classe médi-ca empenhada no tratamento, uma vezque a dor costuma ser uma complica-ção comum e um fado para os pacien-tes com DRCs. r

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por Nina Rahe

A Medicina estápreparada para a “Erado Envelhecimento”?

humanidade está passando porum processo de mudança po-pulacional conhecido por “tran-sição demográfica”. Diferentessociedades estão deixando, por

condições diversas, de ter predominantemen-te populações jovens e maduras para se trans-formarem em sociedades cada vez maisenvelhecidas.

Na última década, a população de pessoascom 60 anos de idade ou mais cresceu47,8% no Brasil: o que representa 10,5% dapopulação total. Segundo o Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ex-pectativa de vida aumentou para 72,5 anos.De acordo com o levantamento, o acesso àeducação e às políticas públicas são algunsdos fatores que têm contribuído para esseaumento. A pesquisa mostra também que ataxa de mortalidade infantil (óbitos de me-nores de um ano de idade por cada mil nas-cidos vivos) declinou de 45,19 por mil, em1991, para 24,32 por mil, em 2007, repre-sentando uma diminuição porcentual aci-ma de 46%.

A questão é que estamos envelhecendobastante rápido e a previsão é que a partirdeste ano o governo tenha um gasto maiorcom inativos do que com ativos. Ou seja, asconsequências do envelhecimento da popu-lação já podem ser notadas hoje e o rápidoaumento da população de idosos provocagrandes desafios, principalmente no que dizrespeito à saúde. Com o aumento da expec-tativa de vida dos indivíduos, modifica-se operfil dessa área: os processos agudos ou de

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óbito dão lugar às doenças crônicas e suascomplicações, como a perda da autonomia eindependência funcional. O objetivo da Ge-riatria é aumentar a expectativa de vida sau-dável, com manutenção da capacidade fun-cional até o período mais próximo possívelda morte.

Segundo o Dr. Renato Maia, presidenteda Associação Internacional de Gerontolo-gia e Geriatria (2005-2009), os principaisproblemas decorrentes do envelhecimentosão as doenças do aparelho circulatório, emparticular a hipertensão e suasconsequências. “As doenças cerebrovascu-lares constituem a principal causa de óbito;a demência tem prevalência estimada entre5% e 8% da população com 65 anos ou mais,o que resulta em um número superior a 1milhão de casos. Depressão, transtornosdegenerativos osteoarticulares e neoplasiastambém têm elevada prevalência”,complementa o especialista.

O parâmetro de idade cronológica é ge-ralmente o utilizado para definir quem podeser considerado idoso. No entanto, os prin-cipais aspectos de envelhecimento são re-sultantes não da idade cronológica e sim dafuncional, que avalia o desempenho funcio-nal da pessoa, considerando aspectos físi-cos, mentais e de saúde. Dessa forma, enve-lhecer pode ser definido como um processoconsequente de alterações no organismo,demonstrado de forma variável e individual.“Infelizmente, os dados que temos mostramque a diferença entre os dois parâmetros éainda muito grande, ou seja, aumentamosconsideravelmente a longevidade etária, masainda temos muito que fazer para aumentara longevidade funcional”, explica o Dr. Wil-son Jacob Filho, professor titular da Disci-plina de Geriatria da Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo (FMUSP) ediretor do Serviço de Geriatria do Hospitaldas Clínicas.

Sendo assim, podemos considerar que oestilo de vida que a pessoa leva influenciade forma considerável no chamado enve-lhecimento. “A idade cronológica apresen-ta sérias dificuldades como indicador de ne-cessidades. O envelhecimento é um proces-

so heterogêneo determinado em 30% pelahereditariedade e 20% pelas condições so-ciais, econômicas, políticas. Assim o enve-lhecimento funcional será mais importan-te, considerando-se aqui não apenas a fun-cionalidade física, mas também psicológi-ca e social”, afirma o Dr. Maia.

É preciso se adaptar à nova realidade“Mais do que um problema médico, esse é

um problema social. A assistência à saúdedeve se adaptar a essa nova realidade, emconformidade com as adaptações das demaisações sociais que visam o bem-estar dessapopulação”, explica o Dr. Jacob. E foi levan-do em consideração tais aspectos que o mé-dico aposentado Dr. Oscar del Pozzo traçouum perfil dos idosos, buscando conhecer arealidade em que vivem. Para ele, os servi-ços de saúde não estão preparados para res-ponder às necessidades múltiplas dos ido-sos e é necessário um planejamento do aten-dimento.

O Dr. Oscar dividiu a população idosa emtrês segmentos e traçou a política de saúdenecessária para cada um deles: idosos nãofragilizados e sem dependências (tratamen-to de moléstias já existentes e procedimen-tos preventivos); idosos fragilizados ou comdependências leves (trabalhos de recupera-ção e prevenção de novas dependências); e,por último, idosos acamados permanente-mente (criação de redes de assistência do-miciliar, com equipes multidisciplinares eequipamentos necessários, evitandohospitalizações em instituições de longapermanência). Na opinião do Dr. Maia, odeslocamento do eixo de assistência para acomunidade ou domicílio será um impera-tivo. “A estrutura de saúde terá que se adap-tar a essa nova situação. Também a própriaMedicina deverá fazê-lo. O envelhecimentopopulacional aumenta a faixa de morbidaderesultante das doenças crônicas, transtornosmentais e mesmo de traumas. Os países queainda mantêm a assistência centrada nohospital deverão adaptar-se a uma nova de-manda.”

E é pelos motivos apontados acima que oaumento de dependências e fragilidades re-

Dr. Renato Maia

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Dr. Wilson Jacob Filho

Dr. Oscar del Pozzo

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quer a atenção dos responsáveis pelas polí-ticas públicas de saúde, que devem apresen-tar uma resposta adequada a essa demanda.O crescimento da população idosa leva ine-vitavelmente a um aumento dos recursosdespendidos na área de saúde, o que tornanecessária uma política de saúde cuidado-samente planejada de modo que os recursosdisponíveis sejam usados com máxima efi-ciência “Em geral, não temos sintonia en-tre os idealizadores das políticas de saúde eos executores, sejam os profissionais queestão na ‘linha de frente’ do Sistema Únicode Saúde (SUS), sejam os docentes respon-sáveis pela formação acadêmica destes pro-fissionais”, argumenta o Dr. Jacob.

O Dr. Maia também faz sua crítica: “Aestruturação da assistência aos idosos,notadamente aos muito velhos (75 anos oumais), é uma demanda ignorada pelo siste-ma de saúde. Pelo menos 1/3 dos recursosgastos em assistência pelo Ministério da Saú-de é com pacientes com 60 ou mais anos deidade. Se perguntados se são bem atendidos– mesmo sendo os grandes beneficiários doorçamento – dirão que não. Algum técnicoque queira discutir com o alto comando doMinistério da Saúde uma reestruturação daassistência aos idosos, incluindogerenciamento de casos crônicos, assistên-cia domiciliar, reabilitação na comunidade,cuidados paliativos, ficará eternamente nasala de espera”, conclui.

Novos paradigmas na GeriatriaEm grande parte, o aumento da expecta-

tiva de vida foi resultado de fatores comourbanização, saneamento, educação,melhoria da renda, entre outros. No que dizrespeito a fatores médicos, pode-se destacaras vacinações e a introdução deantimicrobianos. Além do melhor controledas doenças crônicas e das suas principaiscomplicações.

Na opinião do Dr. Maia, um dos princi-pais avanços na Geriatria foi chamar a aten-ção dos sistemas de saúde e da Medicina paraos aspectos particulares do doente na ida-de tardia. A boa prática da Geriatria recu-perou os conceitos da importância dos

cuidados e do trabalho multi e interdisci-plinar. O Dr. Jacob acrescenta como avan-ço significativo o aumento no conheci-mento em detalhes sobre o processo natu-ral de envelhecimento e sobre a maneiracomo seus efeitos predispõem ao desen-volvimento de doenças.

Sem ignorar os avanços obtidos na área ea expansão do conhecimento a respeito doenvelhecimento e seus desdobramentos, umnovo paradigma se impõe à prática médica.Decorrente do fenômeno que pode serintitulado como “adiamento da morte”, queocorre em todo o mundo – resultado nãosomente de medidas de prevenção, mas tam-bém dos avanços nas técnicas e equipamen-tos –, torna-se necessário o deslocamentoda tentativa de cura para cuidar. “Existe umaumento progressivo de gastos na saúde,uma vez que os idosos são os grandes usuá-rios de exames de imagem, exames invasivosde alta tecnologia e mesmo de unidades detratamento intensivo. Mas além da questãode redução de custos, a Medicina deve sepreparar para uma mudança de paradigmaque terá como premissa cuidar em vez decurar”, explica o Dr. Maia.

Com essa visão, o médico defende umaprática médica em que cuidar é mais im-portante que curar. Esse exercício, que é co-nhecido como “cuidados paliativos” ou “Me-dicina paliativa”, surgiu na década de 60do século 20 por iniciativa da médica in-glesa Cicely Saunders. Os profissionais queoptam por tais cuidados acreditam que orespeito ao momento da morte é parte dorespeito à vida e, assim, garantem umamorte sem dor física e com dignidade. “Fala-se muito em qualidade de vida, é hora defalarmos em qualidade de morte. Amodernidade provocou a hospitalização damorte, transformando este evento em umaquestão médica, com relativo afastamentoda família e imposição de medidas muitasvezes fúteis, como manter um paciente comcâncer terminal ou demência em respira-dor. É hora de incentivar o desenvolvimen-to da Medicina paliativa e apagar o senti-mento da morte como falha da Medicina”,finaliza o Dr. Maia. r

O crescimento dapopulação idosa

levainevitavelmente aum aumento dos

recursosdespendidos naárea de saúde, o

que tornanecessária uma

política de saúdecuidadosamente

planejada

““

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As discussões acercada utilização de placeboem estudos clínicos por Nina Rahe

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placebo (utilizado no terceiro tipo deestudo) é definido como “um agentefarmacologicamente inativo dado aum paciente como substitutivo deum agente ativo para garantir que a

resposta do paciente é explicada pela droga e nãopelo fato de ele se supor tratado.” Embora práticahá muito adotada na Medicina, a utilização de pla-cebo em estudos clínicos ainda hoje é questionadano seu aspecto ético e/ou bioético.

Segundo o filósofo americano Tom Beauchamp,existem quatro princípios fundamentais da éticabiomédica: o da beneficência (promoção do bemem relação ao paciente ou à sociedade), o da nãomaleficência (abster-se de prejudicar), o da auto-nomia (respeito aos direitos fundamentais do ho-mem) e o princípio de justiça (que significa igual-dade de tratamento). E é por todos esses princípiosque a questão da utilização do placebo se torna umaquestão bioética, uma vez que nos estudos clínicosque têm como objetivo a avaliação de um medica-mento, os indivíduos que são convidados a partici-par do estudo e são selecionados para o grupo-con-trole com placebo, ficam expostos aos riscos da suaenfermidade.

Na opinião do Dr. Artur Beltrame Ribeiro, pro-fessor titular da Disciplina de Nefrologia da Uni-versidade Federal de São Paulo – Escola Paulista deMedicina (Unifesp/EPM) e diretor-presidente daFundação Oswaldo Ramos – Hospital do Rim eHipertensão, a necessidade da utilização do place-bo é justificada “porque o efeito farmacológico, emmuitas circunstâncias, só pode ser estatisticamen-te provado se comparado ao efeito placebo.” O es-pecialista está atualmente desenvolvendo a pesqui-sa “Estatinas na prevenção da insuficiência renalaguda: estudo multicêntrico, randomizado, duplo-

Existem quatro tiposdiferentes de estudos commedicações: abertos (sem

grupo controle), decomparação (no qual

uma das medicações é deeficácia comprovada), de

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cego, controlado com placebo, do efeito daatorvastatina 80 mg na prevenção de IRA entre indi-víduos internados em unidades de terapia intensiva.”Em fase inicial, o estudo ainda não apresenta resulta-dos publicados.

Na Psiquiatria, a necessidade de estudos com place-bo advém do fato de que as taxas de resposta são muitoaltas. Um estudo publicado na Revista Brasileira dePsiquiatria (vol. 22, n.4, São Paulo, Dez. 2000) indicaque na depressão maior a resposta ao placebo pode serda ordem de 65% e na esquizofrenia crônica pode va-riar de 20% a 50%. Como justificativa para índices tãoelevados, podem-se citar fatores como o alívio quandose tem diagnóstico e tratamento definidos, contato comprofissionais e informações sobre a doença, além danatural expectativa dos médicos e dos pacientes quan-to ao novo tratamento. Na Psiquiatria, mais do que emoutras áreas da Medicina, o estudo com placebo é con-siderado fundamental em pesquisas sobre a eficácia demedicamentos.

É comum, ao surgir uma nova medicação para umadoença, que o tratamento experimental seja compara-do com o tratamento-padrão. O problema surge quan-do, ao final do estudo, conclui-se que os dois medica-mentos são equivalentes, o que pode levar à interpreta-ção de que ambos são ineficazes. Para evitar tal conclu-são, faz-se necessário introduzir o placebo. “Vários es-tudos na literatura mostraram que o placebo foi maispotente que o medicamento testado e isso foi muitobom para a conduta dos médicos”, argumenta o Dr.Artur Beltrame.

A discussão, no entanto, acontece principalmentequando se emprega o placebo em casos nos quais exis-te um tratamento-padrão eficaz. Para o Dr. Artur, “oproblema não é só eficácia, há que se considerar a tole-rabilidade também. Por isso, um novo medicamentodeve, sempre que possível, ser comparado com um pla-cebo. A utilização do placebo quando há tratamentoeficaz é aceitável quando seu uso for cientificamentenecessário para uma conclusão válida e não coloqueem risco o paciente.”

