revista farmácia saúde 192

32
para o seu bem-estar FARMÁCIA SAÚDE Publicação Mensal | 192 | SETEMBRO ‘12 PSORíASE à FLOR DA PELE CRIANçAS REGRESSO AOS LIVROS GRIPE VACINAR PARA PREVENIR

Upload: farmacia-turcifalense

Post on 07-Mar-2016

231 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Revista Farmácias Portuguesas N.º 192

TRANSCRIPT

para o seu bem-estar

FARMÁCIA

SAÚDEPublicação Mensal | 192 | seteMbRo ‘12

pSoríASE

à flor da pele

CriAnçAS

regresso aos livros

gripEvacinar para prevenir

2

3

FARMÁCIA

Publicação Mensal | 192 | seteMbRo ‘12

para o seu bem-estar

FARMÁCIA

08 fArmáCiA DE luto

a situação de colapso do sector de farmácias é um problema grave de política de saúde. Mas há uma solução à vista, com a grande vantagem de não agravar o preço dos medicamentos. assim o governo siga a recomendação do estudo da nova school of Business & economics, conduzido por pedro pita Barros, Bruno Martins e ana Moura.

04 ArtritE acordar a meio da noite com uma dor intensa no dedo grande do pé é o primeiro sinal de uma crise de gota, uma das formas mais dolorosas de artrite, causada pela acumulação de ácido úrico.

06 EDitoriAl entretanto, o teMpo voa…

12 gripE a entrada do outono no calendário é sinónimo de início da época gripal. significa que o vírus causador desta doença aguda viral que afecta predominantemente as vias respiratórias está mais activo, deixando mais vulneráveis alguns grupos da população.

20 CriAnçAS em setembro, as férias terminam e é tempo de regressar às aulas. apesar do nervosismo que este período possa causar nas crianças, e até mesmo nos pais, a escola acaba por ser sempre sinónimo de diversão e de aprendizagem.

24 pElE não existe uma cura definitiva para a psoríase, mas sim um conjunto variado de tratamentos, cujo uso isolado ou em associação permite controlar os sintomas na maioria dos casos.

26 Diálogo Do ConSumiDor

28 proDutoS

30 inSpirE, ExpirE

4

Gota e pésartrite •••

Dor intensa, inchaço, vermelhidão e sensação de calor nas articulações são os sintomas da gota, que se manifes-tam de forma aguda, súbita e sem avi-so, geralmente durante a noite. o dedo grande do pé é a primeira vítima, apre-sentando-se tão quente, tão inchado e tão sensível que não suporta sequer o peso do lençol. Geralmente os primei-ros sintomas surgem apenas numa única articulação e, quando não tra-tados, pode estender-se a outras (jo-elhos, tornoselos, pulsos e cotovelos). A causa destas crises é o excesso de ácido úrico. trata-se de um composto orgânico resultante do metabolismo das purinas, substâncias que existem no corpo humano mas que também são fornecidas pela alimentação.Quando as concentrações sanguíne-as de ácido úrico são normais, este é excretado na urina e eliminado. Mas, quando há uma produção excessiva ou quando os rins não conseguem elimi-ná-lo eficazmente, o ácido úrico, atinge elevadas consentrações no sangue e, como consequência, deposita-se nas articulações causando a inflamação.esta é uma forma de artrite mais co-mum nos homens, embora a vulnera-bilidade das mulheres aumente com a

menopausa. o género é, assim como a idade, um factor de risco. Mas há ou-tros, muitos deles associados ao estilo de vida: o consumo de álcool e o exces-so de peso também condicionam a pro-babilidade de desenvolver gota. A genética é outro dos factores de ris-co, estimando-se que uma percenta-gem significativa dos doentes tenham antecedentes familiares de gota. Algumas doenças e medicamentos estão também associados a um risco aumentados de desenvolver gota. De entre eles destacam-se a hipertensão (não controlada), o colesterol elevado, a diabetes e a aterosclerose, e a toma de determinados diuréticos e de certas doses de aspirina, bem como de medi-camentos usados para prevenir a rejei-ção de órgãos após transplante.

prevenir crises e complicaçõessem tratamento adequado, os sin-tomas típicos da gota podem per-manecer por um período superior a uma semana, permanecendo ainda algum desconforto, até a articulação ficar, aparentemente, normal. o alívio

da dor é o objectivo imediato do trata-mento, mas a prevenção de futuras cri-ses e de complicações fazem também parte da estratégia clínica. A prazo, a gota pode envolver cada vez mais articulações e causar-lhes graves danos. o próprio osso pode ser afec-tado. Além disso, as crises podem tornar-se cada vez mais frequentes e, com o tempo, podem desenvolver--se nódulos subcutâneos formados por cristais de ácido úrico, sobretudo nos dedos dos pés e das mãos e nos cotovelos.Para controlar a doença e garan-tir que a gota não cause danos se-veros, a alteração do estilo de vida dos doentes tem um papel decisivo. Nomeadamente, uma dieta alimen-tar saudável, evitando o consumo de bebidas alcoólicas, e a ingestão de hidratos de carbono e proteínas ani-mais em excesso. Ainda, a ingestão de líquidos, sobretudo água, é fun-damental, no auxílio à excreção do ácido úrico do organismo. Controlar o peso, mantendo-o nos níveis con-siderados saudáveis, também é im-portante, o mesmo acontecendo com o controlo dos valores de pressão ar-terial, colesterol e glicemia.

Acordar a meio da noite com uma dor intensa no dedo grande do pé é o primeiro sinal de uma crise de gota, uma das formas mais dolorosas de artrite, causada pela acumulação de ácido úrico. Mudanças no estilo de vida e medicação permitem controlar esta doença, mais comum nos homens.

5

FARMÁCIA

6

Pelo Punho do farmacêutico

DR. PAulo DuARte

editorial

Na vida, nem sempre as mensagens de alerta, os avisos, as advertências, são bem acolhidos ou sequer conse-quentes… Acontece. e quando assim sucede, há sempre alguém que fica a perder. As perdas podem ser rela-tivas, e nesse caso não virá mal ao mundo. Mas às vezes a coisa fia mais fino, e o que se perde é algo que fica irremediavelmente perdido… tudo isto nos deve levar a pensar na crise profunda que está a matar o futuro das farmácias em Portugal. um fu-turo que se perde a cada dia, a cada hora em que o silêncio do Governo é a sua melhor resposta aos nos-sos alertas, aos nossos avisos, às nossas advertências, baseados num sem-número de estudos, inquéritos, análises e avaliações, que demons-tram sem a mínima dúvida uma re-alidade ferida de morte. uma ferida aberta pelas sucessivas falências,

