revista conexão bahia 209
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Nova geração do cacau investe em chocolate fino. Entrevista: Ministro da Micro e Pequena Empresa fala sobre mudanças no Simples Nacional para 2015. Sua empresa está bem posicionada nas redes sociais? Mulheres negras vencem obstáculo e conquistam espaço no mercado empresarial. Empresa de locação de pastagens ajuda a abrigar rebanhos em período de seca. Cachaça abaíra conquista registro de Indicação Geográfica (IG). Empretec ajuda a descorir características empreendedoras. Publicação oficial do Sebrae Bahia – Edição 209.TRANSCRIPT
edição 209
9912345149-DR/BASebrae-Ba
Mala DiretaBásica
ENTREVISTAMinistro da Micro e Pequena Empresa fala sobre mudanças no Simples Nacional para 2015
COMÉRCIO E SERVIÇOSSua empresa está bem posicionada nas redes sociais?
Nova geração do cacau investe em chocolate fino
Expediente
Publicação do Sebrae Bahianº 209, dezembro de 2014 Filiada à Aberje
Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Bahia João Martins da Silva Júnior
Diretor-superintendente Edival Passos Souza
DiretoresLauro Alberto Chaves Ramos Luiz Henrique Mendonça Barreto
Unidade de Marketing e Comunicação
CoordenaçãoCássia Montenegro (DRT 1052)
EquipeAlice Vargas, Mauro Viana, Helder Oliveira, Pedro Soledade, Rafael Pastori, Rodrigo Rangel, Vanessa Câmera e Isabela Oliveira. Estagiários: Daiane Santiago, Cristiane Gonçalves, Isabel Santos e Thais Almeida.
Agência Sebrae de Notícias(Varjão & Associados Comunicação)
Anaísa Freitas, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Cristhiane Castro, Cristina Laura, Laiana Menezes, Maria Clara Lima, Gustavo Rozario, Fernanda Barros, Nara Zaneli, Tamara Leal, Luciane Souza, Cyntia Farabotti, Maiane Matos, Renata Smith, Roberta Neri e Silvia Araújo.
RevisãoAnaísa Freitas
Edição Carla Fonseca
Edição de FotografiaJoão Alvarez
CapaGetty Images
Projeto Gráfico OriginalSolisluna Editora
EditoraçãoObjectiva
ImpressãoQualigraf Serviços Gráficos e Editora Ltda
Tiragem20.000 exemplares
Cartas Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua Horácio César, 64, Dois de Julho Salvador, Bahia. CEP: 40060-350. [email protected]
Telefones 71 3320.4558/4367
Agência Sebrae de Notíciaswww.ba.agenciasebrae.com.br
Produção de cacau orgânico e choco-late fino se mostram como novas op-ções no agronegócio da região Sul da Bahia. Este é o tema da reportagem especial da Revista Conexão, que detalha a atuação da Associação Cacau Sul da Bahia. A entidade foi criada para defender os interesses de 2,5 mil produtores e ser a ponte entre agricultores e instituições ca-pazes de fornecer suporte técnico.
A tradicional Cachaça de Abaíra conquistou o registro de Indicação Geográfica (IG) da Bahia concedido pelo Instituto Nacional da Proprie-dade Industrial (INPI). Este é outro tema que a revista Conexão traz uma reportagem especial. Originada na Chapada Diamantina, a bebida configura-se como o primeiro pro-duto do estado a adquirir a IG.
A entrevista desta edição é com o ministro Guilher-me Afif Domingos, que está a mais de um ano à frente da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da Repú-blica (SMPE). Ele fala sobre a Lei Comple-mentar 147/2014, que traz mudanças para a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar nº
123/06). Com a medida, a partir de
2015, mais de 140 atividades pode-
rão optar pelo sistema de tributa-
ção do Simples Nacional, conhecido
como Super Simples.
A revista Conexão 209 traz tam-
bém uma reportagem sobre a atua-
ção dos pequenos negócios nas re-
des sociais. A interação do público e
o aumento na procura pelos serviços
estimularam os empresários a pro-
fissionalizarem essa presença nas
redes. Como um mecanismo a mais
na divulgação de produtos e servi-
ços, elas têm o diferencial de baixo
custo, já que, para seu uso, bastam o
acesso à internet e um computador,
tablet ou smartphone. Na reporta-
gem, empresários mostram como se
prepararam para investir na área e
os frutos que estão colhendo.
A utilização da marca Sebrae é de uso exclusivo do titular da mesma. Seu uso por terceiros, sem autorização prévia, expressa e formal da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia, é passível de punição, conforme previsto pela Lei da Propriedade Industrial nº 9279/96.
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Empresários fundam Associação Cacau Sul da Bahia para defender interesses comuns
Nova geração do cacau investe em chocolate fino
26MErcadONegócios dinâmicos
28ENTREVISTAGuilherme Afif DomingosNovo Simples Nacional
32EcONOMIa crIatIvaMusical, criativo e empreendedor
35MIcrOEMPrEENdEdOr INdIvIdUaLAndar com fé
37EMPrEENdEdOrIsMOÓleo que rende
38sEBraE PErtO dE vOcÊ
6cOMÉrcIO E sErvIÇOsRedes Sociais para #crescer
9POLítIcas PúBLIcasMeu black é power
12INOvaÇãO E tEcNOLOGIaInvenções para o campo
15INdústrIaTecnologia agrega valor
18aGrONEGócIONatural de Abaíra
23EdUcaÇãO EMPrEENdEdOraComportamento empresarial
Sumário35
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cOMÉrcIOE sErvIÇOs
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Redes Sociais para #crescerPresença em redes sociais tem baixo custo e grande resultado em divulgação de marca
No primeiro ano de presença na rede, o dono da Mamma’s Pizza, Cláudio Branco, percebeu um incremento próximo de 20% no faturamento
O website da Mamma’s Pizza foi a primeira experiência do empresário Cláudio Branco com a internet. O in-teresse veio da participação no Em-pretec, há 11 anos. “Apesar de não ter muita habilidade em manuse-ar, começamos de uma forma bem amadora, com imagens das pizzas e do ambiente, e conseguimos ter
um retorno bem satisfatório”, lem-bra Cláudio. No primeiro ano de presença na rede, ele percebeu um incremento próximo de 20% no fa-turamento da empresa.
Depois de avaliar que aquela ação de baixo custo poderia alavancar o empreendimento, em 2013, Cláudio percebeu que era hora de contratar
um profissional em mídias digitais para garantir a visibilidade da marca no Facebook, no Foursquare (aplica-tivo de geolocalização) e no Insta-gram (rede para compartilhar fotos e vídeos). “A indicação veio da Agen-te Local de Inovação (ALI) do Sebrae, que acompanha nosso empreendi-mento desde o final de 2013”.
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O resultado não poderia ser outro: o número de 342 seguidores do Face-book, registrado em março de 2013, já passa de 1,9 mil curtidores da pizza-ria. A qualidade das postagens tam-bém melhorou, não mais se restrin-gindo à Mamma’s Pizza, mas voltadas às temáticas ligadas ao universo da gastronomia. Com 28 funcionários no quadro efetivo, a Mamma’s Piz-za conta com 17 anos de mercado e atuação de Tânia Bittencourt, esposa de Cláudio, na gestão administrativa. “Eu não sei se teríamos tanto desta-que como hoje sem as mídias sociais. Elas são o reflexo do trabalho que nós realizamos”, pontua o dono da pizza-ria que, este ano, recebeu o Prêmio Veja Comer & Beber.
Sempre interessada em aprender sobre as mídias sociais na internet, a empresária Ana Luiza Luedy investe em capacitações que a auxiliem no processo de inserção da marca Vila Mamãe nas plataformas virtuais. Há cerca de um ano e meio, a loja espe-cializada em moda gestante e pós-parto atua de forma ativa na rede Instagram, e já supera o número de 900 seguidores e de 570 postagens. O investimento da empresária nos meios online de interação alcança ainda o site de compartilhamento de vídeos na internet, YouTube, no qual já é possível assistir a ensaios fotográficos com as gestantes fre-quentadoras da loja.
“Quando uma empresa inicia um processo de publicidade nesse am-biente, deve se preparar para um novo desafio: identificar e traçar a maneira mais adequada para inte-ragir com o seu público-alvo, o que varia de acordo com a natureza e segmento de atividade de cada ne-
gócio”, afirma a técnica do Sebrae em Salvador, Betina Costa Pinto. Para ela, é importante o empresá-rio perceber que as redes sociais já são parte da rotina das pessoas para geração de vínculos, pois 41% dos usuários que são fãs de uma marca a recomendam para seus contatos e 28% desses fãs são fidelizados pelos meios online.
Quando decidiram investir no Pet Center Graça, em 2012, os sócios e engenheiros, Fabian Diniz e Gusta-vo Calvelli, já sabiam que as redes sociais serviam como veículo de co-municação rentável e barato para a proposta da dupla em manter o di-ferencial competitivo através do ex-celente atendimento. “Percebíamos que nossos clientes usavam muito as redes, e que era fundamental essa inserção naquele ambiente. Logo no primeiro semestre de funcionamen-to, começamos com um perfil sim-ples no Facebook”, lembra Gustavo.
A interação do público e o aumen-to na procura pelos serviços estimu-laram o sócio a profissionalizar essa presença na rede social, contratan-do uma empresa especializada em marketing digital para a criação da fanpage. Com isso, o cliente passou a acessar de maneira rápida e simples as promoções em vacinas, banho e tosa, divulgadas no espaço, bem como as feiras para adoção de filho-tes e campanhas de ajuda animal. Em 2013, os sócios iniciaram projetos de estruturação do negócio, por meio da participação no programa ALI, que, segundo Gustavo, identificou pontos de melhorias necessárias em controle de estoque e processos de aperfeiçoamento do software para leitura de código de barras.
Posicionamento nas redes sociais
Como um mecanismo a mais na
divulgação de produtos e serviços,
as redes sociais trazem o diferencial
de baixo custo, já que, para seu uso,
bastam o acesso à internet e um
computador, tablet ou smartphone.
