revista espaço científico livre n. 03

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BRASIL, N. 3, AGO.-SET., 2011 DISTRIBUIÇÃO ON LINE GRATUITA REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS. ESPAÇO CIENTÍFICO revista LIVRE

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REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.

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BRASIL, N. 3, AGO.-SET., 2011 DISTRIBUIÇÃO ON LINE GRATUITA

REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE

ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS DE

ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO,

SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE

DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL

E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS

EVENTOS ACADÊMICOS.

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EDITORIAL

Nesta terceira edição da Revista Espaço Científico Livre, dividimos os eventos acadêmicos em 3 seções, Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Humanas e Sociais, para melhor busca e leitura. Buscamos sempre que a Revista Espaço Científico Livre apresente um caráter interdisciplinar, e nessa edição a revista abordar diversas áreas como psicologia, educação, política, informática entre outros. Continuem enviando seus artigos e eventos acadêmicos, e participe da construção coletiva do conhecimento. Boa leitura. Verano Costa Dutra Editor

A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação digital distribuída gratuitamente a estudantes de escolas técnicas, graduação e profissionais de diferentes áreas em todo o Brasil.

Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e são de total responsabilidade de seus autores.

A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.

Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que a Revista Espaço Científico Livre seja citada como fonte.

As figuras utilizadas nesta edição são provenientes dos sites Stock.XCHNG (http://www.sxc.hu) e ART.com (http://imagecache5.art.com/p/LRG/28/2814/VVKOD00Z/the-actor-charlie-chaplin.jpg). As figuras utilizadas nos artigos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

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COLABORADORES DESTA

EDIÇÃO

Verano Costa Dutra Editor - Farmacêutico Industrial, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF Monique D. Rangel Divulgação - Graduanda em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduanda em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO Danilo Cardoso Teles Graduando em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA Deize Carvalho Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA Dianifer Furtado da Silva Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA Jardel Araújo de Barros Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e pós-graduando em Saúde Pública Liziane Lackman Serpa Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA Luciano de Lima Técnico em Engenharia Clínica Maiara Viana Benito Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA

Marcelo Caus Sicoli Consultor Internacional, MBA em Marketing e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) Mauricio Carneiro Aquino Médico Veterinário, Especialista em Docência para o Nível Superior e Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Alagoas Ricardo Andrian Capozzi Graduado em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Informática e Administração de São Paulo e pós-graduação nas áreas de Análise de Sistemas, Segurança da Informação, Marketing Internacional, Gestão de Negócios, Didática Superior em Tecnologia e Mestrado em Engenharia da Computação Simone Peixoto Conejo Psicóloga, doutoranda em Psicologia Social pela USP/SP, mestre em Psicologia Clínica pala USP/SP. Terapeuta Comunitária. Pós-graduanda em Terapia de Família e Casal pelo Sistema Humanos/Sorocaba

ERRATA: Patricia Antunes Antunes, autora do artigo Arquitetura da informação: o papel das informações periféricas e os recursos de desdobramento do material didático impresso da disciplina "Introdução à Informática" do CEDERJ, publicada na Revista Espaço Científico Livre n. 02, é graduada em Hotelaria pela Universidade Estácio de Sá e Especialista em EAD pela Universidade Federal Fluminense.

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SUMÁRIO

Quando o Amor era Medo: Reflexões sobre Psicossomatização, Alexitimia e Empatia Por Simone Peixoto Conejo

pg. 06

Políticas de EJA e a Atualidade: A Realidade da Educação de Jovens e Adutos (EJA) no Município de Arroio Grande Por Danilo Teles, Deize Carvalho, Dianifer Furtado, Liziane Serpa, Maiara Benito

pg. 15

A Fisioterapia e a Política Por Jardel Araújo de Barros

pg. 27

Do Cautério ao Bisturi Elétrico Por Luciano de Lima

pg. 31

Caramujo Africano: 23 anos de Brasil Por Mauricio Carneiro Aquino

pg. 33

Criptografia Quântica Por Ricardo Andrian Capozzi

pg. 37

É um bom investimento comprar imóveis em Miami? Por Marcelo Sicoli

pg. 50

Eventos acadêmicos

pg. 55

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Quando o Amor era Medo: Reflexões

sobre Psicossomatização,

Alexitimia e Empatia

Simone Peixoto Conejo Psicóloga, doutoranda em Psicologia Social pela USP/SP, mestre em Psicologia Clínica pala USP/SP. Terapeuta Comunitária. Pós-graduanda em Terapia de Família e Casal pelo Sistema Humanos/Sorocaba. Sorocaba, SP E-mail: [email protected]

s sentimentos envolvem a saúde e o adoecimento, o tratamento e as possibilidades de cura. Cada pessoa se relaciona com eles e, por meio deles, compõem um modo singular de olhar o mundo, a si e ao outro. Eles permeiam nosso cotidiano. As

emoções são cantadas, escritas, pensadas, menosprezadas, valorizadas, desconhecidas e descobertas. De modos diferentes, são descritas, construídas e desconstruídas: enfim, vividas! Isso não impede que cada um possa se perder ou se agarrar a elas. Esse texto propõe uma reflexão sobre a alexitimia, um termo frequentemente encontrado nos processos psicossomáticos e diretamente relacionado às dificuldades de compreensão dos sentimentos. E, inclui também o papel da empatia nesse contexto. O trabalho será ilustrado com a letra da música Quando o Amor era Medo (Frejat, Santos e Santa Cecília, 2001), conhecida na voz de Frejat – que inspirou seu título – em conjunto com trechos de um caso clínico, apresentado com o nome fictício de Lua.

Quando o Amor era Medo

No fim do túnel tudo escuro Ela me procurando com o olhar

Mas as flores não chegaram Quando deveriam chegar

Lua chegou ao consultório sem brilho próprio. O colorido de seus olhos se contrastava com a falta de cor que a vida ganhava por meio de seu olhar. Seus olhos verdes, avermelhados pelo choro, refletiam a escuridão na qual seu coração se perdia. Ainda jovem, ela perdeu seus pais. Lua carregava várias outras histórias de perdas, sem vivenciar os lutos ou conseguir lidar, satisfatoriamente, com a falta de tantas pessoas importantes. Ela tinha uma sensação de fracasso em suas relações. E, assim, construiu uma vida solitária e triste. Não conseguia perceber estrelas ao seu redor – Não sentia a presença de pessoas capazes de consolá-la ou auxiliá-la no modo de lidar com suas feridas. Ela aprendeu a resolver as coisas práticas da vida. Cursou a universidade, trabalhava, fazia compras e tentava manter sua casa organizada. Sem se dar conta dos próprios sentimentos e, muito menos, da possibilidade em sentir prazer, ao cuidar e ser cuidada; seu cotidiano resumia-se a tarefas a serem riscadas em sua agenda. Para ela, os cuidados se restringiam

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a comida saudável, prática de exercícios, higiene pessoal... Em sua experiência não percebia o cuidado envolvido em olhares, sorrisos e conversas. Em nossos encontros era comum falas como essas: “Não dá pra ‘ouvir direito’ certas coisas que você fala [...] Eu penso, eu tento, mas minha cabeça não entende [...]. Queria que você falasse logo como resolvo isso tudo!” [sic].

A tarde quer mais que um susto À noite me pega no contrapé

Seu beijo acelerando o meu pulso Amanhã só faço o que eu quiser

O pôr-do-sol não antecipava seu descanso – Quando a noite chegava, suas angústias ficavam maiores. Muitas vezes, a dor se tornava física: “Meu corpo começa a doer... Fica difícil respirar [...]. Meu peito é o pior [...]. Tento, mas não dá mais pra aguentar! [...] Já faz tanto tempo, que não sei se quero... E, pra quê?” [sic]. Em momentos de muito desespero, Lua descrevia o quanto era tentador abandonar seu corpo, “e essa vida” [sic]. Por outro lado, ela ansiava sentir-se pertencente a algo, ter uma família e um grupo de amigos... Sentir-se capaz de receber e retribuir amor e carinho. Dona de uma inteligência cognitiva admirável, Lua se perturbava, constantemente, diante de qualquer emoção – Seu pensamento era muito rápido e seu coração muito perdido. Assim, em sua história, aos poucos, tinha aprendido a não confiar em seus julgamentos nem em suas sensações. Tanta potencialidade e tanta dor! Ora Lua se protegia “de tudo e de todos”, ora expunha-se sem cuidado algum. Lua construiu relacionamentos com emoções empobrecidas – Embora ela se esforçasse muito na tentativa de se aproximar afetivamente das pessoas, o resultado era a ampliação de sua sensação de vazio e inadequação. Para ela, era muito difícil ser espontânea – Ela tentava lidar com a dinâmica da vida e, ao mesmo tempo, sua mente a convidava a examinar o que estava acontecendo. Lua ponderava sobre elementos presentes na situação, imaginava fatores, supostamente, ocultos e pensava em possíveis consequências; enquanto, cobrava de si um agir assertivo. O efeito, porém, era o oposto: acabava confusa e sem saber que atitude tomar. Mello Filho (2003) descreve que diante da pobreza do uso de objetos, muitas pessoas, apresentam extrema inquietação, incapacidade de se concentrar e dificuldade de lidar com a realidade. E na vivência de Lua observamos essas considerações. Ela tentava se adaptar no ambiente de trabalho e em suas relações. Sua principal estratégia era observar o comportamento de outras pessoas e reproduzi-los em situações similares, mesmo sem encontrar sucesso: “Já tentei... Mas, as pessoas acabam não gostando de mim! [...] Acontece alguma coisa... Eu sempre dô mancada...” [sic]. Um de seus desejos era ter um sistema de valores estável (“decorável”), no qual não precisasse tomar decisões ou optar entre o que considerasse certo ou errado – Ela não fazia ideia de que o conforto da realização desse desejo também a deixaria distante de si mesma. Compreender e respeitar a si e a seus desejos ainda era algo a ser construído por Lua. Ela sabia cumprir com seus deveres e procurava realizá-los de forma eficaz; tinha intimidade com a dinâmica do fazer. E fazia, fazia e fazia... Até ficar exausta. Sua tentativa era a de fazer para não sentir – Esse foi um dos caminhos que encontrou para tentar se distanciar de tanta angústia.

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Na visão de McDougall (1991, 2000), a dinâmica centrada no fazer aparece relacionada com uma carência na elaboração psíquica e com a tentativa de ser compensada por um agir alienante de caráter compulsivo – Isso visa reduzir a intensidade da dor psíquica por um caminho mais curto, ainda que, com prejuízos no desenvolvimento de recursos para lidar com conflitos emocionais, com situações de frustração e separação.

Quando o amor era medo Eu achava melhor acordar sozinho

Quando o amor era medo A vida era andar por entre espinhos

Seu desejo latente era de sentir-se amada. Mas, como isso seria possível, se Lua não se sentia capaz de amar? Como amar, se aprendeu a sentir que todos se vão? Sem intimidade com suas emoções, ela via-se só e incapaz de constituir espaços mais satisfatórios. Para Lua, a solidão não era uma escolha; e sim um resultado imposto por um mundo de sentimentos misteriosos. Na escuridão não podia perceber nem mesmo o que estava ao seu alcance. No processo terapêutico, tentamos, de muitas formas, nos aprofundar em suas emoções – Ora a porta ficava aberta e caminhávamos lentamente, ora o caminho para seu mundo interno se perdia em meio a uma selva de racionalizações e angústias. Tudo parecia tão intenso, inexplicável e... Demais! Era um sentir-se só, além da solidão. Montgomery (1998) acredita que o sentimento de solidão não é a mesma coisa que estar só. Para ele, enquanto a pessoa acredita que a vida tem sentido apenas se há alguém que a complete, essa pessoa estará, constantemente, envolvida na solidão e na sensação de abandono ou rejeição: “Solidão é não saber quem se é e esperar que os outros lhe digam. Estar só é ter consciência de ser uma parte distinta do complicado mundo à sua volta./Solidão é esperar ser tocado./ [...] Ser uma pessoa completa nos capacita a amar. É importante compreender o que vem primeiro” Montgomery (1998 p. 143).

Todo doente pede uma enfermeira Com peitos grandes e amor pra dar Nem toda sombra vem da palmeira

Nem toda água deságua no mar

Entre outros aspectos, no trabalho terapêutico, procuramos olhar para os problemas relacionados à saúde física de Lua. As dores “de seu peito” teimavam em se espalhar por seu corpo – Por um tempo, ficou mais difícil se envolver no processo, se relacionar com as pessoas, trabalhar, viver. E, mesmo assim, Lua conseguiu manter a regularidade de nossos encontros: “Você é alguém que me dá uma certeza. Chega a hora de nossos encontros e eu venho” [sic]. Para McDougall (1991), a psicossomatização é uma mensagem sem palavras. Ela ocorre por meio de um conjunto de esforços para desenvolver técnicas de sobrevivência, nas quais as criações de sintomas físicos ocorrem numa tentativa de autocura. Então, compreendemos que Lua e as pessoas que vivenciam o processo da psicossomatização acabam diante de um ciclo: a dificuldade em realizar abstrações dificulta a percepção de que sintomas sentidos no corpo estão relacionados com os afetos e o funcionamento psíquico; e, por outro lado, a dificuldade de fazer representações psíquicas ocasiona a carência na capacidade de simbolização; estimulando, por sua vez, o uso de soluções psicossomáticas.

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Segundo McDougall (2000), há duas funções defensivas nos processos psicossomáticos que envolvem a comunicação e as relações: o pensamento operatório e a alexitimia. O pensamento operatório se configura como uma maneira de relação com os outros e consigo, no qual ocorre uma forma de pensamento e expressão, de modo deslibidinizado e extremamente pragmático, com carência na capacidade de representar e fantasiar e com uma pobreza nos investimentos libidinais. Nele, os sujeitos, também denominados como normopatas por essa autora, em geral, demonstram boa capacidade de adaptação social e, frequentemente, são adictos ao trabalho; fenômeno esse usualmente estimulado pela nossa sociedade – É comum encontramos autores que incluem o funcionamento operatório na dinâmica que engloba a alexitimia. Quando buscamos a definição de alexitimia é corriqueiro encontrarmos que o termo vem do grego, a (ausência, sem) lexis (palavra) e thymós (emoção), mas, McDougall (1991) considera mais adequado utilizar o prefixo grego alexi (contra ou vencedor de), o que resultaria em “contrafeto” ou “desafetos”. Essa autora amplia a noção de alexitimia, pois entende que não se trata somente da falta de palavras para as emoções, mas também de uma incapacidade para distinguir um afeto do outro. De acordo com Nemiah, Sifneos (1970) e outros, a alexitimia possui as seguintes características: 1) Notável dificuldade de identificar e descrever sentimentos; 2) Estilo cognitivo concreto e apoiado na realidade; 3) Carência de fantasias e retração dos processos da imaginação; 4) Dificuldade em distinguir entre sentimentos e sensações corporais decorrentes de excitações internas; 5) Consonância com o social acentuada e pouco contato com sua realidade psíquica. Esses autores afirmam, ainda, que tais processos têm como consequência um déficit na capacidade de regular as emoções. Para explicar a etiologia da alexitimia várias hipóteses foram levantadas, sem ainda um consenso, como apontam autores como Maciel e Yoshida (2006) 1. Contudo, é válido ressaltar que, segundo Pedinielli e Rouan (1998), a alexitimia era originalmente associada aos distúrbios psicossomáticos; porém, tem se mostrado presente em diferentes processos psicodinâmicos, como: Anorexia, Bulimia, Obesidade, Transtornos Compulsivos e Obsessivos, Síndrome do Pânico e Psicopatologias do Vazio. Em geral, ela torna as apresentações clínicas mais severas, a evolução mais grave e o tratamento mais difícil. Sua ocorrência é estimada entre 5% e 10% na população não clínica. Portanto, nosso contato com a alexitimia é frequente. Além de gradações em sua intensidade, alguns autores como Maciel, Yoshida (2006), Pedinielli e Rouan (1998), também a diferenciam entre alexitimia primária e secundária. A primeira é considerada de natureza constitucional, correspondente a um traço de personalidade; é vista como um fator predisponente ao desenvolvimento de distúrbios psicossomáticos e psiquiátricos, entre os quais se destaca a dependência a substâncias psicoativas. Já a alexitimia secundária aparece caracterizada como um estado, devido a sua natureza transitória, entendida como efeito de um trauma ou como um mecanismo de defesa, amparado no processo de uso excessivo de negação e de repressão de afetos. Em geral, não está vinculada a uma psicopatologia, mas funciona como uma estratégia de enfrentamento desenvolvida pelo indivíduo frente a uma situação conflituosa, a falta de recursos e/ou ao desamparo.

1 Mais detalhes podem ser acompanhados, por exemplo, no artigo de Maciel e Yoshida (2006), no qual

destacam a abordagem psicanalítica, o enfoque cognitivista e a perspectiva neurológica que, porém, deixa

compreensível a falta de um consenso. O que nos brinda com o benefício de ampliar o conhecimento

sobre vários aspectos do cuidado que podem contribuir com o desenvolvimento humano.