pelos consecutivos fornecimentos suspensos às farmácias, pelas cen-tenas e centenas de processos judi-ciais para regularização de dívidas a fornecedores… e por tantos outros registos que, só nos últimos dois anos, têm significado uma agonia insuportável para os que, apesar de tudo, ainda vão sobrevivendo. Mas se tivermos presente – e todas as pre-visões apontam para isso – que já em 2013 haverá 600 farmácias que podem encerrar de vez, é razão para pensarmos que, muito provavelmen-te, não valerá a pena continuar a alertar, a avisar e a advertir… Prova-velmente… Mas não definitivamente. Como nós, há por certo milhões de portugueses que vão continuar a lu-tar pelos seus direitos mais elemen-tares, como seja o acesso aos medi-camentos que a crise das farmácias está a pôr em causa. Foi justamente

isso que pôs em marcha a FARMÁ-CIA De luto. uma iniciativa das far-mácias junto dos utentes. Para que não deixem morrer a sua farmácia, enquanto referência de proximidade, conforto, confiança e segurança. Para evitar o colapso, há uma Petição a cor-rer. o documento está disponível em cada farmácia. e em www.farmacia-deluto.pt. Duas alternativas de sentido único: o da esperança numa solução urgente que, garantindo a sustenta-bilidade da sua farmácia, garantirá ao cidadão o acesso de qualidade aos medicamentos. o Governo conhece o problema. e não avança para a solu-ção. uma solução que até está à vista, e sem qualquer agravamento do pre-ço dos medicamentos. Quem o diz é o estudo da Nova school of business & economics, assinado por Pedro Pita barros, bruno Martins e Ana Moura. entretanto, o tempo voa…

entretanto, o tempo voa…As farmácias estão de luto. e têm manifestas razões para isso. um sentimento partilhado com os seus utentes, cujo acesso de qualidade aos medicamentos está seriamente em risco. o Governo tem de agir. e rapidamente. se assim não for, fecha-se de vez a sepultura sobre todo um sector à beira do fim…

7

FARMÁCIA

8

600 farmácias podem fechar em 2013

O alerta é do Presidente da ANF, João Cordeiro

A situação de colapso do sector de farmácias é um problema grave de política de saúde. Mas há uma solução à vista, com a grande vantagem de não agravar o preço dos medicamentos. Assim o Governo siga a recomendação do estudo da Nova school of business & economics, conduzido por Pedro Pita barros, bruno Martins e Ana Moura.

9

FARMÁCIA

anf •••

o Presidente da Associação Nacio-nal das Farmácias (ANF) alertou o País para uma situação absoluta-mente dramática: “As nossas esti-mativas apontam para o encerra-mento de 600 farmácias em 2013. Foi o estado que conduziu o sector à situação de colapso em que se en-contra, através das medidas legisla-tivas que lhe impôs, sem qualquer avaliação prévia ou posterior do seu impacto. só o estado pode corrigir essas medidas”. As palavras de João Cordeiro foram proferidas no encer-ramento do workshop A economia da Farmácia e o Acesso ao Medica-mento, promovido a 12 de setembro, na universidade Nova de lisboa.e numa altura em que tanto se fala em equidade, sobretudo na falta dela, o Presidente da ANF foi taxati-vo ao dizer que “não há equidade nas medidas de austeridade adoptadas pelo Governo, entre as farmácias e os hospitais”. e explicou porquê: “Nas farmácias, os objectivos de poupança são cumpridos e ultrapas-sados. Nos hospitais, os objectivos de poupança não são cumpridos e a despesa com medicamentos man-tém-se praticamente inalterada”. os números dão razão a João Cor-deiro, desde logo os 130 milhões de euros que o estado vai poupar em 2012 com medicamentos em ambu-latório. Já nos hospitais, a despesa pública terá um agravamento de 186 milhões de euros acima do previs-to. tudo somado e em apenas dois anos, sublinha o Presidente da ANF, “o mercado de medicamentos em ambulatório reduziu 731 milhões de euros”. os pratos da balança estão tam-bém muito desnivelados entre os medicamentos genéricos e os me-dicamentos de marca: desde 2009, o preço médio dos medicamentos genéricos caiu 56,8%, enquanto que no mesmo período o preço dos me-dicamentos de marca reduziu 6,1%. Perante esta realidade, João Cor-deiro aponta medidas urgentes: “É necessário introduzir mecanismos de concorrência no domínio dos medicamentos de marca, avaliar os ganhos em saúde com a introdução de novos medicamentos e ponderar

a aquisição de medicamentos por concurso público para o ambulató-rio”. tudo isto, sem prejuízo do novo regime de prescrição por DCI, cujos méritos as farmácias não se cansam de referir, desde logo por aliviarem os portugueses nas suas despesas com medicamentos.Mas, se não surgirem medidas ime-diatas, o facto é que o colapso das farmácias vai atingir proporções verdadeiramente dramáticas. os números, mais uma vez, aí estão a pintar de negro toda esta realidade: em Junho deste ano, havia já 1.131 farmácias com os fornecimentos suspensos nos grossistas, e 457 com processos judiciais para pagamento de dívidas. “o montante global da dívida litigiosa aos grossistas era de 235 milhões de euros, em Junho passado, mas pelos dados entretan-to recolhidos, esse montante cres-ceu para 300 milhões de euros em apenas dois meses”, assinala o Pre-sidente da ANF.Perante a gravidade da situação, João Cordeiro diz que só o estado pode corrigir as medidas erradas que tomou e que levaram o sector à situação de colapso. Desde logo, com a adopção de medidas como as sugeridas pelo estudo da Nova scho-ol of business & economics, apre-sentado no referido workshop: “Para que a farmácia média atinja um re-sultado económico nulo, carece de uma remuneração adicional de 2,43 euros por receita ou de 0, 94 euros por embalagem, para os actuais ní-veis de preços dos medicamentos.”De acordo com o Presidente da ANF, essas novas medidas têm a van-tagem de poderem ser adoptadas “sem acréscimo de despesa”, ou seja, sem agravamento do preço dos medicamentos.

a continuarem assim, as farmá-cias não vão sobreviver…A gravíssima situação económica e financeira em que está mergulha-

do o sector das farmácias é razão bastante para levar Portugal a ler o essencial das principais conclusões de mais um estudo muito pertinen-te, desta vez sob o título A economia da Farmácia e o Acesso ao Medica-mento, da Nova school of business & economics, apresentado a 12 de setembro, em lisboa. os autores desse estudo – Pedro Pita barros, bruno Martins e Ana Moura – assumiram o compromis-so de perceber como funciona ac-tualmente o sector das farmácias, usando o modelo que em 2005 foi apresentado pela Autoridade da Concorrência (AdC) e actualizar em Julho de 2012 os primeiros re-sultados divulgados. Depois, tra- taram de analisar o impacto do novo sistema de margens de negó-cio das farmácias. e, finalmente, procuraram uma explicação para a realidade deste sector, a partir da visão dos utentes das farmácias e dos farmacêuticos. Na linha de outro trabalho de pes-quisa recente – esse da univesida-de de Aveiro – também este estudo permite concluir que, nas condi-ções actuais, as farmácias não têm condições de sobrevivência.olhando com mais detalhe as con-clusões agora apuradas, é assina-lado que “o preço médio por recei-ta médica reduziu cerca de 20%”, quando, em 2005, a AdC estimava em 5% o limite da redução supor-tável pelas farmácias. Para se ter uma ideia da dimensão real do pro-blema, importa ver também que, considerando as previsões da Adc para 2010 e a evolução dos preços até ao presente, “a farmácia média estará a funcionar com margem negativa”. As afirmações preocupantes suce-dem-se, confirmando um sector em colapso: “As farmácias defrontam uma situação económica em que a actividade normal não permite cobrir os custos fixos numa maio-ria de estabelecimentos”. Para os responsáveis do estudo, a man-ter-se este cenário “a resposta passará por perdas para os pro-prietários ou encerramento de far-mácias para evitar essas perdas”.