Dados da consultoria eMarketer
mostram que o número de brasilei-
ros que utilizam o Facebook todos
os meses chegou a 89 milhões, entre
abril e junho deste ano. O número
equivale a dizer que oito em cada 10
internautas do país (mais de 107,7
milhões de pessoas) acessam a rede
mensalmente.
“Hoje, não estar nas redes so-
ciais é como não ter telefone. O
Facebook, o blog, o site, o Twitter,
tudo funciona como cartão de vi-
sita obrigatório para conhecer um
produto ou serviço. Quanto mais
mecanismos você tiver nessa plata-
forma, maiores as chances”, analisa
o jornalista, escritor e palestrante,
Gilberto Dimenstein, ressaltando
ainda que as redes dão poder aos
pequenos negócios para competi-
rem com os outros.
Para a divulgação eficiente, a dica
de Gilberto aos empreendedores
é mostrar informações relevantes
para o consumidor, de modo que,
se ele vende algo na área de saúde,
passar dados sobre o tema, e não
se limitar apenas ao produto ou
serviço em si. A transparência nas
informações passadas também é
outro ponto que merece destaque
nesse processo de aparição virtual.
“Há também questões que causam
afastamento do público, como uma
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página mal feita ou com erros de escrita, aos quais o empresário pre-cisa estar atento”.
Sobre os riscos das reclamações em tempo real, possível com as re-des, Gilberto afirma que isso pode acontecer também nos espaços físi-cos, e que o grande diferencial é sa-ber lidar com essa “onda digital”. “Se você tem um bom produto e oferece um bom preço, consegue encarar isso com mais facilidade”.
Facebook é a plataforma preferida
De acordo com levantamento da Hitwise, ferramenta líder global de inteligência em marketing digital da Serasa Experian, em julho deste ano, o Facebook atingiu cerca de 67% de participação das visitas, mantendo-se como líder entre as redes sociais mais visitadas no país desde 2012. Já o YouTube vem ganhando espaço ao sair dos cerca de 21% em dezembro de 2013, para 23%, em julho deste ano. Twitter e Instagram respondem por respectivos 1,39% e 0,73%.
Para o gestor de mídias sociais da Unidade de Marketing e Comunica-ção do Sebrae Bahia, Rodrigo Rangel, o sucesso da rede se deve ao fato de permitir muitas possibilidades de interação, como curtir, compartilhar e marcar publicações, bem como a chance de comunicar por fotos, ví-deos e textos. “Essa característica encontra apoio em algumas mu-danças recentes, externas às mídias sociais, como a popularização dos smartphones, que permitem a gra-vação e o envio desses tipos de ar-quivo, e a melhoria da qualidade da internet no Brasil”.
Na pesquisa TIC Empresas 2013, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), dentre os estados do país com a maior participação de visitas às redes sociais em julho, a Bahia segue como líder do Norte-Nordeste e sétima no ranking nacional, com quase 3%. O crescimento desse índice está ligado a indicadores sociais, como acesso à rede elétrica e internet, e aumento do poder aquisitivo da população.
Presença nas redes sociais
Como se dar bem• Contrate especialista para dar
conta das demandas na rede;
• Ficar atento ao que o público gera
de informações espontâneas e como
isso pode impactar no negócio;
• Invista em formas criativas e atra-
entes de fazer publicidade nas re-
des, explorando a divulgação de
temas ligados à área de atuação;
• Promova sua rede com promoções
e outras atitudes positivas para
seu público-alvo, e que não gerem
custos elevados;
• Agilidade é tudo na internet. Por-
tanto, aproveite bem todo o tempo
de exposição para interagir cada
vez mais com seu cliente.
O que não fazer• Criar um perfil online sem ter um
planejamento sobre os objetivos
pretendidos naquele espaço;
• Profissional não é pessoal, de modo
que, uma das grandes gafes, é fazer
publicações de mensagens e fotos
próprias no perfil da empresa;
• Abandonar o perfil da empresa em
redes, sem qualquer atualização, é
um erro bobo, e que deixa uma im-
pressão negativa sobre o negócio;
• Aderir a todas as redes de uma só
vez (Facebook, Twitter, Instagram,
Foursquare, YouTube) sem avaliar
quais delas realmente impactam
positivamente nos negócios;
• Cada vez mais, os clientes apro-
veitam as redes sociais para fazer
reclamações. E a postura não indi-
cada é ignorá-los ou não respon-
derem de imediato, afinal, nada
pode ser pior para um negócio do
que um cliente insatisfeito.
No Pet Center Graça, Gustavo Calvelli usa o Facebook como veículo de comunicação rentável e barato
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POLítIcas PúBLIcas
Meu black é power Mulheres negras vencem obstáculos e conquistam espaço no mercado empresarial
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A proprietária da Loja Preta Pretinha, Antonia Joyce, está há 15 anos fazendo bonecos com traços marcantes e seu último lançamento foi a linha de bonecos da inclusão
Não faz muito tempo, há pelo menos cinco décadas, as mulheres ainda viviam o dilema de representar vá-rios papéis. Foi duro ganhar espaço num universo predominantemen-te ocupado pelo poder masculino. Elas tiveram que levantar bandei-ras, organizar passeatas, encher
as ruas com palavras de ordem e queimar sutiãs.
E as mulheres negras, então, tive-ram que lutar duas vezes mais para conquistar o seu espaço. Elas ganha-ram mais voz e se impuseram pela enorme capacidade de trabalho. Ape-sar dos inúmeros obstáculos ainda
a serem vencidos, o empreendedo-rismo passou a ser uma das chaves para a conquista do respeito social.
No Nordeste, 41% dos empreen-dedores são negros. No Brasil, 52% dos novos empreendimentos são co-mandados por mulheres. Na Bahia, 23% dos empreendimentos são co-
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mandados por negros. Em 10 anos, o número de negros donos de micro e pequenos negócios cresceu 28,5% no Brasil, quase 30 vezes mais que o crescimento registrado de em-presários brancos. Em 2001, eram 8,6 milhões de empreendedores de-claradamente negros, número que saltou para mais de 11 milhões, em 2011. Destes, 29% são mulheres que buscam no empreendedorismo ca-minhos para driblar as altas taxas de desemprego e os baixos salários.
De acordo com a coordenadora do Programa Agenda Bahia do Trabalho Decente da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Patrícia Lima, o perfil das empresas evidencia que as mulheres ainda são minoria nos espaços de poder e decisão. “É importante perceber que, mesmo com toda evolução na discus-são, ainda há uma naturalização da ideia de que as atividades familiares são de responsabilidade da mulher”.
Conforme o gerente de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territo-rial do Sebrae Bahia, Roberto Evan-gelista, um convênio firmado entre o Sebrae Nacional e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepir) vem reforçando a intenção da instituição de estimular o empre-endedorismo afrodescendente no país. “O objetivo é adotar políticas empreendedoras de capacitação e qualificação para desenvolvimento de pequenos negócios”, acrescenta.
Para a coordenadora nacional da Rede Kôdya, Ana Placidino, é preciso combater esse modelo de desenvol-vimento baseado na escravização. “Existem inúmeros desafios que pre-cisamos enfrentar, a exemplo da su-peração do estereótipo da boa apa-
rência, equiparação salarial, acabar com a violência doméstica e o racis-mo institucional. Quando falamos em mulher, negra e empreendedora, é preciso lembrar que esse país vi-veu 388 anos sobre a égide da escra-vização e nós sofremos por sermos mulheres, negras e pobres”.
Produtos inovadores conquistam mercado
E foi-se o tempo em que elas bus-cavam empreender por necessidade. Proprietária da Loja Preta Pretinha, Antonia Joyce, resolveu apostar em um sonho de infância. Quando crian-ça, ela e suas irmãs não se reconhe-ciam nas bonecas: loiras, brancas e com cabelos lisos. Os ensinamentos da avó, que sempre trabalhou a au-toestima da família e que começou a fazer bonecas de pano na cor preta e marrom, estavam guardados num compartimento da memória afetiva e foram acionados na hora certa.
“Os erros cometidos no meu ne-gócio anterior fizeram com que bus-casse o apoio do Sebrae e, dessa vez, elaborei um plano de negócio, fiz pesquisa de mercado, divulguei o trabalho no boca a boca. Já são 15 anos desenvolvendo essa atividade e lancei uma linha de bonecos da inclusão”, afirmou a empreendedo-ra paulista.
Vencedora da categoria Pequenos Negócios, do Prêmio Sebrae Bahia Mu-lher de Negócios, em 2011, Janete Lai-nha, da Casa Arte e Cultura, fazia fan-tasias com palha de coqueiro quando criança. Hoje, ela recebe o apoio do Sebrae na realização de projetos em-presariais, como a loja de fantasias e roupas para festas em Ilhéus.
Em agosto, o Sebrae, em parceria com a Secretaria de Políticas das Mulheres do Estado da Bahia, re-alizou o Seminário Mulher Negra e Empreendedora. Esse foi o se-gundo evento voltado ao público feminino, sendo que o foco dessa edição foi a empresária afrobra-sileira. O encontro contou com a participação de cinco empresá-rias negras que são referências nos segmentos moda, gastro-nomia e cultura: Dadá, dona do restaurante Tempero da Dadá; Negra Jhô, do Salão Hair Stylist; Michelli Fernandes, da Boutique Krioula; Antonia Joyce, da loja Preta Pretinha; e Janete Lainha, da Casa Arte e Cultura. A jorna-lista Glória Maria conversou com elas e também contou um pouco de sua trajetória no mercado.
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“Quando decidi abrir um negócio, peguei uma arara e um puff e esperei o primeiro cliente aparecer. Aos poucos, eles foram chegando e até hoje não param. Hoje, tenho uma loja em Salvador e outra no Rio de Janeiro. Comecei lentamente, primeiro como sacoleira, pegando 10 ônibus em um dia, subindo e descendo ladeira e entrando em bairros perigosos. O meu legado foram as mulheres da minha família. Elas me fi-zeram acreditar que era possível”.
Madalena Silva, Negrif
“Encontrei bura-cos profundos e levantei. Dormi na palha de coqueiro e banana. Passei fome. Mas tinha fé e pedi ao sol para me ajudar a crescer. Trabalhei como doméstica, fui babá, vendi co-mida no Porto da Barra. Chegava lá com astral alto, fazia uma verdadeira revo-lução. Quando abri o restaurante no Alto das Pombas, muita gente não acreditava. Acredito em mim e nasci para vencer!”
