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implementação do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) parece não despertar igual preocupação entre lideranças do meio em- presarial e seus gestores da área de pessoas. Desenvolvido pelo governo Federal para unificar o envio de informações sobre os colaboradores à Receita Federal, INSS, Conselho Curador do FGTS, Caixa Econômica Federal, Justiça do Trabalho, Ministérios do Trabalho e da Previdência Social, através de um único arquivo digital, o eSocial vai ampliar significativamente a visibilidade das ope- rações das empresas perante o Fisco e deverá elevar os custos administrativos. “Será preciso trabalhar a cons- cientização da necessidade de mudança, a revisão de políticas, procedimentos e competências, bem como respeito à legislação e regulamentos internos da empresa”, entende o advogado, sócio e coor- denador da Pactum do Rio Grande do Sul, Rafael Zanotelli. Para ele, pode-se perceber que o eSocial exigirá a readequação das políticas da empresa e o próprio empregado a uma nova cultura, transformando as áreas de gestão de pessoas em um departamento estratégico para a organização e responsável pela gestão do direito trabalhista. Entretanto, isso parece ainda não fazer parte das preocupações dos dirigentes empresariais. Além de permitir o fácil acesso às informações da empresa por parte dos órgãos públicos, o novo sistema será uma oportunidade para as companhias aprimorarem sua gestão de pessoas e processos internos. Isso porque as organizações passarão a reescrever seu histórico junto aos INSS especialmen- te. Oportunidade ímpar para não repetir eventuais erros praticados durante anos. Para Zanotelli, quanto mais funcionários uma empresa tiver, maior o núme- ro de relações trabalhistas e, proporcionalmente, a probabilidade de inconsistências, contingências e ineficiências declaradas. “Tão importante quanto a implantação do eSocial está a redefinição, por parte das lideranças orga- nizacionais, do novo papel das áreas de gestão de pessoas. Será preciso conciliar conflitos de papéis e responsabilidades entre os diversos profissionais da empresa e a inevitável necessidade de capacitação das equipes para as novas exigências”, comenta sócio e coordena- dor da Pactum do Rio Grande do Sul. Com isso, fica evidente que o novo sistema requer uma visão corporativa integral. Sandra Dresch, advogada e sócia da Pactum Rio Grande do Sul, considera importante que as empresas criem grupos específicos para atuar ou, ao menos, definam responsáveis pela implementação e manutenção dos da- dos a serem inseridos. “Os altos gesto- res precisam se interessar mais pelas decisões tomadas pelos diferentes grupos internos. O departamento de Recursos Huma- nos, por geralmente centralizar a maioria das informações referentes aqueles que de alguma forma têm relações laborais com a empresa, provavelmente será escolhido como gestor dos dados prestados”, diz. Já Zanotelli acredita que o RH precisará intensificar o intercâmbio com os demais setores da empresa. “O profissional de Recursos Hu- manos terá o desafio de conciliar as políticas da sua empresa com a legislação”, destaca. CONTEÚDOS EMPRESARIAIS SELECIONADOS – Nº 209 – ABR/MAI/JUN 2014 – www.pactum.com.br Leia mais sobre este assunto na página 5 eSocial: empresas na vitrine Sistema deve entrar em vigor em 2015 e mudará a cultura empresarial Novo hotsite alusivo aos 35 anos página 2 página 6 página 8 Defesa fiscal preventiva Entrevista com Camilo Silva, diretor do Instituto Hermes Pardini DIVULGAÇÃO/DATAPACTUM

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Informativo da Uffizi Consultoria em Comunicação para o cliente Pactum - abr/mai/jun 2014

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Page 1: Datapactum N°209

implementação do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) parece não despertar igual preocupação entre lideranças do meio em-presarial e seus gestores da área de pessoas.

Desenvolvido pelo governo Federal para unificar o envio de informações sobre os colaboradores à Receita Federal, INSS, Conselho Curador do FGTS, Caixa Econômica Federal, Justiça do Trabalho, Ministérios do Trabalho e da Previdência Social, através de um único arquivo digital, o eSocial vai ampliar significativamente a visibilidade das ope-rações das empresas perante o Fisco e deverá elevar os custos administrativos.

