revista médico repórter 106

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médico repórter Jornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos ano 11 | nº 106 | 2010 Diagnóstico ou burocracia? Por dentro Cirurgiões relatam o uso do sistema robótico em cirurgia geral e em outras especialidades As barreiras que interferem no trabalho médico N O V A médicorepórter | | Burocracia ou diagnóstico? Saúde pública Em debate Descoberta Atualização

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Médico repórter é diferente de todas as publicações médicas existentes, aliando medicina com jornalismo e garantindo a leitura integral do seu conteúdo. Aborda as novidades através de entrevistas e seções fixas (Como eu Trato, Tudo Sobre, Atualização Terapêutica), além de informações gerais para o médico

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Page 1: Revista Médico Repórter 106

médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos ano 11 | nº 106 | 2010

Diagnóstico ou burocracia?

Por dentroCirurgiões relatam o uso do sistema robótico em cirurgia geral e em outras especialidades As barreiras que interferem

no trabalho médico

N O V A

méd

icorepórter

ano 11 | nº 106 | 2010Burocracia ou diagnóstico?

Saúde públicaEm debateDescobertaAtualização

capa medico.indd 1 01/10/10 08:17

Page 2: Revista Médico Repórter 106

1816Invento do

estetoscópio porRené T.H. Laennec

(1781-1826)

1855Invento do

biauricular por Dr. George Cammann

(1804-1863)

2010Estetoscópioeletrônico

NÓS TAMBÉM EVOLUÍMOS

1998Lançamento da revistaMédico Repórter pelo Grupo Lopso. Primeira

revista jornalística científica exclusiva para médicos

2001Sempre na vanguarda, a

revista Médico Repórter inova em seu visual

2010Acompanhando um mercado em constante mudança, a revista Médico Repórter, em

seu nº 106, ganha uma nova roupagem, sempre com a proposta de ser a melhor

publicação para a classe médica

Fique por dentro das novidades que a Médico Repórter traz pra você! A revista que é

sua maior ferramenta de informação sobre medicina no Brasil está de cara nova! Agora

temos uma nova identidade visual, pois queremos oferecer a você uma leitura cada vez mais

agradável. Esperamos que goste. Além disso, contamos com um novo site que trará infor-

mações novas sobre seu setor com muito mais agilidade. Você pode conferir no endereço

www.medicoreporter.com.br Mande suas opiniões sobre os artigos, faça críticas ou dê

sugestões sobre assuntos que gostaria de ler na Médico Repórter. Participe!

acesse: www.medicoreporter.com.br

Faça uma assinatura e garanta suas edições da Nova Médico Repórter*

Prezado médico e leitor, juntamente

com a Nova Médico Repórter,

encartamos algumas gravuras

maravilhosas, para decorar seu

consultório.

médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos

N O V A

*A Revista Médico Repórter é distribuída gratuitamente, porém seu mailing flutuante não assegura o recebimento mensal de todas as edições

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Page 3: Revista Médico Repórter 106

1816Invento do

estetoscópio porRené T.H. Laennec

(1781-1826)

1855Invento do

biauricular por Dr. George Cammann

(1804-1863)

2010Estetoscópioeletrônico

NÓS TAMBÉM EVOLUÍMOS

1998Lançamento da revistaMédico Repórter pelo Grupo Lopso. Primeira

revista jornalística científica exclusiva para médicos

2001Sempre na vanguarda, a

revista Médico Repórter inova em seu visual

2010Acompanhando um mercado em constante mudança, a revista Médico Repórter, em

seu nº 106, ganha uma nova roupagem, sempre com a proposta de ser a melhor

publicação para a classe médica

Fique por dentro das novidades que a Médico Repórter traz pra você! A revista que é

sua maior ferramenta de informação sobre medicina no Brasil está de cara nova! Agora

temos uma nova identidade visual, pois queremos oferecer a você uma leitura cada vez mais

agradável. Esperamos que goste. Além disso, contamos com um novo site que trará infor-

mações novas sobre seu setor com muito mais agilidade. Você pode conferir no endereço

www.medicoreporter.com.br Mande suas opiniões sobre os artigos, faça críticas ou dê

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Page 4: Revista Médico Repórter 106

4 | mr106

Diretora Geral

Ana Maria Sodré[email protected]

Diretora Administrativa

Carolina dos [email protected]

Jornalista Responsável

Ana Carolina Addario - DRT [email protected]

Jornalistas

Alessandra SoaresAna Carolina [email protected]

Revisora

Isabel [email protected]

Criação e Diagramação

Alexandre Figueira de [email protected]

Comercial

Ana Maria Sodré[email protected]

As matérias assinadas não refletem a

opinião da Médico repórter.

De acordo com a resolução RDC

nº 102 de 30 de novembro de 2000,

a revista Médico repórter não se

responsabiliza pelo formato ou conteúdo

dos anúncios publicados.

É proibida a reprodução parcial

ou total da Médico repórter sem a

devida autorização do Grupo Lopso de

Comunicação.

Médico repórter é uma publicação do

Grupo Lopso de Comunicação.

INPI nº 819.589.888

Em constante transformação como qualquer ou-

tra instância da vida moderna, a medicina é um

universo que não apenas assiste às mudanças

que acontecem no setor como, em algum senti-

do, depende da evolução de suas técnicas para oferecer

diagnósticos cada vez mais precisos, tratamentos mais

eficientes e menos custosos, a fim de contribuir para

um ciclo de desenvolvimento contínuo, que implica na

otimização da prestação de serviços para a população e

na verticalização dos estudos em medicina no Brasil.

Estudos como o que foi desenvolvido pela CELLE, que

prevê a extração de células-tronco do fluido menstrual

e promete renovar as expectativas de pacientes com

casos de degeneração de determinados grupos do corpo

(em fase de pesquisa no Brasil pela Cryopraxis Criobiolo-

gia); ou mesmo a implantação do primeiro  marca-passo diafragmático no País, que restaura

o uso do diafragma de pacientes tetraplégicos, trazendo mais conforto e qualidade de vida,

realizada pelo Hospital Sírio-Libanês, são bons exemplos de como a medicina brasileira está

disposta a dar grandes passos no sentido da evolução. 

Entretanto, ao passo que transformações como essas delineiam um cenário positivo para a

medicina brasileira, impasses praticamente invisíveis para os olhos leigos começam a ganhar

cada vez mais forma e presença no exercício médico, enfraquecendo setores indispensáveis

para o bem-estar da sociedade, e a eterna luta pelo desenvolvimento médico no país.

Nesta edição, a revista Médico Repórter traz uma reportagem de capa que conta a história

de um dos maiores vilões do exercício médico no Brasil: a burocracia. Seja sob o signo da

omissão das agências reguladoras em orientar as relações entre o médico, os planos de saú-

de e seus prestadores de serviço, seja pela falta de incentivo governamental à continuidade

da educação médica no País, profissionais em todo o Brasil revelam insatisfação por serem

afetados pela ação da burocracia, o que representa um perigo iminente para a população que

necessita de assistência médica.

O lado positivo dessa história é que sociedades de especialidades das mais variadas, como

a ginecologia, obstetrícia e ortopedia, já começam a se movimentar no sentido de alertar

tanto a comunidade médica quanto a população geral dos males que esse vilão invisível pode

causar. Nesta edição, você confere dados sobre a relação delicada entre médicos e planos de

saúde, e conhece também as campanhas que começam a ganhar força no País para comba-

ter o estado de fragilidade em que os profissionais médicos se encontram atualmente.

A Médico Repórter deste mês traz ainda, em uma matéria especial, os principais pontos do

Novo Código de Ética Médica repercutidos por profissionais da área – em se tratando dos vi-

lões invisíveis e das delicadas questões de bioética, o Novo Código lança luz sobre o exercício

médico, e engata mais uma marcha em prol do desenvolvimento da medicina no Brasil.

E, por fim, você confere nesta que é a nossa 106º edição, a reconfiguração total da revista, que

adquiriu outra identidade visual e sai do forno este mês com cara nova, sempre trazendo conte-

údo de qualidade sobre as mais diversas especialidades da medicina para que você, médico, se

atualize com as últimas novidades do setor.

Boa leitura.

Ana Maria Sodré

editorialmédicorepórter

Jornalística na forma, científica no conteúdo.Informação exclusiva para médicos

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ano 11 | nº 106 | 2010

www.medicoreporter.com.br

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Page 5: Revista Médico Repórter 106

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índice

08 MATÉRIA DE CAPA: DIAGNÓSTICO OU BUROCRACIA?Especialistas discutem como a burocracia interfere no desenvolvimentoda medicina no Brasil

POR DENTRO14 Driblando a autoimunidade20 Paralisia: estudo e esperança

ENTREVISTA22 Medicina 5 estrelas

24 EM PAUTANova toxina botulínica chega ao mercado brasileiro

30 SAÚDE PÚBLICABrasil força-tarefa

SEÇÕES

DESTAQUES

32 COMPLIANCENovas perspectivas

34 EM DEBATEA polêmica do bronzeado

36 DESCOBERTAFonte da vida

ARTIGO42 Anafilaxia induzida por farinhas contaminadas por ácaros46 Miomas uterinos podem ser tratados sem necessidade de retirar o útero

48 ESPECIALOutros rumos para a medicina moderna

SEM FRONTEIRAS50 Exposição de médicos sem fronteiras 56 Medicina social

58 NA PRATELEIRALançamentos em literatura médica

60 PANORAMANotícias médicas

64 FITOMEDICINACaralluma fimbriata no controle do apetite

26 ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICAPrimeiro medicamento no País para tratamento das crises de angioedema hereditário

POR DENTRO16 A evolução da cirurgia robótica no Brasil

ARTIGO40 Envelhecimento masculino

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Page 7: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 7

colaboradores

Dr. Marcello D. Brons-tein, chefe da Unidade de

Neuroendocrinologia da

Disciplina de Endocrino-

logia e Metabologia do

Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

(FMUSP)

Dr. Carlos A. C. Pereira, ex-presidente da Sociedade

Brasileira de Pneumologia e

Tisiologia, doutor em Pneu-

mologia pela Universidade

Federal de São Paulo (UNI-

FESP), diretor do Serviço de

Doenças Respiratórias do

Hospital do Servidor Públi-

co Estadual de São Paulo

Dr. Eduardo de Oliveira Duque-Estrada, médico

do corpo de saúde da Ma-

rinha do Brasil e professor

universitário até 2007, MBA

em Estratégia Empresarial,

presta assessoria à indús-

tria farmacêutica

Dra. Denise Steiner, professora de Dermatologia

da Faculdade de Medicina

de Mogi das Cruzes, em

São Paulo

Dr. Marcelo Chiara Ber-tolami, diretor científico do

Instituto Dante Pazzanese

de Cardiologia da Secreta-

ria de Estado da Saúde de

São Paulo

Dr. Mario Peres, médico

neurologista, com dou-

torado pela Universidade

Federal de São Paulo

(UNIFESP), pós-doutorado

pela Thomas Jefferson

University, Philadelphia

Dr. Décio Chinzon, assistente doutor da Disci-

plina de Gastroenterologia

Clínica da Faculdade de

Medicina da Universidade

de São Paulo (FMUSP)

Dr. Manoel Jacobsen Teixeira, chefe da Liga

de Dor do Hospital das

Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade

de São Paulo (FMUSP)

Dra. Ceci Mendes Car-valho Lopes, presidente

da Associação Médica

Brasileira de Fitomedicina

(SOBRAFITO)

Dr. Eduardo B. Bertero, fellow pela Universidade de

Boston (EUA), mestre em

Ciências pela Faculdade de

Medicina da Universidade

de São Paulo (FMUSP),

médico assistente do

Departamento de Urologia

do Hospital do Servidor

Público Estadual de São

Paulo

Dr. Mário Santoro Junior, membro da Academia

Brasileira de Pediatria,

presidente da Sociedade

Brasileira de Pediatria (ges-

tão 94-96), vice-presidente

da Associação Latino-

Americana de Pediatria

(gestão 2003-2004)

Dr. Sérgio Timerman, diretor do Laboratório de

Treinamento, Simulação

e Pesquisa do Instituto

do Coração (InCor) do

Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

(HC-FMUSP), diretor da

Fundação Interamericana

do Coração e presidente do

Comitê de Ressuscitação

da Associação de Medicina

Intensiva Brasileira (AMIB)

Dr. César Eduardo Fernandes, professor

livre-docente, chefe da

Clínica Ginecológica da

Disciplina de Ginecologia e

Obstetrícia da Faculdade de

Medicina do ABC (FMABC),

professor colaborador

da Pós-Graduação em

Ginecologia, Obstetrícia e

Mastologia da Faculdade

de Medicina de Botucatu

– Universidade Estadual

Paulista (UNESP)

Dr. Prof. Eliasz Enge-lhardt, professor titular

da Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ),

coordenador do Setor de

Neurologia Cognitiva e

do Comportamento do

Instituto de Neurologia

Deolindo Couto da UFRJ,

coordenador de pesquisa

do Centro para Doença de

Alzheimer do Instituto de

Psiquiatria da UFRJ

colaboradores.indd 2 05/10/10 12:57

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mrmatéria de capa

Diagnóstico ou burocracia?por ANA CAROLINA ADDARIO

Cerceados pelos planos de saúde, pelo descaso das agências reguladoras, e pela falta de incentivo à verticalização dacarreira, especialistas discutem como a burocracia interfere no desenvolvimento da medicina no Brasil

As barreiras burocráticas que

interferem no trabalho médico podem estar

relacionadas com os planos de saúde,

os protocolos de atendimento ou a

ausência de regulação federal sobre os

procedimentos médicos.

A atribuição de salvar vidas

e designar soluções para

os males que acometem o

paciente não é uma tarefa

simples, uma vez que todo tratamento

envolve riscos e responsabilidades. A

maneira como o profissional conduz o

tratamento é o que determina sua re-

lação com o paciente e o sucesso das

operações. No entanto, quando fatores

externos começam a interferir no ofí-

cio, barreiras se constroem na relação

entre médico e paciente e a resolução

dos problemas pode levar ainda mais

tempo do que o previsto.

As barreiras burocráticas que inter-

ferem no trabalho médico podem estar

relacionadas com os planos de saúde,

os protocolos de atendimento ou a

ausência de regulação federal sobre

os procedimentos médicos. Qualquer

que seja a razão, profissionais em todo

o País sofrem com os trâmites buro-

cráticos que perpassam a medicina, e

correm cada vez mais riscos de perder

o tão precioso tempo de atenção a

seus pacientes.

Prova desse fenômeno pode ser

conferida em estudo lançado pelo

Instituto de Pesquisas Datafolha em

setembro deste ano, que avaliou a

atuação dos planos de saúde sob o

ponto de vista de quem mais tem a

reclamar deles: os médicos. De acordo

com o levantamento, em uma escala

de 0 a 10, o médico paulista atribui

nota de 4,7 para os planos ou segu-

ros de saúde no Brasil. Considerando

apenas os planos com os quais tem ou

teve algum relacionamento nos últimos

cinco anos, a avaliação é similar à mé-

Dr. César Eduardo

Fernandes é professor

livre-docente, chefe da

Clínica Ginecológica da

Disciplina de Ginecologia

e Obstetrícia da

Faculdade de Medicina

do ABC (FMABC),

professor colaborador

da Pós-Graduação em

Ginecologia, Obstetrícia e

Mastologia da Faculdade

de Medicina de Botucatu

– Universidade Estadual

Paulista (UNESP)

Dr. Cláudio Santili é

presidente da Sociedade

Brasileira de Ortopedia

e Traumatologia (SBOT),

e editor associado

da Acta Ortopédica

Brasileira, membro

do Corpo editorial da

Revista Brasileira de

Ortopedia, membro do

conselho consultivo da

Rev. Ciências Médicas da

Pontifícia Universidade

Católica de Campinas

(PUCCAMP)

Dr. Emílio César

Zilli é diretor e

responsável pela área

de ética médica da

Sociedade Brasileira de

Cardiologia (SBC)

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mr106 | 9

dia atribuída aos planos de modo geral:

nota média de 5,1 em escala de 0 a 10.

Foram realizadas 403 entrevistas finais

no Estado de São Paulo, sendo 200 na

capital e 203 no interior, para compor

o cenário da insatisfação dos médicos

em relação à interferência dos planos

ou seguros de saúde em seu trabalho.

Quando o assunto é a insatisfação

dos profissionais em relação a essas

empresas, 9 em cada 10 médicos de-

claram que há interferência dos planos

ou seguros de saúde na sua autonomia

técnica para o exercício da medicina.

Para cerca de 3 em cada 10 médicos,

glosar procedimentos ou medidas

terapêuticas é o tipo de interferência

que mais afeta a autonomia médica,

seguido pela restrição no número

de exames ou procedimentos, atos

diagnósticos e terapêuticos mediante

designação de auditores, restrições a

doenças preexistentes, tempo de inter-

nação de pacientes, prescrição de me-

dicamentos de alto custo e, por fim, no

período de internação pré-operatório.

Perguntados sobre qual plano ou

seguro de saúde mais apresenta pro-

cedimentos burocráticos, 3 em cada 10

médicos paulistas declaram que todos

são igualmente excessivos nesse que-

sito. E, por fim, perguntou-se aos 403

entrevistados qual era o pior plano de

saúde do Brasil, chegando a um empa-

te entre as marcas Medial, Intermédica,

Amil e Cassi, com cerca de 10% dos

votos para cada.

Esses dados, que refletem a insa-

tisfação em que vivem os médicos do

Estado de São Paulo que responderam

ao levantamento, são apenas uma

amostra do que milhares de profis-

sionais em todo o Brasil sofrem em

função das dificuldades geradas pela

ação burocrática dos planos de saúde,

que acabam cerceando seu trabalho e

coibindo a prestação de um serviço de

qualidade. Prova disso é o número de

campanhas e levantes realizados de

ponta a ponta do País.

 

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Pesquisa realizada pela ProTes-

te que avaliou as diferenças e se-

melhanças entre planos de saúde

particulares e coletivos constatou

que o consumidor que possui um

plano de saúde coletivo demora

50% mais do que um que tenha

plano individual para conseguir

agendar exames ou outro procedi-

mento, e 14,3% mais tempo para

marcar uma consulta médica. Nos

planos individuais o consumidor

leva, em média, 14 dias para

agendamento de consulta e 6 dias

para marcar um procedimento

ambulatorial ou exame. Já nos

planos coletivos, esse período

sobe para 16 dias para marcar

consulta e 9 dias para agenda-

mento de procedimentos.

passamos por dificuldades diversas

vezes tendo que provar a necessidade

de determinada operação

Pesquisa ProTeste

Conscientização médicaEm julho deste ano, o instituto de

pesquisa IBOPE realizou sob encomen-

da da Sociedade Brasileira de Ortopedia

e Traumatologia (SBOT) estudo que ava-

liou a interferência dos planos de saúde

no exercício médico, do ponto de vista

dos profissionais da especialidade. De

acordo com o estudo, que entrevistou

400 ortopedistas e traumatologistas de

todos os Estados brasileiros, dos 91%

dos médicos que atendem por meio de

planos de saúde, segundo o IBOPE, 55%

já tiveram cirurgias negadas.

Desse mesmo contingente, 37% já

tiveram pedidos de exames e proce-

dimentos ambulatoriais recusados,

25% receberam negativas de material

cirúrgico, 12% tiveram negativas para

solicitação de próteses, 9% afirmam

que tiveram implantes recusados e

8% registram negativas de tratamento

alternativo, além de 7% que revelam

negativas nos pedidos de internação

clínica.

“Os dados do estudo dizem respeito

a uma área da medicina bastante de-

pendente de equipamentos e próteses,

que é a ortopedia. Com base nisso,

passamos por dificuldades diversas

vezes tendo que provar a necessidade

de determinada operação, até porque

essa dificuldade às vezes é gerada por

desconfiança por parte dos planos

de saúde”, conta o Dr. Cláudio Santilli,

presidente da SBOT.

Outra área bastante prejudicada

pela negativa de procedimentos é a

cardiologia, principalmente quando

se trata de cirurgias dependentes de

equipamentos. “A área da cirurgia

cardíaca e da arritmia trabalham com

marca-passos de ponta, que podem

chegar a custar 50 mil reais. Algumas

empresas cedem o equipamento, mas

outras preferem decidir a concessão

na Justiça”, afirma o Dr. Emílio César

Zilli, diretor da Sociedade Brasileira de

Cardiologia (SBC).

 

Análises (nada) técnicasOutro dado importante revelado pelo

estudo é que 27% das respostas nega-

tivas foram dadas por funcionários dos

planos de saúde, e não pelos auditores

médicos. O que significa que mais de

¼ dos vetos sobre diagnósticos é feito

sem conhecimento técnico.

“Essas negativas se moralizariam se

fossem realizadas com a comprova-

ção do técnico, mas nem sempre isso

acontece. No fim, a atitude acaba por

quebrar a confiança do paciente no

médico”, revela o Dr. Santilli.

 De acordo com o Dr. Zilli, a recor-

rência de casos de recusa dos pro-

cedimentos médicos por parte dos

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Page 11: Revista Médico Repórter 106

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Não há políticas públicas que incentivem a

verticalização da carreira e, no entanto, a

cobrança sobre o profissional

tende a crescer com os anos de

profissão

planos de saúde acaba provocando um

movimento de judicialização da medi-

cina, em que o diagnóstico médico é

avaliado por instância judicial, ou seja,

sem instrução técnica sobre o que

será discutido. “Felizmente, em 99%

dos casos, o juiz decide em favor do

paciente”, completa.

Dentre as justificativas dos planos

para as rejeições de procedimentos

solicitados, segundo os entrevistados,

predominam a falta de vagas no hospi-

tal, falta de cobertura contratual, prazo

de carência e alto custo do procedi-

mento. “Se durante um período contra-

tual, a direção de um plano de saúde

é alterada ou mesmo se a empresa é

vendida para terceiros, nós, médicos

associados, corremos o risco de ver

nossa cobertura contratual transforma-

da”, revela o Dr. Santilli.

A sexta edição do novo Código de

Ética Médica, lançado em abril deste

ano, entra em vigor em um momento

em que o setor médico, coibido por

autoridades burocráticas, ganha mais

autonomia tanto em relação às institui-

ções, quanto na interação entre médico

e paciente. O documento, organizado

pelo Conselho Federal de Medicina com

a colaboração de diversos médicos e

entidades da sociedade civil, também

representa uma forma de burocracia no

exercício da medicina, mas pode ser o

primeiro sinal de uma solução para os

entraves burocráticos. 