Dadá, Restaurante da Dadá
“Eu era discriminada dentro da minha própria casa. Pelos meus valores, cabelo, pela minha boca e olhos. Meus vizinhos diziam que eu parecia com um macaco. Peguei tudo isso e converti em positivo na minha vida. Sou mulher negra e guerreira. Criei meus filhos sem a presença masculina. Para ser empreendedora, é preciso acreditar em si mesma. Nós não nascemos em berço de ouro, nós fazemos o ouro. E o turbante é a minha coroa”.
Negra Jhô, Salão Penteados Afro
“A marca surgiu de uma ca-rência do mercado, de uma moda afro que conversasse com os jovens e negros. Exis-tiam outras marcas afro, mas tudo muito caricato. As pesso-as se identificam com o que eu vestia e percebi que o mercado ainda não apostava nessa li-nha. Então, comecei as pesqui-sas e decidi iniciar”.
Najara Black, Loja NBlack
Com a palavra, cases de sucesso
As empresárias Najara Black, Negra Jhô, Dadá e Madalena Silva participaram do Seminário Mulher Negra e Empreendedora
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INOvaÇãO EtEcNOLOGIa
Invenções para o campoEmpresa de locação de pastagens nasceu para ajudar a abrigar rebanhos em períodos de seca
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Empresários criam soluções para me-lhorar a qualidade de vida do pequeno produtor rural
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Quem não conhece o Professor Par-dal, das histórias do Tio Patinhas; Franjinha, da Turma da Mônica; ou Dexter, de O Laboratório de Dexter? Todos esses personagens de qua-drinhos e desenhos animados se destacam por sua inteligência e ge-nialidade. São cientistas, especialis-tas em “invenções”. Assim como na ficção, a vida real também tem os seus inventores, profissionais que formulam aquela ideia-chave para resolver problemas: eles criam a so-lução. Alguns, inclusive, enveredam pelo caminho do empreendedoris-mo. Esse é o caso do jovem, de 21 anos, Matheus Ladeia.
Ele e mais dois sócios comandam a Pastar – Serviços Agropecuários, que opera desde fevereiro de 2014. A empresa baiana teve como foco inicial intermediar a locação de pas-tagens e nasceu para resolver um problema enfrentado pela família de Matheus, o fundador do negócio. Seu pai, criador de gado, lidava com a seca na região sudoeste da Bahia e precisava abrigar o seu rebanho em outro local.
A ideia surgiu em 2013, quando o jovem, que é graduando em Enge-nharia Mecânica, participou da 2ª edição do Startup Weekend Salva-dor. A Pastar venceu a competição, e hoje, mais de um ano após o evento, ampliou a sua atuação no mercado, trabalhando também com comércio de animais. Agora, Matheus conta com mais braços nessa empreitada: a sociedade com Caio Lima, gradu-ando em Ciências da Computação, aconteceu em novembro de 2013, dois meses após a competição. Já Áureo Neves, que é veterinário, en-trou na equipe este ano. “A Pastar
é fornecedora de soluções tecnoló-gicas para o setor de agronegócio”, explica Matheus.
Entre os serviços prestados, está o site ou plataforma virtual, que, além do aluguel e arrendamento de pas-tagens, atua, principalmente, como uma praça de comércio de animais. Segundo os empresários, já são mais de 140 usuários cadastrados no por-tal e mais de R$ 4 milhões em movi-mentações financeiras.
Áureo, quando entrou na socie-dade, levou sua experiência em-presarial no ramo de consultoria veterinária. Matheus destaca a sua participação no Sebrae Like a Boss, dentro do Campus Party, em janeiro de 2014. “Lá, tive muita informação e orientação sobre os investidores e de como chegar neles. Conheci muitos também durante a ação”. No local, ele foi atendido por Diego Almeida, gestor de Tecnologia da In-formação da Universidade Corpora-tiva do Sebrae Nacional.
Almeida conta que logo viu um diferencial na empresa e passou para Matheus informações de inves-tidores, dicas de capacitações em gestão voltadas para inovação e in-formações sobre o mercado. “Além de fomentar o empreendedorismo e trazer inovação no agronegócio, a Pastar ajuda a melhorar a qualidade de vida do pequeno produtor no ce-nário brasileiro”, afirma.
De acordo com a gerente da Uni-dade de Acesso a Inovação e Tec-nologia do Sebrae Bahia, Márcia Suede, o caminho traçado pela Pastar é o do empreendedorismo. “A transformação da ideia em ne-gócio é um grande passo. O empre-endedor não deve ficar somente no
plano das ideias e depois engave-tar”, alerta.
Toda essa busca por empreender levou a empresa a um resultado mais que esperado. Em 2014, uma notícia alavancou de vez os negó-cios: a Pastar foi uma das 52 selecio-nadas no país para o Startup Brasil, o Programa Nacional de Aceleração de Startups, uma iniciativa do Go-verno Federal para apoiar as empre-sas nascentes de base tecnológica.
Com isso, a empresa, que antes funcionava dentro da Incubadora de Negócios da Universidade Salvador (Unifacs), se mudou em outubro para a Acelera Cimatec, aceleradora que busca estimular o desenvolvimento e a consolidação de startups, tam-bém localizada em Salvador. Entre os outros benefícios do programa, estão o aporte financeiro de até R$ 200 mil em bolsas de pesquisa, desenvolvi-mento e inovação, e a participação em eventos que envolvem capacita-ção, networking e mentoria.
Agora, com as metas definidas para 2015, os três empreendedores proje-tam ganhar mais mercado fora do estado e faturar alto com a empresa. “Queremos nos tornar uma referên-cia em produtos tecnológicos na área da agropecuária”, resume Caio.
Dr. Farm previne patologias no meio rural
Ferramenta de destaque que está em aperfeiçoamento, o Dr. Farm é um sistema de monitoramento e prevenção de patologias para o meio rural. O projeto, idealizado por Ma-theus, foi premiado na 6ª edição do concurso Ideias Inovadoras, em 2014, vencendo a categoria “Graduandos”.
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“O Dr. Farm monitora sete variáveis, como sol, umidade e pH, e combina os dados com a saúde da planta e características de doenças e pragas
que afetam o meio. O agrônomo con-tinua como ator do processo, mas agora com qualidade de informação, reduzindo o impacto ambiental e au-
mentando a taxa de combate dessa doença”, detalha Matheus, garantin-do que outras ideias também estão em desenvolvimento.
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Associação Cacau Sul da Bahia se constitui como uma ponte entre agricultores e instituições capazes de fornecer suporte técnico ao agronegócio
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Tecnologia agrega valor Nova geração do cacau investe no agronegócio do chocolate fino
Em sua história familiar, o produ-tor rural, Rodrigo Barretto, pertence à quarta geração de cacauicultores, no município de Camacã, no sul da Bahia. Proprietário de oito fazendas naquela localidade, totalizando 700
hectares de terra, o produtor é re-presentante de uma nova geração de agricultores, que tem o desejo e o desafio de abrir caminhos renova-dos de desenvolvimento para o setor. Além de metas individuais de apri-
morar a produção de cacau orgâni-co em sua propriedade e produzir chocolate fino com parte das cinco mil arrobas que atualmente colhe a cada safra, ele tomou para si outra tarefa de natureza coletiva.
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Rodrigo Barretto é o presidente da Associação Cacau Sul da Bahia, cria-da em abril deste ano, a partir de um consenso entre 14 instituições de re-presentação da classe de produto-res de cacau e derivados do sul da Bahia. Defendendo os interesses de 2,5 mil produtores, a entidade pro-cura ser a ponte entre agricultores e instituições capazes de fornecer su-porte técnico ao agronegócio, além de financiamentos, subsídios para prospecção de mercados e promo-ção de marcas e produtos.
A associação é responsável pela capacitação, difusão de tecnologias, controle de critérios de qualidade e chancela do selo de procedência do
cacau, lançado em outubro. A meta é agregar valor à cadeia produtiva, investindo em tecnologia para fo-mento à produção de cacau orgâni-co, chocolates finos e derivados. Com maior foco nos chocolates de alto teor de cacau (até 70%) em sua for-mulação, a produção de cacau gour-met já acontece em pequena escala na região, e tem sua qualidade reco-nhecida pelo mercado internacional.
“Buscamos o reconhecimento de nosso principal produto, o Cacau Superior Bahia, verticalizando a produção dos cacauicultores orga-nizados e sensibilizando os produ-tores independentes a buscarem organização, capacitando e inves-
tindo em marketing territorial. Des-sa forma, promovemos nossa região através de seus ativos ambientais, culturais, paisagísticos e turísticos”, explica o presidente.
Para atingir esses objetivos, a as-sociação coordena o projeto da In-dicação Geográfica Sul da Bahia (IG) e beneficia-se das ferramentas uti-lizadas para promover a região e os produtos locais através da indicação de procedência do cacau. Quando for reconhecido pelo INPI, a IG do Cacau do Sul da Bahia envolverá uma área de cultivo estimada em 600 mil hectares, em 83 municípios, que produzem 300 mil toneladas de cacau por ano em seis territórios
Rodrigo Barretto lidera a associação criada em abril deste ano, a partir de um consenso entre 14 instituições de representação da classe de produtores de cacau
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regionais: Baixo Sul, Médio Rio de Contas, Médio Sudoeste da Bahia, Litoral Sul, Costa do Descobrimento e Extremo Sul.
As parcerias foram firmadas com o Sebrae, Instituto Cabruca, Institu-to Arapyaú, Centro Internacional de Negócios da Bahia (CIN-Fieb), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Confederação Nacional da In-dústria (CNI) e instituições de ensino e tecnologia da região, como Univer-sidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Instituto Federal Baiano (IFBaiano), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Comissão Executiva da La-voura do Cacau (Ceplac).
A parceria com o Sebrae veio atra-vés do projeto Indústria Setorial Ilhéus, com o desenvolvimento de programas de capacitação para os produtores, em oficinas e palestras de sensibilização, suporte em pro-gramas de gestão e subsídios em ações, como a divulgação de produ-tos e participação em feiras e even-tos. “A resposta dos produtores e o engajamento ao projeto da IG tem sido muito positiva”, destaca o ges-tor do projeto do Sebrae em Ilhéus, Eduardo Benjamin Andrade.