O uso de placebo em ensaios clínicos, do ponto devista ético, estava condicionado à versão de 1964 daDeclaração de Helsinki – instrumento que orienta aspesquisas em seres humanos –, adotada pela Associa-ção Médica Mundial. O texto afirmava que: “Em todoestudo médico, cada paciente – mesmo aquele que per-tence ao grupo controle, se houver – deve ter acessoaos métodos diagnósticos e terapêuticos que demons-traram eficácia comprovada.” Essa afirmação estariacontrária ao ponto de vista de organismos como a Food

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and Drug Administration (FDA), cuja visão é de que,para serem aprovados, novos medicamentos devemmostrar superioridade em relação ao placebo.

Em outubro de 2008, reuniram-se em Seul, Coreia doSul, as representações médicas que compõem a Associ-ação Médica Mundial, na qual o Brasil é representadopela Associação Médica Brasileira (AMB). Entre os as-suntos em pauta, estava a Declaração de Helsinki. Odocumento adotado em 1964 passou por sucessivas re-visões, sendo aprovada a redação atual no final do anopassado.

Em Seul, a AMB propôs a supressão do parágrafo quepermite a utilização do placebo em situações em que hátratamento efetivo. Prevaleceu, porém, o entendimentode que o uso de substância inócua em situações em quehá tratamento efetivo deve, quando justificadometodologicamente, ser considerado, desde que nãoexponha o paciente a riscos. “No caso da utilização doplacebo em situações nas quais há tratamento efetivo,compara-se o novo produto testado com outro que sesabe dotado de alguma eficácia. Caso se use o placebo,condena-se o grupo testemunha (os pacientes que usamo placebo) a ficar privado de algum tratamento. O que éinjusto”, explica o Dr. Luiz Salvador de Miranda Sá Jr.,médico psiquiatra e membro do Conselho Federal deMedicina (CFM), e conclui: “O uso do placebo em pes-quisa médica só é legitimamente justificado quando setrata de estudar a possibilidade de adotar um tratamentoem um paciente com uma condição patológica para aqual não se conheça terapêutica com a mínima eficácia.Isto é, busca-se saber se aquela medida é melhor quenada.”

Na discussão realizada no Brasil dois meses antes dareunião em Seul, evidenciou-se a preocupação em rela-ção ao uso do placebo em situações em que há tratamen-to efetivo, e foi indicada a necessidade de se explicitarna Declaração se houve acesso a esse tratamento após apesquisa. Na versão atual, o texto afirma que os pacien-tes incluídos nos estudos devem compartilhar todos osbenefícios que dele resultem, por exemplo, o acesso àsintervenções identificadas como benéficas no estudoou outros cuidados apropriados. A representação brasi-leira, no entanto, votou contra essa proposta por enten-der que a mesma não satisfaz as necessidades de acessofuturo, e porque a frase “ou outros cuidados.” abre a pos-sibilidade de se oferecer outra coisa no lugar do medica-mento testado.r

Referência bibliográficaReferência bibliográficaReferência bibliográficaReferência bibliográficaReferência bibliográficaBeauchamp TL, Childress J. Principles of biomedical

ethics. New York: Oxford University Press, 5th ed, 200 .

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Batalhando por um

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Quênia melhorm dezembro de 2007, o médico Dr. FabioPetto de Souza aceitou um desafio: super-visionar o Programa de Tuberculose e asconsultas médicas em saúde primária eemergências no Quênia. “No quinto ano

de faculdade, conversando com um dos residentes(Dr. Luis Fernando Kunii) descobri que havia umaorganização que fazia exatamente as atividades queeu sonhava em desempenhar, com alguns preceitosque preenchiam meus anseios, a ONG Médicos SemFronteiras (MSF).”

Desde então, após fazer contato em 2004 com oescritório da ONG em Luxemburgo, O Dr. Souza seinterou dos critérios desejados pela organização epouco antes do término da residência, se inscreveuna sede brasileira para participar do processo derecrutamento. “Em dezembro de 2007 fui aprova-do. Muita gente me questiona a razão de sairmosdo Brasil enquanto há tantas pessoas precisando deauxílio aqui. É verdade, são infinitos os campos deatuação, mas é preciso lembrar que há lugares ondenão há absolutamente nada e quando oferecemosajuda, podemos modificar para melhor o destino demuita gente”, afirma.

Na época, o Quênia passava por dificuldades so-ciais ocorridas após as eleições, o que tornava a mis-são ainda mais desafiadora pela agitação da socie-dade. A proposta do projeto era atender a favelaKibera, com cerca de um milhão de habitantes, querecebe pessoas de todas as partes do país, constitu-indo uma população flutuante que vai à capital embusca dos escassos empregos disponíveis. “Não háserviço de saúde gratuito disponível, apenas o queo MSF oferece. Todo cidadão que precisar de aten-dimento precisa pagar por ele. Há um sistema deassistência social para perdoar algumas dívidas, masque não consegue atender a demanda. Muitos nemprocuram a assistência do governo porque são co-brados por isso, levando a situações dramáticas. Issofaz o nosso serviço se expandir cada vez mais”, ana-lisa o Dr. Souza.

Para quem trabalha com sistema de saúde, o Kibera

por Thais Martins

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é um desafio por ser um “hotel”, abri-ga temporariamente muitas pessoas,logo o tratamento na maioria das ve-zes não é finalizado. Segundo o mé-dico, essa situação é muito desafia-dora e frustrante também, pois maisde 50% dos que iniciavam o regimeterapêutico para tuberculose abando-navam-no em algum ponto antes dotérmino, previsto para pelo menosseis meses. “Além de não atingir acura, que seria possível com total ade-são, há também o risco de desenvol-

tando-a de um hospital para outro, aequipe do MSF logrou interná-la paraos cuidados de emergência. “Foi ne-cessária uma semana para obter asmedicações e inúmeras reuniões parareestruturar o Programa. Foi uma ba-talha que deixou frutos para outrospacientes”, relembra.

O projeto de Kibera foi instaladocom três pequenas clínicas localiza-das em pontos estratégicos devido àdistribuição étnica existente na áreapara oferecer tratamento para doen-ças simples como diarreia, infecçõesrespiratórias, acompanhamento depré-natal, vacinações básicas, supor-te psicológico para quem recebe tra-tamento de HIV e tuberculose, alémde distribuir medicações para essesportadores. De acordo com o médicosão realizadas 500 consultas por dia.“O Quênia e o Brasil compartilhamde alguns pontos em comum. As di-ferenças sociais, a escalada da vio-lência motivada pela miséria nas úl-timas décadas, os baixos investimen-tos em cultura e educação. No en-tanto, o Quênia ainda sofre pela au-sência de atendimento gratuito àsaúde, falta de profissionais e os es-cassos recursos materiais e humanosna área médica. Poucas escolas deMedicina, que são caras e não ofere-cem bolsa de estudo, dificultam tam-bém a entrada de novos profissio-nais no mercado. Na África é co-mum encontrar ‘clinical officer’, quesão técnicos em medicina preen-chendo a lacuna deixada pelos mé-dicos.”

Após oito meses de trabalho, aoretornar ao Brasil, o médico já foiescalado para trabalhar no ProjetoComplexo do Alemão, no Rio de Ja-neiro. “Me pareceu interessante de-sempenhar o mesmo papel que tiveno exterior. Temos a intenção de ex-pandir para a Vila da Penha, tam-bém no Rio de Janeiro. Nossos olhostambém estão voltados para o Bra-sil”, finaliza. r

ver tuberculose multirresistente, cujotratamento é ainda mais longo, caroe doloroso, já que se deve usar umadroga injetável diariamente por seismeses.”

O trabalho foi espinhoso, mas omédico deixou marcas no Quênia.Uma paciente com TB-MR não con-seguia tratamento pelo sistema públi-co embora existisse no papel um pro-grama específico para a doença fi-nanciado pela Organização Mundialda Saúde. Após nove horas transpor-

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Médicos emmissão de paz

voluntariado médico surgiu da necessidade de incorporar critérios de respon-sabilidade social às práticas médicas, em decorrência da degradação e violên-cia que atingem a vida humana e seu entorno. Cada vez mais, a Medicina e asolidariedade caminham juntas. Prova disso são projetos voluntários condu-zidos por médicos que vêm conseguindo enfrentar os problemas de saúde da

população, principalmente dos menos favorecidos.O cirurgião plástico catarinense Dr. Zulmar Antonio Accioli de Vasconcellos, professor

do Curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor emCiências Médicas pela Université René Descartes de Paris, já esteve seis vezes no OrienteMédio, entre 2002 e 2006, para operar vítimas da guerra: quatro vezes na Faixa de Gaza eduas vezes na Cisjordânia. O médico sempre teve vontade de participar de uma missão em

por Thais Martins

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Dr. Zulmar Vasconcellos

uma zona de conflito e, convidado por umgrupo de cirurgiões durante um congres-so no exterior, aceitou o convite e entãoenfrentou os problemas de trabalhar emuma guerra. “A maior dificuldade é lidarcom a situação da guerra em si: a tensão épermanente e as pessoas são bastanteestressadas.” A falta de recursos humanosde qualidade também dificultou o traba-lho. Para o Dr. Vasconcellos, “o aprendiza-do dessas experiências é muito mais de vidado que de médico.”

A relação entre médico e paciente tam-bém apresentava dificuldades. Em primei-ro lugar, em decorrência da língua falada eda impossibilidade de comunicação. “Nes-ses locais, a relação é bastante prejudica-da. O paciente vem atrás da resolução doseu problema, acredita que o médico es-trangeiro vai fazer o melhor possível e sesubmete ao tratamento proposto”, afirma.

Geralmente, a equipe é composta porquatro profissionais. Um cirurgião sênior(no caso, Dr. Vasconcellos); um cirurgiãojúnior; um anestesista e uma enfermeira(geralmente uma profissional francesa quefala árabe, o que facilita a comunicação du-rante as consultas). “É incomparável tra-balhar em um lugar desses. É diferente dainiciativa privada, quando o paciente pro-cura o médico no qual tenha maior confi-ança. Lá, as pessoas estão buscando algoque possa melhorar as suas vidas”, explicao especialista.

Diariamente, os médicos costumavamatender entre 20 e 60 pacientes em con-sultas médicas clássicas. Para os pacientesque não falavam inglês nem francês, haviasempre alguém para traduzir o árabe. Osespecialistas realizavam de duas a oito ci-rurgias, dependendo do porte da opera-ção. Entre os casos mais complexos, esta-vam os transplantes de tecido microvascu-lares, os de tecidos ósseos vascularizados,transplantes musculares funcionais, re-construção do plexo braquial, entre outros.As cirurgias mais realizadas eram as dereconstrução do membro periférico supe-rior e inferior. “Os resultados eram bonsporque as cirurgias eram realizadas com

boa chance de sucesso”, relembra o Dr.Vasconcellos.

Segundo ele, as maiores dificuldades en-contradas foram no acompanhamento pos-terior à operação. “Os componentes dessasmissões específicas eram e são profundamen-te experimentados nos tipos de cirurgias re-alizadas: principalmente reconstrução denervos periféricos e transplantes microcirúr-gicos”, argumenta o especialista, acrescen-tando que a experiência na Europa, onde seespecializou na reconstrução do plexobraquial, foi um grande diferencial para suaatuação, uma vez que é o tipo mais grave delesão e poucos médicos estão habilitados afazer. “É o tipo de cirurgia mais complexa.Quem sabe fazê-la, pode fazer qualquer ope-ração”, explica.

Medicina deficienteMedicina deficienteMedicina deficienteMedicina deficienteMedicina deficienteDiferente de Israel, que possui um dos mai-

ores centros mundiais de especialização emmedicina de guerra, além de tecnologia e me-dicina avançada para tratar as vítimas do per-manente conflito, os lugares por onde o Dr.Vasconcellos esteve apresentavam enormesdeficiências no campo médico. A começarpelos cirurgiões, que não têm possibilidadede se especializar. Dessa maneira, quandose faz necessário o conhecimento específi-co, os médicos não têm competência paraatuar, principalmente no que diz respeito aostipos de reconstruções necessários, que sãosofisticados.

A falta de faculdades de Medicina impos-sibilita uma melhor formação. “Grande par-te dos médicos foi formada durante a Guer-ra Fria. Por esse motivo, eles têm muita liga-ção com a Medicina do mundo comunista esão relativamente fracos. Os melhores pro-fissionais são os formados no Egito. Existepouca possibilidade de intercâmbio, pois elesnão conseguem sair tão facilmente”, expli-ca.

Apesar de a equipe médica estrangeira pos-suir total autonomia para atuar, uma vez queestava ali realizando um trabalho especializa-do, o Dr. Vasconcellos também observouuma maneira diferente de tratar o paciente,de forma autoritária, principalmente no tra-

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Nesses locais,

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Médicos Sem FMédicos Sem FMédicos Sem FMédicos Sem FMédicos Sem FronteirasronteirasronteirasronteirasronteirasA ONG Médicos Sem Fronteiras foicriada em 1971 por um grupo de jo-vens médicos e jornalistas que, emsua maioria, tinham trabalhadocomo voluntários em Biafra, regiãoda Nigéria, que, no final dos anos60, estava sendo destruída por umaguerra civil. A organização surgiucom o objetivo de levar cuidados desaúde para quem mais precisa, le-vando atendimento médico a vítimasde catástrofes, conflitos, epidemiase exclusão social. Atua em cerca de

forma prevista nas Convenções deGenebra.É reconhecida pelo governo brasilei-ro como sociedade de socorro volun-tário, autônoma, auxiliar dos pode-res públicos e, em particular, dos ser-viços militares de saúde, bem comoúnica sociedade nacional da CruzVermelha autorizada a exercer suasatividades em todo o território bra-sileiro.Os interessados devem procurar oescritório mais próximo.Site: www.cvb.org.br

70 países.Os voluntários precisam ter curso su-perior, domínio do inglês e de uma se-gunda língua. O processo de seleção éfeito apenas em alguns escritórios noexterior. É necessário enviar o currícu-lo e uma carta de intenção em inglêspor e-mail.Site: www.msf.org.br

CCCCCruz Vruz Vruz Vruz Vruz VermelhaermelhaermelhaermelhaermelhaA Cruz Vermelha Brasileira foi fundadaem 5 de dezembro de 1908 e, desdeentão, tornou-se instituição modelar, da

CONHEÇA ALGUMAS INSTITUIÇÕES COM TRABALHO VOLUNTÁRIO

tamento da mulher. “É uma forma dife-rente de ver a hierarquia.”