 

Impasses educacionaisA questão da educação foi levantada

pelos entrevistados da pesquisa como

outro aspecto que dificulta o desenvol-

vimento da medicina no Brasil e que

também está relacionado com a buro-

cracia, pois depende da administração

pública e de entidades da sociedade.

A falta de incentivos à continuidade

da educação especializada na área

de saúde no País é um dos aspectos

centrais da discussão. “Não há políticas

públicas que incentivem a verticaliza-

ção da carreira e, no entanto, a cobran-

ça sobre o profissional tende a crescer

com os anos de profissão”, conta o Dr.

Zilli, da SBC.

Para o Dr. César Eduardo Fernandes,

presidente da Associação de Obste-

trícia e Ginecologia do Estado de São

Paulo (SOGESP), a necessidade de

reciclagem do conhecimento médico

é uma urgência trabalhada atualmente

apenas através da iniciativa de institui-

ções e associações médicas em torno

de todo o País. “O que aprendi na déca-

da de 1970, na época, era para sempre,

e estava completamente equivocado.

Os médicos estão mais conscientes da

necessidade de continuar a educação,

e as associações médicas têm promo-

vido eventos de grande qualidade, mas

precisamos de mais”, conta.

Além da falta de incentivo à verticali-

zação da carreira, outro aspecto negati-

vo da medicina brasileira é a expansão

do número de escolas de graduação,

que nem sempre prezam o critério da

qualidade de ensino. “O Brasil só perde

para a Índia no número de escolas de

medicina”, afirma o Dr. Zilli. E a equação

de soma da falta de incentivo à conti-

nuidade da carreira, com a proliferação

de escolas de medicina sem critérios

de qualidade resulta em profissionais

despreparados, e sob a pressão das

empresas de saúde.

 

Campanha publicitária da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP)

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12 | mr106

O preço por salvar vidasA baixa remuneração paga aos médi-

cos também aparece como agravante

para o desenvolvimento da saúde bra-

sileira, que padece sem nenhuma re-

gulamentação relativa aos critérios de

pagamento aos profissionais de acordo

com sua formação, ou de acordo com

o tipo de serviço que eles oferecem

à sociedade. “É justo ver profissionais

gabaritados, especializados, receberem

os mesmos R$ 15 dos planos de saúde,

ou os R$ 7 do SUS que um jovem médi-

co recém-formado recebe?”, questiona

o Dr. Santilli.

com ambulatórios, recursos humanos,

materiais, impostos etc. O valor líquido

que chega às mãos do médico é de R$

4 a R$ 5. Gasta-se muito tempo para a

formação na especialidade, é necessá-

rio remunerar com justiça”, afirma o Dr.

César Eduardo Fernandes, presidente

da SOGESP.

De acordo com o Dr. César, reféns

dos planos de saúde, uma vez que 45%

dos pacientes do País utilizam saúde

suplementar, os profissionais se veem

na obrigação de agir diante dos valores

injustos destinados à especialidade.

Prova de que a insatisfação já atinge

mesmo os profissionais mais jovens é a

baixa incidência de estudantes procu-

rando a especialização em ginecologia

e obstetrícia.

É justo ver profissionais gabaritados,

especializados, receberem os mesmos

R$ 15,00 dos planos de saúde, ou os R$

7,00 do SUS que um jovem médico recém

formado recebe?

Indignados com os honorários pagos

para a especialidade, e as condições

delicadas em que os profissionais se

veem compelidos a trabalhar, a SOGESP

deu início a uma campanha de alcance

nacional a fim de mobilizar o maior

número de adeptos para a discussão

sobre o preço pago por salvar vidas.

“O planejamento começou com uma

campanha de mídia, levando essas

informações ao público, passando por

um momento de conscientização dos

colegas médicos e, por fim, a discussão

é levada para uma banca de negocia-

ção com profissionais legais, economis-

tas, técnicos em honorários médicos,

representantes da especialidade, e os

planos de saúde que quiserem compa-

recer”, revela o Dr. César.

Para ele, o papel de orientar esse tipo

de decisão deveria ser exercido pelas

agências reguladoras, criando critérios

mais diversos para a atribuição de pre-

ços dos serviços médicos. “O trabalho

médico não recebe aumento há mais

de 20 anos e, além disso, ainda temos

que ver todas essas instâncias cerce-

ando as decisões médicas”, completa.

Dentre os especialistas em ginecolo-

gia e obstetrícia, o embate por hono-

rários mais justos ganhou campanhas

que circulam em todo o País, dissemi-

nando as condições drásticas em que

vivem para não abandonar o ofício em

função da baixa remuneração. “Atu-

almente, os planos de saúde pagam

honorários de R$ 25 por consulta, valor

que deve ser dividido entre gastos

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14 | mr106

mrpor dentro

Driblando aautoimunidadepor ANA CAROLINA ADDARIO

Alternativa aos tratamentos de combate aos abortos espontâneos, a imunologia da reprodução causa mais polêmica do que estudos

Ainda que seja uma técnica passível

de comprovação científica, como

estudos realizados em diversos países podem

atestar, a maioria dos profissionais prefere

seguir outras linhas de tratamento, é natural

Diversos fatores podem ser

responsáveis por dificultar

uma gestação, provocan-

do abortos espontâneos.

Complicações genéticas, endócrinas,

anatômicas, infecciosas, ou mesmo

o estilo de vida da futura mãe podem

comprometer definitivamente o feto

ainda em seus primeiros momentos de

vida. O que muitas pessoas desconhe-

cem é que, algumas vezes, a autopro-

teção criada por nosso corpo pode

acentuar a incompatibilidade genética

entre o casal, prejudicando a tentati-

va de quem pretende constituir uma

família. E o grande vilão da história é o

sistema imunológico feminino.

Em uma gravidez normal, o embrião

possui informações de origem paterna

(50%) e materna (50%), conhecidas

como antígenos de superfície (HLA).

Ao reconhecer as informações de

origem paterna, a gestante produz

anticorpos responsáveis por diminuir a

atividade do seu próprio sistema imu-

nológico da gestante, reduzindo assim

a ação das células assassinas natu-

rais, natural killer (NK), que destroem

qualquer possível “célula invasora” no

sistema reprodutor feminino. Essa res-

posta na gestação normal é conhecida

como resposta imune Th2.

No entando, em gestantes que apre-

sentam abortamento de repetição ou

infertilidade, ocorre a resposta imuno-

lógica conhecida como Th1, que con-

siste no aumento da ação das células

NK devido à ausência dos anticorpos

bloqueadores. Isso acontece porque

o organismo feminino não reconhece

as células paternas e, na ausência dos

bloqueadores do sistema imunológico,

as células assassinas atacam o código

genético paterno, considerado intruso.

Imunologia da reproduçãoEm 1987, um jovem doutor da Finch

University of Health Sciences/The Chi-

cago Medical School, chamado Alan

Beer, desenvolveu uma das teorias

que, poucos anos depois, passaria a

chamar atenção, tanto positiva quan-

to negativa, entre estudiosos interes-

sados na área de reprodução huma-

na. A imunoterapia com linfócitos,

baseada na produção de anticorpos

bloqueadores do sistema imunológi-

co, pretendia inserir o código gené-

tico presente no sangue do homem

no organismo feminino em doses

Dr. José Bento de

Souza é ginecologista e

obstetra nos Hospitais

Albert Einstein e São

Luis, especialista

em imunologia da

reprodução, e dono da

clínica Dr. José Bento de

Souza em São Paulo

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Page 15: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 15

periódicas, a

fim de diminuir

a incompatibi-

lidade genética

entre os dois,

estimulando o

desenvolvimento

imunológico da

mulher, o que acarretaria na neu-

tralização da ação das células NK. O

resultado: um embrião protegido.

No Brasil, a técnica surgiu em 1993,

trazida pelo Prof. Dr. Ricardo Barini,

coordenador do Serviço de Medici-

na Fetal, Disciplina de Obstetrícia,

Departamento de Tocoginecologia da

Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP). Ele também coordena

o Ambulatório de Aborto Recorren-

te, Divisão de Reprodução Humana,

Departamento de Tocoginecologia,

Centro de Atenção Integral à Saúde da

Mulher (CAISM) da UNICAMP.

Quase 30 anos mais tarde, ainda com

algumas ressalvas em relação a sua

real viabilidade, a imunologia da repro-

dução ganha mais espaço no plano das

ideias do que no plano das aplicações.

“Ainda que seja uma técnica passí-

vel de comprovação científica, como

estudos realizados em diversos países

podem atestar, a maioria dos profis-

sionais prefere seguir outras linhas

de tratamento, é natural”, afirma o Dr.

José Bento de Souza, um dos menos

de 10 especialistas em imunologia da

reprodução em atividade atualmente

no Brasil.

Sistema de reconhecimentoO tratamento consiste na aplicação

das células de defesa do sangue pater-

no no corpo da mulher, a fim de que, na

próxima fecundação, seu corpo reco-

nheça as genes presentes no esper-

matozoide, reduzindo a ação agressora

das células NK. “Realizamos um cross-

match para avaliar o nível de interação

entre as células paternas e maternas, e

a capacidade destas de rejeitar 'corpos

estranhos' em seu sistema, como um

embrião”, relata o Dr. José Bento.

O plasma do

sangue do pai é

retirado, de forma

que permanecem

no composto

apenas as células

de estímulo ao

sistema imuno-

lógico da mãe. O soro resultante nesse

processo é dividido em três doses,

aplicadas em via subcutânea a cada 21

dias na paciente com quadro recorren-

te de aborto espontâneo. Três aplica-

ções garantem 85% de probabilidade

de uma gestação bem-sucedida, e

cada sessão custa em média 500 reais.

Clínicas especializadas oferecem

um tratamento ainda inacessível para

a maior parte da população, mas que

representa uma solução alternativa

e com resultados bastante estimu-

lantes para quem pretende driblar os

impasses da autoimunidade. “Algumas

mulheres não conseguem proteger o

embrião contra seu próprio sistema

imunológico. Com o método, tentamos

ensinar seu organismo a produzir essa

defesa, combatendo a ação agressora

a seu futuro bebê”, reforça o Dr. José

Bento.

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16 | mr106

mrpor dentro

A evolução da cirurgia robótica no Brasilpor ALESSANDRA SOARES

Há apenas dois anos, os robôs chegaram aos centros cirúrgicos brasileiros. Apesar de pouco tempo de aplica-ção, os resultados positivos, notórios em outros países, já podem ser percebidos também por aqui

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mr106 | 17

Para o paciente, pequenas incisões significam menos

dor, menos sangramento, menor

trauma cirúrgico e recuperação mais

rápida. Já para o médico, diminui-se a

fadiga em cirurgias que podem durar

várias horas

O tema foi debatido em São

Paulo, no fim de agosto, no

3rd Annual World Robotic

Symposium Latin Ame-

rica. Durante o congresso, um dos

três maiores do segmento no mundo,

cirurgiões que usam o sistema robótico

em cirurgia geral e em outras especia-

lidades, como urologia e ginecologia,

relataram experiências obtidas em

centros de referência do exterior com

a tecnologia de ponta nas cirurgias

minimamente invasivas. Também foram

discutidos os benefícios da robótica,

os aspectos éticos do uso da tecnolo-

gia na medicina e o futuro da cirurgia

robótica no Brasil e no mundo.

Entre as sessões, foram apresen-

tados resultados de procedimentos

realizados no programa de Cirurgia

Geral Robótica do Hospital Israelita

Albert Einstein, um dos três centros do

País que já possuem robôs em seus

centros cirúrgicos – os outros dois são

os também paulistanos Hospital Sírio-

Libanês e Hospital Alemão Oswaldo

Cruz. O médico Dr. Vladimir Schraibman,

especialista em cirurgia geral, gastroci-

rurgia e o único orientador de cirurgias

robóticas da área de cirurgia geral e do

aparelho digestivo do Hospital Albert

Einstein, também proferiu palestra

sobre retossigmoidectomia robótica

e abordou as ressecções de intestino

grosso por meio da cirurgia robótica,

em casos de diverticulite e endometrio-

se, por exemplo.

Uma das constatações mais óbvias

quando se fala em cirurgias robóticas

é a de que a união da medicina com

os robôs contribui para a qualidade de

vida e para o bem-estar dos pacien-

tes, uma vez que as cirurgias menos

invasivas têm recuperação mais rápida

e menos complicações pós-operatórias

que as tradicionais. “A medicina no Bra-

sil tem mudado a sua face. Hoje, com o

avanço tecnológico, é possível realizar

Dr. Vladimir Schraibman

é graduado em medicina

pela Universidade Federal

de São Paulo, com

mestrado e doutorado

em ciências médicas pelo

Departamento de Cirurgia

da Universidade Federal

de São Paulo - Escola

Paulista de Medicina

Dr. Oskar Kaufmann é

graduado em medicina

pela Escola Paulista de

Medicina, tem doutorado

pela Divisão de Clínica

Urológica do Hospital das

Clínicas, pós-doutorado

em endourologia,

laparoscopia e

cirurgia robótica

pela Universidade da

Califórnia - Irvine

Dra. Rosa Maria Neme

é graduada em medicina

pela Faculdade de

Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo, tem

doutorado em medicina

na área de ginecologia

pela Universidade de

São Paulo

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Page 18: Revista Médico Repórter 106

18 | mr106

um diagnóstico preciso e mais precoce,

com evidente benefício para os pacien-

tes. Além disso, essas tecnologias dão

mais segurança e o apoio necessário

para a tomada de decisões importan-

tes do médico, no tocante à conduta

e ao tratamento, seja nos casos de

urgência, seja nos casos de doenças

crônicas”, pondera o especialista.

Desde 2008, houve algumas evoluções

nos procedimentos realizados por robôs

no Brasil. As incisões em cirurgias robó-

ticas diminuíram – hoje pode ser feita

uma intervenção por um único orifício,

com corte de apenas 2,5 cm. Além disso,

os instrumentos estão mais precisos e

estão disponíveis imagens Full HD em

três dimensões. “Hoje os robôs apresen-

tam uma imagem de altíssima resolução,

o que facilita o trabalho do cirurgião”,

afirma o urologista Dr. Oskar Kaufmann,

especialista em cirurgia robótica.

Atualmente podem ser realizadas

intervenções robóticas nas áreas de

cirurgia geral e do aparelho digestivo,

cirurgia urológica, cirurgia de cabeça e

pescoço, cirurgia ginecológica e cirurgia

cardíaca. Em breve, elas devem estar

disponíveis também para a ortopedia.

As cirurgias robóticas são indicadas

para casos complexos, como hérnia de

hiato volumosa, tumores do aparelho

digestivo, endometriose profunda com

acometimento do reto e tumores pan-

creáticos. Em ginecologia, a médica Dra.

Rosa Maria Neme realiza procedimentos

robóticos também para retirada do úte-

ro (histerectomia), retirada de miomas

uterinos (miomectomia), retirada de

cistos de ovário, retirada de trompas

ou plástica das trompas em casos de

obstrução, bem como em casos de neo-

plasias ginecológicas, como endométrio,

colo de útero e ovários. Em urologia, o

Dr. Oskar Kaufmann indica esse tipo de

intervenção principalmente no trata-

mento do câncer de próstata. “Entre-

tanto, diversos procedimentos podem

ser realizados com segurança e eficácia

por meio desse método, como cirurgias

para retiradas totais ou parciais dos

rins, assim como ressecções parciais ou

totais de bexiga, correções de estreita-

mentos nos ureteres na sua junção com

a pelve renal, conhecidas com estenose

de junção uretero-piélica.”

O Dr. Kaufmann enumera os bene-

fícios das cirurgias robóticas. “Para o

paciente, pequenas incisões significam

menos dor, menos sangramento, menor

trauma cirúrgico e recuperação mais

rápida. Já para o médico, diminui-se a

fadiga em cirurgias que podem durar

várias horas. Os cirurgiões podem ficar

exaustos durante essas longas cirur-

gias e, como resultado, sofrer tremores

nas mãos. Mesmo as mãos firmes do

médico mais experiente não podem se

igualar às do robô cirúrgico, que ignora

os tremores da mão do médico e man-

tém o braço mecânico estável.”

Nos procedimentos robóticos, que

chegam a ser 30% mais caros que os

convencionais, a alta costuma ser mais

rápida. “Muitas vezes o custo da cirurgia

robótica se aproxima do custo final de

uma internação com cirurgia convencio-

nal, por reduzir o tempo do paciente na

UTI e o tempo de internação hospitalar”,

observa o Dr. Schraibman. Apesar de

tantos benefícios, os robôs ainda não

estão disponíveis na rede pública de

saúde, devido ao alto custo dos equipa-

mentos. “Com o avanço da tecnologia e

a diminuição dos custos dessa técnica,

acredito que o procedimento robótico

estará disponível para a população

menos favorecida num prazo de dois a

cinco anos”, estima o especialista. Os

robôs usados atualmente no Brasil são

fabricados nos Estados Unidos, onde

são realizados procedimentos robóticos

há uma década. No Hospital Albert Eins-

tein é usado o sistema Da Vinci, que tem

três ou quatro braços, câmera contro-

lada por pedal e ótica com duas fontes

de imagem, o que permite ao cirurgião

a construção de uma imagem tridimen-

sional. Os médicos são treinados em

centros de referência no exterior.

Para o Dr. Schraibman, a cirurgia

robótica é uma grande tendência em

cirurgias minimamente invasivas. “A

robótica representa, atualmente, a

excelência das cirurgias minimamen-

te invasivas avançadas dos grandes

centros médicos por todo o mundo e o

Brasil está trilhando o mesmo caminho

e irá se destacar neste cenário.”

Médicos brasileiros realizam primeira cirurgia robótica para miasteniaMédicos do Hospital Sírio-Libanês são pioneiros na cirurgia robótica de miastenia, doença autoi-

mune que afeta uma em cada 10 mil pessoas e tem como principal sintoma a fraqueza muscular. A

cirurgia convencional é indicada para cerca de 80% dos pacientes, mas envolve a abertura do osso

esterno para a retirada da glândula timo, com grande exposição da cavidade, muitos pontos e longa

estada no hospital. Com a técnica da cirurgia robótica, menos invasiva e de recuperação mais rápi-

da, a equipe dos cirurgiões Rodrigo Sardenberg, Ricardo Abdalla e Riad Younes fez apenas três inci-

sões de cerca de um centímetro cada, pelas quais foi possível a retirada da glândula. O procedimen-

to traz menor sangramento, menos dor pós-operatória e internação de apenas 48 horas. A miastenia

afeta mais mulheres jovens, entre 20 e 35 anos. O paciente se trata com medicações até o momento

em que a cirurgia pode ser a única solução, já que a ausência de

contrações musculares pode levar o paciente até a parar de respirar

sozinho. A retirada do timo anula a progressão da doença, possibili-

tando que alguns pacientes fiquem totalmente livres de remédios.

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mrpor dentro

Paralisia:estudo e esperançapor DRA. ANA PAULA TEDESCO*

A Academia Americana de Paralisia Cerebral(AACPDM), reunida em Washington, teve mais uma versão de seu evento anual, com mais de 400participantes, incluindo ortopedistas de renomemundial no cuidado de pacientes com doenças como a paralisia cerebral.

O tema central deste ano foi

'Conhecimento compartilhado:

perspectiva global'

*Dra. Ana Paula

Tedesco

é especialista

em ortopedia e

traumatologia

pediátrica e do

adolescente

O programa foi compos-

to por várias palestras,

incluindo as que recebe-

ram prêmio de distinção,

41 cursos de instrução, 11 breakfasts

com experts, e centenas de temas

livres, apresentados oralmente ou sob

forma de pôsteres. O tema central

deste ano foi “Conhecimento com-

partilhado: perspectiva global”, tendo

como destaque a sessão “Perspectiva

global em crianças com deficiências

e o papel da academia”, que ocorreu

através da realização de um painel

internacional. Eu fui uma das paine-

listas e falei sobre a paralisia cerebral

no cenário brasileiro. Também foram

painelistas profissionais do Iraque,

Bangladesh e Vietnã.

Interessada em conhecer as carac-

terísticas de avaliação e tratamento

de pacientes com paralisia cerebral

no mundo, a academia planeja, no

futuro, tentar formatar uma estratégia

de colaboração com centros dedi-

cados a esses pacientes no mundo,

envolvendo seus membros. Já com

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mr106 | 21

essa meta, há alguns anos, a AA-

CPDM disponibiliza a apresentação

de algumas partes do programa de

seu evento anual, para ser transmi-

tido sob a forma de teleconferência,

para vários locais da América Latina,

incluindo o Brasil.

Tiveram destaque os estudos que

demonstram as alterações cerebrais

que ocorrem com as intervenções

terapêuticas. Os efeitos dos trata-

mentos, antes demonstrados prin-

cipalmente através dos resultados

clínicos, hoje são também embasa-

dos nas mudanças funcionais que

o cérebro mostra em exames como

a ressonância magnética funcional.

Alguns trabalhos apresentados fun-

damentaram os resultados positivos

alcançados com a terapia da con-

tenção, através da demonstração

da melhora funcional ocorrida em

âmbito cerebral. Essa terapia, chama-

da constrained induced therapy, vem

sendo utilizada há vários anos, com

sucesso, como adjuvante na reabilita-

ção do membro superior em pacien-

tes com paralisia cerebral espástica

hemiplégica e consiste na restrição

do uso do membro superior não

acometido, por horas durante o dia,

forçando a utilização do membro su-

perior acometido. Nesse mesmo ramo

da pesquisa, bons resultados fun-

cionais foram demonstrados com o

uso da estimulação elétrica funcional

do cérebro. Ambas as modalidades

terapêuticas e também o tipo de te-

rapia chamado bimanual em que o

uso congregado e simultâneo das

mãos (a acometida e a normal) é

incentivado, mostraram aumento

das áreas funcionais cerebrais,

o que pode ser explicado pela

capacidade de neuroplasticida-

de na criança.

Os resultados do uso da apli-

cação de toxina botulínica tipo A

no tratamento da espasticidade do

membro superior decorrente da

paralisia cerebral foi tema de um dos

cursos de instrução. Foram apresen-

tados estudos de meta-análise que

praticamente resumiram o estado

atual dessa modalidade de tratamen-

to. Em suma, foram corroboradas as

ideias prévias de que os melhores

resultados são obtidos quando o

tratamento é aplicado em crianças

menores de 5 anos, que tenham boa

capacidade de preensão, bom arco de

movimento articular passivo e bom

controle muscular seletivo.