Entre as ações já apoiadas ou sub-sidiadas pelo Sebrae, estão a partici-pação de 10 membros da associação em uma missão de reconhecimento do case de sucesso de gestão da Indi-cação Geográfica do Cerrado Mineiro, além da promoção dos produtos em ações regionais e a participação no VI Festival Internacional do Cacau e Chocolate com estande subsidiado. “O Sebrae em Ilhéus tem sido funda-mental para o sucesso que estamos alcançando em nossas ações”, finali-za o presidente da associação.
Indústria Setorial Ilhéus
O projeto Indústria Setorial Ilhéus já beneficia 40 micro e pequenas em-
presas do sul da Bahia com ações subsidiadas em até 80% para suporte de
gestão, tecnologia e mercado. A coordenação do projeto no Sebrae em Ilhéus
é do analista Eduardo Benjamin Andrade. “Desenvolvemos programas de
sensibilização e capacitação para os produtores em oficinas, palestras e reu-
niões de grupos com interesse comum no setor, ajudando a promover seus
produtos”, explica o analista.
Quando for reconhecido pelo INPI, a Indicação Geográfica Sul da Bahia (IG) envolverá uma área de culti-vo estimada em 600 mil hectares, em 83 municípios, que produzem 300 mil toneladas de cacau por ano
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Cachaça de Abaíra ganha primeira Indicação Geográfica (IG) da Bahia
Natural de AbaíraCachaça conquista registro de Indicação Geográfica (IG), certificação que agrega valor a marca e auxilia na comercialização do produto
A cachaça de Abaíra acaba de con-quistar o status de primeiro produto no Estado a adquirir o registro da Indicação Geográfica (IG) na Bahia, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Originalmente da região da Chapa-
da Diamantina, gerada na agricultu-
ra familiar, a bebida foi considerada
aguardente de cana tipicamente
brasileira, provida de um padrão di-
ferenciado de qualidade e que con-
tribui com o desenvolvimento eco-
nômico da região.
Com mais de 200 anos de tradição,
o produto reflete a alma da comu-
nidade e sua diversidade. As etapas
para a produção da cachaça artesa-
aGrONEGócIO
18 REVISTA CONExãO
nal, ou de alambique, começam no plantio da cana-de-açúcar e passam pela colheita, fermentação, destila-ção em alambiques de cobre e enve-lhecimento em tonéis de madeiras nobres. O que confere à cachaça ca-racterísticas exclusivas, como aro-ma, suavidade e sabor peculiar.
Dos métodos artesanais aos pro-cessos mais modernos, a partir de 1998, a Cooperativa dos Produto-res de Cana e Seus Derivados da Microrregião de Abaíra (Coopama), junto com a Associação dos Produ-tores de Aguardente de Qualidade da Microrregião de Abaíra (Apama), começaram um processo com o ob-jetivo de atender o mais fino pala-dar, fortalecer a marca e se estabe-lecer no mercado.
“Contamos com vários órgãos de apoio, dentre eles o Sebrae, que implantou uma estratégia e nos permitiu trabalhar com gestão e resultados. Foi possível contratar consultorias e capacitações para que cada produtor tivesse a dimen-são das responsabilidades e pudesse entender que o selo é uma garantia de qualidade, procedência e visibili-dade”, explicou o presidente da Apa-ma, Evaristo Carneiro.
“O produto que tem o selo é mais valorizado, tem mais procura e sig-nifica mais segurança na mesa do consumidor. E isso é revertido numa rentabilidade maior para o produ-tor, desenvolvimento e valorização das áreas de produção”, afirmou Junael Alves de Oliveira, presidente da Coopama. As características do município de Abaíra e as dificulda-des enfrentadas para expansão dos negócios no mercado externo, bem como a utilização da marca de for-
ma clandestina na região, motiva-ram a regularização da cooperativa e a busca pela certificação.
Com apoio do Sebrae, por meio da Unidade Regional de Irecê, ini-ciou-se em 2010 um longo proces-so de atendimento às adequações de conformidade e padrões esta-belecidos pelo Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O produto tem forte laço com a Microrregião de Abaíra – área delimitada pelos municípios de Piatã, Jussiape, Mucugê e Aba-íra, onde a cachaça é produzida e beneficiada. Quanto à capacidade instalada é possível produzir 300 mil litros de cachaça por ano. Mas, hoje, apenas 90 mil litros são co-mercializados, gerando um fatura-mento na ordem de R$ 1 milhão/ano. A cidade adquiriu fama além-
fronteira, sendo reconhecida inter-nacionalmente.
O Sebrae iniciou seu relaciona-mento com os produtores há 12 anos, através da então Unidade Regional de Seabra e posterior-mente do Projeto de Derivados de Cana-de-açúcar, auxiliando na for-mação da Apama, e tempos depois a cooperativa. Este segmento recebeu atendimento em consultoria técni-ca, capacitação em gestão de negó-cio e financeira. Conforme o gestor à época, Paulo Mesquita, a partir de 2006, o apoio tecnológico e de inova-ção se deu com a realização do con-trato entre o Sebrae e a Fundação Educativa de Ouro Preto (FEOP), em Minas Gerais, para a coleta e seleção de leveduras extraídas do material fermentado da cana-de-açúcar da microrregião de Abaíra.
Para o presidente da Apama, Evaristo Carneiro, o selo é uma garantia de qualidade, procedência e visibilidade
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“Mesmo com o treinamento que os produtores receberam para ava-liar a qualidade do produto, a ca-chaça passa por três análises no la-boratório: de acidez, teor alcoólico e teor de cobre”, explica o engenheiro agrônomo responsável técnico pela Coopama e secretário municipal de Agricultura de Abaíra, Rafael Morei-ra Rocha. O chefe do escritório da Empresa Baiana de Desenvolvimen-to Agrícola (EBDA) em Abaíra,Nelson Luz, disse que a Indicação Geográfi-ca (IG) traduz o empenho em conso-lidar a marca no mercado e só ates-ta sua credibilidade. “O selo torna mais fácil o acesso de novas marcas
ao mercado internacional, além de agregar valor ao produto”.
Para a gerente da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Célia Fer-nandes, “a indicação geográfica é um fator de diferenciação do produ-to no mercado e, nesse caso, repre-senta um reconhecimento oficial da microrregião de Abaíra como produ-tora de cachaça com características específicas, conferindo-lhe reputa-ção, valor intrínseco e identidade própria, o que a distingue de produ-tos similares”.
Em seu artigo “Indicação Geográfi-ca: uma ferramenta de inclusão so-cial”, o professor e mestre em Análi-
se Regional, Edilberto Gargur, afirma que são necessárias diversas ações que garantam a permanência do ci-dadão no campo como a diversifica-ção da produção agrícola. “Uma fer-ramenta que pode contribuir para a redução das desigualdades entre as regiões é o Marketing de Território, que busca a satisfação das necessi-dades – demandadas por residentes, turistas e investidores de um territó-rio ou entidade administrativo-terri-torial. É uma valiosa ferramenta de desenvolvimento social e econômi-co de um município”.
Para ele, nesse contexto, os terri-tórios precisam diversificar sua base
A Microrregião de Abaíra comercializa 90 mil litros de cachaça por ano, gerando um faturamento na ordem de R$ 1 milhão
20 REVISTA CONExãO
econômica e criar mecanismos para se adaptar às novas condições de mercado, desenvolvendo e alimen-tando características empreende-doras e estabelecendo incentivos atraentes. O Sistema de Indicação Geográfica é uma maneira de de-senvolver produtos com maior valor agregado.
Permanência dohomem no campo
Há 20 anos trabalhando com a cana-de-açúcar, o produtor Adel-son Silva Ferreira viveu os bons e maus momentos da cultura. E pas-sado o período das “vacas magras”, o agricultor viu a necessidade de investir em conhecimento para ga-rantir mercado. Insatisfeito com os preços praticados e o baixo retorno num período não tão distante, ele reconhece que o selo é fruto de um trabalho responsável e com foco na qualidade. “Sempre tivemos a pre-ocupação com quem vai consumir o nosso produto. Não podíamos ser penalizados por quem produz sem compromisso”.
Integrante da equipe de rotula-gem, Fabiana Santos, antes mesmo de ter filho, já sonhava em ter sua própria fonte de renda. E com o iní-cio de uma história de associativis-mo e cooperativismo, ela ganhou confiança. “Considero o meu traba-lho uma janela aberta para novas possibilidades. A cada ano vemos o crescimento do negócio, e isso é po-sitivo também para nós”.
Responsável pela área de produ-ção e com 15 anos de experiência na Coopama, o filho de agriculto-res, Antônio Carlos Almeida, viu de
perto quando muitas famílias per-deram o interesse pelo cultivo da cana-de-açúcar, mas também foi testemunha ocular quando mui-tos filhos da terra retornaram em busca de trabalho. “A atuação dos atravessadores e a produção indis-criminada comprometeu a cachaça da região. A partir dessa retomada e organização dos produtores foi pos-sível mudar o cenário”, relata.
O que é Indicação Geográfica?
Algumas cidades ou regiões ga-nham fama por causa de seus pro-dutos ou serviços. Quando certa qualidade e/ou tradição de deter-minado produto ou serviço podem ser atribuídos a sua origem, a Indi-
cação Geográfica (IG) surge como fator decisivo para garantir sua pro-teção e diferenciação no mercado. Isso porque a IG delimita a área de produção, restringindo seu uso aos produtores da região (em geral reu-nidos em entidades representativas) e onde, mantendo os padrões locais, impede que outras pessoas utilizem o nome da região em produtos ou serviços indevidamente. A IG não tem prazo de validade. Com isso, o interesse nacional por essa certifi-cação é cada vez maior. No Brasil, o registro de indicações geográficas foi estabelecido pela Lei n° 9279/96 – LPI/96, e considera a indicação de procedência e a denominação de origem, dando ao INPI a competên-cia para estabelecer as condições desse registro.
