sistema de espaço livre

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O Sistema de Espaços Livres Públicos como Ferramenta do Planejamento Local PRETO, Maria Helena Arquiteta, mestre em Estruturais Ambientais Urbanas pela FAU-USP. E-mail: [email protected] Resumo: O sistema de espaços livres públicos – SELP - tem como potencial (re)valorizar áreas urbanas consolidadas, contribuindo para a melhoria do ambiente urbano, propiciando encontros públicos da forma mais diversa e ensejando um maior envolvimento da população com o seu espaço de vida cotidiana. Uma política pública voltada para esses objetivos deve considerar as características do território e da sociedade, procurando extrair desta paisagem as principais questões a serem enfrentadas. Este texto apresenta, parcialmente, a análise e conclusões de estudo realizado para a Suprefeitura de Vila Maria-Vila Guilherme, no município de São Paulo, como um exemplo desse processo 1 . O trabalho parte do conceito de Sistema de Espaços Livres Públicos - SELP, formulando sua base teórica e seu potencial como ferramenta de intervenção pública sobre tramas urbanas consolidadas (sobre as quais o poder público municipal tem reduzida amplitude de ação face à propriedade privada da terra e aos altos custos de desapropriação) e sua vocação como elemento central de políticas públicas de qualificação do ambiente urbano. Introdução Somente quando as coisas podem ser vistas por muitas pessoas, numa variedade de aspectos, sem mudar de identidade, de sorte que os que estão a sua volta sabem que vêem o mesmo na mais completa diversidade, pode a realidade do mundo manifestar-se de maneira real e fidedigna. (...) O mundo comum acaba quando é visto somente sob um aspecto e só lhe permite uma perspectiva (ARENDT, 2005, p. 67-68, grifo nosso). O espaço livre público enquanto elemento primordial da estrutura e da paisagem urbana é o objeto deste estudo. Busca-se compreender como esse conceito pode servir de base na formulação de políticas públicas para além do seu potencial ambiental e paisagístico, traçando um retrato da “relação entre a materialidade e a sociedade” e buscando qualificar a “interação social com o suporte” (MAGNOLI, 2006, p. 241). Nesse sentido, compreender o “sistema de ações” 1 As reflexões deste artigo são parte da disssertação “SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS: uma contribuição ao planejamento local” (PRETO, 2009).

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sistema de espaço livre

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OSistemadeEspaosLivresPblicoscomoFerramentado Planejamento Local PRETO, Maria Helena Arquiteta, mestre em Estruturais Ambientais Urbanas pela FAU-USP. E-mail: [email protected] Resumo: O sistema de espaos livres pblicos SELP -tem como potencial (re)valorizar reas urbanasconsolidadas,contribuindopara a melhoriado ambiente urbano, propiciando encontros pblicosdaformamaisdiversaeensejandoummaiorenvolvimentodapopulaocomoseu espao de vida cotidiana. Uma poltica pblica voltada para esses objetivos deve considerar as caractersticasdoterritrioedasociedade,procurandoextrairdestapaisagemasprincipais questesaseremenfrentadas.Estetextoapresenta,parcialmente,aanliseeconclusesde estudo realizado para aSuprefeiturade VilaMaria-VilaGuilherme,no municpio de SoPaulo, como um exemplo desse processo1. O trabalho parte do conceito de Sistema de Espaos Livres Pblicos - SELP, formulando sua base tericaeseupotencialcomoferramentadeintervenopblicasobretramasurbanas consolidadas (sobre as quais o poder pblico municipal tem reduzida amplitude de ao face propriedade privada da terra e aos altos custos de desapropriao) e sua vocao como elemento central de polticas pblicas de qualificao do ambiente urbano. Introduo Somente quando as coisas podem ser vistas por muitas pessoas, numa variedade deaspectos,semmudardeidentidade,desortequeosqueestoasuavolta sabem que vem o mesmo na mais completa diversidade, pode a realidade do mundomanifestar-sedemaneirarealefidedigna.(...)Omundocomumacaba quandovistosomentesobumaspectoeslhepermiteumaperspectiva (ARENDT, 2005, p. 67-68, grifo nosso). Oespaolivrepblicoenquantoelementoprimordialdaestruturaedapaisagemurbanao objetodesteestudo.Busca-secompreendercomoesseconceitopodeservirdebasena formulao de polticas pblicas para alm do seu potencial ambiental e paisagstico, traando um retrato da relao entre a materialidade e a sociedadee buscando qualificar a interao social comosuporte(MAGNOLI,2006,p.241).Nessesentido,compreenderosistemadeaes

