revista espaço científico livre v.05 n.02

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PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DAS ÁREAS DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS, CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA E DIVULGAÇÃO DE EVENTOS ACADÊMICOS,MESTRADOS E DOUTORADOS BRASIL, V. 05, N. 02, ABR.-MAIO, 2015 LEITURA ONLINE GRATUITA EM http://www.espacocientificolivre.com ESPAÇO CIENTÍFICO revista LIVRE ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE projetos editoriais ISSN 2236-9538

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OS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DAS ÁREAS DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS, CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA E DIVULGAÇÃO DE EVENTOS ACADÊMICOS, MESTRADOS E DOUTORADOS Saiba+em: http://www.espacocientificolivre.com

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  • PUBLICAO DE ARTIGOS CIENTFICOS DE ALUNOS DE NVEL TCNICO, SUPERIOR

    E PROFISSIONAIS DAS REAS DAS CINCIAS BIOLGICAS E SADE, CINCIAS

    HUMANAS E SOCIAIS, CINCIAS EXATAS E DA TERRA E DIVULGAO DE

    EVENTOS ACADMICOS,MESTRADOS E DOUTORADOS

    BRASIL, V. 05, N. 02, ABR.-MAIO, 2015

    LEITURA ONLINE GRATUITA EM

    http://www.espacocientificolivre.com

    ESPAO CIENTFICOre

    vis

    ta

    LIV

    RE

    ESPAO CIENTFICO LIVREprojetos editoriais

    ISSN 2236-9538

  • ANUNCIE NA

    ESPAO CIENTFICO re

    vis

    ta

    LIV

    RE

    SUA MARCA CONTRIBUINDO COM A DIVULGAO CIENTFICA

    ESCOLHA SUA OPO DE FORMATO DE DIVULGAO OU PUBLIQUE INFORME PUBLICITRIO

    MAIS INFORMAES EM [email protected]

    ENTRE EM CONTATO [email protected]

    2 pginas 1 pgina 1/2 pgina pg.

  • CURSOS ONLINE

    Uma introduo a epidemiologia, com definies e

    exemplos com artigos atuais. Saiba interpretar as medidas

    de associao de artigos cientficos, como risco relativo,

    intervalo de confiana e odds ratio. E muito mais. Ideal

    para estudantes ou profissionais que queiram conhecer e

    se aprofundar sobre o assunto.

    Uma introduo ao tema interaes medicamentosas, com

    definies e exemplos atuais. Ideal para estudantes ou

    profissionais que queiram conhecer e se aprofundar sobre

    o assunto.

    Uma introduo ao tema interaes medicamento-alimento,

    com definies e exemplos atuais. Ideal para estudantes ou

    profissionais que queiram conhecer e se aprofundar sobre o

    assunto. Quanto mais informaes buscarmos sobre as

    interaes medicamento-alimento, melhor ser nosso

    trabalho como profissionais de sade.

    Este curso tem como objetivo fornecer conhecimentos

    tcnicos e cientficos em relao a possveis dvidas sobre

    medicamentos referncia, similar e genrico. Para um

    atendimento de qualidade na dispensao de medicamentos.

    Alm da teoria, este curso apresenta exemplos prticos. Ideal

    para estudantes e profissionais.

    Verano Costa Dutra - Farmacutico e Mestre em Sade Coletiva pela

    Universidade Federal Fluminense, possui tambm habilitao em homeopatia Editor da Revista Espao Cientfico Livre

    SOBRE O AUTOR DOS CURSOS:

    COM CERTIFICADO Alm da atualizao e/ou introduo ao tema,

    esses cursos livres podem ser utilizados como

    complementao de carga horria para

    atividades extracurriculares exigidas pelas

    faculdades.

  • EDITORIAL ..........................................................................

    ARTIGOS CIENTFICOS

    A paisagem urbana a caminho da escola: leituras e

    nuances sob o olhar dos alunos

    Por Joslia Carvalho de Arajo e Moacir Vieira da Silva

    Comparao da arquitetura histrica italiana e

    brasileira- contexto histrico e influncias: estudo de

    caso na Bahia

    Por Jamille Freitas Fiuza e Francisco Gabriel Santos

    Silva .....................................................................................

    Avaliando a acessibilidade de portais de notcias online

    com o software ASES (Avaliador e Simulador para a

    Acessibilidade de Stios)

    Por Carlos Estevo Bastos Sousa, Juliana Gomes

    Fontinele e Marques Jordo Santos da Silveira ..............

    Elicitao de requisitos de software: uma abordagem

    bibliogrfica entre prototipao e entrevista

    Por Janaide Nogueira de Sousa Ximenes, Rosaria

    Olivindo dos Santos, Rhyan Ximenes de Brito e Fbio

    Jos Gomes de Sousa .......................................................

    EVENTOS ACADMICOS, MESTRADOS E

    DOUTORADOS ....................................................................

    NORMAS PARA PUBLICAO .........................................

    BRASIL, V. 05, N. 02, ABR.-MAIO, 2015

    ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67

    ................................ 07

    ................................ 28

    ................................ 40

    ................................ 57

    ................................ 66

    ................................ 81

    ................................ 93

  • Saudaes...

    A Revista Espao Cientfico Livre recebe em fluxo contnuo artigos cientficos, na pgina XX esto

    as normas para a publicao. Convido a todos tambm o envio a obras para a publicao de

    livros digitais, a Espao Cientfico Livre Projetos Editoriais est dividindo em at 12 vezes o valor

    do investimento. Destaco que a Revista Espao Cientfico Livre e a editora Espao Cientfico

    Livre Projetos Editoriais apresentam conselho editorial.

    Para maiores informaes acesse o nosso site: .

    Boa leitura,

    Verano Costa Dutra

    Editor da Revista Espao Cientfico Livre

    Este contedo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mdia,

    eletrnica ou impressa, desde que a Revista Espao Cientfico Livre seja citada como

    fonte. c

    A Revista Espao Cientfico Livre uma publicao independente, a sua participao e apoio so

    fundamentais para a continuao deste projeto. O download desta edio tem valor simblico para

    contribuir com a sustentabilidade da publicao, saiba mais como adquirir em

    [email protected]. Mas a leitura online continua sendo gratuita e o nosso

    compromisso de promover o conhecimento cientfico continua.

    s b' Os membros do Conselho Editorial colaboram voluntariamente, sem vnculo empregatcio e sem

    nenhum nus para a Espao Cientfico Livre Projetos Editoriais.

    Os textos assinados no apresentam necessariamente, a posio oficial da Revista Espao Cientfico

    Livre, e so de total responsabilidade de seus autores.

    A Revista Espao Cientfico Livre esclarece que os anncios aqui apresentados so de total

    responsabilidade de seus anunciantes.

    Imagem da capa: Christian Ferrari / FreeImages.com /

    http://www.freeimages.com/browse.phtml?f=download&id=1239963 / http://christian-

    ferrari.blogspot.com

    As figuras utilizadas nesta edio so provenientes dos sites Free Images

    (http://www.freeimages.com/), Wikipdia (AUTOR DESCONHECIDO, [1905]:

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Marie_Curie_c1920.png). As figuras utilizadas nos artigos so

    de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

    EDITORIAL

    BRASIL, V. 05, N. 02, ABR.-MAIO, 2015

    ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67

  • Claudete de Sousa Nogueira

    Graduao em Histria; Especializao em Planejamento, Implementao e Gesto Educao a

    Distncia; Mestrado em Histria; Doutorado em Educao; Professor Assistente Doutor da

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP).

    Davidson Arajo de Oliveira

    Graduao em Administrao; Especializao em Gesto Escolar, Especializao em andamento

    em: Marketing e Gesto Estratgica, em Gerenciamento de Projetos, e em Gesto de Pessoas;

    Mestrado profissionalizante em andamento em Gesto e Estratgia; Professor Substituto da

    Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

    Ederson do Nascimento

    Graduao em Geografia Licenciatura e Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em

    andamento em Geografia; Professor Assistente da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

    Edilma Pinto Coutinho

    Graduao em Engenharia Qumica; Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho;

    Mestrado em Cincia e Tecnologia de Alimentos; Doutorado em Engenharia de Produo;

    Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraba (UFPB).

    Francisco Gabriel Santos Silva

    Graduao em Engenharia Civil; Especializao em Gesto Integrada das guas e Resduos na

    Cidade; Mestrado em Estruturas e Construo Civil; Doutorado em andamento em Energia e

    Ambiente; Professor Assistente 2 da Universidade Federal do Recncavo da Bahia (UFRB).

    Ivson Lelis Gama

    Doutorado em Qumica Orgnica pela Universidade Federal Fluminense, Pres. do NDE da

    Faculdade de Farmcia-FACIDER da Faculdade de Colider.

    Jacy Bandeira Almeida Nunes

    Graduao em Licenciatura em Geografia; Especializao: em Informtica Educativa, em

    Planejamento e Prtica de Ensino; em Planejamento e Gesto de Sistemas de EAD; Mestrado em

    Educao e Contemporaneidade; Professor titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

    Joseane Almeida Santos Nobre

    Graduao em Nutrio e Sade; Mestrado em Cincia da Nutrio; Professora da Faculdade de

    Americana (FAM).

    Joslia Carvalho de Arajo

    Graduao em Geografia - Licenciatura; Graduao em Geografia - Bacharelado; Mestrado em

    Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professora Assistente II da Universidade do

    Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

    Juliana Teixeira Fiquer

    Graduao em Psicologia; Especializao em Formao em Psicanlise; Mestrado em Psicologia

    (Psicologia Experimental); Doutorado em Psicologia Experimental; Ps-Doutorado; Atua no

    Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clnicas de So Paulo.

    Kariane Gomes Cezario

    Graduao em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; e Doutorado em andamento em

    Enfermagem.

    CONSELHO EDITORIAL

    BRASIL, V. 05, N. 02, ABR.-MAIO, 2015

    ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67

  • Livio Cesar Cunha Nunes

    Graduao em Farmcia; Graduao em Indstria Farmacutica; Mestrado em Cincias

    Farmacuticas; Doutorado em Cincias Farmacuticas; e Ps-Doutorado.

    Kariane Gomes Cezario

    Graduao em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; Doutorado em andamento em Enfermagem;

    Professora assistente I do Centro Universitrio Estcio do Cear.

    Livio Cesar Cunha Nunes

    Graduao em Farmcia; Graduao em Indstria Farmacutica; Mestrado em Cincias

    Farmacuticas; Doutorado em Cincias Farmacuticas; Ps-Doutorado; Professor Adjunto da

    Universidade Federal do Piau.

    Mrcio Antonio Fernandes Duarte

    Graduao em Licenciatura Em Cincias; Graduao em Comunicao Social Publicidade e

    Propaganda; Mestre em em design, pela FAAC-Unesp; Professor da Faculdade de Ensino Superior do

    Interior Paulista (FAIP).