Durante suas viagens, o médico passoupor três hospitais. Na cidade de Gaza, umgrande hospital chamado Al Shifa. EmKhan Yunnes, um pequeno, e em Nablus,na Cisjordânia, um hospital médio. Ape-sar da diferença de porte, todos eram bas-tante sucateados. “Todo o material neces-sário foi montado através de doações, masnão ocorre reposição de material.”

A maior dificuldade, no entanto, foi acarência de recursos humanos especiali-zados. Faltavam anestesistas, enfermeirosde qualidade, fisioterapeutas. Dessa for-ma, todos os procedimentos cirúrgicosque precisavam de acompanhamento pós-operatório deixavam de ser realizados.

ResultadosResultadosResultadosResultadosResultadosEm uma área correspondente a um quar-

to da capital paulista, na Faixa de Gaza vivemais de 1,5 milhão de habitantes. Duranteo total de missões realizadas – que, no iní-cio, aconteciam mensalmente – o núme-ro de cirurgias não passou de mil. “Para ovolume que existe, o resultado global é mui-to pequeno”, explica Dr. Vasconcellos.

O mais importante dessas missões, se-gundo ele, é o ensinamento de técnicascirúrgicas aos médicos locais. Desde 2002,

os especialistas realizam um treinamento,no qual os médicos locais são submetidosa uma prova e ganham um tipo de especi-alidade. “Não é a mesma formação que nóstemos. Eles observam as cirurgias, treinamas mais simples e começam a aplicá-las”,explica.

“O mais importante é isso. Quanto àsoperações, não dá para imaginar que irãoresolver muita coisa. É importante paraquem foi tratado, mas globalmente, o re-sultado é pequeno. Nesse aspecto, édecepcionante”, argumenta o médico.

A última vez que o Dr. Vasconcellos es-teve na Faixa de Gaza foi em 2006, antesdo Hamas retornar ao poder. Depois dis-so, optou por não voltar, em decorrênciados sequestros que aconteceram com osmédicos humanitários. “O que mais mepreocupa são os sequestros. O Hamas se-questrou alguns profissionais de saúde fran-ceses e um jornalista europeu. Ir ajudar eainda ser sequestrado, isso eu não admito.”Mais de dois anos depois, no entanto, – ecom o Hamas mais fraco – ele já programao retorno em março deste ano. De suas ex-periências, o que mais o impressionou fo-ram as várias crianças e adolescentes dou-trinados a se tornarem mártires pela causa.“Guerra é uma droga. É bom somente paraquem vende arma”, conclui. r

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Ética napublicidademédica

s Conselhos Federal eRegionais de Medicinatêm registrado o cresci-mento do número de de-núncias que envolvem a

publicidade médica irregular. Sãopropagandas que trazem irregulari-dades como divulgação de serviçosmédicos de forma sensacionalista ousem fundamentação científica; explo-ração da imagem de pacientes; mer-cantilização do ato médico (carnês,sorteios e “promoções” de procedi-mentos médicos), dentre outras in-frações éticas.

No período de janeiro de 2000 adezembro de 2005, o tema Publici-dade Médica ficou em quarto lugar

por Nina Rahe

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ma sensacionalista, contendo fotosapelativas, propondo planos de parcela-mento, informando valores de procedi-mentos, atendimento privilegiado, pro-cedimentos não reconhecidos pelo Con-selho Federal de Medicina (CFM), são al-guns dos itens que não poderão ser di-vulgados. A divulgação de especialidadesnão registradas no Conselho Regional deMedicina (CRM) ou de especialidade nãoreconhecida pelo CFM, como a medici-na estética, também não é admitida emqualquer meio de comunicação. Os ter-mos ‘pioneirismo’ e excelência não de-vem ser usados, pois, se um profissionalou uma determinada entidade presta umtrabalho primoroso à população, não hánecessidade desses artifícios. Os seusbons resultados são a sua própria propa-ganda. As propagandas veiculadas devemter o intuito de informar, orientar e es-clarecer o cidadão.

Dessa forma, informar à população so-bre disponibilização de nova aparelha-gem ou de novos procedimentos, se re-conhecidos pelo CFM, é permitido, des-de que seja de forma correta e com bomsenso. O profissional médico e as enti-dades ligadas à área médica, quando fo-rem efetuar qualquer divulgação, deve-rão ter conhecimento prévio da Resolu-ção CFM nº 1701/2003 que normatiza apublicidade médica e, havendo dúvidas,encaminhar o material publicitário a serveiculado para análise da Codame.

Para o Dr. Roberto D´Ávila, vice-presi-dente do CFM, as propagandas médicasdevem evitar que profissionais não espe-cialistas induzam o paciente ao erro, pen-sando tratar-se de especialista na áreaanunciada, o que configura propagandaenganosa. “Além disso, o médico deveevitar sensacionalismo e autopromoção,não sendo aceitas as propagandas quelistam uma série de doenças e/ou apare-lhos ‘milagrosos’, evitando que o pacien-te deduza que o mesmo é o profissionalmais atualizado, habilitado e experientena área”, argumenta.

Segundo o Dr. Camarim, a publicidade

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no ranking das principais denúncias fei-tas ao Conselho Regional de Medicina deSão Paulo (Cremesp). Foram 828 denúnci-as de irregularidades em publicidade mé-dica, atrás de temas como negligênciamédica (4.334 denúncias), relação médi-co-paciente (1299) e perícias médicas(1.265). Em 2007, o Cremesp registrou quea cirurgia plástica ocupa o primeiro lugarentre as especialidades, com 46% das de-núncias. Ainda assim, o número apresen-tou uma queda referente ao ano de 2006,no qual a especialidade foi responsável por64% das denúncias. O mesmo não acon-teceu com a dermatologia, que subiu de9% em 2006 para 17% em 2007. Segundoo Dr. Lavínio Nilton Camarim, coordena-dor dos trabalhos da Comissão de Divul-gação de Assuntos Médicos (Codame) noâmbito do Cremesp, é importante lembrarque essas não são as únicas especialidadesque têm registrado irregularidades na pu-blicidade médica. “Uma das principais pre-ocupações são referentes às especialidadesnão reconhecidas, que têm crescido de for-ma galopante, como a medicina estética, amedicina ortomolecular e a carboxiterapia.Alguns médicos estão anunciando proce-dimentos ainda não reconhecidos peloConselho Federal de Medicina”, explica.

As Resoluções do Conselho Federal deMedicina e o Código de Ética Médica, Ca-pítulo XIII, relativo à publicidade médica,estabelecem normas específicas em rela-ção às divulgações. De certa forma, a mídiainduz o indivíduo à mercantilização e cabeao profissional médico o bom senso e apli-cação da ética médica. Sendo assim, expora figura de paciente em programastelevisivos, jornais e revistas, através deimagens “antes e depois”, com o intuitode angariar clientela, não é admitido. Oleigo, na crença de resultados semelhan-tes, é muitas vezes induzido à espera deresultados que podem não ser alcançados.Dessa maneira, essa prática é uma formade ludibriar, pois não há como prometerum resultado, uma vez que cada indivíduotem suas particularidades.

Material publicitário, veiculado de for-

Dr. Lavínio Nilton Camarim

Dr. Roberto D’Ávila

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é benéfica quando feita de forma comedi-da e dentro de toda a veracidade, não inva-dindo a privacidade do paciente. “A publi-cidade tem que ser feita de forma verídica.É importante para levar a informação, masnão de forma abusiva.”

O que o CFM tem registrado é que mui-tas das propagandas são enganosas, poden-do lesar o consumidor ou até mesmo re-presentar riscos à saúde dos pacientes. OsConselhos Regionais, por meio dasCodames, têm feito um trabalho preventi-vo para evitar esses abusos. A Codame doCremesp também tem buscado prevenir osabusos nessa área. Segundo Dr. Camarim,o trabalho começou efetivamente há trêsanos, embora a Codame exista desde a dé-cada de 70. “Há três anos é que o trabalhobasicamente está feito com maior ênfase edinamicidade porque nós avaliamos 2005a 2006 e, nesse período, dois médicos fo-ram cassados por publicidade médica irre-gular.” As cassações chamaram a atençãodo Cremesp e a Codame começou a fazerum trabalho pedagógico com ênfase naeducação por perceber que o médico nãoestá ciente das normatizações da publici-dade médica.

O trabalho está sendo realizado em vári-as fases, mas o ponto principal foi a reali-zação de fóruns de publicidade médica tan-to na capital quanto no interior do Estado.Foram realizados no total 35 fóruns, sendodois deles realizados na capital. Os eventoscontaram com a participação de médicos,assim como agentes de publicidade e con-

vidados. “Esses fóruns foram de enorme im-portância para abrir os olhos dos profissio-nais médicos, como também dos profissionaisda área de publicidade e jornalismo. O quedetectamos é que estava acontecendo uma pu-blicidade abusiva e sendo realizado um comér-cio da medicina, com promessas de resulta-dos e divulgação de fotos do antes e depois”,conta Dr. Camarim. O médico também expli-ca que a demonstração de resultados como oantes e o depois reduz o procedimento médi-co, que depende da destreza do profissional,do material utilizado, da técnica empregada eda reação orgânica do corpo do próprio paci-ente. Além disso, a divulgação de fotos de pa-cientes quebra o sigilo médico e visa àautopromoção.

Segundo Dr. D´Ávila, a publicidade médicapode ser feita, desde que atenda aos princípi-os éticos básicos. “A medicina não é comér-cio, o interesse do paciente está acima do in-teresse pessoal do médico. Este não pode ven-der ou comercializar produtos e receber ‘ho-norários’, em vez de salário pelo seu trabalho.Ele coloca à disposição o seu conhecimentopara tornar a vida de seus pacientes melhor.Portanto, a publicidade médica deverá ser dis-creta, verdadeira, objetiva, privilegiando a es-pecialidade em que atua cada médico, núme-ro de inscrição no CRM em que atua, além doendereço e telefone do consultório ou clíni-ca.”

Os Conselhos Regionais de Medicina sãoos órgãos responsáveis pela fiscalização e pelaapuração das denúncias, podendo agir tam-bém de ofício ao detectar alguma irregulari-

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dade em qualquer meio de comunicação. OCFM somente atua como Tribunal Recursal.As punições estão previstas na Lei n0 3268/57 (criação dos Conselhos de Medicina) eque vão desde uma advertência confidenci-al até a cassação do exercício profissional.

O Dr. Camarim explica que, quando é de-tectada uma possível publicidade irregular,o Conselho instaura uma sindicância queserá analisada e avaliada, podendo virar umprocesso ético-profissional e, através dele,se chegará a um julgamento, no qual o mé-dico poderá ou não ser absolvido. Se for con-siderado culpado, o médico terá uma das cin-co penas previstas. São elas, por ordem degravidade: advertência confidencial, censu-ra confidencial, censura pública, suspensãodo exercício profissional em até 30 dias e,por último, cassação do exercício profissio-nal. A cassação geralmente acontece em ca-sos de reincidência.

Segundo Dr. D´Ávila, as principais irre-gularidades denunciadas são: anúncio de es-pecialidade para a qual o médico não se en-contra habilitado ou registrado como espe-cialista no Conselho Regional de Medicina;autopromoção na qual alega ser o único querealiza determinado procedimento ou o úni-co que dispõe de determinada aparelhagem;entrevistas aparentemente de utilidade pú-blica nas quais ao final o médicodisponibiliza o endereço e telefone do con-sultório ou clínica etc.

Entre os principais meios nos quais ocor-rem irregularidades, as denúncias apontampara as revistas e a internet. Em relação àsrevistas, as ações da Codame conseguiramcoibir parte das irregularidades. Agora, ofoco principal é a internet. Geralmente, as

denúncias são feitas por pacientes, médicos,e pelo próprio Setor de Fiscalização dosCRMs, assessorados pela Codame dos CRMs.No Cremesp, a Codame também tem atuadona chamada busca ativa. “Estamos institu-indo de maneira forte a busca ativa em jor-nais e revistas de diversas cidades. Agora, aprincipal meta é a internet. Existem 17 dele-gados do Cremesp que diariamente fazembuscas ativas em sites médicos e em jornaise revistas do interior”, explica o Dr. Cama-rim e argumenta: “O Conselho não é contraa publicidade. Achamos que é um dever domédico levar a informação de novas técni-cas para os pacientes. Mas não dá para pro-meter resultados ou fazer da medicina umcomércio.”