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McDougall (1991) observa que essas pessoas sofrem com uma profunda incapacidade em experimentar satisfação e prazer. Também possuem uma limitada capacidade de desempenhar um papel protetor e compreensivo para consigo – É como se ficassem esperando que outra pessoa desempenhasse esse papel por eles, num processo que leva a uma deterioração da capacidade de autocuidado e colabora para um aprisionamento em aspectos infantis da personalidade.

Como Montgomery (1998 p. 143) expressa:

É difícil amarmos uns aos outros verdadeiramente por causa do que queremos que o amor realize./ O amor não pode preencher o que falta em nós. Não pode emendar o que está rompido nem esconder o que não queremos que seja visto./ [...] O amor não pode fazer por nós aquilo que devemos fazer nós mesmos (MONTGOMERY, 1998).

A alexitimia afeta diretamente algumas habilidades que auxiliam no contato social e, de modo geral, na construção de relações satisfatórias. Entre elas destacaremos apenas a capacidade de empatia – já que não pretendemos percorrer a diversidade de caminhos possíveis, mas podemos enriquecer a compreensão da psicodinâmica de Lua. Por meio da visão de Quilici (2009), entendemos por empatia o processo de identificação pelo qual o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro. Ela facilita o processo relacional por permitir a maior compreensão das emoções, bem como do estado físico, dores, fome, sufocação, prazer sexual, dentre outros; além de facilitar a interpretação de padrões não verbais de comunicação como, por exemplo, o tom de voz, gestos corporais e, especialmente, movimentos faciais. Desse modo, ela interfere na qualidade das relações, na compreensão dos movimentos culturais e no próprio desenvolvimento intelectual e emocional. Porém, é válido esclarecer que não está ligada à necessidade compulsiva de realizar desejos alheios. De modo geral, cuidadores pouco empáticos têm dificuldades em compreender os códigos do bebê e devolvê-los com o verdadeiro sentido. Por exemplo, eles acabam alimentando a criança quando ela sente frio ou deseja atenção e podem agasalhar uma criança que já sente calor. Assim, constroem algo falso; sem corresponder, de fato, ao real. A constituição da empatia, de acordo com Quilici (2009), passa por alguns elementos: 1) A capacidade de imaginar e de criar; 2) A noção da existência do outro autônomo e diferente de si; 3) A percepção de que o mundo é feito de valores partilhados e diferentes; 4) A existência da consciência de si mesmo, por meio de um processo de individuação; 5) Flexibilidade para a construção e desconstrução de valores morais de referência. Diante da falta de empatia, a pessoa pode agir de forma discordante com o ambiente e os sentimentos que o cercam, sem que essa seja sua intenção. Essa pessoa também pode não entender que é disparadora de certas reações, como afastamentos e retaliações. Com isso, podemos começar a nomear o “algo” presente quando Lua fala que “só dava mancada” em suas relações.

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McDougall (1991, 2000) e Quilici (2009) apontam que o funcionamento psicossomático, a alexitimia e a falta de empatia remetem a um estado primitivo de desenvolvimento, quando as mensagens entre corpo, percepção e psiquismo são inscritas psiquicamente sem a representação de palavras; mesmo porque, nesse momento, o ser humano ainda não dispõe do recurso da linguagem. Assim, esses quadros podem aparecer ligados às possibilidades de uso das emoções na comunicação durante todas as etapas da vida. Muitas vezes, as emoções são codificadas de forma única, e assim só podem ser entendidas por alguém que esteja próximo o suficiente para compreendê-las. Por exemplo, quando os cuidadores (pais, mães, famílias, babás, profissionais da saúde e educação dentre outros) podem refletir o que o recém-nascido sente, eles auxiliam o processo do bebê descobrir-se para si mesmo. O cuidador pode refletir em seu olhar o que está lá para ser refletido; um conteúdo que pertence ao bebê e, assim, espelha a mensagem de que são dois seres diferentes, a princípio um adulto e um bebê. Nessa relação há espaço para os dois existirem por completo. Porém, quando um olhar estampa, muito mais, imagens sonhadas por esse adulto, não há um processo reflexivo verdadeiro. Ao contrário, há um processo de imposição; algo que reflete o desejo do adulto autoritário e não compreensivo. Uma vivência como essa nega a existência do bebê real; só há espaço para o “bebê sonhado”, que na verdade, só existe na mente do cuidador. Assim, o futuro adulto encontrará dificuldades em se constituir enquanto um ser diferenciado, como um sujeito desejante. Outro agravante se instalará se ele criar a ilusão de que só será amado se for um realizador de desejos do outro. Uma situação na qual, provavelmente, encontrará muita frustração e insatisfação. Certa vez, Lua estava muito incomodada com “algo que acontecia em seu estômago. [...] É um incômodo... Começa pequeno, mas, depois não dá pra ignorar” [sic]. Ela acreditava que deveria repetir um exame no estômago, mas não lhe ocorria que ela poderia estar ansiosa – uma reação comum para o contexto que estava vivenciando naquele momento. “Será? Só ansiedade? [...] Ela faz isso?” [sic]. Lua tinha dificuldades em identificar se estava ansiosa, zangada, com frio ou carente. Às vezes, era difícil distinguir emoções de sensações físicas, compreender seus estados afetivos e, não raro, lidava mal com suas comunicações corporais internas – os sinais de saciedade ou necessidade, por exemplo. Ela apresentava momentos em que se alimentava compulsivamente e outros em que não se importava em ficar longos períodos (até 2 dias) sem alimentar-se. Ora trabalhava exaustivamente, ora não conseguia nem comparecer no local. Como outras pessoas que apresentam esses quadros, Lua também não conseguia entregar-se ao sono, relatava várias noites de insônia, grande preocupação com a limpeza, importância demasiada com detalhes, perfeccionismo e rigidez afetiva. Suas emoções ora pareciam ausentes de seu discurso, ora se mostravam num rompante. Contudo, não conseguia compreender ou validar um sentido para o que estava acontecendo. Lua acreditava que deveria “ser forte” e isso incluía a imposição: “não chorar”, mas quando isso acontecia: “Não sei o que aconteceu comigo, fiquei à tarde do domingo chorando. Chorei e não conseguia parar mais!” [sic]. Na prática clínica, Caldas (1999), entre outros autores, retrata um frequente incômodo despertado nas equipes de saúde, pois quem apresenta soluções psicossomáticas, alexitimia e/ou falta de empatia em sua psicodinâmica pode facilmente frustrar

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expectativas depositadas no resultado terapêutico. Caldas (1999, p. 89) é enfático quando afirma: “Parece mais difícil admitirmos a impropriedade das nossas técnicas e de seus pressupostos, do que simplesmente atribuir a esses pacientes um mau prognóstico ou considerá-los como ‘fora de possibilidades terapêuticas’, como habitualmente observamos.” Retomando o que Frejat canta: “Todo doente pede uma enfermeira/Com peitos grandes e amor pra dar”, e de fato Lua comparecia regularmente a nossos encontros, mas como “Nem toda sombra vem da palmeira/Nem toda água deságua no mar”, em muitos momentos ela não conseguia apreender os resultados de seus esforços. Ela até podia se alimentar do seio terapêutico, mas por muito tempo não conseguia exercer para si uma função continente: “Depois que saio daqui, não lembro nada!” [sic]. Por um longo período Lua só sabia ser “Lua Minguante”, alguém que se esvaziava de suas vivências.

Às vezes você se comporta Como se não estivesse a fim

Às vezes você se comporta Não sei o que você espera de mim.

Ao longo de nosso trabalho, Lua era inconstante, um dia quase bem, no outro se defendia de nosso vínculo... No outro... “?” Isso mesmo! Alguns encontros eram marcados pela interrogação, pelo questionamento necessário para suas descobertas, pelas perguntas que ansiavam por respostas diretivas, pelas dúvidas sobre nosso trabalho, pela percepção do que havia para conhecer, pelo encontro com suas dores, pela constatação de que se arrastava até um novo ciclo. Somente depois de muitos ciclos Lua sentiu-se segura para perceber seu envolvimento emocional no “trabalho” terapêutico; que poderia usufruir de seu espaço com plenitude, com luz ou escuridão, com dores e cores diversas, sozinha ou acompanhada por seus fantasmas e suas estrelas. Sabia que, quando pudesse e, se quisesse, poderia levar muito de nossa relação para sua vida. Um dia Lua apareceu com algo dourado em suas mãos. “Olha, eu comi em doce no trabalho... [...] Lembrei que ia te ver hoje...” [sic]. Então, trabalhamos aquele “doce” e aquele “brilho”. Resolvemos dividir o doce. Trabalhamos outras doçuras e brilhos da realidade... Agora seus olhos já encontravam novos coloridos e sentidos para vida. Continuamos trabalhando. Mas, nesse momento, estávamos diante de Lua Nova. CONSIDERAÇÕES FINAIS

este momento nem se faz necessário enfatizar o quanto é importante que o terapeuta esteja atento às suas próprias emoções frente ao encontro com essas pessoas. É preciso sensibilidade para diferenciar, dentro de si, quais

conteúdos pertencem à sua própria dinâmica interna e quais são despertados pelo outro. Dessa maneira, o profissional pode espelhar em si o que lhe é compartilhado. Quando as emoções sentidas nessa relação, por meio dos sentimentos contratransferenciais, são iluminadas no céu de nossa consciência, elas tornam-se importantes instrumentos de trabalho. Na prática clínica, cada vez mais, podemos acompanhar o avanço da quantidade de pessoas que, como Lua, possuem em sua psicodinâmica soluções psicossomáticas, alexitimia e/ou falta de empatia. O tratamento não é fácil; mas, é viável e contribui com

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melhoras significativas na qualidade de vida. Ainda, é válido ressaltar que algumas medidas poderiam prevenir e/ou diminuir as dificuldades relacionadas a esses quadros. Mostra-se sensato dedicar atenção às crianças e suas necessidades afetivo-relacionais. E, ainda, incluir orientação aos cuidadores e aos envolvidos no processo do desenvolvimento infantil. Além disso, alguns elementos do nosso contexto atual, envolvidos em reflexões sobre qualidade de vida e saúde mental, também merecem ser discutidos e direcionados ao tema específico das dificuldades que envolvem as pessoas e suas emoções, entre eles estão: o sentimento de solidão individual, a sensação de vazio, os fenômenos que favorecem o empobrecimento das inter-relações, os modos de dedicar cuidados a si, o consumismo, o hedonismo e a presença de comportamentos e situações alienantes. Esse trabalho é um convite para que, em futuras ocasiões, seja possível dar uma continuidade à busca por novos olhares e reflexões sobre as questões ligadas aos sentimentos. Acima de tudo, é um chamado à discussão do tema e a ampliação do conhecimento; tanto para as dificuldades, quanto para as potencialidades que envolvem o vasto, desafiante e, principalmente, encantador universo das emoções humanas.

AGRADECIMENTOS Agradeço aos amigos Rodrigo Mattos, Marília Spínola e Ana Maria Mendes Mugnaine Coan, pelo carinho e colaboração na produção desse trabalho.

REFERÊNCIAS BARROS, C. A. S. M. Pensamento operatório e alexitimia: aspecto fenomenológico. In: ____. Alcoolismo, Obesidade, Consultoria Psiquiátrica. Porto Alegre: Movimento, 1994, p.142-147. CALDAS, N. R. Avaliação da alexitimia em usuários de drogas em Centro de Tratamento na Cidade do Rio de Janeiro. 1999. 117 f. Tese (Mestrado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. 1999. FREJAT, R. Quando o Amor era Medo. R. Frejat; R. Santos; M. Sta.Cecilia [Compositores]. In: FREJAT. Amor pra Recomeçar. Rio de Janeiro: WM Brasil, 2001. 1 CD. (60 min.). Faixa 2. MACIEL, M. J. N; YOSHIDA, E. M. P. Avaliação de alexitimia, neuroticismo e

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Quando o Amor era Medo: Reflexões sobre Psicossomatização, Alexitimia e Empatia Simone Peixoto Conejo Psicóloga, doutoranda em Psicologia Social pela USP/SP, mestre em Psicologia Clínica pala USP/SP. Terapeuta Comunitária. Pós-graduanda em Terapia de Família e Casal pelo Sistema Humanos/Sorocaba. Sorocaba, SP E-mail: [email protected]

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Políticas de EJA e a Atualidade: A

Realidade da Educação de Jovens e

Adultos (EJA) no Município de

Arroio Grande

Danilo Cardoso Teles¹, Deize Carvalho², Dianifer Furtado da Silva³, Liziane Lackman Serpa4, Maiara Viana Benito5. Graduandos em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA Arroio Grande, RS E-mails: (1) [email protected]; (2) [email protected]; (3) [email protected]; (4) [email protected]; (5) [email protected]

RESUMO A análise sobre a oferta da Educação de Jovens e Adultos na atualidade num município da região sul fora problematizado pelo processo desencadeado na disciplina de EJA do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Pampa. Ao tomarmos contato com as políticas públicas pensamos ser conveniente destinar n ossos esforço acerca das metodologias utilizadas na Educação de Jovens e Adultos. Contudo partimos do estudo de algumas políticas e programas governamentais e também da necessidade averiguar a oferta e as percepções destes sujeitos que vivem a realidade da EJA cotidianamente. Refletimos acerca dos parâmetros oficiais da discussão sobre as práticas educativas, de como esta se realiza e deve se organizar enquanto modalidade de educação. Através de diagnósticos de documentos, observações em sala de aula e entrevista com professores fundamentamos a escrita e discussão acerca da realidade da EJA no município de Arroio Grande, Rio Grande do Sul. Como resultados preliminares, conseguimos elaborar algumas sugestões de metodologias que possam contribuir de forma significativa aos educadores que atuam nesta modalidade e, principalmente, para o aprendizado dos educandos. Palavra chave: políticas, atualidade; educação de jovens e adultos. ABSTRACT This paper discusses the methodologies used in Youth and Adults, by analysis of government policies and programs. Reflects on the official parameters of the discussion about educational practices, how this is done and should be organized as a form of education. Through diagnostic of documents, classroom observations and interviews with teachers fundament the writing and discussion about the reality of Youth and Adults in the city of Arroio Grande, Rio Grande do Sul. With that quote some suggestions of methods that can contribute significantly to the educators who work in this mode, and especially for the learning of students.

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Keywords: politics, present, education of youth the adult.

1. INTRODUÇÃO

ste trabalho tem como foco a metodologia das práticas educativas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no ensino fundamental e ensino médio, percebendo que o componente metodológico das práticas educativas é elemento essencial

no processo educativo. Consideramos este estudo relevante no sentido em que colocamos em foco a discussão da atual metodologia da Educação de Jovens e Adultos vivenciada por alunos e professores na educação básica, pois em educação é preciso manter-se sempre em busca da evolução. Nossa busca inicial trilhou os seguintes objetivos: identificar qual metodologia adotada na Educação de Jovens e Adultos, destacar os pontos positivos e negativos dentro da atual metodologia de ensino e discutir sobre possibilidades no ensino nesta modalidade. Segundo a cartilha publicada no ano de 2006 “Trabalhando pela educação de Jovens e Adultos”, O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS E PROFESSORES, percebemos que existem várias metodologias, cada professor poderá ter um posicionamento, suas técnicas ou instrumentos. Podemos citar como exemplos os métodos de questionários, explicações orais, exigência de presença, cópias e conteúdos integrados ou não as suas curiosidades e realidades. Destacamos que os métodos mais ligados a uma concepção tradicional de ensino, aparentemente, não funcionam mais, pois os alunos da Educação de Jovens e Adultos não se deixam levar por certas imposições. Com base no mesmo encarte, podemos inferir que os alunos da Educação de Jovens e Adultos querem aprender aquilo que os interessam e o que é útil para o seu cotidiano, porque aprender, especialmente para esses alunos, custa esforço e dedicação. Tendo em vista esse foco, o professor deve participar de fóruns, conferências e outros cursos de formação continuada para qualificar suas práticas, fazendo com que estas sejam significativas para os alunos. Destacamos também que as metodologias devem ser atualizadas para proporcionar aos estudantes um aumento no interesse e no prazer em aprender, além de produzir o enriquecimento de seus conhecimentos, suas capacidades, a sua visão de mundo, ocasionando assim melhor qualidade de vida para si em conjunto com a sociedade. Em uma realidade da cidade de Arroio Grande, situada no interior do Rio Grande do Sul, percebeu-se que o índice de analfabetismo é baixo, porém o acesso a conquista do diploma é facilitado de forma que os professores da EJA reduzem os conteúdos, não exigem presenças e muitas vezes não dão ênfase ao cognitivo. A pesquisa realizada nas escolas do município de Arroio Grande – RS nos mostrou que esta modalidade é ainda precária, à medida que enfrenta dificuldades em recursos didáticos, documentos não específicos e atualizados a essa modalidade e alguns professores não conseguem indicar alternativas que ultrapassem o modelo tradicional

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de ensino. Para saciar essa dificuldade o artigo relata algumas metodologias, que se podem dizer atuais, para envolver os alunos em um aprendizado de qualidade. 2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NUM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA

comum a manifestação de muitos setores da sociedade acerca de uma visão inadequada em que a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino de segunda categoria, na qual se almeja apenas a certificação. Esta

ideologia encontra suas estruturas nas falhas do sistema de ensino vigente, voltadas a diminuir o índice de analfabetismo no país e resgatar os excluídos a qualquer custo, sem o comprometimento de políticas sociais sérias e de fato transformadoras da realidade. Essa visão deve ser excluída dos pensamentos da população e principalmente dos educadores, que são responsáveis pela formação destes alunos. Pois, entendemos:

Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as [consequências] de sua escolha. Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizando com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende (FUCK, 1994, p. 14 – 15 apud ROCHA et al., 2002).