    Maurcio Ferrapontoff Lemos

    Graduao em Engenharia de Materiais; Mestrado em Engenharia de Minas, Metalrgica e de

    Materiais; Doutorado em andamento em Engenharia Metalrgica e de Materiais; Pesquisador -

    Assistente de Pesquisa III do Instituto de Pesquisas da Marinha.

    Raquel Tonioli Arantes do Nascimento

    Graduao em Pedagogia; Especializao em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em

    Neurocincia do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Reinaldo Monteiro Marques

    Graduao em Educao Fsica; Graduao em Pedagogia; Graduao em Fisioterapia;

    Especializao: em Tcnico Desportivo de Especializao em Voleibol, em Tcnico Desportivo de

    Especializao em Basquetebol, em Fisioterapia Desportiva; Mestrado em Odontologia; Doutorado

    em Biologia Oral; Coordenador Aperfeioamento Fisio Esportiva da Universidade do Sagrado

    Corao.

    Richard Jos da Silva Flink

    Graduao em Engenharia Quimica; Especializao em: Engenharia de Acar e lcool, em

    Administrao de Empresas, em em Engenharia de Produo; Mestrado em Engenharia Industrial;

    Doutorado em Administrao de Empresas; Atua no Instituto de Aperfeioamento Tecnolgico.

    Verano Costa Dutra

    Farmacutico Industrial; Habilitao em Homeopatia; Mestrado em Sade Coletiva; Editor da Revista

    Espao Cientfico Livre; Coordenador da Espao Cientfico Livre Projetos Editoriais; Docente da

    Faculdade Pitgoras de Guarapari.

    CONSELHO EDITORIAL

    BRASIL, V. 05, N. 01, FEV.-MAR., 2015

    ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67

    CONSELHO EDITORIAL

  • COLABORADORES DESTA EDIO

    EQUIPE REVISTA ESPAO CIENTFICO LIVRE

    Verano Costa Dutra

    Editor e revisor Farmacutico, com habilitao em Homeopatia e Mestre em Sade Coletiva pela UFF [email protected]

    Monique D. Rangel Dutra

    Editora da Espao Cientfico Livre Projetos Editoriais - Graduada em Administrao na

    UNIGRANRIO

    Vernica C.D. Silva

    Reviso - Pedagoga, Ps-graduada em Gesto do Trabalho Pedaggico: Orientao,

    Superviso e Coordenao pela UNIGRANRIO

    AUTORES

    Carlos Estevo Bastos Sousa

    Graduado em Sistemas de Informao pela

    Faculdade Ieducare (FIED)

    Francisco Gabriel Santos Silva

    MSc. Professor Assistente/Centro de Cincias

    Exatas e Tecnolgicas /UFRB

    Jamille Freitas Fiuza

    Graduanda em Engenharia Civil/Centro de

    Cincias Exatas e Tecnolgicas /UFRB

    Janaide Nogueira de Sousa Ximenes

    Bacharel em Sistemas de Informao.

    Faculdade Ieducare - FIED

    Joslia Carvalho de Arajo

    Licenciada, bacharel, mestre e doutoranda

    pela UFRN. Professora Assistente do

    Departamento de Geografia da Universidade

    do Estado do Rio Grande do Norte (Ensino de

    Geografia e Geografia Humana). Atua na rea

    de Geografia Urbana enquanto pesquisadora

    Juliana Gomes Fontinele

    Graduanda em Letras Portugus pela Universidade Estadual Vale do Acara

    (UVA)

    Marques Jordo Santos da Silveira

    Graduado em Administrao pela

    Universidade Estadual Vale do Acara

    (UVA)

    Moacir Vieira da Silva

    Licenciado em Geografia pela UERN,

    especialista em Geografia e Gesto

    Ambiental pela FIP, mestrando em

    Geografia pela UFRN. Professor da rede

    estadual de ensino e professor supervisor

    do PIBID/GEOGRAFIA/UERN

    Rosaria Olivindo dos Santos

    Graduanda em Sistemas de Informao.

    Faculdade Ieducare - FIED

    BRASIL, V. 05, N. 02, ABR.-MAIO, 2015

    ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67

    COLABORADORES DESTA EDIO

  • QUANTO VALE A SUA F? A TENDNCIA CAPITALISTA DA F EVANGLICA

    FORTALEZENSE NAS LTIMAS DUAS DCADAS

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de George Sousa Cavalcante

    Este livro oferece uma anlise

    sociolgica, antropolgica,

    teolgica e, sobretudo histrica

    sobre a relao entre crena e

    dinheiro no Ocidente, e que tem

    se exacerbado em um mundo

    capitalista como o nosso, do qual

    faz parte a cidade de Fortaleza.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • O ARQUITETO EM FORMAO NA ERA

    DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL OS NOVOS PARADIGMAS DA EDUCAO

    AMBIENTAL NO ENSINO DA

    ARQUITETURA E URBANISMO

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Ctia dos Santos Conserva

    O desenvolvimento traz ao mundo, alm de

    conforto e comodidade, danos muito srios ao

    meio ambiente pela maneira displicente pela

    qual fazemos usos dos recursos da terra. O

    Brasil, inserido em um mundo em pleno

    desenvolvimento, enfrenta o desafio de educar

    sua populao para formar cidados

    comprometidos com a sustentabilidade em

    seus aspectos social, econmico e ambiental.

    Com a Revoluo Industrial e o crescimento

    das cidades, os paradigmas mudaram, de uma

    viso ecocntrica passamos para a busca de

    uma viso mais complexa, a viso da

    sustentabilidade. Nesse cenrio, esse livro

    apresenta e analisa uma proposta de insero

    da Educao Ambiental em uma comunidade

    acadmica, na Asa Sul, Braslia-DF.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • A QUESTO RACIAL COMO

    EXPRESSO DA QUESTO SOCIAL UM DEBATE NECESSRIO PARA O

    SERVIO SOCIAL

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Renata Maria da Conceio

    Este livro tem como objetivo contribuir com o

    debate acerca da temtica da questo tnico-

    racial no processo de formao em Servio Social.

    Essa temtica se apresenta relevante para um

    exerccio profissional comprometido com a

    questo social e com a garantia dos direitos

    humanos. A pesquisa buscou analisar se a

    questo tnico-racial est inserida no processo de

    formao profissional em Servio Social, com

    nfase para identificar a percepo de estudantes

    do curso de Servio Social da Universidade de

    Braslia UnB sobre a temtica tnico-racial como expresso da questo social. A pesquisa realizada

    justifica-se pelo fato da questo racial ser uma

    demanda presente no cotidiano do fazer

    profissional do assistente social.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • ESTUDO DA USINABILIDADE DO

    POLIETILENO DE ULTRA ALTO PESO

    MOLECULAR PELA ANLISE DA

    FORA DE CORTE

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Luiz Otvio Corra &

    Marcos Tadeu Tibrcio Gonalves

    Este livro teve o objetivo realizar um estudo do

    desempenho do corte do material Polietileno de

    Ultra Alto Peso Molecular (UHMWPE), em

    operao de torneamento, atravs da medio da

    fora principal de corte, analisando-se a influncia

    dos seguintes parmetros: avano, velocidade de

    corte, profundidade de corte e geometria da

    ferramenta. A medio da fora de corte foi feita

    por um dinammetro conectado ao sistema de

    aquisio de dados, durante a usinagem realizada

    em um torno mecnico horizontal. A partir dos

    resultados obtidos, foi possvel indicar as

    condies de corte mais adequadas em relao

    aos valores da fora de corte medidas, para as

    condies de qualidade superficial aceitveis em

    operaes de desbaste.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • Produo da protena

    recombinante Fator IX da

    coagulao sangunea humana

    em clulas de mamfero

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Andrielle Castilho-Fernandes,

    Lucinei Roberto de Oliveira,

    Marta Regina Hespanhol,

    Aparecida Maria Fontes &

    Dimas Tadeu Covas Esse livro mostra a potencialidade do sistema

    retroviral para a expresso do FIX humano em

    linhagens celulares de mamfero e a existncia

    de peculiaridades em cada linhagem as quais

    podem proporcionar diferentes nveis de

    expresso e produo do FIX biologicamente

    ativo. Alm de estabelecer toda a tecnologia

    para gerao de linhagens celulares

    transgnicas produtoras de rFIX e futuros

    estudos em modelos animais podero ser

    conduzidos para a elucidao minuciosa da

    molcula recombinante rFIX gerada.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • FLUXO DE CO2 DE VEGETAO

    INUNDADA POR REPRESAMENTO QUANTIFICAO PR

    ALAGAMENTO

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Andr Lus Diniz dos Santos,

    Mauricio Felga Gobbi,

    Dornelles Vissotto Junior &

    Nelson Luis da Costa Dias

    Alguns estudos recentes indicam que lagos de usinas

    Hidreltricas podem emitir quantidades significativas de gases

    de efeito estufa, pela liberao de dixido de carbono oriundo

    da decomposio aerbica de biomassa de floresta morta nos

    reservatrios que se projeta para fora da gua, e pela

    liberao de metano oriundo da decomposio anaerbica de

    matria no-lignificada. No entanto, para quantificar a

    quantidade de gases de efeito estufa liberada para a

    atmosfera devido ao alagamento por barragens, necessrio

    quantificar tambm o fluxo de gs carbnico da vegetao

    que ali estava anteriormente ao represamento. Este trabalho

    procura descrever um mtodo para calcular o fluxo de gs

    carbnico da vegetao antes de ser alagada, utilizando o

    SVAT de interao superfcie vegetao-atmosfera conhecido

    como ISBA baseado em Noilhan e Planton (1989); Noilhan e

    Mahfouf (1996).

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • CARACTERSTICAS SCIO-

    DEMOGRFICAS DO PROJETO DE

    ASSENTAMENTO RECANTO DA

    ESPERANA EM MOSSOR/RN

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Maxione do Nascimento Frana Segundo

    & Maria Jos Costa Fernandes

    Este livro analisa os aspectos scio-

    demogrficos do Projeto de Assentamento

    Recanto da Esperana, situado no municpio

    de Mossor, no Estado do Rio Grande do

    Norte (RN).

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • AGRICULTURA FAMILIAR E

    AGROECOLOGIA: UMA ANLISE DA ASSOCIAO DOS

    PRODUTORES E PRODUTORAS DA FEIRA

    AGROECOLGICA DE MOSSOR

    (APROFAM) - RN

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Eriberto Pinto Moraes &

    Maria Jos Costa Fernandes

    Este livro faz uma anlise da agricultura

    familiar e da agroecologia praticada pela

    Associao dos Produtores e Produtoras da

    Feira Agroecolgica de Mossor (APROFAM)

    no Municpio de Mossor (RN).

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • Metodologia do ensino da

    matemtica frente ao paradigma

    das novas tecnologias

    de informao e comunicao:

    A Internet como recurso no ensino

    da matemtica

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Paulo Marcelo Silva

    Rodrigues

    Este livro analisa alguns exemplos de

    recursos encontrados na Internet,

    ligados a rea da Matemtica.

