revista do historiador 146

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Euclides Cunha: 100 anos da Hino Nacional completa 100 anos página 3 Doações prevalecem nos acervos de museus paulistas página 14 Índio quer apito página 16 A primeira ferrovia paulista página 21 ANO XX • Nº 142 • SET/OUT DE 2008 ANO XXI • Nº 146 • MAI/JUN DE 2009

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Page 1: Revista do Historiador 146

EuclidesCunha:100anos

da

Hino Nacional completa 100 anospágina 3

Doações prevalecem nos acervos de museus paulistaspágina 14

Índio quer apitopágina 16

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DE

2009

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Editor Responsável

Luiz Gonzaga Bertelli, MTb: 10.170

Conselho Editorial

Luiz Gonzaga BertelliRuy Martins Altenfelder Silva Ana Maria de Almeida Camargo

Arte da capa

Lucas Giddings

Produção Editorial e Gráfica

PIC Comunicação e MarketingRenato Avanzi, MTb: 14.832,Fabiana Rosa, Flávia Santana e André Brazão (Arte)www.piccomunicacao.com.br

Uma publicação bimestral editada pela Academia Paulista de História, fundada em 18 de dezembro de 1972.

Diretoria 2007-2009:

Presidente:Luiz Gonzaga Bertelli

Vice-Presidente:Ruy Martins Altenfelder Silva

Secretária-Geral:Yvonne Capuano

1ª Secretária:Ana Maria de Almeida Camargo

Tesoureiro:Antonio Penteado Mendonça

As matérias assinadas não são de responsabilidade da Academia.

Academia Paulista de HistóriaRua Tabapuã, 540 - 11º andar São Paulo/SP - 04533-001(11) 3040-9952 - fax: [email protected]

Há cem anos, a literatura brasileira per-dia um dos mais importantes escritores do País, Euclides da Cunha. Apesar de sua morte, suas obras continuam vivas na lembrança de muitos brasileiros, pela

qualidade das narrativas e o modo peculiar de retratar a reali-dade brasileira, o regionalismo e o povo. Desse modo, não se poderia deixar de homenagear, nesta edição, o escritor, poe-ta, sociólogo, repórter jornalístico, historiador e engenheiro, Euclides da Cunha, que tanto contribuiu para a difusão do conhecimento sobre o Brasil e os brasileiros.

Do passado para o presenteAborda-se, também, os 100 anos do Hino Nacional; a re-

vitalização da primeira ferrovia paulista e a história de sua construção; a importância das doações para a formação dos acervos dos museus do Estado de São Paulo.

Além disso, o leitor terá acesso às dicas de leitura de re-levantes obras históricas, bem como saberá como vivem os índios de hoje.

Boa leitura!

Luiz Gonzaga Bertelli

Page 3: Revista do Historiador 146

3

Hino nacional completa 100 anos

O hino nacional brasileiro, cujo dia é co-

memorado em 13 de abril, completa 100

anos em 2009.

V

O hino nacional brasileiro, cujo dia é co-

memorado em 13 de abril, completa 100

Versões anteriores. Muitos não sabem, mas o hino já teve duas versões. A primeira delas foi executada em 1.831, quando Dom Pedro I abdicou ao trono. A outra é do tempo de Dom Pedro II.

A história do hino. Quando veio a Repú-blica, o novo governo decidiu eliminar as lembranças do Império e, por isso, criou um concurso para a escolha de um novo hino. Como a população não gostou da escolha fei-ta, decidiram, então, manter a música e eleger uma nova letra através de outro concurso. Ganhou Joaquim Osório Duque-Estrada em 1.909, que é a versão cantada até hoje.

Um dos registros mais antigos do hino nacional foi escrito à mão pelo próprio autor. O documento está arquivado na Academia Brasileira de Letras e é datado de 1.922. São duas folhas de papel almaço.

A técnica da escrita. Apesar de muito can-tado, o hino nacional brasileiro nem sempre é compreendido em sua totalidade pelas pes-soas. Isso acontece porque o autor preferiu usar e abusar das inversões de frases que, naquela época, era uma técnica louvada.

Tomemos como exemplo a primeira frase do hino:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante,

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,

Brilhou no céu da pátria nesse instante.”

Transformando este trecho em linguagem direta, temos:

“As margens calmas do Ipiranga ouviram o

grito que ecoou forte de um povo heróico.

Nesse instante, o sol da liberdade brilhou

no céu da pátria com os raios luminosos.”

3

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Joaquim Osório Duque-Estrada.

Certamente, se tivesse sido escrito com

orações na ordem direta e palavras sim-ples sua interpretação seria mais fácil. No entanto, independente do seu enten-dimento, não se pode negar a beleza da letra e da música, bem como o sentimen-to de emoção e amor ao Brasil que sur-ge todas as vezes que o hino é cantado.

O autor. Joaquim Osório Duque-Estrada nasceu em Pati do Alferes, no Rio de Ja-neiro, em 29 de abril de 1.870, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 05 de feve-reiro de 1.927. Filho do tenente-coronel, Luiz de Azevedo Coutinho Duque-Estrada e dona Mariana Delfi m Duque-Estrada, era afi lhado do general Osório, marquês do Herval, de quem recebeu o segundo nome. Cursou o Colégio Pedro II onde, em 1.887, Silvio Romero o distinguiu entre os alunos prefaciando o seu primeiro livro de poesias, intitulado Alvéolos. Recebeu o grau de bacharel em letras em 1.888. Pu-blicou 27 livros – poesias, didáticos, peças teatrais, conferências, traduções e libretos

de óperas. Foi crítico-literário, mantendo por muito tempo a seção Registro Literário no Correio da Manhã, no Imparcial e no Jornal

do Brasil.Em 1.888, escreveu os primeiros en-

saios como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição. Nesse ano, alistou-se nas fi leiras repu-blicanas, ao lado de Silva Jardim, en-trando para o Centro Lopes Trovão. Em 1.891, dedicou-se à diplomacia, sendo nomeado 2º Secretário de Alegação, no Paraguai. De 1.893 a 1.896, morou em Minas Gerais, onde foi redator do Eco de Cataguazes.

Destacou-se no magistério como profes-sor e inspetor-geral de ensino até o ano de 1.902, quando foi nomeado regente interi-no da cadeira de História Geral e do Brasil no Colégio Pedro II. Voltou à imprensa e colaborou com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Foi eleito para a Acade-mia Brasileira de Letras em 1.915, na vaga de Silvio Romero, sendo o segundo ocupante da cadeira nº 17, que tem como patrono Hipólito da Costa. Seu discurso de posse foi respondido por Coelho Neto.

Projeto do hino. Em Outubro de 1.909, elaborou o seu Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro, aprovado ofi -cialmente, por Decreto, em 06 de Setem-bro de 1.922, véspera da comemoração do centenário da Independência.

Os belos e patrióticos versos do nosso glorioso Hino Nacional consagraram para sempre o nome de Joaquim Osório Duque-

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Estrada, como bem se expressa Roquete Pinto, seu sucessor na Academia Brasi-leira de Letras: “Seu pensamento há de

palpitar por entre gerações”.

A melodia. A letra escrita por Duque-Es-trada foi magnificamente adaptada à música de Francisco Manuel da Silva, compositor brasileiro de temperamento revolucionário, que nasceu e morreu no Rio de Janeiro.