Fabiana Santos, integrante da equipe de rotulagem, disse que o reconhecimento tem impacto direto na qualificação e fidelização do produto
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AT11260 - ANR SEBRAETEC 202X266.pdf 1 10/3/14 16:29
Tereza Paim está entre os empresários que participaram do Empretec e admitem que o seminário auxilia na ampliação do negócio
EdUcaÇãO EMPrEENdEdOra
Comportamento empresarialRealizado há mais de 20 anos no Brasil, Empretec ajuda a descobrir características empreendedoras dos participantes
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SEBRAE BAHIA 23
Seus restaurantes, tanto em Salvador como em Praia do Forte, são conheci-dos pela alta gastronomia. no tempe-
ro, predomina o sabor da Bahia, com a va-
lorização de ingredientes locais. no ramo,
a chef Tereza Paim é uma das mais impor-
tantes representantes da culinária baiana,
premiada e reconhecida dentro e fora do
Brasil pela sua história no segmento, que
já dura 25 anos.
ela abriu o catering Tereza Paim Gastro-
nomia, em 2004, e, em seguida, o restau-
rante Terreiro da Bahia, na Praia do Forte,
em 2006. Seu outro restaurante, Casa de
Tereza, foi inaugurado em 2012, e seu
mais novo empreendimento é a Casinha
de Tereza, um ateliê gastronômico aberto
em 2014. os dois estão localizados no rio
vermelho, em Salvador.
em 2010, já com perspectivas de cres-
cimento e em busca de aprimorar sua
gestão, a empresária participou do em-
pretec, uma das soluções educacionais de
referência do Sebrae. “enxergar o que fa-
zemos de errado nos dá oportunidade de
trabalhar para fazer o certo. o empretec
descortinou algumas informações. Antes,
estávamos no escuro”. entre os resultados
implantados na empresa, Tereza destaca,
principalmente, a relação com a contabili-
dade. “Passamos a ser mais criteriosos no
processo de compra, de entrada e saída
do restaurante. Iniciamos a avaliação de
resultados e começamos a buscar núme-
ros”, detalha.
em quatro anos, de 2010 a 2014, o ne-
gócio cresceu rapidamente, passando de
micro para média empresa. na época, ela
tinha 14 funcionários e, hoje, são aproxi-
madamente 70. “Dentro de uma empresa
pequena como a nossa e que está num
processo de expansão muito rápido, às
vezes, essas áreas que integram a gestão
acabam recebendo menos atenção devi-
do às demandas imediatas que o merca-
do impõe. Para mim, o grande impacto do
empretec foi ter essa visão geral do negó-
cio: conheci o caminho das pedras”.
na metodologia do empretec, as ativi-
dades desenvolvidas desafiam os parti-
cipantes e apontam como um empreen-
dedor de sucesso age, tendo como base
10 características comportamentais. São
elas: busca de oportunidade e iniciati-
va; persistência; correr riscos calculados;
exigência de qualidade e eficiência; com-
prometimento; busca de informações; es-
tabelecimento de metas; planejamento e
monitoramento sistemáticos; persuasão
e rede de contatos; e independência e
autoconfiança.
Foram esses os comportamentos tra-
balhados pela empresária alagoana Maria
José Lopes, proprietária da Fard’s Farda-
mentos, uma indústria sediada em Santo
Antônio de Jesus, município do recônca-
vo Sul baiano. Com mais de 50 anos, Maria
José decidiu investir no ramo de farda-
mento. Filha de costureira, ela descobriu
que tinha talento para o negócio quando
aprendeu o ofício no rio de Janeiro, onde
vivia na época de casada e sócia de uma
empresa no segmento de saúde. Após a
falência empresarial, mudou-se para San-
to Antônio de Jesus para viver com sua
mãe. Lá, decidiu trabalhar com costura
‘sob encomenda’.
“em 2001, entrei em um projeto de em-
preendedorismo na região e comecei a
formar uma rede de relacionamento com
outras costureiras”, conta. A oportunidade
para participar do empretec surgiu no ano
de 2003. “Após o seminário, entendi por-
que a minha empresa no rio de Janeiro
fechou. Conheci também outras habili-
dades que tinha e nem sonhava, como a
aptidão para vendas”.
Assim como Tereza e Maria José, ou-
tros ‘empretecos’, como são chamados os
ex-participantes, tiveram resultados posi-
tivos nos negócios após participação no
seminário. Isso é o que aponta uma pes-
quisa de satisfação e impacto do Projeto
empretec 2014, que avalia os efeitos nos
participantes e seus empreendimentos
durante o exercício de 2013. A pesquisa
foi realizada de 8 de abril a 13 de maio de
2014, em todo o país.
entre os resultados na Bahia, mais
de 92% dos respondentes afirmaram
que os conhecimentos adquiridos no
empretec foram aplicados parcialmen-
te ou integralmente na sua empresa
ou vida, e mais de 80% garantiram que
ter participado do empretec foi impor-
tante para melhorar a renda individual.
Desses, mais de 98% acreditam que o
seminário contribuiu em parte ou total-
mente para o preparo ou atualização de
metas, planos e projetos; mais de 94%
para a visão de mercado, avaliação e
monitoramente dos resultados; e mais
de 92% para o relacionamento e busca
de satisfação do cliente.
De acordo com a gestora do empretec
na Bahia, Jacqueline Baqueiro, o dife-
rencial do seminário é que ele trabalha
comportamento, mas com foco empre-
sarial. Por conta das dinâmicas, o em-
presário só pode participar do seminá-
rio uma vez. “Como são trabalhadas as
características comportamentais, é im-
portante que o participante seja surpre-
endido pelas atividades. Desse modo, o
Pesquisa: mais de 80% dos
participantes garantiram ter
melhorado a renda individual
24 REVISTA CONExãO
comportamento é mais espontâneo e
aparece com mais autenticidade. A par-
tir daí, ele pode analisar o seu próprio
perfil como empreendedor”.
Como acontece o Empretec
o empretec começou a ser implantado
no Brasil em 1993, no estado do rio Gran-
de do Sul, chegando à Bahia pouco tempo
depois, em 1996. A metodologia é da or-
ganização das nações Unidas (onU) volta-
da para o desenvolvimento de caracterís-
ticas de comportamento empreendedor e
identificação de novas oportunidades de
negócios. no Brasil, o empretec é realizado
exclusivamente pelo Sebrae e já formou
mais de 200 mil ‘empretecos’, sendo nos
últimos 10 anos mais de 5 mil na Bahia.
AgendA do empretec em 2015cidAde entrevistA seminário
Salvador 20/01 a 23/01 27/01 a 01/02
Salvador 04/02 a 07/02 24/02 a 01/03
Alagoinhas 24/02 a 27/02 10/03 a 15/03
Camaçari 03/03 a 06/03 17/03 a 22/03
Luís Eduardo Magalhães 10/03 a 13/03 24/03 a 29/03
Paulo Afonso 10/03 a 13/03 24/03 a 29/03
*programação sujeita a alterações – Informações 0800 570 0800
Cinco motivos para participar
1. O seminário traz resultados
efetivos, como aponta a pes-
quisa, com impacto no fatu-
ramento da empresa e gestão
do negócio;
2. Oportunidade de trocar de
experiência com outros em-
presários;
3. O Brasil é referência no mundo,
com a aplicação do seminário,
inclusive os facilitadores são
convidados para ministrar a
capacitação em outros países;
4. Oportunidade de aperfeiçoar
ou descobrir características
empreendedoras;
5. Ter uma visão geral de todos
os processos da empresa.
Depois de participar do Empretec, a proprietária passou a ser mais criteriosa no processo de compra, entrada e saída de produtos e formação de preço do cardápio
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MErcadOFo
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Em sua primeira Rodada de Negócios, a dona da marca Água Viva, Lourdes Imbassahy, mostrou ao público biquínes especialmente produzidos para mulheres que passaram por mastectomia, cirurgia para retirada completa da mama
Negócios dinâmicosEncontros entre pequenos ofertantes e grandes empresas compradoras fomentam mercado
Em um mesmo espaço, pequenas em-presas locais expõem seus produtos ou serviços para grandes empresas compradoras, que estão em busca de novidades no mercado. Esse contato
direto dá origem às Rodadas de Negó-
cios, encontros empresariais promovi-
dos pelo Sebrae, que representam uma
ótima oportunidade para fechar parce-
rias, acompanhadas de vantagens de
networking e prospecção de mercados
diferenciados. Lourdes Imbassahy, dona
da marca Água Viva, em atividade desde
2006, está entre esses empresários ante-
nados a essa dinâmica, e que buscam ir
26 REVISTA CONExãO
além. Ela participou, pela primeira vez,
de uma Rodada de Negócios promovida
pelo Sebrae, que aconteceu em outubro
no Bahia Moda Design (BMD).
A empresária está em processo de re-
gistro de marca pelo Programa Sebrae-
tec, e apresentou uma grande novidade
para as empresas âncoras presentes ao
encontro. Ela trabalha com confecção
de biquínes, especialmente produzidos
para mulheres que passaram por mas-
tectomia, a cirurgia para retirada com-
pleta da mama. “Fizemos vários testes
até chegarmos ao modelo atual, feito
de um acrílico bem leve, flexível, e um
bojo”, relembra. Para Lourdes, as Roda-
das servem de estímulo para que novos
empresários se insiram e conheçam as
necessidades do mercado.
O formato da Rodada de Negócios
do BMD chamou a atenção da empre-
sária do interior paulista, Izabel Peres
Burin, que, apesar da experiência de
25 anos em feiras e eventos ligados à
confecção e acessórios, nunca tinha
participado de uma. “Muitos fornece-
dores podem contribuir para o meu
mercado com peças de qualidade e
tendência da moda”, contou a dona
da Novabel Artigos do Vestuário do
município de Marília (SP). No estande
da Água Viva, as peças, em sintonia
com a moda, favoreceram o diálogo
entre as empresárias.
As Rodadas de Negócios represen-
taram ainda retornos diretos para
empresas como a Mahalo, que, só no
Bahia Moda Design, comercializou
pouco mais de R$ 1 milhão, segundo
o responsável pelo departamento co-
mercial, Ubiratan Almeida. “Vendemos
23 mil peças, entre t-shirt, bermudas,
regatas, mochilas e acessórios”.