    Especialmente, os aspectos

    pedaggicos dos mesmos, com o intuito

    de contribuir para o aperfeioamento das

    relaes entre professor e aluno.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • CONSTRUES GEOGRFICAS: teorizaes, vivncias e prticas

    http://www.espacocientificolivre.com/

    Organizadores:

    Joslia Carvalho de Arajo

    Maria Jos Costa Fernandes

    Otoniel Fernandes da Silva Jnior

    Este livro pretende ser uma fonte na qual os

    profissionais da geografia podem encontrar

    diversas possibilidades de no apenas

    refletirem sobre, mas de serem efetivos

    sujeitos de novas prticas e novas vivncias,

    frente s novas configuraes territoriais que

    se apresentam no mundo atual, marcada por

    processos modernos e ps-modernos.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • O RINGUE ESCOLAR: O AUMENTO DA BRIGA ENTRE

    MENINAS

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Mara Darido da Cunha

    Esta obra contextualiza historicamente as

    relaes de gnero ao longo da histria;

    identificando em qual gnero h a maior

    ocorrncia de brigas; assim como, elencar os

    motivos identificados pelos alunos para a

    ocorrncia de violncia no ambiente escolar.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • O HOMEM, A MORADIA E AS GUAS: A CONDIO DO

    MORAR NAS GUAS

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Moacir Vieira da Silva

    & Joslia Carvalho de Arajo

    Este livro um estudo que objetiva analisar

    as imposies socioeconmicas inerentes

    condio do morar numa rea susceptvel a alagamentos, no bairro Costa e Silva,

    Mossor/Rio Grande do Norte.

    LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

  • LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O

    LIVRO DIGITAL

    Mulheres Negras: Histrias de Resistncia,

    de Coragem, de

    Superao e sua Difcil

    Trajetria de Vida na

    Sociedade Brasileira

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Adeildo Vila Nova

    & Edjan Alves dos Santos

    O desafio de estudar a trajetria de mulheres negras e pobres que

    em sua vida conseguiram romper as mais diversas adversidades e

    barreiras para garantir sua cidadania, sua vida, foi tratada pelos

    jovens pesquisadores com esmero, persistncia e respeito quelas

    mulheres com quem se encontraram para estabelecer o dilogo que este livro revela nas prximas pginas, resultado do Trabalho de

    Concluso de Curso para graduao em Servio Social.

  • AVALIAO DO POTENCIAL

    BIOTECNOLGICO DE PIGMENTOS

    PRODUZIDOS POR BACTRIAS DO

    GNERO Serratia ISOLADAS DE

    SUBSTRATOS AMAZNICOS

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Raimundo Felipe da Cruz Filho

    & Maria Francisca Simas Teixeira

    Existem diversos pigmentos naturais,

    principalmente de origem vegetal, mas poucos

    esto disponveis para aproveitamento

    industrial, pois so de difcil extrao, custo

    elevado no processo de extrao ou

    toxicidade considervel para o homem ou

    meio ambiente. A atual tendncia por produtos

    naturais promove o interesse em explorar

    novas fontes para a produo biotecnolgica

    de pigmentos para aplicao na indstria. Este

    trabalho teve como objetivo a identificao de

    espcies de Serratia, e entre estas, selecionar

    uma produtora de maior quantitativo de

    pigmentos de importncia para a indstria

    alimentcia e farmacutica.

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    Moluscos e Sade

    Pblica em Santa

    Catarina: subsdios para a

    formulao estadual de

    polticas preventivas

    sanitaristas

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Aisur Ignacio Agudo-Padrn, Ricardo Wagner Ad-Vncula Veado

    & Kay Saalfeld

    O presente trabalho busca preencher uma lacuna nos estudos

    especficos e sistemticos sobre a ocorrncia e incidncia/

    emergncia geral de doenas transmissveis por moluscos

    continentais hospedeiros vetores no territrio do Estado de Santa

    Catarina/SC, relacionadas diretamente ao saneamento ambiental

    inadequado e outros impactos antrpicos negativos ao meio

    ambiente.

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    Mtodos de

    Dimensionamento

    de Sistemas

    Fotovoltaicos:

    Aplicaes em

    Dessalinizao

    http://www.espacocientificolivre.com/

    de Sandro Juc & Paulo Carvalho A presente publicao apresenta uma descrio de dimensionamento de sistemas

    fotovoltaicos autnomos com trs mtodos distintos. Tendo como base estes

    mtodos, disponibilizado um programa de dimensionamento e anlise econmica

    de uma planta de dessalinizao de gua por eletrodilise acionada por painis

    fotovoltaicos com utilizao de baterias. A publicao enfatiza a combinao da

    capacidade de gerao eltrica proveniente da energia solar com o processo de

    dessalinizao por eletrodilise devido ao menor consumo especfico de energia

    para concentraes de sais de at 5.000 ppm, com o intuito de contribuir para a

    diminuio da problemtica do suprimento de gua potvel. O programa proposto

    de dimensionamento foi desenvolvido tendo como base operacional a plataforma

    Excel e a interface Visual Basic.

  • 28

    A paisagem urbana a caminho da

    escola: leituras e nuances sob o

    olhar dos alunos

    THE URBAN LANDSCAPE SCHOOL PATH:

    READINGS AND SHADES UNDER THE LOOK OF STUDENTS

    Joslia Carvalho de Arajo Licenciada, bacharel, mestre e doutoranda pela UFRN. Professora Assistente do Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Ensino de Geografia e Geografia Humana). Atua na rea de Geografia Urbana enquanto pesquisadora. Natal, RN. E-mail: [email protected] Moacir Vieira da Silva Licenciado em Geografia pela UERN, especialista em Geografia e Gesto Ambiental pela FIP, mestrando em Geografia pela UFRN. Professor da rede estadual de ensino e professor supervisor do PIBID/GEOGRAFIA/UERN. Natal, RN. E-mail: [email protected]

    ARAJO, J. C. de; SILVA, M. V. da. A paisagem urbana a caminho da escola: leituras e nuances sob o olhar dos alunos. Revista Espao Cientfico Livre, Duque de Caxias, v. 05, n. 02, p. 28-39, abr.-maio, 2015.

    RESUMO A paisagem, um dos conceitos fundantes da geografia, tem como uma das suas formas de apreenso, o olhar, apesar de poder ser apreendida igualmente por outros sentidos humanos. Assim, centrado no olhar dos alunos do Ensino Fundamental, Sries Finais, do Instituto Sonho Colorido, Mossor, Rio Grande do Norte, esse trabalho desenvolveu experincias de apreenso da realidade urbana da Cidade de Mossor (RN) por parte dos referidos alunos, em seu percurso entre a casa e a escola. O objetivo evidenciar a capacidade de apreenso e elaborao de contedos por parte do estudante na Educao Geogrfica, aportando tais apreenses em teoria que d suporte

    construo deste conhecimento. A metodologia consistiu, num primeiro momento, no registro textual verbal e no verbal da apreenso da realidade, seguido de apresentao em sala de aula e discusso. Uma vez cumprida essa etapa, foram realizadas leituras sobre o conceito de paisagem, igualmente seguida de discusso em sala. Os resultados buscados foram parcialmente atingidos, uma vez que coloca em prtica um projeto acadmico sobre produo do conhecimento na escola, selando uma parceria entre o Estgio Supervisionado Obrigatrio no Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade do Estado do RN e o seu campo de estgio. Da

  • 29

    experincia, ficou evidenciada uma prtica de ensino centrada no sujeito, o qual, uma vez estimulado e apenas acompanhado

    no substitudo pelo professor , capaz de construir efetivamente conhecimento.

    Palavras-chave: Paisagem Urbana. Estgio. Construo do Conhecimento. ABSTRACT The landscape, one of the fundamental concepts of geography, has as one of its forms of seizure, the look, although it can be perceived also by other human senses. So focused on the look of elementary school students, Final Series of the Instituto Sonho Colorido, Natal, Rio Grande do Norte, this work developed seizure of experiences of urban reality of the city of Mossor (RN) by those students in their route between home and school. The goal is to show the seizure of capacity and development of contents by the student in Geographic Education, providing such seizures in theory that supports the construction of this knowledge. The methodology consisted, at first, in verbal and non-verbal verbatim record of the

    apprehension of reality, followed by presentation and discussion in the class room. Once this step accomplished, there were readings on the concept of landscape, also followed by a discussion in class. The searched results were partially achieved, since it puts in place an academic project on production of knowledge in school, sealing a partnership between the Supervised Internship Required in Degree in Geography from the Universidade do Estado do RN and your training field. From experience, the authors emphasize a teaching practice centered on the subject, which, once stimulated and accompanied only not replaced by teacher is able to effectively build knowledge.

    Keywords: Townscape. Stage. Building Knowledge.

    1. INTRODUO

    xpor as discusses atinentes ao conceito de paisagem em seu campo terico,

    sua aplicabilidade para o ensino de geografia, algumas discusses sobre

    nuances metodolgicas para o trabalho do conceito de paisagem na educao

    bsica, bem como os resultados da aplicao dessa metodologia, estas foram

    algumas das inquietaes que nos conduziram elaborao do presente trabalho.

    No de hoje que, como vimos em algumas discusses tericas, que o conceito de

    paisagem ganha relevo. E, em sendo um to importante conceito, sendo um conceito

    fundante da geografia, como sabemos, h que ser devidamente trabalhado na

    educao bsica, sobe pena de o professor no cumprir com a sua misso de lograr

    juntos aos seus alunos um efetivo processo de construo do conhecimento.

    E

  • 30

    2. A PROPSITO DO CONCEITO DE PAISAGEM

    paisagem apreendida, num primeiro momento, de forma esttica, por meio

    das formas concretas construdas pelo ser humano. Mas, mesmo sendo

    estticas, guardam em si relaes de produo que so dinmicas e

    contraditrias, e escondem em si processos conflitantes, porque o espao urbano

    resultado de relaes conflitantes capital/trabalho, no qual a sociedade est inserida

    de forma fragmentada em camadas sociais.

    Optamos por iniciar a discusso do conceito evocando esse aparente conflito entre as

    nuances esttica e dinmica da paisagem, mesmo porque, a prpria trajetria do

    conceito adquiriu esse tratamento, ora sendo vista de forma esttica; ora, de forma

    dinmica. Alis, at mesmo a apreenso da paisagem, que num primeiro momento

    das discusses, quase sempre, remete ao olhar, tambm traz em si essa dinmica,

    visto que discusses metodolgicas indicam a importncia de outros sentidos

    humanos, que no apenas o olhar, para a apreenso da paisagem.

    Podemos, para fomentar ainda mais o debate, dizer que, mesmo sendo apreendida,

    num primeiro momento, apenas por meio do olhar, esse ato de olhar , por si s,

    dinmico, haja vista conseguir apreender uma gama de informaes que lhe so

    possvel de acordo com a posio do sujeito na sociedade.

