repórter do marão

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Prémio GAZETA 2009 repór ter do marão do Tâmega e Sousa ao Nordeste novembro ’ 10 Segundo romance de Alberto Santos A Profecia de Istambul reaviva o choque de mentalidades Nº 1245 | novembro '10 | Ano 27 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | Tiragem: 32.000 ex. Entrevista a Luís Onofre O salto alto tem um ‘impacto brutal na imagem de uma mulher’ Mirandela Fazer da alheira uma iguaria de todas as mesas Fafe Aposta na educação começou há 30 anos Felgueiras Bordado artesanal tem futuro assegurado Oferecemos leitura “Como é que chegámos hoje aqui e somos o que somos, enquanto humanidade e enquanto portugueses.” Paços de Ferreira Politécnico do Porto entra na "cidade tecnológica"

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Revista Mensal de Informação. A maior tiragem dos meios regionais ­ 32 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança.

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Prémio GAZETA 2009

repórterdomarãodo Tâmega e Sousa ao Nordeste

novembro ’ 10

Segundo romance de Alberto Santos

A Profecia de Istambulreaviva o choque de

mentalidades

Nº 1

245

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ex. Entrevista a Luís Onofre

O salto alto tem um ‘impacto brutal na imagem de uma mulher’MirandelaFazer da alheira uma iguaria de todas as mesas

FafeAposta na educação começou há 30 anos

FelgueirasBordado artesanal tem futuro assegurado

Oferecemos leitura

“Como é que chegámos hoje aqui e somos o que somos, enquanto humanidade e enquanto portugueses.”

Paços de FerreiraPolitécnico do Porto entra na "cidade tecnológica"

Alberto Santos reaviva o choque de mentalidadesA PROFECIA DE ISTAMBUL: Segundo romance do autarca de Penafiel é lançado a 11 de novembro

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos Paulo Alexandre Teixeira e DR

O autor Alberto S. Santos, também autarca em Penafiel, volta a marcar presença nas livrarias a partir da segunda semana de

novembro, com «A profecia de Istambul». No índice deste romance histórico, inscreve-se a dedicação do autor na saga da atmosfera vivida no século XV em plena Bacia do Mediterrâneo e, ao longo das páginas, respira-se o choque de mentalidades que atravessa a história da humanidade.

| Enredo sugado à força da religião | Depois de se estrear com “A Escrava de Córdova”, Alberto Santos lança ago-

ra o seu segundo livro. “A Profecia de Istambul” relata uma história passada entre 1558-60, num século em que, após a expulsão dos árabes da Península Ibérica, por-tugueses e espanhóis partiram à conquista do norte de África. “Isso leva à temáti-ca dos renegados, dos cativos, dos judeus na diáspora e a histórias de vida onde as pessoas são confrontadas com a mais baixa condição humana, com os mais duros suplícios, apenas porque não mudam de religião”, explica.

Contudo, a atração por esta temática foi desencadeada por um livro francês que Alberto Santos adquiriu no Luxemburgo. “O autor fez uma investigação nos arquivos de Espanha e de Portugal sobre a história dos cativos. Para fugirem às duras penas do cativeiro, eles mudaram de religião e, depois, foram apanhados pela Inquisição e tornaram a ser penalizados por isso.” A partir daí, o escritor in-vestiu no estudo de algumas dessas histórias com a intenção de seguir o percur-so de um português, de seu nome Simão Gonçalves. Porém, o protagonista acabou por ser resgatado aos meandros da ficção. Jaime, assim se chama, faz um pacto de sangue com os amigos Fernando del Pozo e Simão Gonçalves, ainda em tenra idade, tornando-se irmãos para toda a vida. “Essa circunstância vai determinar muitas das histórias que eles vão viver, lembrando sempre a essência desse pacto. Passados uns anos, a vida reúne-os novamente e o motivo desse reencontro é o fio

condutor da história”, revela.Ao longo de mais de 400 páginas, Alberto Santos arquiteta uma trama ficcio-

nal, ancorada em factos históricos e personagens reais. “A minha preocupação é colocar o leitor a visualizar a geografia, o ambiente urbano e a procurar captar (que é o mais difícil) a mentalidade da época, os dramas, os sonhos das pessoas, transportando o leitor para esse tempo.”

A história principia no sul de Espanha, ruma à atual Argélia, segue para Is-tambul e Salónica, findando-se em Palermo. As impressões da cidade turca não se esbatem nas memórias de Alberto Santos. “Istambul é uma cidade mágica, tem um lastro histórico e uma carga civilizacional muito intensa. Foi romana, sede do império bizantino e depois capital do império otomano. Em termos geográficos é maravilhosa, porque espraia-se sobre três planos de água de uma forma muito bo-nita. Sente-se também que é uma cidade evoluída, cosmopolita.”

| A imposição do desafio |Este novo trabalho ambiciona estar à altura do sucesso do seu antecessor, que

vai já na 4ª edição, perfazendo um total de 15 mil exemplares. “Se não corres-ponder às expectativas criadas pelos leitores, pode ser desestimulante, quer para mim, quer para a dedicação que tenho à escrita.” Por isso, o autor não nega a res-ponsabilidade que sentiu ao escrevê-lo, considerando-o como “um livro crítico” que pode determinar a sua continuidade no mercado editorial. “Muitos leitores perguntavam-me quando a história ia sair, a editora tinha interesse em que saís-se este ano e eu próprio tinha como objetivo fazer, pelo menos, um segundo livro para me testar em relação à escrita do primeiro.”

Durante “muito tempo”, o ato de escrever comportou “alguma angústia”, que redundou numa tranquilidade com o último ponto final e que foi corroborada pela crítica de quem já leu. “As pessoas do meu círculo próximo tranquilizaram-me. Para eles, a história está melhor do que a anterior. Para mim, é uma segunda his-tória.”

Quando os caracteres se preparam para entrar nas rotativas, Alberto Santos não esconde que a maior preocupação se centra na curiosidade de perceber se “o leitor que leu o primeiro livro vai gostar do tom, do registo ou achar que houve al-guma evolução”. Quanto a si, «A profecia de Istambul» cumpre aquela que era a sua meta, destacando-se “uma coerência muito forte, uma história global bem engendrada e mais equilibrada” que envolverão o leitor. “A história decorre com muita intensidade e acho que o leitor vai perceber todos os passos, vai apaixonar-

A Profecia de IstambulAutor: Alberto S. SantosPorto Editora424 pgs1ª edição: 7.500 ex.PVP: 18,90 €

Alberto Santos reaviva o choque de mentalidadesA PROFECIA DE ISTAMBUL: Segundo romance do autarca de Penafiel é lançado a 11 de novembro

se pelas personagens.”Embora escreva para se sentir realizado, Alberto Santos não relega a importância de quem o lê para o fim da linha.

“Não sou tão egoísta no sentido de escrever só para mim. Muitas vezes, imaginava as reações do leitor perante algumas circunstâncias da teia que se ia tecendo.”

Se o primeiro livro justificou uma edição de seis mil exemplares em castelhano, Alberto Santos reconhece que este tra-balho poderá conquistar outros mercados, nomeadamente o italiano, o turco, o inglês e o francês.

Na calha, está já um terceiro livro, que terá como palco o Noroeste Peninsular, no final do Império Romano. Alberto Santos adianta que pressentiu a história que quis escrever “de repente” e não hesitou em registá-la no computador. “Es-crevia-a em duas páginas e nunca mais peguei nela. Não vai ser exatamente como ali está, mas é um ponto de partida para poder construir a densidade das personagens, investigar sobre os factos, os locais e criar uma trama que gere interesse no leitor.”

| Vício entranhado “nas veias” |O desfecho de “A profecia de Istambul” não corresponde ao que inicialmente se desenhou na imaginação de Alberto

Santos. Algo que se explica pelo facto de, num determinado momento da história, as próprias personagens terem condu-zido a outros percursos. “Eu e o próprio narrador ficámos um bocado reféns desse ímpeto que as personagens tinham de nos levar para outro lado, neste caso para Istambul.”

Se há personagens que vão coabitando com o escritor desde os primórdios da narrativa, outras surgem “naturalmen-te, à medida que a trama vai avançando”. “Vão vivendo na minha cabeça, questionando-me, em vários momentos do dia. Num ato qualquer que não implique muito a minha disponibilidade mental, elas aparecem e temos alguns diálogos que nos levam a definir, depois, o seu futuro.”

O processo de escrita é ditado pela disponibilidade e pela insistência. “Há momentos que me sento à frente do compu-tador e escrevo sem sentir a minha via artística tão apurada. Aí, a escrita é mais suada, mais sofrida”, revela. Por norma, escreve na comodidade do seu sofá, no sossego da noite ou do fim-de-semana. “A escrita é um veneno que, a partir do mo-mento que se toma, fica entranhado nas veias.”

| Choque de mentalidades |Alberto Santos reconhece que os seus escritos têm como linha mestra o choque de mentalidades. “Ao longo das épo-

cas, as religiões é que foram definindo muito a diferença das mentalidades e eu procuro testar, permanentemente, para me ajudar e pôr também os leitores a pensar sobre o assunto, a procurar descobrir razões e formas de ultrapassar esta di-ferença de mentalidades.” Além disso, considera fulcral que o homem da atualidade conheça o legado dos seus antepassa-dos para perceber “como é que chegámos hoje aqui e somos o que somos, enquanto humanidade e enquanto portugueses”.

É conhecida a apetência de Alberto Santos pelo pormenor e pela descrição, mas só “investigando e intuindo” é que se consegue transportar a épocas anteriores e a espaços que nem sempre conhece presencialmente. “Tenho que os conhecer na época, o que obriga a muita investigação, tempo e dinheiro".

Helena MoreiraA investigadora da UTAD é a mentora do projeto

Naturalidade: Paço de Sousa, Penafiel; n.1967Formação académica: Direito, pela Universidade Católica Por-tuguesa; AdvogadoOcupações no tempo livre: Ler, investigar, passear, escrever

Referências literárias intemporais:Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e o contemporâneo Machado de Assis

Livro que o tenha marcado:“Equador”, porque conseguiu “fazer um equilíbrio muito grande entre a teia romanesca, a descrição e o contex-to histórico, sempre com um ritmo mui-to interessante”

Gostos:Viajar, trabalho de serviço público pela “interacção com as pessoas e com o território” e convívio com os amigos

Preferências musicais:Música étnica, porque “capta locais especiais do mundo e isso ajuda-me a compreender melhor o povo e a sua forma de pensar e divertir-se”Música moderna, que “procura explo-rar novas tendências”

(Excertos dos primeiros capítulos do livro na página seguinte)

Excertos dosdois primeiroscapítulosdo livro

1

O BANQUETE DE ADRIANÓPOLISMarço de 1305, Constantinopla e Adrianópolis

O céu vermelho e tardio de Constantinopla, pintalgado por um bando de nervosos corvos pretos, que crocitavam com o vigor dos infernos, era a abóbada com que o cosmos cobria Roger de Flor e Maria da Bulgária, na despedida.

- Nunca pensei que amaria tanto um homem como tu! Maria alisava, com carinho, os cabelos negros e compridos do marido, afagados pela brisa que soprava o perfu-

me primaveril do Bósforo.A jovem princesa casara com o Comandante da Companhia dos Almogávares2 por imposição do tio, o impera-

dor bizantino Andrónico II Paleólogo. O que começara por ser uma condição, entre outras contratadas, para que ali viesse correr com os turcos, que metiam ferro e fogo nas cidades de fronteira, transformara-se em cúmplice e de-leitada afeição.

- Meu Megas Duox3, não vás para Adrianópolis! Ouve o que te diz Berenguer: ele não confia em Miguel, e eu te-nho um mau pressentimento…

Roger acariciou-lhe com ternura a barriga crescida, onde se agasalhava o rebento já com mais de três meses de gestação e beijou, meigo e carinhoso, a testa suada da esposa. A tensão e o temor emergiram-lhe, líquidos, à alva pele.

- Esta criança há-de ser muito importante…! Muito importante, Maria…!- Eu sei, meu amo. Haverá de ser baptizada segundo o rito romano!Atrás de um olhar triste, Maria lembrava-se que nascera ortodoxa, filha de Irene, a irmã do imperador, e do des-

tronado João III Asen da Bulgária. Mas, depois do casamento forçado com o católico Roger de Flor, convertera-se em segredo à religião do marido, uma prenda por tantos afectos.

- Toma cuidado, muito cuidado, sobretudo com os alanos. Diz-se que conjuram contra ti… e, agora que te conhe-ci, não quero mais perder-te… nunca mais!

O homem que chegara da Sicília para defender os bizantinos e aterrorizar os turcos era filho de Ricardo de Flor, falcoeiro do imperador romano-germânico Frederico II Hohenstaufen e de uma jovem de Brindisi, cidade da penín-sula italiana, onde nasceu e cresceu até aos oito anos. Morto o pai, caiu a família em desgraça. Roger foi, então, le-vado, com a bênção da mãe, por um barco templário, ao tempo fundeado no porto da cidade.

- E o meu primo Miguel… esse tem tanta inveja e tanto medo de ti, meu esposo!... – avisou, com a face encos-tada ao peito moreno, e envolvida por uns braços musculados, habituados a tantas invictas lutas. - E cobiça tudo o que te diz respeito…

- Eu sei disso, Maria. Mas eles sabem que eu sei defender-me…(...)Um silêncio denso como uma floresta virgem cercou os dois seres. Maria procurava as palavras certas para des-

crever as emoções. - Roger, este objecto é… é… extraordinário…, inquietantemente fascinante… – conseguiu articular, deva-

gar.O comandante da legião ibérica assentiu com a cabeça, enquanto olhava Maria e a lança, alternadamente.- Sempre que a mostras, parece que o mundo se organiza para nos encher de estranhos poderes, para nos levar

a outra dimensão da existência. – comentou, com a alma enlevada, a princesa búlgara. - Mas, por outro lado, tenho tanto medo…! – asseverou, cobrindo as faces brancas, com as mãos em concha, cobertas por castanhos cachos. – Pressinto males e desgraças, massacres e holocaustos… Ai, Roger, que aperto no coração!