Mereceu destaque ainda a palestra

da Dra. Joelle Mast, sobre os avanços

na neurorreabilitação, utilizando a

moderna tecnologia, incluindo a robó-

tica. Estudos apresentados versaram

também sobre as características de

equilíbrio e reações antecipatórias as-

sociadas ao movimento das crianças

com paralisia cerebral.

Dra. Ana Paula Tedesco examina paciente

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22 | mr106

mrentrevista

Medicina 5 estrelas por ANA CAROLINA ADDARIO

Em entrevista à Médico Repórter, o Dr. Serafim Borges, especialista em medicina e cardiologista titular da seleção brasileira na Copa 2010, conta detalhes de como é cuidar da saúde dos melhores jogadores de futebol do mundo

Por trás do senso comum

de que o único homem no

comando de uma seleção de

futebol é o técnico, reside

um especialista tão preparado quanto

toda a comissão, e tão treinado quan-

to qualquer jogador do time. E mais:

este homem é responsável pelo bem-

estar e boas condições de qualquer

membro de uma comissão de Copa

do Mundo, tanto dentro quanto fora

do campo.

Para entrar em campo, todos os jo-

gadores da seleção brasileira estiveram

com o Dr. Serafim Borges, especialista

em medicina do exercício e do esporte

e diretor da Sociedade Brasileira de Me-

dicina do Exercício e do Esporte (SBME)

– e ao sair também. Cardiologista titular

da seleção brasileira e com mais de

30 anos de experiência no ramo da

medicina do esporte, o Dr. Serafim

conta para a Médico Repórter sobre as

dificuldades de sua área de atuação, e

em que pé andam os tratamentos para

os melhores jogadores de futebol do

mundo

A evolução do médico tem que

acompanhar a da medicina, não tem por

que ser diferente

Dr. Serafim Borges é

especialista em medicina

do exercício e do esporte

e diretor da Sociedade

Brasileira de Medicina do

Exercício e do Esporte

(SBME)

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Page 23: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 23

Trinta anos de atuação como

médico de futebol é um tempo de

experiência bastante vasto. Como

começa a trajetória de um jovem

médico que quer cuidar da saúde do

time do seu coração?

Diria que a trajetória foi muito dura,

pois à época de meu início, era difícil

a afirmação de um cardiologista num

meio onde se pensava que medicina

do esporte era apenas traumato-orto-

pedia. Praticamente sozinho no meio

por ver a área de modo diferente, tive

muitas dificuldades por ter que provar

a importância de minha especialidade,

cardiologia, e a seguir a da medicina do

esporte, que de imediato fui cursar e

me aprofundei nesta complexa área da

medicina.

No início de sua carreira, a me-

dicina já trabalhava com alguma

eficiência no tratamento de atletas

de futebol. Trinta anos depois, o que

mudou e como mudou?

Não era eficiente, pois como disse

na pergunta anterior, só se olhava para

o tratamento do trauma, deixando-se

de lado a complexidade do atleta, que

é estudada pela medicina do esporte,

havia grande resistência por parte dos

traumatologistas. Hoje muita coisa mu-

dou, pois o crescimento da nossa espe-

cialidade fez com que o atleta seja visto

de modo holístico, não só pelo médico,

mas por uma equipe interdisciplinar.

Como surgiu o convite para ser o

médico titular da seleção brasileira

na Copa da África do Sul?

Na realidade não foi um convite para

a África do Sul, já faço parte da Comis-

são Técnica da Seleção Brasileira desde

2001, tendo iniciado nas categorias de

base, no ano de 1984.

A passagem pela delegação na

África do Sul foi sua terceira Copa.

Em quais outros anos o senhor

atuou na equipe, e em que posição?

Estive sempre como médico do

esporte, em 2002 no Japão, 2006 na

Alemanha e 2010 na África do Sul.

Em termos de estrutura, a dele-

gação brasileira teve o apoio de

quantos médicos e especialistas

nesta Copa?

A equipe é enxuta: tivemos dois

médicos, um ortopedista e um cardiolo-

gista, além de dois fisioterapeutas e um

massagista.

A preparação física no futebol

exige muito do corpo do atleta, e

são recorrentes notícias de joga-

dores lesionados em função do

desgaste que o corpo sofre na

rotina exaustiva de treinos e jogos.

Como esse aspecto é previamen-

te trabalhado quando se trata de

uma Copa mundial? Que tipo de

acompanhamento médico é feito

junto com os preparadores físicos

para prevenir possíveis problemas

durante campeonatos com essa

dimensão?

O desgaste do atleta é medido no dia

a dia, fazemos uma hidratação adequa-

da e acompanhamento de sua fosfo-

creatinoquinase, enzima que revela a

dimensão de seu desgaste muscular.

Obviamente, também fazemos o mo-

nitoramento de seu estado emocional

evitando-se sempre o supertreinamen-

to ou o treino ineficiente.

Em um campeonato interno, a

pressão pelo desempenho dos

jogadores pode afetar diretamente o

sistema nervoso destes, bem como

desencadear uma série de proble-

mas à sua saúde. Em sua trajetória

no Flamengo e em outros times,

que tipo de problema foi recorrente

nessas situações?

A pressão sobre o atleta é muito

grande e o desgaste emocional o

atrapalha bastante, temos dado sempre

atenção a este fato.

E em uma Copa mundial, como se

desenvolve esse quadro?

Esse quadro desenvolve-se principal-

mente naqueles que sentem o peso da

grande responsabilidade e acabam por

ter uma péssima performance durante

a competição, fato que deve ser avalia-

do pelo treinador, com vistas a poupar

o atleta das críticas que surgem com

grande força, principalmente pela mídia

escrita e falada.

Em que sentido podemos apontar

avanços na atuação médica da dele-

gação brasileira na Copa? Evoluímos

em termos de equipamentos, pre-

paração e assistência? Se sim, quais

aspectos merecem destaque?

A evolução do médico tem que

acompanhar a da medicina, não tem

por que ser diferente.

Pensando no sentido oposto da

equação, ou seja, não apenas a

medicina melhorando a atuação do

futebol, como o esporte auxiliou no

desenvolvimento e descobertas para

melhor desempenho da medicina?

Que aspectos são esses?

A medicina do esporte e exercício

trouxe muitos benefícios ao atleta,

além de também funcionar como uma

bela ferramenta na promoção da saúde

da sociedade como um todo, com os

programas de treinamento e com orien-

tações àqueles que já são portadores

de doenças crônicas.

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24 | mr106

mrem pauta

Nova toxina botulínicachega ao mercado brasileiro por ALESSANDRA SOARES

No último ano, o mercado brasileiro de procedimentos estéticos movimentou aproximadamente R$ 200 mi-lhões e foram importadas 270 mil unidades de toxina botulínica tipo A

Por não ter complexos proteicos,

os riscos de formação de anticorpos

neutralizantes são mínimos.

Daniel Vasconcelos

Regazzini é formado pela

Universidade Estadual

de Campinas (UNICAMP)

com residência em

cirurgia geral na mesma

instituição, cirurgião pelo

Ministério da Educação,

pós-graduação em

Cirurgia Plástica pela

Universidade Santa

Cecília (UNISANTA)

O Brasil está em segundo lu-

gar no número de cirurgias

e procedimentos estéticos,

atrás apenas dos Estados

Unidos, de acordo com a Socieda-

de Brasileira de Cirurgia Plástica. O

mercado de procedimentos estéticos

no mundo tem crescido de 8% a 10%

ao ano, nos três últimos anos. Entre

2008 e 2009, o mercado brasileiro teve

crescimento superior a essa média, de

15,5%.

Para entrar nesse cenário, acaba de

chegar ao Brasil a única toxina botulíni-

ca tipo A livre de complexos proteicos.

Xeomin, do laboratório Merz-Biolab,

não precisa de refrigeração para ser

transportado ou armazenado. Seu

efeito não diminui com o uso contínuo

e os riscos de formação de anticorpos

neutralizantes são mínimos. A toxina

pode ser usada com finalidade estética,

mas também terapêutica. Estão aptos

a trabalhar com ela em consultórios

dermatologistas, cirurgiões plásticos,

neurologistas e fisiatras.

Na estética, o medicamento pode

ser aplicado com bons resultados em

diversas áreas, segundo o Dr. Daniel

Vasconcelos Regazzini, cirurgião plásti-

co da Clínica Dra. Alessandra Haddad.

No terço superior da face (indicação

clássica de toxina), é eficaz em rugas

frontais (testa), glabelares (entre as

sobrancelhas), periorbitárias (pés de

galinha), infraorbitárias e elevação de

supercílios. No terço médio e inferior da

face, a toxina botulínica tipo A pode ser

utilizada em rugas nas regiões do nariz,

malar, periorais, mentonianas (queixo),

pescoço e colo, linhas de “marionete”,

para levantamento da ponta nasal e

para correção do sorriso gengival.

No uso terapêutico, a toxina botulí-

nica tipo A é destinada ao tratamento

sintomático do blefarospasmo (espas-

mo das pálpebras), torcicolo espasmó-

dico (pescoço torcido), hiper-hidrose

(suor excessivo) e espasticidade, uma

tensão muscular aumentada e rigidez

muscular incontrolável dos membros,

por exemplo, após derrame cerebral,

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Page 25: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 25

trauma ou por paralisia cerebral. “A

toxina botulínica tipo A bloqueia a

liberação de acetilcolina nas junções

neuromusculares, causando efeito rela-

xante dos músculos, sendo particular-

mente interessante nos casos em que

há uma hiperatividade muscular focal”,

explica o médico.

A toxina botulínica é contraindicada

para quem tem hipersensibilidade ao

componente, distúrbio generalizado da

atividade muscular e infecção no local

da aplicação. É preciso, ainda, atentar

para a anatomia muscular do paciente,

individualizando caso a caso, e para

pacientes que tomem aminoglicosídeos

e anticoagulantes.

O produto Xeomin, desenvolvido e

fabricado na Alemanha pelo laboratório

Merz Pharmaceuticals, foi lançado na

Europa em 2005, onde corresponde

a 4% do mercado de toxina botulíni-

ca tipo A, e vem ao Brasil para ser o

concorrente direto de Botox. O tempo

de duração de uma aplicação varia de

três a seis meses, sendo que o efeito

não diminui com o uso contínuo, como

ocorre com outras toxinas botulínicas

presentes no mercado. Por não ter

complexos proteicos, os riscos de

formação de anticorpos neutralizantes

são mínimos.

O cirurgião plástico Dr. Daniel Vascon-

celos Regazzini afirma que toxinas de

menor carga proteica devem ser as es-

colhidas para os pacientes que desen-

volveram resistência à toxina, que pode

ser contra a própria toxina ou devida

aos complexos proteicos presentes em

algumas apresentações.

O medicamento foi testado em

mais de 70 mil pacientes, tendo sido

bem tolerado, com baixa incidência

de eventos adversos sérios e nenhum

caso de paciente que tenha desenvol-

vido anticorpos neutralizantes. Não é

necessário refrigeração para transporte

ou armazenamento. Após a reconsti-

tuição, deve ser mantido entre 2°C e

8°C por até 24 horas. Todas as outras

toxinas botulínicas tipo A existentes

no mercado possuem os complexos

proteicos e precisam ser transporta-

das e armazenadas entre 2°C e 8°C,

mesmo antes de serem reconstituídas.

Xeomin tem validade de 24 meses no

Brasil e 48 meses na Europa. Para o Dr.

Regazzini, ainda é preciso melhorar o

tempo de ação dos produtos existentes

no mercado hoje.

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26 | mr106

mratualização terapêutica

Primeiro medicamento no País para tratamento dascrises de angioedema hereditário por ALESSANDRA SOARES

Muito confundidas com manifestações de alergia, as crises de angioedema hereditário (AEH) acabam de ganhar uma solução que as atenua. O primeiro medicamento especí-fico para tratamento dos episódios agudos da doença aca-ba de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o mercado brasileiro. Trata-se do Firazyr (icatibanto), fabricado na Alemanha e distribuído no Brasil pela companhia biofarmacêutica Shire

As crises do AEH, que causa

inchaço em várias partes

do corpo, podem levar o

paciente à morte por asfixia

provocada por edema de glote. Pela

confusão com a alergia e por ser uma

doença rara, há dificuldades em se

fazer o diagnóstico e, por consequên-

cia, o tratamento corretos. A Dra. Anete

Grumach, imunologista da Faculdade

de Medicina do ABC, ressalta que algu-

mas características clínicas diferenciam

esse edema dos quadros alérgicos.

"Em primeiro lugar, o edema não é

acompanhado de quadro de urticá-

ria; os fatores desencadeantes são

diferentes. Em geral, as lesões não são

pruriginosas e não há resposta clínica

ao tratamento com anti-histamínicos.

A reação alérgica é decorrente de uma

reação de hipersensibilidade mediada

pela imunoglobulina E."

Já o angioedema hereditário, confor-

me explica a médica, é uma doença

geneticamente determinada com defei-

to quantitativo ou funcional – ausência

ou deficiência – de uma proteína, o

inibidor de C1-esterase. "Essa proteína

atua no controle do sistema comple-

mento, sistema calicreína-bradicinina,

coagulação e fibrinólise. Na deficiência

dessa proteína há ativação intensa

Dra. Anete Grumach

é imunologista da

Faculdade de Medicina

do ABC

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Page 27: Revista Médico Repórter 106

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de dor abdominal são responsáveis

por cirurgias desnecessárias, pois pode

ocorrer um diagnóstico incorreto de

abdômen agudo", observa a imunolo-

gista. As crises são desencadeadas por

situações de estresse, infecções, trau-

mas, como tratamento dentário e, em

muitos casos, não têm causa conheci-

da. Em geral não são acompanhadas

de urticária, mas podem ocorrer lesões

serpiginosas na pele. Em média, duram

de três a cinco dias, são autolimitadas,

recorrentes, com frequência variável.

Como se trata de uma doença

genética e com herança autossômica

dominante, em geral, há membros da

mesma família acometidos – os pais

têm 50% de probabilidade de passar

para seus filhos os genes defeituosos

que causam o AEH. Por isso, a história

familiar é muito importante na hora de

se investigar a possibilidade de angioe-

dema hereditário. A maioria dos pacien-

tes manifesta a doença na infância, em

média aos 11 anos de idade, mas há

relatos de aparecimento mais tardio.

"Deve-se ter o cuidado de diferenciar

dos quadros adquiridos quando ocorrer

mais tarde, na vida adulta", alerta a Dra.

Anete. Na maioria dos casos, chega-se

ao diagnóstico correto com a dosagem

da proteína, inibidor de C1-esterase e,

em 15% dos casos, com a avaliação

funcional dessa proteína. Durante os

episódios de crise, frequentemente

o componente C4 do complemento

encontra-se reduzido.

Estima-se que a doença possa

ocorrer com uma frequência de 1 em

50.000 a 1 em 10.000, sem diferenças

relatadas entre gêneros ou grupos

étnicos. No Brasil, de 4.000 a 20.000

pessoas apresentam essa doença.

"Reconhecemos aproximadamente 8%

dos pacientes portadores consideran-

do-se 4.000 doentes, portanto, a grande

maioria dos pacientes não recebe tra-

tamento adequado", observa a médica.

O tempo médio para que um paciente

desses sistemas, mais evidente no

sistema calicreína-bradicinina, resultan-

do na liberação de cininas, causando

angioedema." Todos os profissionais

poderiam reconhecer o AEH, segundo

a Dra. Anete, mas os médicos alergistas

e imunologistas conhecem melhor a

doença.

Entre as características clínicas do

AEH, há edema de subcutânea (pele) –

que é desfigurante –, do trato gastroin-

testinal e do sistema respiratório, que

pode levar à asfixia. "Essa reação é a

mais temida, pois pode levar ao óbito

em 25% a 40% dos casos, se o trata-

mento não for estabelecido. As crises

Em geral, as lesões não são

pruriginosas e não há resposta clínica

ao tratamento com anti-histamínicos. A reação alérgica é decorrente de uma reação de

hipersensibilidade mediada pela

imunoglobulina E

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Page 28: Revista Médico Repórter 106

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tenha o diagnóstico correto costu-

ma ser de dez a 22 anos.

A profilaxia das crises é feita com

hormônios masculinos atenuados

(andrógenos), dentre os quais o da-

nazol e oxandrolona, e com inibidores

da plasmina, como ácido tranexâmico

e ácido epsilon aminocaproico. Os

andrógenos, segundo explica a Dra.

Anete, aumentam a síntese da proteí-

na inibidora de C1-esterase, mas pode

haver efeitos colaterais, como aumento

do colesterol, ganho de peso e acne.

Os inibidores da plasmina têm eficácia

mais limitada.

"Já as crises têm sido tratadas com

plasma fresco que contém a proteína,

mas também contém a substância na

qual o inibidor de C1-esterase atua.

Portanto, a eficácia também é limita-

da", diz a imunologista. Já o Firazyr,

o icatibanto, que é uma proteína

sintética, bloqueia a atividade da

bradicinina – cujas concentrações

elevadas são o principal respon-

sável pela sintomatologia das

crises – e impede o agravamento

dos sintomas, como dor, inchaço,

náusea e diarreia. O medicamento

tem uso subcutâneo e adulto, não

sendo indicado para autoadmi-

nistração. "A sua utilização nas

crises reduz a sintomatologia

assim como o tempo de dura-

ção." Não devem ser administra-

das mais de oito injeções por

mês. Em outros países, além

do Firazyr, estão disponíveis também

produtos para a reposição de inibidor

de C1-esterase.

Por ser uma doença genética, não há

cura para o AEH. Por isso, a Dra. Anete

ressalta a importância do tratamen-

to. "Entretanto, há como controlar os

sintomas e evitar o curso fatal, utili-

zando-se medicamentos adequados

na profilaxia e nas crises. É importante

que o médico tenha conhecimento da

doença para que seja pesquisada e

diagnosticada. Esta orientação certa-

mente evitará tantas situações viven-

ciadas por muitas famílias: o óbito dos

familiares por asfixia."

Para trocar experiências sobre a

doença, um grupo de pacientes criou

a Associação Brasileira de Portadores

de Angioedema Hereditário (Abranghe),

em abril deste ano. Os objetivos são

identificar portadores de AEH e divulgar

a doença à classe médica e ao público

em geral. "Com a formação de um gru-

po de portadores podemos conhecer

suas dificuldades, trocar experiências,

difundir informações e esclarecimen-

tos. Junto à classe médica, além da

divulgação da trajetória do portador

e suas necessidades, é necessário

buscar especialistas no atendimento

médico em várias regiões do País",

afirma Raquel Martins, presidente da

associação, que já conta com um ca-

dastro de portadores, de médicos e de

centros de referência para atendimento

de pacientes.

Junto à classe médica, além da divulgação da trajetória do portador

e suas necessidades, é necessário buscar especialistas no atendimento

médico em várias regiões do País

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Page 29: Revista Médico Repórter 106

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Na família de Raquel, a avó mater-

na, a mãe, que morreu aos 26 anos

com edema de glote, tios e primos

têm a doença. "A doença não tinha

diagnóstico, mas sabia que tinha a

mesma enfermidade que minha mãe.

Só tive o diagnóstico clínico em 1972,

o laboratorial em 1979 e comecei a

fazer controle em 1982." Antes de

saber o que tinha, Raquel passou por

muitas dificuldades. "Sofri muito com

dores abdominais incluindo náuseas e

vômitos que não tinham causa precisa

e me levaram a tratamentos diver-

sos." Ela chegou a passar por duas

cirurgias, para retirada do apêndice e

das amígdalas, com crises agudas de

AEH no pós-operatório. "Os inchaços

me obrigavam a ficar reclusa pelo

constrangimento, pelas dores e muitas

vezes pela impossibilidade de loco-

moção. Quando o AEH não era visível,

mas as dores intensas obrigavam a ida

a um pronto-socorro, era outro cons-

trangimento pela falta de crédito da

classe médica. O que dizer então da

chefia ou colegas de trabalho? O senti-

mento era de fuga para não sofrer os

preconceitos", conta.

A paciente passou por tratamentos

com anti-histamínicos, corticoides, an-

drógenos atenuados e plasma fresco.

"Como quase todos os medicamen-

tos, há os efeitos colaterais de todos

eles, que podem ser atenuados com

acompanhamento médico. Eu, particu-

larmente, prefiro os efeitos colaterais

às crises se eles puderem controlá-

las. Hoje faço uso dos medicamentos

de controle e os de atendimento em

crises, no caso andrógenos atenuados

e plasma fresco."

Hoje Raquel, que está na menopausa,

quando as crises são amenizadas, está

controlada e continua se cuidando.

"Minha vida toda foi sobressaltada por

várias crises que me excluíam das ativi-

dades físicas, de alguns eventos sociais

e da execução do meu trabalho, com

muitas faltas e afastamentos médicos.

A programação de uma viagem, por

exemplo, sempre é muito complicada

mesmo com acompanhamento médico

e medicada. Nunca se pode prever

quando acontecerá uma crise aguda.

Tomar um simples sorvete pode ser

muito arriscado, sofrer qualquer tipo de

trauma nem pensar e assim a vida diá-

ria é sempre acompanhada de muitos

cuidados.”

Diferentemente de Raquel, Liz Togni

descobriu que tinha AEH por acaso,

mais de 30 anos após as primeiras

manifestações da doença. “Depois de

passar vários anos consultando diver-

sas especialidades médicas, fazendo

diversos exames e tentando encontrar

leituras a respeito, minha filha, que é

estudante de Farmácia e Bioquímica,

ao fazer uma pesquisa pela internet,

para um trabalho de genética, apro-

veitou para buscar informações sobre

meus sintomas e comparou os resulta-

dos encontrados. Vimos que coincidiam

com as características de AEH, então

procurei um imunologista para confir-

mar com exames laboratoriais.”

Antes do diagnóstico correto, Liz

chegou a ficar várias vezes internada

por conta de crises abdominais. “Pas-

sava horas e às vezes dois, três dias

internada em hospitais, fazendo todo

tipo de exames, que não acusavam

problemas." Ela relata, ainda, crises no

rosto e na garganta. Além das dores,

houve também impacto em sua vida

social e profissional. "Houve momen-

tos em que fui obrigada a faltar ou me

retirar de aulas, reuniões em família,

eventos, compromissos profissionais.”

A paciente considera frustrantes os

casos em que médicos não conhecem

os sintomas e a própria doença. "Não

foram raras as situações em que o

inchaço da garganta foi diagnosticado

como amigdalite e as crises abdomi-

nais como pancreatite, apendicite e

até tumores malignos. Há médicos que

não consideram relatos de episódios

anteriores e o fator hereditário."