Contudo existem movimentos em níveis regionais, nacionais e até mundiais como conferências, fóruns, projetos e ações que constituem fontes de dados e recursos acerca do estado da arte nas políticas públicas e formação continuada de professores. Podemos citar como esforços na organização e estabelecimento de políticas relacionadas a organização de Exames que possam atender a certificação de jovens e adultos como por exemplo o Exame Nacional para a Certificação de Competência de Jovens e Adultos - ENCEJA, que tem por objetivo avaliar as habilidades e competências básicas dos mesmos, que não tiveram oportunidade de acesso à escolaridade regular na idade apropriada. Ou ainda Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA1 que é um programa que prevê incorporação de cursos e projetos da educação profissional, formação inicial e continuada dos trabalhadores de educação profissional de nível técnico e médio; Programa Nacional de Inclusão de Jovens - PROJOVEM2, ele destina-se a promover a inclusão social dos jovens brasileiros de 18 a19 anos que, apesar de alfabetizados, não concluíram o ensino fundamental e o Programa Brasil Alfabetizado - PBA3, realizado pelo MEC desde 2003 e voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa é uma porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. Todavia, mesmo que se tenham estes caminhos é preciso que esses professores responsáveis por essa educação possam ter mais acesso e conhecimento para

1 DECRETO Nº 5.840, DE 13 DE JULHO DE 2006.

2 Lei 11.692 de 10 de junho de 2008.

3 Lei 10.880 de 09 de junho de 2004.

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participar dessas ações, neste sentido a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD tem promovido a implementação de curso de formação continuada através de Instituições de Ensino Superior do país4. Quanto às conferências, foram realizadas até hoje seis Conferências Internacionais de Educação de Adultos (CONFITEA) que aconteceram a cada doze anos, sendo a primeira em 1949 em Elsione (Dinamarca), Montreal (Canadá, 1960), Tóquio (Japão, 1972), Paris (França, 1985), Hamburgo (Alemanha, 1997) e por último Belém (Brasil, 2009). Na qual foi criado um documento denominado Marco de Ação de Belém, sendo este, um documento que reflete os interesses, princípios e aspirações da EJA pelos seus participantes na busca da melhoria, qualidade e do direito a educação para todos. O Marco de Ação de Belém cita os quatro pilares da aprendizagem propostos pelo Relatório Delors (UNESCO, 2001), como recomendado pela comissão internacional sobre educação para o século XXI, quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver com os outros. Aos excluídos da escola e da condição de membros de determinados grupos culturais, O Marco de Ação de Belém mostra a grande importância com a inclusão, isto é, o reconhecimento do direito de cada um. Segundo traz o documento: “Não pode haver exclusão decorrente de idade, gênero, etnia, condição de imigrante, língua, religião, deficiência, ruralidade, identidade ou orientação sexual, pobreza, deslocamento ou encarceramento” (CONFINTEA VI, 2010, p.16). Este marco contém ainda compromissos firmados dentro os pilares, tais como, alfabetização de adultos, políticas, governança, financiamento, participação, inclusão e equidade, qualidade e monitoramento da implementação do mesmo. Além disso, foi pedido o acompanhamento da UNESCO e de suas estruturas. 3. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, AS POLÍTICAS E OS PROGRAMAS EDUCACIONAIS

educação em uma visão neoliberalista5 criou uma perspectiva bastante promissora para as escolas de jovens e adultos, pois em função dos avanços científicos e tecnológicos a sociedade passa a requerer pessoas mais

capacitadas acerca das linguagens contemporâneas. Assim como a revolução industrial imprimiu a necessidade de uma escola que produzisse mão-de-obra qualificada, pode-se dizer que hoje a revolução tecnológica na contemporaneidade faz com que a própria instituição escolar tenha de se atualizar em conhecimentos atuais para dar significados aos jovens e adultos que necessitam dar continuidade nos seus estudos e com isso angariar maior qualidade de vida e melhores empregos. Ou seja, a ideia é preparar os sujeitos para a sociedade

4 Edital 02/2010 que contemplou universidades para realização de Cursos de Especialização

presenciais em diferentes áreas da Educação de Jovens e Adultos, no qual a UNIPAMPA/Campus Jaguarão foi uma das duas universidades públicas do Estado do RS na realização do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação de Jovens e Adultos em áreas urbanas de Territórios de Fronteira. 5 Doutrina, disseminada a partir da década de 1970, que preconiza a total liberdade de

mercado, limitando a intervenção do Estado sobre a economia apenas a setores essenciais e em grau reduzido.

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contemporânea e adaptá-los com educação necessária para a sobrevivência na sociedade capitalista.

É necessário que o indivíduo domine para exercer seu papel de trabalhador e de consumidor, além de saber ler, escrever e contar: “lidar com conceitos científicos e matemáticos abstratos, trabalhar em grupos na resolução de problemas relativamente complexos, entender e usufruir as potencialidades tecnológicas do mundo que nos cerca” (PENTEADO (1996 apud RAIMANN, [200-?])).

Todavia a educação de jovens e adultos deve ir além dos conteúdos programáticos envolvendo a produção de conhecimentos através da socialização de diversas culturas e espaços sociais, buscando com esse trabalho constituí-los verdadeiramente como cidadãos.

Não devemos chamar o povo á escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feita, que leve em conta suas necessidades e o tornem instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito se sua própria história (FREIRE, 2001, p. 23).

A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino que exige práticas diferenciadas das práticas tradicionais6 existentes, em muitos espaços, do ensino regular. E já se encontram ultrapassadas até mesmo para os currículos seriados e que ao ser transposta (sem critérios na maioria das vezes) para o ensino de jovens e adultos são transformadas, de forma a reduzir os conteúdos e adequá-los a essa modalidade. Mesmo que a certificação através dos exames de suplência sejam garantidos pela Resolução CNE/CEB Nº 1, de 5 de julho de 2000 Art. 9º, pode-se dizer que está ideologia pode apontar as falhas do Sistema Brasileiro de Ensino, que por questões políticas estão voltadas a diminuir o índice de analfabetismo no país e resgatar os excluídos para escola de forma a aumentar o desenvolvimento da população, contudo, investir maciçamente na Escola de Jovens e Adultos enquanto Políticas de Estado ao invés de Programas. 4. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE ARROIO GRANDE O Município de Arroio Grande no Estado do Rio Grande do Sul tem sua população estimada em 20.000 habitantes, sendo que 11,97% são analfabetos, segundo os dados analisados no Portal Terra de Mauá7 (Site que tem como objetivo mostrar fatos e informações do Município). O aluno da Educação de Jovens e Adultos, muitas vezes vem da zona rural, a maioria são filhos de trabalhadores não qualificados e não escolarizados, ou seja, aquele aluno que não teve o processo de escolarização como um princípio, mas que retorna aos bancos escolares em busca do seu direito a educação. Os jovens e adultos que assumem o desafio de retomar sua trajetória escolar imprimem a escola o desafio de desenvolver práticas educativas significativas e contextualizadas com as demandas da vida do ser humano adulto. Para o jovem e adulto os conteúdos escolares não servem mais como mero conhecimento

6 Práticas ultrapassadas que vem sendo desenvolvidas há décadas sem as atualizações

necessárias para desenvolver a motivação dos alunos. 7WWW.arroiogrande.com

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enciclopédico, mas em sua totalidade, devem ser conhecimentos que ampliem sua compreensão das diferenças culturais, históricas e experienciais de vida. Em uma pesquisa realizada em três Escolas Estaduais no Município de Arroio Grande, que foram definidas no presente artigo como: escola A, B e C, podemos relatar alguns dados que irão apresentar a realidade atual da modalidade da Educação de Jovens e adultos. Foi constatado então que esta modalidade é dividida entre estas três escolas, sendo séries iniciais do ensino fundamental de primeira a quarta série escola A, séries finais do ensino fundamental de quinta a oitava série escola B e ensino médio de primeiro, segundo e terceiro ano escola C. A escola A, tem sua organização por horários, sendo que a entrada é às 19 horas, o intervalo às 21 horas, com duração de 10 minutos e a saída às 22 horas, no entanto alunos e professor fizeram um acordo para soltarem 10 minutos mais cedo abrindo mão do intervalo. As séries escolares são organizadas por etapas I e II, que são divididas sobre organização multisseriadas, sendo que na etapa I encontra-se 1ª e 2ª série e a etapa II 3ª e 4ª série. Ao observar o currículo da escola constatamos que não existe um currículo próprio para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos, o currículo é o mesmo do ensino regular e são feitas adaptações. A Escola possui um livro direcionado para a modalidade que é oferecida pelo Governo Estadual. Quanto ao PPP, abrange o todo e não se refere diretamente a Educação de Jovens e Adultos. Os conteúdos são os mesmos do ensino regular, os alunos só não são obrigados realizar Educação Física. São utilizados alguns tipos de recurso materiais e métodos para a prática, tais como, livros, receitas, poesias, dramatização, música, histórias em quadrinhos, televisão, aparelho de som e eventualmente data show. Existe uma relação bastante harmoniosa entre professor e alunos, é uma relação aberta, onde ambos falam sobre suas experiências de vida. Ao entrevistarmos umas das professoras da Escola, a mesma nos revelou que os alunos da Educação de Jovens e Adultos procuram esta modalidade de ensino, alguns com o propósito de terminar o Ensino Fundamental para poder prestar concursos públicos, melhorando assim sua renda mensal e uma minoria com pretensões de atingir o curso superior. Estes alunos são em sua maioria, quando do gênero feminino donas de casa, domésticas e quando do gênero masculino, servente de pedreiro, trabalhadores rurais, carpinteiros e aposentados. A professora destacou ainda que o interesse e participação dos alunos desta modalidade são maiores do que do ensino regular. Os alunos são avaliados por uma prova realizada ao fim de cada seis meses, que o tempo de duração da série escolar na modalidade de Educação de Jovens e Adultos nesta escola, sendo que existe a possibilidade de avanço, onde o aluno pode evoluir nas séries se estiver apto. O nível de evasão da Escola nesta modalidade é de 30% a 40%, segundo a professora, isto acontece devido à falta de interesse, conflito de horários com o trabalho e outros não sentem necessidade de estudar, acreditam que existem coisas mais importantes. Quanto ao nível de aprovação destes alunos que permanecem até o

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final do semestre, varia de acordo com a série escolar, sendo que o maior índice de aprovação é de terceira para quarta série, e o menor é da primeira para a segunda série. Por último foi perguntado à professora, o que os professores devem fazer para minimizar o nível de evasão escolar nesta modalidade, a mesma afirma que é necessário falar a linguagem deles, trabalhando assuntos do interesse deles. Na escola B foi constatado no período de observação que a professora possui graduação em Geografia e utiliza vários métodos, sendo estes mapas, filmes e data show. Com os mapas ela trabalha de forma com que os alunos façam a localização de países, continentes entre outros; com filmes são realizados resumos dos mesmos; com o data show são dados os conteúdos em power point para chamar a atenção dos alunos, e também utiliza de textos onde elabora perguntas dos mesmos. A professora nos esclareceu também a diferença do ensino regular e da Educação de Jovens e Adultos, sendo que, o ensino regular é mais puxado, isto é, os alunos pesquisam em internet, entre outras, já o aluno da Educação de Jovens e Adultos realiza trabalhos e provas com consulta, sendo que, no início do ano letivo, em março, a freqüência é de 100%, no meio do ano alguns começam a evadir, por causa do clima frio e em setembro eles retornam as aulas, com alguma explicação, e a professora por sua vez lhes dá o direito de realizar uma prova para abater as faltas transcorridas ao longo do ano está como norma no rendimento interno da escola. Na modalidade Educação de Jovens e Adultos não existem notas e sim parecer, e o aluno assíduo sempre avança para a próxima etapa, já aqueles que não freqüentam as aulas não tem o direito de realizar o avanço. Em relação à convivência entre professor e aluno, segundo a professora, no geral é boa, mas existem aqueles que atrapalham o contexto da aula e ela pede para que os mesmos se retirem. A escola se organiza por etapas, sendo estas, III referente à 5ª série, IV referente à 6ª, V referente à 7ª e a VI referente à 8ª série. O currículo vem pronto da 5 CRE (Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul), mas as professoras fazem adaptações de acordo com a realidade dos alunos. Os horários da escola são: 19h início das aulas, 20h e 40min a merenda e 22h e 30min o término das aulas, sendo que, não tem intervalo, por opção dos alunos. Os planos de curso são os mesmos do ensino regular, mas adaptados a Educação de Jovens e Adultos, eles são flexíveis à realidade dos alunos, pois a maioria são trabalhadores, ou idosos que não tiveram oportunidade de estudos. Visto que, o mercado de trabalho hoje é muito exigente e os alunos precisam ter escolaridade para poder continuar nos seus empregos, como: comércio, trabalhadores rurais e serviços gerais. Destacamos aqui também que falta maturidade dos adolescentes que estudam na Educação de Jovens e Adultos, pois eles não percebem esta exigência do mercado de trabalho e muitos vão para a escola só = SOMENTE (palavra mais acadêmica!! – tentar substituir em todo texto!) para ganhar a bolsa escola ou porque são obrigados pela promotoria a estudar até os 18 anos. O índice de formação da escola é de 99%, isto é, só não repetem o ano aqueles alunos que não evadem a escola.

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Em relação ao PPP, ele visa o todo da escola, está sendo reconstruído junto com a comunidade escolar (pais, funcionários e alunos) e aberto a comunidade em geral, desde 2007. Os alunos da Educação de Jovens e Adultos já possuem um conhecimento, uma vivência então os conteúdos são vistos não de forma tão profunda. No currículo da 8ª série onde observamos, por exemplo, as disciplinas de Física e Química são dadas dentro de ciências, a aula de Educação Física é realizada a tarde e os alunos não são obrigados a fazerem, aqueles que têm filhos, são maiores de idade, são dispensados das aulas. Também é dada a oportunidade de escolha entre Educação Religiosa ou Relações Humanas, as demais são: Espanhol, Português, Matemática, Educação Artística e Geografia. Na pesquisa realizada na Escola C, que contempla alunos de ensino médio, pode-se relatar que o plano de curso é específico desta modalidade, porém é o mesmo do ensino regular, a escola deixa a responsabilidade a cada professor adequar seus conteúdos a realidade de seus alunos. Este plano é reelaborado, juntamente com o PPP, pela equipe pedagógica da escola, sendo que a última atualização desses documentos foram realizadas em 2008. A escola flexibiliza os horários de saída e chegada dos alunos, não tendo rigidez em percentual de faltas podendo participar das aulas por períodos letivos e se ausentar da escola por alguns meses com o direito de atualizar alguns dados na sua matrícula e seguir naturalmente frequentando as aulas. Segundo a entrevistada, esses alunos se ausentam da escola na maioria das vezes por total falta de desinteresse pelos estudos, mas em alguns casos também pelo frio e dias chuvosos do inverno, assim como em período de produção agrícola do município ou serviços temporários. Segundo a entrevistada os alunos dessa escola que possuem uma realidade cultural de trabalhadores são os que menos evadem, e por outro lado os jovens que por sua vez, são a maioria dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos, evadem com mais facilidade que possuem entre 18 e 20 anos. É justamente por esse índice de evasão que a escola facilita sua organização nas aulas, de modo que a média das provas de avanço, que são feitas por semestre, é de 50 pontos em uma proporção de 100 pontos, também se organizam por quatro períodos, sendo de 50 minutos cada um e por último, no quinto período que é realizado trabalhos à distância, tendo a flexibilidade de horário estabelecido internamente por professor e aluno, assim como a total autonomia de entrar e sair das aulas, além da facilitação de formas de ensino e de avaliação e horário, também a escola incentiva a permanência através da merendas ofertadas aos alunos dessa modalidade. A educadora entrevistada atua como professora na área de Matemática e relata que suas aulas são de explicações orais, com a troca de experiências em trabalhos em grupo. Para a realização de exercícios ela diz utilizar de materiais concretos, recorte e colagem, faz uso de sala de informática e de áudio visual, porém não faz adaptações de seus conteúdos com a realidade, para trabalhar com as vivências dos alunos, sempre que se faz necessário, a professora forma diálogos com a turma envolvendo-os em aprendizado para vida e troca de experiências. De acordo com o relato da professora pode-se perceber que ela atua de forma rígida, visto que cobra dos alunos uma avaliação diária de assiduidade, participação e responsabilidade em sala, em forma de uma planilha, e como é obrigatório utiliza da

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prova do avanço e sua nota. Ela diz fazer todas essa cobranças, pois pensa que a EJA, assim como o ensino regular, deve ser exigido responsabilidade e o aprendizado cognitivo verdadeiro, pois uma formação não se dá apenas com o certificado de conclusão, por que no mercado de trabalho as exigências são muitas. Contudo nas pesquisas percebe-se que o ensino é muito flexível e facilita a aprovação, porém existem professores que não concordam e não atuam dessa forma. Sendo assim, ainda também utilizam de práticas tradicionais que não ajudam o individuo a pensar e não contribui para a sua formação humana. Esse ensino continua sendo precário acarretando um índice grande de evasão. Há que se destacar que na escola há uma linguagem particular, isto é, a linguagem que é estabelecida pelo professor na transmissão dos conteúdos que não são associados à realidade de linguagem do aluno, o que se coloca como obstáculo na vida destes estudantes, pois estes ao deparar-se com uma nova realidade linguística encontram dificuldades de adaptação e compreensão e muitas vezes por esse motivo, acabam evadindo. Na maioria das vezes a linguagem torna-se mais complexa do que o aprendizado do próprio conteúdo. Aqueles que já tinham certo contato com a linguagem escolar, ou seja, uma linguagem composta por um vocabulário mais amplo e variado, demonstram mais domínio com as atividades do que aqueles que nunca haviam estado na escola, mas isso continua sendo um obstáculo para o aprendizado de ambos.