1As reflexesdesteartigosoparteda disssertaoSISTEMADEESPAOSLIVRESPBLICOS:uma contribuio ao planejamento local (PRETO, 2009). (Santos, 1996, p.83)quese desenvolvempelosespaos, aparticipao dos diversos agentes sociais envolvidos e suas relaes de poder essencial. Como local privilegiado do encontro entre cidados, o espao livre pblico encerra o potencial da afirmaopoltica, localprivilegiadodanegociaode regras deconvivnciaereconhecimento das diferenas, e da troca informal de informaes: uma oportunidade de ampliao do espao da razocomunicativa (conforme definida por Habermas), onde para alm do mundo social e das normas,formata-seummundosubjetivodasvivnciasedasemoes,fomentadorda diversidade e conscientizao (QUEIROGA, 2001, p. 214-215). Investir na valorizao do espao livre pblico uma oportunidade de propiciar o aprofundamento daexperinciaestticadocircularpelacidade,massobretudovalorizarosentidodebem pblico, aquilo que pertence e acessvel a todos, ampliando o reconhecimento que temos um mundo comum que nosrene, como indivduos, em torno dos mesmos objetos (ARENDT, 2005, p. 59-68). Tambm um espao propcio formulao de racionalidades locais que permitam um fortalecimentodaobrigaopolticahorizontalentrecidadoseademocraciaparticipativa (SANTOS, Boaventura, 2006, p. 110, 263, 270). Nestesentido,discutiraspolticaspblicasdirigidasaoSELPexigeumconhecimentolocale afetivodoterritrio,caracterizandodadasituaourbanaespecfica,aatuaodosdiversos agentes na implantao e gesto desse sistema, sua configurao e as possibilidades de uso e apropriaesqueabriga.Oprocessodeestudoapresentadoaseguirprocuraestabelecerum mtodo de anlise que d suporte a esse processo.Foi escolhido como estudo de caso a Subprefeitura de Vila Maria-Vila Guilherme, localizada na poro nordeste do municpio entre o Rio Tiet, o Municpio de Guarulhos e as Subprefeituras de Trememb-J aaneSantana-Tucuruvi.Esteterritriocaracteriza-semorfologicamentepela presena das vrzeas do rio Tiet e do crrego Cabuu, ocorrendo uma elevao gradativa das cotas em direo a norte, caracterizada como altas colinas e espiges secundrios (ABSABER, 1957, p.107 a 110).

Figura 1.LocalizaoSP-MG na Regio Metropolitana e Municpio de So Paulo. Figura 2. Subdiviso dos Distritos Administrativos e Parques. Aescolhadorecortelocalenfatizaanecessidadedeanliseemdoisnveis:(i)aanlisede mapas e imagens de satlite permitem o reconhecimento de uma estrutura geral e a verificao daexistnciadediferentespadreseformasdeocupaodistribudaspeloterritrio;(ii)os percursos realizados no interior desta estrutura permitem outro tipo de reconhecimento: os fluxos de veculos epedestres esuasdiferentesintensidades, asdificuldades dosdeslocamentos, de localizao e direo, as formas que convidam e as que desestimulam o caminhar; ruas plenas de movimento eruasdesertas. Busca-seque aconjugao destes dois nveiscontribua parauma melhor compreenso do SELP e de suas diferentes formas de apropriao. Caracterizao da Subprefeitura A Subprefeitura Vila Maria-Vila Guilherme tem seus primeiros arruamentos implantados no incio do sculo XX, quando a legislao urbanstica ainda bastante incipiente. Esta implantao se d sem a exigncia de reserva de reas pblicas e parmetros pouco detalhados para definio de largura e declividade das vias. Tambm, salienta-se nesse perodo a fragilidade da estrutura do podermunicipalnafiscalizaodaaberturadosarruamentosparaagrandepartedoterritrio municipal. A liderana do processo de expanso urbana atravs de empreendedores privados ocasiona uma ocupaodispersaedescontnuadoterritrio,umconjuntodearruamentos,semhierarquiae continuidadeviria,queforamarticuladoscomotramaurbanaapenasaolongodotempo. Tambmcaractersticadessaaoaexpansosemcontrolesobreaperiferia(normalmente ainda rea rural) e a falta de implantao de infra estrutura que s ocorre com a interveno do poderpblicoaolongodasdcadasde1940e1950atendendoademandaspontuaisda populao que se tornaram mais enfticas com a consolidao da ocupao dos arruamentos.Os arruamentos implantados a partir da dcada de 19302buscam atender ao maior detalhamento da legislao apresentando uma melhor qualidade de projeto, melhor adequao ao stio em que se implantam e, na maioria dos casos,respeito reserva de reas pblicas para espaos livres de domnio pblico3. Posteriormente, num outro momento da histria da ocupao urbana do municpio agravamento da questo habitacional a partir do aumento dos fluxos migratrios e das dificuldades crescentes atividade de lotear, a ocupao informal passa a ganhar expresso. No caso da Sub-Prefeitura em estudo, duas reas se caracterizam ao longo do tempo, como localizaes de populao de baixa