    Desta forma, a faixa etria, a classe social, o nvel de instruo, as experincias

    vividas, entre outros fatores, interferem naquilo que o sujeito capaz de ver, se

    considerarmos a apreenso da paisagem at mesmo sob a perspectiva do olhar, da

    consagrada definio superficial de que paisagem tudo aquilo que o olhar humano

    alcana.

    Desde o sculo XIX o conceito de paisagem vem sendo discutido, no sentido de

    compreender as relaes que se conformam no espao geogrfico, abrangendo tanto

    aspectos sociais quanto naturais.

    Ora, do senso comum resultou a consagrao do termo paisagem associado viso

    de fotogrfica de determinada poro do espao cuja beleza produz um efeito

    prazeroso aos olhos do observador. Assim, o conceito de paisagem se apresenta em

    seu modo esttico, e dessa forma, at mesmo no processo de elaborao do conceito

    A

  • 31

    foi influenciado, o qual sempre tratado, num primeiro momento, referindo-se ao

    olhar.

    Ao fazer um resgate da trajetria do conceito de paisagem na geografia, Schier (2003,

    p. 80) nos lembra que:

    [...] o conceito de paisagem foi originalmente ligado ao positivismo, na escola alem, numa forma mais esttica, onde se focalizam os fatores geogrficos agrupados em unidades espaciais e, num forma mais dinmica, na geografia francesa, onde o carter processual mais importante. Ambas tratam a paisagem como uma face material do mundo, onde se imprimam atividades humanas.

    A nosso ver, ao tratarmos o conceito de paisagem junto aos alunos da educao

    bsica, h que optarmos por essa vertente processual da qual nos fala o autor

    supracitado. Isto porque entendemos que j no d mais para admitirmos uma viso

    esttica ou at mesmo esttica de paisagem, quando o prprio cotidiano escolar

    revela uma dinmica que lhe inerente, at mesmo ampliando a concepo de

    paisagem para alm da materialidade.

    Atualizando o debate Schier (2003, p. 80) ainda nos diz que, atualmente, a idia da

    paisagem depende muito da cultura das pessoas que a percebem e a constroem. Ela

    , assim, um produto cultural resultado do meio ambiente sob ao da atividade

    humana. A partir do exposto pelo pensamento do autor, destacamos duas aes dos

    sujeitos em relao paisagem: so os atos de construir e de perceber a paisagem.

    Isso mesmo, o ser humano, ao produzir sua prpria sobrevivncia, produz paisagem.

    E esta, uma vez produzida, passa ento a ser percebida, ou melhor, apreendida por

    estes sujeitos.

    E assim, entendendo que o ser humano produz paisagem, que podemos identificar

    dois tipos de paisagem: a natural e a cultural, conforme defende Schier (2003, p. 80)

    que,

    Tradicionalmente, os gegrafos diferenciam entre a paisagem natural e a paisagem cultural. A paisagem natural refere-se aos elementos combinados de terrenos, vegetao, solo, rios e lagos, enquanto a paisagem cultural, humanizada, inclui todas as modificaes feitas pelo homem, como nos espaos urbanos e rurais. De modo geral, o estudo da paisagem exige um enfoque, do qual se pretende fazer uma avaliao definindo o conjunto dos elementos envolvidos, a escala a ser considerada e a temporalidade da paisagem. Enfim, trata-se da apresentao do objeto em seu contexto geogrfico e

  • 32

    histrico, levando em conta a configurao social e os processos naturais e humanos.

    Que a paisagem pode ser diferenciada entre a natural e a cultural j uma discusso

    consagrada, e at mesmo de fcil apreenso, sem muito esforo metodolgico ou

    cognitivo. Mas que a paisagem deve ser tratada em seu contexto espacial, segundo as

    diversas escalas geogrficas; e temporal, considerando-a como uma acumulao de

    fraes de tempo, como marcas da ao humana, algo relevante quando

    empreendemos um processo de construo do conhecimento junto aos alunos da

    educao bsica. Assim procedendo, os alunos apreendero a paisagem cotidiana de

    forma processual e dinmica, inclusive, identificando-se enquanto sujeitos dessa

    transformao.

    Da porque sabemos que no s o olhar que apreende a paisagem, quando

    discutimos o termo em geografia, principalmente, quando o tratamos junto a alunos de

    faixa etria em tenra idade, os quais ainda esto se apropriando do saber universal

    construdo, e elaborando seus referenciais. Nesse sentido, o professor de geografia

    precisa ter o cuidado para no tolher a capacidade de o aluno apreender a paisagem

    que o cerca, nem tampouco limit-la a um lance de olhar. preciso, assim, deixar que

    os referidos alunos manifestem suas mais singelas experincias, as quais podem ser

    lapidadas, aprofundadas e aperfeioadas, de acordo com as experincias que lhes

    forem oportunizadas no sentido da construo do conhecimento.

    Isto porque o conhecimento produzido continuamente. So igualmente renovadas as

    tcnicas de obteno deste conhecimento. importante ressaltarmos que os

    conhecimentos dos professores e dos livros no bastam aos alunos, e que estes

    podem, quando incentivados e acompanhados sistematicamente, produzir

    conhecimentos ao seu nvel, segundo o seu alcance.

    Mas algo nos instiga a uma pergunta central nesta proposta de trabalho ora exposta: o

    que , afinal, construo de conhecimento na educao bsica? E esta, certamente,

    conduz-nos a outras, secundrias: quais experincias tm sido vivenciadas nas aulas

    de geografia na escola bsica, que denotam efetivamente um processo de construo

    de conhecimento geogrfico para o aluno? Em que medida esta prtica tem sido

    exercitada, ou, quando no exercitada, o que tem contribudo para negligenciar uma

    orientao j to consagrada no aporte terico atinente a ensino, especificamente,

  • 33

    ensino de geografia? Quais fatores concorrem para este quadro, seja de incipiente

    experincia de pesquisa na escola, seja de total ausncia da mesma?

    Estas so inquietaes a ns postas cada vez que nos aprofundamos em leituras e

    discusses que tenham como foco o ensino de geografia, nesse momento, voltado

    para o conceito de paisagem.

    Mas quando estabelecemos contatos com escolas parceiras de Estgio Curricular

    Supervisionado em Geografia; e ainda mais, quando participamos de eventos

    acadmicos que versam sobre a temtica, identificamos um hiato abissal entre teoria e

    prtica, entre discurso e postura; por fim, entre o acadmico e o profissional. Eis que

    estamos diante de um quadro que demanda uma efetiva prtica de pesquisa-ao, a

    qual encontra, no estgio supervisionado, uma oportunidade de os acadmicos de

    geografia, aportados nas mais recentes discusses terico-metodolgicas podero

    renovar a prtica cotidiana do professor da educao bsica; e, em contrapartida,

    adquirir com ele saberes que s a prtica docente pode legar.

    Ora, se o ser humano, que por sua capacidade de interveno no meio em que vive,

    transforma-o para a sua sobrevivncia, e o torna mais aprazvel a ela, consegue

    evoluir a tcnica em seu favor, e construir grandes obras de engenharia, descobertas

    para a convivncia com fenmenos aparentemente inexplicveis de imediato, por que

    o conhecimento, recurso primordial para esta interao entre o ser humano e o meio,

    poder continuar relegado simplria reproduo na escola, desvinculada de qualquer

    questionamento ou renovao?

    No ento de forma esttica que o conceito de paisagem pode ser tratado. H, sim,

    que enveredarmos por prticas docentes de interao professor-aluno, de relatos de

    experincias por parte dos alunos, at mesmo em seus percursos cotidianos, como

    aquele desenvolvido entre a casa e a escola, e entre a escola e a casa.

    Certamente, at mesmo o nvel de renda e o poder de consumo de alunos de

    diferentes estratos sociais interferem na possibilidade de apreenso da paisagem por

    parte dos alunos. Seno, vejamos dois exemplos. O de um aluno que, ao ir para a

    escola, entra no automvel da famlia, ainda na garagem, com vidros fechados,

    pelcula escura, ambiente climatizado, manuseando seus objetos eletrnicos de ltima

    gerao. Da, perguntamos: o que ele conseguir apreender, ou quanto ele conseguir

    apreender da paisagem que se descortina no percurso casa-escola? Quais as

  • 34

    imagens, os movimentos, os sons, os cheiros, os gritos, entre outras manifestaes de

    paisagem que ele poder experienciar?

    Um segundo exemplo um aluno que mora num bairro popular, sai de casa a p, fica

    num ponto de nibus, faz o percurso at a escola neste nibus. Ele est assim

    exposto a diversas experincias que podem ser captadas pelos seus sentidos, as

    quais remetem a paisagens que sua mente vai interpretando, tentando desvendar as

    relaes que concorreram ou concorrem, naquele momento, para que aquele

    quadro, mesmo que provisrio, esteja se configurando daquela forma.

    No cumpre a ns indicar uma entre essas duas experincias to diversas como a

    mais ou a menos vantajosa para a apreenso, e consequentemente, a aprendizagem

    e a construo de conhecimento sobre a temtica paisagem. Apenas julgamos mister

    evidenciar essas to diferentes condies, as quais cumpre ao professor administr-

    las em sua sala de aula, a qual, algumas vezes, comporta alunos de diferentes

    estratos sociais.

    Certamente, com o processo de renovao da escola, fundamentado em um novo

    modo de pensar a educao, tem desenvolvido experincias de produo de

    conhecimento, mesmo que pontuais, pouco expressivas, e muitas vezes, pouco

    valorizadas, pela simples falta de divulgao em eventos voltados para tal fim, os

    quais, quase sempre, limitam-se academia.

    Nesse contexto, interrogamos sobre o que tem feito a educao bsica no sentido da

    construo do conhecimento geogrfico pelo aluno, conforme defende Cavalcanti

    (2005, p. 137-166), em suas oito Proposies metodolgicas para a construo de

    conceitos geogrficos no ensino escolar, a saber:

    1. Propiciar atividade mental e fsica dos alunos;

    2. Considerar a vivncia dos alunos como dimenso do conhecimento;

    3. Estabelecer situaes de interao e cooperao entre os alunos;

    4. Contar com a interveno do professor no processo de aprendizagem dos

    alunos;

    5. Apresentar informaes, conceitos e exercitar memorizao de dados;

    6. Manter relao dialgica com alunos e entre alunos;

    7. Promover a autorreflexo e sociorreflexo dos alunos;

  • 35

    8. Acompanhar e controlar resultados da construo de conhecimento pelos

    alunos.

    Essas proposies so fundamentadas no pensamento de Vygotsky, as quais

    apontam para uma prtica socio-interacionista na sala de aula, em detrimento daquela

    prtica j to consagrada, do conteudismo.