- Tem, de facto, muito poder, Maria… Se for usada para bem…! Senão…!!!Lá fora, surgiam os primeiros espíritos das trevas a fechar a tampa do dia, apagando do horizonte a última tinta

violácea, que se derretia para além das muralhas de Teodósio.(...)Maria anuiu com a cabeça, apertando-se ainda mais contra o peito do esposo. Sabia que, não fora a chegada da

Companhia, o império bizantino corria risco de soçobrar perante o crescente poderio bélico dos turcos otomanos. Contudo, agora que os exércitos dos infiéis acabaram, dizimados pelas tropas de Roger de Flor, os imperadores de Constantinopla procuravam já encontrar a melhor forma de se libertarem dos bravos guerreiros ibéricos, que vie-ram do Ocidente para os ajudarem.

- Se algum mal me acontecer, já sabes: deves fazer com que volte ao seu sagrado lugar! Senão, as nossas almas não descansarão por toda a eternidade… – profetizou o comandante – Agora, abraça-me de novo, Maria!

(...)O dia 5 de Abril de 1305 foi mesmo o último: para ele, Roger de Flor, e para tantos dos seus fiéis soldados! Os três

primeiros atacantes chegaram mais cedo à barca de Caronte, transportados pela ferina força das mãos treinadas do

grande Comandante, mas já não pôde evitar que oito espadas o trespassassem como se acabassem de abater um animal selvagem.

Estava cozinhado o veneno da vingança. Mas, nos derradeiros estertores, Roger já não temia só pela vida. O espí-rito voou-lhe, novamente, para a sua tenda cor de açafrão, onde guardava a relíquia que prometera levar ao seu lu-gar: o sarcófago de Frederico II. Não cumprira essa missão, como era seu dever! Temia, agora, pela sua salvação, pela de Maria e pela sua linhagem que, três meses antes, se iniciara no seu ventre. Mas, sobretudo, pela humanidade!

- Maria, só tu, ou a nossa descendência, nos poderão agora salvar!... – foi a predição com que dobrou os umbrais da peregrina existência.

… cerca de 250 anos depois: Abril de 1554.

2

O PACTO DE MELCHIORHavia muitos dias em que os sonos de Jaime Pantoja eram intermitências entre momentos mágicos, feitos extra-

ordinários e batalhas sempre vencidas, e o breu agreste do quarto onde dormia, mas que, de dia, era branco de cal. Contudo, aquele rapaz, cujo inquisitivo olhar cinzento iluminava tudo onde pousasse, perscrutava todos os se-

gredos, fulminava os aborrecimentos, sabia que aquele dia 21 de Março de 1554, que se preparava para alvorecer, lhe traria, finalmente, o momento por que suspirara durante tanto tempo.

Esperou, já desperto, as últimas horas, até que a criada lhe bateu à porta, acreditando num sono completo, como aquele em que o jovem jazia matematicamente as noites inteiras, depois de rezar e de se perder em pensamentos em Rosa, a rapariga que, nos últimos tempos, lhe não saía da cabeça. Vestiu-se, num repente, espargiu água pelo rosto e alisou os longos cabelos louros que, irreverentes, lhe bailavam sobre os ombros.

Quando Córdova inteira ansiava, de tanto preparo, pelas faustosas solenidades da Semana Santa, interrompe-ram-se os estudos de Jaime e dos amigos. Era a quarta-feira anterior à Páscoa, o dia marcado para subirem à serra e ouvirem o velho eremita, de quem Simão, o português, tantas vezes falara. Tudo fora combinado, em absoluto se-gredo, para aquela tarde, entre Jaime Pantoja, Simão Gonçalves e Fernando del Pozo.

- Hoje estás agitado, Jaimito! Dormiste bem, ou passa-se algo que me devas contar?! A tua cabeça parece estar bem longe desta sala!

Jaime aprendera a interpretar o que Dom Rodrigo de Cervantes dizia com as mãos e com a boca para comunicar os seus intentos. Era um médico-cirurgião de remediada reputação, surdo como uma porta desde o nascimento, por isso, um homem triste, reservado. Mas a vida ensinara-lhe a perspicácia de entender, através da subtileza de alguns sinais, tudo o que à sua volta acontecia.

Instalara-se em Córdova, no ano anterior e, como precisava de um ajudante esperto e colaborante, muito folgou quando o tio solteiro de Jaime, que dele cuidava desde que os pais morreram, afogados num poço, lhe pediu que acolhesse o sobrinho nas horas vagas. Passou, assim, a tomar os primeiros contactos com a arte, antes de, como es-tava previsto para o ano seguinte, ingressar na Universidade de Salamanca.

- É verdade, Dom Rodrigo! Nestas últimas noites, não tenho dormido muito bem… Acordo a pensar em aventu-ras, no meu futuro… – comunicou, com os sinais que nele aprendera.

- E que gostarias de fazer no futuro, meu rapaz? - … lutar, conquistar as terras longínquas, ser um grande soldado ao serviço de Sua Majestade, o Imperador

Dom Carlos! Para as Américas, para o Norte de África, qualquer sítio onde possa mostrar a minha valentia!… - Jaime retorcia os lábios, imitando um bravo guerreiro, com o que procurava demonstrar coragem e ousadia.

(...)As longas neves que lhe escorriam da cabeça e a pose seráfica pintada pelo olhar, ao mesmo tempo sereno e pe-

netrante, conferiam ao ancião a personificação da sabedoria e da bondade, juntas num corpo curtido pelo tempo e pelos misteriosos conhecimentos que adquiriu em viagens e secretas leituras.

- Sou sim, Melchior! E estes são os meus amigos Jaime e Fernando, com quem quero fazer um pacto de sangue. – retorquiu o juvenil, acenando a cabeça e apontando os amigos, ainda impressionado pela força e magnetismo que emanavam do enigmático decano.

O homem fitou-os, longamente, com um ar grave e sério. O prolongado silêncio tornou-se intimidatório, até que os jovens se entreolharam, procurando encontrar uma solução para o impasse. O provecto anfitrião levantou-se com agilidade, estudou os três, por uma última vez, e, quebrando o gelo, abriu um largo sorriso, assumindo um tom cordial:

- Entrem, são meus convidados!(...)Jaime pegou na palavra para narrar a saga que os levou à decisão:- Todos nós temos algo em comum: somos órfãos de pai ou de mãe. Tirando Fernando del Pozo, que tem um ir-

mão mais velho a estudar para ser padre, nenhum de nós tem outros irmãos. Assim, decidimos tornar-nos irmãos uns dos outros. – informou com avidez, enquanto os demais assentiam com a cabeça.

- Somos muito amigos e queremos fazer perdurar esta amizade durante toda a vida… – corroborou Simão, com uma leve acentuação de tristeza.

- Sabe, este nosso amigo vai viajar para Portugal e não sabemos quando nos voltaremos a ver. – Fernando del Pozo apontara para Simão, enquanto continuava a animada explicação. – Também Jaime vai estudar para Sala-manca. Mas queremos, quando formos mais velhos, voltar a encontrar-nos. E, para o caso de precisarmos uns dos outros, independentemente dos caminhos que viermos a seguir, decidimos jurar que nos obrigaremos a auxiliar o que de nós estiver em necessidade.

Muito bem! – replicou o ermitão, com ar simpático e desanuviado. – Acho que me convenceram. É uma boa ra-zão para se transformarem em irmãos de sangue.

(...)Velas e círios ardiam já dolentemente sobre a mesa. Melchior acendera-os propositadamente para o momento,

ao mesmo tempo que destapava um estranho símbolo negro, igual ao da capa do livro árabe que abriu, de seguida, com lenta solenidade. Leu então uma monocórdica lengalenga num idioma imperceptível para os compenetrados amigos e, uma vez terminado, voltou à língua castelhana:

- Jurais, pelo vosso sangue, tornar-vos irmãos para sempre?- Sim, juramos!- Jurais que vos auxiliareis, mutuamente, sempre que algum de vós necessite, independentemente do lugar

onde se encontrar e da religião que professe?- Sim, juramos!- Jurais guardar segredo de tudo o que saibais que possa afectar qualquer um dos que participam neste jura-

mento?- Sim, juramos!(...)

Nome: Luís OnofreData de Nascimento: 24/12/1970Habilitações Literárias: Curso de Estilismo de CalçadoLivro: Cem anos de SolidãoFilme: CasablancaIntérprete: ColdplayHobby: SurfMaior conquista: “Ainda está por vir”

O salto alto tem um ‘impacto brutalna imagem de uma mulher’

Luís Onofre, designer de calçado

Sábado 16 de outubro. As portas da Alfândega do Porto estão abertas para mais uma edição do Portugal Fashion e é lá que o Repórter do

Marão vai encontrar o designer de calçado Luís Onofre. Chega um pouco ansioso pela coleção que vai apresentar ao início da noite mas ainda assim tem tempo, e um sorriso aberto, para as muitas fotografias que lhe querem tirar. Criou a marca e fê-la crescer a pulso, sempre com a preocupação da quali-dade e de produzir boas coleções. Porque, e como garante, “quem tiver coleções boas consegue singrar no setor, independente-mente do preço”.

Os sapatos deixaram há muito de ser uma mera peça de vestuário que protege os pés. Utilizados como uma peça de decoração, passaram a ser valorizados – especialmen-te pelas mulheres – pela sua originalidade e qualidade dos materiais utilizados que variam consoante a finalidade a que se destinam. No mercado abundam stilletos, pumps, mocassins, sapatilhas, sandálias e chinelos, botas e sabri-nas, feitos nos mais distintos materiais, cores, formas e fei-tios. Chegam às lojas associados a marcas e conceitos e já não se compram pela sua função primordial – proteger ou aquecer os pés – mas pela emoção que provocam. Assim também o quer Luís Onofre, dono da marca de sapatos que lhe leva o nome: uma marca que tem assumido um lugar de destaque na indústria de calçado nacional.

| Do nome à marca |Onofre, 39 anos, é designer de calçado há 18. Quis ser

designer de interiores e estava “mesmo com um pezinho na universidade” quando, e a pedido do pai, teve de retro-ceder e “ir tirar o curso de design de sapatos”. Custou, ad-mite, mas sem se arrepender. Passou então, em 1991, a co-laborar com a empresa familiar de Oliveira de Azeméis. “Não foi fácil ao princípio, talvez por uma série de fato-res familiares. Fui logo atirado aos lobos, comecei com co-leções muito boas e elaboradas (Kenzo, Cacharel e Daniel

Hechter) e acabei por ter um know how bastante grande em termos técnicos e criativos”, recorda Onofre.

Mais tarde viria a criar a marca ‘Luís Onofre’, lança-da pela primeira vez em 1991/92. A primeira temporada, admite, “correu muito mal”. Foi “uma má experiência” mas deu os seus frutos: conhecimentos necessários de ma-rketing e design para voltar a tentar em 1999, ano em que lançou, na feira de calçado de Madrid, a primeira coleção outono/inverno em nome próprio “já com o intuito de in-ternacionalizar a marca”, lembra.

Desde então “tem sido um acumular de situações boas”, com vendas em mercados estrangeiros como a Di-namarca, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Grécia, Lí-bano, Emirados Arabes, Israel, Canadá, Holanda e Itália e com a participação em muitos eventos de moda e apre-sentações de produto. A própria princesa Letízia de Es-panha optou por usar sapatos ‘Luís Onofre’ em apresen-tações oficiais. “Foi um boom para a marca em termos de se tornar conhecida. Já fazíamos sapatos há muitos anos mas foi a partir daí que as coisas começaram a funcionar em pleno”.

| Elegância é “fator crucial” |Fazer boas coleções, sempre melhores a cada tempora-

da, é o principal objetivo de Onofre que se inspira em “va-riadíssimas coisas” no momento de criar. “Acho que fun-ciono de forma um pouco diferente dos outros designers. Não sou de pegar num tema e explorá-lo e talvez a meio de uma coleção comece a juntar o puzzle”. Por vezes recorre ao surf, um hobby de há muitos anos e um escape onde “to-dos os problemas parecem desaparecer”. “Estamos ali ex-clusivamente a sentir todo o ambiente em redor e todos os problemas parecem desaparecer. Põe-nos a cabeça no sítio e acaba por dar uma série de energia e uma boa onda para começar o trabalho”, explica.

A coleção para primavera/verão que apresentou a 16 de outubro no Portugal Fashion está ligada “ao roman-tismo do século XVIII” e à cidade de Sintra, apresen-tando materiais delicados como o cetim e a seda natural. Montar uma coleção é como “um puzzle de 10 mil peças” em que se conjugam cores e materiais mas a grande pre-ocupação é a de que os sapatos sejam “confortáveis e ele-gantes” sendo a elegância “um fator crucial”. Este ano a novidade são os mocassins e as sabrinas “num plano

mais comercial e casual” mas o “salto mega alto” man-tém-se ou não tivesse um “impacto brutal e fantástico na imagem de uma mulher”.

O ano de 2010 assistiu ainda a uma outra novidade as-sociada à marca Luís Onofre: a criação de uma loja onli-ne (www.luisonofre.com) e a adesão a redes sociais como o Facebook. Esta aposta nas novas tecnologias e na multi-média foi bem sucedida e teve “ótimos resultados” em ter-mos de vendas online, especialmente a nível internacional. O futuro, acredita Onofre, vai passar pela compra na inter-net, sendo o desafio “cativar a cliente” através de tecnolo-gias que permitam ver como é o sapato na realidade, mes-mo sem o sentir.

| Próximo passo é loja própria| Para o futuro, Onofre quer “abrir uma série de plata-

formas novas online em Inglaterra, Holanda e Espanha” nas quais existirá mesmo um depósito de sapatos ao qual “as clientes vão poder aceder quase de um dia para o ou-tro”, implicando “um grande investimento”. O designer quer ainda abrir lojas próprias, a começar por Lisboa onde já se encontra à procura de um espaço. Uma das ambições passa também por conquistar o mercado norte americano e conseguir reconhecimento internacional.

Porém, Onofre admite ter “dois pesos e duas medi-das” e ao mesmo tempo que gostava que “a marca andas-se para a frente”, sente gostar cada vez mais da sua pri-vacidade e com vontade de se direcionar “para o ensino e para os jovens com perspetivas de criativos” no mer-cado do calçado. “Quero fazê-los ver que os sapatos são uma indústria em Portugal que não devia acabar e noto cada vez mais que aquilo que se faz de bom em Portugal, em termos de sapatos, tem vindo aos poucos a morrer”. Em causa estão “uma série de empresas que fecharam” e que deveriam “ter-se apetrechado e apostado mais em design e marcas próprias”, numa boa coleção e estrutu-ra. O que falta em Portugal, salienta, é o profissionalismo no marketing – “que hoje representa quase 60 por cento do produto” – ainda que o setor tenha qualidade e apre-sente bons produtos. Luís Onofre acredita que “quem ti-ver coleções boas consegue singrar no setor, independen-temente do preço”.