2Nesseperodo,vriosarruamentosimplantadostemprojetoinicialdoeng.J orgedeMacedoVieira,profissionalde destaque nesse perodo do municpio (KAWAI, 1999). 3 Com a lei no. 2.611, de 1923, so definidas as regras para a abertura de arruamentos, estabelecendo a destinao deespaos livres de domnio pblico (5% na zona urbana e 7% na zona suburbana e 10% na rural),a larguramnimaparaviasetambmaexignciadepedidodelicenaprviaparaaaberturadeviasnazonarural (consideradas como estradas e com a largura mnima exigida de 13m). renda,semcondiesdeacessomoradiaemsituaodemercado-reasdevrzeamais distantes dos principais eixos de circulao do transporte coletivo. Nestas reas o poder pblico municipalatuaatravsdaimplantaodeprojetoshabitacionaisparasolucionarainvasode reas e situaes de risco. Essas intervenes, distribudas ao longo das dcadas de 1970-80-90 tem como caracterstica comum manter a segregao dos ncleos implantados, seu isolamento em relao trama do entorno e entre os diversos projetos (no Plano Diretor Estratgico em vigor estas reas so consideradas Zonas Especiais de Interesse Social ZEIs). Como decorrncia da ao desses diversos agentes com interesses especficos e pontuais, sem a existnciadequalquerprocessodeplanejamento,atramaurbanaeosespaoslivresse apresentam de forma bastante diferenciada pelo territrio, tanto em termos de distribuio quanto de configurao. Buscamos identificar como essas diferenas se apresentam hoje (2008) atravs de uma caracterizao territorial, social e de paisagem. Para a caracterizao territorial consideramos, alm das condies morfolgicas,o uso do solo, caracterizado por uma ocupao predominantementeresidencial emtoda readecolinase um usomisto bastantediversificado,comnfase empequenas indstriaseservios detransporte, nas reas de vrzea; a ocupao do solo - espao livre intra quadra (com pouqussimo espao livre na rea de colinas e maior diversidade de padres na rea de vrzea), ea verticalizao (dispersa e pontual pelo territrio); o sistema vi rio (onde se destaca a importncia fundamental do transporte coletivo sobre pneus e a disperso do percurso das linhas).Acaracterizaosocialrevelaacoincidnciadasreasdemaiordensidade,menorrendae menor quantidade de espaos livres pblicos (quer seja na largura das vias quer seja nos espaos destinadosaconvvioelazer).Soosarruamentosimplantadosmaisprecocementeemais distantes dos principais eixos de acesso; implantados com menor qualidade urbanstica mantm-se como as localizaes privilegiadas para a populao de menor renda. As reas que renem a populaocom alta vulnerabilidade social4 so as reas de ZEIS, conjugando ncleos de favelas, conjuntos habitacionais como o Promorar (dcada de 1970) e do Cingapura (dcada de 1990).

4 A vulnerabilidade social um ndice desenvolvido pela Fundao Seade, medido por (a) dimenso scio-econmica = renda do chefe do domiclio + escolaridade do chefe e (b) ciclo de vida da famlia = idade do responsvel +presena de crianascomidadeat4anos,representadaem5grupos,quebuscasubsidiaraformataodepolticaspblicas. Disponvel em: Figuras3a6-Elementosdeanlise:usodosolo,ocupao dosolo,rendaedensidadepopulacional.Fonte:Base:Geolog(SEMPLA,2000);UsodoSolo:Geolog(SEMPLA, 2000). Espao Livre/ Verticalizao: Projeto QUAP-SEL, 2008; Dados Populacionais Censo IBGE (2000).

Aanliseambiental,baseadaespecialmentenosdadosdoAtlasAmbiental5,revelaabaixa cobertura vegetal da Subprefeitura (3,41% de sua rea total), com tendncia diminuio j que algunstrechosdavrzeaqueaindaseencontramsemocupaoestoemprocessode desmatamento, comotambmdemostra os dados do Atlas.Esta baixacoberturareflete-se na maior temperatura aparente da superfcie, que nas reas menos vegetadas e com maior fluxo de veculos encontra-se na banda superior estabelecida pelo anlise do Atlas Ambiental (entre 31 e 31,5 C). Umaquesto detectada nos percursos pelaterritrio asituao doscrregos.Acondio de saneamento precriatantonas reas formais emquehrede de esgoto implantada (mas as ligaes domsticas no so interligadas a ela), quanto nas situaes em que ocupao informal se d em suas margens.

CrregosPacinciaeMariaPaula,encerradosnofundodoslotes,escondidosdavisocotidianadapopulao-depsito de lixo e odor desagradvel (Fotos: PRETO, 2007). Crregos da Biquinha e Novo Mundo, na unidade Vila Maria-J ardim J apo, o projeto do arruamento associou espao livreecrrego;naunidadedoMeandros,apressoconstantedaocupaoinformalsobrearea(Fotos:PRETO, 2007).