Para minimizar a possibilidade de

crises, Liz evita praticar atividades e

esportes de alto impacto, usar roupas

e acessórios com amarrações ou elás-

ticos apertados ou que provoquem

atrito sempre no mesmo local da pele

– como etiquetas de roupas e fivelas

de cintos –, calçar sapatos que não

fiquem extremamente confortáveis

e usar joias ou bijuterias que fiquem

“coladas” no corpo. “Meu diagnós-

tico é muito recente, apesar de ter

sintomas há tantos anos. A indicação

médica é para que eu faça uso dos

medicamentos disponíveis para man-

ter as crises sob controle, e no caso

de crises mais graves, use plasma

fresco. Mas em todas essas opções há

efeitos colaterais e riscos. Ainda estou

discutindo com meu médico os prós e

contras dessas opções.”

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Page 30: Revista Médico Repórter 106

30 | mr106

mrsaúde pública

Brasilforça-tarefa

por ANA CAROLINA ADDARIO

Iniciativas espalhadas por todo o País mostram por que somos referência em combate ao tabagismo, com os melhores índices do mundo

Nos tratamentos de abordagem

comportamental, trabalhamos diversos

aspectos relacionados à disposição do indivíduo, com

acompanhamento psicológico, além de

trabalhar a interrupção de um hábito

Dr. Sérgio Ricardo dos

Santos é presidente da

Comissão de Tabagismo

da Sociedade Paulista de

Pneumologia e Tisiologia

(SPPT), e membro da

Equipe de Capacitadores

para Tratamento do

Tabagismo da American

College of Chest

Physicians (ACCP)

Enquanto a maior parte do glo-

bo terrestre sofre com o au-

mento, ainda que pequeno, do

consumo de tabaco em suas

populações, o Brasil goza do prestígio

de nação referência mundial quando o

quesito são campanhas e métodos de

tratamento de combate ao consumo de

cigarro. Nos Estados Unidos, por exem-

plo, 40% da população é dependente

da nicotina. Entre os argentinos, 35%

são fumantes.

De acordo com os dados da última

pesquisa de Vigilância de Fatores de

Risco e Proteção para Doenças Crô-

nicas por Inquérito Telefônico (Vigitel),

que entrevistou 54 mil adultos, a parce-

la de brasileiros adeptos ao consumo

de tabaco é de apenas 15,5%, com

queda de 0,7 ponto percentual de 2006

a 2009. E, se analisados a longo prazo,

os dados são ainda mais animadores:

em 1989, 33% da população fumava,

segundo a Pesquisa Nacional de Saúde

e Nutrição, realizada pelo IBGE, ou seja,

em 20 anos, reduzimos nosso hábito de

consumo pela metade.

A explicação para uma resposta tão

eficiente está diretamente relaciona-

da aos métodos de incentivo que a

própria sociedade (compreendendo

neste âmbito tanto a máquina gover-

namental quanto as iniciativas priva-

das) promove.

Frente de combateNo dia 31 de maio, mobilizações em

todo o mundo marcaram o Dia Mundial

Sem Tabaco, e o tom da campanha que

roda o planeta pela voz da Organiza-

ção Mundial da Saúde (OMS) tem um

apelo bastante específico: “Gênero e

tabaco com uma ênfase no marketing

para mulheres”. A campanha pretende

atingir um dos nichos mais resistentes

à desistência do vício, o das jovens

fumantes.

Em São Paulo, quem tomou a diantei-

ra das ações conscientizadoras no Dia

Mundial Sem Tabaco foi a Sociedade

Paulista de Pneumologia e Tisiologia

(SPPT). Mutirões espalhados pela cida-

de levaram conhecimento à população

sobre como funcionam seus sistemas

respiratórios, explorando os riscos por

que nosso corpo passa em consequên-

cia do tabagismo.

A Estação Sé do Metrô e o Vão Livre

do MASP (dois pontos estratégicos

da cidade) receberam especialistas

voluntários que realizaram avaliações

da capacidade pulmonar da população

transeunte, além de alertar para os

diversos níveis de agravamento que a

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Page 31: Revista Médico Repórter 106

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convivência com fumantes e/ou consu-

mo de nicotina podem provocar.

No Dia Nacional de Combate ao

Fumo, a SPPT realizou mais um muti-

rão de conscientização e combate à

nicotina. O evento, que aconteceu no

dia 26 de agosto, reuniu voluntários no

Conjunto Nacional da Avenida Paulista,

para recolher bitucas de cigarro nas

ruas da cidade, e distribuiu kits para

fumantes com material de conscienti-

zação referente ao prejuízos do vício

para a saúde dos consumidores.

Uma equipe de médicos ficou dispo-

nível durante todo o dia para realizar

exames como espirometria, que avalia

a capacidade respiratória; e testes de

nível de dependência, podendo resultar

em leve, moderado e grave.

De acordo com o Dr. Sérgio Ricar-

do Santos, presidente da Comissão

de Tabagismo da SPPT, a orientação

diversificada é importante porque cada

pessoa está exposta a níveis distintos

de contaminação do tabaco, por isso a

necessidade de orientação e preven-

ção específica.

A raiz do problemaDa mesma maneira funcionam os

programas de tratamento ao tabagis-

mo, espalhados por todo o País. De

acordo com o Dr. Sérgio, existem duas

abordagens básicas de tratamento,

voltadas para a orientação comporta-

mental e medicamentosa, respectiva-

mente.

“Nos tratamentos de abordagem

comportamental, trabalhamos diversos

aspectos relacionados à disposição

do indivíduo, com acompanhamento

psicológico, além de trabalhar a inter-

rupção de um hábito”, conta. Práticas

como beber bastante líquido e mascar

balas podem substituir o ato de fumar.

“É necessário substituir a sensação

de prazer que o tabaco provoca no fu-

mante por outra sensação igualmente

prazerosa”, conta o especialista.

Já os tratamentos baseados em me-

dicação possuem três grupos de aplica-

ção. As técnicas de terapia de reposi-

ção de nicotina com gomas, adesivos

e pastilhas são velhas conhecidas do

mercado, reforçam a ação das orien-

tações comportamentais, reduzindo

gradativamente o nível de nicotina no

organismo, além de substituir o hábito

do fumo por outro similar. Entretan-

to, são métodos sem ação direta de

controle dos sintomas de uma possível

síndrome de abstinência.

A bupropiona é um antidepressivo

largamente utilizado no combate ao ta-

bagismo, com altos níveis de eficiência.

Agindo diretamente no sistema ner-

voso, o medicamento provoca ações

cerebrais no indivíduo que reduzem os

impactos sofridos na tentativa de parar

de fumar.

Bloqueio totalMas o tratamento com maiores

índices de eficiência entre os mé-

todos de combate ao tabagismo é

a vareniclina. O medicamento age

diretamente nos receptores coli-

nérgicos nicotínicos, eliminando a

necessidade do paciente de consumir

a substância. “A vareniclina controla a

síndrome de abstinência, reduzindo o

impacto da desintoxicação”, explica o

Dr. Sérgio.

Estudos revelam que 44% das pes-

soas que utilizaram vareniclina têm

sucesso no controle e tratamento do

tabagismo, resultado obtido por 30%

das que receberam tratamento à base

de bupropiona, e 18% das tratadas com

placebo.

Incentivos externosMesmo que indiretamente, o gover-

no vem desempenhando um papel

decisivo no combate ao tabagismo. Os

mecanismos regulatórios e as taxas

sobre a compra do cigarro são alguns

dos fatores de inibição do consumo,

uma vez que impactam o usuário não

mais pelo aspecto do cuidado à saúde,

mas pelo seu poder de compra.

A recente proibição do consumo de

cigarro em ambientes fechados tam-

bém contribuiu para a inibição do uso

da substância, embora a população te-

nha passado a sofrer mais com a maior

quantidade de bitucas de cigarros nas

ruas da cidade.

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Page 32: Revista Médico Repórter 106

32 | mr106

mrcompliance

Novas perspectivas por ANA CAROLINA ADDARIO

Marca-passo implantado pela primeira vez no País devolve as funções do diafragma para pacientes tetraplégicos ou vítimas da doença de Ondine

Maurício, nosso primeiro paciente, já responde muito bem

ao tratamento. Quase 5 meses depois da

implantação do marca-passo, ele já consegue ficar 8h por dia sem o

uso da ventilação

Dr. Rodrigo Sardenberg é

doutor pela Faculdade de

Medicina da Universidade

de São Paulo (FMUSP),

especialista em Cirurgia

Torácica - Associação

Médica Brasileira,

cirurgião torácico do

Hospital Sírio-Libanês

Pacientes vítimas de tetraple-

gia e da doença de Ondine

finalmente têm uma nova

perspectiva de tratamento,

que promete devolver-lhes qualidade

de vida e maiores possibilidades de

interação social. O que oferece esses

e outros benefícios para o bem-estar

do paciente é uma tecnologia denomi-

nada marca-passo diafragmático, que

embora já exista no mercado interna-

cional há 30 anos, foi implantada pela

primeira vez no Brasil em março deste

ano pela equipe multidisciplinar do

Hospital Sírio-Libanês, composta pelo

Dr. Rodrigo Sardenberg (cirurgião torá-

cico), Dra. Liliana Secaf (neurologista),

Dr. Riad Younes (cirurgião torácico), Dr.

Mário Augusto Taricco (neurocirurgião)

e Dr. Roberto Kalil Filho (cardiologista

clínico).

Trata-se de um aparelho capaz de

estimular o nervo frênico, responsável

por motivar o diafragma humano a

realizar os movimentos de inspira-

ção e expiração, bombeando ar para

dentro e fora do pulmão. Como é do

conhecimento da comunidade médica,

pacientes vítimas de tetraplegia e da

doença de Ondine, por terem quadros

relacionados à fratura das vértebras c1

e c2, rompendo o elo entre a medula

e o cérebro, acabam por danificar seu

centro respiratório.

Sujeito ao tratamento respiratório

baseado na traqueostomia, o paciente

perde não apenas a capacidade de

respiração natural, como fica impos-

sibilitado de ações como comer por

boca, ou de comunicar-se verbalmente.

“O marca-passo devolve gradualmente

todos esses aspectos ao paciente”,

conta o Dr. Rodrigo Sardenberg, cirur-

gião torácico do Hospital Sírio-Libanês,

responsável por trazer a tecnologia do

marca-passo para o Brasil.

O marca-passo é constituído por

duas partes: a externa, com uma es-

pécie de rádio transmissor; e a interna,

com eletrodos conectados diretamente

ao nervo frênico. O transmissor envia

uma série de ondas de rádio para os

receptores implantados cirurgicamen-

te no tórax. Cada um dos eletrodos

é ligado a um receptor, fixado aos

nervos responsáveis pelo movimento

do diafragma. Com isso, o marca-paso

desencadeia um impulso nervoso, esti-

mulando o funcionamento do nervo.

Após a recuperação da cirurgia, a

respiração artificial é desligada durante

10 minutos por dia em um condicio-

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Page 33: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 33

pagar 200 mil reais. Mas é um esforço

que, ainda que alto, vale pelo benefício.

“Estimamos trabalhar com 80% de pa-

cientes não pagadores, e 20% pagado-

res no início”, afirma.

Nesse contexto, o Dr. Sardenberg já

tem agenda marcada para mais quatro

possíveis pacientes, três dentro do País,

e um no Equador. O número é pequeno,

perto dos mais de 2 mil brasileiros com

possibilidades de tratamento. “A ideia

é conseguir trabalhar a visibilidade do

setor”, conta. Mesmo que a passos len-

tos, trabalhar a projeção de métodos

como o do marca-passo diafragmático

pode representar uma nova perspec-

tiva de bem-estar e qualidade de vida

para pacientes tetraplégicos.

namento gradativo, para que o marca-

passo comece a estimular o diafragma,

fazendo o paciente respirar normal-

mente, sem ajuda do aparelho de

respiração artificial de traqueostomia.

“Maurício, nosso primeiro paciente, já

responde muito bem ao tratamento.

Quase 5 meses depois da implantação

do marca-passo, ele já consegue ficar

8h por dia sem o uso da ventilação”,

conta o Dr. Sardenberg.

Prós e contras da novidadeAlém da vantagem central do tra-

tamento, que é reativar o movimento

do diafragma lesionado, possibilitando

que o paciente respire sem o uso de

ventilação, o marca-passo devolve ao

usuário a chance de comer por boca e

de conversar – atividades fora de fun-

cionamento por conta do uso dos apa-

relhos da traqueostomia. “O aparelho

socializa o paciente, que pode voltar

a falar, a comer, a se relacionar com o

mundo externo com mais facilidade.

Sem contar com o fim do risco de des-

ligamento da ventilação no caso de um

blecaute”, reforça o Dr. Sardenberg. “O

paciente adquire muito mais conforto e

segurança”, completa.

No entanto, por ser um tratamento

inédito no Brasil, ele ainda não possui

uma regulamentação de cobertura nem

pelos planos de saúde, nem pelo sis-

tema público. Ou seja, o paciente que

adquire o equipamento pode chegar a

Eletrodos colocados nas laterais do diafragma transmitem impulsos elétricos para o músculo, causando a contração e o natural movimento para cima e para baixo

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34 | mr106

mrem debate

A polêmica dobronzeado por ANA CAROLINA ADDARIO

A batalha cada vez mais acirrada entre a ANVISA e as clínicas de bronzeamento artificial levantam a impor-tância de discutir a viabilidade de realizar tratamentos estéticos sem prejudicar a saúde de nossa pele

Em novembro de 2009, o Diário

Oficial da União publicou

restrição imposta pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) ao uso de câmaras de bron-

zeamento artificial em todo o território

nacional. O decreto vetava todos os

equipamentos emissores de radiação

ultravioleta (UV) para fins estéticos,

sob o argumento de que a exposição

ao nível de emissões proveniente das

câmaras em questão pode provocar

câncer de pele do tipo melanoma.

Com um documento repleto de

apelos preocupados em prevenir os

possíveis agravos à saúde do indivíduo

exposto à modalidade estética, a reso-

lução da Diretoria Colegiada da ANVISA

baseou-se em constatações levantadas

pela International Agency for Resear-

ch on Cancer (instituição vinculada à

Organização Mundial da Saúde – OMS)

de julho de 2009, que considerou haver

evidências suficientes para concluir

que a exposição aos raios ultravioleta é

carcinogênica para humanos.

Com o órgão público considerando

que não existem benefícios que com-

pensem os riscos decorrentes do uso

desses equipamentos, a guerra entre

ANVISA e diversas clínicas de estética

espalhadas pelo País marcava apenas

sua data de estreia – em junho deste

ano, audiência pública proposta pelo

deputado Vieira da Cunha (PDT-RS)

discutiu a legitimidade da proibição. O

resultado: veto mantido, as clínicas de

estética procuram novos subsídios para

defender sua área de atuação.

Segundo o Dr. Francisco Macedo

Paschoal, diretor de comunicação da

Sociedade Brasileira de Dermatologia

de São Paulo (SBD-SP), uma das prin-

cipais instituições do setor no País, a

SBD coloca-se favorável à resolução da

ANVISA, “uma vez que o procedimento

não proporciona nenhuma contribuição

para a saúde da pele, podendo pro-

vocar danos como o envelhecimento

precoce, o aparecimento de rugas e

manchas, ou mesmo contribuir para

o desenvolvimento de doenças mais

perigosas para a nossa pele como o

câncer de pele do tipo melanoma”,

conta.

Precaução compartilhadaEmbora o Brasil seja o único país a

instituir a proibição do uso de equipa-

mentos emissores de radiação ultravio-

leta (UV) para fins estéticos no mundo,

países com realidades e costumes

bastante diferentes dos nossos tam-

bém andam investindo energia na luta

“Os custos que um paciente de melanoma pode trazer ao sistema

de saúde podem ser exorbitantes”

Dr. Francisco Macedo

Paschoal é diretor

de comunicação da

Sociedade Brasileira de

Dermatologia de São

Paulo (SBD-SP) e professor

assistente da Faculdade

de Medicina do ABC

(FMABC)

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Page 35: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 35

contra o envelhecimento precoce da

pele e as dermatoses.

Nos Estados Unidos, um estudo

lançado em junho deste ano pela

Universidade de Minnesota revela que

usuários dos métodos de bronzeamen-

to artificial quase duplicam o risco de

desenvolver câncer de pele. De acordo

com o levantamento, usuários frequen-

tes – expostos a mais de 100 sessões

ou 50 horas de bronzeamento artificial

durante 10 anos – têm 2,5 vezes mais

chances de adoecer da pele do que os

não usuários.

Outro fenômeno que vem preocu-

pando os norte-americanos é o grande

número de jovens menores de idade

nas clínicas de bronzeamento artificial.

De acordo com relatório realizado pela

Food and Drug Administration (FDA),

cerca de 35% das jovens de 17 anos do

país realizam “tratamentos” de bronze-

amento artificial.

Para frear esse interesse entre jovens

norte-americanas, uma taxa de 10% é

cobrada pelo uso de câmaras de emis-

são de radiação UV. Uma vez que os

adolescents possuem menos dinheiro

que os adultos, isso pode fazer com

que repensem sobre a procura pelo

“tratamento”.

Há controvérsiasManifestações contrárias à proibição

do uso dos equipamentos consideram

imponderados os temores de desen-

volvimento de melanoma em função

do uso do método de bronzeamento,

alegando que, ao caminhar diariamente

sob o sol, estamos expostos ao mesmo

nível de radiação UV presente nas

câmaras artificiais.

De acordo com o Dr. Francisco Ma-

cedo Paschoal, o método de bronze-

amento artificial não deve ser com-

parado a técnicas de fototerapia, que

utilizam lâmpadas de emissão contro-

lada para tratar doenças como vitiligo.

“No caso da fototerapia, as lâmpadas

que promovem o tratamento emitem

ondas de comprimentos bastante

estreitos, e direcionadas para as áreas

em questão. No bronzeamento artificial,

expomos até as áreas mais sensíveis

do nosso corpo, a uma distância alta-

mente prejudicial para nossa saúde”,

reforça.

Outro argumento levantado pela

oposição é de que a proibição do uso

dos equipamentos pode acarretar no

fechamento de inúmeras clínicas em

todo o País, prejudicando a criação de

postos de trabalho no setor.

Para o Dr. Francisco Macedo Pas-

choal, “os custos que um paciente de

melanoma pode trazer ao sistema de

saúde podem ser exorbitantes”, muitas

vezes até maiores do que o investi-

mento na criação de novos postos de

trabalho.

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Page 36: Revista Médico Repórter 106

36 | mr106

mrdescoberta

Fonteda vida por ANA CAROLINA ADDARIO

Com método de extração de células-tronco do fluido menstrual pode-se vir a tratar doenças como diabetes, acidente vascular cerebral (AVC) e Alzheimer no futu-ro. A perspectiva de novos tratamentos em função da descoberta das células-tronco fez dela um dos aconteci-mentos mais significativos da medicina moderna

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Page 37: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 37

Em 12 anos de estudos sobre a

procedência e utilização das

células-tronco, a ciência já

descobriu no cordão umbi-

lical, na medula óssea, no fígado, na

placenta e no líquido amniótico, poten-

cial para extração de células propícias

para o desenvolvimento de terapias

celulares. E novos estudos continuam

a surgir a cada dia.

Nos Estados Unidos, a última novi-

dade em termos de pesquisa sobre o

assunto é a possibilidade de extração

de células-tronco do fluido menstrual,

substância geralmente descartada e

tratada como resíduo. A descoberta foi

feita pelo centro de coleta e tratamen-

to de células-tronco Cryo-Cell Interna-

tional. O instituto de pesquisa é não

apenas o criador do método, como

o responsável pelo primeiro e único

serviço de coleta do sangue menstrual

para extração de linhagens de células-

tronco no mundo, através da denomi-

nada tecnologia CÉLLE.

As células passíveis de utiliza-

ção são retiradas do endométrio, e

possuem propriedades e caracterís-

ticas semelhantes às das células da

medula óssea e das células-tronco

embrionárias, pois multiplicam-se

rapidamente.

“O método representa uma evo-

lução para as terapias relacionadas

ao ramo ginecológico e obstetrício,

uma vez que as células retiradas do

fluido menstrual identificam-se com

mais facilidade com tratamentos de

seu gênero”, conta Janaína Machado,

gerente de produção e farmacêutica

bioquímica da Cryopraxis Criobiologia,

centro latino-americano de coleta e

tecnologia de células-tronco, parceira

da Cryo-Cell.

Com isso, tratamentos com diag-

nóstico precoce de endometriose e

incontinência urinária feminina são

Nos Estados Unidos, este tratamento já é oferecido à

sociedade. No Brasil ainda aguardamos a

permissão da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) para realizar o

armazenamento

alguns dos aspectos com grandes pos-

sibilidades de avanço.

Novos horizontesOutra característica positiva das

células-tronco retiradas do fluido

menstrual é sua capacidade de

dar vida a outros grupos celulares,

podendo transformar-se em células

neurais, cardíacas, ósseas, gordura,

cartilagem e outras possibilidades, o

que representa uma grande promessa

para o uso clínico futuro em terapias

regenerativas.

Estima-se que essas células do san-

gue menstrual poderão ser utilizadas

no futuro para tratar uma série de

doenças como diabetes, acidente vas-

cular cerebral (AVC) e doenças cardía-

cas, bem como doenças neurológicas,

como Parkinson e Alzheimer, osteopo-

rose e lesões da medula espinhal.

Estudos preliminares sugerem que,

além de beneficiar o próprio doador,

essas células-tronco podem eventual-

mente ser usadas também para bene-

ficiar outros membros da família que

são geneticamente relacionados ao

doador, como um pai, irmão ou filho.

No método, a própria paciente cole-

ta seu fluido menstrual e o encaminha

para o laboratório, onde as células

passarão por processamento, isola-

mento e criopreservação. Após essa

etapa, é realizada uma expansão das

células, para que atinjam quantidade

relevante para iniciar a terapia celular

em questão. “Nos Estados Unidos, este

tratamento já é oferecido à sociedade.

No Brasil ainda aguardamos a permis-

são da Agência Nacional de Vigilân-

cia Sanitária (ANVISA) para realizar

o armazenamento. Enquanto isso, a

Cryopraxis trabalha nos estudos do

tratamento para transformar anos de

pesquisa em procedimento”, afirma

Janaína Machado.