É preciso entender que como adulto ele é também um excluído da escola, porém geralmente incorporado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas de escolaridade, como maiores chances, portanto, de concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio (MARTA KOHL, 2001, p.16).

Tendo em vista atrair esses jovens e adultos a escola, de maneira que não se sintam excluídos, que vejam e sintam sentido em voltar à escola, devemos buscar ensinar a partir de sua realidade, incentivando ao desconhecido, sendo este, as formas atuais de trabalho, como exemplo, a informática e o conteúdo em geral, facilitando assim o seu interesse pelo mesmo. Podemos analisar que o homem constrói seus conhecimentos nos diferentes momentos da vida, sendo assim, sabe-se que todos os sujeitos têm um conhecimento sobre a escrita, ou seja, já viu um livro, já enxergou letras entre outros... O que esta faltando na verdade, é o auxílio da escola visando criar condições para esse sujeito elaborar novos conhecimentos, obter novos dados e reorganizá-los, isto é, os alunos que ontem enxergavam as letras, os livros, hoje a escola pode possibilitá-los a ler e escrever. Segundo Hara (1992, p.14): “Quando aceitamos que o homem seja sujeito na compreensão do mundo, aceitamos que também o seja na construção do seu conhecimento sobre a escrita, uma parcela do conhecimento social”. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho ressaltamos ainda que são necessárias mudanças urgentes e concretas nas práticas de ensino desta modalidade, buscando uma formação continuada com mais frequência e métodos de ensino que façam de forma real o aprendizado desses alunos.

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Neste sentido o caráter metodológico das práticas educativas nesta modalidade carece de uma atenção especial, pois se sabe que atualmente os alunos desta modalidade sentem-se desmotivados e desinteressados e isso pode estar atrelada, também, a metodologias utilizadas pelos educadores, o que acaba por ocasionar um esvaziamento das classes destinadas a EJA. Este alto nível de evasão pode ser acarretado geralmente pelos pontos negativos das práticas educativas dos professores em sala de aula, sendo estes, a falta de qualificação apropriada para lecionar com adultos na EJA e a falta de recursos materiais, isto é, muitas vezes a escola não oferece subsídios para a inovação das aulas e com isso a maioria dos professores se torna tradicionais. É importante esclarecer que a referência a uma postura tradicional está sendo referenciada a relação em que o docente compreende o conhecimento como verdade absoluta colocada em livros didáticos descontextualizados e também pela ausência de uma sistematização na organização da pontualidade, disciplina e aprendizado cognitivo, visto que deixam a desejar na assiduidade dos alunos, na transmissão de conteúdos e aprovação daqueles que não estão preparados, facilitando de mais o acesso a um certificado de conclusão e assim a escola corre o risco de concretizar que esta modalidade é de segunda categoria. As escolas também não ajudam a melhorar o ensino da EJA, à medida que não amparam, especificamente em seus documentos, a efetivação de uma metodologia de qualidade e significativa aos sujeitos que esta atende isto se traduz na ausência de um currículo orientado aos princípios e eixos que permeiam esta modalidade8 e também ao estabelecimento de estruturas pedagógicas que dão o direito aos alunos a uma educação digna, para que possam seguir suas vidas no mercado de trabalho demonstrando serem seres humanos com cultura e conhecimento. Para que aconteça de fato essa prática, sugere-se que os professores precisam conhecer outras novas formas de apresentação do conhecimento aos seus alunos, como os seguintes métodos:

Pesquisas que trazem em sua construção um enriquecimento dos conhecimentos pré-existentes e também uma incorporação do novo.

Reflexões e debates que proporcionam uma formação crítica e de cidadania ao seres humanos.

Inserção da informática, para realizar a cultura digital que se faz necessária nos dias atuais.

Oficinas, que propiciam contato com novas experiências de aprendizagem, enriquecendo assim a sua formação, como, oficinas de artesanatos, de danças, culinária, esporte e pintura.

Lúdico, é uma forma de se estabelecer o ambiente de prazeroso e descontraído, visto que estimula o aprendizado despertando-os para coisas novas de uma maneira divertida e relaxada, um exemplo disso são os jogos competitivos ou não.

Músicas e vídeos, um novo procedimento didático que efetua uma forma diferenciada e mais simples de aprender.

Integração de qualquer atividade ou conteúdo com assuntos dos interesses do educando da EJA e focos que abrangem sua realidade.

8 Mundo do Trabalho, Gênero, Cultura, Tecnologias entre outros.

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O elenco de abordagens citadas tem-se por objetivo a motivação dos alunos jovens e adultos, esses professores devem procurar manter-se atualizados com novas metodologias que correspondam a essa modalidade, que façam com que esses alunos se sintam motivados e privilegiados, a estarem em um ambiente prazeroso e dinâmico. Além de proporcionar o prazer em aprender e pela sala de aula, deve também propiciar um aprendizado significativo que atenda as exigências do mercado de trabalho e um conhecimento que viabilize em um ser humano a transformação de sua realidade.

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Políticas de EJA e a Atualidade: A Realidade da Educação de Jovens e Adutos (EJA) no Município de Arroio Grande Danilo Cardoso Teles¹, Deize Carvalho², Dianifer Furtado da Silva³, Liziane Lackman Serpa4, Maiara Viana Benito5. Graduandos em Licenciatura em Pedagogia pela UNIPAMPA Arroio Grande, RS E-mails: (1) [email protected]; (2) [email protected]; (3) [email protected]; (4) [email protected]; (5) [email protected]

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A Fisioterapia e a Política

Jardel Araújo de Barros Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior (Professor Universitário), pós-graduando em Saúde Pública Salvador, BA E-mail: [email protected]

RESUMO O presente artigo tem como tema: A Fisioterapia e a Política. O objetivo deste trabalho consiste em abordar sobre a relação entre a Fisioterapia e a Política, evidenciando sobre a interação e a condição “SINEQUANOM” entre estas duas ciências, para alcançarmos a minimização dos dilemas existentes na profissão em destaque. De maneira sintética, buscaram-se retratar sobre o entendimento do termo “política”, alguns motivos que contribuem para a negligência ao tema, as conquistas nestes 40 anos de regulamentação, os desafios atuais e vindouros, o conceito das entidades representativas: Conselho, Sindicato e Associação, bem como a tentativa de estimulação do leitor para que o mesmo possa analisar a importância ou não do envolvimento e da participação dos Fisioterapeutas na política pública e na política profissional. Palavras-Chave: Fisioterapeuta - Participação Política - Fisioterapia- Entidades Representativas - Política.

ARTIGO DE OPINIÃO

proximam-se as eleições. A sociedade se mobiliza em vista a esse evento importante na caminhada de um país democrático. Governantes, políticos profissionais, líderes comunitários, empresários, trabalhadores, cidadãos de

várias classes se movimentam, empenhados na vitória dos seus candidatos. Neste contexto dinâmico, onde estão os Fisioterapeutas? Qual a sua atuação nestes meses pré-eleitorais e na política? Será que temos consciência em quem estamos votando? A primeira questão implícita ao se utilizar o termo política, está em esclarecer que citaremos apenas 02 (duas) aplicações: a política pública (sistema político destinado aos interesses de toda comunidade, com suas “casas”, partidos e cargos eletivos) e a política profissional ( atos políticos voltados para estruturação de entidades da profissão, meio de valorização, mobilização e busca de direitos de determinada profissão), tendo em vista a diversidade de sentidos atribuídos ao mesmo. Segundo Bessa e Pinto (2001, p.2), política se refere às ações dos homens no âmbito da polis, do Estado, que tem como objetivo participar do poder ou visam inferir na distribuição do poder entre grupos. “Política” para os gregos fazia referência ao termo polis, ou seja, à vida em comum, às regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e às decisões sobre todos esses pontos (ARAÚJO, 2006, p.2). Sendo assim, pode se entender e afirmar

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que toda articulação, mobilização e todo processo de reconhecimento e validação da fisioterapia foram atos políticos, uma vez que, afetaram diretamente a vida em comum, estabelecendo regras de organização desta vida, e aos objetivos de uma categoria em prol de um benefício para comunidade. Em 2009 tivemos eleições para o SINFITO-BA e mais recentemente do CREFITO 7 em março/2010, onde também, por processo eleitoral, são decididos os lideres da categoria, com suas propostas e perspectivas para o futuro da Fisioterapia. Como tem sido a participação dos Fisioterapeutas nestes processos? Existe necessidade de uma maior atenção e dedicação do nosso escasso tempo para as questões políticas da Fisioterapia e da organização profissional? Precisamos de candidatos para nos representar e lutar pelos nossos interesses? Completamos 40 anos de regulamentação da Fisioterapia, momento bastante oportuno para se refletir sobre o que foi conquistado e quais os desafios atuais e vindouros. Durante algum tempo falava-se da busca pelo respaldo técnico-científico e do conhecimento baseado em evidências. Após muito estudo, com diversas pesquisas, com muita perseverança e determinação, a Fisioterapia tornou-se uma profissão regulamentada, consolidada nos seus embasamentos científicos, que demonstram positivamente a importância e a consequência benéfica da atuação do Fisioterapeuta em prol da prevenção, promoção e restauração da saúde do povo brasileiro, população acometida intensamente pelas mazelas que mais matam no mundo: 1 - acidentes, 2 - patologias vasculares (cardiovasculares e cerebrovasculares) e as patologias oncológicas. Para os não-leigos, é fácil a percepção de que em todos estes casos, as desordens osteo-mio-articulares e os efeitos deletérios da imobilidade no leito necessitarão ser minimizados e até mesmos evitados. Mas, e para quem ainda não conhece qual o profissional que possui maior capacitação e habilidade para tal missão? Será que existe alguma categoria com esta identidade? Será que a população realmente sabe de quem é este papel e a quem recorrer frente às disfunções oriundas destas doenças? São muitos os dilemas, as possíveis explicações, as diferentes experiências regionalizadas por este heterogêneo país, mas de fato, o foco na pesquisa científica e no desenvolvimento técnico, relacionado à assistência ao paciente, apesar de ter agregado relevância e respaldo às condutas dos Fisioterapeutas, trouxe como contraponto no avanço da profissão, o desvio da atenção e a negligência dos profissionais por assuntos que também são imprescindíveis para a consolidação de qualquer categoria profissional, os quais podem ser fatores de relevância semelhante à do nível de conhecimento técnico: o envolvimento e a participação nas políticas públicas e nas políticas profissionais da Fisioterapia. Como cidadãos, aprendemos desde cedo que possuímos deveres e direitos. É bem verdade que os deveres nos são sempre cobrados e que, reconhecendo-os ou não, eles chegarão a nós. Isto é fato! Mas, e os direitos? A que temos direito? Quais são os direitos dos Fisioterapeutas? Possuirmos direitos está diretamente ligado ao fato de sermos reconhecidos pelo que somos e pelo o que fazemos, logo, precisamos nos mostrar! Não individualmente, ou empresarialmente, mas sim, como profissão, com identidade própria, evidenciando características peculiares do coletivo... Dos Fisioterapeutas. Através da política pública e da política profissional, surgem as principais ferramentas para que a comunidade, os gestores, os parlamentares, os estabelecimentos de saúde, os acadêmicos e os próprios profissionais entendam o que é a fisioterapia, qual seu papel e a sua real identidade, são elas: Conselho,

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sindicato, associação e o movimento estudantil, entidades responsáveis em manter a característica peculiar da fisioterapia, sua valorização, aprimoramento, proteção, respeito e dignidade, necessidades que aos poucos vem sendo ameaçadas. Tais entidades possuem atribuições diferentes, uma vez que o sindicato se trata de uma entidade representativa de classe em prol dos direitos trabalhistas, buscando melhores condições de trabalho e melhor salário, já a associação, por sua vez como entidade representativa de classe, busca ofertar o aprimoramento técnico científico e cultural, o Conselho Regional trata-se de uma Autarquia Federal em prol da fiscalização da profissão e proteção da comunidade frente aos serviços prestados pelos Fisioterapeutas, enquanto que, o movimento estudantil, através dos seus diretórios acadêmicos estimula o aperfeiçoamento da formação superior, incentiva a minimização dos dilemas percebidos desde a graduação e contribui para a participação de representações em espaços de debates como fóruns, encontros, conselhos, conferências, dentre outros. Há um refrão que se repete quando se quer valorizar esta profissão: “ A fisioterapia é a profissão do Futuro ”. Por que não considera-la uma força do presente? A pressa, marca a vida do nosso tempo, e por isso não se deve retardar a participação dos acadêmicos, dos jovens na política do país e da sua futura profissão. As instituições de ensino superior necessitam incorporar estes conteúdos na graduação, fomentando o debate do tema, o envolvimento e participação desde o início do curso. Lamentavelmente não se percebe entre a categoria de um modo geral, entusiasmo com o tema “política” e seus derivativos. Há uma espécie de torpor, sobretudo nos mais abastados. Que Fisioterapeutas surgirão de uma geração que se omite, diante o destino da sua própria profissão? Será que os responsáveis pela educação têm refletido sobre este assunto? Não é por acaso que isto acontece. É urgente questionarem-se os motivos deste fenômeno em face ao presente e ao futuro da profissão. Tomando como referência alguns questionamentos elencados por (AMARAL, 2010), que podem perfeitamente serem aplicadas à nossa situação, também questiono: Será que tudo isso é consequência do tratamento que a ditadura de 1964 deu aos jovens, com a clara intenção de fragilizar as instituições e impedir mobilização e protestos? Dentre as causas mais próximas, vemos o consumismo que procura converter as pessoas de qualquer idade em consumidores compulsivos, cada vez mais algemados pelo ter, se submetendo às condições mais precárias possíveis sob a infeliz justificativa de que “é melhor do que não ter nada!”. O espírito competitivo da pós-modernidade é outra alternativa? O nosso ensino médio quase que só persegue uma meta: preparar alunos para passarem no vestibular, sem a mínima preocupação de formar homens e mulheres para triunfarem na vida. É possível ainda pensar-se na ideologia neoliberal que comanda a política do ocidente, com seu nítido viés individualista. A fuga e o desinteresse também podem ocorrer por causa dos testemunhos vergonhosos de tantos políticos militantes que buscam o poder somente para tirar vantagens. São estes e outros fatores que transformam não só o fisioterapeuta, mais todo cidadão de sujeito da história em objeto marginalizado do processo sociopolítico. Desta situação surgem alguns desafios: o da participação espontânea e consciente ao invés da participação ostensiva pela obrigação; o de uma maior articulação política; o de quebrar o paradigma de que a capacitação técnica é suficiente para garantirmos estabilidade, qualidade de vida, valorização e respeito; o de colocar na prática o envolvimento e a participação nas políticas públicas e da Fisioterapia; o de lutar pelos

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nossos direitos, o de reconhecermos e cumprirmos com os nossos deveres; o de colaborar para que cada colega levante-se a favor de algo benéfico em favor do coletivo, para não cair vítima de qualquer coisa. Finalizo estes pensamentos com um texto bastante duro, mas, que retrata no íntimo a importância de reconhecermos a participação e o envolvimento na política publica e profissional, como uma necessidade para alcançarmos os nossos sonhos e projetos como fisioterapeutas.

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo (Bertold Brecht).

REFERÊNCIAS AMARAL, Yvette. Os Jovens e a Política. Jornal A TARDE, Salvador, 2010. ARAÚJO, Luciana Souza. Participação política e cooperativismo: Apontamentos para ampliação da esfera pública. Curitiba, 2006. Disponível em: <http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/Luciana%20Souza%20de%20Araujo.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2011.

BARROS, Jader Araújo de. A Participação do Fisioterapeuta na Política Profissional. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso - (Bacharelado em Fisioterapia) - Faculdade Adventista de Fisioterapia, Cachoeira, 2009. BESSA, A.M; PINTO, J.M. Introdução à Política. São Paulo: Editorial Verbo, 2001. DALLARI, Dalmo. O que é participação política. 15 ed., São Paulo: Brasiliense, 2004.