Francisco foi aluno do padre José Maurí-cio e, mais tarde, de Sigismund Neukomm. No reinado de Dom João VI, fez parte da

orquestra da capela real como timbaleiro e segundo violoncelista. Grande organi-zador da vida musical brasileira, fundou e dirigiu a Sociedade de Beneficência Musical (1.833), dirigiu a orquestra da Sociedade Filarmônica (a partir de 1.834) e compôs valsas, peças para canto e pia-no (modinhas, lundus), um hino à Coroa-ção (1.841) e música religiosa. Escreveu ainda diversas obras de teoria musical.

Em 1.831, compôs a melodia patrióti-ca para comemorar a abdicação de Dom Pedro I. Música esta que, juntamente com a letra escrita por Duque-Estrada, tornou-se o Hino Nacional do Brasil.

No dia 07 de maio, o Centro de Integra-ção Empresa-Escola - CIEE, a Academia Paulista de História (APH) e a Academia

Brasileira de Letras (ABL) realizaram conjuntamente o “Seminário sobre os

100 Anos de Composição da Letra do

Seminário aborda centenário do Hino Nacional Brasileiro

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6

Hino Nacional Brasileiro”, no Espaço Sociocultural-Teatro CIEE.

Além do seminário, foi aberta uma expo-sição sobre o centenário do hino nacional, com painéis que contam e ilustram a histó-ria da composição e do seu autor. A mostra aconteceu até o dia 29 de maio.

Os convidados foram recepcionados com um café da manhã e, em seguida, visitaram a exposição no Foyer do Espaço Sociocul-tural. Logo após, o Hino Nacional Brasilei-ro foi entoado pelo Madrigal Sempre En Canto, regido pela maestrina Regina Kinjo.

A abertura do seminário foi feita pelo presidente executivo do CIEE e presiden-te da APH, Luiz Gonzaga Bertelli e pelo

presidente do Conselho de Administração do CIEE e presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas, Ruy Martins Altenfelder. Houve também o pronunciamento da re-presentante da família de Joaquim Osório Duque-Estrada, Cecília Duque-Estrada Mange. Além disso, foram realizadas pa-lestras com: o professor de literatura brasi-leira da USP, José Miguel Soares Wisnik; o membro da ABL, Carlos Nejar; a professora da USP, Laima Mesgravis; e o membro da ABL e presidente do Conselho de Admi-nistração do CIEE/Rio, Arnaldo Niskier. O evento foi encerrado com uma entrega de medalhas comemorativas da efeméride às personalidades presentes.

6

Professora Laima Mesgravis, da Universidade de São Paulo (USP).

O presidente do Conselho de Administração do CIEE e vice-presidente da APH, Ruy Altenfelder e a bisneta

de Duque-Estrada, Cecília Duque-Estrada Mange.

Painéis do evento sobre Centenário do Hino Nacional Brasileiro expostos no Foyer do Espaço Sociocultural-Teatro CIEE, em SP.

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7777

4º Prêmio LiterárioJosé Celestino Bourroul

“O melhor livro sobre São Paulo”

Promoção

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1. O concurso é destinado a todos os escritores.

2. Não poderão participar acadêmicos integrantes da APH.

3. A inscrição é isenta de qualquer taxa.

4. O participante deve enviar um exemplar do livro publicado em 2008 e, em folha à parte, as seguintes informações: nome completo, idade, endereço e telefone, acompanhada de foto colorida, no formato usado em passaporte.

5. Os livros serão enviados para a Academia Paulista de História – APH, à Rua Tabapuã, 540, 11º andar, Itaim Bibi – São Paulo/SP – CEP: 04533-001, até o fi nal do mês de setembro de 2009. No envelope deverá constar a indicação: “4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul - 2009”.

6. O autor do melhor trabalho receberá em sessão solene, além de medalha e diploma, a premiação em dinheiro no valor de R$ 10.000,00.

7. Os livros enviados não serão devolvidos.

8. A escolha do trabalho será efetuada por uma comissão julgadora, constituída por integrantes da Academia Paulista de História – APH e por historiadores designados pela instituição.

9. A entrega do prêmio ocorrerá no fi nal do ano de 2009, em solenidade cujo local, dia e horário serão amplamente divulgados.

A Academia Paulista de História - APH promove o “4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul”,

concedido ao melhor livro publicado sobre a história de São Paulo no ano de 2008.

Regulamento

Promoção

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9

H

euclides da Cunha: 100 anos

Centenário da morte do escritor traz lem-

branças e gera debates sobre sua vida e obra

9

Há um século, a literatura brasileira perdia Euclides da Cunha, um dos mais importantes escritores do País. Nasci-do em Cantagalo, em 20 de janeiro de 1.866, Euclides Rodrigues da Cunha foi escritor, sociólogo, repórter jornalístico, historiador e engenheiro. No centenário de sua trágica morte, pode-se afi rmar que sua história e suas obras continuam vivas na mente de muitos brasileiros.

A formação. Como fi cou órfão precoce-mente – sua mãe faleceu de tuberculose, Euclides foi viver com a família de sua tia materna, Rosinda Gouveia. Quando esta faleceu, em 1.870, ele foi morar em São Fidélis, com a irmã, Adélia, na fazen-da de outra tia. Iniciou sua educação em São Fidélis mas, pouco tempo depois, foi mandado à Bahia, para a casa dos avós pa-ternos, onde continuou seus estudos. Pos-teriormente, vai para o Rio de Janeiro e

frequenta os Colégios Anglo-Americano, Vitório da Costa e Meneses Vieira. Enfi m, transfere-se para o Colégio Aquino, onde começa a publicar seus primeiros artigos. Em março de 1.885, aos 19 anos, Euclides prestou exames e foi aprovado na Escola Politécnica. No ano seguinte, ingressa na Escola Militar da Praia Vermelha.

O republicano. Nos últimos anos do império, o ideal republicano já estava dis-seminado na Escola Militar. Nessa época, o tribuno popular republicano, Lopes Trovão, volta ao Brasil. Como eram aguardadas manifestações, o comandante da Escola Militar comunica a visita do ministro da Guerra ao local no mesmo dia e horário

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da chegada do republicano. Eu-

clides fi ca revoltado com a atitude e diante

de todos, faz protestos verbais e arremessa a arma

no chão. Na ocasião, é preso e o episódio vai parar na impren-

sa e nos debates parlamentares. Por conta dessa atitude, o escritor é

submetido ao conselho disciplinar e é desligado do exército. Em seguida, vai

para São Paulo, onde passa a colaborar na imprensa, com uma série de artigos repu-blicanos assinados com um pseudônimo.

A vida adulta. Em 19 de novembro de 1.889, Euclides foi reincluído na Escola Militar. No governo do marechal Floriano Peixoto, teve a chance de escolher uma posição no novo regime, ofertada pelo próprio presidente. O escritor recusa a oportunidade e solicita apenas para atuar como engenheiro na Estrada de

Ferro Central do Brasil.Euclides pede ao major Solon Ribeiro a

mão de sua fi lha, Ana – que ele irá chamar de Saninha. Já casado, parte para a fazenda de café de seu pai, em Belém do Descal-

vado. Quando regressa ao Rio, em 1.893, é promovido a primeiro-tenente do exército.