10

anf •••

Mais troikistas que a troika?...

Ao avaliarem os efeitos da alteração da forma de cálculo das margens do negócio das farmácias, os investiga-dores concluíram que o valor da redu-ção dessas margens vai para além do valor previsto no tão falado Memoran-do de entendimento com a troika. Mais: para compensar o efeito da perda de margens, está aberto o caminho para a redução entre 30% a 51% do número de farmacêuticos a trabalhar nas farmácias (que, no limite, poderão ser menos 4.117) ou a uma redução entre 36% a 62% do número de ajudantes (que, no limite, poderão ser menos 8.005).esta verdadeira tempestade está a varrer o sector em todas as latitudes – ou seja, “em todas as zonas geo-gráficas há farmácias a enfrentar dificuldades, não sendo este um pro-blema localizado ou restrito a uma área geográfica em particular”.Quanto ao impacto das novas mar-gens nas famílias, tanto na perspec-tiva dos utentes como dos farmacêu-ticos, as conclusões mostram que “23% dos utentes inquiridos referem ter abdicado de comprar medica-

mentos, dos quais 60% por motivos financeiros”, números em linha com um estudo de 2010; já relativamente a um inquérito dirigido a proprietários ou directores técnicos, é notório “um aumento do número médio de horas semanais de funcionamento e da per-centagem de farmácias que paga aos fornecedores em 90 ou mais dias”.elucidativo é ainda o facto de cerca de 92% dos farmacêuticos revelar ser--lhe difícil obter medicamentos junto do fornecedor “quase todos os dias” e apenas 6% confessar ter problemas “ algumas vezes por semana”. também neste caso, o estudo permite concluir que as dificuldades afectam geografi-camente a generalidade do País – e não zonas específicas.

entretanto, a sua farmácia está de luto…Cada vez mais confrontadas com o co-lapso, as farmácias têm em marcha uma grande acção de sensibilização da opinião pública – FARMÁCIA De luto.o objectivo é muito claro: em cada far-mácia, o utente é convidado a conhecer as principais mensagens de um sector que está a morrer. e convocado a assi-nar uma Petição que se apresenta em

defesa dos seus interesses no acesso ao medicamento.o mesmo é dizer: “Para evitar o colapso, faça-se ouvir em www.farmaciadeluto.pt . Não deixe que a sua farmácia en-cerre. Contamos com a sua solidarie-dade, porque queremos continuar a garantir aos portugueses um acesso de qualidade aos medicamentos”. É o apelo deste movimento que envolve farmacêuticos, jovens farmacêuticos, estudantes de farmácia e os profissio-nais que trabalham na farmácia.este é também um movimento solidá-rio envolvendo Portugal inteiro. unindo as farmácias aos seus utentes. Na de-fesa emergente de uma solução... ur-gente. De facto, a cada dia que passa, sucedem-se os motivos de preocupa-ção e desespero para um sector que, a manter-se esta política do medica-mento, terá o seu futuro irremediavel-mente perdido.Portugal e os Portugueses esperam, naturalmente, que esta não seja a crónica de uma morte anunciada, quando, ainda por cima, há uma solução à vista… uma solução que garante a sustenta-bilidade das farmácias e o acesso de qualidade aos medicamentos.sem implicar, para o utente, qualquer custo acrescido. A farmácia está de luto.

a negra realidade dos números

1.131 farmácias com pagamentos suspensos

457 farmácias com processos judiciais

235 milhões de euros de dívida litigiosa

40 mil euros de resultado líquido negativo na farmácia média

600 farmácias podem fechar em 2013

11

FARMÁCIA

12

gripe •••

esp

ecia

l

A entrada do outono no calendário é sinónimo de início da época gripal. significa que o vírus causador desta doença aguda viral que afecta predominantemente as vias respiratórias está mais activo, deixando mais vulneráveis alguns grupos da população. Mas prevenir a infecção ou, pelo menos, diminuir as suas consequências é possível graças à vacinação.

A influência de um vírus

A gripe é uma doença viral que, to-dos os anos, tem um elevado impacto na saúde das pessoas, bem como na economia do país, na medida em que é responsável por um aumento das idas às consultas e urgências hos-pitalares, mas também por um elevado absentismo escolar e laboral.Ainda assim, nem sempre a gripe é de-vidamente valorizada, pelo facto de ser confundida com a constipação. Ambas são infecções respiratórias mas distin-guem-se nos sintomas e na gravidade.

e isto porque o vírus causador da gripe – o vírus influenza – é muito agressi-vo, transmitindo-se muito facilmente. basta um acesso de tosse, um espir-ro ou até a fala para que gotículas de saliva sejam expelidas e, se estiverem infectadas, num instante espalham a doença. e em pouco tempo uma única pessoa pode infectar muitas outras.também o seu curto período de in-cubação contribui para a perigosida-de do vírus: é que uma pessoa pode transportá-lo consigo durante muito

tempo, sem saber que está doente mas infectando outras. e as crianças ainda o transportam por mais tempo do que os adultos, o que as torna as principais disseminadoras da gripe. Além disso, é um vírus versátil, o que significa que se apresenta todos os anos com características diferentes – são as estirpes, que vão evoluindo a cada Inverno a partir das suas origens asiáticas até se manifestarem no oci-dente. Nesse percurso, há mudanças que podem ser difíceis de prever.

13

FARMÁCIA

14

sintomas e consequênciasNos adultos a gripe manifesta-se habi-tualmente por início súbito de mal-es-tar, febre alta, dores de cabeça, dores articulares e musculares e tosse seca. Nas crianças, os sintomas dependem da idade, sendo que os sintomas gas-trintestinais, como náuseas, vómitos e diarreia e, os respiratórios são fre-quentes.De um modo geral, a gripe é uma infec-ção benigna, que acontece numa época do ano em que abundam outras infec-ções respiratórias. Nos idosos e nas pessoas com doenças crónicas é fre-quente surgirem complicações, como a pneumonia, ou agravar-se a doença já existente.

tratar e prevenirtratar a gripe é possível, não existindo, contudo, um medicamento específico.

o tratamento dirige-se aos sintomas, podendo incluir a toma de medicamen-tos para baixar a febre a aliviar as dores ou para atenuar a tosse e desconges-tionar o nariz. outros cuidados, como vapores de água, também ajudam a respirar melhor. Além disso, a ingestão abundante de líquidos é essencial para combater o risco de desidratação devi-do à febre. o repouso também é reco-mendado.Contudo, é sempre melhor prevenir as possibilidades de contágio. o que passa, desde logo, por evitar o contacto directo com doentes, por limitar a presença em espaços confinados e onde se concen-trem muitas pessoas – dada a facilidade com que o vírus se dissemina. Prevenir é também sinónimo de adoptar alguns cuidados de higiene – simples, mas efi-cazes: usar lenços descartáveis para se assoar e deitá-los fora após cada uti-lização, tapar a boca quando tosse ou espirra com um lenço de papel ou com o antebraço (não utilizar as maõs), la-vando as mãos após cada uma destas situações.

gripe •••

vacinar, quem e porquê?