    Da, outra inquietao se nos descortina: qual o papel da academia na formao de

    professores, visto que esta forma novos profissionais a cada ano? Ora, se de um lado,

    a escola no est contribuindo para a reelaborao do conhecimento socialmente

    construdo pela humanidade, por meio da descoberta de novos enfoques, diante de

    tantos novos desafios apresentados a cada dia, certamente, a academia tambm tem

    sua parcela de contribuio para este quadro. E neste sentido que repensar e

    refazer a prtica de Estgio Curricular Supervisionado no Ensino de Geografia, sob

    pena de o novo professor j entra envelhecido no processo, pelo fato de reproduzir

    prticas cristalizadas de ensino, baseadas quase que exclusivamente no ato de

    transcrever para o caderno o que ditado pelo professor por meio da lousa; o qual,

    por sua vez, quase sempre ditado pelo livro didtico ao professor, que no af de

    bater o contedo referente a determinado grupo de alunos, ocupa mais parte do

    tempo em copiar, negligenciando sobremaneira o seu ato de pensar e fazer seus

    alunos pensarem por meio de discusses, elaboraes e exposies, num contnuo

    processo de interao em prol da construo do conhecimento. Faz-se mister,

    portanto, sair da condio de bater contedo, para, efetivamente produzir

    conhecimento.

    Onde estariam as concepes de ensino baseadas no conceito de Zona de

    Desenvolvimento Proximal, de Vygotsky? Estamos assim apontando para este

    conceito, pelo fato de ser leitura presente, proficuamente discutida e defendida por

    professores e alunos na academia.

    E isto se faz com o mais maduro ou experiente seja o professor ou colegas de turma

    conduzindo o estudante da condio real para a potencial do seu nvel cognitivo. Ou

    seja,

    [...] a possibilidade de formar uma zona entre si e seus alunos, com o intuito de trabalhar com funes e processos ainda no amadurecidos neles, mune o professor de um instrumento significativo na melhoria da qualidade de suas aulas, no tocante ao

  • 36

    desenvolvimento intelectual dos alunos e, em conseqncia, propicia condies melhores de aprendizagem efetiva (CAVALCANTI, 2005, p. 140).

    Entendemos ento que a tarefa de construo de conhecimento pelos alunos na

    educao bsica se faa por meio da prtica da pesquisa, devidamente qualificada em

    seu significado etimolgico, fugindo a prticas corriqueiras de busca, que ganham

    cada vez mais destaque no cumprimento de atividades. Neste sentido, Bagno (2000,

    p. 16) interpela: O que pesquisa para voc, professor? Isto para questionar o tipo

    de pesquisa ao qual estamos acostumados a presenciar.

    Mas sabemos que de grande importncia o exerccio de produo sistemtica de

    conhecimentos por parte do aluno na educao bsica, para o seu desenvolvimento

    intelectual e humano. Algo que certamente j ocorre: por meio das discusses em

    aulas, das atividades em geral, e at mesmo das provas escritas, apesar de nem

    sempre este ser considerado um momento para tal fim, dependendo da postura scio-

    filosfica de educao que tenha o professor. Na verdade, este conhecimento

    produzido no percebido porque no publicado regularmente, no se materializa

    sob a forma de texto verbal, no-verbal, experincias e formas materiais (produtos).

    Acrescentamos ainda o problema do demasiado nmero de atividades que se acumula

    a cada aula. Atividades estas que sobrecarregam professor e aluno, sem muitas vezes

    apresentar um produto final. Quase sempre o aluno convocado a pesquisar uma

    infinidade de assuntos, sem aprofundar nenhum. Muitas vezes, em meio pressa do

    fazer de ltima hora, a impresso de textos da Internet o recurso metodolgico do

    qual o aluno lana mo; e o professor, envolvido num grande nmero de atividades

    para avaliar, nem percebe a falta de originalidade do trabalho apresentado. Cumpre-se

    uma etapa (bimestre, trimestre ou semestre), e o aluno pouco ou nada escreveu sobre

    algo, pouco aprendeu, aprofundou ou exps o seu ponto de vista sobre determinado

    assunto. um sujeito passivo no processo de ensino-aprendizagem: faz trabalhos,

    no para desenvolver sua cognio, mas para atender ao pr-requisito de o professor

    aferir uma nota.

  • 37

    3. UMA EXPERINCIA CHAMADA PAISAGEM

    ps esse percurso de anlise da prtica docente de geografia entre a

    academia e a educao bsica, entre o aluno e o professor dessa mesma

    educao bsica, entre o livro e o aluno, e por fim, entre a paisagem e o

    aluno, cumpre-nos a funo de expor a experincia desenvolvida junto a um grupo de

    dezesseis alunos do Ensino Fundamental, Sries Finais, do Instituto Sonho Colorido.

    Partindo da prtica de defendemos, a da interao professor-aluno, da posio de

    protagonismo do aluno enquanto sujeito no processo educativo, buscamos

    desenvolver estudos referentes ao conceito de paisagem, aproveitando o percurso

    desenvolvido por estes alunos entre a casa e a escola, e entre a escola e a casa.

    Num primeiro momento, solicitamos aos mesmos que observassem, no dia seguinte, a

    paisagem encontrada no percurso entre sua residncia e a escola; e que fizesse o

    mesmo ao retornar, empreendendo assim o percurso escola-casa.

    Num segundo momento, os alunos foram instigados a expor o que viram, indicando o

    que julgavam ser paisagem. Orientamos que, ao final de cada percurso, fizesse o

    registro do que eu considerava ser paisagem, por meio de um desenho, em ambos os

    percursos. Considerando mais uma vez o aluno como protagonista, e tendo por base a

    tese da Zona de Desenvolvimento Proximal, procuramos fomentar a troca de

    experincias entre os alunos, ao exporem seus desenhos, explicarem sobre os

    mesmos e acolherem observaes do professor, bem como dos demais colegas.

    Em seguida, disponibilizamos aos mesmos um texto bsico sobre paisagem, o qual foi

    lido e igualmente discutido. A partir do referido texto, e tendo por base a experincia

    da observao feita no percurso casa-escola e escola-casa, solicitamos que os alunos

    apresentassem uma definio elaborada em seu pensamento sobre paisagem. Alguns

    resultados foram surpreendentes, entre os quais, alguns que expomos a seguir,

    juntamente com a sua respectiva representao espacial:

    Paisagem tudo aquilo que podemos no s ver, mas tambm sentir, ouvir. o que

    nos chama a ateno. o que o homem constri e destri. Pode ser modificada ao

    longo de tempo, se no cuidamos (Aluna do 6 Ano do Ensino Fundamental).

    A

  • 38

    Figura 01: Representao da paisagem (caminho de ida para escola)

    Fonte: Pesquisa realizada com os alunos do ISC, 2014.

    Como vemos, h, na fala dessa aluna (primeira anlise), erros e acertos, os quais

    devem ser lapidados pelo professor, mas sem tolher a capacidade cognitiva do aluno,

    nem tampouco o direito que o mesmo tem de errar. Mas, se considerarmos a idade

    do aluno, admitiremos que h, em sua fala, mais acertos que alguma manifestao de

    erro, a qual pode aparecer apenas ao final, ao dizer que a paisagem se destri se no

    for cuidada. Mas eis que o professor est na sala de aula exatamente para promover

    um processo cognitivo junto aos alunos, e saber como lidar com essa situao.

    Paisagem pra mim tudo que ouvimos, vemos e tocamos, pode chegar a ser apenas

    um som (canto dos passarinhos), tocamos (rvores, flores) ou vemos (carro, pessoas,

    lugares) e com tudo isso a paisagem fica completa. (Aluno do 9 ano do Ensino

    Fundamental).

    Figura 02: Representao da paisagem (caminho de ida para escola)

    Fonte: Pesquisa realizada com os alunos do ISC, 2014

  • 39

    Na segunda anlise, percebemos elementos semelhantes entre os dois alunos.

    Entretanto, o segundo coloca em destaque, outro elemento, a materialidade da

    paisagem. O fato do tocar. Esse novo elemento abre um leque de discusso que

    poderia ser tratada com os alunos. Materialidades, imaterialidade, coexistncia. A

    partir do conhecimento prvio, simples, do aluno, seria possvel estabelecer dilogos

    mais amplos e significativos, no qual, a produo do conhecimento se efetivasse.

    4. CONSIDERAES FINAIS

    nsinar saber ensinar. Isso, em todos os ambientes de sala de aula, e mais

    especificamente, no estgio supervisionado do ensino de geografia. com

    este pensamento que nos dispusemos a empreender esse processo

    investigativo da construo do conhecimento na educao bsica, o qual, nesse

    momento, discute mais uma etapa, qual seja, relativa ao estudo do conceito de

    paisagem.

    Pelas experincias vivenciadas, reafirmamos a postura de que o aluno deve ser

    sempre protagonista no processo de ensino-aprendizagem. E ser protagonista, no

    caso do trabalho desenvolvido a partir do conceito de paisagem, consistiu em lhe

    orientaes, caneta, papel, lpis de cor e muitas asas imaginao.

    REFERNCIAS

    BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que , como se faz. So Paulo: Loyola, 2000. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construo de conhecimentos. Campinas, Papirus,

    2005. SCHIER, Raul Alfredo. Trajetrias do conceito de paisagem na geografia. Revista RAE GA, Curitiba, n. 7, p. 79-85, 2003. Editora UFPR.

    ARAJO, J. C. de; SILVA, M. V. da. A paisagem urbana a caminho da escola: leituras e nuances sob o olhar dos alunos. Revista Espao Cientfico Livre, Duque de Caxias, v. 05, n. 02, p. 28-39, abr.-maio, 2015.

    Recebido em: 16 abr. 2015.

    Aprovado em: 19 abr. 2015.

    E

  • 40

    Comparao da arquitetura

    histrica italiana e brasileira-

    contexto histrico e influncias:

    estudo de caso na Bahia

    COMPARISON OF BRAZILIAN AND ITALIAN HISTORIC ARCHITECTURES -

    HISTORICAL CONTEXTO AND INFLUENCES: A CASE STUDY IN BAHIA

    Jamille Freitas Fiuza Graduanda em Engenharia Civil/Centro de Cincias Exatas e Tecnolgicas /UFRB. Cruz das Almas, BA. E-mail: [email protected] Francisco Gabriel Santos Silva MSc. Professor Assistente/Centro de Cincias Exatas e Tecnolgicas /UFRB Cruz das Almas, BA. E-mail: [email protected]

    FIUZA; J. F.; SILVA, F. G. S. Comparao da arquitetura histrica italiana e brasileira contexto histrico e influncias: estudo de caso na Bahia. Revista Espao Cientfico Livre, Duque de Caxias, v. 05, n. 02, p. 40-56, abr.-maio, 2015.

    RESUMO O Brasil sempre foi um pas marcado pela presena de estrangeiros desde a sua colonizao. Foi possvel aprender e aproveitar com os imigrantes, que vieram para o pas tcnicas, novos mtodos e conhecimentos em geral, como aconteceu com a arquitetura brasileira. Para este trabalho analisa-se a interferncia da imigrao italiana. Divide-se essa presena italiana em dois momentos: em um primeiro momento marcado pelo perodo colonial na presena de fortificaes, que foram utilizados conhecimento de engenheiros militares italianos para a sua construo; e

    em outro momento que foi o perodo ecltico, quando a populao imigrante italiana se alojou em diversas regies do Brasil e colaborou com o avano e desenvolvimento da arquitetura brasileira influenciando-a do seu modo. Utilizou-se de modelos arquitetnicos do passado para se reproduzir desejos do presente, com estes modelos do passado vieram novas tcnicas e modos de construir. Para preservar a arquitetura de uma poca necessrio conhecer mais sobre ela, sobre o material empregado e o modo que foi aplicada.