Canudos. Alguns anos antes, um mo-vimento popular de caráter religioso se desenvolve no sertão da Bahia, liderado por Antônio Conselheiro. O descaso dos gover-nos e a pobreza da população da região são os principais motivos da “rebelião”. Como o movimento era encarado pela oligarquia local, pela opinião pública e também pelo governo federal como uma ameaça à res-tauração da monarquia, foi combatido por quatro expedições militares.

Depois de abandonar a carreira militar, em 1.896, Euclides da Cunha vai para São Paulo e em 1.897, passa a escrever artigos sobre a revolta do sertão baiano para O

Estado de S. Paulo. Consequentemente, o jornal envia o escritor ao sertão da Bahia como correspondente de guerra. Lá, entra em contato com a violência que iria arrasar com o arraial. Quando volta de Canudos, Euclides já tem a ideia de escrever um livro vingador, batizado de Os Sertões.

Embrião de “Os Sertões”. Após alguns meses na fazenda de seu pai, Euclides que, na Bahia, havia elaborado o Diário de

Estrada de Ferro Central do Brasil.

da chegada do republicano. Eu-

clides fi ca revoltado com a atitude e diante

de todos, faz protestos verbais e arremessa a arma

no chão. Na ocasião, é preso e o episódio vai parar na impren-

sa e nos debates parlamentares. Por conta dessa atitude, o escritor é

submetido ao conselho disciplinar e é desligado do exército. Em seguida, vai

para São Paulo, onde passa a colaborar na imprensa, com uma série de artigos repu-blicanos assinados com um pseudônimo.

A vida adulta. Em 19 de novembro de 1.889, Euclides foi reincluído na Escola Militar. No governo do marechal Floriano Peixoto, teve a chance de escolher uma posição no novo regime, ofertada pelo próprio presidente. O escritor recusa a oportunidade e solicita apenas para atuar como engenheiro na Estrada de

Ferro Central do Brasil.Euclides pede ao major Solon Ribeiro a

mão de sua fi lha, Ana – que ele irá chamar

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uma expedição, começa a se preparar para escrever Os Sertões. A redação deste livro foi lenta e cheia de interrupções, afi nal, era como engenheiro que ganhava para prover o sustento de sua família. Ele pró-prio aponta a escrita descompassada da sua obra mais conhecida: “Escrevo-o em

quartos de hora, nos intervalos de minha

engenharia fatigante e obscura”.Seu amigo, Teodoro Sampaio, auxilia-o na

elaboração do livro, levantando as informa-ções de que necessita. Francisco Escobar tam-bém foi outro amigo cuja ajuda foi decisiva

na escrita de Os Sertões.

A ponte. Quando é chamado a fi scalizar as obras de reconstrução de uma ponte em São José do Rio Pardo, Euclides elabora um livro: Pon-

te entre Duas Margens de um Brasil – a litorânea (representando o anseio da elite de modernidade, ocidentalismo e embran-quecimento da população) e a do interior (do indígena, do sertanejo, do negro, do pardo, considerada arcaica e fadada ao desaparecimento por conta do progresso).

A consagração. Em 02 de dezembro de 1.902, Os Sertões é lançado. Ansioso com a receptividade do livro, Euclides viaja do Rio de Janeiro para Lorena, no interior de São Paulo. Quando regressa, uma série de cartas o esperam, inclusive do editor, co-municando o sucesso das vendas da obra. Dois meses mais tarde, a primeira edição estava esgotada.

Na mesma época, o escritor é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Apesar do triunfo, Euclides acaba indo com a família para o Guarujá e retoma a Capa comemorativa do

centenário de Os Sertões.

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Com o intuito de cultuar a memória de Euclides da Cunha, apreciando sua vida e obra, o Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE realizou, no dia 15 de abril, um Seminário sobre o Centenário da Morte do escritor, em parceria com as Academias Brasileira de Letras (ABL), Paulista de História (APH), Paulista de Letras (APL), Cristã de Letras (ACL) e Paulista de Letras Jurídicas (APLJ).

Debateram a importância histórica do escritor de os convidados: Antônio Car-los Secchin, membro da ABL; José Re-nato Nalini, presidente da APL; Antonio Penteado Mendonça, membro da APL; Luiza Nagib Eluf, procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo; Ricardo Gandour, diretor de con-teúdo do grupo O Estado de S. Paulo; e Arnaldo Niskier, presidente do Conselho

Seminário do CIee aborda

o centenário da morte

de euclides da Cunha

Arnaldo Niskier, presidente do Conselho

Fonte: Vidas Lusófonas

publicação de artigos para O Estado de

S. Paulo. A maioria desses artigos será, depois, reunida em seu livro Contras-

tes e Confrontos, publicado em 1.907.

Últimos anos. Após o sertão, Euclides se interessa pela Amazônia. Na época, era outro ponto de tensão no País, dado o con-fl ito de fronteiras entre Peru e Bolívia. Aproxima-se, então, do Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exterio-res, que o nomeia chefe de uma comissão brasileira que viaja para as nascentes do rio Purus. Em 1.906, entrega o relatório de sua missão ao ministro.

No ano seguinte, é publicado Contrastes

e Confrontos. Sai também sua coletânea de artigos, Peru versus Bolívia. Em julho, en-trega as provas de À Margem da História. O livro será póstumo.

Em 15 de agosto de 1.909, Euclides da Cunha morre, após uma troca de tiros com o cadete Dilermando de Assis, amante de sua esposa, na casa deste, na Estrada Real de Santa Cruz. O corpo do escritor, velado na Academia Brasileira de Letras, é enter-rado em 16 de agosto, no Cemitério de São João Batista, em Botafogo, Rio de Janeiro. Em 15 de agosto de 1.982 é transferido – juntamente com os restos mortais de seu fi lho Quidinho (Euclides da Cunha Filho), também assassinado por Dilermando de Assis, ao tentar vingar a morte do pai – para um mausoléu em São José do Rio Pardo.

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de Administração do CIEE/Rio e membro da ABL.

O evento foi coordenado pelo presi-dente executivo do CIEE e presidente da APH, Luiz Gonzaga Bertelli. O debate foi aberto pelo membro da ACL, Paulo Nathanael Pereira de Souza, e encerrado pelo presidente da APLJ, atual presidente do Conselho de Administração do CIEE e vice-presidente da APH, Ruy Martins Altenfelder Silva.

Foram enfatizadas as várias facetas da con-trovertida personalidade de Euclides: sua co-ragem na cobertura da Guerra dos Canudos e a capacidade de trabalho na delimitação das

Seminário do CIee aborda

o centenário da morte

de euclides da Cunha

a capacidade de trabalho na delimitação das

fronteiras brasileiras com Peru e Bolívia, segundo Paulo Nathanael. O Acadêmico Secchin descobre a veia poética de Euclides dentro da prosa de Os Sertões, como crítico de poesia e criador de poemas. José Renato Nalini ressaltou a qualidade de ser amigo, amparando-se em muitos de seu tempo, mas igualmente protegendo os humildes.

Para o acadêmico Antonio Penteado Mendonça, Euclides desceu ao inferno três vezes: quando cobriu a Guerra dos Ca-nudos, quando aceitou levantar a fronteira do Brasil no Amazonas e ao ser traído pela mulher e resolver eliminar seu desafeto, que o matou em legítima defesa. Também houve a apresentação da procuradora Luiza Nagib Eluf em defesa da esposa de Eucli-des, pelo estudo do processo crime que se instaurou à época, levando o amante a júri, que o absolveu.