“Será preciso trabalhar a cons-cientização da necessidade de mudança, a revisão de políticas, procedimentos e competências, bem como respeito à legislação e regulamentos internos da empresa”, entende o advogado, sócio e coor-denador da Pactum do Rio Grande do Sul, Rafael Zanotelli. Para ele, pode-se perceber que o eSocial exigirá a readequação das políticas da empresa e o próprio empregado a uma nova cultura, transformando as áreas de gestão de pessoas em um departamento estratégico para a organização e responsável pela gestão do direito trabalhista. Entretanto, isso parece ainda não fazer parte das preocupações dos dirigentes empresariais.

Além de permitir o fácil acesso às informações da empresa por parte dos órgãos públicos, o novo sistema será uma oportunidade para as companhias aprimorarem sua gestão de pessoas e processos internos. Isso porque as organizações passarão a reescrever seu histórico junto aos INSS especialmen-te. Oportunidade ímpar para não repetir eventuais erros praticados durante anos. Para Zanotelli, quanto

mais funcionários uma empresa tiver, maior o núme-ro de relações trabalhistas e, proporcionalmente, a probabilidade de inconsistências, contingências e ineficiências declaradas.

“Tão importante quanto a implantação do eSocial está a redefinição, por parte das lideranças orga-nizacionais, do novo papel das áreas de gestão de pessoas. Será preciso conciliar conflitos de papéis e responsabilidades entre os diversos profissionais da

empresa e a inevitável necessidade de capacitação das equipes para as novas exigências”, comenta sócio e coordena-dor da Pactum do Rio Grande do Sul.

Com isso, fica evidente que o novo sistema requer uma visão corporativa integral. Sandra Dresch, advogada e sócia da Pactum Rio Grande do Sul, considera importante que as empresas criem grupos específicos para atuar ou, ao menos, definam responsáveis pela implementação e manutenção dos da-dos a serem inseridos. “Os altos gesto-

res precisam se interessar mais pelas decisões tomadas pelos diferentes grupos internos. O departamento de Recursos Huma-nos, por geralmente centralizar a maioria das informações referentes aqueles que de alguma forma têm relações laborais com a empresa, provavelmente será escolhido como gestor dos dados prestados”, diz. Já Zanotelli acredita que o RH precisará intensificar o intercâmbio com os demais setores da empresa.

“O profissional de Recursos Hu-manos terá o desafio de conciliar as políticas da sua empresa com a legislação”, destaca.

CONTEÚDOS EMPRESARIAIS SELECIONADOS – Nº 209 – ABR/MAI/JUN 2014 – www.pactum.com.br

Leia mais sobre este assunto na página 5

eSocial: empresas na vitrineSistema deve entrar em vigor em 2015 e mudará a cultura empresarial

Novo hotsite alusivo aos

35 anospágina 2

página 6

página 8

Defesa fiscal preventiva

Entrevista com Camilo Silva, diretor do Instituto

Hermes Pardini

DIVULGAÇÃO/DATAPACTUM

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Notícias

Datapactum é uma publicação trimestral distribuída gratuitamente aos clientes e parceiros da Pactum Consultoria EmpresarialEndereço: Avenida Independência, 1.199 – CEP 90035-077 – Porto Alegre – RS • Telefone: (51) 3314-1414 • Fax: (51) 3311-0438 • www.pactum.com.br

E-mail: [email protected] • Direto com a Presidência: [email protected] • Comissão editorial: Denise Mari de Andrade, Francisco Boeira, Vinicius Piazzeta• Execução: Uffizi Consultoria em Comunicação • Telefone: (51) 3330-6636 • Jornalista responsável: Almir Freitas (MTb/RS

5412) • Redação: Manuela Ferreira e Vinícius Duarte • Editoração: Airan Albino • Revisão: Luana Aquino • Atendimento: Grazielle AraujoProjeto gráfico: Carmen Fonseca • Os artigos assinados publicados nesta edição não traduzem, necessariamente, a opinião da Pactum.

Pactum lança hotsite alusivo aos 35 anos

“Lucro Presumido: legislação e prática”

eSocial em pauta

Editorial

Eficiência e integraçãoA otimização dos meios de

fiscalização, transparência e controle de informações com vistas ao cumprimento da legislação trabalhista é uma tendência irreversível e necessária no Brasil.

Necessária porque exis-tem muitas empresas que não cumprem a legislação, e outras que não observam adequadamente essas Leis e Normas Regulamentado-ras, tampouco controlam rigorosamente contratações de prestadores de serviços, levando-as quase sempre a verem-se obrigadas a justifi-car passivos trabalhistas que devem ser evitados ou, no mínimo, controlados.