A vacina contra a gripe é recomen-dada a todas as pessoas com maior risco de sofrer complicações após a gripe, nomeadamente os idosos, pessoas com mais de 6 meses de idade e com doenças crónicas dos pulmões, coração, fígado ou rins, diabetes ou com outras situações que diminuam a resistência às in-fecções. A vacinação reduz o risco de contrair gripe e se a pessoa vacinada for in-fectada a doença será mais ligeira e o risco de complicações menor. o vírus da gripe sofre modificações frequentemente pelo que a vacina é diferente em cada ano. Por este mo-tivo, a vacina deve ser administrada todos os anos, preferencialmente no mês de outubro, mas pode ser ad-ministrada durante todo o outono/inverno.

15

FARMÁCIA

16

gripe •••

Desde 2007 que as farmácias podem administrar vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação. É o caso da vacina contra a gripe sazonal. Des-de essa altura que as farmácias pro-movem anualmente uma campanha nacional na área da vacinação contra a gripe sazonal. Nesta acção os uten-tes recebem informação sobre a gri-pe, sintomas e consequências e ainda sobre as vantagens da vacinação. são também informados sobre o serviço de vacinação disponível nas farmácias. um serviço de conveniência, na medi-da em que permite que a aquisição e a administração da vacina se façam no mesmo espaço, mediante a apresenta-ção de receita médica, com toda a co-modidade e segurança.este ano a campanha estará de novo nas farmácias. À semelhança do ano passado, esta iniciativa associa a gri-pe às doenças pneumocócicas, termo usado para descrever as infecções que são provocadas pela bactéria que cau-sa, entre outras doenças, a meningite e a pneumonia. A pneumonia, situação frequente e grave no adulto, em parti-cular nos mais idosos, é uma das prin-cipais complicações da gripe, estando o número de casos de internamento e de óbitos a aumentar, de acordo com informação do observatório Nacional das Doenças Respiratórias. tal como

Vacine-se na sua farmácia

As farmácias portuguesas são palco, este mês de outubro, de uma campanha de sensibilização para a importância da vacinação como ferramenta de prevenção da gripe sazonal e das doenças pneumocócicas. Vacinas que os utentes podem contar com a sua administração na própria farmácia, com toda a comodidade, rapidez e segurança. bastam cinco minutos para se vacinar na sua farmácia.

17

FARMÁCIA

18

gripe •••

a gripe, as doenças pneumocócicas também podem ser prevenidas por va-cinação. “Vacine-se contra a gripe e doenças pneumocócias na sua farmácia” é, assim, a mensagem a passar durante o mês de outubro nas farmácias por-tuguesas. e porquê outubro? Porque é nesta altura do ano que a vacina contra a gripe deve ser administrada, de modo a atingir a eficácia máxima na altura em que o vírus da gripe está mais acti-vo, ou seja, nos meses de Inverno.A vacina contra a gripe deve ser ad-ministrada todos os anos, preferen-cialmente em outubro, mas pode ser administrada durante todo o outono/inverno. Já a vacina anti-pneumocócica pode ser administrada em qualquer altura do ano e, em regra, nos adul-tos é necessária apenas uma única dose para que a protecção se prolon-gue por toda a vida. esta é uma cam-panha que decorre durante o mês de outubro. Contudo, a intervenção da farmácia mantém-se ao longo de todo o ano, pelo que os utentes podem, a qualquer momento, solicitar informa-ção e esclarecimentos sobre a gripe e

as doenças pneumocócicas e sobre a vacinação. Com esta acção as farmá-cias propõem-se contribuir para o au-mento da cobertura vacinal nos grupos de risco. De acordo com a estimativa máxima do Centro de estudos e Ava-liação em saúde da ANF (CeFAR), que avalia anualmente este serviço, a taxa de vacinação contra a gripe nas farmá-cias na época 2010/2011 foi de 44,2%, o que representou um crescimento de 17 pp face ao ano anterior e comprovou a crescente preferência dos utentes pelas farmácias. A cobertura vacinal atingiu 45,0% na população com 65 ou mais anos e as farmácias podem ter contribuído entre 6,6% e 10,3% para a concretização deste valor.De sublinhar que, de acordo com o Re-latório do Instituto Nacional de saúde Dr. Ricardo Jorge sobre a vacinação antigripal da população portuguesa em 2010/11, a farmácia foi o local mais frequentemente escolhido pelos portu-gueses para a administração da vacina (42,4%), inclusive os indivíduos com idade superior ou igual a 65 anos quan-do considerados isoladamente (40,7%).Vacine-se na sua farmácia portuguesa.

saudável o ano inteiroPara manter a gripe bem longe, nada melhor do que adoptar al-guns hábitos saudáveis:

lave as mãosAs suas mãos estiveram em contacto com germes durante todo o dia. A melhor de livrar--se deles é lavar as mãos. lave as mãos antes de preparar as refeições, depois de mexer em carnes cruas e antes de servir os alimentos. Certifique-se que toda a gente à mesa segue as mesmas práticas de higiene.

DescanseHoje em dia, a maioria das crianças e adultos não dorme o suficiente. Quando o corpo não descansa o suficiente, exis-tem maiores probabilidades de adoecer.

Vacine-se contra a gripeIndependentemente da idade, a vacina contra a gripe é sempre um excelente meio de preven-ção. A vacinação adquire uma especial importância para pes-soas idosas e pessoas com do-enças crónicas.

faça exercícioexistem fortes indicadores que dizem que quem pratica des-porto adoece com menor fre-quência. o exercício é impor-tante durante todo o ano, mes-mo durante o inverno. tenha um plano para manter-se activo durante o inverno, como vídeos de exercícios, saltar à corda ou praticar natação. Não se esque-ça de levar os seus utensílios de treino quando viaja, pratica-mente todos os hotéis possuem ginásios e piscinas cobertas onde poderá praticar um pouco de desporto.

em parceria: com o apoio:

19

FARMÁCIA

20

crianças •••

em setembro, as férias terminam e é tempo de regressar às aulas. Apesar do nervosismo que este período possa causar nas crianças, e até mesmo nos pais, a escola acaba por ser sempre sinónimo de diversão e de aprendizagem.