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos Estela Silva /Lusa

Nome: Luís OnofreData de Nascimento: 24/12/1970Habilitações Literárias: Curso de Estilismo de CalçadoLivro: Cem anos de solidãoFilme: CasablancaIntérprete: ColdplayHobby: SurfMaior conquista: “Ainda está por vir”

Felgueiras assegura futuro do bordado"É uma arte que deve ser preservada", defende vereadora da Cultura

De um lado e do outro da antiga estrada real que ligava o Porto a Trás-os-Montes, estabeleceu-se e definiu-se, há mais

de 100 anos, a área onde se encontra o maior número de bordadeiras do país. Por isso, falar de tradições em Felgueiras implica, obviamente, falar de bordados. A arte de bordar é uma tradição secular no concelho, estimando-se que “empregue cerca de dois terços das bordadeiras portuguesas”.

Maria Moura, em 1913, escrevia: “Onde o Minho confina com o Douro, assiste-se a uma autêntica florescência de atividades artesa-nais. Lixa e Felgueiras são presentemente centros importantes de crivos e bordados sobre rede de nó”.

Quase 20 anos antes, a mesma autora já havia escrito: “Felguei-ras e Lixa são localidades onde as mulheres do campo bordam os cri-vos que afluem ao mercado de Guimarães”.

A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Felgueiras, Carla Meireles, disse ao Repórter do Marão, que “o bordado é um marco da história do concelho que tem de ser preservado”.

“A importância de manter as tradições na nossa cultura, faz-nos reconhecer e valorizar o conhecimento destas artesãs, que passou, de geração em geração”, afirmou.

| Existem 600 bordadeiras | No sentido de promover e valorizar o bordado da Terra de Sou-

sa, a autarquia felgueirense criou, em 1997, a Casa do Risco. “A autarquia decidiu criar a Casa do Risco para homogeneizar

a qualidade global do bordado e a qualificação das cerca de 600 bor-dadeiras existentes no concelho. Trata-se de promover e garantir a qualidade e autenticidade do bordado da Terra de Sousa”, referiu.

De acordo com a vereadora da Cultura, a Casa do Risco preten-de a promoção do bordado e sua comercialização e contribuição para o desenvolvimento económico, social e cultural do concelho, valori-zando uma das suas potencialidades.

A Câmara encomendou também um estudo ao Centro Regio-nal de Artes Tradicionais para avaliar a situação das bordadeiras no concelho, realizado no final de 2005.

Para esse estudo, que deu origem à edição “Bordado da Terra de Sousa. O Engenho e a Arte”, foram questionadas 529 bordadeiras do concelho de Felgueiras, 157 de Lousada e 22 de Amarante.

O documento concluiu que 83% dessas bordadeiras fazem do ofí-cio a sua atividade principal, sendo que 86% trabalham por conta de outrem, de uma forma isolada, em espaço doméstico e num sistema de economia informal.

Sabe-se também que existem mais bordadeiras para além da-quelas que participaram na investigação. Foram muitas as que não permitiram qualquer contacto, com medo de serem identificadas e das consequências sociais e fiscais.

| Terra de Sousa é marca registada |Em 2006, foi concluído o projeto que incluía a definição de um ca-

derno de especificações (referenciação dos pontos do bordado da re-gião) necessário à certificação do bordado da Terra de Sousa.

Assim, a Casa do Risco funciona como entidade regional ligada à certificação do Bordado da Terra de Sousa. É um serviço com cer-tificação de qualidade, pela norma ISO 9001/2008.

O Bordado da Terra de Sousa é uma marca registada pelo INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial, aguardando o regis-to de denominação e identificação geográfica.

“A especificidade e a qualidade deste bordado são verdadeira-mente únicas. É caracterizado por uma variedade de pontos muito ricos, que podem ser executados e aplicados de forma artística nas peças elaboradas pelas bordadeiras”, explicou Carla Meireles.

Segundo a vereadora da Cultura, “é dada à bordadeira total li-berdade na aplicação dos pontos que conhece”, sendo, por isso, pos-sível encontrar neste bordado elementos que os distinguem de ou-

tros, tal como o uso de ponto de fundo, pontos reais, crivos, ponto veludo e sombreado aplicado em vários pontos de bordado.

| Casa do Risco mostra a arte |A Casa do Risco situada na freguesia de Airães, em Felgueiras,

surgiu também para dar ao bordado “o ansiado destaque e divul-gação, dignificando as bordadeiras, que fazem do seu trabalho uma arte”.

Ao visitar a instituição é impossível ficar indiferente à comple-xidade e beleza dos bordados ali produzidos. A Casa do Risco tem, segundo a técnica da instituição, Paula Santos, despertado a curio-sidade das pessoas que visitam o local, cada vez em maior número.

“Existe uma dinâmica à volta da Casa do Risco no que respei-ta a visitas de estudo, instituições, clientes particulares, visitantes no âmbito da Rota do Românico. Temos tido muitas solicitações”, men-cionou.

Paula Santos refere que esse interesse tem “felizmente condu-zido à existência de muito trabalho e à falta de tempo para produzir peças para reposição do stock e do show room”.

“A promoção que tem sido feita ao bordado da Terra de Sousa tem tido repercussões positivas e temos recebido várias bordadeiras que procuram ajuda ou maior formação”, contou.

De acordo com a técnica da Casa do Risco, também responsável pela conservação digital dos bordados, “esta é uma arte em expan-são no concelho a julgar pelo aumento do número de visitas e de soli-citações de encomendas”, acrescentando que isso se deve à qualida-de e riqueza do bordado da região.

“Normalmente, os bordados das outras regiões têm meia dúzia de motivos muito característicos, com uma ou duas cores específicas. O nosso bordado tem uma riqueza de pontos muito grande e só co-nhecendo é que as pessoas se conseguem aperceber da sua diversi-dade e qualidade”, considerou.

E acrescentou: “É cada vez mais importante que um produto seja certificado. A garantia de autenticidade de um produto, por si só, já tem valor. E é também uma forma de proteger o bordado da região, porque vemos por aí muitas imitações”.

| Técnica de bordar diferente |Bem perto da secretária de Paula Santos, encontram-se a traba-

lhar diariamente as duas bordadeiras residentes da Casa do Risco.Emília Magalhães, 48 anos, explica que a técnica do bordado da

Terra de Sousa é diferente da utilizada pelas bordadeiras de outras regiões. “Nós bordamos com o tecido cosido àquilo a que chama o pa-pelão e dominamos uma variedade de pontos muito grande”, atestou.

A bordar desde os 11 anos, a artesã conta que na Casa do Ris-co não têm tido mãos a medir face às muitas encomendas recebidas. “Gosto muito daquilo que faço. Para fazer este bordado bem feito é preciso ter uma formação grande e, acima de tudo, gostar daquilo que fazemos”, disse.

A bordadeira recorda, com um sorriso nos lábios, a peça que mais gostou de bordar: “É muito difícil eleger uma peça preferida porque cada peça é única. Mas lembro de uma toalha de mesa fei-ta em linha de cera com cerca de 40 cores, que me deu muito pra-zer bordar”.

Em frente a Emília, encontra-se a colega de profissão, com mais de 30 anos de experiência, Ana Silva. Lembra, sem tirar os olhos do bordado que tem em mãos, o orgulho que lhe deu bordar as peças para o Papa Bento XVI.

“Foi um orgulho muito grande e marcou-me muito. Nunca vou esquecer essa experiência tão importante”, referiu.

A Casa do Risco foi escolhida para elaborar um conjunto de pe-ças em linho, utilizadas durante a missa celebrada pelo Papa Bento XVI, no Porto, no passado 14 de maio.

A associação de bordados dispõe de serviços dirigidos ao ex-terior, nomeadamente produção, restauro, venda, design e risca-gem, gabinete de apoio à bordadeira e centro de documentação do bordado.

Tem ainda marcado presença em feiras de artesanato nacionais e internacionais, designadamente, na Heimtextil (Alemanha), Feira Nacional de Vila do Conde, The New York Home Textils (EUA) e Mostra Mercato (Itália).

Ana Leite | [email protected] | Fotos A.L. e DR

Carla Meireles

Paula Santos

Emília Magalhães

Ana Silva

Casa do Risco

A construção do Centro Escolar de Vila Boa do Bispo, no Marco de Canaveses, deverá começar no primeiro semestre de 2011. Neste momento está a decorrer a fase de análise de propostas do concurso público daquele equipa-mento escolar, anunciou o presidente da Câma-ra do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, na sessão de apresentação pública do futuro centro escolar que decorreu no salão nobre da Junta de Freguesia de Vila de Boa do Bispo.

O equipamento, que será construído num terreno com 5 000 m2, terá 2 500 m2 de área co-berta e vai incluir refeitório, biblioteca/ludoteca e espaços desportivos cobertos e descobertos. O prazo previsto de construção é de 18 meses.

Na apresentação do projeto, o presidente da Câmara disse que o novo centro escolar (que será o segundo a ser construído no concelho), “deverá implicar um investimento de cerca de 2 milhões de euros, considerando as interven-ções urbanísticas na área envolvente”. A Câma-ra do Marco comprometeu-se com a família que disponibilizou o terreno a aprovar um empreen-dimento urbanístico que irá ser construído junto ao futuro centro escolar. A requalifi-cação da área envolvente inclui a abertura de duas novas ruas.

Manuel Moreira disse acreditar que os centros escolares vão proporcionar uma

“educação de qualidade”, contribuindo para “motivar as crianças que terão uma escola bonita, moderna, que é ape-lativa para eles estudarem e terem o máximo de aproveita-mento. Isso é bom para todos, para os pais, professores e para nós autarcas que temos responsabilidade de criar con-dições para uma educação de qualidade”, afirmou.

O primeiro centro escolar do concelho foi o de Sande. As obras estão em fase de conclusão e a inauguração deve-rá acontecer em breve. E a Câmara tenciona avançar com o centro escolar de Fornos que é considerado como “mui-to, muito urgente” até porque a escola sede, a EB 1 de Fornos, está há muito superlotada e a funcionar em regi-me duplo. “A nossa vontade é a partir do jardim-de-infân-cia dos Murteirados construir o Centro Escolar de For-nos. Temos tido dificuldades porque o Estado ainda não nos disponibilizou o terreno, apesar de haver vontade de permuta com outro terreno do município”, referiu Manuel Moreira. Depois do centro escolar de Fornos, a Câmara tenciona construir o quarto e último centro escolar, na fre-guesia de Soalhães.

Em resposta ao pedido da Junta de Freguesia para que a Câmara do Marco comparticipasse a compra de uma via-tura nova, Manuel Moreira não se comprometeu justifican-

do-se com os cortes de receitas aos municípios. O autarca afirmou ainda que os transportes escolares custam sete mil euros por

dia à Câmara do Marco, ou seja, 140 mil euros mensalmente. Paula Costa

Obras em Vila Boa do Bispo deverão arrancar no 1º semestre de 2011

Centros escolares são prioridade no Marco de Canaveses apesar da crise

repórterdomarão10 novembro’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega

A jornada de solidarie-dade a favor da aquisição de uma nova viatura de comba-te a incêndios para os bom-beiros do Marco de Canave-ses ainda decorre até ao fim de novembro mas terá o seu expoente no dia 20 à noite, com um espetáculo que vai juntar vários artistas da canção que aderiram.

No espetáculo, que terá lugar às 21:00 – o bilhete tem preço único de 5,00 € – no pavilhão Bernardino Coutinho, vão atuar os gru-pos Trio Odemira e Bombo-cas e ainda as artistas Susa-na e Joana. Participam também o Grupo de Cavaquinhos de São Romão de Paredes de Viadores, Miguel Ângelo (artes má-gicas) e o ventrículo Vadrez.

O brasileiro Helton, guarda-redes titular do FC Porto, tam-bém se associou à campanha e deu a cara nos cartazes de pro-moção do evento.

O objetivo da campanha é angariar fundos para a aquisição de uma viatura de combate a incêndios, orçada em 80 mil eu-ros, substituindo a que ficou destruída num acidente no verão.

O presidente dos bombeiros, Cláudio Ferreira, confia numa grande adesão dos marcuenses e aguarda uma enchente. Se-gundo o responsável, o saldo da campanha de solidariedade (pouco mais de 20 mil euros em outubro) está ainda muito longe do montante necessário (80 mil).

Quem não puder assistir ao espetáculo pode contribuir através de um donativo para o NIB 0033 0000 45400927795 05. Os bombeiros querem apresentar a nova viatura na festa de Natal, a ter lugar a 11 de dezembro.

Artistas da bola e da tv emfesta a favor dos bombeiros

Empresários do setor de extração de pedra de Alpendurada e uma das associações que os representa reconhecem que as empre-sas “estão a aguentar-se e a resistir” ao impacto da crise económi-ca, embora alguns industriais tenham procedido a alguns ajusta-mentos nas suas empresas.

Mais de 20 mil visitantes passaram pela segunda edição da bie-nal da pedra que decorreu em Alpendorada e Matos, Marco de Canaveses. Tido como “muito importante no baixo concelho” o se-tor da extração, transformação e comercialização de granito tem neste momento entre 50 a 60 empresas em atividade, abrangendo cerca de 3 000 trabalhadores. Dessas empresas sai granito “para todo o país e para todo o mundo”, afirmou o presidente da Câma-ra do Marco, considerando que “o sector da pedra projeta o conce-lho”. Para o autarca, o bienal da pedra é uma forma de “incentivar e ajudar os nossos industriais da extração e transformação e até os da comercialização do granito para que se sintam motivados para manter as suas empresas”.

Empresas de extração de pedraestão a aguentar a crise

O padre Lino Maia, alertou que “é uma falta de senso” a proposta de orçamento prever que as instituições de solidariedade social deixem de po-der deduzir o IVA relativo à constru-ção de equipamentos sociais.

No Marco de Canaveses, numa conferência sobre pobreza e exclu-são social promovida pela câma-ra local, o presidente da confedera-ção das instituições de solidariedade social lembrou que muitas institui-ções avançaram com “obras necessá-rias”, comparticipadas por fundos da União Europeia, no pressuposto de poderem, como até agora, deduzir a totalidade do IVA pago às empresas de construção.