O eSocial, convém que seja visto como oportunidade de modificar cultura e proce-dimentos entre áreas, com técnica e estratégia, consoli-dando parceria eficiente inter-namente e externamente com uma assessoria e consultoria jurídica séria.

Nesse sentido, convém que as empresas olhem para o eSocial como fato que pode lhes beneficiar no controle e aprimoramento das rotinas legais obrigatórias, elevando os níveis de competitividade e engajamento no estímulo da criatividade e inovação em razão da redução de custos com processos administrati-vos e judiciais.

Alexandre Tarciso Tavares

o celebrar seus 35 anos de atuação, a Pactum lança um site especial. Desenvolvido pela agên-

cia Martins + Andrade, o hotsite tem um caráter moderno, dinâmico e ágil, atributos presentes no dia a dia da Consultoria, que se renova constantemente, mesmo após três décadas e meia no mercado. Além de informações e vídeos, é possí-vel conferir a seção de cases, que apresenta resultados importantes alcançados aos clientes, reforçan-do a percepção da importância de soluções estratégicas e seguras no âmbito da gestão do Direito Em-presarial. Visite e conheça: www.pactum35anos.com.br

Em maio, a Pactum promoveu, em parceria com o Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (CIEMG), uma palestra sobre os procedimentos para a correta apuração do Lucro Presumido para este ano. Rafael Luiz Mitraud dos Santos, consultor da Pactum,

falou sobre as recentes mudanças na rotina das empresas tributadas com essa base, a exemplo das al-terações nos critérios contábeis e a revogação do RTT. Na ocasião, foram discutidos também os refle-xos dessas novidades na apuração do IRPJ e CSLL.

A Pactum estuda e acompanha o tema do eSocial desde o início e continua se aprofundando constan-temente. Em maio, promoveu, na sede em Porto Alegre, um evento gratuito para clientes, técnicos e gestores de empresas gaúchas. Através de painéis e debates, fo-ram discutidos os aspectos mais relevantes do Sistema. Os pales-

trantes Angela Rachid – gerente de Produtos da Automatic Data Processing, Inc. (ADP), Luis Paulo Sarate - diretor de Segurança do Trabalho da SAFE e Sandra Dres-ch - advogada trabalhista e sócia da Pactum reforçaram a importância do preparo antecipado, por parte dos gestores, para as mudanças culturais das companhias.

REPRODUÇÃO/DATAPACTUM

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Jurisprudência

Impressão de documentos fiscais

Exclusão do ICMS

Determinada a exclusão do ICMS destacado nas notas fiscais da base de cálculo da contribuição previdenciária substitutiva - inci-dente sobre a receita bruta, com alíquota de 1%, prevista no art 8º, da Lei 12.546/11, bem como a compensação ou restituição dos valores cobrados indevidamente. (Justiça Federal/RS)

Foi julgada inconstitucional norma do Estado do Rio Grande do Sul que, em razão da existência de débitos tributários, exigia do contribuinte a prestação de garan-tia para impressão de documentos fiscais. O relator do recurso, ministro Marco Aurélio, afirmou ser contrário à coerção para o pagamento de débito tributário. Para ele, a Fazenda deve buscar o Poder Judiciário visando à cobrança da dívida, via execução fiscal, “mostrando-se impertinente recorrer a métodos que acabem inviabili-zando a própria atividade econômica, como é o relativo à proibição de as empresas, em débito no tocante a obrigações – principal e acessórias –, vir a emitir docu-mentos considerados como incluídos no gênero fiscal”.(Supremo Tribunal Federal)

Ilegal ato administrativo que negou certidão de regularidade fiscalNão cabe à autoridade fazen-

dária decidir acerca da suficiên-cia ou não da penhora que foi regularmente efetuada e aceita nos autos das execuções fiscais. Não é admissível que a Fazenda, integrante da relação jurídica

processual em que o bem dado à penhora foi admitido como de valor suficiente para assegurar a execução, venha, por via adminis-trativa, alegar a insuficiência da garantia prestada.(Tribunal de Justiça de São Paulo)