Segundo ele, o Cremesp também está pre-ocupado com a formação e capacitação dosmédicos porque, enquanto nos últimos 10anos a população do estado de São Paulocresceu em torno de 12%, o número de mé-dicos aumentou em torno de 40% e o nú-mero de denúncias contra médicos, de for-ma geral, aumentou 140%. Para ele, os pro-blemas estão, em grande parte, na má for-mação e na falta de capacitação adequada demuitos profissionais e são justificados pelonúmero insuficiente de vagas nas residên-cias médicas e pela abertura indiscriminadade algumas faculdades que estão deixandomuito a desejar. “É um dever da classe médi-ca divulgar as novas técnicas, mas de ma-neira comedida, sem sensacionalismo e semautopromoção. Acreditamos e damos todoembasamento para que a publicidade se façade forma adequada, evitando o sensaciona-lismo, a quebra do sigilo médico e o comér-cio da medicina”, conclui Dr. Camarim. r

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Busca pela regeneração dopâncreas de diabéticos

Nunca imaginei que seria possível suspender a insulina de um paci-ente com diabetes”, revela o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, dou-tor em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universi-dade de São Paulo em Ribeirão Preto (FMRP-USP). De fato, o usoda insulina sempre foi inquestionável. Mas não é mais. Integran-

te da equipe de transplante de célula-tronco do Hospital das Clínicas da Faculdadede Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Dr. Couri está a frentedesde 2003 de um estudo pioneiro com células-tronco hematopoiéticas em paci-

por Camila Balthazar

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entes tipo 1 recém-diagnosticados. Além dis-so, em setembro de 2008, a equipe iniciouum novo protocolo envolvendo células-tron-co mesenquimais.

O primeiro protocolo – “Transplanteautólogo de células-tronco hematopoiéticasem pacientes diabéticos tipo 1 recém-diag-nosticados” – utiliza a quimioterapia para“desligar” o sistema imunológico. “É paradesligar mesmo, como se fosse um compu-tador. Depois liga de novo com célulashematopoiéticas do próprio paciente”, expli-ca o Dr. Couri. Essa célula regenera o siste-ma imunológico – fenômeno chamado dereset imunológico –, que necessita parar deagredir o pâncreas.

O endocrinologista explica que o sistemaimunológico do paciente com diabetes des-trói progressivamente as células produtorasde insulina. “Não é possível regenerar o pân-creas, mas sim preservar as células que aindanão foram destruídas.” Por esse motivo, paraparticipar do estudo os pacientes voluntáriosdevem ter no máximo seis semanas de diag-nóstico da doença.

“O grande inconveniente desse protoco-lo é a imunossupressão severa. O pacientefica 30 dias internado no hospital e sofre asconsequências do procedimento, como vô-mito, queda de cabelo, infertilidade e riscode óbito”, esclarece o endocrinologista. Dos23 pacientes que participam do estudo, 20pararam de usar insulina em algum momentoe 14 deles estão atualmente livres da injeção.

Os pesquisadores não afirmam ter encon-trado a cura. O que eles buscam é uma ma-neira de proporcionar mais qualidade devida ao paciente sem aplicação de insulina,porém mantendo um estilo de vida saudá-vel. “O diabetes é uma doença crônica e quepode ser controlada. É muito cedo para usara palavra cura”, diz o Dr. Curi.

Um grande passoNo final do ano passado, a equipe iniciou

um segundo protocolo – “Transplante

halogênico de células-tronco mesenquimaisem pacientes com diabetes tipo 1 recém-di-agnosticados” –, visando “driblar” a imunos-supressão severa necessária no primeiro es-tudo. “É um estudo totalmente brasileiro,que já apresentou altíssimo impacto em pu-blicações e inclusive já ganhou espaço namídia internacional, como nos jornais NewYork Times e Le Monde”, afirma oendocrinologista.

Diferentemente do primeiro, esse proto-colo baseia-se na infusão de células-troncomesenquimais extraídas da medula óssea deum parente do paciente com diabetes. “Es-sas células mesenquimais são levadas para olaboratório e proliferadas. Depois disso, fa-zemos infusões mensais dessas células naveia dos pacientes”, explica o Dr. Couri eressalta que essa célula é muito atraente porapresentar a capacidade de bloquear aautoimunidade, além de propriedadesregenerativas no pâncreas.

A célula mesenquimal encontra o pân-creas através de quimiotaxia. “O tecido in-flamado – o pâncreas – serve de guia. Nossogrande risco é que a célula mesenquimal pro-lifere-se em outros tecidos podendo gerarcâncer”, salienta. No entanto, estudos emanimais mostram que a célula mesenquimalé capaz de reverter o diabetes tipo 1. Segun-do o endocrinologista, teoricamente seriapossível reverter o quadro até mesmo empacientes com mais de quatro semanas dediagnóstico.

Atualmente dois pacientes participam doprotocolo e recebem infusões mensais dascélulas-tronco mesenquimais. “Nossos es-tudos ainda estão em andamento, mas pos-so adiantar que os resultados são bons”, re-vela o Dr. Couri.

Os pacientes que queiram participar dosestudos – células-tronco hematopoiéticasou mesenquimais – devem ter entre 12 e 35anos, menos de quatro semanas de diag-nóstico e não ter apresentado cetoacidosediabética.r

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Dr. Carlos Eduardo Barra Couri

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por Nina Rahe

Rebrac: uma nova base dedados para pesquisa clínica

cada dia que passa a prá-tica da ciência em nossopaís torna-se mais valori-zada e mais integrada.Um exemplo disso é o re-

cente anúncio feito pelo Ministério daSaúde sobre a criação do Registro Brasi-leiro de Ensaios Clínicos (Rebrac), umaplataforma informacional desenvolvidacom software aberto que permitirá a co-municação com a Plataforma Internaci-onal de Registro de Ensaios Clínicos/OMS, a Comissão Nacional de Ética emPesquisa (Conep), a Biblioteca Regional

de Medicina (Bireme) e o Registro Re-gional da América Latina e Caribe, ten-do sua base física na Fundação OswaldoCruz (Fiocruz).

A ideia é disponibilizar para a socie-dade e para a comunidade científica in-formações de interesse público sobre odesenvolvimento e os resultados dos en-saios clínicos feitos no Brasil. O Rebracficará sob a coordenação do Departamen-to de Ciência e Tecnologia (Decit) doMinistério da Saúde. O sistema adotadooferecerá informação em três idiomas:português, inglês e espanhol.

De acordo com Itajaí Oliveira de Al-buquerque, coordenador geral de Ges-tão do Conhecimento do Departamen-to de Ciência e Tecnologia do Ministé-rio da Saúde, ao criar o Registro Brasilei-ro de Ensaios Clínicos, o Ministério daSaúde está atendendo a uma recomen-dação da Organização Mundial da Saú-de (OMS), que pede que seus estadosmembros, com competência científica etecnológica, constituam plataformas na-cionais de registros de ensaios clínicos,articuladas entre si e com a PlataformaInternacional de Registro de EnsaiosClínicos da OMS.

“A implantação de uma plataforma na-cional para registro de ensaios clínicosbeneficia tanto os pesquisadores, quan-to os profissionais de saúde atuantes noSUS e a sociedade como um todo, por-que quando uma pesquisa for iniciada,todas as etapas relacionadas à sua execu-ção serão registradas e preservadas emambiente informacional público, inclu-indo os desfechos positivos e negativosobservados durante a realização do en-saio. E como a história da ciência de-monstra, os resultados negativos são tãoimportantes quanto os positivos para oprogresso científico e para a segurançada coletividade”, comenta Albuquerque.

Por meio da nova base de dados, qual-quer pessoa poderá ter acesso às pesqui-sas registradas. No entanto, Albuquer-que afirma que o sistema autorizará ní-veis diferenciados de acesso aos dados,para garantir a confidencialidade daspesquisas, a segurança e a inviolabilidade

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Dr. Itajaí Oliveira deAlbuquerque

da informação, conforme exigido pela legisla-ção e pelos princípios de ética em pesquisacom seres humanos.

Segundo Albuquerque, a previsão é de quea plataforma de registro de ensaios clínicosesteja funcionando até dezembro deste ano.“A partir de então, os pesquisadores já pode-rão registrar suas pesquisas e incluir os dadosque serão obtidos com o desenvolvimento decada etapa do progresso da investigação. Aquié preciso contextualizar que o Rebrac é uminstrumento de gestão relacionado com a di-mensão executiva da pesquisa clínica. Por essarazão, antes do pesquisador fazer o registrono Rebrac, o protocolo terá de ser registrado eaprovado na Plataforma Brasil do SistemaCEP/CONEP. Assim, o pesquisador navega-rá num ambiente amigável entre plataformasque buscam como resultado final a garantiado cumprimento dos princípios éticos e cien-tíficos que permitem conduzir uma pesquisaem saúde com segurança metodológica, qua-lidade técnica e tecnológica, responsabilida-de com o sujeito de pesquisa e transparênciaquanto aos desfechos observados.”

Albuquerque conta ainda que o Rebrac temtido ótima repercussão entre os pesquisado-res, principalmente entre aqueles voltados pararealização de ensaios clínicos. “Dentre eles des-tacamos aqueles que integram a Rede Nacio-nal de Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensi-no, constituída por 19 centros financiados pelaSecretaria de Ciência, Tecnologia e InsumosEstratégicos e localizados nas regiões Norte,Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país.Temos também recebido manifestações posi-tivas quanto à importância do projeto para ospaíses que integram o Mercosul. Tudo isso cer-tamente decorre do mérito do projeto em si,mas contribui para a credibilidade interna eexterna das parcerias e colaboraçõesestabelecidas para torná-lo realidade, na qualparticipam além do Ministério da Saúde, aFiocruz, a Bireme, a Anvisa e o Conep.

Além disso, o coordenador diz que o Rebracdeve fortalecer a gestão da pesquisa clínica noBrasil e constituir uma experiência valiosapara estruturar um registro regional de ensai-os clínicos, ou seja, um ambiente científicoonde os países da América Latina e do Caribe

possam registrar pesquisas realizadas em seusrespectivos territórios. “Por outro lado, comoas Plataformas Brasil e Rebrac são estruturadascom base em códigos abertos de informática,outros países que desejem se candidatar a terum registro primário de ensaios clínicos narede da OMS poderão dispor do projeto semqualquer custo.”

Palavra de pesquisadorPalavra de pesquisadorPalavra de pesquisadorPalavra de pesquisadorPalavra de pesquisadorNa opinião do Dr. Carlos Eduardo Barra

Couri, pesquisador da Equipe de Transplantede Células-Tronco do Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP, a criação do Rebrac é uma iniciativa quemarca a maturidade da comunidade científicanacional. Afinal, esse banco de dados já existeem diversos países e o grupo de pesquisa daUSP de Ribeirão Preto já teve que incluir seusestudos em bancos de países estrangeiros parater aceitação em uma publicação internacio-nal.

“É descrito no código de ética em pesquisaque tanto os pacientes que participam de pes-quisas quanto a sociedade, em geral, devem tercompleta ciência dos potenciais riscos, benefí-cios e resultados obtidos em determinada pes-quisa, sejam eles positivos ou negativos. Porisso, o fato de os dados do Rebrac ficarem dis-poníveis aos leigos é apenas uma forma de tor-nar mais explícito um direito já resguardadoanteriormente”, acrescenta.

O Dr. Couri explica que quando uma deter-minada hipótese é testada em uma pesquisa,não só os resultados ditos positivos são impor-tantes. Mesmo resultados tidos como negati-vos dão também contribuição para a ciência,pois evitam que determinada hipótese seja tes-tada novamente, da mesma maneira. Evita tam-bém a exposição de novos voluntários e maio-res gastos.

O pesquisador ressalta que apesar de a pro-dução científica nacional estar em ampla pro-gressão, tanto em número quanto em qualida-de, é sempre bom poder compartilhar os estu-dos. “Muitas vezes a união de dados de diferen-tes centros de pesquisa dá mais peso ao estudoe mais impulso para uma publicação de altoimpacto, o que seria difícil se cada centro fizes-se a tentativa isoladamente.” r

Dr. Carlos Eduardo Barra Couri

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Saúde: mais do quenunca vale a penainvestir

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) reve-lou que o Brasil está no caminho certo em relação aos investimentos quefaz na área da saúde. Os pesquisadores constataram que “o retorno é melhordo que na maior parte dos países da Organização para a Cooperação eDesenvolvimento Econômico (OCDE)”, afirma Alexandre Marinho, autor

do texto para discussão nº 1370, “Brasil e OCDE: avaliação e eficiência em sistemas de saúde”,em coautoria com Simone Cardoso e Vivian Almeida.

Marinho ressalta que a pesquisa não afirma a excelência dos serviços de saúde no Brasil,pois os indicadores ainda são muito ruins quando comparados com a média dos mesmosindicadores observados na OCDE, porém existem retornos relativamente amplos para apri-

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) colocou o Brasil em primeiro lugar emeficiência nos gastos com a saúde. Governo se empenha para melhorar o atendimento à população

por Thais Martins

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moramento do sistema. “Eficiência não équalidade, devemos levar em conta o gasto(custo/benefício) de modo a fazer mais como mínimo de recursos.”

A pesquisa contabiliza que a aplicação derecursos na saúde no Brasil é mais sensível etende a gerar mais efeitos do que nos paísesricos da OCDE. “O aumento do gasto percapita de 1% faz com que o número de mor-tes de crianças até um ano diminua de 32para 21 em cada mil. Em um incremento degasto per capita de 1%, ou seja, US$ 15,197 amais por ano, o brasileiro ganha, aproxima-damente, cinco anos de vida”, aponta o autor.

Ao todo foram analisados 31 países: Alema-nha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Cana-dá, Coreia, Dinamarca, Eslováquia, Espanha,Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia,Holanda, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália,Japão, Luxemburgo, México, Nova Zelândia,Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido,República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia. Oestudo cruzou os investimentos em saúde decada país e as melhorias alcançadas em diver-sas áreas: esperança de vida ao nascer parahomens; esperança de vida ao nascer paramulheres; índice de sobrevivência infantil;anos de vida recuperados para doençastransmissíveis; anos de vida recuperados paradoenças não transmissíveis; anos de vida re-cuperados para causas externas; tamanho dapopulação; e a área geográfica. As variáveisforam retiradas do site da Organização Mun-dial da Saúde (OMS).