Na fase de preparação para as Roda-
das de Negócios, as ofertantes fazem
a inscrição, sinalizando os itens que
devem apresentar no espaço. Ao mes-
mo tempo, o Sebrae se encarrega de
convidar as empresas âncoras que, por
sua vez, indicam o perfil de produtos
e serviços para os quais precisam de
fornecedores. As Rodadas aconteceram
nas modalidades Multisetorial, com
abertura a vários ramos de atividades,
e Setorial, planejadas para atuação em
um setor econômico específico. No pri-
meiro, as vantagens são a versatilidade
na atuação e a capacidade de agrupar
parceiros generalistas, enquanto que a
outra traz facilidade de identificação
do público-alvo e o agrupamento de
parceiros com atuação segmentada.
Até setembro de 2014, o Sebrae Bahia
organizou 19 Rodadas de Negócios, na
capital e no interior do estado, envol-
vendo um total de 260 empresas ânco-
ras e 611 compradoras. São números a
serem comemorados, segundo a geren-
te da Unidade de Acesso a Mercado e
Serviços Financeiros do Sebrae Bahia,
Sueli de Paula, uma vez que, no ano pas-
sado, foram 20 Rodadas durante todo o
ano. “É provável que até o final de 2014
a gente tenha um total de 25 encontros
dessa modalidade”, pontua a gerente.
Dicas para participar de Rodadas de Negócios
1. Pontualidade: como o tempo é curto,
espera-se que a agenda de horários
seja cumprida;
2. Postura empresarial: além da boa
apresentação e objetividade na con-
dução do diálogo, a aparência tam-
bém conta na hora;
3. Boa apresentação da empresa e dos
produtos: dê preferência a amostras
e disponibilize sempre os meios de
contato, com material promocional,
para que o comprador possa adquirir
os itens em outras oportunidades;
4. Conhecimento do que apresentará:
caso seja um preposto da empresa, é
fundamental que ele entenda o que
está comercializando, passando a
segurança necessária ao comprador;
5. Atento às novas oportunidades: du-
rante a negociação, é possível que
surjam dicas sobre mudanças ou
adaptações positivas para seu pro-
duto ou serviço. Por isso, vale a pena
compartilhar;
6. Estabeleça seus objetivos: uma dica
é começar se apresentando e dizen-
do o que está ofertando, evitando
citar detalhes sobre o negócio no
início da conversa. Aguarde que o
interessado vai perguntar detalhes
e explicar os objetivos dele no en-
contro;
7. Não concorra: ainda que haja um
concorrente direto seu, procure
estabelecer o diálogo com ele, e se
preocupe apenas em ressaltar aos
compradores aquilo que você ofere-
ce de melhor, sem prejudicar a ima-
gem do outro;
8. Após a Rodada: procure divulgar
nas redes sociais a sua participação
no evento, com fotos, vídeos e infor-
mações adicionais. Isso mostra aos
clientes o dinamismo do empreendi-
mento e ajuda a divulgar ainda mais;
9. A primeira impressão sempre fica:
sorrir, ser atencioso, amigável, sa-
ber ouvir e se mostrar disposto a
outros esclarecimentos são postu-
ras que contribuem para a empatia
naquela relação;
10. Mantenha contato com as entidades
realizadoras, a fim de garantir a par-
ticipação em outras oportunidades.
SEBRAE BAHIA 27
O que tem sido feito para estimular a manutenção dos pequenos negócios no Brasil, ampliando, assim, a taxa de sobrevivência?
No que diz respeito ao aumento da taxa de sobrevi-vência, estão sendo adotadas medidas para reduzir os juros e a burocracia para acesso ao crédito; garantir acesso à inovação e certificação de produtos e proces-sos; dar transparência sobre a realidade econômico-fi-nanceira; assegurar a capacidade de entrega das enco-mendas; e facilitar a prospecção do mercado comprador e fornecedor. Além dessas ações destinadas a expandir a produção e reduzir custos, a SMPE vai adotar medidas para aumentar a capacidade de vendas e gestão, para a formação de jovens na área de empreendedorismo, garantir acesso a conhecimentos e instrumentos para a gestão profissional do negócio, facilitar o acesso ao mer-cado exterior e aumentar o acesso das micro e pequenas empresas (MPE) às compras públicas.
O senhor acredita que o novo Simples Nacional pode contribuir para amplia-ção de acesso ao crédito, por parte dos pequenos negócios?
Antes da LC 147/2014 (legislação que altera o Simples Nacional) não havia obrigatoriedade de tratamento des-burocratizado na concessão de crédito às MPE. Agora há, de forma que os bancos terão que justificar a não utilização dos recursos para essa finalidade previsto em seus orçamentos. Acreditamos que a medida incentiva e facilita a ampliação do acesso ao crédito pelas MPE.
Uma das propostas do senhor é a criação do Simples Internacional, para inclusão das MPE no mercado global. O que precisa acontecer para esse projeto funcionar na prática?
As pequenas empresas ficaram à margem do pro-cesso de globalização, que é dominado pelas grandes corporações. Elas dão uma grande contribuição ao crescimento econômico e merecem tratamento di-ferenciado que lhes permita maior participação nos mercados externos. A proposta pretende minimizar a burocracia para promover a inserção desse setor nos mercados exportadores e fomentar o contato entre os pequenos empresários do espaço ibero-americano, ampliado aos empreendedores dos países de língua portuguesa. A grande diferença é que se criaria um mercado diferenciado a partir do tamanho das empre-sas e não dos tipos de produtos.
Como ponto de partida para a discussão, seria ne-cessário criar um critério único para a definição da pequena empresa, que é diferente em cada país ibe-ro-americano. Outro ponto importante seria acertar mecanismos para simplificar a burocracia, estabe-lecer regimes tarifários diferenciados para o setor e definir mínimos de conteúdo nacional para os pro-dutos. Esse mercado de micro e pequenas empresas deve contar com o apoio de um portal na internet, no qual cada pequeno empresário possa conhecer as oportunidades que cada país oferece e toda infor-mação relativa a seu âmbito de negócios. Seria uma grande praça de negócio virtual, exclusiva para os pequenos negócios da região ibero-americana e os países lusófonos.
Veterano na mobilização em favor das pequenas empresas no país, o ex vice-governador de São Paulo, ministro Guilherme Afif Domingos, está há mais de um ano à frente da Secreta-ria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República (SMPE). Tempo suficiente para lançar projetos, propor ações
para simplificar o cenário fiscal e tributário dos pequenos ne-gócios e ver sancionada a legislação que amplia o acesso ao Simples Nacional. Para falar sobre a nova legislação e o cená-rio que se forma aos pequenos empreendimentos, o ministro Afif concedeu essa entrevista exclusiva à revista Conexão.
Ministro Guilherme Afif Domingos fala sobre as principais mudanças no regime de tributação simplificado, que entram em vigor em janeiro de 2015
SEBRAE BAHIA 29
As mudanças para a adesão ao Sim-ples Nacional, conhecido como Super Simples, já é um grande passo para as pequenas empresas participarem desse processo de globalização?
Aprimoramos as medidas de estímulo à exportação
e de acesso a mercados, inclusive os de compras pú-
blicas. Queremos micro e pequenas empresas fortes,
capazes de disputar mercados, gerando renda para os
empreendedores e estímulos ao crescimento dos lo-
cais onde atuam.
Temos assistido ao crescimento das MPE em todo o país, e gostaria que o minis-tro comentasse sobre o papel do Sebrae nesse aumento e também no avanço da qualificação desses empreendimentos.
O Sebrae desempenha um papel importantíssimo para
as micro e pequenas empresas, desenvolvendo uma sé-
rie de ações fundamentais para o seu sucesso. Fico aqui
em duas das mais expressivas: a ajuda no planejamento
do negócio e na capacitação dos empreendedores para a
gestão. Sem isso, nenhum negócio prospera.
A dificuldade dos donos de peque-nos negócios para conseguir crédito, sobretudo microempreendedores in-dividuais, ainda é grande, diante da exigência de garantia financeira. Como sensibilizar as instituições para ampliar esse acesso?
Esse tema está sendo discutido por um grupo de tra-
balho formado pela SMPE, Banco Central, Febraban e
instituições financeiras oficiais, no sentido de construir
alternativas para o sistema de garantias e diminuir a
burocracia. Estamos estudando como alternativa am-
pliar e criar novos fundos garantidores para superar o
problema das garantias.
O Governo Federal avançou com a criação do pro-
grama Crescer. Desde 2011, nós tivemos 9,3 milhões
de operações e mobilizamos R$ 12,6 bilhões em todo
o Brasil. É preciso, no entanto, ir além, criando opções
para investimentos e crédito com prazo mais longo.
Hoje, há muita dificuldade para financiar máquinas e
equipamentos, passo fundamental para aumentar a
produtividade dos pequenos.
A Secretaria e o Sebrae assinaram um termo de cooperação no ano passado para ampliar o número de jovens aprendizes, com idade entre 14 e 24 anos, nas micro e pequenas empresas. Porém, os donos de pe-quenos negócios explicam que não podem arcar com o custo da entidade certificadora que tem por obrigação acompanhar esse jovem. Então, como mudar esse cenário?
A nossa proposta é contar com o Ministério do Tra-
balho e o Ministério da Educação para criar o Pronatec
Aprendiz, por meio do qual essa questão estará supe-
rada. Com ele, a micro e pequena empresa não terá
o custo da entidade certificadora, havendo uma pers-
pectiva muito positiva de situar a MPE como promoto-
ra da introdução de um grande número de jovens ao
mundo do trabalho.
Legislação amplia acesso
Em agosto, a presidenta Dilma Rousseff sancionou
a Lei Complementar nº 147/2014, que traz mudanças
para a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Com-
plementar nº 123/06). Com a medida, a partir de janeiro
de 2015, mais de 140 atividades farão parte do sistema
de tributação do Simples Nacional, conhecido como
Super Simples.