    Palavras-chave: Arquitetura. Itlia. Brasil. Ecletismo.

  • 41

    ABSTRACT Brazil has always been a country marked by the presence of foreigners since its colonization. It was possible to learn and enjoy the immigrants who came to the country, the techniques, new methods and knowledge in general, as happened in Brazilian architecture. This stronger Italian presence was divided in two stages: at first marked by the colonial period in the presence of fortifications, which were used knowledge of Italian military engineers for its construction, and at another time it was

    the eclectic period, when the immigrant Italian population lodged in various regions of Brazil and collaborated with the advancement and development of Brazilian architecture influencing it their way, which used architectural models of the past to reproduce their current desires, these models of the past, with which came new techniques and ways to build. To preserve the architecture of a time you need to know more about it on the material used and the way it was applied.

    Keywords: Architecture. Italy. Brazil. Eclecticism.

    1. INTRODUO

    descobrimento do Brasil foi no ano de 1500, no perodo da histria mundial

    fez parte Renascimento e na histria nacional deu incio ao perodo colonial

    brasileiro, a partir de ento, iniciaram as influncias estrangeiras nas novas

    terras brasileiras, dentre as quais encontramos a presena portuguesa, espanhola,

    holandesa e italiana.

    Algumas influncias da Itlia sero descritas e sero divididas em dois perodos: o

    perodo colonial do Brasil entre os sculos XVI e XVII, com a presena das

    fortificaes; e perodo ecltico entre os sculos XIX e XX, presena de muitos

    imigrantes no pas.

    A Itlia contribuiu muito com o que temos hoje no modelo de construo do Brasil. Os

    imigrantes que vieram ao Brasil de diferentes nacionalidades trouxeram seus

    conhecimentos e suas aplicaes em tcnicas construtivas, materiais, mtodos, e

    compartilharam com os povos brasileiros. Ao longo dos anos estes modelos se

    integraram ao que melhor se adaptava realidade do Brasil, resultando no nosso

    conhecimento atual.

    Quando o pas dava ainda seus primeiros passos, nos sculos XVI e XVII, aproveitou-

    se o conhecimento de batalhas e resistncia dos italianos nas construes de

    fortificaes, e vieram para o Brasil engenheiros militares que possuam conhecimento

    para construir estes fortes. Na Bahia, foram os engenheiros militares italianos os

    O

  • 42

    responsveis pelos fortes de Santo Antnio da Barra e Nossa Senhora de Monserrat

    (OLIVEIRA, 2004).

    Os motivos dos italianos imigrarem para o Brasil nos sculos XIX e XX, foi o momento

    vivido pela Itlia, estava com a base econmica desestabilizada e sujeita a frequentes

    epidemias e guerras, o que ajudou na emigrao dos italianos.

    Na fase chamada de Ecletismo as obras que eram realizadas se inspiravam em

    modelos arquitetnicos do passado - ocorreu entre os sculos de XIX e XX - fase

    novamente marcada pela influncia de engenheiros e arquitetos italianos. A partir de

    uma nova viso e com o grande leque de escolhas de diferentes perodos histricos,

    os arquitetos e engenheiros possuam uma vasta variedade de referncias (PEDONE,

    2005).

    Possuir dados sobre as tcnicas e procedimentos aplicados em uma estrutura de uma

    determinada poca fundamental para poder mant-la ao longo do tempo com a sua

    configurao inicial.

    Este artigo visa compreender as influncias italianas nas origens das construes

    brasileiras, a sua representao na Bahia, observar tambm quais os mtodos e

    tcnicas construtivas utilizadas pelos engenheiros e arquitetos italianos.

    2. METODOLOGIA

    oi realizado um trabalho de pesquisa bibliogrfica na Universidade Federal do

    Recncavo da Bahia, a delimitao do tema teve a Bahia, como campo de

    estudo, por ser o estado onde se desenvolve essa pesquisa. Desse modo,

    optou-se por construes com caractersticas italianas em Salvador a exemplo do forte

    Monserrat, do Palcio Rio Branco, o Banco Francs Italiano, o antigo Mercado

    Modelo, o antigo teatro Kursaal-Bahiano, Corpo de Bombeiros, palacetes para a elite

    burguesa, entre outras obras. Utilizou-se a anlise de contedo como metodologia,

    recorrendo a bancos de dados peridicos, Capes, Scielo, artigos, livros, revistas, teses

    e autores especialistas na rea.

    F

  • 43

    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    3.1. Histrico poca colonial brasileira

    possvel notar a presena da influncia italiana desde o perodo colonial do Brasil,

    inicialmente com a vinda de muitos europeus que povoavam as terras brasileiras. Com

    o conhecimento das fortalezas trazidas de suas terras, eles construam no Brasil,

    utilizando os materiais que possua maior disponibilidade na regio.

    Como explana Oliveira (2004) alguns historiadores classificavam as fortalezas da

    Bahia em fortificaes da Escola Italiana, aquelas fortalezas mais antigas e com

    ausncia de baluartes em ponta de lana, como a de Santo Antnio da Barra e a de

    Nossa Senhora de Monserrate, e segundo Oliveira (2004) uma definio que carece

    de exatido, pois a fortificao abaluartada inveno dos italianos.

    As escolas mais reconhecidas da arte de fortificar segundo o autor Oliveira (2004) so

    a italiana, a holandesa e a francesa. A escola de fortificar italiana inicialmente tinha a

    ocupao de fortificar e era desenvolvida por arquitetos do Renascimento e do

    Barroco, depois que surgiram os engenheiros. Estes engenheiros italianos acabaram

    praticando suas ideias muito mais no exterior do que na prpria Itlia, em diversas

    naes da Europa e em colnias como o Brasil.

    Os estudos na rea e a sua aplicao prtica na Itlia para defender a sua pennsula,

    sujeita a ameaas inimigas, estimularam o interesse por engenheiros italianos para

    prestar os servios nas cortes estrangeiras devido a seu conhecimento na arte de

    defesa. Esta poca de conhecimentos coincidiu com a poca de expanso do oceano,

    assim, muitos engenheiros foram enviados para lidar com estes novos territrios e

    fortalecer os locais contra ataques inimigos (FINIZIO, 2006).

    Era preferncia dos italianos as estruturas em alvenaria de pedra ou tijolo nas

    fortificaes, de acordo com a disponibilidade do material na regio, que dava uma

    maior durabilidade s fortificaes (OLIVEIRA, 2004).

    O forte de Nossa Senhora de Monserrate possui uma grande importncia na

    arquitetura do Brasil por ser um modelo mais arcaico de defesa que sobreviveu sem

    grandes transformaes, o que o torna, talvez, o mais antigo existente do Brasil. Este

  • 44

    forte definido por Oliveira: Os seus basties redondos eram muito a gosto da

    arquitetura italiana da transio, embora em escala infinitamente mais modesta.

    (OLIVEIRA, 2004).

    Segundo Finizio (2006) os primeiros engenheiros italianos a chegarem ao Brasil

    realizaram obras no Rio de Janeiro e na Bahia. Cita-se Battista Antonelli; Tiburzio

    Spannocchi; Baccio dei Filicaia e D. Francisco de Sousa. Este ltimo foi denominado

    engenheiro-mor, e contribuiu com o desenho do Forte de Santo Antonio da Barra,

    Forte de So Alberto, Torre de Santiago em gua de Meninos e outros nas

    proximidades de Salvador. Sua principal obra foi o Forte de Nossa Senhora de

    Monserrate em Salvador.

    3.2. Motivaes da vinda dos italianos para o Brasil

    Betocchi (2011) relata que entre 1875 e meados dos anos setenta do sculo XX

    chegaram cerca de um milho e meio de italianos, com um maior fluxo entre os anos

    de 1887-1902 e interrompido na primeira guerra mundial, retomando esta imigrao

    nos anos entre guerras de maneira singela e aps a segunda guerra de forma mais

    intensa.

    A Itlia e o Brasil adotaram polticas que promoviam o fluxo imigratrio vendo nele a

    soluo das problemticas da poca, envolvendo fatores sociais e econmicos. O

    perodo que envolveu e unificao da Itlia (1870) e os anos seguintes foi um perodo

    complicado, pois a unificao contribuiu para resolver a maior parte dos problemas de

    origem poltica, porm os problemas socioeconmicos ampliaram e tomaram

    propores que eram preocupantes. Apesar da Itlia se encontrar unificada, haviam

    barreiras e divises internas de ordem social, devido diferena que havia entre as

    diversas regies. Aps mais de 20 anos de luta pela unificao da Itlia, a populao

    enfrentava ainda grandes problemas de sobrevivncia, tanto em reas rurais, quanto

    em reas urbanas (BETOCCHI, 2011).

    O quadro social vivido na Itlia durante a unificao era bastante crtico dentro do

    contexto politico, social e econmico. O auxlio financeiro de outros pases ajudou a

    Itlia a iniciar seu processo de industrializao, trazendo diversos problemas para o

    pas como pobreza, desemprego, fome e misria no perodo da unificao.

    (CAVALIERI, 2011).

  • 45

    Badalotti (2013) comenta que as condies de pobreza em que os camponeses viviam

    foi uma das responsveis pela emigrao em massa desta classe. A presena de

    frequentes epidemias, as guerras que ocorriam na poca da unificao do pas e o

    servio militar obrigatrio que foram outros fatores que aumentaram a emigrao.

    Cavalieri (2011) confirma quando explica que o governo da Itlia com o objeto de

    resolver os problemas ocorridos durante o perodo da unificao ajudava os italianos a

    sarem do pas, de tal forma a tentar reverter queda da economia. A emigrao para

    os italianos seria uma soluo tanto para poltica como para o social da regio e com

    isso os emigrantes formariam colnias nos outros pases, para assim o governo

    italiano no futuro poder aumentar seu mercado ao redor do mundo.

    As classes dominantes do Brasil iniciaram o incentivo a imigrao, pois responderia a

    necessidade de povoar o territrio brasileiro cultivando a maior quantidade de terras

    possvel, cultivando em especial o caf visando exportao. Devido abolio dos

    escravos tornava-se necessrio encontrar mo de obra para a agricultura e grandes

    plantaes (BETOCCHI, 2011).

    3.3. poca ecltica no Brasil

    No sculo XIX ocorreram diversas reutilizaes dos modelos de arquitetura do

    passado no cenrio da poca, estas reutilizaes eram vinculadas necessidade de

    criar e perpetuar instituies completamente novas. A revoluo industrial e social

    ditou um novo cenrio com novos temas edilcios e uma mudana significativa na

    infraestrutura. Os novos achados de tcnicas beneficiaram o surgimento de uma

    arquitetura de natureza tecnolgica e cientfica. Simultaneamente, agravou a

    separao que existia, naquela poca, entre a arquitetura como cincia e a arquitetura

    como arte (PEDONE, 2005).