A Fisioterapia e a Política Jardel Araújo de Barros Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior (Professor Universitário), pós-graduando em Saúde Pública; Presidente do SINFITO-BA (Sindicato dos Fisioterapeutas e dos Terapeutas Ocupacionais da Bahia); Chefe de Departamento de Fisioterapia do Hospital Manoel Victorino – SESA; Membro da Coordenação do Fórum de Entidades dos Profissionais de Saúde da Bahia; Conselheiro do Conselho Municipal de Saúde de Salvador-BA Salvador, BA E-mail: [email protected]

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Do Cautério ao Bisturi Elétrico

Luciano de Lima Técnico em Engenharia Clínica São Paulo, SP E-mail: [email protected]

á relatos da utilização terapêutica do calor em seres humanos a cerca de 3000 anos antes de Cristo, quando os egípcios já utilizavam a cauterização no tratamento de tumores. Já por volta de 400 anos antes de Cristo, Hipócrates

descreveu a utilização do cautério para o tratamento de problemas articulares e hemorroidas. Mas foi no século dezenove que a utilização da corrente elétrica para cauterizar foi descrita pela primeira vez. Em 1878 Kocks descreve uma esterilização tubária utilizando um fio aquecido pela passagem da corrente elétrica para cauterizar. A eletro-cirurgia veio a ser desenvolvida somente no século XX, revolucionando os procedimentos terapêuticos. Sendo que o seu desenvolvimento passou por fases e descobertas variadas. Os conceitos que conhecemos hoje passaram por três períodos, o primeiro representado pelos experimentos com eletricidade estática; o segundo, começando em 1786 com a utilização da corrente contínua, também chamada de galvanização, que induzia às contrações musculares; o terceiro, por volta de 1831, com a indução de correntes específicas feitas por Faraday e Henry. Mas em 1881, Morton descobriu que quando a frequência da corrente elétrica era elevada a 100 milhões de ciclos por segundo não provocavam estimulações musculares. Dez anos depois D’Arsonval descreveu que a frequência poderia ser baixada a 10 mil ciclos por segundo e mesmo assim não causaria dor ou contração muscular. Já em 1983 D’Arsonval realizou uma experiência passando uma corrente elétrica de 500 kHz e 3 A de intensidade em dois voluntários e acendendo uma lâmpada de 100 W, descoberta a menos de 5 anos, na época. Os voluntários afirmaram terem sentido somente uma sensação de aquecimento. O grande responsável pelo desenvolvimento da eletro-cirurgia em seu conceito moderno foi William T. Bovie, apesar de não ter sido o primeiro a testá-la. Sua genialidade e persistência foram coroadas com a criação do primeiro aparelho utilizado de forma prática dentro da sala cirúrgica, que ficou conhecido como o Gerador de Bovie. Este aparelho possibilitou cortar e coagular facilmente durante uma cirurgia aberta e serviu de base para o desenvolvimento das modernas Unidades Eletrocirurgicas que conhecemos hoje. William T. Bovie encontrou o parceiro necessário à divulgação desta nova tecnologia Cushing, sendo que em primeiro de outubro de 1926, Cushing realizou a primeira cirurgia intracraniana usando a eletro-cirurgia em seus conceitos modernos. A

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seguir, Werner em 1934 descreveu a coagulação tecidual com energia elétrica de alta frequência conceito que veio engrandecer o arsenal dos cirurgiões da época e até hoje é amplamente utilizado em cirurgia. Na eletro-cirurgia ao contrário de se aquecer uma pinça ou um instrumento como é feito na cauterização faz-se com que a corrente elétrica passe pelo corpo humano, sendo que ao passar pelo corpo humano está corrente provoca efeitos térmicos, além de efeitos eletrolíticos e farádicos. Os efeitos térmicos provocados pela passagem da corrente elétrica, controlados, através das Unidades Eletro-cirúrgicas promovem a volatilização celular pelo rápido aquecimento da porção líquida da célula (corte) ou a desnaturação do tecido pelo aquecimento lento desidratando a célula, e preservando a sua arquitetura (coagulação). Mas a esta corrente elétrica também pode causar efeitos prejudiciais ao paciente como queimaduras, contrações musculares, portanto para utilização desta tecnologia mesmo com o avanço tecnológico é preciso atenção e cautela. As equipes devem estar treinadas para utilização. As instituições de saúde devem possuir um departamento de Engenharia treinado e apto para avaliar os aspectos de segurança destas tecnologias.

Do Cautério ao Bisturi Elétrico Luciano de Lima Técnico em Engenharia Clínica São Paulo, SP E-mail: [email protected]

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Caramujo Africano: 23 anos de

Brasil

Mauricio Carneiro Aquino Médico Veterinário, Especialista em Docência para o Nível Superior e Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Maceió, AL E-mail: [email protected]

esde a introdução do Caracol Africano no Brasil a imprensa vem profetizando epidemias com grandes mortalidades entre a população humana; destruição de plantações e extinção da vida silvestre nativa brasileira. Mas o que temos visto:

[...] é uma verdadeira carnificina criminosa aos Moluscos Gastrópodes nativos [...], pois a moda agora é matar lesmas e caramujos sem nenhum critério. [...] A grande maioria das pessoas com quem comentei sobre o assunto foi taxativa ao afirmar que nunca viu nenhum ‘caramujo gigante’ e as poucas que já haviam visto, de alguma forma relacionaram a palavra caramujo com a “Doença do Caramujo” (esquistossomose) e acham que todos os caramujos são vetores de doenças para o homem e imaginam que quanto maior o caramujo, maior será o perigo (LIMA, p.1, 2010).

Entre todos o caracóis nativos, os do gênero Megalobulimus, particularmente grandes, são os que mais têm sofrido pelo serviço de desinformação prestado pela imprensa, elevando o seu status, contemporaneamente, para ameaçado. A verdade é que contra fatos não há argumentos; o risco que corremos em contrair uma das parasitoses associadas ao Achatina fulica, 23 anos depois de sua introdução no país, demonstrou-se ser insignificante se comparado ao risco que corremos em adquiri-las a partir de lesmas nativas da família Veronicellidae, principais hospedeiros intermediários de Angiostrongylus costaricencis no Brasil (CARVALHO et al., p.743, 2003). Hoje, o caracol africano é encontrado em 25 estados brasileiros, com exceção de Roraima e foi responsabilizado, unicamente, em todos esses anos, por dois casos clínicos de Meningoencefalite Eosinofílica, um óbito a cada 11 anos, provocado pelo A. cantonensis, um nematódeo parasita de roedores. Trágico do ponto de vista humano, porém, insignificante, do ponto de vista estatístico. O Angiostrongylus cantonensis foi diagnosticado pela primeira vez no país por Caldeira et al. (2007, p.887-889) em Vitória, ES e “[...] resultou em um óbito dez dias após a ingestão de três caramujos africanos (Achatina fulica) reportado em um encontro regional em 2006”. O segundo caso foi relatado em Recife (PE), por Lima et al. (2009, p.3). Ambas as cidades são portuárias o que deve ter facilitado o ingresso de roedores contaminados pelo parasito que contaminou os caracóis. No Brasil existem registros de Angiostrongilose Abdominal no Distrito Federal, São

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Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e principalmente nos estados da região sul.

[...] vale ressaltar que os casos de angiostrongilose não tiveram relação com o Achatina fulica e que experimentos recentes de laboratório, demonstraram que essa espécie, até o presente momento, não representa risco significativo para a Saúde Pública, pelo baixo potencial de transmissão que apresenta (SILVA et al., p. 6, 2003).

Para se ter uma ideia, o percentual de óbitos por esquistossomose, outra doença grave, transmitida por caramujos nativos do gênero Biomphalaria, entre 1980 a 2003, de acordo com Ferreira & Silva (2010, p.70) foi de “14.463 óbitos”, 628 por ano ou 7231 óbitos por “barriga d’água” para cada diagnóstico de meningite eoninofílica atribuído ao caracol africano. O contraditório é que, sob o ponto de vista da saúde pública, todos os animais consumidos ou que, simplesmente, convivem com o homem, domésticos ou silvestres, podem e transmitem zoonoses. A carne de diversas espécies domésticas consumidas, diariamente, pela população é capaz de transmitir antropozoonoses mais prejudiciais, inclusive, do que as produzidas pelos nematódeos Angiostrongylus costaricensis e A. cantonensis. Outro artigo, publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública” da Fiocruz, avaliou a mortalidade relacionada à Cisticercose, uma zoonose transmitida quando ingerimos carne de porco mal cozida e nos contaminamos com larvas do parasita Taenia solium. De acordo com Marques (2008, p.1) o médico Augusto Hasiak Santo, da USP, foram identificadas entre 1985 e 2004, 1.570 mortes relacionadas, direta e indiretamente, à cisticercose. Uma média de 82 mortes por ano, apenas no estado de São Paulo. No Brasil, o caracol africano, de acordo com Souza et al. (p.81, 2007) foi introduzido em 1988, no Paraná. Teles & Fontes (2002) registrou a sua presença em 23 estados brasileiros. Zanol et al. (2010, p.447) citou a sua presença em 24 dos 26 estados e Aquino & Agudo (2011, p.1), atestaram a sua ocorrência em todos os estados brasileiros, exceto, Roraima, no extremo norte do país. Felizmente, até hoje, não têm sido reportados casos de Achatina fulica causando prejuízos significativos à agricultura e até onde se sabe, ele também não vem contribuindo para a extinção de nenhuma espécie nativa. Não há como negar que o caracol africano possa, em condições muito especiais, ser vetor de duas importantes antropozoonoses quando ingeridos crus ou mal cozidos, o Angiostrongylus cantonensis, responsável pela Meningite Eosinofílica humana e o Angiostrongylus costaricensis, o agente causador da Angiostrongilose Abdominal, no entanto, Neuhauss et.al. (2007, p.49) em sua pesquisa, submeteu caracóis africanos, asselvajados e de cativeiro, à larvas de ambos os parasitos em laboratório e o número de animais positivados, a posteriori, foi baixa. Nesse mesmo artigo Neuhauss et.al. (2007, p.50) avaliou através de exames parasitológicos, 244 animais capturados na natureza e entre todos, apenas um estava parasitado por larvas de metastrongilídeos. O que permitiu concluir que os caracóis africanos no sul do Brasil não são hospedeiros permissíveis para as duas espécies de Angiostrongylus, confirmando o que instintivamente já sabíamos: o caracol africano não é um risco significativo para a transmissão destes parasitas. Mas o pior foi o IBAMA ter proibiu a sua criação, mesmo depois da comissão interministerial, criada e integrada por diversos especialistas na área e convocados para emitirem um parecer, terem atestado que a criação comercial de A. fulica era

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social e economicamente viável desde que “conduzida segundo as diretrizes pospostas de modo a não agredir o meio ambiente e preservar a saúde pública”. (LOBÃO, 2002, p. 42). A população brasileira não tem o hábito de ingerir caracóis como em outros países, no entanto, o A. fulica tem enorme potencial nutritivo e não só pode como deve, ser utilizado pela população como alternativa alimentar. No entanto, temos antes que desmistificar a opinião “exagerada” de alguns técnicos e difundida pela imprensa em geral. Pelo que tudo indica o caracol veio para ficar e, portanto, devemos aprender a tirar proveito de sua vitalidade e abundância, mas para isso é necessário que conheçamos mais sobre as reais potencialidades do Achatina fulica no Brasil.

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Caramujo Africano: 23 anos de Brasil Mauricio Carneiro Aquino Médico Veterinário, Especialista em Docência para o Nível Superior e Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Maceió, AL E-mail: [email protected]

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Criptografia Quântica

Ricardo Andrian Capozzi Graduado em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Informática e Administração de São Paulo e pós-graduação nas áreas de Análise de Sistemas, Segurança da Informação, Marketing Internacional, Gestão de Negócios, Didática Superior em Tecnologia e Mestrado em Engenharia da Computação São Paulo, SP E-mail: [email protected]

RESUMO O cerne do problema em relação à criptografia trata da distribuição de chaves de uma forma segura, que em sua essência oferece dois tipos de solução: uma matemática e outra física. A primeira trata da utilização de algoritmos de chave publica-privada e a segunda aplica princípios da Mecânica Quântica. O atual modelo clássico de computação tem dificuldades em quebrar chaves que são fatoradas por números primos muito grandes. Entretanto, a possível utilização de computadores quânticos vem abalar este modelo. A Criptografia Quântica oferece uma solução para mitigar este tipo de problema.

1. INTRODUÇÃO

criptologia é uma ciência relacionada à segurança das informações que estuda modelos matemáticos fortes visando garantir a confidencialidade e autenticidade das informações.

Duas das principais técnicas de criptografia são dadas pela substituição e/ou transposição do objeto a ser cifrado por modelos matemáticos conhecidos como Algoritmo Simétrico e Algoritmo Assimétrico, usados para cifrar e decifrar uma mensagem através chaves ou senhas. A cifragem Simétrica usa mesma chave para criptografar (cifrar) como para decriptografar (decifrar), enquanto a Assimétrica utiliza senhas diferentes para tal finalidade, e estas são baseadas na criação de chaves que levam muito tempo para serem fatoradas nos atuais computadores. Entretanto, processadores “clusterizados” aumentam a possibilidade de quebrar sistemas criptográficos, na proporção direta de máquinas executando a mesma tarefa simultaneamente. Na Computação Clássica, codificamos a informação em bits, que pode estar em um dos dois estados binário exclusivamente. Um Computador Quântico possibilitaria a existência destes mesmos bits num estado de sobreposição, criando um bit quântico ou qubit (quantic binary digit), que por sua vez, pode assumir uma sobreposição de todos os seus estados possíveis. A Criptografia Quântica baseia-se no teorema da não clonagem da informação quântica. É na verdade uma condição prima para distribuir chaves privadas de forma segura e não necessariamente tem processos e objetivos afins com a Computação

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Quântica. Sua ideia central trata do envio de “fótons de luz” e não de seus métodos de processamento, indicando que não há relação direta entre Computação Quântica e Criptografia Quântica, exceto pelo fato de ambas usarem a física quântica como base. Sistemas criptográficos quânticos são completamente seguros contra o comprometimento da mensagem sem o conhecimento do remetente ou do receptor, pois é impossível medir o estado quântico de qualquer sistema sem que se cause um distúrbio (alteração) no mesmo. 2. TEORIA DA INFORMAÇÃO – A BASE COMPUTACIONAL

egundo a Teoria da Informação proposta por Claude E. Shannon (1948), a informação em formato digital tem um caráter abstrato e independe do meio de transmissão, armazenamento ou processamento, não se preocupando com sua

semântica. A representação de uma letra do alfabeto latino, por exemplo, requereria no mínimo a utilização de cinco dígitos binários. Como humanos teríamos certa dificuldade em escrever estes caracteres com limitações de espaços, mas a forma binária possibilita expressá-los comprimindo-os em uma ínfima área. Entretanto, esta área pode tomar proporções muito pequenas deixando de ser regida pelas leis da Física Clássica, passando a obedecer às leis da Física Quântica. Em 1984 o pesquisador israelense David Deutsch da Universidade de Oxford, pioneiro na área, teorizou a Computação Quântica propondo uma função com apenas uma entrada tal que f(x): [0,1] [0,1], obter se f(0) =? f(1). Torna-se impossível ao utilizar a função apenas uma vez determinar qual o valor emitido para o outro valor de entrada em um sistema computacional clássico; entretanto utilizando-se um sistema computacional quântico, podemos considerar

que: xxU xf

f

)(1

Com uma sobreposição de estados 0 e 1 obtemos:

1)1(0110)10( )()( xfxf

fff UUU

Se f(0) = f(1): então )10(10 ff UU

Se f(0) =/f(1): então )10(10 ff UU

Analisando o resultante vetorial, determinamos se será (|0> + |1>) ou (|0> - |1>), concluindo se f(0) é igual ou diferente de f(1). Isto demonstra matematicamente que a informação pode adquirir outras características quando submetida a leis físicas diferentes, indiciando que a informação independe do meio, mas das leis físicas que atuam sobre este. 3. PRINCÍPIO DA CRIPTOGRAFIA QUÂNTICA – MECÂNICA QUÂNTICA

Física Clássica é incapaz de explicar todos os fenômenos físicos que ocorrem no mundo subatômico. Com isto, surge um novo campo de estudo denominado Mecânica Quântica, que explica como os átomos emitem ou absorvem a luz em

comprimentos de onda específicos (pacotes) quando os elétrons pulam em sua órbita de um nível de energia para outro. Quantum é a palavra latina para quantidade, e em

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termos modernos, a menor parcela possível de uma propriedade física, como energia (luz) ou matéria. Esta mecânica através do “Principio da Incerteza” de Werner Heisenberg (década de 1920) postula que a trajetória e a velocidade de uma partícula não podem ser medidas simultaneamente com precisão, por desconhecermos ao certo a sua posição, e ao descobri-la, não podemos inferir sua velocidade; se supostamente conseguíssemos observá-las, notaríamos diversos valores simultaneamente (sobreposição de vários números) e não um número definido. Contudo, o simples fato de observá-las acarreta em uma perturbação que interferirá no sistema de tal forma que destruirá esta sobreposição, resultando em um valor aleatório que ocupe um dentre os estados possíveis. Dois dos aspectos mais relevantes desta ciência tratam dos princípios da Sobreposição (ou Superposição) e do Entrelaçamento. Contrapondo a Física Clássica esta é regida por probabilidades e incertezas; e, fundamenta que:

Toda partícula tem um comportamento ondulatório (dualidade onda-partícula);

A energia é irradiada em certas quantidades definidas, constantes e indivisíveis.