Contribuição sindical patronal

Empresa que não possui ne-nhum empregado em seu qua-dro não está obrigada a recolher a contribuição sindical patronal. Diante da ausência de pagamento da colaboração, por parte da or-ganização entre os anos de 2009

e 2012, o sindicato ajuizou ação perante a 20ª Vara do Trabalho de Brasília. O juiz, contudo, negou o pleito, ao constatar que a empresa não tinha empregados registrados. (Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região)

Na ausência de disposição de lei, veiculando a hipótese de responsabilidade por substituição tributária, são nulos, por erro na identificação do sujeito passivo, os atos de lançamento e de imposição de multa nos quais se indica, como sujeito passivo, na qualidade de responsável pelo pagamento do imposto, o tomador de serviço, re-

lativamente a prestações de serviço de transporte.(TAT/MS)

Substituição tributária

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Legislação

Aprovado pelo governo do Es-tado de São Paulo, novo programa especial de parcelamento de débitos de ICMS relativos a fatos geradores ocorridos até 31/12/2013. Os débitos de ICMS poderão ser pagos à vista, com redução de 75% das multas e de 60% dos juros. O pagamento também pode ser feito em até 120 parcelas mensais, com redução de 50% das multas e 40% dos juros, com acréscimo de juros conforme o número de parcelas. No caso de dé-bito exigido em Auto de Infração não inscrito em dívida ativa, as reduções

acima aplicam-se cumulativamente aos seguintes descontos sobre o valor atualizado da multa punitiva: (i) 70%, no caso de pagamento em parcela única no prazo de até 15 dias contados da notificação do Auto de Infração; (ii) 60%, no caso de paga-mento em parcela única no prazo de 16 a 30 dias contados da notificação do Auto de Infração; e (iii) 45%, nos demais casos de ICM/ICMS exigido por meio de Auto de Infração. O programa vigorará até 30 de junho de 2014. (Decreto nº 60.444, DOE/SP 14/05/2014)

SP anuncia parcelamento de ICMS

Reaberto Refis para dívidas vencidas até 31/12/2013

Pesquisa Patrimonial

Temporários: novas regras

Foi reaberto, até o dia 29/08/14, o prazo para o pagamento à vista ou parcelamento de débitos tributários previstos

na Lei 11.941/11, bem como dos débitos administrados pelas autar-quias e fundações públicas federais e os débitos de qualquer natureza, tributários ou não tributários, com a Procuradoria-Geral Federal (Lei 12.249/10).

Poderão ser pagas ou parcela-das as dívidas vencidas até 31 de dezembro de 2013.

A opção pelas modalidades de parcelamentos dar-se-á mediante:

I – antecipação de 10% do mon-tante da dívida objeto do parcela-mento, após aplicadas as reduções, na hipótese de o valor total da dívida

ser até R$ 1.000.000,00 II – antecipação de 20% do mon-

tante da dívida objeto do parcela-mento, após aplicadas as reduções, na hipótese de o valor total da dívida ser superior a R$ 1.000.000,00

Para fins de enquadramento destes limites considera-se o valor total da dívida na data do pedido, sem as reduções. As antecipações poderão ser pagas em até 5 par-celas iguais e sucessivas, a partir do mês do pedido de parcelamento.

Por ocasião da consolidação, será exigida a regularidade de todas as prestações devidas desde o mês de adesão até o mês anterior ao da conclusão da consolidação dos débitos parcelados.(Lei n. 12.996; DOU 20/06/2014)

Disciplinada a criação de Núcleo de Pesquisa Patrimo-nial, junto a cada Tribunal Re-gional do Trabalho, para a identificação de patrimônio de devedores em processos trabalhistas, a fim de garantir a execução das sentenças.(Resolução CSJT.GP n.º 138; DJ 10/06/2014)

O Ministério do Trabalho e Em-prego estabeleceu que, na hipótese legal de substituição transitória de pessoal regular e permanente, o contrato poderá ser pactuado por mais de três meses com relação a um mesmo empregado quando ocorrerem circunstâncias, já conhe-cidas na data da sua celebração, que justifiquem a contratação de trabalhador temporário.

A duração do contrato de traba-lho temporário, incluídas as prorro-gações, não pode ultrapassar um período total de nove meses.

Conforme a advogada traba-lhista e sócia da Pactum, Sandra Dresch, a nova portaria do MTE, ao ampliar o prazo para contrata-ção de temporários, vem suprir a atual necessidade do mercado de trabalho que é muito dinâmico e vem sendo regulado por legislação de 40 anos atrás.