o período escolar é, habitualmente, uma fase mais cansativa. Au-las, estudo, actividades e muita brincadeira fazem de cada dia uma verdadeira prova de esforço. Mas para que os mais novos possam tirar o máximo partido da escola e aprender e brincar com toda a energia, há que ter em atenção alguns pormenores como um

pequeno-almoço equilibrado, o descanso adequado, a postura corporal e até o peso das mochilas.

dá saúde e faz…aprenderComer bem e de forma equilibrada é a chave para um cresci-mento saudável e, consequentemente, para uma boa apren-dizagem e desempenho físico. e nada melhor que começar

com um bom pequeno-almoço.A verdade é que por circunstâncias diversas, por vezes, não é dada a devida atenção a esta refeição

no entanto existe uma estreita relação entre a ali-mentação e o rendimento escolar.

erros mais frequentes, dificuldades de concentração e falta de interesse pela escola são as principais consequências de uma deficiente alimentação matinal. Ir em jejum para a escola é, por isso, to-talmente desaconselhado! A “receita” ideal deve ser completa, equilibrada e variada, e combinar hidra-tos de carbono – como pão ou cereais –, produtos lácteos - como o leite ou deri-vados – e fruta ou sumo natural. um pequeno-almoço correcto é o pri-meiro passo para o sucesso escolar.

com a escola às costasAs mochilas são um dos acessórios favoritos das crianças, mas também um dos seus piores inimigos. Às cos-tas, os mais novos carregam um peso excessivo de materiais, entre livros, cadernos e estojos. o peso ultrapas-

bem-vindos à escola!

21

FARMÁCIA

22

sa, na maior parte dos casos, o limite definido pela organização Mundial de saúde, estabelecido em 10 por cento do peso da criança.A realidade é que este cenário traz vá-rias consequências para a saúde dos mais novos, com as dores de costas (dores lombares) e, em casos mais ex-tremos a escoliose, a serem cada vez mais comuns entre crianças em idade escolar. Preocupantes são, aliás, os dados avançados pela oMs que esti-mam que 85 por cento da população tem, teve ou terá um dia dores lomba-res. Devido ao peso excessivo suporta-do pelas crianças e à má postura, fre-quentemente adoptada, actualmente as complicações lombares constituiem um problema que surge em idades cada vez mais precoces.

Mochilas e posturaAjudar a criança a organizar a mo-chila e colocar apenas o material

necessário para as disciplinas do dia são cuidados importantes a ter na prevenção de problemas futuros. A escolha da mochila deve ter em conta alguns critérios: as mochilas não devem ser grandes; a largura deve acompanhar a superfície das costas da criança; as alças, devem ser largas, acolchoadas e ajustá-veis, e devem ser bem ajustadas ao corpo. Devem ser usadas as duas alças. suportar a mochila num só ombro é um hábito comum entre as crianças e jovens, mas completamente desa-dequado do ponto de vista da saúde. Ideal é a utilização das mochilas com pequenas rodas, devendo con-tinuar a ser dada atenção ao peso. Hoje em dia, existem vários modelos com cores para todos os gostos.É importante dar a atenção à postu-ra das crianças para detectar even-tuais desvios. uma postura incor-recta (posição inclinada, os ombros descaídos ou desnivelados), justifica a consulta de um especialista.

à mesa com a aprendizagem

Na escola e também em casa, no momento de estudar é muito im-portante onde e como as crianças se sentam. estarem comodamente sentadas é o primeiro passo para estarem concentradas e executarem com sucesso as suas tarefas. um equipamento desajustado causa desatenção e cansaço e reflecte-se negativamente na aprendizagem. estas necessidades não são, muitas vezes, devidamente, atendidas nas escolas, uma vez que os estabele-cimentos de ensino estão equipa-dos de uma forma padronizada, sem atender às diferentes estruturas fí-sicas. em casa será mais fácil ajus-tar o local de estudo a cada criança, devendo ser tidas em consideração as seguintes características:• As cadeiras Devem permitir um bom apoio

23

FARMÁCIA

crianças •••

dos pés, evitando demasiada pressão sobre a coxa ou sobre a região lombar - o assento deve ser paralelo ao chão estar colo-cado a uma altura equivalente à distância do chão à parte inferior da coxa.

A profundidade do assento deve permitir que as nádegas e as costas fiquem junto ao encosto da cadeira. e o assento deve ser suficientemente largo para que as duas coxas fiquem apoiadas numa posição relaxada.

• A secretária A secretária deve permitir que a

criança, quando sentada, tenha os ombros relaxados e os antebraços apoiados.

Não pode ser demasiado alta, para evitar que a criança se pen-dure, nem demasiado baixa, para que a criança não tenha de se curvar.

o tampo deve ser suficientemente grande para conter todo o mate-rial necessário ao desempenho de cada tarefa, mas ao alcance da mão, para que a criança não te-nha que alterar a sua postura.

o descanso dos reis É sabido que os dias de aulas são bastante cansativos, mental e fisi-camente e, como tal, é necessário um bom período de descanso para o equilíbrio da criança.o sono é fundamental para a apren-dizagem, não só por ser altura de re-pouso para o cérebro, mas também por contribuir para memorização e sedimentação do conhecimento. De acordo com a idade da criança, as necessidades de sono variam: na idade do pré-escolar, por exemplo, a criança deve dormir entre 10 a 12

horas nocturno (caso haja grande re-sistência às sestas).Com a entrada no primeiro ciclo do ensino básico, devem ser garantidas pelo menos 10 horas de sono noc-turno.À medida que a idade, avança a von-tade de dormir torna-se menor e perto da adolescência as horas de sono começam a reduzir, sendo que a necessidade diária de sono do ado-lescente se situa em torno de 8 a 10 horas. Cabe aos pais transmitir aos filhos a importância das horas de re-pouso durante a noite, com hábitos que devem ser incutidos desde mui-to cedo.No entanto, mais do que isso, a hora do sono é importante pelos momen-tos que a antecedem: estes devem ser tranquilos e aproveitados para que a criança, com os pais, recorde as actividades que fez, partilhe sonhos e confissões, podendo depois sonhar em paz e recarregar baterias!

24

pele •••

A psoríase é uma doença crónica da pele que, em Portugal, afecta cerca de 2 a 3% da população. É ainda pouco conhecida pelo público em geral, que frequentemente lhe atribui conotações negativas e a confunde com doenças contagiosas.