“Como o estudo trata de variáveis quequanto maiores, melhor para a sociedade,foi realizada uma transformação que tornaessas variáveis positivas para os países emestudo. Assim, ao invés de utilizar Índice deMortalidade Infantil foi utilizado um índiceconstruído denominado, no trabalho, deÍndice de Sobrevivência Infantil. O indica-dor de anos de vida perdidos por doenças,que é utilizado pela OMS estima, no total dapopulação, quantos anos de vida perdidospodem ser atribuídos a diferentes morbida-des em relação à esperança de vida ao nascerda população”, complementa VivianAlmeida.

A complexidade da avaliação da eficiên-

cia de serviços de saúde passa, também, porconsiderações a respeito de variáveis e indi-cadores relevantes sobre os quais os gestorese autoridades podem não ter muita influên-cia – por exemplo o tamanho da população –,ou mesmo nenhuma influência, como a áreaterritorial.

De acordo com a pesquisadora, o objetivonão era apontar quais os caminhos necessá-rios para elevar a eficiência do Brasil em ter-mos de saúde. “Os resultados revelam que opaís tem um espaço considerável para me-lhoras em seu sistema, dado que o retornodos investimentos em saúde no País são re-lativamente altos quando comparados aospaíses da OCDE.”

No ranking dos 10 mais eficientes, o Brasilficou na frente da Turquia, México, Hungria,Eslováquia, Polônia, Coreia, República Tche-ca, Portugal e Estados Unidos. Em algumasavaliações, como a do cruzamento do gastode saúde com esperança de vida ao nascer dehomens e mulheres e a sobrevivência infan-til, a situação brasileira (com 37,14% de efici-ência) é pior do que a maioria dos países daOCDE, mas melhor do que Estados Unidos(15,55%), Austrália (36,34%), Canadá (35,77%),Áustria (33,19%), Suíça (35,25%) eLuxemburgo (21,91%). “Essas informaçõesfazem parte de um dos 15 modelos de análiseelaborados pelos pesquisadores. A posição decada país varia de acordo com cada modelo.Analogamente, Brasil e Estados Unidos têmas piores avaliações no modelo que inclui avariável densidade demográfica do que nosque incluem população ou área geográfica”,diz Marinho.

O orçamento do Ministério da Saúde paraeste ano é de R$ 59,5 bilhões, o maior desde1995. Desses recursos, R$ 27 bilhões estãoprevistos para assistência ambulatorial ehospitalar especializada. A segunda rubricacom mais dotação é a atenção básica em saú-de com R$ 9,5 bilhões.

Segundo o ministro da Saúde, José Go-mes Temporão, os dados do IPEA demons-tram que o SUS, as suas principais políticas,estratégias e programas, mesmo com osubfinanciamento, conseguem dar retornopara a sociedade brasileira, que justifica ple-

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Vivian Almeida

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namente o esforço construído nos 20 anosdo SUS. É a prova de que iniciativas como oSaúde da Família, a atenção integral à saúdeda mulher e da criança, o Programa Nacio-nal de Imunizações, prevenção e controleda aids, o atendimento nas urgências e emer-gências, a Política Nacional de Planejamen-to Familiar, entre outros programas, estãono caminho certo.”

Para o superintendente dos Hospitais daIrmandade da Santa Casa de Misericórdiade São Paulo, Antonio Carlos Forte, o Brasilrealmente tem grandes chances de avançarainda mais nesse sentido. “Se conseguirmosmelhorar a referência e contrarreferênciados serviços públicos e conveniados ao SUS,poderemos progredir muito. A implantaçãodas Organizações Sociais de Saúde (OSS)em São Paulo pelos governos estadual emunicipal, por exemplo, é sem dúvida umavanço administrativo e qualitativo, o queautomaticamente reflete em um melhoratendimento para a população. A tendênciaé que os demais Estados sigam o modelo.”

Os recursos financeiros do Hospital San-ta Casa oriundos do SUS são aplicados nocusto do atendimento, porém a necessida-de do complemento vem da renda dos alu-guéis de imóveis, doações e recursos da uni-dade particular. “Desde que o SUS passou apagar em dia, há mais ou menos 10 anos, ecom a ajuda do governo de José Serra foipossível equacionar as dívidas bancárias.Atualmente, estamos estáveis financeira-mente, mas falta verba para investimento.Por isso, estamos ampliando o atendimentopara particulares, inaugurando ainda este ano

o Hospital Santa Isabel 2”, planeja Forte.O orçamento anual do complexo todo da

Santa Casa é de R$ 600 milhões, o que per-mite realizar em média, por ano, cerca de 2,8milhões de atendimentos nos 12 hospitais docomplexo. “Os investimentos públicos emsaúde têm retorno imediato. Qualquer avan-ço na política de financiamento retorna ime-diatamente em benefício da população. Alémdisso, é muito importante na criação de no-vos empregos. Cada leito novo gera no míni-mo cinco empregos diretos fora os indire-tos”, conta o superintendente.

De acordo com a parceria fechada entre oMinistério da Saúde e o Banco Mundial, se-rão alocados US$ 235 milhões na melhorado atendimento à população, beneficiandomoradores de 10 regiões metropolitanas ede cinco não metropolitanas espalhadas peloPaís. O Projeto de Investimento para a Qua-lificação do SUS (Qualisus Rede) ajudará aampliar a eficiência do sistema universal decuidados de saúde, apoiando o desenvolvi-mento de redes de assistências regionais, oque resultará em uma melhor promoção, pre-venção, detecção e tratamento de problemasprioritários, com ênfase nas doenças nãotransmissíveis.

Na visão do diretor do Banco Mundial,Makhtar Diop, o aumento da eficiência nouso dos recursos para a área da saúde, com opropósito de conter o aumento de seus cus-tos, talvez seja o maior desafio enfrentadopelo sistema brasileiro. “Apesar do avanço edo progresso na reforma do setor, ainda sedepara com questões estruturais eorganizacionais”, finaliza o diretor.r

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Ácido acetilsalicílico com dipiridamolé tão eficaz quanto clopidogrel para aprevenção do acidente vascularcerebral recorrente

Questão clínicaQual a melhor abordagem para a pre-

venção do acidente vascular cerebralrecorrente?

ResumoO ácido acetilsalicílico associado ao

dipiridamol tem eficácia semelhante àdo clopidogrel para a prevenção do aci-dente vascular cerebral recorrente. Orisco de hemorragia intracraniana é li-geiramente menor com o clopidogrele as cefaleias são mais comuns com ouso da associação.

Nível de evidência = 1b

ReferênciaSacco RL, Diener HC, Yusuf S, et al,for the Prevention Regimen forEffectively Avoiding Second Strokes(PRoFESS) study group. Aspirin andextended-release dipyridamole versusclopidogrel for recurrent stroke. NEngl J Med 2008;359(12):1238-1251.

Desenho de estudoEnsaio clínico randomizado contro-

lado (duplo-cego)

Apoio financeiroIndústria

CasuísticaPacientes ambulatoriais (quaisquer)

Distribuição da amostraMascarada

DiscussãoTodos os agentes antiagregantes,

tais como o ácido acetilsalicílico, oclopidogrel e o ácido acetilsalicílicoassociado ao dipiridamol de libera-ção prolongada, reduzem o risco derecidiva do acidente vascular cere-bral. Comparações diretas já de-monstraram pequenos benefíciosadicionais do clopidogrel e da asso-ciação com o dipiridamol sobre oácido acetilsalicílico isolado, enquan-to o clopidogrel associado ao ácidoacetilsalicílico não é mais efetivo eaumenta o risco de sangramento.Esses pesquisadores recrutaram20.332 pacientes com mais de 55anos de idade que tiveram um aci-dente vascular cerebral isquêmiconos 90 dias anteriores ao recruta-mento. Eles também incluíram pa-cientes com idades entre 50 e 54anos entre 90 e 120 dias após umAVC caso eles tivessem pelo menosdois fatores de risco adicionais. Ospacientes foram aleatoriamente dis-tribuídos para receberem 25 mg deaspirina com 200 mg de dipiridamolduas vezes ao dia ou clopidogrel75mg duas vezes ao dia e foram acom-panhados por uma média de 2,5anos. O estudo teve um desenhofatorial 2 x 2, de maneira que os pa-cientes também foram designadospara receberem telmisartana ou pla-cebo, mas esses resultados não sãodescritos no artigo. A idade médiados participantes foi 66 anos, sendo

36% mulheres e 58% brancos. O re-sultado primário for acidente vascularcerebral recorrente, avaliado por umaequipe independente de monitora-mento. A análise foi por intenção detratamento e o ensaio foi de “não in-ferioridade” (ou seja, os autores esta-vam tentando provar que a associa-ção era pelo menos tão boa quanto oclopidogrel, não que era melhor). Essefoi o caso, uma vez que não houve di-ferenças entre os grupos para o resul-tado primário de acidente vascular ce-rebral recorrente (9,0% dos que rece-beram a associação versus 8,8% dosque receberam clopidogrel), na mor-talidade por todas as causas (7,3%versus 7,4%), ou no resultado com-posto de acidente vascular cerebral,infarto do miocárdio ou morte porcausas cardiovasculares (13,1% paraambos os grupos). Hemorragias im-portantes foram ligeiramente maiscomuns no grupo da associação(4,1% versus 3,6%, P = 0,05 númeronecessário para causar dano [NNH]= 200 em 2,5 anos), assim como he-morragias intracranianas (1,4% vs.1,0%, NNH = 250 em 2,5 anos). Acefaléia foi um efeito colateral maiscomum entre os pacientes que toma-ram a associação do que entre os pa-cientes que tomaram o clopidogrel(30% versus 7%) e os pacientes quetomaram a associação tiveram maiorprobabilidade de interromper o usoda medicação (5,9% versus 0,9%;NNH = 20). r

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Estudos inovadoressão destaque no 36ºCongresso da SBCC

por Camila Balthazar

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ntre os dias 26 e 28 de março des-te ano, Belo Horizonte recebeu o36º Congresso da Sociedade Bra-sileira de Cirurgia Cardíaca(SBCC). Segundo o presidente do

Congresso, o Dr. Eduardo A. Victor Rocha,foram cerca de 1.000 inscritos. “O grandedesafio foi reunir o mesmo número de par-ticipantes que estiveram em São Paulo noano passado.”

Uma das novidades para esta edição foi aintegração estabelecida com a AssociaçãoEuropeia de Cirurgia Cardiotorácica(EACTS). “Estivemos no Congresso euro-peu no ano passado e estabelecemos os pri-meiros contatos. Nossa proposta foi umaintegração, com benefícios para ambas associedades, e iniciamos com um Congres-so conjunto”, afirma o Dr. Walter Gomes,diretor científico da SBCC e professor as-sociado de cirurgia cardiovascular da Uni-versidade Federal de São Paulo (Unifesp),que também esclarece que a ideia foi muitobem recebida.

O interesse nessa associação é mútuo. Deacordo com o Dr. Gomes, para o Brasil émuito importante, pois a Europa está maisavançada cientificamente. Por outro lado,o continente europeu vê no Brasil um enor-me potencial de crescimento e,consequentemente, de interação. “A cirur-gia cardíaca na Europa já está estabilizada.Eles fazem 950 cirurgias por milhão de ha-bitante. Nós fazemos um terço desse nú-mero e, por isso, ainda precisamos triplicara quantidade de cirurgias para chegar aopatamar europeu”, esclarece.

Para discutir e acertar essa interação, doisrepresentantes europeus estiveram presen-tes no Congresso: o Dr. Paul Sargent, daBélgica, e o Dr. Manuel Antunes, de Portu-gal. Ambos proferiram duas conferênciasmagnas cada. Além deles, dois outros con-vidados estrangeiros foram destaques: o Dr.Joseph Coselli – com grande atuação emcirurgia endovascular –, dos Estados Uni-dos, e o Dr. Christiano Caldeira – com ên-fase no trabalho em corações artificiais –,brasileiro que mora nos Estados Unidos.Mais três convidados estrangeiros tiveramparticipação no Congresso, o Dr. Frank Cri-

ado (EUA), o Dr. Mohan Reddy (EUA) e oDr. Borut Gersak (Eslovênia), um númerorecorde na história dos Congressos da So-ciedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca.

No Brasil e no mundo, a cirurgia cardía-ca está passando por um processo de reno-vação em que privilegia operações menosinvasivas. “O grande esforço dos cirurgi-ões hoje é para minimizar a agressão dosprocedimentos cirúrgicos, mas com osmesmos resultados e a mesma qualidade.Nesse Congresso mostramos muitas des-sas novidades que estão sendo realizadaspor cirurgiões brasileiros”, afirma o Dr.Gomes.

Uma realidadeCom um projeto pioneiro nessa área, o

Dr. Robinson Poffo, cirurgião cardíaco doHospital Regional Hans Dietter Schmith,de Joinville, em Santa Catarina, apresen-tou seu trabalho sobre “Cirurgia CardíacaVideoassistida: Uma Realidade”. “O proje-to começou em 2004. Fiz minha formaçãonessa área na Universidade de Leipzig, naAlemanha, a equipe foi treinada e fomosatrás dos equipamentos necessários”, con-ta o Dr. Poffo.

Em fevereiro de 2006, eles realizaram aprimeira cirurgia cardíaca videoassistida,uma troca de válvula mitral. “A cirurgia éfeita através de pequenas incisões e o obje-tivo é diminuir o trauma ao organismo dopaciente. Ao agredir menos, a recuperaçãoé mais rápida e os riscos de sangramento,infecções e arritmia são menores”, esclare-ce o cirurgião. “A equipe já operou em tor-no de 150 pacientes e os resultados foramexcelentes”, diz.

Outro grande projeto do Dr. Poffo é acirurgia cardíaca baseada no conceito dacirurgia plástica e feita através do mamiloda mulher. “Essa cirurgia causa um efeitoestético excelente, o que reflete de formapositiva na recuperação. Ao ver uma inci-são pequena, a mulher sente-se melhor”,comenta o cirurgião. A primeira cirurgiarealizada desse tipo foi no final de 2007.Desde então, foram realizadas 142 cirurgi-as, sendo 46 via mamilo.