Com isso, serão beneficiadas tanto as empresas intermediadoras de trabalho temporário como as pró-prias empresas tomadoras que se utilizam desse tipo de contrato por tempo determinado para atender a demanda do mercado, seja por necessidades pontuais, para subs-tituição de pessoal ou sazonais em momentos que exigem acréscimo extraordinário de serviços.(Portaria MTE nº 789 - DOU 03.06.2014)

Novo modelo de tributaçãoForam estabelecidas as re-

gras para a opção pela aplicação, no ano-calendário de 2014, das disposições constantes da Lei nº 12.973/14. As empresas já podem optar pelo modelo de tributação sobre o lucro que usarão em 2014. A opção pelo modelo de tributação terá de ser feita na DCTF referente

aos fatos geradores ocorridos no mês de maio. O prazo de entrega do documento termina no décimo quinto dia útil de julho. Na prática, as empresas deverão decidir se ficam ou não no RTT e se passam ou não a apurar o lucro no exterior com base na nova lei.(IN RFB nº 1.469; DOU 29.05.2014)

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Destaque • Capa

Um dos principais desafios do eSocial será, além de informatizar o sistema e oferecer mais transparência

e segurança jurídica para os agentes fiscalizadores, fazer surgir um novo modelo de gestão de pessoas dentro das empresas, com maior capacita-ção e aprimoramento dos controles internos e contando com a participa-ção dos gestores empresariais.

O advogado, sócio e coordenador da Pactum do Rio Grande do Sul, Rafael Zanotelli entende que os gestores precisarão compreender o modelo do seu negócio e definir como fazer com que os registros administrativos sejam produzidos e declarados com agilidade, sem que tenha que inflar seus quadros permanentemente. Isso evitará uma elevação nos valores das rubricas relativas à multas e na queda dos resultados das pesquisas de clima.

A implementação do eSocial está prevista para seguir um calendário estipulado para cada tipo de empre-sa. Embora o prazo para entrar em

vigor venha sendo prolongado pelo governo Federal, esse não deve ultrapassar o segundo trimestre de 2015 para as optantes pelo Lucro Real. Alguns dados do sistema ainda são discutíveis, como o cronograma de prazos. No entanto, independente da data, faz-se necessário entender que o sistema é definitivo, não apre-sentando brechas para contestar sua aplicabilidade.

De acordo com a advogada e sócia da Pactum do Rio Grande do Sul, Sandra Dresch, é importante que os gestores já comecem a ma-pear atuais pontos críticos existentes na integração de dados para que as adequações necessárias sejam feitas dentro do prazo determinado. Uma iniciativa que facilitará o pro-cesso de mudança é a contratação de profissionais especializados que consigam transitar entre as diferen-tes vertentes do Direito do Trabalho, Tributário e Empresarial, adaptando a forma como as empresas funcio-nam a essas questões e, fundamen-talmente, com um conhecimento tecnológico capaz de garantir a aplicabilidade desses termos.

São esses profissionais, diz San-dra, que serão capazes de promo-ver a interpretação adequada sobre as normas, propor as alterações e adequações que devem ser feitas, tanto nos aspectos trabalhistas e previdenciários como fiscais. Com a capacitação, inclusive do grupo interno, e auxílio de parceiros será possível otimizar o eSocial, garantindo o êxito do processo e melhorando a imagem e a eficiência da empresa perante seus colabora-dores e perante a sociedade.

O advogado, sócio e coordenador da Pactum de Minas Gerais, Lucia-

no Costa, considera necessário o acompanhamento permanente da legislação acerca do eSocial, uma vez que as empresas estarão sujei-tas a multas por atraso ou ausência de preenchimento das informações exigidas. “É fundamental uma revi-são prévia de tudo que é prestado. Outro cuidado importante é o abas-tecimento mensal de informações, por profissionais capacitados e qualificados, tal como o banco de dados que formará a folha de paga-mento”, ressalta. Além disso, será necessário atualizar a movimen-tação de processos que garantam benefícios aos empresários, como, por exemplo, liminares concedidas em processos administrativos ou judiciais para isentar pagamento de determinada verba.

A Pactum acompanha o tema desde o início e continua se apro-fundando constantemente. Em maio, promoveu, na sede em Porto Alegre, um evento gratuito para clientes, técnicos e gestores de empresas.