Psoríasenão é contagiosa

A psoríase é doença crónica da pele, não contagiosa e auto-imune que pode surgir em qualquer idade. o seu aspecto, extensão, evolução e gravidade são muito variáveis, ca-racterizando-se, geralmente, pelo aparecimento de lesões vermelhas, espessas e descamativas, que afec-

dia Mundial da psoríase

No dia 29 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Psoríase que, sob o tema “Psoríase, um desafio de saúde global“, pretende em 2012 chamar a

atenção para as várias doenças asso-ciadas à Psoríase, como a depressão

ou o risco de desenvolver doenças car-diovasculares. Informe-se com o seu

dermatologista ou farmacêutico.

tam sobretudo os cotovelos, joe-lhos, palma das mãos, planta dos pés, costas, região lombar e couro cabeludo. Nos casos mais graves as lesões cobrem extensas áreas do corpo. As unhas são também frequentemente afectadas, com al-terações que variam entre o quase

imperceptível e a sua destruição. sabe-se que é uma doença geneti-camente determinada, que envolve alterações no funcionamento do sistema imunitário, que provocam inflamação e o aumento da veloci-dade de renovação das células da epiderme (camada mais superficial

25

FARMÁCIA

pele •••

da pele). Mas a doença pode ainda derivar de ou-tros factores, sejam eles imunitários ou ambien-tais (queimaduras solares grave, irritação da pele, cremes, infecções estreptocócicas - espe-cialmente nas crianças -, contusões, arranhões, entre outros). Dos três factores referidos, a genética é o que maior relevo ocupa. o facto de ser geneticamen-te determinada não implica que a hereditarieda-de de pais para filhos seja obrigatória. Contudo, verifica-se uma maior probabilidade de apareci-mento da doença em pessoas que tenham fami-liares portadores da mesma.os acontecimentos stressantes, a má alimen-tação e a ingestão de bebidas alcoólicas podem também desempenhar um papel no despoletar da doença.A doença pode afectar homens e mulheres em qualquer idade, embora a medicina já tenha identificado duas fases especialmente críticas: início da fase adulta e após os 40 anos de ida-de. Além disso, surge com mais frequência nos países de clima frio. A falta da luz do sol e o au-mento da secura da pele por causa do frio e dos aquecimentos são considerados factores de ris-co. A psoríase é uma doença inestética e estigmati-zante que pode ter um forte impacto psicológico e social nos doentes porque condiciona relações familiares, sociais e profissionais. Na mulher, todos estes factores parecem assumir maior relevo, nomeadamente se ocorrer envolvimento da face, couro cabeludo, mãos, unhas ou órgãos genitais. As doentes têm ainda de lutar contra o custo elevado dos produtos de higiene e hidrata-ção da pele, bem como dos champôs recomen-dados pelo dermatologista ou farmacêutico. Cuidados e tratamentoNão existe uma cura definitiva para a psoríase, mas sim um conjunto variado de tratamentos, cujo uso isolado ou em associação permite con-trolar os sintomas na maioria dos casos. Cada doente tem a sua especificidade, pelo que estas terapêuticas devem ser usadas criteriosamente, de acordo com as indicações adequadas para cada caso e a respectiva fase de evolução. são elas as terapêuticas tópicas (cremes e loções), a exposição solar, a fototerapia e a utilização de medicamentos sistémicos. Aconselha-se um es-tilo de vida saudável, procurando evitar o stress, alternando períodos de repouso e lazer, dormir bem e usar roupa confortável. Devem ser evita-das as gorduras saturadas e as bebidas alcoóli-cas, sendo que as dietas devem ser enriquecidas e reforçadas com óleos de peixe, vitaminas e an-tioxidantes (frutas, vegetais).

26

do consuMidor

Mário beja santos

Foto

: Nun

o A

ntun

es

diálogo

o que sãoparasitoses intestinais?A organização Mundial de saúde estima em 3,5 biliões as pessoas afectadas por para-sitas intestinais das quais 450 milhões são crianças com doença declarada. estas pa-rasitoses continuam a ser uma dor de cabe-ça em termos de saúde pública nos países em desenvolvimento. A mudança operada nos modos de vida e nas condições higié-nico-sanitárias do nosso país leva a consi-derar que o problema de parasitoses ainda persiste mas deixou de ser um preocupante problema de saúde pública em Portugal (de facto a taxa de parasitismo intestinal é muito baixa entre nós). Mas a sua preven-ção e controlo continua no topo da agenda da saúde pública. Importa recordar que nas crianças filhas de imigrantes a taxa de parasitismo é superior, o que coloca estas crianças numa situação de maior vigilância. É provável que o leitor nunca tenha ouvido falar em ascaridíase, teníase, na amebía-se, na giardíase e oxiuríases, infestações causadas por parasitas que podem apare-cer nos intestinos das crianças e adultos. Recorde-se que há mais de 100 tipos dife-rentes de parasitas intestinais, que podem entrar no corpo através do nariz, da pele, dos alimentos, da água e por via das picadas dos insectos. A vulnerabilidade do organis-mo da criança leva-nos a compreender a importância em estarmos atentos aos si-nais e sintomas destes parasitas que podem prejudicar, com maior ou menor gravidade, a evolução da gente pequena.o que é fundamental reter é que estes pa-rasitas aproveitam-se dessa debilidade do

organismo da criança, instalam-se no intes-tino, depois depositam os ovos na margem anal ou fezes e esses ovos disseminam-se, por hipótese, através das mãos, brinquedos e outros elementos do uso quotidiano. e quando uma criança entra em contacto com outra que está infectada, ou com um brin-quedo contaminado, e depois leva as mãos à boca, também esses ovos dos parasitas po-dem entrar no organismo através do apare-lho digestivo, para além da entrada através de alimentos e água contaminados.

como se manifestam as parasitosesAs parasitoses podem passar muito tempo despercebidas, há contudo alguns sinais de alerta como a comichão no ânus ou zona próxima, alteração do sono, irritabilidade ou nervosismo excessivo. Ao sentir comichão, a criança coça o rabinho e contamina os seus dedos, especialmente debaixo das unhas. Assim, através das suas mãos, pode conta-giar membros da família, companheiros de infantário ou escola.Há alterações associadas à infestação, po-dem traduzir-se em perda de apetite ou de peso, alterações gastrointestinais, má absorção de nutrientes e até problemas de crescimento. As manifestações mais co-muns são as dores abdominais (pode dar-se o caso dos pais confundirem estes parasitas com alergias alimentares), gases e inchaço; as crianças também podem sofrer de fadiga devido aos parasitas utilizarem os nutrien-tes da criança (o nível de fadiga, claro está, fica dependente do nível de infestação); a perda de peso é também entendida como

uma das manifestações a que os pais de-vem estar atentos, examinando as fezes da criança para detectarem os vermes; outro sintoma é a diarreia e problemas intestinais.em suma, os pais e encarregados de educa-ção devem estar alertados que pode haver uma parasitose intestinal num quadro de uma qualquer destas manifestações: dor abdominal persistente; diarreia; náuseas ou vómitos; gases ou barriga inchada; disen-teria; comichão à volta do ânus ou da vulva; sensação de cansaço ou perda de peso.