Janaína Machado é

gerente de produção

da Cryopraxis

Criobiologia,

farmacêutica

bioquímica pela

Universidade Federal

do Rio de Janeiro

(UFRJ) e mestre em

Ciências Morfológicas

pela UFRJ

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Page 38: Revista Médico Repórter 106

Nosso sincero agradecimento por

toda dedicação, empenho e

generosidade

médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos

N O V A

Medicina e Poesia Desde tempos remotos, medicinaanda ao lado das letras, da cultura,e irradia saber nessa misturaintrigante e instigante, nessa sinaexemplar, salutar faina divinaem fazer da caneta o bisturie do choro do ofício fazer rirpra poder renovar o sentimento.A cultura é o melhor medicamentoespiritual, da vida o elixir. Desde tempos remotos o poetaé o maior vendedor de sentimentoao cantar sua dor, o seu lamento,ao fazer do prazer a sua meta.A ciência era, então, muito discretae buscava a verdade em qualquer ar;e nos seus desacertos foi buscarnos escritos um novo lenimento;o poeta curou o sofrimento,o doutor fez a dor cruel passar.

E não mais separou-se, desde então,o mister de curar do de escrever.O contista mostrou também sabere foi ter nos confins do coraçãoa cadência da sua inspiração.Descobriu na ciência a melodiae passou a viver seu dia a diaentre o som mavioso do sabere o gostoso prazer de escrever:Medicina juntou-se a Poesia. É preciso manter essa união,é preciso manter ativa a chama.O doutor que se fecha no seu dramaalimenta o sofrer do coração.Não retire o doutor (cirurgião,pediatra, obstetra ou analista)a caneta da mão. Escreva. Insistaem manter a cultura em sua mente.Alimente o saber e se alimente;abra os braços pra mais esta conquista. Paulo Camelo

18 de outubroDia do Médico

www.medicoreporter.com.br

homenagem.indd 1 05/10/10 10:18

Page 39: Revista Médico Repórter 106

Nosso sincero agradecimento por

toda dedicação, empenho e

generosidade

médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos

N O V A

Medicina e Poesia Desde tempos remotos, medicinaanda ao lado das letras, da cultura,e irradia saber nessa misturaintrigante e instigante, nessa sinaexemplar, salutar faina divinaem fazer da caneta o bisturie do choro do ofício fazer rirpra poder renovar o sentimento.A cultura é o melhor medicamentoespiritual, da vida o elixir. Desde tempos remotos o poetaé o maior vendedor de sentimentoao cantar sua dor, o seu lamento,ao fazer do prazer a sua meta.A ciência era, então, muito discretae buscava a verdade em qualquer ar;e nos seus desacertos foi buscarnos escritos um novo lenimento;o poeta curou o sofrimento,o doutor fez a dor cruel passar.

E não mais separou-se, desde então,o mister de curar do de escrever.O contista mostrou também sabere foi ter nos confins do coraçãoa cadência da sua inspiração.Descobriu na ciência a melodiae passou a viver seu dia a diaentre o som mavioso do sabere o gostoso prazer de escrever:Medicina juntou-se a Poesia. É preciso manter essa união,é preciso manter ativa a chama.O doutor que se fecha no seu dramaalimenta o sofrer do coração.Não retire o doutor (cirurgião,pediatra, obstetra ou analista)a caneta da mão. Escreva. Insistaem manter a cultura em sua mente.Alimente o saber e se alimente;abra os braços pra mais esta conquista. Paulo Camelo

18 de outubroDia do Médico

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Page 40: Revista Médico Repórter 106

40 | mr106

mrartigo

Envelhecimento masculino por Dr. EDUARDO B. BERTERO*

Na realidade o envelhecimento é um privilégio e um desafio para a sociedade moderna. Quando pensamos no envelhecer, a primeira ideia que vem à nossa men-te é ter uma vida saudável e com qualidade. Aí entra a questão da sexualidade: quando o assunto é quali-dade de vida é imperativo que o homem tenha uma vida sexual presente, ativa, prazerosa e que consiga preencher as suas expectativas assim como as de sua parceira

Com muita frequência,

recebo em minha clínica

homens que estão na ter-

ceira idade com queixa de

dificuldade em manter e ou obter uma

ereção adequada e muitas vezes com

uma diminuição da libido. Primeiro

vamos definir terceira idade. Pela

Organização Mundial da Saúde (OMS),

está nesse grupo qualquer homem ou

mulher acima de 60 anos. Vale a pena

pontuar alguns fatos interessantes

sobre essa faixa etária: 1) no ano 2000

tínhamos 600 milhões de pessoas

idosas; no ano 2025 será 1,2 bilhão de

pessoas, ou seja, exatamente o dobro;

2) no ano 2025 cerca de 75% dos

idosos estarão residindo em países

considerados em desenvolvimento

ou do terceiro mundo como o Brasil;

3) a mulher é mais resistente e entre

os muito idosos (acima de 80 anos) a

razão mulher/homem é de 2:1, em ou-

Organicamente, o homem mais velho tem vários fatores

de risco que ele não tinha quando estava nos seus 40 anos de

idade

*Fellow pela Universidade

de Boston, EUA;

Mestrado em Ciências

pela Faculdade de

Medicina da Universidade

de São Paulo;

Médico Assistente

do Departamento de

Urologia do Hospital do

Servidor Público Estadual

de São Paulo, SP;

e-mail: [email protected]

tras palavras, acima de 80 anos temos

o dobro de mulheres no planeta.

Óbvio que o homem sofre o impacto

do envelhecer, sobretudo na qualidade

de suas ereções e no desejo sexual.

Organicamente, o homem mais velho

tem vários fatores de risco que ele não

tinha quando estava nos seus 40 anos

de idade. Por exemplo, as chances

de ter pressão arterial elevada, diabe-

tes, aumento do colesterol ou de ser

submetido a alguma cirurgia pélvica

que comprometa a sua ereção são

muito maiores no idoso. Os trabalhos

mais recentes que falam de estatística

de disfunções sexuais em diferentes

faixas etárias mostram que problemas

de ereção avançam paralelamente

com a idade. Para exemplificar melhor:

de acordo com uma pesquisa recente

realizada no Brasil (2004), em homens

com idades variando de 41 a 50 anos

a dificuldade de ereção estava presen-

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Page 41: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 41

te em cerca de 39%, enquanto que a

mesma queixa em homens acima de

70 anos foi de 66%.

Ainda com respeito às questões

físicas não poderia deixar de citar as

alterações que a diminuição do hormô-

nio sexual masculino, a testosterona,

causa nos idosos. É sabido que após os

40 anos de idade existe uma queda de

cerca de 1% ao ano desse hormônio

na corrente sanguínea. Essa diminui-

ção pode produzir em alguns homens

sintomas como: apatia, cansaço, mal

humor, irritabilidade, perda de massa

muscular, queda de pelos, obesidade, e

disfunção da ereção e perda da libido

ou desejo sexual. A esse quadro clíni-

co damos o nome de deficiência

androgênica do envelheci-

mento masculino ou DAEM.

Antigamente usava-se o

termo andropausa.

Outro aspecto relevante e que

no idoso pode estar mais presente é a

depressão. Hoje essa entidade é con-

siderada por especialistas como sendo

um fator de risco importante para que

um indivíduo desenvolva disfunção

erétil. Na realidade, o mecanismo é

considerado bidirecional, ou seja, um

homem depressivo pode ter dificuldade

de ereção e um homem com dificul-

dade de ereção pode se tornar um

depressivo por esse motivo.

Felizmente, após o advento de uma

família de medicamentos que atua no

corpo cavernoso do pênis e facilita a

ereção, milhões de homens e, por que

não dizer, mulheres e casais foram

beneficiados com essa modalidade

de tratamento. Vários trabalhos já

comprovaram a eficácia e a segurança

desses medicamentos em idosos e, es-

pecialmente, em populações portado-

ras de doenças típicas de pessoas que

estão nessa faixa etária, como hiper-

tensão arterial, diabetes e depressão.

Sem sombra de dúvida, essas pílulas

vieram trazer uma melhora na quali-

dade de vida desses casais, proporcio-

nando a eles uma vida sexual regular

e prazerosa. Para finalizar, costumo

dizer o seguinte aos casais que se tra-

tam com esses medicamentos: “Bom

para vocês que conseguem usufruir

das vantagens desses produtos. O seu

avô ou mesmo pai não tiveram essa

sorte.”

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Page 42: Revista Médico Repórter 106

42 | mr106

mrartigo

Miomas uterinos podem ser tratados sem necessidade de retirar o úteropor DR. NÉSTOR KISILEVZKY

O aparecimento de miomas é uma situação quase constante na vida de uma mulher adulta. No Brasil e no mundo, milhares de mulheres perdem o seu útero todo ano por causa desses tumores

É um procedimento realizado por

cateterismo que somente requer uma

pequena incisão na virilha realizada sob

anestesia local

Dr. Néstor Kisilevzky

é médico com título

de especialista

em radiologia

intervencionista

concedido pela

Associação Médica

Brasileira (AMB),

mestre em cirurgia pela

Universidade Estadual

de Campinas (UNICAMP),

fellow da Society of

Interventional Radiology

Perder o útero pode significar

para algumas mulheres per-

der um pouco da sua iden-

tidade feminina. O que dizer

então daquelas que desejam engravi-

dar e que ao perderem o útero tornam-

se definitivamente estéreis? Mas a

medicina evolui de forma permanente

e nos traz novas opções e alternati-

vas. Há mais de 10 anos, uma técnica

minimamente invasiva denominada

“embolização” vem sendo aplicada

para controlar a sintomatologia da

miomatose, sem necessidade de cirur-

gia convencional. Em 2008, o Colégio

Americano de Ginecologistas e Obste-

tras (ACOG) afirmou que a embolização

uterina tem embasamento em evidên-

cia científica nível A (boa e consistente).

Mesmo assim, há ainda uma enorme

resistência na comunidade ginecológi-

ca para indicar esta técnica inovadora.

Miomas, também conhecidos como

fibromas ou leiomiomas, são forma-

ções nodulares que se desenvolvem na

parede muscular do útero e constituem

os tumores benignos mais frequentes

da pelve feminina. Os miomas ocorrem

em 25% a 50% de todas as mulheres e

apresentam maior incidência entre os

30 e os 40 anos. A etiologia é desco-

nhecida, mas acredita-se que esteja as-

sociada a hormônios, como estrógeno

e progesterona, devido à coincidência

com a idade reprodutiva da mulher.

Embora muito comuns, na maioria

das vezes os miomas são absoluta-

mente assintomáticos. Mas depen-

dendo da sua localização, tamanho e

quantidade podem ocasionar proble-

mas, incluindo dor e sangramentos

intensos. O tamanho dos miomas pode

variar desde muito pequenos a grandes

formações que simulam uma gravidez

de 5 ou 6 meses. Os miomas se mani-

festam comumente com transtornos na

menstruação e/ou com dor e aumento

do volume abdominal. Em qualquer

circunstância, o mais importante é ve-

rificar como os sintomas influenciam o

dia a dia de cada mulher; em outras pa-

lavras, de que forma os miomas afetam

a qualidade de vida de quem os possui.

Mulheres com miomas queixam-se

por terem menstruações com fluxo

intenso, que exigem trocas de absor-

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Page 43: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 43

ventes muito frequente ou mancham

as roupas inadvertidamente, o que as

leva a passar por situações imprevistas

e/ou constrangedoras. Com isso, há

mulheres que até evitam sair de casa,

assumir compromissos profissionais

ou sociais e inclusive manter relações

sexuais. Dores na barriga, nas costas

ou nas pernas também são comuns,

além de dor durante a relação sexual,

que é um sintoma bastante recorrente

e que afeta diretamente a sexualidade

da mulher.

É muito simples diagnosticar a

presença de miomas. Geralmente

são descobertos durante um exame

ginecológico. A presença de miomas

se confirma realizando um exame de

ultrassonografia, um método de ima-

gem muito simples. Outro método utili-

zado para o diagnóstico de problemas

uterinos é a ressonância magnética,

que traz mais detalhes anatômicos e

permite um planejamento terapêutico

bem mais preciso.

A retirada cirúrgica do útero (histe-

rectomia) é o tratamento universal-

mente mais difundido para resolver os

problemas provocados pelos miomas.

Em mulheres que desejam preservar

o útero e que apresentam poucos

miomas pode-se tentar a retirada

cirúrgica exclusiva dos miomas (mio-

mectomia) com preservação do útero.

Histerectomia e miomectomia são

procedimentos cirúrgicos formais que

requerem anestesia geral, alguns dias

de hospitalização e um tempo variável

de recuperação pós-operatória.

Os sintomas desconfortáveis dos

miomas podem também ser controla-

dos com o uso de medicação hormo-

nal, como é o caso dos anticoncepcio-

nais ou dos análogos. Todavia, a terapia

hormonal costuma provocar alguns

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Page 44: Revista Médico Repórter 106

44 | mr106

efeitos indesejáveis e por isso muitas

pacientes não toleram a continuidade

do tratamento.

A embolização uterina é um método

que surgiu na França no começo dos

anos 90. O objetivo é cortar o supri-

mento de sangue para os miomas e

provocar isquemia e consequente

morte dos miomas. É um procedi-

mento realizado por cateterismo que

somente requer uma pequena incisão

na virilha realizada sob anestesia

local. Um equipamento de angiografia

permite visualizar as artérias uterinas

que levam sangue para o útero e os

miomas. Nesse local são injetadas mi-

croesferas que irão entupir

essas artérias e farão com

que os miomas não mais

recebam sangue. Quando

o procedimento termina,

simplesmente se retira o

cateter comprimindo-se

o orifício na virilha. Não é

necessário dar pontos e,

portanto, o procedimento

não deixa qualquer cicatriz.

Uma vez realizado o cura-

tivo na virilha, a paciente

permanece por aproxima-

damente duas horas na sala

de recuperação e posterior-

mente volta para o aparta-

mento, onde permanecerá

em repouso por 18 a 24

horas. Assim, a embolização

requer geralmente um único dia de

hospitalização ou, inclusive, pode até

ser realizada de forma ambulatorial. A

recuperação é muito rápida e possibi-

lita que as mulheres retornem para as

suas atividades apenas três ou quatro

dias após a cirurgia.

Os resultados clínicos da emboliza-

ção já foram amplamente descritos em

inúmeros artigos científicos publicados

na literatura médica ao longo dos últi-

mos dez anos e podem ser resumidos

da seguinte maneira:

A maioria das mulheres volta a ter

ciclos menstruais normais, não sente

mais dor ou sintomas de compres-

são. A barriga costuma se reduzir

rapidamente após o procedimento.

O tamanho do útero e dos miomas

regride em até 50% três meses após

a embolização e em até 90% um ano

após. Os efeitos provocados pela

embolização são permanentes, o que

raramente torna necessário algum

procedimento terapêutico adicional.

Tem sido cada vez mais frequentes os

casos de mulheres que conseguiram

engravidar e parir após realizarem

embolização uterina, o que demonstra

que o procedimento não causa impac-

to negativo na fertilidade.

Estudos com acompanhamento lon-

go (até 5 anos) revelam que os efeitos

da embolização mantêm-se ao longo

do tempo. A segurança do procedi-

mento também já foi atestada com a

reduzida incidência de complicações

pós-operatórias.

Há pelo menos cinco estudos rando-

mizados já publicados na literatura que

compararam a embolização uterina

com a histerectomia. Neles foi verifi-

cado que a embolização é um método

eficiente para controlar a sintomato-

logia decorrente de miomas e nesse

sentido é “não inferior” à histerectomia.

A embolização possibilita a recupera-

ção integral da qualidade de vida das

pacientes com miomatose sintomática.

Mas a embolização apresenta menor

taxa de complicações, requer menor

tempo de internação e possibilita uma

recuperação mais rápida quando com-

parada com a histerectomia. Estudos

econômicos conduzidos nos EUA,

Canadá e Europa demonstraram que a

embolização tem custo similar ou até

menor que a histerectomia em virtude

da redução da estadia hos-

pitalar e das complicações.

No Brasil essa tecnolo-

gia está disponível há pelo

menos 10 anos e forma

parte do rol de procedimen-

tos aprovados pela Agência

Nacional de Saúde Suple-

mentar (ANS) e de cobertura

obrigatória pelos planos de

saúde privados. Todavia, a

tecnologia ainda não está

disponível para o Sistema

Único de Saúde (SUS).

Recentemente foi conclu-

ído um estudo que teve por

objetivo investigar a apli-

cabilidade do método em

hospitais públicos. Para isso

foi idealizada uma unidade

de radiologia intervencionista móvel

que durante alguns meses percorreu

quatro hospitais públicos da área

metropolitana de São Paulo, realizando

procedimentos de embolização no

sistema de mutirão. Após cinco meses

do projeto foram realizados 100 pro-

cedimentos gratuitos e a análise dos

resultados demonstrou não somente a

viabilidade e benefícios da embolização

uterina no âmbito do SUS, mas também

do conceito de unidade de radiologia

intervencionista móvel.

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Page 45: Revista Médico Repórter 106

ABBOTT CENTER - Central de Relacionamento com o Cliente0800 7031050www.abbottbrasil.com.br

Calcijex (calcitriol). Apresentação: ampola de 1 mL contendo 1 mcg de calcitriol. Indicações: tratamento da hipocalcemia em pacientes submetidos a diálise renal crônica. Contra-indicações: Hipersensibilidade ao calcitriol ou a qualquer dos excipientes da fórmula; pacientes com hipercalcemia ou evidência de toxicidade por vitamina D. Precauções e Advertências: A vitamina D e seus metabólitos devem ser suspensos durante o tratamento. Um composto não alumínico deve ser usado para controlar os níveis séricos de fósforo em pacientes submetidos a diálise. Não permitir que o produto cálcio-fósforo exceda o valor de 70. No início do tratamento, os níveis de cálcio e fósforo devem ser obtidos pelo menos 2 vezes por semana. Em caso de hipercalcemia, a medicação deve ser descontinuada. Doença adinâmica óssea pode ocorrer se os níveis de PTH forem anormalmente suprimidos. Recomenda-se cautela em relação a pacientes digitalizados, pois, nestes pacientes, a hipercalcemia pode precipitar arritmias cardíacas. Gravidez e lactação: Não há experiência de uso de calcitriol em mulheres grávidas. Não há dados sobre a excreção do fármaco no leite materno. Uso pediátrico: Segurança e efi cácia do calcitriol em crianças não foram estabelecidas. Uso em Transplantes: Recomendações para tratamento da perda óssea pós-transplante com calcitriol não foram estabelecidas. Uso na Osteoporose pós-menopausa: A efi cácia não foi estabelecida nesta população de pacientes. Interações medicamentosas: Antiácidos contendo magnésio não devem ser usados concomitantemente com calcitriol. A administração concomitante de diuréticos tiazídicos e doses farmacológicas de análogos da vitamina D em pacientes com hipoparatireoidismo pode resultar em hipercalcemia, a qual pode ser transitória e auto-limitada, ou pode requerer a interrupção da administração dos análogos da vitamina D. O uso concomitante de análogos da vitamina D e glicosídeos cardíacos pode resultar em arritmias cardíacas. Os efeitos da vitamina D podem ser reduzidos em pacientes sob terapia com barbituratos ou anticonvulsivantes. Corticosteróides antagonizam os efeitos dos análogos da vitamina D. Reações adversas: Dor ou hipersensibilidade no local de injeção, reações similares a intoxicação por vitamina D (fraqueza, cefaléia, sonolência, náusea, vômitos, obstipação, boca seca, gosto metálico, dor muscular ou óssea; tardiamente, poliúria, polidipsia, anorexia, conjuntivite por cálcio, fotofobia, rinorréia, hipertermia, hipertensão, arritmias cardíacas, calcifi cações ectópicas, pancreatite, redução da libido, elevação de uréia, colesterol, enzimas hepáticas e albuminúria) Posologia: A dose inicial recomendada de Calcijex (calcitriol) é de 1,0 mcg (0,02 mcg/kg) a 2 mcg administrados três vezes por semana, aproximadamente em dias alternados, podendo ser administrada através de uma dose intravenosa em bolus. Se não for observada resposta satisfatória nos parâmetros bioquímicos e nas manifestações clínicas do estado da doença, a dose pode ser aumentada em 0,5 a 1,0 mcg, a intervalos de duas a quatro semanas. Redução de dose pode ser necessária à medida em que os níveis de PTH decresçam em resposta à terapêutica. Superdosagem: Pode causar hipercalcemia, hipercalciúria e hiperfosfatemia. Medidas de suporte, descontinuação de suplementos de cálcio e dieta pobre em cálcio geralmente são sufi cientes, mas medidas como diurese forçada, uso de corticóides e fosfatos podem ser necessárias. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. USO RESTRITO A ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES E PARAHOSPITALARES. Registro no MS: nº : 1.0553.0116. Informações adicionais estão disponíveis aos profi ssionais de saúde: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda – Diretoria Médica: Rua Michigan, 735 – Brooklin, São Paulo/SP 04566-905 ou fone 0800 703 1050.

Inovaçãoé estar sempre à frente na pesquisa e desenvolvimento de novas soluções para os cuidados com a saúde

Anu 2331.indd 1 5/11/2009 10:36:46anuncios.indd 1 30/09/10 16:23

Page 46: Revista Médico Repórter 106

46 | mr106

mrartigo

Anafilaxiainduzida por farinhas contaminadas por ácarospor DR. MARIO GELLER *

A anafilaxia é uma reação alérgica emergencial grave, de início rápido e potencialmente fatal. Acomete 1-2% da população e nem sempre uma etiologia pode ser estabelecida (idiopática)

* Membro Titular da Aca-

demia de Medicina do RJ

Master of the American

College of Physicians

Visiting Professor na Divisão

de Alergia e Imunologia da

Northwestern University,

Chicago, USA

Título de Especialista em

Alergia e Imunologia Clínica

pela ASBAI e AMB

Board Certified in Allergy-

Immunology and Internal

Medicine, USA

Fellow of the American

Academy of Allergy, Asthma

and Immunology

Fellow e Presidente da

Regional Brasil do American

College of Allergy, Asthma

and Immunology PR-

Network

[email protected]

A sua prevalência também

depende da localização

geográfica. As causas mais

frequentes das reações

anafiláticas incluem os alimentos,

medicamentos, venenos dos insetos

da ordem Himenóptera, látex, exercí-

cios físicos, urticárias físicas, sêmen,

contrastes radiológicos iodados,

agentes anestésicos e miorrelaxantes.