Espaço para uma nova políticade gestão de pessoas

Rafael ZanotelliAdvogado, Sócio e Coordenador da Pactum RS

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Luciano CostaAdvogado, Sócio e Coordenador da Pactum MG

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Doutrina

O empresário brasileiro, conhecido por sua capa-cidade de se reinventar, além de capital e traba-

lho, precisa aliar uma boa dose de criatividade, visão de futuro e invulgar eficácia, para sobreviver em um ambiente de instabilidade, com políticas públicas nem sempre transparentes ou capazes de trans-mitir a segurança necessária na de-terminação de seus investimentos.

Em meio a esse quadro, a im-plementação do eSocial projetada para 2015 poderá tornar os con-tr ibuintes ain-da mais vulne-ráveis, sujeitos a uma espécie de “big brother fiscal” à medida que os obriga a transmitir seus dados à Recei-ta Federa l do Brasil, de forma unif icada, tor-nando-os alvo fácil da implacável ação fiscal.

Mais do que nunca as empresas precisarão contar com o assessora-mento profissional qualificado com vistas a garantir, mediante a orien-tação e treinamento das equipes internas responsáveis, ou, ainda, da obtenção das medidas judiciais adequadas, seu direito inalienável de declarar e recolher apenas o efetivamente devido, desonerando--as, por exemplo, dentre tantos outros existentes, da incidência das contribuições previdenciárias sobre verbas indenizatórias, tidas reiteradamente por ilegais pelos tribunais pátrios.

Além disso, em resposta às autuações fiscais os contribuintes podem exercer o seu direito de am-pla defesa (art. 5º, LV, CFRB) nas instâncias administrativas. Nessa esfera, orientar a empresa desde o simples recebimento da fiscalização até a produção de provas e arguição de nulidades, de forma eficiente, será o diferencial para a condução do melhor resultado.

Algumas decisões do CARF, últi-ma instância de julgamento dos tri-butos federais, em Brasília, norteiam as decisões judiciais que se seguem,

como é o caso do PIS e da COFINS não cumulativos sobre o direito de créditos relativos aos insumos.

De outra parte, a nova legislação tributária, cujas significativas alte-rações passarão a vigorar a partir

de janeiro de 2015, relativas ao IRPJ, CSLL, PIS e à COFINS, es-pecialmente no que toca ao regime cumulativo dessas últimas, exigi-rá dos contribuintes um acurado planejamento fiscal na escolha de seu regime tributário (lucro real, presumido, simples), a fim de evitar incidências tributárias indevidas em suas operações.

Em suma, uma gestão tributária especializada, composta por equipe profissional multidisciplinar, passa a integrar o rol de prioridades das empresas, de modo a protegê-las do sempre insaciável apetite arre-cadatório e também garantir sua operacionalidade e competitividade.

Defesa fiscal preventiva e repressiva garante competitividade empresarial

Maria Paula Farina Weidlich Advogada da PactumConsultoria Empresarial Conselheira Suplente da 2ª Seção do CARF

“O eSocial poderá tornar os

contribuintes ainda mais vulneráveis”

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Defesa Fiscal

O conceito de insumo na legislação referente à Con-tribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o ex-traído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo)

ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insu-mo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obten-ção do produto final. (CARF)

Um estudo sobre a indústria química, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aponta oportunidades para bene-ficiar em US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão ao ano a balança comercial do setor de cosméticos e higiene pessoal no longo prazo. A projeção considera o retrato potencial do setor em 2030. (Valor Econômico)

Pessoa jurídica que prestar serviço, dentro do território nacional, ainda que tendo como fonte pagadora pessoa jurídica domiciliada no exterior, não es-tará obrigada à apuração do lucro real, podendo optar pela tributação com base no lucro presumido. (RFB)

A Política Nacional de Re-síduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305, entrará em vigor em agosto. Estão submetidas a suas determinações as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração de resíduos sólidos. Quem descum-prir está sujeito à aplicação das penalidades previstas na Lei de Crimes Ambientais. As punições

vão desde o pagamento de multas até a pena de detenção e mesmo de reclusão. Os consumidores que não fizerem a separação dos resíduos ficarão sujeitos à pena de advertência. Em caso de rein-cidência, poderão pagar multas. O valor mínimo é de R$ 50, podendo atingir a R$ 500 por infração, con-forme o decreto 7.404/2010, que regulamenta a lei.(Valor Econômico)

O modelo de tributação das bebidas frias (cervejas, refri-gerantes, refrescos e isotônicos) poderá mudar nos próximos meses, quando a primeira parcela do aumento de impostos entrar em vigor. Os empresários do setor devem sugerir que as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e de PIS/Cofins incidam sobre os preços de fábrica, em vez de serem cobradas sobre uma tabela de preços de referência.