Quais as medidas de precaução mais aconselháveisA higiene irrepreensível é uma barreira que nunca se deve descurar. É preciso es-tar atento ao ambiente onde vive a criança, a começar pelas nossas casas. A criança tem que estar protegida dos germes dos animais domésticos, eles são muitas vezes hospedeiros de microorganismos e parasi-tas que podem ser transmitidos aos seres humanos. Neste ponto, são recomendáveis as seguintes medidas: tratar regularmente os cãos ou gatos contra as pulgas e para-sitas (peça conselho ao seu veterinário); durante os seis primeiros meses de vida da criança reduzir drasticamente contactos com animais, é neste período que se vai de-senvolver o seu sistema imunitário; há que explicar às crianças que ele não deve tocar nos recipientes da comida dos animais, nas suas mantas ou alcofas e deve lavar siste-maticamente as mãos após ter tocado num animal, nunca devendo levar os dedos à

pArASitoSES intEStinAiS nAS CriAnçAS:Saiba como tirar partido do aconselhamento farmacêutico

27

FARMÁCIA

boca até lavar as mãos, deve estar interdito o acesso dos animais ao quarto da criança, nem pensar que o cão ou gato possa dormir junto do leito da criança.outras medidas de grande significado são a prevenção das diarreias e gastroenteri-tes. tudo começa pela adesão às regras de higiene de base que são a melhor maneira de limitar os riscos da contaminação. Não nos devemos esquecer que as creches e os infantários são locais propícios à propaga-ção das epidemias de diarreias. Porque as crianças sofrem frequentemente de diar-reia. É através das diarreias e das gastroen-terites que se pode dar a infecção de outras crianças. Aliás, recomenda-se que as crian-ças infectadas e que frequentam creches ou infantários deverão manter-se em evicção até ao desaparecimento da diarreia.Nunca se deve perder de vista que o controlo dos parasitas passa por uma melhoria das condições higiénico-sanitárias, por altera-ções dos hábitos sanitários (por exemplo: lavar sempre as mãos depois de ir à casa de banho, antes das refeições e depois de mu-dar a fralda; manter as unhas curtas e bem escovadas; evitar que a criança coce a re-gião à volta do ânus). Para evitar o contágio dentro de casa, recomenda-se que se lave a roupa a temperaturas superiores a 55º C, que se aspire a casa em todos os pontos em que se preveja poder ter havido fontes de contágio, devem-se lavar os brinquedos nas situações em que houve contacto com animais e deve permitir-se a entrada de luz no quarto da criança pois os parasitas são muito sensíveis à luz.

Quais os tratamentos para os parasitas intestinaisHá autores que destacam a componente ali-mentar e até o recurso a certos suplemen-tos, mas estes sempre com aconselhamen-to de um profissional de saúde. Atribui-se às cenouras propriedades que desencorajam os parasitas; os alimentos carregados de fibras são sugeridos e temporariamente de-saconselhados os alimentos altamente refi-nados, como o pão branco, toda a comida re-finada e até sumos de fruta, recomendam--se os probióticos, o reforço em vitamina C e o suplemento em zinco.o diagnóstico de parasitose mais comum para a oxiuríase é um teste que consiste em colocar um pedaço de fita adesiva trans-parente sobre a região anal, à noite, com o objectivo de que os ovos do parasita fiquem agarrados à fita. Como é evidente, é na aná-lise laboratorial das fezes que se irá detec-tar a a presença do parasita ou dos seus ovos nas fezes e qual o tipo de parasitose.

o tratamento consiste em tomar o antipa-rasitário durante um ou mais dias, havendo necessidade, em certos casos, de proceder à repetição da dose duas semanas depois. esta repetição do tratamento visa destruir os parasitas que entretanto eclodiram dos ovos que não tinham sido destruídos quando do primeiro tratamento, visto a maioria dos medicamentos só afectarem os parasitas e não os ovos. A colheita de sangue tem pouca utilidade para o diagnóstico. Durante muito tempo julgou-se haver ne-cessidade de se procederem a desparasita-ções sistemáticas; hoje há consenso de que não se justificam as desparasitações sem evidência de parasitose. Não se justifica, portanto, a desparasitação periódica feita por rotina às crianças em idade pré-escolar. sabe-se, aliás, que o uso generalizado dos antiparasitários pode conduzir ao desen-volvimento de resistências, com redução da eficácia dos fármacos usados actualmente como primeira linha.

use e abuse do aconselhamento farmacêuticoHá manifestações precoces que podem indiciar uma situação de parasitose intes-tinal na criança: a perda de peso, fadiga, alteração do apetite, os sintomas gastroin-testinais, a prostração, o prurido anal, entre outras. em todos estes casos deve-se recor-rer ao aconselhamento farmacêutico, pode haver vantagem em fazer-se um rápido en-caminhamento médico. o regime alimentar da criança pode ser objecto dessa conversa, sem prejuízo do que está prescrito pelo pe-diatra. Hoje em dia há antiparasitários não pres-critos pelo médico, como é evidente para aqueles casos em que se detecta uma para-sitose intestinal, aqui o aconselhamento far-macêutico é incontornável, compete a este profissional de saúde apurar junto dos pais que outra medicação a criança está a fazer.Nos casos manifestos da disenteria ou gas-troenterite, o seu farmacêutico pode ter um importante desempenho referindo-lhe as medidas de precaução que são essen-ciais e como prevenir ou tratar as eventu-ais complicações associadas a estes casos de diarreia nas crianças (não esquecer que uma diarreia abundante pode rapidamente provocar desidratação e uma perda de sais minerais e até pode haver casos em que seja necessário embeber compostos para rehidratação). Não hesite em entrar na sua farmácia para saber mais como prevenir es-tas parasitoses e como actuar em casos de suspeita ou tratamento nas situações mais benignas.

28

uso ADeQuADo Dos MeDICAMeNtosos utentes devem ler cuidadosamente as informações constantes da emba-lagem externa ou do folheto informativo e, em caso de dúvida, consultar o médico ou o farmacêutico quando persistem os sintomas.

PRoDutospara o seu bem-estar

DirECtorDr. Paulo Duarte

email [email protected]. 213 400 600

www.anf.pt

EDitor

rEDACçãoedifício lisboa oriente

Av. Infante D. Henrique, 333H, 44, 1800-282 lisboa

tel. 218 504 060, Fax 210 435 [email protected]

DirECtorA ComErCiAlMaria luís

[email protected]. 961 571 629

ConSultorA ComErCiAlsónia Coutinho

[email protected]. 961 504 580

ASSinAturAS1 ano, 12 edições, 10 euros

Portugal Continental e Regiões Autónomas

imprESSão E ACAbAmEntoSogapal Rua Mário Castelhano

Queluz de baixo 2730-120 barcarenaDepósito legal N.º103891/96

N.º 120.309 do ICs

Periocidade Mensal

Distribuição nas farmácias: Farmacoopewww.anf.pt

IssN 0873-5468

este exemplar foi oferecido por

espaço para carimbo

marketing

regresso à crecheA pensar nas mães mais zelosas dos seus bebés, a Mustela lança uma campa-nha promocional, que permite assegurar todos os cuidados necessários neste regresso à creche. o conjunto de promoções da Mustela é composto por trios de produtos essenciais ao cui-dado e bemestar dos bebés, criados a pensar na utilização em casa, em passeio e na cre-che. Na compra de duas em-balagens a terceira é oferta!