“De um momento para o outro passar de zero por cento para 23 por cento é uma falta clara de senso. Não há orçamento que resista e não pers-petiva nenhuma solução. Por isso, es-tas instituições, claramente na sua maioria, vão abandonar os edifícios que começaram a erguer”, previu o responsável.

Lino Maia recorda que para ins-tituições que “vivem permanente-mente no fio da navalha não há hipó-teses nenhumas de sobrevivência”.

“Fechamos as portas”, afirmou.

Padre Lino Maia

IVA pode fechar instituições

'Take away' de leitão bísaro em AboimA paixão de Agostinho Moura pela criação de animais, uma

tradição familiar, levou-o, em 2005, a instalar uma exploração de suínos em Aboim, Amarante. O objetivo inicial, conta o próprio, era enveredar pela produção de fumeiro mas alguns anos mais tarde percebeu que seria na criação de leitões que estaria o seu futuro.

Atraído pela qualidade da raça bísara, Agostinho Moura opta em 2009 pela criação de leitões. Os animais são criados numa exploração ao ar livre, preceito que considera fundamental para a qualidade da carne desta raça autóctene.

Há um ano, dá seguimento ao seu projeto apresentando uma candidatura ao Proder para a instalação, em Aboim, de uma adega regional – “Filhos de Moura” – e de um forno para assar leitões, propondo-se fazer um investimento de perto de 100 mil euros.

Face ao investimento considerado ilegível, foi-lhe atribuído um incentivo de 44 mil euros.

120 leitões por mêsA produção de leitões bísaros conseguida por Agostinho Mou-

ra nas suas propriedades é insuficiente para a procura e por isso abastece-se em produtores da zona de Vinhais, sede da associa-ção dos criadores e produtores da raça bísara.

“Por uma questão de qualidade da carne, só assamos e consu-mimos no restaurante leitões de raça bísara”, garante o empresá-rio, que também submeteu a sua candidatura através da coope-rativa Dolmen.

A uma média de 30 por semana, o forno de Agostinho Moura assa mensalmente um pouco mais que 120 leitões, todos eles na ordem dos quatro a cinco quilos, o peso ideal, segundo o empre-sário de restauração.

A principal novidade do projeto é a venda em regime de “take away”, ou seja, o cliente tanto pode encomendar o leitão para comer na adega regional como levantá-lo para o consumir em casa.

O forno, aquecido a lenha e que atinge 240 graus de tempera-tura, foi o equipamento mais dispendioso, tendo dimensão para assar 12 leitões em simultâneo.

O estabelecimento de Agostinho Moura tem capacidade de frio para armazenar algumas dezenas de leitões, pelo que aceita en-comendas com apenas algumas horas de antecedência.

Basta um telefonema e três horas depois o leitão está pronto a comer.

Leitão assado bísaro - Adega Regional “Filhos de Moura”, Aboim, Amarante. A 500 metros da variante Amarante/Celorico de Basto (na rotunda, saída para Aboim). Tlf. 912 355 553.

Projetos apoiados pelo Programa PRODER

Adega Regional FILHOS DE MOURA

Cooperativa de Formação, Educação eDesenvolvimento do Baixo Tâmega, CRLAMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES

RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL

Telef. 255 521 004 Fax 255 521 678 [email protected]

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Projetos apoiados pelo Programa PRODER

Gastronomia tradicional em Casais NovosDois amigos conjugaram esforços para montar em Casais

Novos, Penafiel, uma oferta diferenciada no setor da restaura-ção, inserida num conjunto arquitetónico rural, fruto da recu-peração de alguns imóveis. É o Restaurante O Engaço, aberto desde março deste ano por iniciativa de Helder Rocha e Renato Barroso.

O projeto foi financiado pelo Proder, ao abrigo de uma can-didatura apresentada na Dolmen e obteve um financiamento de 84 mil euros para um investimento ilegível de 195 mil euros.

“Na nossa opinião havia uma falha na gastronomia local, so-bretudo pelo tipo de serviço que apresentamos. Tentamos fazer uma coisa diferente e hoje é uma aposta ganha. Superou até as nossas expectativas”, afirma Helder Rocha.

Embora reconheça que as notícias sobre a crise têm afetado um pouco o movimento da clientela no último trimestre do ano, os proprietários de O Engaço confiam no projeto e até têm pla-nos para o alargar a outras áreas de atividade, nomeadamente o alojamento.

“O restaurante está inserido numa quinta produtora de vinho e desde logo o restaurante é um excelente cliente para escoar os vinhos aqui produzidos”, considera Renato Barroso.

“Como a quinta também possui locais que podem ser recu-perados para alojamento, há a possibilidade de alargarmos a atividade ao enoturismo”, acrescenta.

O Engaço montou também uma esplanada durante o verão e prepara terrenos em redor do restaurante para futura utilização pelos seus clientes.

O projeto que o Proder apoiou é um dos maiores deste sector de atividade e na área de influência da Dolmen e decorre de um

investimento que ultrapassa os 200 mil euros.Segundo Helder Rocha, “o projeto nasceu antes da candida-

tura ao Proder” e independentemente do apoio financeiro.“Não sabíamos se o projeto seria ou não contemplado, mas a

verba do Proder é uma ajuda valente, que vai sobretudo permitir crescer”, reconhece.

Os dois sócios de O Engaço salientam sobretudo os pos-tos de trabalho que conseguiram criar, seis efetivos, superando as estimativas iniciais. Além disso, recorrem ainda a trabalho eventual sempre que necessário.

Peixe de lota e produtos frescosQuanto à gastronomia servida aos clientes, Helder Rocha faz

questão de frisar que todos os produtos hortícolas são colhidos diretamente no produtor – sempre que possível aos produtores da zona – e que todo o peixe consumido é fresco e de lota. “Não entra aqui qualquer peixe de aquacultura”, salienta.

Em vez de trabalhar com uma lista de pratos, O Engaço pro-põe sugestões conforme o dia da semana.

Uma massada de tamboril, “que não é fácil de encontrar no norte”, carnes com migas de broa caseira, picanha e peixe fresco do mar são a base dos pratos do restaurante. As sobremesas são todas feitas em casa, realça o empresário.

O Engaço tem cerca de 50 lugares, aceita marcações e cartões de crédito e encerra à terça-feira. Tlfs. 255 724 209/925 788 095.

Junto à Rotunda de Casais Novos (EN 15 com a EN 211), em Penafiel. Tem parque de estacionamento privativo.

Restaurante O Engaço

Armindo Mendes | [email protected] | Fotos A.M.

O município de Fafe investiu mais de 40 milhões de euros na última década para requalificar todo o

parque escolar até ao primeiro ciclo do ensino básico e encerrando cerca de 70 edifícios antigos. O presidente da câmara, José Ribeiro disse ao Repórter do Marão que o seu concelho foi pioneiro, há cerca de 10 anos, quando iniciou o processo de deslocação de alunos das zonas rurais para centros educativos com mais condições, nomeadamente em Silvares e Revelhe.

“Tivemos uma visão estratégica. Fizemos isso muito antes do Ministério da Educação começar a defender essa medida publicamente”, precisou o edil fafense.

O processo decorreu de forma pacífica, tendo sido possível concertar posições com as juntas de fre-guesia e a população.

“Todos perceberam que era um caminho inevitá-vel e uma boa solução para toda a gente”, vincou.

No âmbito deste processo, foram encerradas de-zenas de escolas, nomeadamente as que tinham um reduzido número de alunos. Estes foram transferi-dos para modernos equipamentos construídos em di-

ferentes pontos do concelho, que também foram es-truturados para acolherem alunos do pré-escolar.

Os edifícios que ficaram vazios foram, explicou o edil fafense, igualmente requalificados e depois “en-tregues em ótimas condições às juntas de freguesia”.

Em paralelo, as escolas mais antigas que se man-tiveram em funcionamento, sobretudo nas freguesias mais populosas, foram remodeladas, ampliadas com salas para o pré-escolar e apetrechadas com novos equipamentos, nomeadamente refeitórios e cantinas para ali serem servidas refeições.

Neste momento, segundo José Ribeiro, o conce-lho apresenta uma cobertura superior a 90 por cen-to ao nível do pré-escolar, o que o coloca entre os me-lhores no país.

| Centro educativo na cidade |Mas o processo de modernização não está conclu-

ído, faltando um passo que o autarca considera cru-cial, que é a construção de um novo centro educativo, orçado em cerca de cinco milhões de euros, no espa-ço atualmente ocupado pela EB2,3 Professor Carlos Teixeira, na cidade.

José Ribeiro fala de um equipamento com capa-cidade para cerca de 700 alunos do pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico, que vai concentrar grande parte dos alunos da área urbana e freguesias

limítrofes.Para que este processo seja possível, os alunos

que frequentam a EB2,3 Professor Carlos Teixeira serão transferidos para a atual Escola Secundária de Fafe, que também sofrerá obras de modernização.

Estes ajustamentos vão requalificar por comple-to a atual zona escolar da cidade construída no prin-cípio da década de 80 do século passado.

Por seu turno, os alunos do ensino secundário se-rão encaminhados para a nova escola secundária que se vai construir na zona norte da cidade (próximo do cemitério) e cujo concurso público deverá avançar no início de 2011. José Ribeiro espera que a nova secun-dária, a única do país nesta fase a ser construída de raiz e orçada em cerca de 20 milhões de euros, possa estar pronta em 2012.

| Prioridade absoluta educação |A zona norte de Fafe vai passar a ser a mais mo-

derna da cidade, estando para ali programados vá-rios novos equipamentos estruturais, como o hos-pital, a escola secundária, a piscina municipal e o estádio de futebol.

Também para a atual EB 2,3 de Montelongo, noutra zona da cidade, próxima do pavilhão multiu-sos, está programado acoplar um centro educativo para as crianças do pré-escolar e primeiro ciclo.

Fafe investiu mais de 40 milh ões de euros no ensino básico

A Câmara de Fafe vai associar-se a um grupo de empresas privadas na constituição de uma parceria público privada (PPP) para construir equipa-mentos desportivos na cidade, nomeadamente um novo estádio de futebol, in-vestimento que ultrapassará 30 milhões de euros.

O presidente da autarquia, José Ribeiro (PS), citado pela Lusa, anunciou que a parceria só não avançou porque o tribunal está a apreciar uma providência cau-telar apresentada por um dos grupos de empresas que se apresentou ao concurso público aberto pelo município.

“Se a decisão nos for favorável, como espero, no prazo de dois a três meses de-veremos constituir a sociedade”, afirmou o autarca.

Nesta parceria prevê-se a construção na zona norte da cidade de um novo es-

tádio municipal, alienando o atual.Na mesma zona do estádio, serão construídos uma nova piscina municipal e

dois parques de estacionamento na área urbana, um junto ao tribunal e outro nas proximidades dos paços do concelho. Está ainda garantida a requalificação dos atuais espaços da feira e do mercado.

Município pagará renda durante 25 anosO capital da empresa a constituir será maioritariamente detido pelo lado priva-

do, com 51 por cento. O restante capital, 49 por cento, será subscrito pelo municí-pio através da cedência de terrenos para a construção dos equipamentos.

“O nosso desenvolvimento passa pela educação”, defende o presidente da câmara, José Ribeiro

Autarquia vai constituir parceria público -privada para construir novo estádio

Armindo Mendes | [email protected] | Fotos A.M.

Fafe investiu mais de 40 milh ões de euros no ensino básico

O presidente da Câmara disse ao Repórter do Ma-rão que quando tomou posse em 1998 adotou logo como prioridade da sua gestão a educação.

José Ribeiro frisou que desde então foram canaliza-dos recursos financeiros vultuosos do município, da ad-ministração central e de fundos europeus para se con-cretizar uma profunda remodelação de todo o parque escolar, nos vários graus de ensino, incluindo as novas EB 2,3.

Hoje o concelho apresenta uma das redes mais completas e modernas de equipamentos escolares da região Norte.

José Ribeiro disse ao RM que esse processo per-mitiu contribuir para melhorar a qualidade do ensino nos vários graus, acabando quase por completo com o abandono escolar precoce e reduzindo o insucesso.

Segundo o edil, a qualidade de educação no conce-lho é, há alguns anos, um fator acrescido na sua compe-titividade, porque os alunos de Fafe têm condições de aprendizagem, nomeadamente no domínios dos equi-pamentos, ao nível do que de melhor existe no país.

“Acredito que até ao final deste meu mandato, que é o último, concluídos os novos equipamentos, deixarei o município com a melhores condições em termos edu-cativos.

“O cerne do desenvolvimento de Fafe passa pela educação, porque só teremos novas gerações aptas para o desenvolvimento se começarmos a qualificá-las logo no pré-escolar e primeiro ciclo”, observou.

José Ribeiro garantiu que a câmara não vai assumir no imediato qualquer in-vestimento, ficando no entanto obrigada ao pagamento de uma renda, cujo valor não especificou, por um período de 25 anos.

Encargo "ao alcance do Município"O autarca socialista admitiu à Lusa que o encargo que a edilidade vai assumir

“é pesado”, mas “perfeitamente ao alcance” do município, devido ao que conside-ra ser “a boa saúde das contas municipais”.

O presidente garante que a sua autarquia tem disponível metade da sua capa-cidade de endividamento.

O edil espera ver melhorada a situação financeira até ao final deste ano com a amortização de cerca de três milhões de euros na atual dívida, porque a câma-ra, explicou, receberá dos fundos europeus a comparticipação a que teve direito no âmbito da reconstrução do teatro da cidade, sendo possível amortizar o respe-tivo empréstimo.

“Eu faço muita questão de chegar ao final deste meu mandato, que é o último, e a situação financeira da câmara não ser um problema. Farei questão que o futu-ro presidente de câmara durma tranquilo”, observou.

A propósito da parceria publico privada, José Ribeiro refere que está acaute-lada a gestão, pelo município, através da empresa municipal Naturfaf, de alguns dos equipamentos, nomeadamente os que terão retorno financeiro, como a feira e o mercado, ajudando a realizar receitas para pagar as rendas. Armindo Mendes

“O nosso desenvolvimento passa pela educação”, defende o presidente da câmara, José Ribeiro

| “Revolução” começou na década de 80 |No início da década de 80 do século XX, o concelho

de Fafe, já então com um número elevado de jovens, deu um enorme passo em frente ao nível da educação quando se avançou para a construção da zona escolar .