“Para um cirurgião cardíaco, essa práti-

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ca é um grande paradigma. Como esse es-pecialista pode mexer na mama? Essa foi acrítica que sempre recebi. No entanto, umcirurgião plástico acompanha todas as ci-rurgias realizadas. O resultado é fantásti-co”, salienta o Dr. Poffo.

Ventrículo artificial para criançasOutro trabalho de grande importância

apresentado no Congresso é o do Dr.Arlindo Riso, cirurgião cardíaco pediátri-co da Unidade de Cirurgia CardíacaPediátrica do Instituto do Coração (Incor)do Hospital das Clínicas da Faculdade deMedicina da Universidade de São Paulo(FMUSP), sobre o “DesempenhoHemodinâmico Experimental doVentrículo Artificial Pediátrico do Incor”.“O grande problema nos transplantes car-díacos pediátricos é a carência de doado-res. Por esse motivo, às vezes a criança es-pera muito tempo em um estado crítico”,explica o Dr. Riso. De acordo com ele, oventrículo artificial prolongaria o tempo devida do paciente enquanto espera um doa-dor.

No mercado mundial, há váriosventrículos artificiais, porém com preçosquase inviáveis. “Por isso, o prof. MiguelBarbero-Marcial, chefe do grupo, propôsdesenvolver o ventrículo artificial pediátri-co no Incor. Estamos em fase de experimen-tação animal e esperamos que a partir dosegundo semestre deste ano possamos pas-sar para a próxima etapa”, afirma o Dr. Riso.

De maneira geral, a incidência de insufi-ciência cardíaca grave em crianças é de cer-ca de 200 pacientes para um milhão. NoIncor, foram realizados 72 transplantes des-de 1992. Dados da Secretaria de Estado daSaúde mostram que, por ano, aparecem me-nos de 50 doadores abaixo de 10 quilos.Desses, menos de 10 conseguem ser utili-zados. Os dados ilustram a importância dese aumentar o tempo de vida dessas crian-ças e, assim, o tempo de se encontrar umdoador.

“A criança fica internada e conectada aoventrículo artificial aguardando o trans-plante – ‘ponte para transplante’. Nos casosde miocardite, há grandes chances de recu-

peração do coração, sem a necessidade dotransplante – ‘ponte para recuperação’”,completa.

Células-tronco mesenquimaisAlém dos trabalhos apresentados pelo Dr.

Poffo e pelo Dr. Riso, o Dr. Paulo Brofman,coordenador do Núcleo deCardiomioplastia Celular do Laboratório deEngenharia e Transplante Celular daPontifícia Universidade Católica doParaná (PUC-PR) e professor titular doCentro de Ciências Biológicas e da Saúdeda PUC-PR, apresentou seu estudo sobre a“Caracterização das Células-TroncoMesenquimais Isoladas de Diferentes Fon-tes e Avaliação do seu PotencialCardiomiogênico após Exposição ao Óxi-do Nítrico”.

“Nosso trabalho comparou células-tron-co mesenquimais de diferentes origens eanalisou a sua capacidade de diferencia-ção em células musculares cardíacas quan-do expostas a óxido nítrico, para que quan-do transplantadas recuperem também afunção do órgão pela miogênese e não ape-nas pela angiogênese, trazendo esperançade melhoria de qualidade de vida a maispacientes”, explica.

De acordo com o Dr. Brofman, tanto ascélulas obtidas da medula óssea como as dotecido adiposo mostraram um aumento deexpressão de alguns genes que se expres-sam tipicamente em tecido muscular car-díaco, assim como de um gene com impor-tante função na formação de vasos, oVEGF.

Seu grupo de pesquisa possui ampla e só-lida formação no isolamento, cultivo e pre-paro de células para transplante. “A terapiacelular já ultrapassou a pesquisa básica e pré-clínica e está sendo testada em ensaios clí-nicos para diferentes doenças. Buscam-seos resultados nas doenças neurológicas(AVC, trauma de medula, Parkinson, Alz-heimer e anoxia cerebral), nas autoimunes(diabetes, LES e EM), na do fígado (cirrose)e nas do coração (IAM e miocardiopatias).Todas com resultados muito promissores,porém as células-tronco ainda são utiliza-das em fase experimental”, finaliza. r

Dr. Eduardo A. Victor Rocha

Dr. Robinson Poffo

Dr. Paulo Brofman

Dr. Walter Gomes

Dr. Arlindo Riso

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Socesp disponibiliza novo siteO novo site da Sociedade de Cardiologia do Estado de SãoPaulo (Socesp) já está no ar. Principal canal de comunicaçãoda entidade com os médicos e a população, o portal da enti-dade (www.socesp.org.br) oferece dicas de saúde, link diretocom um especialista que responde individualmente às dúvi-das dos internautas, informações sobre os principais centrosespecializados do Estado, entre outros serviços.

Hospitais de excelência vãoqualificar a gestão do SUSO presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro daSaúde, José Gomes Temporão, participaram da soleni-dade em que seis hospitais de referência nacional e in-ternacional assinaram termos de ajuste para executarprojetos de filantropia voltados à melhoria dos serviçosdo Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa trará ganhospara o cidadão, por exemplo, a implantação de um sistemade telemedicina no Serviço de Atendimento Móvel deUrgência (Samu), permitindo que exames feitos nas am-bulâncias sejam acompanhados e interpretados, on-line,por cardiologistas em hospitais.Assinaram os termos de ajuste de filantropia os Hospi-tais Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Samaritano, Hospitaldo Coração (HCor) e Albert Einstein, todos localizadosem São Paulo, e a Associação Hospitalar Moinhos deVento, de Porto Alegre (RS). Essas instituições passa-rão a ter vínculo formal com o SUS por meio do desen-volvimento de projetos de avaliação e incorporação detecnologias; capacitação de recursos humanos; pesqui-sas de interesse público; e desenvolvimento da gestãoem serviços de saúde. Pela primeira vez, essas institui-ções passam a ter uma relação orgânica com o SistemaÚnico de Saúde.Com os projetos, que serão desenvolvidos em até trêsanos, o SUS ganhará em qualificação de seus serviços,recursos humanos e de sua capacidade técnico-científi-ca, o que refletirá na melhoria do atendimento aos seususuários. Os investimentos a serem realizados equiva-lem à totalidade da isenção de contribuições sociais deque gozam esses hospitais, sem qualquer prejuízo parao atendimento aos pacientes.

2º Simpósio Internacional de Trombose e Anticoagulação em Clínica MédicaEm outubro de 2009 São Paulo recebe alguns dos principais pesquisadores do mundo para o 2º Simpósio Internacional deTrombose e Anticoagulação. Trata-se de uma parceria da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) com o Instituto dePesquisas Clínicas da Duke University, dos Estados Unidos. O Simpósio terá as participações especiais dos médicos RenatoDelascio Lopes e Richard C. Becker, ambos da Duke University, entre outros.

Cetaphil ganha layout mais modernoA Galderma acompanha as tendências do mercado e mo-derniza as embalagens dos produtos Cetaphil. A linha, tra-dicional no mundo todo, ganha roupagem mais limpa emoderna, com linhas onduladas que envolvem o logotipodos produtos. O passo inicial foi dado com CetaphilAdvanced e Cetaphil Defense FPS 50, lançados neste anojá com o novo conceito de embalagem. Em seguida, foramalteradas as versões do sabonete líquido para pele oleosa,sabonete barra, sabonete para pele seca e loção de limpezapump. Cetaphil Shampoo é o próximo produto a ganharnova roupagem, no primeiro trimestre de 2009, comple-tando toda a linha.

SP ganha programa de combate aocâncer hereditárioO Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Octavio Fri-as de Oliveira” decidiu criar um programa voltado à preven-ção do câncer hereditário. O hospital criou um ambulatóriode aconselhamento para que os pacientes da unidade já di-agnosticados com câncer saibam como agir com seus fami-liares próximos.Pacientes do instituto com história familiar de câncer ouque apresentam a doença na mama ou no intestino em ida-de muito precoce, são encaminhados pelo oncologista paraavaliação no ambulatório. Uma série de perguntas é feitapara identificar a possibilidade de câncer hereditário e, umavez constatada, o trabalho de aconselhamento para familia-res é realizado. Desde o início das atividades do ambulató-rio, mais de 300 pacientes já receberam orientações sobrecânceres de origem genética.

Com visual modernizado, o site é segmentado: uma parte édestinada aos médicos e outra é específica à população.Três profissionais participam ativamente da atualização do con-teúdo: um diretor de informática, uma especialista em tecnologiada informação, responsável por atualizar as informações pelomenos três vezes por dia, e um editor. Além deles, há jornalistasda entidade que vão buscar notícias nas regionais.

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Blausiegel lança medicamento anticoagulanteA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro do medi-camento Hepamax S para a indústria farmacêutica Blausiegel após comprovaçãode Boas Práticas de Fabricação e eficácia do produto. Com ação antitrombóticaefetiva e tolerabilidade esperada, o Hepamax S (heparina não fracionada com altaperformance anticoagulante e alto grau de pureza) já está disponível para o merca-do na apresentação de caixa com 25 frascos-ampolas, contendo 25.000 UI deheparina sódica (suína) em 5 ml de solução injetável.

Neo Química lança opção em analgésicoO Laboratório Neo Química acaba de lançar mais um medicamento genérico: é oCloridrato de Tramadol, indicado para o alívio de dores de intensidade moderada agrave, de caráter agudo, subagudo e crônico. O analgésico é muito usado notratamento da dor grave proveniente de tumores ou de quadros pós-operatórios.

Neo Química lança Colírio Diclofenaco SódicoAmpliando o seu portfolio de genéricos, o Laboratório Neo Química acaba de lançaro colírio Diclofenaco Sódico. O medicamento é indicado no tratamento de reaçõesinflamatórias do segmento anterior do globo ocular, no tratamento da conjuntivitecrônica, em condições pós-traumáticas da córnea e no pré e pós-operatório da cirur-gia ocular. Também é utilizado para o alívio temporário da dor causada por fotofobia(sensibilidade à luz).

Sanofi-Aventis lança insulina de açãoultrarrápida ApidraChega ao mercado brasileiro a nova insulina análoga de ação ultrarrápida Apidra(insulina glulisina), indicada para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1 etipo 2, acima de 18 anos. Essa nova opção terapêutica apresenta alguns diferenciaiscomo: não contém zinco em sua formulação, é absorvida pelo organismo e começaa atuar rapidamente na redução e controle das taxas de glicemia. Esse mecanismo deação proporciona ao paciente um tratamento flexível, uma vez que a insulina podeser usada antes ou após as refeições. Dessa maneira, o paciente não precisa maistomar a insulina horas antes de se alimentar.

Dinaton está de voltaO Aché Laboratórios lança, em abril, uma nova opção de fitomedicamento para amelhora do fluxo sanguíneo: o Dinaton - Extrato seco de Ginkgo biloba 24%. Omedicamento conta com extrato seco padronizado 24%, o EEPG 246, que auxilia nofluxo sanguíneo ao oferecer maior quantidade de oxigênio e glicose para as células,melhorando, assim, as funções cognitivas do paciente. Dinaton será apresentadoem embalagens de 20 e 60 comprimidos de 80 mg.Dinaton oferece tratamento de qualidade que melhora os sintomas relacionados àmá passagem do sangue pelos vasos e incentiva os pacientes a aderirem à medica-ção. O produto chega para complementar a Linha Fitomédica SNC do Aché, que jáconta com Remilev (valeriana + lúpulo) e Remotiv (Hypericum perforatum).

Wyeth submetevacina 13-valentepara aprovaçãona AnvisaA Wyeth Indústria Farmacêutica aca-ba de submeter para aprovação pelaAgência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa), a vacina pneumocócicaconjugada 13-valente (VPC13) pararecém-nascidos e crianças de doismeses a cinco anos. Essa vacina éindicada para prevenção de doençaspneumocócicas invasivas, como me-ningite, pneumonia e otite médiaaguda, causadas pelos 13 sorotiposque estão incluídos na vacina.A vacina pneumocócica conjugada13-valente inclui os 13 sorotipos maisprevalentes nas doenças pneumocó-cicas como meningite, pneumonia,e otite média aguda. Sete dessessorotipos (4, 6B, 9V, 14, 18C, 19F e23F) estão incluídos na vacina pneu-mocócica 7-valente (internacional-mente conhecida como Prevenar) –que é o padrão global atual para pre-venção da doença pneumocócica emcrianças. Os outros seis sorotiposadicionais da nova vacina (1, 3, 5, 6A,7F e 19A) estão associados a umamaior responsabilidade nessas doen-ças invasivas remanescentes. TantoPrevenar como a VPC13 usam oCRM197, uma proteína carreadoraimunológica, usada há 20 anos emvacinas pediátricas.A Wyeth Indústria Farmacêutica ini-ciou os pedidos de aprovação da va-cina VPC13 para uso pediátrico mun-dialmente em 2008, incluindo os Es-tados Unidos, a Europa e outros paí-ses da América Latina. Nos EstadosUnidos, a Food and DrugAdministration (FDA) caracterizou aVPC13 como válida para ser avaliadapelo “Fast Track”. “Fast Track” é umadesignação para agilizar a aprovaçãode produtos para tratamento de con-dições graves, para as quais haja umaprioridade médica não atendida.A VPC13 também está sendo estuda-da mundialmente em fase 3 (estu-dos clínicos) para adultos. Espera-seque essa indicação seja submetida àaprovação dos órgãos competentesem 2010.