    Claude Mignot (1994), citado por Correia (2011), aponta duas vertentes no ecletismo:

    o ecletismo sinttico onde a arquitetura recorre experincia arquitetnica do

    passado, buscando combinar os princpios, solues e motivos de diferentes pocas

    de uma maneira nova; e o ecletismo tipolgico que dependendo do estilo que deseja

    transmitir construo, o arquiteto, baseando-se em modelos antigos, remodelam

    para as necessidades do presente. Estabeleceu-se uma conexo entre os estilos,

    acreditando ento que a linguagem clssica se adaptava melhor nos prdios pblicos

  • 46

    reparties, museus, tribunais etc - e tambm para os prdios residenciais; e os

    estilos gtico, romnico ou bizantino, ficariam melhores nas igrejas.

    Foi utilizado no ecletismo: a escolha do estilo, para que este expressasse a forma

    julgada mais apropriada ao carter do prdio, dependente do seu uso, tornaria o

    prdio um estilo de severidade e sobriedade, ou cor e alegria. Com a quebra das

    barreiras da histria os arquitetos possuram um novo leque de referncias e a grande

    quantidade de publicaes do perodo expandiu o domnio da arquitetura. A partir de

    uma viso relativista da tradio pode-se atribuir um mesmo valor a diferentes

    perodos da histria, tornando todo o passado como fonte de inspirao, abrindo

    novas opes e reas de investigao, reconstruindo as suas referncias (PEDONE,

    2005).

    Para Pedone (2005) pode-se considerar o Ecletismo na arquitetura como um mtodo

    que se adapta a arquitetura dos novos tempos utilizando elementos e sistemas

    elegidos da histria, buscando criar novas composies.

    Segundo Andrade Junior (2007), a arquitetura ecltica no Brasil est diretamente

    vinculada Repblica Velha (1889-1930) e isso representa um avano para ruptura da

    interferncia portuguesa que tanta esteve presente no Brasil na poca do Imprio. A

    Repblica tambm trouxe outras implicaes do ponto de vista poltico, cultural e

    ideolgico, questes que tambm acabam por interferir nas novas concepes de

    construes no pas.

    Buscando negar a origem portuguesa da cultura brasileira, esta nova fase buscava

    associar os trabalhos arquitetnicos a outros modelos europeus, como o francs e o

    italiano. Esta mudana cultural acontece com o advento da modernidade, com

    ampliao de ferrovias, princpio da industrializao e os avanos no campo da

    construo civil que passava a utilizar o ferro fundido e o concreto como materiais

    (ANDRADE JUNIOR, 2007).

    Para Puppi (2010) importante reconhecer o que os profissionais estrangeiros que

    passaram por Salvador deixaram como marca no rico centro histrico, o trabalho de

    inmeros profissionais que colaboraram para a Salvador moderna do incio do sculo

    XX.

  • 47

    Aps o declnio da cultura aucareira sem possuir uma diversificao produtiva, no

    sculo XX, Salvador era sustentada basicamente como porto escoador e centro

    financeiro da cultura cacaueira, apesar disto a cidade no foi impedida de realizar as

    obras urbanas de modernizao. Estas obras transformaram os traos coloniais da

    arquitetura e deram um novo estilo o qual era desejado pela populao burguesa que

    seguia o padro europeu de sociedade (PUPPI, 2010).

    J existiam modelos de construes e reformas com caractersticas da arquitetura

    ecltica com o ex novo desde 1870, porm, somente a partir de 1910 que a

    arquitetura ecltica se transforma na expresso oficial arquitetnica do poder pblico e

    econmico, com construes mais grandiosas e expressivas de Salvador (ANDRADE

    JUNIOR, 2007).

    O advento de inmeros engenheiros, arquitetos e construtores imigrantes, em

    Salvador, especialmente italianos, se ocuparam trabalhando na construo de prdios

    institucionais e renovando antigos prdios, casas da burguesia baiana com os

    recursos provenientes do trabalho industrial, do fumo no Recncavo e do cacau no sul

    da Bahia (ANDRADE JUNIOR, 2007).

    possvel observar alguns desses trabalhadores imigrantes que, com todo seu estilo

    e trabalho, deixaram a sua marca nos edifcios brasileiros portadores de uma

    renovao arquitetnica no qual afirma Godofredo Filho:

    Os Chirico, os Conti, os Santoro, os Rossi, os Sercelli e tantos outros, diferentes entre si nos misteres e nos mritos, trabalharam com afinco, brindando a cidade ora de bronzes e mrmores duradouros, ora de pinturas de salo mundano em igrejas austeras e, ainda, em edifcios pblicos e particulares, da glace caricatural dos estuques, as grinaldas, os festes, as guias de bico voraz e asas abertas, e, at, de mulheres aladas ou de corpo natural inteiro, todas elas de seios duros e pontudos ede Dnae de Corregio, por onde se pudessem modelar, acaso, as taas cnicas jkdas festanas inaugurais. (GODOFREDO FILHO, 1984 apud ANDRADE JUNIOR, 2007).

    De acordo com Andrade Junior (2007) e Puppi (2010) entre o perodo de 1910 e 1920,

    arquitetos, engenheiros e construtores como Jlio Conti, Alberto Borelli, Michele

    Caselli, Rossi Baptista e Filinto Santoro atuaram em Salvador, destacando-se os dois

    ltimos como os mais importantes na poca.

  • 48

    Raphael Rebechi um dos primeiros profissionais italianos que se sabe que chegou

    ao Brasil. Depois podemos destacar, Antnio Virzi, possua um ateli em Salvador que

    fabricava blocos de cimento balaustrados e peas em madeiras e projetou um teatro

    municipal para Salvador. Segundo Antonio Virzi a obra do teatro Virzi traria cimento

    armado e estrutura metlica que seria importada dos Estados Unidos, porm este

    edifcio no foi construdo, tendo somente a fundao construda, devido a problemas

    financeiros e polticos da poca (PUPPI, 2010).

    O italiano Alberto Borelli projetou poucas obras em Salvador, mas foi autor do

    Gabinete Portugus de Leitura e autor de um projeto para um prdio hospitalar. Jlio

    Conti era o responsvel pelas obras governamentais em Salvador antes de Filinto

    Santoro. Ele participou da parte inicial de construes importantes como o palcio Rio

    Branco e o corpo de Bombeiros, responsvel tambm pelo projeto da Igreja da Ajuda,

    da Impressa Oficial, do Instituto Histrico e

    Geogrfico e reformas e projetos de prdios entre os anos de 1917 e 1921,

    reformando e modernizando fachadas de ruas centrais (PUPPI, 2010).

    Andrade Junior (2007) afirma que o destaque entre os projetistas italianos que

    atuaram nesta poca na Bahia vo para Rossi Baptista e Filinto Santoro, que atuaram

    de forma massiva em Salvador entre os anos de 1910 ao incio de 1920.

    Filinto Santoro, formado na Real Escola de Aplicao em Npoles na Itlia, chegou ao

    Brasil em 1889, passando pela capital Federal, posteriormente no Espirito Santo,

    Amazonas e no Par. Em cada lugar destes deixou o seu legado construtivo de forma

    importante (PUPPI, 2010).

    Em 1913 Santoro se estabeleceu na Bahia. Seu primeiro trabalho foi no antigo

    Mercado Modelo, e logo depois no projeto do Quartel de Bombeiros. Entre os anos de

    1916-1920 ele foi responsvel por edifcios pblicos. Santoro foi o substituto de outro

    italiano, Jlio Conti, que trabalhava no projeto ecltico do Palcio Rio Branco (Figura

    1) e tambm do Corpo de Bombeiros. Sendo assim, Filinto Santoro foi o responsvel

    por finalizar os principais edifcios governamentais da cidade: o Palcio Rio Branco e o

    palcio da Aclamao. Filinto ainda projetou o antigo teatro Kursaal-Bahiano, na praa

    Castro Alves, onde antes seria construdo o teatro de Virzi. O teatro de Filinto tinha a

  • 49

    fachada principal tripartida e com predomnio da parte central, com presena da janela

    termal, elemento de vrios edifcios eclticos de Salvador (PUPPI, 2010).

    Figura 1: Palcio Rio Branco

    Fonte: (ANDRADE JUNIOR, 2007)

    Rossi tambm construiu a Associao dos Empregados do Comrcio e reformou o

    edifcio da Companhia Aliana da Bahia (PUPPI, 2010).

    Grande parte dos edifcios construdos pelos italianos no sculo XX possua uma

    fachada tripartida tendo como referncia o eixo vertical a partir da porta principal, para

    uma simetria perfeita. Com inteno de sempre destacar esta parte do prdio,

    reforando a verticalidade. possvel notar este elemento no palcio Rio Branco, que

    possui a fachada principal tripartida e com valorizao central, e tambm nota-se no

    palcio da Aclamao, obra resultante da reforma do edifcio (PUPPI, 2010).

    Na decorao das fachadas notam-se elementos como colunas, frontes, pilastras,

    frisos e elementos de flora e fauna, que vinham distribudos de acordo com os desejos

    do arquiteto, aplicados sobre as reas de fachada, comumente aplicada no ecletismo.

    Em fachadas principais, as decoraes ocupavam mais espaos e, em fachadas

    secundrias espaos menores, definindo uma hierarquia de fachadas (PUPPI, 2010).

    Correia (2011) explica que do mesmo modo que h a presena de ornatos nos

    interiores dos ambientes surgem tambm nas fachadas externas, que simboliza uma

    das expresses da fase ecltica.

  • 50

    3.4. Sobre as influncias trazidas da Itlia

    Com o crescente esforo de pesquisadores sobre a preservao de bens histricos

    que representam o patrimnio histrico de uma nao, so maiores os estudos sobre

    a origem dos edifcios e das tcnicas construtivas que foram aplicadas nele, e s

    ento se consegue melhorar e buscar uma maneira de preserv-los com respectivas

    tcnicas e respeitando o momento histrico no qual foi implantado que de

    fundamental importncia para a identidade do pas. Diversos estudos tm ampliado

    este conhecimento sobre as tcnicas utilizadas s quais sero apresentadas algumas

    da poca ecltica e possveis presena da arquitetura italiana.

    Os autores Peres (2008), Melo e Ribeiro (2007), Noble e Valentim (2011), Ribeiro

    (2003) e Santos (2007) realizaram pesquisas sobre a tecnologia construtiva difundida

    na Itlia no sculo XIX e/ou tecnologia aplicada no Brasil. Na poca ecltica os

    trabalhos destes autores so baseados em outras regies, porm pode-se analisar

    algumas tcnicas utilizadas tambm em edifcios na Bahia devido a falta de materiais

    especficos para a Bahia, apesar da possibilidade de existir alguma mudana regional

    na tcnica ou na forma de construir.