Foi nesse período que surgiram a escola secundária e a então escola preparatória, hoje EB2,3.

Sob ponto de vista qualitativo foi um passo mui-to considerável, porque os alunos dessa época deixa-ram as velhas escolas onde estudavam e passaram a poder contar com instalações modernas e amplas, que reproduziam o estilo arquitetónico que era moda. Es-ses equipamentos transfiguravam por completo aquela zona da cidade (então ainda vila), completando a malha urbana formada também pelo novo quartel dos bom-beiros, pelo mercado e feira municipais e pela central de camionagem, além da nova Avenida do Brasil.

Os dois equipamentos tinham amplos espaços, in-cluindo refeitórios, cantinas, zonas de recreio ajardina-das, pavilhões desportivos e recintos para a prática de atividades desportivas ao ar livre.

À época Fafe estava na vanguarda a este nível, por-que poucos equipamentos de ensino com esta qualida-de tinham ainda sido construídos na região.

Nos anos seguintes acabariam por ser construídos outros equipamentos, designados à data como C+S, nomeadamente em Revelhe, Arões e Silvares, que vie-ram aliviar os dois equipamentos educativos da cidade.

Autarquia vai constituir parceria público -privada para construir novo estádio

Filarmónicas de Fafe apostam em escolas próprias para formarem jovens músicos

Bandas de Revelhe e Golães

A s bandas filarmónicas de Golães e de Revelhe, ambas no concelho de Fafe, são por tradição consideradas das

melhores do país, um prestígio antigo, é certo, mas que as duas têm feito por consolidar nos últimos anos apostando na formação de jovens músicos.As duas bandas centenárias têm em funciona-mento escolas onde crianças e adolescentes aprendem música gratuitamente, acompanha-dos pelo melhores executantes nesta arte.

Todos os anos vários desses alunos acabam por ingres-sar nas respetivas bandas, iniciando um percurso lado a lado com os “velhos mestres” que há muito executam, no país in-teiro, o reportório de cada uma das bandas.

Alguns desses jovens músicos das duas bandas acabam por aprofundar os seus estudos musicais, ingressando no conservatório, destacando-se em bandas profissionais, no-meadamente do exército ou da GNR, ou terminam por le-cionar música nalgumas das melhores escolas do país.

Os responsáveis das bandas de Golães e de Revelhe dis-seram ao Repórter do Marão (RM) que as duas estão a atra-vessar um bom momento, sobretudo no plano qualitativo.

Ricardo Freitas, da direção da Banda de Golães, foi di-reto ao afirmar que este é “o melhor momento de sempre” desta filarmónica, atualmente com 65 músicos, que é uma das mais antigas do país, fundada em 1770.

“Em Golães há uma tradição, há uma raiz musical, há uma veia muito própria”, afirmou, explicando os talentos que tradicionalmente são descobertos nesta freguesia de fa-fense.

“A qualidade atual também acontece graças à nossa es-cola. Por isso temos hoje executantes de elevada qualidade. Para nós é um enorme motivo de orgulho, porque fazemos jus à tradição da nossa banda”, afirmou ao RM, observando, a titulo de exemplo, que o maestro Filipe Lopes Silva é mú-sico profissional e professor na Gulbenkian.

Na escola desta banda há 25 crianças a aprenderem música, orientadas por músicos de grande qualidade. Golães tem também uma banda juvenil com cerca de 40 elementos.Também a Banda de Revelhe, presentemente com 68 músi-

cos e sede na cidade de Fafe, tem a sua escola em franco de-senvolvimento, com cerca de 60 crianças. Como em Golães, as aulas são gratuitas, incluindo a disponibilização dos ins-trumentos musicais.

“Claro que temos o prazer de proporcionar uma apren-dizagem de qualidade. Alguns dos nossos melhores alunos acabam por ingressar na banda. Posso dizer que quase me-tade dos músicos veio da nossa escola e por isso são da zona de Fafe”, explicou ao RM António Marinho, elemento liga-do à direção.

A Banda de Revelhe, revelou, tem nos seus quadros mú-sicos de grande qualidade, parte dos quais profissionais em orquestras filarmónicas e sinfónicas.

“Somos uma banda com muita qualidade, disso não haja dúvidas. Apesar de termos muita tradição e sermos conheci-dos em todo o país, acho que atualmente apresentamos um trabalho que honra o passado da banda”, defendeu ainda António Marinho.

| Crise amarga |As duas bandas de Fafe são reconhecidamente das me-

lhores do país, mas esse prestígio acaba por constituir uma dificuldade acrescida em tempo de crise como o atual.

O facto de ambas reunirem um conjunto de músicos de qualidade acima da média, sobretudo os profissionais, obri-ga-as a pedir por cada concerto um cachê acima da média do que é praticado.

“Em tempo de crise é mais difícil. Nós não podemos bai-xar muito, mas as comissões de festas também têm menos dinheiro para nos pagar”, explicou Ricardo Freitas, da Ban-da de Golães.

Do lado de Revelhe, enfrenta-se a mesma dificuldade. António Marinho lembra que o facto de as comunidades emigrantes com origem em Portugal terem hoje menos pos-sibilidades financeiras veio agravar ainda mais o problema.

Anota, por outro lado, o acréscimo de qualidade dou-tras bandas com menor tradição devidos às escolas de músi-ca que têm surgido.

Essas bandas, por terem “menos nome”, explicou An-tónio Marinho, levam menos dinheiro do que a de Revelhe.

“Nós temos o nosso preço que temos de assegurar para suportar as despesas”, afirmou, explicando que as desloca-ções do músicos profissionais que vêm de fora ficam muito caras à banda.

Os responsáveis das duas filarmónicas fafenses alinham pelo mesmo diapasão quando admitem que só com o apoio da Câmara de Fafe, que atribui a cada uma um subsídio anu-al de 100 mil euros, é que tem sido possível manter as duas bandas com a qualidade que herdaram dos seus fundadores.

| Uma rivalidade “civilizada” |É velha a rivalidade que as bandas de Fafe têm entre si,

fazendo lembrar as discussões do futebol.Diz a tradição que em Fafe há os adeptos de Revelhe e

os adeptos de Golães. Uns e outros acham que a sua banda é melhor do que a rival. Há algumas dezenas de anos eram intensos os despiques que ambas travavam nos coretos das feiras francas, atraindo milhares de pessoas que ouviam em silêncio absoluto as exibições de cada uma.

Mas, segundo os dois diretores ouvidos pelo RM, essa rivalidade já não se traduz da mesma forma. Hoje todos os músicos e diretores se dão bem e muitos até são ami-gos. A rivalidade existe, mas é encarada pelas duas ban-das como um estímulo para melhorarem a qualidade face à rival. Armindo Mendes

22 outubro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I economiaCertificação da Alheira de Mirandelapode avançar a curto prazo Alheira vegetariana é agora integralmente autêntica

Grelhada, assada na lareira ou no forno, estufada ou frita em azeite, a alheira de Mirandela tornou-

se emblemática dentro e fora da região. Em paralelo com a exploração de novos segmentos de mercado, mantém-se a prioridade de assegurar a sua genuinidade.

Atualmente, a alheira de Mirandela tem o re-gisto provisório de produto de Especialidade Tra-dicional Garantida (ETG), mas a passagem a Iden-tificação Geográfica Protegida (IGP) poderá estar para breve. “Até dezembro teremos uma respos-ta positiva, já que está numa parte burocrática. Aguarda-se a decisão de Bruxelas”, adianta Rui Cepeda, membro da Associação Comercial e In-dustrial de Mirandela.

Iniciado em 2006, este processo pretende salva-guardar os produtores mirandelenses, já que ago-ra qualquer empresa do país, desde que cumpra o caderno de especificações, pode produzir alheira de Mirandela. No pedido de registo de IGP pode ler-se que, considerando as condições necessárias ao pro-cesso de fumagem, no qual é utilizada lenha típica da região (carvalho e oliveira), o saber-fazer das popula-ções baseado em métodos locais, leais e constantes, o uso do pão regional de trigo, cujo segredo de fabrico permaneceu inalterado ao longo de gerações, a área geográfica de transformação e acondicionamento está circunscrita ao concelho de Mirandela.

No mesmo documento estipula-se ainda a obri-gatoriedade de utilizar carne de porco da raça Bísa-ra (ou cruzamento com esta raça, desde que um dos progenitores seja bísaro), entre outros parâmetros físicos e químicos a respeitar na confeção.

A alheira de Mirandela é constituída por carne

e gordura de porco da raça Bísara, carne de aves, pão de trigo, azeite de Trás-os-Montes e banha, in-gredientes condimentados com sal, alho e colorau (doce e/ou picante). Pode ainda ser usada carne de animais de caça, carne de vaca, salpicão e/ou pre-sunto envelhecidos. A par desta composição con-vencional, têm surgido outras propostas.

| Inovação no reverso da tradição |Rui Cepeda é também sócio-gerente da empresa

que patenteou, no ano transato, as alheiras de baca-lhau e vegetariana. “O nosso departamento de quali-dade tem a preocupação de encontrar produtos que tenham aceitação no mercado.” Ao estudo de mer-cado sucederam-se experiências e painéis de pro-vadores para que, no momento em que os produtos saíssem, o risco fosse calculado. “Nunca quisemos retirar as características da alheira de Mirandela, que é a nossa bandeira. Foram lançados para colma-tar situações de mercado e para que a empresa te-nha evolução em termos de vendas. Por isso, temos de procurar soluções sustentáveis para manter os 43 funcionários todo o ano”, justifica.

Lançada com tripa natural de vaca, a alheira ve-getariana causou desconfiança junto de algum públi-co, que apontava a origem animal desse ingrediente. Agora é completamente vegetariana, porque se uti-liza uma tripa sintética. “Foi uma solução procurada desde início e introduzida este ano. Esta informação é sublinhada no rótulo e conseguimos atingir o merca-do dos mais convictos”, refere o empresário.

O modo de produção é idêntico ao da alheira tra-dicional, “só mudam os ingredientes”. “É preciso ter cuidado para que joguem bem”, frisa. Na de bacalhau entram também azeitonas pretas e verdes, enquanto na vegetariana não falta o pimento, a cenoura, a cebo-la desidratada, entre outros vegetais.

| Novas tendências no consumo |

Apesar de continuar associado à época de inver-no, o consumo de enchidos tem vindo a perder a sazo-nalidade. “Aí louvor seja dado às grandes superfícies comerciais. Há uns 30 anos, quando a empresa era mais familiar, lembro-me que de junho a agosto, não havia sequer produção.” Hoje, há uma ligeira quebra, porque é o mês destinado às férias do pessoal, mas a produção não pára.

Em 2009, a Eurofumeiro produziu 1 100 tone-ladas de alheiras. Este ano, já se conta com o im-pacto da crise, que levará a que “os produtos com preço mais baixo tenham tendência para subir li-geiramente”.

A alheira de Mirandela tem nos grandes centros urbanos, nomeadamente Porto e Lisboa, os princi-pais mercados consumidores, ainda que, segundo o empresário, se tenha registado “uma evolução agra-dável” no sul do país, “curiosamente na época do ve-rão”. Como na região vigora o hábito de produzir en-chidos a título individual, não há tanta procura.

Neste momento, verifica-se uma “consolidação do mercado” relativamente às alheiras vegetarianas e de bacalhau, cuja produção correspondeu a 30 e 40 toneladas (respetivamente). “A que tem tido mais sa-ída é a de bacalhau, mas neste último trimestre, a ve-getariana tem vindo a sofrer uma evolução positi-va por causa da alteração da tripa. Atingimos nichos como vegetarianos e pessoas com problemas de saú-de”, afirma Rui Cepeda.

As alheiras também têm sido procuradas para a cozinha de autor, que as utiliza para as mais variadas aplicações gastronómicas, desde a açorda até ao ge-lado. Por outro lado, a exportação equivale a 5% da produção e é direcionada sobretudo para França, Lu-xemburgo, Suíça e Angola. Patrícia Posse

Comércio de Amarante não escapa à crise"Amarante tem a vantagem de ter o seu tecido produtivo composto por micro e PME`s e de setores de atividade diversos. Os efeitos mediáticos da crise são menos visíveis, mas existem", afirma o líder da AEA.

O presidente da Associação Empresa-rial de Amarante (AEA), Luís Miguel Ribeiro (LMR), reconhece que as em-

presas “estão a passar uma fase muito difícil”.

RM - Qual foi o impacto dos últimos eventos organi-zados pela AEA?

LMR - "A Associação Empresarial de Amarante assu-me como uma das questões mais importantes na sua missão, o contributo que pode dar a Amarante na sua dinamização e desenvolvimento económico. Uma das formas de darmos esse contributo, é definirmos anualmente um Plano de Animação Comercial que contribua para gerar novas dinâmicas e, conse-quentemente, novas oportunidades de negócio, sobretudo pen-sando nos nossos sócios.

Penso que os eventos que temos vindo a organizar, e per-mita-me aqui destacar a forma como são organizados, onde o envolvimento de parceiros empresas e instituições, a par com um conjunto de profissionais que colaboram com a AEA têm contribuído fortemente para o sucesso dos eventos.

Naturalmente que tudo isto só faz sentido quando temos um conjunto de empresários, quer sejam da área da indústria, do comércio ou dos serviços, que acreditam na sua associação empresarial e que, também por isso, colaboram e se empe-nham para que estes eventos se traduzam em oportunidades de sucesso para as suas empresas, mas também para a organi-zação. Esta relação entre empresários e a AEA tem permitido o sucesso dos nossos eventos e por isso um impacto muito posi-tivo na dinamização da atividade económica local."

Relativamente a esta última iniciativa [Feira do Sto-ck-Off], que balanço faz?

"Esta feira de stock-off é um dos eventos que faz parte do nosso Plano Anual de Atividades, e que reflete aquilo que atrás referi, ou seja, uma organização com muito profissionalismo e rigor, e uma grande participação dos nossos associados, que resultou num grande sucesso que beneficiou os comerciantes que estiveram presentes, os mais de oito mil consumidores que se deslocaram à feira e a satisfação da AEA por, mais uma vez, ter contribuído para ajudar os nossos sócios.