Arnaldo Niskier lembrou que o coração de Euclides foi enterrado em sua cidade natal, Cantagalo (Rio), mas seus restos mor-tais estão em São José do Rio Pardo, onde Euclides escreveu Os Sertões.

Luiza Nagib Eluf.

Seminário contou com a presença de

grande público.

Da esq. p/ dir.: Antonio Carlos Secchin, Arnaldo Niskier, Antonio Penteado Mendonça,

Paulo Nathanael Pereira de Souza, José Renato Nalini e Luiz Gonzaga Bertelli.

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14

de 6,8 mil peças –, 60% foram cedidas por artistas, 20% por colecionadores e o res-tante por empresas.

Memorial do Imigrante. Ocupando o segundo lugar no total de peças recebidas, o Memorial do Imigrante simplesmente não existiria sem as doações. Das 3,2 mil peças do seu acervo, perto de 2,8 mil são provenientes de doadores. Grande parte dessas peças fo-ram recebidas em 1.998, quando o museu realizou uma grande campanha de doação e captação de objetos alusivos à imigração.

Criado em 1.993, no bairro da Mooca, zona leste da capital, o Memorial, assim como o Museu da Imagem e do Som, formou praticamente toda a sua coleção a partir das doações particulares de anô-nimos. Muitos descendentes de imigrante contribuem com o museu, cedendo peças de família. Um neto de italianos fechou a sua centenária loja de meias e doou objetos e equipamentos que demonstram o antigo

Maior parte do acervo dos museus paulistas é proveniente de doações

MMMMuitos frequentadores de museus passam despercebidos pelas plaquinhas que indi-cam os nomes de doadores de obras de arte. Afi nal, a iniciativa parece singela, diante da importância de uma doação para uma insti-tuição mantida com o intuito de difundir e preservar o patrimônio histórico e cultural.

Os números. A relevância da atitude des-prendida dessas pessoas aparece quando se analisam os números: de 1,5 milhão de pe-ças que compõem o acervo dos 22 museus do Estado de São Paulo, cerca de 1,2 milhão – ou seja, 80% - vieram de doações, segun-do estima a Secretaria de Estado da Cultura. Um gesto simples, que transforma objetos pessoais em patrimônio coletivo.

Esse cálculo já pode ser confi rmado por um projeto pioneiro de padronização e

digitalização do acervo cultural paulista, com previsão de térmi-no em dezembro.

A Pinacoteca. Sem dúvida, o museu que mais recebe doações é a Pinacoteca. Nos últimos cinco anos, seu acervo aumen-tou 20,6%, sendo 90% fruto da gentileza de doadores. Aliás, de toda a coleção da Pinacoteca, apenas 10% foi adquirida pelo Estado. Do total doado – cerca

Como realizar doaçõesO primeiro passo é entrar em contato com o museu, de posse da descrição completa da obra, com procedência e histórico.Caso haja interesse do museu, a obra será avaliada por um corpo técnico, que decidirá sobre a incorporação.Os telefones dos principais museus de arte do Estado estão disponíveis emwww.cultura.sp.gov.br e www.capital.sp.gov.br

Entrada da Pinacoteca.

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1515

modo de cerzir; uma filha de portugueses entregou a alfaiataria que foi de seu pai; e uma descendente de russos doou utensí-lios domésticos e ainda convenceu toda a comunidade russa a fazer o mesmo.

Os doadores. O perfil dos doadores é bastante variado. Existem desde empresas, que buscam nas doações a isenção fiscal ga-rantida pelas leis Rouanet e Mendonça, até aqueles que percebem possuir em suas casas objetos merecedores de integrar os impor-tantes acervos do País.

Os museus ainda contam com a boa von-tade de colecionadores e herdeiros para se manterem constantemente atualizados. A generosidade e o desprendimento dessas pessoas, que muitas vezes se desfazem de peças valiosíssimas, surpreendem os fun-cionários do local. Isso aconteceu, há alguns anos, no Museu Imperial, quando um embai-xador aposentado, descendente de uma vis-condessa, doou joias de uma tia. O chefe da museologia na época ficou boquiaberto ao checar do que se tratava, pois se deparou com uma coleção de peças com pedras preciosas de alto valor histórico e artístico.

Museus privados. As doações também são a principal fonte de aquisição dos mu-seus privados da capital, como é o caso do Museu de Arte de São Paulo (MASP), que cresceu muito nos últimos dez anos graças a

iniciativas desse caráter. Em 2.008, foram entregues 18 peças ao

museu, incluindo raridades como duas es-culturas chinesas da Dinastia Tang (618 a 907 da era cristã) e a obra-prima do pintor Jan van Dornicke “A Crucificação de Cris-to”, recebida de doadores anônimos.

O MAM. O acervo do Museu de Arte Moderna é composto de forma semelhante. Das 5 mil peças, 4,2 mil foram doadas.

Para megacolecionadores como Gilberto Chateaubriand, dono do mais completo conjunto de arte brasileira do País, é uma satisfação dividir suas obras com um grande número de pessoas. Desde 1.992, Gilberto mantém 6 mil obras particulares, de 266 artistas – incluindo Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila do Amaral, entre outros –, em regime de comodato no MAM. Além disso, o colecionador é parceiro do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e do Museu de Arte Moderna de Nova York. Para ele, a finalidade de ter uma coleção é compartilhá-la, e não guardar para meia dúzia de pessoas apreciarem.

15Visão geral do MASP.

Museu de Arte Moderna.

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1616

irrisório de brasileiros em detrimento de mi-lhões de outras pessoas, que fi cam inclusive parcialmente impedidas de circularem pelo território nacional, não é um fato isolado, inventado pelo Tribunal, feito passe de má-gica. A história da Reserva volta no tempo, para a época da ECO 92, quando o Brasil foi palco de uma grande reunião internacional para discutir a proteção do meio ambiente ante as agressões que já modifi cavam o cli-ma. O assunto da demarcação das reservas indígenas de Roraima entrou na ordem do dia por conta do presidente Collor, tentando aparecer bem na foto.

Demarcação. Depois, o governo Fernan-do Henrique, também querendo passar uma imagem de civilizado, ecologicamente cor-reto e preocupado com o futuro dos índios brasileiros, decidiu que a Reserva deveria ser demarcada numa absurda área contí-nua, como se os índios de Roraima ainda fossem nômades e dependessem de vastas extensões de terra não ocupada para justi-fi car sua sobrevivência.

Naquela altura dos acontecimentos, nin-guém se preocupou com o fato de boa parte da área já estar ocupada e ser responsável pela produção de parcela signifi cativa do agronegócio do Estado. Também não foi

Índio não quer apito

16

AAAnos atrás, conversando com uma amiga ecologista, empenhada no resgate das tradi-ções caiçaras, eu lhe perguntei se ela tinha certeza de que os caiçaras preferiam um engenho de mandioca a uma fábrica mo-derna. É a mesma questão que se coloca hoje, em relação aos índios brasileiros. Será que eles preferem viver como viviam há 500 anos ou preferem as vantagens e prazeres oferecidos pela tecnologia?

Novos índios. A verdade é que índio não quer mais apito, índio quer minério, madeira, pedras preciosas e, onde isso não existe, alguns se dispõem a carregar drogas nas costas, a salvo dos controles da polícia estadual, para ter acesso aos confortos da vida moderna.