5 O Atlas Ambiental do Municpio de So Paulo, divulgado em 2002, traou um quadro social e ambiental do municpio, relacionando as duas varivis com o objetivo desubsidiar a formulao de polticas pblicas (So Paulo, cidade, 2002 e 2004). Os fluxos e a paisagem urbana OspercursosrealizadospeloterritriodaSubprefeituraeaobservaodiretaumsegundo momento da anlise que permite a identificao dos usos presentes no espao livre pblico, bem comoointensofluxodepedestreseciclistasempontosespecficosdoterritrio, notadamente entreosncleosresidenciaismaisdensos,oscorredorescomerciaiseosequipamentos educacionais quese apresentam em nmero considervel distribudos por todo o territrio. Destacam-se como diferenciais na paisagem as ruas comerciais pela concentrao de pedestres, veculos, vendedores ambulantes, e as escolas e outros equipamentos pblicos que, num territrio carentedearborizaoviriaouintra-lote,soasreasqueabrigamvegetaoarbrea significativa.

Eixo comercial Vila Sabrina (Fotos: PRETO, 2008). Entorno de Escola J d J apo (Fotos: PRETO, 2008). A partir do conjunto de dados levantados, agrupamos as pores do territrio com um conjunto de caractersticas similares, para melhor compreender e descrever o objeto estudado. Em cada uma dessaspores,denominadasunidadesdepaisagemurbana,buscou-seobservarasinter-relaes entre o sistema de objetos e o sistema de aes. Observou-se que para cada uma dessasunidadesadistribuioeusodosespaoslivresseapresentadeformadiferenciada, definidafortementepelaconfiguraodoarruamentooriginalepelosfluxosdeveculose pedestres.Nota-sequenasreasemqueseobservaaconjunodosfatores,topografiaplana,maior densidadepopulacional,concentraodepopulaodemenorrenda,menordisponibilidade de espao livre intra-lote e menor oferta de espaos livres pblicos destinados a convvio e lazer, o usodasvias(incluindoleitocarrovel)paraessesfinsbastanteintenso.Istorelevante especialmente em duas unidades, J ardim Brasil (arruamento da dcada de 1910) e Meandros do Tiet (agregado de favelas e conjuntos habitacionais).Aprimeira,emborareamaisformal,apresentafaltadehomogeneidadedelarguraede alinhamentodasviaseumapaisagemrida,dadopelotraadoortogonal,pelaausnciade marcos urbanos e de vegetao significativa, e pela pobreza arquitetnica da grande maioria das construes.Asegunda,caracteriza-secomoreadefavelas,querecebememmomentos distintos intervenes do poder pblico para regularizar a situao. Auto-construo, vias bastante estreitas com edifcios multifamiliares em pontos isolados. Em ambos os casos forte a presena dos usos mais variados pelas ruas, grupos conversando, crianas brincando, jovens empinando pipa ou jogando pelada. Esseusointensoentraemconflitocomveculosautomotores,querempassagem,mas especialmente estacionados sem qualquer restrio, e a pequena largura das caladas. No caso doJ ardimBrasil,haindaapresenadeveculosdecarga(emfunodaproximidadedo Terminal de Cargas Ferno Dias), estacionados em vias de 6m de leito carrovel, e no caso do Meandros,veculosparticulares,motosemviasde4mdeleitocarrovel(padrodoprojeto Promorar, que no previa a circulao de veculos nessas reas).