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MS financia estudo sobre células-tronco inédito no BrasilO Ministério da Saúde é um dos financiadores do estudo quelevou à primeira linhagem de células-tronco pluripotentesinduzidas. Elas são capazes de se transformar em qualquertipo de célula. São semelhantes às células-tronco embrioná-rias, mas não necessitam de embriões para serem obtidas. OBrasil passa a ser o quinto país a produzir células-troncopluripotentes a partir de células não embrionárias. Os pri-meiros foram Japão, Estados Unidos, Alemanha e China.A pesquisa foi coordenada pelo neurocientista Stevens Rehen,do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ), e pelo biomédico Martin Bonamino,do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A metodologia dapesquisa desenvolvida pela equipe está disponível no sitewww.anato.ufrj.br/ips e traz informações que normalmentenão são compartilhadas por pesquisadores estrangeiros quejá dominam a técnica. A intenção é estimular a utilização datécnica por outros laboratórios do País. As células-troncodesenvolvidas – chamadas de i-Rio-1 e iPS293 – estarão dis-poníveis gratuitamente para a comunidade científica brasi-leira associada à RNTC.

Anvisa aprova Botox para otratamento da bexiga hiperativaA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acabade aprovar uma nova alternativa para o tratamento dasíndrome da bexiga hiperativa. Além do uso neurológico ecosmético, a aplicação de Botox, da Allergan, é agoraindicada na Urologia para tratar a disfunção.Aplicado diretamente na bexiga, o produto causa o relaxa-mento temporário do músculo, impedindo contrações in-voluntárias. Trata-se de uma alternativa de tratamento quedeve ser indicada para os casos em que não se alcançoumelhora com o tratamento oral e fisioterapia (reabilitaçãodo assoalho pélvico). O produto é aplicado pela uretradiretamente na bexiga e, por isso, não apresenta os efeitoscolaterais comuns aos medicamentos orais e pode evitara necessidade de uma intervenção cirúrgica.A ação terapêutica dura em média seis meses – podendo-se realizar reaplicação após esse prazo – e o tratamentosomente pode ser indicado a adultos. O principal benefí-cio é que ele proporciona uma melhora acentuada na qua-lidade de vida dos pacientes, que recuperam a autoestimae retomam suas atividades rotineiras.

Dermage lança novo By FootPara proteger e suavizar a pele dos pés, a Dermage acaba de lançar o novo By Foot com fórmula totalmente renovada. Agoracom manteiga karité, óleo de amêndoas doces, alantoína e ureia, o novo By Foot hidrata as células da região dos pés, quefrequentemente sofrem com ressecamento e rachaduras.A nova fórmula possui também triclosan, com ação antisséptica e desodorante; ácido salicílico, para combater asperezas; elactato de mentila, que proporciona um agradável e prolongado efeito refrescante. Sua fórmula siliconada garante toqueseco e rápida absorção.

Hospital da USP cria dispositivo que acelera o processo de cicatrizaçãoUm dispositivo inovador no Brasil para acelerar a cicatrização de feridas complexas foi desenvolvido por pesquisadores doHospital Universitário da USP e da Escola Politécnica. Cinco desses dispositivos serão instalados no HU. Com patenterequisitada, o dispositivo trará benefícios econômicos e sociais para o HU e para outros hospitais que se propõem a tratarferidas com uma alternativa barata e eficiente. O HU atende cerca de mil pacientes com esse tipo de ferida por ano.O aparelho desenvolvido pelos pesquisadores custará ao HU 90 reais para fazer três curativos. Ele utiliza a linha de vácuo dohospital, curativos disponíveis no mercado brasileiro e um regulador. Esse dispositivo consegue acelerar o processo decicatrização, fazendo com que a lesão diminua mais rápido de tamanho, que nela cresça o tecido de vasos sanguíneosresponsável pelo fechamento da ferida e que diminua a quantidade de bactérias.

Sanofi-Aventis lança Allegra PediátricoAs crianças que sofrem de rinite alérgica já podem contar com uma nova opção de tratamento. Trata-se do medicamentoAllegra Pediátrico, suspensão oral sabor framboesa, nas apresentações 60ml ou 150ml, para uso em crianças a partir de 2anos de idade. O produto é indicado na redução dos sintomas da rinite alérgica sazonal e alergias cutâneas, como urticária(neste caso, pode ser indicado para crianças a partir de 6 meses de idade.)

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Novo tratamento para diabetestipo 2Já está nas farmácias o medicamento oral Amaryl Flex,da Sanofi-Aventis, para o tratamento do diabetes tipo 2.Em uma mesma caixa, o paciente terá comprimidos àbase de metformina, que diminui a resistência do orga-nismo à insulina, e comprimidos à base de glimepirida,que potencializa a secreção de insulina pelo pâncreas. Oobjetivo é alcançar maior efetividade no controle do dia-betes e melhorar o conforto e a adesão do paciente aotratamento.

IEP do HCor idealiza estudomulticêntrico nacionalO Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração(IEP-HCor), em São Paulo, idealiza e coordena de formainédita e em todo o território nacional, o maior estudo clíni-co da história na área de prevenção de nefropatia (lesão oudoença renal) induzida por contraste, em pacientes sub-metidos a procedimentos angiográficos (método de visu-alização dos vasos sanguíneos) diagnósticos eterapêuticos.O estudo, denominado de ACT Trial, irá avaliar a eficácia daacetilcisteína (um antioxidante) em prevenir problemasrenais que podem acometer pacientes que realizam exa-mes com contraste, como o cateterismo cardíaco. Antesda aplicação do contraste para a realização do cateterismo,é administrada uma a duas doses de acetilcisteína e, logoapós o término do exame, são aplicadas mais duas a trêsdoses. Serão avaliados 2,3 mil pacientes (atualmente jáforam analisados 520), cadastrados em 54 hospitais, emtodo o Brasil. O objetivo do ACT Trial é reduzir o risco renalem pacientes com predisposição à doença como diabéti-cos, maiores de 50 anos e com problemas de insuficiênciarenal durante o uso de contrastes.

Pesquisa traça impactosocioeconômico do diabetes tipo 2Menos de 50% dos pacientes com diabetes tipo 2 em trata-mento estão atingindo o nível desejado de glicose no san-gue, sendo que 40% apresentam complicações associadasà doença. Os dados fazem parte do Diabetes Impact Survey,um estudo encomendado pela Merck Sharp & Dohme como objetivo de avaliar o impacto socioeconômico da doença.Os dados do Diabetes Impact Survey – baseados em entre-vistas com 866 profissionais de saúde e 607 pacientes daAlemanha, França, Reino Unido, Canadá, México e Índia –revelam ainda que, nos últimos anos, os médicos receita-ram mais terapias adicionais nos estágios iniciais de trata-mento, como estratégia para retardar a progressão da doen-ça.Os resultados demonstram ainda a necessidade crescentede combater o ônus econômico associado ao diabetes. Amaior parte dos médicos entrevistados (75%) estimou oimpacto econômico do diabetes em seu país abaixo de US$5 bilhões. No entanto, em muitos países o ônus excede delonge a estimativa. Por exemplo, no México os custos dediabetes são de US$ 15 bilhões e no Canadá são de US$ 9bilhões.Os achados da pesquisa permitem ainda traçar estratégiasque poderiam contribuir para amenizar o impacto do diabe-tes tipo 2: tratamento multidisciplinar e contato mais fre-quente do médico com o paciente; ampliação do acessoaos medicamentos para reduzir custos de hospitalização ede tratamento das complicações associadas; prescrição deum tratamento efetivo o mais cedo possível; melhoria daadesão ao tratamento com o desenvolvimento de medica-mentos de dose única diária e baixos efeitos colaterais;emprego de recursos governamentais na prevenção dascomplicações e não no seu tratamento.

MS elabora Relação de PlantasMedicinais de Interesse ao SUSUma lista com 71 plantas de interesse do Sistema Único deSaúde (SUS) está sendo divulgada pelo Programa Nacional dePlantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde. Essarelação, chamada Renisus, apresenta plantas medicinais quetêm potencial para gerar produtos de interesse do SUS. A fina-lidade da lista é orientar estudos e pesquisas que possam sub-sidiar a elaboração de uma relação de fitoterápicos a seremdisponibilizados para uso da população, com segurança e efi-cácia, para o tratamento de doenças. Atualmente, são ofereci-dos fitoterápicos derivados de espinheira-santa, para gastrite eúlcera, e de guaco, para tosse e gripe.

Novo medicamento oral paraprevenção de tromboseProduzido pelo laboratório Boehringer Ingelheim, oetexilato de dabigatrana tem mecanismo de ação inova-dor que dispensa a monitoração da coagulação e oferececomodidade ao paciente. Esse novo anticoagulante oral,inibidor direto da trombina, previne a formação de trombos(coágulos) com baixo risco de interação medicamentosaou alimentar, proporcionando um equilíbrio entre perfil deeficácia e perfil de segurança.

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Sanofi Pasteur lançaprimeira vacina quíntupla100% líquida no BrasilA Sanofi Pasteur lança no Brasil a primeira vacinaquíntupla 100% líquida contra difteria, tétano, co-queluche, poliomielite e doenças invasivas causa-das por Haemophilus influenzae do tipo b. Conhe-cida internacionalmente como Pediacel, é indicadapara imunização de crianças a partir de 2 meses deidade e como reforço para crianças até 7 anos.A nova vacina já vem pronta para o uso: 100% líqui-da e dentro da seringa. Por isso descarta a necessi-dade da mistura da parte líquida com a liofilizada(em pó) como ocorre hoje com as outras vacinasdisponíveis no mercado. Por proteger cinco doen-ças simultaneamente, reduz o desconforto de múl-tiplas aplicações, simplifica o esquema de vacina-ção e estimula os pais a seguirem corretamente ocalendário determinado pelos médicos, asseguran-do a cobertura adequada contra as doenças da in-fância.

Dante Pazzanese descobre os genes doinfartoPesquisa desenvolvida no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, mapeou pela primeiravez na história os genes ativos no processo de infarto cardíaco. Dos 25genes identificados no momento do infarto pela pesquisa, oito delessão grandes candidatos a serem aplicados na rotina laboratorial, me-lhorando o diagnóstico dos pacientes.Em parceria com a Universidade de São Paulo, Universidade de Santi-ago de Compostela (Espanha), Instituto Ludwig (Suíça) e InstitutoPríncipe Felipe (Valência, Espanha), a pesquisa mapeou dez homensque sofreram infarto, com idade entre 35 e 65 anos, e seis pessoassaudáveis. Dos dez pacientes com infarto pesquisados, cinco esta-vam sofrendo o primeiro infarto e outros cinco estavam com o proble-ma pela segunda vez.A conclusão dos pesquisadores ao cruzar os dados dos dois gruposfoi que a rede de genes ativados no processo é diferente nos doiscasos. “Todos os dados dessa pesquisa são surpreendentes. Mas ofato de a rede de genes envolvidas no primeiro infarto ser diferente darede de genes envolvida no segundo infarto é uma notícia inédita paraa comunidade científica, e com essa informação poderemos melhorarmuito o tratamento dessa patologia”, afirma o cardiologista e coorde-nador do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto DantePazzanese, Dr. Marcelo Sampaio.

HC implanta serviço de diagnósticomolecular de câncerO Hospital das Clínicas de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado daSaúde, será o primeiro hospital público do Brasil a ter uma Unidade deProdução de Radiofármacos. Um aparelho Ciclotron, doado pelo Hos-pital Sírio-Libanês, produzirá substâncias radioativas com capacidadede diagnosticar câncer em estágio primário nos pacientes do SistemaÚnico de Saúde (SUS). A Unidade de Produção de Radiofármacosficará sob a responsabilidade do Instituto de Radiologia, no prédio daMedicina Nuclear.Pela parceria, o Hospital Sírio-Libanês repassou R$ 9,9 milhões ao HCpara aquisição do equipamento Ciclotron e de um tomógrafo PET/CT.Já as obras de infraestrutura, para instalação da máquina, foram orça-das em R$ 7,7 milhões, dos quais R$ 4,2 milhões foram pagos pelaSecretaria e R$ 3,5 milhões pelo HC.O Ciclotron poderá produzir pelo menos dez diferentes radioisótopos– elementos químicos usados em exames de diagnóstico por ima-gem. Trata-se de um acelerador de partículas cujas substâncias se-rão usadas em exames, terapias e pesquisas em diversas áreas daMedicina, especialmente em Oncologia. A máquina suprirá a deman-da de flúor 2 – desoxiglicose –, também conhecido como FDG mar-cado, radioisótopo muito utilizado em exames para detecção de tu-mores.

Brasil terá novoesquema terapêuticopara a tuberculoseA partir do segundo semestre de 2009, o Siste-ma Único de Saúde (SUS) contará com novomedicamento para tratar a tuberculose. No novoesquema terapêutico, recomendado pela Orga-nização Mundial da Saúde (OMS), será aumen-tado o número de drogas de três para quatro ereduzida a quantidade de comprimidos diáriosde seis para dois. Trata-se da chamada “dosefixa combinada” (DFC) ou “quatro em um”,como é popularmente conhecido o esquema.Com a mudança, espera-se aumentar a adesãodos pacientes ao tratamento – hoje, 8% deles oabandonam antes da cura, induzindo à resistên-cia. A taxa de abandono preconizada pela OMSé de menos de 5%.A DFC também vai combater a resistência dobacilo de Koch aos medicamentos atualmenteministrados, uma vez que favorece a adesão.Isso porque, em alguns pacientes, especialmentenaqueles que abandonam o tratamento antesda cura, desenvolvem-se bacilos mais resisten-tes às drogas ministradas.