Quem imagina que os índios de Roraima vivem de acordo com as tradi-ções ancestrais é porque nun-ca se aproximou da realidade do Estado, da forma como as relações se dão e como o ter-ritório foi ocupado.

A decisão do Supremo Tribu-nal Federal, validando a demar-cação da Reserva Raposa/Serra do Sol numa imensa área con-tínua, favorecendo um número

16

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

Tesoureiro e titular da cadeira n° 11 da Academia Paulista de História - APH e

vice-presidente do Conselho de Administração do CIEE.

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levado em conta o fato dos índios da região não serem nômades e que nem todos eram favoráveis à demarcação proposta.

O governo atual apenas seguiu o que vinha sendo feito e determinou a demarcação da Reserva Raposa/Serra do Sol numa gigan-tesca área contínua, inteiramente entregue ao discernimento dos índios e com restrições de uso para o resto da população brasileira.

Ao votar sobre a matéria, o Supremo Tribunal Federal manteve a demarcação contínua da área, mas não mais comple-tamente entregue aos índios ou fora do poder da União, garantindo o controle das fronteiras e o livre trânsito das Forças Armadas e Polícia Federal.

Nova realidade. Aqui, cabe destacar o voto do Ministro Marco Aurélio Mello, contrário ao que foi decidido pela Corte. Em peça magistral, S. Exa. dissecou o assunto, estudando cada variável em profundidade e mostrando as consequências negativas da adoção da demarcação contínua. Ainda que voto vencido, as considerações ex-postas pelo ministro Marco Aurélio não podem ser relegadas ao esquecimento, porque servem de balizadoras concretas para uma nova realidade que se instala no Estado de Roraima, validada pela entrada em vigor da decisão do Supremo.

O ponto básico, que não pode ser perdido de vista e se aplica a todo o território nacio-nal, é que a ilusão do “bom selvagem”, criada pelos enciclopedistas franceses, está supera-da pelos fatos há mais de 400 anos. Ao con-trário do imaginado por eles, os ameríndios

brasileiros eram guerreiros, antropófagos, escravocratas e ainda por cima utilizavam o fogo como ferramenta para desmatar e abrir roças ou até mesmo para caçar, usan-do as chamas para cercar os animais. Com pequenas variações, os que permanecem selvagens não mudaram muito, enquanto os demais se integraram ao modo de vida nacional, preferindo ter avião, caminhonete 4x4, telefone celular e televisor em cores, se

possível comprados com o dinheiro gerado por suas reservas, a mourejar atrás do pão de cada dia como o faziam 400 anos atrás.

Invasão. Até as tradições, que atualmente são invocadas por parte deles para emba-sar hipotéticos direitos, não têm qualquer relação com a realidade. O exemplo mais fl agrante é a invasão do Estado de São Pau-lo por índios paraguaios e argentinos, sob o pretexto de que no passado estas terras eram ocupadas por seus antepassados. Não é ver-dade. A região litorânea paulista, bem como

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Apresentação de dança indígena.

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as terras no planalto de Piratininga, eram ocupadas pelos tupis. Os antepassados dos índios guaranis, que tomaram de assalto as reservas ecológicas do Estado, vieram para cá escravizados, primeiro, pelos tupis e depois, pelos bandeirantes, estes sim descendentes diretos dos índios que habitavam a área.

Direitos. Ninguém discute que a questão dos direitos indígenas é complexa, urgente e deve ser enfrentada com bom senso. Se não for por nada, para incluir, sem preconceitos ou ideias pré-concebidas, de forma defi ni-tiva, ampla, geral e irrestrita, cidadãos bra-sileiros, titulares dos mesmos direitos que qualquer outro, na vida social da nação.

Para isso, é fundamental que a realidade seja vista e tratada como ela é. A história dos índios brasileiros não se confunde com o que aconteceu com os ameríndios dos países de

origem espanhola. Também não há razão para seres humanos nor-mais serem tratados de forma diferente, como se fossem objetos de

museu ou personagens de parques de diversão. Neste

cenário, acima de tudo, há que se ter em conta os interes-

ses maiores de uma nação, com quase 200 milhões de habitantes,

chamada Brasil.Anos atrás, descendo o Rio

Amazonas pedindo carona, quan-do estávamos em Tefé, fui convida-

do para ser “crooner” de uma banda

que tocava numa boate da cidade. Como sou completamente desafi nado, levei o convite na brincadeira e mais por curiosidade do que por interesse no emprego, perguntei o que ti-nha acontecido com o cantor anterior. A res-posta foi fascinante. Ele tinha sido morto por um índio porque tinha desafi nado quando cantava “Detalhes” a pedido dele para uma mulher que o acompanhava.

Proteção legal. Mas melhor ainda foi a forma como o índio fez o serviço. Conhe-cedor da lei dos brancos, com quem vivia e negociava, o hipotético selvagem foi para casa, pegou uma borduna, retornou para a boate, esperou o cantor sair e amassou-lhe a cabeça. Como cometeu o crime com uma arma típica da tribo, fi cou fora do alcance da lei, porque a lei brasileira considera os índios inimputáveis de forma geral, mas a jurisprudência sofi sticou o sistema, levando em conta a capacidade de compreensão do ato por parte do criminoso. Nesta linha de ra-

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as terras no planalto de Piratininga, eram ocupadas pelos tupis. Os antepassados dos índios guaranis, que tomaram de assalto as reservas ecológicas do Estado, vieram para cá escravizados, primeiro, pelos tupis e depois, pelos bandeirantes, estes sim descendentes diretos dos índios que habitavam a área.

Direitos.dos direitos indígenas é complexa, urgente e deve ser enfrentada com bom senso. Se não for por nada, para incluir, sem preconceitos ou ideias pré-concebidas, de forma defi ni-tiva, ampla, geral e irrestrita, cidadãos bra-sileiros, titulares dos mesmos direitos que qualquer outro, na vida social da nação.

Para isso, é fundamental que a realidade seja vista e tratada como ela é. A história dos índios brasileiros não se confunde com o que aconteceu com os ameríndios dos países de

origem espanhola. Também não há razão

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ciocínio, ao matar com uma arma indígena, o ilustre cidadão deixa de praticar um crime porque não sabe o que está fazendo, ainda que vivendo entre os brancos e usufruindo das vantagens da civilização. Ao passo que, se matar com seis tiros de 38, a coisa muda, porque se trata de arma de branco e portanto, ele é civilizado e passível de condenação, já que entende o que está fa-zendo e sabe que é crime.

Caça e comércio. Depois, quando morava na Alemanha, recebi uma carta, primorosa-mente bem escrita por um primo, que des-crevia como índios de Rondônia faziam para caçar veados e transformar suas patas em cabos de espanador ou chicote e vendê-las na beira da estrada.

O sistema era simples e remontava a tem-pos ancestrais, quando o branco ainda não sonhava com a América. Eles descobriam a presa, estudavam o terreno, analisavam as rotas mais propícias para levá-la em direção

a uma ravina ou outro canto apertado, onde pudessem matá-la com facilidade e depois tocavam fogo no campo ou no pasto, para forçar o veado a fugir no rumo do ponto escolhido para o abate.

Como não se preocupavam em apagar o incêndio causado, destruíam hectares de vegetação nativa ou não, apenas para matar um veado que teria como utilidade ser esquartejado para que as patas fossem vendidas como peças exóticas para o ho-mem branco.