É também possível que a IgE antiga-

lactose-alfa-1,3-galactose presente na

carne vermelha (vaca, porco e carneiro)

seja responsável por alguns episó-

dios de anafilaxia idiopática tardia em

indivíduos atópicos. A exposição à luz

solar, através da síntese de vitamina D,

pode desempenhar um papel protetor

na prevalência da anafilaxia. Pacientes

com mastocitose sistêmica/urticária

pigmentosa e com a síndrome da ativa-

ção monoclonal mastocitária (mutação

no códon D816V do gene de c-KIT mas-

tocitário/receptor do fator de cresci-

mento das células-tronco) apresentam

maior predisposição à anafilaxia. Com o

passar do tempo os episódios anafilá-

ticos tendem a diminuir em termos de

frequência e gravidade. Infelizmente a

maioria dos pacientes com alta após

tratamento para a anafilaxia não recebe

prescrição de epinefrina autoinjetável

ou encaminhamento para um alergista.

Mastócitos hiper-responsivos (triptase

sérica elevada) e níveis muito elevados

de IL-33 podem estar associados a

quadros graves de anafilaxia (desgranu-

lação rápida mastocitária).

A “síndrome da panqueca” é uma

anafilaxia induzida pela ingestão de

ácaros em alimentos preparados com

farinhas contaminadas. Ela é IgE-media-

da, rápida, grave e potencialmente fatal.

Os ácaros assim ingeridos são domésti-

cos ou de estocagem. É mais frequente

em indivíduos com atopia respiratória

(asma e/ou rinite alérgicas), residentes

em climas quentes de regiões tropi-

cais e subtropicais. Apresentam com

frequência intolerância aos inibidores

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A síndrome da panqueca (anafilaxia

oral acarina) é provavelmente mais

comum do que se imagina, e portanto

não diagnosticada adequadamente

da ciclooxigenase: aspirina e anti-infla-

matórios não esteroidais. Há, portanto,

o potencial etiopatológico contributório

da síntese aumentada dos leucotrienos.

Além do calor, a umidade também fa-

vorece a proliferação acarina. Reações

antigênicas cruzadas entre os vários

ácaros domésticos estão muito bem

documentadas. Os alérgenos acari-

nos são termorresistentes e, portanto,

podem desencadear reações alérgicas

quando ingeridos por indivíduos atópi-

cos, mesmo após cocção.

Em 2001, foi relatado o primeiro caso

brasileiro de anafilaxia oral acarina com

a ingestão de farinha de milho (polenta)

contaminada com os ácaros Tyropha-

gus putrescentiae, Dermatophagoides

pteronyssinus e Dermatophagoides

farinae. Havia rinite alérgica acarina

e intolerância ao ácido acetilsalicílico

(urticária e angioedema). Descrevemos,

em 2009, o primeiro relato da síndrome

da panqueca em nosso meio envolven-

do a farinha de trigo, esta contaminada

com o ácaro de estocagem Aleuro-

glyphus ovatus (Fig. 1). Esta paciente

apresentava asma e rinite alérgicas aos

ácaros da poeira domiciliar, e também

possuía intolerância ao ácido acetilsali-

cílico, anti-inflamatórios não esteroidais

e pirazolonas (anafilaxia com edema de

glote). Mais casos provavelmente não

estão sendo diagnosticados.

Considerações finaisA síndrome da panqueca (anafilaxia

oral acarina) é provavelmente mais

comum do que se imagina, e portanto

não diagnosticada adequadamente.

Provavelmente vários casos de anafila-

xia idiopática estão na verdade relacio-

nados à ingestão de ácaros em por-

tadores de asma e/ou rinite alérgicas,

frequentemente intoleranttes ao ácido

acetilsalicílico e aos anti-inflamatórios

clássicos. Esta ingestão ocorre com

alimentos preparados com farinhas de

grãos (trigo, milho, linhaça, rosca, man-

dioca, etc.) contaminadas com ácaros

de estocagem ou domésticos. O arma-

zenamento destas farinhas nas des-

pensas, em ambiente quente e úmido,

favorece a proliferação dos ácaros. Mais

casos devem ser relatados e o público

informado. Todas as farinhas devem ser

mantidas congeladas por dois dias, e

depois armazenadas sob constante re-

frigeração para futura utilização. Assim

evita-se a proliferação acarina.

LEITURA RECOMENDADA:

1. Geller M. Fatores de risco para reação anafilática

atípica: bifásica, multifásica, protraída e fatal.

Einstein Educ Contin Saúde 2010;8(1Pt2):3-4.

2. Geller M, Hahnstadt RL, Rego RM, Fernández-

Caldas E. Anafilaxia induzida por farinha de

trigo contaminada por ácaros. Rev Bras Alerg

Imunopatol 2009; 32(5):199-201.

Ácaro aleuroglyphus ovatus contaminando farinha de trigo.

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48 | mr106

mrespecial

Outros rumos para amedicina moderna por ANA CAROLINA ADDARIO

Novo Código de Ética Médica lança luz a temas polêmicos e atribui autonomia tanto para os profissionais quanto para os pacientes

Depois de mais de dois anos

em consulta pública para

discutir as diretrizes do con-

junto de regras e princípios

que regem o exercício da medicina no

Brasil, entrou em vigor em abril deste

ano a sexta versão do Código de Ética

Médica. Coordenado pela Comissão

Nacional de Revisão do Código de Ética

Médica, com a participação de cerca

de 400 delegados, entre conselheiros

federais e regionais de medicina, além

de representantes de várias áreas

médicas, o novo documento lança luz a

temas polêmicos dentro da sociedade

acadêmica como bioética, manipulação

genética, proibição de escolha do sexo

do bebê na reprodução assistida, e

tratamentos de doentes terminais.

O novo código é muito mais abran-

gente, a começar pelo fato de con-

templar não apenas os profissionais

dedicados diretamente ao tratamen-

to de pacientes, como aqueles em

posição de gestão, pesquisa e ensino.

“Questões como a autonomia, conflito

de interesses, cuidados paliativos, e

responsabilidade de gestão também

ganham grande espaço para discussão

neste novo código”, conta o Dr. José

Fernando Maia Vinagre, corregedor do

Conselho Federal de Medicina (CFM).

Nesta nova etapa da medicina mo-

derna, os médicos se mostram mais

otimistas com o novo mercado que

começa a se delinear, baseado em

proposições mais contemporâneas e

mais preocupado em preservar seus

profissionais, como pode ser visto no

novo Código de Ética Médica.

Autonomia conjuntaDe acordo com o Dr. Emílio César Zilli,

diretor e responsável pela área de ética

médica da Sociedade Brasileira de Car-

diologia (SBC), "diferente do anterior, o

novo código moderniza a relação entre

médico e paciente, que era uma rela-

ção muito pouco normatizada. Agora, a

relação passa a ser individual, não mais

uma relação de consumo, onde a saú-

de é tratada como um produto. Neste

novo momento, o paciente deixa de ser

freguês para ter participação e voz de

decisão em seu tratamento”.

Nesse contexto, o tratamento pres-

crito pelo médico pode não apenas

ser contestado pelo paciente, bem

como ele passa a ter plenos direitos

de pedir uma segunda opinião sobre

Dr. Emílio César

Zilli é diretor e

responsável pela área

de ética médica da

Sociedade Brasileira de

Cardiologia (SBC)

Dr. José Fernando

Maia Vinagre é

corregedor do

Conselho Federal de

Medicina (CFM)

Se uma operação médica não dava

certo, atribuía-se a imprudência,

imperícia, ou negligência. Agora,

é necessário provar o mau resultado

antes de fazer uma acusação. Até porque

as decisões agora são tomadas em

conjunto

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mr106 | 49

seu diagnósti-

co – as medidas

marcam uma abertura

no código de procedimen-

tos, dando espaço para uma

medicina menos centralizada em

um médico.

Por parte dos profissionais, a auto-

nomia fica a cargo da liberdade para

escolher se gostaria ou não de tratar

determinado paciente. “O médico

passa a poder decidir, numa relação

médico-paciente, se deseja ou não con-

tinuar a atender um paciente, desde

que ele não esteja em perigo de vida,

tendo o compromisso de indicar outro

profissional e passar todo o prontuário

do paciente para o colega”, conta o Dr.

Maia Vinagre.

Além disso, o médico pode recusar

atendimento, caso as condições de

trabalho não sejam dignas ou possam

prejudicar sua própria saúde ou a do

paciente.

Polêmicas contemporâneasNo caso de restrições relacionadas à

bioética, o novo código traz à tona uma

série de temas que integraram algumas

das discussões mais polêmicas pre-

sentes na comunidade médica, como

a proibição de o profissional decidir

ou permitir aos pais que decidam qual

será o sexo do bebê fruto de reprodu-

ção assistida.

No novo código, fica proibido ao

médico influir de qualquer forma sobre

o genoma humano

visando sua modificação,

exceto em terapia que

influa beneficamente sobre

os genes, excluindo-se qualquer

ação sobre os embriões que resulte na

mudança genética dos filhos. Conside-

rando a aplicação de novas tecnolo-

gias, o médico tem o compromisso de

zelar para que as pessoas não sejam

discriminadas por nenhuma razão

relacionada à herança genética.

Os experimentos com placebo

envolvendo seres humanos também

ficam vetados, quando houver trata-

mento eficaz e efetivo para a doença

pesquisada. A pacientes com doenças

terminais, o médico deve oferecer

cuidados paliativos, que reduzam o

seu sofrimento.

Direitos e deveresQuando o assunto é a preservação

do profissional da medicina, o novo

código fez avanços bastante significa-

tivos do ponto de vista do médico. “Se

uma operação médica não dava certo,

atribuía-se a imprudência, imperícia,

ou negligência. Agora, é necessário

provar o mau resultado antes de fazer

uma acusação. Até porque as decisões

agora são tomadas em conjunto”,

completa o Dr. Zilli.

Obrigações básicas também ganha-

ram normatização, como a proibição

de falta do médico em plantão, sair

antes do horário estabelecido sem

a presença de um profissional para

substituí-lo, ou prescrever remédios

sem examinar o paciente. Mesmo a es-

crita nas receitas médicas não passou

em branco neste novo documento: o

profissional fica proibido de receitar,

atestar ou emitir laudos com letra

ilegível, sem identificação do registro

no Conselho Regional de Medicina

(CRM), ou assinar receitas, atestados,

laudos ou documentos semelhantes

em branco.

Se, por um lado, o novo código é

liberal nas concessões realizadas, por

outro, ele é contundente no que diz

respeito às infrações das normas. “Se

o médico infringe o código em alguma

situação, quem apura são os Conselhos

Regionais de Medicina. O procedimen-

to é uma sindicância, em que uma

comissão avalia a denúncia feita. Se ela

passa pela avaliação prévia e transfor-

ma-se em processo ético profissional, o

caso passa a ser avaliado por instância

judicial, com o risco de suspensão de

licença”, afirma o Dr. Maia Vinagre.

Distanciamento necessárioA tão criticada relação médico-laboratório ganhou resoluções claras no que diz respeito a qualquer tipo de presente ou bonificação oferecidos por parte da empresa. “A influência dos la-boratórios ficou bem mais clara e regulamentada. Quando o médico é convidado a participar de algum evento, tendo recebido passagem ou hospedagem como cortesia do laboratório, ele é obrigado a escla-recer”, conta o Dr. Maia Vinagre.A indicação de procedimentos ou serviços oferecidos por determi-nado laboratório não pode ser rea-lizada pelo médico com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza.

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Exposição de MédicosSem Fronteiras mostrabrasileirosna ajuda humanitáriapor ANA CAROLINA ADDARIO

Fotos e vídeos contam a história dos profissionais em paí-ses devastados por catástrofes, fome, conflitos e epidemias

mrsem fronteiras

Ao fim do dia, ao voltar pra

casa, cansados e enlameados, nos

sentíamos felizes por acreditar no impacto

do nosso esforço

A exposição Experiências

de Vida: Olhares sobre a

Atuação de Médicos Sem

Fronteiras já passou pelo

Rio de Janeiro, de 10 de setembro a

3 de outubro no Shopping Rio Sul, e

estará em Brasília de 13 de outubro a

12 de novembro no Shopping Con-

junto Nacional. É a primeira vez que

a organização conta as histórias dos

profissionais brasileiros que levam aju-

da humanitária a lugares remotos em

situações de catástrofe, fome, conflitos

e epidemias, como Camboja (Ásia) e

Suazilândia (África).

Fotos, depoimentos e vídeos mos-

tram como vivem e trabalham os 12

profissionais de Médicos Sem Fonteiras

Sérgio Cabral, pediatra mineiroProjeto de Atendimento em

Saúde, Afeganistão, Ásia, 2010

© B

arya

l Zia

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Page 51: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 51

Wânia Cristina Correia, educadora brasilienseProjeto de HIV, Moçambique, África, 2010

© D

avid

Goe

tghe

buer

Kelly Cardoso, enfermeira paulista - Projeto de HIV, Camboja, Ásia, 2009

© A

ndré

Fra

nçoi

s

Ana Cecília Moraes, psicóloga paulistaProjeto de Emergência Pós-terremoto, Haiti, América Central, 2010

(MSF). As histórias são apresentadas em quatro totens, que

representam os eixos de atuação da organização (catás-

trofes, fome, conflitos e epidemias), equipados com quatro

aparelhos MP4 e quatro fones de ouvido, cada um.

A médica Dra. Cristiane Tsuboi é uma das profissionais que

narram a experiência de trabalhar com MSF. Em seu depoi-

mento ela fala das dificuldades de chegar aos vilarejos do

© André François

A exposição Experiências de Vida: Olhares sobre a Atuação de Médicos Sem Fronteiras estará em cartaz de 13 de outubro a 12 de novembro no Shopping Conjunto Nacional, em Brasília. Esta é a primeira vez que a organização in-ternacional MSF conta as histórias dos profissionais brasileiros que levam ajuda humanitária a lugares remotos em situações de catástro-fes, fome, conflitos e epidemias, como Paquistão (Ásia) e Suazilân-dia (África). Antes de Brasília, a mostra ficou um mês no Rio de Ja-neiro, e teve mais de 8 mil visitas.

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Page 52: Revista Médico Repórter 106

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distrito de Monte Elgon, no Quênia, onde atendeu vítimas de

conflitos tribais.

O acesso, conta a Dra. Cristiane, é tão difícil que trajetos

normalmente percorridos em 90 minutos, em dias de chuva,

demoram até seis horas. “Ao fim do dia, ao voltar pra casa,

cansados e enlameados, nos sentíamos felizes por acreditar

no impacto do nosso esforço”, revela.

Um dos objetivos da exposição é estimular os profissionais

brasileiros a continuar levando cuidados a populações que

não têm acesso à assistência médica. “Queremos mostrar a

importância da ajuda humanitária e sensibilizar as pessoas a

participarem do nosso trabalho. Seja fazendo parte do nosso

quadro de profissionais, formado por pessoas de várias

áreas, além da saúde. Seja contribuindo com doações”, diz o

diretor executivo de MSF, Tyler Fainstat.

InteratividadeA exposição vai muito além das tradicionais fotografias.

Um monitor touchscreen de 50 polegadas mostra um

mapa digital com as fotos dos mais de 40 brasileiros em

missão. Ao clicar no rosto do profissional, o visitante fica

sabendo onde ele nasceu, em quais países já trabalhou e

onde está atuando no momento. Também foi possível gra-

var em vídeo uma mensagem de incentivo para qualquer

um deles.

O monitor equipado com internet 3 G possibilita o upload

imediato das mensagens para o site da exposição, onde o

visitante pode compartilhar seus depoimentos em redes

sociais. Os dez vídeos mais acessados serão premiados com

brindes da organização.

SiteTodo o conteúdo da exposição está disponível no site

http://www.experienciasdevida.org.br.

Alexandre Jaccard, cirurgião ortopedista

paulistaProjeto de Emergência

Pós-terremoto, Haiti, América Central, 2010

© A

ndré

Fra

nçoi

s

sem fronteiras 2.indd 3 06/10/10 09:13

Page 53: Revista Médico Repórter 106

Contraindicação: CRESTOR™ é contraindicado a pacientes com hipersensibilidade à rosuvastatina cálcica ou aos outros componentes da fórmula. Interação medicamentosa: genfi brozila.

Referências Bibliográfi cas: 1. Jones PH et al. Comparison of the effi cacy and safety of rosuvastatin versus atorvastatin, simvastatin, and pravastatin across doses (STELLAR* Trial). Am J Cardiol 2003;92(2):152-60. 2. Cholesterol Treatment Trialists’ (CTT) Collaborators.Effi cacy and safety of cholesterol-lowering treatment: prospective meta-analysis of data from 90 056 participants in 14 randomized trials of statins. Lancet 2005; 366(9493):1267-78. 3. Olsson AG et al. Effects of rosuvastatin and atorvastatin compared over 52 weeks of treatment in patients with hypercholesterolemia. Am Heart J 2002;144(6):1044-51. 4. Brown WV et al. Effi cacy and safety of rosuvastatin compared with pravastatin and simvastatin in patients with hypercholestolemia : a randomized, double-blind, 52-week trial. Am Heart J 2002;144(6)1036-43. 5. Law MR et al. Quantifying effect of statins on low density lipoprotein cholesterol, ischaemic heart disease and stroke: systematic review and meta-analysis. BMJ 2003;326:1423-29. 6. Crouse III JR et al. Effect of rosuvastatin on progression of carotid intima-media thickness in low-risk individuals with subclinical atherosclerosis : the METEOR trial. JAMA  2007; 297: 1344-53. 7. Nissen SE et al. Effect of very high-intensity statin therapy on regression of coronary atherosclerosis: the ASTEROID trial. JAMA 2006;295:1556-65.

CRESTOR™ ROSUVASTATINA CÁLCICA. CRESTOR™ (ROSUVASTATINA CÁLCICA) É UM SELETIVO E POTENTE INIBIDOR COMPETITIVO DA HMG-COA REDUTASE. INDICAÇÕES: CRESTOR™ DEVE SER USADO COMO ADJUVANTE À DIETA QUANDO A RESPOSTA À DIETA E AOS EXERCÍCIOS É INADEQUADA. EM PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA CRESTOR™ É INDICADO PARA: REDUÇÃO LDL-COLESTEROL, COLESTEROL TOTAL E TRIGLICÉRIDES ELEVADOS; AUMENTAR O HDL-COLESTEROL EM PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA PRIMÁRIA E DISLIPIDEMIA COMBINADA (MISTA); CRESTOR™ TAMBÉM DIMINUI APOB, NÃO-HDL-C, VLDL-C, VLDL-TG, E AS RAZÕES LDL-C/HDL-C, C-TOTAL/HDL-C, NÃO-HDL-C/HDL-C, APOB/APOA-I E AUMENTA APOA-I NESTAS POPULAÇÕES; TRATAMENTO ISOLADO DE HIPERTRIGLICERIDEMIA, REDUÇÃO DO COLESTEROL TOTAL E LDL-C EM PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HOMOZIGÓTICA, TANTO ISOLADAMENTE, QUANTO COMO UM ADJUVANTE À DIETA E A OUTROS TRATAMENTOS DE REDUÇÃO DE LIPÍDIOS, SE TAIS TRATAMENTOS NÃO FOREM SUFICIENTES, E RETARDAR OU REDUZIR A PROGRESSÃO DA ATEROSCLEROSE. CONTRA-INDICAÇÕES: CRESTOR™ É CONTRA-INDICADO A PACIENTES COM HIPERSENSIBILIDADE À ROSUVASTATINA CÁLCICA OU AOS OUTROS COMPONENTES DA FÓRMULA. CRESTOR™ É CONTRA-INDICADO A PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA ATIVA. CRESTOR™ É CONTRA-INDICADO DURANTE A GRAVIDEZ E A LACTAÇÃO E A MULHERES COM POTENCIAL DE ENGRAVIDAR, QUE NÃO ESTÃO USANDO MÉTODOS CONTRACEPTIVOS APROPRIADOS. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: ADVERTÊNCIAS: FÍGADO: DEVE SER USADO COM CAUTELA EM PACIENTES QUE CONSOMEM QUANTIDADES EXCESSIVAS DE ÁLCOOL E/OU QUE TENHAM UMA HISTÓRIA DE DOENÇA HEPÁTICA. SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO: O TRATAMENTO COM CRESTOR™ DEVE SER INTERROMPIDO SE OS NÍVEIS DE CK ESTIVEREM NOTADAMENTE ELEVADOS (>10 VEZES O LIMITE SUPERIOR DE NORMALIDADE, LSN) OU SE HOUVER DIAGNÓSTICO OU SUSPEITA DE MIOPATIA. CRESTOR™ DEVE SER PRESCRITO COM PRECAUÇÃO EM PACIENTES COM FATORES DE PRÉ-DISPOSIÇÃO PARA MIOPATIA, TAIS COMO, INSUFICIÊNCIA RENAL, IDADE AVANÇADA E HIPOTIREOIDISMO, OU SITUAÇÕES ONDE PODE OCORRER UM AUMENTO NOS NÍVEIS PLASMÁTICOS. O USO DE CRESTOR™ DEVE SER TEMPORARIAMENTE INTERROMPIDO EM QUALQUER PACIENTE COM UMA CONDIÇÃO AGUDA GRAVE SUGESTIVA DE MIOPATIA OU QUE PREDISPÕE AO DESENVOLVIMENTO DE INSUFICIÊNCIA RENAL SECUNDÁRIA À RABDOMIÓLISE (POR EXEMPLO: SÉPSIS; HIPOTENSÃO; CIRURGIA DE GRANDE PORTE; TRAUMA; ALTERAÇÕES METABÓLICAS, ENDÓCRINAS E ELETROLÍTICAS GRAVES; OU CONVULSÕES NÃO-CONTROLADAS). USO DURANTE A GRAVIDEZ E A LACTAÇÃO: CATEGORIA DE RISCO NA GRAVIDEZ: X. MULHERES COM POTENCIAL DE ENGRAVIDAR DEVEM USAR MÉTODOS CONTRACEPTIVOS APROPRIADOS (OUTRAS INFORMAÇÕES VIDE BULA COMPLETA DO PRODUTO). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: PODE HAVER INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA DE CRESTOR™ COM OS SEGUINTES MEDICAMENTOS: VARFARINA, CICLOSPORINA, GENFIBROZILA, INIBIDORES DA PROTEASE E ANTIÁCIDOS. EM ESTUDOS CLÍNICOS, CRESTOR™ FOI CO-ADMINISTRADO COM AGENTES ANTI-HIPERTENSIVOS, ANTIDIABÉTICOS E TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL. ESSES ESTUDOS NÃO DEMONSTRARAM EVIDÊNCIA DE INTERAÇÕES ADVERSAS CLINICAMENTE SIGNIFICATIVAS (PARA MAIORES INFORMAÇÕES VIDE BULA COMPLETA DO PRODUTO). REAÇÕES ADVERSAS: CRESTOR™ É GERALMENTE BEM TOLERADO. OS EVENTOS ADVERSOS OBSERVADOS COM CRESTOR™ SÃO GERALMENTE LEVES E TRANSITÓRIOS, OS MAIS COMUNS SÃO: CEFALÉIA, MIALGIA, ASTENIA, CONSTIPAÇÃO, VERTIGEM, NÁUSEA E DOR ABDOMINAL (OUTRAS REAÇÕES ADVERSAS VIDE BULA COMPLETA DO PRODUTO). POSOLOGIA: A FAIXA DE DOSE RECOMENDADA É DE 10 MG A 40 MG, ADMINISTRADOS POR VIA ORAL EM DOSE ÚNICA DIÁRIA, COM ÁGUA, INDEPENDENTE DO HORÁRIO DAS REFEIÇÕES, DE PREFERÊNCIA NO MESMO HORÁRIO TODOS OS DIAS. A DOSE MÁXIMA DIÁRIA É DE 40 MG. HIPERCOLESTEROLEMIA PRIMÁRIA (INCLUINDO HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HETEROZIGÓTICA), DISLIPIDEMIA COMBINADA, HIPERTRIGLICERIDEMIA ISOLADA E TRATAMENTO DA ATEROSCLEROSE: A DOSE INICIAL HABITUAL É DE 10 MG UMA VEZ AO DIA. PARA PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA GRAVE (INCLUINDO HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HETEROZIGÓTICA), PODE-SE CONSIDERAR UMA DOSE INICIAL DE 20 MG. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HOMOZIGÓTICA: RECOMENDA-SE UMA DOSE INICIAL DE 20 MG UMA VEZ AO DIA. SUPERDOSE: NÃO HÁ UM TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA A SUPERDOSAGEM. NO CASO DE SUPERDOSAGEM, O PACIENTE DEVE SER TRATADO SINTOMATICAMENTE E DEVEM SER INSTITUÍDAS MEDIDAS DE SUPORTE CONFORME A NECESSIDADE. APRESENTAÇÕES: EMBALAGENS COM 10 OU 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS DE 10 MG E EMBALAGENS COM 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS DE 20 MG E 40 MG. USO ADULTO/USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. PARA MAIORES INFORMAÇÕES, CONSULTE A BULA COMPLETA DO PRODUTO (CRE002). ASTRAZENECA DO BRASIL LTDA., ROD. RAPOSO TAVARES, KM 26,9 - COTIA - SP - CEP 06707-000 TEL.: 0800-0145578. WWW.ASTRAZENECA.COM.BR. CRESTOR™. MS – 1.1618. 0200 / CDS 03/09 – MAIO/2009