J ardim Brasil ((Fotos: PRETO, 2007) Meandros do Tiet-Promorar (Fotos: PRETO, 2008) Na unidade de Vila Medeiros, embora algumas das condies citadas se repitam o uso das vias dificultado pela topografia acidentada com vias com declividade superior a 20%. Nasporesresidenciaisdemenordensidadeobserva-setambmousodasviasparausos diversos mas de maneira menos intensa; como nessas reas as praas esto mais presentes as atividades de convvio e recreao tendem a concentrar-se nesses pontos. Nas praas em que h mobilirio, equipamento em bom estado de conservao, h um maior movimento pela rea da praa, nas demais a permanncia concentra-se nas caladas do entorno e algum banco voltado para a via. Nasreasde usomisto ousodas viasparaconvvio elazerbastante limitado,dadaa forte circulao de veculos, especialmente os de carga. Revela-se aqui que a categorizao de vias estabelecidalegalmentetempoucoreflexonopadrodeocupaodasvias,poisacrescente congestodas viasEstruturaiseColetorasdirecionaomotoristaaousodeviasLocaisparao trnsito de passagem. Espaos pblicos de encontro e recreao Como parte da anlise foi realizado um levantamento de todos os espaos pblicos de convvio e lazerdaSubprefeitura.Inicialmenteanalisamos sua distribuioeconfiguraopelas diferentes unidades de paisagem urbanas, para em seguida verificar as condies de uso desses espaos.Os registros numricos tem como objetivo apresentar as diferenas de distribuio dos espaos livres entre as diferentes unidades e compreender o processo de ocupao, uso e gesto desses espaos. Encontram-seunidadesemqueosespaoslivrescorrespondema,aproximadamente,10%de sua rea total (unidade Vila Maria Alta / J ardim J apo e a unidade Vila Sabrina), e unidades em que este percentual em torno de 0.15% (Vila Medeiros e J ardim Brasil). Levando em conta o total da Subprefeitura, o coeficiente de, aproximadamente, 3%. O fato das unidades de Vila Medeiros e J ardim Brasil serem as de maior densidade populacional reafirma a diferena numrica quanto se pensa no referencial m2/habitante: o ndice menor do que 0,1 m2/habitante, enquanto em outras unidades este ndice chega a 8 m2 / habitante (incluindo as reas esportivas) nas unidades de Vila Maria Alta / J ardim J apo e Vila Sabrina. Novamente deve-se ressaltar que as unidades de Vila Medeiros e J ardim Brasil so aquelas de concentrao de populao de menor renda e nas quais o espao livre intra quadra tende a zero. Umaressalvaimportantedeveserfeita.Osdadosacimaconsideramosespaosque permanecem destinados ao uso livre sem controle de acesso (com a ressalva do caso dos CDCs Clubes da Comunidade que detalharemos mais tarde), uma vez que uma parcela considervel dos espaos destinados originalmente como espaos livres (e que aparecem ainda no cadastro da prefeituracomoreas verdes) foram ao longodotempoocupados por outros usos- 44% no conjunto da Subprefeitura. Esta situao se intensifica na unidade de J ardim J apo e Vila Maria Alta6, onde 58% dos espaos livres foram ocupados desta forma. Estefatocaracterizaafaltahistrica-deestruturadopoderpblicomunicipalparao recebimento das reas doadas nos processos de arruamento.Registra-se7oabandonodessesreasporlongotempo,atque,porpressodeoutras demandas sociais, especialmente educao e sade, sua destinao original foi alterada.

6 Esta ocupao descaracterizou a implantao inicial dos arruamentos originais, projetado pelo eng.J orge de Macedo Vieira (conforme KAWAI, 2000), fragmentando o desenho linear dos espaos livres e reduzindo os espaos, efetivamente livres, a trechos isolados. 7 Kawai, que estudou a implantao dos arruamentos de Vila Maria Alta e J ardim J apo, relata a ocupao dos espaos livresporchcarasparticulares,necessitandodeprocessosdereintegraodeposseparasuavoltaaodomnio municipal, mais de 20 anos aps a implantao do arruamento (2000, p.117). Figura 7. SELP e ocupaes diversas, divididos pelas unidade de paisagem urbanas. Fonte: Geolog (SEMPLA, 2000); elaborado pela autora Estesdadossemaintenodetornarem-sereferenciais,reafirmamanecessidadede intervenes que favoream a acessibilidade localde forma aestimular percursos e programas que reforcem o interesse da populao em realizar deslocamentos um pouco maiores para suas atividades de convvio e lazer, estimulando o acesso das populaes das pores mais densas a espaos de maior porte com condies de se tornarem alternativas a essas atividades. Umaquestoquesecolocaacondiodeurbanizaodecadaumdessesespaos.O levantamento realizado dividiu os espaos em trs categorias: urbanizados, implantados e semi-implantados8, sendo que 75% foram classificados nas duas ltimas categorias. Os espaos onde h mobilirio e quadras de jogos em bom estado de conservao correspondem basicamente a duas situaes: (i)praascommaiorcentralidade,comfortepresenadaatividadecomercialnoseuentorno imediato, e nas quais h participao da iniciativa privada em programas de manuteno; (ii) praas que sofreram intervenes recentes (a partir de 2004), atendendo a um padro similar de projeto. So praas com reas inferiores a 3.500 m2 localizadas ao longo de vias Estruturais N3 (notadamente a Av. Cerejeiras). Observa-senessasreasumfluxoconstantedepessoas,especialmentenosespaosqueincluem rea de brinquedos infantis ou mesas de jogos. Emcontraposio,osespaoscommenorpresenademobilirioequadrasesportivasso aqueles de maior dimenso, com entorno predominantemente residencial e industrial / armazns. Nestes espaos, a implantao limitou-se execuo das caladas no permetro e instalao de poucosbancos.Oplantioarbreonoapresentaqualidadesespeciais,quersejatantocom relao ao projeto quanto densidade.Nosespaosdemaiordimenso,oequipamentosemprepresenteocampofutebol.Alguns delessooficiais,cadastradospelaSecretariadeEsportes,outrosinformais,commaiorou menor condio de precariedade.Emboraapresenadoscamposmantenhaumatradiodofuteboldevrzeanaregio9, observada tanto na utilizao destes campos quanto nos dos Clubes da Comunidade - CDCs, e revele a importncia dessa atividade para a populao, a sua presena sem qualquer projeto de implantao,proteoaoutrosusurioseexistnciadeoutrosequipamentosderecreao acaba inibindo a presena de outros grupos de usurios - mulheres, crianas e terceira idade.