Dizer que estes índios não sabiam o que estavam fazendo é acreditar em Papai Noel, ou na lenda do Boto, para fi car na região amazônica. Ninguém mata um veado pretendendo transformar a caça em arte-fato de uso doméstico se não souber que tem comprador para ele. Ou seja, eles se valiam de um comércio absolutamente ilegal e de medidas criminosas para con-seguir seus produtos, protegidos por uma legislação fora da realidade, que eles sa-biam que os protegeria.

Crimes. Também vale lembrar toda a sé-rie de escândalos que marcaram a vida de alguns caciques que adquiriram visibilidade durante os anos 1.980. De acusação de es-tupro a contrabando, indo ao corte indiscri-minado das árvores de lei de suas reservas, eles passaram por várias saias justas, boa parte delas desculpadas com o argumento de que não sabiam o que estavam fazen-do, o que não era verdade. Eles sabiam, e se valiam da lei para não responder por seus crimes, muitos dos quais, se pratica-

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a uma ravina ou outro canto apertado, onde pudessem matá-la com facilidade e depois tocavam fogo no campo ou no pasto, para forçar o veado a fugir no rumo do ponto

Como não se preocupavam em apagar o incêndio causado, destruíam hectares de vegetação nativa ou não, apenas para matar um veado que teria como utilidade ser esquartejado para que as patas fossem vendidas como peças exóticas para o ho-

Dizer que estes índios não sabiam o que estavam fazendo é acreditar em Papai Noel, ou na lenda do Boto, para fi car na região amazônica. Ninguém mata um veado pretendendo transformar a caça em arte-fato de uso doméstico se não souber que tem comprador para ele. Ou seja, eles se valiam de um comércio absolutamente ilegal e de medidas criminosas para con-seguir seus produtos, protegidos por uma legislação fora da realidade, que eles sa-

Também vale lembrar toda a sé-rie de escândalos que marcaram a vida de alguns caciques que adquiriram visibilidade durante os anos 1.980. De acusação de es-tupro a contrabando, indo ao corte indiscri-minado das árvores de lei de suas reservas, eles passaram por várias saias justas, boa parte delas desculpadas com o argumento de que não sabiam o que estavam fazen-do, o que não era verdade. Eles sabiam, e se valiam da lei para não responder por seus crimes, muitos dos quais, se pratica-

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dos por qualquer outro cidadão maior de idade, dariam cadeia pesada, ainda que, no Brasil, isso seja raro.

Mudanças. Hoje, está claro para a maio-ria dos brasileiros que boa parte dos nossos índios prefere lanchas “voadeiras”, aviões e peruas 4x4 a pirogas, ocas e tacapes. Em vez de pescar usando cipó timbó para envenenar as águas e matar os peixes, eles acham mais cômodas as delícias dos restaurantes das cidades ou mesmo a dinamite que, ex-plodindo na água, mata muito mais, com menos esforço.

Em função desta percepção, está em an-damento avançado um projeto de lei que altera o atual status dos índios, deixando de considerá-los inimputáveis apenas por serem índios.

Entrando em vigor, esta lei equipará os brasileiros, hoje vistos de duas formas dife-rentes, ou melhor, divididos em duas catego-rias. Enquanto milhões de cidadãos podem ser condenados penalmente, sujeitos aos rigores do Código Penal, alguns milhares, em nome de uma realidade inexistente em grande parte do território nacional, fi cam à margem da lei, inatingíveis, ainda que co-metendo as maiores barbaridades.

Nova legislação. Mais que isso, a nova legislação dará dignida-de ao índio, um cidadão como qualquer outro que, por razões preconceituosas, vinha sendo tratado como um imbecil, inca-paz de saber as consequências de seus atos, ainda que convi-

vendo com as outras etnias, ditas civiliza-das, que compõem a nação brasileira.

Não há dúvida que ainda existem tribos fora dos parâmetros de desenvolvimento alcançados pela sociedade em geral. Mas eles são a exceção da regra. E, mal e mal, totalizam alguns milhares de indivíduos, a maioria perdida nos cafundós da selva ama-zônica.

Miscigenação. A maioria dos ameríndios brasileiros não foi morta pelo homem branco. Ao contrário, eles se misturaram com o europeu, resultando, junto com o branco e o negro, na base de nossa po-pulação. É assim que os estados de São Paulo para o sul e da região amazônica têm forte ascendência indígena, enquanto os estados do leste e nordeste apresentam forte concentração de sangue negro.

É verdade que algumas tribos ainda vi-vem como seus antepassados. Também é verdade que elas têm o direito de preservar seu modo de vida e que compete ao gover-no prover-lhes o necessário para isso. Mas não é verdade que tenham mais direito que os outros brasileiros ou que, por escolherem outro modo de vida, possam fi car à margem da lei. Por tudo isso, este projeto precisa ser aprovado rapidamente.

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DICAS De LeITURA DA APH

TEMAS DE SEGURO, DE ANTONIO PENTEADO MENDONÇA, EDITORA RONCARATI, 2009, 320 PÁGINAS.

O livro trata sobre o seguro em suas nuances, diferenças, limites e extensão de cober-turas, restrições, ressalvas e abordagens sobre cláusulas contratuais e outros pontos essenciais para que o segurado faça adequada avaliação do que está comprando.É um guia prático para todos que, de alguma forma, trabalham ou têm contato com o tema, e visa “destrinchar” o conceito básico que norteia toda e qualquer operação de seguro.

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NO BRASIL, DE PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA, INTEGRARE EDITORA, 2008, 144 PÁGINAS.

Trata-se de um conjunto de ensaios e artigos de Paulo Nathanael Pereira de Souza, em que o autor refl ete sobre a crise na educação brasileira, aponta os problemas que a asso-lam e sugere caminhos para a lenta superação deste grave impasse no sistema de ensino nacional.Como educador de prestígio, o autor vem lutando incansavelmente pela real efi -ciência na formação de professores e de alunos, propondo novos olhares para a questão do ensino e mudanças que realmente tornem a educação uma ferramenta

de transformação do povo e do Brasil.

VOZES DA EDUCAÇÃO, DE ARNALDO NISKIER, EDITORA ALTADENA, 2009.

Este livro, que é o 19º de uma série iniciada há cerca de 30 anos, traz 100 crônicas inéditas, publicadas em importantes veículos brasileiros da imprensa. As principais características da obra são a coerência e a visão crítica a respeito dos grandes proble-mas enfrentados no desenvolvimento do nosso País, que clama por uma prioridade para as questões ligadas sobretudo à educação. Também está presente neste trabalho a defesa da necessidade de maiores recursos fi nanceiros e da vontade política vol-tada para a capacitação e a valorização dos docentes.

AS ANTECIPAÇÕES DE LOBATO E OUTROS ESCRITOS, DE ENÉAS ATHANÁZIO, EDITORA MINARETE, 2002, 48 PÁGINAS.

Considerado um dos mais importantes contistas do Estado de Santa Catarina, Enéas Athanázio traz, neste livro, vários ensaios sobre Monteiro Lobato, assim como tam-bém sobre Rangel, Cendrars e outros. Como é característico das obras deste autor, os ensaios abrangem um volume incontestável de conhecimento, fruto de estudo e pesquisa, registro da história da nossas letras que vem enriquecê-las ainda mais.

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ba. Ela fi cava bem próxima à Estação da Luz. Em um ponto pouco distante, também havia sido criada a primitiva Estação Barra Funda.