Este não é o evento que se faz com mais vontade e convic-ção do seu contributo para o desenvolvimento económico de Amarante, mas é uma necessidade, sinal dos tempos de crise e que temos de continuar a organizar, para que os nossos co-

merciantes minimizem um problema que é o de escoar merca-dorias, que têm em stock, em armazém, e que representam um custo elevado e que, por isso, é necessário ir resolvendo. É este o principal contributo desta feira."

Que iniciativas têm previstas para os próximos me-ses?

"A direção da AEA e o seu departamento de comunica-ção, eventos e imagem, estão a preparar o Plano de Atividades para 2011, que irá conter um número de iniciativas semelhante à deste ano, incidindo no tema “Amarante, Cidade Romântica”. Estamos a trabalhar na preparação de um conjunto de eventos que têm dois objetivos fundamentais, que são o de criar uma nova dinâmica e animação na cidade e ao mesmo tempo promo-ver Amarante a nível nacional e internacional, de forma a atrair pessoas e a dinamizar o turismo, criando desta forma oportuni-dades de negócio para o comércio.

Nos tempos mais próximos, continuaremos a organizar conferências enquadradas no ciclo de conferências “Novas Res-postas para Novos Desafios”, de forma a fazermos reflexões so-bre o presente mas, sobretudo, a preparar as nossas empresas para o futuro. O Natal será, certamente, uma época que mere-cerá a organização de um conjunto de eventos especiais para tornarmos o ambiente na cidade mais atrativo, para as pessoas poderem efetuar as suas compras."

De que forma é que os efeitos da crise se têm feito sentir nas empresas de Amarante?

"A crise que vivemos afeta toda a atividade empresarial. Não podemos esquecer que na origem desta crise está a crise do sistema financeiro, nomeadamente, da banca. Também to-dos sabemos que ela se reflete a nível mundial, o que dificulta ainda mais as soluções a adotar, embora a gravidade seja dife-rente em função da capacidade de resposta de cada país. Con-siderando estas duas questões, além de muitas outras, facil-mente se percebe que as empresas estão a passar uma fase muito difícil. Estas dificuldades também variam de empresa para empresa, em função, por um lado, da forma como a em-presa estava estruturada e por outro, os mercados de compra e de venda. O tecido empresarial de Amarante enfrenta, tam-bém, um período muito difícil, em que é necessário cada vez mais um esforço conjunto para responder a estes desafios e perceber que nada mais será como antes. É, por isso, neces-sário interpretarmos o presente e prepararmos resposta para o futuro. Amarante tem a vantagem e a desvantagem de ter o seu tecido produtivo composto por micro e PME`s e de secto-

res de atividade diversos. Desta forma, os efeitos mediáticos da crise são menos visíveis, mas existem."

Nos últimos tempos têm fechado estabelecimentos por causa desta dita crise?

"Naturalmente que este período de crise veio acelerar o encerramento de algumas empresas menos preparadas para enfrentar dificuldades. Mas todos temos de ter consciência que as empresas, tal como nós, têm um ciclo de vida. É por isso na-tural, não desejável, que as empresas por razões diversas (sé-rias, não fraudulentas), por vezes esgotem a sua capacidade de estar no mercado e, por isso, encerrem.

Mas é também muito importante dizer-se que Amaran-te tem Empresários que, neste período mais adverso, continu-am a investir e a expandir a sua atividade empresarial. Como disse o Sr. Eng.º António Mota, ilustre amarantino e presiden-te da Mota Engil, “os períodos de crise também são períodos de oportunidades e a Mota Engil, sempre que passou por es-tes períodos, cresceu”.

É importante que este período sirva também para todos crescermos como empresários, como homens e definitivamen-te cada um perceba que juntos, num espírito de solidariedade, respeitando os interesses de cada um, somos capazes de mais facilmente enfrentarmos as dificuldades e vencermos num mercado cada vez mais competitivo e global."

O que tem feito a AEA para inverter, ou mesmo mini-mizar, o impacto deste tipo de situações?

"Perdoem-me a imodéstia, mas penso que o papel da AEA, a sua postura, a forma como interagimos com os nossos as-sociados e o rigor que temos colocado na instituição, é a me-lhor forma de contribuirmos para apoiarmos o nosso desen-volvimento económico, mas também social. Ninguém tenha dúvidas das enormes dificuldades com que se deparam diaria-mente os diversos órgãos da AEA, desde os órgãos sociais, aos órgãos de gestão e a todo o corpo técnico, mas a convicção de que estamos no caminho certo e a seriedade e rigor com que trabalhamos todos os desafios que nos são colocados, tem-nos permitido manter uma instituição forte, atenta e interventiva. Mas temos também a consciência que o caminho se faz cami-nhando e que há cada vez mais para fazermos.

Temos estado muito próximos de quem quer estar próxi-mo de nós e o feedback que recebemos dos nossos empresários é, para nós, o melhor estímulo para continuarmos este cami-nho, que o futuro se há de encarregar de julgar, mas que o pre-sente assim exige." Paula Costa

O presidente da Associação Empresarial de Amarante cumprimenta um dos comer-

ciantes participantes no último "stock-off".

Foi conveniente seguir o conselho dos engenheiros ferroviá-rios suíços e fechar a linha do Corgo em Março de 2009. Encerrar a tempo de evitar derramamento de sangue. Porém, assim se escon-deu um legado de abandono principiado por Cavaco Silva e ces-sado por José Sócrates, com um decreto que dizia conhecer enci-clopedicamente a condição da linha, em defesa da segurança dos utentes (estes devem estar rodeados de todas as seguranças), de preferência a segurança do isolamento, a segurança da ineficiente rede de autocarros, em último caso a segurança da boleia.

Quanto ao resto desta tortuosa peripécia, conhecemos o últi-mo acto. Juras quebradas, arrufos desmaiados e soluços, e lágrimas de crocodilo. Afinal o culpado é o PEC e a crise internacional, malo-grou os projectos altruístas do governo PS.

Que fazer com a linha, mais uma ecopista? No interior já existe excesso de ecopistas (nos locais errados) e ecopisteiros. Podíamos usar a linha para dinamizar a criação de locais de emprego e activi-dades económicas no bairro da Estação em Vila Real, e nas proximi-dades da estação da Régua. A linha, atrofiou em parte porque exis-te uma crónica arte de criar desemprego e crises cíclicas na linha ideológica do centrão. A arrojada erosão do estado previdência operada por tecnocratas de ambos os partidos, que apenas vêm as empresas públicas como fontes de rendimento pessoal, provocou o definhamento de serviços públicos essenciais como a linha do Corgo. É antes de mais uma questão ideológica e não uma ques-tão de modernidade ou gestão de recursos, e contra isso o Bloco de Esquerda diz não.

A 22 de Setembro de 2010, foi comemorado mais um dia eu-ropeu sem carros. Em Vila Real, nem tanto, longe vai o tempo da primeira iniciativa quando numa pateta manobra de marketing um carro foi destruído na via pública, talvez estivesse próximo uma municipalização dos transportes locais, mas não, foi só espalhar pé-talas e promessas. Actualmente a mobilidade em Vila Real resume-se ao túnel do Marão, o Viaduto do Corgo, a A4, as salamandras que a Corgobus salvou com autocolantes nos vidros dos autocarros. Em síntese, prioridade para o automóvel e o asfalto.

Tive a oportunidade a 23 de Setembro de experimentar as oportunidades de locomoção na rede rodoviária privada entre Vila Real e a Régua por causa de uma entrevista. Investi 12 € e a alma pesou-me ao perder um dia de trabalho. Foi dinheiro e tempo ati-rado borda fora, no percurso para Vila Real gastei 1.90 €, de Vila Real para a Régua, através de Santa Marta de Penaguião gastei 3.00 €

numa viajem sinuosa e curvilínea de quase uma hora, ao que se juntaram despesas com alimentação, ao voltar despendi 5.50 € num expresso entre a Régua e Vila Real, e novamente gastei, uns módicos 1.90 € para voltar ao lar, e como prenda de bom compor-tamento consumista tive que caminhar 1,5 km até casa. Feliz ou in-felizmente naquele dia o meu carro estava na oficina.

A grande contradição deste desperdício capitalista, ou ima-gem de gente simples a viver acima das suas possibilidades como gosta de dizer Pedro Passos Coelho com a sua verdade da econo-mia, é que se estivesse a linha operacional gastaria 3.80 €, em duas viagens, não necessitando de gastos extra, e cumpriria sem pressas os meus planos. Onde eu quero chegar, é um exemplo acabado. A mobilidade é uma cortina de fumo, fiquei desesperado e preso no nevoeiro inerte a reviver a pré-história das vias de comunicação e o tempo das grandes veias de comunicação, as auto estradas, sem poder gozar das maravilhas do estado-providência, como o com-boio, que me deixaria em pouco mais de trinta minutos e num lo-cal central a um preço de acordo com as minhas possibilidades – Não é senhor Sócrates e senhor Passos Coelho!

Existe uma grave demissão das responsabilidades de criar ur-gentemente uma rede de mobilidade para os cidadãos do nosso distrito, sobretudo entre Vila Real, Régua e Lamego; uma rede in-termunicipal urbana eficiente, amiga do ambiente e barata. Na Ré-gua por exemplo nem sequer existe um terminal rodoviário como o que vai abrir (finalmente) em Vila Real. Poderá estar contempla-do nos 15 milhões de euros a utilizar no programa de regenera-ção urbana?

Sei que existem planos para criar um sistema de mobilidade intermunicipal através de autocarros, no âmbito da Douro Alliance, Manuel Martins até fez uma declaração nesse sentido. Mas o que vai ser afinal essa rede de transportes? Talvez o sabemos de véspe-ra como é hábito crónico dos executivos PSD.

Se isto não for útil para despertar as consciências apegadas a rochedos antiquados é porque o individualismo da nossa comu-nidade é tão real e conservador como aqueles que a governam, e aqueles que secundam em oposições de fachada, como o PS.

Não surgiu até à data nenhum movimento cívico ou manifes-tação popular para defender a linha do Corgo e viagens de com-boio a 1.90 €, mas da parte do Bloco de Esquerda, continuamos dis-poníveis para a luta pelos serviços públicos e por viagens a 1.90 €.

Paulo Seara | BE/Vila Real

Que fazer?

Como chegamos aqui? No momento em que o País sofre como nunca na história da Democracia, im-porta haver consciência de quem nos trouxe até esta crise. E não vale a pena repisar a tese de que a crise é global. A verdade é que há um culpado objectivo pela dimensão que esta crise tomou em Portugal: chama-se Partido Socialista. Foi a governação socialista de privi-legiar a despesa pública, de apostar nos investimentos megalómanos, de não ter pudor na criação de lugares a esmo na administração pública para os seus amigos e de optar por uma política eleitoralista que provocou o descalabro das contas públicas e nos colocou numa si-tuação negativa ímpar em toda a Europa.

Chegamos ao ponto em que são os por-tugueses no seu conjunto que terão de expiar colectivamen-te os pecados praticados por um só homem, o Primeiro Mi-nistro. Especial-mente atingi-dos, enquanto grupo social, são os funcioná-rios públicos. Es-tes, na sua esmagadora maioria, são profissionais com-petentes e diligentes, mas são lhes baixados os salários, retirados benefícios sociais e agravados os seus impos-tos.

O ano de 2011 vai ser de todos os sacrifícios. Ape-sar do esforço patriótico que o PSD realizou para pro-curar garantir uma solução orçamental que penalize o menos possível cidadãos e empresas, a verdade é que o PSD não pode garantir a fiabilidade de um Governo que nos tem constantemente habituado à demagogia, à falsidade e ao despesismo.

O maior problema do País neste momento não é a crise ou os sacrifícios que os portugueses uma vez mais vão estoicamente suportar. O problema maior de Por-tugal é a falta de confiança que o Governo provoca en-tre os portugueses. É a desconfiança que faz com que o aperto de cinto seja cumprido com o sentimento de que mais esta expiação vai servir de pouco ou de nada. A sensação que fica é a de que enquanto a governação socialista continuar não haverá crescimento económi-co sequer razoável e, portanto, daqui a seis meses ou um ano estaremos não na mesma mas provavelmente pior. É uma impotência generalizada que nos faz lem-brar Luís de Camões: José Sócrates é hoje o “fraco Rei que faz fraca a forte gente”.

Uma palavra de regozijo pela apresentação da re-candidatura de Cavaco Silva a Presidente da República. É um sinal positivo para Portugal dado por uma perso-nalidade que, por esta altura, é um dos poucos referen-ciais de confiança para os portugueses, precisamente num momento em que este é um valor escasso.

Cavaco Silva tem um balanço extremamente po-sitivo no exercício do cargo, apesar de ter sido um dos Presidentes da República mais atacados neste regime democrático em que Portugal vive desde 1974. Tam-bém neste aspecto, o Governo de José Sócrates tem lar-gas culpas no seu cartório, quer porque foi instigador de alguns desses ataques quer porque não ouviu os atempados avisos sobre a crise que vieram de Belém.

Como chegamos aqui?

Marco António CostaVice-Presidente do PSD e da C.M. Vila Nova de Gaia

Há dias, o senhor presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, numa entrevista na televisão, disse que os portuenses já se estão a habituar à nova Avenida dos Aliados. Muito obrigado Sr. presidente. Que remédio têm eles senão a habituarem-se àquele deserto cinzento, embora não tenham sequer onde se sentar. Não têm outra Avenida dos Aliados. Na minha opinião, aquillo foi um dos maiores atentados urbanísticos que a “invícta” já sofreu. Mas há mesmo assim, quem diga que está melhor do que estava. O que ali está feito, pode de facto parecer melhor, apenas porque é novo. Mas eu acho que nem assim.

Em Penafiel também acontece o mesmo. Por exemplo, o ve-lho e decadente prédio dos “Machadinhos” foi ao ar, desapareceu

por acção do camartelo. O que lá está agora é uma churrascaria muito atraen-te. Se calhar os penafidelenses até gos-tam mais assim do que como estava. Só que se perdeu uma boa oportunida-de para ali se fazer obra. Uma Câmara consciente, tinha comprado aquele ter-reno, e, respeitando a sua lindíssima fa-chada, teria lá construído, quem sabe, uma galeria de arte, coisa que não te-mos em Penafiel.