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Cristália relança anti-inflamatório BioflacO laboratório Cristália aposta no anti-inflama-tório Bioflac e relança o medicamento comoopção segura e eficaz no tratamento dos sin-tomas de artrite e osteoartrite e outros proces-sos inflamatórios dolorosos agudos e crôni-cos. O produto tem como substância ativa omeloxicam, um derivado enolcarboxamídicorelacionado com os oxicanos que desenvolveuma potente atividade inibitória seletiva sobrea ciclooxigenase-2 (COX-2), oferecendo duplobenefício terapêutico, tanto pela atividade anti-inflamatória e analgésica nos pacientes reumá-ticos (artrite reumatoide, osteoartrite) comopela excelente tolerabilidade, com mínimos efei-tos gastrolesivos ou ulcerogênicos. Sua eficá-cia é comparável à do celecoxibe e à dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) conven-cionais no tratamento de longo prazo da artritereumatoide com dose única diária.Bioflac está disponível em duas apresentaçõesde uso oral, em caixas com 10 comprimidos com7,5mg ou 15mg, e na apresentação injetável, emampolas, com 5 unidades com 1,5ml.

Acheflan com 60gO Aché Laboratórios traz ao mercado a nova emoderna apresentação do Acheflan: bisnagas la-minadas com 60g de creme, que proporcionammaior economia e praticidade no uso, para o tra-tamento dos quadros crônicos de lesões muscu-lares, dores, contusões, entorses e tendinites.Lançado em 2005, Acheflan é o primeiro fitome-dicamento com pesquisa e desenvolvimento100% nacionais e o primeiro fitomedicamentobrasileiro a ser exportado para os Estados Uni-dos, maior mercado consumidor de produtosvoltados à saúde em todo o mundo, e Canadá,através de parceria de distribuição elicenciamento com a norte-americana RFIIngredients.Desenvolvido a partir do extrato da Cordiaverbenacea, uma planta encontrada na MataAtlântica, conhecida popularmente como erva-baleeira, Acheflan é também uma opção para oultrassom terapêutico (fonoforese), já que seuprincípio ativo se mantém estável durante todoo processo de fisioterapia.

Especialistas internacionais debatemEducação Médica em São PauloEspecialistas internacionais da área de pesquisa em Educação Médicaestarão em São Paulo nos dias 24, 25 e 26 de maio, para participar daprimeira conferência internacional “Fronteiras da Educação Médica”. Oobjetivo do evento, organizado pela Universidade Cidade de São Paulo(Unicid), é criar um espaço de reflexão e troca de experiências e pesqui-sas na área, tanto no âmbito nacional quanto internacional.O evento terá o apoio da Associação Brasileira de Educação Médica(Abem), da Foundation for Advancement of International MedicalEducation and Research (Faimer) e do Instituto de Ensino e Pesquisa doHospital Sírio-Libânes (IEP). Cada núcleo de pesquisa nacional convida-do poderá apresentar um estudo concluído ou em andamento, ainda nãopublicado, que será comentado pela banca de convidados internacionais,abordando um dos seguintes temas: Avaliação da Aprendizagem e Tes-tes Psicométricos em Educação Médica, Aprendizagem Significativa eMetodologias Ativas, Simulações e Inserção da Aprendizagem na Comu-nidade. As conferências a serem apresentados irão relacionar literaturacom evidência científica.A conferência acontece no Instituto de Ensino e Pesquisa do HospitalSírio-Libanês. Inscrições e informações podem ser obtidas pelo sitewww.cidadesp.edu.br/medicina.

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Manual de Tratamento da Dor

Facilitar o tratamento da dor, oferecendo uma direção prática aprofissionais da área médica, é o objetivo do Manual de Tratamen-to da Dor, elaborado pela oncologista Dra. Fauzia Naime.Estruturado de forma clara e didática, o livro será uma ótima ferra-menta de consulta rápida para médicos, internos em rodízio hos-pitalar ou residentes de plantão. Um dos propósitos da obra éfacilitar o entendimento e tratamento da dor, pois esse conheci-mento é essencial para combater o sofrimento dos pacientes eoferecer a eles uma melhor qualidade de vida.

Time Comunicação11- 3081.3743 / 3477.2467

Para Entender a Saúde no Brasil

Para Entender a Saúde no Brasil –Volume 2, organizado pela eco-nomista Maria Cristina Amorim e pelo médico e historiador eco-nômico Eduardo Perillo, pesquisadores de Economia e Gestão daSaúde da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP), tem comoeixo uma afirmação que soa provocativa: os organizadores afir-mam que a saúde não está em crise no Brasil – ao menos não daforma como se coloca a questão corriqueiramente. A obra provaisso ao longo de 13 artigos inéditos assinados por alguns dosmaiores especialistas na área – entre os quais Luiz Roberto BarradasBarata, secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Fabio Gandour(cientista-chefe da IBM), Maria Stella Gregori (ex-diretora da Agên-cia Nacional de Saúde, ANS) e o ex-ministro da Previdência eAssistência Social José Cechin, atual superintendente do Institutode Estudos de Saúde Suplementar. Nos artigos, eles abordamcom profundidade temas como negócios, aspectos políticos etécnicos, desenhando um rico cenário do setor de saúde e de seusdesafios no Brasil.

Mauricio [email protected]

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Ano 8 r n. 65 r Abril 2009

Diretora GeralAna Maria SodréDiretora AdministrativaFernanda SodréConsultoria CientíficaDr. Cezar BazzaniConselho EditorialDra. Ceci Lopes, Dr. DagobertoBrandão, Dr. Eduardo Pagani, Dr. JoséRoberto Lazzarini, Dra. Mônica Menone Prof. Dr. Paulo Chanel D. FreitasJornalista ResponsávelGisleine Gregório - MTb 26 986-SPRedaçãoJornalistas: Nina Rahe, Mariana TinêoRevisora: Isabel [email protected]ção e DiagramaçãoHudson Calasans

Tiragem 40.000 exemplaresAs matérias assinadas não refletem aopinião da Fitomedicina Científica.De acordo com a resolução RDC nº102 de 30 de novembro de 2000, arevista Fitomedicina Científica não seresponsabiliza pelo formato ouconteúdo dos anúncios publicados.

Fitomedicina Científica é umapublicação do Grupo Lopso deComunicação.INPI nº 819.589.888

Calçada das Palmas, 20, 2º andar –C. C. Alphaville. CEP 06453-000.Barueri - SPFone: (11) 2714-5400Fax: (11) [email protected]

Edito

rial

Índice

osto dos recomeços, pois parece, sempre, que nos estamosrenovando.Muito a propósito, neste número, falamos de ginkgo, a árvoremais antiga na classificação botânica que sobrevive até hoje.E que planta maravilhosa! Após as bombas atômicas sobre o

Japão, na Segunda Grande Guerra, restabeleceu-se a árvore de ginkgo,total e inteiramente perfeita, resistindo às mutações!

Planta citada no herbário da dinastia Yuan, na China, em 1350da Era cristã, com relatos de uso durante toda a Antiguidade, permanecefonte de inúmeros medicamentos. Segundo a Anvisa, em 2004, era aplanta que mais registros tinha (33!) no Brasil. Para mim, isso é muitosimbólico: uma planta “velha”, mas sempre “jovem”!

E vejo o horizonte apontando para a fitomedicina dessa mesmamaneira: é a mais antiga forma de terapêutica, mas se renova e resistecomo fonte riquíssima e ainda com muitíssimo a explorar e conhecer.

Temos de estar sempre prontos a pesquisar e a conhecer novoscaminhos entre as plantas, tão maravilhosas fontes de cura.

E temos de divulgar sempre os achados, velhos ou novos.A Sobrafito tem se empenhado nisso.

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por Danilo Gonçalves

Ainterrupção do fluxo sanguíneo nocérebro leva à falência dosneurônios. Esse quadro é o que ca-racteriza os derrames isquêmicos e explica por que eles podem com-

prometer e muito o desempenho das funções con-troladas pela região do cérebro afetada. Depois deuma hora, por exemplo, se absolutamente nadafor feito, os riscos de sequelas motoras graves sãorelevantes.

Os progressos da medicina têm sido bastantesatisfatórios para o tratamento de pacientes queapresentaram quadro de AVCI (acidente vascularcerebral isquêmico). Assim que detectada, aisquemia cerebral deve ser tratada, preferencial-mente com o medicamento trombolítico r-TPA(ativador do plasminogênio tecidualrecombinante), administrado intravenosamentedentro de uma janela terapêutica de no máximotrês horas após o início dos sintomas. “É impor-tante que nós, da classe médica, encaminhemos opaciente imediatamente para se submeter a umatomografia de crânio, método fundamental parao diagnóstico e tratamento do AVCI”, alerta o Dr.Nelson Expedito Pereira Rodrigues, neurologis-ta e coordenador da Unidade de AVC do Hospitaldo Servidor Público Estadual de São Paulo.

“É comum e importante selecionar os candida-tos à trombólise por meio da aplicação da escala

A busca pelaneuroproteção

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de Los Angeles, cujos itens, boca torta, per-da de força em um dos membros superiorese fala dificultada, podem ser percebidos tan-to pelo médico quanto por leigos”, detalha oespecialista, acrescentando que se dois des-ses fatores forem positivos, as possibilida-des de existir um AVCI são de 77%. “Ainda éum tanto quanto controverso o uso dotrombolítico intra-arterial, pois, segundo al-gumas pesquisas e experiências, essa práticapode aumentar a chance de complicaçõeshemorrágicas e agravar o quadro”, afirma oDr. Rodrigues.

No tratamento de acidentes isquêmicosagudos, o médico tem de arcar com a res-ponsabilidade de tomar decisões importan-tes, levando em consideração as condiçõesdo paciente e as possibilidades de este viversem sequelas. O tratamento deve evitar di-minuir de maneira drástica a pressão arteri-al, no caso de pacientes hipertensos. Mantero paciente no leito de uma Unidade de AVCé recomendável durante 24 horas após o iní-cio da infusão endovenosa do trombolítico,para prevenir mudanças significativas napressão arterial, que podem acarretar com-plicações hemorrágicas ou até mesmo am-pliação da área isquêmica.

Tratamento e descobertasUma das grandes descobertas para o tra-

tamento dos danos causados pelos derra-mes isquêmicos foi registrada em 1995, napublicação científica The New EnglandJournal of Medicine. A pesquisa foi desen-volvida na Universidade do Texas e reve-lou que um paciente tem 40% de chancede se recuperar de um derrame caso logodepois do acidente cerebral seja medica-do com o trombolítico r-TPA, destinado àdesobstrução das artérias cerebrais.

Os trombolíticos representaram umgrande avanço no tratamento dos efeitosde derrames. Três horas após o aconteci-mento, o paciente deve ser medicado porvia venosa. Se for intra-arterial, no local

da obstrução, a aplicação deve ser feitaentre três e seis horas.

Recentemente, também no The NewEngland Journal of Medicine foi publicadauma nova orientação sobre o uso do r-TPAintravenoso, entre três e quatro horas e meiaapós o início do acidente vascular isquêmicocom expectativas de sucessos, porém aindasem o aval dos organismos de saúde (FDA –EUA; EUSI – Comunidade Européia; Mi-nistério da Saúde – Anvisa).

PrevençãoAlguns médicos também já têm defendi-

do o tratamento preventivo, ou proteção aosneurônios, com extrato-padrão de Ginkgobiloba, ou EGb761. Segundo o Dr. João Ba-tista Calixto, doutor em Farmacologia e pro-fessor titular de Farmacologia da Universi-dade Federal de Santa Catarina (UFSC), háum grupo bem grande de cientistas que es-tuda as ações isoladamente de Ginkgobiloba e afirma que, dos fitomedicamentos,este é um dos mais bem conceituados e tam-bém bem estudados, tanto sob aspecto pré-clínico como clínico.

A ação neuroprotetora do fitoterápicodepende da enzima heme oxigenase-1, se-gundo artigo publicado na revista científi-ca Stroke. Os mecanismos que fazem partedessa proteção ainda não estão completa-mente compreendidos.

“O Ginkgo biloba é reconhecido comoinibidor de agregação plaquetária devido àpresença dos gincolídeos, terpenos presen-tes na planta Ginko biloba, tendo açõesmuito bem estabelecidas com testes em ani-mais”, afirma o Dr. Calixto.

“Esse produto já é usado clinicamentepara algumas doenças, com efeito já bemdemonstrado, como labirintite e algunscasos leves de memória”, comenta. Con-tudo, faltam ainda, para muitas das indi-cações clínicas do produto, estudos clí-nicos bem conduzidos que confirmemseus usos. r

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RELAÇÕESSÓLIDAS

Uma sólida relação com a rigidez3

INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO EM OUTRA PÁGINA DESTA PUBLICAÇÃO

A rigidez da ereção é um fator importante para a satisfação sexual1

SATISFAÇÃO

CONFIANÇA EAUTO-ESTIMA

MÁXIMA RIGIDEZDE EREÇÃO

Referências bibliográfi cas: 1. Mulhall J, Althof SE, Brock GB, Goldstein I, Jünemann KP, and Kirby M. Erectile Dysfunction: Monitoring Response to Treatment in Clinical Practice—Recommendations of an International Study Panel J Sex Med 2007;4:448–464 2. Park NC, Park HJ, Nam JK, Kim JM. Effi cacy and side effects of the PDE-5 inhibitors sildenafi l, vardenafi l, and tadalafi l: results of open label study of patient preference in Korea. J Sex Med. 2005; vol 2 suppl 1: MP 5-3. 3. King R, Juenemann, Levinson KP, Stecher VJ and Creanga DL. Correlations between increased erection hardness and improvement in emotional well-being and satisfaction outcomes in men treated with sildenafi l citrate for erectile dysfunction. International Journal of Impotence Research 2007;19:398-406.

Viagra® está contra indicado em pacientes em uso de NitratoInibidores do citocromo CYP3A4 como cetoconazol, eritromicina ou cimetidina podem diminuir o clearance da sildenafi la.

A meta do tratamento da DE é atingir rigidez Grau 41

Ereções Grau 4 promovem o dobro de satisfação1

81% dos Homens que preferem Viagra® citam a qualidade da ereção como o principal determinante de sua Escolha2

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