INFoRMAÇÃoMustelA

equipa completa contra o pé-de-atletase tem de esconder os pés porque sofre de pé-de-atle-ta já não tem mais descul-pas. o AF24® é o novo re-forço contra o pé-de-atleta especialmente recomen-dado para tratar e aliviar os sintomas do pé-de-atleta (comichão, bolhas, gretas, inflamação e odor desagra-dável). Inovador e higénico, AF24® surge em três apresenta-ções, uma equipa completa para tratar e aliviar os sintomas do pé-de-atleta. AF24® spray, rápido e fácil, deve ser usado para zonas mais extensas do pé. AF24® Clic&Go chega ao sítio certo e é uma excelente solução para aplicações localiza-das entre os dedos dos pés. Para uma higiene adequada dos pés, foi desenvolvido o AF24® Pó Probiótico para Calçado, com bactérias benéficas que removem as substâncias orgânicas que podem levar ao aparecimento do pé-de-atleta e ao odor desagradável.

INFoRMAÇÃo AMPlIPHAR

29

FARMÁCIA

produtos •••

o aliado dos homenssão cada vez mais as exigências pessoais e profissionais do quo-tidiano e como nem sempre os homens são de ferro, o suple-mento Win-Fit® es-pecialmente desen-volvido para as neces-sidades masculinas, ajuda a combater o cansaço e a fadiga, fornecendo energia e potência.Dos nutrientes de Win-Fit® man , destacam-se a coenzima Q10 – nutriente com potente ação antio-xidante - e o ginseng, um tónico fortificante que melhora o rendimento físico e o bem-estar. o Win-Fit® man tem ainda na sua composição Vitamina e, Vitamina C, Crómio, selénio, Zinco, Magnésio, l-arginina e Pumpkin seed que ajudam a proteger as células das oxidações indesejáveis, retardando o processo de envelhecimento, atuando simultanea-mente no combate ao cansaço e à fadiga, fornecendo a energia e a potência necessárias para enfrentar o dia a dia com vitalidade.

INFoRMAÇÃoAMPlIPHAR

As faixas térmicas terapêuticas thermaCare® pro-porcionam o alívio das dores musculares e das ar-ticulações através da libertação um calor constante durante oito horas. esta terapia é recomendada para as dores associadas a cansaço e tensão muscular, esforço excessivo, distensões e entorses, e artrite, na região lombar e anca, pescoço, ombros e pulso. A partir de agora, toda a informação necessária sobre os produtos thermacare e a terapia de calor (como funciona e qual o seu papel no relaxamen-to dos músculos) pode ser consultada no site por-tuguês da marca, em thermacare.pt, onde estão disponíveis vídeos com demonstração de exercícios para aliviar as dores musculares.

INFoRMAÇÃoPFIZeR

alívio das dores musculares

30

tabagismo passivo uma ameaça à saúde

Jaime Pina

Fundação Portuguesa do Pulmã[email protected]

Inspire, expireConselhos da Fundação Portuguesa do Pulmão

Quando os navegadores portugueses e espanhóis, nos séculos XV e XVI, trouxeram das Américas a planta do tabaco, estavam longe de imaginar que tinham trazido consigo um grande problema.A planta, que mais tarde o sueco lineu iria batizar com o nome de Nicotiana tabacum, foi posteriormente dissemi-nada um pouco por todo o mundo de então, igualmente pelos povos ibéricos.o século XX é, simultaneamente, o século da vitória do tabagismo e o da descoberta dos seus malefícios. o da vitória porque se assiste a um aumen-to de cem vezes no número de cigar-ros consumidos; o da descoberta dos malefícios porque a ciência consegue descodificar o ambiente químico que resulta da combustão do tabaco e a sua repercussão na saúde humana. Da combustão do cigarro – que arde a cerca de 900 ⁰C – resulta um conjunto de mais de 4000 substâncias químicas, muitas delas nocivas à saúde. De entre estas, realce para as cerca de 50 que são consideradas pela ciência como substâncias cancerígenas: nitrosami-nas, dioxinas, hidrocarbonetos, metais pesados, etc., e que são responsáveis por vários tipos de cancro, com realce para o do pulmão.se estas substâncias são relevan-tes em termos de saúde, não menos relevantes são outras substâncias, altamente irritantes, capazes de pro-vocar inflamação e degradação das

estruturas vasculares e respiratórias, sendo responsáveis por doenças temí-veis como a arteriosclerose e a DPoC. estamos a falar, entre outras, de subs-tâncias como a acroleína, fenóis, peró-xido de hidrogénio, ácido cianídrico e amoníaco.entretanto, a informação científica, inicialmente muito centrada nos fuma-dores activos, evoluiu no sentido dos fumadores passivos. e hoje temos a certeza: os fumadores passivos sofrem dos mesmos males que os activos.As grávidas fumadoras, para além de terem taxas de infertilidade mais ele-vadas, têm mais abortos espontâneos, geram fetos mal desenvolvidos, bebés com baixo peso ao nascer, maior pre-maturidade e morte fetal. É o impacto do fumo do tabaco nestes seres em formação, fumadores passivos sem o saber.outro grupo igualmente muito vulne-rável é o das crianças. Consideram-se que existem 700 milhões de crianças expostas ao fumo do tabaco, na maioria dos casos proveniente de pais fumado-res que fumam em casa. são crianças mais frágeis do ponto de vista respira-tório, com maior incidência de otites, faringites, bronquiolites, bronquites e pneumonias. são crianças que têm que recorrer mais vezes ao apoio hospita-lar, quer a serviços de urgência, quer a internamentos.Fumar à janela ou ventilar a casa são atitudes que não resolvem o problema.

No primeiro caso, é regra o fumo do tabaco entrar para dentro da casa; re-novar o ar da habitação é uma excelen-te medida, mas que apenas minora o problema. De facto, quando se fuma no interior de uma habitação, muitas das substâncias anteriormente referidas, não apenas contaminam o ar, como se depositam nos equipamentos: carpe-tes, tapetes, cadeiras, sofás, cama, etc. estas substâncias, que não são elimi-nadas com a ventilação da habitação, serão mais tarde inaladas por quem nela vive – é o novo conceito do fumo em 3.ª mão. em Portugal temos uma lei – a lei 37/2007 – também conhecida pela lei do tabaco, que teve como principal objetivo proteger os não fumadores do fumo do tabaco fumado por terceiros. sob este ponto de vista a lei foi eficaz e, na maioria dos espaços públicos e locais de trabalho, muitas pessoas passaram a não ter que fumar passi-vamente o fumo produzido por outros. Mas a lei, como todas as leis, tem que ser actualizada e melhorada, não só ao nível da sua aplicação, como ao ní-vel da informação que deverá ser for-necida a todos os cidadãos, e que lhes permita assegurar o seu direito a não serem fumadores passivos. Ah!...e já agora não esquecer o apoio que é ne-cessário dar aos fumadores activos, de modo a que estes abandonem um hábito que tanto mal faz à saúde – à deles e à dos outros.

31

FARMÁCIA