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Com as mudanças, os pequenos negócios ganham em competitividade, diminuindo, assim, os índices de mor-talidade, já que empresas enquadradas no Simples Na-cional recolhem oito tributos em um único boleto, o que reduz em cerca de 40% a carga tributária. Outra vanta-gem é o menor tempo para abertura de empresas devido ao mecanismo da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Rede-sim) que, na Bahia, deve iniciar o funcionamento até o fim de 2014. Esse sistema permite a integração de todos os órgãos e entidades da União, estados e municípios, en-volvidos na legalização de empresas e negócios, utilizan-do apenas o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
Dentre os beneficiados com a mudança, estão profis-sionais da saúde, fonoaudiólogos, jornalistas, advoga-dos, corretores de imóveis e seguros, psicólogos, dentre outros, com empresas que passarão a ser tributadas de acordo com uma tabela de alíquotas que varia en-tre 16,93% a 22,45% do faturamento mensal. A nova lei também resguarda o Microempreendedor Individual
(MEI), categoria que fatura por ano até R$ 60 mil. O re-gulamento protege contra cobranças indevidas realiza-das por conselhos de classe, por exemplo, e ainda proíbe que as concessionárias de serviços públicos aumentem as tarifas do MEI por conta da modificação de sua condi-ção de pessoa física para pessoa jurídica.
No site do Sebrae, é possível ter acesso a um guia com-pleto com as principais dúvidas dos contribuintes sobre as mudanças, além das tabelas com as alíquotas de im-posto para cada ramo de atividade.
O Simples Nacional é um regime compartilhado de ar-recadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte, previs-to na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange a participação de todos os entes federa-dos (União, estados, Distrito Federal e municípios), sen-do administrado por um Comitê Gestor, composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos estados e do Distrito Federal e dois dos municípios.
“As pequenas empresas dão uma
grande contribuição ao crescimento econômico e merecem tratamento
diferenciado”
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EcONOMIaCRIATIVA
Guitarrista Igor Gnomo transforma salas de aula de música em sarau e espaço para fomentar a cultura
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“Sentia falta, aqui em Paulo Afonso, de uma escola de música que tivesse didática aliada a uma atividade cul-tural”. A afirmação demonstra o sentimento do músico Igor Gnomo, natural de Paulo Afonso, na busca por formas criativas e empreende-
doras de criar espaços para disse-minar a música instrumental em sua região. Um desses espaços é o Centro de Educação Musical Igor Gnomo, que surgiu a partir do de-sejo de proporcionar a crianças, jovens e adultos a oportunidade
de entrar em contato com o mun-do da música. Funcionando até o momento em uma sala na Avenida Apolônio Sales, a escola faz parte de um sonho antigo do guitarrista, que começou a se tornar realidade em janeiro deste ano.
Musical, criativo e empreendedorJovem de 22 anos apostou no sonho e hoje lidera escola de música em Paulo Afonso
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A criatividade é uma característi-ca de Igor Gnomo, que criou numa sala pequena o espaço acolhedor para receber turmas, divididas em níveis, nas quais cada aluno rece-be acompanhamento diferencia-do. “Uma pessoa que se matricula para ter aula de violão vai ter tam-bém aula de percepção musical, incluindo teoria, prática, história e aplicabilidade. Assim, não se res-tringe somente ao instrumento. É o universo da música”, explica. De acordo com o aluno do Centro de Educação Musical o escritor Gecil-do Queiroz, a escola representa um espaço para experimentar novos
sons e possibilitar encontros cria-tivos. “A cidade ganha, pois ainda é carente de projetos que entendam a arte como essencial para a vida”, enfatiza Queiroz.
Utilizando a história da arte nacio-nal e internacional, grandes nomes da fotografia compõem parte da de-coração da sala, dando ar agradável que inspira alunos e visitantes. Pro-jetada pelo próprio empresário, as plotagens de músicos fazem parte da lista dos que influenciaram a sua vida musical. A sala de aula funcio-na com cinco lugares para os alunos e possuem fone de ouvido, amplifi-cador e suporte para partituras. As
turmas são divididas por nível de aprendizagem e faixa etária. Além de escola, o espaço serve ainda para realização de Saraus Musicais, como uma espécie de oficina cultural do que ele trabalha no dia a dia.
Igor Davi Oliveira Alves, ou apenas Igor Gnomo, ganhou seu primeiro instrumento aos oito anos, um ca-vaquinho do pai, que também toca-va violão. A mãe cantava na igreja e os irmãos cresceram com muita música em casa. Hoje, com 22 anos, ele diz com orgulho que “veio daí os costumes e as questões de cultura e memória”. Aos 18 anos, iniciou os estudos no jazz e música popular
Imagens de grandes nomes da fotografia e da música fazem parte da decoração da sala
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O quê é Economia Criativa?
A Economia Criativa é a repre-
sentação econômica presente no
segmento cultural, no fazer criativo.
Tem base econômica, pois envolve a
produção, gestão, distribuição, circu-
lação e consumo de bens. Em Paulo
Afonso, o projeto foi implantado em
2013, porque o município tem um
aglomerado de serviços e produtos
ligados ao conceito, como, por exem-
plo, o grande número de músicos,
artistas plásticos, escolas de dança e
teatro, arquitetos, designers, rádios e
empresa de mídias digitais.
Com o desafio de evidenciar as po-
tencialidades dos segmentos da eco-
nomia criativa, o Sebrae atua dentro
de um papel estratégico, com foco
no estímulo ao desenvolvimento se-
torial dessas atividades; territorial,
fomentando a valorização das redes,
dos costumes e a vocação local; e o
transversal, levando componentes da
economia criativa a outros segmentos
e setores da economia. O objetivo final
é gerar valor, diferenciais e a compe-
titividade para esses empreendimen-
tos. Na Bahia, cujo potencial para este
setor sempre se mostrou evidente, o
Sebrae segue os eixos estratégicos,
com atuações contundentes em áre-
as como música, artesanato, cultura
popular, além dos Territórios Criati-
vos. Os Territórios Criativos são áreas
urbanas de elevado potencial turísti-
co e cultural, nos quais a comunidade
apresenta comprovada vocação para
as artes e a hospitalidade.
brasileira ao ingressar na Universi-dade Federal de Sergipe (UFS), em Aracaju, onde cursou Licenciatura em Música.
Segundo a técnica do Sebrae em Paulo Afonso, Nadja Monteiro, o primeiro contato para montagem do projeto da escola de música foi feito com o Sebrae quando Igor Gnomo retornou de Aracaju. “Após seu aperfeiçoamento profissional, ele formalizou um negócio e bus-cou sua viabilidade. Integrou-se ao Projeto de Economia Criativa no momento em que o Sebrae realiza-va um seminário sobre o tema, com foco na capacitação em elaboração de projetos e gestão de projetos, sendo atendido através de consul-toria in company”, explica.
Igor Gnomo recebeu orientação técnica que contribuiu para au-mentar sua percepção do nicho de mercado de formação de músicos, uma vez que o município tem uma grande vocação musical e pouca oferta de formação teórica. Duran-te três meses, ele participou de ofi-cinas, consultorias e capacitações oferecidas pelo Sebrae, a exemplo do curso ‘A Empresa é Público Alvo do Projeto’, da Feira de Gastrono-mia de Juazeiro e da Feira do Em-preendedor 2013.
Para Nadja, o empreendimento nasce em momento de efervescên-cia do mercado e diante de uma política nacional para a cultura. Em sua opinião, Igor Gnomo “percebeu a oportunidade e tornou a empresa uma realidade. Agora, é importante estar atento às exigências de mer-cado e ter uma gestão implementa-da para fazer a empresa sobreviver e consolidá-la”.
O espaço acolhedor recebe turmas, divididas em níveis, nas quais cada aluno tem acompanhamento diferenciado.
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Artesã há 15 anos, Rosa Cal vende seus produtos com foco no segmento religioso e místico, em um balcão de supermercado, no bairro de Armação, em Salvador
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Andar com féArtesã descobre que comercializar santos, orixás e peças místicas dentro de grandes estabelecimentos ajuda a alavancar vendas
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Devota de Nossa Senhora Desata-dora dos Nós, Santo Expedito, San-to Antônio e Menino Jesus de Praga, a microempreendedora individual (MEI) artesã, Rosa Cal, acredita nas “forças superiores” e na confiança em si como instrumentos de luta e de conquista para driblar os de-safios. E assim enfrentou o perío-do de desemprego por mais de 15 anos. Essa situação lhe motivou a produzir peças artesanais e exibir em feiras ou vender por encomen-das para adquirir renda.
Dentre as peças produzidas, es-tão carteiras, bolsas, sandálias e pano de prato. Mas a fé não a aban-dona jamais, tanto que ela destina algumas prateleiras para peças em alto estilo, associadas aos segmen-tos religioso e místico. Ela comer-cializa santos em gesso, oratórios em madeira de demolição e orixás banhados em prata. “O misticismo e a religião foram escolhas certas, pois existe uma clientela garanti-da. Trabalho com temas, então já
estou planejando minha coleção para o Natal, que é quando mais vendo. Chego a dobrar o fatura-mento”, prevê.
“Nem sabia para onde ia a má-quina de costura”, lembra como iniciou sua ocupação com otimis-mo. Só que, além da necessidade de renda, o artesanato tornou-se algo prazeroso. Ela tomou gosto e não largou mais a atividade, ao mesmo tempo em que sua fama foi se con-solidando. Assim, Rosa ampliou e aperfeiçoou a produção, e hoje en-fatiza com orgulho que “foi com a venda de peças de artesanato que sustentei minha filha”.
Em julho de 2013, Rosa optou por formalizar sua atividade como mi-croempreendedora individual, pelo Portal do Empreendedor, com o apoio do Sebrae. Há seis meses, re-solveu dar outra guinada empresa-rial, ao criar o balcão D’ Rosa Ateliê, uma estrutura física para comercia-lização de suas peças, instalada em um supermercado em Salvador. O
empreendimento localiza-se numa
área privilegiada e estratégica, na
orla da capital baiana, e oferece
segurança e comodidade para os
clientes. O movimento é constante.
Ela chega a atender mais de 60 pes-
soas por dia.