Desde 2008 as bebidas são tributadas conforme modelo misto que envolve uma tabela de preços no varejo, de acordo com o volume e o tipo de embalagem. Sobre os valores é aplicada uma alíquota, que não incide sobre 100% do preço, mas sobre um redutor, hoje equivalente a 30% do preço, e esse redutor será reajustado, gradativamente, para 52,5% do preço final até 2015. (Agência Brasil)

Insumos no processo industrial

Notas

Lei de resíduos sólidos passa a valer em agosto

Empresas propõem tributação para bebidas Indústria da beleza pode exportar mais

Opção pelo lucro presumido

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Entrevista

eSocial: sistema provoca revisão de procedimentos

Fundado em 1959, em Minas Gerais, o Hermes Pardini tem se destacado no mercado nacional no segmento de Apoio Laboratorial, estando entre os três principais laboratórios do país, em volume de análises e em faturamento. Para os próximos anos a meta da empresa é ampliar a rede de atendimento dos serviços de análises clínicas e diagnóstico de imagem.

Como a empresa avalia seu atual sistema de gestão de informações perante o eSocial?Nossa empresa iniciou nos últimos anos a revisão dos processos internos bem como a avaliação das ferramentas de informações alinhada com o planeja-mento estratégico dos nossos negócios. A gestão da informação inserida no contexto interno (velocidade, simplificação e objetividade da informação) como fa-tor chave de sucesso vem de encontro com o projeto do governo federal que visa simplificar o envio de informações pelo empregador. Nossos fornecedores de servi-ços e sistema de RH (folha de pagamento, registro de ponto, controle de beneficio, SST e outros) estão sendo exigidos a atualizar os softwares na medida em que são divulgadas novas informações exigidas pelo novo sistema (eSocial).

Está havendo comprometi-mento dos gestores, no senti-do de viabilizar a mudança da cultura interna?Sim. Especialmente daqueles gestores responsáveis por áreas que serão diretamente envolvi-dos, tais como Fiscal, RH/DP, Jurídico, Financeiro Contábil, Gestão de Contratos, SST e TI. Muito importante também ressal-tar os reflexos positivos nos nossos prestadores de serviços. Essas mudanças contribuem no sentido de agilizar os processos de aprovações de contratos e liberações de pagamentos das terceirizações de mão de obra.

A empresa consegue identificar algum benefício que possa ser atingido através do cumprimento

de mais esta obrigação? Estamos colocando em prática o atendimento a diversos órgãos do governo com uma única fonte de informações, para o cumprimento das diversas obrigações trabalhis-tas, previdenciárias e tributárias atualmente existentes. A integração dos sistemas informatizados das empresas com o ambiente nacional do eSocial é outra ação que estamos desenvolvendo, possibilitando a automação na transmissão das informações dos empregadores.A padronização e integração dos cadastros das pes-

soas físicas e jurídicas no âmbito dos órgãos participantes do projeto também está inserida nesse con-texto, assim como a participação de profissionais de TI, Adminis-tração de Pessoal e Jurídico em eventos tratando do tema para se manterem informados.

Quais ações assertivas já estão sendo postas em prática a fim de implementar o programa?

- Atendimento a diversos órgãos do governo com uma única fonte de informações, para o cumprimento das diversas obrigações trabalhis-tas, previdenciárias e tributárias atualmente existentes; - Integração dos sistemas infor-matizados das empresas com o ambiente nacional do eSocial,

possibilitando a automação na transmissão das in-formações dos empregadores; - Padronização e integração dos cadastros das pessoas físicas e jurídicas no âmbito dos órgãos participantes do projeto.- Participação de profissionais de TI, Administração de Pessoal e Jurídico em eventos tratando do tema para manter-se informados.

Camilo de Lelis Maciel Silva Diretor Administrativo e Financeiro do Instituto Hermes Pardini S/A

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