8 Consideramos: espaos urbanizados, onde a implantao e manuteno permitem e estimulam seu uso pelos cidados; implantados,ondeestpresentealgumtipodemobilirio(pelomenosum),pormseuestadodemanuteno desestimulaouso;espaossemiimplantados,ondenoexistenenhumtipodemobilirioouequipamento(PRETO, 2009, p.194). 9 Bartalini destaca a popularizao do futebol j no incio do sculo XX e a existncia de um grandenmero de campos em todos os bairros de vrzea, que atraam grande nmero de pessoas para os jogos de final de semana (1999, p. 44). Igualmente, Kawai comenta a existncia de 20 campos somente no bairro de Vila Maria Alta, na dcada de 1950. (2000, p. 119). Asituao maiscrtica quanto urbanizao dosespaos livres apresenta-se nasunidades de Vila Sabrina e J ardim Guan, onde 44 e 70% do total dos espaos, respectivamente, encontram-se semi-implantados (espaos prximas ao limite da Subprefeitura, limite tambm do Municpio). Possivelmente,apermannciadeespaossemumtratamentoadequadosejadecorrnciada baixademandadoentornoimediatodadaadensidadepopulacionalmdiaabaixaeda prpria aridez gerada pela contiguidade do uso industrial / armazns / terminal de cargas Ferno Dias. No entanto, a presena de grupos de usurios, especialmente aos finais de semana, alm daproximidadedareamaisdensaemaiscarentedeespaoslivres-doJ ardimBrasil, questionam seu abandono.

Espaos semi-implantados, com apropriaes diversas pela populao (Fotos: PRETO, 2007 e 2006). Os dados relativos s reas esportivas (Centro Esportivo Educacional CEE Thomaz Mazzoni e cincoClubesdaComunidade-CDCs)remetemnecessidadedeavaliaodaformadesua implantao e administrao. Aproximadamente 52% das reas que receberam outro uso foram destinadas atividade esportiva (sendo que os equipamentos educacionais figuram em segundo lugar com cerca de 33%).No caso dos CDCscabe questionar a forma de administrao desses espaos, que propicia uma acessibilidaderestritaformalousimbolicamenteaumafaixaespecficadapopulao.Um convnioentreaprefeituraeassociaesdemoradoresdelegaaestasaadministraodo espao,compoucaexignciacontrapartida(efiscalizao)10.Namaioriadoscasosessas associaesocupamoespaodemodoprivativo,comatividadesdirecionadasapenasaos associados, ou a locatrios do campo de futebol como forma de obter renda para a manuteno do espao; como consequncia, esses espaos tem uma frequncia de usurios alta nos finais de semana e praticamente nula em dias normais. Destacamos,emcontraponto,aimportnciadeprogramasemvigorquebuscaminterferirno cotidiano desses espaos e que podem confrontar o uso coletivo de espaos pblicos. o caso doprogramaClube-Escola,desenvolvidopelaSecretariadeEsportesdoMunicpio,que