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Page 54: Revista Médico Repórter 106

54 | mr106

Medicina social

por ANA CAROLINA ADDARIO

Equipe médica itinerante visita comunidades ribeiri-nhas no entorno dos Rios Amazonas e Araguaia, levan-do acesso à saúde e educação ambiental à população

mrsem fronteiras

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Page 55: Revista Médico Repórter 106

mr106 | 55

O sistema de saúde em geral

sempre sofreu críticas

de ineficiência em algum

aspecto. Na rede pública

de saúde, grande parte dos proble-

mas está relacionada à defasagem da

infraestrutura e à falta de mão de obra

para atender a demanda da popula-

ção. O resultado são filas intermináveis

e tratamentos feitos em prazos mais

longos do que o normal. Na rede parti-

cular, o valor das consultas e exames,

e a interferência dos planos de saúde,

gestores de clínicas e hospitais difi-

cultam o acesso das populações mais

carentes, que representam a maioria

esmagadora do País, ao auxílio médico

de ponta.

Independente do argumento, todas

as questões citadas acima têm relação,

seja direta ou indireta, com a dificulda-

de de acesso da sociedade à assistên-

cia médica. Se elevarmos a equação do

acesso à saúde a uma potência infinita,

teremos a realidade de centenas de

comunidades ribeirinhas nos confins

do Brasil. Levar assistência médica,

tecnologias de tratamento, e conheci-

mento em preservação ambiental para

essas comunidades pode significar

um grande desafio. Foi o que o Dr. Luiz

Sérgio Pacheco Santos fez.

Desde que começamos, a Amazonas

Visão já passou por cidades

como Aruanã, Bandeirantes,

Baliza, Luís Alves, Araguapaz, Cocalinho e Torixoréu. É

sempre uma experiência muito

emocionante

Dr. Mauro Gomes,

professor da Disciplina

de Pneumologia da

Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa

de São Paulo e médico

responsável pelo Instituto

de Pneumologia Paulista

sem fronteiras.indd 2 05/10/10 09:53

Page 56: Revista Médico Repórter 106

56 | mr106

Em setembro de 2002, ele elabo-

rou um projeto e saiu pela cidade de

Goiás atrás de apoio, tanto em termos

de mão de obra preparada quanto de

capital. A ideia era formar uma equipe

itinerante de médicos das mais diver-

sas especialidades e fazer mutirões em

comunidades ribeirinhas do Rio Amazo-

nas e do Rio Araguaia, levando aten-

dimento de saúde e informação sobre

preservação ambiental para quem não

tem a possibilidade de se deslocar até

a cidade em busca de tratamento.

Ainda que incrivelmente humana e

solidária, a ideia levou cinco anos para

sair do papel. Os motivos: faltava verba,

mão de obra e até mesmo transporte,

já que para alcançar algumas comuni-

dades era necessário realizar um trajeto

de barco. Em julho de 2007, a iniciativa

denominada Amazonas Visão, que

gerou uma organização não governa-

mental, reuniu 15 profissionais convida-

dos pessoalmente pelo presidente da

instituição, Dr. Luiz Sérgio,, e aterrissou

na cidadezinha de Aruanã, à beira do rio

Araguaia.

Em quatro dias de trabalho, o primeiro

mutirão da Amazonas Visão atendeu

mais de mil pacientes, em especialida-

des como pneumologia, ginecologia,

urologia, oftalmologia, além de levar

equipamentos laboratoriais para realiza-

ção de exames.

Bom trabalho tem continuidadeO primeiro evento fez tanto sucesso

que as próprias prefeituras das cidades

beneficiadas passaram a colaborar

para sua realização. Hoje, o Estado ofe-

rece hospedagem e alimentação para

os médicos voluntários, a fim de esti-

mular o mutirão a voltar sempre com

o atendimento. “Desde que começa-

mos, a Amazonas Visão já passou por

cidades como Aruanã, Bandeirantes,

Baliza, Luís Alves, Araguapaz, Cocalinho

e Torixoréu. É sempre uma experiência

muito emocionante”, conta o Dr. Luiz,

presidente e fundador da ONG.

De 2007 a 2010, as equipes já visi-

taram sete comunidades ribeirinhas,

e contabilizam ao todo 9.784 atendi-

mentos, sendo 98 cirurgias de catarata,

15 pequenas cirurgias, 14 cirurgias

pediátricas e doação de 252 óculos. O

mutirão programa-se para retornar a

cada região depois de, no máximo, um

ano da última visita.

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Page 57: Revista Médico Repórter 106

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Na área ambiental, a Amazonas

Visão realiza palestras e projeções de

filmes que incentivam a preservação da

natureza. Em regiões que já sofrem os

impactos da devastação, a ONG realiza

plantações de mudas junto da comuni-

dade, e tem iniciativas como o Projeto

Quelônios no distrito de Luiz Alves,

que faz um trabalho de recuperação

das tartarugas (répteis da ordem dos

quelônios) nas praias da bacia do Rio

Araguaia.

Exames e diagnósticosA rotina de atendimento é corrida,

mesmo com o número de médicos

tendo chegado aos quase 30 voluntários

de especialidades distintas; a média

diária de atendimentos por profissional

é de 70 pacientes, sem mencionar as

cirurgias, que contam com equipamen-

tos de última geração, fruto da parceria

da ONG com empresas de todo o Brasil,

como a Opto Eletrônica de São Paulo, o

Instituto Varilux, a Expresso São Luís, e a

Unimed Goiânia, entre outras. “Cirurgia

que a gente faz na beira do rio é feita

em qualquer lugar do mundo”, conta o

Dr. Luiz.

Nesse contexto, a Amazonas Visão já

realizou diversas cirurgias de catarata

nos mais velhos, e tratou fimose, hérnia

e outros males entre os mais jovens.

Todos os equipamentos utilizados nas

cirurgias são esterilizados e montados

pelos próprios médicos em uma força-

tarefa, e também são eles que reor-

ganizam tudo na hora de ir embora. O

serviço é completo.

Quando o mutirão encontra situações

graves com necessidade de assistência

médica de urgência, como em casos de

hemorragia, o transporte é realizado de

imediato da região em que estiver para

a cidade mais próxima. O atendimento

é feito sem qualquer custo, e o retor-

no do paciente para a comunidade é

garantido pela Amazonas Visão.

“A beira do rio guarda muito sofrimento”De acordo com o Dr. Luiz, uma das

especialidades que vem demonstran-

do muita necessidade de atenção nas

regiões visitadas é o acompanhamento

psicológico. “Existem histórias muito

complexas por trás das consultas,

como casos frequentes de violência

contra a mulher”, conta.

Por conta disso, psicólogos passa-

ram a integrar o mutirão itinerante, na

tentativa de neutralizar esses males

nessas comunidades tão carentes. Os

atendimentos são feitos tanto individu-

almente quanto em terapia de grupo. “A

beira do rio guarda muito sofrimento”,

afirma o Dr. Luiz. Felizmente iniciativas

como a Amazonas Visão trabalham

para diminuir seu impacto.

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Page 58: Revista Médico Repórter 106

mrna prateleira

A Vida por um Fioe por Inteiro

O cardiologista Elias Knobel lança o livro A Vida por um Fio e por

Inteiro. A obra traz fatos marcantes de seus 38 anos de luta diária

pela vida na UTI e suas reflexões de uma maneira leve, didática e

agradável sobre a verdadeira relação médico X paciente.

Entretanto, o leitor poderá também conhecer um pouco mais

sobre a história pessoal do autor, suas dificuldades, desafios, con-

quistas, atuação como gestor de uma UTI conhecida no Brasil e no

exterior e até mesmo sua visão sobre o sistema de saúde atual.

Em 47 capítulos é possível desvendar os medos, anseios e limita-

ções que muitos médicos passam durante sua trajetória. Ressaltan-

do que é fundamental ter vocação para seguir em frente, ser humilde

e enxergar o paciente como um ser único e não apenas um número.

O contato com mais de 70 mil vidas, durante o período em que

foi diretor da UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, comprova que

acompanhar apenas a evolução técnica não é o bastante. A medici-

na precisa de pessoas que estejam aptas para enfrentar o dia a dia.

Elias Knobel organizou uma equipe de profissionais chamada por ele

de “um time de ouro".

Título: Atlas de Bolso de Anatomia Seccional Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética Volume II - Tórax, Coração, Abdome e Pelve 3ª Edição Revisada e AmpliadaAutor: Torsten B. MoellerEditora: RevinterPáginas: 252Especialidades: Imagem, Pneumologia, Cardiologia, Clínica MédicaPreço: R$ 139,00

Em sua terceira edição, e agora em três volumes, o Atlas de Bolso

de Anatomia Seccional reflete o que há de mais atual e prático na

tecnologia da imagem na área da saúde. Descreve precisa e didati-

camente os detalhes anatômicos vistos nas imagens, apresentando

o desenho esquemático correspondente em cores, para facilitar a

identificação das estruturas anatômicas.

Destaques na nova edição: imagens inéditas de tomografia com-

putadorizada e ressonância magnética com a mais alta qualidade e

desenhos esquemáticos correspondentes totalmente em cores; mais

de 480 ilustrações; cobertura abrangente e atual da coluna vertebral,

extremidades e articulações; abordagem didática com formato práti-

co em toda a obra: um corte por par de páginas; codificação padroni-

zada das cores, o que torna fácil identificar estruturas individuais por

meio de cortes contíguos.

Atlas de Bolso de Anatomia Seccional - Volume II

Título: A Vida por um Fio e por InteiroAutor: Elias KnobelEditora: AtheneuPáginas: 320Preço: R$ 33,30

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Page 59: Revista Médico Repórter 106

Anestesiologia ClínicaAnestesiologia Clínica, 4ª edição, fornece uma apresentação concisa

e consistente dos princípios básicos essenciais à prática moderna da

anestesia. Aborda temas atuais e relevantes como equipamentos, farmaco-

logia clínica, anestesia regional, tratamento da dor, fisiologia, fisiopatologia,

conduta anestésica e problemas especiais. Esta nova edição contém várias

melhorias e refinamentos importantes em relação às edições anteriores,

extremamente bem-sucedidas. Perfis na Prática Anestésica – introduzidos

na terceira edição, foram expandidos nesta edição. Conceitos-Chaves –

relacionados ao início de cada capítulo, identificam as seções correspon-

dentes dentro do capítulo através de ícones numerados. Discussões de

Casos – lidam com problemas atuais, fornecendo metodologia e estrutura

para provas orais e aplicação dos conceitos na prática. Termos-Chaves e

Tópicos – destacados em cores dentro do texto, significativamente amplia-

dos nesta edição. Leituras Sugeridas – em maior quantidade e atualizadas

com endereços pertinentes na web. Todos os capítulos foram atualizados e

várias ilustrações novas foram acrescentadas.

Título: Sujeito do Direito, Sujeito do Desejo Direito e Psicanálise, Terceira Edição RevisadaAutor: Sônia AltoéEditora: RevinterPáginas: 176Especialidades: Psicanálise, Psicologia, DireitoPreço: R$ 45,00

A terceira edição desta obra mostra a relevância dos temas

aqui tratados que interligam o campo do direito e da psicaná-

lise. Os diferentes artigos tratam de alguns entrelaçamentos

importantes para se pensar como se fabrica o ser humano,

o que permite a humanização e a transmissão da lei, e, mais

particularmente, como essas interligações possibilitam uma

rica reflexão sobre a criança brasileira no mundo atual, com

tantos desafios que o 3º milênio nos coloca.

Sujeito do Direito,Sujeito do Desejo

Título: Anestesiologia ClínicaAutores: G. Edward Morgan Jr. Maged S. Mikhail Michael J. MurrayEditora: RevinterPáginas: 989Preço: R$ 369,00

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Page 60: Revista Médico Repórter 106

mrpanorama

Novo antidepressivo de alto perfil ansiolítico

Novo Nordisk A/S é premiada como uma das empresas mais éticas do mundo

Ranking do Instituto Ethisphere reconhece 100

companhias de 36 setores industriais

A companhia farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk

A/S, empresa de cuidados com a saúde e líder mundial em

cuidados com o diabetes, foi reconhecida neste ano como

uma das empresas mais éticas do mundo pelo ranking do

Instituto de Pesquisa Ethisphere. A lista foi elaborada a partir

da avaliação dos programas de ética e compliance dessas

companhias, bem como das ações de governança e respon-

sabilidade corporativa.

Em 2010, o ranking listou 100 empresas que conseguem pôr

em prática os preceitos de como fazer negócios de forma ética,

demonstrando real e sustentável liderança em seu segmento

de atuação. A pesquisa durou um ano e avaliou milhares de

empresas de 36 setores industriais em mais de 100 países.

Conheça o ranking World’s Most Ethical Companies for 2010

no endereço: http://ethisphere.com/wme2010/

Novo projeto mapeará o cérebro em 3D

Você já imaginou se a neurologia conseguisse mapear o

nosso cérebro tão bem quanto o Google Maps o faz com a

sua cidade? Até hoje, nenhum modelo de estudos do cérebro

conseguiu ser tão detalhista, mas um projeto que pretende

fazer uma varredura em 3D do nosso cérebro promete que-

brar esse recorde.

A estrutura cerebral, em forma de labirinto, ainda tem al-

guns pontos obscuros na análise científica. Coordenado pela

Universidade da Califórnia (EUA), este novo projeto (chamado

de “O catálogo completo do cérebro”) está utilizando todos

os recursos já conhecidos da neurologia para criar um mapa

cerebral com precisão inédita. Os principais são a ressonân-

cia magnética avançada, fotos de neurônios com corantes e

esquemas teóricos feitos anteriormente. Juntos, tais recursos

vão contar com uma equipe igualmente variada de profis-

sionais (tais como médicos, pesquisadores e animadores de

computação 3D) para produzir o novo modelo.

A principal utilidade, de acordo com os envolvidos no pro-

jeto, é abolir experimentos onerosos, complicados, e que às

vezes acabam sendo até inúteis. Eles esperam que os neuro-

logistas possam tirar conclusões e fazer análises avançadas

baseadas apenas no modelo.

Ainda há muito que fazer para que o projeto seja concluído.

A principal dificuldade é devida ao histórico da neurologia:

ao longo dos anos, algumas áreas do cérebro foram intensa-

mente estudadas, enquanto outras foram deixadas de lado. O

desafio é “equalizar” os estudos nas diferentes áreas.

Pesquisas apontam que cerca de

60% dos casos de depressão estão

associados a algum tipo de transtorno

de ansiedade. Para tratar a doença, a

Medley Indústria Farmacêutica lança

o Moratus, antidepressivo com maior

potência serotoninérgica e com maior

efeito ansiolítico entre os inibidores

seletivos da recaptação de serotonina

(ISRS).

O produto age com extrema eficácia

nos casos de depressão associada a

ansiedade ou nos transtornos de ansie-

dade associados ou não a depressão.

“Este produto, na grande maioria dos

casos, dispensa a prescrição de um

ansiolítico associado ao tratamento”,

esclarece Vladimir Pereira Alves, geren-

te de produtos do laboratório.

Com dose única diária, o Moratus

atua no tratamento do pânico, transtor-

no obsessivo-compulsivo, transtorno de

estresse pós-traumático, transtorno de

ansiedade generalizada e fobia social.

O medicamento pode ser encontrado

em duas apresentações: caixas de 20

mg com 20 e 30 comprimidos.

“O baixo custo do produto garante

uma redução de até 74% no (gasto

com o) tratamento, frente às principais

marcas de paroxetina, princípio ativo

do medicamento”, destaca Alves.

Contraindicações: o medicamento

não deve ser usado concomitante-

mente com inibidores da MAO ou no

intervalo de até duas semanas após o

término do tratamento com este tipo de

substância. Também não deve ser usa-

do concomitantemente com tioridazina,

uma vez que, assim como com outras

drogas que inibem a enzima hepática

CYP450 2D6, a paroxetina pode elevar

os níveis plasmáticos da tioridazina.

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Page 61: Revista Médico Repórter 106

Bactéria mutante resistente a todos os antibióticos disponíveis deixa o mundo em alerta

Novo antiviral aprimora tratamento contra hepatite C, diz estudoDroga boceprevir aumentaria em até 75% taxa de cura.

Trabalho reuniu pacientes com o genótipo 1, versão

mais nociva do vírus

O antiviral boceprevir, quando adicionado ao tratamento

regular contra a hepatite C, aprimorou as taxas de cura nos

pacientes mais complicados para tratar, conforme estudo

divulgado na revista científica The Lancet.

A hepatite C afeta 170 milhões de pessoas, 3,2 milhões

só nos Estados Unidos, onde 70% estão infectados com o

genótipo 1 do vírus, considerado o mais difícil de tratar. A

doença pode se desenvolver no organismo durante anos sem

apresentar sintomas, mas pode acarretar tumores no fígado

e a necessidade de transplante do órgão.

Coordenado pelo médico Paul Kwo, da Escola de Medicina

da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, o trabalho

relata que a administração da droga quase dobra a eficiência

do tratamento convencional, composto por duas drogas:

ribavirin e peginterferon alfa-2b.

A experiência foi conduzida durante dois anos em 67 locais

dos Estados Unidos, Canadá e Europa, com 520 pacientes.

O medicamento foi aplicado em parte dos participantes da

pesquisa, durante 48 semanas, período pelo qual o tratamen-

to regular é mantido normalmente.

A taxa de cura aumentou para até 75% no grupo de pa-

cientes medicados com as três drogas. Já o grupo controle,

recebendo apenas os dois remédios tradicionais, apresentou

taxa de 38%, durante o mesmo período de 48 semanas.

O boceprevir é um inibidor de proteases, desenvolvido para

combater diretamente o vírus da hepatite C ao bloquear uma

função vital à reprodução do organismo nas células hepáti-

cas. Para Paul Kwo, ribavirin e peginterferon alfa-2b são mais

voltados ao estímulo do sistema imunológico, a defesa do

corpo contra ameaças e parasitas.

O médico Paul Kwo, coordenador do

estudo sobre a nova droga para com-

bate do vírus da hepatite C

Foto: Indiana University School of Medicine

Uma nova linhagem de bactérias que vem se espalhan-

do rapidamente e tem se mostrado resistente à maioria

dos antibióticos está deixando a comunidade médica do

mundo inteiro em alerta, anunciaram cientistas num artigo

publicado na revista The Lancet. A bactéria mutante, que

seria uma forma mais resistente da E.coli, pode levar à

morte por pneumonias e infecções urinárias e seria con-

traída pela água. Os primeiros casos surgiram na Índia e no

Paquistão e chegaram ao Reino Unido através de ingleses

que foram à Índia para se submeter a cirurgias estéticas e

tratamentos médicos. O temor é que agora ela se espalhe

pelo mundo.

A bactéria mutante tem uma enzima chamada de NDM-1,

produzida por um novo gene que confere altíssimo nível de

resistência aos antibióticos. Em três anos, explicou o profes-

sor Tim Walsh, da Universidade de Cardiff, o descobridor do

gene, a prevalência da bactéria era de apenas de 1% a 3 %

dos pacientes com infecções enterobacterianas na Índia.

"É incrível como a expansão da bactéria foi rápida, graças

à globalização e ao turismo médico", explica Walsh. O gene

agora pode chegar a qualquer lugar rapidamente.

Walsh disse que não é possível prever a prevalência da

bactéria no Reino Unido, mas a Agência de Proteção à Saúde

do país lançou um alerta aos médicos. O grande temor é a

falta de medicamentos que possam combatê-la. Segundo os

cientistas, mesmo que se comece a investir agora em novos

antiobióticos, eles não estarão disponíveis rapidamente.

"Temos um prazo de 10 anos para desenvolver um medi-

camento capaz de tratar esse tipo de infecção. É a primeira

vez que chegamos a um estágio tão ameaçador com este

tipo de bactéria."