Isto porque partículas não existem em um lugar específico. Elas existem em vários lugares ao mesmo tempo, com probabilidades diferentes associadas em cada posição caso alguém as observe. Assim, é impossível conhecer com precisão a posição e a velocidade de uma partícula simultaneamente. O mundo quântico possui esta incerteza fundamental e não há maneira de evitá-la, porque isto impactaria na confiabilidade do sistema.

Matematicamente, este princípio permeia as teorias da Criptografia Quântica, sendo sua forma mais geral que: Δxi Δpix ≥ h / 2π, o que equivale afirmar que quanto menor for o erro para a medida da posição da partícula, maior será o erro do momento linear (diretamente proporcional à velocidade), e vice-versa. Não obstante há uma aleatoriedade dentro da Física Quântica onde as probabilidades de cada possível estado são respeitadas. Esta definição rompe com o principio de causalidade absoluta da Física Clássica, propondo o uso da Mecânica Quântica para elaboração de sistemas criptográficos. 4. COMPUTADORES QUÂNTICOS - QUEBRANDO A CRIPTOGRAFIA CLÁSSICA

m 1982 Richard Feynman propôs atributos quânticos para desenvolver computadores. Diferentemente da computação clássica, onde se codifica a informação em bits, um computador quântico possibilitaria a existência destes

bits num estado de sobreposição. Um bit clássico pode apenas estar em um dos dois estado voltaicos representativos e, um qubit (em que todos os estados em um vetor de qubit podem coexistir) pode assumir uma sobreposição de todos os seus estados possíveis. Uma vez que o registro esteja em uma sobreposição dos estados desejados, podem-se efetuar operações em todos os 2x números simultaneamente, porquanto um computador clássico necessitaria de 2x processadores em paralelo para fazê-lo. Isto aumenta exponencialmente a velocidade de processamento de dados num computador quântico, para tanto basta que um determinado número de qubit esteja em 2x estados simultaneamente, implicando na real possibilidade de quebrar chaves fatorando rapidamente números muito grandes e polinômios algébricos composto por

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vários termos, causando contristação aos criptoanalistas. Outras indicações de uso desta tecnologia: efetuar análises estatísticas; simular problemas da física teoria e astrofísica; e, processar problemas com muitos termos e variáveis. Matematicamente, um Computador Quântico é um dispositivo que executa cálculos fazendo uso direto de propriedades da Mecânica Quântica como a sobreposição e interferência de quibits, ou seja, é a manipulação da sobreposição de zeros e uns clássicos, podendo ser representada por: |qubit> = p |zero> + q |um>, sendo |zero> para representa o bit 0 e |um> para o bit 1; p e q são números, possivelmente complexos que podem ser escritos na forma de z = p + qi. Porém, se p e q forem reais, a probabilidade de medição resultar em 0 será p2, e a probabilidade de medição resultar em 1 será q2. Esta representação permite que o estado de um qubit seja visualizado como um ponto sobre a superfície de uma esfera, conhecida como esfera de Bloch, onde que |0> pode ser o pólo norte da esfera e |1> o pólo sul. Neste entrelaçamento ou correlação quântica, cada qubit utilizado pode ter uma sobreposição de 0 e 1, assim um Computador Quântico pode estar programado para executar 2x computações simultâneas, onde x é a quantidade de qubits requerida. Se este computador for composto por 1000 qubits, significa que se pode executar 21000

cálculos em um único processo. Ao adicionar-se mais qubits, sua capacidade aumenta exponencialmente. Por ora não há limites virtuais para esta configuração. Para entender um pouco melhor, citemos a exemplo uma chave onde sua raiz fosse o produto entre duas milhares como 7412 por 6547; para tal resolução bastariam alguns nanosegundos. Entretanto para obtermos quais os números X por Y que resultam no produto de 48526364, tomaríamos um tempo muito superior devido a não dominamos um processo de fatoração suficientemente rápido. Isto piora se o resultado for um produto de primos. A fatoração com números de muitos dígitos demandaria muito tempo e poder computacional, o que torna o processo de quebra comercialmente inviável, pois a informação ora cifrada expiraria quando da quebra de sua chave cifradora, pois para a criação destas chaves, elegem-se números primos com centenas de casas, difíceis de serem quebrados por computadores eletrônicos. Porém este cenário seguro muda com a utilização de Computadores Quânticos, pois viabiliza quebrar chaves muito grandes em curtos espaços de tempo. Várias soluções podem ser calculadas e testadas simultaneamente através do algoritmo Shor (projetado por Peter Shor da AT&T Bell Labs, em 1994 para se usado em um modelo formal de computação). Este algoritmo é capaz de fatorar números primos complexos por um divisor não-trivial a razão n em O(log³ n). E em 1996, Lov Grover também da Bell Labs criou um meio de pesquisar uma lista a uma velocidade incrivelmente alta, indicada para quebra a cifra DES, procurando todas as chaves possíveis, a encontrando em menos de quatro minutos. Se aplicados na prática, estes e outros processos maturariam o modelo computacional clássico voltado para confidencialidade das informações. 5. PROBLEMAS COM COMPUTADORES QUÂNTICOS

sumo desafio para construção de Máquinas Quânticas está relacionado diretamente em evitar a perturbação deste sistema, o que acarreta distúrbio da informação que ao interagir com o meio torna seu comportamento

imprevisto e demasiadamente complexo, impedindo a correlação entre os qubits. A atual dificuldade está na incapacidade de armazenar sub-partículas polarizadas ou emaranhadas, devido à forma física dos qubits não ser estável por períodos longos.

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Isto exigiria o desenvolvimento de componentes herméticos, como uma memória quântica capaz de armazenar qubits sem alterá-los. Somente quanto o foco da pesquisa voltou-se para tratar do envio (não armazenamento) de fótons, que se obteve sucesso tornando a Criptografia Quântica uma ciência prática e factível, podendo alcançar um horizonte largo de aplicações em segurança. 6. PROPRIEDADES DO FÓTON

luz é emitida em grandes quantidades de pequenas parcelas não fracionadas denominadas de Quanta (singular latino de Quantum), através de uma partícula luminosa chamada de Fóton, que tem energia e momento e, possui

características peculiares de polarização que representa a direção e sentido espacial na qual o pulso eletromagnético do fóton vibra num plano de propagação perpendicular a direção do movimento de sua onda.

Figura 1 - Radiação eletromagnética - A luz é formada por campos elétricos e

magnéticos paralelos se propagando no espaço por uma onda eletromagnética Fonte: (GROOTE, [200-?])

Para “criar” um fóton, os criptógrafos quânticos usam LEDs (diodos emissores de luz), como uma fonte de luz não-polarizada, que são capazes de emitir apenas um fóton por vez, que é exatamente como uma cadeia de fótons pode ser criada, em vez de uma grande explosão de luz radiante e difusa. Fótons que viajam pelo espaço em uma mesma direção dentro de um meio óptico vibram em ângulos diferentes. Este ângulo de vibração é conhecido como polarização do fóton. Um laser foto-emissor gera fótons em todas as polarizações, significando que fótons vibram em todas as direções dentro de um raio de 360º. O esquema criptográfico quântico usa pulsos de luz polarizados com um fóton por pulso. Via um filtro especial, este fóton pode ser polarizado em apenas uma direção e um sentido; e, quando isto ocorre pode-se medir sua polarização somente em uma direção, e ao fazê-lo, a polarização das demais direções (antes randômica) fica determinada, motivado pela interferência que o aparelho Aferidor de Medição exerce sobre o fóton, possibilitando a criação de um esquema de envio de fótons predeterminados. Fótons que vibram na mesma direção são considerados polarizados e quando submetido através de filtros polarizadores permitem que apenas fótons polarizados numa mesma direção passem. Um polarizador horizontal só permite que fótons vibrando na horizontal passem. Rotacionado para 90º, apenas fótons polarizados na vertical passarão, e assim sucessivamente.

Três detalhes interessantes: 1) Se o fóton estiver diagonalmente polarizado : em (

/ ) ou ( \ ), ele poderá ou não passar por um filtro retilíneo . Porém, se ele não for

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bloqueado e passar, tomará a posição vertical ou horizontal, concluindo erroneamente que ele pode ser um ou outro. Apostamos na probabilidade de acertar em metade das medidas. Isto é tanto maior quanto for a pouca diferença de rotação dos ângulos (se os ângulos diferem pouco a probabilidade é maior). Se diferirem em 90º, a probabilidade é nula; e se for de 45º, a probabilidade é de 50%. Este é o real problema do intrusor, pois não sabe qual orientação usar. 2) Ao emitir um feixe de fótons polarizados horizontalmente e submete-los a um filtro polarizado horizontalmente, todos irão passar. Entretanto, alterando-se o ângulo do filtro em 90º, o número de fótons que passam ira diminuindo, até o seu total bloqueio. Supõe-se que ao rotar o filtro apenas um pouco deveria bloquear todos os fótons que estão polarizados horizontalmente. Assim, sabemos que a medição com filtros é probabilística e não determinística. 3) A Mecânica Quântica postula que cada partícula tem uma probabilidade repentina de cambiar sua polarização igualando-se à mesma usada no filtro. Feixes de fótons com a mesma polarização são denominados coerentes. Quando se desejar emitir um feixe de fótons coerentes (indicando alguma informação, como uma chave) oriundos de um feixe de laser desordenado, basta utilizar um filtro polarizador, modificando a polarização de alguns dos fótons passantes igualando-os a forma do esquema de filtro utilizado. As chances de igualar-se ao esquema do filtro polarizador são diretamente proporcionais quanto for menor a relação da divergência angular entre as posições, interrompendo assim a passagem dos fótons restantes. Fótons polarizados na mesma direção do filtro passam, e fótons polarizados perpendicularmente são bloqueados. Filtros polarizadores podem ser exemplificados como grades com fendas únicas que se ajusta em vários ângulos, e os fótons como filetes delgados que apenas passaram por esta grade se e somente se, estiverem no ângulo correto. Qualquer fóton que esteja polarizado na mesma direção do filtro passará por ele sem ser alterado.

Figura 2 – Exemplo de um esquema de filtro polarizador

Fonte: (HASS, 2005) A proposta final da Criptografia Quântica com a utilização de fótons para codificação de uma chave cifradora, não é tratar de impedir a observação do tráfego, mas em caso de uma medição com esquema de filtro diferente da qual o fóton foi polarizado inicialmente, o resultado será infrutuoso para quem o mediu. 7. CRIPTOGRAFIA QUÂNTICA

surgimento da Criptografia Quântica remonta uma curiosa idéia de 1960 com um artigo não publicado de Stephen Wiesner, da Universidade de Columbia: trava-se do Dinheiro Quântico, que propunha a criação de notas monetárias a

prova de fraudes. Desacreditado por ser uma ideia vanguardista para a época, levou-a em 1980 para seu amigo e pesquisador da IBM, Charles H. Bennett que mostrou

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interesse e juntamente com outro pesquisador Gilles Brassard debateram as várias ideias sobre o artigo de Wiesner, percebendo que poderia haver alguma aplicação prática dentro da Criptologia Quântica. A segurança da Criptografia Quântica se baseia na incerteza natural do mundo microscópico - Princípio da Incerteza. Aproveitando-se deste estado de instabilidade que as partículas sofrem ao serem perturbadas no sistema de processamento quântico, seria possível a transmissão de dados (sinais representativos como código ASCII, por exemplo) de forma segura por um canal óptico denominado de meio quântico, onde esta partícula de luz (fóton) não poder ser “capturada” por uma atacante, porque um sinal interceptado (entenda-se perturbado) afetará o resultado - ou representação binária do conteúdo. Esta incerteza pode ser usada para gerar uma chave secreta, pois enquanto viajam pelo meio óptico, os fótons vibram em algum sentido e direção angular, dando a conotação representativa de um bit clássico. Contrapondo a computação clássica um dado quântico não pode ser lido sem ser alterado - subentenda destruído. Este é um entrave intransponível no mundo quântico, pois mesmo com o uso de equipamentos sofisticados e acurados não é possível transpô-la porque a própria medição ou simples interação com os qubits causa tal erro, também conhecido como descoerência. Assim, a ideia central da Criptografia Quântica trata do envio de fótons polarizados emitidos por um laser via um meio óptico e não da cifragem de texto a ser protegido. Ou seja, é o processo que trata da distribuição quântica das chaves de forma segura e inviolável, que utilizam técnicas de comunicação e princípios de física quântica para troca chaves (cadeia de qubits) entre emissor e receptor sem o prévio conhecimento do meio compartilhado; onde um interveniente possa enviar uma chave via um canal público seguramente, graças a Incerteza Fundamental do Mundo Quântico que mitiga ataques de interceptação (espionagem) do tipo Man-in-the-Middle.

Figura 3 – Canal Óptico Quântico. Comunicação impossível de ser monitorado sem

interferir no resultado da transmissão Fonte: (HASS, 2005)

Esta chave criptográfica é um conjunto de qubits representada pela polarização de um fóton ou uma cadeia deles. Seu tamanho pode variar dependendo diretamente do tipo e da implementação algorítmica a ser aplicada. Entretanto, uma regra fundamental da criptografia afirma que “a quantidade de bits usada para criar uma chave é diretamente proporcional a sua inviolabilidade”, assim quanto maior a quantidade de bits usada numa chave maior é a sua relação de seguridade. Estes fótons estão polarizados por um “filtro polarizador”, cujo esquema é possível medi-lo nas bases retilínea ( ): horizontal (90º, -- ), vertical (0º, | ); ou diagonal ( ):

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esquerda (135º, \ ), direita (45º, / ); e em sentido giratório conhecido como Spin: horário ou anti-horário. Ambas as situações tendem a representar o 0 e 1 binário. 8. APLICAÇÕES QUÂNTICAS PARA SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

principal objetivo da criptografia é transmitir informações de forma que o acesso seja restrito apenas ao destinatário pretendido. É realmente neste ponto que Criptografia Quântica aflora seu ápice. Três das principais

aplicações possíveis usando dados quânticos são:

1. Método da Multiplexação Quântica ou Transferência Desinformada; 2. Esquemas de Compromisso; e, 3. Partilha de Chaves.

Ambas tratam apenas quanticamente às questões relativas à transmissão da informação, neste caso chaves ou cadeias de dados. Este artigo abordará a explicação e exemplificação apenas do terceiro método. 9. PARTILHA DE CHAVES QUÂNTICAS

distribuição ou partilha de chaves é a aplicação que assinala o envio seguro de uma chave quântica de um emissor a um receptor. Um adventício interceptando esta transmissão alterará seu conteúdo podendo ser detectado -

não necessariamente identificado. Transações baseadas nos princípios do protocolo BB84 (veja também o protocolo B92) assenti ambas as partes acordar uma chave sem conhecimento compartilhado prévio. Na prática, estabelecesse primeiramente um enlace óptico para a transmissão independente da chave – Figura 3. Nele, o emissor deseja estabelecer e enviar uma chave secreta com o receptor, para mais tarde utiliza-la abrindo certo arquivo cifrado ou afim. Embora fótons vibrem em todas as direções, usaremos didaticamente apenas quatro direções distintas. Pode-se aqui estabelecer um protocolo prévio para sua representação binária, sendo horizontal e horário com 0; vertical e anti-horário representam 1; ou horizontal e diagonal esquerda iguais a 0, e vertical e diagonal direita iguais a 1. A forma de combinar é suas representações binárias é de livre escolhe dos inter-comunicadores. Um fóton polarizado pode ser medido para descobrir sua polarização – Figura 2. Se medido com o filtro errado, obtém-se um resultado aleatório. Por esta propriedade, geraremos uma chave secreta de 5 qubits através do envio de uma sequência de 9 fótons:

1. De início, o emissor envia uma sequência de fótons através do canal óptico – qubits representando 0 ou 1, com esquema do filtro polarizador de forma aleatória e registrando suas orientações.

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2. Para cada fóton recebido, o receptor escolhe aleatoriamente o esquema de filtro para detecção anotando sua polarização. Note que não se pode medir mais de uma polarização por vez.

3. Quando o esquema do filtro é posicionado corretamente, descobre-se sua polarização. Se o detector está configurado de forma diferente a polarização inicial, obtém-se um resultado aleatório, como abaixo:

4. O receptor informa ao emissor as bases de medição escolhidas através

de um canal inseguro, e o emissor diz quais bases foram escolhidas corretamente, os numerando por sua ordinalmente: 1º, 4º, 5º, 7º e 9º.

5. Ambos descartam os fótons cujas bases de medição foram escolhidas

incorretamente e guardam apenas as polarizações que foram corretamente medidas.