10 I nformaes sobre a organizao dos CDCs em: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/esportes/organizao/0008; para leis : www.portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/esportes/servios/biblioteca/legislao disponibiliza atividades esportivas para jovens e adolescentes, aproveitando a estrutura do CEE e CDCs quando compatveis com as atividades propostas. TambmoprogramaEscoladaFamlia,desenvolvidopelaSecretariadeEstadodeEducao amplia a possibilidade de uso dos espaos, abrindo as escolas aos finais de semana para uso da populao. Concluses Se, tradicionalmente, tem-se atribudo s reas verdes um papel importante para a qualidade do ambiente urbano,tanto no sentido demelhoria climticaquantonosentidodesuacontribuio paisagstica, julgamos que a ampliao da utilizao do termo espaolivree da qualificao especfica de pblico pode agregar a essas funes bsicas a ampliao do sentido de relao doindivduocomseuentorno,contribuindoparaqueoindivduoseentendacomocidado.A apropriao dos espaos da cidade, alm de um direito, uma afirmao de cidadania. Conforme compreendemos neste estudo, a anlise da escala local , compreendida como aquela naqualseestabelecemasrelaesdocotidianoenaqualasrelaesdeidentificaoe afetividadecomolugarocorrem,fundamentalparaacompreensodoSELP,tantono entendimento das condies que contriburam para a estruturao de determinada sistema no caso de rea de urbanizao consolidada como para a compreenso da interaoque ocorre, em determinado momento histrico, entre a sociedade local e seus espaos de vida. Procuramos,nesteestudo,destacar comoalegislaosobreaquestodas reasde recreio,reasverdestemsidoconsideradanoMunicpiodeSoPauloecomoopoderpblicotem atuado na estruturao e gesto desse sistema. O fato do poder pblico, durante largo perodo, estar focado em legislar para uma pequena parte da cidade, em detrimento do acompanhamento desuarpidaexpansoemdireoperiferia,ensejouquealegislaoseadaptassemuito lentamente ao crescimento da cidade e que o espao urbano se consolidasse sem se qualificar; defasagem da legislao, soma-se a falta de reserva de terras pblicas, para implementao de polticassociaisespecialmentehabitao,quepermitiramqueacidadeseconfigurassepela ao mais ou menos qualificada dos agentes privados. Emnossoestudodecaso,observa-seaescassezdosespaoslivresnosarruamentos implantados no inicio do sculo XX; por outro lado, observa-se a diferena das implantaes dos arruamentos de Vila Medeiros e J ardim Brasil de um lado, e, Vila Maria Alta e J ardim J apo, de outro;nesteltimo,aexistnciadeumaexignciabsica(opercentualdereaexigidocomo doao para o sistema de recreio) e a participao de um profissional consciente da interao projeto-stio permite a configurao de um espao que, no apenas cumpre a determinao legal, mas enriquece-a ao preservar faixas livres ao longo das linhas de drenagem.Ressalvas, no entanto, fazem-se necessrias: (i)amenorproporodeespaoslivres,incluindodasreasdecirculao(comruasde menor largura e incluindo nmero significativo de travessas e vielas), so condio para um menor custo do lote, e, portanto, dentro de uma relao estritamente mercantil, para a viabilidade do loteamento. Essacondio inicial do loteamento mantm-se pelo tempo; os dadosde2000revelamaconcentraodechefes defamliacomrendainferioratrs salrios mnimos nas reas do J ardim Brasil e em parte da Vila Medeiros;(ii)aexistnciadereaspblicasdestinadasaosistemaderecreionosignificaa efetividadedeapropriaopelapopulao;estasreaspermaneceramdesocupadas como reas baldias por longo tempo, pois no havia por parte da prefeitura interesse, programa,projeto,recursosparasuaurbanizao;paulatinamente,essasreasforam loteadas entre o prprio poder pblico, passando a abrigar usos diversos, atendendo a pblicos especficos. Desta forma, a implantao favorvel prevista pelo projeto inicial do arruamentodescaracterizada,pelafragmentaoecercamentodoespaoporusos diversos. (iii)Desta forma,acompreensoeapossvelatuaosobreoSELPnoMunicpiodeSo Paulo exige o reconhecimento da forma desigual com que foi estruturado o territrio, e que estadesigualdadenohomognea,masapresentacaractersticaspeculiarese localizaes especficasdeterminadas por condies sociais, econmicas, ambientais; a caracterizaolocal,portanto,umanecessidadeparadescortinarasrazeseas potencialidades locais. Na anlise do Plano Diretor Estratgico do Municpio de So Paulo PDE -destacamos como diretriz prioritria dentro da questo das reas verdes, a recuperao dos crregos e fundos de vale, atravs do Programa de Recuperao Ambiental dos Fundos de Vale com a implantao dosparqueslineares.Aimplementaodesseprogramaestdirecionadoparaadevoluo de reas abandonadas cidade e ao uso da populao, bem como ao aumento estoque de terras pblicas; sua implementao, no entanto, tem ocorrido dentro das regras do mercado de terra, em propriedades pblicas ou em reas desapropriadas pelo Decreto de Utilidade Pblica DUP - e desapropriao. Instrumentos mais contundentes como o IPTU progressivo para terrenos vagos ou ociosos, no tm sido usados.TambmoinstrumentodasreasdeIntervenoUrbanas-AIUs,potencialparageraruma dinmica nas bacias de crregos com ocupao consolidada, no tem sido detalhado.Esse tipo deinterveno,paraoqualnecessriaainteraoentrepoderpblicoeempreendedores privados no teve oportunidade de ser testada; possivelmente, o interesse direto destes necessite de investimento inicial do poder pblico. O PDE, dentro das premissas do Estatuto da Cidade, prev