Ampliação. Também em 1.875, era inau-gurado o tráfego da Companhia São Paulo & Rio de Janeiro e a Estação do Norte, no Bair-ro do Brás. Era a terceira ferrovia que cor-tava e servia a capital paulista. Essa estrada férrea foi pensada para ser desenvolvida em três partes: de São Paulo a Jacareí; de Jacareí até Taubaté (posteriormente estendida até Caçapava) e de Taubaté (depois substituída por Caçapava) a Cachoeira. Foi inaugurada ofi cialmente em 8 de julho de 1.877, com diversas comemorações. A primeira parte abrangia, na época, São Paulo, Mogi das Cruzes e Jacareí, que era a cidade de um dos maiores fi nanciadores desta ferrovia: João Costa de Gomes Leitão, que participou com maciços investimentos, juntamente com o seu genro, o futuro Barão de Castro Lima, de Lorena.

Curiosamente, nesta mesma cidade que teve o homem que desejou e lutou para que

São Paulo Railway: a primeira ferrovia paulista

AA primeira ferrovia a ser construída em solo paulista foi a São Paulo Railway, que, posteriormente, recebeu o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, com quase 140 quilômetros de extensão e bitola larga (1,60 m). Foi inaugurada em 16 de fevereiro de 1.867, quando um fato curioso, senão trá-gico, ocorreu: houve um acidente ferroviá-rio entre o Brás e a Estação da Luz, quase vitimando diversas pessoas importantes da sociedade paulista e nacional.

Estações. As primeiras estações construí-das em solo paulistano foram: a Estação do Brás – onde, ao lado, foi construída a Estação do Norte, ponto inicial da Compa-nhia São Paulo & Rio de Janeiro, Estação da Luz, em um prédio simples, muito diferente do atual, Água Branca e Perus, todas inau-

guradas em 16 de fevereiro de 1.867. Em 10 de julho de 1.875, era inaugurada a Estação São Paulo, atualmente conhecida como Estação Júlio Prestes, mas que, na época, era também um prédio muito simples, construído pela Estrada de Ferro Sorocabana, que partia de São Paulo rumo à região de Soroca-

Luiz Gonzaga Bertelli Presidente da Academia Paulista de História - APH

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a ferrovia passasse por Jacareí, desenvolven-do a cidade além de todo o Vale do Paraíba, também há pessoas que, hoje, querem retirar a todo o custo seus trilhos, atualmente desa-tivados. O que pensaria o visionário João da Costa Gomes Leitão ao ver esta iniciativa de seus contemporâneos?

Em 1.891, a Companhia São Paulo & Rio de Janeiro seria encampada pelo governo federal e repassada à Central do Brasil, que era o nome dado à Estrada de Ferro d. Pedro II, após a Proclamação da República.

A construção. Em 31 de março de 1.873, eram iniciados os trabalhos da Companhia São Paulo & Rio de Janeiro. A inauguração teve a assistência do dr. João Teodoro Xavier, então presidente da província de São Paulo, membros da Assembléia Legislativa Provin-cial e um grande número de pessoas impor-tantes da sociedade. A ferrovia foi construída em cerca de quatro anos e chegou a ter a vi-sita do Imperador d. Pedro II, em 1.875, para acompanhar a sua construção, pouco tempo antes do primeiro trecho ser inaugurado. Ti-nha como marco inicial a Estação do Norte, no Bairro do Brás. Esta ferrovia foi projetada em bitola métrica (distância entre um trilho e outro).

Os caminhos. A Ferrovia cortava, na épo-

ca, a zona mais populosa do Estado de São Paulo: o Vale do Paraíba, o chamado “Norte de São Paulo” e o que hoje é a zona mais populosa da capital paulista, a zona Leste. A partir daí, é possível mensurar um pouco de sua importância social, que se refl ete do passado até os dias atuais. Naquele tempo, Mogi das Cruzes fazia divisa com a capital, o que mudou com o passar dos anos, quando foi desmembrada, dando origem a diversos outros municípios. Um dos principais arti-culadores dessa Estrada foi o dr. Salvador José Corrêa, membro infl uente da sociedade na época, fazendo com que ela atravessasse boa parte do território mogiano, além do próprio centro de Mogi das Cruzes, deline-ando, assim, fortemente o traçado.

A primeira Estação da Zona Leste foi a de Guayaúna (localizada na Penha), que fi cava

a 7.200 metros da Estação do Norte, no Brás, inaugu-rada em 11 de novembro de 1.875. Tecnicamente, de certa forma, é possível

Estação Júlio Prestes, antiga Estrada de Ferro Sorocabana.

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considerar a Estação do Norte também como sendo da zona Leste, já que o bairro do Brás é a porta de entrada da região. Tempos depois, foi criada a estação de Lajeado, em terras do atual bairro de Guaianases. Um fato curioso é que a iconografi a da região paulistana, após a estação do Norte, era escassa, não havendo muita infra-estrutura. Mesmo fotos da região da estação do Norte e Largo da Concórdia e até mesmo da estação do Brás, são raras, enquanto do trecho paulistano após o Rio Tamanduateí é muito mais farta. A zona Les-te era uma região “esquecida”.

O traçado. O caminho natural desta fer-rovia deveria ser, a partir do Brás, nas pro-ximidades do Bairro da Penha, seguir pela Várzea do Rio Tietê (como tempos depois fez a Variante de Poá) e nas proximidades da atual Itaquaquecetuba, seguir a Várzea do Rio Parateí (como depois fez a Varian-te do Parateí). Mas este traçado, na época, poderia ter o grande problema de passar por

regiões muito alagadiças, podendo aumentar demasiadamente o custo por quilômetro e os gastos com manutenção. Em compensa-ção, teria um traçado com poucos declives e aclives, em uma área de relevo mais ameno. Mas, por infl uência direta do dr. Salvador José Corrêa, a estrada teve um traçado dese-nhado por regiões com grandes declividade (atuais Arthur Alvim, Itaquera, Guaianases, Sabaúna e Guararema), e por boa parte do território de Mogi das Cruzes, como as atu-ais Ferraz de Vasconcelos, Poá e Suzano, que depois se desmembraram, além dos atu-almente populosos distritos de Jundiapeba, Brás Cubas, Área Central, César de Souza, e ainda pela localidade de Luís Carlos. Um dado interessante é que, em fi nais do século XIX, a Ferrovia Central do Brasil, quando assumiu a Companhia São Paulo & Rio de Janeiro, chegou a pensar em construir uma variante para erradicar o trecho e, consequen-temente, os pontos críticos entre o bairro da

A São Paulo Railway, primeira ferrovia paulista, inaugurada para transportar café da cidade de Jundiaí para o porto de Santos, foi reformada e voltou a funcionar desde o dia 25 de abril. O expresso Turístico Luz-Jundiaí, projeto do governo, visa incentivar a cultura e o turismo regional.Partindo agora da Estação Luz, o trem, que acomoda confortavelmen-te até 174 pessoas, levará os passageiros para a Estação Jundiaí, sempre aos sábados, às 8h30. As passagens custam R$ 28,00 (ida e volta) e só é aceito dinheiro.No percurso de 60 quilômetros e cerca de 1h30, os monitores infor-

mam o público sobre pontos históricos e explicam detalhadamente um pouco mais sobre cada local. Em Jundiaí, o turista poderá escolher três roteiros: o cultural, o ecológico e o circuito das frutas, ou fazer seu próprio destino. O retorno é previsto para às 18h.