6. Os fótons resultantes são convertidos para bits seguindo um protocolo

prévio. Neste exemplo: diagonal esquerda ou vertical como 1, e diagonal direita ou horizontal como 0.

7. O receptor compara com o emissor os valores aleatórios entre os recebidos e medidos com sucesso. Caso sejam iguais, assume-se que a transmissão ocorreu sem interferências ou interceptações, os qubits

comparados são descartados e os demais aproveitados para composição da chave secreta.

Este exemplo resultou numa chave de valor binário 11001, que é um tanto pequena para justificar a aplicação quântica. O processo é repetido até conseguir qubits suficientes para gerar a chave secreta de tamanho desejado para um algoritmo simétrico forte. Dessa forma, emissor e receptor podem gerar quantos qubits forem necessários com um mesmo esquema de filtro. Na média, acertam a polarização em 50% das tentativas, assumindo que para gerar n bits, o emissor deve enviar 2n fótons. Um espião passivo tentando monitorar o envio dos fótons prevendo qual a polarização usada irá interferir em sua polarização, de forma que a transmissão irá falhar quando verificada, onde emissor e receptor obterão uma seqüência de bits diferentes, indicando alguma interceptação.

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Cada fóton envia apenas a informação de um bit, porque caso a informação estivesse repetida em mais de um fóton poderíamos medir a polarização de cada um deles em um esquema diferente, contornando o Princípio da Incerteza. Este exemplo pode ser simulado com riqueza de detalhes no site do BB84, em http://fredhenle.net/bb84/demo.php, inclusive com a presença de um espião, vários filtros e tamanhos de chave. 10. SEGURANÇA DO SISTEMA - INTERCEPTAÇÕES E INTERFERÊNCIAS

distribuição de chaves quanticamente é segura apenas e tão somente contra ataques de monitoramento passivo, não assegurando interceptações em que se possa inserir e remover mensagens do meio de transmissão. A natureza

probabilística da Física Quântica impede que todas as chances de intrusão sejam eliminadas com absoluta garantia. Devido às falhas no grau de pureza do meio quântico, a transferência dos fótons pode sofrer interferência devido a ruídos no meio, ainda que não haja interceptações clandestinas, sendo indistinguíveis entre si. Destarte, emissor e receptor devem acordar e aceitar certo grau de interferência na transmissão sem considerá-la contaminada, como risco residual da utilização da Criptografia Quântica. Ações de interceptar, “capturar” e reenviar qubits implicam a possibilidade de atacantes escolherem dados corretos. Convenientemente trabalha-se com o envio de pequenas rajadas de luz polarizada, sendo possível separar o feixe de luz e ler as informações do feixe interceptado sem alterar sua polarização, apenas sua intensidade. Entretendo, o grau de dificuldade em acertar os esquemas de medição para que as informações obtidas sejam úteis é extremamente difícil. Mesmo que remota estas possibilidades também devem ser consideradas.

A suposta inviolabilidade do sistema está em um conjunto de regras que não se aplicam no mundo real. Uma delas afirma que apenas um fóton deve representar um qubit. A Criptografia Quântica funciona através da emissão de um raio laser, que vai diminuindo sua potencia a ponto de se tornar improvável que mais de um entre uma dezena de pulsos contenham um fóton. Se o pulso contiver mais de um fóton, um interceptador poderia observar um fóton extra e usá-lo para ajudar a decodificar parte da mensagem. Para evitar este problema, deve-se usar um Amplificador de Privacidade, que mascara os valores dos qubits. 11. APLICAÇÕES ATUAIS

plicações práticas desta tecnologia incluem um “link” óptico dedicado entre Pentágono e Governo Americano, entre bases militares e laboratórios de pesquisa. No momento ocorrem pesquisas e aplicações desenvolvidas e

patrocinadas pela Agencia Espacial Européia e pela DARPA Americano. Algumas empresas de cunho comercial já disponibilizam seus produtos e todo suporte para implementar dispositivos quânticos. Instituições financeiras, agentes de custódia, e governos são os potenciais clientes fomentos por este tipo de tecnologia. Existem empresas com inteligência para desenvolver e suportar tal tecnologia. Uma busca acurada pela Internet mostrará quem são e quais suas principais aplicações. 12. MELHORIAS E FUTURO

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o mundo quântico ao interceptar uma seqüência de fótons, obrigatoriamente interferimos seu resultado. Melhorias neste protocolo sugerem a permissão de seu uso mesmo que se detecte alguma interceptação, comparando apenas a

paridade de determinado grupo de qubits. Se não houver divergência basta apenas o descarte deste qubit de paridade, aproveitando-se a seqüência recebida. Esta é uma técnica de checagem de erro é usada pela computação convencional em telecomunicações. Uma técnica de amplificação de privacidade também pode ser usada aplicando-se funções de transformação sobre a chave transmitida (como as funções Hash), que produz um único número, derivado da própria entrada assegurando que este seja único para cada entrada, de forma que quaisquer qubits obtidos com sucesso pelo intruso tornem-se ainda mais inúteis. Outras duas áreas de pesquisas promissoras estudam o envio de fótons através de sólidos puros, como as cavidades de materiais semicondutores; e, do emaranhamento quântico, que é uma ligação entre dois objetos fazendo com que estes dividam propriedades mesmo a longas distância, ou seja, dois fótons emaranhados representando um qubit: quando da observação de um implica diretamente na alteração irremediável de outro. A superposição quântica e os estados quânticos também são princípios utilizados na Criptografia Quântica. Este esquema de utilização de entrelaçamento de pares de fótons foi proposta por Arthur Ekert em 1991. 13. DIFICULDADES E CUSTOS

Criptografia Quântica foi demonstrada no Laboratório de Pesquisa Thomas J. Watson, da IBM em 1989, a distâncias relativamente curtas. Atualmente as distâncias variam entre 60 km a 150 km, via cabos de fibra óptica com alto teor

de pureza que encarecem sua aplicação em escala comercial. Acima destas distâncias a taxa de erros causados por impurezas microscópicas na fibra e pelo princípio da Incerteza Quântica torna o sistema inviável. Pesquisadores estão buscando um repetidor quântico para aumentar estas distâncias sem contrapor os princípios fundamentais da Mecânica Quântica. Outra pesquisa bem sucedida trata da transmissão aérea com foto-emissores e foto-receptores muito sensíveis, mas a distâncias relativamente curtas e condições laboratoriais. Um uso de um feixe de laser a longas distâncias deve preocupar-se com as intempéries. Transposta esta barreira, não se descarta a utilização de satélites especiais para tal aplicação. Portanto, a transmissão de fótons por qualquer meio é bastante sensível a erros, cuja taxa cresce à medida que a velocidade de transferência ou à distância entre sues extremos aumenta. Uma possível solução é a aplicação da Teoria de Correção de Erro Quântico, que afirma que se o estado de superposição puder ser sustentado por um determinado tempo seria possível fazer computações tão longas quanto se queira. Por hora, a técnica de ressonância magnética nuclear foi a que mais se aproximou deste limiar. Por seu elevado custo, a Criptografia Quântica ainda não é um padrão adotado em escala, contudo o desenvolvimento tecnológico promete torná-la acessível a muitas aplicações, alcançando vários ramos onde a preservação da confidencialidade das informações é vital para a manutenção do negócio. 14. CONCLUSÃO

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omputadores quânticos podem se tornar uma realidade factível em breve, ameaçando várias classes de algoritmos criptográficos assimétricos.

A criptografia quântica é uma área extremamente promissora para a segurança da informação, pois a distribuição de chaves quânticas é uma alternativa segura ao uso da criptografia assimétrica, permitindo que dois pares troquem mensagens seguramente sem se preocupar com a probabilidade de terem suas informações comprometidas e sem a necessidade de um complicado esquema de servidor e validador central de chaves e autenticações. É também uma vantagem face de outros métodos criptográficos, pois permite a detecção de intrusos passivos e é condicionalmente segura, ainda que contraditório, mesmo contra um alto poder computacional, porque está depende diretamente do tamanho da chave que pode ser tão longa quanto se queira.

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Criptografia Quântica Ricardo Andrian Capozzi Graduado em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Informática e Administração de São Paulo e pós-graduação nas áreas de Análise de Sistemas, Segurança da Informação, Marketing Internacional, Gestão de Negócios, Didática Superior em Tecnologia e Mestrado em Engenharia da Computação. Professor e consultor de TI e Segurança da Informação: Professor da FATEC - FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO, Faculdade Mauá e Faculdade Carlos Drummond de Andrade para graduação e pós-graduação. Atua como consultor de bancos e plataformas eletrônicas para o Banco Citibank S.A., com experiência na área de Ciência da Computação enfatizando Segurança da Informação e Redes São Paulo, SP E-mail: [email protected]

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É um bom investimento comprar

imóveis em Miami?

Marcelo Caus Sicoli

MBA em Marketing e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) Brasília, DF E-mail: [email protected]

om o Real mantendo desde 2004 sua força frente ao Dólar estadunidense, cada vez mais brasileiros se organizam para visitar os EUA. Em 2010, mais de 1,2 milhão de brasileiros visitaram o país, injetando US$5,9 bilhões naquela

economia. A embaixada e os consulados dos EUA se esforçam para atender a crescente demanda, contratando pessoal, ampliando horários de atendimento e fazendo plantões em finais de semana. Hoje, viajar para os EUA custa às vezes mais barato do que se aventurar dentro do Brasil, tendo em vista o custo reduzido das passagens aéreas, aluguéis de automóveis, gasolina, sem falar nas diversas mercadorias como óculos, relógios, calçados, roupas de grife, material esportivo, eletrônicos e perfumes que custam de metade até um quinto do preço do encontrado nos shopping centers brasileiros. Ou seja, uma sessão de compras em Orlando ou Miami já compensa facilmente o investimento feito em passagens e hospedagem, fora a viagem em si, que, para a maioria, não se restringe a compras. Visando criar bases em território americano, um público mais restrito de brasileiros de alta renda tem investido fortemente no mercado imobiliário, comprando casas e apartamentos de valores que variam de US$ 100 mil a US$ 5 milhões, como noticiado amplamente nos principais jornais e canais de TV, especialmente em Miami e outras cidades da Flórida, onde se fala amplamente espanhol – ou mesmo portunhol. Em doze meses considerados entre 2010-2011, a Associação de Corretores de Imóveis da Flórida informa que os brasileiros foram o terceiro mais significativo grupo de estrangeiros a investir em Miami, tendo comprado 9% dos imóveis vendidos, ficando atrás apenas de venezuelanos (que investem também para se proteger de um país altamente instável politicamente) e canadenses. Segundo a Bloomberg¹, brasileiros compraram mais de 50% dos imóveis acima de US$500 mil em Downtown Miami e quase metade dos acima de US$ 1 milhão em Miami Beach.

Fica no ar a pergunta: É um bom investimento comprar imóveis em Miami? Após a crise financeira de 2008, que teve como principal propulsor os créditos de risco do segmento imobiliário, os imóveis que estavam com preços inflados se encontram com descontos (deságios) de cerca de 30% em relação à máxima histórica observada em 2006, segundo o S&P/Case-Shiller Home Price Indexes, índice que mede a variação dos preços dos imóveis em 20 grandes cidades americanas. As quedas são mais significativas em Phoenix, Miami e Detroit. San Francisco e Nova Iorque ainda mantêm preços elevados. O criador do índice supracitado, Robert Shiller, acredita que os preços podem cair ainda mais. Pontos a se considerar:

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a) Nos EUA, as taxas de juros estão em torno de 5% ao ano para financiamento

imobiliário, enquanto no Brasil em cerca de 11%. Uma aplicação financeira conservadora gerou retornos de aproximadamente 10% ao ano no Brasil em 2010. Por exemplo: Fundo DI Private-Banco do Brasil (9,82%), Votorantim Banks Crédito Privado (10,75%), Bradesco Private Crédito Rating (9,95%) e XP Investor Crédito Privado (10,68%). Neste sentido, compensa-se tomar um empréstimo (dando normalmente 30% de entrada do pagamento) nos EUA e deixar o dinheiro aplicado no Brasil.

b) Com a economia ainda evoluindo abaixo do esperado, é provável que os preços dos imóveis reajustados para baixo permanecerão neste mesmo patamar nos próximos anos, ou seja, não se observará o que se viu no Brasil em 2010, com a valorização de 25% em um ano em imóveis de várias cidades (revista Exame-18/05/2011). A verdade é que há uma enorme demanda reprimida no Brasil e ainda pouco crédito disponível (5% do PIB), frente a outros países. Apesar da alta, na média, os preços no Brasil se adequaram a patamares internacionais. Pela pesquisa anual do Global Property Guide, entre 94 países pesquisados, o Brasil ocupa a 65° posição em termos de preços.

c) A perspectiva de desvalorização do Real frente ao Dólar, pelo menos até o final de 2012, apontada por projeções, não deverá sofrer mudanças significativas. Ou seja, as oscilações serão muito pequenas (perto de 5%). Assim, um ganho ou uma perda cambial são pouco prováveis.

d) O imposto sobre propriedades na cidade de Miami (2% ao ano) acaba sendo um

custo indireto significativo na manutenção do mesmo (muitas vezes não considerado pelo comprador). A cifra (2%) também incide na transferência de imóveis (o nosso ITBI).

e) Retorno sobre aluguéis residenciais manterão os mesmos padrões vistos no Brasil,

ao redor de 0,5% ao mês. Segundo a consultoria Trulia, Miami é uma cidade onde se compensa mais comprar um imóvel do que alugar, se considerando uma permanência de médio prazo. Outros fatores, no entanto, podem levar a uma busca maior por aluguéis, como pessoas sem limite de crédito para novos financiamentos, os que se sentem ainda inseguros sobre o futuro da economia para fazer um novo investimento com baixa liquidez, entre outros motivos.

f) Os novos empreendimentos em Miami hoje são arranha-céus com mais de 70

andares. Neles, em um único prédio encontram-se configurações diversas (5 por andar, 4 por andar, 2 por andar, duplex com dois por andar, duplex com 3 por andar, etc.). Desta forma, seu vizinho de prédio, que também frequenta as cinematográficas áreas comuns e de lazer, pode ter pagado até 10 vezes mais para morar no mesmo endereço.

g) Os corretores de imóveis e imobiliárias na Flórida recebem comissões no mesmo

patamar de seus pares no Brasil. No entanto, uma busca simples no Google por “imóveis em Miami” gera mais de 1,2 milhões de resultados, ou seja, há uma oferta tão grande de prestadores de serviços (e de imóveis disponíveis) que achar o melhor consultor e o melhor empreendimento certamente é uma tarefa bastante dispendiosa.

h) Alguns edifícios têm um padrão de qualidade, acabamento e sofisticação tão

elevados que se torna difícil compará-los com imóveis brasileiros. No entanto, de

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forma geral, os preços do metro quadrado em Miami são mais baixos que em São Paulo (capital financeira do Brasil, com donos de grandes empresas e alto-executivos com elevadíssimo poder de compra) e próximos aos encontrados em Brasília (maior renda per capita do Brasil, com forte classe média), vide tabela abaixo.

Tabela 1 – Preços de Imóveis - Junho 2011- Brasília, Miami e São Paulo

Cidade Bairro Edifício Padrão Metragem (m2 )

Preço do m2

Brasília Sudoeste* Via Monumental

Alto 395 R$ 9 mil

Brasília Noroeste* Luana Alto 360 R$ 10,5 mil

Brasília Guará Alirio Neto Médio 87 R$ 6,4 mil

Brasília Águas Claras Vive la Vie Médio 90 R$ 5 mil

Miami Sunny Isle Jade Ocean Altíssimo 264 R$ 8,1 mil

Miami Downtown Marquis Altíssimo 353 R$ 10,4 mil

Miami Brickell Icon Brickell Alto 173 R$ 7,6 mil

Miami Brickell AV # 709 Médio-alto 74 R$ 5,2 mil

São Paulo

Jardim Europa

106 Seridó Altíssimo 405 R$ 18 mil

São Paulo

Jardim Panorama

Parque Cidade Jardim

Alto 301 R$ 12,7 mil

São Paulo

Santana N.D. Médio 72 R$ 4,9 mil

São Paulo

Vila Mariana N.D. Médio 75 R$ 5 mil

Fonte: Vendedores autorizados/Wimoveis/buscaimoveis (2011) N.D.= Não disponível

* Vale ressaltar ao leitor que, por imposição do projeto urbanístico de Brasília, os prédios residenciais nestas duas áreas nobres de Brasília são limitadas a 6 andares, o que limita consideravelmente a oferta de imóveis. Nos bairros de Águas Claras (que já foi o maior canteiro de obras do mundo) e no Guará, não há esta limitação legal. O Distrito Federal tem a menor proporção da população com imóvel próprio, 59%, enquanto a média nacional é de 70%.

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Conclui-se que investir em Miami justifica-se especialmente na ótica do puro usufruto do imóvel e na de aproveitar as várias opções de compras, gastronomia, lazer, cultura, arquitetura e natureza da cidade em si. O investidor strictu sensu, que visa comprar na baixa e vender na alta, não terá uma boa alternativa de diversificação de investimentos se mirar uma futura valorização. Devem ser analisados com ressalvas e cuidado, os diversos textos disponíveis em sites repletos de pareceres parciais de interessados na comercialização dos mesmos. No entanto, a relação custo-benefício em Miami (englobando Miami Beach, Aventura, Miami-Dade, etc.) supera sem dúvidas as alternativas disponíveis nas principais cidades brasileiras.