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Page 62: Revista Médico Repórter 106

Indústria brasileira vai produzir vacina para a esquistossomose

ANVISA aprova dispositivo israelense contra úlceras crônicas

A Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) aprovou o disposi-

tivo BST (Bioelectrial Signal Therapy –

terapia de sinais bioelétricos), fabricado

pela empresa israelense Life Wave

Hi-Tech Medical Devices Ltd., para o

tratamento de úlceras crônicas. Trata-se

de um equipamento que interrompe os

sinais da dor antes que eles cheguem

ao sistema nervoso central do cérebro.

A empresa já iniciou negociações com

fornecedores brasileiros para realizar a

distribuição do produto no País.

Hospital São Luiz investe R$ 2,4 milhões e instala equipamento de ponta em endoscopia

O Brasil está pela primeira vez numa

posição inédita na área científica. A

vacina contra a esquistossomose –

primeira vacina brasileira da história e

também a primeira do mundo no com-

bate a vermes – será produzida pela

Ourofino, uma indústria 100% nacional.

A doença, também conhecida como

barriga d’ água, atinge 200 milhões de

pessoas em 74 países e causa 200 mil

mortes por ano.

A Ourofino formalizou a compra da

Alvos Consultoria, empresa de fomento

que detinha a licença da tecnologia da

Fiocruz desde 2005.

Foi no início dos anos 90 que um

grupo de pesquisadores da Fiocruz

descobriu a proteína SM 14, um antí-

geno contra o verme Schistossoma

Com investimento de R$ 2,4 milhões

na área de gastroenterologia, a Unida-

de Morumbi do Hospital e Maternidade

São Luiz adquiriu 16 novos equipa-

mentos destinados à realização de

exames endoscópicos. Com o uso dos

novos aparelhos será possível obter

o diagnóstico precoce de doenças do

aparelho digestivo, permitindo que os

tratamentos sejam feitos mais rapi-

damente, aumentando as chances de

cura do paciente. Por proporcionar

imagens de alta definição, os aparelhos

ampliam a possibilidade de diagnóstico

de diferentes doenças. “Trata-se de

tecnologia de ponta na área médico-

hospitalar de gastroendoscopia, o que

significa reduzir tanto o tempo da rea-

lização do exame como o desconforto

que ele pode causar ao paciente”.

O novo sistema é usado em exames

como endoscopia digestiva alta, colo-

noscopia, broncoscopia, duodenoscopia,

enteroscopia e cápsula endoscópica.

Para o coordenador do serviço de en-

doscopia do Centro de Diagnósticos da

Unidade Morumbi, Dr. Eduardo Guima-

rães Hourneaux de Moura, o diferencial

deste equipamento está na obtenção

de imagens de alta definição, associada

à perspectiva de ampliação e ao uso de

cromoscopia ótica, que muitas vezes

substitui os corantes de superfície, evi-

tando reações adversas.

mansoni, causador da esquistosso-

mose. A substância foi um dos seis

antígenos prioritários selecionados pela

Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso porque a proteína está em todos

os helmintos causadores da doença e

a técnica utilizada permite a produção

de uma vacina mais segura e com

maior qualidade. Apenas duas vacinas

se mostraram promissoras, sendo a

brasileira a mais abrangente e de maior

impacto.

Descobriu-se também que a mes-

ma proteína SM 14 serve na proteção

contra a fasciolose hepática, doença

que atinge 300 milhões de cabeças de

bovinos e ovinos no mundo e causa

prejuízos superiores a três bilhões de

dólares por ano.

Santa Isabel investe no conforto médico

O Hospital

Santa Isabel,

que acaba de

inaugurar a

sua segunda

unidade (HSI II) e que pertence ao

complexo da Irmandade da Santa Casa

de Misericórdia de São Paulo, inovou na

implantação de espaços destinados ex-

clusivamente ao bem-estar do médico.

A nova unidade tem academia, pisci-

na, serviço de buffet, geladeira, micro-

computadores com acesso à internet,

sala exclusiva com sofá e TV.  “Parece

luxo, mas não é. Buscamos trazer mais

conforto para quem passa muitas

horas dentro de um centro hospitalar e

lida com vida e morte”, explica o diretor

do HSI, Carlos Adalberto Ferreira Pinto.

O diretor médico do HSI, Mauro Borghi,

lembra que os médicos cuidam da vida

dos pacientes mas, muitas vezes, esque-

cem de dar atenção à própria saúde.

Primeira vacina com tecnologia brasileira será

fabricada pela nacional Ourofino

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Page 63: Revista Médico Repórter 106

Viagra® (citrato de sildenafila) é uma terapêutica oral para a disfunção erétil. A sildenafila é um inibidor seletivo da fosfodiesterase-5 (PDE-5), específica do GMPc. O mecanismo fisiológico responsável pela ereção do pênis envolve a liberação de óxido nítrico nos corpos cavernosos durante a estimulação sexual. A sildenafila é rapidamente absorvida. Indicações: tratamento da disfunção erétil, que se entende como sendo a incapacidade de atingir ou manter uma ereção suficiente para um desempenho sexual satisfatório. Para que Viagra® seja eficaz, é necessário estímulo sexual. Contra-indicações: hipersensibilidade conhecida ao fármaco ou a qualquer componente da fórmula, ou ainda a pacientes usuários de qualquer forma doadora de óxido nítrico, nitratos orgânicos ou nitritos orgânicos. Advertências e Precauções: os agentes para tratamento da disfunção erétil devem ser utilizados com precaução em pacientes com deformações anatômicas do pênis (tais como angulação, fibrose cavernosa ou doença de Peyronie) ou em pacientes com condições que possam predispor ao priapismo (tais como anemia falciforme, mieloma múltiplo ou leucemia). Os agentes para o tratamento da disfunção erétil não devem ser utilizados em homens para os quais a atividade sexual esteja desaconselhada. O uso da associação de Viagra® com outros tratamentos para disfunção erétil não foi estudado e não é recomendado. Foram relatados eventos cardiovasculares graves pós-comercialização, incluindo infarto do miocárdio, morte cardíaca repentina, arritmia ventricular, hemorragia cerebrovascular e ataque isquêmico transitório em associação temporal com o uso de Viagra®. Com o uso de todos os inibidores da PDE5, incluindo a sildenafila, foi raramente relatada neuropatia óptica isquêmica anterior não-arterítica (NAION) (póscomercialização) e; também pequeno número de pacientes com diminuição ou perda repentina de audição (pós-comercialização e estudos clínicos). Não foi identificada relação causal entre o uso de inibidores de PDE5 e NAION ou; de inibidores de PDE5 e diminuição ou perda repentina da audição. Os pacientes devem ser advertidos a consultarem o médico imediatamente em caso de perda repentina da visão ou, diminuição ou perda repentina da audição. Recomenda-se cautela na administração concomitante de sildenafila em pacientes recebendo α-bloqueadores, pois a co-administração pode levar à hipotensão sintomática em alguns indivíduos suscetíveis. A fim de diminuir o potencial de desenvolver hipotensão postural, o paciente deve estar estável hemodinamicamente durante a terapia com α-bloqueadores principalmente no início do tratamento com sildenafila. Deve-se considerar a menor dose de sildenafila para iniciar a terapia. Não existem também informações relativas à segurança da administração de Viagra® a pacientes com distúrbios hemorrágicos ou com úlcera péptica ativa. Por esse motivo, Viagra® deve ser administrado com precaução a esses pacientes. Não existem informações relativas à segurança da administração de Viagra® a pacientes com retinite pigmentosa. Viagra® não é indicado para mulheres e crianças (< 18 anos). Interações medicamentosas: Viagra® potencializa o efeito hipotensor da terapêutica com nitratos, tanto de uso agudo como crônico; portanto, o uso concomitante com estes medicamentos é contra-indicado. Interações clinicamente significativas na farmacocinética do sildenafila foram observadas com saquinavir e ritonavir. Interações clinicamente nãosignificativas foram observadas com anti-hipertensivos. Os dados em estudos clínicos indicaram diminuição do clearance da sildenafila quando co-administrada com o cetoconazol, eritromicina ou cimetidina. Nenhuma interação significativa foi observada com tolbutamida, varfarina, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos, tiazidas e diuréticos relacionados, inibidores da ECA, bloqueadores de canais de cálcio, ácido acetilsalicílico, álcool e antiácidos (vide bula completa do produto). Reações adversas: os eventos adversos foram em geral, transitórios e de natureza leve a moderada. As reações adversas mais comumente relatadas foram cefaléia e rubor. Outras reações incluíram tontura, alterações visuais (visão turva, sensibilidade aumentada à luz), cromatopsia (leve e transitória, predominantemente distorção de cores), palpitação, rinite (congestão nasal) e dispepsia. Os seguintes eventos adversos foram relatados durante o período pós-comercialização: reação de hipersensibilidade (incluindo rash cutâneo), convulsão, convulsão recorrente, taquicardia, hipotensão, síncope, epistaxe, vômito, dor ocular, olhos vermelhos, ereção prolongada e/ou priapismo (vide bula completa do produto). Posologia: Adultos: 50 mg em dose única, administrada quando necessário, aproximadamente uma hora antes da relação sexual. De acordo com a eficácia e a tolerabilidade, a dose pode ser aumentada para 100 mg ou diminuída para 25 mg. A dose máxima recomendada é de 100 mg. A freqüência máxima recomendada de Viagra® é de uma vez ao dia. Insuficiência hepática ou renal: uma dose de 25 mg deve ser considerada. Crianças: Viagra® não é indicado para crianças (< 18 anos). Idosos: o ajuste de dose não é recomendado para pacientes idosos. Superdosagem: medidas gerais de suporte deverão ser adotadas conforme a necessidade. Não se espera que a diálise renal possa acelerar o clearance da sildenafila. Apresentações: comprimidos revestidos de 50 mg em embalagem com 2, 4 ou 8 unidades e 25 mg e 100 mg em embalagens com 4 unidades. USO ADULTO. USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. Para maiores informações, consulte a bula completa do produto. (vgr11) Documentação científica e informações adicionais estão à disposição da classe médica mediante solicitação. Laboratórios Pfizer Ltda., Rua Alexandre Dumas, 1860 – Chácara Santo Antônio, São Paulo, SP – CEP 04717-904. Tel.: 0800-16-7575. Internet: www.pfizer.com.br Viagra®. MS – 1.0216.0065.

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mrfitomedicina

Caralluma fimbriatano controle do apetite por DRA. CECI LOPES

Temos observado nas últimas décadas verdadeira epide-mia de obesidade no mundo, representando um pro-blema de saúde pública pelas comorbidades associadas. Diabetes, hipertensão, dislipidemias são exemplos des-sas alterações com significado relevante na qualidade de vida e risco de mortalidade. Estima-se que o Brasil em 2025 será o 5º país mais obeso do mundo1

Por outro lado, vivemos uma

época de grande valorização

da estética corporal, em que

há um verdadeiro bombardeio

de imagens pela mídia, incentivando as

pessoas à procura de forma física mais

admirada. Porém perder peso é um de-

safio, que, para muitos, parece intrans-

ponível. Sabemos que a mudança de

estilo de vida e a reeducação alimentar

representam a melhor forma de garantir

a manutenção do peso além de melhor

qualidade de vida. Muitas vezes essas

metas são difíceis de serem atingidas,

resultando, no afã de chegar ao ponto

desejado, em procura por substâncias

que favoreçam a perda de peso, mesmo

que impliquem efeitos colaterais.

Muitos medicamentos fazem parte

desse arsenal terapêutico. No entan-

to, muitos pacientes se queixam de

seus efeitos adversos, e acreditam

que fitoterápicos possam propiciar um

tratamento isento deles. A Caralluma

fimbriata é uma das plantas comu-

mente citadas como uma opção nesse

tratamento. Essas pessoas procuram

o médico querendo mais informação.

Portanto, é importante tomarmos co-

nhecimento do que existe, em termos

de dados científicos. Para tanto, procu-

ramos fazer extensa revisão de litera-

tura, em bases como PubMed, Scopus,

Google Scholar, Web of Science, e Iran-

Medex sobre a segurança e eficácia de

plantas medicinais no tratamento da

obesidade. Encontramos 915 estudos,

sendo selecionados 77 relacionados a

controle de peso, dentre eles 19 em

humanos e 58 em animais. Em todos

não foram mencionados efeitos colate-

rais, salvo com o uso de Ephedra, ca-

feína e Bofutsushosan2. Outras revisões

enfatizam o risco de efeitos colaterais

como distúrbios psiquiátricos, gastroin-

testinais, e palpitações com o uso das

plantas contendo Ephedra e efedrina3,4.

Neste texto, selecionamos o que existe

sobre a Caralluma fimbriata, uma das

plantas mais citadas.

Órgão oficial da:

Fitomedicina Consultoria Científica

Dr. Cezar Bazzani

Conselho Editorial

Dra. Ceci Lopes

Dr. Dagoberto Brandão

Dr. Eduardo Pagani

Dr. José Roberto Lazzarini

Dra. Mônica Menon

Prof. Dr. Paulo Chanel D. Freitas

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Estudo com 62 pacientes com IMC

acima de 26 e uso de Caralluma associado

a 30 minutos de exercício físico diário confirma maior perda

de peso no grupo ativo, sem efeitos

colaterais

Caralluma fimbriata - Família: Asclepiadaceae. Sinônimo: Caralluma adscendens. Nomes

populares: Kulle Mooliyan, Karallamu.

A Caralluma fimbriata é um cacto

suculento e comestível que pertence

à família Asclepiadaceae. Cresce de

forma selvagem por toda a Índia, sendo

também plantada como arbusto ao

longo das rodovias e como divisa para

jardins. Populações tribais fazem uso

para reduzir a fome e a sede. Os nati-

vos indianos têm incluído esse cacto

suculento e comestível em suas dietas

ao longo dos séculos com a alegação

folclórica a respeito da sua atividade

supressora do apetite. A Caralluma

fornece a sensação de estômago cheio,

mesmo sem consumo de alimentos5.

Na Índia é considerada como legume,

podendo ser ingerida de várias formas:

cozida como vegetal normal, com sal,

pimenta, pode ser preparada com mo-

lho chutney e picles ou mesmo comida

crua através da mastigação dos caules.

Existem relatos de que indivíduos das

tribos da Índia mastigavam os talos

de Caralluma fimbriata para suprir o

apetite em dias de caça6.

Dentre os seus componentes en-

contramos grande concentração de

glicosídeos pregnanos, glicosídeos fla-

vonoides e saponinas. Os glicosídeos

pregnanos são os mais numerosos

(mais de 27 foram isolados), represen-

tam o princípio ativo dessa planta7.

Acredita-se que esses glicosíde-

os exerçam ação inibitória sobre a

enzima citrato-liase que é necessá-

ria à formação da acetilcoenzima-A,

resultando em diminuição na formação

e acúmulo de gordura no adipócito.

Também bloqueiam outra enzima, a

malonilcoenzima-A, importante na

produção e acúmulo de gordura pelo

organismo, tornando-se necessário

queimar as reservas existentes. Esse

processo é responsável tanto pela inibi-

ção da formação como pela queima de

gordura corporal independentemente

de exercício físico8.

No controle do apetite age envian-

do ao hipotálamo sinais de sensação

de estômago cheio mesmo antes de

o indivíduo se alimentar, e, como já

dissemos, este mecanismo tem sido

atribuído à ação dos glicosídeos9.

Evidências observacionais já haviam

comprovado sua eficácia. Tornavam-

se necessárias evidências científicas

para que a prescrição em receituário

encontrasse respaldo. Assim, foram

realizados estudos em universida-

des da Índia, abordando a eficácia e

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Rafael Costa Hime é

médico formado pela

Faculdade de Ciências

Médicas de Santos

Stephanie Joly Chander

Martins é acadêmica do

4º ano da Universidade

Metropolitana de Santos

(UNIMES)

Ceci Mendes Carvalho

Lopes é professora

assistente-doutora da

Clínica Ginecológica do

Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

(HCFMUSP) e presidente

da Associação Médica

Brasileira de Fitomedicina

(SOBRAFITO)

Priscila Costa Hime é

acadêmica do 3º ano do

Curso de Medicina da

Universidade de Santo

Amaro (UNISA)

Lúcia de Fátima Cahino

da Costa Hime é chefe

do Núcleo de Ginecologia

e Obstetrícia do Curso de

Medicina da Universidade

de Santo Amaro (UNISA)

toxicidade da Caralluma. Dentre eles

destacamos:

Estudo duplo-cego com 50 pacientes

obesos durante 8 semanas demonstra

diminuição de peso, índice de mas-

sa corpórea (IMC), e outras medidas

antropométricas nos pacientes que

utilizaram medicamento ativo, com boa

tolerabilidade e sem efeitos colaterais.

Estudo com 62 pacientes com IMC

acima de 26 e uso de Caralluma asso-

ciado a 30 minutos de exercício físico

diário confirma maior perda de peso no

grupo ativo, sem efeitos colaterais8.

Em estudo duplo-cego placebo-

controlado realizado na Índia com 62

voluntários (23 homens e 39 mulheres)

com idades entre 25 e 60 anos, índices

de massa corpórea acima de 25kg/ m2,

foi administrado tratamento constando

de 2 cápsulas de 500mg de extrato

seco da planta, ou placebo, ao dia, du-

rante 60 dias. Medidas antropométricas

como peso, altura, circunferência da

cintura e quadril foram anotadas. Não

foi demonstrada perda significativa de

peso corporal, porém houve diminui-

ção da circunferência da cintura. Foi

demonstrada diminuição do apetite e

ausência de efeitos colaterais9.

Outro estudo realizado na Califórnia,

com 26 pacientes com sobrepeso,

sendo 19 utilizando composto ativo e 7

utilizando placebo, durante 4 semanas,

demonstrou perda de 60% do peso

corporal sem a ocorrência de efeitos

colaterais 10.

Quanto à posologia, nem todos os

estudos são bem claros encontrando-

se nas referências consultadas doses

de 500mg a 1g sem efeitos colaterais.

Os resultados sugerem, em todos os

estudos, que a planta seja bem tolerada

e que tenha alguma efetividade, porém

mais estudos são necessários para uma

melhor comprovação da eficácia dessa

planta no controle do apetite, especial-

mente porque as populações estuda-

das são pequenas e o tempo de uso

muito curto. O não aparecimento de

efeitos colaterais nos encoraja não só à

prescrição, mas especialmente à elabo-

ração de estudos mais amplos, que nos

possam fornecer maiores evidências.

REFERÊNCIAS:

1. Villares SMF, Mancini MC. Obesidade. In:

Saad MJA, Maciel RMB, Mendonça BB.

Endocrinologia. São Paulo: Atheneu; 2007.

p. 101-1021.

2. Hasani-Ranjbar S, Nayebi N, Larijani B,

Abdollahi M. A systematic review of the

efficacy and safety of herbal medicines

used in the treatment of obesity. World J

Gastroenterol. 2009 Jul 7;15(25):3073-85.

3. Pittler MH, Ernst E. Complementary

therapies for reducing body weight: a

systematic review. Int J Obes (Lond). 2005

Sep;29(9):1030-8.

4. Pittler MH, Schmidt K, Ernst E. Adverse

events of herbal food supplements for

body weight reduction: systematic review.

Obes Rev. 2005 May;6(2):93-111.

5. Report of KS Laddha, Medicinal Natural

Products Research Laboratory, University

of Mumbai, Matunga, Mumbai, India.

6. Wealth of India. A Dictionary of Indian

Raw Materials and Industrial Products.

1992;3:266-7.

7. De Leo M, De Tommasi N, Sanogo R, Auto-

re G, Marzocco S, Pizza C, Morelli I, Braca

A. New pregnane glycosides from Carallu-

ma dalzielii. Steroids. 2005 Aug;70(9):573-

85.

8. Anura V Kurpad, Rcbtwu Ruj, Amurnuth

J. Use of Caralluma fimbriata extract to

reduce weight. Conducted at: Division of

Nutrition, St John’s Medical College and

Hospital, sajapur Road, Bangalore 560 034

India.

9. Kuriyan R, Raj T, Srinivas SK, Vaz M, Ra-

jendran R, Kurpad AV. Effect of Caralluma

fimbriata extract on appetite, food intake

and anthropometry in adult Indian men

and women. Appetite. 2007;48(3): 338–44.

10. Preuss H. Report on the safety of Ca-

ralluma fimbriata and its extract. Gencor

Pacific Company; 2004.

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CONTRAINDICAÇÃO: TODOS OS INIBIDORES DE PDE-5 SÃO CONTRAINDICADOS QUANDO ASSOCIADOS AO USO DE NITRATO.8 INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: PODE HAVER DIMINUIÇÃO DO CLEARANCE DA SILDENAFILA QUANDO COADMINISTRADA COM INIBIDORES DO CITOCROMO CYP3A4 TAIS COMO: CETOCONAZOL, ERITROMICINA OU CIMETIDINA.8

referências Bibliográfi cas: 1. Berner MM, Althof SE, Goldstein I, et al. Relationship Between Erection Hardness and Confi dence in Men With Erectile Dysfunction Treated With Sildenafi l Citrate. ESSM Poster MP-026, Joint Congress of the European and International Societies for Sexual Medicine December 2008, Brussels,Belgium. 2. Mulhall J, Althof SE, Brock GB, et al. Erectile Dysfunction: Monitoring Response to Treatment in Clinical Practice—Recommendations of an International Study Panel. J Sex Med 2007;4:448–464. 3. King R, Juenemann K-P, Levinson IP, et al. Correlations between increased erection hardness and improvements in emotional well-being and satisfaction outcomes in men treated with sildenafi l citrate for erectile dysfunction. International Journal of Impotence Research 2007;19:398–406. 4. Gingell C, Sultana SR, Wulff MB, et al. Duration of Action of Sildenafi l Citrate in Men with Erectile Dysfunction. J Sex Med 2004; 1: 179–184. 5. Eardley I, Ellis P, Boolell M, et al. Onset and duration of action of sildenafi l citrate for the treatment of erectile dysfunction. J Clin Pharmacol, 2002; 53: 61S-65S. 6. Jackson G et al. Sildenafi l - A decade of safety and tolerability data. ESSM Poster UP-100, Joint Congress of the European and International Societies for Sexual Medicine December 2008, Brussels, Belgium. 7. Park NC, Park HJ, Nam JK, et al. Effi cacy and side effects of the PDE-5 inhibitors sildenafi l, vardenafi l, and tadalafi l: results of open label study of patient preference in Korea. J Sex Med. 2005; vol 2 suppl 1: MP 5-3. 8. Bula do produto.

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