    Peres (2008) cita que se tratando da parte estrutural eram presentes: paredes

    portantes de pedra ou tijolos, paredes no portantes de estuque e paredes no

    portantes nas platibandas. O uso de alvenarias com tijolos cermicos nas paredes

    externas auxiliavam para reduzir as espessuras das paredes de pedra que eram

    utilizadas e facilitava a execuo e ligao entre os elementos, com planos de

    assentamento regulares, devido as suas faces. A porosidade dos tijolos cermicos

    melhorava a coeso com a argamassa, logo um melhor acabamento do reboco.

    Para Melo e Ribeiro (2007) de forma estrutural, o emprego de ferro laminado ou

    fundido era associado ao interior da construo, inserido em alicerces e/ou para

    conformar colunas e vigas de sustentao, geralmente encontrado dentro de

    alvenarias, sendo exposto somente em alguns casos pontuais, os quais alcanam

    maiores vos e possuem um carter decorativo.

    Melo e Ribeiro (2007) explica que, de maneira geral, j se encontrava a presena do

    concreto em fundaes quando a importao do cimento Portland permitia a execuo

    destas estruturas. Normalmente um concreto mais bruto que utilizava pedras de

  • 51

    maiores dimenses. Com relao s fundaes, Ribeiro (2003) relata que elas podiam

    ser rasas em concreto do tipo vala e que circundassem as paredes perimetrais da

    construo. Ainda ocorria de o empreiteiro prever a possibilidade das fundaes

    serem profundas e para isso tinha como soluo a introduo de toras de madeira

    para trabalhar como estacas de atrito, que era um mtodo utilizado pelos antigos

    romanos.

    Com relao s paredes no portantes divisrias que utilizavam o estuque a autora

    Peres esclarece:

    O termo da lngua italiana conhecido como stucco, cujo plural stucchi foi empregado at o sc. XVI para rebocos a base de cal area e p de mrmore utilizados no preenchimento de vazios ou fendas de uma superfcie, na criao de ornatos em relevo, ou simplesmente para dar acabamento em uma parede plana. A partir da, o termo foi empregado indiferentemente s argamassas base de cal e s argamassas a base de gesso para fazer ornatos, cornijas, pilastras, msulas, capitis e cassetoni per soffitti (quadros decorativos nos tetos) (PERES, 2008).

    A autora relata que esta tcnica era utilizada tambm em outros pases europeus, mas

    que no recebia esta denominao.

    Para Noble e Valentim (2011), o estuque presente nas paredes internas e externas se

    difere quanto composio das argamassas. Nas paredes exteriores de estuque, a

    argamassa proveniente da mistura de cal, areia e gua, pode ser acrescentada a uma

    pequena quantidade de p de mrmore, que garantia uma maior resistncia. Com a

    chegada do cimento este foi incorporado a essa mistura. Nas paredes internas de

    estuque, a tcnica construtiva descrita pelos autores: dava-se a partir da

    justaposio horizontal de fasquias de madeira, seja bambu ou palmeira, presos a

    uma estrutura vertical composta por barrotes de madeira, que unidos com a

    argamassa, vinham a substituir os tijolos. Nas ornamentaes internas de estuque o

    material utilizado requintado, delicado e sensvel a intempries - o gesso. J nas

    ornamentaes externas de estuques so um material resistente, durvel e menos

    sensvel as intempries.

    Melo e Ribeiro (2007) acrescenta ainda que os estuques eram empregados tambm

    em forros, aplicados em ambientes mais nobres com possibilidades decorativas na

    execuo de ornatos.

  • 52

    Os autores Peres (2008), Noble e Valentim (2011) relatam ornatos de argamassa em

    relevo no exterior e interior das edificaes deveriam ser executados com cuidados

    para a colocao das armaduras nos ornatos. So necessrias armaduras de

    sustentao, ancoradas com pinos de ferro ou fios de arame, quando h a presena

    de ornatos maiores e mais pesados como capitis, festes e modernaturas. Os

    ornatos menores eram colados com massa de estuque.

    As esttuas eram moldadas em cimento ou em cermica alouada montadas sobre as

    platibandas ou frontes das construes. Esses elementos enriqueciam e davam

    imponncia s construes e atendia aos interesses da classe burguesa em

    exteriorizar as suas ideologias e poder econmico (SANTOS, 2007).

    Os acabamentos das estruturas eram em alvenarias revestidas com argamassa de

    cal. A argamassa mais utilizada era a base de cal, tanto no emboo e no reboco, e do

    leite de cal usado na pintura, uma tcnica recorrente. O cimento Portland j era

    presente nas construes, mas era um produto importado e no muito utilizado ainda

    (MELO e RIBEIRO, 2007).

    Com relao aos arcos que geram a cpula serem semicirculares, pode-se dizer que a

    abbada esfrica e, se estes arcos forem abaulados, pode-se dizer que uma

    cpula abaulada. As abbadas podem ser construdas com pedras, tijolos cermicos,

    argamassa aplicada sobre tramado de madeira, canas ou telas metlicas fixadas no

    madeiramento. As abbadas que so feitas com estuque so apenas decorativas, os

    arcos em estruturas de madeira recebem o estuque na superfcie interna. As

    abbadas de tijolos ou de pedras podem receber ou no revestimento, possuindo

    variadas formas (Peres, 2008).

    A cobertura da edificao deveria resistir s influncias atmosfricas e aos perigos de

    incndio, sendo geralmente superfcies planas inclinadas intencionadas pela cumeeira,

    a forma mais simples de estrutura de sustentao a tesouras em italiano chamadas

    de capriata (Peres, 2008).

    A facilidade de importao de diferentes materiais ampliava as possveis solues de

    telhados podendo ter diferentes aspectos. Em construes mais modestas, a mudana

    limitada nas peas de madeira que obtinham um acabamento mais perfeito, com a

    execuo de tesouras que eram caractersticas marcantes do perodo. O uso de

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    platibandas decoradas era comum a fim de esconder o telhado. Foram possveis

    maiores inclinaes do telhado com a presena da ardsia e de revestimentos

    metlicos na construo (MELO; RIBEIRO, 2007).

    A poca ecltica foi marcada pela presena e a facilidade de utilizar novos materiais

    importados, principalmente elementos metlicos e o cimento Portland. Neste perodo

    ecltico a utilizao do concreto ainda era muito rudimentar, apenas empregada de

    forma pontual, geralmente um concreto mais bruto (MELO; RIBEIRO, 2007).

    O autor Oliveira (1983) realizou um trabalho de pesquisa de um dos locais de

    Salvador-BA, no edifcio do Palcio Rio Branco, um dos mais importantes do seu

    centro histrico, analisando a estrutura do Palcio, descrito brevemente abaixo.

    Com um breve histrico, pode-se analisar que em 1549 foi construdo o primeiro

    edifcio em taipa e barro. Em 1647 o arquiteto Philippe Guiteau atribui pedra e cal ao

    segundo palcio. Em 1661 substitudo pelo arquiteto Pedro Garim que participa da

    verso seiscentista do Palcio Rio Branco. Em 1900 assumem a obra o engenheiro

    Alexandre Maia Freire Bittencourt e o arquiteto Antnio Lopes Rodrigues. Em 1912

    teve um bombardeio na cidade de Salvador que danificou a construo, onde abrigava

    a Biblioteca Pblica do Estado, a primeira do Brasil, que foi destruda pelo fogo. As

    reformas foram iniciadas pelo arquiteto italiano Jlio Conti e o engenheiro Arlindo

    Cardoso Coelho. Em 1916 houve a segunda etapa da reforma do Palcio e quem

    assume o engenheiro-arquiteto italiano Filinto Santoro, com a exploso da primeira

    grande guerra. Em 1914 inibiu o andamento das obras devido quantidade de

    material que era importado da Europa. Em 1919 foi inaugurada a reforma do Palcio

    Rio Branco. Em 1978 houve um desabamento do forro de estuque e com ele os

    elementos decorativos que adornavam este forro foram substitudos por uma

    moldagem em fibra de vidro. Em 1981 houve um outro desabamento, agora do forro

    da escadaria principal, e foi previsto um projeto para que restaurasse e consolidasse o

    forro original do incio do sculo que este estudo de Oliveira.

    Oliveira (1983) comenta sobre a composio da fachada, com presena de prtico

    toscano, um elemento clssico. A escadaria nobre, em metal e vidro totalmente

    importada da Europa, os pisos e espelhos do degrau so de vidro armado

    internamente com uma tela romboidal, que caracterizam uma obra de carter ecltico.

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    Todo o espao monumental da escada possua um forro de estuques com

    modernaturas e pintado com alegorias.

    Oliveira (1983) em seu estudo encontrou com toda probabilidade que o aglomerante

    utilizado na argamassa de estuque foi o cimento, com uma colorao muito mais clara

    que as argamassas de cimento atual, provavelmente a utilizao de cimentos

    importados da Europa que eram mais claros devido ao teor e qualidades usados na

    poca. A figura abaixo mostram o palcio Rio Branco entre 1910 e 1912.

    Sobre o perodo colonial no Brasil, sobre as fortificaes, foram encontrados poucos

    registros sobre as construes na Bahia nesta poca, mas pelo que se sabe sobre as

    tcnicas que j eram utilizadas em pases europeus, que enfrentavam guerras muito

    antes do surgimento do Brasil, os engenheiros militares estrangeiros vinham

    geralmente dos pases da Holanda, Frana e Itlia.

    A fase do ecletismo foi marcada pelo desejo de mudar, foi em uma poca de transio

    entre perodos, o pas saa do perodo colonial para a Repblica e a elite burguesa

    queria mudar o estilo das fachadas, perdendo um pouco da herana colonial

    Portuguesa. Observa-se que a fase ecltica deixou aberta aos arquitetos e

    engenheiros um leque de escolhas sobre estilos em pocas anteriores, que

    coincidiram com a fase em que muitos italianos chegavam ao Brasil, a troca de mo

    de obra que saa da poca escravista para a presena de mo de obra assalariada.

    Comprovou-se atravs desse estudo que os imigrantes so portadores de novas

    tcnicas e conhecimentos diferenciados, que foram aproveitados pelos brasileiros,

    alm da mo de obra, entre a grande variedade de estilos a escolher, muitos

    gostavam de seguir a linha italiana.

    4. CONCLUSO

    s construes no Brasil sofreram forte influncia das tcnicas italianas desde

    o perodo colonial com as tcnicas para construo de importantes

    fortificaes.

    No entanto, destaca-se a influncia exercida pelos italianos no perodo ecltico, com o

    uso de blocos de cimento balaustrados e peas em madeiras, composio em arcos e

    A

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    cpula, fachada tripartida tendo como referncia o eixo vertical a partir da porta

    principal, para uma simetria perfeita, entre outros.

    Nas obras avaliadas neste trabalho - a exemplo do Gabinete Portugus de Leitura,

    Palcio Rio Branco,