diversos instrumentos que poderiam ser utilizados para a obteno de reas pblicas com a destinao, entre outras, de fortalecer o sistemadereasverdes.Comoestesinstrumentosnoencontramviabilidadepoltica,a disponibilidade de reas no se altera. No entanto, nosso estudo de caso demonstrou que, no mbito local, um passo anterior pode ser percorrido. Este corresponde a questionar a ociosidade existente reas de propriedade pblica: (i)edifcios e reas pblicas que esto abandonados, sem servir funo para qual foram destinados; (ii)edifcios pblicos com espaos livres significativos, que se fecham com altos muros cidade e populao, caso tpico da maioria das escolas pblicas; (iii)quadrasereasdebrinquedosinfantis,pertencentesaedifciospblicosqueesto fechados populao, inclusive nos finais de semana; (iv)reasdestinadasaosistemadereasverdessemi-implantadas,deixandodeoferecer oportunidades de lazer e convvio. Destaforma,lembrandoqueonossofocodestapesquisaosistemadeespaoslivres pblicos,devemosdestacarasoportunidadesqueasreasdepropriedadepblicapodem oferecerparaaampliaodaesferapblicaediversificaodasoportunidadesdelazere convvio. Para tanto, esboamos neste estudo algumas possibilidades que visam caracterizara contribuio que o aproveitamento dessas reas (mesmo que parcialmente, ou com limitaes), consideradas conjuntamente com caladas e ruas, podem oferecer cidade. Nareadeestudo,mostrou-sefundamentalbuscarpossibilidadesdeintegraoentre equipamentos pbli cos que, embora contguos, no mantm nenhuma relao entre si (apenas acontinuidadedeseusmuros).Reconhece-sequeumagestointer-setorialqueinclua secretariasmunicipaisdiversase,inclusive,equipamentosdoGovernodoEstadonotarefa fcil; no entanto, parece um esforo desejvel, ampliar dentro do prprio poder pblico a noo de pblico de e para todos. Lembramos tambm que grandepartedoscasos citados,emnossa rea deestudo,apresenta exemplares arbreos de porte signifi cativo ou esto s margens de crregos, proporcionando aoportunidadedevalorizarocomponentenatural:integr-lopaisagemevalorizarsua presena frente populao.Ainda quanto questo dos crregos, cremos que a iniciativa de resgatar o valor da rede hdrica pelo PDE pode ter sua eficincia alargada, se, ao mesmo tempo que se implantam reas de maior porte com uma funo ambiental importante, se multipliquem aes de menor escala, em espaos remanescentes,pequenostrechosvegetados,comointuitodeconstruirumarelaomais favorvel da populao com seus crregos, desfazendo a imagem de fundos, de esgoto que muitasvezesestassociadaaelesepermitindoquesendovistosdefrentepossibilitem,a mdio e longo prazo, que intervenes mais ousadas, em termos da recuperao dessas reas para a cidade, possam ser discutidas. Outra questo que devemos destacar a ao do poder pblico em suas intervenes na questo da habitao de baixa renda. Observa-se, em nossa rea de estudo, nas unidades de Meandros do Tiet e Vila Sabrina, conjuntos implantados lado a lado, mas cada qual atendendo a um projeto e programa especficos, pensados e implantados de forma isolada, dentro de sua prpria lgica,desconsiderando a relao entre eles. As situaes apresentadas ilustram a necessidade de uma aopblicaqueintegreessasvriasiniciativas,pensando-ascomobairros,unidadeseno merassomatriasdehabitaes.Avalorizaodoespaolivrepbliconessaestratgiafundamental.AmesmaconsideraopodeserfeitaquantolocalizaodenovasZonasEspeciaisde InteresseSocialZEIS-previstaspeloPlanoRegionalEstratgicoVilaMaria/VilaGuilherme: mantm-se a tendncia da localizao isolada, em pontos de menor acessibilidade e dissociadas deoutrosgrupamentoshabitacionais.Parecenecessrioconsiderarapossibilidadedeintegrar novas reas com funo habitacional, na ao de qualificar as ZEIS existentes, dando melhores condies urbanas a ambas. Considerandoaindaapossibilidadede intervenonosespaoslivrespblicosexistentes,ea inexistncia de espaos de porte em trechos do territrio, faz-se necessrio valori zar oespao dasruasparaconvvioelazer.Essautilizaoquebastanteintensaemunidadescomo Meandros do Tiet e J ardim Brasil, pode ter sua qualidade alargada com pequenas intervenes quedificultem otrfegodepassagemde veculos,regulemseu estacionamento indiscriminado, especialmente os de carga, e com a integrao de parte dos recuos de equipamentos pblicos s caladas. Como premissa,repensar as vias a partir dasnecessi dadesdopedestreeno somentecom relao s necessidades de fluidez do trfego de veculos. Paravalorizaroespaopblicodasruasefacilitarasmicro-acessibilidades,julga-se,tambm, fundamental favoreceracirculaode pedestreseciclistas,especialmenteentreas reas de maiorvulnerabilidadesocialeasreasmaisequipadasquantoacomrcio,serviose equipamentopblicos.Favoreceraacessibilidadelocal,emalgumamedida,umaformade interferirnovalordaslocalizaesepropiciaraintegraoevalorizaodasreasmais segregadas. Desta forma, procura-se reforar a importncia do SELP na anlise de intervenes em reas de urbanizaoconsolidada.Reforarsuaimportnciaenquantosistemadeobjetosconcretosde uso e enquanto elemento de compreenso da real idade local. Figura8. Exemplo de possibilidade de integrao de espaos livres e equipamentos pblicos - CDM Lauro Megale e praadosBombeiros,naunidadedeVilaSabrina.Estaintervenoincorporaoutroespaolivre,semi-implatadoe prev um caminho preferencial de ciclistas como forma de estimular o acesso rea, isolada num entorno de armazns.Interveno da autora sobre imagem Google Earth (set. 2008). 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