CITAÇÕES 1. Brazilians Buy Miami Condos at Bargain Prices as Real Gains 45%. John Gittelsohn and Jose Sergio Osse - Jun 21, 2011. 2. Brazilians Buy Miami Condos at Bargain Prices as Real Gains 45%. John Gittelsohn and Jose Sergio Osse - Jun 21, 2011. 3. Brazilians Buy Miami Condos at Bargain Prices as Real Gains 45%. John Gittelsohn and Jose Sergio Osse - Jun 21, 2011. 4. Brazilians Buy Miami Condos at Bargain Prices as Real Gains 45%. John Gittelsohn and Jose Sergio Osse - Jun 21, 2011.

É um bom investimento comprar imóveis em Miami?

Marcelo Caus Sicoli

MBA em Marketing e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Consultor Internacional. Brasília, DF E-mail: [email protected]

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EVENTOS ACADÊMICOS:

Ciências Biológicas e Saúde

62° CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA

LOCAL: Fortaleza, CE.

Maiores informações em: http://www.uece.br/eventos/cnbot62/

De 07 a 12 de agosto de 2011.

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VI SAF – VI SEMANA ACADÊMICA DE FARMÁCIA – UNICAMP

A SAF (Semana Acadêmica de Farmácia) é um evento organizado pelos alunos de graduação

em Farmácia na UNICAMP e que teve sua primeira edição em 2006. Levando-se em

consideração que o curso teve seu início em 2004, a SAF tem enorme importância no

crescimento e formação de seus alunos. Contando com palestras, mini-cursos e visitas a

empresas nas quais o profissional farmacêutico pode atuar, buscamos oferecer o melhor para

nossos participantes.

Por isso, não perca essa oportunidade de se destacar dentre os demais. Faça a diferença

para você mesmo. PARTICIPE da SAF e conheça oportunidades e vivências que farão você

crescer.

LOCAL: Campinas, SP.

Maiores informações em: http://www.unicampsaf.com.br/

De 17 a 21 de agosto de 2011.

ConTIC – Saúde 2011 – Congresso Tecnologia e Humanização na Comunicação em

Saúde

Com o objetivo de estimular a interação multidisciplinar e disseminar resultados e

melhores práticas nas áreas de tecnologia, simulação, comunicação e humanização

na formação e atuação dos profissionais de saúde, estamos convidando-o a participar

do ConTIC-Saúde 2011.

Curso pré-evento sobre “Simulação no ensino de enfermagem” nos dias 22 e 23 de

agosto de 2011.

LOCAL: Ribeirão Preto, SP.

Maiores informações em: http://www.conticsaude.com.br

De 23 a 24 de agosto de 2011.

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Honrando seu compromisso em "Inovar e Produzir o Conhecimento", a 58ª Jornada

Farmacêutica da UNESP convida profissionais, graduandos, pós-graduandos,

docentes, pesquisadores e todos os interessados, a participarem do Congresso

Farmacêutico da UNESP, que será realizado de 20 a 26 de agosto de 2011.

A programação completa encontra-se em nosso site (www.jfunesp.com.br) e abrange

cursos de curta e longa duração, bem como simpósios, módulos temáticos e

palestras.Há ainda a apresentação de trabalhos científicos orais e em pôsteres, os

quais serão publicados em uma revista de impacto internacional (Journal of Basic and

Applied Pharmaceutical Sciences) e uma programação noturna imperdível, contando

com Coquetel de Abertura, Pocket Curso e Coquetel do Científico, onde serão

premiados os autores dos melhores trabalhos científicos do Congresso! Visite nosso

site para mais informações e faça sua inscrição online ou presencial (Campus da

Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP). Esperamos por todos!

LOCAL: Araraquara, SP.

Maiores informações em: http://www.jfunesp.com.br

De 20 a 26 de agosto de 2011.

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CONGRESSO HEMORIO 2011

LOCAL: Rio de Janeiro, RJ.

Maiores informações em: http://www.hemorio.rj.gov.br/congresso2011

De 31 de agosto a 02 de setembro de 2011.

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I CONGRESSO PIAUIENSE DE SAÚDE PÚBLICA

LOCAL: Parnaíba, PI.

Maiores informações em: https://sites.google.com/site/saudepublicapiauiense

De 31 de agosto a 03 de setembro de 2011.

II JORNADA DE BIOLOGIA DA UNIFAL – MG

LOCAL: Alfenas, MG.

Maiores informações em:

http://www.unifal-mg.edu.br/extensao/?q=ii_jobio_apres

De 01 a 03 de setembro de 2011.

XXII ENCONTRO BRASILEIRO DE MACOLOGIA

LOCAL: Fortaleza, CE.

Maiores informações em: http://xxiiebram.webnode.com.br/

De 04 a 08 de setembro de 2011.

9° CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA & I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA CLÍNICA

LOCAL: Brasília, DF.

Maiores informações em: http://www.congressobioetica2011.com.br/

De 07 a 10 de setembro de 2011.

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

61

VII Congresso Goiano de Fisioterapia

02 , 03 e 04 de Setembro de 2011 Centro de Convenções de Goiânia

Goiânia-Goiás

Informações: SITE: WWW.NUCLEOGACI.COM.BR

E-MAIL: [email protected]

Programação Oficial Curso A - " Reprogramação Biológica - um novo caminho para fisioterapeutas "

Prof. Mauricio Mohalem Valente

HORÁRIOS 02-09-11

(Sexta-feira) 03-09-11 (Sábado)

04-09-11 (Domingo)

MATUTINO CURSO A CURSO A

VESPERTINO CURSO A

Curso B — " Fisioterapia na Reabilitação Cardiovascular " Profa. Priscila Valverde de Oliveira Vitorino

HORÁRIOS 02-09-11

(Sexta-feira) 03-09-11 (Sábado)

04-09-11 (Domingo)

MATUTINO CURSO B CURSO B

VESPERTINO CURSO B

Curso C — " Terapias Modernas no Tratamento de Crianças Especiais "

Prof. Leonardo de Oliveira

HORÁRIOS 02-09-11

(Sexta-feira) 03-09-11 (Sábado)

04-09-11 (Domingo)

MATUTINO CURSO C

VESPERTINO CURSO C CURSO C

Curso D — —"Protocolos avançados em eletroterapia aplicado ao trauma e desporto "

Prfo. Felipe Sampaio Jorge

HORÁRIOS 02-09-11

(Sexta-feira) 03-09-11 (Sábado)

04-09-11 (Domingo)

MATUTINO CURSO D

VESPERTINO CURSO D CURSO D

Curso E — " Tecnologia Avançada nos Tratamentos de Celulite, Gordura Localizada e

Flacidez Tissular " Profa. Carine Paz

HORÁRIOS 02-09-11

(Sexta-feira) 03-09-11 (Sábado)

04-09-11 (Domingo)

MATUTINO CURSO E

VESPERTINO CURSO E CURSO E

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

62

I CONGRESSO MEIO-NORTE DE MEDICINA LABORATORIAL

LOCAL: Parnaíba, PI.

Maiores informações em: http://www.biotec.org.br/medlab/

De 14 a 17 de setembro de 2011.

VI RIOPHARMA CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROFESSOR FERNANDO GOMES FERREIRA

LOCAL: Rio de Janeiro, RJ.

Maiores informações em: http://www.congressoriopharma.com.br

De 08 a 10 de outubro de 2011.

II JORNADA DE BIOMEDICINA DA UNIFAL - MG

LOCAL: Alfenas, MG.

Maiores informações em: http://www.jornadabiomed.xpg.com.br/

De 14 a 16 de setembro de 2011.

SEMANA ACADÊMICA DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DA UVV

LOCAL: Vila Velha, ES.

Maiores informações em:

http://www.uvv.br/portais/comunicacao/evento/140/semana-academica-de-

medicina-veterinaria.aspx

De 25 a 27 de outubro de 2011.

Page 63: Revista Espaço Científico Livre n. 03

Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

63

XIV CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS DO MAR (Colacmar)

LOCAL: Recife, PE.

Maiores informações em: http://www.colacmar2011.com/

De 30 de outubro a 04 de novembro de 2011.

I CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS & IV SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS BILÓGICAS

LOCAL: Recife, PE.

Maiores informações em: http://www.unicap.br/simcbio/

De 07 a 11 de novembro de 2011.

II SEMANA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA DA UNESC

LOCAL: Criciúma, SC.

Maiores informações em: http://www.unesc.net/post/213/11/15441

De 07 a 11 de novembro de 2011.

II CONGRESSO BRASILEIRO DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA & I CONGRESSO LATINO AMERICANO DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA

LOCAL: Florianópolis, SC.

Maiores informações em: http://www.conbac.org.br/

De 10 a 12 de novembro de 2011.

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

64

VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA

LOCAL: São Paulo, SP.

Maiores informações em: http://www.epi2011.com.br/

De 12 a 16 de novembro de 2011.

VII ENCONTRO BRASILEIRO DE TAXONOMIA E ECOLOGIA DE CHIROMIDAE I ENCONTRO LATINO-AMERICANO SOBRE CERATOPOGONIDAE &

IV ENCONTRO LATINO-AMERICANO SOBRE SIMULIDAE LOCAL: Manaus, AM.

Maiores informações em: http://sites.google.com/site/encontromanaus2011/

De 09 a 12 de outubro de 2011.

Page 65: Revista Espaço Científico Livre n. 03

Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

65

EVENTOS ACADÊMICOS:

Ciências Exatas e da Terra

6° CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOENERGIA

LOCAL: Curitiba, PR.

Maiores informações em: http://www.bioenergia.net.br/congresso/br/index.php

De 16 a 19 de agosto de 2011.

SEMANA INTEGRADA DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA III SEMANA ACADÊMICA DE GEOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO & XII SEMANA DE GEOFÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

LOCAL: Rio de Janeiro, RJ.

Maiores informações em: https://sites.google.com/site/iiisageouerj/

De 22 a 26 de agosto de 2011.

Page 66: Revista Espaço Científico Livre n. 03

Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

66

9° CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS, BIOLÓGICAS E

AMBIENTAIS – Cicam

LOCAL: São Paulo, SP.

Maiores informações em:

http://eventos.fundepag.br/pagina.php?link=5668177305395725093a5669033f

De 23 a 25 de agosto de 2011.

I SEMANA DA MATEMÁTICA DA UNIFAL - MG

LOCAL: Alfenas, MG.

Maiores informações em:

http://www.unifal-mg.edu.br/extensao/?q=i_semana_matem_apres

De 24 a 26 de agosto de 2011.

VI SEMANA DE GEOLOGIA "A GEOLOGIA COMO CIÊNCIA SOCIAL"

LOCAL: Belo Horizonte, MG.

Maiores informações em:

http://sys2.sbgf.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28

8:vi-semana-de-geologia-cpegel-igcufmg&catid=39:gerais&Itemid=93

De 22 a 26 de agosto de 2011.

37° CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESPECTROSCOPIA E ESPECTROMETRIA

LOCAL: Búzios, RJ.

Maiores informações em: http://www.csixxxvii.org/index.php

De 28 de agosto a 02 de setembro de 2011.

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

67

XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE LIMNOLOGIA

LOCAL: Natal, RN.

Maiores informações em: http://www.cblnatal2011.com.br/

De 04 a 08 de setembro de 2011.

IV ENCONTRO ESTADUAL DE ENSINO DE FÍSICA – RS

LOCAL: Porto Alegre, RS.

Maiores informações em: http://www.if.ufrgs.br/mpef/4eeefis/

De 15 a 17 de setembro de 2011.

X CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL I SIMPÓSIO DE SUSTENTABILIDADE &

I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO DO CIRCUITO DAS ÁGUAS

LOCAL: São Lourenço, MG.

Maiores informações em: http://www.xceb.com.br/

De 09 a 12 de outubro de 2011.

SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Maiores informações em:

http://semanact.mct.gov.br/index.php/content/view/4293.html

De 17 A 23 de setembro de 2011.

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70

EVENTOS ACADÊMICOS:

Ciências Sociais e Humanas

CNGP 2011 – GESTÃO DE PROJETOS E SUSTENTABILIDADE

LOCAL: Salvador, BA.

Maiores informações em: http://www.cngp.pmiba.org.br/2011

De 10 a 12 de agosto de 2011.

SELEÇÃO PARA OS CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Universidade de Uberlândia – UFU

Instituto de História - INHIS Programa de Pós-Graduação em História – PPGHIS

Campus Santa Mônica – Bloco H – Sala 1H50 Uberlândia – MG - CEP: 38408-100

Fone/Fax: (034) 3239-4395 E-maill: [email protected]

Inscrições de 29 de agosto a 12 de setembro de 2011.

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

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II SIMPÓSIO GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS

LOCAL: Londrina, PR.

Maiores informações em: http://www.uel.br/eventos/gpp/

De 18 a 19 de agosto de 2011.

II SIMPÓSIO DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

LOCAL: Alfenas, MG.

Maiores informações em: http://www.unifal-mg.edu.br/extensao/?q=ii_sele_apres

De 31 de agosto a 02 de setembro de 2011.

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

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XVI CONGRESSO DA SOCIEDADE DE ARQUEOLOGIA BRASILEIRA & XVI CONGRESSO MUNDIAL DA UISPP

LOCAL: Florianópolis, SC.

Maiores informações em: http://xviuispp.webnode.com/

De 04 a 10 de setembro de 2011.

II SEMANA ACADÊMICA DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL (FECLESC)

RAÍZES E ASAS: INOVANDO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

LOCAL: Quixadá, CE.

Maiores informações em:

http://srvwebapp.uece.br:8080/siseventos/processaEvento/evento/exibeDetalhes.j

sf?id=15&area=indexEvento&contexto=semanafeclesc2

De 12 a 16 de setembro de 2011.

XVI CONGRESSO NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO (CONAD)

LOCAL: Goiânia, GO.

Maiores informações em: http://www.conad.adm.br/

De 15 a 17 de setembro de 2011.

ADM 2011 CONGRESSO INTERNACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO

LOCAL: Ponta Grossa, PR.

Maiores informações em: http://www.admpg.com.br/2011/index.php

De 19 a 23 de setembro de 2011.

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

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XX CONGRESSO NACIONAL DO CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO (CONPEDI)

LOCAL: Vitória, ES.

Maiores informações em: http://www.conpedi.org.br/

De 16 a 19 de novembro de 2011.

Page 77: Revista Espaço Científico Livre n. 03

O Sistema Brasileiro de Respostas Técnicas é

um canal de orientação aos micro e pequenos

empresários e empreendedores sobre a melhoria, implementação e

desenvolvimento de técnicas e tecnologias usadas em seus processos

produtivos.

Para acessar os serviços, basta se cadastrar e navegar pelos diversos

assuntos já disponíveis no site ou enviar novas questões. Estas perguntas

são direcionadas à rede de instituições parceiras, localizadas em várias

regiões do país, e têm como finalização uma resposta pesquisada em

fontes confiáveis e estruturada de forma personalizada e efetiva à

necessidade de cada interessado.

w w w.respost atecnica .org.br

Apoio:

Instituições que fazem parte da rede:

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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, n. 3, ago.-set., 2011

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FIGURA: SXU.HU

Divulgue seu evento

acadêmico

A Revista Espaço Científico Livre abre espaço para divulgação de congressos,

semanas acadêmicas, seminários, simpósios e afins ligados a instituições

de ensino.

Para divulgação de eventos acadêmicos envie um e-mail para

[email protected] para receber maiores informações.

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Envie seus artigos,

resumos e ideias

Os trabalhos aprovados serão publicados na Revista Espaço Científico Livre. As referências bibliográficas devem seguir as normas da ABNT. O número total de ilustrações (se houver) não deve exceder seis. Sugere-se que o número de referências seja no máximo de 30. Recomenda-se quando for pertinente que o artigo seja estruturado com: resumo (com até 300 palavras), palavras-chave, introdução, metodologia, resultados, discussão, conclusão e referências. Os textos devem ser digitados no programa Word (Microsoft) ou Writer (BrOffice) e entregues para o e-mail: [email protected] Observações de envio: 1. Assunto: título abreviado do artigo ou resumo; 2. Corpo da Mensagem: Deve conter o título do artigo ou resumo e nome do autor(es) responsável(is) pela pré-publicação e contatos seguido por uma declaração na qual os autores garantem que: o artigo é original e nunca foi publicado e, caso seja aceito para publicação, que todos os autores tenha participado na construção e elaboração do trabalho. Deve-se afirmar que todos os autores leram e aprovaram a versão que está sendo enviada e que nenhuma informação tenha sido omitida sobre instituições financeiras ou acordos entre os autores e as empresas ou pessoas que possam ter interesse material na matéria tratada no artigo. Agradecimentos às pessoas que fizeram contribuições substanciais para o artigo devem ser citadas.

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“Mais que de máquinas, precisamos de humanidade.”

Charles Spencer Chaplin (1889-1977)

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