Já aconteceu com os famigerados passeios da cidade. Reconheço que es-tavam muitos estreitos, mas perdeu-se mais uma oportunidade de os alargar

(não tanto como estão, que parecem estradas)  com a bela calçada à portuguesa. Isto sim, Penafiel sorriria  de beleza, assim não, cho-ra de tristeza. Há quem diga que estão muito bem com aqueles pe-dregulhos amarelos. Se aquilo é amarelo, eu sou da cor do arco-íris. Aqueles passeios estão feios, estão cinzentos, pintalgados de chi-clas que nem os célebres “papas” os lambe.

Aconteceu com o antigo Magistério Primário. Era de facto ne-cessário ali fazer obras. Mas foi pior a emenda que o soneto. O que ali está não se parece com nada. Encostaram umas paredes de be-

tão a um edifício que tem uma frontaria setecentista lindíssima. Aquilo parece uma cena do “Nemo”. Parece uma baleia a engolir um golfinho. Aquilo não se faz. Misturaram o feio moderno a algo que era uma antiga referência de Penafiel.

Está acontecer com o local do antigo Cine-Teatro S. Martinho. Naquele espaço, está a nascer uma “grande novidade”: um mamar-racho para escritórios e comércio, coisa que se calhar a cidade não tem. Mas comparando, sempre vai ficar mais bonito o local, do que com aqueles taipais que durante anos ilustraram o antigo largo de São Mamede. Até já foi parque de estacionamento e “tasca dos bor-rachões” pelo S. Martinho, lembram-se?

Se tivéssemos uma Câmara com sensibilidade para estas coi-sas, esta teria adquirido o espaço e fazer dele (a exemplo de muitas localidades), um Teatro Municipal para orgulho dos penafidelen-ses. É preciso lembrar que Penafiel, não tem uma sala de espectá-culos, digna desse nome há cerca de 25 anos.

Se calhar vai acontecer o mesmo com a maior esplanada da ci-dade, que  está fechada há três verões. Aquilo mete dó. Ninguém tem vergonha daquela paisagem. A esplanada do calvário é da Câ-mara Municipal. E o que esta fez para mudar alguma coisa? Nada. Deixou tudo ao abandono.

Pelos murmúrios, parece que ali vai surgir uma “pizzaria”. Pron-to, sempre vai ficar melhor do que aquela porcaria que está no seio de um belo e bucólico jardim, no coração da cidade.  Parece que já estou a ver, o António Nobre, com o seu livro “Só”, numa mão e na outra, uma pedaço de pizza. Lindo de se ver!

Estas obras só beneficiam, ou podem beneficiar, por serem no-vas, e comparando com o que estava, sempre é outra coisa. Só que na realidade, parece, mas não é!

Uma Câmara sensível para estas coisas, que não andasse tão empolgada com as caras e elitistas “escritarias”, obcecada com a pseudo-mobilidade para todos, preocupada com as constantes festas e foguetórios à bordaleza, teria evitado que a nossa cidade fosse ou vá perdendo referências todos os dias.

E isto sem falar do pomposo Plano Estratégico de Mobilidade para a cidade de Penafiel.

Acontece em Penafiel

Fernando Beça MoreiraPenafiel

repórterdomarão23novembro’10

opinião I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

[Textos escritos de acordo com a antiga ortografia]

24 novembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão tâmega / diversos

CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTEDepartamento de Urbanismo

AVISO

TORNA-SE PÚBLICO, para efeitos do dispos-to na alínea b) do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 11/08/2010 aditamento à licença de loteamento, titulada pelo alvará n.º 44/78 em nome e a requerimento de José Fer-nando Ribeiro, NIF 175 815 850, residente no lugar de Arouca, freguesia de Figueiró (S. Tiago), através do qual é licenciado o aditamento ao al-vará de loteamento acima referido, o qual incidiu sobre o prédio, sito no lugar e freguesia acima referidos, descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 00359/110989.

A alteração ao alvará de loteamento supra, deferida por despacho de 18/01/2010, respei-ta o disposto no Regulamento do Plano Director Municipal, e consiste no seguinte:

Alteração das especificações do lote 3, nome-adamente:

- Construção de um anexo com a área de 17,95 m2.

Município de Amarante, 14 de Outubro de 2010.

O Presidente da Câmara,Dr. Armindo José da Cunha Abreu

Reporter do Marão, N.1245 - novembro'2010 (3mód.)

CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTEDepartamento de Urbanismo

AVISO

TORNA-SE PÚBLICO, para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 11/08/2010 aditamento à li-cença de loteamento, titulada pelo alvará n.º 22/88 em nome e a requerimento de Manuel de Car-valho de Moura, NIF 156 316 455, residente na Rua 25 de Abril nº 495, freguesia de Freixo de Bai-xo, através do qual é licenciado o aditamento ao alvará de loteamento acima referido, o qual incidiu sobre o prédio, sito no lugar de Freitas, freguesia de Telões, inscrito na matriz sob o artigo 1331 e descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 00792/120888.

A alteração ao alvará de loteamento supra, deferida por despacho de 16/06/2010, respeita o disposto no Regulamento do Plano Director Muni-cipal, e consis te no seguinte:

Alteração do número de fogos, passando de um fogo para dois fogos.

Município de Amarante, 14 de Outubro de 2010.

O Presidente da Câmara,Dr. Armindo José da Cunha Abreu

Reporter do Marão, N.1245 - novembro'2010 (3mód.)

O Almocreve, em Portela do Gôve, junto à EN108, um dos restaurantes de referência em Baião, anunciou o ar-ranque do JANTAR DAS TRÊS a partir de 12 de novembro.

Às sextas-feiras, o restaurante oferece o jantar à dama convidada de casal cliente de sexta-feira à noite. Se em cada três pessoas de uma mesa, pelo menos duas forem do sexo feminino e maiores de 16 anos, a conta da mesa terá um desconto de 1/3, anunciou o estabelecimento. Na segunda sex-ta-feira de cada mês, o jantar decorrerá com música ao vivo.

Paços aposta na tecnologiaParceria com o Politécnico do Porto determinante para o sucesso

O edifício do Centro de Transfe-rência de Tecnologia do Instituto Po-litécnico do Porto, inserido da Cidade Tecnológica de Paços de Ferreira, vai começar a ser construído no 1º trimes-tre de 2011.

Segundo Pedro Pinto, este edifí-cio vai ser a âncora de um projeto mais alargado de regeneração urbana no cen-tro da cidade (zona da antiga esquadra 12), compreendendo uma área de cerca de 30 mil metros quadrados.

É também para aquele espaço, se-gundo o edil, que está programado o Centro Avançado de Design de Mobili-ário, um equipamento desenvolvido no

quadro de uma candidatura a fundos da União Europeia. Este centro vai fun-cionar em articulação com outros servi-ços de apoio à instalação de empresas do setor terciário, nomeadamente liga-dos à Associação Empresarial de Paços de Ferreira.

A Cidade Tecnológica será compos-ta por seis edifícios distintos, cada um com uma finalidade. “Será um espaço onde vibrarão várias dinâmicas para o apoio às empresas”, sublinhou o autarca.

Para Pedro Pinto, os principais ei-xos de atuação da Cidade Tecnológi-ca de Paços de Ferreira vão centrar-se “na captação, fixação e desenvolvimen-

to de competências e conhecimentos, através do estí-mulo à criativi-dade e inovação, num ambiente promotor de em-preendedorismo”.

A câmara de Paços de Ferreira promoveu a apre-sentação pública do projeto da Ci-dade Tecnológi-ca, com a presen-

ça da presidente do Instituto Politécnico do Porto (IPP), Rosário Gamboa.

A intervenção anunciada pela au-tarquia prevê um misto de requalifica-ção dos atuais edifícios e quatro novas construções, “procurando garantir to-das as condições de conforto, funciona-lidade e eficiência”.

Na sessão foram também apresen-tados trabalhos realizados por duas em-presas de soluções tecnológicas avan-çadas que já operam na TECVAL, a incubadora de empresas de Paços de Ferreira, também parceira neste proje-to da Cidade Tecnológica.

A presidente do IPP e responsáveis de sete escolas superiores daquele insti-tuto visitaram várias empresas do con-celho nos ramos do mobiliário, têxtil, vestuário e material médico.

Pedro Pinto, citado pela Lusa, sa-lientou que foi “uma boa oportunidade” para as escolas superiores ficarem a co-nhecer melhor a realidade empresarial de Paços de Ferreira. Para o autarca, a visita permitiu perceber as vantagens da cooperação entre o mundo empresa-rial e académico, nomeadamente ao ní-vel da investigação, o que, anotou, "se pretende acentuar" com o projeto apre-sentado.

AGRADECIMENTO Aristides da Costa Teixeira Pinto vem por este

meio agradecer, reconhecidamente, aos excelentes profissionais - médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e administrativo - do HOSPITAL Pe. AMÉRICO, pela forma competente e carinhosa com que fui atendido e tratado durante o meu internamento em Cirurgia-1, 8º Piso, após operação efectuada, de urgência, em 8 de Setembro de 2010.

Amarante, 25 de Outubro de 2010

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repórterdomarão25novembro’10

Arminda e ArmandoTenho oitenta e quatro anos,

mas ainda vejo bem. Não enxer-go as coisas tão distintas como antigamente, tenho de dizer a verdade. Antes eu via tudo o que queria, e às vezes o que não queria. Se não tivessem apareci-do as cataratas, e logo nos dois olhos, eu continuava a ver como quando era novo.

Tenho oitenta e quatro anos e não consigo ficar sentado o dia inteiro. Eu tenho de gastar o tempo a fazer coisas úteis, nunca gostei de ser um tropeço. Todos os anos podo as minhas árvores, que tanto estimo. Todos os anos faço questão de plantar algu-mas. Lava-se-me a alma quan-do olho para as minhas árvores. E penso: eu hei-de ir embora, se calhar mais depressa do que de-sejo, e vós aqui ficareis por mui-tos e muitos anos, se não vier um fogo que vos coma num instan-te. Porque agora a gente, vindo o calor, está sempre à espera que arda tudo aqui em volta. Dantes este lugar era uma alegria, havia muita gente, muitas crianças, muitos animais, muita lavoura. Não havia silvados, nem terras por lavrar.

Era um tempo diferente, eu sei, eu sei. A minha filha diz-me para não estar sempre a falar do passado. Eu sei que não devo fa-lar desse tempo, para não abor-recer os mais novos. Mas, sabe, às vezes fico com saudades do meu tempo, outras vezes nem por isso. E se eu não falar do meu tempo, que assunto hei-de puxar para a conversa? Enten-de-me?

O meu cérebro ainda re-gula bem, graças a Deus. Olhe que até com os euros me enten-di, eu que sou do tempo dos tos-tões. Mas só para contas peque-nas, nas grandes já não consigo, baralho-me todo, porque mistu-ro tudo, e às tantas já nem sei se estou a contar euros, ou escudos, ou contos de réis.

Tenho oitenta e quatro anos, sou miudinho de corpo, como está a ver, e a gordura nunca quis nada comigo. Mas tenho boas pernas, e gosto de andar. Gosto de girar, nunca estou quie-to. Só me sento para comer. Sen-tado não me sinto bem. Fico com dores de cabeça.

Tenho oitenta e quatro anos, e sinto-me bem. Mas tenho mui-ta pena da minha Arminda, coi-tada, que é mais nova dois anos,

e já gastou as pilhas. Agora pas-sa o tempo metida dentro de casa, senta-se e, muitas vezes esquece-se de tudo, nem o meu nome consegue dizer. E eu te-nho pena dela, coitadinha, dói-me o coração ver aquela mulher, sempre tão bonita, tão limpa, tão minha amiga, boa cozinhei-ra, boa mãe, ali sentada, a olhar para o chão e a dizer coisas sem sentido.

A minha filha ainda nos le-vou para casa dela, achou que era melhor para todos. Esti-ve lá dois dias. E foi muito mau. Eu estava em casa da minha fi-lha, tinha boa comida, tinha boa companhia e a televisão ligada dia e noite, sem parar. Mas eu, que nada tinha para fazer, ali sentado a olhar para as paredes como um melro na gaiola, senti-me tão aperreado, tão aperrea-do, que disse à minha filha: vou para minha casa. O quintal está a ganhar ervas, e eu tenho de as arrancar. Vou para minha casa. Tenho lá um monte de batatas, e feijões, e milho, e galinhas e ovos, e uma cortinha de coelhos, e uma pilha de lenha que dá para o inverno inteiro e ainda há-de sobrar muita.

Vim para minha casa, para a minha cama, para a minha larei-ra, para a minha mesa, para as minhas coisas e esbagoei quan-do vi a minha Arminda, no quar-to com a porta trancada, a vir ter comigo de braços abertos, mui-to contente , repetindo o meu nome: Armando, Armando, Ar-mando.

Tenho oitenta e quatro anos e sinto-me bem. Mas tenho mui-ta pena da minha Arminda, coi-tada. O que hei-de fazer?

[email protected]

António Mota

Tenho oitenta e quatro anos, e sinto-me bem.

Mas tenho muita pena da minha Arminda,

coitada, que é mais nova dois anos, e já gastou as

pilhas. Agora passa o tempo metida dentro de casa, senta-se e, muitas

vezes esquece-se de tudo, nem o meu nome

consegue dizer.

diversos / crónica I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Autarquias aflitas com oscortes financeiros

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e da câmara de Penafiel, Alber-to Santos, teme que o corte de 11 milhões nas transfe-rências para as autarquias desta região possa pôr em causa salários e alguns serviços básicos como refei-ções e transportes escolares.

A redução média é de 8,35 por cento, mas nal-guns municípios atinge o montante de 1,5 milhões de euros (Penafiel).

Para o presidente da Câmara do Marco de Cana-veses, Manuel Moreira (PSD), o corte previsto de cer-ca de 1,3 milhões na transferência do Orçamento do Estado vai “agravar ainda mais as dificuldades finan-ceiras” do município.