Primeira ferrovia do estado é reativada e funcionará como passeio turístico

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ReGISTRoS

Foi realizado, no dia 25 de março, mais um almoço de confraternização das academias paulistas. O evento contou com a presença do presidente da APH, Luiz Gonzaga Bertelli e do presidente da Academia Paulista de Letras, José Renato Nalini, que efetuou o lançamento do livro de sua autoria.

Almoço das Academias

Nelson Alves, Paulo Nathanael Pereira de Souza, Wilson Zampieri e Luiz Gonzaga Bertelli.

Geraldo Alckmin cumprimenta a nova presidente da Academia, Yvonne Capuano. Ao fundo o presidente da FIESP, Paulo Skaf.

José Renato Nalini.

No dia 29 de abril, foi realizada, no auditório nobre da FIESP, a solenidade de comemoração do 114° aniversário da Academia de Medicina de São Paulo. No evento, tam-bém tomou posse a nova Diretoria para o biênio 2009/2010. Assumiu a presidência a acadêmica Yvonne Capuano, que também integra a diretoria da Academia Paulista de Histó-ria. Após a solenidade, que contou com presenças ilustres como a do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi oferecido um coquetel de confraternização.

Posse na Academia de Medicina

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Disseminando a história de São PauloCom o objetivo de tornar conhecido entre

o público escolar o Arquivo Histórico Mu-nicipal, bem como divulgar os documentos conservados nesta instituição, foi desenvol-

vida a publicação “Conhecen-

do o Arquivo Histórico Munici-

pal – Os primeiros Séculos na

Cidade de São Paulo”.É possível encontrar, neste

material, a motivação para a realização de futuras pesqui-sas sobre a história da cidade de São Paulo e sua população,

já que o livro traz uma pequena parte deste acervo, como cartas, mapas, atas, objetos e outros documentos que marcam passa-gens importantes de mais de 400 anos da história da capital paulista. Além disso, os visitantes podem aprender, através desta publicação, o que é um documento, como ele é higienizado e conservado, entre ou-tras curiosidades das atividades desenvol-vidas pela instituição.

O material é oferecido aos alunos que, acompanhados de seus professores, vão ao Arquivo, como apoio às visitas.

No dia 14 de abril, aconteceu a abertura da exposição do pintor paulistano Anto-nio Peticov, no Artestudio Mauro Cha-ves, do acadêmico da APH e jornalista, Mauro Chaves.

A mostra, nomeada “A Contempora-

neidade de uma Tradição” pelo crítico

Solenidade abre exposição de Antonio Peticov

Gilberto Kassab, Mauro Chaves, Antonio Peticov e esposa.

de arte Fábio Magalhães, por revelar a intimidade do artista com a pintura geo-métrica, contou com o apoio do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE.

Ao todo, estão expostos 39 trabalhos, acrílico sobre tela, de Peticov, sendo que a maioria das telas foi produzida em 2008.

Autoridades e personalida-des ilustres compareceram ao evento, como o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab.

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ACADeMIA PAULISTA De HISTÓRIAMembros Titulares - Diretoria 2007 a 2009

Acadêmico Cadeira Patrono AntecessorAdilson Cezar 33 Afonso Antônio de Freitas José Augusto Vaz ValenteAldo Janotti 18 Américo Brasiliense Antunes de Moura (fundador)Alzira Lobo de Arruda Campos 39 Alexandre de Melo Morais Ernâni da Silva BrunoAntonio Fernando Costella 14 João Pandiá Calógeras Celso Maria de Mello PupoCélio Salomão Debes 4 João Capistrano de Abreu (fundador)Douglas Michalany (Presidente Emérito) 13 José Francisco da Rocha Pombo Pedro Ferraz do AmaralDuilio Battistoni Filho 3 Washington Luís Pereira de Sousa Antônio Barreto do AmaralErwin Theodor Rosenthal 27 Aurélio Porto José Ferreira CarratoGuido Arturo Palomba 9 Frei Vicente do Salvador Raul de Andrada e SilvaHeloisa Maria Silveira Barbuy 17 Tobias Monteiro Emmanuel Soares da Veiga GarciaHernâni Donato 12 Manuel Eufrásio de Azevedo Marques Áureo de Almeida CamargoHeródoto de Souza Barbeiro 19 Fernão Cardim Délio Freire dos SantosIsrael Dias Novaes 20 José Feliciano Fernandes Pinheiro Paulo Pereira dos ReisIves Gandra da Silva Martins 16 Afonso d’Escragnolle Taunay Eduardo d’Oliveira FrançaJesus Machado Tambellini 31 Gabriel Soares de Sousa José Roberto do Amaral LapaJoão Monteiro de Barros Filho 22 Barão do Rio Branco Hélio DamanteJosé Renato Nalini 37 Alexandre Rodrigues Ferreira José Geraldo EvangelistaJosé Sebastião Witter 2 Júlio Meilli Álvaro da Veiga CoimbraManoel Rodrigues Ferreira 5 Pedro Taques de Almeida Pais Leme (fundador)Manuel Nunes Dias 34 Jaime Cortesão (fundador)Maria Beatriz Nizza da Silva 25 João Ribeiro Jorge Bertolaso StellaMaria Lúcia de Souza Rangel Ricci 10 Manuel de Oliveira Lima Arrisson de Sousa FerrazMauro Chaves 32 Euclides da Cunha José Celestino BourroulMyriam Ellis 36 Basílio de Magalhães (fundadora)Nelly Martins Ferreira Candeias 30 Brasílio Machado Isaac GrinbergPaulo Bomfim 29 Pedro de Magalhães Gandavo José de Melo PimentaPaulo Nathanael Pereira de Souza 8 João Antônio Andreoni Alice Piffer CanabravaRoberto Machado Carvalho 6 João Francisco Lisboa Pedro Brasil BandecchiSamuel Pfromm Netto 7 Alexandre de Gusmão Péricles Eugênio da Silva RamosShozo Motoyama 15 Serafim Leite Divaldo Gaspar de FreitasWálter Fanganiello Maierovitch 28 Teodoro Fernandes Sampaio Emeric Lévay(vago) 26 Diogo de Vasconcelos José Affonso de Moraes Passos(vago) 35 José de Alcântara Machado Miguel Reale(vago) 38 Francisco José de Oliveira Viana Odilon Nogueira de Mattos(vago) 40 Antônio de Toledo Piza José Gonçalves Salvador

Presidente:Luiz Gonzaga Bertelli (cad. 21)Patrono: Rafael Maria Galante

Antecessor: Pe. Hélio Abranches Viotti

Vice-Presidente:Ruy Martins Altenfelder Silva (cad. 1)Patrono: Francisco Adolfo de VarnhagenAntecessor: José da Veiga Oliveira

Tesoureiro:Antonio Penteado Mendonça (cad. 11)Patrono: Frei Gaspar da Madre de DeusAntecessor: Duílio Crispim Farina

1ª SecretáriaAna Maria de Almeida Camargo (cad. 24)Patrono: Simão de VasconcelosAntecessor: Álvaro do Amaral

Secretária-Geral:Yvonne Capuano (cad. 23)Patrono: Júlio de Mesquita FilhoAntecessor: Heliodoro Tenório da Rocha Marques

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