A empresária produz 90% da
mercadoria. Muitas vezes, ela sai
do balcão e vai para a máquina
de costura. “Corto a peça em casa,
costuro aqui e termino em casa”,
relata. Seu público é específico: ou
é aquele que está em compras no
estabelecimento ou quem mora
na região e precisa de artigos para
presente. “Estou preenchendo uma
lacuna de mercado. Quando mon-
tei o balcão, eu atendi a solicita-
ções dos clientes que compravam
meus produtos nas feiras, mas
queriam a comercialização diária”,
conta. Os cursos online do Sebrae
proporcionaram à artesã a profis-
sionalização e a segurança de ino-
var e planejar outras ações.
Serviços gratuitos oferecidos pelo Sebrae
Tendo como um dos pilares o fomento da Economia
Criativa, o Sebrae promove ações de fortalecimento e
sustentabilidade para o microempreendedor individual
alcançar o estágio de amadurecimento empresarial, tor-
nando seu produto valorizado e competitivo. “O MEI deve
passar por etapas que levem à qualificação e diferencia-
ção de seu produto, para que ele tenha acesso ao merca-
do e atenda à demanda de forma satisfatória”, explica a
gestora do Projeto ExpoArt, Aparecida Fernandes.
A inovação é outra abordagem salientada pela técnica
do Sebrae, Mariana Cruz, como elemento crucial para a
diferenciação do negócio. “O empresário precisa procu-
rar o Sebrae e saber de que forma pode inovar. Temos
oficinas chamadas ‘Workshop de Inovação’ e consulto-
rias coletivas gratuitas”, informa. Para enfrentar desafios
e tomar decisões estratégicas, como a de Rosa, quando
montou um balcão com peças artesanais, ela recomen-
da as oficinas SEI Planejar e SEI Vender “que contribuem
para a tomada de decisão de forma consciente e respon-
sável”. Para quem necessita avançar no estudo do mer-
cado – ponto de venda, preço, produto e promoção –, ela
indica o Programa Click Marketing. A ferramenta auxilia
na elaboração de um plano de marketing gratuito do pe-
queno negócio, ministrada via internet.
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O resto de óleo que não é aproveitado pelas cozinhas de famílias e de res-taurantes pode ter um destino certo, a partir de um projeto da Associação Pracatum de Ação Social, apoiado pelo Sebrae. O Recicle Óleo surgiu com o objetivo de incrementar a renda e promover a inserção produtiva das mulheres da comunidade do Cande-al, em Salvador, a partir da recicla-gem de um produto cujo descarte inapropriado pode causar danos ao meio ambiente.
As nove mulheres que participam do projeto, atualmente, desenvolvem desde produtos de limpeza (sabão e
detergente) até o refinamento para a transformação do óleo em combustí-vel (biodiesel), que é destinado à Pe-trobras. Uma das participantes é No-emi de Jesus, que mora no Candeal desde os cinco anos. Ela já trabalhou como costureira e, agora, deposita as melhores expectativas nessa inicia-tiva. “Me interessei pela proposta e acho que o resultado está sendo bem positivo”, comenta.
Além de orientações técnicas para a fabricação dos produtos, as empreendedoras participaram de capacitações voltadas para gestão empresarial, economia solidária e
associativismo, por meio do Sebrae. “A participação do Sebrae é funda-mental em diversos aspectos, in-clusive na avaliação de viabilidade econômica do projeto”, explica a coordenadora do projeto pela Praca-tum, Milena Azevedo.
A coleta do óleo acontece todas as terças e sextas-feiras. O agenda-mento para a coleta é feito a partir do “Disque Óleo” pelo telefone 71. 3017-4611. Donos de restaurante interessados em destinar o óleo de suas cozinhas ao projeto podem in-cluir seus estabelecimentos no ro-teiro de coleta das associadas.
Óleo que rendeAssociação Pracatum de Ação Social cria produtos de limpeza a partir da reciclagem de óleo
Produto que seria descartado de maneira prejudicial ao meio ambiente vira fonte de renda para mulheres do Candeal
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Sebrae perto de vocêO Sebrae Bahia possui 31 Pontos de Atendimento, distribuídos em dez Unidades Regionais, oferecendo aos empresários das micro e pequenas empresas informação, orientação, capacitação, apoio e soluções através de consultoria em gestão, acesso ao crédito e ao mercado, tecnologia e inovação.
O Ponto de Atendimento do Sebrae em Alagoinhas fica localizado na Rua Rodri-gues Lima, 126-A, Centro. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h
Pontos de Atendimento na Bahia
Unidade Regional 01 – Salvador / MercêsCentro de Atendimento ao EmpreendedorAv. Sete de Setembro, 261 – Mercês. CEP 40060-000. Tel.: (71) 3320-4526
Salvador / Boca do Rio - SAC EmpresarialAv. Otávio Mangabeira, 6929, Multishop – Boca do Rio. CEP 41706-690. Tel.: (71) 3281-4154
Salvador / ItapagipeRua Direta do Uruguai, 753, Bahia OutletCenter, Lojas 134/135 – Uruguai. CEP 40454-260. Tel.: (71) 3312-0151
Salvador / LiberdadeEstrada da Liberdade, 26, Lojas 13 e 26 – Liberdade. CEP 40375-016. Tel.: (71) 3241-8126
AlagoinhasRua Rodrigues Lima, 126-A – Centro. CEP 48010-040. Tel.: (75) 3422-1888
CamaçariRua do Migrante, s/nº – Centro. CEDAP – Casa do Trabalho. CEP 42800-000. Tel.: (71) 3622-7332
Lauro de FreitasLot. Varandas Tropicais, nº 279, Q. 3,Lote 16, Rua A, Galpão 01 – Pitangueiras. CEP 42700-000. Tel.: (71) 3378-9836
Unidade Regional 02 – BarreirasAv. Benedita Silveira, 132, Ed. Portinari, Térreo – Centro. CEP 47804-000. Tels.: (77) 3611-3013/4574
Unidade Regional 03 – Feira de SantanaRua Barão do Rio Branco, 1225 – Centro. CEP 44149-999. Tel.: (75) 3221-2153
Euclides da CunhaRua Oliveira Brito, 404 – Centro. CEP 48500-000. Tel.: (75) 3271-2010
IpiráPraça Roberto Cintra, 400-A – Centro. CEP 44600-000. Tel.: (75) 3254-1239
ItaberabaRua Rubens Ribeiro, 253,Ed. Tropical Center, salas 22/23 – Centro. CEP 46880-000. Tel.: (75) 3251-1023
Unidade Regional 04 – IlhéusPraça José Marcelino, 100, Térreo – Centro. CEP 45653-030. Tel.: (73) 3634-4068
ItabunaRua Paulino Vieira, 175, Ed. Lizete Mendonça - Centro.CEP 45600-171. Tel.: (73) 3613-9734
Unidade Regional 05 – JacobinaRua Senador Pedro Lago, 100, salas 01 e 02 – Centro. CEP 44700-000. Tel.: (74) 3621-4342
Senhor do BonfimRua Benjamin Constant, 12 – Centro. CEP 48970-000. Tel.: (74) 3541-3046
Unidade Regional 06 – JuazeiroPraça Dr. José Inácio da Silva, 15 – Centro. CEP 48903-430. Tel.: (74) 3612-0827
Paulo AfonsoRua Amâncio Pereira, 60 – Centro. CEP 48602-110. Tel.: (75) 3281-4333
Unidade Regional 07 – Santo Antônio de JesusAv. Governador Roberto Santos, 31 – Centro. CEP 44572-000. Tel.: (75) 3631-3949
ValençaRua Barão de Jequiriçá, 297, Galeria Central, Centro. CEP 45400-000. Tel.: (75) 3641-3293
Unidade Regional 08 – IrecêRua Coronel Terêncio Dourado, 161 – Centro. CEP 44900-000. Tel.: (74) 3641-4206
SeabraRua Horácio de Matos, 25, salas 01 e 02 – Centro. CEP 46900-000. Tel.: (75) 3331-2368
Unidade Regional 09 – Teixeira de FreitasAv. Presidente Getúlio Vargas, 3986 – Centro. CEP 45995-002.Tels.: (73) 3291-4333/4777
EunápolisRua 5 de Novembro, 66, Térreo – Centro. CEP 45820-041. Tel.: (73) 3281-1782
Porto SeguroPraça ACM, 55 – Centro. CEP 45810-000. Tel.: (73) 3288-1564
Unidade Regional 10 - Vitória da ConquistaRua Coronel Gugé, 221 – Centro. CEP 45000-510. Tel.: (77) 3424-1600
BrumadoRua Marechal Deodoro da Fonseca, 89, Térreo – Centro. CEP 46100-000. Tels.: (77) 3441-3699/3543
GuanambiAv. Barão do Rio Branco, 292 – Centro. CEP 46430-000. Tel.: (77) 3451-4557
IpiaúPraça João Carlos Hohllenwerger, 39 – Centro. CEP 45570-000. Tels.: (73) 3531-6849/5696
ItapetingaAv. Itarantim, 178 – Centro. CEP 45700-000. Tel.: (77) 3261-3509
JequiéRua Felix Gaspar, 20 – Centro. CEP 45200-350. Tels.: (73) 3525-3552/3553
Central de Relacionamento 0800 570 0800 Segunda a sexta-feira das 8h às 20h
Sede do Sebrae BahiaR. Horácio César, 64, Dois de Julho Salvador – Bahia. CEP: 40060-350. Tel. (71) 3320.4301.
On-linePortal Sebrae Bahiawww.ba.sebrae.com.br
Agência Sebrae de Notíciaswww.ba.agenciasebrae.com.br
Redes Sociaiswww.facebook.com/sebraebahiawww.twitter.com/sebraebahiawww.youtube.com/sebraebahiawww.slideshare.com/sebraebahiawww.issuu.com/sebraebahia
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Apoio Técnico Realização
Vencedoras são exemplo de vidaO Sebrae Bahia se orgulha de premiar
as mulheres que transformaram seus
sonhos em realidade e sua história de
vida em exemplo para outras mulheres
que possuem o sonho de empreender.
Empreendedoras do Extremo Sul conquistam Prêmio Estadual
Conheça as vencedoras do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios etapa Bahia
Flávia da Silva OliveiraMicroempreendedora Individual (MEI)Saúde & Sabor - Eunápolis
Luena Maria Ferreira dos SantosProdutora RuralPescadora - Porto Seguro
Maria de Lourdes AcedoPequenos NegóciosAstec Contabilidade - Mucuri
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