O edil explica que com os cortes previstos no FEF e a quebra nas receitas próprias decorrente da crise do imobiliário, a margem para investimento vai ser ainda menor em 2011.

| Tâmega com quase 36 mil desempregados |O desemprego nos 12 concelhos do Tâmega e Sousa subiu 4,55 por cento de janeiro a se-tembro deste ano, período no qual perderam o posto de trabalho 1553 pessoas, segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). O número total de desem-pregados inscritos atingia 35.713. O concelho onde aumentou mais o número de desempre-gados foi Paredes, que tem quase seis mil, se-guindo-se Amarante com 4331.

| Grupo JAP e Mota Engiljuntos em Angola |O grupo automóvel JAP e a Mota-Engil consti-tuiram em Angola a empresa Automatriz, des-tinada à reparação e ao comércio automóvel, cujo arranque terá lugar ainda este ano. Carlos Pinto, presidente do grupo JAP, citado pelo Jor-nal de Negócios, adiantou que o investimento previsto é de 3,4 milhões de euros para os pró-ximos três anos.Segundo o gestor, além da manutenção e re-paração de viaturas, a Automatriz, empresa detida em partes iguais pelos dois grupos, vai também desenvolver o negócio de comercia-lização de automóveis novos e de rent-a-car.

| Presidente do IPB reeleito pela classe |O presidente do Instituto Politécnico de Bra-gança, Sobrinho Teixeira, foi reeleito presiden-te do Conselho Coordenador dos Institutos Supe-riores Politécnicos (Ccisp).Sobrinho Teixeira definiu como prioridade a implementação de uma rede de ensino à dis-tância denominada e-politécnico.

| Torres regressa à liderança do CDS |O antigo presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres, regressou à liderança da concelhia do CDS-PP, mas não esclareceu se pretende voltar a ser candidato à câmara. “Ainda é muito cedo para falar nis-so”, afirmou.

| Hospital de Amarante só em 2012 |

A conclusão das obras do novo hospital de Amarante deverá ocorrer até fim de 2011, mas serão necessários mais alguns meses para ins-talar o equipamento. A abertura aos utentes só deverá acontecer no 1º semestre de 2012, segundo estimativa do presidente do CHTS. Os funcionários do hospital de S. Gonçalo que estão deslocados em Penafiel terão prioridade na elaboração do quadro de pessoal da nova unidade, prometeu José Luís Catarino.Entretanto, o terceiro aniversário do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) foi assi-nalado em Penafiel com a transmissão direta em vídeo de uma cirurgia às vias biliares.

| Tribunal do Marco atolado de processos |O bastonário da Ordem dos Advogados ape-lou ao Ministério da Justiça para que ponha termo à situação caótica em que se encontra o Tribunal do Marco de Canaveses. “Há 12 mil processos pendentes, que estão praticamen-te parados porque não há funcionários”, reve-lou Marinho Pinto.

| PSD Amarante voltou a escolher Gaspar |Os militantes do PSD/Amarante reelegeram o atual vereador José Luís Gaspar para mais um mandato à frente da Comissão Política Con-celhia, escrutínio em que defrontou João Sar-doeira, que representou o partido no executi-vo municipal no anterior mandato autárquico. Num dos atos eleitorais partidários mais parti-cipados – votaram 84% dos militantes inscri-tos – José Luís Gaspar obteve 203 votos (77%), enquanto João Sardoeira teve 60 votos (23%).Pedro Cunha (A.G.) foi reeleito com 86,5%.

| Prevenção em Baião |Técnicos de proteção civil de Portugal, Grécia, Espanha, Itália, Bulgária e Polónia participa-ram em Baião numa sessão de trabalhos que incluiu um simulacro em grande escala. Este projeto dedica-se ao estudo da prevenção e do combate aos incêndios florestais, tendo Baião sido escolhido por ser o município do distrito do Porto com maior percentagem de área verde.

| Tecnologia nostransportes de Vila Real |

A cidade de Vila Real tem em testes um serviço de informação aos passageiros dos transportes urbanos, que indica percursos, horários e tem-pos de espera dos autocarros da Corgobus.

| Ursos recolhidos |Três ursos do circo Magic, retidos no Marco e sem licença para serem exibidos em espetácu-los, foram acolhidos por um jardim zoológico, depois da intervenção das autoridades.

| Alta Tensão no Douro |O BE acusou a Rede Energéticas Nacionais (REN) de “assassinar o Douro Vinhateiro” ao co-locar linhas de alta e muito alta tensão entre Armamar e Valdigem (Lamego) alegadamen-te sem Avaliação de Impacto Ambiental.

| Menezes admite candi-datura no Porto em 2013 |Luís Filipe Menezes admitiu candidatar-se à Câmara do Porto em 2013 “se considerar ser útil” e lançou Marco António Costa como seu possível sucessor na autarquia de Gaia. “Não sei se serei útil ao meu país, ao meu partido, à minha região daqui a três anos. Se nessa altu-ra considerar que poderei ser útil, poderei dis-ponibilizar-me para alguns combates, incluin-do esse (candidatura à autarquia do Porto)”, afirmou o autarca de Gaia.

GNR e Expensive Soul nasemana do caloiro da UTAD

Os GNR e os Expensive Soul são os cabeça de cartaz da semana do caloiro que a Associação Acadé-mica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Dou-ro organiza até 9 de novembro, em Vila Real.

Na sexta feira, dia 5, regressam os Expensive Soul e o seu mais recente álbum “Utopia” e, no sába-do, é a vez dos GNR subirem ao palco da tenda insta-

lada junto à biblioteca de Vila Real, por onde vão pas-sar ainda os Dj’s Pedro Tabuada e MastikSoul (dia 8) e Quim Barreiros (dia 9).

Luís de Matos, presidente da AAUTAD, diz que é um cartaz que pretende “agradar ao maior número de alunos”. O transporte em autocarro para o recinto é gratuito e disponibilizado pela Corgobus.

EM BREVES LINHAS

repórterdomarão26 novembro’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I crónica|eventos

Orquestra do Norte e o Coliseu apresentam ópera

Num país em que as denomi-nações dos partidos políticos cor-respondessem à sua essência ideo-lógica e à sua prática quotidiana, eu seria sem dúvida socialista, porque nenhum outro credo me fala tanto à sensibilidade social de que me pre-valeço.

Mas não acontece assim em Por-tugal. Os partidos (a maioria deles, bem entendido) têm um rótulo e uma acção tão parecidos entre si como um ovo e um espeto. É como se num boião de farmácia antiga o rótulo dis-sesse ‘permanganato de potássio’ e o conteúdo fosse na verdade bicarbo-nato de sódio.

Por isso tenho dificuldade em me situar politicamente. E a resposta que instintivamente dou a essa dificulda-de é o afastamento deliberado e equi-distante em relação a todos os parti-dos. Bem, equidistante é como quem diz... Cabe aqui a velha e estafada ci-tação de George Orwell: ‘Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.’ Assumo que me precipitei ao falar em equi-distância. Porque há partidos que me causam à partida uma reacção ins-tintiva de rejeição. Mas queria eu di-zer, na minha, que, de todos os parti-dos que temos, libera nos, Domine. A equidistância está nisso.

Vem este arrazoado a propósito da crise que varre o nosso país como um tufão permanentemente soprado pelas bochechas de algum deus ma-lévolo ― e da resposta que à mes-ma dá o governo, que se diz socialis-ta. Não posso imaginar nada de mais anti-social do que este refinado PEC III que é o Orçamento de Estado para 2011 acabado de negociar, depois de um esparrame folclórico que deve ter feito meio mundo sorrir de nós.

Dizem que não há alternativa. Ou antes, a alternativa será uma re-ceita ainda mais, muito mais, drásti-ca prescrita e ministrada pelo FMI ― entidade tenebrosa que está hoje para os transidos portugueses como o ho-mem-do-saco estava para as crianci-nhas do meu tempo.

Mas então cabe perguntar: como chegámos a este ponto? Em Maio ainda o governo falava de uma si-tuação normal. Estávamos a cres-cer ― pouco, é certo, mas acima das previsões ―, o desemprego caía lá quando o rei fazia anos uma tímida

decimazinha... Por que diabo não nos diz o governo o que foi que aconte-ceu? É capaz de ter vergonha: da ino-perância, do fracasso. É natural. A menos que sejam razões inconfes-sáveis ― mas então isso ainda seria mais assustador.

E que razões inconfessáveis po-deriam ser essas? Poderiam ser, por exemplo ― e especulo apenas, nada sei de concreto ―, parcerias públi-co-privadas que no fundo não pas-sam de favorecimentos escandalosos de empresas de amigalhaços, insti-tutos criados unicamente para alber-gar camaradas e deixá-los encher como sanguessugas, promoções in-decorosas e numerosas e quantiosas de boys, eu sei lá. Sei é que não po-nho as mãos no fogo pelo governo, no que toca a essa matéria. E tam-bém sei que não é pecadilho exclusi-vo do partido que nos (des)governa. Mas quando vi um sujeito, em que ninguém reconhecia qualquer quali-ficação ou habilitação para o cargo, ser nomeado administrador de um banco, caí das nuvens da minha in-genuidade. Não têm conta os boys que têm sido recompensados da fi-delidade política com pingues sine-curas. Como há-de um funcionário público, a quem vão cortar uma fa-tia significativa do seu vencimento, o abono de família, as deduções de saúde e educação, e a quem vão au-mentar o IVA e as prestações sociais ― como há-de esse desgraçado ver com bons olhos que, ali mesmo ao lado, um fulano caído nas boas gra-ças do primeiro-ministro obtenha uma conezia de duzentos ou trezen-tos mil euros anuais?

Reparo que termino a crónica a falar de boys ― o que não estava de todo nos meus planos iniciais. Mas deixá-lo. Falei, está falado. Desaba-fei. E já agora sempre digo mais: é este desbragado clientelismo, este repartir pela clique de postas choru-das enquanto o país estiola e morre à fome, a doença senil da democra-cia, o alzheimer que a há-de levar ao seu fim. Senão para o quê...

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

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O Alzheimer da democracia

A.M.PIRES CABRAL

A Orquestra do Norte e o Coliseu do Porto apresentam uma nova produ-ção nacional de ópera – o famoso Na-bucco de Giuseppe Verdi. Serão apre-sentadas duas récitas, nos dias 5 e 6 de novembro, às 21h30.

A encenação é de Giulio Ciabatti e a direção musical de José Ferreira Lobo. O papel de Nabucco será interpretado pelo barítono Andrij Shkurhan. O tenor

português José Manuel Araújo irá dar voz à personagem de Ismael. Abigail, a vilã da história, será a reputada soprano italiana Fernanda Costa e Fenena será cantada por Alla Gorobchenko. O papel de Zacarias ficará a cargo do famoso ba-rítono Boris Martinovich. O tenor Pedro Nascimento será Abdallo e a soprano Elvira Ferreira cantará Anna. Participa também o Coro da Orquestra do Norte.

A obra de Dário Vidal estará patente até ao final de novembro no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros. A mostra é uma seleção de obras de escultura e dez desenhos à pena.

Dário Vidal em MacedoTeatros Municipais

A 05 de novembro, Marc Behrens e Paulo Raposo sobem ao palco do auditório para rein-terpretar “Solos for Wounded CDS”.

No dia 06 é a vez dos nova-oirquinos Out-post 13 apresentarem a sua interpretação do primeiro capítulo da série de “contos condensa-dos”, do escritor.

Música em Serralves

Teatro Municipal de BragançaACE- Teatro do Bolhão, 13 de novembro 2010, A Me-

nina do Mar, de Sophia de Mello Breyner; Adultos 5 eur|Crianças 2 eur, 15h00;

Pop Dell´Arte, 20 de novembro 2010, "Contra Mun-dum", 21h30; 5 eur; Auditório.Teatro Ribeiro Conceição – Lamego

Música: Luís Represas, 13 de novembro, 21h30, no Auditório. Preços de 10€ a 48€. | Teatro: Porta Cigana, 20 de novembro de 2010, 21h30. Espetáculo promovido pela ACIDI. Entrada Livre, no Auditório.Teatro de Vila Real

O fadista Camané apresenta o novo disco “Do Amor e Dos Dias”, dia 6, às 22:00, no Grande Auditório. Bi-lhetes a 15 euros. | A comédia “Relativamente”, com António Pedro Cerdeira, Patrícia Tavares, João Lagarto e Isabel Montellano sobe ao palco do Grande Auditório, dia 12, às 22:00. Entradas a 10 euros. | Dia 18, concerto dos 7Eventy 7Even, no Café Concerto, às 23:00, com entrada livre. | Zé Perdigão, o fadista que adaptou ao fado temas do rock português, atua no Pequeno Auditó-rio, sábado, 20, às 22:00. Sete euros. | “Um Lugar para Viver”, do realizador Sam Mendes, é o filme que passa no “Cinema sem Pipocas”. Dia 29, às 22:00. Cinco euros.

O 4º EMAX - Encontro e Mostra Associa-tiva Juvenil de Portugal/Galiza vai decorrer, no Pavilhão Municipal de Chaves, nos dias 20 e 21 de novembro.

A Federação Nacional das Associações Juvenis pretende que este encontro seja um es-paço aberto, um momento para o associativismo refletir e exprimir-se.

Mais informações e inscrições através de [email protected]/.

Encontro juvenil em Chaves

O pintor espanhol Santiago Ydánez expõe no Centro de Arte Contemporânea Graça Mo-rais, em Bragança, numa mostra patente ao público até 23 de janeiro. Ydánez acrescentou recentemente ao seu espólio “imagens apro-priadas à iconografia das tradicionais Festas de Inverno de Trás-os-Montes”, como os Caretos, típicos nas quadras de Natal e Carnaval.

Ydánez expõe em Bragança

A Câmara de Baião e a Byonritmos orga-nizam a 13 de novembro na Casa de Chavães, em Ovil, mais uma edição do Baile da Castanha. O evento começa às 21:00. Mais informações em www.facebook.com/byonritmos

Baile da Castanha em Baião

artes | nós repórterdomarãoI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

27novembro’10

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Redação:Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apar-tado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202E-mail: [email protected]

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Paula Costa (C.P. 4670), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrí-cia Posse, Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite, Armindo Mendes (C.P. 3041).Cronistas: A.M. Pires Cabral, António MotaCartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Cou-tinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cris-tiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lú-cia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas,

Sílvio Macedo.Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Re-pórter/Marão Online

Marketing, RP e Publicidade:Telef. 910 536 928 - Ana [email protected]@gmail.com

Propriedade e Edição:Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda.NIPC: 508920450Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES

Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais supe-riores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes

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HUGO CHAVEZ Presidente da Venezuela 2010

1933-2009

O OLHAR DE...Eduardo Pinto

De Manhã - Rio Tâmega

- Amarante

- Anos 50

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Cartoons de Santiagu[Pseudónimo de António Santos]